cultura na cidade: nº 395 / 401 Felipe Leme de Andrade
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A554c
Andrade, Felipe Leme de Cultura na Cidade: nº 395/401 / Felipe Leme de Andrade. -- São Carlos, 2022.
147 p. Trabalho de Graduação Integrado (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) -- Instituto de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, 2022.
1. Arquitetura. 2. Arte. 3. Centro cultural. 4. Ribeirão Preto. I. Título.
Bibliotecária responsável pela estrutura de catalogação da publicação de acordo com a AACR2: Brianda de Oliveira Ordonho Sígolo - CRB - 8/8229
Banca examinadora:
Profª. Drª. Aline Coelho Sanches
Profª. Drª. Amanda Saba Ruggiero
Prof. Me. Rafael Goffinet de Almeida
cultura na cidade: nº 395 / 401 Felipe Leme de Andrade
Trabalho de Graduação Integrado II / TGI II Instituto de Arquitetura e Urbanismo / IAU - USP
Comissão de Acompanhamento Permanente Profª. Drª. Aline Coelho Sanches (Orientadora) Profª. Drª. Anja Pratschke Prof. Dr. Joubert José Lancha Profª. Drª. Luciana Bongiovani Martins Schenk Prof. Dr. Luciano Bernardino da Costa
Orientadora Profa. Dr. Amanda Saba Ruggiero São Carlos / SP 2022
índice introdução Ribeirão Preto / SP nº 395 / 401 cultura na cidade: nº 395 / 401 legendas e bibliografia 7 11 43 59 143
O presente trabalho parte de três chvaves de leitura para pensar equipamentos e espaços de cultura:
• Sobre a Cultura - o papel da Cultura no contemporâneo;
• Os lugares da Cultura na Cidade - como a inserção de espaços culturais pode indicar dinâmicas nos centros urbanos;
• Os espaços de Cultura - análise de equipamentos de uso cultural como referência projetual e proposição de programa
Enquanto desenvolvimento, o trabalho busca formas de ler e iluminar o centro da cidade de Ribeirão Preto/SP em suas complexidades históricas, sociais e culturais, apropriando-se de um edifício existente por meio de operações e lógicas projetuais do campo da arte-arquitetura.
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introdução
Secagem de café em terreiro (APHRP). Vista aérea, fim da década de 1950 (APHRP).
terreiro, cidade, arquitetura, cultura.
Um ponto de ônibus lotado logo pela manhã. Algumas barracas de feira disputam espaço com mendigos acordando na praça. Um velho taxista espera no banco por uma possível corrida. Em uma fila gigantesca, pessoas aguardam para entrar no Banco Mercantil, umas se olham e trocam palavras, outras estão fixas no celular. “Compro ouro” - um papelzinho recebido ao atravessar a rua. Lojas desenrolam as portas de metal enferrujadas, revelando o espaço interior ainda desarrumado. Um câmera e uma repórter se posicionam em frente ao Theatro e abordam alguns passantes. Pombos ciscam os restos de uma marmita deixada na noite anterior. Numa loja chinesa, um vendedor anuncia uma imperdível promoção de meias e roupas íntimas. Banquetas ocupadas nos bares para o primeiro ou segundo café do dia.
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SP
Ribeirão Preto /
A Praça XV de Novembro é o início do percurso ao qual me propus a ler e narrar a cidade. O marco zero - uma peça de mármore no canteiro central - pouco tem relevância frente ao imenso totem “Eu amo Ribeirão”, que agora disputa olhares e selfies, estampado no calçadão. A praça vizinha, Carlos Gomes, onde havia o primeiro teatro, é ocupada semanalmente por uma feira livre com roupas e sapatos usados, objetos de decoração, livros, artesanato, barraquinhas de comida; além de bancas de jornal - uma em cada esquina.
Quatro ou cinco casarões do começo do século XX se distribuem nesse perímetro1. Um deles, sobrevive moribundo ao lado de um banco, tendo suas portas e janelas vedadas por tapumes. Outros, "adequaram-se", abrigando atividades culturais como a Biblioteca Sinhá Junqueira e o Museu de Arte de Ribeirão Preto (MARP). O Theatro Pedro II, espremido entre uma choperia e um antigo hotel, compõe o paredão eclético no limite da praça. Por aqui passaram fazendas de café, homens de terno, papéis assinados, iluminação pública, os primeiros automóveis circulando nas ruas recém pavimentadas - ruas essas que receberiam os nomes dos mesmos homens de terno (burgueses e barões, da Paulicéia caipira) ou homenagens à nascente República. Em sua tímida escadaria de seis degraus, abriga pedestres que buscam um pouco da sombra que o edifício projeta no chão.
