TCC - PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR

Page 1

PERMANÊNCIAS

&

TRANSITORIEDADES A OCUPAÇÃO DE

VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR/BA

FELIPE SANTOS DO CANTO 1



CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

FELIPE SANTOS DO CANTO

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR/BA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ORIENTADORA: LIANA SILVIA DE VIVEIROS E OLIVEIRA

SALVADOR 2020


AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pela força e equilibrio concedidos, que me ajudaram a enfrentar todas as dificuldades sem perder a positividade. Agradeço a minha mãe, irmã e família que sempre me apoiaram e tornaram o desejo de uma graduação possível. Agradeço a todos colegas de turma que dividiram as angustias e dificuldades, em especial Juliana pelo carinho e confiança depositados. Agradecimento especial aos meus amigos e colegas do “Grupo Errado”: Aline, Amanda, Camila, Igor, Isa Lara, Janyne, José Cesar, Lidiane e Marlon que proporcionaram produtivos mutirões para finalização de projetos, além de muitos momentos leves e lembranças boas da vida acadêmica. Agradeço a minha orientadora e amiga Liana Viveiros por me apresentar Arquitetura e Urbanismo para além de tudo que eu já havia aprendido e por acreditar em mim e sempre me trazer inquietações, que apesar de somadas a noites sem dormir, contribuíram imensamente para a busca pela excelência dos meus resultados. Agradeço a todos os meus professores e professoras que de alguma maneira me agregaram conhecimentos nessa jornada. Agradeço aos meus amigos e principalmente as minhas melhores amigas Karine e Nicole que não desistiram de mim mesmo após todas vezes que coloquei a faculdade em prioridade, amo vocês. E por fim agradeço a todos que me mandaram positividade e torceram pelo meu sucesso na vida acadêmica e na realização desse trabalho.


RESUMO

ABSTRACT

O presente trabalho tem como objetivo o estudo e mapeamento de vazios construídos para a proposição de equipamentos de moradia e geração de renda para as pessoas em situação de transitoriedade, no entorno da Ladeira da Soledade, Salvador, Bahia. Para isso, foram estudados conceitos de vazios construídos, transitoriedade permanente, permanência e restauro urbano. A fim de dialogar com o maior grupo de pessoas possível, os espaços propostos exploram o potencial da diversidade das formas de ocupação, por meio de locais híbridos e flexíveis que possibilitem a diversidade de usos, enquanto fornecem a possibilidade da liberdade de apropriação, dialogando com as características urbanísticas, climáticas e as condições dos moradores pertencentes ao tecido urbano de um centro antigo. Espera-se com o projeto contribuir para a visibilidade de uma área esquecida do Centro Antigo e demonstrar a possibilidade de implantação de habitações de baixo custo agregando espaços que possibilitem meios de obtenção de renda, em locais acessíveis, com boa infraestrutura e bem localizados.

The present work aims to study and map the voids built for the proposal of housing equipment and income generation for people in transit, in the surroundings of Ladeira da Soledade, Salvador, Bahia. For this, concepts of constructed voids were studied, permanent transience, permanence and urban restoration. In order to dialogue with the largest possible group of people, the proposed spaces explore the potential of the diversity of forms of occupation, through hybrid and flexible locations that enable the diversity of uses, while providing the possibility of freedom of ownership, dialoguing with the urbanistic, climatic characteristics and the conditions of the residents belonging to the urban fabric of an former downtown. The project is expected to contribute to the visibility of a forgotten area of the Centro Antigo and to demonstrate the possibility of implementing low-cost housing by adding spaces that enable means of obtaining income, in accessible locations, with good infrastructure and well located. Key words: Former Downtown; Empty Constructed; Permanences And Transitorities; Right to the City

Palavras-chave: Centro Antigo; Vazios Construídos; Permanências e Transitoriedades; Direito à Cidade .

CANTO, Felipe Santos do. PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR/ BA. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Arquitetura e Urbanismo. 2020. 96 p. Universidade Católica de Salvador, Salvador, 2020.

CANTO, Felipe Santos do. PERMANENCES AND TRANSITORITIES: THE OCCUPATION OF EMPTY CONSTRUCTED IN THE CENTRO ANTIGO OF SALVADOR/BA. Completion of Course Work. Architecture and Urbanism Course. 2020. 96 p. Universidade Católica do Salvador , Salvador, 2020


SUMÁRIO APRESENTAÇÃO

9

1.

INTRODUÇÃO

11

1.1 1.2 1.3

12 13 13 13 15

2. 3.

Justificativa e relevância do tema Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral 1.2.2 Objetivos Específicos Metodologia

TRANSITAR E PERMANECER NO CENTRO

16

MORADIA E FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE E DA CIDADE COMO DIREITOS 20

3.1 3.2

4.

5.

6. 7.

Sobre Patrimônio Histórico e Cultural Sobre o Direito à Moradia e a Função Social da Cidade e da Propriedade Urbana

21 22

CENTRO ANTIGO DE SALVADOR: HISTÓRICO DE DESPOSSESSÃO E ESVAZIAMENTO 24 NOTAS SOBRE O PENSAMENTO ACERCA DO RESTAURO DO PATRIMÔNIO URBANO 26 REFERÊNCIA PROJETUAL

28

ESTUDO URBANÍSTICO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO

34

7.1. 7.2

35 35 38 40 41

Análise da área de estudo 7.1.1. Processo Histórico de Ocupação da Área 7.1.2 A Via Expressa da Baía de Todos os Santos: Conflitos e Pressões 7.1.3 Histórico de Demolições 7.1.4 Topografia 7.1.5 Legislação Urbanística Incidente (Plano Diretor; Lei de Uso e Ocupação do Solo; Código de Obras) 7.1.6 Análise de gabarito 7.1.7 Análise do uso do solo 7.1.8 Infraestrutura e equipamentos urbanos 7.1.9 Mobilidade Urbana e Acessibilidade 7.1.10 Análise das tipologias arquitetônica e construtiva 7.1.11 Estudo Climático Análise da área de intervenção 7.2.1 O Largo da Soledade 7.2.2 Igreja e Convento das Ursulinas de Nossa Senhora da Soledade

42 46 46 48 50 51 60 61 63 64


8. 9.

7.2.3 Fachadas remanescentes de casarões desabados nº156/158 7.2.4 Sobrado geminado de azulejos nº 150/152 7.2.5 Ruína sobrado de azulejos nº146 7.2.6 Sobrado geminado de azulejos nº 131/133 7.2.7 Sobrado de azulejos nº125 7.2.8 Colégio Caneriro Ribeiro 7.2.9 Casarão nº117 7.2.10 Casarão da antiga Farmacia Estrela 7.2.11 Solar Bandeira 7.2.12 Ruínas de dois casorões 7.2.13 Ladeira do Canto da Cruz 7.2. 14 Casarão demolido da R. Professor Viegas

65 66 66 67 68 69 70 71 72 73 73 74

CONCEITO DO PROJETO

76

O PROJETO

80

9.1 9.2 9.3 9.4 9.5 9.6

82 83 83 83 84 85 85 85 85 86 87 89 87 87 87

Plano Mestre 9.1.1 Diretrizes de intervenção Solar Bandeira - Transitar 9.2.1 Diretrizes de projeto 9.2.3 Plantas de cadastro 9.2.3 Programa de necessidades e dimensionamento Sobrado de azulejos - Permanecer 01 9.3.1 Diretrizes de projeto 9.3.2 Programa de necessidades e dimensionamento 9.3.3 Mapeamento de danos 9.3.4 Registros do processo projetual 9.3.5 Perspectivas Sobrados nº156/158 – Permanecer 02 9.4.1 Diretrizes de projeto 9.4.2 Programa de necessidades e pré-dimensionamento Praça Professor Viegas – Proposta de novo ponto focal e integração com o espaço público existente 9.5.1 Diretrizes de intervenção 9.5.2 Registros do processo projetual 9.5.3 Perspectivas Praça Ladeira do Canto da Cruz – Requalificação de espaço público em praça 9.6.1 Diretrizes de intervenção 9.6.2 Registros do processo projetual 9.6.3 Perspectivas

88 88 88 89 88 88 89 89

10. PRANCHAS 76 11. PERSPECTIVAS 80 REFERÊNCIAS 91


8

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


APRESENTAÇÃO Esse trabalho é motivado pelos meus inúmeros passeios pelas áreas antigas do centro da cidade de Salvador, seja apenas como transeunte ou estudante de arquitetura e urbanismo. Observar aquela enorme quantidade de edifícios históricos vazios e em ruínas sempre me incomodou, gerando inúmeros questionamentos: Por que estão vazios? Como chagaram a tal estado de conservação? O que esses locais abrigavam antes e o que poderiam abrigar hoje? Por que existem tantos locais vazios e muita gente ainda sem moradia digna? Entendendo a importância da função social da Arquitetura e do Urbanismo, incorporo as questões das vulnerabilidades sociais, a fim de entender para quem esse estudo poderia ser direcionado. A aproximação com o conceito de Transitoriedade Permanente, de Raquel Rolnik, foi o o principal aliado para compreender o “para quem”, partindo de uma política nunca excludente e sempre agregadora. Assim, a área a ser escolhida tinha que estar bem localiza, inserida na poligonal do Centro Antigo, estar degrada e possuir inúmeros vazios e esses foram os critérios adotados. Se enquadrando nisso, optei pela a região da Soledade, que não possui previsão de projeto de requalificação, mesmo que tão próxima do cobiçado Centro Histórico, e sofre até hoje as consequências das inúmeras pressões advindas da implantação da Via Expressa da Baía de Todos os Santos, que contribuiu imensamente para o abandono e acentuou a degradação do local. Após os estudos teóricos, da área e do entorno, foi realizado um mapeamento, a fim de identificar os vazios. Assim, foi possível designar diretrizes de intervenção, tanto no traçado urbano, quanto no patrimônio edificado, propondo novos usos e resignificando outros e buscar soluções para alguns pontos de conflitos com intervenções urbanas necessárias e explorar as questões das transitoriedades e permanências através do projeto arquitetônico. Além de um trabalho de conclusão de curso, esse projeto tem o intuito de servir como ferramenta de denúncia e escancarar a necessidade dos olhares voltados para as nossas áreas históricas esquecidas e para a população em situação de vulnerabilidade social, essa que não tem somente a necessidade, mas o direito à moradia digna e à cidade.

FELIPE SANTOS DO CANTO

9


10

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


1. INTRODUÇÃO O Brasil não costuma valorizar o próprio passado, por conta disso ao longo dos anos muitas cidades sofreram com o abandono e esvaziamento de seus centros históricos, o que ocasiona a degradação das construções antigas e elevando um problema de política urbana a grandes proporções. Os “vazios construídos” (OLIVEIRA E FERNANDES, 2016) contribuem para a disparidade entre o déficit habitacional e o número de imóveis desocupados, e também para o agravamento de problemas sociais como violência e insegurança, por risco de desabamento, para os moradores e transeuntes da região. Na tentativa de reintegrar esses grandes centros, vem sendo aplicadas intervenções elitistas e que geralmente não atendem a grande maioria da população. Esses processos de regeneração urbana acabam por segregar e expulsar a população mais pobre dos centros, devido à elevação do custo de vida, decorrente da implantação de empreendimentos de luxo, ou por um método de higienização disfarçado de políticas públicas governamentais. O presente trabalho visa a estudar uma área do Centro Antigo de Salvador/BA e entender a dimensão espacial dos vazios, e posteriormente se aproximar de alguns pontos e propor um projeto arquitetônico e urbanístico que demonstre a possibilidade de haver habitações de baixo custo agregando espaços que possibilitem meios de obtenção de renda, em locais acessíveis e com boa infraestrutura e bem localizados no centro da cidade. Visando a atender uma ampla diversidade de público, o trabalho parte do conceito de “transitoriedade permanente” (ROLNIK, 2015) que procura entender quem é a população em situação de vulnerabilidade que tem a necessidade de uma moradia de baixo custo e bem localizada, próxima aos locais de trabalho e de serviços. Incorpora também como premissa, que essas pessoas podem ocupar esses espaços por um curto, médio ou longo tempo, atendendo às suas necessidades e desejos pessoais no sentido de uma vida coletiva plena. Restabelecer a integridade desses edifícios antigos e resgatar a sua história, que acabou caindo no esquecimento, é uma maneira de mantê-los “vivos” e o uso, sem dúvidas, é a medida mais efetiva para conservar um edifício. Tornar isso realidade, pode também ser uma alternativa de conscientização quanto a importância do patrimônio para a cidade. Assim, as proposições apresentadas lançam um olhar mais sensível para a região central da cidade, ainda pouco atendida pelas intervenções do poder público. O projeto visa a demonstrar soluções mais acessíveis e de acordo com as demandas sociais existentes, contrapondo-se às tendências atuais, as quais atendem ao mercado imobiliário que favorece o desencadeamento de processos de gentrificação nos centros históricos reintegrados.

FELIPE SANTOS DO CANTO

11


1.1 Justificativa e relevância do tema A cidade de Salvador surgiu e se desenvolveu a partir da região do bairro do Comércio e atual Centro Histórico. Essa região entrou em um contínuo processo de esvaziamento populacional, iniciado no século XX com as reformas urbanas de JJ Seabra, que modernizou e expandiu a cidade em direção ao sul. Esse processo se intensificado nos últimos anos devido à criação de novos centros administrativos e econômicos na cidade, identificados como CAB - Centro Administrativo da Bahia e região do Iguatemi (Av. Antônio Carlos Magalhães). A partir de 1990, a saída de parte dos serviços financeiros e bancários para esses novos centros, redefiniram as tendências de expansão e ocupação da cidade. Ainda no mesmo ano, as medidas de “recuperação” aplicadas ao Centro Histórico, pelo Plano de Reabilitação do Centro Antigo, expulsaram os pobres e designaram usos voltados ao turismo o que ocasionou, de 1991 a 2000, a diminuição de cerca 72% da população que vivia nessa região.

para abrigar novos usos, como moradias e atividades econômicas populares, se mostra uma medida necessária na perspectiva de oferta de alternativas sustentáveis, abrangendo habitação e geração de renda em localizações dotadas de infraestrutura e com acesso fácil a serviços. Além de se fazer cumprir a função social desses espaços, prevê-se o resgate da memória desses edifícios históricos, a partir do reuso e do restauro coerente, evitando que os mesmos venham a se deteriorar e posteriormente a desabar devido à falta de uso e manutenção, como vem ocorrendo com muitos que estão sendo divulgados semanalmente nos noticiários locais.

A maioria dessas construções estão bem integradas ao tecido urbano e são dotadas de infraestrutura adequada, sendo o seu aproveitamento uma medida de justiça social e sustentabilidade. Todo cidadão tem o direito à moradia digna, sendo assim, o pobre não precisa estar afastado do centro e vivendo com infraestrutura Devido a isso, o número de vazios construídos urbana mínima, como verificado nos novos e imóveis subutilizados aumentaram conjuntos de habitação social implantados significativamente no Centro Antigo. Em nos últimos anos na periferia do município. contraponto, existe um crescente aumento A ocupação desses espaços em áreas da procura por habitações de baixo custo, centrais é movimento de afirmação desse como exemplo de jovens universitários, dirieito à cidade. imigrantes e pessoas em situação de vulnerabilidade social. Some-se a isso a necessidade de uma maior diversidade de usos a fim de requalificar o local. Segundo o Censo do IBGE (2010), 75% do déficit habitacional da Região Metropolitana de Salvador se concentrava na capital, representando cerca de 106 mil habitações. O IBGE contabilizou ainda 77.454 domicílios vagos, correspondente a 8% do total dos imóveis construídos, isso sem contar os imóveis fechados e em ruínas. Dentro do atual cenário de instabilidade no âmbito político, econômico e social no Brasil, a utilização destes casarões abandonados 12

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


1.2. Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral Elaborar um projeto arquitetônico e urbanístico voltado à habitação popular e geração de renda que atenda às pessoas em situação de transitoriedade no Centro Antigo de Salvador/BA, a partir do restauro e reuso de vazios construídos, em cumprimento da função social da propriedade 1.2.2 Objetivos Específicos ● Analisar, de maneira crítica, os conceitos e técnicas dos teóricos da conservação e do restauro nas soluções projetuais a serem adotadas; ● Propor intervenções de restauro e reuso que respeitem e revalorizem os edifícios antigos, sua história e relação com o entorno; ● Discutir as situações de transitoriedade permanente que permitam caracterizar a demanda e os requerimentos de moradia temporária e permanente; ● Identificar os principais equipamentos e serviços necessários para apoio e assessoria para pessoa em situação de transitoriedade. ● Propor intervenções arquitetônicas, urbanísticas e paisagísticas contemporâneas e sustentáveis preocupadas em integrar as pessoas em situação de transitoriedade às edificações e entorno.

FELIPE SANTOS DO CANTO

13


1.3 Metodologia Além da experiência pessoal e o gostar de viver a cidade caminhando livremente por ela, a definição dos eixos conceituais foi imprescindível para estabelecer a metodologia adotada. Os conceitos de Vazios Construídos, Patrimônio Urbano influenciaram na decisão da área do projeto. O entendimento do público em situação de Transitoriedade Permanente deu amplitude e caracterizou para quem esse projeto está direcionado. O processo se iniciou com a pesquisa bibliográfica e documental no âmbito mais amplo, abordando os temas gerais principais e trazendo autores como Urpi Uriartes sobre o conceito de vazios construídos, Ana Fernandes sobre o esvaziamento do Centro Antigo de Salvador, Gustavo Giovanonni com abordagem quanto à importância da compreensão do tecido urbano como patrimônio e Raquel Rolnik na dimensão da população em situação de transitoriedade permanente. Para o reconhecimento e compreensão do território foi foram realizados percursos livres, como aproximação e apropriação intuitiva do lugar, dentro e no entorno da poligonal de estudo definida. Isso se relaciona diretamente com o método etnográfico que visa “[...] trabalhar olhando pessoas e dialogando com pessoas, para captar seu ponto de vista e, com este, elaborar um outro ponto de vista.” Uriarte (2013, p. 4). A autora aborda ainda, como as áreas centrais de uma cidade são totalmente complexas, lotada de múltiplos sentidos e difícil de ser lida quando não treinamos o olhar para isso. Assim, foi possível mapear, vivenciar e registrar o espaço, a partir da observação, e lançar um “olhar disciplinado para ver a cidade” distinguindo “aparência e essência, se propondo a olhar sempre mais fundo, na busca por desentranhar significados que, por definição, não estão na superfície do visível.” (URIARTE, 2013, p. 9)

mapas diversos, com análises urbanísticas como mobilidade, uso do solo, infraestrutura e outras. Além disso, a identificação dos edifícios antigos e o seu estado de conservação, possibilitou entender espacialmente como estão distribuídas as edificações, ao longo da área. Estas informações deram apoio na elaboração das diretrizes e escolha das áreas de intervenção. A partir da aproximação com as discussões de Madden e Marcuse (2016) e Carli e Frediani (2016) acerca dos movimentos de moradias, insegurança de posse e “alienação habitacional” pôdese estabelecer um conceito, que está diretamente ligado às diretrizes de projeto e ao programa de necessidades. Assim, foi definida uma poligonal de intervenção e elaborado um plano mestre com definições gerais de possíveis intervenções e usos para os vazios construídos e urbanizáveis. Também foram desenvolvidos projetos urbanísticos para espaços públicos e arquitetônicos para edificações, com a proposição de projetos de moradia e obtenção de renda para as pessoas em situação de transitoriedade e de permanência.

A partir das visitas foram elaborados os 14

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


FELIPE SANTOS DO CANTO

15


2. TRANSITAR E

PERMANECER NO CENTRO

16

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


Com o intuito de consolidar uma base teórica acerca do tema escolhido foi necessário aprofundar os estudos relacionados aos principais conceitos que norteiam o objeto proposto. Nesse sentido, o referencial teórico está fundamentado nos seguintes tópicos: Permanências e Transitoriedades Rolnik (2015); Carli e Frediani (2016); Vazios Construídos - Oliveira e Fernandes (2016); Gentrificação - Mourad e Figueiredo (2014); Patrimônio Urbano - Kuhl (2013) apud Giovanonni, (1931) e Direito à Cidade/ao Centro - Lefebvre (1991).

Destes citados, e relacionando-os com o contexto da cidade de Salvador, destacamos os seguintes grupos: os refugiados pela relevância contemporânea; migrantes internos e externos; pobres que foram/são diretamente afetados pelas intervenções predatórias realizadas nos centros; minorias, principalmente representantes da comunidade LGBTQ+ discriminadas diariamente, muitas vezes dentro do seu próprio convívio social; comunidades nômades; aqueles que transitam porque querem;, sem-teto e sem-terra, que estão em constante situação de transitoriedade, Na intenção de compreender de qual lutando pelo direito à permanência. Vale público este projeto pretende atender, foi ainda destacar os movimentos por moradia necessário entender como a expressão que ocupam os edifícios vazios no centro. permanência e transitoriedade é abordada e a quem ela se refere. No livro Guerra dos No artigo sobre Regeneração Insurgente, Lugares, Raquel Rolnik (2015) afirma que Carli e Frediani (2016) destaca com clareza não existe uma definição clara ou dados a importância dos movimentos de moradia estáticos sobre as pessoas em situação para a denúncia acerca dos edifícios de transitoriedade permanente, pois se vazios e a luta por implementação de trata de uma questão de percepção e uma política urbana, estabelecendo a experiência, e está enraizada num contexto possibilidade de permanência das pessoas político, econômico, jurídico e social de mais pobres nas áreas centrais. Os autores uma dada região. Ao relacionar o termo trazem o caso das ocupações no centro com a insegurança de posse e os estudos como forte influenciador da mudança internacionais por ela realizados, delimita do sentido da definição de cidadania essas pessoas como: como são ferramentas importantes para a [...] refugiados e pessoas transformação da política urbana. deslocadas internamente, afetadas por conflitos, desastres e mudanças climáticas ou ameaçadas por esses fatores; pessoas em terras destinadas a projetos de desenvolvimento ou afetadas por estes; ocupantes de terras valiosas; inquilinos com ou sem títulos legais, em assentamentos informais ou em contextos formais, em áreas urbanas e rurais; migrantes internos ou internacionais; minorias; comunidades nômades; grupos afetados por discriminação baseada em casta ou estigma; pobres, sem-terra, sem-teto; arrendatários; trabalhadores em regime de servidão; outros grupos marginalizados, como pessoas com deficiência ou vivendo com HIV; povos nativos em países com histórico de colonização; grupos com direitos consuetudinários à terra; e até proprietários privados de casas hipotecadas. (ROLNIK, 2015, p. 151)

FELIPE SANTOS DO CANTO

As ocupações são realidades extremamente heterogêneas onde diversas histórias e experiências de exclusão e marginalização coexistem e se inter-relacionam. Nos últimos 20 anos o centro de São Paulo tem sido procurado pelos grupos mais vulneráveis da sociedade, normalmente indivíduos com status incerto, modos de vida inseguros, e enfrentando muitas dificuldades como vícios em drogas e deficiências (Kohara, 2013, p.341 apud Carli e Frediani, 2016).

