SÃO CAETANO: LIMITES E TRANSPOSIÇÕES
FERNANDA CARNEVALLI HERRERA – 2020
CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO ORIENTADOR: ENIO MORO JUNIOR
Primeiramente à minha família, Fernando, Rosana, Renata e Nano, que sempre estiveram ao meu lado nos momentos de luta e de glória. Ao Gabriel, por compartilhar a faculdade e a vida comigo. Ao meu orientador, Ênio Moro, que transformou a jornada deste trabalho, fazendo com que eu me apaixonasse ainda mais pela Arquitetura e Urbanismo. Às minhas amigas da faculdade, em especial Bruna e Raissa, por terem dividido todos estes anos comigo.
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1. Introdução
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2. Conceitos
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2.1 Requalificação Urbana
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2.2 Barreiras Urbanas
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2.3 Identidade e Memória
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3. Referências
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3.1 Terminus: Estação Croix Rouge
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3.2 Requalificação da Av. Santo Amaro
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3.3 Concurso Mobiliário Urbano de SP
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4. Contextualização
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4.1 Localização
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4.2 Linha do Tempo
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5. Diagnóstico
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6. Proposta projetual
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5.1 Operação Urbana do Bairro Fundação
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5.2 Requalificação Rua 24 Horas
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5.3 Mobiliário Urbano
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6. Conclusão
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7. Referências
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O trabalho consiste em um projeto urbano no município de São Caetano do Sul, região metropolitana de São Paulo. O tema surgiu com a proposta de requalificar o Bairro Fundação, local que deu origem a todo o processo de desenvolvimento do município mediante a vinda da linha férrea. O bairro, apesar de conter muita importância histórica e cultural, se encontra num estado de esquecimento político e social, e um dos fatores para que isso ocorra é a má disposição do tecido urbano na região, principalmente pela sua localização: entre barreiras urbanas. Portanto, visando reinseri-lo no município, o projeto tem como objetivo recuperar e impulsionar sua identidade através da requalificação de espaços públicos subutilizados e melhorando suas conexões, trazendo atratividade ao bairro. 7
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Requalificação Urbana
Barreiras Urbanas
Identidade e Memória 9
O conceito de Requalificação urbana refere-se a uma intervenção urbanística em uma área, bairro ou cidade, que tem por objetivo a melhoria da qualidade de vida de sua população através da recuperação e ressignificação de espaços públicos mal utilizados e/ou abandonados. “Procura a (re)introdução de qualidades urbanas, de acessibilidade ou centralidade a uma determinada área” (MOURA et al., 2006, p. 10). Além das transformações feitas no tecido urbano, a requalificação prevê que através destas intervenções a região especificada seja reinserida em seu meio físico nos âmbitos econômicos e sociais. Portanto, é de extrema importância que o projeto vise impulsionar e alavancar a economia local e recuperar equipamentos públicos e infra estruturas urbanas, ou seja, é necessário que a intervenção inter-relacione todas as esferas a serem atingidas: econômica, cultural, paisagística e social (MOURA et al., 2006). Em consonância, Silva (2011) define a requalificação urbana como sendo um conjunto de iniciativas com o propósito de tornar os territórios das cidades mais coesos, competitivos e atrativos, e complementa: Merecem destaque as políticas que têm como papel fundamental a reorganização e reestruturação do tecido urbano de forma coerente, equilibrada e sustentável e o melhoramento do ambiente. Assim emerge uma nova visão de cidade, em que a qualificação e integração dos distintos espaços de cada cidade contribuem de forma decisiva para uma dinâmica funcional urbana mais inclusiva, coerente e sustentável. (SILVA, 2011, p. 5).
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Portanto, o processo de requalificação urbana engloba a qualificação e ressignificação dos espaços públicos com um viés sustentável, o incentivo histórico e cultural, o impulsionamento da economia, a revitalização das áreas construídas e a integração entre os espaços públicos e privados, ou seja, a intervenção descrita tem como objetivo a relação harmônica entre todos os aspectos existentes no tecido urbano, sejam eles vazios ou cheios, públicos ou privados. Além disto, Silva (2011) insere no conceito a preocupação e zelo pela identidade de um local e ressalta a importância de ao realizar uma intervenção urbanística de requalificação, deve-se considerar os aspectos culturais e históricos da região, sem descaracterizá-la, no mais “deve impor-se um conjunto de regras e imposições que defendam e assegurem a proteção e valorização das características de um território” (SILVA, 2011, p. 46), como a preservação dos patrimônios e o impulsionamento de sua identidade e memória através do incentivo cultural. Todavia, é importante nos perguntarmos o porquê de o processo de requalificação urbana ser tão discutido atualmente. Isso se dá pelo fato de que as cidades são organismos vivos e geram com o tempo, inúmeras transformações em seus tecidos urbanos, sejam elas econômicas ou sociais. Conforme o tempo, as necessidades espaciais de um território tendem a mudar, levando “à intensificação de utilização de algumas áreas em detrimento de outras, por exemplo” (TALARICO, 2017 p. 71). A requalificação prevê então, uma maior harmonia entre os espaços de uma cidade ou bairro, portanto “o estímulo às iniciativas de desenvolvimento urbano em lugares considerados degradados parte da consideração de que a decadência, a disfunção e o descontrole devem ser eliminados do tecido urbano e precisam, por sua vez, de renovação” (TALARICO, 2017, p. 72), sejam essas, requalificações, revitalizações ou ressignificações de espaços. 11
