Delta Paraná: Sistemas co-produtivos para contextos em desequilíbrio

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DELTA PARANÁ SISTEMAS CO-PRODUTIVOS PARA CONTEXTOS EM DESEQUILÍBRIO

CAPA

Federica Linares 2021.1


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FEDERICA LINARES


DELTA PARANÁ SISTEMAS CO-PRODUTIVOS PARA CONTEXTOS EM DESEQUILÍBRIO. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PUC -RIO DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO Lab. Eskes-Duarte Aluna: Federica Linares Orientador: Carlos Eduardo Spencer

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INDEX

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INTRODUÇÃO

CASA CONSTRUIDA COM MATERIAIS E TECNICAS TRADICIONAIS DO DELTA CARTÕES POSTAIS, COLEÇÃO PEZZIMENTI 6

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INDRODUÇÃO: TEMA I CARTOGRAFIA I GLOSSÁRIO

DELTA PARANÁ: SISTEMAS CO-PRODUTIVOS PARA CONTEXTOS EM DESEQUILÍBRIO “Já que a natureza está sendo assaltada de uma maneira tão indefensável, vamos pelo menos, ser capazes de manter nossas subjetividades, nossas visões, nossas poéticas sobre a existência.” (KRENAK, 2020: 32)

as diferentes escalas envolvidas no recorte temático, desde àquela que envolve proporções mais globais até a mais local. Busca-se a partir disso, contrariar e provocar a visão negacionista comum hoje, revelando de forma explicita as proporções da ação humana no território que, sem dúvida, ultrapasA intensificação da mudança climática somado à sam qualquer fronteira política estabelecida pelo expansão dos sistemas agro-exportadores promo- homem. vidos pelo modelo de desenvolvimento atual, tem ameaçado não somente a rica biodiversidade de Dessa forma, o trabalho se propõe a colaborar para continentes como a América Latina, mas as eco- a contrução desses outros futuros possiveis, onde a nomias de pequenas comunidades que dependem noção de natureza - como organismo vivo e conecdela para a sua subsistência. O presente trabalho tado - de Humboldt seja pilar fundamenta da vida busca investigar sobre os desafios e oportunidades em sociedade. Nesse lógica, a dimensão humana, que essas produções tradicionais do território lati- agora despida de hierarquia, se tornaria mais uma noamericano enfrentam ao compartilhar suas ter- das camadas que compõem o conceito e não mais ras com grandes cadeias produtivas e importantes a principal, sendo portanto obrigatório a co-proecossistemas em desequilíbrio. dução com as demais dimensões. Portanto, a conO objetivo é imaginar modos de existência alternativos em que a co-produção regule as múltiplas escalas de interesses sobre um mesmo território, sejam elas: econômicas, políticas, sociais ou geográficas. A investigação toma como caso de estudo a região do Delta do Rio Paraná, no noroeste da Argentina, cuja singularidade da configuração espacial nos permite justificar a urgência do debate ao antecipar efeitos da relação insustentável entre o ecossistema natural e humano vigente hoje.

textualização e, sobretudo, revisão deste sistema de interdependências em desequilíbrio, se apresenta como uma ferramenta fundamental da construção deste trabalho.

Para superar os desafios lançados e alcançar o objetivo proposto, a investigação desenvolve uma metodologia baseada em levantamentos analíticos seguidos de aproximações em escala - que não necessariamente segue uma logica linear. A partir disso, foi possível entender a complexidade do sistema de geração da área e, posteriomente reconhecer dentre as pré-existências as possibilidades para atuação que serão apresentadas ao longo deste trabalho.

Apesar do recorte selecionado se localizar fora dos limites políticos do Brasil, a sua posição geográfica à juzante dos grandes rios, cujas nascentes se dão em território nacional aproxima o debate, introduzindo o Delta Paraná como uma das regiões mais Para facilitar a leitura anexou-se na introdução vulneráveis às tomada de decisão do país, sobretu- deste caderno uma cartografia-guia e um glossário, do em relação as questões ambientais. cuja conteúdos foram utilizados durante o desenvolvimento deste estudo. Tais informações pode Entendendo a problemática levantada como multi- servir para consultas de terminologias e maior endimensional, um dos principais desafios do traba- tendimento da região trabalhada, cuja divisão adlho consiste em estruturar, em uma única narrativa, minitrativa é diferente da do Brasil.

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INDRODUÇÃO: TEMA I CARTOGRAFIA I GLOSSÁRIO

CARTOGRAFIA GUIA

BU

Legenda: Departamentos 8

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Delta

Recorte


SAN JERÓNIMO

DIAMANTES

VICTORIA

SAN LORENZO GUALEGUAY ROSARIO GUALEGUAYCHU VILLA CONSTITUICION SAN NICOLAS RAMALLO ISLAS DEL IBICUY SAN PEDRO BARADERO CAMPANA ZARATE SAN FERNANDO ESCOBAR TIGRE

UENOS AIRES DIVISÃO ADMINISTRATIVA DA REGIÃO DELTA E ILHAS DO PARANÁ ACERVO PRÓPRIO DETA PARANÁ: SISTEMAS CO-PRODUTIVOS COMO ALTERNATIVA PARA CONTEXTOS EM DESEQUILÍBRIO

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INDRODUÇÃO: TEMA I CARTOGRAFIA I GLOSSÁRIO

REVISÃO DE TERMINOLOGIAS

1. NEGACIONISMO

“(...) relativa indiferença diante da urgência da situação, e também o fato de sermos todos climato-quietistas, já que esperamos que ‘tudo acabe se resolvendo no final...’ sem nada fazermos para isso” (LATOUR, 2020: 15) 2. SISTEMA DE GERAÇÃO:

O sitema de produção se baseava numa (...) divisão entre atores humanos e seus recursos (...) O sistema de geração, por sua vez, coloca em confronto agentes, atores e seres animados com capacidades de reação distintas (...) Ele não se interessa em produzir bens para os humanos a partir de recursos, mas em gerar terrestres - todos os terrestre e não apenas os humanos” (LATOUR, 2020: 100) Trata-se de uma questão de civilização, mais do que apenas de economia (LATOUR, 2020: 107) 3. ECONOMIA