17


Ainda de acordo com Carli e Frediani, a possibilidade de morar no centro e conviver com a diversidade, é um estímulo para o surgimento de novas perspectivas de vida e na maneira como as pessoas irão se relacionar com cidade. Essa simultaneidade de vulnerabilidades e aspirações quando postas de frente umas com as outras, tornam-se visíveis tanto para os moradores do edifício como para outros atores sociais na cidade, o que eventualmente facilita que novos significados coletivos e tomada de consciência política surjam. (Carli e Frediani, 2016, p.341)

Lefebvre (1969, p.13) ainda contribui ao dizer que “a vida comunitária em nada impede as lutas de classes [..] no contexto urbano, as lutas de facções, de grupos, de classes, reforçam o sentimento de pertencer.” A partir do grande número de imóveis vazios existentes nas áreas centrais, que deixam de cumprir sua função social como estabelecido pelo Estatuto da Cidade (2001), Uriarte e Carvalho Filho (2014) definem vazio construído como áreas urbanas inteiras esvaziadas de suas funções e de sua vitalidade, precocemente tornadas obsoletas. Fundamentam essa obsolência as novas lógicas da produção e especulação imobiliária, os requisitos tecnológicos e de cooperação das atividades econômicas e a incongruência entre o que se constrói e as carências sociais existentes. (Uriarte e Carvalho Filho apud Fernandes, 2014, n.p.)

por uma distribuição social e territorial desigual, a ocupação de edifícios tem surgido como um laboratório para a população de novas formas de habitar a cidade. (Carli et al, 2015, p.147)

Outro aspecto importante referente às designações de uso desses edifícios vazios para essas pessoas é a perspectiva de garantia da permanência, oferecendo segurança. Estabelecendo o uso e mantendo esses edifícios ocupados são medidas que podem evitar a gentrificação, um processo de substituição das camadas populares por médias assalariadas1. Acerca da situação de esvaziamento do Centro Antigo e processo de gentrificação Mourad, Figueiredo e Baltrusis (2014, p. 443) afirmam que Tem-se um ambiente central economicamente desvalorizado, porém atraente. A combinação de espaço desvalorizado e atraente tem sido utilizada pelos empreendedores privados como oportunidade para fazer negócios. Os investidores visualizam nos imóveis abandonados e em ruínas as condições favoráveis para obtenção de lucros.

É importante entender que por se tratar de um centro histórico, as intervenções propostas não devem se restringir somente a um edifício, mas a toda uma conquista que carrega um grande pesar histórico e cultural. Giovanonni (1931) surge com o termo de “patrimônio urbano” pondo em evidência a importância da preservação dos tecidos urbanos e a inserção do mesmo nas pautas urbanísticas.

A ocupação desses espaços assume uma relevância ainda maior se considerarmos o déficit habitacional existente no Brasil, que atingiu cerca de 7,78 milhões de unidades em 2017 (Aibranc e FGV apud Gravas, 2019), e em Salvador, 77.454 domicílios vagos (IBGE, 2010), Num contexto no qual a provisão habitacional para grupos populacionais de baixos recursos é escassa e no qual criticamente está caracterizada 18

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


Tratando da importância desses centros urbanos, Carli et al (2011, p.157) traz uma interessante reflexão sobre a importância dos “distritos urbanos centrais” com grande oferta de serviços. [...] têm um papel importante no dia a dia da cidade e dos seus habitantes, tanto materialmente e funcionalmente como também simbolicamente. São o espaço onde diversos fluxo econômicos e de comunicação converge, onde relações sociais são produzidas e também onde imagens urbanas nova ou renovadas podem se formar e serem mostradas.

Contribuindo com esse pensamento e sobre a importância da preservação desses locais, Lefebvre (1969, p.19) diz que esses núcleos urbanos da cidade antiga resistem e ao se transformarem continuam a ser centros de intensa vida urbana. As qualidades estéticas desses antigos núcleos são imprescindíveis e contribuem para a sua manutenção. Assim, é necessário pensarmos para quem estamos produzindo a cidade e que tipo de cidade que queremos projetar para as pessoas, garantindo e defende a não exclusão da sociedade urbana das qualidades e benefícios da vida urbana.

FELIPE SANTOS DO CANTO

19


3. MORADIA E FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE E DA CIDADE COMO DIREITOS

20

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


Neste ponto é necessário entender quais são as designações legais no âmbito nacional e regional sobre a questão dos edifícios antigos, patrimônio histórico e centros antigos, como também acerca da função social da propriedade e cidade estabelecido pela Constituição Federal (1988), Estatuto da Cidade (2001) e Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU, 2016).

3.1 Sobre Patrimônio Histórico e Cultural Em 30 de novembro de 1937 é estabelecido pelo presidente Getúlio Vargas o Decretolei nº 25, que organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, que define: Art. 1º Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interêsse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico. § 2º Equiparam-se aos bens a que se refere o presente artigo e são também sujeitos a tombamento os monumentos naturais, bem como os sítios e paisagens que importe conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados pelo natureza ou agenciados pelo indústria humana.

Assim caracteriza-se o que pode ser considerado patrimônio nacional. Esse decreto também institui diretrizes sobre o tombamento, como quais os tipos, de quem é a responsabilidade de gestão, e o que implica essa condição. Em 21 de setembro de 1983 foi aprovada a lei municipal nº 2.403, pelo prefeito Manoel Figueiredo Castro que define a área de proteção cultural e paisagística em Salvador, dividindo-a em duas regiões: (Figura 1) Art. 108 - As Áreas de Proteção Cultural e, Paisagística subdividem-se em Áreas de Proteção Rigorosa a Área de Proteção Contíguas às de Proteção Rigorosa. § 1º - Definem-se como Áreas de Proteção Rigorosa (APR) aquelas em que os elementos da paisagem construída ou natural abrigam ambiências significativas da cidade, tanto pelo valor simbólico, associado à história da cidade, quanto por sua importância cultural, artística, paisagística e integração ao sítio urbano. § 2º - São Áreas de Proteção Contíguas às de Proteção Rigorosa aquelas adjacentes e contíguas à APR, cuja condição topográfica do sítio, gabaritos de altura, volumetria ou disposição de edificações podem vir a afetar marcos visuais históricos e a silhueta das Áreas de Proteção Rigorosa ou tamponar visuais importantes.

Figura 1: Mapa das poligonais de tombamento do Centro Antigo de Salvador Fonte: SALVADOR. SEI. Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia. CAS - Centro Antigo de Salvador [livro eletrônico]: território de referência. 2013. 77 p. FELIPE SANTOS DO CANTO

21


De acordo com a lei qualquer alteração de uso ou atividade dos imóveis inseridos na área devem passar por consulta ao Orgão Técnico da Prefeitura. Além disso, define limitações de intervenção no imóvel isoladamente a fim de preservar as suas características históricas. Também institui que esses edifícios estarão sujeitos às Normas de Proteção Contra Incêndio e Pânico, estabelecidas na Lei nº 3.077, de 05 de dezembro de 1979 que diz: Art. 3º Constituem meios de proteção contra incêndio e pânico: I - a manutenção de pessoal treinado ou especializado no uso das instalações e equipamentos contra incêndio; II - o emprego de materiais e equipamentos que retardem a propagação do fogo;

3.2 Sobre o Direito à Moradia e a Função Social da Cidade e da Propriedade Urbana O direito à moradia e o atendimento à função social da propriedade e da cidade constituem direitos assegurado pela Constituição Federal de 1988. O direito à moradia, propriamente, é estabelecido no Art. 6º: Art. 6o São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos

A Constituição também define que é obrigação do município, através do plano III - as instalações de proteção diretor, ordenar o pleno desenvolvimento contra incêndio; das funções sociais da cidade e garantir o IV - os meios de alarme e bem estar de seus habitantes. Acerca disto sinalização necessários para o PDDU de Salvador de 2016 afirma: cada tipo de risco; V qualquer meio de evacuação dos ocupantes da edificação; VI manutenção das instalações e equipamentos em perfeito estado de funcionamento.

Institui também o órgão responsável por fiscalizar e define penalidades ao não cumprimento da norma. § 2º - Na fixação das normas técnicas relativas às instalações de equipamentos e dispositivos de segurança contra incêndio e pânico levar-se-ão em conta, entre outros fatores, o risco de edificação, a destinação, a área e a lotação da edificação, a altura do andar mais elevado, bem como a natureza dos materiais manipulados, utilizados ou depositados.

22

§1o A função social da cidade no Município de Salvador corresponde ao direito à cidade para todos, compreendendo o direito à terra urbanizada, à moradia, ao saneamento básico, à segurança, à infraestrutura, aos serviços públicos, à mobilidade urbana, ao acesso universal a espaços e equipamentos públicos e de uso público, à educação, à saúde, ao trabalho, à cultura, ao lazer e à produção econômica. §2º A propriedade urbana cumpre a sua função social quando atende ao princípio do interesse público, expresso na função social da cidade, e obedece às diretrizes fundamentais do ordenamento da cidade, estabelecidas neste Plano Diretor, sendo utilizada para as atividades urbanas permitidas, assegurando o atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas.

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


FELIPE SANTOS DO CANTO

23


4. CENTRO ANTIGO DE SALVADOR: HISTÓRICO DE DESPOSSESSÃO E ESVAZIAMENTO

24

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


A cidade de Salvador formou-se historicamente a partir de dois níveis, as nomeadas cidade alta e cidade baixa se complementavam, uma voltada para moradia e outra para o trabalho. A partir do séc. XX, José Joaquim Seabra (J. J. Seabra)2 incentivou a expansão da cidade alta no sentido sul, ocupando essas áreas e fazendo com o que o centro perdesse atratividade, favorecendo para a degradação do espaço.

recuperar o Centro de Salvador. Segundo Fernandes e Oliveira (2016), em 1990 a política de Recuperação Centro Histórico de Salvador (CHS) foi de encontro ao que seria uma intervenção mais adequada, a designação de uso habitacional nos vazios, e aplicou uma política excludente a partir da remoção dos pobres das áreas centrais, transformando-a em mero cenário voltado ao turismo e consumo, fazendo com que rapidamente o centro voltasse ao estado de abandono. Ainda que voltadas ao uso Em 1966, o novo Código de Urbanismo habitacional, essas ações se limitam ao foi aprovado, restringindo, ao centro perímetro da Cidade Alta tombada pela tradicional, o uso habitacional. Entre Unesco. 1960 e 1970, os bairros da cidade baixa Comércio e Calçada perderam o seu Esse processo tem se estendido por todo protagonismo comercial e industrial após o Centro Tradicional de Salvador numa a instalação da Petrobrás, no Recôncavo lógica de exclusão perversa do Estado. Baiano, e do Centro Industrial de Aratu Nessa lógica a ocupação de imóveis vazios e do Polo Petroquímico de Camaçari. A em áreas degradadas pelos pobres é crise de ocupação do Centro Antigo é aceitável. Entretanto, quando esses locais acentuada com a transferência da Estação são recuperados e se aumenta o interesse Rodoviária; a privatização de terras públicas do capital imobiliário essas pessoas são e o deslocamento de equipamentos expulsas, seja de maneira violenta ou tática polarizadores, como secretarias de governo, devido ao encarecimento do custo de vida que são transferidas para o novo Centro no local. Administrativo da Bahia (CAB) implantado junto à Avenida Luís Viana Filho (Avenida Por conta disso a população reduziu em 72%, Paralela). Surge assim um novo centro entre os anos de 1991 e 2000, e passaram de atividades econômicas na região da a ocupar as áreas adjacentes ao CHS, sem Paralela, Tancredo Neves e Iguatemi, o que solucionar, mas agravando os problemas passaria a ser também a localização dos de instabilidade social já existentes como serviços financeiros e bancários em 1990. os cortiços, número de pessoas sem teto, violência urbana, prostituição e tráfico de Após estas mudanças perde-se a drogas. complementaridade entre a cidade alta e a cidade baixa, e as relações que existiam Com base nisso, em 2010 o governo entre o Centro Antigo e outras áreas estadual elaborou o Plano de Reabilitação da cidade tornam-se desequilibradas. do Centro Antigo, o qual porém manteveAtualmente, no Centro, há poucas áreas se restrito ao perímetro tombado, e destinadas à moradia e estas encontram- com poucas e morosas indagações no se, majoritariamente, precárias e insalubres. quesito habitacional, se comparado ao Encontram-se também diversos edifícios turismo e comércio, e com uma proposta em ruínas, desocupados que configuram centrada em criar um elo de “proteção” um problema, na contemporaneidade, para o CHS. Nos últimos anos, têm surgido quanto a ausência de políticas públicas diversos empreendimentos privados, que voltadas à questão de patrimônio histórico aumentam o interesse do mercado nessas e habitacional. áreas centrais ameaçando a permanência da população de menor poder aquisitivo a A partir do final do século XX se inicia instabilidade no centro. um importante processo de formulação de políticas públicas com o objetivo de FELIPE SANTOS DO CANTO

25


5. NOTAS SOBRE O PENSAMENTO ACERCA DO RESTAURO DO PATRIMÔNIO URBANO

26

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


Desde meados do séc. XIX inicia se o pensamento acerca das especificidades do ambiente urbano antigo. Segundo Kulh (2013) até o início do séc. XX tem se a noção de “ambiente histórico” como área construída envolta dos monumentos, uma “moldura” que permitia manutenção das características e escala de obras arquitetônicas excepcionais. Carlo Cattaneo (1801-1869) que era contra as demolições no entorno do monumento e Charles Buls (1837-1914) foram adeptos desse pensamento. As demais contribuições teóricas vieram a partir do século XX. John Ruskin (1819-1900) e William Morris (1834-1896) reconheciam a dinâmica social da cidade antiga e as suas qualidades e especificidades, porém achavam que os usos tradicionais deveriam ser mantidos. Já Camillo Boito (1836-1914) e principalmente Alois Riegl (1858-1905) surge uma gradativa evidenciação do aspecto cultural associado aos valores atribuíveis aos artefatos. Riegl instigou a ampliação do nosso pensamento a respeito dos valores dependentes do tempo e lugar, e também sobre a valorização dos artefatos considerados ‘menores’, ampliando assim o leque do considerado patrimônio. Camillo Sitte (1843-1903) fez sua contribuição dos estudos de estética urbana ao lado de diversas colaborações com base no questionamento do urbanismo e a busca pelas adaptações higienizadoras e modernizadoras das cidades antigas.

desses dois eixos. Criticava as práticas urbanísticas modernas higienistas que desconsideravam o patrimônio urbano, e ainda assim não resolviam as problemáticas a que se propuseram. Assim, Giovannoni (1931) defende que os núcleos urbanos antigos possuem especificidades morfológicas, escalas compositivas e qualidades históricas e estéticas que requerem uma atuação e uma destinação de usos apropriadas, focada na preservação. Defende que a dinâmica dos novos centros e os antigos deveriam ocorrer de maneiras distintas, mas que não perdessem a comunicação entre si. As intervenções deveriam ocorrer de maneira “microcirúrgicas”, com o foco em sanar os problemas sanitários e permitir a fruição. O tecido urbano antigo como “organismo vivo” que possui “valor de uso” além do valor “museal”. Em se tratando das intervenções nos centros antigos, traz três fatores essenciais: a desobstrução da circulação local, a conservação do aspecto artístico e o atendimento das necessidades higiênicas, esses itens tratam por exemplo da necessidade abertura de vias e talvez até demolições quando analisado a existência obstáculos visuais e se o objeto em questão possui grande relevância.

É em frente a essas inúmeras contribuições que surgem os estudos de Gustavo Giovannoni, que se aprofundaram nos métodos da conservação do patrimônio, agora no âmbito urbano. Permitiu a aproximação das teorias com o urbanismo e abordando a necessidade de valorização dos centros antigos, ajudaram a compreender esses tecidos urbanos como patrimônio, e a como intervir respeitando suas especificidades. Buscou compreender e organizar as relações entre cidade moderna e cidade antiga considerando a expansão da cidade e a especificidades FELIPE SANTOS DO CANTO

27


6. REFERÊNCIA PROJETUAL

28

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


A referência projetual foram escolhida de maneira que contemplasse as necessidades inspiradoras do projeto a ser desenvolvido, no que diz respeito a soluções de programa de necessidades, diretrizes adotadas quanto ao uso social e inclusivo dos espaços. Também foram selecionadas para possibilitar uma maior aproximação no que tange à realização de uma intervenção no contexto de centro histórico e em edificações preexistentes. Apesar da vasta pesquisa, as referências de interesse aqui trazidas foram encontradas num projeto ainda em execução, o Projeto Campos Elíseos Vivo cujos dados da ficha técnica estão a seguir colocados: Projeto Campos Elíseos Vivo - Um Projeto Urbanístico e Social Elaborado com Comunidade Autores: Fórum Aberto Mundaréu da Luz Ano do projeto: 2018 (em construção) Local: São Paulo O projeto teve como principal objetivo solucionar de maneira propositiva e participativa as questões complexas que norteiam o território estudado, que vão desde precariedades habitacionais e vulnerabilidades sociais à presença de um relevante patrimônio cultural material e imaterial. O trabalho coletivo concentrouse inicialmente nas três quadras (36, 37 e 38), entre as ruas: a Avenida Rio Branco, a Rua Helvétia, a Alameda Cleveland e a Alameda Glete (Figura 2), visadas pelos governos municipal e estadual, que estão sob ameaça de demolições e remoções para dar lugar a duas PPPs: a Habitacional Municipal, chamada de Casa da Família, e a do hospital Pérola Byington.

químicos e população em situação de rua; os equipamentos coletivos existentes e as condições dos espaços públicos e de alguns espaços privados. Os autores utilizaram cinco princípios básicos para elaborar as propostas: 1) Atendimento habitacional

diversificado conforme a realidade social e econômica dos moradores; 2) Preservação das tipologias arquitetônicas existentes; (têm-se aqui o cuidado com a análise, tanto dos edifícios históricos quanto das estruturas já existentes que tivessem capacidade de serem recicladas) 3) Intervenções sobre as áreas vazias e subutilizadas, prioritariamente, das quadras e das áreas envoltórias; 4) Realocação definitiva de famílias e indivíduos que precisaram deixar as casas e espaços comerciais hoje ocupados em função das obras previstas neste plano; 5) Elaboração, discussão e aprovação das propostas de intervenção junto à comunidade, em todos os âmbitos e espaços decisórios, conforme determinado no Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo para as Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS). (Fórum Aberto Mundaréu da Luz, 2018)

A principal característica do projeto que o torna singular está no posicionamento inclusivo e no entendimento da diversidade de usos e grupos de pessoas que vivem neste espaço. Foram evidenciadas as características sociais e econômicas de moradore/a/s e comerciantes; as distintas formas de morar e trabalhar na área; as formas de atendimento aos dependentes FELIPE SANTOS DO CANTO

29


para desenvolvimento de produtos e formalização de negócios. Também haverá espaço para guardar material de quem trabalha de forma autônoma na rua, como catadores e ambulantes. (Figura 3)

Figura 2: Estudo de áreas passíveis de ocupação Campos Elíseos Fonte: Fórum Aberto Mundaréu da Luz (2018)

Figura 3: Diagrama de uso para habitação Campos Elíseos Fonte: Fórum Aberto Mundaréu da Luz (2018)

As propostas distribuem-se em torno de três eixos de atendimento, o primeiro é o ‘morar O segundo é o eixo amar e cuidar: e trabalhar’ subdivididos nas seguintes ● Espaço de convivência de baixa proposições de uso: exigência: é um dispositivo intersetorial ● Locação social: unidades e transversal que oferece espaços sociabilidade, produção cultural habitacionais permanentes com aluguel de e intervenção na cidade, através da subsidiado integral ou parcialmente; construção de espaços de convívio e ● Hotel social: unidades habitacionais sustentação das diferenças na comunidade, com boas condições para permanência facilitando a construção de laços sociais e a inclusão das pessoas que os frequentam; temporária; ● Espaço de convivência de média exigência: de uso protegido oferecerá serviços como banhos, espaço de consumo ● Moradia terapêutica: moradia com o higiênico de drogas adquiridas previamente, objetivo de garantir direitos fundamentais em um ambiente ausente de julgamentos e novas oportunidades de vida, favorecer morais e sob a supervisão de funcionários o convívio social e fortalecer vínculos. qualificados; Proporciona reabilitação e reinserção ● Restaurante popular e cozinha social; compartilhada: Iniciativa que mescla ● Comércio social local: comércio serviço básico para assegurar o acesso social para aluguel nos edifícios novos à alimentação adequada e saudável, ou reformados com prioridade para oferecendo três refeições diárias subsidiadas e oportunidade de profissionalização de comerciantes locais; autônomos; ● Casa própria: unidades habitacionais que inclui a transferência de propriedade;

● Oficinas compartilhadas: Espaços com equipamentos, ferramentas e maquinário disponíveis para trabalhar e aprender novas atividades, com assessoria 30

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


● Hortas comunitárias e domésticas: pretende estimular o cultivo em áreas de uso coletivo e domiciliar a partir de técnicas sustentáveis e a gestão compartilhada dos recursos. (Figura 4)

Figura 6: Diagrama de clareiras Campos Elíseos Fonte: Fórum Aberto Mundaréu da Luz (2018)

Figura 4: Diagrama de uso coletivos Campos Elíseos Fonte: Fórum Aberto Mundaréu da Luz (2018)

O terceiro eixo é o ‘estar na rua e conviver’ para atender a diversidade da demanda existente no território. Esse eixo tem o objetivo de restabelecer vínculos comunitários a partir de intervenções e programações no espaço público, e da criação de serviços que qualifiquem o território. Rua aberta para pedestres aos finais de semana e feriados; Espaços para brincar com equipamentos e materiais esportivos disponíveis, contemplando as diferentes faixas etárias; Espaços de sociabilidade e experimentação coletiva, com programação diversificada de oficinas/ atividades de formação e produção cultural; Banheiros públicos, incluindo duchas e chuveiros, com utensílios de higiene pessoal disponíveis especialmente para as pessoas em situação de rua.

Os autores explicam a formação das tipologias que funciona como o programa de necessidades em cinco tópicos: 1. A ocupação da quadra

com edifícios geminados, considerando e propondo vazios (clareiras) abertos como estruturadores das possibilidades de iluminação e ventilação e como possíveis espaços de convívio (pátio, fosso, quintal, terraço);

2. O convívio de unidades habitacionais diversas (do apartamento aos quartos coletivos, da ocupação definitiva e sazonal à terapêutica);

3. A

composição de programas diversos identificados como necessários (cozinha coletiva, áreas de trabalho, restaurante comunitário, áreas de horta, entre outros), associados às unidades habitacionais também diversas das edificações propostas;

4. Para

isso, está sendo proposto um módulo fixo de instalações sanitárias associado a um vazio, dimensionado conforme projeto. Esse módulo seria articulado às áreas de convívio, de descanso, de estar e de trabalho, variáveis também conforme projeto;

5. Os

edifícios propostos incorporam o programa do comércio, ativando térreos e gerando renda.

