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PALA VRAS
<< ME MANIFESTO. Antes era um manifesto. Um defendendo um mesmo tema, ou uma mesma de pessoas que achavam que a cultura devia ter Depois de algumas conversas, eles chegaram à boca, mastigar, engolir e o que você cuspisse era manifesto. Esse veio em duas versões: a escrita e gente. Mas era só um grito quase calado naquela monte também vê. E procura, e comenta, e relembra, tempo. Umas poucas décadas depois, veio ainda um que se propõe e mostrava que sabia fazer, SABIA como os outros manifestos, um(a) (ideário de) manifesto ainda não foi escrito por ninguém. a esse manifesto invisível. Talvez escrito por gravado, editado, mixado, discotecado. Os tempos veremos mais adiante... Hoje, a mídia é o poder marcá-la agora, no contemporâneo. E aí massifica. nossa identidade: somos assim porque gostamos veremos, acho, mais tarde, o que foi construído momento. E há alguns minutos, meses, anos. Afinal, um manifestozinho. por Liliprohmann >>
manifesto assinado por umas 10 ou 15 pessoas, proposta de ideal. Um movimento, um movimento certidão de identidade. Tinha que ser do Brasil. conclusão de que seria interessante colocar na a sua identidade nacional. Depois foi um outro a musicada. Foi assinada por um bocado mais de ditadura do silêncio. Hoje eu vejo isso, e mais um e resgata. E consome o produto cultural daquele último “manifestozinho”. Disse para que veio, ao AGIR, sabia tocar, comunicar. Construía também, identidade. Caranguejos com cabeça. E hoje? Nosso Tá sendo escrito por nós, os contemporâneos outros meios, mas já está sendo cantado, filmado, são outros... E é construção da identidade que que mais procura definir nossa identidade. Quer Aos olhos de uns, o produto-massificado é a de escutar isso. Aos olhos de outros, não. Ainda (ou está sendo construído) por nós agora, nesse já faz mais de uma década que ninguém escreve
Nascido Nascidopara paraser serum um
classico
Easy Rider é o tipo de filme que estará sempre em nossas memórias. Um clássico do final da arrebatadora década de 60, que transformou o jeito como as pessoas viam e faziam cinema. Uma história que reflete uma época, historicamente e socialmente.
A viagem tem como destino final o carnaval de New Orleans e o percurso os leva a terras virgens e sem fronteiras, a ícones como o Monument Valley, a várias cidades povoadas, a uma comunidade hippie e inclusive em um cemitério de prostitutas. Neste caminho, cruzam com áreas onde os residentes tem um pensamento conservador e racista. O título do filme se refere diretamente aos personagens: descompromissados, sem qualquer vínculo ou referência que os prenda a algum lugar, ou seja, “sem raízes”. Conseguem dinheiro contrabandeando drogas do México para Los Angeles – o chamado “easy money” - com o intuito de
Easy Rider - batizado de Sem Destino no Brasil
seguirem seu caminho rumo à liberdade, tendo
-é um “road movie” realizado no final dos anos
como destino final New Orleans.
60; época paranóica, intolerante e violenta de
O nome dos dois personagens principais, Wyatt e
uma América conformista e corrupta. O enredo
Billy, remete ao nome de dois famosos “fora-da-
central fala sobre a busca pela liberdade – ou a
lei” da cultura Western americana (Wyatt Earp e
ilusão da mesma.
Billy, The Kid), que viajavam à cavalo. Os “fora-da-
Seu ano de lançamento, 1969, foi marcado por
lei” de Easy Ryder, no entanto, cruzam o território
acontecimentos como o festival de Woodstock, os
americano rumo ao “American Dream” montados
trágicos assassinatos de Robert Kennedy e Martin
em suas Harley-Davidsons.
Luther King, a eleição de Nixon e o desenrolar da Guerra do Vietnã. O tom do “filme alternativo” é notadamente melancólico e sombrio, refletindo o colapso do idealismo criado na década de 60. Easy Rider, um dos primeiros filmes de um novo estilo de cinema, foi uma experiência ritualista e compreendido por audiências jovens como o re-
De acordo com os slogans estampados nos pôsteres do filme, eles estavam em uma frenética busca rumo ao desconhecido: “Um homem foi à procura da América e não a achou em lugar algum”
flexo de suas esperanças realistas de libertação dos medos criados e impostos pelo Sistema.
Seus trajes combinam elementos tradicionais de
No entanto, o filme “iconográfico” peca em parte
patriotismo com resquícios de solidão, criminali-
na direção de arte e roteiro, apesar de mostrar de
dade e alienação, como a bandeira americana es-
forma concisa a imagem de uma cultura popular e
tampada nas motos e no traje de Wyatt. Já Billy se
histórica, refletida na apocalíptica jornada de dois
veste como os nativos americanos. Por traficarem
motoqueiros cheios de si, carregados de drogas e
e abusarem das drogas e por usarem cabelos com-
de certo caráter anti-heróico, “fora da lei”, pelas
pridos remetendo a cultura hippie; personificam
terras do sudoeste americano.
uma imagem anti-heróica de “patriotas perdidos”.
