HABITAÇÃO EM CAXIAS DO SUL Uma estratégia de intervenção nas áreas de risco
| TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO | ARQUITETURA E URBANISMO - UFSC | 2014.1 ALUNO
FELIPE CEMIN FINGER
| ORIENTADOR
AMÉRICO ISHIDA | CO-ORIENTADOR JOSÉ KÓS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
3
OBJETIVO
4
PROBLEMATIZAÇÃO
5
UMA ESTRATÉGIA
8
ÁREA DE ESTUDO
10
ESTRATÉGIA APLICADA A ÁREA
13
PARQUE LINEAR ARROIO PINHAL
17
PROJETO DE HABITAÇÃO
20
REFERÊNCIAS
46
INTRODUÇÃO Um dos grandes desafios do arquiteto, a meu ver, é procurar respostas (ou reflexões) à responsabilidade social que desempenha. O arquiteto, como um importante ator na materialização espacial, carrega essa responsabilidade, já que o espaço está diretamente ligado às pessoas e a sociedade. A preocupação com essa responsabilidade é de suma importância para a garantia de que o que se concebe irá interferir da maneira que se queira, na vida das pessoas.
busca de novas oportunidades. Muitas delas acabam não se inserindo no mercado de trabalho, ou quando inseridos, enfrentam problemas diversos aliados às práticas especulativas que interferem no acesso a
[...] eu queria chamar a atenção para o fato de a arquitetura como tal ser ela mesma uma arte com finalidade. É a própria idéia de especificidade da arquitetura, e essa finalidade é exatamente a necessidade social de a arquitetura representar alguma coisa no campo da sociedade. (ARTIGAS, João Batista Vilanova, 1961)
A arquitetura a serviço somente daqueles que possuem condições econômicas pode se tornar temporal, como discorreu o arquiteto Shigeru Ban em entrevista ao jornal El País, pois muitas vezes tal arquitetura visa principalmente o lucro. A arquitetura enquanto disciplina possui uma grande complexidade e pode (e deve) ser revertida para a sociedade, para o coletivo. Qualquer edifício, seja ele individual, produz um impacto no ambiente construído, e consequentemente, no coletivo. Coloco aqui outro trecho da entrevista com o arquiteto Shigeru Ban para o jornal El país, no qual o mesmo afirma: La arquitectura se acerca al poder y al dinero porque ambos son invisibles y necesitan que la arquitectura los haga visibles. Pensé que los arquitectos tenemos un conocimiento que puede ser útil a mucha más gente. (BAN, Shigeru, 2013)
Trabalhar com aqueles que possuem acesso reduzido aos recursos, sejam eles financeiros ou intelectuais, justifica-se pela necessidade de democratizar o conhecimento, e sobretudo, o acesso à arquitetura. Enquanto a profissão do arquiteto mantiver-se direcionada às classes sociais mais altas, o papel de atuação do arquiteto no campo social continuará modesto. A cidade de Caxias do Sul - RS foi escolhida como objeto de estudo do trabalho, primeiramente pelo aspecto emocional envolvido. É nesta cidade que passei boa parte da minha vida, onde moram muitos familiares, sendo a cidade vizinha (aproximadamente 12km) da minha cidade natal, Flores da Cunha. Por ser um município do interior, com aproximadamente 30 mil habitantes, Flores da Cunha sempre se relacionou diretamente com a cidade ao lado, assim como seus habitantes. Muitos associam a Serra Gaúcha com desenvolvimento. As belas paisagens, a colonização italiana, a gastronomia, uma produção de vinhos reconhecidos no país, além de uma indústria forte com exemplares líderes de atuação de diversos setores. Por mais que seja conhecida como uma região próspera, apresenta os mesmos problemas das grandes cidades brasileiras, como por exemplo os relacionados à segregação socioespacial e de abismos sociais. O crescimento econômico da cidade desperta interesse de pessoas em
Figura 01 - Imagem de um dia de Inverno no centro da cidade, ao lado de um inverno de algumas casas da COOESP (FONTE: www.1bp.blogspot.com.br).
moradia. A saída para muitos, acabam sendo as ocupações informais frequentemente localizadas em sítios físicos pouco visados pelo mercado imobiliário “formal: principalmente áreas íngremes devido ao relevo da serra. Áreas com declividades acentuadas, quando ocupadas com aterros inadequados e outras práticas com pouca infraestrutura, acabam configurando-se como áreas de risco. Pode-se destacar a relação dessas áreas com a localização dos principais polos industriais da cidade, evidenciando a relação trabalho - moradia. Logo, o setor industrial possui significativarelação com a configuração espacial da cidade. Pensar em melhorar as condições das famílias que habitam essas áreas geograficamente complicadas e com infraestrutura deficiente, que já são completamente inseridas na malha urbana, faz-se necessário, aliado ao fato de tratarem-se de áreas de risco. Essas intervenções do poder público para uma busca da igualdade espacial, não necessariamente intervindo na redistribuição de renda entre as classes.
Figura 02 - Compartilhamento de varais para secagem de roupa na “chapa” localizada na vila COOESP, Bairro Planalto, Caxias do Sul (FONTE: acervo próprio).
OBJETIVO Habitação, com boas razões, é uma das principais reivindicações da população pobre das cidades do país. É o fulcro no qual se apoiam todas as demais atividades da população. Educação, saúde, famílias social e economicamente integradas, amor, sexo e todas as demais necessidades para a fruição de uma vida saudável dependem da possibilidade de morar decentemente. [...]. ( CHERKEZIAN e BOLAFFI, 1998, p.128)
Mais do que uma proposição, o intuito do trabalho é procurar formular uma crítica à produção dehabitação, espaço e cidade acessível a toda população, através de uma proposta de intervenção em uma das áreas de sub-habitação e risco na cidade de Caxias do Sul. Além do projeto como um produto em si, também a contribuir com a crítica às práticas de remoção utilizadas em situações semelhantes; visando, assim, o direito à cidade e à moradia digna.
O objetivo do trabalho é o desenvolvimento de uma proposta de habitação para o núcleo do vale do Planalto em Caxias do Sul, que possibilite manter os laços existentes entre os usuários e o lugar. Para embasar o projeto de habitação, desenvolveu-se uma estratégia de intervenção com o intuito de garantir a permanência desta população durante todo o processo, através de moradias provisórias. Como forma de reflexão a prática frente à questão habitacional do município, e acreditando que a permanência da população no seu local fortalece suas relações e laços já estabelecidos, propõe-se uma estratégia de intervenção que parte do pressuposto de respeito aos laços afetivos com o lugar, a vizinhança, os familiares próximos, o trabalho e a cidade. Além disso, a estratégia é uma possibilidade de articulação do poder público e sociedade, contando com o envolvimento de diferentes esferas em uma atuação conjunta. Ressalta-se a necessidade de participação da comunidade durante todo o processo, a que deve atuar nas definições e escolhas de intervenção. A reflexão também se faz na forma que a edificação relaciona-se com o espaço público, em uma crítica à produção usual de habitações que, muitas vezes, acaba replicando a produção do mercado imobiliário. Tal reflexão aborda a possibilidade de oportunizar o direito à cidade através da produção de habitação.
Figura 04 - Serra Gaúcha: Caxias do Sul e cidades vizinhas (FONTE: Google Earth).
DADOS GERAIS - CAXIAS DO SUL - Localiza-se no Estado do Rio Grande do Sul, distante 125km da capital Porto Alegre; - 231km2 de área urbana (polígono vermelho) 1644km2 de área total; - Segundo município mais populoso do Estado, aproximadamente 4,07% da população total do estado, tendo no Censo de 2010 um total de 435 mil habitantes, e estimado para 2013 uma população de 465 mil habitantes. Pode-se dizer que o crescimento populacional do município entre 2000 e 2010 foi praticamente o dobro da média de crescimento do Estado e do País, taxa de aproximadamente 2%; - A população é em sua maioria urbana, compreendendo 96,3% urbana e 3,7% rural, perfil o qual vem se alterando nos últimos anos seguindo uma tendência mundial, onde as pessoas têm saído do campo a procura de novas oportunidades nas cidades;
Figura 03 - Localização de Caxias do Sul (FONTE: adaptado pelo autor).
- Entre 2000 e 2010 obteve-se uma taxa média de crescimento anual de 1,94%, acima da taxa do Estado neste período (1,0%) e do país (1,1%). Caxias do Sul é o segundo município mais populoso do Estado (3,57% do total).
PROBLEMATIZAÇÃO ATUAÇÃO DO PODER PÚBLICO MUNICIPAL
ESPECIFICIDADE
A prática que vem sendo adotada na cidade, quanto às áreas de risco, é similar ao que se tem feitos em outras cidades brasileiras: remoção das áreas e implantação de novas unidades habitacionais em áreas longínquas das áreas consolidadas e da malha existente, produzindo “não cidades”, desconectadas da infraestrutura, dos equipamentos públicos e das benesses da cidade. Desta forma, rompem-se os laços existentes entre o morador e o local, sua vizinhança, seu local de trabalho.
As inúmeras ocupações precárias em áreas de risco são, atualmente, uma preocupação do poder público, pois aliam as más e frágeis condições de moradia aos riscos, sejam materiais como também humanos.
Em algumas remoções efetuadas na cidade, trocam-se as casas em áreas de risco por grandes pedregulhos, com o intuito de inibir novas ocupações. Porém, a exemplo do que acontece na RST 450 (rodovia Rota do Sol) há um longo período, após um tempo as pedras são removidas e novas ocupações acontecem, como relatam os próprios moradores. Não existe uma preocupação por parte do poder público em requalificar o espaço como forma de garantir a não-ocupação da área. A produção de “não cidade”, a exemplo do loteamento Campos de Cima da Serra - atual área de maior concentração de recursos para habitação social em Caxias do Sul através do programa “Caxias Minha Casa” que viabiliza o Programa MCMV, reproduz as tipologias do mercado imobiliário: edificação isolada no lote, sem interferência na configuração da rua e, consequentemente, na cidade. Perde-se a oportunidade de intervir na produção de moradias também intervindo e impactando na condição de vida dessas pessoas, inserindo-as na cidade, possibilitando que elas tenham direito à moradia e à cidade.
Figura 05 - Remoções em diversas áreas da cidade, substituindo as moradias por pedras (FONTE: Google Street View e Acervo Próprio).
Resolver o problema da habitação enquanto abrigo, somente, acaba por não interferir significativamente nos aspectos sociais e na relação que existe entre o morador e a cidade. Logo, procurou-se pensar a habitação não como elemento isolado dentro de um sistema, mas sim como parte atuante na formação da cidade, o qual pode ser palco das relações a serem estabelecidas. A reflexão sobre sua produção remete ao desenho/proposição de uma alternativa, viável e relacionada com a realidade; que levante, acima de tudo, uma discussão sobre tal produção. Nesse sentido, o trabalho busca fazer da produção de habitação o elemento integrador das áreas que não recebem a devida atenção no que diz respeito à qualidade da produção do desenho da cidade. A habitação de interesse social produzida como suporte ao espaço público, justificando-o e reforçando-o como espaço da comunidade. O projeto de habitação de interesse social, que absorva a demanda das habitações precárias localizadas em áreas de risco, aliado a sua inserção como parte do espaço público e, contudo, qualquer intervenção neste sentido, sugere a necessidade de uma preocupação com a gestão dessas remoções. Busca-se, então, desenvolver uma estratégia de intervenção que viabilize o projeto proposto, gerenciando as remoções e realocações de modo a evitar o rompimento dos laços sociais já existentes dentro Figura 06, 07 e 08 (superiores) - Conjuntos habitacionais isoladas no lote, sem relação com o espaço público existente (FONTE: P. M. de Caxias do Sul e Google Street View).