1 “A partir do início da década de 1920, além de concentrar grande número de comércios, serviços e espaços de lazer e cultura voltados à população que por eles podiam pagar, o entorno da Praça XV de Novembro passou a ser também o centro financeiro da cidade e foi eleito como prioritário para o início da verticalização em Ribeirão Preto. Merece destaque a construção do conjunto arquitetônico denominado Quarteirão Paulista, concebido em 1929 por Hyppolito Gustavo Pujol Júnior para a Cia. Cervejaria Paulista. Ocupando parte da quadra entre as ruas Álvares Cabral e General Osório, defronte à Praça XV de Novembro, o Quarteirão Paulista foi formado pelo Theatro Pedro II, edifício de escritórios Meira Júnior e Palace Hotel (que já existia e foi reformado)” (GASPAR, 2022, p. 59)
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Construção do antigo Mercado Municipal e Festividade na Praça XV de Novembro (APHRP)
Oswald de Andrade, 1925.
Fotografia de autoria de Tony Miyasaka, anos 1960 (APHRP).
Oswald de Andrade, 1925.
2 “A verticalidade do Edifício Diederichsen determinou um novo marco para o processo de crescimento em altura iniciado na cidade em períodos anteriores, quando investimentos públicos e empreendimentos privados –nesses casos, por vezes subsidiados pela administração pública, mormente representada pela elite ribeirão-pretana – somaram-se às diretrizes de ordenamento urbano e nortearam o desenvolvimento da área central da cidade.
Em 1934, quando o Edifício Diederichsen foi concebido, algumas das principais cidades brasileiras já haviam iniciado seu processo de verticalização, em grande medida derivado de reformas urbanas ocorridas nos primeiros anos do século XX” (GASPAR, 2022, p. 54).
O fluxo é intenso: pessoas se abarrotam em filas no ponto de ônibus, na entrada de lotéricas e bancos, nos balcões dos bares de esquina, concorrendo com motoqueiros de aplicativo e automóveis impacientes nas ruas.
Nas bordas da praça, antigas e precárias lojas dão lugar às luminosas Crispark, Chen&Ling, Bugipark. Casas Bahia e Lojas Americanas ainda detém seus postos na praça. Menos reluzentes que as concorrentes chinesas, as antigas magazines conseguem marcar a paisagem central, seja pela dimensão das fachadas e altura dos estoques, seja no sobe-e-desce nas escadas rolantes da Americanas.
O Edifício Diederichsen2, na esquina da rua Álvares Cabral com a General Osório, no seu pálido art-déco dos anos 1930, abriga no térreo lojas de sapatos, salgaderias, perfumarias e a cafeteria
3 “As primeiras décadas do século XX expressaram o princípio de uma nova fase para as transformações urbanas em Ribeirão Preto, quando traços de modernidade emergiram dos contornos dos edifícios com dois ou três pavimentos, os quais, apesar de terem sido iniciativas pontuais, delinearam um novo perfil para a cidade, que ainda era predominantemente térrea” (GASPAR, 2022, p. 58).
A Única; já os andares superiores, encontram-se esvaziados aguardando por reforma - um único e velho porteiro habita o edifício, vigiando durante a noite. O espaço formado aos pés do edifício permite apropriações diversas por parte de carrinhos de pipoca e churros, vendedores ambulantes, panfleteiros de “Compro ouro” e inusitadas combinações de artistas de rua - um saxofonista tocando jazz contracena com dois dançarinos de funk.
A malha urbana em quadrícula da área central se torna mais perceptível pelo caminhar. Em direção à rua General Osório3, lojas de dois a três andares: calçados, conserto e capinha de celular,
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revenda de peças de moto, 1,99, sebos, pequenos hotéis, artigos religiosos, sex shop e consultórios odontológicos. Seguindo pela rua Álvares Cabral, os prédios de arquitetura moderna, que já acenavam no limite da Praça XV, aumentam em número e altura. Entre brises, paredes de cobogós e esquadrias metálicas, os modernismos vão se desenhando pela quadra - processo que tem por início a década de 1940, acompanhando a expansão da cidade. Alturas e alinhamentos em relação à calçada se assemelham. Os térreos são em sua maioria de uso comercial e, por entre as extensas vitrines das lojas, escondem portas ou pequenas portarias, que dão acesso aos escritórios e apartamentos nos andares superiores. Outros edifícios, mais austeros e monofuncionais, foram encomendados por secretarias, órgãos públicos, bancos e associações.
Um pouco de conversa com porteiros e secretárias me leva a subir em três desses prédios modernistas encardidos4. O primeiro, na rua São Sebastião, de salas de escritórios e associações, revela a existência do fosso de iluminação como elemento presente em boa parte das produções arquitetônicas do período - justificado pela altura e formato do lote -, criando uma situação curiosa onde os funcionários conseguem se entrever pelas janelas de um lado e de outro mediado por esse recorte. Na rua Álvares Cabral, o Condomínio Garagem Everest, possuindo uma fachada completamente vedada por brises e uma imensa empena cega, expõe obscenamente sua estrutura-esqueleto a quem ousa entrar em seu térreo - ver o carro
4 “Do ponto de vista arquitetônico, os edifícios construídos ao longo da década de 1950, com mais de seis pavimentos, no centro de Ribeirão
Preto, também imprimiram uma importante transformação ao que se verificava até então nas edificações ecléticas de menor altura, ou nos dois exemplares verticais de estética art déco promovidos por Antônio Diederichsen. Assim como ocorreu com grande parte das residências que ocupou os loteamentos surgidos no setor sul, a produção de edifícios verificada no centro e aprovada durante a década de 1950 esteve fortemente associada à Arquitetura Moderna” (GASPAR, 2022, p. 78).