Figura 5: Corte esquemático Campos Elíseos Fonte: Fórum Aberto Mundaréu da Luz (2018) FELIPE SANTOS DO CANTO

31


Figura 7 e 8: Tipologias de moradia Campos Elíseos Fonte: Fórum Aberto Mundaréu da Luz (2018)

32

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


Do projeto analisado são trazidas as seguintes referências para o projeto a ser elaborado na Soledade: • Inspiração nos princiípios básicos para elaboração de proposta, pricipalmente no intens 1 e 2 que dizem respeito ao atendimento a uma população com realidades diversas e preservação das tipologias arqutetônicas existentes; • Contribuições do eixo ‘morar e trabalhar’ para as diretrizes e progama de necessidades como a locação social, hotel social e comércio social local. Eixo ‘amar e cuidar’, para espaços públicos e de integração da rua com a edificação. E do ‘eixo estar na rua e conviver’ para espaços de convivência internos dos edificios. • E, no geral, pensar na possibilidade de se criar um projeto autosustentável, como base na administração coletiva pelos próprios moradores.

FELIPE SANTOS DO CANTO

33


7. ESTUDO URBANÍSTICO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO

34

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


7.1. Análise da área de estudo

A área de intervenção é compreendida por parte do bairro da Lapinha e da Soledade, contemplando também os Largos da Lapinha, Soledade e Queimado. A definição da área teve como referência as duas vias principais - a Ladeira da Soledade e o Corredor da Lapinha - por possuírem muitos casarões antigos, em situação de abandono e consequentemente de degradação, principalmente na extensão da Ladeira da Soledade. (Figura 9)

Figura 9: Mapa de localização poligonal de estudo Fonte: SALVADOR, 2016/2017; Google Earth, 2019. Adaptado por CANTO, 2019

7.1.1. Processo Histórico de Ocupação da Área Por se tratar de uma área mais antiga da cidade sua ocupação se deu muito cedo. Nos mapas mostrados na Figura 10 é possível identificar um grande adensamento do Centro desde 1900. A região da Soledade se consolidou na virada do sec. XVIII para o XIX quando a população urbana de classe média se instalou nesse trecho, sendo constituída em sua maioria por pequenos negociantes, alfaiates, empregados públicos e comerciantes, conforme afirma Oliveira (2015).

ao longo da antiga estrada das boiadas desde o Convento da Soledade até o forte do Barbalho, sendo o trecho considerado o mais importante a Ladeira da Soledade onde se localizava os sobrados com arquitetura rica em detalhes, como as fachadas revestidas por azulejos e telhados arrematados por beirais com telhões de louça pintada. O traçado da região acompanhava o já existente na Salvador colonial, lotes estreitos e longos, edificações construídas no alinhamento da rua e encostadas nos vizinhos, dificultando a penetração da luz do sol no interior das casas. (Oliveira, 2015, p. 12)

Em meados do Sec. XIX no ápice da ocupação da Soledade as edificações se implantavam FELIPE SANTOS DO CANTO

35


Figura 10: Evolução urbana de Salvador Fonte: Carvalho e Pereira, 2008, p 84 apud MACÊDO, 2018.

Devido à sua importância cultural, a região da Soledade foi tombada em âmbito Estadual pelo Decreto nº 28.398 de 1981. (Figura 11) O Conjunto arquitetônico e urbanístico da Soledade foi tombado a partir do reconhecimento da sua importância no contexto do tecido urbano da cidade. Já havia casas nessa localidade no ano de 1747 e esta ocupação teria sido motivada pela existência do abastecimento de água potável nas proximidades – na Fonte do Queimado – e pela instalação do seu convento, sendo ainda o mais importante acesso norte da época, ligando a zona dos Currais Velhos (Barbalho) à

Estrada das Boiadas (Estrada da Liberdade). Entre as edificações do Conjunto, destacam-se os prédios conhecidos por “Solar Bandeira”, representativo do século XVIII e o Convento da Soledade, edificado em 1739, com seu mirante e igreja. A sua localização urbana e mais o fato da Soledade ser um sítio elevado, gozando de boa ventilação, portanto, indicado para saúde e tendo também posição privilegiada quanto à paisagem, de onde se podia alcançar a vista da Baía de Todos os Santos, fez com que no final do século XVIII e início do XIX já estivesse densamente habitada por uma classe de alto poder aquisitivo (IPAC)

Figura 11. Poligonal de tombamento do Conjunto Arquitetônico da Soledade. Fonte: SALVADOR, 2016 elaborado por CANTO, 2019

36

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


Em direção ao norte nós temos o bairro da Lapinha, cujos limites se confundem com o bairro da Liberdade, que segundo Nascimento (1986 apud PÊPE e RIOS, 2007) foi um bairro pouco rico com “casas enegrecidas, ruas tortuosas percorridas pelos moleques esfarrapados ou sujos, negros maltrapilhos, enfim gente ínfima plebe”. A Lapinha situava-se praticamente na periferia da cidade, certamente era um bairro popular. “No século XIX, a elite de Salvador que antes morava na Sé, foise deslocando para o sentido sul. A Sé foi perdendo seu caráter residencial para dar lugar ao comércio varejista.” (PINHEIRO, 2002 apud PÊPE e RIOS, 2007). Assim, acredita-se que, com essa mudança da Sé, a Lapinha também tenha se valorizado.

ocupação dos terrenos ao fundo dos casarões e a estruturação e consolidação da malha viária, a construção de conjunto habitacional no fim da Rua Barão Vila da Barra (Figura 12 e 13). Houve uma notável ocupação de algumas áreas vazias, a construção da Colégio Estadual Carneiro Ribeiro Filho e parte ao norte além da poligonal de estudo teve a ocupação das áreas verdes e algumas alterações viárias. Até 1992 não são notadas muitas alterações urbanas além da ocupação de mais algumas áreas vazias e a consolidação do traçado urbano (Figura 14). Assim, fica claro que o crescimento urbano da área ocorreu a partir da ocupação dos “miolos”, nas áreas verde e vazios existentes na área.

Atualmente o bairro a Lapinha, mais precisamente Largo da Lapinha, é conhecido como local onde ocorre a Festa dos Santos Reis que encerra o calendário natalino. Em 1823, durante as lutas da independência do Brasil, na Bahia, o bairro ao qual está integrado serviu de passagem para o exército libertador, liderado pelo General Pedro Labatut, que se dirigia a Salvador. A estrada que o atravessava chamava-se, à época, Estrada das Boiadas, hoje Liberdade (LINS, 2012). Além disso é do Largo da Lapinha que sai o cortejo de celebração Figura 12: Foto aérea 1976 do 2 de Julho, dia da Independência do Fonte: CONDER, 1976 adaptado por CANTO, 2019. Brasil na Bahia, dia de grande mobilização e manifestações políticas. O local passou por algumas modificações ao longo do anos, inclusive para atender melhor a esse festejos “O último projeto de urbanização, concluído em 1998, modificou o Largo da Lapinha, tornando-o anti estético e árido, O largo possuiu aspecto de campo, posteriormente de jardim com palanque, seguindo a estética das praças construídas no século XIX e início do século XX. Esse aspecto foi eliminado com a construção de estruturas de concreto lá encontradas atualmente.” (Pêpe e Rios, 2007)

As fotos aéreas antigas da região, entre Figura 13: Foto aérea 1989 1976 e 1989, revelam que houve uma Fonte: CONDER, 989 adaptado por CANTO, 2019. FELIPE SANTOS DO CANTO

37


Figura 14: Foto aérea 1992 Fonte: CONDER, 1992 adaptado por CANTO, 2019

A partir da análise de fotos aéreas disponíveis (Google Earth, 2003, 2005, 2006, 2008, 2012 e 2013) foi possível identificar as principais alterações e pressões que ocorreram na região decorrentes da implantação da Via Expressa da Baía de Todos os Santos. Em 2003 começam as primeiras intervenções para a implantação da via expressa, inicia de obra viária da Travessa da Soledade e Rua Valê do Queimadinho para fazer ligação do Largo do Queimado com a Estrada da Rainha. (Figura 16) Figura 16: Alterações Urbanas: Via Expressa 2003

7.1.2 A Via Expressa da Baía de Todos os Santos: Conflitos e Pressões A principal mudança ocorrida na área, passível de ser identificada através fotos aéreas, são aquelas relativas ás alterações do sistema viário, em decorrência da implantação da Via Expressa, que a partir de 2003 interferiu consideravelmente na região. Segundo a SECOM/BA (2013) são mais de 4 km de vias ligando a BR 324 na região do Cabula ao Comércio e Porto de Salvador. 10 faixas de trânsito, 4 exclusivas para caminhões (Figura 15)

Figura 15: Implantação Via Expressa Fonte: BAHIA, 2013. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=q3INwSxuU7Y>. Acesso em: 9 out. 2019.

38

Figura 16: Alterações Urbanas: Via Expressa 2003 Fonte: Google Earth, 2003 adaptado por CANTO, 2019

Em 2005, continuação obra viária da Rua Vale do Queimadinho e Travessa da Soledade. Início da construção de viaduto no Porto de Salvador (R. Júlio Paixão) e interrupção da Ladeira do Canto da Cruz que era o principal acesso da Rua Augusto Guimarães (Ladeira da Soledade) até a Avenida Jequitaia. (Figura 17).

Figura 17: Alterações Urbanas: Via Expressa 2005 Fonte: Google Earth, 2005 adaptado por CANTO, 2019.

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


Em 2006 conclusão e abertura da Rua Vale do Queimadinho e Travessa da Soledade, que ainda como rua sem saída funcionou como canteiro de obra para a construção do túnel. Continuação da construção de viaduto do Porto de Salvador (R. Júlio Paixão) (Figura 18).

Figura 20: Alterações Urbanas: Via Expressa 2012 Fonte: Google Earth, 2012 adaptado por CANTO, 2019.

Figura 18: Alterações Urbanas: Via Expressa 2006 Fonte: Google Earth, 2006 adaptado por CANTO, 2019.

Em 2008 tem início as obras de abertura do túnel Av. Jequitaia/ Estrada da Rainha. Acredita-se que as dinamites utilizadas na obra tenham contribuído para abalar ainda mais a estrutura dos casarões históricos existentes (Figura 19).

Google Earth 01/2013 - início da construção do viaduto da ligação da Av Jequitaia com Estrada da Rainha. Modificação de chegada do viaduto ao Porto de Salvador, conclusão da obra da Via Expressa. Ligação da Travessa da Soledade com a Estrada da Rainha. Construção de Passarela (Figura 21).

Figura 21: Alterações Urbanas: Via Expressa 2013 Fonte: Google Earth, 2013 adaptado por CANTO, 2019.

Figura 19: Alterações Urbanas: Via Expressa 2008 Fonte: Google Earth, 2008 adaptado por CANTO, 2019.

Por volta de 2011 e 2012, é possível notar ocorrência de inúmeras desapropriações e demolição das construções a beira da Estrada da Rainha para iniciar as obras da Via Expressa da Baía de Todos os Santos, além disso a interrupção da ligação da Estrada da Rainha com Ladeira da Soledade, dessa maneira a ladeira perde o acesso direto que tinha as partes de cota mais baixa (Figura 20). FELIPE SANTOS DO CANTO

39


Figura 22: Diagrama Alterações Urbanas: Via Expressa Fonte: Fonte: Elaboração do autor, 2020. Com base nas fotos aéreas do Google Earth.

7.1.3 Histórico de Demolições

Presidente Getúlio Vargas (Colégio Estadual Carneiro Ribeiro Filho) e dizem respeito a três Como apontado anteriormente a área é casarões geminados que desabaram. Do grande e densa e não possui muitos vazios primeiro não restou absolutamente nada e urbanizáveis, mas o descaso e abandono do segundo ainda existe a ruína de parte acarretaram em algumas demolições que da fachada (Figura 25). geram terrenos vazios. Os que estão em análise ficam localizados na Ladeira da Pitombo (2017) relata para a Folha de São Soledade ao lado do Colégio Estadual Paulo que o casarão é tombando pelo Ipac, o sobrado de azulejos (Figura 24), desabou na noite do dia 25 de abril de 2017, sobre o casarão térreo, a esquerda da imagem, e deixou três vítimas fatais. Ainda segundo o autor, o local já havia sido condenado e os proprietários haviam sido alertados pela Defesa Civil que deixassem a edificação.

Figura 23: Foto aérea casarão demolido Ladeira da Soledade Fonte: 1- Prefeitura Municipal de Salvador, 2016/2017. 2- Google Earth, 01 maio 2017. 3- Google Earth, 22 maio 2017. 4- Google Earth, 2019. Adaptado por CANTO, 2019.

40

Figura 24: Casarão desaba na Ladeira da Soledade Fonte: Romildo de Jesus/Futura Press/Folhapress, 2017.

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


Figura 25: Situação atual casarões demolidos da Ladeira da Soledade Fonte: CANTO (2019)

7.1.4 Topografia

como o bairro da Liberdade e Caixa D’água e a mais baixa como Água de Meninos, O mapa a seguir foi produzido a partir da Calçada e Comércio. A região identificada base Sicar disponibilizada pela Prefeitura como nível 0m é compreendida como Municipal de Salvador, com algumas majoritariamente por aterro (Figura 24). adaptações de acordo com visita de campo. A área de estudo está inserida entre a cota de 60 e 30m caracterizado por uma região intermediária em relação ao seu entorno, sendo a mais alta identificada

Figura 26: Mapa Hipsométrico Fonte: SALVADOR, 1992 e 2016 adaptado por CANTO, 2019. FELIPE SANTOS DO CANTO

41


7.1.5 Legislação Urbanística Incidente quando enquadrada apenas como uma (Plano Diretor; Lei de Uso e Ocupação do Zona Predominantemente Residencial, Solo; Código de Obras) considerando-se que a área conta com casarões históricos, em sua maioria vazios, A área de estudo está dividida entre duas subutilizados e/ou degradados, que zonas definidas pelo PDDU (2016), sendo elas enquadram-se na condição de ZEIS 3. Além a ZEIS n. 34 – Lapinha (ZEIS 1), que se inicia disso, a forma de ocupação não difere logo após o Largo da Soledade, sendo o muito da Lapinha enquadrada como ZEIS 1. restante classificado como ZPR 3. Supõe-se (Figura 27) que a região da Soledade ficou esquecida

Figura 27: Mapa de Zonas de Uso Fonte: SALVADOR, 2016 elaborado por CANTO, 2019. Com base na LOUOS de Salvador, 2016

Devido à proximidade com a borda marítima da cidade, na área incidem gabaritos relativamente baixos, de 6m e 12m. (Figura 28) Acerca da aplicação dos recuos a LOUOS de Salvador (2016): Art. 91. Quando o imóvel onde será implantada a edificação for adjacente a terreno em que haja, comprovadamente, edificação já consolidada de grande porte e sem condições de renovação urbana, encostada na divisa do lote, o recuo lateral ou de fundo poderá ser dispensado nessa 42

divisa, ouvido o órgão de planejamento competente, desde que a justaposição se atenha ao gabarito de altura da edificação existente e que os demais parâmetros de ocupação do solo sejam atendidos.

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


Figura 28: Mapa de Restrição de Gabarito de Altura Fonte: SALVADOR, 2016 elaborado por CANTO, 2019. Com base no PDDU de Salvador, 2016

Quanto às áreas de valor ambiental e cultural, a região de estudo abrange três Áreas de Proteção Cultural e Paisagística (APCP), conforme apresentado na Figura 29, as quais são definidas no PDDU (2016) áreas especialmente protegidas que se associam ao meio ambiente cultural, seja por vincularem-se à imagem da cidade e caracterizar monumentos históricos significativos da vida e construção urbanas, seja por se constituírem em meios de expressão simbólica de lugares importantes no sistema espacial urbano, seja por se associarem ao direito à manutenção de uma cultura própria de certas comunidades.

FELIPE SANTOS DO CANTO

43


Figura 29: Mapa de Áreas de Valor Ambiental e Cultural Fonte: SALVADOR, 2016 elaborado por CANTO, 2019. Obs. O mapa foi desenvolvido a partir da junção das informações contidas nos mapas de Sistema de Áreas de Valor Ambiental e Cultural (SAVAM); Área Remanescentes do Bioma de Mata Atlântica e Gabaritos de Alturas Máximas das Edificações referentes a LOUOS,2016.

Quanto a Área de Borda Marítima, o PDDU (2016), parágrafo 3, artigo nº 274, estabelece que:

São diretrizes específicas para o Trecho 3 – São Joaquim até a rampa do antigo Mercado Modelo: I - recuperação ambiental com revegetação e controle da ocupação em toda a área de influência da Falha Geológica, especialmente na encosta do Centro Antigo e adjacências, e valorização das áreas da parte alta, com requalificação dos mirantes e melhoria da acessibilidade; II - valorização da área do Porto e da Feira de São Joaquim, permitindo a visualização e ampliando o acesso para o mar; III - regularização fundiária – urbanística e jurídico-legal – dos assentamentos precários urbanizáveis e reassentamento das áreas não urbanizáveis; IV - intervenção urbanística e melhoria dos equipamentos urbanos, no bairro do Comércio, com vistas à valorização da área, criando condições de conforto para a circulação de pedestres e de veículos não motorizados.

44

Destacam-se ainda no entorno da área algumas regiões reconhecidas legalmente como mata atlântica em estágio inicial. Entretanto, é possível notar que uma das regiões foi quase totalmente desmatada e atualmente abriga um conjunto habitacional. Devido à sua proximidade com a falha geológica, a área possui diversas encostas definidas como área de proteção e, sendo assim, áreas de importante valor ambiental e também de risco para ocupação. comunidades.

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


Na poligonal referencial de estudo existem 3 vias coletoras principais, Ladeira da Soledade, Corredor da Lapinha e Rua Saldanha Marinho, as demais sĂŁo locais ou servidĂľes exclusivas para pedestres. (Figura 30)

Figura 30: Mapa de Hierarquia de Vias Fonte: SALVADOR, 2016 elaborado por CANTO, 2019.

FELIPE SANTOS DO CANTO

45


7.1.6 Análise de gabarito A predominância na poligonal de estudo é de edificações de 2 a 3 pavimentos, havendo também uma considerável quantidade de edificações térreas, grande parte localizada no entorno dos largos e ao longo das ruas mais internas. (Figura 31)

Figura 31: Mapa de análise gabarito Fonte: SALVADOR, 2016/2017 adaptado por CANTO, 2019. Obs: Para a elaboração desse mapa foram consideradas altura por pavimento das edificações não histórica, em torno de 3m, e para edificações históricas, 4m. Essa distinção foi feita com base nas características das construções que ainda mantém algum elemento histórico e sua fachada, portanto não contemplando aqueles que foram completamente descaracterizados.

7.1.7 Análise do uso do solo O uso do solo da região é majoritariamente habitacional e misto, sendo que ao longo dos anos, muitas moradias foram construídas no fundo dos casarões antigos, formando pequenas vilas que se tornaram características da ocupação da região. Também possui muitas escolas, tanto públicas como privadas. Existem algumas edificações de cunho religioso, sendo que duas delas são de grande relevância por se tratarem de igrejas históricas, Igreja Nossa Senhora da Conceição da Lapinha e Igreja e o Convento de Nossa Senhora da 46

Soledade. (Figura 32) Além disso, possui um enorme número de edificações que ainda preservam características originais (identificadas por um contorno vermelho nos polígonos). Se não descaracterizados, muitos casarões encontram-se degradados e/ou vazios. Ainda existem áreas em ruínas e alguns vazios decorrentes de demolições de antigos casarões por conta de degradação, conforme já abordado anteriormente.

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


Figura 32: Mapa de Uso do Solo

Fonte: SALVADOR, 2016/2017 adaptado por CANTO, 2019

A área possui alguns espaços estruturantes e de grande relevância social e histórica, são eles: Largo do Queimado, Largo da Soledade, antigamente conhecido como Praça da Liberdade, e Largo da Lapinha,

um dos locais principais dos festejos de Dois de Julho na capital. Quanto às áreas verdes, a maior parte existente se trata de região de encosta, as demais são quintais ou jardins em áreas particulares. (Figura 33)

Figura 33: Mapa de espaços públicos e áreas verdes

Fonte: SALVADOR, 2016/2017 adaptado por CANTO, 2019

FELIPE SANTOS DO CANTO

47


A fim de entender a dimensão de área vias e largos principais e vazios correspondem construída foi realizado um estudo de cheios em sua maioria as praças e áreas verdes, já e vazios (Figura 34), a grande massa de apresentados anteriormente. cheios está concentrada na extensão das

Figura 34: Mapa de cheios e vazios Fonte: SALVADOR, 2016/2017 adaptado por CANTO, 2019

7.1.8 Infraestrutura urbanos

e

equipamentos

Em termos de infraestrutura urbana a área é muito bem atendida. Dispõe integralmente de saneamento básico adequado, fornecimento de energia elétrica e redes de telefonia e internet. Porém as condições físicas são duvidosas, a exemplo do trecho da Figura 35, onde observa-se que os cabos não estão bem instalados aos postes, de maneira que ficam quase na altura dos pedestres, isso se repete ao longo de toda a área. Não foram identificados grandes pontos de coleta de lixo, apenas pequenos pontos de descarte instalados pela Prefeitura ao redor de alguns postes. Ainda assim, foi identificado no meio da Ladeira da Soledade, um ponto descarte irregular, onde o lixo é jogado diretamente na calçada (Figura 36).

48

Figura 35: Descarte de lixo inadequado Figura 36: Placa proibido jogar lixo e entulho Fonte: CANTO (2019)

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


azulejos com motivos florais As vias e passeios encontram-se em e geométricos e pinturas condições físicas aceitáveis, sendo que com inscrições em árabe. As arcadas que delimitam a nave grande parte possui piso tátil. Entretanto, a se assemelham a ferraduras e acessibilidade dos cadeirantes e pessoas os capitéis das colunas, assim como o teto, apresentam com mobilidade reduzida é insatisfatória, profusa decoração.” (Lins, 2012) considerando-se que, faltam rampas nas calçadas, em sua grande maioria estreitas, Margeando a poligonal, tem a Fonte o que se agrava com a implantação de e Parque do Queimado, atual sede do postes no meio delas. programa NEOJIBA . A Fonte aproveitava as águas do Rio Queimado. “Até séc. XIX, em Salvador, as fontes abasteciam as comunidades para uso doméstico e outros fins.” (PÊPE E RIOS, 2007 )

Figura 37: Poste na calçada Ladeira da Soledade Fonte: CANTO (2019)

Registram-se no entorno e na área de estudo, equipamentos urbanos e marcos históricos de grande relevância. O Largo Lapinha tem um grande significado histórico para a capital, ele pois recebe além de receber a festa do Santos Reis, e foi um dos principais locais de disputa da Independência do Brasil na Bahia,, sendo assim o ponto de partida do cortejo que comemora esse feito desde 1824 3. Por conta disso, no local fica localizadoencontra-se o Pavilhão 2 de Julho, datadoa de 1960, que abriga os carros alegóricos da Cabocla e do Caboclo. No largo também fica a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Lapinha, que começou a ser construída em 1771.