Figura 09 e 10 (inferiores) - localização do loteamento Campos de Cima da Serra e distância do centro da cidade(FONTE: Google Earth adaptado pelo autor).
das comunidades. Pelo contrário, busca-se fortalecer o sentimento de pertencimento ao lugar e reconhecimento perante a cidade. Essa estratégia visa, também, servir de reflexão a prática muitas vezes exercida pelo poder público, que nem sempre considera tais relações já consolidadas.
PERMANÊNCIA DA POPULAÇÃO NO LOCAL A configuração espacial da cidade pode ser observada levando em consideração as principais vias de ligação que a conformam. Temos o surgimento a partir do centro histórico de forma radial, acompanhado pelo surgimento do primeiro anel viário. Com o crescimento da cidade, as indústrias passaram a sair das áreas centrais em direção ao interior, buscando facilidade de escoamento de produção e materiais como também áreas com custo de terra mais acessível (CORRÊA, 2011). Implementou-se o segundo anel viário, e hoje parte do terceiro anel já existe, cujo projeto para sua execução completa já é demarcada no plano diretor do município. A localização dos núcleos de subhabitação acompanhou essa lógica, estando próximo às áreas industriais, conforme sugerem Nunes; Fisher; Rossi (2011), estabelecendo uma relação entre a moradia e o trabalho no surgimento dos núcleos de subhabitação até os dias atuais. A relação entre os núcleos de subhabitação - moradia, e as indústrias - trabalho, não ocorre de forma pontual, uma vez que pode-se notar a importância do setor industrial para a cidade. O VAB (valor adicionado
bruto) da indústria no município corresponde a 45,8% do total, sendo este o Segundo maior VAB do Estado do Rio Grande do Sul - 8,22% do total. Se comparada a participação da indústria no VAB do Estado (30,2% do total) e do país (29,3% do total) conforme o Censo do IBGE (2010), verifica-se a importância do setor para a cidade. O total de estabelecimentos passa de 6 mil empresas, e a cidade é considerada o Segundo pólo metal mecânico do país, atrás somente de São Paulo. Na cidade, empresas de reconhecimento nacional e mundial (20 das 500 maiores empresas do sul do Brasil), espalham-se pela cidade e são atrativos para a mão de obra do Estado. Os empregos diretos correspondentes à indústria passam dos 50% do total de empregos (MTE - RAIS, apud PLHIS 2010), sem contar os gerados indiretamente devido a relação com o setor. Outro dado importante é que a indústria é responsável por mais de 60% do VAF (valor adicionado fiscal). Um agravante que reflete diretamente na situação dos núcleos de subhabitação é o relevo. Devido à condição topográfica de relevo acentuado, muitas vezes as áreas próximas a indústrias não aproveitadas pelo mercado imobiliário devido a esta condição física, acabam sendo ocupadas. Essas áreas, na maioria dos casos, acabam se configurando como áreas de risco devido a combinação da declividade e ação antrópica.
Figura 13: Valor adicionado Bruto a preço báisco em porcentagem do município no ano de 2010(FONTE: dados FEE adaptado pelo autor). Figura 14 - Percentual de empregos segundo setor de atividade econômica na cidade (FONTE: dados MTE-RAIS, 2009 apud PLHIS, 2010 adaptado pelo autor).
Na cidade, há 75 áreas de risco e 184 setores de risco (subáreas), conforme o Plano Municipal de Redução de Risco (2006). O déficit habitacional, conforme dados da Secretaria de Habitação (2013) é de 6.469 novas moradias (quantitativo) e 27.169 melhorias em moradias existentes (qualitativo), em um total de 113 núcleos de sub-habitação.
Figura 15 - VAB comparativo (FONTE: IBGE, 2010).
Figura 11 - Anéis viários (FONTE: P.M de Caxias do Sul adaptado pelo autor).
Figura 12 - Núcleos de Sub-habitação e industrias em Caxias do Sul (FONTE: CORRÊA, 2011 adaptado pelo autor).
Figura 16 - Hipsometria da cidade de Caxias do Sul (FONTE: IBGE, 2010 adaptado pelo autor).
Figura 17 - Áreas de risco definidas pelo PMRR e núcleos de subhabitação (FONTE: PMRR,2006 e CORRÊA, 2011 adaptado pelo autor).
O plano municipal de Redução de Risco aponta e caracteriza os núcleos conforme os riscos existentes, considerando tanto aspectos geológicos, como características do solo (tipos de rocha, cobertura, etc) e a ação do homem (antrópica) através das movimentações de terra (aterros ou cortes). O plano é feito em diversas etapas, que se estendem até medidas estruturais e não estruturais. Porém, percebe-se sua atuação pontual, não indicando como as remoções, quando necessárias, devem ocorrer.
Figura 18 - Representação esquemática dos conjuntos de núcleos que apresentam áreas de risco (FONTE: PMRR,2006 adaptado pelo autor).
113 núcleos de subhabitação 75 áreas de risco 184 setores de risco (subáreas) déficit quantitativo: 6.469 novas moradias déficit qualitativo: 27.169 melhorias em moradias existentes
UMA ESTRATÉGIA Para embasar o projeto de habitação proposto, fez-se necessário desenvolver uma estratégia de intervenção com o intuito de viabilizar a permanência da população no local durante todo processo. Esta estratégia, dentro do trabalho, foi pensada de maneira esquemática, porém com alguns indicativos e traços a serem trabalhados e desenvolvidos de maneira mais ampla posteriormente, juntamente com a participação comunitária e do poder público. Ressalta-se que a participação de toda sociedade se faz importante, principalmente para abordar todas as questões envolvidas. O desenvolvimento de uma estratégia de intervenção nas áreas de risco consiste na implantação de moradias provisórias que atuarão no gerenciamento das famílias dessas áreas. Essas moradias provisórias, pensadas como módulos, são utilizadas temporariamente enquanto a intervenção ocorre na área de risco com o intuito de viabilizar novas moradias seguras e intervenção no espaço público. Apresentam-se como uma alternativa a prática do aluguel social - valor pago as famílias realocadas para pagamento de aluguel durante o período até a entrega das novas moradias, pois existe uma dificuldade de encontrar imóveis vagos dentro da própria área, uma vez que nos núcleos encontramos altas taxas de ocupação; além da questão especulativa e preços altos dos imóveis. Se considerado o custo inicial do módulo relacionando diretamente com os custos provenientes do aluguel social ou de casas provisórias não reaproveitadas, teoricamente o mesmo é mais elevado em um primeiro momento. Porém, quando possibilitamos Figura 19 - Situação atual de um núcleo exemplo: consolidação, presença de equipamentos públicos e existência de áreas de risco, conforme PMRR (FONTE: autor).
NÚCLEO EXEMPLO
ÁREA DE RISCO
que esse módulo seja reutilizado diversas vezes, abate-se parte deste custo, o tornando viável se considerada a participação da indústria neste processo. Para efeito do trabalho, devido a grande quantidade de indústrias exportadoras e a existência de um porto seco na cidade, optou-se pela utilização de containers como módulos provisórios. A indústria pode participar, uma vez que utiliza destes containers dentro das suas atividades, nos gastos de implementação, suporte e manutenção, participando da estratégia de intervenção junto ao poder público. Os módulos são unidades de caráter provisório, e tem o objetivo de ser reutilizado para servir como suporte para outras intervenções nas demais áreas da cidade. Escolhe-se, para implementação das moradias provisórias, um terreno dentro do núcleo de subhabitação, de propriedade pública ou privada, que possa ser utilizado temporariamente. Este terreno, sendo próximo ao local de intervenção, respeita os laços existentes dos moradores. A edificação, de caráter transitório, consiste na parte coletiva, localizada no térreo, e nas unidades provisórias de moradia, acima do mesmo. No setor coletivo, localizado no térreo, localizamse os módulos de uso comum como lavanderia, salas para oficinas e atividades diversas, e também containers de estocagem dos pertences maiores dos moradores. Neste espaço busca-se desenvolver atividades de socialização dos moradores, estreitando os laços já existentes
módulo dormitórios - 1 ou 2 dormitórios, c o n t a n d o com maior isolamento nos painéis de parede externa
módulo técnico - sala, cozinha e banheiro; neste módulo tem-se instalada toda tubulação, que se conecta as prumadas verticais
Figura 20 - Estudo da área possibilita escolha de um terreno te interesse, público ou privado, para instalação das moradias provisórias que viabilizam a intervenção (FONTE: autor). TERRENO DE INTERESSE
ESC: 1/100
POSSIBILIDADES DE IMPLANTAÇÃO
através de oficinas de adaptação às novas mudanças que ocorrerão na nova habitação multifamiliar e atividades profissionalizantes, como forma de reinserção social. A estratégia possibilita a divisão em etapas dentro de cada área, variando de acordo com o número de unidades em área de risco e os recursos existentes. Dessa forma, a edificação provisória também foi pensada para adequar-se a esta questão, podendo ter uma variação para mais ou para menos no número destas unidades, que se agrupam formando a edificação provisória. Além disso, para se adequar a forma de terrenos diversa, pode-se implementar as unidades em fita, para terrenos com proporção retangular, ou rebatidos, quando terreno de proporção quadrada.
se dizer que os custos com cada unidade são reduzidos a partir do momento que a mesma serve para mais que uma intervenção. Essa reutilização para outras intervenções também pode se estender para a região, englobando a estratégia para demais municípios. A utilização da estratégia nas áreas de risco da cidade possibilita um conjunto de intervenções e espaços públicos diversificados.
1 unidade provisória = 2 módulos de container 20 pés
UNIDADES HABITACIONAIS PROVISÓRIAS
Após efetuada a intervenção na área de origem, com o desenvolvimento de projetos que viabilizem a ocupação das áreas de forma segura e interligada ao espaço público, os moradores retornam a área de origem. As moradias provisórias, após encerradas as etapas de intervenção daquele núcleo, são retiradas. Nos terrenos públicos, caso haja interesse, parte da estrutura das moradias provisórias que compreende a área coletiva, pode vir a permanecer na área como equipamento público e também transformar-se em um legado da intervenção que permaneça para a comunidade. As unidades provisórias retiradas, passam a integrar uma nova intervenção em outra área de risco da cidade. Dessa forma, podeFigura 22 - Após a instalação das moradias provisórias, é feita a realocação das famílias residentes na área de risco para a edificação provisória (FONTE: autor). EDIFICAÇÃO PROVISÓRIA
ÁREA COLETIVA
Figura 23 -Simulação da rede de intervenções nas áreas de risco (FONTE: autor).