(...) foi a partir do pós guerra - e graças ao petroleo - que passou a prevalecer uma concepção de economia que acredita poder se isentar de qualquer limite material (...) a luta de classes depende de uma geo-logia. A indrodução do prefixo ‘geo’ não tornam obsoletos os 150 anos de análise marxista ou materialista. Ao contrário, ela obriga a retomar a questão social, deixando a nova geopolítica ainda mais intensa. (LATOUR, 2020: 78) 4. NATUREZA

“O slogan dos ocupantes da ZAD de Notre-Dame-des-Lades expressa bem esse dilema: ‘Não defendemos a natureza, nós somos a natureza defendendo a si própria” (LATOUR, 2020: 80)


5. GLOBALIZAÇÃO:

“(...) tarefa de multiplicar os pontos de vistas para complexificar toda visão ‘provinciana’ ou ‘fechada’ adicionando novas variantes [e não de] reduzir o número de alternativas para a existência e os caminhos do mundo, para o valor dos bens (...)” (LATOUR, 2020: 22). “Ora se não há planeta, terra, solo, território onde alojar o globo da globalização em direção ao qual todos os países se dirigiam, então ninguém mais possui, como se costuma dizer, uma terra para chamar de sua” (LATOUR, 2020: 14) 6. TERRESTRE:

“De agora em diante, o sistema terra reage a sua ação, de modo que você não mais dispõe de uma paisagem estável e indiferente para alojar seus desejos de modernização” (LATOUR, 2020:14) “Talvez seja a hora de falar não mais em humanos, mas em terrestres (...) Dizer somos ‘ terrestres em meio a outros terrestres’ não supõe de forma alguma a mesma política de ‘Nós somos humanos na natureza.” (LATOUR, 2020:105) 7. ECOLOGIA

“Ecologia não é o nome de um partido, nem um tipo de procupação, mas sim um apelo para mudarmos de direção: ‘ Rumo ao terrestre”. (LATOUR, 2020: 73)


SISTEMA EM DESEQUILÍBRIO

AMÉRICA LATINA ESRY WORLD IMAGERY


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BACIA DO PRATA ESRY WORLD IMAGERY


SISTEMA EM DESEQUILÍBRIO: FICÇÃO I CONTEXTO I BIOMA

CRISE GLOBAL

RICARDO SALLES FAZ DISCURSO CONTRA LEIS AMBIENTAIS, 2020 BUZZ FEED NOTICIAS

Em 22 de abril de 2020, um video divulgado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Melo ganhou grande repercussão na mídia ao mostrar o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, declarando sua intenção de utilizar a pandemia do coronavirus para afrouxar leis ambientais de preservação brasileira. Segundo ele, o contexto de crise sanitária seria uma otima opotunidade para desviar o olhar da imprensa e ir “passando a boiada e simblificando normas” que a anos encontram barreiras no judiciário.

Tal atitude, se grava quando nos deparamos com os números de 2020, ano que bateu o recorde de queimadas na Amazônia, um dos principais biomas não só do Brasil, mas do mundo. Segundo uma matéria da Folha de São Paulo publicada em outubro de 2020, os números de focos registrados até o mês já eram maiores do que os do ano inteiro de 2019. Foram 89.604 focos de calor até outubro de 2020, enquanto em todo 2019 o número foi de 89.179. Só no mês, os registros já eram 73% maiores do mesmo mês no ano anterior.

“(...) precisa ter um esforço nosso aqui enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, que só fala de Covid e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas. De Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional], de ministério da Agricultura, de ministério de Meio Ambiente, de ministério disso, de ministério daquilo. Agora é hora de unir esforços pra dar de baciada a simplificação”, declarou Salles.

Os números chocantes são resultado do crescente desmatamento do país nos últimos anos. Segundo dados do Prodes (Programa do INPE que mede o desmatamento anual), entre agosto de 2018 e julho de 2019, mais de 10 mil km² de floresta foram derrubados, 34% maior do que os registros do mesmo intervalo no ano anterior.

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Não podemos esquecer, no entanto, que os números dramáticos do país são ambientados numa das


maiores crises socioambientais da história, a pandemia do coronavirus. Apesar da visão oportunista do atual ministro Ricardo Salles, o momento em que o discurso se insere torna ainda mais procupante a flexibilização das medidas ambientais, sobretudo considerando as consequencias graves das queimadas - reforçadas pelo periodo de intensa vunerabilidade social - para as populações tradicionais que habitam esses territórios.

declarar a pandemia do coronavirus.

Este ano, apesar da enorme pressão nacional (e internacional, se levarmos em conta a midiatização negativa dos eventos no exterior) pela regulamentação das politicas publicas que prezem pelo equilbrio socioambiental, a situação brasileira parece ainda não melhorar. Durante a Cúpula dos Líderes Sobre o Clima realizada em abril deste ano, Jair Bolsonaro emitiu um discurso negacionista e de Segundo especialistas ouvidos pela Brasil Reporter, conveniência, no qual ignora os utimos episódios e a combinação das queimadas com a pandemia pro- promete, diante da comunidade internacional, anvoca a competição por leitos, o que numa região tecipar em 10 anos as metas propostas para a redude recusos hospitalares já escassos - como é o caso ção de emissões líquidas do país. do Norte do país - é extremamente procupante. O sistema de saúde de Manaus, capital do Amazonas, por exemplo, foi a primeira cidade do Brasil a ficar sem unidades de terapia intensiva disponíveis, entrando em colapso em abril de 2020, um mês depois da Organização Mundial da Saúde (OMS)

ÁREA QUEIMADA PERTO DE FLORESTA PROTEGIDA NO PARÁ FERNANDO MARTINHO DETA PARANÁ: SISTEMAS CO-PRODUTIVOS COMO ALTERNATIVA PARA CONTEXTOS EM DESEQUILÍBRIO

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SISTEMA EM DESEQUILÍBRIO: CONTEXTO I BIOMA

ZONAS ÚMIDAS

“Quando a natureza é concebida como uma rede ou teia, sua vunerabilidade também se torna obvia. Tudo está interligado. Se um fio é puxado, toda trama da trapaçaria pode acabar se desmanchando.” (WULF, 2015: 28)

“A explicação dos pesquisadores pode estar também na devastação da Floresta Amazônica, porque é de lá que vem a maior parte da umidade que alimenta o Pantanal. A floresta lança no ar a umidade que é levada pelas correntes até esbarrar na Cordilheira do Andes. Volta, então, distribuindo chuva para toda uma região que vai O descontrole das queimadas na Amazônia, se- até o Sul do Brasil. Quando esse maciço verde começa a gundo pesquisadores ouvidos pelo Jornal Nacional, ser fragmentado, não lança tanta umidade assim e falta chuva no Centro-Oeste.” (JORNAL NACIONAL, 2020)

é um um dos principais fatores para os incêndios no Pantanal, maior zona úmida do mundo. Não atoa os jornais brasileiros anuciaram o episódio um tempo depois das manchetes sobre a Amazônia. A área de vegetação perdida na região em 2020 já superou em 10 vezes a soma das queimadas registradas entre 2000 e 2018 no mesmo local.

