Villa Prates Hotel e Spa

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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

PUC MINAS POÇOS DE CALDAS

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO I

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FELIPE FLORENTINO

FLOREN TINO

Orientadoras

Esther Cervini Larissa Pereira 2/2017



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Agradeço aos professores do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, em especial as Doutoras Esther Cervini e Larissa Pereira pela orientação para realização desse Trabalho Final de Graduação. Agradeço especialmente meus pais Leandro Florentino e Cristina Florentino pela oportunidade da realização de tal curso e minhas amigas Shara Pereira e Laura Lis pela parceria na concepção de inúmeros projetos ao longo da graduação. Agradeço a arquiteta Débora Vieira pelo aprendizado ao longo de cinco anos e todos os amigos e pessoas que contribuíram para a minha formação.



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O trabalho a seguir propõe um hotel para o Casarão do Conde Eduardo Prates, imóvel emblemático, localizado no centro de Poços de Caldas, que se encontra em estado de abandono. No intuito de valorizar sua importância histórica e cultural para a cidade, fica previsto a restauração de tal elemento de modo a lhe conferir uma vida com novos usos, juntamente da construção de um novo anexo a fim de atender a demanda de um hotel conceito em busca de satisfazer as necessidades de uma sociedade contemporânea, que procuram a cidade para desfrutar de seu patrimônio construído e beleza natural. Palavras-chave: Poços de Caldas, Patrimônio, Ressignificação, Hotel, Conde Prates, Espaço Público. 09 VILLAPRATES


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The following work proposes a hotel for the Mansion of Conde Eduardo Prates, emblematic property, located in the center of Poços de Caldas, which is now in a state of abandonment. In order to value its historical and cultural importance to the city, it is planned to restore this element in order to give it a life with new uses, together with the construction of a new annex to meet the demand for a concept hotel in search of satisfying the needs of a contemporary society, who seek the city to enjoy its patrimony and natural beauty. Keywords: Poços de Caldas, Patrimony, Resignification, Hotel, Conde Prates, Public Space. 10 VILLAPRATES


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Introdução ................................................................................................................................. 15 Cercado de História .................................................................................................................. 16 Cercado de Memória ................................................................................................................ 24 O Turismo .................................................................................................................................. 34 Cercado de Vida ....................................................................................................................... 38 Linha do Tempo ........................................................................................................................ 52 O Conde Prates ......................................................................................................................... 54 O Tombamento ......................................................................................................................... 62 O Imóvel e o Sítio Elementos para Preservação Macrozoneamento Critérios De Intervenção

. ..

Perímetro De Acautelamento De Entorno

O Imóvel Hoje ............................................................................................................................ 74 .

Laudos Técnicos

Levantamento Fotográfico ....................................................................................................... 88 Villa Prates Hotel e Spa ............................................................................................................ 101 .

Um Hotel Hotelaria na Cidade Alteração das Diretrizes Vigentes e Objeto de Estudo

Referências Projetuais .............................................................................................................. 126 Apontamentos para Continuação do Trabalho ...................................................................... 136 Índice Remissivo Fotográfico ................................................................................................... 140 Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 146 13 VILLAPRATES


A partir de 1931 Recente inaugurada Thermas Antonio Carlos e casarĂŁo do Conde Prates ao fundo.

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Compreender a essência e a narrativa do lugar onde vivemos e somos criados. A partir desse entendimento e pressupondo a necessidade de dar continuidade à história de um dos mais célebres edifícios que refletem a evolução de Poços de Caldas por mais de um século, proponho esse Trabalho Final de Graduação a fim de resgatar a memória esquecida do Casarão de Prates com uma construção contemporânea anexa possibilitando sua reintegração ao espaço urbano como incentivador de práticas de restauro aliado à necessidade de adequação para as pessoas de hoje. Este trabalho é uma oportunidade extraordinária de aprender com o edifício existente por dentro e por fora, entender sua complexidade e dar a ela um uso responsável, uma cirurgia urbana diretamente conectada com a construção futura no mesmo sítio , um hotel, ressignificando sua origem como Casa de Veraneio do Conde Eduardo Prates, um dos mais importantes financiadores da ferrovia que chega até Poços de Caldas - um dos símbolos de desenvolvimento e expansão da cidade dinamizando a experiência de quem visita ou se hospeda no complexo através de um modelo de ocupação educativo em que a cidade se beneficia principalmente através da valorização do seu patrimônio construído e da geração de renda e emprego qualificado para a população. Um hotel contemporâneo integrado ao edifício Prates relacionado diretamente com a história da cidade e seu povo, localizado na frente de seu maior patrimônio construído e natural, uma proposta hoteleira única para um lugar repleto de histórias e singularidades dialogando dois edifícios, um abraço de dualidades de tempo e significados em uma comunidade que se transforma a cada dia. 15 VILLAPRATES


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PÁGINA 17 A partir de 1890 Segunda fase do casarão do Conde Prates em estilo normando com destaque para o enxaimel e a varanda no anexo à direita.

1909 Cartão de lembrança de Poços de Caldas. Casarão do Conde Prates no centro em sua segunda fase.

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‘’Assim como o orvalho alenta a flor, a recordação alenta a alma... Saudades.’’

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O Casarão de Prates teve sua construção iniciada por volta de 1880, mesmo período em que se concluía a estação de trem Mogiana e o leito férreo que conectava o estado de São Paulo à Poços de Caldas, em Minas. O imóvel originou-se como uma casa térrea, entretanto, graças aos registros feitos por fotografias que datam desse período do século XIX, é possível observar que o casarão passou por muitas transformações e acréscimos de estilos conforme o tempo, caracterizando no resultado que temos hoje, uma grande casa eclética, dotada de vários elementos consequentes dessas diferentes transformações e expansões.

A fase inicial do casarão correspondia a uma construção térrea na qual não se soube especificar suas dimensões nem mesmo um estilo arquitetônico. A partir de registros do ano de 1890, compreendendo um período até os anos 1910, pode-se verificar a segunda fase do Casarão, em que a casa térrea discreta existente, dá lugar a um sobrado em estilo normando, com fachada imponente e com destaque para a alvenaria aparente, ornada com detalhes de madeira, possivelmente simulando um enxaimel, além de um telhado bastante desenhado com inclinação aguda e vários recortes.

Dentre essas mudanças, as mais significantes aconteceram por volta dos anos de 1890, 1910 e final dos anos 1920. Elas podem ser constatadas por meio de registros fotográficos que além das alterações no corpo da casa, evidenciam também as transformações ocorridas na paisagem da cidade

Na foto a seguir tem-se a terceira fase do Casarão, ocorrida a partir dos anos 1920. Observa-se que num primeiro momento a varanda ainda não foi coberta e, diferente da atualidade, a platibanda é existente. Outra situação a se observar é a presença do rochedo sustentando a casa, invadindo a área da calçada e acentuando o desnível entre a rua e acesso principal ao imóvel. O telhado nesta época contém duas inclinações e desde o princípio, apesar das transformações posteriores, ainda tem a telha francesa na composição.

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A partir de 1920 O Casarão do Conde Prates em sua maior transformação estética.

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Após este período de transformação do imóvel, entramos na mais significativa fase da casa, que aconteceu por volta do ano de 1920 e que reafirmou um novo conceito na fachada, abolindo o estilo normando e apresentado acréscimos de área além da remodelação da ocupação do terreno. Pouco tempo depois, ainda na mesma década, a casa apresentou outras intervenções menores que as demais, porém reassumindo a arquitetura adotada em sua última transformação e novas incorporações são feitas no imóvel a partir de duas casas vizinhas localizadas à rua Dr. Francisco Faria Lobato, além da construção da garagem nos fundos do terreno.

vista estratégico, compondo a paisagem do largo histórico da cidade à frente de seu maior patrimônio construído e natural. Um legado de um passado áureo, dos tempos em que a cidade se vangloriava do jogo dos cassinos e das águas termais, que se mostrou resistente ao tempo, e mesmo abandonado anseia por um destino apropriado a fim de cumprir um papel significante na sociedade poços-caldense, voltando a compor a sua paisagem histórica e turística atual.

Hoje com aproximadamente 130 anos, o Casarão do Conde Prates se mostra resistente ao tempo e às transformações da cidade de Poços de Caldas. Um imóvel que mesmo tendo passado por diferentes usos, desde sua origem como uma casa discreta ou até mesmo posteriormente como uma escola, mantém suas características originais e sobriedade num ponto de

Na foto a seguir é possível observar a possível primeira fase da edificação, por volta de 1886. A cidade neste período acabava de receber a inauguração do seu ramal férreo com a presença ilustre de Dom Pedro II. Nesta época, Dom Pedro, ficou hospedado no ‘’Hotel da Empreza’’, localizado bem próximo do Imóvel. A partir deste ângulo da fotografia, observase as primeiras termas com conexão direta com o hotel através do passadiço. A área onde hoje está o Parque José Affonso Junqueira e a Praça Pedro Sanches, além do complexo hidrotermal e hoteleiro, nesta fotografia se encontra quase vazia.

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A partir de 1884 Possivelmente a primeira fase do imรณvel.

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Em Poços de Caldas o Turismo é diversificado e historicamente se transformou diversas vezes. No final do século XIX foram surgindo na cidade os primeiros balneários e pequenas casas de hospedagem, logo depois vieram as primeiras casas de jogo, alavancadas principalmente pela conclusão do transporte ferroviário. Neste período, o turismo poçoscaldense se constituía basicamente dos tratamentos realizados nos balneários da cidade, que até então eram construções bastante simples. Com a inauguração do Hotel da Empreza, em 1884, Poços de Caldas passava a ter um hotel de luxo para a época, com mais de 60 aposentos, salas de leitura, música e jantar, atraindo mais pessoas, que passaram a vir para a cidade além da busca pela cura.

