TFG Felipe Tricoli Jardim

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

DE VAZIO URBANO A PARQUE PÚBLICO: VIDA NOTURNA COMO REABILITAÇÃO FELIPE TRICOLI JARDIM ORIENTADORA PROFª DRª MARIANA SANTOS

CAMPINAS, DEZEMBRO DE 2017


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Uma pessoa vai a um parque por motivos diferentes e em horários diferentes: as vezes para descansar, às vezes para jogar ou assistir a um jogo, às vezes para ler ou trabalhar, às vezes para se mostrar, às vezes para se apaixonar, às vezes para atender a um compromisso, às vezes para apreciar a agitação da cidade num lugar sossegado, às vezes na esperança de encontrar conhecidos, às vezes para ter um pouquinho de contato com a natureza, às vezes para manter uma criança ocupada, às vezes só para ver o que ele tem de bom e quase sempre para se entreter com a presença de outras pessoas (JACOBS, 2011, p.113)

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AGRADECIMENTOS Agradeço a professora Dra. Mariana Santos pela paciência e dedicação na orientação deste trabalho e por me apoiar nos devaneios da minha proposta temática e projetual. Agradeço ao corpo docente da Faculdade de Engenharia Cívil, Arquitetura e Urbanismo que mais que professores foram em muitas vezes amigos e conselheiros que sempre estiveram abertos em nos apoiar. Vocês são incríveis! Agradeço os professores Claudio Lima, Sidney Piochi, Gabriela Celani, Haroldo Gallo, Silvia Mikami, Gisela Leonelli e Rafael Urano, que colaboraram e acreditaram no meu trabalho, tanto com considerações em bancas e orientações quanto com conversas informais. Agradeço aos responsáveis pelo complexo ferroviário da FEPASA e pelo processo de tombo da área em estudo, o Eng. Fóster Moz e o historiador Henrique Anunziata, que se empenharam em compartilhar todo seu conhecimento e material para a realização deste estudo. Agradeço aos meus pais Rosemeire e Amaro, e demais familiares que acreditaram em mim, apoiaram-me e motivaram-me todos esses anos para que eu atingisse meu sonho. Vocês foram fundamentais para a conclusão de mais essa etapa em minha vida. Agradeço aos queridos amigos “Família Arolurb 011” por fazerem desses 7 anos de graduação mais leves, alegres e gostosos. Obrigado por todos os momentos e aprendizados compartilhados. Agradeço a todos que de alguma forma estiveram presentes na minha vida, que me trouxeram lições, aprendizado e que fizeram dos meus dias mais alegres e divertidos. Todos vocês fizeram parte da construção deste trabalho. 5


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SUMÁRIO 8

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INTRODUÇÃO

13   VIDANOTURNA: IMPORTÂNCIA E PROBLEMAS 19   ESPAÇO PÚBLICO E DEMOCRÁTICO 25   VAZIO URBANO 29   ESPACIALIZAÇÃO DOS TEMAS: CAMPINAS E ÁREA DE INTERVENÇÃO 31    CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO 37    DESCASO COM A HISTÓRIA 49   DESCASO COM A POPULAÇÃO 55    VIDA NOTURNA  59 ACESSO E TRANSPORTE 62   ENTORNO PRÓXIMO E ÁREA DE ABRANGÊNCIA 64   FLUXOS DE VEÍCULOS  E PEDESTRES 66   CAPTAÇÃO E ARMAZENAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS 68   EDIFICAÇÕES EXISTENTES 69    POTENCIALIDADES E DEFICIÊNCIAS 72   LEITURA GERAL 74    SURGIMENTO DE UMA PROPOSTA 77   VIDA NOTURNA ENQUANTO PROPOSTA

81   PROJETOS REFERENCIAIS 82   PARCO DEL VALENTINO 88   PARCO DORA 94    OFFICINE GRANDI RIPARAZIONI 98    SZIMPLA KERK - RUIN PUB 103   PROPOSTA DE PARQUE 104   CONCEITO 105 DEFINIÇÕES DOS PERCURSOS 106    MANTER/ DEMOLIR E ENTRADAS 107   SETORIZAÇÃO 108    TRAÇADO PREEXISTENTE 109   CONEXÕES DE INTERESSE 110 PROGRAMA 178 INFRAESTRUTURA 189 TRAÇADO DOS PERCURSOS 191 IMPACTOS ESPERADOS 192

ANEXO

219   BIBLIOGRAFIA 223   NOTAS DE FIM

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QR CODE Ao longo desse trabalho você encontrará alguns QR CODEs que o conecta com o meio virtual. Os QR CODEs são uma espécie de código de barras que são decodificados quando escaneados através da câmera de smartfones e tablets. Eles trazem links que te conectam a imagens 360°, vídeos e páginas na web. Para realizar a leitura há a necessidade de se ter um aplicativo leitor de QR CODE instalado. Caso você não tenha um aplicativo para esse fim, sugiro que use QR CODE READER® ou QR Scanner®. Para ler os códigos siga as instruções da figura a seguir:

Figura 1 - Passo à passo de como usar o leitor de QR CODE

Ao decodificar o QR CODE você será direcionado para conteúdos que complementam o presente trabalho e permitem a interação com o meio digital. Boa experiência! 8


INTRO DUÇÃO


Foto: Acervo Pessoal - Fim de tarde no Complexo Ferroviรกrio da FEPASA, Campinas, 2017


Vivemos em cidades cada dia mais populosas e com um público muito diversificado. Dentre essa diversidade, temos um grupo grande e muito forte que aprecia a noite para seu entretenimento, lazer e descompressão após uma longa jornada de trabalho ou estudo. Temos também um outro grupo que trabalha durante a noite e transita pelas ruas e espaços públicos nesse período, utilizando a infraestrutura disponibilizada. Clubes, academias, cinemas, teatros, bares, restaurantes e casas noturnas estão entre os principais equipamentos utilizados por esses grupos, que durante a noite estão nas ruas e outros espaços coletivos. Entretanto, esses equipamentos nem sempre são acessíveis a todos, tendo custos elevados ou valores mínimos para o consumo, havendo uma seleção de público, reduzindo a diversidade, além de serem de difícil acesso em alguns casos, estando em áreas sem transporte público e modais alternativos, consequentemente sendo menos democráticos. Em áreas onde a “Vida Noturna” é muito intensa, existem conflitos entre moradores e usuários desses equipamentos pelas questões de ruído, fluxos de pessoas e veículos, além da sujeira causada pelo uso desses espaços, principalmente quando despreparados para o entretenimento noturno. Olhando para os espaços de entretenimento disponíveis nas cidades, pode-se observar que praças e parques costumam propor o convívio, o lazer e o entretenimento, mas normalmente focados no uso diurno, com horários de abertura e fechamento pré-estabelecidos, contando com cercas que garantem a ausência de uso noturno. Quando não há essa restrição, esses espaços são comumente mal iluminados e sem nenhum equipamento que atraia pessoas para um uso noturno, fazendo com que o medo e a insegurança restrinjam ainda mais o seu uso. Se por um lado temos a necessidade de um grande público que busca um entretenimento noturno mais democrático e com menores custos que os equipamentos e serviços disponíveis em áreas regulamentadas, de outro, 11


temos moradores sendo incomodados pelo uso de áreas inadequadas. Temos também espaços com grande potencial para receber a infraestrutura adequada para esse tipo de entretenimento, como parques e vazios urbanos, onde muitas vezes há patrimônio tombado, mas nenhum projeto para o uso. Além disso, temos os “Empresários” da vida noturna que estão interessados nesse público e são grandes articuladores de forças, que juntamente com o poder público, podem viabilizar esse tipo de iniciativa. O presente trabalho tem a ideia de reabilitar o Complexo Ferroviário Central da FEPASA de Campinas, que hoje se configura como um vazio urbano e barreira física na região central da cidade, apresentando edifícios e linhas férreas tombados pelo CONDEPACC e CONDEPHAAT e que estão em processo de degradação. A proposta é readequar os usos desse espaço através de equipamentos de lazer e entretenimento, valorizando a vida noturna, e que funcione 24h por dia, trazendo um uso constante para a área, atendendo diversos públicos.

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VIDA NOTURNA

IMPORTÂNCIA E PROBLEMAS


Foto: Acervo Pessoal - Festa no Posto Ipiranga em BarĂŁo Geraldo, Campinas, 2017


Vivemos num mundo globalizado em que a comunicação e interação entre suas diferentes partes se dá instantaneamente. Mercados e a internet conectam pessoas sem diferenciar fuso horário ou ciclos diurnos e noturnos. Os serviços 24h têm sido cada vez mais presentes (COLABORATORIO, 2014). Grande parcela da população trabalha ou estuda no “horário comercial”, mas cada vez mais temos pessoas com suas rotinas em horários alternativos, seguindo sua própria organização pessoal ou mesmo os horários de outros países para os quais trabalham, ainda que não sejam os mesmos onde residem. A globalização trouxe transformações que tem gerado mudanças significativas na vida noturna na cidade, e o uso dos espaços públicos nesse período do dia também tem mudado. A noite perde a associação única de ser tempo de descanso e ganha a característica de ser também tempo de atividades laborais e sócio culturais (ALVES, 20061 , apud SEBASTIÃO, FONTES E MAGAGNIN, 2016) Historicamente, com as melhorias tecnológicas, a iluminação pública se amplia e abre mais espaço e tempo para atividades antes relacionadas à luz do sol (COLABORATÓRIO, 2014), ampliando assim as possibilidades de uso e apropriação dos espaços públicos. Mesmo com essa crescente necessidade e disposição ao uso da cidade durante a noite, o período noturno ainda costuma não aparecer nas reflexões ligadas ao planejamento urbano, estando estas muitas vezes limitadas aos aspectos da iluminação pública (GWIAZDZINSKI, 20142 , apud SEBASTIÃO, FONTES E MAGAGNIN, 2016). “Não podemos mais fechar as portas da cidade ao anoitecer” (COLABORATÓRIO, 2014, p. 43).

A necessidade de se pensar o período noturno como parte essencial da vida em qualquer cidade é muito 15


grande e isso deve ser feito planejando seus mais diversos aspectos e atraindo pessoas para usar os espaços públicos, trazendo assim melhorias em diversos fatores do lugar, como questões de segurança, cultura, integração e economia. Além do grande potencial de aumentar o valor econômico e a competitividade da cidade, a noite tem uma profunda força social (JASPE, 20113 , apud SEBASTIÃO, FONTES E MAGAGNIN, 2016). Pensando no espaço público como espaço de lazer noturno, primeiramente, tem-se que definir lazer. O lazer como se conhece hoje surgiu após as conquistas das classes trabalhadoras posteriores à Revolução Industrial, onde a carga horária de trabalho foi reduzida e o tempo livre para diversão e descanso passou a ser valorizado e visto como possível mercadoria (SANTOS, 19994 , apud RECKZIEGEL, 2009). Entretanto, as atividades de lazer já aparecem nos períodos Homérico e Arcaico, onde se podem encontrar elementos que mostram como as pessoas daquela época já tinham práticas sociais relacionadas à diversão, como os jogos olímpicos da antiguidade (SANTOS, 1999). Na Grécia, o lazer era o meio propício para exaltar a sabedoria e primar pela busca do prazer. Por estar relacionado com o prazer, na Idade Média, o lazer é percebido como algo nocivo à moral e aos bons costumes, já que estava ligado as mais diversas luxúrias materiais, visto pela Igreja como um risco para os seus princípios (SANTOS, 1999). Com o movimento Renascentista, valores da Antiguidade Clássica são retomados, como o culto ao corpo e às artes, fazendo com que se perca o sentimento de culpa imposto pela Igreja nas práticas de atividades ligadas ao lazer (SANTOS, 1999). Com a Revolução Industrial, o trabalho exacerbado, o pouco tempo livre e a extrema exploração do capital, levam o lazer a ser visto como uma mercadoria, já que nesse contexto “tempo é dinheiro” (SANTOS, 1999). Dumazedier (2000)5 e Trigo (1998)6 descrevem que lazer são as horas destinadas a atividades não profissionais, momentos de diversão, sociabilidade, passeios ou, simplesmente, contemplação, somente possível no tempo livre dos indivíduos. Tempo livre, segundo Friedman (2001)7 , é o tempo em que a personalidade tenta se exprimir e mesmo se expandir através de suas escolhas, estando totalmente desligadas de necessidades e obrigações (apud RECKZIEGEL, 2009). Com o crescimento da riqueza e ascensão da nova burguesia no início do século XIX, a questão do bem-estar passa a incluir produtos e serviços que visam à satisfação do homem e daí surge a chamada indústria do entretenimento, transformando música, cinema, arte e tudo mais em mercadoria para satisfação dos indivíduos (SOUZA, 20068 ; VAR16


GAS, 20019 , apud RECKZIEGEL, 2009). A partir dos anos 50, as condições sociais se diferenciam e o tempo livre torna-se uma realidade para diversos grupos, havendo oportunidades de lazer tanto gratuitas quanto comerciais (BARRAL, 200610 , apud RECKZIEGEL, 2009). Com isso, percebe-se que cada vez mais as pessoas têm passado a valorizar o lazer e o considerar um aspecto importante em suas vidas. Portanto, o lazer noturno tem sido considerado uma atividade econômica promissora dentro do mercado de serviços (SOUZA, 2006, apud RECKZIEGEL, 2009), sendo um grande movimentador da economia e gerador de postos de trabalhos. Sendo vista como uma mercadoria, devido à falta de espaços públicos adequados para a vida noturna, e por questões legislativas, as atividades de lazer e entretenimento noturno costumam ocorrer em espaços particulares, fechados e com cobrança de altos valores para o consumo e permanência, selecionando o tipo de público que as acessa. Isso já ocorre desde a antiguidade, onde o lazer sempre foi um privilégio das classes mais favorecidas. Com essa segregação sócio econômica, muitas pessoas acabam não tendo acesso aos equipamentos de entretenimento noturno e acabam buscando outras alternativas. Ao olhar para os espaços públicos urbanos, na busca por espaços públicos e gratuitos de lazer, encontramos as praias, parques e praças. As praias estão sempre disponíveis, abertas ao público 24 horas por dia, sem custo nenhum para o seu acesso e ainda com serviços que funcionam em diversos horários e podem atrair público para consumo. Já praças e parques, devido a preocupações com violência e segurança, ao menos no Brasil, costumam ter horário de funcionamento e, fora deste horário, seus portões se fecham e passam a não ter uso. Sem alternativas de entretenimento noturno, a população menos favorecida economicamente acaba por utilizar espaços que não foram preparados para esse uso, ocupando ruas, postos de combustível e largos para seu entretenimento. Por um lado, essas apropriações são ótimas, trazem as pessoas para as ruas, trazendo consigo a vigilância das áreas, tornando-as mais seguras, como diz Jacobs (2011). Trazem ainda mais investimento privado, encontrando ali um ambiente econômico fértil para a diversidade, complementando a demanda (JACOBS, 2001, apud RECKZIEGEL, 2009) e contribuindo para o crescimento da ocupação do espaço. Em contraposição, esse tipo de ocupação traz conflitos. Em espaços despreparados para o uso noturno, sem infraestrutura adequada e em áreas predominantemente residenciais, surgem os conflitos pelo ruído, pela sujeira, pela falta de sanitários e por toda a desordem e possíveis danos materiais por falta de responsáveis pela zeladoria do lugar. Esse tipo de apropriação pode ser notado em todo o país. A vida noturna gera um circuito noturno nas ci-

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dades, conectando festas, bares, boates, restaurantes, shoppings, cinemas, e até mesmo os postos de combustível que funcionam 24 horas e vendem bebidas (RECKZIEGEL, 2009), passando a ser pontos de encontro de quem gosta da noite, de beber ou simplesmente procura por um lugar para encontrar outras pessoas. A noite é cartão de visita de muitas cidades e símbolo de modernidade para muitas que se regeneram a partir da redefinição de novas funções para os seus antigos e decadentes centros históricos. A vida noturna é um elemento da identidade urbana que se projeta na tentativa de atrair mais pluralidade, polaridades e investimentos (FERREIRA, 200711 , apud RECKZIEGEL, 2009). Além disso, a vida noturna tem uma grande importância social e para o bem estar de cada indivíduo, como é possível observar no seguinte trecho escrito por Reckziegel (2009, p.28): Estudos da sociologia indicam a importância das atividades de lazer que, além de estimular a socialização e proporcionar prazer ao indivíduo, suprem as necessidades fisiológicas, de segurança, de status/estima, de auto-realização e necessidades sociais. Contribui também na reposição de energia para o trabalho e também como enriquecimento e aquisição de informações, crescimento pessoal e coletivo e, por fim, consumo (FERRREIRA, 2007; BARRAL, 2006; MAGNANI, 200512 ). O ambiente noturno, os bares, a bebida, a iluminação indireta e outros atributos estimulam a auto-apreciação, a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito, de status, prestígio e consideração, além do desejo de força e de adequação, de confiança perante o mundo, independência e autonomia. As necessidades sociais incluem a necessidade de associação, de participação, de apreciação por parte dos companheiros, de troca de amizade, de afeto e amor. O lazer noturno comparece como sentido de vida, de movimento, de alegria, de animação, de provocação de estímulos (BARRAL, 2006; KOTLER, 200013 ; SANTOS, 1999).

Sendo assim, a vida noturna, além de uma atividade de entretenimento, é uma expressão social que proporciona prazer e autoconfiança, a partir da interação interpessoal e da mistura de diferentes tipos de pessoas num ambiente em que estas se encontram por buscar o mesmo tipo de interesses, mesmo que ainda sejam muito diferentes umas das outras. Ao mesmo tempo leva as pessoas para as ruas, para vivenciar a cidade e seus espaços coletivos, movimentando a economia e gerando renda, tendo potencial para trazer mais segurança e conforto para se frequentar os espaços públicos no período em que muitos preferem ficar fechados em casa por medo da violência e insegurança.