De acordo com Paiva (2015), as barreiras urbanas são elementos estruturadores de uma área e caracterizam-se por serem ora naturais, como cursos d’água, topografia e natureza, ora artificiais, sendo fortificações, caminhos de ferro, vias ou infraestruturas de comunicação. São elementos que estiveram presentes durante a evolução de regiões e garantiram a sobrevivência e/ou o desenvolvimento socioeconômico local, estabelecendo assim limites e polos de atração. No mais, as barreiras são importantes elementos no tecido urbano, pois são a partir da inserção delas que muitas regiões se desenvolveram. É possível identificar sua relevância ao analisarmos que, sem a existência de estradas e vias férreas, por exemplo, muitas cidades e regiões não teriam se quer evoluído, inclusive é através das barreiras que os polos comerciais e habitacionais surgem. Dessa maneira, sua função deixou a tempos de ser um elemento de controle do crescimento, mas sim um elemento impulsionador que interliga zonas distantes. Entretanto, as infraestruturas que concebem as barreiras urbanas são pensadas somente a nível funcional, pouco é discutido sobre o espaço onde estão inseridas, em consequência disso, “ao aproximar o que está longe da cidade, concebendo um território vasto, acaba por criar ruturas no próprio tecido urbano” (PAIVA, 2015, p. 19), ou seja, é devido a este problema que as estradas, vias férreas, entre outras infraestruturas são chamadas de barreiras, pois conectam regiões distantes e distanciam áreas próximas. Além disto, “uma barreira marca a composição do tecido da cidade, não sendo só física, mas também sobre a forma psicológica, que por vezes, é tão forte quanto uma barreira material” (PAIVA, 2015, p. 21) portanto, é comum vermos situações em que mesmo que as próprias barreiras físicas já 12
tenham desaparecido, as sensoriais perduram no território por muito tempo. Em consonância, ao definir a função e projeção de uma barreira urbana, Panerai (2006) condiz ao dizer que a semântica de barreira evoca a ideia de um obstáculo, entretanto descreve que “um mesmo elemento, dependendo de sua localização na aglomeração e do estágio do desenvolvimento desta, pode tanto induzir quanto bloquear o crescimento” (PANERAI, 2006, p. 67), ou seja, a inserção de elementos especificados como barreiras urbanas é tanto positiva, ao interligar zonas distantes e impulsionar o desenvolvimento local, quanto negativa, ao se estabelecer como uma barreira de fato no tecido urbano na qual está inserida. Em contrapartida, Lynch (1960) considera que a maioria das barreiras são “abstratas”, pois são descontínuas e penetráveis em alguns pontos, ou seja, não são obstáculos lineares contínuos como uma muralha por exemplo, porém reconhece que ainda assim mantêm regiões próximas isoladas e distantes uma das outras. Lynch (1960) explica então que uma das características dos limites é a de que eles podem trazer um efeito de segregação na cidade ao prejudicarem a paisagem e o campo de visão do pedestre, ou seja, por mais que existam transposições destas barreiras, as mesmas, se não claras e ao nível dos olhos humanos, passarão despercebidas, pois o enfoque da visão será sempre da barreira urbana. Em conclusão, é notório que as barreiras urbanas na cidade agem de forma ambígua, ou seja, foram e são cruciais para o desenvolvimento de várias regiões, porém pouco é se pensado quanto a sua inserção no espaço urbano. Se não executadas transposições claras e convidativas entre as regiões isoladas, o obstáculo, em seu sentido físico e psicológico, prevalecerá. 13
O conceito de Identidade e memória na cidade pode ser tratado e resgatado a partir de diversas vertentes, ou seja, apesar do nome dizer por si só a sua explicação, muito é discutido sobre como é possível integrar de forma coerente e equilibrada este conceito a projetos arquitetônicos de diferentes escalas. Frequentemente o conceito de identidade e memória é atribuído a projetos que visam a não descaracterização de um local ou grupo de pessoas que carregam em si grande importância histórica e cultural, e tem por objetivo impulsionar e incentivar, dependendo da escala projetual, a preservação da identidade. De acordo com Abreu (1998), a melhor forma de resgatar a memória de uma cidade é através da junção da recuperação de memórias coletivas, associadas a um determinado local. De fato, a cidade não é um coletivo de vivências homogêneas, portanto o que define uma memória grupal ou social é o fato de que este grupo de pessoas estabeleceu naquele lugar relações sociais, sejam elas de cooperação ou de conflito. Além disso, ressalta-se a importância da integração de documentos oficiais descritos em um local durante um período para garantir a veracidade dos fatos. Portanto, segundo Abreu (1998), a materialização de projetos que visem a preservação da identidade e memória de uma região é concedida através da recuperação de memórias coletivas do passado e da preocupação em registrar memórias coletivas atuais, somente assim “poderemos resgatar muito do passado, eternizar o presente, e garantir às gerações futuras um lastro de memória importante para sua identidade” (ABREU, 1998, p. 11). Assim como Abreu (1998), Pesavento (2007) compreende que através do compartilhamento 14
de informações, é possível interpretar e qualificar a cidade e seu patrimônio, isto é, a partir da junção de memórias e documentos, que obtemos um melhor entendimento da identidade e memória de um local. Além disso, a autora explica que a identidade de uma cidade se define conforme a atribuição de sentimentos de pessoas a um lugar. “E nesse processo imaginário de construção de espaço tempo (...) que a cidade está sempre a explicar o seu presente. Com isso, acaba por definir uma identidade (...) que possibilita reconhecimento e fornece aos homens uma sensação de pertencimento e de identificação com o lugar” (PESAVENTO, 2007, p. 18). Em contraste com os autores citados, que visam a recuperação da identidade a partir da memória de grupos e suas relações no tempo, Silva (2011) estabelece o patrimônio como elemento decisivo de salvaguardar a identidade de um local, portanto torna-se inquestionável, Consciencializar e responsabilizar a população para a salvaguarda e a valorização do patrimônio (a educação patrimonial é o primeiro caminho a tomar), visto que esta (população) é considerada como um agente ativo na construção e divulgação de elementos associados a um território. Elementos esses (bens patrimoniais) que permitem distinguir uma identidade e individualizar cada território como único (SILVA, 2011, p. 59).