Poços de Caldas teve sua formação econômica, social e cultural fortemente influenciada pelos italianos, dentre a qual destaca-se Giovanni Battista Pansini, um dos principais arquitetos e construtores do início da cidade. Pansini propôs novos alinhamentos, quarteirões quadriculados, ruas largas e paralelas, como observa-se na foto a seguir. Para o contexto da época, com uma população próxima dos 1500 habitantes isso era uma inovação e uma visão de futuro que a cidade deve ter como exemplo até hoje. No canto inferior esquerdo da fotografia, observa-se a segunda fase do Casarão do Conde Prates, em estilo normando com destaque para os recortes no telhado. Uma peculiaridade dentro do terreno do imóvel é a presença de uma pequena construção contendo lambrequins e várias águas no telhado.

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PÁGINA 25 A partir de 1929 Começa a remodelação do Palace Hotel e construção das Thermas Antonio Carlos e Palace Casino.

A partir de 1890 O Casarão do Conde Prates em sua fase normanda e a cidade pacata até então.


Pouco tempo depois, no início do século XX a atividade turística se mostrou mais valorizada devido ao sucesso de implementação de uma sala de jogos e diversão no Hotel da Empreza. Tirando partido dessa iniciativa de êxito, outros hotéis começam a surgir na cidade com a mesma temática, viabilizando um fluxo maior de pessoas, provenientes principalmente do Estado de São Paulo. Com uma experiência positiva pelo setor turístico da cidade aos tratamentos e dos jogos de azar, surge na cidade o Palace Hotel, as Primeiras Termas e o Cassino, obras realizadas pela Companhia Melhoramentos, para atender a demanda dos visitantes que começaram a estabelecer Poços de Caldas como uma rota de diversão, saúde e lazer. Afim de alavancar ainda mais o município, posteriormente é realizada pelo Estado de Minas Gerais uma nova remodelação hoteleira e hidrotermal no centro, na qual o Palace Hotel é reformulado e os edifícios das Termas e do Casino são demolidos para dar lugar a construção de dois novos edifícios, com o mesmo propósito, porém calorosamente mais luxuosos. Com a ascensão dos cassinos e do público da elite brasileira na cidade, a partir de 1931 inúmeros outras casas de jogos e hotéis de alto padrão surgem em Poços de Caldas, bem como um mercado de luxo e alimentício para atender a demanda. A força dos cassinos era tamanha, que a ficha de jogo era moeda de troca entre a população. Conhecida como a “Las Vegas Brasileira”, Poços de Caldas em 1946 entra em colapso. Neste ano, o Presidente Eurico Gaspar Dutra decreta o fim dos jogos de azar no país e a cidade que vivia a partir da atividade dos cassinos por um instante entra em decadência. No mesmo período com o avanço da medicina proveniente da Segunda Guerra Mundial, a água termal como alternativa de cura perde força, somando ainda mais no declínio da estância.

Na foto a seguir, o Centro da cidade nos anos 1930 e as transformações no largo com a construção e remodelação do complexo hoteleiro e hidrotermal. Observa-se também que de acordo com a arquitetura adotada para os principais futuros edifícios da cidade, Palace Hotel, Palace Casino e Thermas Antônio Carlos, a estação ferroviária é remodelada abolindo sua varanda e adotando o estilo neoclássico. É possível compreender também a partir da imagem que a cidade começa a se expandir para os morros.

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A partir de 1930 O casarรฃo do Conde Prates jรก conta com sua varanda coberta.

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A partir de 1930 Cavalos bebem água em fonte onde hoje localiza-se o Parque Infantil Darcy Vargas.

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A partir de 1930 Concentração de crianças na frente do Casarão do Conde Prates onde atualmente está localizado o Parque Infantil Darcy Vargas.


A necessidade de reestabelecer um novo interesse turístico na cidade fez com que Poços de Caldas se ressignificasse. Por um período o comércio e a indústria hoteleira da cidade ficaram expostas ao isolamento. Aproveitando das belas paisagens naturais e do legado das belíssimas construções que passaram a compor o seu cenário construído, Poços de Caldas entra no circuito turístico nacional denominado “lua-de-mel”, no momento em que passar o período de núpcias na cidade era sinônimo de elegância. A partir dos anos 1950, o município tenta se reestabelecer economicamente e passa então pela fase da verticalização e da exploração das suas riquezas materiais através da mineração. Os pontos turísticos, praças e parques antes frequentados somente pela elite tornam-se destinos da nova classe turística e da população municipal. Chegado os dias atuais, a cidade ainda permanece com o romantismo originário do final dos anos 1940, porém de modo mais brando. Hoje em dia a atividade turística e hoteleira da cidade se mantém graças aos inúmeros eventos que acontecem ao longo das estações, a partir das universidades que se instalaram, bem como pela procura por tranquilidade e atividades culturais e naturais que são destaque na região.

Poços de Caldas tem a tradição de carregar seus turistas de charretes há décadas pelos pontos turísticos da cidade. Sendo um costume europeu, talvez a cidade tenha se inspirado nas capitais do Velho Mundo no início do Século XX, período em que Poços era conhecida como ‘’A Suíça Brasileira’’. Atualmente a discussão sobre esse tipo de transporte é recorrente, principalmente sobre a saúde dos cavalos que, além de ficarem sob o sol por longos períodos, circulam entre os carros comprometendo a segurança de todos.

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A partir de 1932 Fotografia possivelmente tirada a partir da varanda do Casarão do Conde Prates.

Com um rico acervo de leitos, que vão desde muito luxuosos a supereconômicos, o maior número de frequentadores da Estância de Poços de Caldas hoje é de jovens e adultos, além da terceira idade, que se embelezam com a qualidade de vida e belezas naturais que o município oferece, munidos de um grande legado histórico-cultural composto também de um patrimônio construído muito significante.

Fotografia tirada a partir da varanda do Casarão do Conde Prates possivelmente um ano após a inauguração do Parque José Affonso Junqueira e complexo. Quando inaugurado, o Palace Hotel continha amplas varandas ao seu redor, como observadas no centro direito da imagem. Atualmente este setor serve de apoio para o restaurante do prédio. É inusitado não haver pessoas passeando e contemplando o Parque. Observa-se apenas dois homens fazendo reparos em uma das esquinas dos passeios no centro esquerdo da imagem. Com a grama já bem estabelecida na parte plana do terreno, nota-se que há uma dificuldade dela se estabelecer nas partes inclinadas às margens do rio. 33 VILLAPRATES


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A atividade turística é um fenômeno basicamente constituído de pessoas e vai muito além de qualquer mercado financeiro. Ela repercute diretamente na qualidade de vida dos cidadãos que a praticam e também na comunidade responsável por fazê-la. É um exercício muito amplo que envolve a comunicação, o transporte e a qualidade do ambiente, sendo ele urbanizado ou não. O mercado turístico no Brasil vem crescendo em ritmo acelerado se comparado às décadas anteriores. A procura por cidades menores em meio

a natureza e os roteiros praianos são uma alternativa às viagens internacionais e isso tem exigido das administradoras dos hotéis, pousadas e resorts maior atenção e cuidado para atender as diferentes demandas desse público que tem ficado cada vez mais exigente. Como uma experiência de troca, o Turismo beneficia e promove um ciclo financeiro e cultural nas cidades em que ele é fortemente explorado, atinge a economia em sua totalidade, movimentando a renda do comércio, da indústria, da agricultura e da informação, além da política, através do estímulo à preservação da imagem da cidade.

Analisando a imagem ao lado, é possível notar que por um curto período de tempo houve uma concentração de edifícios no largo central da cidade. Com a construção do Palace Hotel, Casino e Thermas pela Companhia Melhoramentos, posteriormente o Hotel da Empreza vem a ser demolido junto com o primeiro balneário. Nesta década, o Casarão do Conde Prates observa todas essas transformações posteriormente à sua fase mais significativa de remodelação, próxima do que temos hoje em dia. Neste período já é notório a ausência das platibandas, dando origem aos beirais e o telhado composto por apenas uma inclinação no bloco principal. Nesta fotografia é possível atentar-se também às torres das igrejas Metodista, no primeiro plano, e de São Benedito, atrás.

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A partir de 1925 O Casarรฃo mais prรณximo do modelo existente atual.

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1912 Gravura colorizada de Poรงos de Caldas.

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Outra consideração importante acerca do universo do Turismo é a flexibilidade que ele permite, capaz de se adaptar a diferentes contextos, sendo eles ligados às questões sociais como, por exemplo, de lua-de-mel, da terceira idade, dos negócios e histórico-cultural, além do turismo natural e ecológico. Compreendendo o Turismo como uma atividade de múltiplas possibilidades, ele em sua plenitude permite inúmeras vantagens para qualquer comunidade. O seu grande desafio é a manutenção, atualização e adaptação conforme a demanda e a necessidade das pessoas. Sua capacidade de manter uma cidade viva é tão grande que, além de movimentar a economia de uma área, com o cuidado e atenção necessária permite também pluralizar e estimular seu patrimônio histórico-cultural.

A construção das Termas, do Casino e do Palace Hotel pela Companhia Melhoramentos têm início na cidade. Observa-se no centro-esquerdo da imagem as fundações do primeiro grande casino. Nota-se que o rio ainda não foi retificado neste período e que o imóvel do Conde Eduardo Prates é envolvido por uma modesta concentração de árvores, possivelmente nativas, à esquerda. Poços de Caldas neste período é uma pequena vila em expansão.

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PÁGINA 39 A partir de 1950 Poços de Caldas começa a se transformar através da verticalização. Destaque para o Edifício Bauxita, primeiro arranha-céu da cidade.

A partir de 1926 O casarão em sua fase de transformação mais significativa com a garagem na parte posterior do lote.