Figura 24 -Realiza-se a intervenção na área, possibilitando a ocupação de forma segura e interligada ao novo espaço público proposto para a área (FONTE: autor).
EDIFICAÇÃO PROVISÓRIA
INTERVENÇÃO
Figura 25 - Parte da estrutura pode permanecer como legado da intervenção, tornando-se um equipamento público para uso da comunidade (FONTE: autor). PÓS - INTERVENÇÃO
ÁREA DE ESTUDO A área de estudo, recorte urbano, de intervenção compreende a área do vale do bairro Planalto onde se localizam inúmeros domicílios em áreas de risco, conforme aponta o PMRR (2006). A escolha da área foi feita pelo fato desta ser uma das áreas de maior prioridade apontadas no PMRR, devido à quantidade e condições dos domicílios nestas áreas somado a agravantes físico-territoriais (geografia - vale e arroio), espaços públicos inadequados ou inexistentes, consolidação histórica, proximidade ao centro e reivindicação por parte da população pela permanência no local.
sua cota mais baixa pelo arroio Pinhal, ou também conhecido como Arroio Marcopolo, que tem seu leito canalizado até parte do vale, onde segue sem canalização e recebe parte do esgoto das casas situadas no lado oeste do mesmo. Existem duas comunidades conhecidas, a Vila Sapo ou também Fundos COOESP, que fica na parte central da área de estudo, e na parte sul a COOESP. Ao longo do vale e arroio, tem-se inúmeras moradias em áreas delimitadas de risco pelo PMRR (2006) que indica riscos geológicos agravados pela atuação antrópica, bem como áreas de possível alagamento.
Basicamente a área encontra-se tangenciando a BR-116 (que atravessa a cidade no sentido Norte-Sul). A parte interna desta rodovia na cidade compõe o segundo anel viário, conhecido como perimetral, que contorna a cidade e conecta com as principais rodovias de ligação com o restante do Estado. O bairro limita-se a Leste pela Av. Maurício Sirotski Sobrinho. A distância entre o bairro e o centro da cidade é de aproximadamente 5 km, consideravelmente de fácil acesso.
Pode-se verificar nestes locais de cota mais baixa, próximo ao Arroio Pinhal, que a renda média domiciliar é mais baixa, com valores entre R$ 940,00 a R$ 1940,00; considerando o salário mínimo nominal do mês de setembro de 2013 no valor de R$ 678,00 isso equivale a uma renda aproximada média de até 3 salários mínimos por domicílio. Segundo a SMH, a grande maioria dos moradores vem da própria cidade, antigos pagadores de aluguel, e muitos estão inseridos no mercado formal, principalmente nas indústrias metal-mecânica, metalúrgicas e construção civil próximas.
O bairro Planalto começou a ser ocupado a partir da instalação da indústria Marcopolo, em 1957, num primeiro momento ao longo da BR116 que o tangencia. Com o passar do tempo, a ocupação se direcionou para o interior do bairro, sendo que em 1988 foram produzidos alguns lotes na parte central do bairro e em 1990 o loteamento São Victor COHAB, produzido pela COHAB - RS e finalizado somente em 1995. Em 1991, registram-se as primeiras ocupações nas áreas públicas referentes a reserva técnica da COHAB, por aproximadamente 100 famílias, número que viria aumentar até formar hoje a área conhecida por COOESP. A configuração é de um vale ocupado de ambos os lados, e cortado na
Quanto aos equipamentos existentes, o bairro possui duas escolas municipais de Ensino Fundamental na área, uma delas no loteamento São Victor (E.M. São Victor - figura XX1) e a outra (E.M. Guerino Zugno) - figura XX2) na parte mais central da área, juntamente com a Unidade Básica de Saúde Planalto (figura XX3), enquanto Escola de Educação Infantil, há uma ao lado da escola do Bairro São victor (Creche Marquinho), bem como quadra de esportes e Unidade Básica de Saúde. Já no interior da área, a Escola de Educação Infantil mais próxima fica ao lado da empresa Marcopolo (E. Educação Infantil Planalto), na parte de cima do vale, o que sugere uma certa dificuldade
Figura 28 - Renda média mensal por domicílio (FONTE: IBGE, 2010 adaptado pelo autor).
Figura 29 - Imagem aérea do vale do Planalto (FONTE: acervo próprio; ACCJ imagens aéreas).
BR 116 2° anel viário
-5 km-
sentido São Marcos, Vacaria, Lages
BR 116
sentido Nova Petrópolis, Gramado, Porto Alegre
Figura 26 - Localização da área de estudo (FONTE: Google Earth adaptado pelo autor).
Figura 27 -Principais acessos (FONTE: Google Earth adaptado pelo autor).
Figura 30 - Histórico da ocupação do bairro, conforme imagens aéreas desde início da ocupação (FONTE: P.M. de Caxias do Sul adaptado pelo autor).
de atendimento para as famílias das partes mais baixas do vale. Existe uma Escola de Ensino Médio (E. E. Melvin Jones) nas proximidades da empresa Marcopolo, que absorve a demanda do bairro todo. Pode-se verificar uma escassez de espaços públicos, uma vez que na parte de baixo do vale encontra-se somente a quadra de esportes da COOESP, a Praça do Loteamento Monte Reale e a Praça do Loteamento Vila Mari. Esta última, por sua vez, é de difícil acesso para a área pois está conectada aos loteamentos ao Norte, sem conexão física direta pela área específica estudada. As principais indústrias nas proximidades da área encontram-se basicamente interligadas às vias principais de ligação, ou seja, junto à BR-116 ou a Av. Maurício Sirotski Sobrinho, ambas com características de trânsito rápido que facilita o escoamento e as conexões necessárias para a atividade industrial. Conforme conversas com moradores, a maioria trabalha em indústrias próximas, o que sugere um vínculo do local de moradia com a atividade empregatícia exercida. As duas principais linhas que abastecem a área são Planalto/ São Victor e Planalto via Santos Anjos. Ambas conectam às áreas centrais da cidade, bem como a Universidade de Caxias do Sul, localizada no Bairro Universitário. Os horários dos itinerários variam aproximadamente de 15 em 15 minutos, conforme informa a empresa Visate, responsável pelo serviço. Pode-se verificar, conforme análise das ruas compreendidas pelos itinerários, que há maior oferta do serviço nas áreas mais altas, e uma ausência de linhas passando no interior do bairro bem como interligando os dois lados do arroio. De uma maneira geral, o serviço contempla a área e os moradores, conforme conversas e entrevistas, conseguem utilizar o transporte público de forma satisfatória. Conforme dados da Prefeitura Municipal, pode-se perceber a espacialização das áreas verdes municipais da área de estudo. Pelas condições de relevo, grande parte dessas áreas verdes são caracterizadas pelo declive acentuado, e acabam por ser áreas que 34 - Principais equipamentos
35 - Principais indústrias
Figura 31 - Área de intervenção (FONTE: Google Earth adaptado pelo autor).
Figura 33 - Imagens dos Equipamentos Públicos existentes
Figura 32 - Vista aérea do bairro (FONTE: acervo próprio; ACCJ imagens aéreas).
36 - Transporte Público
37 - Áreas Verdes
38 - Plano Diretor
não interessam ao capital imobiliário, o que dificulta ainda mais na legibilidade destas áreas por serem recortes dentro da malha urbana. A maior parte delas encontra-se com ocupações consolidadas, principalmente na parte mais baixa do vale, próxima ao Arroio Pinhal. Na porção central, a leste da E.M. Guerino Zugno, encontram-se áreas verdes municipais em grande número, atualmente ocupadas, bem como na porção sul, onde se localiza a COOESP, com áreas municipais e também áreas estaduais (reserva técnica da COHAB) ocupadas.
As problemáticas levantadas na área são:
Nestas duas áreas, conforme zoneamento do Plano Diretor Municipal de Caxias do Sul (Lei Complementar numero 290, de 24 de setembro de 2007), tem-se a marcação de ZEIS-1. As ZEIS-2, conforme art. 19 letra b do inciso I, referem-se a “imóveis não edificados ou subutilizados, localizados na zona urbana, necessários à implantação de programas habitacionais de interesse social, os quais poderão ser objeto de aplicação do instrumento de parcelamento, edificação ou utilização compulsórios”. Não foram marcadas ZEIS-2 no plano diretor até o momento, porém esta necessidade está sinalizada no PLHIS (2010). Segundo o PLHIS (2010), o objetivo das ZEIS-2 é regular o preço da terra urbana através de reserva fundiária para Habitação de Interesse Social.
3. Risco de escorregamento, na maior parte dos casos ligado as declividades potencializadas pelos aterros mal executados (ação antrópica);
1. Área de risco de inundação, devido à proximidade das moradias ao arroio e agravantes como o acúmulo do lixo e ligações clandestinas de esgoto; 2. Degradação ambiental devido às deficiências de saneamento, mau cheiro e poluição;
4. Condição das moradias, que são agravantes para as situações de risco; 5. Tratamento do espaço público, praticamente inexistente, se limitando às vias e coexistência com os automóveis. Escassez de áreas de lazer que não permite a socialização entre os moradores; 6. Dificuldade de conexão entre os lados opostos do vale, devido à condição topográfica; As potencialidades levantadas são: 1. Laços existentes e estabelecidos, entre os moradores, com o lugar, com o trabalho e com a cidade, fortalecidos através das relações cotidianas; 2. Valorização e utilização do espaço público existente, mesmo muitas vezes não atendendo as necessidades da comunidade;
Figura 39 - Recorte da tabela 1 do Plano Diretor Municipal - Zoneamento (FONTE: P.M de Caxias do Sul).
3. Oferta de trabalho nas proximidades, com uma série de indústrias localizadas nas imediações do bairro, bem como serviços a ela relacionados; 4. Facilidade de acesso ao centro e oferta de transporte público que atende a toda área de maneira satisfatória, segundo os próprios moradores; 5. Equipamentos públicos fundamentais já instalados, como escolas, Ubs;
Figura 40 - Imagens da área: O conjunto de fotos superior refere-se as problemáticas, condições do arroio, aterros, dificuldade de interligação entre os dois lados, que se faz através de longas escadarias, etc. O conjunto inferior ilustra as potencialidades: relação entre vizinhança, visível no compartilhamento dos varais entre os dois lados da rua, no uso do espaço público, mesmo este deficiente, utilizando as próprias cadeiras para reuniões informais , equipamentos e infraestrutura existente, etc (FONTE: acervo pessoal).
6. Delimitação física que auxilia na possibilidade de compreensão do lugar e seus espaços, além da possibilidade de acesso ao interior do bairro;
ESTRATÉGIA APLICADA A ÁREA ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO A estratégia de intervenção aplicada para a área consiste em duas etapas principais, divididas conforme as principais áreas de risco marcadas no PMRR. Cada etapa foi em subetapas, que podem ser ajustadas conforme a disposição de recursos e as necessidades locais. Para exemplificar o desenvolvimento da estratégia, utilizou-se de 4 subetapas dentro das 2 etapas principais.