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subindo pelo elevador me lembra imediatamente uma cena do Macunaíma tropicalista de Joaquim Pedro de Andrade (1969), em que o protagonista enfrenta a guerrilheira no sobe-e-desce do elevador de carros. O terceiro prédio, de comércio e serviços, na rua Américo Brasiliense, convida o pedestre a entrar por sua galeria, que abriga uma lotérica, um salão de beleza, uma agência de turismo fechada e uma loja “Compro Ouro”, encerrando em um fundo de lote que permite a entrada de luz, mas não a passagem - em certa chave, a galeria recria a situação urbana de múltiplas atividades no interior e na escala do edifício. Nesse, Chico, o porteiro, convida a subir pelos quatorze andares até a cobertura, repleta de antenas e escadas de acesso. No terraço improvisado, observo o interior da quadra, onde se vê a ocupação dos lotes, empenas cegas, fossos e janelas e a diversidade de coberturas: lajes cinzas e planas, nos modernos; telhas cerâmicas, nos ecléticos; e fibrocimento, nos puxadinhos.
De volta ao nível da rua, pela Américo Brasiliense até a Praça das Bandeiras, é possível ver a fachada da Catedral de São Sebastião, marcada por uma única torre. Feito pombos na fiação, gente se amontoa nas plataformas de ônibus - é meio dia e pouco.
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Planta, 1892 (APHRP).
Mapa aprovação de projetos (SANTOS, GASPAR, 2021)
aperitivos: improvisações sobre temáticas urbanas
arquitetura moderna 1940 a 1970
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espaços de cultura na cidade
Em sequência, como parte das investigações - e percursos - pelo centro de Ribeirão Preto, compartilho breves comentários a respeito dos equipamentos culturais da área, ou, melhor dizendo, os lugares da cultura na cidade. Parte significativa das notas apresentadas provém da observação dos usos e da “programação cultural”, possibilitados pela ampla movimentação e fluxo de pessoas que diariamente passam e frequentam o centro.
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Começando pelo Theatro Pedro II e o Centro Cultural Palace, localizados na Praça XV, tratam-se do clássico “Cartão-postal” da cidade. Tombado na década de 1980, abriga apresentações de música, dança e teatro etc. O Centro Cultural Palace concentra exposições e auditório, no térreo, e espaço de ensaio para música, dança e teatro, nos andares superiores. Aos domingos, de uma a duas vezes por mês, a orquestra da cidade apresenta gratuitamente para a população - em que se vê um público mais heterogêneo. Que tipo de espaço ele estabelece se pensado em relação à Praça XV? continuidade? limite? O quanto ele serve como símbolo para promover o slogan-marca da cidade nas mídias?
Ao lado, a Biblioteca Sinhá Junqueira se abre para a praça com sua nova faceta envidraçada. Algumas salas de leitura e estudo no antigo palacete, em que jovens estudam e idosos leem jornal. No anexo, que reflete a imagem do casarão, distribuem-se o acervo, midiateca, auditório e cafeteria. A programação cultural inclui rodas de leitura, contação de história para crianças e adolescentes, palestras sobre temas diversos e apresentações de música. O espaço é bastante movimentado no período da tarde.
Do outro lado, em frente à Praça Carlos Gomes, o Museu de Arte de Ribeirão Preto (MARP) tem um ponto de ônibus sempre lotado - alguém já entrou pra ver o que acontece por lá? Toco a campainha, abrem o portão. Subo a escadaria. Trata-se de uma exposição de jovens artistas da região. O salão principal, de chão
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e teto de madeira, é atravessado por painéis brancos onde estão dispostas as obras. Noto que as obras de arte contemporânea se encaixam de forma estranha no antigo palacete - apertadas e espremidas. O acervo é grande, o espaço expositivo é pequeno. O monitor da exposição conta que o público é de jovens e turistas.
Alguns poucos quarteirões da Praça XV se encontra o SESC. O edifício é tímido por fora (marcado por um monótono gradeado que esconde as estruturas modernas), mas se revela interessante em seu interior, trazendo a distribuição do programa em níveis, colocando a quadra poliesportiva sobre a biblioteca e sala expositiva, assim como o galpão-teatro e pátio interno.
Rumo à “baixada”- hotéis baratos, prostitutas oferecendo programa, postos de gasolina, oficinas mecânicas e terrenos vazios. Após passar por uma catraca e se identificar, abre-se o pátio interno da antiga cervejaria da Cia. Paulista, agora sede da A Fábrica / Instituto SEB. Um extenso móvel colorido serpenteia o espaço, acompanhado por um pergolado metálico com plantas pendentes. À esquerda, num auditório, adolescentes de escolas públicas assistem a uma aula voltada ao pré-vestibular, num “braço social" do maior conglomerado de ensino básico privado do país. À direita, uma cafeteria com chão de cimento queimado, instalações aparentes e móveis de design serve um café de altíssima qualidade. Mais adiante, espaços de coworking, salas para reunião e uma livraria. Aos sábados, recebe uma feira de artesanato, atraindo
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um público jovem e de classe média. “Colaboração. Criatividade. Empreendedorismo. Sustentabilidade” estampam o material de divulgação - seriam esses os quatro cavaleiros do apocalipse?