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Rodeada por montanhas, e principalmente coroada pela Serra de São Domingos, Poços de Caldas é cercada de vida por diferentes aspectos, humana e natural. Com uma vegetação naturalmente exuberante, a Serra, tombada pelo patrimônio estadual, compõe o perfil de Poços de Caldas que também é repleta de belos parques e lindas praças em seu centro histórico e demais localizações. Participando ativamente do maior patrimônio natural da cidade, o Casarão do Conde Prates desfruta de belas vistas para a montanha e também para os parques e praças do maior conjunto construído da cidade, composto pelos Parques José Affonso Junqueira, Praça Pedro Sanches, Praça Getúlio Vargas, Praças Paul Harris e Dos Imigrantes, entre outras.

Em conjunto com o Casarão do Conde Prates localizado no centro esquerdo da fotografia, estão outros emblemáticos casarões que resistem até hoje na cidade. A Villa Junqueira, atual sede do Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas, é registrada logo acima do Casarão Prates. No último plano, abaixo da grande construção que atualmente sedia o Colégio Objetivo junto à Igreja de São Domingos está o Chalé Frayha. É bastante interessante notar também que há um circo montado próximo ao Casarão do Conde Prates. Na mesma rua, mais para o canto direito, lê-se Hotel São Paulo, vale ressaltar que este hotel existe até hoje reafirmando a importância deste tipo de atividade para a economia poços-caldense. Outra construção bastante importante que pode se avaliar na imagem é o antigo Sanatório, atual Escola Estadual David Campista, localizada no canto superior direito, com seu vasto terreno murado. É bastante curioso notar que neste período fotografado a vegetação da Serra de São Domingos é bem menos densa se comparada à massa de hoje em dia.

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A partir de 1915 Gravura do Centro de Poços de Caldas por volta dos anos 1915. Vê-se o Casarão do Conde Prates em destaque no centro da imagem com os demais casarões ao redor.

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Com uma localização extremamente estratégica, o Casarão participou como coadjuvante na construção dos Parques e Praças do centro da cidade e nas transformações gerais que o município passou. Durante a remodelação do largo que aconteceu por volta da década de 30, a casa já tinha sofrido sua maior intervenção, desta maneira, a partir de sua varanda era possível desfrutar das árvores e do belo paisagismo desenhado por Dieberger. Com exuberantes espécies nativas e exóticas, o paisagismo proposto aos poucos foi conectando, a partir do ponto de vista do Casarão, a Serra à cidade e posteriormente ao quintal da casa.

Nesta gravura representando Poços de Caldas no início do Século XX, observa-se a importância do Casarão do Conde Prates na formação da paisagem histórica na cidade. Carros-de-boi passam pelas ruas e o antigo Hotel da Empreza se destaca com o primeiro balneário. É interessante notar o tamanho dos lotes que permeiam a cidade e a proporção acentuada das casas nos terrenos.

Lê-se na imagem: ’’Subi a cavallo, hontem, com o Julio Carvalho, até o ponto mais alto deste morro, o Himalaia de Poços. Descortina-se uma Vista Chic.’’

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Cercado de vida natural, o Casarão do Conde Prates também está envolvido por outro grande aspecto em exponencial, a vida urbana. Localizada estrategicamente em diferentes abordagens, a casa situa-se também numa das mais movimentadas ruas da cidade, a Rua Junqueiras, responsável por conectar a Zona Oeste à Zona Sul em um cruzamento bastante significativo do centro, com quatro faixas de rolamento, permitindo ao casarão se destacar à vista da população, e de quem visita a cidade, através de sua majestosa volumetria e ritmo bem marcado.

1929 A implantação do Novo Complexo Hidrotermal e Hoteleiro para a Estância de Poços de Caldas.

Na fotografia a seguir, vê-se uma parcela da expansão da cidade. Começa a ser construído o mais nobre e planejado bairro de Poços de Caldas: o Jardim dos Estados, acompanhando a topografia e contendo uma grande avenida arterial toda ajardinada e arborizada, além de uma grande rotatória com um belo chafariz ao centro, denominada Praça Brasil, popularmente conhecida como Praça/Fonte das Rosas. É possível observar também a ausência de duas mãos de veículos na Rua Junqueiras, onde o Parque se estende até a Estação. O Casarão Prates nesta época contém grandes árvores no seu quintal, bem como o Parque José Affonso Junqueira.

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A partir de 1950 O casarรฃo do Conde Prates como espectador do crescimento urbano de Poรงos de Caldas.

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A partir de 1912 Cartรฃo colorizado de Lembranรงa de Poรงos de Caldas.

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A partir de 1931 Quase concluídas os obras do complexo hidrotermal e hoteleiro de Poços de Caldas vistas a partir da varanda do Palace Casino.

O cuidado, a beleza e o luxo estacionam em Poços de Caldas. A partir do Casarão do Conde Prates é possível observar o recém inaugurado complexo hidrotermal e hoteleiro da cidade com assinatura de Eduardo Pederneiras e Dierberger. Já falecido, o Conde Eduardo Prates não pode desfrutar dos belos jardins e do novo complexo de lazer da cidade, entretanto seu legado construído não somente observou essas transformações, como também colaborou - e ainda colabora - com a beleza histórica e memória da Estância da década de 1930. Atualmente esta mesma vista para o Casarão não é possível, pois toda a vegetação do Parque José Affonso Junqueira já está consolidada, marcando uma nova fase na compreensão na história do edifício.

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A partir de 1915 A imponência do Casarão do Conde Prates com sua varanda recém-construída.

Na fotografia do Casarão do Conde Prates a seguir é possível observar sua sobriedade e cuidado nos mínimos detalhes. Neste momento a casa ainda não se apropria dos imóveis posteriores. Nota-se que o paredão de pedras já foi regularizado dando lugar à alvenaria próximo da escada. Outra peculiaridade no Casarão é a ausência dos beirais e o telhado com duas inclinações, além das ponteiras decorativas sobre o mesmo, dando um charme e maior ascensão ao edifício.

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1884 ‘’Pelas fotografias e desenhos disponíveis, é possível perceber que a edificação passa no período considerado por uma remodelação completa, tanto quanto à sua retórica arquitetônica quanto a sua disposição interna e acréscimos de área.’’

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1914

‘’A fase inicial, do período compreendido entre sua construção até meados da década de 1880, corresponde a uma edificação térrea, cujas dimensões e estilo não foram possíveis precisar.’’

1900

‘’É provável que por volta do final da década de 1880 a casa térrea tenha dado lugar a um sobrado em estilo normando, com fachadas em alvenaria aparente, ornadas com detalhes em madeira de modo a simular um enxaimel, e telhado muito inclinado e recortado.’’

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‘’A quarta fase compreende, de forma aproximada, ao período entre 1922 e 1928. As modificações perceptíveis no casarão nessa época são alguns acréscimos na lateral oposta à rua Dr. Francisco Faria Lobato e nos fundos, alterações na geometria do telhado e eliminação da platibanda, e construção da varanda frontal, no primeiro pavimento, correspondendo parcialmente ao projeto assinado pelo Sr. Ernesto Rugani, datado de 1923. Cabe pontuar que data deste período o falecimento do Conde Prates, do ano de 1928.’’

1980'

1922 53 VILLAPRATES

20 17 Fonte: Ficha de Inventário e Tombamento do Casarão do Conde Prates. Lei 9133 /16. Cadastro Imobiliário 00/21/015/0001/0001.

‘’A quinta fase compreende as reconstruções levadas a cabo entre os anos 1928 e 1929, após a morte do proprietário original. Foram feitos acréscimos aos fundos, com a construção de um segundo pavimento voltado para a rua Dr. Francisco Faria Lobato e o fechamento de uma varanda existente na porção oeste do casarão, voltada para a Estação Ferroviária, sendo que a atual fisionomia do casarão reflete em grande medida as alterações feitas nesse período.’’

1928

Anos 1980 - o Casarão começa a entrar em decadência.


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PÁGINA 55 Sem data definida Retrato do Ilustre Conde Eduardo Prates.

Nascido na capital paulista em 1860, Eduardo Prates era filho de Fidêncio Nepomuceno Prates e de Inocência da Silva Prates, filha do Barão de Antonina. Desde pequeno, Prates se interessava por negócios, portanto dedicou sua a vida à administração. Presente na elite paulistana do século XIX, Eduardo Prates acabou se casando com a Senhora Antônia dos Santos Silva, filha do Barão de Itapetininga, um dos homens mais poderosos de São Paulo na época. Conhecido como uma figura índole, o Senhor Prates acabou se tornando um homem muito respeitado em São Paulo. Graças à sua personalidade e moral bastante presentes, Eduardo se dedicava a ajudar os necessitados, diferentemente da maioria da elite daquele período. O título de Conde foi um benemérito dado pelo Papa Leão XIII por reconhecimento em sua atuação na sociedade paulistana devido a sua generosidade e amparo aos pobres e necessitados, que sabiam naquela época que receberiam qualquer ajuda se batessem à sua porta. No mesmo período, por volta de 1912, Eduardo Prates também atuava como protetor do Orfanato Cristóvão Colombo, na qual fazia visitas regulares e acompanhava as crianças que faziam parte da Instituição.

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Sem data deďŹ nida Os Diretores da Companhia Paulista.

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A partir de 1930 A fachada da Estação Ferroviária Mogiana já reformulda conforme o modelo praticado na época, com traços neoclássicos.

O título de Conde foi um benemérito dado pelo Papa Leão XIII por reconhecimento em sua atuação na sociedade paulistana devido a sua generosidade e amparo aos pobres e necessitados, que sabiam naquela época que receberiam qualquer ajuda se batessem à sua porta. No mesmo período, por volta de 1912, Eduardo Prates também atuava como protetor do Orfanato Cristóvão Colombo, na qual fazia visitas regulares e acompanhava as crianças que faziam parte da Instituição.