Segundo estudos promovidos pela convenção de Ramsar - principal orgão de conservação das zonas úmidas no planeta - a região da América Latina e o Caribe lidera os dados relativos a perda do bioma em nível mundial. Entre 1970 e 2015 os números somaram o equivalente a quase 60% da sua superA devastação deste bioma extremamente impor- fície total. tante para o equilíbrio hidrológico e produtivo das zonas úmidas é reflexo da seriedade dos aconteci- Este trabalho, se propõe a acompanha tais efeitos mentos à norte do país. E os efeitos disso não se em cadeia e estudar o Delta Parana, cuja localizalimitam ao território brasileiro. Ao contrário, toda ção se dá exatamente no ponto final dessa rede de a América Latina, sobretudo o sul do continente, vunerabilidades. A investigação, portanto, parte deste contexto para, então, introduzir o recorte. sofre as consequencias desse desequilíbrio.

1 Oceania

Índice zonas úmidas

0.8

Ásia Europa África

0.6

0.4

America Latina e Caribe

0.2

0 1970

1975

1980

1985

1990

PERDA DE ZONAS ÚMIDAS NO MUNDO ADAPTADO DE CONVENÇÃO RAMSAR 16

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1995

2000

2005

2010

2015


RIOS DO PANTANAL EM CHAMAS CONCENTRAÇÃO DE QUEIMADAS - 17 DE AGOSTO DE 2019 MARCIO PIMENTA SERVIÇO DE MONITORAMENTO ATMOSFÉRICO DA COPERNICUS (CAMS) DETA PARANÁ: SISTEMAS CO-PRODUTIVOS COMO ALTERNATIVA PARA CONTEXTOS EM DESEQUILÍBRIO

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SISTEMA NATURAL

RIO PARANÁ ESRY WORLD IMAGERY


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DELTA PARANÁ ESRY WORLD IMAGERY


SISTEMA NATURAL: ECOREGIÃO I ECOSSITEMA

BACIA DO PRATA

A bacia hidrográfica da Bacia do Prata, na qual o Pantanal se posiciona à montante, representa umadas regiões mais importante para as dinâmicas da socioeconomicas dos povos da América Latina (além, é claro da sua impotancia ambiental), sobretudo por abrigar em seus limites três importantes recursos. São eles: (1) Cordão de Zonás úmidas, que se inicia ao sul do Brasil e termina a Noroeste da Argentina; (2) A hidrovia Parana-Paraguai, fundamentaal para o tranporte de mercadorias do Mercosul; e por fim, (3) da maior reserva de água doce do planeta, o Aquífero Guarani. Tais caracteristicas fazem com que a região se consegre como uma das mais produtivas do continente. Segundo a intituição ECOA, Produto Interno Bruto (PIB) da Bacia do Prata contempla quase 70% daquilo que é contabilizado para o cálculo a cada ano nos cinco países, o que se considerarmos que em termos territoriais por volta de 24% do total da área dos países. Os números altos, por sua vez, são reflexo dos grandes Rios que a Bacia comporta, os quais atravessam grandes porções continentais contribuido para muitos processos ambientais e econômicos. O Rio Paraná, que em Tupi significa “parecido ao mar”, é o principal corpo hídrico dessa região, conectando cinco dos principais países do continente: Bolívia, Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. Sua nascente se dá entre o Rio Paraíba e o Rio Grande (Minas Gerais, Brasil), percorrendo 3.740 km antes de desembocar no Rio da Prata (Buenos Aires, Argentina) e finalmente no Oceano Atlântico. Apenas os últimos 300 km pertencem ao Delta, caso de estudo deste trabalho.

1.

2.

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CORPOS HÍDRICOS DA BACIA DO PRATA PRAT E SALOMON. APUT. GALAFASSI, 2001. DETA PARANÁ: SISTEMAS CO-PRODUTIVOS COMO ALTERNATIVA PARA CONTEXTOS EM DESEQUILÍBRIO

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SISTEMA NATURAL: ECOREGIÃO I ECOSSITEMA

DELTA PARANÁ

O Delta Paraná é um dos maiores e mais importantes sistemas de zonas úmidas do continente, possui 320 km de comprimento e largura variável que vai de 18 km em frente de Baradero e mais de 60 km entre os Rios Luján e Gutiérrez, totalizando uma superfície de 1.750.000 hectares (o equivalente a 86 vezes a área da cidade de Buenos Aires e 13 vezes a do Rio de Janeiro). Sua configuração geomorfológica corresponde a de uma planície alagável (ou ilhas aluviais), terras baixas e úmidas que periodicamente são afetadas pelas mínimas e máximas das águas que a circundam; a do Rio Paraná, Rio Uruguai e Rio da Prata, por sua vez é afetada pelas marés trazidas pelo fenômeno regional “Sudestada” - ventos frios provenientes do oceano Atlântico.

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Tal característica faz com que a região tenha um regime fluviomarítimo muito específico, dado que seus ciclos hidrológicos possuem mais de uma fonte principal. A estação de águas altas do Rio Paraná, por exemplo, é registrada no verão e no outono, alcançando níveis máximos em fevereiro/março, enquanto as do Rio Uruguai são registradas na primavera e outono, momento em que pode coincidir com as crescentes do Paraná (GALAFASSI, 2001: 60). Dessa forma, percebe-se que as cotas atingidas pelas águas dependem de inúmeros fatores geográficos, fazendo com que as ilhas se consolidem como territórios de terras instáveis totalmente à mercê dos regimes hídricos de seus rios. O cenário da sazonalidade das cheias e vazantes se agrava quando


VISTA AÉREA DELTA PARANÁ MARTIN TERBER

ESQUEMA DE FORMAÇÃO DE UM DELTA ACERVO PRÓPRIO DETA PARANÁ: SISTEMAS CO-PRODUTIVOS COMO ALTERNATIVA PARA CONTEXTOS EM DESEQUILÍBRIO

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GEOMORFOLOGIA

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SISTEMA NATURAL: ECOREGIÃO I ECOSSITEMA

ocorre qualquer desequilíbrio ao longo da extensão dos rios principais. Por se localizar na confluência de vários corpos hídricos, as mínimas interferências podem trazer consequências desastrosas para o Delta (GALAFASSI, 2001), sobretudo para os habitantes das ilhas que por questões geográficas já se encontram em situação de vunerabilidade.