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ESPAÇO PÚBLICO E DEMOCRÁTICO


Foto: Acervo Pessoal - Tarde de domingo no Parco del Valentino, Turim, 2014


Os espaços públicos tem sua origem na Grécia antiga, com a reforma política de Clístenes, surgindo contemporaneamente à democracia Grega. Mudanças nas relações sociais tornaram a Ágora, o antigo espaço aberto destinado ao mercado, em um lugar de encontro dos iguais, onde ocorria a participação do povo nos assuntos da comunidade (GOITIA, 198214 , apud ALBUQUERQUE, 2006). Em Roma, a respublica (coisa pública) era uma propriedade geralmente aberta à população, onde se visava à igualdade e a comunicação. O principal exemplo eram os foros, espaço aberto da cidade dedicado a reuniões públicas. Tanto na Grécia quando em Roma, o espaço público está fisicamente conectado com o espaço da religião, entando muito próximos aos templos (ARENDT, 199215 , apud ALBUQUERQUE, 2006). Na Idade Média, o espaço público era a praça em campo aberto, que estava conectada à Catedral, à fonte e ao mercado, espaço onde ocorriam as relações comerciais, que deram origem às cidades medievais. Nesse período, senhorial e público eram sinônimos, sendo esse o espaço de representatividade junto ao Soberano (GOITIA, 1982; ANTUNES, 200516 , apud ALBUQUERQUE, 2006). Já no Renascimento, retoma-se um planejamento urbano que havia sido abandonado na Idade Média e a ideia de que há espaços públicos destinados a trocas mais amplas que apenas aquelas geradas pelo comércio, seguindo a aplicação da lógica no traçado e planejamento urbano em benefício da população (GOMES, 200217 , apud ALBUQUERQUE, 2006) Nos século XVII e posteriormente no século XVIII, com o Iluminismo, o termo público estava ligado à existência de um espaço de discussão crítica que ocorria em espaços privados como salões, cafés e clubes, mostrando aqui uma articulação entre o público e o privado (CORREIA, 199918 , apud ALBUQUERQUE, 2006). Nos séculos seguintes, o termo público se aproximou ao que entendemos hoje, passando a designar o Estado e também uma entidade com existência

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objetiva, que exerce a sua vigilância sobre a pessoa que governa (ANTUNES, 2005, apud ALBUQUERQUE, 2006). Com a Revolução Industrial, as cidades perderam espaços livres e pátios para o maior aproveitamento do solo para as fábricas, que se tornaram donas e senhoras do solo urbano. O espaço público foi bastante renegado em função dos interesses capitalistas, além de um aumento da produtividade do trabalho humano como nunca havia sido visto. Trabalhadores moravam em bairros operários, onde as condições de vida eram mínimas. O tempo passou a ser registrado, passando a governar toda a rotina do proletariado. As cidades nesse período são marcadas pela dicotomia de diferenciação das classes sociais, com centros industriais para o proletariado e grandes avenidas, praças ornamentadas e palacetes para a burguesia (GOITIA, 1982, MUMFORD, 198219 , apud ALBUQUERQUE, 2006;). Com os grandes aglomerados fabris e com a invenção dos modernos meios de transportes, acentuou-se a necessidade de planejar o desenvolvimento urbano, enfrentando problemas de saúde pública, saneamento, poluição, lazer e outros, surgindo assim tipologias como a cidade-jardim, que visava corrigir os males causados pela industrialização (ALBUQUERQUE, 2006). Como se pode ver, ao longo da história, o espaço público foi sendo desenvolvido de acordo com a estrutura existente e com os interesses predominantes no momento, estando sempre ligado à configuração espacial, poder e relações sociais (ALBUQUERQUE, 2006). Hoje, a definição de espaço público no urbanismo é dada aos espaços de uso comum, apropriados livremente pelo conjunto das pessoas que vivem numa cidade, podendo estes serem verdes ou não, como parques, jardins, ruas, praças, largos, etc.(ALBUQUERQUE, 2006). Alguns urbanistas definem espaço público de formas diferenciadas, não havendo uma definição exata. Na discussão do presente trabalho cabem as definições de Camillo Sitte e Philippe Paneraí. Camillo Sitte concebia o espaço público inspirado nas cidades medievais, como um lugar de festas, mercado e manifestações culturais, recomendando uma composição do espaço quase teatral. Já Philippe Paneraí afirma que, além de ser um espaço de circulação de veículos e pessoas, o espaço público define-se primeiramente como público, aberto e acessível a todos, a todo o momento, pertencendo à coletividade e tendo seus traçados confundidos com o plano da cidade (PANERAÍ, 199420 , apud ALBUQUERQUE, 2006). Portanto, adota-se aqui o espaço público como espaço de livre expressão e manifestação, aberto para o uso de qualquer pessoa. Retomando a estruturação do espaço público ao longo da história, é hora de analisar como ele se configura de acordo com os interesses do momento. Vivemos em um mundo globalizado e capitalista, onde tudo, inclusive o tempo

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livre, tem virado mercadoria (PADILHA, 2003). Nossas cidades tem se descentralizado, com grande parte da população indo morar em condomínios residenciais fechados, símbolos de segurança e status. Os espaços de compras e lazer migraram para os grandes shoppings centers e outlets, onde as pessoas vão passar o seu tempo livre, o seu tempo destinado ao lazer. A população passa horas em “não lugares”21 , em espaços planejados para que elas se entretenham e percam a noção da hora, consumindo durante o seu tempo de lazer. Lojas, cinemas, teatros, bares, baladas, salões de jogos, tudo, pode ser encontrado dentro das bolhas que são os shoppings centers, espaços criados para o consumo, usando os riscos atuais da vida no espaço público, para concentrar o máximo de atividades de consumo em um mesmo lugar, criando espaços focados em atender a um público que tem dinheiro, sendo espaços acessíveis para quem pode pagar pelos serviços ali oferecidos (PADILHA, 2003), ocorrendo casos em que seguranças restringem a entrada de usuários pela sua aparência, como moradores de rua e os recentes eventos denominados “rolezinhos”22 . Enquanto isso, a cidade, o espaço público, tem cada vez mais se esvaziado e degradado, aumentando essa justificativa de que a vida na cidade é perigosa. Hoje, os shoppings têm centros de compras sofisticados e com segurança. Em épocas promocionais, eles dão muito mais para o consumidor do que as lojas de rua. Com essas somatórias e mais toda a cultura aplicada, eles se tornaram parte integrante da vida das pessoas. (SAHYOUN, 200023 , apud PADILHA, 2003, p. 27)

Olhando com uma visão mercadológica, por que as pessoas preferem os shoppings aos parques e praças públicas? O espaço público não tem marketing, não tem um publicitário planejando como atrair as pessoas e como fazer com que elas venham até o seu espaço consumir. Os Shoppings precisam disso pra sobreviver e colocam ali investidores que lucram em cima do consumo de quem os está frequentando, usando a publicidade para criar necessidades que não são reais e atrair cada vez mais consumidores. Quando os publicitários preenchem nosso pensamento consciente com imagens de espetaculares e felizes personagens unidimensionais, eles alimentam a ilusão de que nossa satisfação inata pode ser curada por aquisições materiais. Coisas. (...) (WAINWRIGHT, 200024 , apud PADILHA, 2003, p. 180).

O acesso a esse espaço é gratuito, porém nem sempre é acessível a todos, já que a localização geográfica e os modais de transporte podem dificultar o acesso das classes mais baixas. Esses espaços se reinventam o tempo todo, já que, com a globalização, vivemos num mundo instantâneo, onde tudo muda num piscar de olhos e a cada momento surge um lugar mais interessante, mais bonito e mais atrativo.

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Com olhos viciados na racionalidade econômica do capital, os gestores dos shoppings centers redesenham cidades e suas praças públicas recriando-as mais limpas, mais bonitas, mais modernas, mais práticas e mais seguras, de forma que os transeuntes sintam mais prazer no mundo artificial “de dentro” do que na realidade real “de fora”. (PADILHA, 2003, p.27)

Agora, se olharmos para os nossos espaços públicos, eles são os mesmos há séculos. Esses espaços não são reinventados, não trazem novidades, não trazem inovações e atividades que chamem a atenção da população e a atraia para usá-los. As praças continuam sendo espaços abertos com alguns bancos e árvores, os parques continuam sendo espaços com vegetação mais densa, com jardins, playground, pistas de cooper e algumas edificações com atividades durante o dia. Vemos ali um ou outro elemento mais atrativo como as academias ao ar-livre, mas ainda assim, esses espaços normalmente estão mal cuidados. Por que não olhar para os shoppings centers e trazer alguns dos seus atrativos para os parques? Por que fazer feiras de artesanato e de foodtrucks nesses espaços e não nos parques? Por que colocar bares, restaurantes e casas noturnas nos shoppings e não nos parques? Porque não levar para os parques redes wi-fi, tomadas para carregar eletro-portáteis e outras inovações tecnológicas como já acontece em alguns lugares do mundo? Os shoppings centers oferecem uma ampla variedade de opções num mesmo espaço para lucrar mais (PADILHA, 2003), mas ao mesmo tempo, com a correria cotidiana do mundo globalizado, a população busca pela facilidade de encontrar tudo num só lugar. Os shoppings, através da publicidade, criam necessidades que não existem, mas ao mesmo tempo se baseiam em algumas necessidades já existentes, como a de “ganhar tempo” ou “economizar tempo” tendo tudo à mão em um mesmo lugar. Se o mercado usa dessa necessidade atual de ter tudo à mão para atrair público e vender os shoppings erroneamente como “espaços públicos de lazer”, por que não usar a mesma estratégia para trazer as pessoas de volta para o espaço público, oferecendo parques públicos com diversidade de usos e oferecimento de serviços e ainda regenerar esses espaços? É necessário repensar os espaços públicos e trazer a população de volta para eles, promovendo cidades mais humanas, onde a interação e o convívio entre pessoas de diferentes situações sociais e econômicas ocorram, trazendo as pessoas para vivenciar o espaço público aberto e integrá-las à história e a paisagem das cidades.

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VAZIO URBANO


Foto: Acervo Pessoal - Rotunda Complexo Ferroviรกrio da FEPASA, Campinas, 2017


Um Vazio Urbano é uma área sem uso ou subutilizada, que se encontra inserida na malha urbana, onde há infraestrutura. Eles configuram espaços que não estão cumprindo a sua função social e tem um potencial de uso, seja ele para habitação, serviços ou lazer. Geralmente, existem por questões históricas, econômicas, políticas ou geográficas que acabaram levando ao seu estado atual. (FREITAS e NEGRÃO, 2014). Por estarem sem uso, esses espaços costumam estar fadados ao abandono, com o crescimento de mato, descartes irregulares de resíduos sólidos, proliferação de animais e vetores de doenças, risco de incêndio e, em casos de áreas com edificações, servir de abrigo para práticas ilícitas e ocupações irregulares. Dependendo da escala dessas áreas vazias, elas acabam gerando outro problema que é a conformação de uma fronteira, dividindo a cidade e dificultando a passagem de um lado para o outro. Como disse a jornalista Jane Jacobs (2011), uma grande área com uso único em seu perímetro, quando inserido na cidade, conforma uma fronteira. Essa fronteira pode ser vista apenas como um limite para a cidade, porém ela é muito além disso. Um grande exemplo de caso de fronteiras em meio às cidades são as linhas férreas, que na época de sua instalação, estavam nos limites da cidade, mas com o crescimento urbano, passaram a ser limites de expansão das áreas mais antigas. Mesmo sendo um limite físico para expansão, as cidades se expandiram para além dessas fronteiras, onde novos bairros se desenvolveram e passaram a vê-las como barreiras, já que, devido a toda a dinâmica das áreas mais antigas das cidades, seus moradores precisam atravessar a linha do trem para chegar às zonas mais antigas. Esse tipo de divisão passa até a ser uma barreira social, com um dos lados da linha férrea se desenvolvendo mais do que a outra (JACOBS, 2011).

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Com a decadência da atividade ferroviária no Brasil, a maioria dos pátios ferroviários está em situação de abandono, passando a ser, além de limites e barreiras, um grande vazio urbano. Esse vazio, acaba afetando a relação com os seus limites. Segundo Jacobs (2011), certas fronteiras restringem o uso e podem até impedir a interação entre os dois lados e com um uso pouco diversificado ou a falta de uso, a população pode não encontrar ali atividades que as atraiam, gerando um esvaziamento da região, que leva a uma gradativa degradação das áreas circundantes. Além de um vazio urbano, os pátios ferroviários costumam conter edifícios marcos do patrimônio arquitetônico ferroviário que representam um importante período histórico e econômico das cidades onde estão. Com o desuso ou uma subutilização, esses edifícios acabam ficando abandonados, sem cuidados e manutenção, não tendo quase nunca uma relação com a vida cotidiana do cidadão, tornando-se um empecilho urbano à espera do desaparecimento ou da ruína (TIRELLO, 201425 ; apud REIS, 2016). Vazios urbanos além de uma barreira física e um espaço com infraestrutura sem uso e patrimônio em sua área, compõe um território degradado e subutilizado em meio à malha urbana, estando geralmente em posições extremamente privilegiadas e onde o custo da terra é alto.

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ESPACIALIZAÇÃO DOS TEMAS

CAMPINAS E ÁREA DE INTERVENÇÃO


Foto: Dados Cartográficos ©2017. Google Imagens ©2017 CNES/ Airbus, Digital Globe


CARACTERIZAÇÃO DO MUNICIPIO Situada no interior do estado de São Paulo, a 97 km a noroeste da Capital, Campinas é um Município brasileiro que ocupa uma área total de 796,4 km², sendo que 388,9 km² conforma o perímetro urbano, enquanto os outros 407,5 km são áreas rurais. Está em uma altitude de 680 metros acima do nível do mar, localizada na Latitude S 22°53’20’’ Longitude O 47°04’40’’ (PMC/SEPLAMA, 2017). Segundo dados da Agência Metropolitana de Campinas (AGEMCAMP), que tem suas fontes na união de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Sistema Estadual de Análise de Dados (Fundação Seade), o município tem uma população estimada de 1.142.620 habitantes, com densidade demográfica de 14,34731 habitantes por hectare (AGEMCAMP, 2016). A origem da cidade é do entorno do século XVIII, época em que era lugar de parada para descanso entre as Vilas Jundiaí e Mogi-Mirim, nas rotas São Paulo-Goiás e São Paulo-Mato Grosso, para entradas e bandeiras, depois para mascates, tropeiros, comerciantes e soldados. O lugar ficou conhecido como “Campinas do Mato Grosso”, que a partir da parada de descanso, originou-se um povoado. Em 14 de julho de 1774 foi celebrada a primeira missa no lugarejo, sendo essa a data considerada oficial para a fundação da cidade de Campinas, mesmo tendo sido elevada à categoria de cidade apenas em 1842 (PMC, 2017). Entre o final do século XVIII e o começo do século XX, a produção de café e cana de açúcar foram importantes atividades econômicas, trazendo a ferrovia, e consequentemente a modernidade ao município. A partir da década de 30, com a crise da economia cafeeira, suas principais fontes de renda passam para os setores da indústria e do comércio, passando de uma cidade agrária para um polo industrial regional. Em 1938, recebeu o Plano Prestes Maia, com amplo conjunto de ações voltados a reordenar o crescimento da cidade, com a perspectiva de impulsioná-la como polo tec31


Figura 1 - DEMOGRAFIA - NĂşmero de Habitantes da RegiĂŁo Metropolitana de Campinas (Dados: AGEMCAMP, 2016, Mapa desenvolvido pelo autor)


nológico do interior do Estado de São Paulo (PMC, 2017). Atraídos pela instalação de um novo parque produtivo composto por fábricas, agroindústrias e estabelecimentos diversos, nas décadas de 30 e 40 Campinas recebeu um grande contingente de imigrantes das mais diversas regiões do estado, do país e do mundo, recebendo assim uma grande diversidade de culturas e costumes (PMC, 2017). Hoje é a décima cidade mais rica do Brasil segundo o IBGE e é o terceiro maior polo de pesquisa e desenvolvimento, sendo responsável por mais de 15% da produção científica nacional, realizada por universidades, faculdades e importantes institutos de pesquisa (Portal Inovação Tecnológica, 2017). Com mais de 1/3 da população (Figura 1), é o maior e principal município da Região Metropolitana de Campinas (RMC), que se constitui pelo agrupamento de 19 outros municípios, sendo eles Americana, Arthur Nogueira, Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Jaguariúna, Monte Mor, Morungaba, Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Santa Bárbara d’Oeste, Santo Antônio de Posse, Sumaré, Valinhos e Vinhedo. A Região metropolitana de Campinas é a décima maior área metropolitana do país (AGEMCAMP, 2016). Na questão Cultura, a cidade sempre teve destaque dentro do estado de São Paulo, com grande produção e recursos culturais. Conta com infraestrutura, apresentações e festivais de diversos gêneros, atendendo diversos públicos. Segundo o IBGE, Campinas tem o maior PIB da RMC, está em 5º lugar no estado de São Paulo e em 13º lugar no país. A principal fonte econômica hoje está no setor terciário, com seus diversos segmentos de comércio e prestação de serviços, seguido pelo setor secundário, com complexos industriais de grande porte, sendo a agricultura o setor menos relevante pra economia. Segundo a PMC, o setor de Restaurantes e outros serviços de alimentos e bebidas é o terceiro que mais emprega no município, dentre os 20 setores mais relevantes (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Social e de Turismo/PMC,2017). Ao extremo sul do município, está o Aeroporto Internacional de Viracopos, o segundo maior terminal aéreo de cargas do país, que é uma alternativa a São Paulo no transporte de passageiros. Na região norte, localiza-se o Aeroporto Campo dos Amarais, destinado a aviões de pequeno e médio porte, além do ensino de pilotagem (Figura 2). A cidade é um dos maiores entroncamentos rodoviários do país, por onde passam diversas rodovias, ligando o município com facilidade a diversas cidades e estados (Figura 3).

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Figura 2 - TRANSPORTE - Aeroportos e Rodovias (Mapa desenvolvido pelo autor) Figura 3 - TRANSPORTE - Ferrovias (Mapa desenvolvido pelo autor)

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A cidade conta com aproximadamente 200 linhas de ônibus urbano e 100 linhas de ônibus metropolitanos e intermunicipais, além de vários terminais espalhados pela cidade fazendo a integração e facilitando as possibilidades de rotas. No centro, existe o Corredor Central, um corredor viário que privilegia o transporte coletivo nas avenidas centrais, melhorando o tráfego para o transporte coletivo. (EMDEC, 2017). As informações mostram um bom transporte coletivo, entretanto essa não é a realidade. Muitos pontos da cidade são de difícil acesso por conta dos horários e número de ônibus que fazem as linhas, principalmente ao anoitecer. O custo das passagens também está bem alto, no valor de R$ 4,30. As linhas férreas hoje operam apenas com transporte de cargas, tendo um fluxo muito baixo e apenas passando e pernoitando no município, passando de 2 a 6 trens de carga por dia26 , não havendo mais o caráter ferroviário que teve nos séculos XIX e XX, em que era o principal modal de transporte de pessoas e de escoamento da produção agrícola. Possui clima tropical de altitude, com verão quente e úmido e inverno ameno e quase seco. A temperatura média anual é de 22° C e a umidade relativa do ar tem uma média anual de 72,1%. Predominam os ventos na direção sudeste, com velocidade média de 2,0 m/s. A precipitação média anual é de 1380 mm, com chuvas intensas nos meses de verão e com um período de estiagem de maio a setembro (PMC/SEPLAMA, 2006).


Com diferentes classes de solo, o município é constituído principalmente por latossolos, argissolos e gleissolos, estando o município sujeito a alagamentos e processos erosivos (PMC/SEPLAMA, 2006). O município possui apenas 2,5% de sua área total com vegetação original remanescente, sendo constituída por fragmentos isolados de Florestas Estacionais Semideciduais e poucos trechos de cerrados, matas de brejo e vegetação rupestre. Esses fragmentos estão principalmente nas áreas rurais, bosques naturais e parques municipais (PMC/ SEPLAMA, 2006).

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Foto: PMC/SMC/MIS/ML6224 - Fachada da Estação Paulista, Campinas, 1884


DESCASO COM A HISTÓRIA Com atividade ferroviária iniciada em 1868, a inauguração do prédio da Estação da Companhia Paulista de Estradas de Ferro e Navegação em 1872 e a linha da Companhia Mogyana em 1875 a atividade ferroviária foi um marco para a economia de Campinas. Na Época, ocupando uma das bordas do município, era um ponto de conexão da cidade com diversas partes do território paulista. A chegada da estrada de ferro em Campinas trouxe diversas mudanças pra vida urbana, já que o trem era um grande vetor da modernidade, conectando Campinas com o mundo, trazendo ideias, informações, inovações tecnológicas, artísticas e culturais que influenciaram no comportamento da população local. A estação atraiu o prolongamento da área Comercial de Campinas já estabelecida próxima aos Largos e as Igrejas, além de atrair melhoramentos de infraestrutura e edificações voltadas para o uso público, como hospitais, escolas e mercados, contextualizando em Campinas uma vida mais pública, alicerçada em valores mais burgueses (VALDEMARRA e OLIVEIRA, 2009) Como a estação era um eixo difusor de pessoas, idéias e mercadorias, o centro situado no entorno da linha férrea se tornou uma área moderna e dinâmica, que abrigava a função comercial juntamente com a habitacional. Como as pessoas queriam morar próximas das novidades, tornou-se uma área privilegiada e nobre com a valorização do solo urbano e das atividades ali desenvolvidas (VALDEMARRA e OLIVEIRA, 2009, p. 6).

A área passou a valorizar os terrenos da região central e com isso a população mais pobre, a indústria e o operariado nascente foram ocupando as áreas além da linha férrea, dando início a uma segregação espacial da sociedade, das funções e atividades (VALDEMARRA e OLIVEIRA, 2009).

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Figura 4 - CAMPINAS 1900 - Eixos em que se deu a expansรฃo urbana (Fonte: Centro de Memรณria - UNICAMP


Figura 5 - CAMPINAS 1929 - Eixos em que se deu a expansรฃo urbana (Fonte: Centro de Memรณria - UNICAMP


A linha férrea da Companhia Mogyana favoreceu à expansão urbana no eixo norte-sul da cidade, com uma ocupação mais elitizada, enquanto que a linha férrea da Companhia Paulista favoreceu a expansão leste-oeste, com uma ocupação mais popular (Figura 4 e Figura 5). A ferrovia teve grande importância para o adensamento de agentes e atividades, tendo forte impacto no crescimento da malha urbana (VALDEMARRA e OLIVEIRA, 2009). Na década de 20, Campinas eletrificou suas linhas, sendo a primeira cidade brasileira a fazer isso (RIBEIRO, 2005), estando em posição de destaque em inovação e modernidade. As ferrovias estavam atreladas à produção cafeeira e a crise do café as afetou diretamente. Com o passar dos anos, o transporte ferroviário foi sendo substituído pelo rodoviário e com o Golpe de 64, as ferrovias foram abandonadas. O transporte ferroviário não foi desativado, mas a sua exploração foi gradualmente transferida para o Estado. No início da década de 1970, as antigas estradas de ferro paulistas foram incorporadas em uma única empresa denominada FEPASA – Ferrovia Paulista S.A., com o objetivo de modernizar a estrutura. Na década de 1980, com o crescimento da economia brasileira, as ferrovias passaram a ser concessionadas para a iniciativa privada, passando trens de passageiros na estação até março de 2001 (VALDEMARRA e OLIVEIRA, 2009). A desativação dos serviços colocou em risco a sobrevivência de todo o conjunto edificado do complexo ferroviário campineiro, ameaçado pelo abandono e pela especulação imobiliária. De um elemento dinâmico e estruturador, o complexo ferroviário foi perdendo a sua função original, transformando-se em uma área abandonada e degradada (VALDEMARRA e OLIVEIRA, 2009, p. 8).