A Estação Mogiana completamente remodelada ao estilo próximo do Neoclássico. Localizada ao lado do Casarão do Conde Prates, a edificação também foi reformulada seguindo os moldes dos edifícios que compõem o complexo hidrotermal e hoteleiro da cidade. Atualmente esta construção encontra-se quase completamente descaracterizada.

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1913 Capa do Jornal O Estado de S. Paulo apresentando Poços de Caldas e seu potencial paisagístico e hidrotermal.

Bastante fiel, O Conde Eduardo P ra t e s f o i m e m b ro d a p r i m e i ra Comissão Fundadora da Nova Catedral Metropolitana de São Paulo, a Catedral da Sé, onde mais uma vez recebeu o título de benemérito. Atuante também na Santa Casa de Misericórdia da Capital e frequentador do Convento Nossa Senhora da Luz, sua dedicação era tão grande que ele recebeu de Dom Duarte Leopoldo e Silva autorização para, sempre que necessário, conversar e aconselhar as freiras do convento. Outras organizações e instituições também tiveram benfeitorias e reconheceram a atenção do Conde Eduardo Prates, dentre elas estão a Igreja de Santo Antônio e Liceu Coração de Jesus, além de ser o fundador e presidente das empresas Sociedade Rural Brasileira, Companhia de Armazéns Gerais do Estado de São Paulo e Banco de São Paulo, dentre outras.

deixou sua maior contribuição no centro da cidade, na região do Vale do Anhangabaú. Ali imperavam dois grandes edifícios, “duas grandes obras de arte”, que eram palacetes gêmeos sedes do Clube do Automóvel, com estrutura importada da França. Infelizmente esse patrimônio não existe mais. Reconhecendo a importância do Conde Prates para São Paulo, pouco se sabe sobre sua atuação em Poços de Caldas. Diferente do populismo paulistano, a figura do Conde na cidade mineira se mantém bastante discreta, porém, não menos importante. Sendo ele um dos principais acionistas e financiadores da Companhia Paulista de Trens, paralelamente seu imóvel está localizado ao final da linha que chega a Poços de Caldas pertencente à Cia Mogiana, responsável por conectar São João da Boa Vista a Poços de Caldas, pelo intitulado Ramal de Caldas.

Tratando-se do patrimônio construído paulista, o Conde Prates Poços de Caldas, a Suíça Brasileira! A seguir observa-se a capa do Jornal O Estado de São Paulo de 20 de Agosto de 1913, com a imponente fachada do Grande Hotel e do Cassino e Teatro Polytheama, significativas construções que infelizmente já foram extintas. Neste período, anterior às grandes obras do Complexo Hidrotermal e Hoteleiro, a cidade já se mostrava grandiosa e atraente aos olhos dos paulistanos. Com as ruas muito bem estruturadas e arborizadas, Poços de Caldas se destacava urbanamente aliada à belíssima paisagem natural composta pela Serra de São Domingos. Como uma vila suíça, o seu clima também era agradabilíssimo - assim como hoje em dia - e isso contribuiu bastante para a sua forte ascensão enquanto estância turística. Alguns anos mais tarde, por volta de 1930, a cidade de Poços de Caldas passa a ser conhecida também como a ‘’Las Vegas Brasileira’’, em atribuição ao grande número de cassinos e casas de jogos.

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O Casarão do Conde Prates foi Tombado no dia 05 de outubro de 2015 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e Turístico de Poços de Caldas. Neste capítulo estão transcritos trechos e considerações acerca do imóvel e suas condicionantes a serem respeitadas* pelo autor do Villa Prates Hotel e Spa: ‘’Constitutivamente, a edificação resulta de um depósito de camadas construídas, segundo a lógica de um palimpsesto. Essa sobreposição de camadas - nem sempre perceptível corresponde a diferentes transformações e acréscimos resultantes de alterações no programa de necessidades, acompanhadas de diferenciação espacial e tectônica. Mas o amálgama resultado desse processo, o casarão em seu estado atual, guarda uma harmonia e uma coesão espacial. Imponente mais pelo porte que pela aparência, esse casarão de pouco mais de 800m² é de uma austeridade invulgar para uma edificação do período eclético, se comparado com os demais exemplares contemporâneos da cidade. Toda a ornamentação da edificação se resume a alguns detalhes nos gradis metálicos e pilares das varandas, aos parapeitos das janelas da fachada à rua Dr. Francisco Faria Lobato, estes bastante simples, aos frisos e cimalhas que marcam os limites de pavimento, para esta rua, e alguns detalhes na porta principal. De resto, quanto à aparência, o casarão é de uma sobriedade quase espartana. A fachada 64 VILLAPRATES

para a Rua Junqueiras é composta com disposição simétrica de cheios e vazios, e para a rua Dr. Francisco Faria Lobato, há um ritmo na distribuição das aberturas, embora sua marcação não seja regular. Para ambas as fachadas, e trecho da fachada noroeste, há diferenciação cromática entre os cunhais e os pilares sobressalentes em relação ao plano das mesmas, e os panos de fechamento, onde estão assentadas as portas e janelas. Os elementos sobressalentes apresentam uma tonalidade mais clara do que os recuados, assim como os embasamentos. A edificação está implantada de forma alinhada à rua Dr. Francisco Faria Lobato, inclusive com trecho de escada avançando sobre o passeio, e recuada em relação à rua Junqueiras, sendo que nesse recuo há resquícios de um jardim, atualmente tomado por vegetação que parece ter ali se desenvolvido de forma não intencional. Nos fundos e na fachada noroeste, a edificação também está recuada em relação aos vizinhos, forma de implantação comum nas construções do começo da cidade. Em relação a


PÁGINA 63 A partir de 1922 O casarão do Conde Prates imponente na Rua Junqueiras com o rio à frente já retificado.

a ambas as ruas, a edificação se encontra elevada, no entanto, sem porão utilizável, a exceção da garagem à rua Dr. Francisco Faria Lobato, única parte da edificação no nível do rés da rua. Da parte frontal, confrontante com a Rua Junqueiras, é cercada por um muro baixo, vedado em parte por um gradil metálico e em parte por um vazado de alvenaria, com um portão central de acesso a uma escadaria que conduz à entrada principal. O volume é coberto por um telhado de conformação intrincada, dada a irregularidade dos acréscimos das edificações, ainda que do plano de quem observa a edificação a partir da rua, pareça simples – no total, são 16 águas, dispostas algumas em cotas diferentes. É composto por telhas tipo marselhesa sobre estrutura de madeira, sem platibanda ou qualquer ornamento de arremate. As esquadrias das portas e janelas, nas fachadas principais, possuem formas diferenciadas em função do pavimento. Internamente, as paredes se encontram pintadas de branco com barramento acinzentado, à exceção dos cômodos do térreo próximos

à entrada. No entanto, é possível observar em algumas paredes internas vestígios de um revestimento anterior – provavelmente original – em pintura mural. Os pisos são de assoalho no pavimento superior, a exceção de alguns poucos cômodos em ladrilhos, provavelmente áreas molhadas. No térreo, o ladrilho e o cimento queimado são dominantes, à exceção de dois ou três cômodos juntos ao acesso principal. Os tetos via de regra são forrados em tábuas de madeira, salvo as varandas e parte dos anexos posteriores à edificação. Os pés-direitos são generosos. O corpo da edificação foi executado em alvenaria de tijolos maciços rebocadas e pintadas, nas suas camadas mais antigas, sendo as paredes externas muito mais espessas que as internas, característica construtiva comum das edificações ecléticas, dado que a alvenaria possui função estrutural. A parte da frente da edificação é guarnecida por varandas para os dois pavimentos, sustentadas por pilares de ferro fundido e cercada, no pavimento superior, por um gradil no mesmo material.’’

Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE POÇOS DE CALDAS - Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente - Divisão de Patrimônio Construído e Tombamento. Ficha de Inventário e Tombamento do Casarão do Conde Prates. Lei 9133 /16. Cadastro Imobiliário 00/21/015/0001/0001. * Posteriormente, na proposta desenvolvida pelo autor do Villa Prates Hotel e Spa, alguns condicionantes estabelecidos pelo Tombamento serão reformuladas a fim de valorizar ainda mais a essência e autonomia do Casarão.

