Cartilha de Ensaios Brasileiros
RESILIÊNCIA
Arquitetura e Urbanismo
RESILIÊNCIA
2014/2015
Universidade Presbiteriana Mackenzie Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação Orientando Felipe de Souza Silva Rodrigues Tema Resiliência no Brasil - Arquitetura e Urbanismo Orientador Texto Abílio Guerra Orientador Projeto Antonio Cláudio Pinto da Fonseca São Paulo, Brasil 2014/2015
“Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer?” Clarice Lispector
Sumรกrio
Introdução Manifesto não Revelado Origem, Princípio e Meio Resistência a Resiliência Minhocão: Arquitetura da Destruição Cidadela e Parque D. Pedro II: Considerações Finais Ensaio de Arquitetura: Intervenções PDPII Notas Bibliografia
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Introdução
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Ao entrar na habitação da Roma Antiga, o visitante era conduzido pelo vestibulum, o qual se abria para o atrium. O teto deste possuía uma abertura central, o compluvium, por onde era coletada a água da chuva numa cisterna quadrangular no centro do átrio, o implovium.1 Os aquedutos também abasteciam a cidade romana e suplementavam a coleta mencionada. Esta água corrente, muitas vezes percorria grandes distâncias precisa e eficientemente, em quedas de 34 cm por quilômetro. Este sistema, normalmente terminava num enorme cálice, a partir do qual sairiam várias condutas que se ligariam aos muitos chafarizes espalhados pela cidade.2 Hoje, em 2014, esta água não se vê. A água que cai do céu molha, mas não sacia; ela escoe para onde não se vai. Ela vem de onde não se sabe. Essa ausência de fisicalidade, e recente virtualidade da água exemplifica a complexidade da rede contemporânea onde estão inseridos os elementos para a sobrevivência humana, onde a água é um deles. Resiliência, termo ainda em progresso, e assunto das próximas páginas, recoloca o homem como agente do planeta e traz consigo todas as características psicofísicas intrínsecas ao ser moderno para a resolução dos descaminhos da imaterialidade de nosso tempo. O termo aponta para uma resposta ao hoje, uma vez que não requer ou representa uma nostalgia estática; a própria inflexão do tempo é uma variável absorvida. No primeiro capítulo, buscamos reatar os primeiros laços sobre a investida norte-americana no conceito. Compreendido o interesse no tópico, no capítulo 2, reproduziremos a linha do tempo da Resiliência no mundo, fundamental na recente ancoragem brasileira. Na parte 3, trataremos da transição metodológica da humanidade, de um estado de resistência para o resiliente. A contribuição brasileira ao conceito é investigada no capítulo seguinte. No penúltimo trecho, colocamos na balança as informações apuradas e compartilhamos as perspectivas. O trabalho é finalizado no sexto capítulo, dedicado as experimentações arquitetônicas e comprovações práticas. Assim, neste percurso, fica a promessa completa de uma nova ética e estética do antropológico por meio da Resiliência.
Manifesto não Revelado
VITRUVIUS JAMES STEVENS CURL DORA MOLLY THE HYATT FOUNDATION JURY ANTONY MUELLER WANG SHU PETER ZUMTHOR ZAHA HADID EDUARDO SOUTO DE MOURA TOYO ITO SHIGERU BAN
Sustentabilidade tem rapidamente se tornado um tópico difícil de se abordar, a cada nova literatura que leva seu nome na capa aumenta-se a expectativa e responsabilidade no título, parte disso devido a enorme quantidade de material sobre o tema, muitos deles exaurindo e vulgarizando seu conteúdo. Contudo, alguns novos títulos tem se tornado conhecidos não apenas por discutirem puramente a aplicação prática, mas de um modo mais sutil; de quando a sustentabilidade interage naturalmente com a sociedade; esta não mais como uma ferramenta, mas como meio de se constituir invisivelmente como parte de desenho, em essência, assim como se consideram a insolação ou a verba do projeto. De qualquer maneira, surge o interesse de revelar se os projetos tem sido pensados dessa forma. Para isso fora necessário delimitar um perímetro de análise. Neste momento, o Pritzker Prize se afirma como um constante e confiável cenário internacional que tem levado em conta aspectos socioeconômicos entre outros que possam surgir de acordo com o ano. A inegável credibilidade do prêmio é posta a frente com nosso interesse em saber se o tópico tem evoluído ao longo dos anos e quanto tem sido levado em conta na seleção dos arquitetos premiados. Para esta jornada de compreensão, utilizaremos o material produzido pelo júri, a nova literatura e fatores socioeconômicos que podem influenciar nestas descobertas. Estas análises podem nos levar a um novo entendimento sobre o prêmio mais importante entregue a um profissional de arquitetura e principalmente, nos mostrar como Sustentabilidade pode vir sendo aplicada secretamente nos trabalhos e julgamentos mais importantes das últimas décadas em um completo e novo patamar. Para aqueles que pensam que a arquitetura do nosso tempo
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A Sustentabilidade das construções não é definida por apenas um fator. Fotografia KamrenB, 2011 Sede do Partido Comunista Búlgaro, 1981 Montanhas dos Balcãs, Bulgária
tem sido pouco representativa, e quando adicionado o termo Sustentável, torna-se ainda mais desastrosa, principalmente porque o segundo tem sido utilizado com frequência para mascarar a ausência do primeiro, para aqueles que têm claramente a definição de Arquitetura Sustentável e a pouco se conectaram com a idéia de todos aqueles sistemas parasitas que são plugados nos edifícios, sugando da estética na mesma proporção em que climatizam o interior das construções, fazendo próprio para a habitação mas tedioso para os olhos. Este ensaio é direcionada para eles e todos os incrédulos que tenhamos atingido o ponto máximo de nossa compreensão de como edifícios se relacionam com o meio ambiente. Embora na última década tenhamos avançado tecnicamente, ainda sentimos ausente a sutileza de nos movermos distante o suficiente deste cenário para ver além da praticidade e instantaneidade da aplicação destes instrumentos sustentáveis1. Nosso interesse vai além das receitas de bolo de sustentabilidade, relembrando que o tema é integrante das ciências humanas, e que portanto requer que consideremos o histórico de nossas experiências e análise da atividade atual, projetando o perfil da evolução humana. Devido a necessidade de delimitarmos um campo de análise factível, o prêmio Pritzker2 é selecionado por sua estabilidade e criteriosidade. Desde a primeira edição em 1988 a seleção de arquitetos reflete, de certo modo, o estado da humanidade naquele ano, por ser linear e constante, nos permitindo ver claramente as transições; também por seu prestígio e reconhecimento mundial de seu valor, portanto eliminando qualquer barreira para o entendimento microcultural do que se propõe este trabalho. Então, temos pontos bastante diferentes nunca antes
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Parasitas de arquitetura. Fotografia Acervo Pessoal 2012 Conjunto Nacional, Arquiteto David Libeskind, 1958 SĂŁo Paulo, Brasil
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Vitruvius apresentando o De Architectura Libri Decem, conhecido como Os Dez Livros sobre a Arquitetura para Augusto, Imperador Romano. Século I d.C. Ilustração de Sebastian Le Clerc, 1684 Roma, Itália
reunidos. De um lado temos a literatura sobre Arquitetura Sustentável que tem um objetivo muito forte, contudo ainda não se constitui como substância e estética, criando discussões infindáveis. Do outro lado temos o Pritzker Prize, que indica todos os anos um arquiteto que se destaca socialmente, cujo trabalho se torna supremo e comunicador de padrões. Por anos, temos visto a dificuldade estética que a arquitetura sustentável tem tido para se expressar, e a dificuldade que tem de demonstrar seus propósitos, não obstante, em nenhum momento nos perguntamos se o canal de transmissão destas idéias estava correto. Nos colocamos então para examinar o maior painel de referência, o Prêmio Pritzker e descobrir quanto e como tem comunicado Sustentabilidade, se tem perdido a oportunidade de comunicação ou apenas tem se expressado numa língua desconhecida. A arquitetura, bem como as outras artes esta diretamente relacionada com qualquer mudança que ocorra em nossa sociedade e economia, esta ligação é muito sutil, dificilmente notada, é raramente desvendada. Assim como o sistema neurológico, a troca sináptica de informações entre arquitetura e sociedade tem tomado forma tão rapidamente, que sua leitura se torna consideravelmente difícil de rastrear. Particularmente, no campo de Arquitetura Sustentável, ainda que consideremos os passos dados demasiado lentos, se considerarmos que cada posição assumida elimina diversas outras, trazendo a primeira rumo ao futuro, nós entenderemos o peso de nossas ações e quão rápido as aplicamos. No início foi lembrado o caráter humanista da arquitetura, segue abaixo uma importante e atemporal definição sobre arquitetura, de Vitruvius, no livro 1, capítulo 1, da série Os
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Sociedade em Equilibrio. Parque Indígena do Xingu: Da primeira expedição de 1884 à criação do Parque em 1961. Imagem Eduardo Galvão, 1964 Mato Grosso, Brasil
Dez Livros Sobre Arquitetura. “Arquitetura é a ciência resultante de muitas outras ciências, e adornada com muito e variado aprendizado; pela ajuda dos quais um julgamento é formado cujo os trabalhos são resultado de outras artes.”3 Suas palavras vão de encontro com o que foi dito; de como a arquitetura pode ser efetivamente influenciável por outras ciências. Para complementar a argumentação vamos buscar uma das descrições mais aceitas, cunhada pelo professor de História da Arquitetura de Cambridge, James Stevens Curl sobre arquitetura dita sustentável. “Arquitetura sustentável. Arquitetura que não consome energia, ou exige manutenção cara, ou está sujeita a perda de calor ou de ganho através de isolamento deficiente ou fechamento excessivo. Tais construções também são chamadas de Ambientalmente Responsáveis ou Arquitetura Verde.”4 Depois de analisar ambas as definições podemos entender como a arquitetura sustentável desviou seu caminho unilateralmente para as ciências exatas, significantemente reduzindo a interface com outras ciências como propunha Vitruvius5. Em alguns momentos no curso de nossa trajetória foi estabelecido que a implementação da sustentabilidade deveria partir de uma hierarquia de regras a seguir, similar ao Método Científico – um método ou procedimento que caracterizou as ciências naturais desde o século XVII, consistindo em uma observação sistemática, medição, experimentação, formulação, teste e modificação da hipótese – de acordo com a enciclopédia da Oxford University Press. Ainda que requeiram muitos estudos para descobrirmos qual o momento específico da mudança, não estamos tolidos em encontrar elementos perpetuadores desta brecha entre arquitetura e as ciências sociais. Em 1999, na Conferência
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Certificação LEED Silver 2004 Seattle Library. Fotografias Acervo Pessoal 2013. Selo locado sob as escadas, próximo da área técnica no subsolo. Projeto OMA/REX, 1999-2004 Seattle, Estados Unidos
Anual sobre Ecologia para o Próximo Milênio, em Dublin, a conferencista Dora Molloy, de certa forma já tinha identificado esta questão. “Para que a humanidade crie um padrão de vida sustentável neste planeta, tem que encontrar para si a espiritualidade adequada para sustentá-lo. Sem uma espiritualidade apropriada, até mesmo a idéia de sustentabilidade é insustentável.”6 A citação de Molloy, causou grande surpresa e debate naquela ocasião, devido a sobreposição imaterial à questão; porém, cultural, social, filosófica e humanista da mesma forma, até então negligenciadas. Não muito longe daquela data, o sistema internacional de certificação e orientação ambiental LEED foi criado nos Estados Unidos pelo U.S. Green Building Council. Desenvolvido em 1995 e aplicado em 1998, consiste de uma plataforma para classificação de projetos e operações da performance de construções, de casas a bairros inteiros. Devido a sua disseminação no mundo, seria quase inevitável não mencioná-lo quando dissertado sobre sustentabilidade. Contudo esta análise não levará em conta o que o documento atesta, mas todo o conhecimento que subconscientemente ele transmite. Como atestado anteriormente, as ações neste tópico tem velocidade e peso, ao contrário da crença popular; bem como num projeto de arquitetura, a hierarquia das questões acertivas, automaticamente coloca outras como menos prioritárias e equivocadas. Hoje, podemos dizer que a compilação deste material tem servido como guia, quase como uma bíblia verde para muitos profissionais, a clareza e concisão do documento é certamente a razão para seu sucesso. Mas se na matemática um 1+1=2, nós sabemos que em filosofia, por exemplo, este resultado pode ser bem diferente, e.g. 1+1=11. Infelizmente,
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Museu Histรณrico de Ningbo Imagem Amateur Architecture Studio, 2008 Zhejiang, China
como tudo que é simplificado e popularizado em demasiado, se trivializa. LEED tem sido o maior disseminador do modo como os profissionais tem encarado a arquitetura sustentável - 1 mais 1 é 2; um conhecido número de créditos sobre um certo número de créditos é igual a um prédio verde e um número de estrelas na porta da frente. Créditos similares aos aplicados pelos professores da educação infantil. A intenção deste ensaio, não é de forma alguma avaliar o material para creditação, mas procurar entender como vemos arquitetura sustentável. Se frequentemente dizemos que a arquitetura verde ainda não se integrou à arquitetura, e ainda se dá como parte adicional e componente do edifício, em um total desacordo com o desenho original, é devido àquelas medidas simplificadoras de manuais, publicações que não contribuem para o entendimento mais amplo da questão, ou ainda, impedindo o raciocínio conjunto com outras ciências, como proposto por Vitruvius. Ainda que a maioria das construções tenham sido resultado dessa lógica equivocada, não há razão para que não existam de outra maneira. Se utilizarmos o maior disseminador de arquitetura verde como causa, parece justo utilizar o mais importante prêmio de arquitetura, o Pritzker Prize, como anteparo. O prêmio anual nos dará o cenário de como a arquitetura sustentável tem ganho significância, uma vez que a seleção de arquitetos é arraigada nos eventos socioeconômicos mais relevantes. “O objetivo do Prêmio Pritzker de Arquitetura, que foi fundada em 1979 pelo falecido Jay A. Pritzker e sua esposa, Cindy, é honrar anualmente um arquiteto vivo cujo trabalho construído demonstre uma combinação das qualidades de talento, visão e compromisso, que produziu contribuições consistentes e significativas para a humanidade e para o
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New Academy of Art in Hangzhou. Projeto Studio Amateur, Wang Shu Imagem Xiaoli Wei, 2012 Hangzhou, China