O complexo só existe até hoje por conta do movimento de preservação do patrimônio histórico da cidade conduzido pelo grupo “Febre Amarela” que resultou na criação do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (CONDEPACC) e no tombamento da área. Entretanto, o seu tombamento não refletiu na conservação do complexo, que hoje se encontra quase que totalmente abandonado e em desuso, configurando um grande vazio em meio à cidade (VALDEMARRA e OLIVEIRA, 2009). O seu tombamento não levou à conservação, mas ao menos impede a demolição dos edifícios e a especulação imobiliária. Para o patrimônio cultural, os instrumentos legais de preservação e conservação do mesmo mostram a tentativa urgente e visceral de reconhecê-lo enquanto bens permanentes da memória coletiva e do arcabouço histórico da configuração do espaço social, buscando integrá-lo à dinâmica urbana por meio da reversão dos processos de desintegração e fragmentação patrimonial que se consubstanciam dentro de um processo que, também e por muito tempo o excluiu (VALDEMARRA e OLIVEIRA, 2009, p. 8).

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Com o encerramento das atividades em transporte de passageiros, a administração municipal de Campinas ocupou a área central do complexo ferroviário. Em 2002 foi criada a Estação Cultura e o espaço da antiga estação ferroviária passou a ser utilizado para atividades institucionais, educacionais e culturais, com a linha férrea ficando em segundo plano, apenas com a passagem de alguns poucos trens de carga por semana. Hoje a área representa uma barreira física e social, um grande vazio urbano no coração de Campinas, delimitando o centro em relação à porção sudoeste da cidade, que abriga as regiões mais pobres, vinculadas ao eixo de expansão leste-oeste. A área de aproximadamente 28 hectares, com cerca de 1,2 km de extensão, está subutilizada e em gradativa situação de degrado, contendo regiões em que tem ocorrido assaltos e tem sido utilizada como abrigo para moradores de rua e usuários de drogas, além de depósito de lixo e criadouro de animais e vetores de doenças (Figura 6). A prefeitura tem planos de transformar o local em um segundo Parque Portugal27 de Campinas e induzir à reabilitação do Centro, entretanto a área é uma propriedade do Governo Federal, estando sob a custódia da Superintendência do Patrimônio da União. A Prefeitura Municipal de Campinas tem autorização para ocupar, mas não é proprietária da área, desejando ao menos um comodato por longo prazo para que possam ser feitos investimentos para um uso público. Hoje, alguns galpões e edifícios estão ocupados por órgão e empresas municipais como EMDEC, RENOVA, CEPROCAMP, Junta Militar, CONDEPACC, Secretária de Esportes e Secretaria de Cultura, além de um estacionamento. Para conseguir o comodato ou a posse da área, os edifícios precisam estar ocupados pela prefeitura. Eles estão hoje com esses usos apenas para conseguir o desejado, e em seguida, essas atividades mudarão de lugar, deixando todas as edificações livres para usos abertos ao público28.

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01 Galpão degradado. Foto: Acervo pessoal, 2017

02 Calçada estreita elevada. Foto: Acervo pessoal, 2017

03 Mato e vidros quebrados. Foto: Acervo pessoal, 2017

04 Galpão degradado. Foto: Acervo pessoal, 2017

05 Água parada rotunda. Foto: Acervo pessoal, 2017

06 Lixo. Foto: Acervo pessoal, 2011

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08 Mato e lixo. Foto: Acervo pessoal, 2011 Galpão vazio. Foto: Acervo pessoal, 2011 Figura 6 - Mosaico de fotos com a situação de degrado da área

09 Lixo e entulho Foto: Acervo pessoal, 2011


Figura 7 - Degrado - Mapa desenvolvido pelo autor, 2017


A Área foi Tombada inicialmente em 1990 como Complexo Ferroviário Central da FEPASA e em 2014 como Área Remanescente do Complexo Ferroviário Central da Antiga FEPASA, seguido por um novo processo que a modificou para Parque Cultural Ferroviário, ficando estabelecido que as áreas da ferrovia sejam transformadas em área de lazer, conforme trecho retirado do processo de tombo (Processo 004/89, vol. 1): Objetivando permitir o usufruto pela comunidade de terrenos atualmente considerados não vitais a operacionalização dos trens, através de “ajuste de permissão” respeitada a legislação no que diz respeito a preservação da área de domínio mínima compreendida pela faixa de seis metros do trilho externo, os serviços podem compor-se de: Criação de calçadões Criação de praças ou jardins Criação de áreas de lazer específico (playground, pista de corrida, campo de bocha, etc...) envolvendo ajardinamento, calçamento, implantação de bancos, iluminação...

O processo também coloca que os espaços edificados podem ser adaptados para atividades com fim social, como trecho a seguir: Objetivando o aproveitamento de espaços, total ou parcialmente ociosos, os serviços compõem-se de itens específicos necessários à implantação de creches, bibliotecas, postos públicos, grupos de trabalho.

Olhando pra questão do planejamento urbano, os Planos Diretores do município tem falado sobre essa área, tratando-a com novas diretrizes na sua ultima versão. No Plano Diretor de 1996, Lei Complementar nº 004 de 17 de janeiro de 1996, quando ainda havia a passagem de trens de passageiros na área, nas Diretrizes Gerais para o Município, colocavam para leitos férreos: Preservar os leitos férreos desativados e respectivas faixas “non aedificandi” para transporte de passageiros, local, turístico ou de lazer, e/ou áreas complementares à urbanização local; Preservação das faixas “non aedificandi” marginais ao leito férreo ativado, linhas de alta tensão, dutos e oleodutos para sistema viário e/ou áreas complementares à urbanização; Garantir a implantação do Trem Intrametropolitano;

Esse plano previa preservar os leitos férreos desativados para um futuro uso e ainda previa a duplicação do corredor de exportação da ferrovia, ampliando o transporte de cargas.

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No Plano Diretor de 2006, Lei Complementar nº 15 de 27 de dezembro de 2006, não havia mais a passagem de trens de passageiros na área , somente trens de carga, e nas Diretrizes Gerais colocava-se o seguinte: Art. 24 [...]XXI – preservar as faixas non aedificandi marginais aos leitos férreos ativos, linhas de alta– tensão, dutos e oleodutos preferencialmente para sistema viário ou áreas complementares à urbanização; XXII – preservar os leitos férreos desativados para futuro sistema de transporte de passageiros;[...] Art. 25 [...]XVI – implantar o Parque Linear Pires–Cabras junto ao antigo ramal férreo, nas áreas urbanas de Sousas e Joaquim Egídio;

Nesse Plano Diretor, pode-se notar que ainda há o interesse em trazer o transporte de pessoas de volta, mas também já surge o interesse em transformar um trecho desativado em Parque Linear. Nos últimos 20 anos houve mudanças que refletiram significativamente nos planos para a área. No Plano Diretor de 2016, ainda não aprovado, mas já disponível para consulta, encontra-se colocado quatro pontos importantes a se destacar no que se refere à área: 1.1.3 DIRETRIZES VIÁRIAS [...] As diversas rodovias e ferrovias que cortam o território configuram ainda relevantes barreiras e, devido à falta de alternativas para sua transposição, criam gargalos no tráfego. 1.1.4 PROJETOS URBANOS - ORLA FERROVIÁRIA A transformação contínua das cidades tem suscitado o reaproveitamento das infraestruturas urbanas, especialmente nas áreas abandonadas ou que se tornaram obsoletas e defasadas sob o aspecto funcional. Nesse sentido, o aproveitamento de antigas linhas férreas desativadas vem se destacando, principalmente com a construção de parques lineares, uma alternativa para a ocupação de áreas degradadas, melhorias na circulação viária e aumento das áreas verdes. Assim, este Plano Diretor desenvolveu uma proposta para o aproveitamento de trechos da orla ferroviária abandonada, onde não há previsão de utilização, que visa sua ocupação como espaços públicos de lazer, que poderão conter praças, áreas esportivas, ciclovias, cafés, bibliotecas, entre outros equipamentos. Diretrizes Gerais de Mobilidade Urbana

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Desenvolver e implantar ações que minimizem os impactos negativos das barreiras urbanas representadas pelas rodovias ou ferrovias que cortam o município. DIRETRIZES DA SUBÁREA DE PATRIMÔNIO CULTURAL Diretrizes Específicas XI - Requalificação patrimonial e urbanística do parque cultural ferroviário, integrando-se a iniciativa pública e privada na recuperação do patrimônio cultural, promovendo-se novos e múltiplos usos do espaço, incluindo-se o reconhecimento dos ofícios ferroviários;

Com isto, vê-se que esse último plano, ainda em elaboração, já mostra um reconhecimento de que a área se trata de uma barreira física urbana sem alternativas para a transposição e que são necessárias ações que minimizem os impactos negativos dela. Coloca também que áreas como essa devem ser transformadas em parques aumentando o verde público e a oferta de infraestrutura de lazer e cultura à população. E ainda, a reabilitação do patrimônio ali existente, inserindo-o na vida da população. Com o passar dos anos, vemos que tanto CONDEPACC, quanto Prefeitura Municipal e Secretária de Planejamento e Desenvolvimento Urbano tem se preocupado mais com a área, porém até o momento, a área continua em más condições, sem abrir-se totalmente ao público, sem criar um vínculo da população com o patrimônio e com a área sem uma utilização adequada de seu potencial, estando ainda subutilizada, sendo um problema no centro da cidade e dando uma má impressão a quem chega ao município pela Rodoviária, que está ao lado do Complexo.

Figura 08 - Degrado. Foto: Acervo pessoal, 2017

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Figura 09 - Degrado. Foto: Acervo pessoal, 2017

Figura 10 - Degrado. Foto: Acervo pessoal, 2017


Quem chega à Rodoviária de Campinas logo vê a atual situação de abandono e degrado da região (Figuras 8, 9 e 10). Galpões com cobertura caindo, vidros quebrados, pichação, resquícios de incêndios, vagões totalmente destruídos, mato. A área passa uma grande sensação de insegurança a quem chega, principalmente ao anoitecer. Segundo dados da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (EMDEC), na Rodoviária de Campinas passam em média mais de 100 mil pessoas por dia, considerando as pessoas que chegam e saem para outros municípios e aquelas que passam pelo terminal de ônibus municipal que está dentro da rodoviária. Além disso, ainda na outra extremidade do Complexo ferroviário, está localizado o Terminal Central, onde, segundo dados da EMDEC, passam cerca de 70 mil pessoas por dia. No meio desses dois grandes polos de atração de população para a área, tem-se a Av. 13 de Maio, via de pedestres que conecta a região ao centro de Campinas, sendo toda essa área, carregada com um grande fluxo de pedestres que está diariamente em contato com o espaço do Complexo ferroviário abandonado e em degrado. Além disso, existem casos de espera de horas dentro da rodoviária, e os usuários desse modal não têm opções de atividades no entorno enquanto aguarda, tendo apenas algumas lojas internas ao terminal e um entorno abandonado e degradado.

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Foto: Acervo Pessoal - Pรกtio do Complexo Ferroviรกrio da FEPASA, Campinas, 2017


DESCASO COM A POPULAÇÃO Analisando a questão do Verde Público com Função Social29 , onde se enquadram Parques e praças, espaços com infraestrutura para lazer e a prática de atividades físicas abertas ao público, Campinas apresenta um grande déficit. Como pode-se ver na Figura 11, a região central, assim como 70% das UTB (Unidade Territorial Básica), não possuem nenhum Parque ou Bosque e por ser uma região com elevada densidade populacional, deveria ser alvo prioritário de ações de estabelecimento de Áreas Verdes com Função Social (Parques) (Plano Municipal do Verde – Campinas, 2016) Pensando nas distâncias para o acesso, o Plano Municipal do Verde traz um mapa (Figura 12) com estudo das distâncias a se percorrer em até 30 minutos de caminhada para chegar aos parques públicos sem a necessidade de meios de transporte. Nesse outro mapa (Figura 13) do Plano Municipal do Verde também se pode ver, destacado em marrom, as áreas em que há maior déficit de Áreas Verdes com Função Social, sendo elas as áreas mais adequadas pra se iniciar os investimentos em parques públicos. Ainda nesse mapa, pode-se ver que a zona próxima ao centro é uma das mais deficitárias. Campinas hoje oferece 26 opções de Parques e Bosques (Figura 14), que são cercados e tem horário de funcionamento, estando abertos, na sua grande maioria, entre 6h e as 18h, com alguns poucos casos que funcionam até mais tarde, como o Parque Portugal.

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Figura 11 - Índice de Áreas Verdes Sociais por Habitante em cada UTB - Cenário Atual. Diagnóstico do PMV (2015)


Figura 12 - Mapa de acessibilidade às Áreas Verdes com Função Social. Diagnóstico do PMV (2015)

Figura 14 - Áreas Verdes com Função Social - Cenário Atual. Fonte: Diagnóstico do PMV, 2015. Elaborado pelo autor.

Figura 13 - Mapa do déficit de Áreas Verdes com Função Social. Diagnóstico do PMV (2015) Figura 15 - Área de Praças de Esporte e Ginásios Poliesportivos, Prefeitura de Campinas, 2017. Elaborado pelo autor.


Na área esportiva, Campinas oferece 30 opções de Praças de Esporte e Ginásios Municipais (figura 15), com horário de funcionamento médio entre 8h e 18h, com fechamento para horário de almoço entre as 12h e 14h. Apenas alguns casos de ginásios apresentam horário de funcionamento até às 22h. Esses espaços públicos para a prática esportiva oferecem diversas atividades a toda população (PMC/Secretaria de Esportes, 2017). Olhando para esses dados parece até que o oferecimento de atividades e espaços públicos no município está relativamente satisfatório, porém, ao olhar para o perfil da população, isto torna-se questionável. Campinas tem uma pirâmide etária com metade de sua população na faixa entre 15 e 45 anos (Figura 16). Segundo dados do IBGE, mais de 60% da população nessa faixa etária desenvolvem alguma atividade remunerada. Considerando que a maioria desse grupo esteja trabalhando ou estudando nos horários em que esses parques e praças de esportes estão abertos, essa parcela da população não é contemplada com a possibilidade do seu uso, podendo usufruir desses espaços apenas aos finais de semana e dias de folga.

Figura 16 - Pirâmide etária RMC e Campinas. IBGE, 2016. Elaborado pelo autor.

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Fazendo uma comparação com a cidade de Turim, na Itália, esta possui uma área de parques públicos urbanos (desconsiderados parques fluviais, colinares, jardins e praças) e uma população em quantidades próximas a de Campinas, mas quase todos os parques são totalmente abertos, e os poucos que fecham, funcionam das 8h às 24h, dando maior possibilidade de uso a toda a sua população.(COMUNE DI TORINO/ VERDE PÚBBLICO, 2016). Segundo dados do Plano Municipal do Verde, Campinas tem uma média de 3,4m² de área de parques públicos por habitante. Comparando com Curitiba, que é considerada Capital Verde do país, a oferta em Campinas está bem baixa, já que, segundo dados da Prefeitura de Curitiba (2012) , a cidade oferece uma média de 10,16m² de parques públicos por habitante, tendo três vezes mais área do que Campinas. Portando, há a necessidade de se ampliar essa oferta de espaços no município, assim como pontua o Plano Municipal do Verde.

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Foto: Radson Red - City Bar a noite, Antigo “Setor”, Cambuí, Campinas


VIDA NOTURNA Com mais de um milhão de habitantes, principal município de uma região metropolitana com mais de três milhões de habitantes, uma pirâmide etária jovem, universidades de grande importância nacional e internacional e diversas indústrias e centros de pesquisa, Campinas conta com um público jovem muito grande. Ao se referir a questão da vida noturna, surge a questão dos ruídos gerados, já que no período noturno, a maior parte da população tem como habito dormir, e este, pressupõe níveis sonoros baixos, que não causem incômodos. A primeira legislação30 que trata as questões de incômodos sonoros em Campinas é de 1961 e permite a emissão de ruídos nos divertimentos públicos apenas em horários previamente licenciados. Nessa época, a diversão e o lazer noturno ocorriam em teatros, clubes, boates, discotecas, bares e também em espaços públicos como parques e vias públicas. Era comum as pessoas usarem os espaços públicos como vias de pedestres e veículos como extensão dos espaços dos bares onde a vida noturna acontecia. Em 1976 foi inaugurado o Centro de Convivência, no bairro do Cambuí. Ali alguns bares foram surgindo em seu entorno, tentando complementar suas atividades culturais e de lazer. Denominado “Setor”, essa região de bares era reduto dos jovens campineiros. Com o passar do tempo, o “Setor” foi se expandindo e indo para outras ruas num raio maior (Campinas de Antigamente, 2017). Em 1996, uma nova lei31 amplia as restrições, dizendo que os estabelecimentos destinados a diversões públicas, festas, clubes ou qualquer outra atividade em que houvesse difusão de som musical ou ruídos, somente seriam licenciados se tivessem isolamento acústico que impedissem a propagação de sons com intensidade superior a 45 dB entre 22h e 7h do dia seguinte, considerando o ruído medido do interior do imóvel do reclamante.

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Com essa lei, a maioria dos bares do “Setor”, que tinham música ao vivo e não tinham o isolamento acústico exigido, acabaram se adaptando à lei, fechando às 22h. O público que já vinha reduzindo devido ao surgimento de novos estabelecimentos passou a buscar novas casas noturnas que foram surgindo na região e ofereciam música até tarde, vendo o “Setor” o seu fim. O “Setor” acabou, mas ele deu origem à vida noturna do “Cambuí”, localizado em uma área nobre da cidade, com bares que buscam um público com maior poder aquisitivo, indo de encontro com o desejo do público frequentador que busca além de diversão, o status de ir ao “Cambuí” (Campinas de Antigamente, 2017). Com bares já existentes fechando mais cedo por conta da limitação de ruído e com a popularização dos Shoppings centers, o oferecimento de casas noturnas, bares, restaurantes, teatros e cinemas em seu interior, com horário de funcionamento até 23h ou mais e as questões já citadas sobre segurança e uso como espaço de lazer, os espaços públicos tem se esvaziado e a população ido cada vez mais para esses ambientes em busca de divertimento. Nos ultimo anos, a vida noturna campineira tem se concentrado em três regiões do município, sendo elas o Cambuí, Sousas e Barão Geraldo. Nos dois primeiros casos, tratam-se de bairros de classes mais altas, onde a maioria das opções tem preços elevados, e em Barão Geraldo, prioritariamente um público universitário, portanto os preços são mais acessíveis. Em janeiro de 2015 foi regulamentada a “Lei do Pancadão”32 , que proíbe o excesso de volume de som nos carros estacionado em vias e logradouros públicos, bem como espaços privados de livre acesso ao público, tais como postos de combustível e estacionamentos que venham a perturbar o sossego público, especialmente no horário noturno. A necessidade da criação dessa lei mostra que o espaço público continua a ser alvo de uso para diversão e entretenimento noturno para uma parcela da população, que estaciona veículos com equipamentos de som e fazem a festa onde estão, ocupando praças, postos de combustíveis e outros locais de acesso público. Segundo a prefeitura, em dois anos da lei, a Guarda Municipal e a EMDEC já fizeram mais de 500 apreensões de veículos, ocorrendo principalmente na região Oeste do município, nos bairros menos favorecidos como Campo Grande, Vila União, Vila Padre Anchieta e Vida Nova33 . Entretanto, pode-se destacar também alguns casos presenciados pelo presente autor na região central de Campinas, em um posto de combustível na Torre do Castelo e também na apropriação recente em um posto no bairro universitário no distrito de Barão Geraldo e nas festas universitárias que ocorrem nas praças da UNICAMP (Figuras 17, 18 e 19). Essa apropriação dos espaços públicos e coletivos, evidenciada por uma parcela da população, também vem acentuada por outra questão a respeito da vida noturna no município. O acesso a bares e casas noturnas hoje é muito

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restritiva as classes sociais, com casas que tem valor de entrada variando entre R$30,00 e R$80,00 reais, principalmente se tratando das casas na região do Cambuí e Sousas. Além do custo para o acesso, há também a questão do custo das bebidas dentro desses estabelecimentos, com valores de 3 a 6 vezes mais altos se comparados aos supermercados. Assim sendo, uma noite passa a custar muito caro e os encontros em espaços públicos e postos de combustível passam a ser muito mais acessíveis.