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Divididos em duas categorias: 1. Diretrizes para Intervenções sobre a edificação existente 2. Diretrizes para o aproveitamento do terreno. Para intervenção na edificação:

1. 1 - As elevações sudeste, nordeste e noroeste, em todos seus aspectos formais e construtivos, devem ser preservadas. As alvenarias devem ser mantidas íntegras, sendo que eventuais enxertos eventualmente necessários deverão ser justificados e aprovados pelo CONDEPHACT; as aberturas devem ser mantidas conforme existentes; as cimalhas, frisos e relevos devem ser mantidos como estão; os parapeitos e molduras em geral devem ser mantidos, da forma como se encontram; todas as peças de ferro fundido – guarda-corpos, gradis, portões, pilares da varanda, etc. - devem ser recompostos conforme existentes. 2 - Pode-se compor as fachadas por meio de pintura ou pela exposição da alvenaria, a critério do responsável pelo projeto. No caso de pintura, deverá ser apresentado estudo de composição cromática, para avaliação por parte do CONDEPHACT. Recomenda-se veementemente que as tonalidades escolhidas guardem relação cromática com os edifícios das Thermas, Palace Cassino e Palace Hotel, de forma a compor um conjunto. No caso de exposição da alvenaria, deverá ser apresentado estudo indicando soluções para prevenção de patologias advindas da umidade. 3 - Da cobertura, caso haja necessidade de substituição de telhas, as mesmas deverão ser do mesmo tipo das existentes – tipo marselhesa. Para intervenções sobre as peças estruturais, deverá ser apresentado estudo técnico que garanta que as mesmas não causarão sua ruína, bem como as soluções adotadas, para avaliação; 4 - As esquadrias são de livre composição sobre os vãos existentes, desde que aprovadas pelo CONDEPHACT. Deverá ser apresentado estudo de composição de portas e janelas, para avaliação. 5 - O muro que faz frente para a rua Junqueiras deve ser mantido e recomposto, nos termos do item 02. 66 VILLAPRATES


6 - Quanto à disposição interna, recomenda-se que seja feito estudo de prospecção das paredes, para verificar a existência de murais que possam vir a ser restaurados. Há a possibilidade de remoção de paredes internas, sob autorização do CONDEPHACT, desde que precedido do levantamento prospectivo, de estudo técnico atestando que sua remoção não implica em risco à integridade da edificação e indicando as soluções estruturais paliativas. 7 - Os pisos no térreo são de livre composição, desde que aprovado pelo CONDEPHACT. 8 - No pavimento superior, os soalhos devem ser recompostos. 9 - Os forros são de livre composição, desde que aprovado pelo CONDEPHACT. 10 - As instalações elétricas e cabeamento e geral necessário para a adequação do imóvel não deverão interferir nas alvenarias. Deverão ser externas às paredes. No caso de instalações hidráulicas, é tolerada sua interferência com as alvenarias. 11 - A vegetação existente em frente ao Casarão poderá ser recomposta livremente, precedida de prévia aprovação do CONDEPHACT. 12 - Poderão ser apontados, a critério do CONDEPHACT, outras medidas cautelares visando minimizar impactos negativos sobre a edificação decorrentes de fatos novos não cobertos pelos critérios acima. 2. Para aproveitamento do terreno: O mesmo foi dividido em três zonas, com diferentes graus de permissibilidade quanto ao aproveitamento construtivo do mesmo (PÁG. XX) Zona 01 – porção frontal do terreno, a ser mantida livre; Zona 02 – porção central do terreno, passível de edificação a ser verificada; Zona 03 – fundos do terreno, passível de edificação até o gabarito permitido pela legislação; 67 VILLAPRATES


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Altura Máxima da Edificação

ZPE - 1

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12m

ZPE - 3

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16m*

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1,2

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3,0

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O Casarão do Conde Prates está localizado na Zona de Proteção Especial 3 (ZPE-3).

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Taxa de Permeabilidade

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Zoneamento

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* Não incluída a altura da caixa d’água e casa de máquinas e dependências do apartamento imediatamente abaixo, limitado a um apartamento e desde que possua acesso dependente, com área construída de no máximo 50% da área do pavimento tipo, quando for o caso. ‘’Não serão admitidos no cálculo do CA, descontos de qualquer natureza, exceto o piso térreo e o subsolo imediatamente abaixo deste, cuja destinação seja exclusivamente para estacionamento de veículo e acesso à edificação.’’ Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE POÇOS DE CALDAS Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente - Lei Complementar Nº. 92.

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Área do Sítio - 1780,22m² Área total edificada - 781,64m² RUA

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Condição Atual de Implantação

Área do objeto de preservação Área passível de demolição sob autorização do CONDEPHACT Área sem interesse de preservação (externa ao lote)

Área de Interesse de Preservação

Área do objeto de preservação Zona 01 Zona 02 Zona 03

Sítio a ser Explorado

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Para o aproveitamento do Terreno ‘’Para conformar as futuras edificações, de modo a salvaguardar o casarão em sua imagem e integridade física, estabelecemos algumas restrições em função da porção de terreno a ser ocupada, sendo o mesmo subdividido em zonas que correspondem a um gradiente de permissibilidade quanto às formas de construir, de tal forma que as massas edificadas do casarão e das futuras construções guardem entre si relações harmônicas em termos de linguagem, ritmo e proporções e que esse conjunto resulte em um impacto positivo sobre a paisagem urbana. Essas zonas e suas diretrizes são as delimitadas abaixo: Zona 01 – Esta porção de terreno deve ser mantida livre de edificações, podendo receber tratamento paisagístico com espécies de pequeno e médio portes, de livre composição. Essa porção deve ser mantida livre para permitir a visualização do casarão por parte de quem trafega pela rua Junqueiras, vindo da Av. João Pinheiro. Zona 02 – Para essa porção do terreno, pode-se levantar edificação com altura máxima correspondente à cota da laje do piso do pavimento superior do casarão. As fachadas devem ser compostas de forma a manter uma relação harmônica com a edificação tombada, em termos de ritmo na disposição de cheios e vazios e de adequação da linguagem arquitetônica, para que o edificado seja claramente definido como produto da época presente, sem, no entanto, destoar do existente ou se destacar de forma excessiva (posto que em relação ao Casarão, é coadjuvante), e de materiais, de forma que o sentido das massas edificadas, em sua expressão material, sua tectônica, seja de complementaridade e não de ruptura. Zona 03 – Para esta porção do terreno é permitida a edificação nos termos do item anterior, no entanto, com gabarito liberado até a altura máxima definida pela legislação municipal vigente.’’

Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE POÇOS DE CALDAS - Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente - Divisão de Patrimônio Construído e Tombamento. Ficha de Inventário e Tombamento do Casarão do Conde Prates. Lei 9133 /16. Cadastro Imobiliário 00/21/015/0001/0001.

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‘’A principal intenção ao demarcar o perímetro de entorno do imóvel em processo de tombamento foi estabelecer uma conexão com as áreas de acautelamento no entorno imediato, dado que, conforme pode ser visto nas imagens o Casarão do Conde Prates está no entorno dos perímetros de tombamento da Estação Ferroviária e do Parque José Affonso Junqueira, e há também, faceando a rua Junqueiras, alguns imóveis acautelados próximos, de tal forma que a área, conforme delimitada, engloba também esses imóveis, sendo estendida da Praça Paul Harris, à esquerda, ao edifício Bauxita, à direita. Dessa forma, a partir do estabelecimento de diretrizes diferenciadas para esse perímetro, espera-se criar uma continuidade em termos de paisagem e linguagem visual que não sejam agressivas em relação às qualidades estéticas do imóvel de nosso interesse e do conjunto de imóveis acautelados.’’

Acautelamento definido

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Acautelamento proposto

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Praça Paul Harris

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Ed. Bauxita 72 VILLAPRATES

Villa Prates


Como premissa e diretriz para o Casarão do Conde Prates, baseando-se no perímetro de acautelamento definido pela Prefeitura Municipal de Poços de Caldas, propõe-se pelo autor do Hotel a integração total da Rua Junqueiras ao Centro Vivo, aplicado em 1994. Desta maneira, a fiação aérea deverá ser removida, as calçadas padronizadas e o plantio adequado de árvores nas calçadas deverá ser feito, permitindo, assim, maior valorização do patrimônio arquitetônico da rua em harmonia com o Parque José Affonso Junqueira.

Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE POÇOS DE CALDAS - Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente - Divisão de Patrimônio Construído e Tombamento. Ficha de Inventário e Tombamento do Casarão do Conde Prates. Lei 9133 /16. Cadastro Imobiliário 00/21/015/0001/0001.

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Lions Clube Guarda-Mirim

Área passível de demolição

2m

6m

10m

Implantação

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2m

6m

10m

Elevação Norte

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Área passível de demolição

2m

6m

10m

Elevação Oeste

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2m

6m

10m

AA

AA

AA

Fachada Leste

Área passível de demolição

Área passível de demolição

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Pavimento Térreo

2m

6m

BB

Primeiro Pavimento

10m

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Pav. de Acesso Garagem


Corte AA

Corte BB

2m

6m

10m

Fachada Sul 80 VILLAPRATES


Levantamento TÊcnico fornecido pela Prefeitura Municipal de Poços de Caldas e adaptado e corrigido pelo autor da proposta Villa Prates Hotel e Spa.

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Laudo Técnico sobre o estado de preservação do Casarão do Conde Prates Arq. Responsável: Lucas da Cunha Dias - CAU-MG A101368-8 - 22/09/2015 ESTRUTURA

ESTADO DE CONSERVAÇÃO BOM

REGULAR

RUIM

Estrutura Autônoma de Madeira

-

-

-

Pilares de Concreto

-

-

-

Estrutura Metálica

30%

40%

30%

Outros (estrutura em alvenaria portante)

80%

10%

10%

A estrutura metálica corresponde à estrutura de sustentação da varanda frontal. Os pilares são de ferro fundido, e apresentam avarias por oxidação, onde seu tratamento se faz necessário, sob risco de ruída dos mesmos. As alvenarias, no geral, estão íntegras, havendo apenas alguns estufamentos em certos trechos das paredes externas, que eventualmente podem ser sanados com enxertos pontuais. COBERTURA

ESTADO DE CONSERVAÇÃO BOM

REGULAR

RUIM

Estrutura do telhado (madeira)

30%

30%

40%

Telhas

70%

10%

20%

Calhas, Rufos e Condutores

20%

50%

30%

-

-

-

Coroamento

No geral, o madeiramento do telhado se encontra comprometido pela presença de cupins e pelo próprio estado de abandono da edificação, sendo necessárias intervenções para sua recomposição. As telhas, do tipo marselhesa, no geral, parecem íntegras, devendo sua aparência de precariedade e fragilidade à passagem do tempo, e ocorre pontualmente telhas faltantes e telhas quebradas nos planos de cobertura. As calhas e condutores, pela falta de manutenção, se encontram avariados e devem ser recompostos. 82 VILLAPRATES


ALVENARIAS

ESTADO DE CONSERVAÇÃO BOM

REGULAR

RUIM

80%

10%

10%

-

-

-

90%

10%

-

Outros (concreto e madeira)