ambiente construído através da arte da arquitetura”.7 The Hyatt Foundation, 2000 Devido ao nosso interesse no presente e a escassez de tempo para analisar toda a trajetória do prêmio, consideraremos os últimos laureados da década. Contudo, antes do diagnóstico, vamos brevemente tomar conhecimento da descrição do contexto econômico mundial elaborada pelo economista alemão Antony Mueller em 2011 – ano de início da nossa análise. “O ano de 2011 será lembrado como o ano da crise soberana europeia. Esta crise ainda não é superada. Ao contrário. O risco para 2012 é de que a crise europeia vá se espalhar por contágio e também afetar os países emergentes. A estagnação na Europa e nos Estados Unidos vão continuar. Junto com o Japão, as maiores economias do mundo estão em crise. Passo a passo a crise também afetará os países em desenvolvimento”8 Foi neste cenário que Wang Shu, arquiteto chinês, foi anunciado laureado de 2012, com a ata que segue: “O fato de que um arquiteto da China foi selecionado pelo júri, representa um passo significativo no reconhecimento do papel que a China vai desempenhar no desenvolvimento dos ideais arquitetônicos. Além disso, nas próximas décadas, o sucesso da China na urbanização será importante para a China e para o mundo. Esta urbanização, como a urbanização em todo o mundo, precisa estar em harmonia com as necessidades e cultura locais. Oportunidades sem precedentes da China para o planejamento urbano e design vão requerer harmonia com o sua tradição e suas necessidades futuras para o desenvolvimento sustentável. [...] A arquitetura do Pritzker Prize Laureate de 2012 ,Wang Shu, abre novos horizontes ao mesmo tempo que se comunica com o lugar e a memória. Seus edifícios têm a capacidade única para evocar o passado, sem
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Parede Museu Histórico de Ningbo. Fotografia Siyuwj. 01 de fevereiro de 2014, às 16:18 Zhejiang, China
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Biblioteca de Universidad Tama. Projeto Toyo Ito, 2006 Imagem Iwan Baan, 2007 Tรณquio, Japรฃo
fazer referências diretas a história. [...] A arquitetura de Wang Shu é exemplar no seu forte sentido de continuidade cultural e revigorada tradição. Em trabalhos realizados pelo escritório que ele fundou com sua sócia e esposa Lu Wenyu, o Amateur Architecture Studio, o passado é, literalmente, uma nova vida, com a relação entre passado e presente sendo explorada. A questão da relação adequada do presente para o passado é particularmente oportuna, para o recente processo de urbanização na China convida ao debate sobre se a arquitetura: se deve ser ancorado na tradição ou deve olhar apenas para o futuro. Como em qualquer grande arquitetura, o trabalho de Wang Shu é capaz de transcender esse debate, produzindo uma arquitetura que é atemporal, profundamente enraizada no seu contexto e no entanto universal. [...] Wang Shu sabe como enfrentar os desafios de construção e empregam-os a seu favor. Sua abordagem para a construção é ao mesmo tempo crítica e experimental. Através da utilização de materiais reciclados, ele é capaz de comunicar várias mensagens sobre o uso racional dos recursos e respeito pela tradição e contexto, bem como dar uma avaliação franca da tecnologia e da qualidade da construção de hoje, particularmente na China. As obras de Wang Shu que usam materiais de construção reciclados, como telhas e tijolos das paredes desmontadas, cria ricas colagens de textura e relevo. Em colaboração com os trabalhadores da construção, o resultado às vezes tem um elemento de imprevisibilidade, o que no caso dele, dá aos edifícios um frescor e espontaneidade.” Membros do Juri, 2012 A arquitetura de Wang Shu é extremamente enraizada na cultura chinesa e a sustentabilidade em que se apoia é a mais delicada e sutil, como descrita pelo júri. O Museu de História Ningbo é uma das mais importantes formas de
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Terremoto de 6,1 graus na escala Richter Imagem REUTERS/Farshid Tighehsaz/ISNA, 2013 Buhehr, IrĂŁ
expressão sustentável, por entender os elementos de reúso não apenas como parte física da construção, mas como elementos comunicadores de tradição. Quando reusa telhas e tijolos de paredes desfeitas, cria uma rica textura que vai além da expressão do material, e produz uma nova mensagem utilizando-se dos mesmos signos linguísticos. O que vemos então, é uma mudança de foco, é a tentativa de atingir algo além do proposto pela sustentabilidade, é o começo da superação da palavra que começa a se desgastar. O que depreendemos é a transformação da Arquitetura Sustentável, em apenas Arquitetura. A arquitetura voltando a ser a ciência embebida pelas outras; a química, a matemática, história, geografia e física têm mais uma vez peso semelhante no objeto arquitetônico produzido. Por fim, a racionalidade não é mais a operação do passo a passo do manual, mas se direciona para a equação proporcional entre tecnologia e humanidade. Se duvidávamos que nossa geração esta produzindo algo relevante, foi comprovado que estamos. Acreditamos que a Arquitetura Sustentável ainda estava amorfa, procurando uma expressão para o corpo, batalhávamos entre a que tem a superfície sustentável e a outra que apenas tem a alma; a intenção. Com o último exemplo, percebemos que não necessitamos de uma arquitetura rotulada, muito menos uma que resulte em parasitas de fachadas. Podemos constatar que a Arquitetura Sustentável pode ir além do proposto, próxima a dissolver-se e não ser notada, até o ponto que simplesmente seja Arquitetura. Ainda que este manuais verdes, sejam revisados periodicamente, personalizados e constantemente colocando a presença do homem no processo, e.g. LEED V49 (versão 4) é necessária uma mudança de visão nestes
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Enchentes e deslizamentos de terra em Petrópolis Imagem Divulgação/FAB, 2013 Rio de Janeiro, Brasil
documentos que em última instância produzem um livro de receitas. Como acabamos de ver, existem outros arquitetos como Wang Shu que com o revés da economia, teve ainda mais embasamento e apelo o seu trabalho – efetivamente cultural e sustentável, adicionalmente, econômico. Em 2004 o prêmio havia sido entregue a Zaha Hadid, afamada por desenvolver projetos distintos, decostrutivistas, popularmente futuristas, e monetariamente dispendiosos. Com o declínio da economia, a arquitetura que representa nosso tempo também mudou, com o primeiro premiado dentro deste contexto, Peter Zumthor. Seguido de outros, como Eduardo Souto de Moura, ligados a intervenção vernacular e prudente, próximas de Wang Shu. Em 2012, o prêmio foi entregue a Toyo Ito, abre-se uma brecha na trajetória para premiar o arquiteto tardiamente. Talvez já não haja mais contexto no futuro em que este possa receber a premiação, e a ausência de um representante contemporâneo o faz pertinente. Em sua agenda, sustentabilidade não está no topo da lista, tampouco sua arquitetura é singela e vernacular. Por detrás da imaterialidade, um formalismo vigoroso nos afasta do objetivo deste ensaio. Já no ano de 2013 não houveram lacunas: Terremotos - 6 fevereiro.- Tsunami seguido por terremoto de 8 graus na escala Ritcher atinge as Ilhas Salomão, deixando 11 mortos e três aldeias arrasadas. - 9 abril.- Um terremoto de 6,1 graus na escala Richter em Buhehr, no Irã, deixa 37 mortos, 950 feridos e 800 casas destruídas. - 16 de abril.- Um terremoto de 7,5 graus de magnitude, com epicentro no Irã, deixa 32 mortos e 150 feridos em Baluchistão, no Paquistão, com o desabamento de cerca de 200 casas na aldeia de Zawat, e no Irã, um morto e 27 feridos em Saravan. - 20 abril.- Um terremoto de 7 graus na escala Richter em Sichuan, na China, deixa 192 mortos,
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Terremoto e Tsunami no Jap찾o Oriental. Sistema de divis처rias de papel찾o Imagem Shigeru Ban Arquitetos. 12 de novembro de 2011 Otsuchi, Jap찾o
25 desaparecidos, 12 mil feridos, 220 mil evacuados e 13 mil casas destruídas. - 2 julho.- Terremoto de 6,1 graus na escala Ritcher na ilha de Sumatra, na Indonésia, deixa 35 mortos, 8 desaparecidos, 275 feridos e 4.292 casas destruídas. - 22 julho.Um terremoto de 6,6 graus Richter em Gansu, na China, deixa 95 mortos, 1.001 feridos, 226.700 evacuados e derruba 51.800 casas. - 24 setembro.- Um terremoto de 7,7 graus de magnitude no Baluchistão, no Paquistão, deixa 375 mortos, 755 feridos, 150 mil afetados e 40 mil casas derruídas. Após o terremoto, emergiu a ilha de Zalzala Koh. Outro terremoto de 6,8 graus deixou 12 mortos no dia 28 mortos. - 15 outubro.- Terremoto de 7,2 graus na escala Richter na ilha de Bohol, nas Filipinas, deixa 156 mortos, 22 desaparecidos e 3,3 milhões de afetados. Ondas de frio - 2-7 janeiro.- Uma onda de frio castiga a Índia e deixa 126 mortos, em sua maioria indigentes. - 6 janeiro.Temperaturas de até 40 graus abaixo de zero na China deixam dois mortos e 770 mil afetados. - 23 janeiro.- Onda de frio de até 30 graus abaixo de zero atinge nordeste dos Estados Unidos e deixa três mortos. - 5 março.- Uma onda de frio castiga a Rússia com temperaturas inferiores a 20 graus abaixo de zero, deixando quatro mortos. - 18-25 julho.- Seis mortos após onda de frio que castiga Argentina, Brasil e Paraguai. Ondas de Calor - Junho.- São descobertos 27 corpos de imigrantes ilegais no deserto do Arizona, nos Estados Unidos, onde as temperaturas superam os 45 graus. No Arizona, Califórnia e Nevada houve centenas de pessoas hospitalizadas, somente 200 em Las Vegas. Erupções vulcânicas - 7 maio.- Cinco mortos após uma explosão que sacudiu as aldeias próximas ao vulcão Mayon, nas Filipinas. - 12 agosto.- Uma nuvem de fumaça de 2 mil metros e a erupção do vulcão Rokatenda deixam seis mortos e 500 evacuados na ilha de Palue, na Indonésia. Inundações 17-18 janeiro.- Graves inundações em Jacarta, na Indonésia,
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Terremoto de Sichuan. Projeto de salas de aula temporárias para crianças. Mais de 100 voluntários chineses e japoneses trabalharam para construir as estruturas. Imagem Voluntary Architects’ Network, 2008 Chengdu, China
deixam 26 mortos e 33 mil desabrigados. - 12-30 janeiro.- 48 pessoas morrem em Moçambique, 150 mil são evacuadas e 240 mil afetadas pelas inundações. - 24-25 março.- As intensas precipitações em Petrópolis, no Brasil, deixam 33 mortos e dezenas de feridos. - 2-4 abril.- Temporal que castigou cidades de Buenos Aires e La Plata deixam 54 mortos na Argentina. Março-6 maio.- 91 pessoas morrem, 98.500 são evacuadas, 700 casas são destruídas e 5.500 hectares de plantações danificados pelos alagamentos no Quênia. - 1-20 junho.- 27 mortos, milhares de casas e hectares inundados, perdas milionárias e milhares de evacuados no norte e centro da Europa após os rios alcançarem níveis históricos, provocados pelas fortes chuvas e as águas do degelo. - 17-26 junho.- As chuvas de monção deixam na Índia 882 mortos e 2 mil desaparecidos. Furacões, ciclones, tufões e tornados - 14-17 maio.- 50 mortos, 50 desaparecidos e um milhão de evacuados após a passagem do ciclone “Mahasen” por Mianmar e Bangladesh. - 20 maio.- Um tornado, de categoria EF5, arrasa Oklahoma City e deixa 24 mortos e 237 feridos. - 13-16 julho.- O tufão Soulik deixa em Taiwan três mortos, um desaparecido e 123 feridos, e na China, 108 mortos, 183 desaparecidos e um milhão de afetados. - 1418 setembro.- A confluência do furacão “Ingrid”, no Atlântico, e do furacão “Manuel”, no Pacífico, deixam no México 157 mortos, dezenas de desaparecidos e 1,7 milhão de afetados. 7-11 novembro.- O supertufão “Haiyan”, de categoria 5, deixa nas Filipinas 5.500 mortos, 26.136 feridos, 1.757 desaparecidos e 9,9 milhões de afetados. No Vietnã, o mesmo tufão deixou 13 mortos e 600 mil evacuados, além de oito mortos em Taiwan e 12 mortos e 12 desaparecidos na China. - 9-10 novembro.- 300 mortos e centenas de desaparecidos e aldeias inteiras destruídas após a passagem de um ciclone tropical por Puntlândia, na Somália. 10
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Desabrigados na índia. Projeto utilizou escombros dos edifícios destruídos, paredes de papel, e telhado de bambu e lona plástica. Imagem Kartikeya Shodhan/Shigeru Ban Architects, 2001 Bhuj, Índia
Foi neste cenário que o arquiteto japonês Shigeru Ban, foi laureado pela fundação Pritzker no ano de 2013. Embora entre os projetos selecionados estejam o Centro Pompidou em Metz, na França e a sede do Clube de Golf Haesley Nine Bridges na Coreia, não foram estes os determinantes. Ele fundou seu escritório em Tóquio, em 1985, ainda com pouca experiência passou a projetar uma série de residências no Japão, como a Three Walls (1988), Curtain Wall House (1995) e Naked House (2000). Em 1994 ele projeta as primeiras estruturas em tubos de papelão para serem utilizadas como abrigo temporário para refugiados Vietnamitas do terremoto de Kobe que ocorrera no mesmo ano. Foi através desse material que Ban desenvolveu sua agenda. Durante momentos de desastre, a disponibilidade de materiais é limitada, a reconstrução é uma das grandes preocupações e envolve o elevado preço de mercado da ocasião. O papelão tubular, por outro lado, não sendo um material construtivo típico, não é caro e é muito acessível. Durante a crise de refugiados de Ruanda, em 1995, o material se mostrou vantajoso, frente ao desmatamento gerado pelas cabanas com estruturas de troncos e galhos de árvores. A ONU suplementou os assentamentos com tubos de alumínio, mas estes eram muito caros e acabaram sendo usados como moeda de troca por dinheiro. O uso do papelão economizou dinheiro, conservou as árvores locais e preveniu o furto11. Segundo o júri: “Shigeru Ban, o laureado 2014, reflete o espírito do prêmio ao máximo. Ele é um arquiteto de destaque que durante vinte anos, vem respondendo com criatividade e desenho de alta qualidade as situações extremas causadas por desastres naturais devastadores. Seus edifícios fornecem abrigo, centros comunitários e locais de espiritualidade para aqueles que
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Tufão Soulik. Deixa em Taiwan 3 mortos, 1 desaparecido e 123 feridos, e na China, 108 mortos, 183 desaparecidos e um milhão de afetados. Imagem de satélite NOAA – Estados Unidos – satélite MTSAT – 2 , 9 jul 2013, 7h30 UTC (4h30 em Brasília). Chengdu, China
sofreram tremenda perda e destruição. Quando a tragédia atinge, ele muitas vezes está lá desde o início, como em Ruanda, Turquia, Índia, China, Itália e Haiti, e no Japão, seu país natal. Sua abordagem criativa e de inovação, principalmente em relação aos materiais de construção e estruturas, não apenas boas intenções, estão presentes em todas as suas obras. Através do desenho de excelência, em resposta aos desafios prementes, Shigeru Ban expandiu o papel da profissão; ele fez um lugar na mesa para os arquitetos participarem do diálogo com os governos e órgãos públicos, filantropos e as comunidades afetadas. Seu senso de responsabilidade e de ação positiva para criar a arquitetura de qualidade para atender às necessidades da sociedade, combinado com a sua abordagem original para estes desafios humanitários, fazem deste um profissional exemplar. [...] Para Shigeru Ban, a sustentabilidade não é um conceito para acrescentar depois do fato; ao contrário, ela é intrínseca à arquitetura. Suas obras se esforçam para que produtos e sistemas adequados estejam em harmonia com o meio ambiente e ao contexto específico, faz o uso de materiais renováveis e de produção local, sempre que possível.” Nestas condições é sentido pela comunidade de estudiosos, que a sustentabilidade não é um estado final e utópico. Segundo o Centro para Resiliência da Universidade de Ohio12 “sustentabilidade é um conjunto de sistemas adaptativos dinâmicos que são capazes de prosperar e crescer em face da incerteza e mudança constantes.” Atingir a sustentabilidade exigirá inovação, visão e parcerias eficazes entre empresas, governos e outros grupos, incluindo arquitetos diligentes, como Shigeru Ban. Embora não possamos prever o futuro, podemos equipar-nos para se adaptar à turbulência que vem pela frente. Resiliência pode ser a chave para a sustentabilidade global.