Figura 17 - Festa no Posto Barão Geraldo, Campinas. Foto: Acervo pessoal, 2017.

Figura 18 - Evento Festa do Chapéu com cobrança de entra- Figura 19 - Evento Festa do Chapéu no posto de Barão da, Campinas, 2017. Geraldo, Campinas, 2017.

Para uma melhor compreensão de como está a vida noturna em Campinas hoje, foi elaborado um questionário , que foi distribuído pela internet em grupos na rede social Facebook, objetivando atingir à maior diversidade de público possível. Como resultado foram obtidas 320 respostas de públicos diversos, que moram em diferentes bairros de todo o município de Campinas35, mas a grande maioria alunos da Universidade Estadual de Campinas (66,8%), heterossexuais (72,5%), brancos (80,6%), solteiros (91,3%), sem filhos (95,9%), na faixa dos 20 aos 34 anos(87,5%), moradores do Distrito de Barão Geraldo (36,5%). 34

Os dados levantados corroboram com a ideia de que a vida noturna em Campinas acontece com maior intensidade nos bairros do Cambuí, Sousas e no Distrito de Barão Geraldo, além da concentração de atividades nos Shoppings Centers. É importante destacar que grande parte das pessoas que responderam o questionário apontaram frequentar os mesmos locais, ou ao menos próximos, independentemente de gênero, orientação sexual e raça. Entretanto, por se tratar da maioria das respostas oriundas de grupos seme-

Espacialização questionário

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lhantes, não pode ser tomado como uma verdade absoluta do município, já que a universidade, de um modo geral, é um ambiente onde o respeito às diferenças é maior. Nas questões mais específicas sobre a vida noturna, o principal destino são os bares (87,8%), seguido dos restaurantes (70,6%), cinemas (67,8%), lanchonetes (62,2%), shoppings (60,9%), festas em casas e repúblicas (60%), e casas noturnas(48,8%). Poucos citaram frequentar teatros (22,5%), praças (17,8%), espaços públicos para a prática de esportes (11,9%) e academias (17,2%). Nos shoppings, o público apontou que busca principalmente por cinemas (93,2%), já que o município não tem cinemas de rua, e restaurantes (77,1%), devido a variedade ofertada no mesmo local. Quando questionadas sobre o que mais atrai nos lugares que frequentam, o que mais foi votado foi o ambiente (72,2%), seguido do custo (65,3%), comida (62,2%), localização (59,4%) e música (56,9%), sendo o atendimento (30%), a bebida (48,4%) e o público que frequenta (50,6%) os pontos que menos importa. A maioria das pessoas costuma sair a noite de 1 a 2 vezes por semana (54,1%), principalmente às quintas-feiras (40,9%), sextas-feiras (76,9%) e sábados (76,6%), sendo segunda-feira (10,3%) o dia em que menos saem. A maioria delas está disposta a gastar de R$ 21 a R$ 60,00 por noite (71,3%), o que é muito pouco para os altos custos dos bares e casas noturnas do Cambuí e Sousas. A grande maioria chega de carro próprio (63,1%), uber, taxi (55%) ou carona (45,9%), indicando estarem dispostas a percorrer até 10km de distância de suas casas até o destino (57,8%).

Resultados Questionário

Eles disseram que em Campinas falta ou gostariam que tivesse mais diversidade de atividades de lazer e entretenimento noturno, mais segurança, opções de shows gratuitos em áreas públicas como parques e praças, opções de lazer ao ar livre, mais opções de serviços 24 horas, cinemas alternativos, cinemas fora dos shoppings, bares e casas noturnas mais baratas, teatros melhores, exposições, espaços públicos onde se possa beber e conversar com amigos em segurança, feiras ao ar livre, variedades de comida, praças e parques com comércios, melhor oferecimento de transporte público noturno, bares que fiquem abertos até o amanhecer, mais opções de entretenimento durante a semana e festas de rua. De um modo geral, o público pede por espaços de entretenimento e lazer ao ar livre, com custos menores, mais acessíveis, assim como as festas ilegais que acontecem dentro do campus da UNICAMP e as festas em postos de combustível e em casas que são comumente interrompidas pela polícia por conta das leis que dizem respeito à ruído e incomodo da vizinhança. 58


ACESSO E TRANSPORTE

Para a análise de facilidade de acesso ao local escolhido, foram levantados os percursos das linhas de ônibus que conectam Campinas com os munícipios da Região Metropolitana de Campinas e também o dos ônibus “Corujão”, que são as linhas de ônibus noturnas que conectam os bairros e distritos de Campinas com o centro. Segundo a EMDEC, os ônibus saem dos bairros em direção ao centro a cada 1h30, à partir da meia-noite e do Terminal Mercado (ao lado do mercado municipal, estando a 900 m da Estação Cultura) para os bairros, à partir da 00h50. Pelas Figuras 20 e 21, pode-se verificar que todas as linhas convergem para o centro do município, para o Terminal Rodoviário, Terminal Central e Terminal Mercado, transportando a população para chegar ao parque e retornar às suas casas dia e noite.

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Figura 20 - TRANSPORTE - Linhas Intermunicipais RMC. Elaborado pelo autor, 2017.


Figura 21 - TRANSPORTE - Linhas de Ă´nibus corujĂŁo que conecta o centro com os bairros e distritos de Campinas na madrugada. Elaborado pelo autor, 2017.


ENTORNO PRÓXIMO E ÁREA DE ABRANGÊNCIA Para a delimitação da área de abrangência do projeto foram adotados alguns parâmetros. Primeiramente observou-se as vias arteriais e barreiras físicas como as linhas do trem e desnível por conta de um túnel de veículos. Em seguida, observou-se as tipologias construtivas, seus usos e distância de deslocamento caminhando até a área de intervenção. Assim, chegou-se no perímetro grafado nas figuras com tracejado verde. Para melhor compreensão do entorno e das influências da intervenção na vizinhança, foi realizado um levantamento de uso e ocupação do solo (Figura 22), determinando as áreas prioritariamente de comércio e serviços, as áreas de uso misto, as áreas estritamente residenciais, os lotes com uso institucional, as praças, os vazios e optou-se por diferenciar os lotes residenciais verticais, já que estes causam num aumento da densidade na área. Na região mais à Sudeste percebe-se uma mudança no uso e um aumento de atividades de comércios e serviços, além da verticalização. Já na região sudoeste, o uso é mais residencial, com alguns comércios e serviços no entorno das escolas e faculdade que estão ali, com algumas casas sendo usadas para serviços como escritórios e consultórios. A norte, na região central, o uso é prioritariamente comercial, havendo uma grande passagem de pessoas durante o dia e um esvaziamento noturno. 62


Figura 22 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo. Elaborado pelo autor, 2017.


FLUXOS DE VEÍCULOS E PEDESTRES

O mapa de fluxos de veículos e pedestres (Figura 26) foi construído para entender por onde as pessoas chegam na área, por onde elas saem, quais as intensidades de fluxos, e à partir disso poder pensar na melhor solução possível para a proposta que será feita. Nas Figuras 23, 24 e 25 pode-se ver algumas situações problemáticas no entorno, como vias de alto fluxo, calçadas estreitas, fachadas desinteressantes, dentre outros.

Figura 23 - Travessia pedestre. Foto: Acervo pessoal, 2011

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Figura 24 - Travessia pedestre. Foto: Acervo pessoal, 2014

Figura 25 - Travessia pedestre. Foto: Acervo pessoal, 2017


Figura 26 - Mapa de Fluxos de VeĂ­culos e Pedestres. Elaborado pelo autor, 2017.


CAPTAÇÃO E ARMAZENAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS Em visita realizada na área com o acompanhamento do responsável pelo complexo, o Eng. Civil Fóster Moz, foi por ele apontada a existência de um sistema de captação de águas pluviais que era usado tanto para a drenagem do pátio quanto para o armazenamento e utilização em serviços no Complexo Ferroviário. Nessa visita foram encontrados algumas canaletas de captação (Figuras 27 e 28) e reservatórios (Figura 29) onde a água era armazenada. Também foi encontrado uma planta de 1950 (Figura 30) em que consta os caminhos e informações de dimensões do sistema.

Figura 27 - Canaleta aberta. Foto: Acervo pessoal, 2017

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Figura 28 - Canaleta aberta. Foto: Acervo pessoal, 2017

Figura 29 - Reservatório. Foto: Acervo pessoal, 2017


Figura 30 - Planta Esplanada de Campinas, 1950. Acervo Foster Móz. Destaque para Captação e Armazenamento de águas pluviais. Elaborado pelo autor, 2017.


EDIFICAÇÕES EXISTENTES

A Área do Complexo Ferroviário Central da FEPASA, que foi escolhida como área de intervenção tem uma total de 28 hectares. Dentro dela, encontram-se diversas edificações, algumas tombadas, outras sem valor histórico, passíveis de demolição. No Anexo estão destacadas as edificações existentes, diferenciando as tombadas das que não possuem valor histórico. As edificações tombadas, portando que serão mantidas, totalizam cerca de 60 mil metros quadrados de área construída. Nele estão marcados também os trilhos ativos e inativos. Ambos devem ser mantidos, segundo o processo de tombo, entretanto, o inativo pode ser coberto, mas não retirado. Já a linha ativa, manterá a circulação de trens de carga, portanto deverá ser mantida e protegida, de modo a garantir a segurança dos usuários. Serão propostas a passagem de pedestres em nível, já que, segundo a Associação Brasileira de Transportes Terrestres - ANTT, é permitida a passagem de pedestres em nível em linhas ferroviárias em áreas urbanas, desde que adequadamente sinalizado e com os trens respeitando o limite de velocidade de 15 km/h. Por se tratar de um espaço tombado, com diversas edificações existentes, foram levantadas informações a respeito destas, considerando uso original, uso atual, ano de construção, estado de conservação, área construída, grau de alteração e técnica construtiva. Além disso, foi realizado um levantamento fotográfico para melhor observação e análise dos detalhes e do estado de conservação. Os dados iniciais como plantas de referência e os demais dados descritos foram retirados do processo de tombo, e nas visitas a campo foram verificadas se as informações estavam corretas ou necessitavam alterações, já que as informações presentes no processo eram de 2007. Informações complementares foram obtidas em conversa realizada com Henrique Anunziata, Historiador do CONDEPACC responsável pelo tombo, e com Foster Móz, Eng. Civil coordenador da estação. Esse levantamento prédio a prédio pode ser conferido no Anexo ao final do presente trabalho. Também foram identificadas as entradas existentes e originais modificada em cada uma das edificações para compreender quais os fluxos atuais e quais os novos percursos que podem ser propostos trazendo um melhor aproveitamento das mesmas.

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POTENCIALIDADES E DEFICIÊNCIAS

Para compreender melhor a relação entre a área e o seu entorno, os seus pontos que levam a potenciais usos e seus problemas que precisam ser solucionados foram elaborados o mapa de potencialidades (Figura 31) e o mapa de deficiências (Figura 32) que estão a seguir. Eles serviram de base para o desenvolvimento de uma Leitura Geral (Figura 33), que por seguinte deu origem ao programa de necessidades e à espacialização desse programa na área de intervenção. Vistas, ruído, fluxos e nível de segurança foram os principais fatores observados. Também observou-se ventos predominantes, fluxos e posicionamento solar.

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POTENCIA LIDADES

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Figura 31 - Mapa de Potencialidades. Elaborado pelo autor, 2017.


DEFICIÊNCIAS

Figura 32 - Mapa de Deficiências. Elaborado pelo autor, 2017.

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LEITURA GERAL

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Tabela 1 - Leitura Geral da área de intervenção e entorno


Figura 33 - Mapa de Leitura Geral. Elaborado pelo autor, 2017.


SURGIMENTO DE UMA PROPOSTA As questões até aqui tratadas servem de embasamento teórico e reconhecimento da temática, da cidade e da área escolhida para o desenvolvimento do presente trabalho, justificando a proposta. - A vida noturna em Campinas, assim como em muitas cidades brasileiras, tem sido elitizada, com custos altíssimos para o acesso e permanência, ocorrendo a apropriação de áreas em que o custo é mais baixo. Entretanto, essas áreas são despreparadas para a vida noturna, o que causa problemas e conflitos, como é o caso da apropriação de postos de combustíveis e outros equipamentos em áreas residenciais. Além disso, a legislação atual tem reprimido esse tipo de inciativa, com multas de cerca de 2 mil reais, além da apreensão de veículos com som alto. - Campinas conta com uma ampla área de 28 hectares de pátio ferroviário subutilizada, tombada pelo CONDEPACC como Parque Cultural Ferroviário, com legislação que induz à transformação da área em parque público com equipamentos de cultura e lazer; - Campinas tem um Plano Diretor em desenvolvimento que diz que o problema da barreira urbana criada pelo pátio ferroviário em desuso deve ser solucionado, diz também que o patrimônio ali presente deve ser preservado e inserido no cotidiano da população, e ainda sugere que, assim como aponta o tombamento, seja transformado em área de lazer; - Campinas é um município que carece de parques públicos, principalmente na região central, onde a densidade populacional e o fluxo diário de pessoas são muito altos devido à Rodoviária, ao Terminal Central e à infraestrutura existente; - Campinas carece de espaços públicos para a prática esportiva e de atividades físicas na região central;

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- Os parques e espaços públicos para a prática esportiva do município não contemplam a maior parcela da população devido o seu horário de funcionamento que vai em média das 6h às 18h; Juntando essas questões, o presente trabalho propõe a criação do Parque Cultural Ferroviário, no centro de Campinas, dando novo uso a uma área subutilizada e parcialmente abandonada, valorizando-a a partir da inserção do patrimônio existente no cotidiano da população e oferecendo atividades culturais, de esporte, lazer e entretenimento em um espaço aberto ao público 24 horas por dia, priorizando equipamentos para a vida noturna, trazendo parte da cidade pra dentro do parque e modificando a relação entre usuários, parques, cidade e vida noturna. O parque proposto estará localizado no ponto da cidade em que há uma grande facilidade de acesso utilizando o transporte coletivo, permitindo que moradores de qualquer parte da cidade, da Região Metropolitana de Campinas e até mesmo outros municípios possam acessá-lo, trazendo novamente à área o caráter de conexão com o mundo e com novas culturas, ideias e inovações, sendo uma possível força de indução para a reabilitação do Centro, já que, segundo Jacobs (2011), um parque é um chamariz a mais para bairros que já tem uma grande variedade de usos.

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Foto: FLO_Mac- Noite na Fluido Music Bar, Parco del Valentino, Turim


VIDA NOTURNA ENQUANTO PROPOS TA


Foto: Acervo Pessoal - Cacao Club, Parco del Valentino, Turim, 2014


A proposta de trazer a vida noturna para a reabilitação da área surgiu após experiências vividas em algumas cidades da Europa. Em Turim, na Itália, além dos parques públicos serem totalmente abertos, sem cercas e portarias, eles trazem alguns equipamentos que atraem público para dentro do parque todos os dias da semana, em todos os horários. No principal parque público do bairro de San Salvário, onde a vida noturna é mais movimentada, encontra-se casas noturnas, bares e restaurantes que trazem movimento para dentro do parque todas as noites. Alguns desses equipamentos funcionam desde a hora do almoço até a madrugada, servindo refeições durante o dia e se convertendo em bar durante a noite. Nesses estabelecimentos, o consumo não é obrigatório para a permanência e nem mesmo existe uma taxação para a entrada, tornando o espaço de livre acesso a qualquer classe social. Em Budapeste, na Hungria, ao andar pelo bairro judeu, encontra-se diversos casarões antigos, com um aspecto abandonado, mas ao entrar, depara-se com uma gama de atrativos, como bares, restaurantes, lanchonetes e pista de dança. Os chamados ruinpubs, que ocupam casarões abandonados e os transformam num espaço de serviços de entretenimento e alimentação, oferecem um acesso gratuito e serviços do horário do almoço até o amanhecer, trazendo diversidade etária, social e cultural, criando a possibilidade de encontro de quem está ali apenas para um lanche, com quem está dançando e até mesmo quem está passando para tomar um café pela manhã. Ao voltar para o Brasil, em Campinas, as experiências com a vida noturna foram muito diferentes, em espaços com custos altíssimos, casas fechadas por conta da exigência de isolamento acústico, público sentado dentro dos bares, com as ruas e calçadas a seu arredor, em geral, sem a permanência de pessoas, com apenas alguns fumantes no caso de estabelecimentos que não oferecem ambientes adequados para o fumo. A maioria dos frequentadores das mesmas 79


classes sociais, em geral altas, já que o custo para estar nesses ambientes é alto. A proposta tem por objetivo se apropriar de uma área hoje vazia e de fácil acesso, a área do Complexo Ferroviário Central da FEPASA, costurando-a novamente à malha urbana, e ao mesmo tempo, fortalecendo a trama ao redor como sugere Jacobs (2011), rompendo com a barreira que hoje essa área representa. Além disso, busca inserir no cotidiano da população os edifícios tombados que ali estão presentes, através de equipamentos a serem instalados nesses edifícios e a criação de um grande parque público ao seu redor. “Uma linha divisória pode ser mais do que simplesmente uma barreira dominante”, escreve Lynch, “se for possível ver ou mover-se através dela – se ela estiver inter-relacionada em certa profundidade com as regiões de ambos os lados. Torna-se então uma costura, não uma barreira, uma linha de permuta ao longo da qual duas áreas se alinhavam.” (JACOBS, 2011, p. 296)

Assim como sugere Jacobs (2011), parques precisam ter seu uso noturno incentivado, e a proposta traz a oferta de equipamentos para o lazer, entretenimento e consumo noturno, para atrair público de todas ás áreas da cidade e da região, e à partir desse uso, requalificar a área. Em relação à atual “Lei do Silêncio”36, que poderia vir a ser um empecilho ao uso noturno no parque, entretanto, a lei diz que eventos e apresentações em parques públicos não se enquadram nas restrições para excesso de volume de som, desde que haja autorização do órgão municipal responsável, sendo assim uma proposta viável. Esse parque com uso noturno trará à população um espaço onde a vida noturna pode acontecer sem causar incômodos, contando com infraestrutura e serviços adequados para este fim.

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PROJETOS REFERENCIAIS Os projetos referenciais foram escolhidos de acordo com lugares conhecidos pelo proponente ao longo de intercâmbio realizado pelo programa Ciências sem Fronteiras, no Politécnico di Torino, em Turim na Itália, no período de setembro de 2013 à julho de 2014. Foram selecionados quatro projetos, sendo dois de parques públicos e dois de infraestrutura requalificada através de seus usos. Os parques escolhidos estão localizados em Turim, cidade em que morei e que vivenciei, ao chegar, com a perspectiva de turista, e após alguns meses, com a perspectiva de morador frequentante e usuário de sua infraestrutura. Eles foram escolhidos para estudo referencial por conta da sua grande importância para a cidade, sua localização, suas histórias e usos. Nesse momento, olhando para os desenhos com o olhar de arquiteto, o foco da leitura foi em melhor compreender as relações espaciais das áreas, os fluxos e o desenho dos parques. As infraestruturas requalificadas estão localizadas em cidades distintas, uma em Turim e a outra em Budapeste. Mesmo morando na cidade, o contato com essa primeira foi bem pequeno e pontual, assim como na segunda. Ambas foram vividas apenas através do olhar turístico. Esses dois projetos foram escolhidos para compreender quais foram os novos usos que requalificaram esses edifícios abandonados e qual a articulação entre eles.