VILA SAPO - FUNDOS COOESP PMRR: 167 moradias risco perfeitamente possível (9)
risco, como também as novas habitações para as quais a população removida irá a ocupar, após o término da intervenção. A edificação provisória do terreno MP1 passa então a ser utilizada na subetapa B. Sondou-se a possibilidade de utilização de mais um terreno, na porção central do bairro, juntamente com o terreno MP1 para implantação de moradias provisórias, caso houvesse necessidade. Nesta subetapa realizam-se as remoções da área de risco R2. Seguindo a lógica apresentada, os moradores retornam após a intervenção concluída e as moradias provisórias estruturam a próxima etapa. Isso repete-se também para as próximas áreas da etapa 2 (subetapa C e D).
Quando finalizada, a área coletiva do terreno MP1 pode permanecer como legado da intervenção, com possibilidade de ser equipamento público interligado a escola ou a UBs, ou até mesmo salas diversas para oficinas. Os módulos provisórios seguem para esrtuturar uma nova intervenção em outra área de risco da cidade. SUBETAPA A A1 R1
SUBETAPA A
ETAPA 1 SUBETAPA B
COOESP PMRR: 177 moradias risco perfeitamente possível (11)
SUBETAPA C
Figura 42 - Imagens terreno MP1(FONTE: acervo próprio).
ETAPA 2 SUBETAPA D
PMRR: 68 moradias risco perfeitamente possível (7 e 8)
Figura 41 - Áreas de risco conforme dados do Plano Municipal de Redução de Risco (FONTE: PMRR adaptado pelo autor).
O terreno de interesse para a realização da intervenção compreende uma área pública municipal, onde situa-se a Unidade Básica de Saúde do Bairro Planalto. Consiste em um terreno na maior parte plano totalizando 2700 m2, o qual é subutilizado; deste total, a unidade básica de saúde possui somente aproximadamente 280 m2 e está implantada na parte central do terreno. O restante do terreno não possui utilização. Além das características físicas, o terreno é em uma porção central e de interessante localização, junto a UBs e a Escola Municipal Guerino Zugno, além das conexões facilitadas com as demais partes do bairro. Nesta área, denominada como forma de entendimento da estratégia de MP1, implanta-se a edificação provisória. Para esta edificação provisória são realocadas as famílias da subetapa A que encontram-se em área de risco representada como R1, e demais domicílios que encontram-se sobre o arroio e na parte de interesse para implantação da edificação coletiva de habitação. Com a remoção das moradias para as áreas de habitações provisórias, executa-se a requalificação das margens do córrego e das áreas de
Figura 43 - Estratégia de Intervenção em Etapas. São feitas as remoções para as moradias provisórias e após intervenção retorna-se para a área, em novas habitações propostas (localização sugerida abaixo) (FONTE: autor). SUBETAPA B
SUBETAPA C
SUBETAPA D
R2
R3* R3
UNIDADE PROPOSTA DE EDIFICAÇÃO PROVISÓRIA PARA ETAPA A TERRENO MP1
Módulo técnico e dormitórios - 2 containers por unidade Módulos de piso para circulação Quadros metálicos atirantados para apoio da estrutura de circulação
PAVIMENTO TIPO 24 Unidades em Fita Módulos de circulação vertical escadas - possibilitando atender o número necessário de pavimentos
ÁREA COLETIVA Lavanderia coletiva Oficinas/Atividades de socialização Guarda volumes Áreas de Estar Possibilidade de permanecer para a comunidade após intervenção
PROPOSTA DE EDIFICAÇÃO PROVISÓRIA PARA ETAPA A TERRENO MP1
IMPLANTAÇÃO ESC: 1/1000
PAVIMENTO TIPO 1
TÉRREO ESC: 1/500
5
10
PROPOSTA DE EDIFICAÇÃO PROVISÓRIA PARA ETAPA A TERRENO MP1
PARQUE LINEAR ARROIO PINHAL ESPAÇO PÚBLICO PARA A COMUNIDADE Finalizada a intervenção, tem-se um novo espaço público de uso da comunidade, bairro e cidade. O parque linear Arroio Pinhal conforma um eixo verde estruturador das demais intervenções e novas áreas de habitação. A integração das habitações propostas com o espaço público possibilitam o acesso dessa população à cidade. Um espaço público que qualifica a área e o entorno, e justifica a presença das habitações através de uma nova abordagem do arroio existente. Esta nova abordagem, uma nova apropriação, dá legibilidade e clarifica o uso coletivo, permitindo que a comunidade exerça um papel fundamental no controle das ocupações em áreas de risco.
- Legibilidade do novo espaço público, permitindo que a comunidade se aproprie e seja o principal meio para evitar novas ocupações em áreas impróprias, sendo este um novo espaço de seu direito e utilização;
linear reafirma-se como oportunidade para os jovens, através do seu uso, participação, trabalho e apropriação.
- Equipamentos de uso do bairro e da cidade, interligados e propiciando novos referenciais urbanos;
Na parte da entrada do parque, encontramse áreas de uso infantil, interligadas ao espaço para cuidadoras, como também pista de skate e agricultura urbana. Na área central, próxima a Escola Municipal Guerino Zugno, situa-se a área de experimentação artística, música e teatro, através de espaço para oficinas e anfiteatro aberto, que podem ser utilizados pela Escola como também pela comunidade. Na parte sul onde hoje existe a quadra de esportes da COOESP, reforça-se o caráter esportivo da área, com meias quadras, pista de skate e escolinha comunitária, que desenvolve atividades esportivas para as crianças e adolescentes. Ao final do parque linear, onde o mesmo se encontra com a mata verde nativa, optou-se por uma escola de educação ambiental que desenvolve atividades com os alunos das escolas próximas e ressalta a necessidade de preservar a área. Também são realizadas atividades de manutenção do parque pelos próprios alunos.
- Parque urbano que procura viabilizar a permanência da população no seu local de origem, com habitações seguras; Hoje, tem-se o arroio e a configuração geográfica como ruptura do bairro. A maior parte das casas relaciona-se com as ruas e dá fundos ao arroio, porém existem algumas travessias que interligam os dois
O caráter propositivo do programa do parque linear é fundamental para a ideia do todo, a ser trabalhada de forma mais detalhada no projeto de habitação desenvolvido neste trabalho.
Figura 44 - Esquema evidenciando Parque Linear Arroio Pinhal (FONTE: autor).
Busca-se, outrora, reforçar a identidade do lugar e da comunidade, reestabelecendo a relação de habitação, espaço e equipamentos públicos. A proposição de equipamentos de uso do bairro e da cidade, interligados por este eixo verde, está relacionados com a préexistência. As diretrizes para o Parque Linear Arroio Pinhal são: - A recuperação ambiental da área, hoje degradada. Um dos pontos é a implementação de infraestrutura que possibilite o recolhimento do esgotamento sanitário que hoje é ligado diretamente no arroio por parte das edificações. Outra questão é a configuração de uma faixa de amortecimento do arroio, importante para o controle das cheias e permeabilização do solo como também a preservação da área através da conscientização da população. O eixo do Parque proposto liga-se com a mata nativa, que se encontra ao fim do vale, em um gesto de preservação da mesma; - Requalificação do que hoje configura fundos de lote e não recebe utilização. O projeto da Prefeitura para a área considera a canalização do arroio e construção de rua. Medida paliativa justificada pelo mau cheiro que o mesmo apresenta; - Habitações em condições seguras e interligadas ao espaço público, possibilitando a leitura de uma intervenção que considera a cidade;
Figura 45 - Esquema à esquerda representando a situação atual - arroio como ruptura; esquema a direita da proposta, transformando o arroio como eixo verde que interliga a área (FONTE: autor).
lados do vale através de pequenas pontes.
Na proposta de intervenção, o arroio passa a ter um papel de eixo integrador entre as diferentes partes do bairro. Para garantir sua importância na preservação e requalificação do curso dágua, propõese uma faixa verde de amortecimento, com recuperação das áreas degradadas. v Além disso, propõe-se reforçar as conexões dos dois lados do vale, com passarelas transversais ao arroio com o intuito de facilitar a travessia de um lado a outro. Além disso, essas conexões permitem uma percepção do parque linear como um todo, ajudando na legibilidade da área, por proporcionarem ângulos de visão de todo o Parque Linear. Os equipamentos e atividades desenvolvidas no Parque Linear seguem algumas das reivindicações da própria população, através das oficinas de trabalho, e consideram a pré-existência. Seu papel dentro do parque linear é de fundamental importância, os quais tornam-se referenciais urbanos qualitativos na vida da comunidade. O parque
Muros de arrimo e contenção, necessários em alguns pontos para garantir a segurança do Parque e evitar deslizamentos de terra, permitem também manter algumas casas interligadas a rua, diminuindo a quantidade de domicílios necessários para remoção. Logo, a própria infraestrutura de parque acaba servindo para garantir a segurança de habitações existentes. Interligando todo o parque, propõe-se uma passarela de madeira que, ao mesmo tempo que é circulação, também desenvolve algumas áreas de estar e é responsável por conduzir a tubulação de águas servidas recolhidas dos domicílios que hoje o enviam diretamente ao arroio. Essa tubulação percorre os caminhos até pontos de tratamento de águas cinzas por zona de raízes e filtros, que auxiliam além do tratamento desses efluentes, na contenção das águas evitando sobrecarregar o arroio. Algumas áreas no decorrer do parque possibilitam que os usuários utilizem-o como área de
lazer, através de bancos e áreas de descanso, de contemplação, arquibancadas para apresentações ao ar livre e demais atividades cotidianas que reforçam sua utilização como espaço público e circulação das pessoas provenientes das habitações propostas.
Nos lados opostos a passarela de madeira, caminhos permeáveis ligados a rua permitem o acesso a passarela, ao mesmo tempo que criam áreas de estar próximas ao arroio.
Propõe-se algumas ligações perpendiculares ao Parque, que conectam os dois lados do vale, através de passarelas metálicas. Estas ligações reforçam as já existentes, facilitando o acesso das pessoas. Além disso, ela desempenha um papel importante na legibilidade da área, por permitir vistas gerais do Parque como um todo.
Algumas estruturas como as arquibancadas podem permitir a utilização em apresentações, aulas ao ar livre ou até mesmo utilização cotidiana. Nestes pontos, assim como em alguns outros, formam-se áreas de estar na passarela
A passarela é a ligação linear do parque, que acontece na cota mais baixa do vale. Tornase uma alternativa de comunicação entre os diferentes pontos do mesmo, como também interliga os equipamentos propostos
Tubulação de esgoto percorre linearmente o parque, na própria estrutura da passarela, sendo responsável pelo recolhimento dos domicílios que hoje não são atendidos pela rede.
CORTE ESQUEMÁTICO - PARQUE LINEAR
Experimentação artística Oficinas música, teatro Apresentações ao ar livre
Agricultura Urbana Infantil-cuidadoras
Meia-quadras
Parquinho crianças
Escolinha comunitária
Café/padaria
Pista de Skate
Skate
Manutenção Parque Educação Ambiental Auxílio Reciclagem
PROGRAMA ESQUEMÁTICO - PARQUE LINEAR
HABITAÇÃO E ESPAÇO PÚBLICO PROPOSTA PARA A ETAPA A
PERSPECTIVA A - ENTRADA BLOCO 1
PROPOSTA A proposta de Habitação para a Etapa A responde as remoções do conjunto de moradias na área de risco R1, bem como as demais moradias que hoje encontram-se dentro de um limite de 15m do eixo do arroio - domínio de interesse para implantação do Parque Linear Arroio Pinhal. Totalizam-se 42 remoções na área de risco R1, estando a maioria próximas ao arroio. Propõe-se 43 novas unidades localizadas na entrada do novo parque proposto, juntamente com salas comerciais/ serviços relacionadas com a rua e praça proposta.