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Peter Fonda e Dennis Hopper em suas famosas motos envenenadas >>
O filme independente, estrelado por Peter Fonda, Jack Nicholson e Dennis Hopper - (que fez sua estréia como diretor) teve surpreendente êxito, pois abordou o tema da contracultura com um baixo orçamento (abaixo dos U$400.000,00) e foi destinado tanto à juventude alternativa (que também se inspirava nos personagens seguindo em busca do “American Dream”), quanto ao mercado cult. Elementos como o contexto histórico, a abordagem do enredo, a exemplificação da contracultura em que os protagonistas poderiam muito bem ser os antagonistas, trilha sonora de rock n’ roll pulsante – Steppenwolf, Jimi Hendrix, The Band e Bob Dylan entre outros por exemplo - e a temática de busca pela liberdade fizeram com que o filme arrecadasse mais de 40 milhões de dólares ao redor do mundo. Além disso, o pouco aprofundamento histórico dos personagens, o ritmo desigual com cortes brutos, transições de “flash-forward” entre as cenas e trilha sonora rock ‘n roll são elementos característicos da nova cena cinematográfica que estava se formando na época. Este revolucionário filme épico foi um reflexo dessa nova onda Hollywoodiana, com diretores como Francis Ford Coppola, Peter Bogdanovich e Martin Scorcese, que iriam quebrar as típicas convenções tradicionais de como fazer cinema. A partir desse enfoque, só nos resta admitir que Easy Rider nasceu para ser um clássico. Um filme que permanece atual, já que liberdade e independência ainda são virtudes idealizadas por nossos imaginários.
a arte de
banksy
Banksy em seu estúdio
“Eu comecei a grafitar quando tinha 14 anos e as pessoas continuam me fazendo a mesma pergunta: O que te fez optar por essa profissão? E a resposta sempre foi clara e direta: Por quê não?” Essas são as palavras de um dos mais famosos e controversos artistas contemporâneos: Banksy (cujo verdadeiro nome nunca foi revelado) Mas quem seria ele? Essa é a pergunta nos lábios de todos, dos jovens transados a elite esnobe do mundo das artes. Pela primeira vez, o artista de rua falou sobre sua inacreditável e contagiante história, que se inicia como um informal pichador membro da gangue de grafite inglesa DryBreadZ Crew e sua reviravolta como artista contemporâneo renomado com obras reconhecidas pelo mundo afora. Sua satírica arte urbana subversiva combialto: Dorothy e Totó de O Mágico de Oz com um policial, personagens constantes nas obras do artista.
nam humor negro com grafite feitos com
do processo ser mais rápido, ou então ia
Em 2003, ele invadiu a Tate Britain
técnicas de stencil, estilo mundialmente
ficar bitolado naquilo.”
(famosa galeria londrina vinculada ao
famoso e divulgado pelo artista urbano parisiense Bleck Le Rat.
Quase todos os trabalhos que fizeram
museu tate Modern) e simplesmente
com que Banksy começasse a chamar at-
colocou sua obra em exposição.
Seus trabalhos artísticos englobando
enção foram idealizados com desenhos
Ele se explica: “Eu pensei – Como eu
temática política e social podem ser vis-
preto e brancos feitos de stencil, como o
poderia impedir as pessoas de rou-
tos em ruas, muros e pontes de diferen-
da polêmica imagem de dois policiais se
barem minha idéia? E percebi que a
tes cidades do planeta.
beijando na boca.
melhor coisa a se fazer era pendurar
Seu consentimento em se abrir para o
Mas Banksy queria mais e quando se
minha obra na galeria Tate com meu
jornal Sun, famoso jornal inglês, coin-
mudou pra Londres, resolveu dialogar
nome ao lado.”
cide com a estréia do DVD “Exit Through
artisticamente com a cidade:
“Eu visitava as galerias e não estava
“Você vive em uma cidade em que todo
diretamente admirando a arte, estava
o tempo há placas te dizendo o que
procurando espaços em branco entre
Explicando como tudo começou, Banksy
fazer e outdoors tentanto te vender
as obras! Então me dei em conta que
diz: “Você tem 14, 15 anos. Há um grande
algo... E eu sempre senti que não have-
já era tempo de montar uma exposição.
mundo a ser explorado aí fora, você quer
ria problema em responder aquelas
Mas eu não gosto muito de galerias,
deixar sua marca e ninguém quer ouvir
mensagens. Que a cidade não deveria
então acabei alugando um galpão.”
o que você está disposto a dizer. De re-
ser uma conversa de uma única mão,
pente, uma noite inspiradora e uma lata
sem interlocutores. A partir daí, parei
de spray faz com que as pessoas com-
de pensar só em muros como forma de
ecem a notar você.”
mostrar o que eu tenho a dizer. Então eu
The Gift Shop”, que mostra o dia a dia do artista urbano.