-

-

-

Elementos Artísticos Aplicados

-

-

-

Tijolos Tijolos Aparentes Pedras

No geral, as alvenarias estão íntegras, necessitando apenas de reparos pontuais. REVESTIMENTOS

ESTADO DE CONSERVAÇÃO BOM

REGULAR

RUIM

Emboço e Reboco

20%

40%

40%

Pintura Externa

20%

20%

60%

Pintura Interna

30%

30%

40%

Cerâmica

-

-

-

Pedras (mármore, granito, etc)

-

-

-

Elementos Artísticos Aplicados

0%

0%

100%

O reboco em argamassa de cal e, em alguns pontos, de cimento, apresenta uma série de patologias que transparecem nas fachadas da edificação, em especial, a desagregação e o surgimento de eflorescências, demandando sua recomposição completa nos trechos mais críticos. Por consequência, a pintura externa se encontra bastante deteriorada, com descoloração, manchas, descascamento e presença pontual de vegetação sobre as paredes. Internamente, a pintura se encontra em situação ligeiramente melhor, mas ainda demandando intervenção. Os elementos artísticos aplicados se referem a vestígios de pintura mural ou revestimento em tecido nas paredes internas, que podem vir a ser recompostos em alguns trechos, por meio de prospecção. 83 VILLAPRATES


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VÃOS E VEDAÇÕES

ESTADO DE CONSERVAÇÃO BOM

REGULAR

RUIM

Portas

30%

40%

30%

Janelas

10%

30%

60%

Enquadramentos (madeira, massa, pedra, etc)

40%

30%

30%

Ferragens

40%

40%

20%

Elementos Artísticos Aplicados

40%

40%

20%

As portas apresentam problemas de integridade da madeira, pinturas danificadas e vidros quebrados. As janelas estão em situação mais crítica, em estado de deterioração mais avançado pelo ataque do tempo e de agentes xilófagos, sendo que em alguns vãos, foram tapadas por tapume. As molduras e parapeitos externos necessitam alguns reparos, mas no geral, estão relativamente íntegros. Os elementos artísticos aplicados se referem aos apliques em vidro e metal trabalhado nas portas principais, que precisam de ligeiros reparos. PISOS

ESTADO DE CONSERVAÇÃO BOM

REGULAR

RUIM

-

-

-

Cimentado

70%

20%

10%

Madeira

30%

20%

50%

Cerâmica (ladrilhos)

30%

30%

40%

Outros (carpete)

40%

20%

40%

Pedra

O cimentado existe em alguns cômodos aos fundos da edificação, e não é de interesse para fins de preservação. O assoalho, no pavimento superior, se encontra em estado intermediário de deterioração, com tábuas lascadas, peças faltantes, e sob ataque de agentes xilófagos, necessitando recomposição com certa urgência. Os ladrilhos, no geral estão sujos e desgastados, assim como os carpetes, onde existem. 84 VILLAPRATES


FORROS

ESTADO DE CONSERVAÇÃO BOM

REGULAR

RUIM

-

-

-

Madeira

20%

40%

40%

Laje

30%

50%

20%

Esteira

Os forros de madeira apresentam os mesmos problemas identificados nas outras peças deste material existentes, fruto do estado de abandono da mesma. As lajes, principalmente do piso da varanda externa, necessita de alguns cuidados para garantir sua integridade, posto que há indícios de ferragem aparente e desagregação pontual. ELEMENTOS INTEGRADOS EXTERNOS

ESTADO DE CONSERVAÇÃO BOM

REGULAR

RUIM

-

-

-

Varanda / Alpendre / Terraço

30%

40%

30%

Escadas

70%

20%

10%

Gradis

60%

20%

20%

Muro de Fechamento

40%

30%

30%

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100%

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Balcão / Sacada

Portada Agenciamento Externo (jardins e quintal) Elementos Artísticos Aplicados

A varanda frontal necessita de reparos em seus elementos estruturais e laje, de forma a evitar um risco futuro de ruína. Os gradis externos, tanto o de fechamento quanto os gradis ornamentais da varanda apresentam avarias por oxidação, que devem ser tratadas. O muro de fechamento à rua Junqueiras, em alvenaria, apresenta algumas patologias como empolamento, descascamento e inchamento, necessitando de reparos. O jardim frontal e o quintal se encontram totalmente descaracterizados. 85 VILLAPRATES


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AGENCIAMENTO EXTERNO

ESTADO DE CONSERVAÇÃO BOM

REGULAR

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Muro

40%

30%

30%

Gradil

60%

20%

20%

Jardim

0%

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100%

Quintal

0%

0%

100%

Os elementos descritos neste campo se enquadram às informações técnicas do quadro anterior. INSTALAÇÕES

ESTADO DE CONSERVAÇÃO BOM

REGULAR

RUIM

Elétrica

20%

50%

30%

Hidráulica

30%

60%

20%

Os ramais prediais são antigos e necessitam de reparos e adequações para que possam ser efetivamente funcionais. ENTORNO

ESTADO DE CONSERVAÇÃO BOM

Bens Imóveis e Estruturas do Entorno

40%

REGULAR

RUIM

20%

20%

Do ponto de vista da composição cênica do entorno, há interferências negativas por parte da fiação aparente, da existência de construção aparentemente abandonada aos fundos, da presença de edificações próximas compostas de forma desarmônica e poluição visual de letreiros e anúncios. EM SÍNTESE GERAL DO IMÓVEL

ESTADO DE CONSERVAÇÃO BOM

Casarão do Conde Prates

86 VILLAPRATES

35%

REGULAR

RUIM

25%

35%


‘’Da parte considerada como boa do imóvel, basicamente contribuiu para a composição dos valores acima a integridade das alvenarias e de boa parte dos elementos externos. Mas, no geral, o casarão demanda intervenções reparativas, posto que o somatório dos valores daquilo que está em condições regulares ou ruins é considerável. Telhados, forros, assoalho do pavimento superior e esquadrias são os elementos que demandam intervenção urgente. A seguir, e uma vez assegurada a integridade desses elementos, o tratamento das fachadas se faz necessário. Desta forma, à maneira de conclusão, entendese que o casarão, em seu estado geral, se encontra mal conservado e necessitando de reparos o mais breve possível.’’ (Arq. Lucas da Cunha Dias) Atualmente, o imóvel se encontra em situação de semiabandono. Uma porção do pavimento térreo é ocupada por uma família que habita o casarão na condição de caseiros. O restante do mesmo se encontra sem uso, fechado a maior parte do tempo. De certa forma, pode-se atribuir seu estado de degeneração à uma negligência quanto a sua funcionalidade potencial de tal forma que, da maneira como se encontra hoje, sem manutenção e subutilizado, a ruína de parte da edificação é uma possibilidade concreta.

Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE POÇOS DE CALDAS - Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente - Divisão de Patrimônio Construído e Tombamento. Ficha de Inventário e Tombamento do Casarão do Conde Prates. Lei 9133 /16. Cadastro Imobiliário 00/21/015/0001/0001.

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2016 Uma das salas do Casarão e Circulação Longitudinal superior do imóvel.

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PÁGINA 89 2016 Fachada Oeste.


2016 Varanda superior do Casarão do Conde Prates para o eixo leste.

Levantamento Fotográfico produzido pelo autor. 2016.

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92 VILLAPRATES


2016 Varanda e bela vista para o Parque José Affonso Junqueira e Serra de São Domingos.

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2016 Salões do Pavimento Superior.

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2016 Salão e janela de onde o Conde Eduardo Prates via o trem chegar.

Levantamento Fotográfico produzido pelo autor. 2016.

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2016 Circulação de acesso à varanda do casarão.

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2016 Escada de conexĂŁo entre o primeiro e segundo pavimentos.

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2016 Área posterior do imóvel com resquícios do salão do final do século XIX.

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2016 Escadas de acesso a partir da Rua Dr. Francisco Faria Lobato que levam até o primeiro nível do Casarão.

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2017 Fachada Leste.

Levantamento Fotográfico produzido pelo autor. 2017.

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A ideia de um hotel nasceu a partir da releitura da construção como Casa de Veraneio em seu primeiro momento, trazendo para os dias atuais a personificação de seu contexto de origem no intuito de valorizar o patrimônio construído da cidade tanto para a população local quanto para quem visita Poços de Caldas. Explorando o interesse do município, principalmente turístico pelo seu patrimônio, a proposta é de significativa importância, pois visa a contribuição da preservação física e recuperação cognitiva do antigo casarão, além de divulgar a importância da valorização da história construída, seu novo uso se mostra útil com uma função social adequada, desmistificando seu estado de isolamento e participando da dinâmica da cidade atual sem perder sua essência material. Poços de Caldas contém quase dez mil leitos hoteleiros, porém deste total, apenas uma pequena parcela se pontua como exclusiva ou essencialmente diferenciada das demais, sendo assim, a partir da compreensão da história do casarão, suas transformações e análises de situação, entorno e estratégia de localização, o Casarão de Prates torna-se peça única e rara para a condição de um hotel: cheio de história que tende a propiciar muitas outras.

A seguir croquis da proposta de um hotel conceito/design desenvolvidos pelo autor. Assumindo a materialidade contemporânea numa releitura dos materiais que compõem a edificação primeira, surge a ideia de um grande bloco de madeira, minimalista, potencializando a conexão entre Serra e Parque ao grande Casarão do Conde Prates.