“A Companhia de Abastecimento de Água Queimado foi a primeira concessionária do gênero a ser criada no país, em 1852, visando solucionar o grave problema de abastecimento da população que, até então, era realizado por chafarizes, casas de vendagem e penas d’água. O sistema de abastecimento, que contava além dos equipamentos e reservatórios, com chafarizes instalados em praças da cidade, começou a funcionar em 1857 [...]. O conjunto construído se acomoda nas distintas cotas do terreno, destacando-se o edifício central, em linhas neoclássicas, e os galpões contíguos, exemplares da arquitetura fabril do período.” (PÊPE E RIOS, (2007 )

Além disso, próximo à área de estudo temos encontra-se o Hospital Ana Nery, Hospital da Cidade, Museu Geológico da Embasa, Instituto de Cegos da Bahia, Terminal Marítimo de São Joaquim, Porto de Salvador, Subestação da COELBA, Igreja e Convento Nossa Senhora da Soledade, Colégio Nossa Senhora da Soledade, Instituto Central de Educação Isaías Alves (ICEIA).

“[...] constitui um dos principais templos erguidos em Salvador, no começo do século XX, sob influência do ecletismo arquitetônico europeu. Seu frontispício, com forte influência do neogótico, apresenta torre central verticalizada i pontiaguda, pináculos e arcos em ogiva nas suas portas e janelas do coro. Já o seu interior assumiu decoração neo-mourisca, definida pelas paredes revestidas de FELIPE SANTOS DO CANTO

49


Figura 38: Igreja Matriz de Nossa Senhora da Lapinha Fonte: CANTO (2019)

Figura 39: Pavilhão 2 de Julho Fonte: CANTO (2019)

7.1.9 Mobilidade Urbana e Acessibilidade

grande relevância, e que possuem um grande fluxo de pessoas. Lapa, Comércio, Acesso Norte, Estação da Calçada e Rodoviária. (Figura 40)

Para entender a mobilidade e acessibilidade da área de intervenção foram escolhidos cinco principais pontos de partidas, de

Figura 40: Mapa de mobilidade urbana Fonte: SALVADOR, 2016/2017 adaptado por CANTO, 2019

50

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


A partir do mapa de mobilidade podemos perceber que só existem duas possibilidades de rotas que passam dentro da área de estudo, sendo uma no sentido Liberdade e outra no sentido Barbalho. As demais rotas têm as paradas de ônibus fora da área, e o restante do percurso deve ser feito a pé. Esses trajetos não são longos, porém, falta infraestrutura adequada e acessibilidade para o pedestre, o que se deve devido ao fato da área estar localizada numa cota mais alta em relação ao entorno. Desse modo, os acessos acabam se dando por escadarias e ladeira muito íngremes. À

exceção do Plano Inclinado Liberdade/ Calçada, não existe ascensor mais próximo. Ainda existem acessos diretos de pedestres, nos mesmos locais onde eram a ligação com a Av. Jequitaia e a Estrada da Rainha, porém ambos não possuem acessibilidade. O caso da Ladeira do Canto da Cruz é ainda mais crítico, por se tratar de uma passagem estreita, com pavimentação irregular com desnível e insegura. Parece ter sido feita de maneira totalmente improvisada, um descaso remanescente da obra da Via Expressa. (Figura 41)

Figura 41: Acesso Ladeira do Canto da Cruz

Fonte: Google Earth, 2019 adaptado por CANTO, 2019

Ainda assim o local é de fácil acesso, sendo que o percurso de chegada mais longo tem duração de 40 min, utilizando dois ônibus, com saída da rodoviária, e o mais rápido utilizando um único ônibus, saindo do acesso norte, com tempo de duração em torno de 19 min. O acesso de metrô se dá através da estação Campo da Pólvora, a qual dispõe de algumas opções de ônibus que levam até a área. Além de estar inserida no Centro Antigo, a região está muito próxima da estação de trem da Calçada, que dá fácil acesso ao Subúrbio de Salvador, ao Terminal Marítimo de São Joaquim, esse último que dá acesso direto à Ilha de Itaparica/Bom Despacho. FELIPE SANTOS DO CANTO

7.1.10 Análise das tipologias arquitetônica e construtiva Na poligonal de estudo existem muitas edificações antiga, critério principal para escolha da área. A partir do mapa (Figura 42), é possível compreender que existem muitos edifícios degradados, alguns em estágio avançado, apresentando risco de se tornar ruína. Os classificados como conservado são aqueles ativos ou que deixaram de ter uso há pouco tempo. Os requalificados são aqueles que aparentam ter sido reformados recentemente e não sofreram modificações bruscas de cor ou acréscimos nas fachadas ou destoem muito das suas características originais e do entorno. 51


Figura 42: Mapa de Estado de Conservação

Fonte: SALVADOR, 2016/2017 adaptado por CANTO, 2019

Antes da definição da poligonal de intervenção, no mapa de áreas de interesse (Figura 43) foram identificados e caracterizados os vazios ao longo deem toda a área de estudo. No mapa eles estão foram ele enumerados e foram criadas

fichas com osa principais dados. Podemos observar que grande parte dos casarões de grande porte estão esvaziados vazios ou subutilidados, possivelmente devido ao custo mais elevado de fazer manutenção e se manter esses locais.

Figura 43: Mapa de Áreas de Interesse

Fonte: SALVADOR, 2016/2017 adaptado por CANTO, 2019

52

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


FICHAS DAS ÁREAS DE INTERESSE

FELIPE SANTOS DO CANTO

53


FICHAS DAS ÁREAS DE INTERESSE

54

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


FICHAS DAS ÁREAS DE INTERESSE

FELIPE SANTOS DO CANTO

55


FICHAS DAS ÁREAS DE INTERESSE

56

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


FICHAS DAS ÁREAS DE INTERESSE

FELIPE SANTOS DO CANTO

57


FICHAS DAS ÁREAS DE INTERESSE

58

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


FICHAS DAS ÁREAS DE INTERESSE

FELIPE SANTOS DO CANTO

59


7.1.11 Estudo Climático

numa cota mais alta que a permite receber os ventos predominantes vindo do SE, não A área está voltada para a Baía de Todos sofrendo com o fenômeno da inversão dos os Santos, com orientação NO (noroeste). ventos (Figura 44 e 45). Ainda que localizada a NO da cidade, a região é bem ventilada, pois encontra-se

Figura 44: Ventilação invertida faixa da BTS Fonte: NERY et al (1997)

MAPA DE INSOLEJAMENTO E VENTILAÇÃO LEGENDA ÁREA DE ESTUDO Percurso aparente solar

Sentido da Ventilação Predominante Nascer do sol Pôr do sol

100m 0

300m 200m

400m

FONTE: SALVADOR PDDU 2016 e PREFEITURA MUNICIPAL DE SALVADOR 2017 ADAPTADO. Figura 45: Mapa de Insolejamento e Ventilação Fonte: SALVADOR, 2016/2017 adaptado por CANTO, 2019

60

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


7.2 Análise da área de intervenção A partir da análise e através dos percursos livres realizados na área de estudo Figura 46, foi definida a área de intervenção para proposição do plano mestre e estudo mais aproximado, que contempla toda extensão da Largo da Soledade e toda a ladeira da Ssoledade (R. Augusto Guimarães). Em termos de condição de esvaziamento, consideramos essa área uma áreacomo de transição, pois está entre a Llapinha, com vida urbana mais ativa, e o Barbalho (R. São José de Cima), rua quase que inteiramente esvaziada.

Foi escolhida uma área de transição a fim de que o projeto pudesse ser lido como possível de dar continuidade a um eixo completo de intervençõesão até o Ccentro Hhistórico, e para elaboração e aprofundamento desenvolvimento do projeto e com detalhamento, foram selecionadas duas áreas, um imóvela em ruína, preservando apenarque preserva apenas parte da fachada e um espaço público de passagem que apresentar enorme conflitosfoi profundamente impactado com a implementação da Via Expressa.

Figura 46: Mapa de Identificação da Área de Intervenção Fonte: SALVADOR, 2016/2017 adaptado por CANTO, 2019

A área definida sofreu muito com os impactos e pressões da implantação da Via Expressa da Baía de Todos os Santos em dois aspectos principais. O primeiro deles foi a necessidade de esvaziamento dos casarões mais próximos ao ponto de abertura do túnel, este feito a partir da explosão de dinamites;, no o segundo foi exatamente a consequência dos abalos gerados pelas explosões, danificando diversas construções, que não foram escoradas, que e posteriormente vieram a desabar por conta da falta de manutenção. FELIPE SANTOS DO CANTO

É importante ressaltar que a área possui alguns elementos estruturadores: o Largo da Soledade que se configura um ponto focal, o Colégio e Igreja Nossa Senhora da Soledade e o Colégio Carneiro Ribeiro, estes são uns dos principais responsáveis por caracterizar e movimentar a região atualmente. No mapa de caracterização da área de intervenção (Figura 47) vão ser destrinchados alguns pontos essenciais para compreensão do local.

61


MAPA DE CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO

Figura 47: Mapa de Caracterização da Área de Intervenção Fonte: SALVADOR, 2016/2017 adaptado por CANTO, 2019

Lins (2012) caracteriza a região por volta dos anos de 1798: “A ladeira e o alto da Soledade eram, nessa época, pontilhadas por casa térreas, que deram lugar, no século seguinte, a sobrados, com fachadas azulejadas, rematados por beirais, e, em alguns casos, dotados de amplo jardim ao fundo, como é o caso do Solar Bandeira. [...] em 1839, que a rua principal era calçada e que ostentava duas belas alas perfeitamente uniformes em tamanho, estrutura e aparência. (Lins, 2012).

Colégio Carneiro Ribeiro. Há o predomínio de construções do século XIX, existindo também imóveis do Século XVIII e XX, sendo que em boa parte o conjunto sofreu muitas reformas nos últimos anos. Na zona de proteção ambiental existem mais de 140 prédios e nela também inclui a encosta, vez que o tombamento pretende preservar também o frontispício da cidade do Salvador no trecho da Sé ao Largo da Soledade.” (SALVADOR, 1981, p.04).

No ano de 1981, durante o processo de levantamento de informações para pedido de tombamento da área, Maria do Socorro Tarquino Martinez, diretora da Escola de Arquitetura da UFBA, na época, separa a região em duas zonas: “A zona de proteção rigorosa é integrada pelos imóveis do trecho da Augusto Guimarães (Ladeira da Soledade) e pelo Largo da Soledade. São 78 casas e mais o Solar Bandeira, o Convento da Soledade e o 62

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


O estudo da área de intervenção foi realizado com base em levantamentos no estudo de campo e análise de fotografias antigas do local, quando disponíveis. Antes da análise dos pontos destacados no mapa de caracterização, pode-se enxergar, a partir da figura 48 e 49, as mudanças no tecido e na dinâmica urbana da região. A pavimentação da via antes em paralelepípedos foi coberta por asfalto. Notamos a existência de trilhos e fiações, indicando que provavelmente ali passava um bonde.

O local na época possuía uma dinâmica urbana completamente diferente da encontrada nos dias atuais, a rua era extremamente movimentada, era possível ver pessoas andando ao longo de toda a ladeira e no lado esquerdo da imagem crianças parecem estar comprando algo numa barraquinha instalada no local. Atualmente, esvaziada, traz sensação de insegurança e afasta as pessoas.

Figura 48: Ladeira da soledade no inicío do séc XX. Figura 49: Ladeira da soledade em 2019. Fonte: IPHAN, ano não identificado/ Google Street View, 2019

7.2.1. O Largo da Soledade (1) O Largo que dá nome ao bairro, possui forma quase triangular e está delimitado por um casario do século XIX, implantado na testada da rua e sem recuos. No início do século XX, o logradouro recebeu pavimentação e delimitação de ruas, além de passeios que o separavam do frontispício da igreja. O monumento à Maria Quitéria de Jesus4 , em comemoração à Independência do Brasil na Bahia em 1823, é um ponto focal na praça. No início dos anos 2000, a Prefeitura Municipal realizou obras no logradouro, anexando o Largo, mais uma vez, à fachada lateral da igreja. Estas obras FELIPE SANTOS DO CANTO

também alteraram a pavimentação e elevaram parte da via que contorna o local, separando-a com defensas de concreto. No largo apenas dois casarões de encontram vazios. A antiga casa de saúde Ana Nery, altamente degradada, e um sobrado de esquina com dois pavimentos, recém reformado, que, segundo transeuntes do local, vai abrigar uma faculdade. Apesar de toda a infraestrutura existente, como bancos e academia urbana, o espaço é mais utilizado pelas pessoas que esperam por transporte público, todas espremidas em busca de conforto na sombra, no abrigo de ônibus inserido na praça. 63


A construção do convento desenvolvese em torno de um claustro retangular. Possui subsolo, dois pavimentos sobre a rua e mirante com mais três pisos, elemento encontrado em outras edificações destinadas a freiras na Bahia. “A igreja apresenta nave única e corredores laterais estreitos ao longo da nave, que conduzem a uma sacristia transversal bastante exígua. Sua planta difere daquela que caracteriza os templos do começo do século XVIII, justamente por ser desprovida de tribunas e possuir torre recuada com relação ao plano do frontispício. Este, aliás, no estilo rococó tardio, é provavelmente do século XIX, A torre, porém, é original.” (Lins, 2012)

Atualmente o Convento funciona como um colégio, distribuído por seus inúmeros blocos, que atende do ensino infantil ao ensino médio e é referência na região. Figura 50 e 51: Largo da Soledade em 1976 Fonte: IPHAN, 1976

Figura 52: Largo da Soledade 2019 Fonte: CANTO, 2019

7.2.2. Igreja e Convento das Ursulinas de Nossa Senhora da Soledade (2) Sua construção iniciou em 1711, de acordo dados históricos, sua origem está ligada à existência de uma irmandade vinculada à devoção de N. Sra. da Soledade. Por volta de 1738, foi construído um convento anexo a igreja com a proposta de criação de uma Figura 53 e 54: Fachada da Igreja e do Colégio da Soledade em 2019 fundação de recolhimento para moças Fonte: CANTO, 2019 pobres e “desviadas”. (Lins, 2012). 64

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


7.2.3. Fachadas remanescentes casarões desabados nº156/158 (3)

de

Pelas características tipologias arquitetônicas, os casarões, provavelmente, tinham uso habitacional. Ambos possuem porão alto, característica dos casarões do séc XIX. O da esquerda carrega traços do estilo artdeco, nos detalhes decorativos da platibanda e fachada e no modelo das esquadrias. Comparando a Figura 55 e Figura 56, é possível ver o acréscimo do portão de garagem, desde 1961. Além 56: Fachada dos casarões de nº156 e nº 158 disso, possui diversos danos como macha Figura Fonte: CANTO, 2019. negra, esquadrias danificadas e esquadria e outros elementos faltantes. A construção da direita apresenta um estilo arquitetônico eclético, possui alguns elementos que remetem à arquitetura neoclássica e artdeco. A fachada tem muitas pichações, esquadrias faltantes, mancha negra e outros danos. Ambos os casarões foram alvo de desabamento, no ano de 2019, devido provavelmente a falta de manutenção, atualmente só preservam Figura 57: Desabamento do casarão de nº156 suas fachadas de pé. Fonte: Gustavo Castelucci/TV Bahia, 2019.

Figura 55: Ladeira em 1961 com casarão nº156 e parte do casarão nº 158 em destaque. Fonte: IPHAN, 1961 adaptado por CANTO, 2019.

FELIPE SANTOS DO CANTO

65


7.2.4. Sobrado geminado de azulejos nº 150/152 (4) Os casarões azulejados estilo neoclássico possuem dois pavimentos mais sótão. Eles são espelhados no eixo central, repetindo todos os elementos de fachada, passando uma impressão de unidade. Pelos registros da Figura 58, é possível notar a existência de janelas na fachada lateral esquerda, isso evidencia a possibilidade de o casarão térreo à esquerda ter sido construído posteriormente a ele. É possível perceber através da Figura 59 o acréscimo do terceiro pavimento no casarão esquerdo (nº150), pelo proprietário, com o intuito de aproveitar melhor o sótão. Mesmo que uma intervenção não adequada, o novo elemento mantém o ritmo de esquadrias existentes. O último uso do sobrado nº152 foi como Lar São José, uma casa de repouso para idosas, Figura 59: Sobrado geminado nº 150/152 em 2019 conforme um banner ainda pendurado no Fonte: CANTO, 2019. gradil da sacada das janelas superiores. O uso mais recente do sobrado nº150 não foi identificado. Atualmente se encontram 7.2.5. Ruína sobrado de azulejos nº146 (5) vazios, o nº152 com oferta de apartamentos Esse sobrado azulejado, antes do desabamento, conforme visto em imagens antigas possuiu dois pavimentos e sótão, a sua fachada quase inteira azulejada, três aberturas no pavimento superior para sacadas com gradis de ferro. Possui um óculo acima de onde era a porta de acesso. Conforme fotografias do IPHAN na Figura 63, observa-se a existência de telhas de louça, características de algumas construções da época na região.

Figura 58: Sobrado geminado nº 150/152 em 1976 IPHAN, 1976

66

No ano de 2017, este casarão desabou sobre o da esquerda, deixando vítimas fatais. No item 7.1.3 desse documento é possível ver mais detalhado o processo de desabamento. Conforme observado na Figura 62, atualmente só resta metade da fachada original de pé, contendo apenas uma janela e a porta e duas aberturas do porão alto, todas com vedações inadequadas. Dos azulejos, da parte que restou, muitos ainda resistem e apresentam danos recuperáveis.

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


Figura 60, 61 e 62: Degradações do sobrado nº 146 Fonte: IPHAN, 1978/ Portal A TARDE, 2017/ CANTO, 2019

Figura 63: Telhas de louça sobrado nº146 Fonte: IPHAN, 1976

7.2.6. Sobrado geminado de azulejos nº 131/133 (6) O casario corresponde a dois casarões azulejados geminados de estilo neoclássico. Segundo Ulloa (2018) são “imóveis de porão alto, acessados através de uma pequena escada à porta de entrada e cuja configuração coadunava com as principais características da casa brasileira de corredor lateral com acesso aos cômodos adjacentes, com planta rebatida entre uma unidade e outra.” O casarão nº131 ainda mantêm um vão aberto e livre, pois este serve de acesso à Avenida Lourdes (Figura 64), onde está localizada a vila de mesmo nome, ao fundo dos edifícios. “Desde a primeira metade do FELIPE SANTOS DO CANTO

século XX, por entre o corredor das casas temos acesso a uma vila de, aproximadamente 35 casas. [...] Em continuidade ao parcelamento8 dos imóveis em unidades multifamiliares, aos poucos o quintal foi também subdividido e ocupado por pequenas casas térreas, sem afastamento entre si.” Ulloa (2018)

Figura 64: Delimitação da Avenida Lourdes da Soledade Fonte: Ulloa, 2018

67


Figura 65: Sobrado geminado de azulejos nº 131/133 em 1976 Figura 66: Sobrado geminado de azulejos nº 131/133 em 2019 Fonte: IPHAN, 1976/ CANTO, 2019

7.2.7. Sobrado de azulejos nº125 (7)

Atualmente o edifício encontra-se em uso Na fachada é possível observar que existem apenas no pavimento, onde possui de um duas portas de acesso; a da esquerda lado uma unidade familiar e do outro um pertence a uma residência caracterizando comércio. uma unidade isolada. A porta da esquerda além de dar acesso ao restante do edifício e seus pavimentos é também passagem para a vila ao fundo, assim como o sobrado nº131.

Figura 67: Delimitação casarão nº125 e casas ao fundo. Fonte: Salvador, 2017 adaptado por CANTO, 2020.

68

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


Figura 68: Sobrado n 125 em 1974 Figura 69: Sobrado n 125 em 2019 Fonte: IPHAN, 1976 Fonte:CANTO, 2019

7.2.8. Colégio Caneriro Ribeiro (8) O antigo edifício do Colégio Caneiro Riberio tinha um estilo eclético, que mistura diversas texturas na fachada, um exemplar pouco visto na cidade de Salvador. As três aberturas superiores centrais davam acesso para uma sacada com gradil de ferro. Por volta da década de 70, houve a demolição

dos casarões nº130,132,134 (Figura 70 e 71) para a construção do Complexo Escolar Carneiro Ribeiro, atualmente com o nome de Colégio Estadual Carneiro Ribeiro Filho (Figura 72). Isso representou uma enorme lacuna no conjunto arquitetônico, pois o novo edifício, além de ser construído no estilo moderno, apresenta recuos frontais e laterais em relação às divisas do terreno.

Figura 70 e 71: Demolição dos imóveis nº130,132 e 134 e Colégio Carneiro Riberio IPHAN, 1961 adaptado por CANTO, 2020. / IPHAN, 1961 FELIPE SANTOS DO CANTO

69


Figura 72: Colégio Estadual Carneiro Riberio Filho Fonte: Google Street View, 2019

A construção atualmente está subutilizada, e o térreo ocupado por comércios variados, mas nem todos em funcionamento. Os pavimentos superiores estão vazios. A parte térrea da sua fachada está completamente descaracterizada, devido às intervenções realizadas, provavelmente pelos proprietários. Foram acrescentados portões metálicos e cada um pintou um trecho da parede externa de uma cor diferente, gerando no fim uma intervenção completamente desconexa com o preexistente.

7.2.9. Casarão nº117 (9) O casarão possui três pavimentos, sendo que o terceiro corresponde a uma elevação acompanhando somente uma janela do lado esquerdo da fachada, repetindose largura da esquadria e relevo das colunatas que dão a ela um aspecto de torre se vista de frente. Esse andar aparenta ser um acréscimo, visto que inicia após o acabamento de telhado do pavimento inferior. Mas ainda assim é algo que está presente pelo menos desde 1961 (Figura Figura 74: Casarão nº117 em 1976 Fonte: IPHAN, 1976 adaptado por CANTO, 2020. 74). O pequeno recuo lateral oferece ao edifício uma conformação distinta dos outros do entorno, pois faz com que a sua planta tenha um formato quase em “L”.

Figura 75: Casarão nº117 em 2019 Fonte: CANTO, 2019

Figura 73: Casarão nº117 década de 60 Fonte: : IPHAN adaptado por CANTO, 2020.