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Campo de petrรณleo. Fotografia Sebastiรฃo Salgado, 1991 Burgan, Kuwait
O Dow Jones Sustainability Indexes é um indicador global de performance financeira, criado em 1999, reflexo de uma preocupação crescente das empresas e grupos econômicos com um mundo sustentável. O DJSI não pode ser ignorado, pois este tem sido um grande propulsor da sustentabilidade efetiva dos que detém o controle dos recursos naturais e econômicos atualmente, direta e indiretamente – as grandes corporações. O grupo define sustentabilidade corporativa como “uma abordagem de negócios que cria valor a longo prazo para os acionistas, abraçando as oportunidades de gerenciar os riscos decorrentes da evolução econômica, ambiental e social.” Porém, isto também significa que uma empresa que é sustentável no sentido do negócio não é necessariamente sustentável no sentido mais amplo de contribuir para o desenvolvimento sustentável global. O DJSI parece contar com as forças sócio-econômicas, como por exemplo, as pressões das partes interessadas, para criar expectativas para as empresas buscarem desenvolvimento sustentável.13 Dentro deste quadro, estudiosos perceberam que a sustentabilidade tem se tornado um termo abrangente, de significados variados, um não menos verdade que outros, porém coletivamente transviados do objetivo inicial. A resiliência, surge para amarrar os pontos, e convergir os nós. Isso requer a visualização das culturas e sociedades como sistemas dinâmicos, que estão intimamente ligadas aos sistemas ambientais e econômicos, em diferentes escalas, desde o produto individual até a escala da empresa, do regional ao global. Desse modo, a resiliência é uma característica universal que capta a sustentabilidade de ambos os sistemas naturais e antrópicos. De Wang Shu para Shigeru Ban, há uma diferença que é a
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Serra Pelada. Fotografia SebastiĂŁo Salgado, 1986 Para, Brasil
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Pirâmides de Gizé. Tumbas para os reis Quéops, Quéfren, e Miquerinos, 2550 a.C Cairo, Egito
completude do segundo. Ambos são embasados num painel sustentável, contudo Ban amplia os meios e não lê barreiras geográficas, ou se enquadra em nichos socioeconômicos. Seu trabalho fundi as disciplinas do conhecimento humano, e é exatamente nesta ação resiliente, que tem no extrato sustentabilidade, que vamos explorar a maneira efetiva de contribuir no contexto contemporâneo com as condições do planeta. Por último, é sabido que todas as informações que consumam nosso planeta são intimamente relacionadas, que a arquitetura é como um recife de corais e pode sofrer a cada mudança de temperatura das águas, enquanto sua matéria e existência podem gerar alertas e conceitos de tempo bastante claros a humanidade. A arquitetura em relação a sustentabilidade, mostrou-se capaz de se tornar protesto e profecia, razão e incentivo para uma brava sociedade, em que se torna vetor e intervenção para renovação social, e possivelmente indutor de um novo Zeitgeist. ~
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Origem, PrincÃpio e Meio
THOMAS YOUNG THOMAS TREDGOLD ROBERT MALLET CRAWFORD HOLLING NORMAN GARMEZY BRYAN WALSH STEPHEN FLYNN
Resiliência é um conceito oriundo da física que ganha significado a partir dos escritos do físico, médico e egiptólogo britânico Thomas Young1 na transição para século XIX. As primeiras citações de Young remetem a sua pesquisa sobre o Equilíbrio e Força de Substâncias Elásticas (On the Equilibrium and Strength of Elastic Substances) documentada no livro Obras Póstumas Variadas de Thomas Young de 18552, que se refere à propriedade de que são dotados alguns materiais, de acumular energia quando exigidos ou submetidos a estresse sem ocorrer ruptura. Contemporâneo a Young, o engenheiro britânico Thomas Tredgold3 fizera uso da palavra em 1818, para descrever a propriedade de algumas madeiras para resistir a grandes cargas inesperadas sem se romperem, seguido pelos estudos do engenheiro irlandês Robert Mallet4 que tomou como estudo de caso as estruturas de madeira dos navios e seu desempenho frente aos repentes do mar. Etimologicamente, a palavra surge na metade do século XVII do Latim, do verbo resilire (pular de volta, ricochetear) e predecessora a esta, no começo do século XVI, a palavra resile (recuar) do Francês obsoleto, re(voltar) + salire(saltar).5 Na década de 1970, o professor de ciências ecológicas e canadense, Crawford Holling6 foi o primeiro a introduzir o conceito de resiliência para a ecologia e meio ambiente. Utilizou o termo para descrever a persistência dos sistemas naturais em face as mudanças do ecossistema devido a causas naturais ou antropogênicas. No volume 4, do Anuário de 1973 sobre Ecologia e Sistemáticas na publicação Resiliência e Estabilidade dos Sistemas Ecológicos7 (Resilience and stability of ecological systems), Holling define como resiliência o tempo necessário para um ecossistema voltar ao equilíbrio ou em estado estacionário, após uma
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ResiliĂŞncia - da Psicologia Ă Arquitetura The Falling Man. Fotografia Richard Drew, Associated Press 09:41:15 durante os ataques de 11 de setembro de 2001 ao World Trade Center Nova Iorque, EUA
perturbação, e a capacidade de absorvê-la e reorganizar-se enquanto passa por mudanças de forma, mas ainda retendo essencialmente a mesma função, estrutura e identidade. Nessa mesma década o cientista em psicologia clínica e americano Norman Garmezy8, organiza o projeto de pesquisa Estudo Longitudinal de Competência (Project Competence Longitudinal Study - PCLS) onde faz uso do conceito de resiliência inicialmente, para o estudo de crianças com esquizofrenia. O êxito do grupo expande o conceito para outras disciplinas da psiquiatria, englobando o interesse na habilidade dos adultos de lidarem com situações anormais, principalmente quando retornam de situações de guerra, ou de desastres ainda mais rotineiros como acidentes de carro. Aplicações mais contemporâneas no âmbito institucional e político, na América do Norte e Europa, expuseram o termo no âmbito social. Em janeiro de 2013 a revista americana Time elegeu o tema como o grande assunto do ano, com a matéria de Bryan Walsh, Adaptar ou Morrer: Porquê a palavra-chave de 2013 será Resiliência (Adapt or Die: Why the Environmental Buzzword of 2013 Will Be Resilience)9. O texto discorre sobre experiências com desastres pelo mundo, do Katrina em New Orleans ao Tsunami, na Ásia, uma base sólida para a discussão do que pode ser implementado imediatamente para salvar a economia e a vida dos cidadãos dessas áreas. Um dos primeiros usos do termo, no contexto das políticas públicas, apareceu em 2005 no livro América a Vulnerável: Como Nosso Governo tem Falhado em Nos Proteger do Terrorismo (America the Vulnerable: How Our Government is Failing to Protect Us from Terrorism)10 do conselheiro de Relações Exteriores e professor de ciências políticas americano, Stephen Flynn. Nele o autor define Resiliência como a habilidade positiva que um sistema ou
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Resiliência - da Natureza à Arquitetura The Great Wave of Kanagawa. Katsushika Hokusai Xilogravura da série Trinta e seis vistas do monte Fuji, 1830 Kanagawa, Japão
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Resiliência - da Política à Arquitetura Diretas Já. Fotografia Folhapress Abril de 1984 durante manifestações que tomaram o Congresso Nacional Brasília, Brasil
empresa tem de se adaptar às consequências de uma catástrofe causada por queda de energia, incêndio, bombardeio, ou eventos similares, resumidamente, a habilidade do sistema em cooperar com a mudança. No mesmo contexto político, de acordo com o Instituto de Perigo, Risco e Resiliência da Universidade de Durham11, o governo do Reino Unido têm reescrito seu código civil e fundamentado sob o conceito de Resiliência. Programas de pesquisa, institutos e centros para o estudo da Resiliência têm sido implementados nas universidades, e Faculdades de Negócios têm aderido ao conceito para explicar o porquê e como organizações têm de adaptar sua estratégia para alcançar as demandas do sempre mutante, mercado de negócios. Dentro dos campos que mais desenvolvem o conceito e não menos importante, a Resiliência na Arquitetura e Urbanismo se manifestou com firmeza apenas na última década, tardiamente em razão do tema ter se ramificado e dissolvido seus limites entre os campos do conhecimento porém com velocidade sem igual. A resiliência, desde o uso exclusivo na Física caminhou para a interdisciplinaridade, atualmente, é unanime que o conceito seja uma matriz capaz de filtrar idéias e práticas em todos os campos do conhecimento. A arquitetura como responsável pelo ambiente construído foi intimada após uma sequência de desastres naturais nos últimos anos que devastaram cidades inteiras, e se não mataram, desalojaram milhões de pessoas. De acordo com o Observatório de Deslocamentos Internos (The Internal Displacement Monitoring Centre - IDMC)12 entre 2008 e 2012, foram desabrigados devido a desastres 143,9 milhões de pessoas no mundo. O furação Sandy em 2012, atingindo a cidade de Nova Iorque, deixou claro que as grandes cidades também não estão a salvo. Mas se o termo
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‘modulus of resilience’ para a Guerra da Crimeia Batalha de Sinop, pintura Ivan Konstantinovich Aivazovskii
Robert Mallet, 1850 ‘modulus of resilience’ durante a Guerra da Crimeia Tomou como estudo de caso as estruturas de madeira dos navios e seu desempenho frente aos repentes do mar
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Gráfico de Hol
UK’s Institute of Civil Engineers aceita o termo
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Resiliência incluso no manual em 1867, foto Stephen Craven
Thomas Young , 1855 On the Equilibrium and Strength of Elastic Substances, propriedade de que são dotados alguns materiais, de acumular energia quando exigidos ou submetidos a estresse sem ocorrer ruptura
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TRAGETÓRIA
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1800
1810
Mansfield Merr Define resiliênc livro sobre Mec Materiais e de v e Shafts em Ya
uso da palavra resiliência
Thomas Tredgold, 1818 Propriedade de algumas madeiras para resistir a grandes cargas inesperadas sem se romperem
1820
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Fonte Google’s Ngram tool
1850
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Reino Unido ao de Portugal e Algarves 1815
Dom Pedro proclama a independência do Brasil 1822
1 bilhão
Pintor paraibano Pedro Américo (óleo sobre tela, 1888)
BR
La
Ima
Inauguração da primeira estrada de ferro do Brasil 1854 Imagem Associação Nacional de Preservação Ferroviária
O rio Amazonas é aberto à navegação internacional 1866.
Proclamação da Re
Óleo sobre tela de Bene
Norman Garmezy , 1975 O cientista em piscicologia clínica organiza o projeto de pesquisa Project Competence Longitudinal Study - PCLS onde faz uso do conceito de resiliência inicialmente, para o estudo de crianças com esquisofrenia
61999,bilhões ONU
cidades resiliêntes? 09 11 Ataque ao World Trade Center imagem worldstatesmen
lling
Primeira Guerra Mundial Resiliência nula, 1914 foto Getty Images
Crawford Holling , 1973 Resilience and stability of ecological systems sobre o ecossistema voltar ao equilíbrio ou em estado estacionário, após uma perturbação, e a capacidade de absorvê-la e reorganizar-se enquanto passa por mudanças de forma, mas ainda retendo essencialmente a mesma função, estrutura e identidade
A RESILIÊNCIA
riman, 1887 cia em seu cânica dos vigas, colunas ale
900
Stephen Flynn , 2005 Escreve, América a Vulnerável: Como Nosso Governo tem Falhado em Nos Proteger do Terrorismo? Resiliência no contexto das políticas públicas
1910
1920
1930
1940
RASIL
agen Infoescola
edito Calixto (1893)
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2000
Moeda comemorativa 500 anos do Brasil
ançada a candidatura Getúlio Vargas 1929
epública 1889
1950
Fim dos governos militares e início da Nova República 1985 Ulysses Guimarães segurando a Constituição de 1988, Arquivo ABr
O país comemora os 500 anos do descobrimento, 2000 Coroa Vermelha, na Bahia, missa recriada, imagem o globo
Inauguração da cidade de Brasília 1960 Fotografia René Burri
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ResiliĂŞncia - do passado ao futuro, ao passado Estrada de Ferro Central do Brasil, Manifesto e Movimento Pau-Brasil, 1924 Autora Tarsila do Amaral, Ă“leo Sobre tela Brasil
ganhou dimensão nos Estados Unidos, em face aos desastres naturais, no Brasil o termo torna-se pertinente aos desastres de natureza construída. Segundo o Anuário Brasileiro de Desastres Naturais de 2012 13, em sua segunda edição, foram 376 desastres naquele ano, onde a maioria fora afetada pela seca e estiagem no nordeste do país, contudo os que causaram à população brasileira maior número de mortes foram os movimentos de massa e enxurradas na região sudeste, em decorrência da ocupação de áreas de risco e da grande impermeabilização do solo. Estas questões datam da conformação das cidades brasileiras, e embora recorrentes, encontram subterfúgios culturais que justificam sua persistência. Na Arquitetura e Urbanismo o desafio será de transcender a modernidade, partir da resistência para resiliência, para tanto é fundamental discorrer sobre pesquisas, práticas, idéias, conversas e experiências no tema desenvolvidas até o presente, e num segundo momento, assimilados, partir para a própria trajetória crítica e desenvolvimento da ótica nacionais. ~
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Resistência a Resiliência
JOSEPH FIKSEL MILTON SANTOS RICHARD SENNETT EMERSON MARCELINO LUCÍ NUNES MASATO KOBIYAMA BRIAN WALKER
Embora muitas empresas e sociedade tenham adotado objetivos sustentáveis, o efetivo desenvolvimento dessa natureza ainda é desafiador devido a abrangência econômica, ambiental e social que deve ser considerada por todo o ciclo desse sistema integrado. Modelos políticos e estratégias socioeconômicas tradicionais tentam antecipar e resistir a adversidades, mas podem ser vulneráveis a imprevistos. O diretor do Centro de Pesquisa para Resiliência da Universidade Estadual de Ohio1, Joseph Fiksel2, escreve em seu artigo científico Designing Resilient, Sustainable Systems3 (2003) que uma alternativa seria desenvolver sistemas com “resiliência inerente”, fazendo uso de características fundamentais, como diversidade, eficiência, adaptabilidade, e coesão. Contudo, estas propriedades não são familiares ao modelo de sociedade construída, principalmente, após a Revolução Industrial. Momento em que a produção artesanal foi substituída pela produção por máquinas, período em que houve um pontapé no uso da energia, numa produção crescente e usurpadora, onde aconteceu a substituição da madeira e de outros biocombustíveis pelo carvão, entre outras ações que romperam com o passado e apresentaram um percurso intencionalmente, unilateral para a humanidade.4 Na arquitetura, o movimento moderno, representante das artes liberais, realizou uma quebra de paradigma. A necessidade de moradias após a Grande Guerra alinhada ao reducionismo essencial de Le Corbusier pós-renacismento, junto a uma produção incessantemente predisposta, foram os ingredientes para a construção do lugar moderno. Até o século XV era a virtude da redescoberta e revalorização das referências culturais da antiguidade clássica que embasavam uma sociedade humanista e naturalista. Três séculos
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Bombardeio de Osaka. Boeing B-29A-45-BN Superfortress 44-61784 6 BG 24 BS Imagem U.S. Air Force. 13 de marรงo de 1945 Osaka, Japรฃo