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PARCO DEL VALENTINO Turim, Itália Data do Projeto: Primeiro projeto iniciado em 1630, com concurso de ideias por volta das décadas de 30 e 40 do século XIX, havendo modificações nos anos seguintes que levaram à configuração atual. Autores: Jean Baptiste Ketmann, vencedor do concurso de ideias, com alterações de Barillet-Deschamps e ampliação de Ernesto Balbo Bertone. Área Total: 42 hectares Área construída: Aproximadamente 60 mil m² Horário de funcionamento: Aberto 24 horas Partido Um fragmento do campo na cidade, próximo ao trabalho e a casa, onde se pode realizar um passeio, olhar a paisagem ou até mesmo andar a cavalo, levar as crianças para brincar e repousar, com objetos acessórios como cafés, pavilhões para musica e mirante com vista para o rio e a colina. Hierarquia de vias, com vias largas para carroças e caminhos mais estreitos entre os jardins e bosques para os pedestres. Inserção Urbana

O Parque está inserido entre o rio Pó e a Estação Porta Nuova, a principal estação de trens, metrôs, ônibus e trans (bondes) do centro da cidade, em área com entorno de uso misto, com edificações junto à calçada, térreos com comércio e serviços, com habitação nos pavimentos superiores, e que estão em uma média de até 7 pavimentos. História e Contexto

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O Parque do Valentino é o mais famoso e antigo parque público da cidade. Está localizado próximo ao centro, a 1 km da principal estação ferroviária e margeia o Rio Pó. A sua origem vem do fim da idade media, quando o Castello del Valentino, residência Real de Savoia, foi construído. O primeiro projeto do parque é de aproximadamente 1630, tendo uso privado. Mas na segunda metade do século XIX, com a abertura dos muros da cidade medieval, Turim passa a uma nova fase urbana, com forte aumento da população, com construção de novos edifícios e a necessidade de verde para a diversão. Com isso, o município abriu um concurso de ideias com resultado divulgado por volta de 1855, vencido por Jean Baptiste Ketmann. Os trabalhos para a transformação em parque público começaram em 1863, com parcial redesenho da proposta vencedora por parte do arquiteto francês Barillet-Deschamps, que se inspirando nos princípios do parque inglês, realizou melhoramentos no sistema viário, bosques e vales artificiais. Em 1876 recebeu uma proposta de ampliação feita por Ernesto Balbo Bertone. Mesmo antes de estar completo, o parque virou palco de grandes exposições nacionais e internacionais. Tendo sido construído em 1884 o Borgo Medievale, um complexo que reconstruiu uma cidade medieval com as principais características estilísticas da arquitetura medieval piemontês e do Vale da Aosta (COMUNE DI TORINO/VERDE PUBBLICO, 2015). Leitura do projeto

O parque de 1350 metros de extensão por 250 metros de largura média conta com 5 pontos de acesso principal e mais 7 entradas secundárias. Na porção nordeste esta localizado a parte com vegetação mais aberta, onde nas tardes ensolaradas a população vai tomar sol ou praticar atividades de lazer em um gramado aberto com livre uso (Figuras 36 e 37). Nessa região está localizada a maior concentração de bares e casas noturnas, sendo bem movimentado quase todas as noites (Figuras 40, 41 e 42). Há também ai uma área onde cães podem ser soltos das coleiras e brincar livremente. Ao centro do parque estão localizadas a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Politécnico di Torino, o Museu e Horto Botânico da Universidade de Estudos de Torino, O Palácio da Promotoria de Belas Artes, A sociedade de Canoagem, com seus dois clubes, a sede da Polícia à Cavalo e o Clube de Esgrima. A sudoeste está mais uma casa noturna, o estacionamento subterrâneo, o gramado para jogos, área de playground (Figura 38) e academia ao ar livre, a Torino Exposições, o Borgo medieval e os jardins e bosques temáticos, sendo uma área menos frequentada durante a noite.

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Ao longo de todo o parque, caminhos largos e estreitos se mesclam, com áreas para passagem de veículos e áreas específicas para pedestres. Com caminhos sinuosos e inspirado no parque do estilo inglês, criam-se diversas perspectivas e o parque vai sendo descoberto ao longo do passeio, não havendo uma grande visibilidade do todo, havendo uma fragmentação dos 42 hectares de parque em vários bosques e jardins, tendo cada parte de todo o parque uma característica peculiar que atrai diferentes públicos e interesses, havendo algumas áreas mais silenciosas e tranquilas e outras mais barulhentas e agitadas.

Figura 34 - Dados do mapa ©2017 Google, Imagens ©2017 Google.

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Figura 35 - Jardim Rochoso

Figura 38 - Playground

Figura 40 - Fluido Music Bar

Figura 36 - Domingo no parque - Gramado Jogos

Fotografia 360 ยบ

Figura 41 - Fluido Music Bar

Figura 37 - Alongamento em um dos gramados

Figura 39 - Feira de automรณveis em uma das grandes vias

Figura 42 - Club 84

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PROGRAMA

Tabela 2 - Programa Parco del Valentino

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PARCO DORA Turim, Itália Projeto: 2004 -2010 Obras: 2009 - 2012 (Porém o projeto ainda não foi concluído) Autores:Giulio Desiderio, Mario Berriola, Fausto Gallarello | STS s.p.a., Peter Latz | Latz und Partner, Carlo Pession | Studio Pession Associato, Vittorio Cappato | Studio Cappato associato Área total: 45 hectares Área construída: 12 mil m² Horário de funcionamento: Aberto 24 horas Partido O projeto nasce na busca de uma nova identidade histórico-cultural de paisagens industriais e pós-industriais, sendo uma enorme instalação artística a céu aberto. Ele propõe a metamorfose da velha estrutura industrial buscando novos sentidos, conectando a área à cidade sem perder o espírito do lugar, através da presença das antigas estruturas industriais convertidas em parque público que cria um polo de atração da criatividade, através de um espaço libertador conformado por áreas de socialização através de eventos esportivos, musicais e artísticos. Inserção Urbana O projeto está inserido ao longo das margens do rio Dora, afastado do centro, mas muito bem servido por transporte público e com grande diversidade de usos em seu entorno e alta densidade populacional. História e contexto:

O parque está inserido nas antigas instalações das pesadas fábricas industriais da Fiat, dividido em 5 áreas 88


nomeadas de acordo com as fábricas que ali estavam desde o final do século XIX. Com a decadência da siderurgia e as industrias renovando suas tecnologias em novo espaço, a área foi abandonada e degradando-se cada vez mais. Em 1995 foi assinado o Plano Regulador que propôs a reorganização urbanística que visou requalificar as áreas degradadas ao longo das linhas férreas de Turim. O parque é a intervenção de maior importância do plano, mas apenas um pedaço dele. Em 2004 foi aberto um concurso internacional, vencido por Peter Latz e equipe. As obras iniciaram em 2009 e o parque foi inaugurado em 2011, na celebração do 150º aniversário da Unificação Nacional. Ainda hoje, o projeto não foi totalmente executado (COMUNE DI TORINO/ VERDE PUBBLICO, 2012). Leitura do projeto

O parque é dividido em 5 áreas, estando 4 delas divididas fisicamente por grandes avenidas e pelo Rio Dora. A área à oeste é marcada pela Igreja do Santo Volto, projetada por Mário Botta. Nessa área o parque tem um conceito maior de percursos e vistas, com jardins, jardim aquático (Figuras 47 e 48), praça d’água numa das entradas principais e uma grande passarela que conecta o parque com a área central, do outro lado da avenida. A área ao centro é a principal área do parque, com um grande galpão aberto de 12 mil metros quadrados que funciona como uma grande área multiuso, tendo marcações de quadras esportivas, pistas de skate móveis e um grande espaço que recebe diversos tipos de eventos diurnos e noturnos (Figuras46,49, 50 e 51). A área central conta também com pequenos bolsões de estacionamentos, canais de água, praça com jardins, pilares metálicos e grandes paredes de concreto remanescentes do período industrial (Figuras 44 e 45). Mais à norte dessa área, há grandes gramados com área para práticas esportivas e repouso. A passarela que vem da área a Oeste cruza toda a área central, chegando à área que a circunda, que conforma outra área do parque composta principalmente por grandes áreas para passeio e contemplação do parque central., havendo também área para cães e passeio próximo às margens do Rio Dora. A sul da área Central e do Rio Dora, fica uma grande área gramada e de bosque, onde a intenção é o passeio, com contemplação da paisagem, com uma torre de resfriamento remanescente que é seu ícone. Nessa parte do parque o silêncio prevalece, sendo uma área mais tranquila e com grande diversidade de aves. A leste, atravessando outra grande avenida, temos o quinto pedaço do parque, com jardins e playground, compondo uma área ainda não concluída do projeto. O grande foco de todo o complexo é o passeio, os percursos e as vistas criadas com a paisagem existente, 89


tanto natural quanto a memória da paisagem industrial, sendo um atrativo único na cidade. Inserção Urbana

Figura 43 - Dados do mapa ©2017 Google, Imagens ©2017 Google.

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Figura 44 - Praça com estruturas

Figura 47 - Jardim Aquático em estrutura industrial

Figura 49 - Evento Ramadã na Cobertura Multiuso

Figura 45 - Curso d’água na Praça com estruturas

Fotografia 360 º

Figura 50 - Holy festival of colors na Cobertura Multiuso

Figura 46 - Cobertura multiuso com quadras esportivas a noite

Figura 48 - Parkour em estrutura do Jardim aquático

Figura 51 - Festival gastronomico na cobertura multiuso

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PROGRAMA

Tabela 3 - Programa Parco Dora

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OFFICINE GRANDI RIPARAZIONI Turim, Itália Projeto: 2010 Obras: 2011 - 2015 Autores: Studio Pession Associato, 5+1 Agezia di Architettura Alfonso Femia, Impro Srl, Al Engineering Srl – Al Studio Associaz. Professionale Área total: 35 mil m² Área construída: 20 mil m² Horário de funcionamento: Flexível de acordo com os eventos Partido Reconverter uma importante estrutura industrial em espaço para a arte e o desenvolvimento tecnológico História e Contexto

Os galpões foram abertos em 1878 como fábrica para a construção e manutenção de locomotivas e vagões ferroviários, que funcionaram até o fim dos anos setenta. Os galpões ficaram abandonados até 2011, quando começou a hospedar eventos culturais. Em 2013 foi adquirido por uma fundação que financiou os trabalhos de reestruturação para segurança do edifíco e recuperação para o seu uso funcional. Os galpões estão localizados em área estratégica da cidade, próximo a sede do Politécnico di Torino e inserido em uma zona de desenvolvimento científico (OGR, 2017). Leitura do Projeto

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O projeto com entrada Principal pela Praça Central recebe os visitantes pelo Hall Recepção onde se encontra o restaurante (Figura 57). Ele se encontra no centro de todo o complexo e se distribui para os dois galpões, sendo um voltado para empresas e start ups voltadas à pesquisa e inovação tecnológica e científica, enquanto o outro é voltado para atividades públicas e divivido em 2 áreas, uma voltada para música e teatro (Figuras 54, 55 e 58) enquanto o outro é voltado para exposições e experimentações artísticas (Figuras 53, 56, 59 e 60). O galpão público é um grande espaço multiuso que possibilita a instalação de painéis e infraestruturas móveis, permitindo diferentes conformações de espaços para diferentes atividades.

Figura 52 - Dados do mapa ©2017 Google, Imagens ©2017 Google.

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Figura 53 - Galpão Arte e Exposição

Figura 56 - Galpão Arte e Exposição

Figura 58 - Galpão Musica e Teatro

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Figura 54 - Galpão Música e Teatro

Vídeo Inauguração

Figura 59 - Galpão Arte e Exposição

Figura 55 - Galpão Musica e Teatro

Figura 57 - Restaurante

Figura 60 - Galpão Arte e Exposição


Tabela 4 - Programa OGR

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SZIMPLA KERK RUIN PUB Budapeste, Hungria Inauguração: 2002 Autores: Desconhecido Área total: 1600 m² Horário de funcionamento: 14h as 06h Partido Resignificar construções e objetos abandonados, convertendo problemas em soluções para o lazer e entretenimento, abrindo-se ao público. História e Contexto

Os Ruinpubs surgiram em Budapeste por volta dos anos 2001, sendo o Szimpla Kerk o seu precursor. Principalmente localizados no bairro judeu, os Ruinpubs se apropriam de fábricas e casarões abandonados, utilizando tudo o que é encontrado por ali e em outros locais abandonados para a decoração e mobília dos espaços. Tudo que era considerado lixo pode virar algo com um novo uso: banheiras viram sofás, baldes viram luminárias, bonecos, esculturas e peças antigas viram decoração, até a carcaça de um carro pode virar uma bela mesa com acentos, tudo trazendo uma nova perspectiva e um mix de elementos visuais que tendem à loucura. O Szimpla Kerk trás essas características para um novo conceito de espaço de lazer e entretenimento noturno, inicialmente em um espaço, mudando-se para uma fábrica maior, com espaço para abrigar diversas atividades e atrativos de público a qualquer hora do dia e da noite (SZIMPLA, 2017).

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Leitura do Projeto O espaço conta com diversos ambientes divididos em dois pavimentos. No térreo encontram-se os espaços mais coletivos, com diversas opções de bebidas e comidas (Figuras 62,63 e 64), loja de suvenires e aluguel de narguilé (Figura 66), além de área com música ao vivo e dj e uma pista de dança. Nesse mesmo pavimento ainda tem uma área aberta para fumantes. Aos domingos, das 9h às 14h, horário em que as diversas atividades não estão em funcionamento, ocorre uma feira orgânica (Figura 65). No pavimento superior, encontram-se área mais reservadas, com restaurantes, outras opções de bebidas e um espaço com pebolim. Em todo o edifício há uma grande diversidade de elementos visuais, compondo uma atmosfera totalmente diferente dos bares e casas noturnas tradicionais (Figuras 67, 68 e 69). O espaço tem entrada gratuita e conta com cardápios com preços muito acessíveis. Por sua diversidade de atividades e horários, promove o encontro de diversos públicos.

Figura 61 - Dados do mapa ©2017 Google, Imagens ©2017 Google.

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Figura 62 - Mesas e pista de dança

Figura 65 - Farmer’s Market

Figura 67 - Eletric Jungle

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Figura 63 - Mesas e pista de dança

Tour 360 º pelo bar

Figura 68 - Corredor com mesas

Figura 64 - Mesas e pista de dança

Figura 66 - Loja de Souveniers e Narguilé

Figura 69 - Corredor com mesas


Tabela 5 - Programa Szimpla Kerk

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102 Figura 70 - Perpectiva aĂŠrea do Parque


PROPOSTA DO PARQUE


CONCEITOS - Requalificar uma área urbana degradada; - Valorizar o patrimônio ferroviário e inserir o mesmo no cotidiano da população; - Proporcionar espaços públicos gratuitos de esporte, lazer e entretenimento na região central de Campinas; - Promover a regeneração da área e seu entorno próximo; - Possibilitar o encontro e convívio entre diferentes grupos socioeconomicos, étnicos e etários; - Criar um espaço onde a vida noturna possa ocorrer em espaço público sem causar incômodos à população; - Melhorar a qualidade ambiental e da paisagem da região central;

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DEFINIÇÃO DOS PERCURSOS Para romper com a barreira que a área representa hoje, foram estudados fluxos e usos para a proposta de conexão e percursos a serem criados. Inicialmente foram analisados os pontos de interesse no entorno, as potencialidades e deficiências da área e os fluxos de veículos. A partir dessa leitura, foi também analisado a situação topográfica e das edificações existentes na área, determinando-se quais edificações serão mantidas e quais serão demolidas (Figura 71); Com isso, foram determinadas as entradas principais e as secundárias. Na leitura das potencialidades e deficiências foram identificadas possibilidades que levaram a uma setorização da área., determinando as áreas que podem ser vistas na Figura 72. A partir da setorização do parque foi feita a distribuição do programa nos galpões de acordo com o que comportavam no passado e que seriam capazes de abrigar hoje. Em seguida foram mesclados traçados existentes como o Trilho Ativo, os Trilhos Inativos retirados de plantas históricas, o sistema de drenagem de águas plúviais e nascente também retirados de mapas históricos, e os atuais percursos informais criados pelos usuários (Figura 73). Foram traçados os principais fluxos para que seja feita a transposição entre bairro e centro pela área através de pontos de interesse dos usuários, como pode ser visto na figura 74. Com o cruzamento dessas informações, foram determinados os percursos principais e os percursos secundários do Parque, conectando Centro, bairro e parque, passando o parque a ser parte do cotidiano da população. 105


MANTER/DEMOLIR ENTRADAS

Figura 71 - Manter/Demolir e Entradas Parque. Elaborado pelo autor, 2017.


SETORIZAÇÃO

Figura 72 - Setorização. Elaborado pelo autor, 2017


TRAÇADO PREEXISTENTE

Figura 73 - Traçados Préexistentes. Elaborado pelo autor, 2017


CONEXÕES DE INTERESSE

Figura 74 - Conexões de Interesse. Elaborado pelo autor, 2017


PROGRAMA

Tabela 6 - Programa Parque


Figura 75 - Implantação do Parque

VEGETAÇÃO PROPOSTA

VEGETAÇÃO EXISTENTE



Figura 76 - Perspectiva aĂŠrea do Parque


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PRAÇA E JARDIM EM ESTRUTURA

Parco Dora, Turim - Itália

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A Nova Casa de Carros da Cia. Mogyana se encontra em estado de degrado e está de frente com o Terminal Rodoviário de Campinas. A proposta para esse espaço é de demolir as paredes e manter a estrutura metálica original, criando uma praça de entrada para quem chega de ônibus à cidade e ao Parque. Próximo às estruturas deverão ser plantadas espécies de trepadeiras que usarão a estrutura mantida como apoio para o seu crescimento, gerando sombra aos usuários. Nas aberturas no chão onde antes eram feitas as manutenções dos vagões, está sendo proposto o alagamento, com a criação de um jardim de plantas aquáticas.


Aspectos físicos e simbólicos do ambiente construído afetam a percepção e a experiência sensorial visual das pessoas que utilizam o espaço. Lugares em que há preocupação e cuidados com o aspecto estéticos, não só os funcionais, atraem mais usuários. Já espaços degradados, sem cuidados repelem as pessoas de um modo geral, criando uma imagem negativa. (KAPLAN et al, 199837; NASAR, 199738; LYNCH, 199739; LANG, 198740, apud RECKZIEGEL, 2009). A preocupação com o design, a estética e a conservação dos espaços públicos é um fator fundamental para que a população seja atraída e sinta-se segura. O processo de percepção e apreensão do espaço inicia com a imediata percepção dos estímulos sensoriais provocados pelo ambiente construído (GOLLEDGE, STIMSON, 199741; LANG, 1987, apud RECKZIEGEL, 2009, p.29).

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PALCO EM RUÍNA

Parque das Ruínas, Rio de Janeiro - Brasil

O Depósito de Ferro da Cia. Mogyana está na área onde está a concentração de atividades de entretenimento noturno. As ruínas do Depósito de Ferro passam a ser palco e fundo para apresentações diversas, sendo um atrativo e gerador de diversidade, fluxo e permanência de pessoas. A ruína foi mantida seguindo a linha de pensamento e restauro de John Ruskin. Ao inserir nela um palco, modifica-se a forma com que a cidade se relaciona com a mesma e faz com que as pessoas passem a olhar para ela.


Nas cidades, a animação e a variedade atraem mais animação; a apatia e a monotonia repelem a vida (JACOBS, 2011, p.108).

ROTUNDA BAR E RESTAURANTE

A acústica é um aspecto de grande complexidade, já que em ambientes fechados, têm-se os efeitos de absorção e reflexão das ondas sonoras dependendo do tipo de superfície (SCHIMID, 200542, apud RECKZIEGEL, 2009) e em ambientes abertos, tem-se a questão da propagação do som que pode afetar a vida de quem está nas redondezas, causando incômodos. O espaço sonoro é capaz de produzir estímulos nos usuários, e se tratando de espaços para a vida noturna, sempre será uma questão importante.

Por ser um prédio convergente, com planta em semicírculo, grandes aberturas e uma arquitetura muito atraente, a Rotunda foi pensada como um espaço de Bar e Restaurante, aberto para o grande pátio, conectando os espaços interno e externo, convidando o público à permanência e servindo de vigilância do espaço.

Música (inclusive a gravada) e peças de teatro também servem como artigo de primeira necessidade. É curioso que se faça muito pouco uso dos parques para esse fim, já que a inserção espontânea da vida cultural faz parte da missão histórica das cidades (JACOBS, 2011, p. 119)

Espaços públicos abertos podem ser utilizados para apresentações de teatro e música, portanto é necessário alguns cuidados com a acústica. A vegetação auxilia na absorção e dispersão do som quando se encontra em sua trajetória, mas há a necessidade de uma grande massa vegetal para se obter um isolamento sensível, sendo necessário 50 metros de vegetação densa para baixar 2 dB. Paredes de grande massa ou constituídas por materiais isolantes acústicos e que estejam no entorno das fontes sonoras reduzem a dispersão de ruído para as áreas urbanas externas ao parque (ROMERO, 2007; SILVA, G., FRIAS, J., JULIANI, M., 2017). Materiais e elementos rígidos, com superfícies lisas e duras amplificam o som, enquanto os de superfícies rugosas e macias absorvem e diminuem a sua amplificação. Se tratando de áreas cobertas, variações na altura dos tetos, há uma contribuição para a sensação de conforto acústico (SCHMID, 2005, apud RECKZIEGEL, 2009).