“A região entre Guaíra (Brasil) e Assunção (Paraguai), assim como a alta bacia do Rio Iguazú, que conecta sul brasileiro e norte argentino receberam uma quantidade três vezes superior ao normal. Os Rios Paraná e Paraguai também registraram um aumento considerável de 100% a 150% em relação a anos normais. Tais precipitações anormais transbordaram os limites da Bacia do Prata, afetando por volta de cinco milhões de km² em toda a sua superfície (...) o que agravou ainda mais a situação águas abaixo.” (GALAFASSI, 2001: 61, tradução do autor)

Um dos episódios mais marcantes, nesse sentido, foram as crescentes extraordinárias de 1982-1983, provocadas pelas precipitações atípicas no Paraguai, norte argentino e sul do Brasil (vale lembrar que a depressão do Pantanal possui um papel fundamental para o amortecimento das crescentes que Em 2016, as águas altas voltaram a assolar a região confluem no Delta). interrompendo diversas dinâmicas cotidianas dos habitantes das ilhas. A localidade de Villa ParanaA inundação se manteve sobre as terras baixas du- cito, por exemplo, localizada na área de influência rante 16 meses, alcançando na região do Médio de dois grandes rios (Parana e Uruguai) foi uma Delta a cota de 2,2 metros acima do nível do mar, o das mais afetadas, sobretudo a porção que se orgaque para uma área que oscila entre as cotas de 0-4 niza em malha urbana. metros é bem impactante.

GUARDA MUNICIPAL DISTRIBUINDO ALIMENTOS E REMÉDIO AOS ILHEUS, 2020 RAFAEL MARIO QUINTEROS 28

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INFLUÊNCIA DAS CRESCENTES DOS RIOS PRINCIPAIS GALAFASSI, 2001 DETA PARANÁ: SISTEMAS CO-PRODUTIVOS COMO ALTERNATIVA PARA CONTEXTOS EM DESEQUILÍBRIO

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CASAS CONVENCIONAIS DA VILLA PARANACITO EM ÁGUAS ALTAS, 2016 HERNAN VITENBERG

CASA EM PALAFITA DA VILLA PARANACITO EM ÁGUAS ALTAS, 2016 HERNAN VITENBERG 30

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De fato, a ausência das tecnologias das palafitas complexificou a situação destas familias, uma vez que impossibilita a capacidade para resiliência em momentos de crescentes extraordinárias, como foi o caso de 2016. Tal episódio, portanto, reforça a importância da manutenção dessas tecnicas tradiconais de construção em zonas úmidas como as do Delta Paraná. “No podemos frenar el crecimiento de este humedal hacia el río es algo natural, yo creo que tenemos que hacer nuestras casas palafiticamente como las hacemos los isleños. Nosotros decimos respetar la transparencia hidráulica, viene la marea y que entre y después se va y no levantar los terrenos para que después esa agua que se iba ahi se vaya a lugares que no están preparados,” - Jorge Peimer, isleño del delta Parana

MALHA URBANA DE VILLA PARANACITO ESRY WORLD IMAGERY DETA PARANÁ: SISTEMAS CO-PRODUTIVOS COMO ALTERNATIVA PARA CONTEXTOS EM DESEQUILÍBRIO

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JULHO, 2019 - SATÉLITE LANDSAT LAUREN DAUPHIN 32

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JULHO, 2020 - SATÉLITE LANDSAT LAUREN DAUPHIN 34

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SISTEMA NATURAL: ECOREGIÃO I ECOSSISTEMA

Apesar das cheias terem um caráter mais violento na paisagem, as secas também promovem consequências sociais e econômicas bem graves para a região. Durante o ano de 2020, o Delta sofreu com uma das maiores vazantes da história do Rio Paraná provocada pela escassez das chuvas e diminuição do fluxo dos rios causado pelas represas hidrelétricas no Brasil.

ocorrência em si desses períodos de cheias e vazantes conforma uma dinâmica natural da região chamada “pulso”, típicas das zonas úmidas. Este regime sazonal envolve também deslocamentos de matéria (sedimentos e nutrientes), principal responsável pela formação das ilhas. (Neiff 1999 Apud. PIECAS, 2014).

O Rio Paraná transporta aproximadamente 160 O hidrômetro do Porto de Rosário, localizado a milhões de toneladas de sedimentos por ano e des100 metros do Delta, marcou 40 centímetros quan- carrega ao longo de toda a sua extensão 18 000 m³/ do o normal, segundo o Instituto Nacional das seg, contribuindo para que o conjunto de terras Águas (INA), era entre três e quatro metros. As po- baixas do Delta estejam em constante processo de pulações locais das ilhas, as quais vou aprofundar formação. mais a frente, foram as que mais sofreram com os efeitos dessa seca, uma vez que os níveis mínimos Segundo Zagare (2014) a porção mais recente do das águas dificultavam o transporte fluvial, princi- Delta apresenta uma taxa de crescimento que vapal meio de locomoção da região, deixando essas ria entre 50 a 100 m por ano no setor mais ao sul comunidades ainda mais vulneráveis em tempos (localizado em Paraná de las Palmas e paralelo a de pandemia. costa de Buenos Aires) e 0-25 metros por ano no setor mais ao norte (localizado em Paraná Guazú, No entanto, apesar da frequencia de episódios próximo a foz do Uruguai), o que significa que o extraordinários ser causada pela ação humana a Delta cobriria toda costa da cidade de Buenos Ai-

ILHEU COM SEU FILHO NAVEGANDO EM ÁGUAS BAIXAS SEBASTIÁN LÓPEZ BRACH 36

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7.0 6.3

6.0

Nível do Rio Paraná

5.0

4.0

3.0

2.92

2.0

1.0 0.4

2020

2019

2017

2015

2013

2011

2009

2007

2005

2003

2001

1999

1997

1995

1993

1991

1989

1987

1985

1983

1988

1979

1977

1975

1973

1971

0.0

NÍVEL DA ALTURA DO RIO PARANÁ NA ALTURA DE ROSARIO INTITUTO NACIONAL DA ÁGUA (INA)

res em uns 110 anos (Sarubbi et al., 2006; Pittau et al., 2004 Apud. ZANGARE, 2014: 28). Diante desse contexto de evidente vulnerabilidade geográfica, o clima acaba assumindo um importante papel na manutenção das terras do Delta. Segundo Galafassi, a região pode ser definida como quente e úmida, com temperaturas anuais que variam entre 22 e 23 no verão, podendo atingir máximas de 38/40 e 11 e 12 no inverno, com risco de mínimas entre 2 e 4 abaixo de zero.