Banksy foi influenciado pelo amigo 3D, membro do duo Massive Atack (que
comecei a usar outras plataformas...a arte urbana revolucionária, com o ob-
A partir daí, o sucesso e prestígio só aumentavam. Um dos momentos mais memoráveis da carreira de Banksy foi quando ele sabotou a estréia do CD da patricinha
jetivo de vandalizar!”
Paris Hilton.
turnês que fez na América), a entrar no
“Então eu tive a idéia de grafitar em
Ele simplesmente substitui 500 cópias
mundo do grafite e a partir daí começou
cima de pinturas a óleo ao invés de ir
do CD da socialite e colocou a venda ál-
a intervir nos muros de Bristol com o
com o spray direto nos muros. E es-
buns em que na capa a cabeça de Paris
estilo New York Style introduzido pelo
tava completamente convencido de
era trocada pela de um cachorro em
cantor e amigo.
que era uma idéia geniosa que nin-
uma fotomontagem e incluiu um ade-
guém tinha tido antes!”
sivo que dizia que o material incluía as
trouxe inspiração e inovação com as
“Eu comecei a pintar grafite no estilo
faixas “Por Quê Eu Sou Famosa?”, “O
clássico New York Style, com letras e
Banksy começou a produzir suas
caracteres grandes, mas nunca fui mui-
próprias versões de pinturas clás-
to bom nisso. Eu sempre fazia as letras
sicas (a mais famosa foi sua versão
muito próximas ou muito distantes e
para a obra de Monet – Water Lily
“Eu tive uma conversa com o DJ Dan-
demorava anos pra tentar dar uma bola
Pond – com carrinhos de compras
ger Mouse sobre tentar causar em um
dentro... Então tive que achar um jeito
jogados debaixo da ponte.
ato popular ou sequestrar uma pessoa
Quê Eu Fiz?” e “Para Quê Eu Sirvo?”, além de mensagens dentro do encarte.
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alto: Grafite em Londres, onde o cachorro feito por Banksy remete ao traço de Keith Haring, famoso artista de rua nova iorquino | esquerda: Sátira a “logomarca” I love New York | direita: Intervenção de Banksy na obra de Monet | página seguinte: quadro feito por Banksy.
que estivesse nas paradas de sucesso... E
Ele se justifica: “Eu desejava estar em
Bansky alega que já passou por muitas
de repente descobrimos que Paris Hilton
um lugar um pouco mais quente. Então
fases na carreira, épocas em que gan-
acabamos em LA e, você sabe, é uma
hou muito dinheiro e outras em que tro-
ia gravar um álbum e tínhamos 3 semanas para agitar e fazer algo.”
cidade realmente glamourosa, mas ao mesmo tempo tem o seu lado sujo. E
“Eu intervi na parte visual e o Danger
apesar disso tudo, é o lugar mais fácil
Mouse fez um álbum em que havia ape-
para se alugar um elefante!”
nas uma única longa faixa onde ela ficava repetindo a mesma expressão o tempo todo. Embalamos e depois colocamos nas gôndolas das lojas de músicas de todo o país. Fizemos 500 cópias, o que eu acho um número justo, já que deve ser proporcional ao que ela realmente vendeu. Afinal, o que Paris poderia te acrescentar?”
“O Grafite sempre foi um tipo de arte temporária. Você faz a sua marca e logo depois apagam. Não é necessariamente a arte que você irá ver nos livros de história.”
cava suas obras por um corte de cabelo ou por trinta gramas de maconha. Apesar do sucesso, Banksy não deixa de ser modesto: “O Grafite sempre foi um tipo de arte temporária. Você faz a sua marca e logo depois apagam. Não é necessariamente a arte que você irá ver nos livros de história”. E vai mais fundo “Mas talvez toda a arte é sobre tentar viver um pouco mais, ir
Atualmente os trabalhos de Banksy
mais além. Quero dizer, dizem que você
atingem a casa dos milhões (como
morre duas vezes. Uma quando você para
Pouco tempo depois, Banksy causou mais
o dia em que Brad Pitt gastou mais
de respirar e em um segundo momento,
controvérsia quando em uma exibição na
de 1 milhão comprando por telefone
quando alguém diz seu nome pela última
cidade de Los Angeles, apresentou um
uma obra do artista que estava sendo
vez.” Se isso for verdade, demorará muito
elefante vivo todo pintado.
leiloada no ano de 2007).
tempo para que Banksy possa descansar.
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Paris: a cidade luz, clássica,
Ambas as cidades foram palco de revo-
Com bom humor, esse projeto gráfico
histórica, recanto dos apaixona-
luções que mudaram radicalmente os
reflete como essas metrópoles, com
três pilares principais que regem a
sua arquitetura, pessoas, costumes e
forma como nós vivemos: a sociedade,
cultura são ao mesmo tempo, tão simi-
a política e a cultura.
lares e opostas.