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Estando em uma das margens do parque com a cidade, o novo uso dado a Rotunda conecta o parque com o bairro e proporciona a possibilidade de encontros e interações entre seu público. O estabelecimento deverá pagar taxa de uso à prefeitura, sendo o valor revertido em manutenção do parque.

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COZINHAS, DEPÓSITO E ADMINISTRAÇÃO DO RESTAURANTE

Prédio logo atrás da Rotunda, mais fechado, onde antes funcionava a Serraria, está sendo proposto abrigar as cozinhas, depósito de alimentos e administração do Bar e Restaurante Rotunda. Nesse espaço também haverá lixeiras conectadas ao sistema automatizado de coleta de resíduos sólidos (melhor explicada mais adiante), evitando o acumulo de resíduos e eliminando a necessidade de frigorífico para o seu armazenamento e os riscos de vetores e contaminação por contato. Também deverá conter sanitários, vestiários e copa para funcionários, além de sala de reuniões e depósito de manutenção e limpeza, servindo de apoio para o Bar e Resturante.

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FONTE ROTUNDA

Parque Reservatório de Água, Medellin - Colombia

Para o Poço da Rotunda, onde há uma passarela por onde os trens eram rotacionados e direcionadas para dentro da Rotunda, está sendo proposta a transformação em Fonte, com jatos de água que aspergem água no ar, melhorando o microclima, e iluminação, que melhora a visibilidade noturna, trazendo mais sensação de segurança. O espaço contemplativo pode também receber eventos como desfiles de moda organizados por estudantes, confecções e lojas de Campinas, trazendo a atividade que costuma acontecer em áreas mais privadas a um espaço aberto ao público e difundindo-a, tendo ainda o Bar e Restaurante como um equipamento de apoio para esses eventos.


Segundo Jacobs (2011), para haver diversidade, a densidade de pessoas deve ser alta, independente de quais os seus propósitos e a sua relação com a área. A preocupação com o microclima é importante para que o espaço seja agradável e atraia público em variadas condições (GEHL, 2013). Além da movimentação, a iluminação das próprias edificações e caminhos contribui para a sensação de segurança quando anoitece. A vida nas próprias edificações traz segurança (GEHL, 2013).

O espaço precisa ser bem movimentado. Com a criação de diversidade de equipamentos e oferecimento de serviços, o espaço passa a ser frequentado em diferentes horas do dia. Pessoas no espaço público, sejam elas frequentadores ou trabalhadores, passam a sensação de segurança, agindo como “olhos da rua”, que exercem a vigília constante desses espaços e colaboram com a manutenção da ordem pública (JACOBS, 2011).

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Estudos de cidades do mundo todo elucidam a importância da vida e da atividade como uma atração urbana. As pessoas reúnem-se onde as coisas acontecem e espontaneamente buscam outras pessoas (GEHL, 2013, p. 25).


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PRAÇA MULTIUSO

A Praça Multiuso consiste num grande pátio aberto, cercado por estabelecimentos comerciais do setor de alimentos e bebidas, com a presença de um pequeno palco onde podem ocorrer apresentações diversas. Essa praça também pode abrigar feiras, eventos e usos cotidianos. O desenho do piso do Pátio marca por onde passavam os trilhos de trem que ali existiam. Os trilhos que ainda existem ficarão incrustados nesse piso. Todo o caminho por onde esses trilhos passam ou passavam serão iluminados por faixas de luz embutidas no pavimento, marcando seu desenho, que pode ser usado como direcionador de fluxos, já que os trilhos conectavam os galpões. Essa praça multiuso está localizada na região que está sendo pensada para o uso noturno da população que tem enfrentado problemas por falta de espaços públicos para atividades noturnas. Essa, devido a sua localização geográfica, conformação e materialidade dos prédios, vegetação e usos do entorno, permite uma maior intensidade sonora sem causar incomodos a moradores no entrono, sendo portanto permitido extrapolar os limites de horário e decibéis estabelecidos por lei.

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JARDIM EM ESTRUTURA

Jardin des Fonderies, Nantes - França

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A Nova Oficina da Cia. Mogyana é um grande edifício em alvenaria de concreto e telhas onduladas, destoando de toda a arquitetura do complexo. Entretanto, a sua estrutura metálica que sustenta a cobertura é composta por pilares treliçados e tesouras e lanterne interessantes. A proposta para esse edifício é abri-lo totalmente e criar um jardim em estrutura, gerando uma área mais concentrada de vegetação ao lado da Praça Multiuso, conectando o espaço com os Edifícios de Co-working, Cafeterias, Lanchonetes e estudos. Assim como na Praça, o piso tem o desenho dos trilhos que existiam ali. Para que tenha um pouco mais de combreamento, alguns trechos dessa estrutura se mantém coberto, marcando também parte da volumetria original. Para que a estrutura seja visível a noite e para tornar o espaço visualmente mais atrativo, está sendo proposta iluminação nas treliças e pilares treliçados.


Jacobs (2011) coloca o sol como fator importante para o parque. Durante o dia, o sol faz parte do cenário, onde com volumes, cria-se um jogo de luz e sombra que pode criar espaços agradáveis e desagradáveis, dependendo de como trabalhados e da época do ano. A variação da luz ao longo do dia, seja natural ou artificial, cria diferentes percepções e ambientações em um mesmo espaço (MASCARÓ, 2008). Campinas tem um Clima Tropical de Altitude, onde a temperatura é elevada durante o dia e diminui para abaixo dos limites de conforto durante a noite. Os verões costumam ser quentes e úmidos, enquanto os invernos são secos. A radiação direta é acentuada no verão (ROMERO, 2007). É indicado que haja sombreamento nos caminhos o ano todo, mas com sol nas manhãs de inverno. Nas épocas de seca, aumentar a umidade. Para os períodos úmidos é aconselhável a circulação de ar. Proteção contra ganhos térmicos em edificações e coberturas no verão e principalmente a oeste.

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PRAÇA D’ÁGUA ESCALONADA

Freeway park, Seatlle - EUA

Em uma esquina árida e com um grande desnível, foi proposta uma praça d’água lúdica, com blocos de concreto baseada nas medidas do corpo humano, de forma a poder sentar-se ou deitar-se sozinho ou em duplas e trios. As alturas também permitem que se passe de um bloco para o outro, tornando a travessia mais divertida do que simplesmente subir escadas. Iluminação submersa está sendo proposta, além de pontos de luz nas árvores, proporcionando melhor visibilidade e segurança para uso noturno ddo espaço.


Segundo Jacobs (2011), para ter diversidade, a região deve ter mais de duas funções que garantam a presença de pessoas em diferentes horários e que estejam nesses lugares por motivos diferentes. Também é importante que boa parte da infraestrutura ali presente seja utilizada por essas pessoas, que estejam buscando ali mais de uma função. Com a experiência sensorial, acontece a aquisição de valor, envolvendo diversos fatores registrados na memória e na personalidade que geram expectativas sobre o ambiente e se traduzem em comportamentos e atitudes dos usuários (REIS; LAY, 200643; WEBER, 199544, apud RECKZIEGEL, 2009). Existe uma interação entre o ambiente físico e o ambiente percebido, levando cada usuário a ter uma relação diferente com esse espaço.

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Ter opção de atividades similares em uma mesma região é considerado positivo, já que, assim como nos Shoppings centers, os usuários chegam e encontram diversas possibilidades. Se não encontram o que buscam em um estabelecimento ou ele está muito cheio, andando poucos metros é possível encontrar outras opções. O mesmo se aplica a atividades complementares. Ir para um lugar que oferece serviços diferentes, mas próximos, possibilita que em um único lugar se resolva mais de uma necessidade (RECKZIEGEL, 2009).


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COWORKING COM OFICINAS E POSTO DE VIGILÂNCIA

Nos bairros próximos ao edifício que abrigava a Marcenaria da Casa de Carros da Cia. Mogyana tem casas sendo convertidas em escritórios e pequenos espaços de serviços. Visto isso, propõe-se para esse galpão, o uso como Co-working, espaço compartilhado de trabalho, que oferece uma diversidade de infraestrutura, barateando custos e possibilitando o trabalho compartilhado com profissionais de diferentes setores. O Galpão principal teve várias de suas aberturas fechadas ou substituídas por esquadrias menores. Como diretriz, o galpão deve ter a forma e dimensão de suas aberturas retornadas a como eram originalmente, sendo as portas e janelas de vidro para maior interação entre espaços internos e externos. Esse edifício ainda conta com um anexo que pode ser utilizado como oficina para atividades que exijam maquinários e ferramentas. Nesse espaço também está sendo proposto um ponto de vigilância do parque. O estabelecimento deverá pagar taxa de uso à prefeitura, sendo o valor revertido em manutenção do parque.

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PRAÇA MIRANTE

Salk Institute, Califórnia - EUA

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Oakland Shopping Fountain, Oakland - EUA

O pátio entre as Casas de Carros da Cia. Mogyana tem uma ótima vista para os bairros ao sul do município. Esse espaço está sendo transformado em praça mirante, com um fio de água que o atravessa, com jatos aspersores de água, umidificando a área, e descendo pela grande escadaria que o conecta com a rua que o margeia e se encontra em cota mais baixa. Com as aberturas substituídas por vidro, o pátio passa a se conectar com o interior dos galpões.


CASA DOS CAFÉS

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A Serraria da Casa de Carros da Cia. Mogyana está recebendo diretriz de ocupação por cafeterias, lanchonetes e espaços para estudos, servindo de apoio tanto para os usuários do espaço de Co-working, quanto para os usuários do parque, moradores locais e estudantes das escolas e faculdade que se encontram nos arredores. Assim como a primeira Casa de Carros, esta teve suas aberturas alteradas e como diretriz, elas devem voltar à forma original, com as portas em vidro para maior interação entre interior e exterior. Os estabelecimentos deverão pagar taxa de uso à prefeitura, sendo o valor revertido em manutenção do parque. Um parque, se localizado no centro da cidade, precisa ter lojistas, visitantes e transeuntes, locais onde a vida pulse, onde haja movimentação e diversidade de atividades. Somente a diversidade, econômica e social, tem o poder efetivo de induzir uma fluência natural e permanente de vida e de usos (JACOBS, 2011). O contato visual entre parque e interior das edificações nele presentes aumenta a possibilidade de experiências, atraindo o público para sua exploração e uso das atividades ali presentes (GEHL, 2013). Além disso, durante a noite, passa a sensação de segurança, pela iluminação vinda do edifício e pela visibilidade das pessoas que estão a ver o que acontece do lado de fora. A percepção de segurança está ainda diretamente ligada à boa aparência dos espaços, pois estudos tem demonstrado que locais com boa aparência e manutenção podem evocar maior sentimento de segurança que espaços com má aparência (BECKER, 2005, apud RECKZIEGEL, 2009, p.41).

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CINEMA

Em levantamento realizado foi constatado que Campinas não conta com nenhum cinema de rua e nem um cinema que exiba filmes fora do circuito comercial. Como mais uma forma de atrair público para a utilização do espaço, está sendo proposta a criação de duas salas de cinema não comercial no edifício da Antiga Usina Geradora.

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BIER GARDEN Beer Garden, Munique - Alemanha

Ao lados dos bares, está sendo proposto um espaço de “Bier Garden”, com mesas de piquenique e espaço ao ar livre, próximo ao palco em ruína, onde será possível beber e comer ao ar-livre sem necessariamente estar consumindo nos estabelecimentos do parque. Assim como na Praça, o piso tem o desenho dos trilhos que existiam ali, além de algumas árvores para sombrear a área e iluminação nas mesmas para uso noturno.

OFICINA MOGYANA Szimpla Kerk, Budapeste - Hungria

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Inspirado nos Ruin pubs de Budapeste, a proposta para ocupação para a Oficina da Cia. Mogyana é de pequenos bares e lanchonetes diversificados, casas de fumo, lojas de artesãos e produtores locais, pista de dança e decoração com grande diversidade de elementos visuais, um espaço de acesso gratuito, com atrativos para públicos diversos e em horários diversos. Os estabelecimentos deverão pagar taxa de uso à prefeitura, sendo o valor revertido em manutenção do parque.

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POSTO DE VIGILÂNCIA, AMBULATÓRIO E SANITÁRIOS

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O depósito de óleo e Bronze, que teve 2/3 da sua estrutura perdida por desmoronamento, recebe no 1/3 restante um Posto de Vigilância e Ambulatório para atender todo o parque, mas principalmente os esportistas e as atividades noturnas, além de sanitários para uso desses programas.

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SERVIÇOS PÚBLICOS, SALA FUNAP, ALMOXARIFADO E MANUTENÇÃO DO PARQUE

Os prédios da Imigração são menores e compartimentados, sendo compatível com uso de atividades de escritório. Com o intuito de trazer órgãos públicos para maiores cuidados com o parque e trazer público, está sendo proposto que alguns serviços públicos municipais sejam transferidos para o parque, contando com infraestrutura melhor do que as atuais. Existe hoje uma sala no complexo que hospeda a FUNAP, fundação que treina presos para exercer serviços públicos de manutenção e limpeza em troca de redução de pena. A FUNAP estando junto com o Almoxarifado e sala de Manutenção do parque em um dos edifícios da Imigração possibilita que os presos trabalhem na manutenção do próprio parque, reduzindo assim custos para o município.

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REFEITÓRIO E VESTIÁRIO FUNCIONÁRIOS

Um refeitório e vestiário para funcionários está sendo proposto no edifício onde antes funcionava o Refeitório da Imigração. Esse espaço é destinado para todos os funcionários do complexo, sendo um ponto de reunião e encontro entre todos, possibilitando maior interação e troca de informações entre funcionários de diferentes setores do parque.

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ÁREA DE SHOWS E EVENTOS

Finsbury Avenue Square Installation, Londres - Inglaterra

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Campinas carece de espaços públicos para shows e grandes eventos gratuitos. Devido à localização do Parque, está sendo proposta uma grande área multiuso para receber essas atividades de grande porte. Assim como na Praça, o piso tem o desenho dos trilhos que existiam ali. Para não ser uma grande ilha de calor, foi pensado em 2 pavimentos drenantes, sendo o mais claro permitindo a infiltração de água no solo e o mais escuro com aspersores de água e piso permeável com o substrato inferior impermeável, permitindo a recirculação da água para a redução da temperatura. A aspersão de água pode ser controlada, sendo desligada nos dias frios e para a realização de grandes eventos.


Segundo Jacobs (2011), um parque precisa de complexidade visual, sendo criada a partir de mudanças de nível do piso, forma com que são feitos os agrupamentos de árvores e arbustos, como os espaços se abrem em perspectivas variadas, com diferenças sutis na paisagem, mas que são acentuadas pelas diferenças de usos. Além da complexidade, eles precisam também de um lugar reconhecido por todos que o frequentam como sendo o centro, sendo um cruzamento principal e ponto de parada, num local de destaque. Riqueza de detalhes e experiências intensas, com coisas interessantes para se ver ao nível dos olhos também influenciam no prazer ao se caminhar. A própria iluminação pode ser parte do atrativo visual no espaço noturno (GEHL, 2013).

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EXPOSIÇÃO EM RUÍNA

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Seguindo a linha de restauro baseada em Ruskin, a ruína onde funcionava o Escritório de Baldeação será mantida. Para que haja um uso do espaço que está na área de shows e eventos, está sendo proposto o uso com exposições de arte, dando destaque para a ruína e fazendo a população olhar para ela.


SALA - PERCURSO DE EXPOSIÇÕES

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O Armazém de Exportação da Cia. Paulista se encontra junto à calçada por onde passam por dia um grande número de pedestres. Por ser linear e acompanhar essa calçada, está sendo proposta a abertura de suas janelas para a calçada que hoje estão lacradas e a criação de uma sala de exposições que podem ser vistas pelos pedestres que estão passando. Essa sala pode ser uma rota alternativa para os pedestres, que ao invés de simplesmente passarem, podem ter um contato com arte e história enquanto fazem um percurso do seu cotidiano.

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ACADEMIA 3 ª IDADE E MUSCULAÇÃO AO AR LIVRE

Para atividades físicas foi proposta uma área com equipamentos para exercícios para a terceira idade e equipamentos para musculação, ao lado da área de playground, podendo-se fazer exercícios enquanto se observa as crianças brincando. Para o sombreamento foi proposto árvores de grande porte e pavimento de piso grelha de polietileno de alta densidade preenchido com areia.

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BOSQUE ESCALONADO E REDÁRIO Kyushu Sangyo University, Fukuoka - Japão

Spruce Street Harbor Park, Pholadelphia - EUA

Em um grande desnível, com árvores de grande porte já existentes, foi proposto o escalonamento da topografia a cada meio metro, sendo feito arrimos em concreto, servindo como uma espécie de arquibancada, havendo um platô maior em que podem ocorrer pequenas apresentações que usem o espaço e o seu entorno como cenário. Em meio a essas árvores são propostas a inserção de redes para que as pessoas possam descansar em uma área fresca e agradável. Para segurança e uso noturno, a área contará com muita iluminação, tanto nos gabiões, com faixas de led marcando seu desenho, quanto nas árvores com luminárias suspensas.


A vegetação interfere na qualidade visual do ambiente e é fundamental para o conforto ambiental. Ela reforça a aparência positiva e produz um efeito estético importante, contribuindo positivamente para a sensação de bem-estar (MASCARÓ, 200245; BASSO, 200146; STAMPS, 200047, apud RECKZIEGEL, 2009). Além disso, ainda produz sombra, auxilia no controle da poluição e no amortecimento e absorção de águas pluviais. RECKZIEGEL (2009) menciona que, de acordo com Eleishe (2000) apud Becker (2005)48, espaços em que contém fontes de água, lagos, árvores e arbustos são os mais escolhidos pelas pessoas, portanto o uso de elementos naturais é uma forma de atrativo. Essa vegetação, para trazer segurança, precisa ser escolhida com atenção. A forma de sua copa, a altura, o tipo de folhagem, e também a forma e densidade em que ela é alocada tem grande influencia. Ela tem que permitir a visibilidade e não criar espaços cegos e escuros. A iluminação deve estar abaixo de suas folhagens, não havendo obstrução e nem penumbra sobre ela. Os usuários devem sempre conseguir ver o que acontece em meio a vegetação para sentirem-se seguros.

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As escalas, o campo de visão e de audição são importantes para que as pessoas se relacionem no ambiente. Entre 500 e 300 metros é possível distinguir pessoas de objetos, em 100 metros é possível ver movimento e linguagem corporal, entre 70 e 50 metros é possível reconhecer faixa etária, cor de cabelo e linguagem corporal. Entre 25 e 22 metros é possível ler corretamente expressões faciais e emoções dominantes. Já no campo de audição, de 70 a 50 metros já é possível ouvir gritos de ajuda. A cerca de 35 metros é possível o uso da comunicação unilateral em voz alta, como em apresentações. Entre 25 e 20 metros é possível trocar mensagens curtas e com no máximo 7 metros de distância é possível realizar uma conversa. Quanto menor a distância, mais detalhes podem ser notados, inclusive odores (GEHL, 2013).


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POSTO DE VIGILÂNCIA

Uma edificação para posto de vigilância está sendo proposta em um ponto elevado, onde o Playground e o Bosque podem ser monitorados, trazendo segurança para a área.

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ESCORREGADORES E ESCALADA NO BOSQUE

Play Landscape, Beringen - Bélgica

Play Landscape, Beringen - Bélgica

Ainda em área com topografia muito acentuada foram propostas duas formas lúdicas de se vencer esse desnível. Uma seria com uma área de escalada, que pela sua geometria e dimensões não exige o uso de equipamentos de segurança e escorregadores. Percuros foram marcados com pavimento em piso drenante.


PLAYGROUND

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Uma grande área de playground em meio a árvores, próximo ao bosque e aos escorregadores e escalada está sendo proposta para receber crianças de diferentes idades em uma área afastava dos perímetros do parque. A área deverá ter bebedouros.

A iluminação do espaço público é importante já que aumenta a visibilidade e faz com que os espaços sejam propícios para a circulação de pessoas. Locais escuros costumam ser apontados pelas pessoas por sentirem-se inseguras por não conseguir ver o que acontece ali ou se tem alguém. Espaços escuros estão mais suscetíveis a vandalismos e crimes, já que a visibilidade é baixa e torna-se um esconderijo onde não há vigilância. Ela deve ser usada para definir percursos, destacar e valorizar monumentos, prédios e paisagens, melhorar o aproveitamento das áreas de lazer e tornar o espaço mais seguro (MASCARÓ, 2008).