Por essas especificidades climáticas, as terras das ilhas ficam sujeitas a um constante processo de deposição, consolidação e erosão que se autorregula a partir da matéria (líquida e sólida) de seus rios. Tal combinação faz com que a sua topografia varie entre um setor mais elevado com cotas de 3-4 metros à margem que recebe o nome de “Albardón perimetral” e outro mais baixo ao centro, denominado de “Pajonal”, padrão que se repete com mais frequência dependendo da dimensão da terra.

Em relação às chuvas, contata-se o equivalente a 900/1000 mm anuais, mantendo sua umidade elevada durante todo o ano com valores médios entre 70-80%. Tais valores, somados às complexidades de variáveis que afetam este território conforma um microclima bem específico para as ilhas com traços temperados e tropicais, o que determina um regime climático mais parecido com o das zonas subtropicais úmidas do que com o das áreas temperadas subúmidas de seu entorno (GALAFASSI, 2014: 63).

Dessa forma, a geografia do meio das ilhas maiores se alterna entre “Albardón de interior” e pequenas inundações até chegar em uma grande lagoa pantanosa, conformando assim uma variação de altitude na superfície das terras do Delta que alinhadas a outros fatores resulta numa grande diversidade de paisagens. Tais características são de extrema importância para entender mais a frente muitas das tecnologias produtivas e construtivas desenvolvidas pelas comunidades tradicionais das ilhas, os “isleños” (GALAFASSI, 2014: 66).

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SISTEMA URBANO

BUENOS AIRES, ARGENTINA ESRY WORLD IMAGERY


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ROSÁRIO, ARGENTINA ESRY WORLD IMAGERY


SISTEMA URBANO: IMPACTOS I OPORTUNIDADES

EXPLORAÇÃO DESMEDIDA

No entanto, tais riquezas ambientais do Delta vem sendo desregularizadas pela sua posição geografica estratégica para a economia da Argentina, cuja triangulação das principais provícias - Buenos Aires, Entre Rios e Santa Fe - se localizam na costa do ecossitema. Vale lembrar que a soma das receitas econômicas das três representa quase 50% do PIB nacional da Argentina. Além disso, não se pode esquecer que uma das principais hidrovias (Paraná-Paraguai) da América Latina atravessa a região. Essa localização, provoca que inúmeras infraestruturas façam fronteira com territórios de grande importância ecológica para o clima da região. Nos últimos anos, por exemplo uma quantidade considerável de fábricas de papel foram implantadas nas proximidades do Delta, as quais vem assumindo quase 68% do destino da madeira produzida no Delta (GALPERÍN, 2013), o que desvaloriza o mercado interno das ilhas, visto que as salicácias são exportadas sem qualquer valor agregado. Essa realidade vem se agravando com o aumento da produtividade da região pampeana. A sua terra fértil, propícia para a pastagem somada a disponibilidade de vastas áreas para a circulação livre do gado culminou no avanço desmedido da fronteira agrícola sobre as terras baixas do Delta Assim, o modelo tradiconal de pecuaria extensiva e estacional da “ganaderia de islas” foi subistituida por um um mais intensivo e permanente. A quantidade de cabeças de gado na região foi multiplicada por 10; de 160.000 a 1.500.000 entre 1997 e 2007. (GALPERÍN, 2013), o que resultou em 2020 num das maiores colapsos ambientais para a região. Segundo jornais locais, os incêndios - intensificados por um dos períodos mais secos do Rio Paraná - equivalem a quase um sexto do território do Delta, o que sem dúvida trouxe diversas consequências não apenas para a preservação do ecossitema DE ROSARIO e PORTO seus habitantes mas também para as cidades que SEBASTIAN o cercam. LOPEZ BRACH 40

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PORTO DE ROSARIO SEBASTIAN LOPEZ BRACH


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INFRAESTRUTURA

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EMBARCAÇÃO NAGEVANDO NA HIDROVIA PARANA-PARAGUAI CARLOS PAOLI, MARIO SCHREIDER

VISTA AEREA DO MEGAEMPRENDIMENTO COLONY PARK, PARTIDO DE TIGRE ENVIRONMENTAL JUSTICE ATLAS (EJA) 44

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FUMAÇA EM FRENTE A CIUDADE DE ROSARIO, JULHO 2020 REUTERS

PUENTE ROSARIO-VITORIA ATRAVESSANDO O DELTA LA CIUDAD DETA PARANÁ: SISTEMAS CO-PRODUTIVOS COMO ALTERNATIVA PARA CONTEXTOS EM DESEQUILÍBRIO

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FRAQUEZAS

Desmatamento - Potencial terrestre 46

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IMAGENS DE SATÉLITE MOSTRA O DELTA PARANÁ ANTES E DEPOIS DAS QUEIMADAS DE 2020 EUROPEAN SPACE AGENCY 48

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FUMAÇA DOS INCENDIOS AVANÇA SOBRE A CIDADE DE ROSARIO, 2020 RADIOFONICA

BOMBEIROS APAGANDO INCENDIO NO DELTA, 2020 MINISTÉRIO DO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA ARGENTINA 50

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SISTEMA URBANO: IMPACTOS I OPORTUNIDADES

A situação dos incêndios de 2020 foi tão grave que em questão de pouco tempo a fumaça das ilhas foi trasferida para as principais cidades da costa. Os ventos provenientes do Oceano Atântico, típicos do fenómeno regional “Sudestada”, carregaram completamente a atmosfera urbana, interrompendo muitas dinâmica cotidianas das proximidades.

ploração desmedida da pratica do gado na regiãoque vem aplicando tecnincas terrestres incopatíveis com as dinámicas naturais do ecossitema úmido.