depois, os aglomerados centralizadores; as grandes cidades que conhecemos hoje, alicerçaram o homem público em contraponto a existência de um privado. Integrante de uma sociedade que suprimira o feudalismo pelo capitalismo, o campo pela cidade, o processo pelo produto, o homem pela máquina. Hoje as medidas sustentáveis , que perseguem a existência futura deste planeta, englobam a tríplice: economia, sociedade e meio-ambiente, Triple Bottom Line5, e se articulam para suturar ao menos 500 anos da cultura descrita, de fronteiras geográficas, nacionalidades e soberanias. O consenso de que os recursos naturais são finitos nos levou a inserir este dado nas dinâmicas do presente. Contudo, se assinalamos eventos de transição que percorreram ao menos um século, estamos apenas no início de uma revolução para a Resiliência. Globalização, conceito cunhado no final dos anos 1980, exaurido, bem como se encaminha o vocábulo Sustentabilidade, pode ser tomado como propulsor da idéia do extraterritorial e interconectado. O termo surgiu por meio da imprensa financeira internacional, sinônimo de aplicações monetárias e de investimentos pelo mundo afora. No início de seus estudos, Milton Santos6 dissertou sobre estas qualidades da globalização econômica, contudo, já no final de sua vida acreditava numa globalização solidária, baseada em outros valores que a da hegemônica. Segundo ele “cada lugar é, ao mesmo tempo, objeto de uma razão global e de uma razão local, convivendo dialeticamente”7 (Santos, 1996, p. 273) Pode-se dizer que as relações até então eram justapostas, e a partir disso superpostas; um primeiro passo para a Resiliência. Esta interpretação sináptica, inserida numa complexidade agora familiar, alerta as diferentes
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Maquete 1:200 World Trade Center Projeto Minoro Yamasaki. Imagem American Architectural Foundation, 1973 Nova Iorque, EUA
comunidades sobre os desdobramentos de decisões locais. A consciência, natural aos países desenvolvidos, é ativada em países em desenvolvimento e subjugados. Outro passo importante nesse mesmo eixo foi a transição de uma globalização tecnocrática para uma cultural. Segundo Milton Santos “O espaço se globaliza, mas não é mundial como um todo, senão como metáfora. Todos os lugares são mundiais, mas não há espaço mundial. Quem se globaliza, mesmo, são as pessoas e os lugares.”8 (Santos, 1994, p. 31) O homem que apontamos ainda é o mesmo que assistiu o fim da segunda guerra mundial. “É nessa mesma geração que se operou a maior parte da destruição física do domínio público”9 (Sennet, 1993, p. 30). Nas décadas que procederam 1945, o fôlego foi gasto em tentar recuperar um estado anterior, reestabelecer o que havia antes, do modo como era. Entre reconstruir sua própria identidade e identificar a identidade do outro, no final do século XX, a humanidade experienciou o caos da ausência de referencial e a implementação forçosa de outros. Evidentemente, o que foi, já não o é. O termo Segunda Revolução Industrial era usado na imprensa e pelos industrialistas para se referir às mudanças consequentes da dispersão da nova tecnologia após a Segunda Guerra Mundial. O input da tecnologia foi fundamental na compreensão de novos horizontes, ainda que divergentes das ambições restauradoras; outro passo importante no cerne da Resiliência. Embora haja certo repúdio no boom Econômico Pós-guerra, ele é um dos comprovantes de que houve um alargamento das capacidades e inovações, mesmo, e principalmente, em situação pós-catástrofe. Nesse percurso de nossa história recente, não foram apenas as guerras o ponto decisivo para a Resiliência. As ações e reações eram fruto imediato de uma condição prévia e
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Playtime. Interior de edifício de escritórios na cidade moderna. Direção Jacques Tati, 1967 Paris, França
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A Cidade Contemporânea. Arranha-cÊu de Istambul a ser demolido para proteger a cidade e Hagia Sofia, 2014. Imagem Gorkorg Istambul, Turquia
estabelecida. Surpreendentemente, foram paradigmáticos os atentados de 11 de setembro de 200110. Na medicina, um corpo com baixa resistência é mais suscetível à enfermidades, ainda assim um corpo saudável não garante a estabilidade da vida. Reagir ao inesperado, ao casual é onde se esconde o verdadeiro esforço resiliente, seja qual for a circunstância, que se pressupõe temporária. A queda das torres gêmeas do World Trade Center11, embora parte de uma guerra silenciosa, não integravam qualquer lógica da dinâmica de conflitos contemporâneos. Nem a cidade de Nova Iorque nem o Departamento Antiterrorismo Americano, estavam preparados para reagir ao imprevisto. Também de súbito, o mundo sucumbiu diante da realidade surreal. Esta incapacidade ao adverso, natural do homem, após 2001 se estreita um pouco mais; aceitar a probabilidade do inesperado frente a certeza do possível ou impossível, é outro passo importante na construção do conceito da Resiliência. Além disso, a natureza multidisciplinar desse delito, ativou todas as formas de Resiliência já estudadas (na Física, Ecologia, Psicologia, Econômica e Social) mais, fez compreender que todas estavam relacionadas e interdependentes, simultaneamente regidas. Resistir volta a ser a pior maneira de reagir quando nos deparamos com a imprevisibilidade da natureza durante as últimas décadas. O artigo científico Banco de dados de desastres naturais: Análise de dados globais e regionais12 publicado na revista Caminhos de Geografia, da Universidade Federal de Uberlândia atenta para a maior exposição e vulnerabilidade da sociedade contemporânea. Os autores, Emerson Marcelino, Lucí Nunes e Masato Kobiyama identificam que nas últimas décadas tem havido
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A Cidade Contemporânea. Partenon e a Acrópole. Imagem LemnosExplorer, 2000 Atenas, Grécia
um incremento na freqüência e na intensidade dos desastres naturais em todo o globo. De acordo com os dados do EM-DAT13 (International Disaster Database) este aumento foi mais significativo a partir da década de 50, agravandose na década de 80. Analisando dados do mesmo banco para o período de 1900-1998, Smith (2000) cita que “a média anual de desastres salta de 50 para 250 casos por ano a partir da década de 1980. Com base nos dados da ONU, também observou-se um aumento significativo da população total mundial. Assim, pode-se, preliminarmente, chegar a afirmações categóricas sobre a relação direta entre o aumento da população e o incremento das ocorrências de desastres.”14 Resultado do percurso acima, o homem contemporâneo navega suspenso. O pesquisador Brian Walker15, do Centro para Resiliência de Estocolmo16, sucintamente indaga sobre nosso cenário atual17. “Então, o quanto podemos mudar sem perder nossa identidade, antes de se tornar um outro alguém? Quanto uma cidade pode mudar, antes de se tornar um outro tipo de cidade? Ou uma floresta. Quanto pode-se mudar uma floresta antes que comece a funcionar e a parecer como uma outra? Todas estas questões são sobre Resiliência.” Para Brian, todas estas perguntas tem a ver com a auto-regulação. Ele dá o exemplo do corpo humano, e da estabilidade da temperatura interna em torno de 38ºC. “Se sua temperatura sobe um pouco, você se aquece e seu corpo começa a suar na tentativa de se resfriar, e se você se resfria demais seus músculos se enrijecem, e sua temperatura volta a subir. Mas os limites estão lá, e os limites para o quanto podemos mudar. Resiliência é saber como manter a capacidade de auto-regulação de um sistema. Ele cita um experimento científico utilizando ratos de laboratório após constatar o limiar da vida humana ante a morte. Ao separar dois grupos de ratos e submetê-los ao
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Criança Geopolítica Assistindo ao Nascimento do Novo Homem, pintura a óleo Salvador Dalí, 1943 Estados Unidos, EUA
mesmo estado de trauma, de experiência quase-morte, com perda de sangue e baixa pressão arterial, a um dos grupos foi dada assistência e suporte médico e ao outro, nenhum auxílio; se a temperatura tendia a cair e a respiração aumentar, simplesmente deixaram que assim acontecesse. O resultado, foi um aumento significante na sobrevida dos ratos que foram permitidos a variação. A mensagem importante, é que o modo como mantemos a Resiliência de um sistema é permitindo a expansão de seus limites. “Se uma floresta nunca foi queimada, espécies que possivelmente poderiam resistir ao fogo, eventualmente deixam a floresta completamente, e possivelmente desaparecem.” Para Brian a única maneira de fazer um floresta resiliente é queimando-a. “Da mesma forma com uma criança, se a manter dentro de casa, distante das variações térmicas, da poeira, ela se torna predisposta a doenças. A única maneira de manter as crianças resilientes ao ambiente em que elas vivem é as expondo. A resiliência é mantida pelo constante distúrbio e expansão dos limites. De volta aos 38 ºC do corpo humano, foram 10 milhões de anos de evolução do homem para desenvolver os feedbacks fisiológicos e comportamentais que nos impediram de hoje ter uma temperatura que coibisse a vida. O que preveni disso, é a enormidade de feedbacks de todas as naturezas, e a instância da resiliência é entender os feedbacks que nos mantem autoregulados do modo como queremos.” Compreender e interpretar sempre foi uma tarefa bem mais árdua que lutar e impor. Saber não resistir será um exercício de altruísmo e única oportunidade de perseverar. Retornar a um estado prévio jamais será possível, contudo a boa leitura do comportamento prévio é o que permitirá que gozemos da mesma sensação de harmonia de outrora. ~
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Minhocão: Arquitetura da Destruição
ÉMILE DURKHEIM PERO VAZ DE CAMINHA ANTÔNIO CARLOS OLIVIERI GERMAIN BAZIN ALEIJADINHO GUILHERME WISNIK MÁRIO DE ANDRADE LÚCIO COSTA LE CORBUSIER GREGORI WARCHAVCHIK VILANOVA ARTIGAS DARCY RIBEIRO ANDRÉA HELOU JULIETA FIALHO
A anomia é um estado de falta de objetivos e perda de identidade, provocado pelas intensas transformações ocorrentes no mundo social moderno. O termo cunhado pelo sociólogo francês Émile Durkheim1 em seu livro O Suicídio, é utilizado para apontar que algo na sociedade não funciona de forma harmônica, ou para designar sociedades ou grupos no interior delas, que sofrem do caos gerado pela ausência de regras de boa conduta comumente admitidas. O cenário não dispensou os países mais jovens, e principalmente estes foram afetados pela recente independência geopolítica e sobreposição cultural de longa data. Dentro desta circunstância, a Resiliência acena consciente de que este período recente não se trata de um avesso ou de um outro lado da moeda. No Brasil, bem como em outras sociedades, sempre houveram duas correntes sociais naturais: uma mainstream e outra de vanguarda. O primeiro grupo, historicamente em maior número, encontra na tradição a resposta para as questões que não necessariamente novas, se apresentam de uma outra maneira, no mínimo, complexas. Estes relutam constantemente para restaurar um estado anterior. Embora muito clara esta resistência por razão de um ideal objetivo, os agentes desta constante envolvem valores tradicionais, fortemente ligados à conturbada transição da concepção religiosa para a racionalista, o que faz confundir o dilema com a própria idoneidade dos instrumentos para sua resolução. O segundo grupo, de vanguarda, não é completamente oposto ao tradicional. Ao sugerir algo sem precedentes, apenas não se limita ao habitual; muitas vezes estão cientes de que a fundamentação num período antecessor é pertinente, mas dificilmente no imediatamente predecessor. A concepção de
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Resiliência - da Sociedade à Arquitetura Centro de São Paulo. Fotografia Acervo Pessoal 26 de Janeiro de 2014 às 16:47 São Paulo, Brasil
que as realidades se repetem alternadamente, como o Clássico e o posterior Renascimento, é parcialmente aceita uma vez que o progresso desperta alguma rebeldia de desprendimento. Ainda que esta ótica aparente ser mais ampla, não deixa de fazer parte da inquietação contemporânea coletiva. A percepção destes dois grupos, não põe contrapontos, senão apresenta duas visões que consolidam o estado atual. Ambas se alternam durante o desenrolar de nossa história, e resultam em aproximações diferentes quando tratamos de Resiliência em nosso território.2 A Resiliência no Brasil apresenta certa dificuldade de rastreamento; quando na ocasião da Sustentabilidade podíamos afirmar que quanto mais distante do presente, tanto para o passado quanto para o futuro, mais arraigada aos desígnios da sustentabilidade encontrávamos nossa sociedade. Antes, pelo consumo regrado de recursos naturais e posteriormente, pela consciência que os mesmos são finitos. Contudo na Resiliência, não procedemos da mesma maneira. É necessária a consciência de que operamos em sistemas autorreguladores e habilitados à variações, mais do que isso é necessário identifica-los ao longo da história e integrá-los. Anterior a colonização, é difícil reconstituir a vida dos nativos; por estes povos não terem desenvolvido a escrita, os principais documentos a respeito de sua história foram elaborados pelos portugueses. Sabe-se que essas sociedades desenvolveram formas particulares de manejo dos recursos naturais, que não visavam diretamente o lucro, mas à reprodução cultural e social, além de percepções e representações em relação ao mundo natural, marcadas pela idéia de associação com a natureza e a dependência de seus ciclos.3 Os índios pertencem a uma sociedade cujo fim é a
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Uma das mais antigas representaçþes dos indĂgenas brasileiros feita por ocidentais, posta no Atlas Miller, em Portugal. Atribuida a Lopo Homen, Pedro Reinel, Jorge Reinel and Antonio de Holanda. 1519 Brasil
reprodução da solidariedade e não a acumulação de bens e lucro, como descreve Pero Vaz de Caminha no trecho de carta endereçada ao Rei D. Manuel: “Foram-se lá todos; e andaram entre eles. E segundo depois diziam, foram bem uma légua e meia a uma povoação, em que haveria nove ou dez casas, as quais diziam que eram tão compridas, cada uma, como esta nau capitaina. E eram de madeira, e das ilhargas de tábuas, e cobertas de palha, de razoável altura; e todas de um só espaço, sem repartição alguma, tinham de dentro muitos esteios; e de esteio a esteio uma rede atada com cabos em cada esteio, altas, em que dormiam. E de baixo, para se aquentarem, faziam seus fogos. E tinha cada casa duas portas pequenas, uma numa extremidade, e outra na oposta. E diziam que em cada casa se recolhiam trinta ou quarenta pessoas, e que assim os encontraram; e que lhes deram de comer dos alimentos que tinham, a saber muito inhame, e outras sementes que na terra dá, que eles comem. E como se fazia tarde fizeram-nos logo todos tornar; e não quiseram que lá ficasse nenhum. E ainda, segundo diziam, queriam vir com eles. Resgataram lá por cascavéis e outras coisinhas de pouco valor, que levavam, papagaios vermelhos, muito grandes e formosos, e dois verdes pequeninos, e carapuças de penas verdes, e um pano de penas de muitas cores, espécie de tecido assaz belo, segundo Vossa Alteza todas estas coisas verá, porque o Capitão vô-las há de mandar, segundo ele disse. E com isto vieram; e nós tornamonos às naus.”4 Fica evidente que até este ponto na história do Brasil, as sociedades indígenas eram extremamente auto-organizadas, num equilíbrio com a natureza sem igual na linha do tempo. Talvez apenas a própria inserção do homem branco na sociedade indígena tenha sido o maior esforço resiliente.