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ÁREA PARA CÃES

Parte da Vila Industrial está se verticalizando e o Centro se encontra muito verticalizado. As pessoas que tem cães que moram em apartamentos podem usufruir de um espaço cercado onde podem soltar seus animais de estimação para correr livremente e brincar com outros animais. A área deverá ter bebedouros em altura adequada para a desedentação dos cães.

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ÁREA COBERTA MULTIUSO (FEIRAS E EVENTOS)

O Galpão de Baldeação tem suas paredes laterais (longitudinais) fechadas, com janelas e as duas extremidades totalmente abertas. Para esse espaço está sendo proposta uma área livre, que serve de abrigo para chuva e para atividades como feiras diversas e eventos públicos que exijam espaço coberto.

MAQUETE FERROVIÁRIA E POSTO DE VIGILÂNCIA

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Na Cabina 1 da Estação Paulista existe a sede da Associação Modelismo Ferroviário de Campinas (AMFEC). A Associação possui um modelo ferroviário em escala 1:87, com trens que se movem sobre os trilhos da maquete. A cabina 1 tem 2 pavimentos. A Maquete está no pavimento superior. Para o pavimento inferior está sendo proposto 1 posto de vigilância em espaço compartilhado com a área de desenvolvimento de modelos da AMFEC)

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PRAÇA D’ÁGUA COM ASPERSORES

Brooklyn Bridge Park, Brooklyn - EUA

Em um ponto central ao parque, entre dois galpões abertos e de frente com o espelho d’água, está sendo proposto uma praça d’água para interação dos visitantes com jatos de água que aspergem água no ar, melhorando o microclima e refrescando os usuários nos dias quentes, que são frequentes no município.


Sabe-se que aspectos físicos do ambiente e sua estrutura espacial influenciam as atividades de formas e intensidades diferentes, podendo afetar a maneira como os espaços são socialmente definidos e utilizados (GEHL, 198749, apud RECKZIEGEL, 2009). Além das características configuracionais, várias características formais do espaço são relevantes para a satisfação e preferência dos usuários (RECKZIEGEL, 2009).

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PRAÇA ESPELHO D’ÁGUA

Cracked Stones Street, Eschede - Holanda

No mapa de Campinas de 1900 pode-se notar que existia uma nascente na área. Hoje ela não aflora mais como antigamente, mas nesse mesmo ponto foi proposta uma Praça com espelho d’água, marcando o local, estando central a todo o complexo e distribuindo diversas atividades e percursos.


GRAMADO MIRANTE

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Em um desnível que chega ao fundo de várias residências foi proposto um estacionamento subterrâneo (em nível com as residências, mas subterrâneo em relação as edificações do parque). Respeitando-se os recuos, com 5 metros de distância do fundo dos lotes residenciais iniciou-se uma laje que cobre o estacionamento e sustenta um grande gramado mirante que olha para os bairros ao sul do município. Para preservar a privacidade dos moradores dos lotes lindeiros, foi proposto um paisagismo que barre a visão para os lotes, mas com porte que não impeça a vista para a paisagem da cidade.

Proteção ao sol e a chuva, elementos que criem sombras e umidifiquem os ambientes em dias mais quentes, ou que protejam dos ventos nos dias mais frios, são importantes para a atração de público e uso nas mais variadas condições climáticas. Evitar barreiras visuais e espaços cegos é importante para a sensação de segurança. Ao olhar para um local e não conseguir identificar o que tem ali ou ver que ele permite o esconderijo de alguém, causando insegurança.

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RESTAURANTE

Vizinho ao Espelho d’água e ao Gramado Mirante está o Galpão da Fundição da Nova Cia. Mogyana. Um edifício que se abre para dentro do parque e também para a Vila Industrial. Para esse Galpão está sendo proposto um outro restaurante, atendendo visitantes e moradores locais. O estabelecimento deverá pagar taxa de uso à prefeitura, sendo o valor revertido em manutenção do parque.

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ÁREA COBERTA MULTIUSO

Em outro Galpão de Baldeação, mas esse totalmente aberto, está sendo proposta uma outra área coberta multiuso, funcionando como uma espécie de marquise para o parque, podendo receber atividades diversas.

CONDEPACC E SECRETARIA DA CULTURA

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Em uma das Extensões da Estação Ferroviária, estão hoje instaladas a Secretaria da Cultura e o CONDEPACC. Esses usos serão mantidos no local, facilitando assim os cuidados adequados e a realização de atividades organizadas pelos mesmos, enfatizando a importância da área.

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TÚNEL COM EXPOSIÇÕES, JARDINS E AQUÁRIOS

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O Túnel construído em 1918 para a travessia segura de pedestres pelas linhas férreas em grande atividade no período já não é mais sinônimo de segurança. O longo túnel, pouco utilizado e com apenas duas saídas, sendo uma delas com pouco movimento torna os seus usuários alvo fácil de criminosos. Além disso, o túnel é escuro, tendo apenas iluminação artificial. Para melhorar isso, foi proposto a abertura de 5 poços de iluminação, sendo 3 jardins (fechados, com portas para o acesso de manutenção) e 2 aquários. Na região da Gare foram abertos pontos com teto de vidro para que entre um pouco de luz difusa em um trecho do túnel e para que quem está na gare consiga ver o que tem abaixo dela. Além disso, propõe-se usar o espaço como uma galeria de exposições de fotografia e pintura, podendo os jardins também ser utilizados para a exposição de esculturas e instalações. Com esses atrativos, a passagem pelo túnel passa a ser um convite para ver algo diferente, trazendo um maior número de pessoas para realizar o percurso. Ele também é uma opção de cruzamento pelo parque nos dias de chuva. A entrada com menor movimentação desenboca ao lado de um dos restaurantes, que com a proposta passa a ter maior movimentação, tendo mais segurança. Além disso, os tuneis contarão com câmeras de vigilância que estão conectadas com os postos de vigilância, sendo observado pelos vigias. Ao anoitecer o Túnel deverá ser fechado, estando aberto nesse horário apenas para abertura de exposições, que costumam acontecer no período noturno.

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CENTRO CULTURAL ESTAÇÃO CULTURA

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Na Estação Ferroviária hoje existe a Estação Cultura, onde ocorrem diversas atividades. A transformação da Área em Parque Público potencializa o seu uso. A Estação, por onde as pessoas chegavam para os trens, será mantida como uma das estradas principais do Parque, recepcionando quem vem do Centro, principalmente pela Rua 13 de maio. O Centro Cultural conta com salas para exposições e palestras, além de ter a Gare como uma cobertura multiuso, podendo abrigar diversas atividades. Para a valorização da história ferroviária uma das diretrizes para esse galpão é de reservar uma área para um museu ferroviário e manter na gare uma locomotiva e vagão para interação do público, podendo ter também alguns food wagons com lanchonetes e bares em trilhos inativos que o margeia.

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Na gare existem dois trilhos. O mais próximo ao edifício da estação deverá ser coberto com pavimento de vidro e iluminado para que os visitantes possam ver os trilhos ali presentes.

ÁREA PARA CÃES

Mais próximo à área de Esportes há uma outra área para cães, onde pode-se deixar seus animais de estimação correndo e brincando livremente em segurança. A área deverá ter bebedouros em altura adequada para a desedentação dos cães.

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PLAYGROUND

Também próximo à área de Esportes e mais central ao parque há um outro playground, com proximidade com a gare, permitindo que dali os adultos possam supervisionar as crianças. A área deverá ter bebedouros.

POSTO DE VIGILÂNCIA E AMBULATÓRIO

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No Edifício onde funcionava o Departamento de Linhas está sendo proposto um outro posto de Vigilância, por estar em uma das entradas do Parque e um Ambulatório, para atender principalmente os usuários da área esportiva presente no complexo.

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PISTA SKATE E PATINS

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Em visitas ao Centro de Campinas foi notado que diversos skatistas buscam áreas onde possam praticar o esporte sem causar incômodos, já que costumam ser impedidos de usar algumas praças. Para esse público está sendo proposta uma pista de skate e patins.


PISTA PRÁTICA DE CICLISTAS

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A expansão do uso de bicicletas como meio de transporte tem sido algo forte atualmente. Entretanto, nem todos sabem andar de bicicleta. No entorno da Pista de skate e patins foi proposta uma pista para que ciclistas iniciantes possam aprender a pedalar em segurança, sem compartilhar a via com pedestres.

Proporcionar oportunidades para a prática de atividades físicas é um atrativo para diferentes públicos, desde crianças a idosos. Com o ritmo da vida atual, as pessoas tem se exercitado cada vez menos e as perdas são altas, com diminuição da qualidade de vida e aumento em custos com saúde (GEHL, 2013). Propor atividades tanto individuais quanto coletivas em espaços públicos acaba possibilitando também com que diferentes grupos interajam e convivam.

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SALA DE ARTES CORPORAIS E PERFORMÁTICAS

No Galpão da Casa de Carros da Cia. Paulista existe hoje uma arquibancada improvisada e um espaço onde ocorre apresentações de teatro. Na Estação Cultura, existem grupos que fazem aulas de danças diversas. Está sendo proposta a criação da Sala de Artes Corporais e Performáticas para abrigar esses usos em um espaço melhor preparado para essa finalidade, dando melhor suporte aos alunos e artistas.

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QUADRAS DE AREIA

Na área de esportes estão sendo propostas duas quadras de areia para futebol e vôlei de areia. Para atender um uso 24 horas, as quadras são todas iluminadas. Para proteção, foram criados painéis de alambrado que se sobrepõe, criando aberturas sem criar um espaço totalmente fechado por grades. Entre duas quadras existe um banco-arquibancada, peça única que conta com 2 níveis, podendo sentar-se em qualquer um dos lados para assistir aos jogos.

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QUADRAS POLIESPORTIVAS

Parque da Juventude, São Paulo - Brasil

Também estão sendo propostas 2 quadras poliesportivas atendendo modalidades de quadra. Para atender um uso 24 horas, as quadras são todas iluminadas. Para proteção, foram criados painéis de alambrado que se sobrepõe, criando aberturas sem criar um espaço totalmente fechado por grades. Entre duas quadras existe um banco-arquibancada, peça única que conta com 2 níveis, podendo sentar-se em qualquer um dos lados para assistir aos jogos.


CEPROCAMP CENTRO PROFISSIONALIZANTE DE CAMPINAS

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O Centro Profissionalizante de Campinas se encontra instalado no Galpão onde funcionava a Marcenaria. Seu uso será mantido. Hoje já existe um bolsão de estacionamento que teve seu uso preservado apenas para essa edificação. Para melhor atender esse público, nessa área serão dispostos alguns food wagons, oferecendo tipos de lanchonetes e cafés que alugarão esses espaços, tendo o valor pago revertido para a manutenção do parque.

Cada indivíduo tem diferentes percepções, expectativas e avaliações sobre os espaços, que variam conforme características como: nível de escolaridade, classe social, ocupação, renda, estilo de vida, religião, idade, gênero, raça e cultura influenciam na forma com que os usuários se comportam e se relacionam com o espaço. (NASAR, 198850; LANG, 1987; RAPOPORT, 197851, apud RECKZIEGEL, 2009). O estilo de vida adotado pelo indivíduo é muito influenciado pelo seu nível socioeconômico, pois reflete a maneira como as pessoas vivem, incluindo seus padrões de atividades e relações, necessidades e lugares preferidos, inclusive para a prática de lazer (RAPOPORT, 1978, apud RECKZIEGEL, 2009, p. 55).

Se a vivacidade do lugar é reforçada de modo que mais pessoas caminhem e passem um tempo nos espaços públicos, a sensação e a real segurança aumentam. A presença e permanência de várias pessoas indicam que o lugar é considerado bom e seguro, fazendo com que a área seja mais valorizada e viva (GEHL, 2013).

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GRAMADO PARA USO LIVRE

Uma grande área gramada foi mantida livre para apropriação da população com esportes e outras atividades. Inicialmente pensou-se em propor um campo de futebol, mas a ideia de uma área em que o usuário determina os limites de uso permite maior exploração e variação de usos e usuários simultâneos.

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ESPAÇO PARA APRESENTAÇÕES

No centro da área esportiva, um piso em nível foi deixado em destaque, de frente com uma arquibancada, podendo ser palco para apresentações, aulas abertas de alongamento, tai chi chuan, dentre outros, servindo de atrativo e permanência para público do entorno e pedestres que passam pela área, concectando o parque com o bairro em seu entorno.

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PRAÇA ESCOLA PROF. ANTONIO VILELA JR. E ARQUIBANCADA

De frente com uma escola de Ensino Médio e Fundamental, projeto de Paulo Mendes da Rocha, foi aberta uma praça que serve de acesso ao parque. Por conta do desnível, essa praça conta com uma arquibancada que permite a visibilidade de todo o complexo esportivo. A Rua que está entre a Escola e a Praça será elevada, dando ênfase ao pedestre e obrigando os veículos a reduzirem a velocidade nesse trecho, conectando melhor a escola com a praça e o parque.


QUADRAS POLIESPORTIVAS

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Nessa área mais 4 quadras poliesportivas estão sendo propostas. Para atender um uso 24 horas, as quadras são todas iluminadas. Para proteção, foram criados painéis de alambrado que se sobrepõe, criando aberturas sem criar um espaço totalmente fechado por grades. Entre duas quadras existe um banco-arquibancada, peça única que conta com 2 níveis, podendo sentar-se em qualquer um dos lados para assistir aos jogos.

Uso do lazer nas beiradas dos grandes parques ajuda a criar elos com as ruas adjacentes, desde que estes não tenham cercas que fechem o parque, mas que criem pontos de atividades intensas e atraentes nas margens (JACOBS, 2011). O espaço e a distribuição de equipamentos, mobiliários e a organização da circulação devem ser pensados de forma a permitir a interação social e a criar ambientes adequados aos usos propostos, trazendo satisfação, conforto e segurança (RECKZIEGEL, 2009).

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QUADRAS DE TÊNIS

Esporte geralmente mais elitizado, com quadras somente em clubes ou espaços pagos, estão sendo propostas 2 quadras de tênis para que o esporte atinja diversos públicos. Para proteção, foram criados painéis de alambrado que se sobrepõe, criando aberturas sem criar um espaço totalmente fechado por grades. Entre duas quadras existe um banco-arquibancada, peça única que conta com 2 níveis, podendo sentar-se em qualquer um dos lados para assistir aos jogos.

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POSTO DE VIGILÂNCIA

Na Cabina 2 está sendo proposto 1 posto de vigilância no pavimento superior e um depósito de limpeza e manutenção no pavimento inferior.

SECRETARIA DE ESPORTES, ACADEMIA E GUARDA-VOLUMES

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Hoje o Galpão da Fundição Nova da Cia. Mogyana está sendo reformado para abrigar a Secretaria de Esportes. Para que a mesma fique mais próxima das áreas esportivas, está sendo proposto que ela ocupe o Galpão do Depósito de Locomotivas a Vapor da Cia. Paulista. Estando ali presente, a Secretaria pode exercer maior controle sobre as atividades do seu setor no parque e propor aulas para que o espaço esteja sempre em uso. Para facilitar a segurança, uma sala com guarda-volumes para os usuários dos equipamentos esportivos está sendo proposto juntamente à secretaria. Ao final do Galpão também está sendo proposta uma academia pública para a prática de musculação.

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SALA DE LUTAS E DEPÓSITO DE MATERIAIS ESPORTIVOS

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Em metade do Antigo Depósito de Locomotivas Elétricas está sendo proposta uma sala para aulas de lutas e artes marciais. Nesse espaço há algumas salas, para as quais está sendo proposto o uso de depósito de materiais esportivos para atender todo o complexo como bolas, bombas de ar, redes, traves, tatames, etc.

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VESTIÁRIO COM CONTROLE DE ACESSO

Para possibilitar a prática de esportes antes do trabalho e aula ou para o horário de refeição entre turnos está sendo proposto que o Vestiário do Depósito de Locomotiva Elétrica da Antiga Cia. Paulista seja transformado em Vestiário público, com controle de acesso, para que os usuários do parque possam tomar banho e seguir com as suas atividades cotidianas após a prática esportiva.

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DEPÓSITO DE PAISAGISMO, COMPOSTAGEM E RESÍDUOS SÓLIDOS

Na outra metade do Antigo Depósito de Locomotivas Elétricas está sendo proposta uma área para o depósito de paisagismo e manutenção (sala fechada), compostagem de resíduos orgânicos (área aberta e descoberta) e central do sistema automatizado de coleta de resíduos sólidos e coleta seletiva (área coberta). Ao lado desse galpão, conectado a Av. Prefeito José Nicolau Ludgero Maseli estará a área para depósito dos containers de resíduos para posterior retirada por caminhão específico de coleta.

FOOD WAGONS EM TRILHOS INATIVOS Em trilhos inativos ao longo da área de esportes e ao lado da Praça e Jardim em estrutura estão sendo propostos o uso de vagões antigos como Food Wagons, oferecendo lanches e bebidas rápidas para quem está praticando atividades físicas, chegando ou saindo de aulas, ou esperando seu ônibus na rodoviária ou terminal central. Alguns desses vagões também podem receber bancas de jornal e pequenos comércios. 173


PONTE DE PEDESTRES O Viaduto ferroviário, por onde os trens de duas linhas se cruzavam hoje está desativado, com uma ponte de concreto ao lado da rua atual para que os pedestres passem por cima da linha que ainda está ativa. Como proposta, tem-se a abertura dos muros dessa ponte de concreto, pavimentar a estrutura da ponte e criar a possibilidade de travessia de pedestres pelo Viaduto ferroviário, melhorando a qualidade do acesso dos bairros ao sul para o Terminal Rodoviário e para o sentido inverso. A estrutura deverá ser iluminada para marcar seu desenho a noite e para permitir seu uso com segurança.

PISTA DE COOPER Ao longo de todo o perímetro do parque foi proposta uma grande via compartilhada, onde podem passar ciclistas e pedestres, sem criar hierarquias. Esse espaço pode ser usado para percursos ao longo do parque, mas também para a corrida. O circuito perimetral totaliza 3km, tendo a possibilidade de mais 2 rotas mais curtas. O traçado tem regiões com desenho mais geométrico e regiões com desenho mais orgânico. A organicidade de alguns pontos se dá pelo fato de o trecho estar seguindo o caminho de um trilho ativo ou inativo. Os pontos em que há ângulos e linhas retas no traçado marcam as áreas em que o traçado foi desenhado, não seguindo um desenho ou caminho pré-existente. Esse percurso perimetral tem largura variável de 4 a 5m, sendo suficiente para a passagem de veículos para manutenção, abastecimento e ambulâncias sem interromper o fluxo de pedestres e ciclistas, que compartilham esse espaço sem hierarquia, incentivando o respeito mútuo. O pavimento proposto é permeável, permitindo a infiltração de água no solo. Ao longo de todo o percurso há iluminação adequada para a segurança noturna. Para a proteção do sol, foram dispostas árvores com copas altas e largas nas proximidades, estando principalmente a oeste para proteger os usuários do sol poente.

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BOLSÃO DE ESTACIONAMENTO A possibilidade de estacionamento também é um fator importante e que está ligado à acessibilidade, já que implica menos impedimentos e incômodos para usuários, principalmente nas classes mais altas (PARENTE, 200052, apud RECKZIEGEL, 2009) e a portadores de necessidades especiais. Principalmente no Brasil, com os autos índices de criminalidade e de roubo de veículos, o oferecimento de estacionamento privado e seguro pode ser um diferencial para a escolha dos usuários (RECKZIEGEL, 2009). Não ter um estacionamento ou a dificuldade de estacionar pode fazer com que muitos usuários, principalmente em Campinas, acostumados a se deslocar apenas de carro, deixem de frequentar esse espaço. Estão sendo propostos 2 novos bolsões de estacionamento, 1 ao lado dos Prédios dos Serviços Públicos e outro do lado da Sala de Artes Corporais e Performáticas. Além disso, serão mantidos os bolsões de estacionamento em frente a Estação cultura e da CEPROCAMP, sendo esse ultimo reservado aos funcionários da instituição e da Secretaria de Esportes. Pensando-se a frente, o bolsão ao lado da Sala de Artes Corporais e Performáticas está reservado para receber um ponto de “Car Sharing”, com posto de recarga de carros elétricos, sendo um protótipo para futura expansão do sistema, desenvolvido pela CPFL Energia, empresa de energia elétrica do município que investe em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias em energia e mobilidade sustentável.