É tomado por essas cidades inspirado-
Vahran, amante de Paris que no projeto
ras, com tanto o que mostrar, que o ar-
passeia pelos clichês e costumes nova
tista parisiense Vahran Murathyan ex-
iorquinos, consegue traduzir grafica-
plora graficamente os contrastes entre
mente a história dessas duas cidades.
as duas sociedades. .
Preparado para um passeio?
dos, praticamente o coração da Europa. Palco da famosa Revolução que mudou o mundo. Nova York: a cidade cosmopolita, metrópole global que cria tendências e as dissemina ao redor do globo.
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TRENDY THINGS
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Enquanto os bailes sofrem proibições no seu berço, as favelas, a elite se debruça sobre o ritmo como objeto de estudo. O batidão é analisado graficamente e traduzido em imagens por Julia Haiad e André Castro, jovens designers cariocas que lançaram um livro sobre o tema.
Ao realizar uma análise cultural da cidade do Rio de Janeiro, esbarramos com diversos estilos, tribos e movimentos. Porém poucos têm obtido tanto destaque quanto o Movimento Funk, em suas diversas faces. Sem depender da indústria cultural, o Funk é um fenômeno de massa em todo o Grande Rio, que já dura aproximadamente quarenta anos. O movimento começou a ganhar evidência no final dos anos 90, e desde então está em constante conquista de espaço. A “massa funkeira” surpreende no crescimento acelerado, e afirma-se, cada vez mais como movimento cultural e de massa. A imagem, como era de se esperar, se adapta às novas condições de público e ambiente confome o Funk ganha espaço no cenário cultural carioca, brasileiro e mundial. Seu universo é rico em detalhes e curiosidades. Seu nascimento, sua passagem pela ilegalidade, sua aclamação pela população, todos esses cenários se apresentam como um amplo horizonte onde estilos e culturas se misturam. Essa miscigenação faz do Funk um estilo em constante movimento, um território onde a música, a dança e a identidade estão em processo de construção, e em todas as suas peças gráficas é possível perceber tentativas de estabelecer padrões que dêem legitimidade ao estilo e que remetam às suas origens. Por essas razões, usualmente, observamos elementos da favela, da violência, do sexo e, finalmente, traços de brasilidade.
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Foi essa estética híbrida, cheia de influên-
A ilustração é fundamental no projeto.
cias e ainda pouco definida que chamou
O primeiro passo foi definir a estra-
minha atenção. Junto com o designer An-
tégia de trabalho em três vertentes:
dré Castro, nos propusemos a analisar
para falar do Funk mais difundido, que
o universo Funk, para depois traduzi-lo
atinge diretamente todas as camadas
em imagens. Assim nasceu, em 2007, a
sociais, escolhemos a técnica do sten-
semente do livro FUNK – Que batida é
cil, frequentemente associada às artes
essa. Em 2008, a idéia ganhou corpo e
de rua e grafite. Para tratar do Funk de
forma, e trabalhamos incansavelmente
temática sexual escolhemos a monotipia
em um ensaio de ilustração, que consti-
em vidro, técnica fluida, imprecisa, que
tui a maior parte do livro.
gera borrões orgânicos, condizentes
Para começar o trabalho, precisávamos nos interar da história e do contexto atual do Funk. Foram três meses de pesquisa, muita leitura de trabalhos acadêmicos,
com a dança e o movimento. Por fim, para o Funk que fala e denuncia a violência, escolhemos a técnica do carimbo, mais agressiva e associada a protes-
livros de sociologia, antropologia e jornal-
tos e movimentos de contracultura.
ismo, além do próprio “trabalho de cam-
O objetivo é que as técnicas e as imagens
po”. Para ver de perto e captar os aspectos estéticos de um baile Funk, fomos aos bailes do Castelo das Pedras, Cantagalo e Vigário Geral. Dessas noitadas tiramos uma boa quantidade de fotografias, reg-
criem áreas de intercessão, transições que conduzam o leitor através do mundo funk e suas diferentes faces, proporcionando um passeio visual pleno de ritmo e movimento.
istrando todos os detalhes visualmente
As vertentes do funk interagem bastante
interessantes: malhas de caixas de som,
entre si. As músicas tocam nas mesmas
muito uso de neon, acúmulo de elemen-
festas e bailes, e os MCs muitas vezes tra-
tos (tanto latinhas de cerveja quanto das
balham mais de um “estilo” de funk, de
próprias pessoas), paredes de concreto,
acordo com o público e a mensagem a ser
ventiladores e exaustores de ferro. Todas
passada. Por isso, optamos por não sepa-
essas características visuais foram trans-
rar claramente as imagens produzidas por
feridas para as imagens, no processo de
divisões de capítulos e sim criar transições
produção das ilustrações do livro.
mais sutis pelas diferentes técnicas.