Segundo um estudo socioeonômico promovido pela Wetlands International, 83,18% do Produto interno geográfico (PGB) do Delta corresponde a produção da pecuaria intensiva, enquanto 13,69% O evento rapidamente ganhou repercussão midia- corresponde a produção tradicional de baixo imtica e foi respondido por protestos severos nas ruas pacto das ilhas. Tais dados, por sua vez revelam os das cidades afetadas. Tudo isso, vale lembrar, em motivos por trás do cenário de extremo desequilímeio a um pandemia de uma doença respiratória. brio interno atual, que corrompe o enorme potenTais acontecimentos são reflexo de uma cadeia de cial produtivo e ambiental deste território. eventos de econocídio que culminaram nesse cenário nebuloso que preecheu as cidades que fazem fronteira com um dos principais ecossitemas de zonas úmidas do continente. No entanto, apesar dos fatores externos, grande parte da responsábilidade deste evento se da a ex-

COMUNIDADE CIVIL PROTESTA CONTRA DESCASO DAS POLITICAS AMBIENTAIS, 2020 LA TINTA

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SISTEMA URBANO: IMPACTOS I OPORTUNIDADES

CRUZAMENTO DE DADOS

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ESQUEMA SINTETIZA PROBLEMÁTICA CENTRAIS DO DELTA ACERVO PRÓPRIO

Influência h idrol ógic a

águ as alt as

ECOSSISTEMA NATURAL

PGB: 694.700 US$/ano

2.762.390.100 US$/ano

ECONOMIA

SISTEMA DE GERAÇÃO DELTA PARANÁ WETLANDS INTERNACIONAL

água s ba ixa s

derando toda o Delta ativa .258.700 ha

CLIMA

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SITEMA UMANO

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(FONTE)

PLAN DELTA SUSTENTABLE

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SISTEMA URBANO: IMPACTOS I OPORTUNIDADES

PRODUTIVIDADE INTEGRADA

Diante disso, percebe-se que o encurtamento de distâncias entre o ecossistema humano e natural condiciona a região a dois possíveis cenários; um de extrema exploração e o outro de grande protencial para a produção sustentável, uma vez que no mesmo território existem diferentes setores socioeconômicos. Tal característica, sem dúvida aumenta o potencial do sistema de geração do território, uma vez que diminui os custos de frete, oferece oportunidades para a consolidação de sistemas Clusters e permite a integração de agentes de ordens diversas. A oferta de matéria prima e produtores tradiconais resilientes ás dinámicas das ilhas combinada com o cordão urbano-industrial das cidades que limitam o Delta, se articulada de maneira consicente, pode trazer enormes benefícios para a economia de ambas regiões. Além disso, a conformação de proximidades geográfica entre cidade-ecossistema permite facilmente acionar a comunidade civil, universidades e centros científicos como agentes de pesquisa, monitoramento e ação contra os impactos asocioambientais sobre o Delta. No entanto, como vimos no caso dos incêncios que devastaram as ilhas em 2020, essa proximidade entre os setores exige uma política de equilíbrio, visto que as reações que um provoca no outro são quase imediatas (os vetores de causa e consequência são bilaterais).

PARTIDO DO TIGRE EM BUENOS AIRES JOAQUIN PORTELA

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FORTALEZAS

População por raio cental - Potencial fluvial 56

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SISTEMA TRADICIONAL

ISLA LECHI DELTA SUPERIOR ESRY WORLD IMAGERY


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ISLAS DE SAN FERNANDO, DELTA INFERIOR ESRY WORLD IMAGERY


SISTEMA TRADICIONAL: MODO DE VIDA I TÉCNICAS PRODUTIVAS

OS ILHEUS

Em meio às dinámicas adversas deste território, que reune grandes complexos urbanos e importantes paisagens ecossitemicas, se localizam pequenos produtores tradicionais, que desde o início dos tempos identificaram potencial nesta região. São os chamados ilheus ou em seu termo local, os “isleños”. Os primeiros habitantes destas terras foram os povos indígenas Chanás Mbeguaes (família dos Guaranis), mas com o tempo a região recebeu muitos imigrantes atraidos pela promessa de terras oferecida pela Lei das Ilhas no final do século XIX, culminando assim para uma miscigenação de origens que caracterizam os habitantes destas ilhas. Apesar da grande resiliencia que tais comunidades desenvolveram ao longo dos anos, a intensificação do Regime Climático causado pela ação desmedida das porções urbanas da planície, tem ameaçado cada vez mais a sua adaptabilidade ao meio. Diante disso, observa-se que as famílias que ainda resistem na região se encontram em extrema vunerabilidade social e econômica, o que é prejudicial em vários sentidos, uma vez que tais comunidades ajudam na preservação dos ecossitemas em que se assentam e, por sua vez, dos climas que as regulam. As atividades destas comunidades dependem do equilíbrio do meio para a sua subistência e, portanto, se torna obrigatório para elas a manutenção de relações de boas praticas com o ecossitema em que elas são aplicadas. As praticas implementadas se adaptam a geografia das ilhas e e ajudam, inclusive na preservação da fauna e flora da região. Dessa forma, é de evidente a extrema importância a conservação dessas culturas tradicionais neste território, que por si só já é estremamente instável.

MUNICIPIO DE SÃO PEDRO COM INCÊNDIOS NO HORIZONT RAFAEL MARIO QUINTEROS 60

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TE

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CASA TRADICONAL EM SAN FERNANDO LEANDRO VESCO

PIER PARA ESTACIONAMENTO DE EMBARCAÇÕES LINDSEY PULS 62

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POSTO NAUTICO JESSE SPECTOR

MERCADO EM PALAFITA LINDSEY PULS DETA PARANÁ: SISTEMAS CO-PRODUTIVOS COMO ALTERNATIVA PARA CONTEXTOS EM DESEQUILÍBRIO

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COOPERATIVA DE PRODUTORES DE VINE ARQUIVO GENERAL NACIONAL

VINE SECANDO AO SOL ARQUIVO GENERAL NACIONAL

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SISTEMA TRADICIONAL: MODO DE VIDA I TÉCNICAS PRODUTIVAS

ECONOMIA

Pela enorme riqueza ambiental do Delta, os povos que se assentam na região são, tradicionalemte, conhecidos como produtores, o que faz com que eles sejam historicamente importantes para o desenvolvimento dos complexos urbanos que o cercam, uma vez que por um bom período de tempo o Delta foi o principal provedor de matéria prima de cidades como Buenos Aires. Dessa forma, as produções desta região são fundamentais para entender as dinámicas das comunidades tradicionais que nela habitam.

vessavam periodicamente o Rio Paraná até as ilhas para obter alguns produtos. No entanto, apesar desse evidente potencial, as terras baixas permaneceram esvaziadas por um bom periodo de tempo, uma vez que no início eram consideradas territórios hostis e de dificil ocupação. Foi apenas com a visão progressita de Sarmiento, ex-presidente da Argentina, que o Delta voltou a ganhar papel econômico para a área.