70

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


7.2.10. Casarão da antiga Farmacia Estrela (10) O casarão possui dois pavimentos e está situado na esquina com a Travessa da Soledade. É possível ver por conta do letreiro, que a edificação funcionava como farmácia, denominada Farmácia Estrela (Figura 77 e 78). Na fachada principal existia uma platibanda e ainda é possível identificar restos construtivos dela na Figura 79. Atualmente o edifício está subutilizado, Figura 78: Casarão Farmácia Estrela visto da Estrada somente com o seu térreo onde funciona da Rainha em 1974 uma oficina de mecânica de motos, Lu Motos. A fachada possui diversas pinturas com nome e serviços realizados no local.

Figura 76: Delimitação Casarão Farmácia Estrela Fonte: Salvador, 2017 adaptado por CANTO, 2020

Figura 79: Casarão Farmácia Estrela 2019 Fonte: CANTO, 2019.

Figura 77: Casarão Farmácia Estrela 1961 Fonte: IPHAN, 1961adaptado por CANTO, 2020.

FELIPE SANTOS DO CANTO

71


7.2.11.

Solar Bandeira (11)

Trata-se de um dos edifícios de maior importância histórica para a região, destacando-se pelo tamanho e a existência do enorme jardim ao fundo. Oliveira (2015, p. 15) afirma que o Solar Bandeira foi construído pelo homem considerado um dos mais ricos da Bahia do sec. XIX, o comerciante e senhor de engenhos Pedro Rodrigues Bandeira. Apesar de incomum na região, acredita-se que a construção do solar na cumeada da escarpa se deu Figura 80: Localização Solar Bandeira de maneira estratégica, além das questões Fonte: PMS Base Sicar adaptado por CANTO, 2019 de ventilação e iluminação favoráveis, ali o senhor de engenhos teria vista privilegiada da Baía de Todos os Santos, podendo acompanhar em tempo real as atividades comerciais portuárias e transações comercias feitas via terrestre. O solar, implantado em esquina, possui dois pavimentos e um sótão. Tem um partido de corredor central que mantém uma relação direta com o jardim aos fundos. Este com vista privilegiada para o mar, que foi perdida por conta das novas construções. “O inventário de falecimento do proprietário, realizado em 1835, informa que, no pavimento nobre, havia duas salas na frente e dois gabinetes, além de salas posteriores com varanda e sete quartos. Informa ainda que, no quintal, ficavam cozinha, cocheira e cavalariça. A edificação resguarda requintes decorativos. Na fachada, os vãos com moldura de lioz e gradis de ferro decorados sobre o púlpito de pedra. No pavimento superior, forros de madeira, com arremate em forma de ramalhetes de flores, e silhar de azulejos - datados do início do século XIX - em um dos salões nobres.” (Lins, 2012, p. 313)

Figura 81: Aquarela do Solar Bandeira em 1879 Fonte: Oliveira, 2015

Atualmente o edifício encontra-se bastante deteriorado. Do jardim, outrora considerado “maravilha e orgulho da Bahia”, restam apenas vestígios de seus muros, canteiros e conversadeiras revestidos por embrechado de louças.” Também está subutilizado, apenas com uma pequena parte do térreo no lado direito da fachada voltada para Figura 82: Solar Bandeira em 2019 a Ladeira da Soledade ocupada por dois Fonte: CANTO (2019). pequenos comércios. 72

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


7.2.12.

Ruínas de dois casorões (12)

De acordo com análises de fotos aéreas e elementos da fachada foi possível identificar que a ruína pertenceu a dois casarões (Figura 83). O edifício da direita mais simples, somente com pavimento térreo e o outro, com três pavimentos. O edifício da esquerda aparenta ter pertencido a uma família nobre devido ao seu porte e requinte da construção, como, por exemplo, a Figura 85: Ruínas em 2019 presença de uma grande varanda no Fonte: CANTO (2019). terceiro pavimento. Sua balaustrada é toda ornamentada, possuindo um brasão no 7.2.13. Ladeira do Canto da Cruz (13) centro.

Figura 83: Delimitação das Ruínas Fonte: Salvador, 2017 adaptado por CANTO, 2020

Atualmente o avanço das degradações e a quantidade de escoras na fachada dificultam a visibilidade e leitura do casario. Por conta da falta de cobertura, há muitos anos, a vegetação já tomou uma parte considerável da construção, sendo quase impossível distinguir as paredes existentes. Importante ressaltar que o edifício tem uma localização privilegiada, pois foi construído na esquina com a Ladeira do Canto da Cruz e pode ser visto por quem passa pela Via Expressa e Estrada da Rainha.

Figura 84: Ruínas em 1976 Fonte: IPHAN, 1976 adaptado por CANTO, 2020 FELIPE SANTOS DO CANTO

A Ladeira do Canto da Cruz era o principal acesso de veículos do Comércio/Cidade Baixa até a Ladeira da Soledade, até que por volta do ano de 2005 o tráfego foi interrompido permanentemente para que pudessem ser abertos os túneis para a Via Expressa da Baía de Todos os Santos. Desde que a obra foi entregue no ano de 2013, os moradores reclamam do abandono do local, este que mesmo desativado para os carros, continuava sendo o principal acesso dos pedestres (Figura 86).

Figura 86: Delimitação de percurso e conflito Ladeira do Canto da Cruz Fonte: Salvador, 2017 adaptado por CANTO, 2020

Dentre as principais reclamações apontadas pelos moradores, está o acumulo de lixo, que atrai animais e doenças. Os outros aspectos são a insegurança e a presença de usuários de drogas, devido ao isolamento que a área sofreu por conta das obras. Além disso, o acesso que integra a calçada feita e a ladeira têm pavimentação irregular, o que torna a locomoção difícil e arriscada (Figura 87). 73


Esses problemas parecem ter sido ocasionados pela falta de planejamento, gerando uma “solução” posterior improvisada e feita às pressas ou simplesmente pode ter sido um local esquecido, escancarando o total descaso do poder público com os moradores da região. Com um olhar um pouco mais dedicado, o local poderia ter se transformado em um espaço público acolhedor aproveitando a vista privilegiada para o mar da Baía de Todos os Santos (Figura 88).

7.2. 14. Casarão Professor Viegas (14)

demolido

da

R.

O terreno que hoje se encontra murado pertenceu a um casarão imponente na região da Soledade, implantado na esquina com três vias: Ladeira da Soledade, Estrada da Rainha e R. Professor Viegas. O edifício tinha planta em formato tipo “L” distribuído em três pavimentos. Não se sabe ao certo qual foi o seu uso original. Segundo notícia no portal Farol News (2017), o casarão tinha cerca de 102 anos e foi um dos primeiros construídos na região, porém estava abandonado há mais de 10 anos.

Figura 89: Delimitação do casarão da R. Professor Viegas Fonte: Salvador, 2017 adaptado por CANTO, 2020

Figura 87: Pavimentação Ladeira do Canto da Cruz Fonte: CANTO, 2019

Antes do abandono e de ser invadido por usuários de drogas, o imóvel funcionou como panificadora. Segundo o portal do A TARDE (2017), ao questionado pela defesa civil sobre o que fazer com o imóvel, o IPAC alegou não ter responsabilidade sobre o edifício, pois não estava inserido na poligonal de tombamento do Conjunto da Soledade, portanto cabia ao proprietário dar uma destinação. Assim, o edifício foi demolido em 2017 sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbano (Sedur). O proprietário alegou não ter condições de arcar com as obras.

Figura 88: Vista Ladeira do Canto da Cruz Fonte: CANTO, 2019

74

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


Figura 90: Demolição de casarão da R. Professor Viegas Fonte: Bruno Concha/Secom

Figura 91: Imóvel à Rua Professor Viegas antes da demolição Fonte: Google Street View, 2017

Figura 92: Imóvel à Rua Professor Viegas depois da demolição Fonte: Google Street View, 2019

FELIPE SANTOS DO CANTO

75


8. CONCEITO DO PROJETO

76

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


Ao trabalhar com um grupo de pessoas tão diverso é muito difícil produzir espaços que dialoguem integralmente com elas, mas é admissível se pensar nos ambientes e na multiplicidade de usos. A partir dos estudos que abordam a maneira como os movimentos de moradia se apropriam e ressignificam os espaços, fica claro que os usos destinados no momento do projeto são totalmente subjetivos e podem ser alterados de acordo com os grupos de pessoas que os utilizam. Dentre os relatos dos integrantes da ocupação abordados por Carli e Frediani (2016), são destacadas três situações distintas de transitoriedade e permanência, suas relações com a ocupação e o centro da cidade. Estas ponderações embasam a formulação conceitual do projeto. É perceptível que além de bem localizados e infraestruturados, os locais devem oferecer segurança, não somente relacionada a violência, mas como garantia da consciência de que, no espaço habitado, se estabelece uma relação de identidade e pertencimento e que os mesmos têm direito de permanecer o quanto desejar e necessitar. Segundo Madden e Marcuse (2016) “existe um termo para não se sentir em casa que tem uma longa história nas ciências sociais e na teoria crítica: alienação. A ideia de “sentir-se em casa” parece ser exatamente o oposto da alienação.” Os autores afirmam que o processo de alienação residencial acontece em diversos grupos de pessoas e que alguns países oferecem mais segurança do que outros, mas deve ser pensado como uma questão estrutural.

FELIPE SANTOS DO CANTO

Quer moremos em cavernas ou em condomínios, a habitação é uma prática humana universal. O lar é uma extensão e expressão de nossa capacidade de criar. É preciso uma variedade infinita de formas, mas fazer um lar para nós é uma atividade essencial e universal. A alienação residencial é o que acontece quando uma classe capitalista captura o processo habitacional e o explora para seus próprios fins. (Madden e Marcuse, 2016, p.33) Por isso, a fim de dialogar com o maior grupo de pessoas possível, os espaços propostos exploram o potencial da diversidade das formas de ocupação, através de locais híbridos e plasticamente mutáveis que possibilitem o questionamento do uso, enquanto fornecem a possibilidade da liberdade de apropriação, dialogando com as características urbanísticas, climáticas e as suas condições de pertencente ao Centro Antigo. Na proposta urbanística, trabalharemos com a ideia de transição e continuidade, pois a área de intervenção está localizada entre a Lapinha, um bairro mais ativo, e o início do Barbalho, mais esvaziado. Assim, as soluções propostas têm como principal intuito requalificar o existente integrando-o ao mais ativo e incentivando a ocupação do tecido seguinte mais esvaziado.

77


Figura 93: Situação de transitoriedade permanente

Fonte: Dados por Carli e Frediani (2016) e diagrama por CANTO (2019).

78

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


FELIPE SANTOS DO CANTO

79


9. O PROJETO

80

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


Antes da elaboração do plano mestre na área de intervenção foram estabelecidas algumas diretrizes gerais que englobam toda a área de estudo. Consiste numa indicação de proposições de possíveis usos e intervenções para toda a área, indo além

da área tombada do Conjunto da Soledade, compreendendo a importância histórica encontrada também no tecido urbano da Lapinha. As diretrizes foram classificadas em 5 cinco categorias conforme a Figura 94.

Figura 94: Mapa de diretrizes gerais para área de estudo Fonte: SALVADOR, 2016/2017 adaptado por CANTO, 2019

• Conservar: engloba as edificações do entorno que não preservam características antigas de grande relevância e que estão ativas e em em plena condições de funcionamento. Portanto, não significa que não devem ter algum cuidado ao intervir, devem se manter condizentes com o seu entorno de maneira a respeitar o patrimônio.

• Manter/Reformar: construções que preservam caracteristicas de patrimônio antigo e estão ativas, muitas em boas condições de uso e outras, ainda que em funcionamento, necessitam de cuidados para não acentuar o processo de degradação. FELIPE SANTOS DO CANTO

• Restauro e Reuso: contempla os vazios construídos e edificações parcialmente esvaziadas, e assim não cumprem a função social da propriedade. Aqui deve-se então analisar cada caso e passar por um processo de requalficação e serem atribuídos novos usos que ajudarão a preservar e manter o espaço, sempre respeitando a questão do patrimônio. Aqui cabe destacar as construções de grande porte: o antigo Sanatório Bahia, Armazem e e Padaria Transwall e Antiga Casa de Saúde Ana Nery.

81


• Reconstrução Volumétrica: trata-se de terrenos vazios que se estabeleceram dessa maneira devido a ocorrência de demolições/desabamentos dos antigos casarões que os ocupava. Cabe analisar e entender a necessidade do estabelecimento de novas construções ou concepção de espaços públicos, visando a estabelecer soluções para sanar as lacunas deixadas pela falta desses casarões.

Todas as diretrizes que foram postas não se aplicam aos edifícios em caráter de exclusividade, assim cada caso deve ser analisado na sua especificidade e estabelecidas as melhores intervenções cabíveis, sempre respeitando o patrimônio antigo edificado e o contexto de centro antigo em que o mesmo se encontra.

• Restauro, Reconstrução Volumétrica e Reuso: contempla as edificações em avançado estado de degradação que 9.1 Plano Mestre precisam ser analisadas cuidadosamente para definir a possibilidade de serem reintegradas e estabelecidos novos usos. O presente trabalho consiste na elaboração O estado que se encontram atulmente de um plano mestre, que propõe diretrizes de intervenções e ocupações e usos para os representa risco de desabamento. vazios e o tecido urbano existente. Consiste ainda na concepção e desenvolvimento de intervenções urbanísticas nos principais pontos de conflito, além de projetos arquitetônicos voltados para a população em situação de transitoriedade e permanência.

Figura 95: Mapa de diretrizes do plano mestre Fonte: SALVADOR, 2016/2017 adaptado por CANTO, 2019

82

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


9.1.1 Diretrizes de intervenção

9.2 Solar Bandeira - Transitar 9.2.1 Diretrizes de projeto

Intervenções no tecido urbano existente desde do Largo da Soledade e incluindo todo o eixo viário da área de intervenção. As diretrizes propostas nesse ponto incluem a ampliação de calçadas, arborização, adequação à acessibilidade dos acessos e calçadas existentes, soluções de incentivo à mobilidade ativa, estratégias de melhoria da paisagem urbana.

Designação de novos usos para os casarões que estão vazios ou parcialmente vazios. Com a premissa de tornar o local mais ativo, as proposições de novos usos são feitas de acordo com demandas necessárias na região, como acesso a serviços. Incorporam também a importância da afirmação da moradia popular no centro. Aproveitandose das infraestruturas já existentes, os casarões subutilizados têm seus usos existente respeitados, desde que estes não sejam nocivos para a preservação do patrimônio.

O térreo do edifício foi pensado para contemplar usos mais coletivos que visem a atender tanto a população do edifício, quanto moradores do entorno. Assim foi proposta uma mercearia e restaurante/bar mais popular à frente, e um bar/café mais intimista no jardim nos fundos. Uma sala de reunião para auxiliar no gerenciamento coletivo foi proposta. A planta baixa mantém a conexão direta do solar com jardim preservando o eixo central de acesso. Os pavimentos superiores ficam destinados à moradia transitória em formato de hostel, com recepção, diversas tipologias de quartos e áreas de convivência. Os ambientes propostos são mais amplos para que não se perder a leitura histórica do patrimônio, pois este pavimento foi a área nobre do edifício e possui elementos mais delicados, principalmente nos forros, que devem ser preservados. No sótão estarão abrigadas as áreas coletivas, como cozinha e lavanderia. A utilização do poço existente é fundamental para auxiliar na iluminação e ventilação natural da construção, preferivelmente dos sanitários.

As fachadas devem ser restauradas e os acréscimos equivocados de elementos que destoem com as características do Solar, devem ser eliminados. No jardim, as Intervenções no âmbito da Transitoriedade e árvores e os mobiliários existentes devem Permanência com a escolha de três edifícios ser mantidos e requalificados. No interior do para incorporar essa proposição: O Solar edifício somente as paredes estruturais e as Bandeira, a ruína do sobrado de azulejos de caráter histórico importante devem ser nº146 e as fachadas remanescente de mantidas. casarões desabados nº156/158. Nomeamos “Transitar”, o local que vai comportar Importante ressaltar que o programa de o uso para moradia temporária e de hospedagem está pautado no modelo “Permanecer” os locais de moradia mais de gestão coletiva, onde moradores permanente. Todo o projeto foi concebido convivem de maneira colaborativa para a considerado que os edifícios terão gestão manutenção do espaço, sendo assim não coletiva comunitária pelos moradores dos tem cunho assistencialista. “Permanecer”.

FELIPE SANTOS DO CANTO

83


9.2.3 Plantas de cadastro

Figura 96: Plantas de Cadastro do Solar Bandeira Fonte: Projeto de Intervebção no Solar Bandeira de Lorene Pauline Lopes de Oliveira, 2015 - Mestrado Profissional em Profissinal em Conservação e Restauração de Monumentos e Núcleos Hist´roicos MP-CECRE/

84

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


9.2.3 Programa de dimensionamento

necessidades

e

Figura 97: Dimensionamento do Solar Bandeira -Transitar Fonte: CANTO, 2020

9.3 Sobrado de azulejos Permanecer 01

do existem e ao serem remodelados de maneira contemporânea a evitar o falseamento histórico. O novo volume deve ser disposto de maneira escalada, 9.3.1 Diretrizes de projeto para aproveitar os ventos predominantes SE e causar um menor impacto visual ao Para a realização desse projeto será conjunto arquitetônico existente. incorporado o terreno vazio ao lado que correspondeu ao casarão nº144. 9.3.2 Programa de necessidades e A intervenção consiste em preservar a dimensionamento fachada que restou e complementação volumétrica da mesma, preenchendo as O edifício vai contar com dois pavimentos lacunas deixadas pelos desabamentos. mais terraço. No térreo e primeiro pavimento A parede ainda existente no fundo deve ficam localizados os apartamentos tipo ser demolida, pois não apresenta nenhum estúdio, quarto e sala integrado, assim caráter estrutural ou arquitetônico relevante. oferecendo planta livre para melhor A reconstrução volumétrica deve manter adaptação dos moradores. Também está principalmente o ritmo de disposição das sendo proposto um apartamento duplex. aberturas e altura da edificação de existiu. No terraço vão ficar áreas coletivas de Os materiais escolhidos não devem destoar convivência e lavanderia. (Figura 98) FELIPE SANTOS DO CANTO

85


Figura 98: Dimensionamento – Permanecer 01 Fonte: CANTO, 2020

9.3.3 Mapeamento de danos

QUADRO DE DANOS SIMBOLOGIA

DANO

TRATAMENTO SUGERIDO

CROSTA NEGRA/SUJIDADE FORTE

LIMPEZA DA SUPERFÍCIE

DESCASCAMENTO DE PINTURA

LIMPEZA DA SUPERFÍCIE E APLICAÇÃO DE NOVA PINTURA

DESTACAMENTO DE ARGAMASSA

APLICAÇÃO DE NOVA CAMADA DE ARGAMASSA

FISSURA

IMPERMEABILIZAÇÃO E REPARO COM ARGAMASSA

INTERVENÇÃO INADEQUADA

REMOÇÃO E/OU REALIZAÇÃO DE ACABAMENTO ADEQUADO

LACUNA

SUBSTITUIÇÃO POR NOVOS ELEMENTOS

LASCAMENTO DE AZULEJO

REPARO OU SUSTITUIÇÃO DA PEÇA POR ANASTILOSE

MUSGO

LIMPEZA E IMPERMEABILIZAÇÃO

PERDA DE AZULEJO

SUBSTITUIÇÃO POR ANASTILOSE

VANDALISMO/PINCHAÇÃO

LIMPEZA DA SUPERFÍCIE

VEDAÇÃO COM BLOCO

REMOÇÃO E SUBSTUIÇÃO POR NOVAS ESQUADRIAS

VEDAÇÃO COM MADEIRA

REMOÇÃO E SUBSTUIÇÃO POR NOVAS ESQUADRIAS

Figura 99: Mapeamento de danos Fonte: CANTO, 2020

86

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


9.3.4 Registros do processo projetual A seguir são apresentados alguns estudos realizados durante o processo projetual.

Figura 100: Estudo volumétrico do Permanecer 01 Fonte: CANTO, 2020

Scanned by CamScanner

Figura 101: Estudo de fachada e esquadrias Fonte: CANTO, 2020 Scanned by CamScanner

9.4 Sobrados nº156/158 – Permanecer 02

volumétrica. Devido a existência de casarões nas duas laterais, serão propostos novos volumes edificados com a utilização de pátio central para lazer e convivência. Dentro dos objetivos estabelecidos, os Esse pátio contribuirá, principalmente, para parâmetros aqui apresentados buscam as soluções de iluminação e ventilação dos mostrar a possibilidade desenvolvimento apartamentos. de um edifício que atenda a necessidade de permanência. Sendo assim, o mesmo 9.4.2 Programa de necessidades e préé apresentado até a etapa de pré- dimensionamento dimensionamento sem o intuito da elaboração do projeto arquitetônico pelo Neste serão propostos apartamentos autor neste trabalho. maiores, ampliando a variedade de tipologias, que podem comportar famílias 9.4.1 Diretrizes de projeto de mais integrantes. Terraços são propostos para abrigar as áreas coletivas a fim de A intervenção consiste na preservação aproveitar melhor o terreno. das fachadas existentes e reconstrução

Scanned by CamScanner

Figura 102: Pré-dimensionamento – Permanecer 02 Fonte: CANTO, 2020 FELIPE SANTOS DO CANTO

87


9.5 Proposta de novo ponto focal e integração com o espaço público existente – Praça Professor Viegas 9.5.1 Diretrizes de intervenção O Largo da Lapinha e da Soledade representam pontos focais e de referência, eles que concentram a maior parte da vida urbana de seus entornos. A Praça Professor Viegas vem como proposta de um novo ponto focal, com o intuído de requalificar um local esvaziado, tornando-o um novo local de encontros e vida urbana. Os muros que delimitam o local do antigo casarão da R. Professor Viegas, devem ser retirados e o espaço remanescente destinado a uma praça integrada ao espaço público existente. Para a lacuna existente, é proposto um portal para a praça, que rememore o volume e o ritmo de aberturas do antigo casarão que foi demolido. Deve ser pensado um marco visual que referencie o local, assim como acontece com as praças da Lapinha e da Soledade. E como retomada da vida no local, a proposição de área destinada ao comércio local e um parque infantil. 9.5.2 Registros do processo projetual

Figura 104: Estudo volumétrico e construtivo 02 do portal da Praça Prof. Viegas Fonte: CANTO, 2020

9.6 Requalificação de Scanned by CamScanner espaço público em praça – Praça Ladeira do Canto da Cruz 9.6.1 Diretrizes de intervenção Essa intervenção tem como partido a requalificação e ressignificação de um espaço esquecido e muito importante paa região. A proposta de nova pavimentação elevada e integrada à calçada existente, caracterizará a ideia de unidade do espaço. A conexão entre a ladeira e o acesso para a cidade baixa será reproposto, de maneira a oferecer plena acessibilidade e segurança para o pedestre.