Como base para a produção de imagens
trações desenvolvidas e aproveitar ao
e matrizes usamos muitas fontes. Fotos
máximo o livro e ao mesmo tempo man-
tiradas nas “pesquisas de campo”, ima-
tenha sólidas referências ao Funk.
gens de revistas, jornais, bancos de imagem. Papéis e tintas variados, matrizes das mais variadas formas, que resultam em uma mistura que nos permitiu produzir um numero grande de imagens que são combinadas entre si, recortadas e trabalhadas de acordo com o objetivo final.
O logotipo do livro é cheio de movimento, fazendo referência à batida forte do Funk. Os papéis escolhidos são foscos e a capa de papel Paraná remete ao papelão que encontramos no ambiente dos bailes. A encadernação do livro deixa à mostra a costura da lombada, mostran-
Todas as imagens que vemos no livro par-
do o conteúdo sem maquiagens, como
tem de produção manual, digitalização e
o Funk se apresenta nas comunidades.
então tartamento digital. A experimenta-
Elementos muito importantes nas nos-
ção com papel e tinta é fundamental para
sas experimentações em ilustração, as
a criação e desenvolvimento da linguagem.
superfícies trabalhadas, são exploradas
A batida forte, cadenciada e aclerada, a montagem eletrônica e o improviso
também no livro, em encartes de diferentes papéis, como o vegetal e o Kraft.
são características marcantes da música
Atualmente é muito comum ouvir Funk
Funk. A dança acompanha o ritmo, e o
nas casas noturnas mais caras do Rio. O
corpo é fundamental. A sexualidade é
ritmo não só se faz presente como é acla-
explorada na dança e funciona como
mado em festas, boates e shows. Esse é o
autoafirmação. A energia que paira no
processo de popularização e dissemina-
ar de um baile Funk proporciona um
ção do ritmo entre as camadas da socie-
êxtase coletivo. Animadas pelo álcool e
dade. O Funk deixou de ser restrito aos
pela música, as pessoas dançam a noite
jovens das camadas de baixa renda para
inteira, enquanto DJs e MCs misturam
penetrar no universo das classes média
batidas e canções em um improviso úni-
e alta, um processo em pleno curso.
co desse tipo de festa. No trabalho de ilustração usamos ainda diferentes elementos e referências presentes no mundo Funk, nos bailes, nas capas de Cds e nas roupas. Essa mistura criou uma linguagem complexa e intensa nas imagens. Portanto, para a diagramação, buscamos uma estrutura que ajude o leitor a digerir as ilus-
Dessa forma, o Funk chega à Zona Sul, driblando barreiras sem ser percebido, e caindo no gosto dos jovens. A sonoridade e a batida contribuem para a aceitação e as letras passam quase despercebidas. Quando nos damos conta, um jovem de classe alta, carro do ano e faculdade particular entoa o refrão dos MC’s Cidinho e Doca: “Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci…”
Mais um dia
Hoje cedo saí para dar uma volta. Carmem me
gas, mas Marta tem essa mania de nostalgia. Dá-
levou. Gosto dela, embora seja às vezes meio in-
me nos nervos. Ela diz que gosta de lembrar-se do
solente e teime em fazer aquela sopa de legumes
pai. Não a culpo. Se há um homem que admirei
sem sal, mesmo que eu já tenha dito mais de mil
nessa vida, foi meu pai. Marta não teve tempo
vezes que a gororoba me enjoa. Fazia tempo que
de criar uma memória muito nítida de Augusto
não andava tanto. Desde que sai do hospital só o
e, em decorrência disso, vive de lembranças que
que faço é me sentar e fazer palavras cruzadas.
não teve e talvez, por isso mesmo, seja tão feliz
Quando vem a fisioterapeuta, uma vez por sema-
ao lembrar-se daquele pai que ela mal conheceu.
na, aproveito para me exercitar, mas nada substitui uma boa caminhada. Sinto falta de ver gente. A cara de Carmem me cansa e, quase sempre, ela fala demais. Sempre sobre aquele marido dela, que não presta. Já faz um tempo que ele embuchou uma qualquer e deu o filho pra ela criar. Pobre Carmem. Seu marido me lembra o meu. Mas este, que Deus os tenha, faleceu antes de me pregar uma dessas.
Não era um péssimo pai. Muito pelo contrário, devo ser justa, sempre foi genuinamente atencioso para com os filhos. Todavia, como marido, nunca prestou. Não foram poucas às vezes em que ele chegou em casa tarde da noite, com cheiro de mulher. Se fosse só isso, lá vai, eu fingia que não via. Mas o covarde, quando consumido pela culpa, contava-me tudo, fazia-me sofrer, debulhar-me em lágrimas, para depois se ajoelhar aos
Lembrava-me dele ainda hoje. Foi porque Marta
meus pés, implorando perdão e dizendo que eu
me trouxe fotos antigas. Tenho horror a fotos anti-
era a única. E eu o perdoava. Canalha.