Assim sendo, o patrimônio histórico e cultural, ao ser preservado, é visto como um “bilhete de identidade” que une um conjunto de bens que permitem recuperar e reafirmar os valores patrimoniais de um local. “Crê-se que o patrimônio e a cultura apresentam uma multiplicidade de recursos que potencializam e caracterizam um território” (SILVA, 2011, p. 62). 15
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Terminus: Estação Croix Rouge
Requalificação da Av. Santo Amaro
Concurso Público Mobiliário Urbano de SP 17
Ficha Técnica: Autoria: SAME Architects Localização: Paris, França Ano do projeto: 2019 O Terminus é um projeto de requalificação e revitalização de uma antiga estação da Linha 10 do metrô parisiense, inaugurada em 1923 e desativada na década de 50. O empreendimento, que será inaugurado em 2022, conta com um programa de um centro gastronômico e tem como objetivo a reapropriação de um patrimônio arquitetônico e cultural.
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Fonte: SAME Architects
O projeto contará com um mercado de um lado do trilho e do outro um restaurante e um bar de coquetéis, com a finalidade e reestabelecer o fluxo a região. Visando uma harmonia entre o centro gastronômico e a Linha 10 do metrô, que ainda estará em funcionamento, os visitantes poderão ver os trens passando pela estação através de guarda corpos de vidro, sem obstruir sua passagem. A proposta de apropriar um lugar abandonado e sem uso e transformá-lo em um centro gastronômico subterrâneo soluciona a falta de fluxo na região e ainda propõe um espaço que, mesmo abaixo da terra, é convidativo e pode vir a se tornar um ponto turístico. É importante ressaltar que a identidade do local foi preservada e impulsionada através dos arcos nos guarda corpos e obras de arte expostas por todo o percurso.
Fonte: SAME Architects
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Fonte: SAME Architects
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Fonte: SAME Architects
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Ficha Técnica: Autoria: SP Urbanismo, SP Transportes e SP Obras Localização: Avenida Santo Amaro, São Paulo, Brasil Ano do projeto: 2014 e 2015 Este projeto, inserido na Operação Urbana consorciada Faria Lima, tem como premissa principal a implementação de recursos que colaborem com a vinda de novos meios intermodais na cidade, visando um tecido urbano mais sustentável, humanizado e acessível a todos. O projeto prevê um alargamento de calçadas, nova pavimentação de vias e a melhoria da infraestrutura urbana geral a fim de melhor atender os pedestres (SP URBANISMO, 2015).
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Fonte: Caderno Requalificação Urbana Av. Santo Amaro
Fonte: Caderno Requalificação Urbana Av. Santo Amaro
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Analisando o projeto é possível verificar uma extensa pesquisa realizada para sua execução, como a disposição dos elementos nas calçadas, que garantem boa fruição e equipamentos bem especificados como o piso tátil, postes de iluminação, bancos e arborização para garantir sombreamento. O projeto também prevê uma rede cicloviária, que interligará equipamentos urbanos de grande interesse social e econômico. Todavia, mesmo que o projeto seja focado na nova disposição do viário, seu entorno construído tem grande importância, pois estes serão os pontos de interesse que irão impulsionar o fluxo a região. As diretrizes urbanísticas, portanto, irão incentivar o uso misto, resultando em lotes com fachadas ativas e lotes mais permeáveis e abertos ao público, criando fruições entre ruas.
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Fonte: Caderno Requalificação Urbana Av. Santo Amaro
Fonte: Caderno Requalificação Urbana Av. Santo Amaro
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Ficha Técnica: Autoria: Estudio Modulo Localização: São Paulo, Brasil Ano do projeto: 2016 O projeto em questão foi o vencedor do Concurso Público Nacional de Ideias para Elementos de Mobiliário Urbano da Cidade de São Paulo, organizado pela SP Urbanismo em 2016. O concurso selecionou a melhor proposta para nove elementos de um catálogo de mobiliários, sendo eles: quiosques, sanitários públicos, abrigos em pontos de paradas, lixeiras, bebedouros, paraciclos, balizadores e guarda-corpos.
Fonte: Estúdio Módulo
Fonte: Estúdio Módulo
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O projeto se desenvolve baseando-se em duas vertentes: a da organização dos espaços públicos através dos mobiliários e a da recuperação da identidade visual da cidade de São Paulo. Isto significa que a família de mobiliários projetada teve como ponto inicial projetar objetos bem resolvidos no âmbito da funcionalidade, e que também tivessem um design forte que remetesse a metrópole, trazendo maior identidade aos espaços em que fossem inseridos.