Figura 103: Estudo volumétrico e construtivo 01 do portal da Praça Prof. Viegas Fonte: CANTO, 2020

88

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


A fim de dar a um local de caráter transitório, a possibilidade da permanência, foi proosto um esquema de patamares ao longo da ladeira compostos com mobiliários e a arborização. (Figura 105 e 106) 9.6.2 Registros do processo projetual

Figura 105: Estudo do mobiliário da Praça Ladeira do Canto da Cruz Fonte: CANTO, 2020

Figura 106: Estudo dos patamares da Praça Ladeira do Canto da Cruz Fonte: CANTO, 2020 Scanned by CamSc

Scanned by CamScanner

FELIPE SANTOS DO CANTO

89


Notas 1

Ibid (p.55) apud Mourad, Figueiredo e Baltrusis (2014)

2 Governou a Bahia nos períodos de 1912 a 1916 e de 1920 a 1924, ficou conhecido pelo bombardeio no Palácio do Governo e pela grande reforma urbanística de abertura da Avenida Sete de Setembro que demoliu diversos edifícios históricos importantes para a capital. 3

Pêpe e Rios, 2007.

4 Jovem interiorana, que conseguiu se alistar no Batalhão de Caçadores Voluntários da Pátria de lutar pelo país, sob o pseudo Soldado Medeiros (Lins, 2012). Sua escultura de bronze de autoria do artista José P. Barreto, foi erguida em 1953 (Pêpe e Rios, 2007)

REFERÊNCIAS A TARDE. Ipac nega ter autorizado demolição de casarão no Barbalho. 2017. Disponível em: <https://atarde.uol.com.br/bahia/salvador/noticias/1881368-ipac-nega-ter-autorizadodemolicao-de-casarao-no-barbalho/>.Acesso em: 05 abr. 2020. BAHIA; UNESCO. Centro Antigo de Salvador: Plano de Reabilitação Participativo. Salvador: Secretaria de Cultura/Fundação Pedro Calmon, 2010. BRASIL. Constituição da República Federal do Brasil de 1988. BRASIL. Decreto-lei nº25, de 30 de novembro de 1937. Organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional. CARLI, Beatrice De et al. Regeneration through the ‘Pedagogy of Confrontation’: Exploring the Critical Spatial Practices of Social Movements in Inner City São Paulo as Avenues for Urban Renewal. dearq 16. Bogotá, 2015. CARLI, Beatrice De; FREDIANI, Alexandre Apsan. Insurgent Regeneration: Spatial Practices of Citizenship in the Rehabilitation of Inner-City São Paulo. . GeoHumanities. 2016 CORREIO. Ana Nery e Sanatório Bahia vão a leilão pela sétima vez. 2011 Disponível em: <https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/ana-nery-e-sanatorio-bahia-vao-aleilao-pela-setima-vez/>. Acesso em: 03 nov. 2019. FONSECA, Albenísio. O terror banalisado. In: Blog do Dimitri. 2014. Disponível em: <http:// dimitriganzelevitch.blogspot.com/2014/05/o-terror-banalisado.html>. Acesso em: 26 nov. 2019. FUNDAÇÃO Gregório de Matos. SALVADOR, cultura todo dia. Fundação Gregório de Matos. LAPINHA / SOLEDADE. Disponível em: <http://www.culturatododia.salvador.ba.gov. br/vivendopolo.php?cod_area=7&cod_polo=108>. Acesso em: 03 nov. 2019. GRAVAS, Douglas. Déficit habitacional é recorde no País. O Estado de S. Paulo. 06 jan 2019. Disponível em: <https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,deficit-habitacional-erecorde-no-pais,70002669433>. Acesso em: 04 dez. 2019. KÜHL, B. M. (org.) — Gustavo Giovannoni. Textos escolhidos. São Paulo: Ateliê Editorial, col. «Artes&Ofícios», 2013. [Cf. GIOVANNONI: 1931.] LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. Tradução de T. C. Netto. São Paulo: Documentos, 1969. LINS, Eugênio de Ávila (Coord.). Salvador e a Baía de Todos os Santos. Guia de Arquitetura e Paisagem. Escandón Impressiones, 2012. MACÊDO, Rafael Rodamilans de. CEAR Vela e Remo Baía de Todos os Santos. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2018. MADDEN, David; MARCUSE, Peter. In Defense of Housing – The Politics of Crisis. Londres/ Nova York: Verso, 2016. 90

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


MOURAD, Laila; FIGUEIREDO, Glória Cecília; BALTRUSIS, Nelson. Gentrificação no Bairro 2 de Julho, em Salvador: modos, formas e conteúdos. São Paulo, Nov. 2014 NERY, Jussana et al. Primeira aproximação para estudo de clima urbano em Salvador. 1997. Salvador: FAUFBA / LACAM; ANTAC, 1997. OLIVEIRA, Lorene Pauline Lopes de. Projeto de intervenção no Solar Bandeira. 2015. 226 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015. OLIVEIRA, Olivia; FERNANDES, Ana. Regeneração de Vazios Construídos em áreas Urbanas Centrais em Salvador. II Congresso Internacional de habitação Coletiva Sustentável. São Paulo, 2016. Disponível em: <https://issuu.com/laboratoriovivienda21/docs/livro_ actasbook_r04_livro_digital_c0 dc1cac715b5a> Acesso em 22 ago 2019. PITOMBO, João Pedro. Casarão tombado desaba e mata três pessoas da mesma família em Salvador. Folha de São Paulo, Salvador. 15 abr. 2017. Disponível em: <https://www1. folha.uol.com.br/cotidiano/2017/04/1878370-casarao-tombado-desaba-e-mata-trespessoas-da-mesma-familia-em-salvador.shtml>. Acesso em: 25 nov. 2019. Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município de Salvador (PDDU). Lei nº 9.069 /2016. Poder Legislativo, BA. PÊPE, Suzane Pinho; RIOS,Izenilda Freitas da Silva. A História e o Patrimônio Cultural do Bairro da Lapinha (Salvador). Diálogos & Ciência - Revista da Rede Ensino FTC. Ano V, n. 9, mar. 2007. ROLNIK, Raquel. Guerra dos lugares: a colonização da terra e da moradia na era das finanças. São Paulo: Boitempo, 2015. 424p SALVADOR ANTIGA. Guia Geográfico. Antigo Largo da Soledade. Salvador. Disponível em: http://www.salvador-antiga.com/soledade/antigo-largo.htm>. Acesso em: 03 nov. 2019. SALVADOR. Lei nº 3.077, de 05 de dezembro de 1979. Estabelece normas de proteção contra incêndio e pânico, altera dispositivos da Lei nº 2403/72 e dá outras providências. SALVADOR. Lei nº 3289, de 21 de setembro de 1983. Altera e dá nova redação a dispositivos da Lei nº 2.403, de 23 de agosto de 1972, e dá outras providências. SALVADOR. Lei nº 9215, 19 de maio de 2017. Institui o Programa de Incentivo à Restauração e Recuperação de Imóveis do Centro Antigo de Salvador - PROGRAMA REVITALIZAR, e dá outras providências. SALVADOR. Sistema Cartográfico e Cadastral do Município do Salvador. Mapeamento Cartográfico de Salvador. 2016/2017. Disponível em: <http://cartografia.salvador.ba.gov. br/index.php> Acesso em: 08 de mar 2020.SECOM BAHIA. Animação sobre as obras da Via Expressa – Salvador. (1m54s). 2013. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=q3INwSxuU7Y>. Acesso em: 9 out. 2019. ULLOA, Beatriz Pinto. ENTRE SOBRADOS E VILAS, DO CASARIO AOS QUINTAIS: Reabilitação da Avenida Lourdes da Soledade (Salvador/BA). 2018. Volume I. 146 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2018. URIARTE, Urpi Montoya. Olhar a Cidade. Ponto Urbe [Online], 2013. Disponível em: <http:// journals.openedition.org/pontourbe/774>. Acesso em: 05 março 2020

FELIPE SANTOS DO CANTO

91


LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Mapa das poligonais de tombamento do Centro Antigo de Salvador 21 Figura 2: Estudo de áreas passíveis de ocupação Campos Elíseos 30 Figura 3: Diagrama de uso para habitação Campos Elíseos 30 Figura 4: Diagrama de uso coletivos Campos Elíseos 31 Figura 5: Corte esquemático Campos Elíseos 31 Figura 6: Diagrama de clareiras Campos Elíseos 31 Figura 7 e 8: Tipologias de moradia Campos Elíseos 32 Figura 9: Mapa de localização poligonal de estudo 35 Figura 11. Poligonal de tombamento do Conjunto Arquitetônico da Soledade. 36 Figura 10: Evolução urbana de Salvador 36 Figura 12: Foto aérea 1976 37 Figura 13: Foto aérea 1989 37 Figura 14: Foto aérea 1992 38 Figura 15: Implantação Via Expressa 38 Figura 16: Alterações Urbanas: Via Expressa 2003 38 Figura 17: Alterações Urbanas: Via Expressa 2005 38 Figura 18: Alterações Urbanas: Via Expressa 2006 39 Figura 19: Alterações Urbanas: Via Expressa 2008 39 Figura 20: Alterações Urbanas: Via Expressa 2012 39 Figura 21: Alterações Urbanas: Via Expressa 2013 39 Figura 22: Diagrama Alterações Urbanas: Via Expressa 40 Figura 23: Foto aérea casarão demolido Ladeira da Soledade 40 Figura 24: Casarão desaba na Ladeira da Soledade 40 Figura 26: Mapa Hipsométrico 41 Figura 25: Situação atual casarões demolidos da Ladeira da Soledade 41 Figura 27: Mapa de Zonas de Uso 42 Figura 28: Mapa de Restrição de Gabarito de Altura 43 Figura 29: Mapa de Áreas de Valor Ambiental e Cultural 44 Figura 30: Mapa de Hierarquia de Vias 45 Figura 31: Mapa de análise gabarito 46 Figura 32: Mapa de Uso do Solo 47 Figura 33: Mapa de espaços públicos e áreas verdes 47 Figura 34: Mapa de cheios e vazios 48 Figura 35: Descarte de lixo inadequado 48 Figura 36: Placa proibido jogar lixo e entulho 48 Figura 37: Poste na calçada Ladeira da Soledade 49 Figura 38: Igreja Matriz de Nossa Senhora da Lapinha 50 Figura 39: Pavilhão 2 de Julho 50 Figura 40: Mapa de mobilidade urbana 50 Figura 41: Acesso Ladeira do Canto da Cruz 51 Figura 42: Mapa de Estado de Conservação 52 Figura 43: Mapa de Áreas de Interesse 52 Fonte: SALVADOR, 2016/2017 adaptado por CANTO, 2019 52 Figura 44: Ventilação invertida faixa da BTS 60 Figura 45: Mapa de Insolejamento e Ventilação 60 Figura 46: Mapa de Identificação da Área de Intervenção 61 Figura 47: Mapa de Caracterização da Área de Intervenção 62 Figura 48: Ladeira da soledade no inicío do séc XX. 63 Figura 49: Ladeira da soledade em 2019. 63 Figura 50 e 51: Largo da Soledade em 1976 64 Figura 52: Largo da Soledade 2019 64 Figura 53 e 54: Fachada da Igreja e do Colégio da Soledade em 2019 64 Figura 55: Ladeira em 1961 com casarão nº156 e parte do casarão nº 158 em destaque. 65 Figura 56: Fachada dos casarões de nº156 e nº 158 65 Figura 57: Desabamento do casarão de nº156 65 Figura 58: Sobrado geminado nº 150/152 em 1976 66 Figura 59: Sobrado geminado nº 150/152 em 2019 66 Figura 60, 61 e 62: Degradações do sobrado nº 146 67 Figura 63: Telhas de louça sobrado nº146 67 Figura 64: Delimitação da Avenida Lourdes da Soledade 67 Figura 65: Sobrado geminado de azulejos nº 131/133 em 1976 68 Figura 66: Sobrado geminado de azulejos nº 131/133 em 2019 68 Figura 67: Delimitação casarão nº125 e casas ao fundo. 68 Figura 68: Sobrado n 125 em 1974 Figura 69: Sobrado n 125 em 2019 69 Figura 70 e 71: Demolição dos imóveis nº130,132 e 134 e Colégio Carneiro Riberio 69 Figura 72: Colégio Estadual Carneiro Riberio Filho 70 Figura 73: Casarão nº117 década de 60 70 Figura 74: Casarão nº117 em 1976 70 Figura 75: Casarão nº117 em 2019 70 Figura 76: Delimitação Casarão Farmácia Estrela 71 Figura 77: Casarão Farmácia Estrela 1961 71

92

PERMANÊNCIAS E TRANSITORIEDADES: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS NO CENTRO ANTIGO


Figura 78: Casarão Farmácia Estrela visto da Estrada da Rainha em 1974 71 Figura 79: Casarão Farmácia Estrela 2019 71 Figura 80: Localização Solar Bandeira 72 Figura 81: Aquarela do Solar Bandeira em 1879 72 Figura 82: Solar Bandeira em 2019 72 Figura 83: Delimitação das Ruínas 73 Figura 84: Ruínas em 1976 73 Figura 85: Ruínas em 2019 73 Figura 86: Delimitação de percurso e conflito Ladeira do Canto da Cruz 73 Figura 87: Pavimentação Ladeira do Canto da Cruz 74 Figura 88: Vista Ladeira do Canto da Cruz 74 Figura 89: Delimitação do casarão da R. Professor Viegas 74 Figura 90: Demolição de casarão da R. Professor Viegas 75 Figura 91: Imóvel à Rua Professor Viegas antes da demolição 75 Figura 92: Imóvel à Rua Professor Viegas depois da demolição 75 Figura 93: Situação de transitoriedade permanente 78 Figura 94: Mapa de diretrizes gerais para área de estudo 81 Figura 95: Mapa de diretrizes do plano mestre 82 Figura 96: Plantas de Cadastro do Solar Bandeira 84 Figura 97: Dimensionamento do Solar Bandeira -Transitar 85 Figura 98: Dimensionamento – Permanecer 01 86 Figura 99: Mapeamento de danos 86 Figura 100: Estudo volumétrico do Permanecer 01 87 Figura 101: Estudo de fachada e esquadrias 87 Figura 102: Pré-dimensionamento – Permanecer 02 87 Figura 103: Estudo volumétrico e construtivo 01 do portal da Praça Prof. Viegas Figura 104: Estudo volumétrico e construtivo 02 do portal da Praça Prof. Viegas Figura 105: Estudo do mobiliário da Praça Ladeira do Canto da Cruz 89 Figura 106: Estudo dos patamares da Praça Ladeira do Canto da Cruz 89

88 88

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CAS – Centro Antigo de Salvador CHS – Centro Histórico de Salvador CONDER - Companhia de Desenvolvimento do Estado da Bahia IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPAC – Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia SICAR – Sistema Cartográfico da Região Metropolitana de Salvador PDDU – Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano ZEIS – Zona Especial de Interesse Social

FELIPE SANTOS DO CANTO

93



PRANCHAS


TRABALHO:

TRANSITORIEDADES E PERMANÊNCIAS: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR ORIENTADORA:

DISCIPLINA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

LIANA VIVEIROS SEMESTRE:

ALUNO:

FELIPE CANTO

2020.1 ESCALA:

PRANCHA:

PLANTA DE LOCALIZAÇÃO

SEM ESCALA

01


CORREDOR DA LAPINHA

DIRETRIZES GERAIS DE INTERVENÇÃO 1

ALTERAÇÕES VIÁRIA E ENTORNO ESTREITAMENTO DE PISTA E ALARGAMENTO DE CALÇADA AO LONGO DE TODA VIA (COM BASE NO QUADRO 07 DE "CARACTERÍSTICAS FISÍCO-OPERACIONAIS DAS VIAS SEGUNDO CATEGORIAS" INDICADAS NA LEI 9.069/2016 PDDU DE SALVADOR) DEFINIÇÃO DE CICLORROTA NO PERCURSO LADEIRA DA SOLEDADE, CORREDOR DA LAPINHA E ESTRADA DA LIBERDADE VISANDO A CONEXÃO A CICLOFAIXA DA AV. JEQUITAIA E VIA EXPRESSA (PROGRAMA CIDADE BICLETA, CONDER, 2013) INTERVENÇÃO NO LARGO DA SOLEDADE: PROPOSTA DE ARBORIZAÇÃO INTEGRADO AO MOBILIÁRIO URBANO INCORPORANDO ABRIGO DE PARADA DE ÔNIBUS; PROPOSTA DE MELHORA NA POLUIÇÃO VISUAL A PARTIR IMPLANTAÇÃO SUBTERRÂNEA DAS FIAÇÕES;

2

PROPOSTA DE FAIXA DE PEDESTRE

3

PROPOSTA DE RESTAURO E REUSO PARA HABITAÇÃO SOCIAL MÉDIA/LONGA PERMANÊNCIA

4

PROPOSTA DE RESTAURO E REUSO VOLTADO A EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO EM INOVAÇÃO E TECNOLOGIAS DIGITAIS

5

PROPOSTA DE RESTAURO E RECONSTRUÇÃO VOLUMÉTRICA PARA REUSO EM HABITAÇÃO SOCIAL MÉDIA/LONGA PERMANÊNCIA

6

MANTER ACESSO A VILA LOURDES E PROPOSIÇÃO DE RESTAURO E REUSO PARA EMPRESAS DE IMPACTO SOCIAL (COM INCENTIVO EMPREENDOR COMO O SEBRAE)

7

PROPOSIÇÃO DE RESTAURO PARA USO (HABITAÇÃO COM COMÉRCIO NO TÉRREO)

8

PROPOSTA DE ELEVAR FAIXA DE PEDESTRES EXISTENTE (CONTRIBUIR PARA REDUÇÃO DE VELOCIDADE NUMA LADEIRA DE ÁREA ESCOLAR E RESIDENCIAL)

9

PROPOSIÇÃO DE RESTAURO PARA USO MISTO (HABITAÇÃO COM ÁREA DE LOJAS NO TÉRREO)

10

PROPOSTA DE RESTAURO E REUSO PARA LOCAÇÃO SOCIAL/HABITAÇÃO TRANSITÓRIA E MEIO OBTENÇÃO DE RENDA A PARTIR DA GESTÃO COMUNITÁRIA DO ESPAÇO

11

PROPOSIÇÃO DE CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIO EMPRESARIAL (SALAS PARA ESCRITÓRIOS E CLINICAS)

12

PROPOSTA DE RESTAURAÇÃO DE RUÍNA E REUSO PARA CENTRO CULTURAL DE INCENTIVO A VALORIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO E HISTÓRIA DA CIDADE

13

PRAÇA LADEIRA DO CANTO DA CRUZ: PROPOSIÇÃO DE REQUALIFICAÇÃO DA ANTIGA LADEIRA DO CANTO DA CRUZ E TRANSFORMANDO-A EM ESPAÇO PÚBLICO

14

PRAÇA PROF. VIEGAS: PROPOSIÇÃO DE PRAÇA NO LOCAL DE CASARÃO DEMOLIDO E INTEGRAÇÃO COM ESPAÇO PÚBLICO EXISTENTE. INDUÇÃO PARA CRIAÇÃO DE UM NOVO PONTO FOCAL PARA A REGIÃO

LA

RG O

+59.80

DA SO

LE

DA D

E

1 2

3

MISTO

LED

AD E

4

SO

5

6

BA

DA

R. O

7

AR

HO

9

+46.90

FAIXA DE ACESSO

FAIXA LIVRE

FAIXA DE SERVIÇO

DO

VA

11

PISTA DE ROLAMENTO

10

FAIXA LIVRE

FAIXA DE ACESSO

Q

RA

IM AD IN

+46.70

UE

AB

+46.90

LA

AD

DE

VIL

IRA

DA

8

FONTE: miaminewtimes.com

+43.00

VIA

EX

PR

R.

T V . DA S O L E DA DE

FONTE: GOOGLE EARTH 2019

ESS

A

12

+0.15

VIA

FONTE: LORENE LOPES 2014

EXP

1.00

RES SA

13

1.80

+41.10

2 VIA

+5.64

EXP

.70

8.05

1.80

1.00

LEGENDA

14

+41.30

+0.15

0.00

CORTE ESQUEMÁTICO DE VIA Esc.

LIMITE POLIG. INTERVENÇÃO

MARCO VISUAL PROPOSTO

USOS DE TRANSITORIEDADE E PERMANÊNCIA

ESTÁTUA DE MARIA QUITÉRIA EXISTENTE

1/200

RESS

PROPOSIÇÃO DE NOVOS USOS

A

RAMPA DE ACESSIBILIDADE

VIA

10

CIMA

PR

DA

INH

OF

.

TRABALHO:

PLANO MESTRE DA ÁREA DE INTERVENÇÃO 50m

VEGETAÇÃO EXISTENTE

COBERTURA VEGETAL

A

25 20

VEGETAÇÃO PROPOSTA

EDIFICAÇÕES DO ENTORNO

RA

AS

0

15

R.

DA

EG

5

R. SÃ

.S

R

SÉ DE O JO

S

CALÇADA

RA

VI

ÃO

JO

E ÉD

IXO A B

EST

1

TRANSITORIEDADES E PERMANÊNCIAS: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR ORIENTADORA:

DISCIPLINA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Esc.

1/750

LIANA VIVEIROS SEMESTRE:

ALUNO:

FELIPE CANTO

2020.1 ESCALA:

ASSUNTO:

PLANO MESTRE

INDICADA

02


A

DIMENSIONAMENTO PRÉVIO - PRAÇA PROF. VIEGAS ITEM RECONSTITUIÇÃO DE VEGETAÇÃO ADEQUADA PARA PARA TALUDE COM COBERTURA VEGETAL D A S O L E DEXISTENTE AD

+43.00

T V .

E

PROPOSIÇÃO DE REFORMA DE MURETA COM ARTE URBANA

EX

1 524.60

PAVIMENTAÇÃO PERMEÁVEL

21.32

ÁREA DE TRATAMENTO VEGETAL

969.26

EQUIPAMENTOS

-

47.93

21.85

ÁREA DE COMÉRCIO

PROPOSIÇÃO DE RAMPA DE ACESSIBLIDADE

EDA

PR

LEGENDA

SOL

ESS A

QUANTIDADE

ÁREA DE INTERVENÇÃO

PARQUE INFANTIL

DE

VIA

UNID.