Não bastasse tudo que fez, morreu as-
ecoarem. O desespero velado era tão
mente. Pergunto se ela ouviu falar do
sim, do dia para a noite, me deixando dois
grande que tínhamos medo de respirar.
assalto que aconteceu em Petrópolis,
filhos para criar. Morte horrível. Súbita. Alça-nos do chão e com toda força nos joga contra a parede, que é para entendermos que a vida é minúscula diante da morte. Depois que ele morreu a casa se encheu de dor. Uma dor angustiante, silenciosa. Tínhamos medo constante de verbalizar o ocorrido e, logo depois, ver tudo se concretizar na nossa frente. Éramos tolos e achávamos que tínhamos que ser fortes, um para o outro. Mas
Arthur foi o primeiro a soluçar. Logo depois, Marta, que manteve a cabeça baixa a maior parte do tempo, desabou em prantos. E eu, aos ver as duas criaturas que coloquei no mundo despejarem toda aquela mágoa sobre a mesa, me permiti, pela primeira vez em meses, gritar. De raiva, de dor, de tudo. É impossível ignorar a morte. Ela sempre deixa um buraco. O nosso, era uma cadeira vazia.
onde mora Arthur. Aquilo me deixou nos nervos, quanta preocupação. Marta me dá bronca, diz que eu devia parar de ver tragédia no jornal, que me faz mal, me dá taquicardia. Pois eu digo que não. Se estou viva até hoje, é porque sei o que se passa no mundo. Ela diz que ando irritada. Mas não é irritação, as pessoas não entendem, mas a velhice cansa. Aliás, a velhice é cansada. Ah, se ela soubesse. Mas ainda faltam trinta anos para a coluna dela doer como a minha
a força calada que tentávamos ter foi
Mas eu não gosto de relembrar a morte.
dói. Pergunto de Marco, faz tempo que
nos deixando cada dia mais fracos. Mais
Sempre que Marta me aparece com es-
não vem visitar a avó. Marta defende o
vulneráveis. Até que um dia desabamos
sas fotos, eu me esquivo. Gosto de falar
filho, afinal ele é muito aplicado, é ano
diante da árdua tarefa de conter o sofri-
da vida. Tento mudar de assunto. Falo
de vestibular, Medicina não é moleza.
mento. Foi durante um jantar. O silen-
das notícias de jornal, embora não haja
Mas eu sei que na verdade ele não apa-
cio profundo fazia o tilintar dos garfos
tanta coisa boa acontecendo ultima-
rece porque está de namorada nova. Foi
Essa juventude... Como fala essa minha filha Abro os olhos
gosto de falar da vida.
Lembrava-me dele ainda hoje
Os livros me acalmam...
Carmem quem me contou que viu ele
maravilhosas que aprendeu na aula de
mana. Fico contente, mando lembrança a
agarradinho com uma moça em Bota-
gastronomia. Vai matar a velhinha de
todos e desligo o telefone. Estou cansada.
fogo. Essa juventude... Marta tenta me
tanto comer, qualquer dia desses. O
explicar que eles não namoram, ficam.
telefone toca. É ela. Eu disse: muito at-
Eu digo que ela não me faça entender
enciosa. Batemos um papo agradável,
certas coisas, afinal de contas sou uma
ela sempre foi mais bem humorada que
mulher de idade. Oitenta e quatro anos,
a mãe. Conta-me sobre a receita de su-
ora veja. Mudamos de assunto. Marta
flê de peixe que aprendeu e diz que está
quer voltar às fotos, mas eu sugiro um
pensando em viajar pra fora, estudar em
filme. É um filme que aluguei mais cedo,
Paris. Eu falo do filme francês que vi mais
francês, uma maravilha. Felizmente con-
me acalmam, preciso me preparar para
cedo. É do Kieslowski. Ela já viu, é ótimo
deixar essa vida. Afinal de contas, são
mesmo. Desligamos. O telefone toca no-
oitenta e quatro anos. Oitenta e quatro,
vamente: é Arthur. Eles têm essa mania
ora essa. Leio uma mensagem bonita,
Logo que acaba o filme, ela vai embora.
de me ligar assim, todas as noites. Às vez-
rezo. O sono vem, apago a luz e fecho os
São seis da tarde e Carmem já se foi há
es é só amolação. Criaram esse costume
olhos. Penso no dia. Na caminhada no
um tempo, preocupada com o horário da
desde minha última internação. Querem
calçadão, em Carmem, Marta, Marco,
van que a leva todos os dias para aquele
saber se já tomei os remédios, se estou
a namorada, Tatiana, bolo de cenoura,
fim de mundo onde ela vive. Estou soz-
seguindo a dieta, se me sinto bem. Eu
Kieslowski, sopa de legumes, Arthur,
inha. Mas hoje em dia, a solidão não me
sempre respondo que me sinto velha.
as crianças, Augusto. Sinto uma dor.
abala mais. Sinto, na verdade, uma ver-
Mando eles pararem com essa preocupa-
Uma pontada insuportável no peito.