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Sendo este Casarão um grande imóvel repleto de cômodos, salas e áreas munidas de um vasto terreno a ser explorado, além de uma localização extremamente estratégica e valorizada no centro de Poços de Caldas, o hotel se torna viável através de uma palavra chave: exclusividade. Através da construção de um edifício anexo à edificação principal, o hotel desfrutará da mais bela vista para os maiores patrimônios da cidade de Poços de Caldas, a Serra de São Domingos e o conjunto composto pelos edifícios das Thermas Antonio Carlos, Palace Hotel e Palace Casino, além do Parque José Affonso Junqueira, com projeto extremamente rico feito por Dieber ger. Com um fluxo turístico já estabelecido por décadas, Poços de Caldas sedia grandes eventos ao longo de cada ano, movimentando a economia hoteleira da cidade que se consiste desde o final do século XIX. Oriundos principalmente de São Paulo, os turistas que vem

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para Poços de Caldas já estiveram pelo menos dez vezes na cidade e tem a intenção de voltar, desta maneira o leito hoteleiro da cidade aumenta a cada ano, justificando mais uma vez a construção e adaptação de hotel para o casarão do Conde Prates. A proposta serve como um modelo para representar a importância do patrimônio material e sua importância dentro da cidade no objetivo de estimular a preservação não apenas da construção isolada, mas do seu entorno imediato e suas inter-relações como forma de atingir a cidade que se deseja, com crescimento saudável sem perder sua construção histórica. A materialização do hotel aplicará e ampliará os princípios defendidos pela lei de seu tombamento, que prevê principalmente a substituição da fiação aérea por subterrânea e o controle de letreiros e informativos nas fachadas dos imóveis vizinhos em um primeiro momento, por exemplo.


Escolaridade 70 60

%Número de pessoas

50 40 30

Ensino Fundamental Ensino Médio Curso Técnico Ensino Superior Pós Graduação

20 10 0 Jan

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Mar Abril Maio Jun

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Com quem Viajam 70 60

%Número de pessoas

50 40 Sozinho Família Casal Amigos Excursão

30 20 10 0 Jan

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Mar Abril Maio Jun

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Meio de Transporte 100 90 80 %Número de pessoas

70 60 50 40 Automóvel Ônibus de Linha Ônibus Fretado Outros

30 20 10 0 Jan

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O PERFIL DOS TURISTAS QUE VISITAM POÇOS DE CALDAS POR CATEGORIA. Fonte: Inventário Turístico de Poços de Caldas - Secretaria Municipal de Cultura - PREFEITURA MUNICIPAL DE POÇOS DE CALDAS. 2016.

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Com um projeto minucioso, que considera a essência da primeira construção em harmonia com a proposta atual que busca atender as necessidades de uma clientela contemporânea, a ideia de um hotel beneficia além do patrimônio em si, o aumento do sentido de pertencimento e de valorização por parte das pessoas que passarão a entender melhor a cidade que temos hoje. Considerando também o privilégio de se trabalhar em uma construção rica de detalhes e perspectivas, o posicionamento que um hotel raro tem na construção de uma cidade que abraça novos horizontes se dá também pela qualificação profissional das pessoas que nele vão trabalhar. Em um dueto com o Palace Hotel, a nova ocupação para o imóvel possibilitará às pessoas que participarão de seu fazer diário a profissionalização, ou seja, especialização em atendimento – envolvendo o aprendizado de novas línguas – e na cozinha, através de um menu especial em sintonia com o

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contexto geral, além das outras tarefas que dependerão de assessoria. Tratando-se de uma construção rara que pede um projeto hoteleiro perspicaz, o hotel a ser materializado na Rua Juqueiras, 130, tende a ressignificar e valorizar o entorno imediato e principalmente o patrimônio construído da cidade em diálogo com o novo anexo, de linguagem contemporânea valorizando a história da construção primeira, sua essência e sua importância para Poços de Caldas.


Motivação 40 35

%Número de pessoas

30 25 Atrativos Históricos-Culturais Atrativos Naturais Tranquilidade Águas termais Visitar parentes Calendário de Eventos Não responderam

20 15 10 5 0 Jan

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Mar Abril Maio Jun

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Meio de Hospedagem 90 80

%Número de pessoas

70 60 50 40 30

Hotel Pousada Casa de Parentes Segunda Residência

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Origem dos Visitantes 100 90 80 %Número de pessoas

70 60 50 40 SP MG RJ PR

30 20 10 0 Jan

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O PERFIL DOS TURISTAS QUE VISITAM POÇOS DE CALDAS POR CATEGORIA. Fonte: Inventário Turístico de Poços de Caldas - Secretaria Municipal de Cultura - PREFEITURA MUNICIPAL DE POÇOS DE CALDAS. 2016.

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Gráfico de concentração de hotéis no Centro de Poços de Caldas O município de Poços de Caldas em sua totalidade possui: Número de Hotéis - 48 Número de Pousadas - 4 Número de Apartamentos - 3494 Número de Leitos do Município - 9366

Diárias a partir de R$300 Diárias a partir de R$201 Diárias a partir de R$100 Villa Prates

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Faixa Etária 50 45 40

%Número de pessoas

35 30 25

15 a 25 25 a 35 35 a 45 45 a 55 55 a 65 Mais de 65

20 15 10 5 0 Jan

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Mar Abril Maio Jun

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Permanência 90 80

%Número de pessoas

70 60 50 40 30

Menos de 1 dia 1 a 3 dias 4 a 7 dias Mais de 7 dias

20 10 0 Jan

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Mar Abril Maio Jun

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Renda Individual Mensal 60

%Número de pessoas

50 40 30 Até 1 1a5 5 a 10 Acima de 10 Não responderam

20 10 0 Jan

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Mar Abril Maio Jun

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O PERFIL DOS TURISTAS QUE VISITAM POÇOS DE CALDAS POR CATEGORIA. Fonte: Inventário Turístico de Poços de Caldas - Secretaria Municipal de Cultura - PREFEITURA MUNICIPAL DE POÇOS DE CALDAS. 2016.

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Gastos com a Viagem 50 45 40 %Número de pessoas

35 30

R$100 a R$200 R$201 a R$400 R$401 a R$800 R$801 a R$1600 R$1601 a R$3200 Mais de R$3200 Não responderam

25 20 15 10 5 0 Jan

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Mar

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Expectativas sobre a Viagem 70 60

%Número de pessoas

50 40 30 Superadas Atendidas Atendidas em parte Não satisfeitas

20 10 0 Jan

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Mar

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Pensou em outro Destino? 100 90 80 %Número de pessoas

70 60 50 40 30 Não Sim Não responderam

20 10 0 Jan

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Mar Abril Maio Jun

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Frequência da Visita 70 60

%Número de pessoas

50 40 30

1ª vez 2 a 3 vezes 4 a 6 vezes 7 a 9 vezes mais de 10 vezes

20 10 0 Jan

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Pretende Voltar? 120

%Número de pessoas

100 80 60 40 Sim Não Não responderam

20 0 Jan

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Fonte de Informação 80 70

%Número de pessoas

60 50

Amigos Internet TV Revistas Calendário Outros Não responderam

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O PERFIL DOS TURISTAS QUE VISITAM POÇOS DE CALDAS POR CATEGORIA. Fonte: Inventário Turístico de Poços de Caldas - Secretaria Municipal de Cultura - PREFEITURA MUNICIPAL DE POÇOS DE CALDAS. 2016.

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Um grande bloco de madeira! Um volume sólido e sóbrio elevado do terreno apoiando-se no extremo leste do sítio.

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Área do Objeto de Preservação Zona 01 Zona 02 Campo de visão

Através do diagnóstico do Plano Diretor, que estabelece diretrizes para o zonemaneto dentro do lote do Casarão do Conde Prates, propõe-se, por este projeto, a alteração da lei vigente a fim de valorizar aspectos que, de acordo com a visão do autor, não contemplam a materialidade e essência sensorial do imóvel como: 1. O Objeto de Preservação indicado permanece como na lei. 2. Zona 01 - Vegetação de grande porte no intuito de ultrapassar o gabarito do imóvel permitindo maior visibilidade ao Casarão. Extensão do Parque José Affonso Junqueira

e Serra de São Domingos através de vegetação nativa e tropical. Esta ideia se reforça através da análise das fotografias passadas do Casarão, que explicitam a existência de um conjunto arbóreo de grande porte na composição do jardim. 3. – Zona 02 - Mantém-se o aproveitamento de acordo com o zoneamento municipal, todavia este avança 3m à frente da lateral do imóvel, descolando do objeto preservado, aumentando o diálogo entre as duas construções. Isso permite maior campo de visão à estação ferroviária a partir da janela do Conde, que contemplava a chegada do trem, pouco explorada poeticamente pela legislação atual.

Estudo de massas e proporções para o anexo do Casarão do Conde Prates, um volume programático, modular e simétrico conforme a identidade da edificação do Conde, em uma releitura minimalista e contemporânea.

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2m

6m

10m

Serviços Lounge recepção

Esboço geral de usos conforme zonas de projeto classificadas por nomenclatura.

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3 a 5 quartos exclusivos

Núcleo vertical de circulação

Restaurante/ Piano Bar

Lounges

Lounge recepção


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Garagem Restaurante/ Bar Rooftop 20-23 suítes Spa Academia Cozinha

Jardim Fire Zone/ Lounge Espelhos d’Água Spa Extensão do Restaurante

Terreno da Guarda-Mirim inserido no projeto 2m

6m

10m

Restauro, reforma e reinterpretação da fachada do Casarão do Conde Prates. Sua valorização na paisagem de Poços de Caldas ainda mais evidenciada.

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Com uma estrutura modular em aço e madeira laminada colada (MLC), a arquitetura do anexo define esteticamente e funcionalmente o edifício. Com um grande salão sob o bloco de quartos, esta área se integra ao paisagismo do jardim que contém vegetação nativa em sua composição. Os usos externos acontecem entre as árvores, que filtram a luz amenizando o calor. A partir da cobertura, a nova construção compreende a síntese geral do hotel, a valorização da história construída da cidade e a busca pela integração natural, tendo a Serra de São Domingos e o Parque José Affonso Junqueira como protagonistas de Poços de Caldas.