Um pouco mais distante se encontra a Escola de Artes do Bosque / Cândido Portinari. No prédio modernista da Secretaria Municipal de Cultura, próximo ao Teatro Municipal e Teatro de Arena, integra o Complexo Cultural Morro de São Bento. Oferece cursos de pintura, desenho, xilogravura e escultura. O programa se distribui em amplos ateliês, sendo que cada um possui equipamentos e mobiliários específicos para as atividades realizadas - cavaletes, tanques, prensa e fornos. Pela carência de novos professores contratados, a escola não consegue atender toda a demanda, sempre havendo uma longa fila de inscrição, de crianças, adolescentes e idosos.
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mapeamento de espaços culturais na região central de
RP / SP
Theatro Pedro II Centro Cultural Palace Bilioteca Sinhá Junqueira MARP (Museu de Arte de Ribeirão Preto) Prefeitura Municipal Museu da Imagem e do Som Arquvo Público (APHRP) Cineclube Cauim Biblioteca Padre Euclides Catedral Casa da Memória Italiana A Fábrica - SEB Memorial da Classe Operária (UGT)
SESC Teatro Municipal Teatro de Arena Secretaria da Cultura / Escola de Artes do Bosque
Morro de Sâo Bento Praça XV de Novembro Praça Carlos Gomes Praça das Bandeiras Calçadão
R. Américo Brsiliense, nº 395 / 401
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 0 200 m
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primeiro ato Mário de Andrade, certa vez, descreveu que conservava sua erudição como um salão depois do baile: “pelos riscos no chão, pelas migalhas, pela desordem das cadeiras, a gente percebe que muita coisa se passou ali” (ANDRADE, 1931 apud SOUZA, 1999).
Vistas
Não entrei no edifício. Pelo seu exterior, pude capturar esses restos, riscos, migalhas e movimentos. A fachada marcada pelos brises-soleis alonga-se sobre a calçada de gastos ladrilhos vermelhos. Quatro pilares marrons despontam a verticalidade. Acima, por entre os brises, a caixilharia de ferro e vidro - cuja falta de elementos denuncia a chegada dos aparelhos de ar-condicionado em décadas anteriores. O gradil em ferro (remetendo a um possível art-déco) permite espiar parte do térreo: de um lado, o mármore
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aéreas (APHRP).
nº 395 / 401
esverdeado distingue a antiga recepção; de outro, um enorme vazio busca se abrir para a rua - forro em gesso despedaçado e chão coberto por entulho. No ponto de ônibus, alguns olhares para o edifício abandonado.
O número 395/401 da rua Américo Brasiliense me levou a buscar por informações entre funcionários públicos, pesquisadores, porteiros de prédios e transeuntes.
No Arquivo Público (APHRP), uma pasta com três folhas amareladas onde constavam documentos referentes à autorização do projeto. Data: 1951. Área Terreno: 360,00 m². Área Edificação Principal: 1.850,00 m². Propriedade de: Sociedade União dos Viajantes. Autor do projeto e responsável técnico: Arquiteto M. Carlos G. de Soutello. Do memorial descritivo,
. Fundações: estaqueamento de concreto armado
. Estrutura: de concreto armado, com pilares, vigas e lajes
. Paredes: alvenaria de tijolo cerâmico
. Pavimentação: tacos nas salas, granilite nos corredores e escadas, ladrilhos hidráulicos nos banheiros e na loja, cimentado no quintal
. Esquadrias: portas internas de madeira, porta externa e caixilhos articulados de ferro, na loja ferros de enrolar
. Cobertura: telhas de fibrocimento sobre estrutura de madeira
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5 “Muitos desses edifícios tiveram projetos concebidos por profissionais formados nos cursos de Arquitetura criados em São Paulo no final da década de 1940 e incorporaram em seus projetos elementos característicos desse período, como os brises-soleils, pilotis, cobogós, revestimentos com pastilha cerâmica, pedra e esquadrias com caixilharia de vidro e ferro – por vezes indo do piso ao teto –, ou janelas em fita de madeira” (GASPAR, 2022, p. 79).
. Instalações diversas: circulação vertical por meio de elevador. Instalação contra incêndio.
Em um texto de Sylvia Ficher (1989), foi possível encontrar mais informações do arquiteto, com uma breve biografia. Pontua que Manoel Carlos Gomes de Soutello se graduou em 1937, tendo trabalhado com seu professor Christiano Stockler das Neves em alguns projetos em estilos beaux-arts e art-déco. Posteriormente, transferiu-se para Ribeirão Preto, no fim da década de 19405, onde estabeleceu escritório e lecionou na Faculdade Moura Lacerda.