LIMITE POLIG. INTERVENÇÃO (PLANO MESTRE)

LAD EI

RA

DA

MARCO VISUAL (ESCULTURA DE ARTE CONTEMPORÂNEA DEVE SIGNIFICAR "RESILIÊNCIA" REPRESENTAR A SOLEDADE E OS ESFORÇO DO LUGAR PARA SE REINVENTAR APOS TODAS PRESSÕES E ALTERAÇÕES URBANAS CAUSADAS PELA VIA EXPRESSA)

COBERTURA VEGETAL PAVIMENTAÇÃO EM CONCRETO PAVIMENTAÇÃO PERMEÁVEL EM BLOCO INTERTRAVADO OU SEMELHANTE ASFALTO ÁREA DESTINADA PARA COMÉRCIO

+38.00 +41.30

+41.25

+41.10

PROPOSTA DE PORTAL DA PRAÇA A PARTIR DE ELEMENTOS QUE RELEMBREM FACHADA DEMOLIDA

VIA EXP

RESS

ÁREA DESTINADA PARA PARQUE INFANTIL ÁREA AMPLIAÇÃO DE VIA

Fonte: Google Earth (2017 e 2019)

A

GUARDA CORPO Fonte: V&A Museum, London

MARCO VISUAL PROPOSTA DE ÁREA DE COMÉRCIO (BARRACAS E QUIOSQUES)

A

S R.

ÃO

DE É OS

XO AI

PORTAL DA PRAÇA

DETALHE 01

R. PR

PROPOSTA DE PARQUE INFANTIL

OF. V IE

B

GAS

PROPOSTA DE ALARGAMENTO DE VIA LOCAL

J

VEGETAÇÃO PROPOSTA

PLANTA GERAL DE INTERVENÇÃO PRAÇA PROF. VIEGAS 1

VEGETAÇÃO EXISTENTE

1/500

Esc.

PORTAL DA PRAÇA

MURETA DE PROTEÇÃO INTERVENÇÃO COM ARTE URBANA

.66

7.79 1.28

5° 10

1.51

4.35

17.65

CORTE ESQUEMÁTICO AA PRAÇA PROF. VIEGAS

3 .6 11

2

.88 1.20

1/500

10

1.14

3.0

.9

3 110°

ESQUEMA VOLUMÉTRICO PORTAL DA PRAÇA

7

150°

4 .2

48

.5

1.

5

.57

1.96

.59 1.18

Esc.

SEM ESCALA

VISTA FRONTAL

5.43

2.60

9.87

TRABALHO:

.80

.79

8.02

2.75

2.60

2.77

1.07

22 2.

.7

3

1.29

2.19

PAREDE DE ALVENARIA EM BLOCO COM REVESTIMENTO TIPO CONCRETO APARENTE

° 130

.52

.61

5

Esc.

1.60

21.98

2.

37.55

TRANSITORIEDADES E PERMANÊNCIAS: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR ORIENTADORA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

3.27

3.47

2.58

DISCIPLINA:

4

DETALHE 01 - PORTAL DA PRAÇA VISTA FRONTAL Esc.

1/200

3

DETALHE 01 - PORTAL DA PRAÇA PLANTA BAIXA Esc.

1/200

LIANA VIVEIROS SEMESTRE:

ALUNO:

FELIPE CANTO

2020.1 ESCALA:

PRANCHA:

PRAÇA PROF. VIEGAS

INDICADA

03


LEGENDA +43.00

LIMITE POLIG. INTERVENÇÃO (PLANO MESTRE) COBERTURA VEGETAL

EX

PR

ESS

A

PAVIMENTAÇÃO PERMEÁVEL EM BLOCO INTERTRAVADO OU SEMELHANTE

EDA DE

REFORMA DE ACESSO DE PEDESTRES (À AV. JEQUITAIA) COM ACESSIBILIDADE

PAVIMENTAÇÃO CONCRETO

PROPOSIÇÃO DE REFORMA DE GUARDA CORPO COM ARTE URBANA

ASFALTO

SOL

VIA

+34.11

ÁREA DESTINADA PARA COMÉRCIO

DIMENSIONAMENTO PRÉVIO - PRAÇA LADEIRA DA CANTO DA CRUZ

ÁREA DESTINADA PARA PARQUE INFANTIL

DA

PROPOSTA DE PATAMARES COM MOBILIÁRIO URBANO (BANCOS) AO LONGO DA LADEIRA

ÁREA AMPLIAÇÃO DE VIA

ITEM

UNID.

QUANTIDADE

LAD EIRA

GUARDA CORPO MARCO VISUAL

PROPOSTA DE CANTEIRO COM ARBORIZAÇÃO

ÁREA DE INTERVENÇÃO

515

PAVIMENTAÇÃO PERMEÁVEL

114.20

ÁREA DE TRATAMENTO VEGETAL

8

PORTAL DA PRAÇA

PROPOSTA DE PAGINAÇÃO DE PISO INTEGRANDO CALÇADA EXISTENTE

VIA

+41.30

VEGETAÇÃO PROPOSTA

+41.10

VEGETAÇÃO EXISTENTE

+42.00

ESTR

ADA

DA

RAIN

HA

IXO

ÉD

O

R. PR

OF. V IEGA

DE C IMA

A EB

S JO

à .S

PLANTA GERAL DE INTERVENÇÃO PRAÇA LADEIRA DO CANTO DA CRUZ

JOSÉ

R

S

1/500

Esc.

R. SÃ O

1

SIMBOLOGIA

B

2.62

4.02

2.78

4.99

3.16

4.99

65

° 62

7

+39.90 +41.45

+39.32

A

R6

.7 4

.87

12 8 R5.09

R4.84

° 15

1 175°

2.25

1.82

4.82

1.82

5.26

2.02

6.14

2.02

ALVENARIA DE PEDRA

132°

R4.1

11 5°

GRELHA DE DRENAGEM DE AGUAS PLUVIAIS CONTENÇÃO DA PAVIMENTAÇÃO

7.07

6

82

R5.

ALVENARIA DE PEDRA

DETALHE 01 - PATAMAR CORTE AA

2.7 5

R6 .7 R4

DETALHE 01

Fonte: www.floresefolhagens.com.br; Carol Costa/Minhas plantas

E

6 R4.1

.16

1

R6

71

.7

1

R6

R6 .

XP

1 .7

10 - 30cm

BANCO DE CONCRETO ENGASTADO NA CONTENÇÃO

AD LED

+41.30

SS RE

3m

FOTO

CONTEÇÃO DA PAVIMENTAÇÃO

SO

A

20 16.

+34.11

CONTENÇÃO DA PAVIMENTAÇÃO

DA

.42 R4

+38.13

+36.58

+35.47

E VIA

5 R4.7

5 R3.9

R4.0

4 - 20 m

DAP (Ø)

GRELHA DE DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS

PAVIMENTAÇÃO EM BLOCO INTERTRAVADO

07 R4.

A

148°

CORRIMÃO

PAREDE DE CONTENÇÃO EXISTENTE

1.

IRA

A

14

J. D PRO

Bauhinia variegata

COPA (Ø)

DE

3.R62.05 7

O ÇÃ

N NTE CO

pata-de-vaca-branca

PORTE (h)

LA

4.00

NOME CIENTÍFICO

Costa/Minhas plantas

37.51 5.00

NOME POPULAR

PAVIMENTAÇÃO EM BLOCO INTERTRAVADO

BANCO DE CONCRETO

1/50

Esc.

10 10 15.48

33.21

RRENO

TE ERFIL

P PROJ.

10

25

B

2

R6

PLANTA DE INTERVENÇÃO PRAÇA LADEIRA DO CANTO CRUZ

.7

1

CONTENÇÃO DA PAVIMENTAÇÃO

1/200

Esc.

50

20

10

GRELHA DE DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAS

.30

.10 1.87

.50 .50 .50

1.64

.95

.50

7

ALVENARIA DE PEDRA

.15 .10

DETALHE 02 - BANCO DE CONCRETO Esc.

1/25

1.19 CANTEIRO PARA ARBORIZAÇÃO

B

GRADE DE PROTEÇÃO CORRIMÃO

0 R1.7

A

A

R2.20

.47

4.28

.58 1.87 .48

DETALHE 02

.37

1.99

+38.13

PISO EM BLOCO INTERTRAVADO

.38

2.88 1.45

+34.11

+35.47

+36.58

+38,13

1.20 .58

+39.90

+39.90

PAREDE DE CONTENÇÃO EXISTENTE

BANCO DE CONCRETO ENGASTADO NA CONTENÇÃO

+41.45

+41.30

.75 .80

+41.45

.48

6.05

CORRIMÃO PROPOSTO

2.34

7.40

2.41

1.87

1.80

12.14

.15

B

3

CORTE AA - PRAÇA LADEIRA DO CANTO DA CRUZ Esc.

1/200

4

CORTE BB - PRAÇA LADEIRA DO CANTO DA CRUZ Esc.

1/200

TRABALHO:

.10

5

DETALHE 01 - PATAMAR PLANTA BAIXA Esc.

1/50

TRANSITORIEDADES E PERMANÊNCIAS: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR ORIENTADORA:

DISCIPLINA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

LIANA VIVEIROS SEMESTRE:

ALUNO:

FELIPE CANTO

2020.1 ESCALA:

ASSUNTO:

PRAÇA LADEIRA DO CANTO DA CRUZ

INDICADA

04


LA

RG

O

DA

SO

LED AD

LA DE IRA

DA

SO

LE

DA DE

E

R.

BA

O

DA

VIL

AD

AB AR

RA

LEGENDA LIMITE POLIG. INTERVENÇÃO (PLANO MESTRE) SOLAR BANDEIRA - TRANSITAR JARDIM DO SOLAR BANDEIRA

TRABALHO:

TRANSITORIEDADES E PERMANÊNCIAS: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR ORIENTADORA:

DISCIPLINA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

LIANA VIVEIROS SEMESTRE:

ALUNO:

FELIPE CANTO

2020.1 ESCALA:

PRANCHA:

SOLAR BANDEIRA - TRANSITAR PLANTA DE LOCALIZAÇÃO

SEM ESCALA

05


SOLEDADE

COLÉGIO CARNEIRO RIBEIRO FILHO

DA

45

LADEIRA

SOBRADO Nº 547

Ramírez.

Suárez

Hugo

Arq.

de

Ramos.P.

Espitia

Francisco

Arq.

de

Arguelles.P.

Romero

A.

Adrian

Arq.

de

Hernández.P.

Guerrero

Enrique

Arq.

de

P.

22.17

ACESSO PRINCIPAL

Ramírez.

Suárez

Hugo

Arq.

de

Ramos.P.

Espitia

Francisco

Arq.

de

Arguelles.P.

Romero

A.

Adrian

Arq.

de

Hernández.P.

Guerrero

Enrique

Arq.

de

P.

ÍNDICES URBANÍSTICOS ÁREA DO LOTE

1055.01 m²

ÁREA CONSTRUÍDA - TÉRREO

525.08 m²

ÁREA CONSTRUÍDA - 1º PAV.

525.00 m²

ÁREA CONSTRUÍDA - 2º PAV.

295.08 m²

JARDIM

529.93 m²

TAXA DE OCUPAÇÃO

50%

C.A.

1.28

TAXA DE PERMEABILIDADE

50%

25.24 29.40

ACESSO SECUNDÁRIO

R.

BARÃO

DA

VILA DA

BARRA

CASARÃO Nº 120

1

PLANTA DE SITUAÇÃO Esc.

1/125

TRABALHO:

TRANSITORIEDADES E PERMANÊNCIAS: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR ORIENTADORA:

DISCIPLINA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO FELIPE CANTO ASSUNTO:

LIANA VIVEIROS SEMESTRE:

ALUNO:

SOLAR BANDEIRA - TRANSITAR PLANTA DE SITUAÇÃO

2020.1 ESCALA:

1/125

06


B 54.01 25.89

.50

5.51

.87

2.18

2.73

.76

.90

.67

2.61

.67

1.67

.68

6.33

.84

.47

1.19

1.45

1.14

BAR/CAFÉ

SANITÁRIO PCD +0.60 GRAMA

GRAMA

1.21

PROJ. SACADA

1.00

3.72m²

1.65

2.79

+0.50

SANITÁRIO MASCULINO 12.56m²

1.32

+0.40

SALÃO 02

SALÃO 03

BAR

52.79m²

1.20

47.26m²

PROJ. SACADA

SALA DE REUNIÕES

+0.37

37,38m²

10.55m²

1.67

0.00

P10

0.00

Ramírez.

Suárez

Hugo

Arq.

de

Ramos.P.

Espitia

Francisco

Arq.

de

Arguelles.P.

Romero

A.

Adrian

Arq.

de

Hernández.P.

Guerrero

Enrique

Arq.

de

P.

P09

1 2

-0.21

3

ELEVADOR DE USO RESTRITO PARA ACESSIBILIDADE

4

CÂMARA FRIA 01

5

PROJ. SACADA

6

DEPÓSITO SECO

7 CÂMARA FRIA 03

GRAMA

8

SALÃO 01 53.98m²

PRÉ-PREPARO

6.11

47.00m²

1.54

PISO EM BLOCO INTERTRAVADO

COZINHA 84,62m²

PASSEIO

COCÇÃO

MERCEARIA

1.21

PROJ. SACADA

1.60

1.32

9

1.20

2.20

GRAMA

CÂMARA FRIA 02

A 20.86

CIRCULAÇÃO

0.00

-0.80

ACESSO PRINCIPAL

0.00

PROJ. SACADA

JARDIM

2.26

A

21.31

COBOGÓ H= 2.50m

1.00

+0.24

2.18

Ramírez.

Suárez

Hugo

Arq.

de

Ramos.P.

Espitia

Francisco

Arq.

de

Arguelles.P.

Romero

A.

Adrian

Arq.

de

Hernández.P.

Guerrero

Enrique

Arq.

de

P.

+0.20 P10

1.02

13.91m²

1.20

PROJ. SACADA

2.69

SANITÁRIO FEMININO

LAVAGEM

-0.98

24.90

1.01

.47

1.92

26.01

1.52

1.90

.86

.82

1.10

2.26

2.09

.68

2.54

1.08

2.85

.75

1.20 1.53

LIXO

TRIAGEM

PROJ. COBERTURA

PROJ. SACADA

-0.98

-0.42

4.38

1.26

1.52

28.00

ACESSO SECUNDÁRIO

B PAREDES EXISTENTES A MANTER PAREDES NOVAS A CONSTRUIR PAREDES A DEMOLIR

2

PLANTA CONST. E DEMOLIÇÃO TÉRREO Esc.

1

PLANTA BAIXA PAV. TÉRREO 1/75

Esc.

TRABALHO:

1/250

TRANSITORIEDADES E PERMANÊNCIAS: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR ORIENTADORA:

DISCIPLINA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO FELIPE CANTO ASSUNTO:

LIANA VIVEIROS SEMESTRE:

ALUNO:

SOLAR BANDEIRA - TRANSITAR PLANTA BAIXA PAV. TÉRREO

2020.1 ESCALA:

INDICADA

07


B .44 5.46

.75

.30.15

3.21

.97

.15 1.34

1.55

.73

1.37

.50

1.33

.63

6.69

.67

1.61

1.19

.49

1.88

1.20

QUARTO COLETIVO 01 (6 PESSOAS)

1.60

1.33

20.13m²

QUARTO COLETIVO 02

BANHEIRO COLETIVO FEMININO

1.46

37.84m²

1.33

1.21

BANHEIRO COLETIVO MASCULINO

1.29

(08 PESSOAS) 39.62m²

COBOGÓ

ADM 6.30m²

1.52

30.76m²

RECEPÇÃO

Ramírez.

Suárez

Hugo

Arq.

de

Ramos.P.

Espitia

Francisco

Arq.

de

Arguelles.P.

Romero

A.

Adrian

Arq.

de

Hernández.P.

Guerrero

Enrique

Arq.

de

P.

5.97m²

1.40

.31.15

1.06

5.36m²

A

1.37

+5.10

.15.45

Ramírez.

Suárez

Hugo

Arq.

de

Ramos.P.

Espitia

Francisco

Arq.

de

Arguelles.P.

Romero

A.

Adrian

Arq.

de

Hernández.P.

Guerrero

Enrique

Arq.

de

P.

CIRCULAÇÃO

1.33

A

21.37m²

BANHEIRO PCD FEMININO

1.33

1.25

BANHEIRO PCD MASCULINO

28

ÁREA DE CONVIVÊNCIA

27

58.00m²

ELEVADOR DE USO RESTRITO PARA ACESSIBILIDADE

4

1.20

5 6

.15.36

QUARTO 07 (FAMÍLIA)

26 25

7

24

8

23

9

10

1.32

.97

29

3

1.45

30

1 2

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

(6 PESSOAS) 28.84m²

1.00

QUARTO COLETIVO 04 (8 PESSOAS) 31.79m²

QUARTO 08

QUARTO COLETIVO 03

(CASAL) 19.17m²

1.33

PROJ. COBERTURA

1.20

(4 PESSOAS) 20.77m²

.52

.55

.95

1.11

1.43

QUARTO COLETIVO 05

(6 PESSOAS) 28.02m²

.15.34

QUARTO COLETIVO 06

1.31

1.40

1.44

.99

21.40m²

2.65

1.20

2.02

.76

.70

1.41

1.14

1.14 .15

1.40

.80

3.37

1.40

1.80

.57

.93

1.38

2.18

1.40

.75

.71

.15

B

PAREDES EXISTENTES A MANTER

PLANTA BAIXA 1º PAV.

1

Esc.

1/75

PAREDES NOVAS A CONSTRUIR PAREDES A DEMOLIR

2

PLANTA CONST. E DEMOLIÇÃO 1º PAV. Esc.

TRABALHO:

1/250

TRANSITORIEDADES E PERMANÊNCIAS: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR ORIENTADORA:

DISCIPLINA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO FELIPE CANTO ASSUNTO:

LIANA VIVEIROS SEMESTRE:

ALUNO:

SOLAR BANDEIRA - TRANSITAR PLANTA BAIXA 1º PAV.

2020.1 ESCALA:

INDICADA

08


B

.45

5.81

.46

.50

1.30

.32.15

4.17

.61

1.03

1.30

.15

.69

1.26

1.25

1.41

.10

4.51

.20

3.56

1.12

.51

.38

.84

CALHA

CALHA

LAVADERIA COLETIVA 3.36

14.21m²

QUARTO COLETIVO 10

(6 PESSOAS) 26.15 m²

(6 PESSOAS) 28.39m²

A

7.70

Ramírez.

Suárez

Hugo

Arq.

de

Ramos.P.

Espitia

Francisco

Arq.

de

Arguelles.P.

Romero

A.

Adrian

Arq.

de

Hernández.P.

Guerrero

Enrique

Arq.

de

P.

J25/J26

.12

QUARTO COLETIVO 09

COZIHA COLETIVA 81.79m²

SALA DE TRABALHO

J25/J26

CIRCULAÇÃO

A

35.83m²

17.17m²

CALHA

Ramírez.

Suárez

Hugo

Arq.

de

Ramos.P.

Espitia

Francisco

Arq.

de

Arguelles.P.

Romero

A.

Adrian

Arq.

de

Hernández.P.

Guerrero

Enrique

Arq.

de

P.

+10.24

30

ACESSO AO COMPARTIMENTO DA MAQUINA

ESTAR

28

ELEVADOR DE USO RESTRITO PARA ACESSIBILIDADE

20.30m²

27 26 25

.09

J25/J26

29

24 23 1 1

1 2

1 3

1 4

1 5

1 6

1 7

1 8

1 9

2 0

2 1

.20

5.92

CALHA

.20

2.14

1 0

CALHA

.63 .20

5.95 .45

6.81 .15

6.60

4.78

.20

3.45

.27

.10

.20

B

PAREDES EXISTENTES A MANTER PAREDES NOVAS A CONSTRUIR

1

PAREDES A DEMOLIR

2

PLANTA BAIXA 2º PAV. Esc.

1/50

PLANTA CONST. E DEMOLIÇÃO 2º PAV. Esc.

1/250

TRABALHO:

TRANSITORIEDADES E PERMANÊNCIAS: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR ORIENTADORA:

DISCIPLINA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO FELIPE CANTO ASSUNTO:

LIANA VIVEIROS SEMESTRE:

ALUNO:

SOLAR BANDEIRA - TRANSITAR PLANTA BAIXA 2º PAV.

2020.1 ESCALA:

INDICADA

09


.92

.92

2.73 1.72

08

1.30

2.08

07 +10.24

COZINHA COLETIVA

CIRCULAÇÃO

1.71

3.00

3.40

01

2.03

1.72

1.55

1.71

.22

SALA DE TRABALHO

02

.97

+5.10

RECEPÇÃO

CONVIVÊNCIA

2.12

3.45

3.66

.38

2.40

1.65

1.45

.21

CIRCULAÇÃO

- 0.80

0.00

JARDIM

1

0.00

CIRCULAÇÃO

CIRCULAÇÃO

HALL DE ENTRADA

CIRCULAÇÃO

PASSEIO

CORTE AA Esc.

1/75

TRABALHO:

TRANSITORIEDADES E PERMANÊNCIAS: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR ORIENTADORA:

DISCIPLINA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO FELIPE CANTO ASSUNTO:

LIANA VIVEIROS SEMESTRE:

ALUNO:

2020.1 ESCALA:

SOLAR BANDEIRA - TRANSITAR CORTE AA

1/75

10


2.14

3.39

3.39

REPARO DE ESQUADRIA DANIFICADA

+10.24

ELEVADOR DE USO RESTRITO PARA ACESSIBILIDADE

SUBSTITUIÇÃO DE CALHA

2.25

.19

CIRC.

2.08

1.97

.19

QUARTO COLETIVO 08

.88

2.03 +5.10

CIRC.

QUARTO COLETIVO

.19

.19

QUARTO COLETIVO 01

REPARO DE ESQUADRIA DANIFICADA

.88

2.99

2.01

15.76

REPOSIÇÃO DE ESQUADRIA FALTANTE

REMOÇÃO DE GRADIL E TOLDO

REMOÇÃO DE GRADIL

1.87

RECEPÇÃO REMOÇÃO DE GRADIL E TOLDO

FORRO

2.05

4.91

REMOÇÃO DE GRADIL E TOLDO

PASSEIO

1.18

LAVAGEM 0.00

CIRC.

COZINHA

-0.42

PASSEIO

.43

SALÃO 03

R. BARÃO DA VILA DA BARRA

1

CORTE BB Esc.

1/75

2

FACHADA FRONTAL Esc.

1/75

TRABALHO:

TRANSITORIEDADES E PERMANÊNCIAS: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR ORIENTADORA:

DISCIPLINA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO FELIPE CANTO ASSUNTO:

LIANA VIVEIROS SEMESTRE:

ALUNO:

2020.1

SOLAR BANDEIRA - TRANSITAR CORTE BB E FACHADA FRONTAL

ESCALA:

1/75

11


SOLEDADE

COLÉGIO CARNEIRO RIBEIRO FILHO

45

DA

QUADRO DE VEGETAÇÃO

LADEIRA

SOBRADO Nº 547

SIMBOLOGIA

NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO

PORTE (m)

COPA (m)

PROPOSTA OITI

MANGIFERA INDICA

6 - 12

8

GRAMA

Zoysia japonica

10 - 12

10

SCHINUS TEREBINTHIFOLIUS

2 - 12

9

MUSA

2-8

-

COCOS NUCIFERA

10 - 20

-

-

-

-

LICANIA TOMENTOSA

Ramírez.