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Fonte: Estúdio Módulo
Uma das referências deste projeto foi a identidade visual bem sucedida criada para a Av. Paulista, é praticamente automático saber que você está na avenida justamente pelos postes, semáforos, totens e outros mobiliários urbanos existentes. Com isso, a proposta se baseou nos mobiliários já existentes na cidade, visando intensificar a identidade visual da metrópole. Um dos pontos fortes do projeto também é o uso adaptável, sua modulação permite diversas possibilidades de uso e composições, fazendo com que se adequem ao espaço independentemente de sua topografia ou contexto da paisagem.
Fonte: Estúdio Módulo
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O projeto em questão está sendo realizado no município de São Caetano do Sul, que faz divisa com a metrópole de São Paulo, localizada na região Sudeste do Brasil. Trata-se de uma cidade praticamente urbanizada por inteiro, e é possível notar que seus limites se deram majoritariamente pelo curso dos rios a sua volta, sendo eles: o Rio Tamanduateí e o Córrego dos Meninos. O município de São Caetano do Sul está localizado no ABC Paulista, e tem o maior IDH do Brasil, se tornando assim uma das melhores cidades para se morar no país.
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Fonte: Base Google Earth. Elaborado pela autora
Fonte: Base Google Earth. Elaborado pela autora
O projeto urbano atuará majoritariamente no Bairro Fundação, se estendendo ao Bairro Centro do município de São Caetano do Sul. Trata-se do local onde as primeiras civilizações da região se instalaram, com registros de 1631, e onde teve o início de todo o processo de desenvolvimento populacional e econômico da região do ABC. O bairro portanto, carrega em si muito potencial histórico e cultural, tendo sido palco de grandes acontecimentos históricos, como a vinda da linha férrea e das primeiras grandes indústrias. Estamos falando de quase quatro séculos de história!
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Fonte: Base Google Earth Elaborado pela autora
Fonte: Base Google Earth Elaborado pela autora
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Começam a se fixar as primeiras indústrias em seu território, como a futura Cerâmica de São Caetano e as Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo, estas no Bairro da Fundação.
Os beneditinos constroem a pequena capela em louvor a São Caetano, a atual Matriz Velha no Bairro Fundação.
Registros dos primeiros povos locados no Bairro Fundação, os monges beneditinos.
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É inaugurada a estação ferroviária de São Caetano, pertencente à famosa São Paulo Railway – primeira estrada de ferro construída em solo paulista.
Fonte: Arquivo de Imagens Fundação Pró Memória
Única cidade brasileira com 100% do esgoto coletado e tratado e 100% do lixo coletado. Cidade mais segura da região metropolitana do Estado. Município com o melhor IDH do Brasil.
São Caetano do Sul se torna uma cidade, um território autônomo.
Com o crescimento da população, começa a migração da sociedade para o outro lado da linha férrea, atual Centro. É erguida então a Nova Matriz.
Fonte: Arquivo de Imagens Fundação Pró Memória
Pelo decreto municipal núm. 3064, o município de São Caetano do Sul é dividido em 14 bairros e uma zona central, estabelecendo suas respectivas divisas e dandolhes as denominações que até hoje possuem.
Imagem – Igreja matriz construída em 1717 e famílias residentes Fonte: Arquivo de Imagens Fundação Pró Memória
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Imagem – Antigo Cinema Central localizado no atual Bairro Fundação Fonte: Arquivo de Imagens Fundação Pró Memória
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Dando início ao diagnóstico da região, nos mapas ao lado é possível visualizar o principal problema do bairro: a carência de áreas verdes permeáveis. Este fato se agrava ainda mais ao analisarmos que o bairro se encontra num vale, ou seja, a população sofre constantemente com alagamentos. É possível visualizar também que existe uma grande área abandonada, este era o local onde se situava a antiga Fábrica Matarazzo, a vinda da indústria fez com que o terreno se contaminasse, motivo esse do abandono. Em contrapartida, está descrito no Plano Diretor Municipal de 2016 um projeto de um parque para este terreno, o que potencializará a região e irá agir de acordo com as propostas deste trabalho.
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Fonte: Base topographic-map. Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
Uma das principais potencialidades do bairro é a de que o mesmo possui muita história e identidade, conforme visto em sua linha do tempo, porém, infelizmente o desinteresse político quanto a isso é claro, sendo assim, o Bairro Fundação tem sua história e cultura desvalorizada e subestimada. Conforme vemos no mapa ao lado, existem dois edifícios históricos preservados, a Antiga Igreja Matriz, que é tombada, e o Museu Histórico Municipal, situado num casarão antigo, que aguarda o processo de tombamento. Portanto pouco se foi preservado, e o que foi, não é valorizado. Todavia, ao realizar uma pesquisa para fins deste trabalho – com 359 respondentes – pude concluir que a maior parte da população local não conhece a fundo a história da cidade, porém, é quase que unânime que as pessoas achem relevante que esta identidade seja mais valorizada e intensificada. 44
Você sabe da história de São Caetano do Sul e de como a cidade surgiu e se desenvolveu?
Você acha relevante que as pessoas saibam da história e cultura do município?
Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
A acessibilidade da região estudada, assim como a necessidade de áreas verdes permeáveis, se estabelece como sendo um dos pontos cruciais a serem solucionados. E isto se evidencia ao analisarmos as conexões existentes no bairro. Além da Linha 10 Turquesa da CPTM, que interliga do Brás ao Rio Grande da Serra, existem 3 viadutos partindo de dentro do município ao bairro Fundação, voltados majoritariamente aos veículos. Existe somente uma conexão para pedestres, sendo ela a passagem subterrânea Rua 24 Horas, porém a mesma não atende as normas da acessibilidade, sendo uma escada o único acesso ao bairro Fundação. Além disso, na própria estação da CPTM o acesso também se dá somente por escadas. Isso significa que, se você veio de São Paulo de trem e possui alguma dificuldade de locomoção, o único jeito de acessar o bairro Fundação é indo de ônibus ou pedindo um táxi. 46
Imagem – Acesso ao Bairro Fundação na Passagem Subterrânea
Fonte: Arquivo pessoal
Imagem – Acesso entre plataformas Estação São Caetano da CPTM.
Fonte: PlanMOB SCSul 2016
Fonte: Elaborado pela autora
Através do diagnóstico foi possível observar também os pontos mais positivos do bairro atualmente e futuramente. Como por exemplo, a presença do Clube Municipal, que apesar de receber menos fluxo que antigamente, está especificado no PDE a sua requalificação. E também algumas situações futuras positivas como a implantação do parque no terreno onde se situava a antiga Fábrica Matarazzo e a presença de diversas diretrizes no PDE e no Plano de Mobilidade que visam projetos para a região, sendo alguns deles: a implantação de mais áreas verdes permeáveis, a revitalização das conexões existentes e a melhoria da acessibilidade. 48
Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
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Uma Operação Urbana é um projeto aprovado por lei de intervenção pública em um perímetro determinado de uma área da cidade, tem como objetivo principal o melhoramento dos espaços públicos e o incentivo ao adensamento populacional e construtivo qualificado. O projeto deve conter diretrizes urbanísticas bem definidas não somente pelos profissionais responsáveis, como também pela população, fazendo com que os objetivos a serem alcançados estejam em comum acordo, sem danificar o espaço público e os desejos de seus usuários. No âmbito do financiamento, os recursos se darão de forma autossuficiente através da venda dos Certificados de Potencial Adicional de Construção, o CEPAC. Ou seja, os novos empreendimentos localizados dentro do perímetro da Operação Urbana poderão adquirir uma porcentagem adicional de construção e alteração de outros limites da lei de uso e ocupação do solo através do pagamento em CEPAC ou Outorga Onerosa. Estes recursos financeiros são encaminhados a um fundo criado especialmente para a Operação Urbana vigente e são destinados a implantação dos projetos urbanos e manutenção dos mesmos. Este financiamento não poderá ser transferido ou usado em outras situações que não sejam de cunho urbano e localizados dentro do perímetro da OU. As Operações Urbanas contam também com um conselho que fará a gestão do projeto, isto é, o grupo acompanhará o andamento da implementação da respectiva OU e irão decidir a aplicação e destino dos recursos obtidos e demais obrigatoriedades. Sendo assim, seguindo as informações acima, é criada então a Operação Urbana do Bairro Fundação, com seu perímetro definido conforme especificado na imagem ao lado. 52
Fonte: Elaborado pela autora
O partido do projeto se desenvolveu a partir do principal problema a ser solucionado na região: a falta de interesse e atratividade no bairro. Portanto, a partir do diagnóstico, foi possível identificar os principais pontos fortes do bairro e suas qualidades, que serão intensificadas através das futuras mudanças a serem feitas no tecido urbano. Portanto, foram identificados como sendo os pontos de maior interesse do bairro: a estação rodoferroviária, o supermercado Sams, o Clube municipal, o Museu Histórico Municipal, a Igreja Matriz e o terreno das antigas Fábricas Matarazzo que abrigará o futuro Parque Fundação. Sendo assim, foi criada uma rota cicloviária que interligará todos estes pontos de grande interesse, transformando o bairro a partir de uma rota turística, que passará por edifícios de cunho histórico, cultural, esportivo e social, garantindo assim, uma maior atratividade ao bairro não só social como econômica. A ciclovia então se tornará o elemento principal da Operação Urbana do Bairro Fundação, que contará em suas diretrizes a previsão da qualificação das ruas e avenidas em que a rota cicloviária irá passar, sendo algumas das diretrizes, o alargamento de calçadas, a implantação de piso tátil e áreas verdes, e algumas mudanças no trânsito, como a diminuição da velocidade máxima, implantação de lombadas e lombofaixas, semáforos e rotatórias, visando uma melhor relação entre os veículos e ciclistas.
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Fonte: Elaborado pela autora
Além disso, a Operação Urbana do Bairro Fundação não irá prever somente as mudanças no sistema viário, até por que, mesmo que haja a implantação de uma ciclovia segura que interligue todos os pontos de maior interesse do bairro, o seu entorno não poderá permanecer o mesmo, portanto as intervenções públicas deverão agir em consonância com as mudanças em áreas privadas do bairro. Sendo assim, a OU irá agir prioritariamente nos lotes lindeiros à ciclovia, incentivando o uso da fachada ativa, do térreo livre, da fruição entre quadras e o uso misto do solo. Garantindo ao público, um maior interesse em se locomover ao bairro, pois os espaços públicos terão muito mais qualidade. É notório que esta é uma diretriz que visa a transformação do bairro a longo prazo, porém, como a região ganhará pequenas intervenções urbanas, isto fará com que os empreendedores tenham um maior interesse no bairro, ocasionando assim, ano após ano, uma transformação nos lotes lindeiros à ciclovia. E a partir da vinda de um empreendimento, consequentemente outros virão, fazendo com que a região cresça não só demograficamente, como também economicamente. E conforme explicado nas páginas anteriores, o financiamento das Operações Urbanas se dá de forma autossuficiente, ou seja, serão estes empreendimentos que garantirão a implantação das intervenções urbanas e a manutenção das mesmas, sendo assim, a partir da vinda do primeiro empreendimento, o projeto já será considerado viável e poderá ser sustentado.