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19 de abril. Ă?ndios escravizados. Imagem Autor Desconhecido SĂŠculo XIX Brasil
Como escreve o professor e jornalista Antônio Carlos Olivieri : “(...) o contato inicial entre índios e brancos não chegou a ser predominantemente conflituoso. Como os europeus estivessem em pequeno número, podiam ser incorporados à vida social do índio, sem afetar a unidade e a autonomia das sociedades tribais.” 5 Contudo a partir da dominação completa dos povos nativos, não houve, senão a ruptura destas culturas e uma tentativa outra de estabilização. Olivieri ainda escreve: “Finalmente, para preservar a unidade e a integridade de seu modo de vida, os índios optaram também pela migração para as áreas interioranas, cujo acesso difícil tornava o contato com o branco improvável ou impossibilitava a este exercer seu domínio. Essa alternativa, porém, teve um preço alto para as tribos indígenas, forçando-as a adaptar-se a regiões mais pobres ou inóspitas. Ainda assim, em relação ao enfrentamento ou à submissão, o isolamento foi o que permitiu parcialmente aos índios preservarem sua herança biológica, social e cultural. Dos cinco milhões de índios da época do descobrimento, existem atualmente cerca de 460 mil, segundo a Funai - Fundação Nacional do Índio.” Nos próximos quatro séculos a resiliência sócio-cultural seria a mais relevante ao nosso intento, primeiro devido a opressão dos colonizadores portugueses sobre os índios6; em meados do século XVI dos jesuítas sobre os índios7; uma vez proibida pela igreja a escravização indígena, no século XV, dos portugueses sobre os negros8, e principalmente depois da lei Eusébio de Queirós, na metade do século XIX, dos mesmos sobre os imigrantes portugueses, italianos, espanhóis, japoneses e alemães9. Durante todo este período estas culturas distintas foram submetidas ao limite de sua
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Fachada da Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto, MG. Autor Antônio Francisco Lisboa, Aleijadinho. Imagem Sarah and Iain Construção entre 1766 e 1810 Ouro Preto, Brasil
identidade. A adaptação não era uma qualidade adequada frente ao infortúnio do destino, e na resistência era onde mantinham sua essência. Apenas gerações posteriores foram capazes de absorver a adversidade e capazes de equilibrar as tensões seculares. No âmbito da arquitetura, frente às contradições sociais viscerais, o processo foi retardado. Sendo esta uma forma de expressão, ficou à maneira portuguesa séculos a fio; casas e cidades foram réplicas lusitanas em contraponto a ocas e aldeias que ali já estavam. As primeiras preocupações estéticas ficam a cargo da ornamentação de igrejas segundo o historiador Germain Bazin10: “Até 1760, o Brasil não conhecia senão duas formas de escultura: a talha, realizada em madeira, termo que designa a feitura de retábulos e de lambris decorativos das igrejas, e a escultura das imagens de santos , executada na madeira, ou às vezes, modelada em terracota.”11 O programa igreja foi aderido no território principalmente pela presença jesuíta. Nos aldeamentos missionários, onde os índios buscavam refúgio do trabalho escravo e recebiam abrigo, também eram submetidos a estrutura e ensinamentos religiosos. A circunstância hoje permite ver que os índios foram duplamente pressionados pelos interesses do homem branco. Aleijadinho12 será uma figura importante numa das primeiras ações resilientes frente à arquitetura e sociedade. Filho de mestre de obras português, Manuel Francisco Lisboa, e sua escrava africana, Isabel, nasceu escravo e mais tarde foi alforriado por seu pai e senhor. Sua obra assim como sua origem representam uma sedimentação inicial entre culturas difusas, um primeiro ponto de equilíbrio. Os principais monumentos que contém suas obras são a
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Escola eclética: Teatro Municipal de São Paulo. Autor Ramos de Azevedo, Cláudio Rossi e Domiziano Rossi. Imagem Wilfredo R. Rodríguez H. Construção entre 1895 e 1911 São Paulo, Brasil
Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto e o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, misturam as técnicas locais disponíveis com a apreciação artística portuguesa. Com um estilo relacionado ao Barroco e ao Rococó, é considerado o maior expoente da arte colonial no Brasil, em palavras de Mario de Andrade por Guilherme Wisnik: “[...] transporta ao seu clímax a tradição luso-colonial da nossa arquitetura, lhe dando uma solução quase pessoal, e que se poderá ter por brasileira por isso”.13 Entre fins do século XVIII e meados do século XIX a arquitetura brasileira, do ponto de vista da Resiliência, muito pouco se qualifica; o Neoclassicismo importando, em grande parte da França admitiu pouca articulação com o que aqui fora produzido. No final deste período, conformou-se a escola eclética, que deixou grande legado em várias capitais. A semelhança na produção dos ornamentos em oficinas como o Liceu de Artes e Ofícios e a produção do período colonial em oficinas demonstra a transição apenas formal e pouco estrutural no campo da arquitetura. Apenas a partir da segunda metade do século XX somos capazes de reavaliar por contraste a corrente moderna, que novamente, de origem francesa, dessa vez seria digerida. O movimento surge a partir do desenvolvimento das sociedades industriais modernas e o rápido crescimento das cidades, catalisado pela Primeira Guerra Mundial. Neste momento, em que até o governo buscava uma caracterização legitimamente brasileira houveram menos lacunas na produção cultural. Na arquitetura é fundamental citar a participação do arquiteto e urbanista Lúcio Costa14 na valorização antecipada do essencialmente brasileiro; em seu livro Arquitetura, Lúcio expressa as transformações inevitáveis:
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Grande Hotel. Autor Oscar Niemeyer. Imagem Paul Meurs. ExtraĂdo de O passado mora ao lado LĂşcio Costa e o projeto do Grand Hotel de Ouro Preto, 1938/40, Carlos Eduardo Dias Comas, Vitruvius Arquitextos. Projeto de 1938 Ouro Preto, Brasil
“Assim, pois, também aqui, a força viva avassaladora da idade industrial, nos seus primórdios, é que determinava o curso novo a seguir, tornando obsoleta a experiência tradicional acumulada nas lentas e penosas etapas da Colônia e do Império, a ponto de lhe apagar até mesmo a lembrança. Tanto mais que, com a abolição da escravatura, a “máquina brasileira de morar” a antiga casa, foi aos poucos deixando de funcionar, tornando-se mesmo inabitável devido ao desconforto. É que ela dependia essencialmente da presença dessa mistura de coisa, de bicho e gente, que era o escravo: havia o negro para tudo – desde os negrinhos sempre a mão para recados, até negra velha, babá. O negro era esgoto, era água corrente no quarto, quente e fria, era interruptor de luz e botão de campainha; o negro tapava goteira e subia vidraça pesada; era lavador automático e abanava que nem ventilador. Era ele quem fazia a casa funcionar.”15 Fica latente em todo envolvimento de Lúcio, sua capacidade como indivíduo de, frente a um momento de adversidade contextual, conseguir se adaptar ou evoluir positivamente frente à situação. Na ocasião da concepção do Hotel de Ouro Preto, em 1938, um dos projetos em que foi mentor de Oscar Niemeyer, Lúcio implica na idéia do contraste, com elementos tradicionais renovados no traço moderno. Sua astúcia começa no Neoclássico e Neocolonial, no início do século XX, após retornar de seus estudos no Reino Unido e na Suíça, contudo logo rompe com estas correntes e passa a receber influências diretas de Le Corbusier16. Como numa das apreciações do júri ao seu Plano Piloto de Brasília, Lúcio “é disciplinado sem ser rígido”, uma epítome resiliente. Temos a impressão que a sua formação pluralista tenha reforçado o nacionalismo que já lhe era inerente; para ele nem mesmo a produção já consagrada de Aleijadinho representava uma
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A primeira casa modernista do Brasil. Autor Gregori Warchavchik, 1928. Imagem Arquivo FamĂlia Warchavchik. SĂŁo Paulo, Brasil
produção legitimamente brasileira; visão contrária que tinha Mário de Andrade17 que acreditava aquele ser “gênio atico”. A partir da idéia de Resiliência como agregadora ao invés de redutora, a participação de Mário de Andrade foi fundamental na reunião do primeiro grupo que buscou aglutinar a compreensão de seu tempo. A Semana de Arte de 192218, foi pautada na renovação da linguagem, na busca de experimentação, na liberdade criadora e contou com a participação de nomes consagrados do modernismo brasileiro. Em 1927, também embebido de mesmo sentimento revolucionário, Gregori Warchavchik19, um dos principais nomes da primeira geração de arquitetos modernistas do Brasil, constrói o que consideramos a primeira residência moderna do país. De certo modo notamos nesta casa, uma tentativa mais franca e direta do transplante do conceito moderno europeu puro em São Paulo. Conceitualmente todas as críticas de adaptabilidade do projeto, como o material e técnica locais utilizados, a cobertura escondida e traços dispares com o sistema construtivo nos levam positivamente à flexibilidade e adaptação resiliente, contudo, a partir de um conceito mais amplo, podemos também afirmar que todos estas correções levam a crer que a resposta arquitetônica não pertenceria as condições regionais, uma vez submetida a tantas alterações.20 A produção inicial de Lúcio nesta mesma data é vista como mais resiliente, por não haver esforço resistente ao contexto, um exemplo é a Casa de Campo Fábio Carneiro de Mendonça, de 1930; de janelas coloniais amplas, grandes projeções de sombra e teto abobadado forrado com trama tradicional de taquara, sob uma cobertura de quatro águas.21 A partir da metade do século XX, o Brasil evidenciou um boom no crescimento da população urbana, e o foco mudou.
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Desastres Artificiais Túnel do Anhangabaú. Autor Arquivo Agência Estado, 1963 São Paulo, Brasil
Vilanova Artigas22, sintetiza num trecho de Caminhos da Arquitetura, essa transição. “Na realidade, o sucesso obtido pela arquitetura brasileira simplesmente reflete, no seu campo específico, o esforço que há muito empregamos, os brasileiros, de afirmar a nossa capacidade de criar uma pátria unida e independente, original em suas manifestações culturais e artísticas. [...] A luta contra o subdesenvolvimento brasileiro, que empolga a todos, encontra os arquitetos com posições tomadas e com o coração cheio de agradável certeza de terem sentido, com a oportunidade, os apelos da pátria”23 Permanece o sentimento de progresso contudo modificado frente às novas demandas. A principal delas, o habitat urbano, representado principalmente pelos assentamentos informais, as favelas. Segundo Darcy Ribeiro24 em O Povo Brasileiro, “[...] as favelas mais modernas apareceram na década de 1970, devido ao êxodo rural, quando muitas pessoas deixaram as áreas rurais do Brasil e mudaram-se para as cidades. Sem encontrar um lugar para viver, muitas pessoas acabaram morando nas favelas”. O déficit habitacional, materializado em barracos de madeira, propiciaram grande número de acidentes, ditos desastres naturais, recorrentes das chuvas. Culminou na criação em 2011 do Anuário Brasileiro de Desastres Naturais25, com o mapeamento destas questões. O foco da Resiliência sobre as cidades nada mais que acompanha o movimento de mudança de enfoque da arquitetura para o urbanismo. A partir de lá, há a intuição de que a arquitetura tem sido suprimida pelas questões urbanas, ou simplesmente negligenciada. Ainda que haja esta mudança de enfoque, não foram os grandes planos urbanos que rechearam nosso tema da Resiliência, mas sim a ausência deles, e o modo como são
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Muro no Tiquatira. Andréa Helou e Julieta Fialho Inserção de lugares para sentar, estocar, conversar e ver através de um muro, 2012 São Paulo, Brasil
empreendidos. O tema Resiliência ganhou força nos Estados Unidos e Europa, sobretudo por razão dos desastres naturais congênitos; furacões, terremotos, tornados, etc. No Brasil, ele aparece, principalmente devido aos desastres de natureza construída; enchentes, deslizamentos, mau planejamento, etc. Frente a este aspecto, o conflito ocorre entre a resolução destas questões, e a histórica construção da imagem nacional. Ainda que esta busca de identidade tenha sido legítima e de caráter autoral, se observada numa lupa, descobriremos que esta sempre esteve referenciada no exterior. Os mestres que construíram a própria idéia nacionalista tiveram formação européia e a própria população, miscigenada, ainda é tomada pelo eurocentrismo. O que sobra disso é uma incrível resistência entre o que é, o que pode ser e o que deveria ser. O Elevado Costa e Silva, o Minhocão, é o maior representante, e que melhor ilustra a possibilidade de ação resiliente contemporânea. Idealizado em 1968 pelo prefeito Faria Lima e construído pelo prefeito seguinte, Paulo Maluf, o elevado de 3,4 quilômetros de extensão liga a região central à zona oeste da cidade, e foi projetado com o intuito de desafogar o trânsito das vias centrais. Em congestão, hoje, a cidade lança mão da irremediável e insaciável demanda dos automóveis e vislumbra o espaço de convivência. Contudo no último ano duas vertentes foram apresentadas: uma sugere a construção de um parque, aos moldes do High Line Park26 em Nova Iorque ou do Promenade Plantée27 em Paris, mantendo e expandindo as atividades que já acontecem nos horários restritos; e a outra sugere o desmonte, o desaparecimento do Elevado, e a recuperação da rua Amaral Gurgel. Entendendo o conceito de resiliência, não é necessário muito esforço para compreender qual seria o caminho a ser tomado.
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Minhocão. Fotografia Acervo Pessoal 04 de Maio de 2014 às 16:44 São Paulo, Brasil
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Vênus de Milo. Autor Desconhecido, atribuída a Alexandros de Antioquia. Entre 130 a.C. and 100 a.C. escultura em mármore Ilha de Milos, Grécia [atualmente em Paris, França]
Entretanto, antes dessa resolução, é necessário citar o trabalho desenvolvido por Andréa Helou e Julieta Fialho no Tiquatira no último ano.29 O muro, é obviamente um dispositivo urbano, que embora adotado coletivamente, é repudiado pela sociedade. Na ponta da língua, a demolição é sempre a solução. Contudo, desmaterializa-lo também não agregaria qualquer qualidade espacial, senão o transpasse (que também pode ser obtido com o mesmo). Helou e Fialho, dotaram um muro de 3 quilômetros que circunda um campo de futebol no Tiquatira, zona leste de São Paulo, de pequenos dispositivos arquitetônicos: bicicletários, armários, janelas, etc; elementos funcionais ou simplesmente contemplativos – fundamentalmente complementares. A capacidade de resignificação do muro, é demonstrada no uso de conceitos básicos da resiliência. Nessas condições, o saldo não é nem negativo, nem nulo, e sim positivo. Em adição, é possível afirmar que a longo prazo, a remodelação seja mais significante que a própria razão de ser inicial do muro, num paralelo similar a Vênus de Milo que encontrada sem braços implica em singularidade e autenticidade, ao contrário de sua integralidade original, presente em centenas de outras peças de mesma data. A referência simplifica o entendimento que a solução ao Minhocão em que é deletado da paisagem, não apenas vai contra aos procedimentos resilientes como tira da cidade uma oportunidade, que delimitada pela condição específica, do erro ancião, pode gerar manipulações igualmente surpreendentes. ~
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Cidadela e Parque D. Pedro II: Considerações Finais
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REM KOOLHAAS
Paulistano é aquele que nasce na cidade de São Paulo, este existe apenas a partir de 1711, com a fundação da cidade. Desde 12.000 a.C. eram Ticunas, Caingangues, Terenas , Tupis e Guaranis1 os que nasciam nestas terras, que hoje, não à toa, chamamos de territórios. São 460 anos de uma sociedade pueril. Detentora da mesma inocência de quando a cruz fizera sombra pela primeira vez em sua testa2. Éramos índios, fomos escravos, negros, escravos negros, negros brancos, e brancos índios. Alguns com formação européia, outros também3; médicos e advogados, até hoje doutores de Dom Pedro I4. Séculos de perfume francês não foram suficientes para encobrir a transpiração do metabolismo acelerado dos trópicos. Suor de um maratonista na lanterna. Casas de adobe, ornamentadas com adereços em argamassa armada, apenas na interface com o outro, eram onde habitávamos apenas duas gerações atrás. Hoje prevalecem os blocos de concreto recobertos por uma espessa camada de chantilly. Esta cobertura de gesso, encobre a imperfeição da técnica e a insegurança do espírito. Considerado um dos movimentos mais avant-garde ocorridos em São Paulo, a Semana de Arte Moderna de 22 surpreendeu simplesmente por mostrar o que já o era, contudo cegos pelo que não somos, ainda seguimos sem ver. O Parque Dom Pedro, se apresenta como epílogo do nosso ensaio sobre a Resiliência por conter dentro de sí um desfecho e uma oportunidade que misturam essa tradição embolorada e o anseio libertador. O território representa as múltiplas ausências de proposições realizadas e ações improvidentes, das mais responsáveis às mais levianas; esquecidas. Impressiona, as atitudes pontuais, que segundo agentes descontinuados da cidade dizem respeito ao futuro
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Identidade Brasileira e Progresso A construção da nova capital. Fragmento de fotografia René Burri/Magnum, 1950 Brasília, Brasil
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Cidade em Layers: Minhocão. Filme O Quinto Elemento. Direção Luc Besson Cidade de Nova Iorque no futuro, 2263 Lançado em 7 de maio de 1997 Paris, França
projeto do parque. Os genes franceses levam a crer que voltará a ser o conjunto de passeios tortuosos parisienses projetados por Joseph-Antoine Bouvard5 em 1922, quando era na época considerado a principal área de lazer da cidade, e para tanto é necessário desconstruir o cenário atual. Passase anos em ações judiciais para demolição de viadutos e passarelas, ruas e edifícios, construídos instantâneos. Em A Leste do Centro, por Marta Dora e Regina Meyer, podemos encontrar uma historiografia completa do parque, o que não estará lá diagnosticado são as características fundamentais da diversidade, eficiência, adaptação e coesão embuídas no parque.6 Em ocasião do Arte/Cidade, de 19997, Rem Koolhaas8 faz uma visita notória à cidade de São Paulo e agrega parâmetros sintetizadores de nosso interesse, num momento em que Resiliência Urbana ainda não era especulada: “Se um novo urbanismo é possível, não se tratará mais da disposição de objetos mais ou menos permanentes, mas da irrigação de territórios. Ele não buscará mais configurações estáveis, mas a criação de campos que acomodem processos que resistam a ser cristalizados em formas definitivas. Não a imposição de limites, mas a supressão de fronteiras. Não a identificação de elementos, mas a descoberta de híbridos. Não mais obcecado com a cidade, mas com a manipulação da infraestrutura para infinitas intensificações e diversificações, curtos-circuitos e redistribuições; a reinvenção do espaço urbano.” Ainda mais específico sobre o Parque Dom Pedro e o Edifício São Vito, conduz uma análise pertinente aos tantos outros problemas de nossa metrópole: “Será que ela [São Paulo] é capaz de uma radical reconfiguração? São Paulo, em comparação com as megalópoles asiáticas, é
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Cidadela Parque Dom Pedro II. Fotografia Acervo Pessoal 26 de Janeiro de 2014 às 16:47 São Paulo, Brasil
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Edifício São Vito, Treme-Treme. Autor Aron Kogan, Construtora Zarzur & Kogan, 1954 Imagem Autor Desconhecido São Paulo, Brasil
uma cidade estagnada. Ou está interessada em mudar ou não tem futuro. Em outras palavras: será que São Paulo promoverá as condições para se integrar na economia e na rede das metrópoles globais? Ou ainda: poderia essa reconfiguração se fazer em moldes arquitetônicos e urbanísticos distintos daqueles impostos pelo capital corporativo internacional? É neste contexto que coloca-se a questão do Edifício São Vito. Única edificação modernista na região, o prédio é exemplar de uma malograda tentativa de renovação do centro da cidade. Um caso emblemático dos impasses urbanísticos da cidade. Se São Paulo não souber equacionar, nesta década, um problema como o desse prédio, situado numa das áreas mais propícias para projetos de desenvolvimento urbano, isso será indicativo de que ela não conseguirá se integrar à dinâmica e ao formato das grandes metrópoles mundiais.” Derradeiramente, o edifício São Vito tivera a demolição concluída em maio de 2011. São Paulo permanece sendo a cidade mais influente da América Latina, ainda assim, atrás de Pequim e Xangai8, e este trabalho, ensaístico, é apenas o primeiro a emular Resiliência no Brasil. ~
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Ensaio de Arquitetura: Intervenções PDPII
Parque Dom Pedro II, Percepções The Triumph of Death. Autor Pieter Bruegel, pintura a óleo,1562 Museu do Prado, em Madri desde 1827
DO IMATERIAL O projeto desta plataforma para a promoção da criatividade social, para a coagulação das atividades existentes e catalisação de novas, surgiu a partir do anseio de remodelação do Parque Dom Pedro II, em São Paulo, Brasil. A área tem potencial sem igual na cidade e sua reestruturação abrange todas as interfaces da arquitetura, urbanismo, paisagem e restauro. Ainda que o ímpeto do trabalho tenha sido a discordância com o projeto recentemente apresentado dentre as 25 propostas já realizadas para o Parque, a atitude eremítica e solo, apenas perpetuaria a razão de ser destas proposições inconsistentes. Este trabalho demandaria energia de um grupo multidisciplinar, e o principal papel do arquiteto será o de agenciador destes grupos. Tendo em vista esta percepção, optou-se pela requalificação de uma zona específica, porém representativa do Parque. A região norte do Parque Dom Pedro II, formalmente intitulada Praça São Vito, e na ausência de aspectos de praça, atualmente reconhecida como estacionamento do Mercado Municipal, apresenta um contexto rico em história capaz de maturar uma proposição arquitetônica qualificada. Nas cercanias, o Palácio das Indústrias, o Viaduto Diário Popular, o Mercado Municipal, a Casa das Retortas, a Zona Cerealista, a Rua do Gasômetro e o demolido Edifício São Vito são elementos importantes na consolidação de um objeto de arquitetura. Identificou-se que o parque já é substancioso em programa, apenas se encontram desarticulados por um descompasso histórico e inarticulação de gestores. De modo que a inserção de um novo programa, a priori, não pôde ser justificada. Ainda assim, houve a necessidade da compilação desses ingredientes, para fazer vê-los. A partir deste
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Desenho Suspenso Fragmento do desenho do subsolo do Palácio das Indústrias Autor Domiziano Rossi, 1911 Acervo Fauusp São Paulo, Brasil
ponto, percebemos que permanece a primeira intenção de urbanidade no desenvolvimento do objeto, e que esta não cessa frente a mudança de escala da intervenção. Frente ao extenso programa existente, o projeto caminhou para um volume sem massa, no limiar entre o escopo da arquitetura e do urbanismo, uma tipologia já identificada e melhor descrita por Joseph Maria Montaner1, em Sistemas Arquitetônicos Contemporâneos2, como chave na evolução das propostas de Koolhaas; o edifício-massa, que reinterpreta as mega estruturas tecnologicas e continua a tradição que originou o Centro Georges Pompidou em Paris. Esta tipologia se define pela planta e seções livres, pela superposição espacial e pelas múltiplas conexões internas. No caso de Koolhaas e no nosso, se trata de reagrupar o fragmentado e objetos dispersos em um único novo mega objeto. Contudo na experiência do Parque Dom Pedro, estes programas já estão consolidados no espaço. O que propomos então, é o recinto para possibilitar interações. Parcialmente, acéfalo, o objeto trabalha no sistema de vasos comunicantes, permitindo a expansão e a retração dos programas envolvidos. Ao envolvê-los, também garantimos um novo agente motriz, capaz de produzir o lugar comum. Para estas articulações inéditas foi determinado um território virtual, incapaz de receber deduções evidentes. Sobre a Avenida Mercúrio acontece este suplemento à cidade, sua existência não gera perdas, ao se sobrepor nos limites, elimina a distinção entre o lá e aqui; sob a projeção há o efeito de sucção temporária para o espaço interior externalizado. Os elementos pré-existentes ilhados agora recebem intervenção direta e indireta, dos que fazem uso aos transeuntes, a pé ou de carro; não circulam alheios. O uso diz respeito às atividades existentes e as rizomáticas.