Suárez

Hugo

Arq.

de

Ramos.P.

Espitia

Francisco

Arq.

de

Arguelles.P.

Romero

A.

Adrian

Arq.

de

Hernández.P.

Guerrero

Enrique

Arq.

de

P.

MANGUEIRA

Ramírez.

Suárez

Hugo

Arq.

de

Ramos.P.

Espitia

Francisco

Arq.

de

Arguelles.P.

Romero

A.

Adrian

Arq.

de

Hernández.P.

Guerrero

Enrique

Arq.

de

ACESSO PRINCIPAL

Ramírez.

Suárez

Hugo

Arq.

de

Ramos.P.

Espitia

Francisco

Arq.

de

Arguelles.P.

Romero

A.

Adrian

Arq.

de

Hernández.P.

Guerrero

Enrique

Arq.

de

P.

22.17

P.

AROEIRA

BANANEIRA

EXISTENTE

COQUEIRO

VEGETAÇÃO DO ENTORNO

25.24 29.40

ACESSO SECUNDÁRIO

R.

BARÃO

DA

VILA DA

BARRA

CASARÃO Nº 120

1

PLANTA DE PAISAGISMO Esc.

TRABALHO:

1/125

TRANSITORIEDADES E PERMANÊNCIAS: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR ORIENTADORA:

DISCIPLINA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO FELIPE CANTO ASSUNTO:

LIANA VIVEIROS SEMESTRE:

ALUNO:

SOLAR BANDEIRA - TRANSITAR PLANTA DE PAISAGISMO

2020.1 ESCALA:

1/125

12


LA R

GO

DA

SO LED

LA

DE

IRA

DA

SO

LE

DA DE

AD E

0

LEGENDA LIMITE POLIG. INTERVENÇÃO (PLANO MESTRE) PERMANECER 01

TRABALHO:

TRANSITORIEDADES E PERMANÊNCIAS: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR ORIENTADORA:

DISCIPLINA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

LIANA VIVEIROS SEMESTRE:

ALUNO:

FELIPE CANTO

2020.1 ESCALA:

PRANCHA:

PERMANECER 01 PLANTA DE LOCALIZAÇÃO

SEM ESCALA

13


55

54

SOBRADO Nº 150

SOBRADO Nº 148

SOLEDADE

ÁREA DO LOTE

292.57 m²

ÁREA CONSTRUÍDA - TÉRREO

240.98 m²

ÁREA CONSTRUÍDA - 1º PAV.

206.57 m²

ÁREA CONSTRUÍDA - TERRAÇO

141.47 m²

JARDIM

7.90 m²

TAXA DE OCUPAÇÃO

97.3%

C.A.

1.30

TAXA DE PERMEABILIDADE

2.7%

LADEIRA

DA

LAJE IMPERMEABILIZADA

LAJE IMPERMEABILIZADA COM REVESTIMENTO CERÂMICO

ACESSO

LAJE IMPERMEABILIZADA

SIMBOLOGIA

NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO

OITI

Mangifera indica

GRAMA

Zoysia japonica

PORTE (h)

COPA (Ø)

6 - 12

8

51

52

VEGETAÇÃO EXISTENTE NO ENTORNO

50

TELHA ECÓLOGICA TETRA PAK i = 15%

LAJE IMPERMEABILIZADA

TELHA ECÓLOGICA FIBRA VEGETAL i = 15%

TELHA ECÓLOGICA TETRA PAK i = 15%

TELHA ECÓLOGICA FIBRA VEGETAL i = 15%

53

1

Planta de Situação Esc.

1/100

TRABALHO:

TRANSITORIEDADES E PERMANÊNCIAS: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR ORIENTADORA:

DISCIPLINA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO FELIPE CANTO PRANCHA:

LIANA VIVEIROS SEMESTRE:

ALUNO:

PERMANECER 01 - PLANTA DE SITUAÇÃO

2020.1 ESCALA:

1/100

14


CASARÃO VIZINHO

C

B 28.50

.16

2.28

.15

2.64

1.05

.10

1.41

.15

2.95

.20

.15

3.83

.15

1.47

.60

.15

1.35

.15

.20

4.00

1.20

3.27

.60

.39

.20

J07

J07 J06 J04

SANITÁRIO

SANITÁRIO

SANITÁRIO

SANITÁRIO

5.64 m²

5.05 m²

4.97 m²

7

J03 .80 x 2.10

P02 6 5

P02

CIRCULAÇÃO 19.00m²

APARTAMENTO 02

4

P02

APARTAMENTO 01

34.95 m²

27.03 m²

3

8

1

J03

6

APARTAMENTO 03

.80

5

34. 36m²

10.76

4

.20

3 2

+1.60

1.88

1 P01

DA

J02

SOLEDADE

7

34.70 m²

PASSEIO

DUPLEX(TÉRREO)

2

PROJ. SACADA

5.13

PROJ. SACADA

8

4.59

5.30 m²

P02

A

+0.37 J06

PROJ. SACADA

A

3.18

8 7 i = 8.33 %

J02

6

LADEIRA

P01

2.10

5 4

CIRCULAÇÃO

+1.60

3 i = 8.33 %

.20

2

P01

J01

P01

1

J02

.20

i = 8.33 %

1.10

ACESSO

1.47

0.00

2.46

8.62

6.00

1.49

8.23

1.20

.20

.20 28.39

C

QUADRO DE ESQUADRIAS COD.

TIPO

P01

01 FOLHA DE ABRIR

P02

01 FOLHA DE ABRIR

P03

MATERIAL

DIMENSÃO

QT.

MADEIRA SÓLIDA FRISADA

.90 x 2.10

7

MADEIRA SÓLIDA LISA

.90 x 2.10

7

MADEIRA SARRAFEADA

.80 x 2.10

2

02 FOLHAS DE ABRIR COM BANDEIRA FIXA

B

LEGENDA - DEMOLIÇÃO CONSTRUÇÃO PAREDES EXISTENTES A MANTER

02 FOLHAS DE J01

ALUMÍNIO E VIDRO 1.60 x 1.10 x 1.00

CORRER

3

PAREDES NOVAS A CONSTRUIR PAREDES A DEMOLIR

02 FOLHAS DE J02

J03

02 FOLHAS DE ABRIR

ALUMÍNIO ACABAMENTO EM AÇO

COM BANDEIRA FIXA

CORTEN / VIDRO / VENEZIANA

2 FOLHAS DE ABRIR J04*

ALUMÍNIO E VIDRO

CORRER

COM BANDEIRA FIXA

01 FOLHA DE ABRIR

6

.80 x 1.76 x 1.10

3

.80 x 1.76 x 1.10

1

.80 x 2.60 x .46

3

FERRO E ALUMÍNIO ACABAMENTO EM AÇO CORTEN

J05

2.40 x 1.10 x 1.00

ALUMÍNIO ACABAMENTO EM AÇO CORTEN / VIDRO / VENEZIANA

J06

J07

4 BOCA DE LOBO FIXA

ALUMÍNIO E VIDRO

BOCA DE LOBO FIXA

ALUMÍNIO E VIDRO

TRABALHO:

.60 x .40 x 2.10 3 .40 x .40 x 2.10

TRANSITORIEDADES E PERMANÊNCIAS: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR ORIENTADORA:

DISCIPLINA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

LIANA VIVEIROS SEMESTRE:

ALUNO:

FELIPE CANTO

* TIPO PORTA HOLANDESA MAS SOMENTE COM A PARTE SUPERIOR MÓVEL. ASSIM É POSSÍVEL MANTER O RITMO DAS ESQUADRIAS NA FACHA SEM PERDER A FUNCIONALIDADE DE ABERTURA.

ASSUNTO:

2020.1 ESCALA:

PERMANECER 01 - PLANTA BAIXA PAVIMENTO TÉRREO

1/50

15


B

C 28.80

1.20

1.73

.70

1.60

1.35

.15

2.95

.20

.15

3.83

.15

1.47

.60

.15

1.35

.15

.20

4.00

1.20

3.27

.60

.30

.51

1.50

A

A

J07 J06

17

J05

18

1.21

J06

SANITÁRIO

SANITÁRIO

SANITÁRIO

15

5.64 m²

5.05 m²

4.97 m²

14

.34

16

J05

11

P02

19.00m²

APARTAMENTO 04

P02

CIRCULAÇÃO

10

27.03 m²

APARTAMENTO 05

.35

5.72

12 P02

1.21

13

9

34.95 m²

DUPLEX(1º PAV.)

7

APARTAMENTO 06

40 m²

6

34. 36m²

J05

1.21

8

+4.66

5

3.67 PROJ. LAJE

.38

3 2 J01

1

R1

P01

.5

0

3.38

1.50

J02

10.76

4

.55

10.58

1.20

11

1.

R

CIRCULAÇÃO

1.75

.02 R1

J02

P01

P01

1.54

J02

5

.7 R2

9 R.

R1 .

00

1.47

J01

5

3.42

5.20

6.00

6.05

5.07

28.39

C

QUADRO DE ESQUADRIAS COD.

TIPO

P01

01 FOLHA DE ABRIR

P02

01 FOLHA DE ABRIR

P03

COM BANDEIRA FIXA

J03

MADEIRA SÓLIDA FRISADA

.90 x 2.10

7

MADEIRA SÓLIDA LISA

.90 x 2.10

7

MADEIRA SARRAFEADA

.80 x 2.10

2

1.60 x 1.10 x 1.00

ALUMÍNIO ACABAMENTO EM AÇO

COM BANDEIRA FIXA

CORTEN / VIDRO / VENEZIANA

01 FOLHA DE ABRIR

Planta Baixa 1º Pav. Esc.

1/50

PAREDES NOVAS A CONSTRUIR PAREDES A DEMOLIR

2.40 x 1.10 x 1.00

6

.80 x 1.76 x 1.10

3

.80 x 1.76 x 1.10

1

.80 x 2.60 x .46

3

FERRO E ALUMÍNIO ACABAMENTO EM AÇO CORTEN

J05

3

1

ALUMÍNIO E VIDRO

02 FOLHAS DE ABRIR

COM BANDEIRA FIXA

LEGENDA - DEMOLIÇÃO CONSTRUÇÃO PAREDES EXISTENTES A MANTER

ALUMÍNIO E VIDRO

CORRER

2 FOLHAS DE ABRIR J04*

QT.

CORRER 02 FOLHAS DE

J02

DIMENSÃO

02 FOLHAS DE ABRIR

02 FOLHAS DE J01

MATERIAL

B

ALUMÍNIO ACABAMENTO EM AÇO CORTEN / VIDRO / VENEZIANA

J06

J07

4 BOCA DE LOBO FIXA

ALUMÍNIO E VIDRO

.60 x .40 x 2.10

BOCA DE LOBO FIXA

ALUMÍNIO E VIDRO

.40 x .40 x 2.10

TRABALHO:

3

TRANSITORIEDADES E PERMANÊNCIAS: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR ORIENTADORA:

DISCIPLINA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

* TIPO PORTA HOLANDESA MAS SOMENTE COM A PARTE SUPERIOR MÓVEL. ASSIM É POSSÍVEL MANTER O RITMO DAS ESQUADRIAS NA FACHA SEM PERDER A FUNCIONALIDADE DE ABERTURA.

LIANA VIVEIROS SEMESTRE:

ALUNO:

FELIPE CANTO ASSUNTO:

2020.1 ESCALA:

PERMANECER 01 - PLANTA BAIXA 1º PAVIMENTO

1/50

16


B

C 28.50 .20

.15

4.83

1.30

.15

4.45

.10

5.70

.60

5.27

.15

1.78

3.12

.60

.39

POÇO DE VENTILAÇÃO

A

18

.40

16

.65

15 14

.65

13 HORTA

.20

.40

+8.06

10 9

.65

8

.40

+7.72

.65

1.73

11

72.78m² +7.72

23.87m² CALHA

2

.71

.20

1

1.50

3.18

1.49

TELHA ECOLÓGICA TETRA PAK i = 15%

.20

8.92

19.00m²

12

TERRAÇO LAVANDERIA COLETIVA

VARANDA

5.38

RESERVATÓRIO 3000L

17 POÇO DE VENTILAÇÃO

.40

3.20

RESERVATÓRIO 3000L

ACESSO AO RESERVATÓRIO

.65

A

2.86

8.42

6.00

6.05

5.07

28.40

C

QUADRO DE ESQUADRIAS COD.

TIPO

P01

01 FOLHA DE ABRIR

P02

01 FOLHA DE ABRIR

P03

02 FOLHAS DE

J03

MADEIRA SÓLIDA FRISADA

.90 x 2.10

7

MADEIRA SÓLIDA LISA

.90 x 2.10

7

MADEIRA SARRAFEADA

.80 x 2.10

2

ALUMÍNIO E VIDRO

ALUMÍNIO ACABAMENTO EM AÇO

COM BANDEIRA FIXA

CORTEN / VIDRO / VENEZIANA

01 FOLHA DE ABRIR

Planta Baixa Terraço Esc.

1/50

3 PAREDES NOVAS A CONSTRUIR PAREDES A DEMOLIR

2.40 x 1.10 x 1.00

6

.80 x 1.76 x 1.10

3

.80 x 1.76 x 1.10

1

.80 x 2.60 x .46

3

FERRO E ALUMÍNIO ACABAMENTO EM AÇO CORTEN

J05

1

ALUMÍNIO E VIDRO

02 FOLHAS DE ABRIR

COM BANDEIRA FIXA

LEGENDA - DEMOLIÇÃO CONSTRUÇÃO PAREDES EXISTENTES A MANTER

1.60 x 1.10 x 1.00

CORRER

2 FOLHAS DE ABRIR J04*

QT.

CORRER 02 FOLHAS DE

J02

DIMENSÃO

02 FOLHAS DE ABRIR COM BANDEIRA FIXA

J01

MATERIAL

B

ALUMÍNIO ACABAMENTO EM AÇO CORTEN / VIDRO / VENEZIANA

J06

J07

4 BOCA DE LOBO FIXA

ALUMÍNIO E VIDRO

.60 x .40 x 2.10

TRABALHO:

3 BOCA DE LOBO FIXA

ALUMÍNIO E VIDRO

.40 x .40 x 2.10

TRANSITORIEDADES E PERMANÊNCIAS: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR ORIENTADORA:

DISCIPLINA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

* TIPO PORTA HOLANDESA MAS SOMENTE COM A PARTE SUPERIOR MÓVEL. ASSIM É POSSÍVEL MANTER O RITMO DAS ESQUADRIAS NA FACHA SEM PERDER A FUNCIONALIDADE DE ABERTURA.

LIANA VIVEIROS SEMESTRE:

ALUNO:

FELIPE CANTO ASSUNTO:

2020.1 ESCALA:

PERMANECER 01 - PLANTA BAIXA TERRAÇO

1/50

17


2.24

POÇO DE VENTILAÇÃO

+9.37

.35

RESERVATÓRIO

1.11

POÇO DE VENTILAÇÃO

+8.06

1.10

+ 7.72

BARRILETE

VARANDA +7.72

TERRAÇO

.35

.15

LAVANDERIA COLETIVA

.33

1.30

HORTA

FORRO

FORRO

+4.66

SANITÁRIO

APARTAMENTO 05

SANITÁRIO

APARTAMENTO 04

CIRCULAÇÃO

.31

FORRO

FORRO

FORRO

1.50

2.07

2.60

.37

.84

FORRO

.15

SANITÁRIO

APARTAMENTO 06

.15

DUPLEX (1º PAV.)

8.80

+4.66

.47

3.90

.82

2.91

10.19

1.78

FORRO

+1.60

SANITÁRIO

SANITÁRIO

APARTAMENTO 01

CIRCULAÇÃO

.18

SANITÁRIO

APARTAMENTO 02

PERFIL

NATU R

.72

SANITÁRIO

APARTAMENTO 03

AL DO

TERRE NO

+0.37

.33

.00

+1.60

PASSEIO

1

TRABALHO:

LADEIRA DA SOLEDADE

Corte AA Esc.

1/50

TRANSITORIEDADES E PERMANÊNCIAS: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR ORIENTADORA:

DISCIPLINA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

LIANA VIVEIROS SEMESTRE:

ALUNO:

FELIPE CANTO

2020.1 ESCALA:

ASSUNTO:

PERMANECER 01 - CORTE AA

1/50

18


1.24 1.89

2.38

1.34 1.80

HORTA

.15

.15

TERRAÇO

1.10

2.91

2.74

2.91

9.75

3.06

.32

PROJ. DA LAJE

.35

+7.72

.51

+7.72

1.10

+8.06

+4.66

+4.66

.35

.15 PERFIL NATURAL

DO TERRENO

2.71

+1.60

APARTAMENTO 02

CIRC.

.15

.14

.35

.15

CIRCULAÇÃO

DO TERRENO

1.11

PERFIL NATURAL

.15

+1.60

2.91

ESCADA DE CONCRETO TIPO CASCATA ENGASTADA NA PAREDE

2.57

2.91

.32

.15

APARTAMENTO 05

1

Corte BB Esc.

2 1/50

Corte CC Esc.

1/50

TRABALHO:

TRANSITORIEDADES E PERMANÊNCIAS: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR ORIENTADORA:

DISCIPLINA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

LIANA VIVEIROS SEMESTRE:

ALUNO:

FELIPE CANTO

2020.1 ESCALA:

ASSUNTO:

PERMANECER 01 - CORTE BB E CC

1/50

19


ACABAMENTO EM CONCRETO APARENTE TIPO CIMENTO QUEIMADO

NOVAS PAREDES EM ALVENARIA BLOCO ESTRUTURAL DE CONCRETO (14x19x39mm) COM ACABAMENTO COM CONCRETO APARENTE COM EFEITO RIPADO

NOVAS PAREDES EM ALVENARIA BLOCO ESTRUTURAL DE CONCRETO (14x19x39mm) COM ACABAMENTO COM CONCRETO APARENTE COM EFEITO RIPADO

RECOMPOSIÇÃO DE ESQUADRIA EM ALUMINÍO COM ACABAMENTO EM AÇO CORTEN ACABAMENTO EM CONCRETO APARENTE TIPO CIMENTO QUEIMADO

RECUPERAÇÃO DE PAREDE EXISTENTE COM ACABENTO EM PINTURA NA COR BRANCA

RECOMPOSIÇÃO DE GRADIL DE FERRO PINTADO NA COR CINZA

GUARDA-CORPO EM AÇO INOX

RECUPERAÇÃO DE AZULEJOS ANTIGOS ACABAMENTO EM CONCRETO APARENTE TIPO CIMENTO QUEIMADO

RECOMPOSIÇÃO - JANELA DE ALUMINÍO COM ACABAMETO EM AÇO CORTEN. DUAS FOLHAS DE ABRIR

CASARÃO VIZINHO

RECOMPOSIÇÃO ESQUADRIA DE ALUMINÍO COM ACABAMETO EM AÇO CORTEN. TIPO PORTA HOLANDESA PARTE SUPERIOR COM DUAS FOLHAS DE ABRIR E PARTE SUPERIOR FIXA

PORTÃO DE ACESSO DE ALUMÍNIO NA COR BRANCA

1

Fachada Frontal Esc.

1/50

TRABALHO:

TRANSITORIEDADES E PERMANÊNCIAS: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR ORIENTADORA:

DISCIPLINA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO FELIPE CANTO PRANCHA:

LIANA VIVEIROS SEMESTRE:

ALUNO:

PERMANECER 01 FACHADA FRONTAL

2020.1 ESCALA:

1/50

20


ACABAMENTO EM CONCRETO APARENTE

NOVAS PAREDES EM ALVENARIA DE BLOCO ESTRUTURAL DE CONCRETO (14x19x39mm) COM ACABAMENTO DE BLOCO APARENTE

JANELA DE ALUMINIO BRANCO E VIDRO

GRADIL DE FERRO

06

05

04 GUARDA-CORPO EM AÇO INOX

PORTA DE MADEIRA SOLIDA

D

03

02

01

MURO DE CONTENÇÃO DE BLOCO DE CONCRETO

PASSEIO

1

LADEIRA DA SOLEDADE

FACHADA LATERAL 1/50

Esc.

PAREDE EXISTENTE NOVAS PAREDES EM ALVENARIA DE BLOCO ESTRUTURAL DE CONCRETO (14x19x39mm) COM ACABAMENTO DE BLOCO APARENTE

GUARDA-CORPO EM AÇO INOX

TRABALHO:

TRANSITORIEDADES E PERMANÊNCIAS: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR ORIENTADORA:

DISCIPLINA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

2

FACHADA POSTERIOR Esc.

1/50

FELIPE CANTO ASSUNTO:

LIANA VIVEIROS SEMESTRE:

ALUNO:

2020.1 ESCALA:

PERMANECER 01 - FACHADA LATERAL E POSTERIOR

1/50

21


B

C

POÇO DE VENTILAÇÃO

.20

.20

4.83

.20

1.20

POÇO DE VENTILAÇÃO

4.45

.10

.30

5.25

.20

.50

.20

5.12

.15

1.78

.17

3.54

RUFO

A

A TELHA ECÓLOGICA FIBRA VEGETAL inc.: 15%

5.39

RUFO

CALHA

LAJE IMPERMEABILIZADA

LAJE IMPERMEABILIZADA

.40

.20

CALHA

5.02

TELHA ECÓLOGICA FIBRA VEGETAL i = 15%

RUFO

3.20

RUFO

TELHA ECÓLOGICA TETRA PAK i = 15%

.43 1.15

RUFO

2.00

TELHA ECÓLOGICA TETRA PAK i = 15%

RUFO

4.47

5.11

.20

.51

RUFO

1.78

3.66

LAJE IMPERMEABILIZADA COM REVESTIMENTO CERÂMICO

.20

.25

1.30

.20

CALHA

LAJE IMPERMEABILIZADA

.20

.20

RUFO

2.66 .00

3.22 .20

4.80 .20

C

B

1

Planta de Cobertura Esc.

1/50

TRABALHO:

TRANSITORIEDADES E PERMANÊNCIAS: A OCUPAÇÃO DE VAZIOS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR ORIENTADORA:

DISCIPLINA:

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO FELIPE CANTO ASSUNTO:

LIANA VIVEIROS SEMESTRE:

ALUNO:

PERMANECER - PLANTA DE COBERTURA

2020.1 ESCALA:

1/50

22


PERSPECTIVAS


Praรงa Professor Viegas


Praรงa Professor Viegas

ANTES

DEPOIS


Praรงa Professor Viegas

ANTES

DEPOIS


Intervenção no tecido urbano


Intervenção no tecido urbano


Praรงa Ladeira do Canto da Cruz


Praรงa Ladeira do Canto da Cruz


Praรงa Ladeira do Canto da Cruz


Praรงa Ladeira do Canto da Cruz


Praรงa Ladeira do Canto da Cruz


Permanecer


Permanecer


Permanecer


Permanecer


Permanecer


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.