Em vermelho, edificações em área de risco e dentro dos 15 metros de afastamento do Arroio. Em cinza claro as habitações em condições precárias, na área de interesse de ocupação para construção da nova edificação
Uso dos solos, verifica-se o predomínio do uso residencial (cinza). Alguns estabelecimentos comerciais e serviços (vermelho) localizados nas principais ruas e algumas igrejas (roxo), muito comuns no bairro
Cheios e vazios, destacando a irregularidade das edificações existentes. Um dos motivos é a topografia da área, acompanhada pelo traçado das ruas. Nota-se uma maior densificação nos lotes que conformam a rua
Áreas de risco
Uso do Solo
Cheios e Vazios
Figura 46 - Imagem aérea da área de intervenção (FONTE: acervo próprio; Foto: ACCJ imagens aéreas)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
1. Situação atual | 2. Remoções R1 (27 famílias) | 3. Remoções faixa de 15m Arroio (6 famílias) | 4. Volume relacionado com a rua | 5. Aumenta-se para garantir o número necessário de unidades | 6. Impacto na rua e vizinhança, além da falta de conexão com o parque proposto. Ocupação no interior do lote, conformando o Parque e mantendo a escala do lugar devido a diferença de nível da rua. Necessidade de reforçar a ligação da rua, estando a habitação como intermédio entre a rua e o espaço público proposto. Totalizam-se 9 remoções para serem realocadas na própria edificação. | 7. Ligação feita com volumes separados e na mesma escala. | 8. Redução de gabarito nos volumes que se ligam a rua, se relacionando com sua escala, como também na parte que se direciona ao Parque, para não impactar nas edificações vizinhas. | 9. Ligação entre os volumes, para reforçar a conexão com a rua. | 10. Separação em dois volumes principais, criando um eixo visual entre os volumes, que se abre para o Parque. | 11. Térreo livre em alguns pontos, tornando a edificação parte da passagem, como também estar. | 12. Edificação interligada a rua e ao parque, conformando uma praça interna pública.
PERSPECTIVA B - ENTRADA BLOCO 2
16
IMPLANTAÇÃO E VOLUMETRIA
CIRCULAÇÃO E ESPAÇOS ABERTOS
Buscou-se trabalhar com a escala do lugar, respeitando a préexistência das moradias no que diz respeito à escala. Optou-se por procurar manter a densidade do local, uma vez que as áreas das remoções encontram-se dentro do limite de afastamento do arroio, impossibilitando a ocupação de outras edificações na intervenção.
O jogo de volumes procura pousar na topografia em respeito ao relevo existente. Utilizando, dessa forma, o próprio relevo para conceber espaços configurados, outros de ligação, através de uma continuação da rua. A confusão da rua e edificação se fortalece a medida da não existência de um térreo único. Nos volumes que se relacionam com a rua, existem acessos por diversos pavimentos através das escadas externas, como também acesso à praça central conformada pela volumetria. Tem-se, então, um reflexo no espaço público, na cidade, uma vez que o mesmo interage com a edificação proposta e faz parte da mesma. Procurou-se um tratamento diferente para o andar de conexão com a parte alta da rua (2A), que liga a rua ao terraço jardim proposto como cobertura do volume 1A, evidenciando esta relação com a rua e apropriação da edificação por parte da cidade. Tratamento diferente das demais circulações, que mesmo abertas, aproximamna da escala de vizinhança das unidades.
A implantação da nova edificação se faz na forma de costura com as edificações do entorno, conformando espaços que se interligam com o espaço público proposto. A intenção de costura, ora proporciona volumes com escala reduzida e minimização da sombra gerada, relacionando-se com a rua e as edificações próximas, ora é percebido como uma unidade que trabalha com a escala do Parque a qual configura. Propõe-se uma edificação que se divide em dois blocos (1 e 2), com duas orientações cada, sendo destes os volumes conectados a rua denominados A e os outros denominados B. Devido as características bioclimáticas da cidade, optou-se por garantir orientações adequadas para as áreas de maior relevância, os dormitórios. Logo, buscou-se orientar os volumes na medida que todos possam aproveitar ao máximo a incidência solar para estes cômodos, orientando-os para leste, nordeste, norte e noroeste. Na orientação oposta, linearmente, localiza-se a circulação horizontal, que além de um espaço de circulação também pode ser utilizada como extensão da área da casa, espaço de permanência e utilização.
A praça central resulta em um espaço aberto, porém configurado através das volumetrias, e liga-se ao Parque através de uma rampa passível de apropriação. Desta forma, têm-se olhos diretos que auxiliam na segurança e vida do local, assim como a pluralidade dos usos (mistura de habitação, comércio e serviços) da edificação. Este espaço, por sua conformação, permite que as crianças o utilizem com certa segurança, e é uma área de transição entre a rua e o parque, com formas de apropriação distintas. Pensou-se, além das salas para
pavimento ligado a rua com tratamento diferenciado, para ressaltar o acesso público, que o liga a um terraço jardim ao fim da circulação canteiros para cultivo dos próprios moradores
sala comercial/ seviços ligada a praça
Circulação interna, da rua às unidades, com a possibilidade de ser apropriada também como área de convivência entre os moradores; ligada ora a praça, ora ao parque, sendo a expansão da área interna das unidades
A orientação das unidades segue a necessidade de aproveitar a incidência solar, para os dormitórios e sala na maior parte das unidades
sala comercial/ seviços ligada a rua
sala comercial/ seviços ligada ao parque
Acessos da rua e principais circulações externas a praça conformada pela edificação, a qual se liga ao parque através de uma rampa abaixo do volume da edificação
área infantil cuidadoras
O volume, ao se conectar com a rua, contribui com estabelecimentos comerciais/ serviços, que auxiliam nos gastos condominiais, assim como na área da praça e parque
N L
As imagens e mapas anteriores orientavam-se com o Norte para cima. Devido a configuração da página, foi necessário girar 90 graus a representação em planta para utilizar a maior dimensão da folha, resultando no Norte virado para o lado esquerdo da página.
IMPLANTAÇÃO Localização da perspectiva
5
10
L
20
A
ESC: 1/500
D
M
E
247
0
H
RUA JUVENAL HERCULANO CRUZ
L
F
PINH A
RUA DANILO TARQUINIO BASSO
B
1 : 500
1
393
G
010 - IMPLANTAÇÃO
C
229
I
A
0 47
1 48
J
ARR OIO
0 30
PERSPECTIVA C - PRAÇA INTERNA
comércio/serviços que auxiliam na manutenção condominial, em uma sala para as mães cuidadoras - atividade comum nos núcleos, onde uma (ou mais que uma) mãe cuida dos filhos das outras mães que trabalham fora, enquanto as mesmas estão no trabalho. Esta sala serve de apoio para essa “atividade” como demais outras atividades relacionadas. Esta relação com a praça e o Parque faz com que a habitação garanta a circulação de pessoas, assim como os demais equipamentos.
PERSPECTIVA D - CIRCULAÇÃO/CONVÍVIO
PERSPECTIVA E - ÁREA INFANTIL - CUIDADORAS
Extensão da área interna das unidades, como uma possibilidade de convivência entre os moradores
Espaço destinado às mães que se encarregam de cuidar dos filhos das vizinhas, frequente em muitas comunidades. A área está ligada a praça e ao parque, tornando-se um espaço lúdico e de permanência
+18.00
CORTE 3
275
ESC: 1/200
Praça interna conformada pelos volumes, com acesso da rua por diferentes pontos e ligação com o parque através da rampa sob a ligaçào dos dois blocos
3
28 257
1168
28 257 28 257
+3.87
457
+1.00
+6.72
457
IMAGEM PRAÇA
+9.57
257
1425
1168
+12.42
28 257
28
+15.25
-1.00
CORTE C-C 1 : 200
PERSPECTIVA F - PRAÇA INTERNA
15
240
80
80 15
15
15
80
80
DORMITÓRIO 1
ESTAR/JANTAR
8.64 m²
8.64 m²
13.53 m²
16.64 m²
15
155
15
COZINHA/A.S
135
15
3.39 m² 15
240
15
495
180
255
240
15
525
COZINHA 6.94 m²
371
A.S
COZINHA
2.16 m²
6.94 m²
123
15
371
15
240
15
15
240
710
80 15 15
15
255
240
15
240 BWC
680
525 15
15
15
240
710
790
15
240
680
790 135 15 15
1580
15
4.32 m²
DORMITÓRIO 1 525 ESTAR/JANTAR 13.53 m² 8.64 m²
16.64780 m² 15
COZINHA
1.91 m²
8.64 m²
ESTAR/JANTAR
15
A.S
DORMITÓRIO 2
780
9.84 m²
15
15
305 80
155 495
360
15
240
área ampliação
15
240
DORMITÓRIO 1
360
15
15
15
15
4.32 m²
1.91 m²
15
255
DORMITÓRIO 1
8.64 m²
8.64 m²
15
16.64 m²
240
525
15
ESTAR/JANTAR 13.53 m²
680
ESTAR/JANTAR
15
DORMITÓRIO 2
15
9.84 m²
15
360 15
495
780
COZINHA
A.S
790
15
360 15
240
DORMITÓRIO 1
790
410
15
80
área ampliação
15
7.18 m²
710
COZINHA/A.S
1515
15 80 155
área ampliação
3.51 m²
135 15
175 80
BWC
4.20 m²
305 80
15
furos maiores e menores espaçamentos entre os mesmos, servindo mais como um elemento de barreira visual. Já nas fachadas norte e noroeste, este padrão se diferencia. As chapas perfuradas das placas possuem maiores espaçamentos entre furos, o que garante maior opacidade, e contudo, controle solar quando desejado. BWC
155
COZINHA/A.S
4.20 m²
7.18 m²
3.51 m²
COZINHA
15
BWC
4.32 m²
As dimensões internas atendem às dimensões mínimas estabelecidas nas especificações do Programa Minha Casa Minha Vida, sendo este um parâmetro de comparação utilizado. As tipologias 2 e 4, além das dimensões dos cômodos, também possuem o banheiro com as dimensões de acessibilidade. 135
A.S
1.91 m²
15
240
15
495
15
15
600
BWC
7.18 m²
790
410 1005
525
240 BWC
3.51 m²
15
15
15.94 m²
15
15
COZINHA/A.S
área ampliação
4.20 m²
630
ESTAR/JANTAR371
123
240
305
15
15
15
6.94 m²
630
COZINHA
15
A.S
2.16 m²
240
BWC
15
8.64 m²
15
DORMITÓRIO 2
8.64 m²
15
525
80
15 600 360
BWC
DORMITÓRIO 1
240
175 80
80 15 600 360 15 15
1005
80
1085
80 240 15 15 15 360150
15
15
15
15
123
15.94525 m²
3.39 m²
15 180
1.91 m²
15
780
15
15
15
1085
240
4.32 m²
15
15
BWC
COZINHA
A.S
80
600
150
15
15
7.18 m²
3.51 m²
15
BWC
4.20 m²
305
1005
15.94 m²
ESTAR/JANTAR371
Na fachada dos dormitórios e sala, procurou-se propor um elemento que, além de garantir minimização da entrada direta de luz e sol, permitisse certa privacidade dos moradores, como também conferir identidade ao projeto e a intervenção. Os painéis de placas perfuradas deslizam na fachada através de trilhos, podendo estar em frente ao dormitório ou sala, ou até mesmo não estar barrando nenhum dos cômodos, Nas fachadas leste e nordeste, o padrão desta placa permite maior entrada de luz e dos raios solares - maior transparência, com
BWC
175
1085 240
ESTAR/JANTAR
15
525
DORMITÓRIO 2
790
ESTAR/JANTAR
123
área ampliação
15
710
9.84 m²
15
15
área ampliação
790
DORMITÓRIO 1
240
3.39 m²
15
15
410
8.64 m²
630
DORMITÓRIO 2
8.64 m²
A.S
240
Os dormitórios estão orientados para aproveitar a maior incidência solar, assim como na maior parte das tipologias também acontece para a sala de estar. Outra questão importante é que além do aproveitamento da melhor incidência solar, desejável principalmente para o inverno, garante-se a ventilação cruzada para o verão. As tipologias podem receber alterações internas dos dormitórios e sala, resultando na possibilidade de aumento de dormitório, ou inserção de um novo, no lugar da sala. Seriam os casos em que a família aumenta, abdicando do espaço da sala como contrapartida, porém mantendo os
DORMITÓRIO 1
2.16 m²
15
360
360
360
360
13 unidades - tipologia 4 (2 dormitórios - 48,3m2)
240
680
80 15
área ampliação
15
15
15
15
2 unidades - tipologia 3 (3 dormitórios - 66m2)
área ampliação
240
15
240
6.94 m²
15
15
15
180
240
15
COZINHA
525
15
15
15
15
15
240
A.S 2.16 m²
150
525
780
15
8.64 m²
Esse prolongamento possui dimensão adequada a fim de reduzir a insolação no verão, quando o sol está menos inclinado, e permitir que no inverno os raios adentrem a janela. As esquadrias mantém a proporção das portas, uma vez que além de permitir a entrada do sol devido a sua altura, propõe-se que dessa forma haja também a contemplação do parque e praça, uma vez que o angulo de visão fica direcionado para estas áreas.