dadeira paz. Janto em silêncio, a sopa
ção boba. Eles dizem que é amor. Acho
Perco os sentidos, mas a dor persiste
sem tempero. De sobremesa, dou uma
que é medo que eu morra. Papo vai, papo
por alguns segundos. Consigo ouvir
escapulida na dieta: bolo de cenoura com
vem. Arthur me acalma, diz que o assalto
o telefone tocar novamente, deve ser
calda de chocolate. Foi Tatiana quem fez.
de Petrópolis foi em um bairro distante do
Marta. Ou mesmo Marco. Mas logo o
Essa sim é uma neta atenciosa. Visita-me
dele. Pergunto das crianças. Estão bem,
telefone se cala. Abro os olhos. Lá está
toda semana e me faz as receitas mais
dormindo. Eles vão descer esse fim de se-
ele. Augusto sorri para mim. Canalha.
sigo fazê-la se calar por alguns minutos. Como fala essa minha filha.
Já na cama, faço um pouco de palavras cruzadas. Fico impaciente, está fácil demais, Carmem comprou a revista errada. Ainda sem muito sono folheio um livro espírita. Tenho lido várias desde que voltei para casa. Marta diz que é uma bobagem. Como é cética. Os livros
PORT FOLIO
Com ilustrações refinadas que traduzem de uma forma singular o universo feminino,a artista australiana de Brisbane, Caroline Morin, se tornou um nome conhecido no mundo da arte. A preocupação com os detalhes e a caracterização fashionista de seus desenhos unem sobriedade clean e simplicidade contrastada com fundos de estilo grunge desbotado, despertam uma sensação de leveza e curiosidade (inclusive porque a maioria de seus retratos não tem rosto) para o observador. De fato, Caroline consegue capturar de forma tênue a personalidade de suas ilustracoes e mesmo com o uso de poucas cores, a artista consegue, de forma elegante, traduzir fielmente o espirito e temperamento de suas obras.
CAROLINE MORIN
françoise nielly Vibrantes, enérgicas, explosivas, exuberantes, sensuais: assim podem ser classificadas as obras de Françoise Nielly. A artista francesa cria expressivos retratos utilizando cores fortes muito características e marcantes, consolidadas com uma espátula. Suas obras são geralmente feitas a partir de fotografias em preto e branco, o que revela ainda mais sua habilidade em interpretar luz, sombra e tom com cores brilhantes. Françoise nasceu em Marseille, França e depois de passar algum tempo em Cannes e St. Tropez, ela agora mora na cidade luz, Paris e traça seu perfil destacando suas maiores paixões: a vida, espaços grandes e abertos, sushi, lagoas azuis, internet, humor, bons livros, Paris, Nova York e Vancouver. Quanta fonte de inspiração!
O ilustrador americano de Seattle Jared Nickerson atuou como designer freelancer durante alguns anos e conquistou muitos fãs e reconhecimento, até decidir abrir seu próprio estúdio, o Jthree Concepts. Seu traço divertido pode ser visto em personagens, games, produtos e editoriais. O que Jared gosta mesmo é da versatilidade dos vetores e por isso ele se declara um fã do Illustrator, utilizando essa ferramenta há anos. Sua parceria com Brad Mahaffey é uma prova incontestável desse xodó: a dupla desenvolveu o site Blood Sweat Vector, que reúne diversos artistas que trabalham somente com vetores. No site, os próprios artistas postam seus trabalhos, o que mantém ele sempre atualizado com imagens bacanas. O artista tem clientes de grande peso como Nike e Adidas, cria diversas estampas para diferentes lojas, realiza grandes exposições e ainda deixa a marca registrada de seus vetores em capas de Ipos, skateboards e até mesmo em stickers de parede.
JARED
NICKERSON
MATTHIAS HEIDRICH
Esqueça a Berlim gélida e monocromática que estamos acostumados a ver. Pelo menos é o que nos propõe Matthias Heidrich, responsável pelas séries Color Berlin, compilação de imagens da cidade que revela seu lado caloroso, vivo e alegre com muitos tons tropicais, com um quê de vintage na maioria do ensaio. Vale a pena conferir!
ENSA IOS
francesca WOODMAN estudo de uma ca贸tica atmosfera
Introdução
Francesca Woodman nasceu em Denver, EUA,
corpo, pelo contrário, suas imagens pareciam
em 3 de Abril de 1958. Filha de uma ceramista
refletir algo de fragmentado, focado em detal-
e de um pintor e fotógrafo, Francesca começou a
hes, muitas vezes de forma a esconder o rosto, e,
fotografar aos 13 anos, com sua primeira câmera
quando esse aparecia, mostrava expressões fortes.
fotografica e um disparador. Fotografava sempre a ela mesma ou amigos, indoor ou em lugares de aspecto decadente, onde misturava o objeto principal de seu trabalho – seu próprio corpo – aos elementos do cenário; como paredes, mobílias, brincava com as sombras, tintas, inserindo-se no universo das “coisas”.