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Fonte: Elaborado pela autora
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Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
A ciclovia proposta é bidirecional e tem 3m de largura, com 1,5m para cada sentido. Em todo o seu percurso terão, a cada 2,5m, balizadores com iluminação em LED com a finalidade de garantir uma maior segurança aos ciclistas. Além da implantação da ciclovia, as calçadas passarão por uma revitalização para que em todo o perímetro da Operação Urbana haja acessibilidade adequada a todos. Sendo assim, foi proposto o alargamento de calçadas para no mínimo 3m de largura, a utilização de piso tátil e a implementação de espaços pré definidos para a arborização viária, sem corromper o caminhar dos pedestres.
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Fonte: Elaborado pela autora
A Operação Urbana do Bairro Fundação contará também com uma proposta de mudança da infraestrutura urbana da região para o subterrâneo. Assim sendo, foi projetada uma galeria subterrânea de 1,0 x 2,0m com quatro prateleiras em cada lado contendo as tubulações e fiações que levarão à população água, gás, energia elétrica, internet, TV a cabo, entre outros. Algumas destas prateleiras estarão disponíveis para aluguel de qualquer empresa de fornecimento de serviços, o que funcionará como mais uma fonte de renda da Operação Urbana. Esta proposta visa colaborar com a visibilidade da cidade – sem a presença dos fios elétricos – e proporcionar uma maior facilidade de manutenção desta infraestrutura.
Fonte: Elaborado pela autora
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A Rua 24 Horas é o principal meio de acesso ao bairro Fundação voltado unicamente aos pedestres, ela interliga a região ao bairro Centro e é uma importante conexão para quem chega de trem pela estação São Caetano da CPTM, a rua se estabelece como sendo o portal de entrada à região, pela disposição de seu percurso. A Rua é dividida em dois níveis, um subterrâneo, passando em baixo da rodoviária e dos trilhos de trem, e outro ao nível do solo, um pequeno calçadão que funciona como um portal de entrada ao bairro Fundação. Ambos os espaços não apresentam atratividade e acessibilidade adequada, principalmente a passagem subterrânea.
Imagens – Passagem Subterrânea
Imagens – Calçadão
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Fonte: Arquivo pessoal
Fonte: Google Maps
Fonte: Arquivo pessoal
Fonte: Elaborado pela autora
A Rua 24 Horas atualmente é um dos espaços públicos voltados unicamente aos pedestres mais importantes da região, portanto a sua requalificação se estabelece como sendo uma transformação extremamente necessária, que fará com que o bairro receba muito mais foco e fluxo. É importante ressaltar que o propósito de uma requalificação é recuperar a qualidade e atratividade de um espaço, sem fazer com que o local perca a sua identidade. No mais, a requalificação não só visa qualificar os espaços como prevê o impulsionamento da identidade local. Sendo assim, o projeto de requalificação urbana especificado para a Rua 24 Horas não prevê mudanças radicais no espaço, justamente como forma de preservar o que há de melhor nele. As transformações previstas tiveram suas diretrizes pautadas para que todas fossem muito bem justificadas a fim de serem executadas.
Fonte: Elaborado pela autora
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Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
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Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
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Fonte: Elaborado pela autora
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Fonte: Elaborado pela autora
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Fonte: Elaborado pela autora
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Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
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O calçadão, o percurso a céu aberto da Rua 24 horas, se estabelece atualmente conforme mostrado na imagem ao lado esquerdo. Apesar de sua implantação ser inovadora, sendo um espaço voltado unicamente aos pedestres, o mesmo sofre com a falta de atratividade e acessibilidade. Os lotes pintados em marrom são atualmente duas fábricas, das quais não tem suas fachadas ativas voltadas ao percurso do calçadão, por esta razão a sua demolição está prevista no projeto. No lote pintado em cinza claro há o depósito de um supermercado, e o projeto define a demolição parcial deste edifício. As demais edificações contidas no percurso da Rua 24 Horas condizem com o partido do projeto de requalificação do calçadão, desta maneira, serão mantidas e revitalizadas.