Do alto dos quatorze andares do prédio vizinho (nº 405), foi possível ver o fosso de iluminação, as janelas quebradas e o destelhamento do edifício nº 395/401. O porteiro relatou que há tempos moradores de rua invadiram o prédio para se abrigar. Outros, furtaram fiação e outros metais. Decidiu então passar um cadeado nos portões com a autorização da prefeitura. Ao que tudo indica, o edifício pertence hoje à Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo - sua última ocupação.
Retornei algumas vezes para medições ou esboços de projeto.
Em uma das últimas, abordei um passante chamado Adilson, perguntando o que achava do prédio abandonado - “Bonito”. Depois de alguma conversa, explico que sou estudante de arquitetura e Adilson imediatamente retruca - “Você vai fazer um centro cultural aí?”.
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segundo ato entre poeiras e escombros:
Meses depois, retorno ao edifício. Passando na rua, vejo por entre o gradil uma bicicleta. Conversei novamente com o porteiro do prédio vizinho, relatando que estava deixando sua bicicleta no prédio desocupado. Aguardei o seu intervalo para que me acompanhasse rapidamente no interior do nº 395/401.
Percorri o salão principal e alguns corredores do térreo, entre antigas estruturas deterioradas, objetos e móveis, acúmulo de lixo e uma camada grossa de poeira no chão. Pouca luz entrava no localpude constatar que o fosso de iluminação era interrompido antes de chegar no térreo. O forro despedaçado revelava um pé direito mais amplo do que se podia imaginar. Mais a fundo, via-se o patamar de acesso aos elevadores e escada principal. Em pouco menos de dez minutos fotografei e deixei o edifício.
Dias depois, uma professora e pesquisadora de arquitetura me contatou, fornecendo as plantas do prédio que se encontravam no Grupamento do Corpo de Bombeiros.
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Ed. nº 395 / 401 9º Grupamento de Bombeiros RP/SP
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atlas de operações: arte e arquitetura
Parte significativa do processo de desenvolvimento do projeto se baseou na pesquisa de operações e lógicas projetuais do campo da arte e da arquitetura. Numa mescla de trabalhos de arte moderna e contemporânea, referências de arquitetura e cenografia, cinema e pintura, essas aproximações possibilitaram investigar a materialidade e a espacialidade de cada ambiente, bem como aspectos sensíveis que perpassam seu uso.
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rua contínua / praça coberta / relevo construído / tempo / resto / ruína / entropia / terreo / jardim
giro / contínuo / ponte / passagem / escada-percurso
luz e sombra / silhueta / translúcido/ vislumbre/ permeável / penetrável / pele
/ fechamento
vazios construídos / ‘cuts’ / rasgo / vestígio / visulidade / enquadramento / lajes / cortes
simulado / cenográfico / espera / pausa / contemplação / mirada / terraço
estratégias de intervenção e partido projetual
O projeto proposto se ancora, portanto, na apropriação do edifício nº 395/401, considerando sua estrutura básica, e busca, simultaneamente, compreender e revelar valores arquitetônicos da construção original e sua situação urbana, conjuntamente à inserção de um programa cultural, por meio de operações e lógicas projetuais presentes no campo do campo da arte e da arquitetura.
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Como primeiro movimento, viu-se a necessidade de abertura plena do térreo, removendo paredes e lajes, revelando tanto o fosso de iluminação quanto o fundo do lote, sugerindo a ideia-base de “praça coberta”, contínua à calçada e, portanto, à cidade.
Em um segundo movimento, colocou-se a possibilidade de um novo eixo de circulação vertical, através de uma nova escada, que, como uma extensa fita a se desenrolar a partir do térreo, proporcionasse um contínuo percurso pelo edifício, possibilitando o cruzamento das atividades constituintes do programa cultural.
O fosso de iluminação, antes fechado e cercado pelas paredes opacas, recebeu nova condição. A estratégia foi articulá-lo como central ao edifício, ocupado pela nova escada-percurso que “gira” em relação à ele. Para tal, a escolha do fechamento, translúcido, buscou criar permeabilidade visual entre os pavimentos.
Para os pavimentos, buscou-se ampliar os espaços originais. Nesse sentido, foi possível projetar situações de mezaninos e pédireito duplo por meio do recorte de lajes e remoção de paredes - a criação de novos “vazios”.
O projeto de intervenção propõe, ainda, a ocupação do último pavimento, enquanto terraço, que proporcionaria a contemplação para a cidade e reinserção do edifício no contexto urbano.
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O partido projetual consiste, portanto, na criação de um percurso pelo edifício - entre espaços de exposição, pesquisa e produção de artes -, sugerindo três momentos e relações principais:
• cidade-edifício: da rua para o edifício, a cidade dirige o transeunte para seu interior, abrigando em seu térreo uma praça coberta e de caráter expositivo, preenchida em seu centro pela iluminação que atravessa a verticalidade do fosso;
• edifício-edifício: por meio da circulação contínua em percurso, do novo fechamento e das operações, o edifício convida a olhar para sua própria constituição e ocupação;
• edifício-cidade: no último pavimento, revela-se a vista para a cidade, do alto do teatro-mirante.
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O programa cultural se distribui na verticalidade do projeto de intervenção em três frentes: Produção, Pesquisa e Exposição de artes em geral.