80
525
18 unidades - tipologia 2 (2 dormitórios - 49m2)
240
DORMITÓRIO 2
8.64 m²
cômodos principais técnicos e de utilização fundamental. Os diferentes arranjos também contam com a utilização do prolongamento da laje. Esta área, que configura uma sacada para utilização dos moradores aproveitando as vistas do parque e praça, pode futuramente servir como expansão da unidade, de produção do próprio morador, aumentando um cômodo ou outro conforme sua necessidade.
10 unidades - tipologia 1 (1 dormitório - 33,7m2) 15
BWC 3.39 m² DORMITÓRIO 1
15
175
80240 1515
área ampliação
15 360 150
Diferem-se quatro tipos de tipologia, sendo que nos volumes 1A, 1B e 2B as mesmas se repetem - 1, 2 e 3 dormitórios, enquanto que no volume 2A tem-se outra tipologia de 2 dormitórios (denominada tipologia 4), devido a proporção retangular da unidade. Dessa forma, obtêm-se diferentes possibilidades de ocupação de acordo com a necessidade variável com a configuração das famílias em questão. Totalizam-se 43 unidades, dispostas da seguinte forma:
15 15 180
UNIDADES
15
15
80 15 15
240
15.94 m²
15
15
15
ESTAR/JANTAR
15
240
13.53 m²
8.64 m²
16.64 m²
80
1085
15
8.64 m²
ESTAR/JANTAR
15
9.84 m²
780
1005
15
525
790
8.64 m² 630
8.64 m²
15
255
780
240
15
525
Possibilidade de alteração: aumentando o dormitório no lugar da sala de estar
525
240
15
240
15
15
15
240
15
Possibilidade de alteração: substituindo a sala por um dormitório e utilizando os 80cm disponíveis para ampliação
área ampliação
625 15
240
15
495
15
710
15 305 80
área ampliação
15 125 360
A.S
DORMITÓRIO 1
710
1.91 m²
15
8.64 m²
240
595 625
ESTA
2
15
340
15
15
15
15
255
240
15
525
780
340
7.48 m²
305 80
15
ESTA
2
15
COZINHA/A.S
área ampliação
7.48 m²
15
240
240
COZINHA/A.S
125 360 15
15
3.39 m²
15
15
3.51 m²
135
15
7.18 m²
625
Possibilidade de alteração: utilizando os 80cm disponíveis para ampliação para COZINHA o 4.32 dormitório m²
15
COZINHA/A.S
710
680
15 155
15 175
BWC
360
15
360
360 15
8.64 m²
BWC
4.20 m²
DORMITÓRIO 1
15
150
DORMITÓRIO 1
625 15
240
15
375 340
área ampliação
UNIDADE TIPO 2
15
360
ÁREA TOTAL: 49m2
15
7.48 m²
15 200
525
COZINHA/A.S
305
15
80
ÁREA TOTAL: 33,7m2
371
120
UNIDADE TIPO 1
123
15
15
15
escala 1:100
ESTA
2
15
6.94 m²
595
15
2.16 m²
15
125
COZINHA
710
8.64 m²
A.S
80
525
BWC
15
13.53 m²
16.64 m²
15
240
180
255
15
15
600
escala 1:200
15
15
1.91 m²
ESTAR/JANTAR
8.64 m²
15
15
A.S
1005
240
4.32 m²
15
15
COZINHA
ESTAR/JANTAR
DORMITÓRIO 1
8.64 m²
15
Possibilidade de alteração: substituindo a sala ESTAR/JANTAR por um dormitório e 15.94 m² utilizando os 80cm disponíveis para ampliação
1085
3.51 m²
135
305 15 15
9.84 m²
DORMITÓRIO 2
80
680
15 710
15 155
BWC
A.S
DORMITÓRIO 1
340
área ampliação
790
8.64 m²
790
DORMITÓRIO 2
8.64 m²
305
DORMITÓRIO 1
13.53 m²
630
ESTAR/JANTAR
8.64 m² 790
790 15
DORMITÓRIO 1
410
RIO 2
m²
360
360
360
360
80
área ampliação
240
15
15
80
240
15
área ampliação
15
80
15
525
15
240
80
15
15
80
área ampliação
240
80
15
15
15
240
80
15
15
80 15
240
15
80
15
15
15
780
80
525
525
595
240
15
COZINHA 6.94 m²
123
371
15 680
790 135
15
15
710
680
15
15
BWC 155 15
COZINHA 4.32 m² A.S
135
15
7.18 m²
3.51 m²
PISO 03
495
15
15
nível +6,70m
15
tipologia 1 = 4 unidades tipologia 2 = 5 unidades 15 tipologia 4 = 3 unidades
15
área ampliação
240
240
15
área ampliação
ESTAR/JANTAR
8.64 m²
13.53 m²
625
80
15
200 120
15
15
360
DORMITÓRIO 1
371 525
240
ESTAR/JANTAR 15
25.22 m²
15
175
15
710
240
BWC 4.20 m²
COZINHA/A.S
15
525
8.64 m²
15
255
7.48 m² 33 Room 8.64 m²
15 15
595
15
15 1000
UNIDADE TIPO 4 ÁREA TOTAL: 48,3m2
GARAGEM nível -1,70m 625 15
240
15
375 340
área ampliação
15
360
15
80
123
DORMITÓRIO 2
8.64 m²
240
1.91 m²
tipologia 1 = 1 unidade 15 tipologia 2 = 2 unidades tipologia 3 = 1 unidade
80
15
15
125
780
15
360
área ampliação
COZINHA
305
495
15
15
15 15
nível +1,00m
375 340
4.32 m² A.S
135
PRAÇA
15
7.18 m²
15
305
COZINHA/A.S
15
Possibilidade de alteração: substituindo a sala por um dormitório e 15 240 utilizando os 80cm disponíveis para ampliação
3.51 m²
240
360
15
715
155
BWC
15
80
BWC
4.20 m²
710
15
16.64 m²
DORMITÓRIO 1
680
ESTAR/JANTAR
tipologia 1 = 4 unidades tipologia 2 = 5 unidades tipologia 3 = 1 unidade tipologia 4 = 3 unidades 15
9.84 m²
8.64 m²
790
DORMITÓRIO 2
DORMITÓRIO 1
nível +3,85m
360
PISO 02
80
600
15
80
240
525
15
15
240
525
15
240
255
80
15
15
15 240
1.91 m²
15
COZINHA/A.S
4.20 m²
305
175
BWC
15
80 15
15
80
80
13.53 m²
16.64 m²
15
6.94 m²
15
360
ESTAR/JANTAR
8.64 m²
15 1005
240 15 150
2.16 m² 15
180
15
3.39 m²
COZINHA
240 525
790
DORMITÓRIO 1
8.64 m² 790
DORMITÓRIO 2
360
80
240
175
1085
15.94 m²
A.S
255
tipologia 2 = 2 unidades tipologia 4 = 3 unidades
780
15
ÁREA TOTAL: 15 66m2
ESTAR/JANTAR
BWC
80
80 15 360
80 15 360 790
15
15
área ampliação
80
371
240
15
15
630
ESTAR/JANTAR
15
nível +9,55m
15
15
15
525
240
790
8.64 m²
123
410
DORMITÓRIO 2
8.64 m²
15
15
6.94 m² 15
COZINHA
630
DORMITÓRIO 1
9.84 m²
15 180
A.S 2.16 m²
525
360
360
15
área ampliação
DORMITÓRIO 1
15
UNIDADE TIPO 3 15
15
PISO 04
15
780
15
80
15
BWC
15
525
240
80
360
3.39 m²
1000
15
80
715 1005
15
15.94 m²
600
15
15
240
15
15
1085 240
ESTAR/JANTAR
150
595
15
área ampliação
410
8.64 m²
240
360
15
360
DORMITÓRIO 2
8.64 m²
240
15
DORMITÓRIO 1
8.64 m²
125
80
área ampliação
15
15
80
4.20 m²
33 Room
240
495
4.32 m² 1.91 m²
15 175
15
80
240
360
7.48 m²
15
tipologia 1 = 1 unidade tipologia 2 = 3 unidades tipologia 4 = 4 unidades 15
COZINHA A.S
15
780
15
15
240
BWC
15
305
COZINHA/A.S
240
7.18 m²
3.51 m²
15
180
A.S 2.16 m²
525 15
15
BWC
COZINHA/A.S
525
25.22 m²
15
nível +12,40m
780
15
ESTAR/JANTAR
13.53 m²
15
15
15
240
8.64 m²
ESTAR/JANTAR
8.64 m²
15
15 600
80
15 150
15 360
DORMITÓRIO 2
8.64 m²
15
710
BWC
DORMITÓRIO 1
8.64 m²
PISO 05
4.20 m²
15
área ampliação
155
15
BWC
240
DORMITÓRIO 2 ESTAR/JANTAR 16.64 m²
175
1005
15.94 m²
15
15
9.84 m²
240
15
DORMITÓRIO 1
15
15
nível +15,25m
3.39 m²
DORMITÓRIO 1
COBERTURA
15
1085
ESTAR/JANTAR 240
120
15
200
15
área ampliação
240
15
8.64 m²
15
área ampliação
630
DORMITÓRIO 2
8.64 m²
80
80
DORMITÓRIO 1
240
305
15
15
80
80
80
360
240
15
15
área ampliação
410
340
15
15
15
15
360
240
240
360
15
375
525
780
15
15
625
240
710
525 15
PERSPECTIVA B - LIGAÇÃO RUA PBLOCO 2
4
+9.55
+15.25
i: 10%
i: 10%
1898
1 : 200
007 - COBERTURA
A10
6
A10
1003
laje impermeabilizada
+3.85
2819
3018
1002
+6.79
3
A10
5
A10
5
A09
laje impermeabilizada
A10
6
+1.00
+3.85
-1.00
1 A09
03 10
A10
4
2 A09
20 24
4020
13 18
3
5
A09
nĂvel +15,25m
0% i: 1
40 23
10
15 28
PLANTA DE COBERTURA
0
+15.25
0% i: 1
laje impermeabilizada
+9.64
05 37
85 12
2
5 47
A09
20
A09
1
-1.00
4
5 A10
320
-1.70
-3.00
0 65
5
6
5
4
3
2
1
10
-4.00
24 22
0 71
-0.99
nível -1,70m
PLANTA BAIXA - GARAGEM
0
-4.00
7
5 16
1 : 200
715
-1.69
-2.00
A09
3
5 67
66.30 m²
PADARIA/CAFÉ
4 A10
2 A09
27.45 m²
DEPÓSITO
9 99
8
9 10 11 12 13 14 15 16
0 30
5 19
27.24 m²
DEPÓSITO LIXO
4 50
000c - GARAGEM - 681.8
A10
5 A10
-1.70
348.05 m²
GARAGEM
25 13
3
06 22
46 26
0 44 3 87
A09
1 A09
00 22
1000
-1.00
2 A09