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Novamente, Ironia do progresso Estandes no Palácio das Indústrias durante a I Exposição de Automobilismo Imagem Org. e pesq.: Antonio Barboza, 1924 São Paulo, Brasil
Todos os elementos que contribuíram para esta intervenção foram requalificados em aspectos distintos; o Palácio das Indústrias cedeu seu subsolo subutilizado para novas atividades, e o viaduto, há mais de 20 anos no limbo para a demolição teve suas alças de acesso demolidas, e agora, esvaziado de significado, proliferam possibilidades de ação. Ambos, o Palácio e o Viaduto, representam primeiro a consagração e o posterior declínio do automóvel. Sob este aspecto, o traçado e a sinalização do viário foram readequados, e preponderantes para a instalação da nova infraestrutura arquitetônica. Uma larga faixa de pedestres foi locada sob a projeção do edifício. Outros recursos da engenharia de tráfego foram utilizados para firmar o uso compartilhado do solo. Como endosso, o acesso principal, é realizado pelo canteiro central; a forma mais interessante de articular as dinâmicas da cidade com a do edifício, reciprocamente (e.g. o semáforo abre e o acesso a plataforma fecha, e vice-versa) Se de início o programa fora difícil de definir, agora ele ganha força e se constitui complementar. Da produção à crítica das artes liberais; de uma lista de oportunidades, foi da autonomia das várias expressões artísticas que justificaremos a nova extensão. Contudo, não concluímos o programa dessa maneira; um programa oculto e mutante aproximará o trabalho de arquitetura das revoluções e progresso sociais. Uma série de programas de apoio à academia de artes, superdimensionados, são o dispositivo sugerido pela arquitetura para a manifestação da democracia. Salas de edição e produção de jornais, revistas e folhetins, estúdios de rádio comunitária, e galerias de mídias virtuais darão a possibilidade de desdobramento político a partir do engajamento da comunidade nos programas gerais.
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Propostas outras que Parque Ausência de Resiliência. Programas SESC E SENAC por Una Arquitetos Imagem Divulgação Prefeitura de São Paulo São Paulo, Brasil
Toda a abordagem referida integra sistemas com resiliência inerente, fazendo uso de características fundamentais, como diversidade, eficiência, adaptabilidade, e coesão. Neste processo sugerido a história é cumulativa e desconjura a comum tentativa pelo recomeço original. Problemas espaciais não existem e nunca existiram, são fruto da reminiscência do que era, da indolência contemporânea em buscar soluções e ausência de ânimo pelo progresso. Os vínculos propostos não apenas salvaguardam a existência do novo objeto oferecido ao longo dos próximos séculos, como renovam a vitalidade dos elementos que há um século lá estão. Nas próximas décadas trabalhos com este serão a única forma de garantir a sobrevivência da arquitetura frente ao crescente interesse individual monopolizador. DO MATERIAL A construção da idéia, apenas se completa quando respaldada pela consciência sintática. Alguns parâmetros construtivos, no desenvolvimento desta proposta, são fundamentais para o seu êxito. Quando da escolha da área sobre a avenida, era sabido que os apoios seriam limitados aos vértices da projeção quadrangular proposta. Estes, rotacionaram o edifício até que suas cargas encontrassem o solo livre. Do mesmo modo, que a circulação vertical, atingisse do térreo ao terceiro pavimento. Não obstante, para que este edifício parecesse manter-se no ar, cada um dos quadro apoios deveriam se desconfigurar. Receberam, então, tratamentos estruturais distintos: o primeiro embebido na caixa de circulação vertical, o segundo, dissolvido em 4 pilares esbeltos dançantes, o terceiro, num único cilindro, e o último oculto na estrutura metálica da escada.
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Antes Shopping do que Parque: Modelo de Sociedade Sob a pesquisa Parque Dom Pedro no Google o shopping ĂŠ preponderante nos resultados Imagem ThĂĄ Engenharia Campinas, Brasil
Sobre estes apoios, treliças espaciais descarregam esforços de um gride de pendurais metálicos que nelas se sustentam. Os pendurais, por conseguinte recebem as cargas das lajes em steel deck, onde o programa acontece. Estes platôs têm uso bastante livre, apenas com alguns pontos fixos de apoio (wcs, copa, etc). Uma vez que o interior do edifício está exposto para o tráfego ruidoso da avenida, duas medidas benéficas ao projeto foram tomadas: a superfície inferior destes platôs, é revestida por um forro especial; uma chapa metálica com estampa extrudada industrialmente remetendo aos ornamentos neoclássicos de teto, comuns nos antigos casarões da cidade. Este recurso reforça a intenção do interior externalizado. A segunda medida diz respeito à proteção acústica lateral dos platôs. Os parapeitos com normalmente 95cm de altura foram estendidos para 2.20m. Em vidro insulado, são capazes de absorver parte do ruído causado pelos automóveis. Não suficientemente, no topo destes parapeitos, em todo o perímetro, foi instalada iluminação indireta, capaz de preencher de luz todo o volume delimitado pelo tecido metálico. A membrana referida, é um dos artifícios mais importantes da proposta. Delimita virtualmente o projeto, ao mesmo tempo borra os limites formais do parque. Faz ver em parte o suficiente para instigar. Quando dentro, a cidade permanece integrante; as atividades são invariavelmente públicas. Dentre as intervenções no pré-existente, as duas mais relevantes são: a escavação do pátio externo do Palácio das Indústrias e seu rebaixamento até o nível do subsolo. Nesta intervenção ativamos o subsolo através deste novo recinto agregador. A cobertura de vidro, que recobre o espaço, ainda
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Proposições Imagem de maquete, acervo pessoal São Paulo, Brasil
retém pela serigrafia a geometria do antigo pátio e permite o acesso dos usuários do piso do museu sobre a ela. A articulação da plataforma com este subsolo reativado é feita através da escada estrutural já mencionada. A segunda intervenção relevante diz respeito ao viaduto Diário Popular. Dele são removidas as alças de acesso, resultando na estranheza da seção interrompida, do excaminho, tanto sobre o rio Tamanduateí quanto sob a projeção da nova plataforma. Dois novos pontos de circulação vertical são implantados para o uso do trecho elevado. A estrutura permanece como está, rebelde, sem limitações, um campo para o teste da arte num vestígio da cidade. ~ 121
Autonomia programática
Pavilhão Hotel Casa na Cidade Museu Nômade Estúdio Temporario Casa na Árvore Parque Elevado Torre Digital Parlamento Pavilhão de Exposições Fábrica Indústria Museu da Paisagem Casa de Fazenda 124 Estádio de Futebol Centro de Artes Museu Centro de Visitação Protótipo de Abrigo Laboratório Capela Biblioteca Padaria Monastério Centro para as Artes Torre Residencial Museu de Ciências Naturais Igreja Casa de Tratamento Espiritual
Restaurante Torre de Escritórios Ponte para Pedestres Museu de Literatura Celeiro Estábulo Instituto de Arte Contemporânea Loja Habitação Social Centro de Ciências Casa Funerária Bar Congresso Auditório Centro Cultural Clube de Dança Centro Comunitário Cafeteria Adega Hospital Terminal de Porto Internacional Casa de Concertos Parque Escola de Dança Centro de Esqui Centro para Arte Contemporânea Centro Universitário Museu da Guerra Templo Torre de Observação
Escola Livraria Casa de Ópera Centro de Pequisas Centro de Esportes Teatro Centro de Moda Escola Primária Casa de Chá Prefeitura Cemitério Estúdio Centro Cívico Universidade Fundação Faculdade Maternidade Catedral Terminal Multimodal Corpo de Bombeiros Arranha-Céu Supermercado Velódromo Escola de Arte Dormitório Estudantil Centro de Rádio e TV Cidade das Artes Aeroporto Centro de Convenções Centro Cívico
COMO AUTONOMAMENTE DEFINIR UM PROGRAMA DE ARQUITETURA ?