No contexto da cidade de Ribeirão Preto, é possível inserir o novo edifício no sistema de equipamentos culturais da área central, podendo dialogar intensamente com as exposições do MARP, realizar atividades de ateliê em conjunto com o SESC e Escola de Artes do Bosque, e abrigar também um acervo de pesquisa e literatura voltado às artes.
Nesse sentido, teve por objetivo aproximar as atividades, proporcionando espaços para a produção artística contemporânea: amplos ateliês com diversidade de fechamentos e equipamentos; biblioteca, salas de leitura e teatro / auditório; e espaços expositivos diversos.
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o programa
estudo de referências projetuais
A análise de edifícios voltados à atividades culturais semelhantes mostrou-se como uma das principais estratégias para compreender as possibilidades e necessidades espaciais para o projeto.
IMS Paulista (2017), SESC 24 de Maio (2017), Teatro Oficina (1984) e SESC Pompeia (1982) chamam a atenção para a situação de ocupação do térreo e continuidade com a cidade, através da criação de “praças” - cobertas, contínuas ou elevadas. Nos exemplos trazidos, nota-se também a distribuição dos espaços expositivos, ateliês e oficinas, biblioteca, bem como áreas administrativas e técnicas. Ademais, oferecem soluções relevantes em termos de materialidades e fechamentos.
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IMS Paulista
Andrade Morettin (2017)
MMBB e Paulo Mendes da Rocha (2017)
SESC 24 de Maio
Teatro Oficina
Lina Bo Bardi e Edson Elito (1984)
SESC Pompeia
Lina Bo Bardi (1982)
plantas e cortes
1. acesso 2. elevador 3. escada 4. escada-percurso 5. área expositiva 6. jardim térreo
1
2 3 6 4 5
1. administração 2. recepção 3. sala de reunião 4. espaço expositivo 5. depósito 6. sanitários 7. apoio 1º pavimento 3 1
2 6 4 5 7
1. espaço expositivo
2º pavimento 1
1
1 1
1. ateliê tipo 1 2. ateliê tipo 2 3. depósito de materiais 4. sanitários 5. apoio 3º pavimento 2
4 1 3 5
4º pavimento 1. ateliê tipo 1 2. ateliê tipo 3 3. depósito de materiais 4. sanitários 5. apoio 2
4 1 3 5
5º pavimento 1. ateliê tipo 1 2. mezanino do ateliê 3. depósito de materiais 4. sanitários 5. apoio
2 4 1 3 5
1. biblioteca 2. sala de estudos 3. elevador acessível 4. sanitários 5. apoio 6. apoio técnico 6º pavimento 1
2 4 6 5 3
1. terraço 2. teatro-auditório 3. caixa d'água 4. casa de máquinas 5. elevador acessível 7º pavimento
1
2 4 3 5
1. cobertura original 2. cobertura da intervenção
cobertura
2
1 1
corte A A'
corte B B'
corte C C'
corte D D'
E E'
corte
elevação
R. Américo Brasiliense
térreo
O térreo deve ser compreendido como principal articulador entre cidade e edifício. Seguida a ideia-base da “praça-coberta”, buscou-se a continuidade com a rua. Manteve-se o gradil original, compreendendo-o enquanto valor arquitetônico que, assim como o brise-soleil, marcam a história da arquitetura da região central da cidade.
Quase todo o piso térreo recebe revestimento semelhante ao existente na calçada, com pequenas peças cerâmicas vermelhas. A breve escadaria, que guia ao conjunto de elevadores, permanece com seu mármore verde, enquanto o restante das pedras (proveniente da demolição das paredes do térreo) compõem o piso térreo no nível de circulação original (+1,25m). Tais detalhes podem ser melhor observados na planta do Térreo, com as respectivas delimitações e identificações.
Os desníveis, em quatro alturas distintas, criam uma situação de “relevo” interno ao edifício. Tal estratégia soluciona a questão da acessibilidade e, ao mesmo tempo, alude às situações urbanas dinâmicas, entremeadas por níveis e patamares.
A nova escada, tratada como percurso pelo edifício, se desenrola como fita, tocando o térreo logo em seu primeiro momento
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de recepção. A presença desse elemento, em cena, busca criar também uma nova espacialidade e destaque para o fosso de iluminação.
À direita, no limite do bloco de circulação original, projetase uma placa expositiva, cuja disposição busca guiar o olhar do transeunte para o fundo do edifício, afirmando sua horizontalidade e explicitando sua ocupação no lote até o jardim. O fosso permite ser ocupado por elementos expositivos que marcam sua verticalidade, guiando o olhar para os pavimentos superiores (como pode ser observado no corte DD'). Ao atravessar a área iluminada pelo fosso, encontra-se uma situação expositiva composta de painéis suspensos que guiam para o jardim.
O “jardim de escombros” se coloca como figura-metáfora de processos observados no edifício e sua intervenção à luz das operações artísticas. Trata-se de interpretar dinâmicas de construção, demolição, reconstrução e da passagem do tempo: restos de cidade, restos de arquitetura. Nele, os próprios materiais retirados do edifício constroem e organizam uma nova topografia, um jardim, entre placas de lajes, vigas que servem de banco e capim crescendo em meio à areia acumulada. Revela ainda as empenas cegas dos edifícios vizinhos, marcando seus limites na quadra. O espaço permite abrigar esculturas, intervenções e pequenas apresentações.