1
-0.88
20
A09
4 83
00 22
4
1 : 200
001b - TÉRREO PRAÇA 684.5
A10
6
A10
80
205
53.54 m²
EXTERNO
205
54.48 m²
COBERTO ABERTO
161514131211109 8 7 6 5 4 3 2 1
400 560
995
715
710
710
+1.00
A10
5
A10
5
200
80
80
3
174
A09
4
200
A10
6
A10
180
160
+1.00
16 15 14 13 12 11 10 9 8
1
5
2
6 4 3 2
-1.00
A09
7
A09
i=13%
PROJEÇÃO TORRE
1
3 92
9 83
0 53
+1.02
2 29
8
7
8 62
3
5
A09
6
5
4
+1.02
0 52
9 10 11 12 13 14 15 16
0 39
3
2
1 21
1
0 18
5 38
i=8%
10
25 22
104.22 m²
nível +1,00m
05 12
INFANTIL - CUIDADORAS
-0.99
PLANTA BAIXA - PRAÇA
0
57.88 m²
SALA COMERCIAL
0 18
+1.00
25.37 m²
17.84 m²
SALA COMERCIAL
SALA COMERCIAL
+1.02
37.60 m²
SALÃO DE FESTAS
0 51
525
0 25
3040
75 28 5 24
2665
5 52 1 51
375
-1.00
4 83
04 10
2 A09
-0.20
1
20
-2.00
A09
i=7%
-1.00
4
1 : 200
UP escada acesso rua
390
BLOCO 2
153
315
212
+3.85
715
780
+1.00
5 A10
710
A10
5
A09
3
200
80 A10
6
escada acesso rua
BLOCO 1
4 67
+3.85
1
1270
+2.43
A09
0 71
4 A10
3.72 m²
BWC
28.94 m²
2 A09
18 18
-1.00
8 40
+1.00
SALA COMERCIAL
80
nível +3,85m
5
10
+3.85
EE
FF
PLANTA BAIXA - PISO 02
0
3 A09
25 20
84 35
002 - PISO 02
A10
6
A10
350
+3.85
80 710 190
9 64
2650
790
4 23 85 10
390
4 17
190
1 12
3040
0 79
DD
2 A09
5 37
0 51
42 12
1
20
A09
4
80 710 213
200
210
+6.70
185
BLOCO 2 210
1002
+6.84
+7.60
5 A10
510
+6.79
1002
5 A10
A10
6
+6.70
BLOCO 1
2 21
1
1270
0 51
4 A10
UP
03 0 10 71
A09
2
80
44 15
6 28
5 19
5
A09
3
0 51
34 24
0 71
5 67
0 23
3 61
75
+6.70
10
nível +6,70m
PLANTA BAIXA - PISO 03
0
+6.70
85 35
1 : 200
543
3
375
A09
0 38
Copy of 003 - PISO 03 003 - PISO 03 1 : 200
A10
6
A10
2310
3017
A09
790
13 16
213
0 12
3016
9 78
2 A09
5 37
0 51
9 17
1
20
A09
529
+9.55 BLOCO 2
175
1956
A10
5
A10
5
254
E
A10
6
542
03 10
A10
4
2 A09
13 18
8 40
3
5
A09
10
15 28
+9.64
+9.55
nível +9,55m
PLANTA BAIXA - PISO 04
0
0 23
1 : 200
3366
+9.55
765
3
1 A09
5 67
Copy of 004 - PISO 04 004 - PISO 04 1 : 200
A10
6
A10
4
80 710
A09
775
302
1375
80
213
85 10
373
20 24
228
05 37 0 38
0 20
05 10
DD
2 A09
1
20
A09
4
UP
+12.40
1 : 200
2819
4160
5
A10
5
A10
A10
6
A10
4
2 A09
40 23
5
10
nível +12,40m
PLANTA BAIXA - PISO 05
0
3 A09
49 27
+12.40
85 12
Copy of 005 - PISO 05 005 - PISO 05 1 : 200
A10
6
A10
80
3
85 10
1003
80
710
05 10
213
A09
790
1 A09
0 20
2 A09
1
20
A09
+18.00 +16.15 +15.25
+15.25
+12.42
1425
+6.70
+9.57
+9.55
+6.72 598
1675
+9.56
257
257
30
+12.40
+3.85
257
+3.85
+1.00
-1.00
4
CORTE D-D 1 : 200
PERSPECTIVA G - LATERAL
570
ESC: 1/200
313
CORTE 4
256
28
+15.25
200
+18.00
-0.99
-1.70
CORTE 1
ESC: 1/200
CORTE A-A 1 : 200
30 256
223
30 256
298
30 256
30 285
275 570 598
-2.85
CORTE 2
ESC: 1/200
-1.70
CORTE B-B
457
+1.02
+3.87
456
30 256
+1.02
+9.70
+6.72
242
+1.00
257
1425
1168
50
+12.42
-0.99
1625
30 256 28
+15.25
103
75
+18.00
256
1
28 570
28 257
+1.02
242
200
+1.02
257
30 256 30 256
+3.87
28
28
30 256
+6.72
257
37
+9.70
30 256
+9.56
256
248
313
75
+15.25
+3.85
PERSPECTIVA H - ENTRADA DO PARQUE
598
42 257
+3.87
28 257
570
+6.85
+1.02
+1.00
-1.00
6
CORTE F-F
CORTE 6
ESC: 1/200
1 : 200
CORTE 5
ESC: 1/200
+12.42
+9.59
+6.85
CORTE G-G
840
285
30 256 30 256
+1.02
272
-1.70
+3.87
241
+1.00
257
+3.87
284
598
+6.72
43
1425
257
313
65
+15.25
ESTRUTURA, COMPONENTES, SISTEMAS A estrutura utilizada foi o concreto armado, com sistema de pilares e lajes nervuradas com vigas faixa, uma vez que a reutilização das formas (cubetas) poderia ocorrer dentro da própria intervenção, reduzindo os gastos com formas e também os gastos gerais da técnica utilizada. Além disso, esta laje possibilita o arranjo interno das unidades, conforme a necessidade dos seus usuários, podendo receber as cargas das paredes em qualquer ponto da laje.
um papel importante no controle de águas da área, pois recolhem as precipitações incidentes sobre a edificação. Nos terraços jardim (cobertura verde), a água fica retida na própria terra, e serve para irrigar a cobertura vegetal. O restante, após passar por filtros, passa a ser armazenada nas cisternas de águas pluviais, para ser reaproveitado na edificação ou no próprio parque através de irrigação e uso em vasos sanitários, voltando lentamente ao seu ciclo natural. O mesmo ocorre para as águas pluviais recolhidas nas coberturas do último pavimento. Outra questão quanto as coberturas, se refere a inclinação da cobertura metálica acima da última laje, inverno possibilitando à utilização de placas solares para aquecimento de água da edificação, nas orientações norte e noroeste.
manutenção através dos shafts. Alguns deles, localizados na parede de divisa com a circulação externa, são utilizados para passagem elétrica como também a tubulação necessária para o sistema de prevenção de incêndio. Os núcleos molhados facilitam que essa prumada não tenha interrupção, uma vez que estas áreas estão concentradas e uma acima da outra, em cada pavimento. verão
Atentar as recomendações no que diz respeito ao conforto térmico da edificação se faz necessário, uma vez que existe um grande desconforto durante a maior parte do ano, em sua maioria pelo frio. Isso justifica a procura por uma orientação solar adequada da edificação e o aproveitamento da incidência solar. Para o verão, a ventilação natural é uma solução, conforme o ZBBR, que supre as necessidades. Os ventos predominantes são do quadrante Leste com ventos representativos de sul e também norte, na maior parte do ano, conforme indica o Atlas Eólico do Rio Grande do Sul. Outra questão abordada no projeto são as prumadas hidráulicas e elétricas, que se encontram distribuídas nos pavimentos. Por essas prumadas passam as tubulações e garante-se uma facilidade de
Conforme orientação indicada no Software ZBBR - Classificação bioclimática das sedes dos municípios brasileiros, que define recomendações de estratégias a serem adotadas pelas edificações para determinada cidade, tem-se: área de aberturas em 15% a 25% da área do piso, e as propriedades das paredes e coberturas. Sendo para paredes, a transmitância térmica deve ser menor do que 3,00 W/ m2.K e para coberturas menor do que 2,00 W/m2.K. Seguindo essas indicações, nas orientações de maior incidência solar, tem-se para a área do cômodo de 8,64m2 (a exemplo da área do dormitório), 1,68m2 de abertura. Isso corresponde a aproximadamente 20% do piso. Para a sala, nas unidades que a mesma encontra-se nessa orientação, tem-se 3,36m2 de abertura para a área que compreende todo interior da edificação. Quanto aos fechamentos, o Catálogo de propriedades térmicas de paredes e coberturas elaborado pelo LabEEE - UFSC, sugere que a parede cerâmica com reboco (dimensão total = 15cm) é adequada para esta solicitação de transmitância térmica (U = 2,5 aproximadamente). As lajes recebem cobertura verde nos pontos de acesso e telha metálica com câmara de ar acima da laje nos pontos em que a mesma não possui acesso direto dos usuários. Em ambos os casos, as coberturas possuem um desempenho térmico adequado, bem como
Direitos Autorais Lei 9.610/98 art. 7O, itens X e XI (art. ), Único.