A partir disso uma série de incentivos para ocupaAntes mesmo da colonização as ilhas, as terras bai- ção e produção das ilhas começõu a ser implantado xa já tinham esse importante papel econômico. Os na área, consagrando a zona como a grande produChanás Mbenguaes por exemplo, desde o início tora de frutos e vine - fibra vegetal para produzir os dos tempos já mantinham relações comerciais com cestos, principal unidade de medida dos frutos - de os Timbues, povos das planícies da região que atra- Buenos Aires, tendo seu auge no século XlX.

­

1700

1800

1900

2000

2018

LINHA DO TEMPO DA OCUPAÇÃO E PRODUÇÃO DO DELTA ADAPTADO DE GALAFASSI, 2004

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ESQUEMA COMPARATIVO ENTRE VEGETAÇÃO E PRODUÇÃO TÍPICA NO BAIXO DELTA ADAPTADO DE MALVAREZ, 2003 66

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MADEIRA MACIA PLANTADA E CORTADA NA ILHA HERNAN VITENBERG DETA PARANÁ: SISTEMAS CO-PRODUTIVOS COMO ALTERNATIVA PARA CONTEXTOS EM DESEQUILÍBRIO

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PUERTO DE FRUTOS DELTA: LABERINTO DE AGUA - PARANA. BIOGRAFÍA DE UN RÍO 68

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MANEJO FLORESTAL NAS ILHAS LAS ISLAS DEL TESORO: LA RIQUEZA FORESTAL DEL DELTA DETA PARANÁ: SISTEMAS CO-PRODUTIVOS COMO ALTERNATIVA PARA CONTEXTOS EM DESEQUILÍBRIO

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No entanto, devido ao aumento das crescentes extraordinárias e da competividade comercial na região, tais práticas foram diminuindo até culminar no fim da produção nos meados dos anos 80. Esse feito, contribuiu para um enorme processo de emigração destas comunidades, que em meio a tantas dificuldades optaram por deixar suas tradições para se assentarem na planície urbana de sua costa. Os produtores que optaram por permanecer na região, por outro lado, tiveram que ser resilientes e adaptar as suas práticas econômicas as novas (e mais frenquentes) dinámicas hídricas. Dessa forma, a produção principal da região passou a ser o manejo florestal, apesar de em pequena escala, já era implementado por muitas famílias. Tais práticas, por sua vez tiveram que ser complementadas por outras produtivas, uma vez que a espera pela geração da madeira macia, sobretudo Sauces e Alamos oscila entre 10 a 16 anos.

pecuaria extensiva, caça e agricultura de baixo impacto. Devido a adaptabilidade das especies cultivadas no manejo florestal com a água, a produção se mantém até hoje como principal atividade económica do habitantes das ilhas. No entanto, devido a uma série de desvantagens económicas e, sobretudo ao avanço da fronteira agrícola, a produção florestal do Delta vem diminuído cada vez mais na região, o que contribui para o enfraqueda cultura e história destas comundades.

A reflexo disso, as cidades costeiras, as quais participavam da produção como consumidoras finais, começam a perder os vículos co-produtivos que mantinham com o Delta. Apartir disso, as relaçoes afetivas entre os nucleos urbanos e os pequenos produtores desaparecem e o descaso público aumenta. Dessa forma, hoje observamos relações enfraquecidas que contribuem para o cenário de Dessa forma, o manejo florestal foi combinado desequilíbrio do sistema económico-social do Delcom a produção de fibra vegetal - junco e vine -, ta e suas proximidades urbanas.

MERCADO MÓVEL, PRINCIPAL FORNECEDOR DE PRODUTOS DAS ILHAS LEANDRO NEUMANN CIUFFO 70

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MERCADO DE FRUTOS NA CIDADE DE BUENOS AIRES, ANOS 40 ARQUIVO GENERAL NACIONAL

MERCADO DE FRUTOS NA CIDADE DE BUENOS AIRES, 2014 BENJAMIN DUMAS DETA PARANÁ: SISTEMAS CO-PRODUTIVOS COMO ALTERNATIVA PARA CONTEXTOS EM DESEQUILÍBRIO

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SISTEMA CO-PRODUTIVO

MANEJO FLORESTAL DE SALICÁCIAS, RIO PARANÁ MINI ESRY WORLD IMAGERY


MANEJO FLORESTAL DE SALICÁCIAS, RIO CRUZ DEL SAUCE ESRY WORLD IMAGERY


SISTEMA CO-PRODUTIVO: PIECAS

FUTUROS ALTERNATIVOS

Devido a pressão pública diante dos últimos episódios que o Delta tem vivenciado - ressaltando as queimadas de 2020 - a região tem sido prioridade para os orçãos ambientais da Argentina. Nesse contexto, o “Plan Integral Estratégico de Conservación y Aprovechamiento Sostenible en el Delta del Paraná” (PIECAS) se torna um elemento chave e portanto, tem sido revisado constantemente por diversos agentes científicos com o objetivo de alcançar um manejo sustentável das terras produtivas do Delta. Assim, nos últimos anos tem se observado - mesmo que em pequena escala - a mobilização de intituições de pesquisa como o Instituto Nacional de Tecnología Agropecuari (INTA) que alinhados com os produtores locais coordenam esforços para mediar o fortalecimento das tecnicas tradicionais com o monitoramento dos impactos socioambientais. Além disso, o governo argentino, através da Lei 25080 tem fornecido incentivos para os produtores florestais, uma vez que a prática ajuda na recuperação dos bosques nativos que o páis tem perdido em grande quantidade. Sem contar, com os benefícios económicos que o desenvolvimento da atividade poderia trazer para o país, visto que o Delta é o maior complexo floresto-industrial de Salicácias da América Latina. Dentro os objetivos para alavancar a produção das ilhas podem ser citados: (1) O melhoramento genético das espécies; (2) O aumento do valor agregado em origem dos produtos exportados; (3) o fortalecimento das parcerias com universidades; (4) o desenvolvimento de manuais de boas práticas para atividades económicas; (5) o envolvimento das comunidades locais nas decisões e (6) o desenvolvimento de um selo sustentavel para valorizar a produção no Delta.