A partir das demolições previstas pelo projeto podemos visualizar um calçadão com muito mais espaço, se estabelecendo como um portal de entrada ao bairro Fundação, com uma grande praça. Aproveitando o lote das fábricas demolidas, foi construído ao lado direito uma edificação voltada ao comércio alimentício, podendo se instalar restaurantes, lanchonetes, bares, hortifrutis e etc. O depósito do supermercado foi demolido parcialmente visando a acomodação da rampa voltada a implementação da ciclovia, projetada na requalificação da passagem subterrânea. Além disso, a demolição parcial do depósito segue com o propósito de garantir um maior espaço ao calçadão e impulsionar a ideia de um portal ao bairro Fundação. Fonte: Elaborado pela autora
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Portanto, conforme descrito nas páginas anteriores, é implantada a ciclovia que interliga o bairro Fundação com os demais bairros do município de São Caetano do Sul. A ciclovia foi implantada ao centro de forma que não atrapalhasse o percurso dos pedestres no calçadão, ao mesmo nível da calçada, podendo ser transpassada a qualquer momento. A demolição das edificações previstas contribuiu ainda para uma maior visibilidade dos automóveis e ciclistas, impedindo que aconteça um encontro muito brusco, que possivelmente geraria acidentes. Além disso, foi projetado também um espaço para embarque e desembarque das pessoas que chegarem de trem pela estação São Caetano, com o objetivo de liberar mais facilmente o tráfego de veículos na via. Fonte: Elaborado pela autora
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Por fim, a disposição da ciclovia acaba por definir alguns espaços na praça criada a partir da demolição de alguns edifícios. Sendo assim, do lado esquerdo da praça, é projetado duas meia quadras, com a finalidade de impulsionar o espaço através do incentivo ao esporte. Ao centro foi projetado uma grande área verde que será um espaço de lazer e descanso em meio a sombra das árvores. Além disso, partindo da informação de que há uma carência de áreas verdes no bairro, este espaço serve também como forma de solucionar este problema na região. Do lado direito, conforme descrito anteriormente, estará uma edificação com alguns restaurantes, lanchonetes, bares e etc. Portanto, foi projetado um grande deck de madeira que servirá como uma praça de alimentação e também uma área de descanso. Fonte: Elaborado pela autora
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Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
96
Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
100
Fonte: Elaborado pela autora
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Conforme citado anteriormente, o objetivo principal deste trabalho é, a partir das transformações feitas no tecido urbano, recuperar e impulsionar a identidade do bairro. Portanto, foi pensado num instrumento contendo as diretrizes urbanísticas mais adequadas para a região, a Operação Urbana do Bairro Fundação, seguidamente, foi proposto a requalificação da Rua 24 horas, como sendo o principal portal para o bairro, por fim, é criado então o projeto de um catálogo de mobiliários urbanos de exclusividade da região. Este catálogo surge com o objetivo de intensificar a identidade visual urbana da região através do uso do mobiliário, visando estabelecer e fortificar a sensação de pertencimento ao bairro, como vimos por exemplo no bairro da Liberdade em São Paulo, em que a identidade visual oriental é intensificada nos postes de iluminação, ou também a identidade da Avenida Paulista, que se faz presente nos totens e semáforos desde a década de 70. O catálogo contará com os seguintes mobiliários:
1- Bancos
4- Lixeiras
7- Bebedouros
2- Mesas
5- Tótens
8- Balizadores
3- Jardineiras
6- Paraciclos
9- Postes de iluminação
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10- Quiosques
Fonte: Elaborado pela autora
105
BANCOS
0,60
PLANTA
0,60
Os bancos foram criados visando o uso flexível do mesmo, podendo ser mudado de lugar facilmente. O acento é feito com madeira OSB reciclada com uma camada protetora à chuva e aos raios solares, sua estrutura é feita de dois perfis quadrados em aço galvanizado na cor verde com proteção anticorrosão. Possui medida modular de 0,60m x 0,60m e seu design é minimalista e leve, sendo fácil de se carregar.
0,60
106
Fonte: Elaborado pela autora
107
1,30
MESAS
1,30
As mesas foram projetadas seguindo a mesma proposta dos bancos, ser flexível quanto a sua localização, por isso segue com o mesmo design minimalista e leve. Seu tampo é feito de madeira OSB reciclada com uma camada protetora à chuva e aos raios solares, sua estrutura é feita de dois pés metálicos na cor verde. Possui medida modular de 1,30m x 1,30m, cabendo dois bancos em cada uma das extremidades.
0,82
PLANTA
108
Fonte: Elaborado pela autora
109
JARDINEIRA COM BANCO As jardineiras com banco foram projetadas com o objetivo de deixar os espaços mais aconchegantes e arborizados. Sua estrutura se dá em perfil metálico em aço galvanizado na cor verde com proteção anticorrosão, com pés metálicos recuados, dando a impressão de estar flutuando, possui uma iluminação em LED para reforçar esta proposta e possui em suas extremidades um banco de 0,30m de largura em madeira OSB reciclada. Possui a mesma medida das mesas, de 1,30m x 1,30m.
1,90
1,90
0,95
1,30
110
PLANTA
Fonte: Elaborado pela autora
111
JARDINEIRA SEM BANCO As jardineiras sem banco foram projetadas com o objetivo de deixar os espaços mais aconchegantes e arborizados. Sua estrutura se dá pelo mesmo material metálico em verde, com pés metálicos recuados, dando a impressão de estar flutuando, possui uma iluminação em LED para reforçar esta proposta. Possui as mesmas medidas das mesas, de 1,30m x 1,30m, visando a composição dos mobiliários em conjunto. 1,30
0,95
1,30
1,30
PLANTA 112
Fonte: Elaborado pela autora
Os mobiliários apresentados até o momento, como dito em suas descrições, possuem medidas modulares. Desta forma se encaixam e se compõem. Esta modularidade foi um dos partidos para o projeto, com o objetivo de que os usuários dos espaços públicos sempre possam interagir com o urbano, movimentando e compondo os mobiliários conforme suas necessidades. Sendo assim, as jardineiras, por serem fixas no chão, serão dispostas no espaço urbano respeitando a modularidade, sempre com distância variável de 1,30m entre uma a outra. Fazendo com que uma ou demais mesas se encaixem entre uma jardineira e outra. Portanto, a cada dia o espaço urbano estará de um jeito, se transformando todos os dias através da disposição dos mobiliários. Na imagem ao lado é possível visualizar uma das incontáveis composições que poderão ser feitas nos espaços públicos.