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Estudo de locação e estruturação do novo anexo. Premissas de uso, acesso e configuração no sítio.

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‘’De acordo com a Carta de Veneza, de 1964, a restauração constitui uma operação de caráter excepcional, cujo objetivo é conservar e revelar os valores estéticos e históricos do monumento, fundamentando-se no respeito ao material original e aos documentos autênticos. A operação termina onde começa a hipótese: no plano das reconstituições conjeturais. Todo trabalho complementar reconhecido como indispensável por razões estéticas ou técnicas destacar-se-á da composição arquitetônica e deverá ostentar a marca do nosso tempo.’’ IPHAN, 2017.

Restauro, reforma e reinterpretação da fachada do Casarão do Conde Prates. Sua valorização na paisagem de Poços de Caldas ainda mais evidenciada.

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Ascensão ao edifício através de sua restauração, modernização e inserção na atividade diária de Poços de Caldas.

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Arumjigi significa "Pessoas que preservam e cuidam de nossa bela cultura." O edifício recentemente concluído perto de Gyeongbokgung (palácio real coreano) é uma nova casa para a Arumjigi Culture Keepers Foundation. As pessoas esperam que seja um lugar cultural onde possam experimentar beleza e sentimentos coreanos ao longo de programas diversificados e também através de espaços próprios. ‘’Desde o início, é necessário ter uma casa tradicional coreana (Han-ok) construída por mestre artesanal dentro de um novo prédio. É um símbolo de Arumjigi e também uma questão crítica de relacionamento entre a arquitetura tradicional e a moderna para ser trabalhada tanto para o cliente como para o arquiteto.’’ (Kim Jongkyu, 2015) A partir da análise da fotografia e da concepção deste projeto, vejo nela perfeita relação para com a proposta da Villa Prates em vários quesitos, nas quais destaco o material e a arquitetura pura aplicada em diálogo com a construção primeira, sendo que ambas, apesar de suas singularidades, se expressam e se respeitam por completo. Tratando-se de identidade e conceito, observo também que a construção posterior remete, através de uma leitura contemporânea, a mesma proporção da primeira edificação. O gabarito é mantido, o beiral é ressignificado e a união entre as construções é feita através de um material atemporal e discreto. A madeira é fortemente explorada no anexo reforçando a materialidade da primeira edificação. Simplesmente há beleza, poesia e respeito na nova construção, simbolizando a tradição e as técnicas seculares através de uma concepção única e com personalidade, apesar da mesma dimensão do edifício base.

Arumjigi Building / Kim Jongkyu + marunetwork. ARCHDAILY. Disponível em: <http://www.archdaily.com/545035/arumjigi-building-kim-jongkyu-m-a-r-u-network>. Acesso em 25 de Setembro de 2017.

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2013 Arumjigi Building, Seul, Coreia do Sul Arquitetura: Kim Jongkyu + Marunetwork Vista do centro cultural integrado a uma Han-Ok (casa tradicional coreana) FotograďŹ a: Kyungsub Shin e Jonathan Lovekin

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2013 Inspira Santa Marta Hotel, Lisboa, Portugal Arquitetura: Promontorio Arquitectos Fachada principal

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Localizado no coração de Lisboa, o Inspira Santa Marta Hotel está em uma excelente localização, próximo à Avenida Liberdade. ‘’Este hotel é caracterizado por uma filosofia ecológica, seguindo a antiga doutrina do Feng Shui. Suas sensações serão tão estimuladas, bem como sua criatividade e produtividade!’’ (Inspira Santa Marta Hotel, 2014) Pesquisando edifícios com a mesma configuração arquitetônica e funcional como do Casarão do Conde Prates, encontro este hotel, que se enquadra perfeitamente na volumetria, proposta e funcionalidade do projeto a ser proposto para Poços de Caldas. Com uma decoração minimalista e fortemente quente, o usuário tem a sensação de receptividade e acolhimento no anexo, em harmonia com a materialidade e personalidade da edificação principal.

Inspira Santa Marta Hotel. Disponível em: <http://www.inspirahotels.com/boutique-hotel-em-lisboa> Acesso em 18 de Setembro de 2017.

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2015 Hotel Mono, Cingapura Arquitetura: Spacedge Designs Fachada principal FotograďŹ a: Spacedge Designs

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‘’O Hotel Mono é um elegante refúgio que ocupa seis antigos imóveis. Os edifícios lindamente rejuvenescidos mantêm o charme original com as janelas características da era Rococó; entrelaçando o tradicional de Cingapura com a atual agitação urbana da cidade.’’ (Hotel Mono, 2017) Assim como o hotel português, este hotel-conceito resume esteticamente e conceitualmente a proposta para o Hotel Prates em Poços de Caldas. Com um minimalismo absoluto, este projeto aproveita o máximo do design contemporâneo em harmonia com o histórico edifício. O monocromático aplicado sintetiza ao máximo o design atual e assume com total coerência a intervenção para com a edificção antiga, deixando bem nítido as duas épocas e arquiteturas.

Hotel Mono. Disponível em: <http://hotelmono.com/> Acesso em 18 de Setembro de 2017. 133 VILLAPRATES


2015 - Proposta Royal Academy of Arts, Londres, Inglaterra Arquitetura: David Chipperfield Architects Auditório Fotografia: David Chipperfield Architects

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Intervenção e expansão da Academia Real de Artes de Londres proposta por David Chipperfield com sutileza e respeito total ao edifício histórico. ‘’O projeto é uma solução arquitetônica incorporada ao próprio lugar, uma série de intervenções sutis que acrescentarão algo muito diferente. [...] Você verá os Cast Corridors, verá onde as escolas estiveram todo esse tempo. É uma pequena quantidade de arquitetura para um resultado profundo.’’ (David Chipperfield, 2015)

Royal Academy of Arts. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/767480/chipperfield-divulga-planos-deintervencao-na-royal-academy-of-arts-de-londres> Acesso em 18 de Setembro de 2017.

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PÁGINA 137 A partir de 1925 Execução do projeto paisagístico do Parque José Affonso Junqueira projetado por Dierberger.

Interpretando a importância do Casarão do Conde Prates para a memória, paisagem e narrativa histórica de Poços de Caldas, a ideia de um hotel em harmonia com o antigo edifício atrelada a construção de um anexo se faz necessária e possibilita a valorização de prédios históricos de mesma natureza a serem preservados e revistos pela população e mercado imobiliário da cidade. A fim de criar um espaço flexível e acessível, em diálogo com a construção primeira, a proposta a ser explorada no próximo Trabalho Final de Graduação pretende dar continuidade ao objeto de estudo atual, associando tecnologia e inovação à experiência dos hóspedes e visitantes do novo complexo hoteleiro, que prevê também um jardim expositivo para a população poços-caldense. Unindo a constelação de encantos que Poços de Caldas contém e a singularidade memorável do Casarão, a edificação fruto desse entendimento deve nascer e se fortificar na mesma proporção da obra que a precede. Para tal, a solução arquitetônica e paisagística atuará como um adepto mais novo do Casarão, tendo autonomia própria, porém enraizada nos princípios que fomentaram sua antecedente, através da materialidade, volumetria e, principalmente, compreensão da cidade que se solidificou ao seu redor.

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PÁGINA 141 A partir de 1935 O belíssimo jardim do Parque José Affonso Junqueira com o Casarão do Conde Prates ao fundo.

Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas - Setembro de 2017

Página 14 Parque José Affonso Junqueira Anos 1930

Página 17 Villa Prates Anos 1890/1900

Página 18 Largo Central de Poços de Caldas 1909

Página 21 Villa Junqueira e Rua Dr. Francisco Faria Lobato Anos 1910

Página 23 Villa Junqueira com o Largo Central Anos 1880

Página 25 Parque José Affonso Junqueira em construção Anos 1920

Página 27 Centro de Poços de Caldas Anos 1890/1900

Página 29 Centro de Poços de Caldas Anos 1930

Página 30 Bebedouro de Cavalos com a Villa Prates ao fundo Anos 1940

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Página 30 Parque José Affonso Junqueira e Villa Prates Anos 1930

Página 32 Parque José Affonso Junqueira e Palace Casino Anos 1930

Página 35 Centro de Poços de Caldas Anos 1920

Página 36 Largo Central de Poços de Caldas Anos 1920

Página 39 Centro de Poços de Caldas Anos 1950

Página 40 Centro de Poços de Caldas Anos 1920

Página 42 Centro-Oeste de Poços de Caldas Anos 1910

Página 44 Villa Junqueira e Reformulação do Palace Hotel Anos 1920

Página 45 Parque José Affonso Junqueira Anos 1950

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Página 46 Centro de Poços de Caldas Anos 1910

Página 49 Parque José Affonso Junqueira Anos 1930

Página 51 Villa Junqueira Anos 1910

Página 53 Villa Junqueira Anos 1980

Página 55 Conde Eduardo Prates Sem data

Página 57 Encontro de líderes da Companhia Paulista de Trens Anos 1900

Página 59 Praça Getúlio Vargas Anos 1930

Página 63 Parque José Affonso Junqueira Anos 1930

Página 74 Construção das Thermas Antonio Carlos Anos 1930

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Página 127 Centro de Poços de Caldas Anos 1910

Página 137 Parque José Affonso Junqueira 1929

Página 141 Parque José Affonso Junqueira Anos 1930

Página 147 Rua São Paulo Anos 1930

Memória do Jornal O Estado de São Paulo Setembro de 2017

Página 61 Capa do Jornal O Estado de São Paulo com Poços de Caldas em destaque 1913

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PÁGINA 147 A partir de 1930 Rua São Paulo com o Palace Hotel no centro.

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FLOREN TINO



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