Estudou artes nos EUA e fotografia na Itália, com nomes importantes no ramo da fotografia contemporânea. Produziu diversos trabalhos, como Self- decived (1978) e Swan Song, uma homenagem a Proust. Determinada ao firmar seu nome como fotógrafa, Francesca passou também pelo ramo da Fotografia de Moda, tendo como inspi-
Dizia preferir os auto-retratos, pois ela “estava
ração Deborah Tuberville. Foi artista residente
sempre disponível”. Contudo, esses auto-retratos
na MacDowell Colony, onde desenvolveu uma sé-
não tinham o objetivo de exaltar a beleza de seu
rie na qual seu corpo se misturava a elementos
naturais, como barro, e experimentou impressões em azul, as quais foram exibidas no Alternative Museum of New York, em 1980. Nesse mesmo ano, Francesca participou de duas exposições coletivas, no New York Gallery of Daniel Wolf. Em janeiro do ano seguinte, pulicou seu livro Some disordered interior geometries (Synapse Press, Philadelphia) e, no mesmo mês, a fotógrafa pôs fim a sua própria vida.
Um olhar acerca da obra É quase impossível não sentir-se tocado pelas imagens de Francesca, que mais parecem um convite a mergulhar em seu próprio universo interior, apreendendo do universo dela elementos que dizem respeito de quem o contempla. Há algo que nos intima a sentir, experienciar através dos olhos algo de outra ordem, mas que só se torna possível de expressar-se a posteriori. O contraste de seu trabalho, feito em PB, carrega a dicotomia luz/sombra, que pode até passar desapercebida, como sendo um simples jogo de contraste figura/fundo ou uma simples técnica de impressão. Porém, é muito mais do que isso. A artista parecia imprimir no papel fotográfico sua própria luz e sombra, somadas a expressões de muita angustia, beirando até a agressividade, mas sempre permeadas por algo que as suaviza. A presença do feminino conferia a suavidade presente em suas fotos, porém
não apenas através do corpo da mulher. O feminino se dava de outras formas, na flexibilidade de curvas e em alguns elementos, que contrastavam com outros objetos que compunham as cenas; ou através de um olhar, um jeito de corpo, um gesto. “Ser fotografada ajuda-me a ser eu mesma”, escreveu Francesca em seu diário, que utilizava-se do advento da fotografia como tentativa de construir para si mesma sua própria imagem corporal, numa forma de sentir-se mais inteira. O enfoque que dava aos detalhes reflete essa fragmentação, que a fotógrafa conseguia expressar através da via do corpo. A mistura com outros elementos, que mais parecia uma tentativa de fusão com o outro, nos instiga a mergulhar nesse amalgama de sensação, onde não há limites nem fronteiras, onde não há eu nem outro, nem dentro nem fora, nem tempo nem espaço.
Uma releitura Assim, sendo completamente capturada por sua obra, decidi fazer uma releitura de seu trabalho, de maneira amadora, é claro. Mesmo parecendo uma proposta pretensiosa, essa releitura não teria um caráter de reprodução de imagens, mas sim de produção, a partir do que sentia no contato com as imagens de Francesca, das minhas próprias imagens. Fiz uma seleção de algumas de suas fotografias, as que talvez me mostrassem algo de mim que não seria inteiramente explicito, algo que me fez identificar-me mais com aquelas imagens em
detrimento de outras e, após vários mo-
que nos constitui. Interessante, mas ao
mentos de absorção profunda naquele
mesmo tempo, assustador. Às vezes me
universo dela/meu, pude, contando com
pergunto o que é a arte afinal, e ten-
a ajuda de “dedos amigos” – na ausên-
ho certeza de que essa é uma questão
cia de um disparador - me produzir, ou
complexa, e que muitos se perguntam
melhor, me reproduzir.
a mesma coisa. Não me atreveria a re-
É interessante expressar, através de al-
spondê-la, mas sim deixar-me levar pela
guma forma arte, qualquer uma, algo
arte, até o lugar mais inóspito, dentro
de nós que nem nós mesmos sabemos
de mim mesma. Segundo Oscar Wilde,
que nos constitui. Interessante, mas ao
“ A finalidade da arte é, simplesmente,
mesmo tempo, assustador. Às vezes me
criar um estudo da alma”.
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francesca WOODMAN
hilda MARES
ANIMAL PRINTS
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A MOSCA DA SOPA
mosca
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mosca
mosca
x chefs
DO MÊS
x
texto_ FelipePádua
texto_ Jornal The Sun
texto_ TheCoolHunter.com
texto+arte_ Julia Haiad
texto_ ClaraDeak
compilação_ Felipe Pádua
texto+fotos_ Hilda Mares
fotos+styling_ Starving.com
projetoSopa_ FelipePádua
x ingredientes DO MÊS
x
Nascido Nascidopara paraser serum um
classico
a arte de
banksy
Mais um dia
francesca WOODMAN estudo de uma caótica atmosfera
ANIMAL PRINTS
PORT FOLIO
dez em bro