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Com o objetivo de tornar o térreo o mais livre possível, destinouse parte do primeiro pavimento às atividades de administração do equipamento cultural.
O espaço dedicado à administração se subdivide em duas salas de trabalho e um momento de recepção, cujos fechamentos de material translúcido (similar ao do fosso) proporcionam situações de maior ou menor mobilidade. Abriga ainda um espaço de apoio/ depósito de materiais expositivos, entre os elevadores e a escada original.
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administrativo
espaços expositivos
O 1º e 2º pavimentos são dedicados a abrigar exposições em duas situações espaciais distintas.
No primeiro pavimento, o recorte da laje cria maior visibilidade e situação de pé-direito duplo, podendo contemplar esculturas de maior porte, bem como painéis suspensos por estrutura de trilho no forro do pavimento superior.
O 2º pavimento, dedicado inteiramente para exposições, mostrase como espaço livre e aberto à situações expositivas: fechamentos em painéis, tecidos, mesas e estruturas suspensas por sistema de trilho no forro. Pode-se interpretar também que o próprio edifício e as intervenções do projeto o colocam “em exposição", sugerindo enquadramentos, permeabilidade e continuidade visual.
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Para melhor compreender a diversidade dos ateliês, que se distribuem no 3º, 4º e 5º pavimentos, foram divididos em três tipos:
Tipo 1 - Possui estrutura de apoio à atividades que solicitam pias e lavatório, bem como espaço de armazenamento e de equipamentos específicos (torno, forno, cavaletes). Consegue abarcar oficinas destinadas a um maior número de participantes.
Tipo 2 - Possui elementos de fechamento móveis que possibilitam dividir ou ampliar o espaço existente, de acordo com a atividade oferecida. Trata-se de um espaço adequado a oficinas em grupos menores e de caráter mais esporádico.
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ateliês / 1 e 2
Tipo 3 - Seu pé-direito duplo conforma uma espacialidade distinta ao mesmo tempo em que desvela a estrutura do edifício, ao deixar uma viga em evidência, bem como duas faixas de esquadrias. Desta maneira, é criado um espaço amplo e tambem mais aberto a distintas apropriações. O mezanino que se constitui é particularmente útil para atividades que se beneficiam de um ponto de vista mais elevado, como ensaios (teatro, dança, performance), bem como oficinas de pintura em grandes superfícies (painéis, grandes telas) e oficina desenho, entre muitas possibilidades.
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3
ateliês /
biblioteca e sala de leitura
O 6º pavimento é dedicado a salas de leitura, estudo e biblioteca.
A sala de estudo buscou criar situações de estudo coletivo (mesas) e individual (bancadas). Além disso, oferece acesso à mídias digitais e computadores. A parte destinada à biblioteca é organizada pelas bancadas voltadas às janelas e espaços de descanso. O acervo é constituído por publicações de artes em geral, podendo ser consultado no local.
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auditório e terraço
No último pavimento, destina-se um novo fechamento, de painéis de policarbonato (similar ao do fosso), no espaço voltado ao auditório. Um rasgo na altura correspondente ao guarda-corpo oferece a vista para o interior da quadra em que o edifício está inserido. A vedação translúcida permite ainda, à noite, se comportar como “farol”, coroando o prédio.
Também no último pavimento se encontra o terraço, projetado como local de mirante para a cidade. O mobiliário em madeira e concreto, rente ao aos pedriscos escuros do chão, contracena com uma estrutura em forma de árvore, que marca a verticalidade, compondo o cenário com a cidade em plano de fundo.
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escada e fechamento
A nova circulação já mencionada é realizada a partir de escadarias metálicas e passarelas em aço patinável (corten). Seus desenhos foram pensados para enfatizar o gesto da fita que circunda o fosso. Possui um guarda-corpo leve e que se distingue do encontrado no interior do edifício, o qual se apresenta também como uma chapa metálica, já que interage com os recortes das lajes de maneira similar à escada-percurso
O novo fechamento do fosso é constituído por painéis de policarbonato alveolar, estruturados por leves caixilhos metálicos, buscando criar espaços de luz difusa e permeabilidade visual. Nos andares dos ateliês, a parte central é aberta, permitindo o diálogo entre circulação interna e passarelas, externas.
Tais intervenções atuam e devem ser compreendidas em conjunto, pois reafirmam o fosso como elemento estruturante de articulação do projeto.
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estrutura expositiva
A estrutura expositiva foi pensada a partir de um sistema de trilhos no forro dos ambientes, de maneira a possibilitar diversos desenhos e usos do espaço. Nos trilhos podem ser fixados cabos para suspender elementos, montantes verticais para criar divisórias e tecidos.
Os montantes verticais (1) podem ser usados a partir de módulos pré-montados, tendo-os como estrutura e fechando com placas. Porém como este fechamento é independente da estrutura, também podem ser realzados desenhos mais livres, como paredes diagonais e de tamanhos distintos.