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Estandes das mais variadas especialidades de alimentos e Restaurantes
MERCADO MUNICIPAL DE SÃO PAULO
12.600M2 Museu Catavento Cultural e Educacional
4.600M2
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1ª Função 1924 Exposições agrícolas, industriais e comerciais. 2ª Função 1947 Assembléia Legislativa 3ª Função 1970 Sede Secretaria de Segurança Pública 4ª Função 1992 Prefeitura Municipal de São Paulo
Única Função 1933 Mercado Municipal
Transição programática dos elementos circundantes
Museu d e Sede do SPdoc de Gestã Informaç
PALÁCIO DAS INDUSTRIAS
Sistema Informatizado Unificado ão Arquivística de Documentos e ções de São Paulo
CASA DAS RETORTAS
19.000M2
da História de São Paulo
7.300M2
Primeiro ginásio instalado na cidade de São Paulo
Única Função 1894 Escola Estadual
1ª Função 1889 Usina Gasômetro "The San Paulo Gas Company" 2ª Função 1967 Companhia Municipal de Gás (Comgás) 3ª Função 2009 Órgãos Municipais
5ª Função 2010 Catavento Cultural e Educacional
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ESCOLA ESTADUAL SÃO PAULO
Fluxos e dinâmicas
Pátio do Colégio
Única Função 1894 Escola Estadual
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Primeiro ginásio instalado na cidade de São Paulo
160.000/dia Terminal Expresso Tiradentes
18.000/dia 7.300M2
19.000M2
Órgãos Municipais
Terminal de Ônibus PDPII
ESCOLA ESTADUAL SÃO PAULO
Escola Estadual São Paulo
2.700/dia Estação do Metrô PDPII
Casa das Retortas
1-2.000/ Sede da Comgás
Rua do
Mosteiro São Bento
Rua 25 de Março
400.000/dia
a Mercado Municipal
20.000/dia
Palácio das Indústrias
2.000/dia 133
100m
200m
300m
400m
500m
Festa de Rua São Vito
4.000/festa
/dia EM UM RAIO DE 400M Gasômetro
500.000/dia
+1,000.000/DIA
Programa Proposto
20 20 20 60 15 20
Programa direto e ativo 136
m² m² m² m² m² m²
60 m² 60 m² 60 m² 600 m² 15 m² 20 m²
120 m² 15 m² 20 m²
Programa oculto e mutante
RÁDIO ESTÚDIO 1 ESTÚDIO 2 ESTÚDIO 3 ESCRITÓRIOS DEPÓSITO SUPORTE
JORNAL SALA DE EDIÇÃO SALA DE FOTOGRAFIA SALA DE PAGINAÇÃO GALERIA DE PRODUÇÃO DEPÓSITO SUPORTE
VIRTUAL MÍDIA SALA DE EDIÇÃO DEPÓSITO SUPORTE
ÁREA DE LOBBY LOBBY 120 m² LOJA 60 m² DEPÓSITO DA LOJA 20 m² CAFÉ (INCLUI COZINHA+DEPÓSITO) 120 m² BANHEIRO MASCULINO 20 m² BANHEIRO FEMININO 20 m² CHAPELARIA 20 m² ESPAÇO MULTIUSO ESPAÇO MULTIUSO 180 m² SUPORTE DO ESPAÇO MULTIUSO(COZINHA+PREPARAÇÃO) 60 m² DEPÓSITO 40 m² CENTRO DE COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO LOUNGE MULTIMIDIA 100 m² ESPAÇO PARA PALESTRAS 120 m² SALA DE SEMINÁRIOS 60 m² ESCRITÓRIO DO DIRETOR DA SEÇÃO DE EDUCAÇÃO 20 m² ESCRITÓRIO DOS FUNCIONÁRIOS 40 m² BANHEIRO MASCULINO 15 m² BANHEIRO FEMININO 15 m² ÁREA DE EXPOSIÇÕES GALERIAS 1200 m² ZONA DE PRODUÇÃO ESTÚDIOS PARA ARTISTAS VISITANTES (4) 400 m² ESTÚDIOS PARA ARTISTAS VISITANTES (4) 200 m² LOUNGE PARA ARTISTAS VISITANTES (INCLUI COZINHA+ÁREA PARA 200 m² REFEIÇÕES) LABORATÓRIO DE FABRICAÇÃO E OFICINA 150 m² BANHEIRO MASCULINO 15 m² BANHEIRO FEMININO 15 m² ÁREA PARA FUNCIONÁRIOS ESCRITÓRIO PLANO ABERTO 120 m² SALA DO DIRETOR 20 m² SALA DO CURADOR 30 m² SALA DA ADMINISTRAÇÃO 30 m² SALA DE REUNIÕES 40 m² DEPÓSITO 10 m² BANHEIRO MASCULINO 10 m² BANHEIRO FEMININO 10 m² ESPAÇO EXTERNO JARDIM 1000 m² BASTIDORES CARGA/DESCARGA 50 m² SALA DO GERENTE DE GALERIA 20 m² OFICINA 100 m² SALA DE MATERIAIS 50 m² SALA DE LIMPEZA 50 m² ARMÁRIOS 20 m² BANHEIRO MASCULINO 10 m² BANHEIRO FEMININO 10 m²
4790 m² + 958 (20%CIRCULAÇÃO) 5748 m²
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FLUXOS E DINÂMICAS INTERNAS E IMEDIATAS Fluxos Internos tfg II // felipe ss rodrigues // plataforma para a criatividade social
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ÁREA DE ACOLHIMENTO 40M2
TÉRREO
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SUBSOLO ÁREA DE ACOLHIMENTO 50M2
TÉRREO
3 PAV
SUBSOLO 2 PAV 1 PAV
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SUBSOLO
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3 PAV 1 PAV
ÁREA DE ACOLHIMENTO
2 PAV
42M2
TÉRREO TÉRREO
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Articulação do térreo
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Implantação
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Planta tĂŠrreo e 1Âş pavimento
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Planta subsolo
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Planta 2ยบ pavimento
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Planta 3ยบ pavimento
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Corte Transversal
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Corte Longitudinal
Ampliação Solução Construtiva
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Ampliação Solução Construtiva
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Ampliação Detalhes
Na interface entre o interior e exterior, quando feitas novas aberturas, o sanduíche estrutural existente deve se manter exposto (1). A nova caixilharia deve se sobrepor internamente à abertura (2). Quando possível, e principalmente para as áreas de permanência, deve ser considerado o piso elevado (3) para adequação das necessidades contemporâneas ao antigo edifício. No perímetro da edificação deve ser realizado um jardim verde intensivo (4)na ocasição do selamento da estrutura do subsolo (6). Na mesma interface deve ser construída uma canaleta de dimensão considerável (5) para escoamento das águas excedentes. Na interface entre o pátio e a construção (7) uma grelha metálica define um novo nível construído devido a nova estrutura da cobertura de vidro. A grelha (12) é apoiada na viga existente (15) e a altura é regulada por um perfil sob a grelha (8). A cobertura de vidro (9) antiderrapante se apoia sobre uma estrutura primária (16) e secundaria (14/13). As peças são presas por um clip metálico num sanduiche de neoprene (11). O escoamento das águas pluviais ocorre através de uma nova calha perimetral (10). O sanduíche estrutural é composto por uma laje steel deck (18) composta por uma telha de aço galvanizado e uma camada de concreto apoiados num vigamento metálico (24). Uma camada de regularização e revestimento foi considerada (17). A infraestrutura de elétrica e hidráulica estão suspensas numa eletrocalha (21) entre a laje e o forro de painés extrudados industrialmente em estampa temática (22). O caixilho apoiado sobre a viga de borda (19) possui vidro duplo, insulado, e duas medidas de altura: pisoteto e piso-2.20m de altura. O interior, em algums momentos é climatizado e em outros exposto às condições climáticas naturais. Uma carenagem metálica sela as diversas camadas do sanduíche (20). No topo dos caixilhos referidos (28) ocorre um detalhe luminotécnico em toda a borda do projeto (26). Uma canaleta metálica esconde iluminação fluorescente de 3000k (27). A principal função deste recurso é preencher o volume do projeto com luz, e lhe conferir materialidade durante à noite através da trama metálica.
Pรณs-industrial salรฃo azul do Palรกcio
Era uma vez parque recontextualização
Sobre parabrisa malabaristas vista do interior do automóvel sob a projeção
Subinformação subsolo do Palácio dedicado ao debate e crítica
Entre Arcadas pátio do Palácio reconstruído e duplicado
SĂşbito rampa de acesso ao subsolo no PalĂĄcio
Arte e produção 3º pavimento às criações
Interior externalizado forro em chapa metรกlica estrudadada em motivos neoclรกssicos
Diário Popular viaduto resignificado como ruína aos testes artísticos
ImersĂŁo passarela infraestrutural do 2Âş pavimento
Notas
Gerais Imagem da capa Edifício São Vito em demolição Eli Kazuyuki Hayasaka, 6 de fevereiro de 2011. Imagem da contracapa Metrópole de São Paulo Google Earth Pro, 2010. Expediente trecho de Clarisse Lispector LISPECTOR, Clarisse. A Hora da Estrela. Rio de Janeiro, Rocco, Coleção Biblioteca Brasileira, p. 11. Introdução 1. Material da PUC de Goiás sobre Arquitetura e Urbanismo Romano. Pesquisado no link http://professor.ucg.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/15122/ material/roma2.1.pdf. Visitado no dia 18/11/2014. 2. Material da UFSC sobre Aquedutos. Pesquisado no link Material da PUC de Goiás sobre Arquitetura e Urbanismo Romano. Pesquisado no link http:// professor.ucg.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/15122/material/ roma2.1.pdf. Visitado no dia 18/11/2014. 201
Manifesto não Revelado 1. O instrumentos são as matrizes dos principais selos verdes: FSC (Forest Stewardship Council), ISO 14001, LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental), Rainforest Alliance Certified, ECOCERT, IBD (Instituto Biodinâmico), Procel, entre os mais de trinta existentes no Brasil. 2. Prêmio criado em 1979 pela Fundação Hyatt, gerida pela família Pritzker, sendo muitas vezes chamado de “Nobel da arquitetura”. É atribuído anualmente a um arquiteto em prática. 3. VITRUVIUS. Os Dez Livros da Arquitetura.Traduzido por Morris Hicky Morgan, Ilustração de Herbert Langford Warren, Livro 1, 15 a.C. (versão original) 4. CURL, James Stevens. Sustainable Architecture. A Dictionary of Architecture and Landscape Architecture. Encyclopedia.com. 18 Nov. 2014 5. CURL, James Stevens. Freemasonry & the Enlightenment: Architecture, Symbols, & Influences. Londres, Historical Publications ltd, 1991. 6. MOLLOY, Dora. First given as a talk at Ecological Conference in Dublin. Aisling Magazine, Edição 25. Maio de 1999. 7. PELTASON, Ruth. ONG-YAN, Grace. Architect: The Work of the Pritzker Prize Laureates in Their Own Words. Nova Iorque, Black Dog & Leventhal, 2010. 8. MUELLER, Antony Peter. Artigo para a revista online: Ordem Livre. 2011. 9. Última versão do LEED: é mais especializado, personalizado e projetado para
uma melhor experiência do usuário, segundo seus autores. 10. Lista de desastres naturais no mundo em 2013, revista Exame de dezembro de 2013. Acesso http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/principais-catastrofesnaturais-no-mundo-em-2013. Visitado em 18/11/14. 11. Informação compartilhada por Shigeru Ban em sua palestra no ArqFuturo 2014 em São Paulo, Brasil. 12. Centro para Resiliência da Universidade de Ohio é um centro de pesquisa interdisciplinar dedicado a melhorar a resiliência dos sistemas industriais e os ambientes em que operam. Acesso http://www.resilience.osu.edu/CFR-site/index. htm. Visitado em 18/11/14. 13. STERN, Nicholas. The Economics of Climate Change: The Stern Review. Cambridge, Cambridge University Press, 2007. Origem, Princípio e Meio
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1. Thomas Young (Milverton, 13 de junho de 1773 — Londres, 10 de maio de 1829). Conhecido pela experiência da dupla fenda, que possibilitou a determinação do carácter ondulatório da luz. Young exerceu a medicina durante toda a sua vida, mas ficou conhecido por seus trabalhos em óptica, onde ele explica o fenômeno da interferência e em mecânica, pela definição do módulo de Young. Ele se interessou também pela egiptologia, participando do estudo da Pedra de Roseta. Era considerado um gênio; poliglota (falava 14 línguas), dominava a física, os clássicos, a história, construía instrumentos e era conhecido como “o homem que tudo sabe”. 2. YOUNG, Thomas. Miscellaneous Works of the Late Thomas Young, 1855. Apud MCASLAN, Alastair. The concept of Resilience: Understanding its Origins, Meaning and Utility. Torrens Resilience Institute, Adelaide, Australia, 14/03/10. 3. Thomas Tredgold (22 de agosto de 1788 — 28 de janeiro de 1829) foi um engenheiro inglês que contribuiu para a cosntrução do conceito de Resiliência. 4. Robert Mallet (Dublim, 3 de junho de 1810 — Clapham, Londres, 5 de novembro de 1881) foi um geólogo, engenheiro civil e inventor irlandês. Ficou conhecido pelos suas pesquisas sobre terremotos. 5. FRANCART, Loup. Raízes da palavra resiliência. What does resilience really mean ?. Grenoble Ecole de Management, 20/02/10. Acesso http://www.diploweb. com/What-does-resilience-really-mean.html. Visitado em 18/11/14. 6. Crawford Stanley Holling (nascido em 06 de dezembro de 1930) é um ecologista canadense, e Emérito erudito eminente e professor em Ciências Ecológicas da Universidade da Flórida. Holling é um dos fundadores conceituais da economia ecológica. 7. HOLLING, Crawford. Anuário. Resilience and Stability of Ecological Systems. Annual Review of Ecology and Systematics. Vol. 4, p. 1-23, Novembro de 1973. 8. BRANDÃO, Juliana Mendanha; MAHFOUD, Miguel; GIANORDOLINASCIMENTO, Ingrid Faria. Artigo. A construção do conceito de resiliência em psicologia: discutindo as origens. Centro Universitário de Belo Horizonte,Universidade Federal de Minas Gerais, 2011. Acesso http://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-863X2011000200014. Visitado em 18/11/14. 9. WALSH, Bryan. Artigo de jornal. Adapt or Die: Why the Environmental Buzzword of 2013 Will Be Resilience. Seção Ecocentric. Revista Time, 2013. Acessível em http://science.time.com/2013/01/08/adapt-or-die-why-theenvironmental-buzzword-of-2013-will-be-resilience/. Visitado em 18/11/14. 10. FLYNN, Stephen. America the Vulnerable: How Our Government Is Failing to Protect Us from Terrorism. Nova Iorque, Harper Perennial. 2005. 11. Institute of Hazard, Risk and Resilience at Durham University. O objetivo do Instituto de Perigo, Risco e Resiliência é permitir, desenvolver e apoiar pesquisa de liderança mundial e troca de conhecimentos em perigo, risco e resiliência, reunindo acadêmicos, profissionais, políticos e as comunidades locais. De terremotos, vulcões e deslizamentos de terra até riscos de segurança e tecnologias emergentes; o Instituto estuda os perigos e riscos cada vez mais relevantes para a vida cotidiana das pessoas. 12. Internal Displacement Monitoring Centre (IDMC). É a principal fonte de informação e análise sobre o deslocamento interno. Para os milhões de pessoas em todo o mundo deslocadas dentro do seu próprio país, IDMC desempenha um papel único como um monitor da movimentação humana para influenciar as políticas e ações de governos, agências da ONU, organizações internacionais e ONGs. 13. Anuário Brasileiro de Desastres Naturais de 2012, Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres. Brasília, CENAD, 2012. Acessível em http://www.defesacivil.mg.gov.br/conteudo/arquivos/ AnuariodeDesastresNaturais_2013.pdf. Visitado em 18/11/14. Resistência a Resiliência 1. Centro para Resiliência da Universidade de Ohio é um centro de pesquisa interdisciplinar dedicado a melhorar a resiliência dos sistemas industriais e os ambientes em que operam. Acesso http://www.resilience.osu.edu/CFR-site/ index.htm. Visitado em 18/11/14 2. Dr. Joseph Fiksel é diretor executivo do Centro de Resiliência da Universidade Estadual de Ohio e também é diretor e co-fundador da Economics LLC Consultoria. Reconhecido internacionalmente, especialista em práticas de negócios sustentáveis, incluindo o desenvolvimento de produto, gestão de materiais, energia sustentável e mobilidade e gestão da cadeia de suprimentos. Ele tem mais de 20 anos de experiência em consultoria de gestão, especializada em gestão de risco ambiental, gestão de produtos, design para o ambiente e medição de desempenho. 3. Artigo Designing Resilient, Sustainable Systems de Joseph Fiksel para Environ. Sci. Technol. 2003, 37, 5330-5339 http://www.eco-nomics.com/images/ Designing_Resilient_Sustainable_Systems.pdf. Visitado em 18/11/14. 4. História da Revolução Industrial por Lázaro Curvêlo Chaves.Texto revisado