REUNIÃO INTERPROVINCIAL SOBRE O PIECAS REALIZADA N MINISTERIO DE AMBIENTE Y DESARROLLO SOSTENIBLE (MA 74

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NA ILHA DE SANTA FE (JUNHO, 2021) ADES) DETA PARANÁ: SISTEMAS CO-PRODUTIVOS COMO ALTERNATIVA PARA CONTEXTOS EM DESEQUILÍBRIO

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PROPOSTA PLANO DE AÇÕES

A investigação, portanto, revela um sistema de geração no Delta Parana, regido, fundamentalmente, pelas variantes do clima - solo e água - e intensificado pela ação desmedida do homem. A produtividade da região (em seu sentido terrestre e economico) depende exclusivamente das relações de boas práticas com o ecossitema em que se encontra. Qualquer desequilíbrio entre as duas dimensões sistema natural e humano - resulta em prejuízos para ambas. Dessa forma, o trabalho se propõe a fortalecer o sistema co-produtivo do manejo floresta (se limitando a produção de madeira macia combinada com da fibra vegetal) que, apesar de em pequena escala já vem sendo implementados na região. A intenção com isso, é atuar de dentro para fora, fortalecendo iniciativas locais que conjuguem os diferentes interesses em prol do benefício comum. Nesse contexto, o projeto se assume como um dispositivo de agenciamento, cujo papel principal é abrigar e estimular capacidades de ação entre diversos agente deste território. Trata-se de contribuir para uma visão compartilhada sobre as terras baixas do Delta e, com isso promover a adaptação das práticas humanas ao meio em que se insere, e não o meio as práticas humanas. Para operar segundo tais diretrizes, o programa pensado se consagra em um Centro de Capacitação e amparo para as comunidades tradiconais do Delta e colaboradores, reunindo em seu plano de ação espaços para: (1) Instrumentar práticas locais; (2) incentivar pesquisas acadêmicas; (3) promover a manutenção da cultura “isleña”; (4) garantir a preservação do ecosssitema; (5) fomentar a economia provinciana e, por fim, (6) prestar auxilio em momentos de períodos climáticos excepcionais.

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MATERIA PRIMA

GERAÇÃO DE MADEIRA MACIA EM TERRAS ALTAS INSTITUTO NACIONAL DEL ÁGUA (INA)

GERAÇÃO DE JUNCO EM TERRAS BAIXAS MAPIO.NET 78

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MATERIA PRIMA TRABALHADA

MADEIRA MACIA SENDO TRASPORTADA EM EMBARCAÇÃO GRANDE ALEX LANZ

JUNCO SENDO TRASPORTADO EM EMPARCAÇÃO PEQUENA FLORENCIA GUEDES DETA PARANÁ: SISTEMAS CO-PRODUTIVOS COMO ALTERNATIVA PARA CONTEXTOS EM DESEQUILÍBRIO

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ROSARIO

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URUGUAI

BUENOS AIRES

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RECORTE

Assumindo o contexto como principal motivador para o projeto, a escolha do recorte se apresenta, desde o início, como elemento fundamental da concretização do trabalho, sendo portanto resultado de uma série de investigações sobre o Delta. Por se localizar em uma Reserva da Biosfera, o partido de San Fernando representa um território interessante para imaginar esses outros cenários de co-existência entre o sistema natural e humano que o trabalho busca debater. Além disso, o recorte reune uma série de infraestruturas que possibilitam a implementação da estrutura idealizada, concentrando em seus limites ou proximidades, o maior número de dispositivos de apoio às práticas desenvolvidas na região. Dessa forma, ao se aproximar deste território, foi possivel entender mais a fundo a relação dos materiais trabalhados com a geografia das ilhas que cruzado com o mapeamento de serviços da área convergiu para a escolha do corrego Paraná Mini como possível local de implantaçao do Centro.

RESERVA DA BIOSFERA BUENOS AIRES

Legenda

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Manejo Florestal

Escolas locais

Terraplanagem

Postos náuticos

Hospital

Serralherias


Rio Paraná Mini Possível sítio de implantação

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SERRALHERIA SAN JORGE

LOCAL 3.000 m2

HOSPITAL DR. RENÉ FAVALORO

ESC ALF

ESC ESC

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COLA TÉCNICA N1 FEREZ J. M. SOBRAL

COLA TÉCNICA N20 REMEDIOS CALADA DE SAN MARTIN

POSTO NÁUTICO

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SERRAL SAN JO

LOCAL 3.000 m2

HOSPITAL D FAVALORO

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LHERIA ORGE

200m

DR. RENÉ O

ESCOLAS TÉCNICAS

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CENTRO DE CAPACITAÇÃO FLORESTAL DELTA PARANÁ

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BIBLIOGRAFIA

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NOTICIAS UTILIZADAS: https://www.buzzfeed.com/br/tatianafarah/ricardo-salles-diz-para-aproveitar-coronavirus-para-passar https://actualidad.rt.com/actualidad/363705-causas-incendios-delta-parana-argentina-consecuencias https://www.brasildefato.com.br/2020/10/31/incendios-comprometem-zonas-umidas-na-argentina-e-pais-enfrenta-crise-hidrica https://www.americasquarterly.org/article/a-year-of-change-on-the-parana-river/ https://reporterbrasil.org.br/2020/05/em-meio-a-covid-19-queimadas-na-amazonia-ampliam-risco-de-morte-e-de-colapso-hospitalar-por-doenca-respiratoria/ https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2020/10/ amazonia-ja-tem-mais-queimadas-em-2020-do-que-em-todo-o-ano-passado.shtml https://www.clarin.com/sociedad/viaje-islas-parana-cercadas-incendios-pandemia-economica_0_ ZzENiLp24.html https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/07/28/pesquisadores-ligam-as-queimadas-no-pantanal-ao-desmatamento-da-amazonia. ghtml https://medium.com/@faccionlatina/vidas-inundadas-2b50ce9124a1

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