Os elementos suspensos (2) podem ser painéis expositivos de diversos tamanhos e montados em variadas angulações, bem como superfícies suspensas.
Os tecidos (3) podem ser articulados aos trilhos de modo similar às cortinas, com materiais translúcidos ou opacos.
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mobiliário
Estante de livros (1) / Possuem altura que permite ter uma vista geral do ambiente.
Apoios / Os ateliês do Tipo 1 possuem uma bancada molhada (2), com pia, e um armário (3) com porta deslizante também translúcida. Os demais ambientes possuem uma derivação do armário, o apoio móvel, menor (4).
Pranchetas (5) / Possuem a proporção de 2:1 (150x75cm), o que permite diversos arranjos e fácil mobilidade.
Mesa de trabalho (6) / Permitem atividades que necessitam de grandes superfícies, com prateleira embaixo para dispor materiais. Bancos (7) / Desenhados a partir da 'fita dobrada', assim como a escada-percurso.
Bancos com encosto (auditório) (8) / Segue o mesmo desenho em fita dobrada Espreguiçadeira (terraço) / A partir da mesma lógica - 'forma fita' -, podendo ser montada ou desmontada. Junto ao nível do chão, sugerindo uma vista do terraço que enquadra a cidade por dentro do guarda-corpo, o que a deixaria semi-visível, em oposição com a vista no banco (monolítico), que mostra a cidade com nitidez.
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maquete 1 - volumetria e entorno o jornal como ruído da cidade
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maquete 2 - térreo e seus desníveis uso da areia para estudo do relevo
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legenda das imagens - atlas de operações
térreo /
Teatro Oficina, Lina Bo Bardi
Praça das Artes, Brasil Arquitetura
Pavilhão em Osaka, Paulo Mendes da Rocha Earth Room, Walter de Maria Partially Buried Woodshed, Robert Smithson Arte/Cidade III, Laura Vinci Stalker, Andrei Tarkovsky
Terreiros de Café em Ribeirão Preto/SP Garbage Wall, Gordon Matta-Clark Penetrável PN 28, Hélio Oiticica Bingo, Gordon Matta-Clark
Asas do Desejo, Wim Wenders Anarchitecture, Gordon Matta-Clark Na Selva das Cidades (Teatro Oficina), Lina Bo Bardi
escada / Teatro del Mondo, Aldo Rossi Monumento à III Internacional, Vladimir Tatlin 8 1/2, Federico Fellini
The Bath House, Vsévolod Meyerhold
Pavilhão Humanidade, Carla Juaçaba Teatro Oficina, Lina Bo Bardi CCSP, Eurico Prado Lopes e Luiz Telles
IMS Paulista, Andrade Morettin Pinacoteca de São Paulo, Paulo Mendes da Rocha
fechamentos / Bienal de São Paulo, Andrade Morettin Frac Dunkerque, Lacaton & Vassal Très Grande Bibliothèque, OMA Arte/Cidade Zona Leste, Vito Acconci A Greve, Sergei Eisenstein Eden, Hélio Oiticica
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lajes e cortes /
Très Grande Bibliothèque, OMA
The Extended Field of Vision, Herbert Bayer
Palais de Tokyo, Lacaton & Vassal.
Doors, Floors, Doors, Matta-Clark
W. all be. For., Matta-Clark
Bronx Floors, Matta-Clark
Arte/Cidade Zona Leste, Nelson Felix
terraço /
Ariadne, Giorgio de Chirico
CCSP, Eurico Prado Lopes e Luiz Telles
Casa da Música, OMA
Beistegui, Le Corbusier
E La Nave Va, Federico Fellini
Esperando Godot, Samuel Beckett
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agradecimentos
Aos professores, com os quais pude aprender muito mais que arquitetura e urbanismo.
Em especial, à Aline e Amanda, queridas orientadoras, pelo apoio e pelas conversas acolhedoras para que este trabalho pudesse ser realizado. Também ao Fábio, pelas muitas orientações e provocações.
Aos funcionários do instituto, pela dedicação.
Ao Luiz Felipe, pela companhia e apoio essenciais ao meu percurso na graduação.
Às minhas amigas, Sofia e Maria Alice, pelas longas conversas e cafés nas tardes de terça.
Aos amigos que estiveram presentes nesses anos de IAU, Sophia, Millena, Maria Sylvia, Giovana, Marina, Louyse, Carolina, Júlia, Lara, Mainara, Estéfane, Camila, Heloísa, Luis, Vagner, Gabriel, Rodrigo, Marcos, João Victor, Onaides e Yuri. À Thamiris, pelas andanças em São Paulo. À Mayara, pelas conversas sobre arte contemporânea com os pés na areia. À Ana Luiza, por acreditar que viver é tomar partido. À Giulia, pela paixão compartilhada entre cinema e arquitetura.
Aos colegas da POSTO68 e SEMANAU, com os quais aprendi a importância da produção coletiva de conhecimento.
Aos meus pais e à minha família, pelo carinho, apoio e incentivo aos estudos.