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em 10 de novembro de 2014. Pesquisado em http://www.culturabrasil.pro.br/ revolucaoindustrial.htm. Visitado em 18/11/14. 5. INDRIUNAS, Luís. Triple bottom line ou tripé da sustentabilidade. Artigo online. Coluna Sustentabilidade, 2014. Pesquisado em http://ambiente.hsw.uol.com.br/ desenvolvimento-sustentavel2.htm. Visitado em 18/11/14. 6. Milton Almeida dos Santos foi um geógrafo brasileiro. Apesar de ter se graduado em Direito, Milton destacou-se por seus trabalhos em diversas áreas da geografia, em especial nos estudos de urbanização do Terceiro Mundo. 7. SANTOS, Milton. “O presente como espaço” in: Pensando o espaço do homem. São Paulo: Hucitec, 1982. p. 09 a 36. 8. SANTOS, Milton. “O presente como espaço” in: Pensando o espaço do homem. São Paulo: Hucitec, 1982. p. 31. 9. SENNET, Richard. Apud Santos, A. P. O Declínio do Homem Público – As Tiranias da Intimidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. 10. Os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 foram uma série de ataques suicidas contra os Estados Unidos coordenados pela organização fundamentalista islâmica al-Qaeda em 11 de setembro de 2001. Na manhã daquele dia, dezenove terroristas sequestraram quatro aviões comerciais de passageiros. Os sequestradores colidiram intencionalmente dois dos aviões contra as Torres Gêmeas do complexo empresarial do World Trade Center, na cidade de Nova Iorque, matando todos a bordo e muitas das pessoas que trabalhavam nos edifícios. Ambos os prédios desmoronaram duas horas após os impactos, destruindo edifícios vizinhos e causando vários outros danos. 11. O World Trade Center (WTC) projeto de Minoru Yamasaki, é um complexo de edifícios na região de Lower Manhattan, Nova York, Estados Unidos, em substituição ao complexo original de sete prédios que anteriormente existia no local com o mesmo nome. O WTC original, caracterizado por marcantes torres gêmeas, foi inaugurado em 4 de abril de 1973 com 110 andares, e destruído durante os ataques de 11 de setembro de 2001 12. Marcelino, E. V., Nunes, L. H., Kobiyama, M. Banco de dados de desastres naturais: Análise de dados globais e regionais. Caminhos de Geografia - revista on line, Programa de Pós-graduação em Geografia. Minas Gerais, Instituto de Geografia, UFU, outubro de 2006. Pesquisado em file:///C:/Users/Felipe/ Downloads/15495-58378-1-PB%20(1).pdf. Visitado em 18/11/14. 13. O International Disaster Database tem desempenhado um importante papel na coleta de dados e informações na mitigação dos impactos dos desastres sobre as populações vulneráveis. Coleta sistemática e análise desses dados fornece informações de valor inestimável para os governos e as agências encarregadas de atividades de socorro e recuperação. Ele também ajuda na integração de componentes de saúde em programas de redução da pobreza e de desenvolvimento. 14. KROLL-SMITH, S. Apud Klanovicz, Jó. Introdução. Communities at Risk: Collective Responses to Technological Hazards. Nova Iorque, 1991. p.1–7. 15. Seus interesses estão na função do ecossistema e dinâmica, particularmente no que diz respeito à resistência das savanas tropicais e pastagens. Ele lecionou
na Universidade do Zimbabwe por seis anos e foi, em seguida, o professor de Botânica e Director do Centro de Ecologia de Recursos da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo até 1985, quando se mudou para a Austrália como Chefe da Divisão CSIRO de Vida Selvagem e Ecologia. Ele nasceu e cresceu no Zimbábue, obteve seu primeiro diploma em Agronomia na África do Sul, e seu Ph.D. em ecologia em Sakatchewan, Canadá, em 1968. 16. Stockholm Resilience Centre avança na investigação sobre a gestão dos sistemas sócio-ecológicos com ênfase especial sobre a resiliência - a capacidade de lidar com a mudança e continuar a desenvolver. 17. Vídeo sobre Resiliência, Stockholm Whiteboard Seminars, por Brian Walker. Acessível em https://www.youtube.com/watch?v=tXLMeL5nVQk. Visitado em 18/11/14. Minhocão: Arquitetura da Destruição 1. Émile Durkheim foi o primeiro sociólogo a criar métodos na sociologia e foi um dos fundadores da escola francesa, posterior a Marx, que combinava a pesquisa empírica com a teoria sociológica. 2. Essa diferenciação é importante pois, no desenrolar da análise, ficarão evidentes duas posturas em relação à Resiliência. Essa previsão pode facilitar na compreensão do estado contemporâneo em relação ao tema. 3. Texto condensado e adaptado do documento Referencial curricular nacional para as escolas indígenas, Brasília: MEC, 1998. Acessível em http://pib. socioambiental.org/pt/c/no-brasil-atual/linguas/a-escola-e-a-escrita; Visitado em 18/11/14. 4. Carta de Pero Vaz de Caminha na íntegra. Acessível em http://educaterra. terra.com.br/voltaire/500br/carta_caminha.htm. Visitado em 18/11/14. 5. Antonio Carlos Olivieri. Índios: O Brasil antes do descobrimento. Pedagogia & Comunicação. Uol Educação. Atualizado em 29/04/2014, às 15h41, p.03. Acessível em http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/indios-obrasil-antes-do-descobrimento.htm. Visitado em 18/11/14. 6. Um exemplo desta opressão é a Guerra Guaranítica, um confronto violento entre índios Guaranis e soldados portugueses e espanhóis ocorrido no Sul do Brasil em meados do século XVIII. Pesquisado em http://www.infoescola.com/ historia-do-brasil/guerra-guaranitica/. Visitado em 18/11/14.. 7. Fica claro que desde o século XVI, os missionários jesuítas e de outras ordens haviam adotado o expediente de reunir grupos culturalmente diversos e, não raro, inimigos tradicionais, nos mesmos aldeamentos, com propósito de destruir a autonomia e a funcionalidade das várias tradições culturais específicas. Pesquisado em https://www.algosobre.com.br/historia/populacoes-indigenasdo-brasil-experiencias-antes-da-conquista-resistencias-e-acomodacoes-acolonizacao.html. Visitado em 18/11/14. 8. Nem da parte da Coroa, nem da Igreja houve qualquer objeção quanto à escravização do negro. Justificava-se a escravidão africana utilizando-se vários
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argumentos. Em primeiro lugar, dizia-se que essa era uma instituição já existente na África, de modo que os cativos “apenas” seriam transferidos para o mundo cristão, “onde seriam civilizados e teriam o conhecimento da verdadeira religião”. Além disso, o negro era efetivamente considerado um ser racialmente inferior, embora teorias supostamente científicas para sustentar essa tese só viessem a ser levantadas no século 19. Pesquisado em http://educacao.uol.com.br/disciplinas/ historia-brasil/escravidao-no-brasil-escravos-eram-base-da-economia-colonial-eimperial.htm. Visitado em 18/11/14. 9. O primeiro período vai de 1808, quando era livre a importação de africanos, até 1850, quando decretou-se a proibição do tráfico. De 1850 a 1888, o segundo período é marcado por medidas progressivas de extinção da escravatura (Lei do Ventre Livre, Lei dos Sexagenários, alforrias e, finalmente, a Lei Áurea), em decorrência do que as correntes migratórias passaram a se dirigir para o Brasil, sobretudo para as áreas onde era menos importante o braço escravo. O terceiro período, que durou até meados do século XX, começou em 1888, quando, extinta a escravidão, o trabalho livre ganhou expressão social e a imigração cresceu notavelmente, de preferência para o Sul, mas também em São Paulo, onde até então a lavoura cafeeira se baseava no trabalho escravo. http://www.brasilescola.com/brasil/imigracao-no-brasil.htm. Visitado em 18/11/14. 10. Germain René Michel Bazin (Suresnes, Altos do Sena, 24 de setembro de 1901 Paris, 2 de maio de 1990) foi um historiador de arte, curador e restaurador francês. Foi conservador de pinturas do Museu do Louvre. Viajou pelo Brasil, onde estudou a arquitetura religiosa barroca e as obras de Aleijadinho, sobre quem publicou importantes trabalhos. 11. BAZIN, G. R. M. Apud ALCANTARA, Ailton S. de. Paulistinhas: imagens sacras, singelas e singulares. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual Paulista – campus são paulo “ júlio de mesquita filho “ instituto de artes programa de pós-graduação em artes mestrado, 2008. Acessível em http://base.repositorio. unesp.br/bitstream/handle/11449/86900/alcantara_as_me_ia.pdf?sequence=1. Visitado em 18/11/14. 12. Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho, (Ouro Preto, 29 de agosto de 1730 ou, mais provavelmente, 1738 — Ouro Preto, 18 de novembro de 1814) foi um importante escultor, entalhador e arquiteto do Brasil colonial. 13. WISNIK, Guilherme. Plástica e anonimato: modernidade e tradição em Lucio Costa e Mário de Andrade. in: Novos estudos – CEBRAP no.79. São Paulo, nov. 2007, p.169-193. 14. Lúcio Marçal Ferreira Ribeiro Lima Costa (Toulon, França, 27 de fevereiro de 1902 — Rio de Janeiro, 13 de junho de 1998) foi um arquiteto, urbanista e professor brasileiro. 15. COSTA, Lúcio. Arquitetura. Rio de Janeiro, Editora José Olympio, 2002, p.107 16. Charles-Edouard Jeanneret-Gris, mais conhecido pelo pseudónimo de Le Corbusier (La Chaux-de-Fonds, 6 de Outubro de 1887 — Roquebrune-CapMartin, 27 de Agosto de 1965), foi um arquiteto, urbanista e pintor francês de origem suíça. É considerado juntamente com Frank Lloyd Wright, Alvar Aalto,
Mies van der Rohe e Oscar Niemeyer, um dos mais importantes arquitetos do século XX. 17. Mário Raul de Moraes Andrade (São Paulo, 9 de outubro de 1893 - São Paulo, 25 de fevereiro de 1945) foi um poeta, escritor, crítico literário, musicólogo, folclorista, ensaísta brasileiro. Ele foi um dos pioneiros da poesia moderna brasileira com a publicação de seu livro Paulicéia Desvairada em 1922. 18. A Semana de 22, ocorreu em São Paulo no ano de 1922, entre os dias 11 a 17 de fevereiro, no Teatro Municipal da cidade. A Semana de Arte Moderna representou uma verdadeira renovação de linguagem, na busca de experimentação, na liberdade criadora da ruptura com o passado e até corporal, pois a arte passou então da vanguarda, para o modernismo. O evento marcou época ao apresentar novas ideias e conceitos artísticos, como a poesia através da declamação, que antes era só escrita; a música por meio de concertos, que antes só havia cantores sem acompanhamento de orquestras sinfônicas; e a arte plástica exibida em telas, esculturas e maquetes de arquitetura, com desenhos arrojados e modernos 19. Gregori Ilych Warchavchik (Odessa, 2 de abril de 1896 — São Paulo, 27 de julho de 1972) foi um dos principais nomes da primeira geração de arquitetos modernistas do Brasil. 20. Apesar desse ser o primeiro exemplo de casa modernista no Brasil, existem quatro pontos básicos que contradizem ao manifesto modernista: A.Parecia tratar de uma construção em concreto armado, porém o edifício foi construído quase que inteiramente de tijolos, ocultados por um revestimento branco; B.As janelas horizontais de canto, sob o ponto de vista técnico, não se justificavam numa construção executada com materiais tradicionais, tendo elas acarretado complicados problemas de construção; C.A solução , que consistia em dar à ala direita da fachada o mesmo aspecto externo da ala esquerda, quando essa correspondia a varanda e não a um interior com ala oposta contradizia a afirmação feita por demais absolutos no manifesto de 1925: “a beleza ade uma fachada deve resultar da racionalidade da planta da disposição interna, assim como a forma de uma máquina é determinada pelo mecanismo, o que é sua alma; D.A cobertura do corpo principal não era um terraço, conforme se poderia supor, mas um telhado de telhas coloniais cuidadosamente escondido por uma platibanda. 21. Projeto de casa de campo. Autoria – Lucio Costa. Localização – Estado do Rio de Janeiro, Serra da Beleza, entre Conservatória e Santa Isabel do Rio Preto/ Data do projeto – 1930. Observações – casa construída, ainda existe com algumas alterações. Primeiro projeto que anuncia a integração de uma linguagem moderna à tradição (teto abobadado forrado com trama tradicional de taquara). Publicado no livro “Lucio Costa – Registro de uma Vivência”, (pg.52) A casa é de propriedade do Sr. Gil Carneiro de Mendonça, filho de Fábio Carneiro de Mendonça.Lucio Costa nunca soube se esta casa havia ou não sido
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construída. Foi apenas em 2004, 6 anos depois de sua morte, que o proprietário procurou sua filha, Maria Elisa, trazendo fotos antigas da casa, que revelam a fidelidade ao projeto original, e informando que, mesmo com algumas reformas, a casa ainda existe. Instituto Jobim. 22. João Batista Vilanova Artigas (Curitiba, 23 de junho de 1915 — São Paulo, 12 de janeiro de 1985) foi um arquiteto brasileiro cuja obra é associada ao movimento arquitetônico conhecido como Escola paulista. 23. ARTIGAS, Vilanova. Caminhos da Arquitetura. São Paulo, Cosac & Naify. Coleção Face Norte, 1980, p.108. 24. Darcy Ribeiro (Montes Claros, 26 de outubro de 1922 — Brasília, 17 de fevereiro de 1997) foi um antropólogo, escritor e político brasileiro, conhecido por seu foco em relação aos índios e à educação no país. 25. RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro - a formação e o sentido do Brasil. São Paulo, Cia das Letras.1995. Acessível em http://www.iphi.org.br/sites/filosofia_ brasil/Darcy_Ribeiro_-_O_povo_Brasileiro-_a_forma%C3%A7%C3%A3o_e_o_ sentido_do_Brasil.pdf. Visitado em 18/11/14. 26. Anuário Brasileiro de Desastres Naturais. Acessível em http://www.defesacivil. mg.gov.br/conteudo/arquivos/AnuariodeDesastresNaturais_2013.pdf. Visitado em 18/11/14. 27. O High Line é uma linha de trem de carga elevada transformada em um parque público no West Side de Manhattan. É mantido e operado pela Amigos do High Line. Fundada em 1999 por moradores da comunidade, Amigos do High Line lutou pela preservação e transformação do High Line em um momento em que a estrutura histórica estava sob a ameaça de demolição. 28. O Promenade Plantée (passarela arborizada em Francês) tem 4,7 km. É um parque linear construído em cima da infra-estrutura ferroviária obsoleta no 12º Distrito de Paris. Foi inaugurado em 1993. 29. Trabalho completo acessível em http://issuu.com/tiquatiraemconstrucao/docs/ cadernoprojetos. Visitado em 18/11/14. Cidadela e Parque D. Pedro II: Considerações Finais 1. Matéria online Revista Superinteressante. Quais são os povos indígenas mais numerosos do Brasil?. Pesquisado em http://mundoestranho.abril.com.br/materia/ quais-sao-os-povos-indigenas-mais-numerosos-do-brasil. Visitado em 18/11/14. 2. Relativo a missão jesuíta no território. 3. Até metade do século passado, a formação européia era a mais comum. 4. O título teria sido dado aos advogados por meio de um decreto de Dom Pedro I, na lei de criação dos cursos jurídicos no Brasil. O artigo 9º dessa lei, que é de 11 de Agosto de 1827, diz o seguinte: “Os que frequentarem os cinco anos de qualquer dos cursos, com aprovação, conseguirão o grau de bacharéis formados. Haverá também o grau de Doutor, que será conferido àqueles que se habilitarem com os requisitos que se especificarem nos Estatutos que devem formar-se, e só os que o obtiverem poderão ser escolhidos para Lentes”. Essa lei afirmava apenas
que aqueles que completarem os cinco anos do curso de direito serão bacharéis. E para a obtenção do grau de Doutor, seria necessário o cumprimento do estabelecido nos estatutos das Instituições de Ensino do Curso de Direito, quando se candidatassem as Lentes (professores, em latim legente). 5. Joseph-Antoine Bouvard foi um arquiteto francês, nascido em 1840 em SaintJean-de-Bournay e morreu 05 de novembro de 1920 em Marly-le-Roi. 6. Rem Koolhaas apresentou seu trabalho e debateu com uma platéia de 1230 estudantes de arquitetura, sábado, 15 de maio de 1999, no Sesc Belenzinho, em São Paulo. No domingo, encontrou-se com o arquiteto Oscar Niemayer, no Rio de janeiro. Koolhaas é um dos mais importantes urbanistas contemporâneos e veio a São Paulo a convite do Arte/Cidade e Sesc - São Paulo para participar das atividades do projeto Brasmitte, do qual é um dos convidados.] 7. Rem Koolhaas (Roterdão, 17 de Novembro de 1944) fundou OMA em 1975, juntamente com Elia e Zoe Zenghelis e Madelon Vriesendorp. Graduou-se na Architectural Association em Londres, e em 1978 publicou Delirious New York: Um Manifesto Retroativo para Manhattan. Em 1995, seu livro S, M, L, XL resumiu o trabalho da OMA em “um romance sobre arquitetura”. Ele dirige o trabalho de ambos OMA e AMO, na pesquisa, atuando em áreas além do domínio da arquitetura, como mídia, política, energia renovável e moda. Koolhaas ganhou vários prêmios internacionais, incluindo o Prêmio Pritzker de Arquitetura em 2000, o Leão de Ouro pelo conjunto da obra na Bienal de Veneza de 2010, e o RIBA Charles Jencks Award em 2012. Koolhaas é professor na Universidade de Harvard, onde conduz a disciplina do projeto para a cidade. Este ano, ele é o diretor da 14ª Exposição Internacional de Arquitectura da Bienal de Veneza, intitulado Fundamentos. 8. O estudo foi elaborado pela Civil Service College de Cingapura e a Chapman University, da Califórnia. Publicado pela BBC Brasil e acessível em http://www. bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/08/140819_cidade_influente_saopaulo_ hb. Visitado em 18/11/14. Ensaio de Arquitetura: Intervenções PDPII 1. Josep Maria Montaner (1954) é arquiteto e catedrático da Escola de Tècnica Superior d’Arquitectura de Barcelona (ETSAB-UPC). É autor de uma vasta obra teórica sobre arquitetura e publicou, entre outros, os livros Arquitetura e crítica (Editorial Gustavo Gili, 2007) e Sistemas arquitetônicos contemporâneos (Editorial Gustavo Gili, 2010). É colaborador habitual de numerosas revistas especializadas e dos jornais espanhóis El País e La Vanguardia. 2. MONTANER, Josep Maria. Sistemas arquitetônicos contemporâneos. São Paulo, Gustavo Gili. 2010.
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This work is first dedicated to the professor Keith Krumwiede for introducing to me the word resilience in 2012 e dedicado ao professor Abílio Guerra pelo acompanhamento em 2014. Dedico, acima de tudo, ao meu pai, Zaqueu Rodrigues, a minha mãe Débora SS Rodrigues e a meu irmão Gustavo SS Rodrigues que me fizeram resiliente.