114
Fonte: Elaborado pela autora
115
LIXEIRAS
0,45
PLANTA
0,10
0,80
0,80
As lixeiras foram projetadas com o mesmo design minimalista e leve, que apesar de serem fixas no chão, aparentam ser flexíveis, justamente pelo formato de sua estrutura metálica. Os pés em verde parecem abraçar a lixeira e a iluminação em LED intensifica a ideia do mobiliário estar flutuando. É feita de alumínio anodizado, com proteção contra a chuva e raios UVA.
0,60
116
Fonte: Elaborado pela autora
117
TÓTENS Os totens foram projetados visando o compartilhamento de informações e serão dispostos em diversos espaços públicos. Possuem o design similar às lixeiras, seu exterior é feito de alumínio anodizado, que protegerá a TV, sua estrutura em aço galvanizado na cor verde traz a mesma sensação do mobiliário estar flutuando, juntamente com a iluminação em LED.
0,80
0,15
0,90
0,15
PLANTA
118
Fonte: Elaborado pela autora
119
PARACICLOS Os paraciclos foram projetados visando a futura necessidade dos usuários de um local para estacionarem suas bicicletas. Serão instalados em série em diversas localidades dentro do perímetro da Operação Urbana, garantindo uma flexibilidade aos ciclistas. É feito de aço galvanizado na cor verde com proteção anticorrosão e possui uma iluminação em LED para serem vistos durante a noite.
0,85
0,20
0,25
0,10
PLANTA
120
Fonte: Elaborado pela autora
121
BEBEDOURO
0,10
0,10
0,90
1,10
122
0,20
PLANTA
1,10
O bebedouro criado segue o mesmo design dos outros mobiliários, feito em alumínio e com a estrutura em aço galvanizado na cor verde em seu exterior, que se mantém para preservar o design, mesmo que desnecessária funcionalmente. Possui três alturas, uma a 1,10m, outra a 0,90m para cadeirantes e crianças e outra a 0,10m para os Pets.
0,28
0,70
Fonte: Elaborado pela autora
123
BALIZADORES Os balizadores foram projetados visando oferecer um maior controle entre os espaços públicos e o leito carroçável e também estabelecer um limite e proteção à ciclovia em todo o seu percurso. É feito de aço galvanizado na cor verde, com uma iluminação em LED embutida na peça.
0,10
0,70
0,10
0,10
124
PLANTA
Fonte: Elaborado pela autora
125
POSTES
3,40
Os postes foram projetados para garantir uma maior segurança através da iluminação dos espaços públicos durante a noite. Possui o design similar ao do balizador, com o mesmo material metálico em verde e iluminação em LED embutida, uma a mesma altura do balizador e outra no topo, que se inclina a 30 graus, a fim de garantir uma iluminação focal no piso. Sua altura é de aproximadamente 3,40m.
0,10
0,53
0,30
PLANTA
126
Fonte: Elaborado pela autora
127
QUIOSQUES Os quiosques foram projetados visando oferecer um serviço de alimentação nos espaços públicos, principalmente na passagem subterrânea. Teve como objetivo também a padronização dos serviços de comida oferecidos, agindo em harmonia com os espaços públicos e mobiliários projetados. Funcionarão da seguinte forma, serão dispostos nos espaços públicos previamente com o layout já definido, e estarão disponíveis para aluguel, possibilitando assim que diferentes restaurantes se instalem nos espaços públicos projetados, fazendo com que haja diversas opções de comida, podendo a qualquer dia serem alugados por outro estabelecimento. Seu design segue os demais mobiliários, com uma peça em aço galvanizado na cor verde nas laterais, que não apresenta funcionalidade estrutural, mas é disposta para remeter a estética dos mobiliários projetados. Sua estrutura é de steel frame e seu fechamento se dá por placas de alumínio anodizado. No interior das “paredes” contem uma lã de rocha, que é um material fonotermoabsorvente. A exaustão é feita por uma coifa, que, na passagem subterrânea, será interligada a um duto que conectará todas as saídas de exaustão e levarão o ar para fora. Em seu exterior estará disposto um espaço para a visualização do cardápio de comidas e bebidas oferecidas pelo estabelecimento, com um espaço para um “jardim vertical” feito de madeira OSB reciclada, para deixar o quiosque com um ar mais aconchegante. 128
2,00
5,00
PLANTA 129
2,38
5,00
CORTE 130
Fonte: Elaborado pela autora
131
132
Contudo, a partir da conclusão de cada etapa deste trabalho, é possível visualizar de forma clara o processo para se projetar no urbano, que se inicia a partir da pesquisa e diagnóstico, se desenvolve juntamente com os desejos da população e se concretiza através das diretrizes e bom planejamento. Portanto, um projeto urbano visando requalificar e reinserir um bairro em seu meio físico, poderá ser desenvolvido com qualidade e eficiência a partir do projeto de uma Operação Urbana, ao definir seu partido e diretrizes, uma requalificação dos espaços públicos, que irá gerar atratividade ao bairro através da ressignificação do espaço, e a implementação de um catálogo de mobiliários urbanos, que impulsionará sua identidade. No mais, o Bairro Fundação, por conter tamanha importância histórica e cultural, serve sendo o cenário perfeito para um projeto de requalificação, pois sofre atualmente com o mal planejamento do urbano, mesmo contendo um leque de potencialidades. 133
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CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO FERNANDA CARNEVALLI HERRERA – 2020