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O ParanĂĄ ĂŠ o estado mais endividado do Brasil. Existe um lado positivo nisso?
maiol l 2018
O lado positivo do Quem nunca caiu na tentação de comprar um produto que não precisa, com um dinheiro que não tem, que atire a primeira pedra. Endividar-se faz parte da cultura do brasileiro, um povo que em grande parte é mal remunerado e, ainda assim, bombardeado por inúmeras campanhas de marketing que incentivam a aquisição de bens, duráveis ou não, como fórmula instantânea de felicidade. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) monitora o endividamento das famílias brasileiras por meio da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC). E cabe à Fecomércio PR fazer a divulgação estadual. Os paranaenses estão sempre no topo da lista de endividamento. A última pesquisa da CNC, correspondente ao mês de abril, mostra que 88,5% das famílias paranaenses possuíam algum tipo de dívida. É uma estatística alarmante, pois significa que quase nove em cada dez famílias estão endividadas. Mas isso não precisa ser visto como algo negativo. SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR
Em artigo acadêmico, a coordenadora de Pesquisas da Fecomércio PR, Priscila Moraes de Andrade, mostra que contrair dívidas é antecipar a aquisição de algo que poderia ser esperado se houvesse sido investido o dinheiro e que o endividamento não é de todo ruim, ao menos sob o ponto de vista do comerciante e da economia. O perigo é quando o consumidor não tem planejamento financeiro e acaba com seu Cadastro de Pessoa Física (CPF) incluso nos sistemas de proteção ao crédito. O referido artigo nos apresenta outra vertente de análise, que é da saúde financeira para a obtenção do crédito. Nenhuma instituição financeira concede crédito sem antes consultar o histórico de pagamentos do comprador. Pode-se dizer, então, que o crédito está intimamente atrelado a bons pagadores. Fator preocupante passa a ser quando o consumidor atrasa os pagamentos, acumulando dívidas e gerando a inadimplência. Essa sim é perigosa e muitos tendem a confundi-la com endividamento.
endividamento Um consumidor que está utilizando cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês de lojas, empréstimos, prestação de carros, casas e seguros está endividado, mas não significa, necessariamente, que está inadimplente. O endividamento alto é peculiar na região Sul do Brasil. Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul figuram no ranking dos estados que mais possuem famílias com dívidas e, entre as principais características em comum, que podem explicar esse fenômeno, estão a média salarial mais elevada do que a registrada no restante do país, maior estabilidade no emprego e mais oportunidades de emprego. Outro fator de grande relevância é que o maior percentual de famílias endividadas está nas classes mais altas, com renda familiar de dez salários mínimos ou mais. Em abril, o endividamento nas famílias de maior poder aquisitivo foi de 92,2%. Das famílias com renda até dez salários
mínimos, 87,7% possuíam dívidas. Vale destacar que os endividados das classes A e B têm melhores condições para quitação dos débitos justamente porque ganham mais. Dessa forma, as contas atrasadas e a falta de condições de pagamento das dívidas são menores do que os registrados nas classes C, D e E. O Brasil passa por um longo período de crise, e nenhum estado se livrou de sofrer com ela. A população, mais do que nunca, teve que recorrer ao endividamento para viabilizar o consumo de bens de maior valor. No entanto, endividamento alto não significa que as famílias estejam falidas, mas pode ser visto como um grande número de famílias com capacidade de obtenção de crédito no mercado. Por isso, podemos afirmar que sim, o endividamento possui um lado positivo.
Darci Piana | Presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR
mio l 2018