Figura XX: Isométrica explodida da estrutura vista de baixo para cima, ressaltando a laje nervurada com cubetas de dimensão de 600x600x180 e vigas faixa
Figura XX: Corte esquemático evidenciando sol e vento
PERSPECTIVA I - TERRAÇO JARDIM BLOCO 2
guarda corpo com gradil metálico
pingadeira chapa metálica dobrada
platibanda em alvenaria rebocada regularização e impermeabilização i= 1%
terraço jardim
telha metálica com inclinação de 10% impermeabilização calha
calha
DET 01 painel móvel
guarda corpo com gradil metálico calha
DET 03 cobertura metálica para captação de águas pluviais
alvenaria rebocada e pintura regularização, impermeabilização, contrapiso e piso acabado
laje nervurada h= 23cm
DET 02
painéis metálicos móveis com fechamento de placa perfurada
laje nervurada com cubetas pré fabricadas e vigas faixa
DET 03 guarda-corpo com gradil metálico
DET 04
painel de aquecimento solar esquadria com peitoril 1,55m grade metálica
DET 04 terraço jardim - horta
DET 02
DET 01
CORTE PERSPECTIVADO E DETALHES
PERSPECTIVA L - VISTA AÉREA
PERSPECTIVA J - ESCADA DE ACESSO A PRAÇA INTERNA
PERSPECTIVA M - RAMPA E PASSARELA
REFERÊNCIAS Teóricas - UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL. “Plano Local de Habitação de Interesse Social de Caxias do Sul.” Caxias do Sul. Dezembro de 2010. - PREFEITURA MUNICIPAL DE CAXIAS DO SUL. “Plano Municipal de Redução de Risco para o Município de Caxias do Sul.” Caxias do Sul. Novembro de 2006. - CAXIAS DO SUL, SUL, Secretaria do Planejamento. Mapa digital do sistema único de informação, 2013. Disponível em http://mapguide.caxias.rs.gov.br/ mapguide//phpviewersample/ ajaxviewerinternetsample.php Acesso em 16 de setembro de 2013. - CHERKEZIAN, H.; BOLAFFI G. “Caminhos do Mal-Estar Social: habitação e urbanismo no Brasil In: Novos Estudos CEBRAP”. São Paulo, n.° 50, 1998. - BAN, Shigeru. Entrevista Jornal El País. Disponível em http://elpais.com/ elpais/2013/06/24/eps/ 1372089024_687561 Acesso em julho/2013. - BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Disponivel em: http://www.ibge. gov.br/cidadesat Acesso em: março. 2013.
Projetuais BAMBURRAL | Brasil Arquitetura Projeto que envolve 250 unidades habitacionais em 5 blocos, com a canalização do Córrego do Bamburral, criação de praças e parques, em um total de 39.800m2 na cidade de São Paulo. O projeto busca remover famílias que vivem em péssimas condições de moradia e salubridade, com alto grau de risco de vida em caso de desmoronamento e inundações do córrego existente e consequentes doenças contagiosas. Também procura a recuperação de uma importante área de proteção de manancial com a retirada de todas habitações precárias das encostas e fundo do vale, devolvendo a área à população removida e reassentada em edifícios verticais na forma de parque público para recreação, lazer e convivência da comunidade. Ressalta-se desta interessante proposta a forma que o conjunto de novas habitações se relaciona com o parque público criado, revitalizando a área. (FONTE: http://www.brasilarquitetura.com/)
PARQUE NOVO SANTO AMARO | Viglieca Arquitetos Associados O projeto, do Programa Mananciais (SP), localizase em uma área prioritário com alto risco de desabamentos e erosões. Totalizam-se 200 unidades - número de famílias removidas procurou a conformação de um parque ao fundo do vale. Neste projeto, optou-se pela canalização do córrego, uma questão refletida pelos autores do projeto que avaliam ser este um “posicionamento político” que ainda não conseguiu-se desvencilhar, devido ao fato de ser “mais rápido canalizar um córrego e enterrar os problemas dele oriundo do que lidar com as águas poluídas”. A proposta procura “enfrentar a cidade real”, sendo um marco dentro da comunidade, adicionando equipamentos e espaços públicos a sua vida cotidiana. (FONTE: Revista AU 225)
- BRASIL. Secretaria do Planejamento, Gestão e Participação Cidadã do Estado do Rio Grande do Sul. Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser - FEE. Disponível em: http:// www.fee.tche.br/sitefee Acesso em agosto/2013. - STORMOWSKI, Marcia S. “Crescimento econômico e desigualdade social: o caso da ex-colônia Caxias (1875-1910)”. Dissertação de Mestrado em História apresentada ao Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 2005. - NUNES, Maria F. O.; FISHER, Vera L. B.; ROSSI, Carolina V. “Urbanização e Expansão Industrial em Caxias do Sul”. Artigo publicado no XIV Encontro Nacional da ANPUR. Rio de Janeiro: ENANPUR, 2011. - CORRÊA, Gabriela O. “Industrialização e Sub-habitação em Caxias do Sul. Artigo do Núcleo de Pesquisa Estudos Urbanos - UCS. Caxias do sul: UCS, 2011. - BRASIL. Ministério das Cidades. Programa Minha Casa Minha Vida. / FAR Especificações. 2011. As demais referências teóricas utilizadas no TCC1 estão citadas no caderno produzido no primeiro semestre de 2013.
REAL PARQUE | Escritório Paulistano Essa proposta de habitação social em São Paulo utiliza a própria diferença de nível para acesso a edificação. Outra questão são os acessoas as unidades, através de circulações externas que também conformam espaços de estar dos moradores e uma praça central. (FONTE: Revista AU 228)
QUNLI STORMWATER Turenscape
WETLAND
PARK
|
Neste projeto, ressalta-se as passarelas e espaços de estar interligados a natureza, como também os wetlands como forma de tratamento dos resíduos líquidos no próprio parque.(FONTE: ArchDaily)
JARDIM EDITE | MMBB
ABRIGO PROVISÓRIO PARA DESASTRES | Shigeru Ban
Este projeto demonstra uma interessante implantação dos volumes, conformando áreas públicas e semi-públicas, como também a inserção do conjunto na cidade, em um local onde antes era a favela de mesmo nome, em uma parte nobre da cidade de São Paulo. A proposta reune habitação e outros equipamentos públicos de apoio, como Restaurante Escola, Unidade básica de saúde e creche. Destaca-se a permanência da população no local e as circulações que ligam aos apartamentos, sendo uma área de expansão da área interna dos mesmos, conectada ao exterior por grandes aberturas. (FONTE: MMBB)
Alojamento de construção rápida e provisória, utilizando containers em uma estrutura vertical, para as vítimas do Tsunami no Japão. Vale ressaltar que a solução provisória pode extender-se a longo prazo, conforme a falta de abrigo. (FONTE: Designboom)
CASA PARA ESTUDANTES (UNIVERSITAT CATALUNYA) | H Arquitectes + dataAE
PROJETO URBANO CÓRREGO DO ANTONICO | MMBB
POLITÉCNICA
HABITAÇÃO SOCIAL EM PENELA | João Álvaro Rocha Destaca-se, neste projeto, as circulações externas que interligam os pavimentos dos blocos, resultando em áreas de estar e ligação. O fechamento feito com grades, que cotidianamente são utilizadas para fechar, neste caso demonstram-se uma possibilidade de abertura, quando comparado a circulações fechadas. Externamente, tem-se diferentes ângulos de visão, frontais permeaveis e laterais opacos. (FONTE: João Álvaro Rocha)
DE
Projeto modular que conforma uma praça interna, e circulações a sua volta, reforçando a ligação do interior (apartamentos) com a praça e o exterior através deste espaço de transição. (FONTE: Archdaily)
Um projeto de “reconciliação da favela com as águas”, como os arquitetos definem, resulta numa nova abordagem nesta relação. Existe uma questão técnica, na divisão dos fluxos: acima, as nascentes e fluxo de base, e canalizado abaixo o restante, como também um complexo sistema de controle de cheias. Esta mudança proporciona ao córrego estabelecer-se como um novo eixo de conformação urbana, com uma série de equipamentos, áreas habitacionais e possibilidades de desenvolvimento de comércio/serviços neste eixo. Ressalta-se que esta nova relação da população com o córrego permite um domínio público, desejado no projeto que alia a necessidade técnica com a oportunidade de requalificação urbana. (FONTE: MMBB)
PARQUE CULTURAL TIUNA EL FUERTE | Lab.Pro. Fab Um parque que diariamente recebe centenas de crianças para oficinas de arte e cultura, que reflete no espaço urbano e cria um novo marco para as comunidades e cidade. A ideia se baseia na formação de um parque ecológico sócio-produtivo, que englova equipamentos e espaços com multipas atividades. (FONTE: Lab.Pro.Fab)
CHAPA PERFURADA | Os painéis de chapa perfurada, ao mesmo tempo que filtram os raios solares, garante a permeabilidade visual e também um certo nível de privacidade.
AGRADECIMENTOS Parte do processo Ao orientador e amigo, Professor Américo Ishida, o qual tenho grande admiração, pela constante troca de conhecimento que começou ainda antes deste trabalho. Por não medir esforços em ensinar, e se preocupar com a formação dos alunos e por ter tido sensibilidade nas orientações, contribuindo de forma muito importante ao longo do trabalho. Este processo de conclusão de curso foi muito mais leve por saber que, mesmo que finalizado, a arquitetura e também o conhecimento são buscas contínuas. Também ao Professor José Kós, pela atenção e amizade ao longo deste período e durante a vida acadêmica, extendendo aos demais professores que de alguma maneira ou outra contribuiram para este processo, dentre os quais a Professora Maria Inês e o Professor Lino Peres que possibilitaram conversas sobre o trabalho. Aos meus pais, irmãos e a Bruna, por darem suporte durante os dias difíceis e não tão difíceis deste período de tcc, além de dispensarem comentários quanto a sua importância. Aos arquitetos e amigos Antônio Couto Nunes, Diegao Fagundes, Eduardo Souza, Lis Moreira, Marcelo Venzon, Romullo Fontenelle, e outros que posso estar esquecendo, que auxiliaram de inúmeras formas, assim como a Eloisa Grizzon extendendo aos demais membros do grupo GRID (UFRGS) e da Secretaria Municipal e Prefeitura de Caxias do Sul. Aos amigos, em especial Bruna, Gabriela Goedert, Gustavo Fones e Maurício Reck, por estarem sempre presentes e atuantes. Enfim, a todos que de uma maneira ou outra fizeram parte desta busca por uma contribuição, mesmo que pequena, para a cidade.
março de 2014