ESTACIONAMENTO SUBTERRÂNEO Sendo Campinas uma cidade ainda muito dependente de automóveis, há a necessidade suprir um número de vagas além dos bolsões. Para isso, está sendo proposto 1 estacionamento subterrâneo que chega pela Av. Lix da Cunha, com acesso pelo Túnel Joá Penteado e saída em nível pela Av. Dr. Campos Sales. Esse estacionamento está localizado ao lado da Área de Shows e Eventos. Outro estacionamento está sendo proposto com entrada e saída pela Rua Antonio Manuel, na Vila Industrial. Esse estacionamento está localizado na região central do parque. Os estacionamentos subterrâneos serão pagos, gerando assim uma forma de renda para a manutenção do parque. 176


BIKE SHARING A possibilidade de transito de bicicletas quando se trata de extensões maiores também trás mais segurança. Em áreas onde a sensação de insegurança é maior, seja pela pouca iluminação ou sem pessoas, a possibilidade de um deslocamento em velocidade maior traz ao indivíduo maior sensação de segurança para transitar. As bicicletas podem ser colocadas também como um transporte que se integre com linhas e estações de ônibus próximas (GEHL, 2013), trazendo outro modal de transporte público para a cidade, conectando o espaço com distâncias maiores. Os percursos para os ciclistas devem ser confortáveis, com dimensionamento seguro e com sombreamento durante o dia. Um sistema de Bike Sharing (bicicletas compartilhadas) está sendo proposto, com pontos de retirada e devolução nas entradas principais do parque e conectando o sistema com os terminais de ônibus. As bicicletas tem um sistema eletrônico de aluguel que pode ser feito por aplicativo de smartphone, desbloquando a mesma para uso dentro do parque. O sistema pode ser ampliado futuramente se conectando a uma rede de bike sharing por todo o município. As bicicletas podem ser usadas tanto para passeio dentro do parque quanto para um rápido deslocamento entre o Terminal Rodoviário e o Terminal Central.

BICICLETÁRIO Para quem vem ao parque com sua própria bicicleta, foram disponibilizados diversos pontos de bicicletário, tendo o visitante diversas opções de locais para parar sua bicicleta e deixá-la em segurança, incentivando o uso da mesma como meio de transporte. Assim como o Bike Sharing, existem bicicletários locados próximos aos terminais de ônibus, podendo o usuário chegar ao parque com sua bicicleta para ali trocar de modal de transporte.

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INFRAESTRUTURA LOMBOFAIXA Em pontos das ruas e avenidas onde há maior fluxo de veículos estão sendo propostas lombofaixas que colocam o pedestre como prioridade em relação ao veículo, obrigando a redução de velocidade.

TRAVESSIA EM NÍVEL A Rua que está entre a Escola e a Praça proposta na Rua Francisco Teodoro será elevada, dando ênfase ao pedestre e obrigando os veículos a reduzirem a velocidade nesse trecho, conectando melhor a escola com a praça e o parque.

CANAIS DE ÁGUA O Sistema de Drenagem que captava águas pluviais e a armazenava em reservatórios está hoje enterrado e todo entupido. A proposta de transformá-los em canais de água é para colocar esse sistema a mostra e utiliza-lo como elemento paisagístico e de tratamento do microclima local. Os canais variam sua largura, sendo bem mais largos que as canaletas originais. A profundidade proposta é de 40 a 60 cm para evitar acidentes com afogamento. 178


Figura 77 - Mobilidade. Elaborado pelo autor, 2017

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BEBEDOUROS Ao longo do percurso deverão ser distribuídos bebedouros a cada 100 metros aproximadamente, sempre em área sombreada, mantendo uma distância mínima de 5 metros das lixeiras. Sempre que houver banheiros de grande porte, os mesmos deverão ter bebedouros. Os mesmos deverão ter 2 alturas, para adultos, crianças e deficientes, além de pontos com opção para cães.

SANITÁRIOS Os banheiros públicos devem sempre ser divididos em masculino, feminino e PNE e conter no mínimo 8 cabines cada (Exceto PNE) para atender adequadamente o uso cotidiano e durante eventos. Dentro dos banheiros também deve haver um depósito de limpeza e manutenção para uso no mesmo. As bacias sanitárias deverão ter válvulas econômicas de fluxo duplo, de 3 e 6 litros. As torneiras deverão ser de baixo consumo e acionamento automático, evitando o desperdício. A iluminação deverá ser em led e ter sensores de presença para economia. Além disso, em cada cabine e mictório deverá ter uma lâmpada ultravioleta germicida, que será ligada por 20 segundo com o acionamento da válvula de descarga. Essa lâmpada será utilizada pela propriedade das ondas ultravioletas de distruir microorganismos e resuzir os riscos de contágio de doenças.

LIXEIRAS No parque devem ser distribuídas lixeiras, sempre em trio, com lixeira orgânica, reciclável e não reciclável. Estas devem estar distribuídas ao longo dos percursos, a cada 100 m. Nos pontos próximos a áreas de permanência, elas devem ser inseridas a cada raio de 25m. Na área de bares, shows e apresentações deve haver 1 trio de lixeiras a cada 25m e ter bituqueiras para evitar o risco de incêndio. Os resíduos orgânicos devem ser compostados no próprio parque, juntamente com folhas de podas e servindo de adubo para o mesmo. Os resíduos recicláveis devem ser destinado para uma das cooperativas de reciclagem do município e o resíduo não reciclável ser retirado pela coleta local. 180


Figura 78 - Infraestrutura. Elaborado pelo autor, 2017

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SISTEMA DE COLETA DE RESÍDUOS SÓLIDOS Como no passado a Ferrovia era a conexão de Campinas com o mundo e com as inovações, foi pensado em um sistema de coleta de resíduos automatizado, sendo um protótipo para a possível expansão do sistema para o município. O Sistema Automatizado de Coleta de Resíduos por Tubulação à Vácuo, desenvolvido pela empresa Sueca ENVAC, e que está sendo proposto para o parque, consiste em lixeiras de pequeno porte espalhadas por todo o complexo e ligadas por um sistema de tubos metálicos subterrâneos. O sistema suga os resíduos quando a lixeira atinge a sua capacidade, levando-o até uma central, caindo diretamente em um container, que é recolhido pelo caminhão de coleta e levado para o seu destino adequado. Esse sistema trás diversos benefícios, eliminando os vetores atraídos por resíduos em espera da coleta, eliminando odores, eliminando o contato direto de trabalhadores com os resíduos, estando disponível para descarte 24h por dia, estando sempre com espaço para receber mais descarte, além da redução de necessidade de uma coleta mecânica de resíduos por todo o complexo. Além disso, a empresa já conta com uma sede em São Paulo.

DEPÓSITOS E MANUTENÇÃO O parque conta com um Almoxarifado e sala de manutenção (já mencionados no programa). Esse seria o espaço central para recebemimento, conferência e distribuição de materiais e equipamentos para todo o complexo. Localizado ao lado de um bolsão de estacionamento, o recebimento de produtos acontece com facilidade e sem atrapalhar as atividades cotidianas. Ao longo do parque foram distribuídos mais 3 depósitos de materiais e manutenção, cada um deles atendendo uma distância de até 300 m. Esses depósitos devem ter pequenos carrinhos de transporte de materiais e equipamentos, que podem percorrer pelos percursos pavimentados sem atrapalhar as atividades da população e sendo visível para a mesma, mostrando como a mesma ocorre ao invés de escondê-la. e limpeza. 182

Esses depósitos servem para qualquer tipo de atividade necessária ao parque, incluindo poda, higiênização


Figura 79 - Manutenção - Acessos e depósitos. Elaborado pelo autor, 2017

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ILUMUNAÇÃO Ao pensar na iluminação do parque e das edificações, deve ater-se aos seus aspectos quantitativos (valores de iluminancia) e qualitativos (percepção espacial), tomando atenção às sensações e intenções que o devido espaço precisa passar (MASCARÓ, 2008), variando a intensidade da luz, o seu direcionamento, a sua temperatura de cor, etc. A luz e o clima criam efeitos visuais e psicológicos, criando espaços com significados especiais, ampliando seu simples valor de uso (MASCARÓ, 2008).Também é necessário ter atenção com a direção da emissão para não causar ofuscamento e nem ter a iluminação obstruída pela vegetação (MASCARÓ, 2008). A iluminação artificial tem um valor estético muito forte, podendo mudar a sensação, a leitura e a percepção do espaço. A luz, além de uso para iluminar o ambiente, geralmente serve para destacar objetos, vazios, formas, materiais e texturas. Níveis baixos de luz criam uma atmosfera mais acolhedora e intimista. Níveis altos de luz podem causar certa tensão e incomodo por ofuscamento. Luzes coloridas e piscando provoca estímulos e aspectos sensoriais (SCHMID, 2005, apud RECKZIEGEL, 2009). Toda a iluminação do parque será feita por postes a 3,5 metros de altura com lâmpadas led preferencialmente com temperatura de cor variando entre 3000K e 4500K, sendo de 3000K em áreas de permanência, tornando-as mais aconchegantes e 4500K em percursos e áreas de atividades mais intensas como percursos e áreas esportivas, sendo um meio termo entre a luz quente e a fria. Todas as áreas do Parque devem atender o mínimo de 150 lux de iluminação a 1m de altura do chão, sendo que as áreas de cobertura multiuso e gare da estação cultura deverão estar acima de 200 lux. Todas as áreas públicas abertas 24 horas deverão ter iluminação led com sensor de luminosidade, acendendo e apagando automaticamente, atendendo as necessidades de visibilidade. Os postes devem ter placas solares para a captação de energia solar. As fachadas das edificações devem ser iluminadas por wall washer para destacar a arquitetura das mesmas. Os canais e praças d’água deverão ter iluminação submersa de led, com opção de cor para destacá-los e variar as cores de acordo com datas e meses comemorativos ou de conscientização (Ex. Novembro azul, Setembro amarelo, etc.). A mesma questão do led colorido se aplica ao Bosque escalonado, praça multiuso e área de shows e eventos. O interior das Edificações deverá atender as Normas Brasileiras de acordo com o tipo de uso, mas sempre com lâmpadas de led para ter um baixo consumo energético. Os pavimentos com desenho dos trilhos deverão ser iluminados com fita de led embutida, assim como desníveis e percursos. 184


VEGETAÇÃO Por se tratar de um parque com uso noturno a vegetação precisa de atenção especial. Também é importante pensar nas questões de cuidados e manutenção das mesmas. Devido ao clima de Campinas, durante o dia é necessário haver sombra em áreas de circulação e permanência, protegendo principalmente do sol poente, estando elas posicionadas a Oeste dos equipamentos. Para a atração de avifauna e consumo dos visitantes o parque deve ter diversidade de espécies frutíferas. A vegetação nativa de Campinas era predominantemente de Cerrado e Mata Atlântica. Com isso, está sendo proposto que todo o paisagismo seja baseado em sua vegetação nativa, principalmente de Cerrado, recebendo apenas algumas espécies estrangeiras para a ornamentação. Algumas das espécies nativas sugeridas seriam: Sibipiruna, Sucupira, Faveiro, Flamboyant, Pau Jacaré, Pau Brasil, Sapucaia, Cássias e Ipês, com mistura de cores e épocas de floração diversas, visando a floração ao longo de todo o ano. Para identificação, as entradas deverão receber espécies com floração de cor específica (Ex. Entrada pela Rua Francisco Teodoro em Floração Amarela, Entrada pela Rua Dr. Sales de Oliveira em floração laranja e avermelhada). A seguir estão destacados alguns pontos para a proposta.

Árvores com copas altas, com copas iniciando a pelo menos 2,50 metros de altura;

Vegetação menos densa em áreas com circulação de pessoas;

Alta densidade vegetal apenas em áreas onde não deve haver a passagem e permanência de pessoas;

Luminárias abaixo das copas das árvores para que as mesmas não obstruam a iluminação

Luminárias de piso com iluminação para cima em espécies com copas mais baixas.

Evitar árvores caducifolias próximos aos canais e praças d’água 185


ESPAÇOS DE PERMANÊNCIA Espaços para se sentar e permanecer estão sendo propostos ao longo do parque, principalmente dos percursos. Para que esses espaços sejam utilizados eles precisam ser confortáveis e aconchegantes, com sombra durante o dia e iluminação agradável durante a noite, conformação de ambiente de pequena escala, mobiliário confortável para se sentar e posicionado de forma convergente propiciando a interação e diálogo entre os usuários. Para interações sensoriais, esses espaços devem ser ornamentados com ervas e flores aromáticas, que somados as áreas com água, os ventos e o microclima, aguçem os 5 sentidos e criem variações nas experiências vividas pelos usuários.

Árvores com copas altas

Banco monolítico de concreto com 2 opções de altura e larguro para variadas combinações de organização Canteiro com ervas e flores aromáticas e coloridas Fonte com aspersor de água 186

Figura 80 - Simulação de espaço de permanência. Desenvolvido pelo autor, 2017.


Figura 81 - Espaços de permanência e Food Wagons. Elaborado pelo autor, 2017

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O espaço público precisa oferecer oportunidades para se caminhar, parar, sentar, ouvir e falar. Ao se tratar de caminhadas, as distâncias aceitáveis são variáveis, dependendo da qualidade do percurso. Em um caminho com um bom piso e um percurso interessante, longas caminhadas são aceitáveis, enquanto quanto mais desinteressante for o caminho, mais cansativa ela parecerá ser. Uma caminhada agradável e confortável necessita de espaço livre, com o mínimo de necessidade de desvios e empurrões (GEHL, 2013). Um caminho reto, infinito é desinteressante para a caminhada. Criar trajetos mais curtos, que conecte atividades ou pequenos espaços de parada, quebrando naturalmente a caminhada, convida o pedestre a ir de um trecho ao outro. Linhas retas e distâncias as mais curtas possíveis também são importantes para os pedestres. Caminhos longos fazem com que os pedestres busquem criar caminhos “atalhos” (GEHL, 2013). Facilidade de deslocamento também é outro fator importante que contribui à sensação de segurança (GEHL, 2013). Uma boa iluminação, sinalização e visibilidade dos caminhos, permitindo visualizar o que está acontecendo ao redor, e identificar em que parte do parque está, são fatores imprescindíveis para sentir-se seguro. 188


TRAÇADO DOS PERCURSOS Os percursos foram desenhados de forma a conectar pontos de interesses e direcionar vistas. Cada quebra na linha do percurso redireciona o olhar do pedestre pra um ponto do parque e quebra a linearidade para que o percurso não seja um longo caminho reto. Alguns pontos são longos e retos por seguirem os canais de água ou os trilhos, mantendo o foco em uma única perspectiva e criando uma diversidade de percursos e sensações ao se caminhar pelo parque. Por se tratar de um parque junto a uma linha férrea ativa, existe a necessidade do cruzamento de pedestres em nível. Segundo a ANTT - Agência Nacional de Transportes Terrestres, transições de pedestre em nível são permitidas desde que devidamente sinalizadas. Sendo em área urbana, com transição em nível, o limite de velocidade permitido para os trens é de 15 km/h. A seguir, tem-se algumas perspectivas isométricas que ilustram como ocorre o cruzamento de vias de pedestres com os trilhos ativos e canais de água. Também são apontadas as estratégias para proteção dos percursos paralelos aos trilhos de trem ativos e inativos, mantendo a segurança dos usuários do parque sem criar barreiras visuais com os dois lados dos trilhos. Outra isométrica explica o sistema de iluminação usado em pavimentos que seguem o traçado dos trilhos inativos, enfatizando seu desenho e colaborando com iluminação e melhor visibilidade noturna.

189


Travessia de pedestres por cima de trilho ativo e de canal de água

Proteção de percurso ao lado de trilho ativo com vegetação a altura de 1,20m por um lado e canal de água e vegetação rasteira por outro

Percurso ao lado de trilho inativo

Proteção de percurso ao lado de trilho ativo com vegetação a altura de 1,20m por ambos os lados

Iluminação em LED nas áreas pavimentadas seguindo o desenho dos trilhos

Proteção de percurso ao lado de trilho ativo com vegetação rasteira e canal de água por um lado e vegetação a 1,20m de altura por outro

190


IMPACTOS ESPERADOS

Com a proposta de um novo uso para a área do Complexo Ferroviário da FEPASA através de um Parque público com equipamentos que traga usos 24 horas por dia, são esperados impactos que influenciem no entorno do projeto. NEGATIVOS

- Aumento do Fluxo de Veículos; - Aumento da necessidade de estacionamentos; - Valorização imobiliária e possível especulação; - Possível expulsão de moradores de rua e de moradores de prédios ocupados nas proximidades do Terminal Central. POSITIVOS - Aumento do tempo de permanência das pessoas na área; - Inserção do Patrimônio em Atividades cotidianas com a sua valorização; - Possibilidade de aumento de interesse por morar na região; - Surgimento de empreendimentos imobiliários aumentando a densidade habitacional no entorno; - Diminuição dos assaltos e estupros que acontecem na região; - Melhorias na qualidade ambiental do centro - Melhoria para o fluxo de pessoas entre o Centro e a Vila Industrial; - Aumento do fluxo de pessoas entre as quadras circundantes já que as possibilidades de travessia serão maiores; - Promoção do relacionamento e troca de experiências de diferentes perfis socioeconômicos e etários;

- Valorização dos produtos locais através das feiras e comércios; - Valorização da cultura regional através dos eventos organizados no local; - Criação de um espaço de lazer e entretenimento para a população; - Melhoria na qualidade da paisagem urbana local; - Redução de problemas por conta de música e ruídos incômodos nos horários estabelecidos pelas leis; - Aumento do número de pessoas nas ruas do centro durante a noite; - Aumento do oferta de serviços na madrugada; - Aumento de oportunidades de empreendimento e vagas de trabalho.

191


DE VAZIO URBANO A PARQUE PÚBLICO VIDA NOTURNA COMO REABILITAÇÃO

40 - PISTA DE SKATE E PATINS

“Não podemos mais fechar as portas da cidade ao anoitecer” (COLABORATÓRIO, 2014, p. 43)

35 - TÚNEL COM EXPOSIÇÕES, JARDINS E AQUÁRIOS

29 - PRAÇA D´ÁGUA COM ASPERSORES

18 - ÁREA DE SHOWS E EVENTOS 1 - PRAÇA E JARDIM EM ESTRUTURA

20 - SALA-PERCURSO DE EXPOSIÇÕES

48 - PRAÇA ESCOLA PROF. ANTÔNIO VILELA JR.

2 - PALCO EM RUÍNA

44 - QUADRAS POLIESPORTIVAS

30 - PRAÇA ESPELHO D´ÁGUA PONTE DE PEDESTRES EM ANTIGA PONTE DE TRENS

22 - BOSQUE ESCALONADO E REDÁRIO 24 - ESCORREGADOR E ESCALADA NO BOSQUE

19 - EXPOSIÇÃO EM RUÍNA

CONCEITOS - Conectar o Centro de Campinas à Sul da Linha Férrea; - Requalificar uma área urbana degradada; - Valorizar o patrimônio ferroviário e inserir o mesmo no cotidiano da população; - Proporcionar espaços públicos gratuitos de esporte, lazer e entretenimento na região central de Campinas; - Possibilitar o encontro e convívio entre diferentes grupos socioeconomicos, étnicos e etários; - Criar um espaço onde a vida noturna possa ocorrer em espaço público sem causar incômodos à população; - Promover a regeneração da área e seu entorno próximo; - Melhorar a qualidade ambiental e da paisagem da região central;

10 - PRAÇA MIRANTE

PROPOSTA 8 - PRAÇA D’ÁGUA ESCALONADA

7 - JARDIM EM ESTRUTURA

A área do Complexo Ferroiário da FEPASA de aproximadamente 28 hectares e cerca de 1,2 km de extensão hoje está subutilizada e se configura como um vazio urbano e barreira física na região central da cidade, apresentando edifícios e linhas férreas tombados pelo CONDEPACC e CONDEPHAAT e que estão em processo de degradação, com regiões em que tem ocorrido assaltos e tem sido utilizada como abrigo para moradores de rua e usuários de drogas, além de depósito de lixo e criadouro de animais e vetores de doenças. Não somente a área, mas a região central de Campinas está degradada, tendo também um esvaziamento noturno. Segundo a Secretaria Municipal do Verde, a região central de Campinas carece de Áreas públicas de esporte e lazer, além de áreas de parques. Cerca de metade da população de Campinas é jovem e está na faixa etária dos 15 aos 45 anos. As atividades esportivas oferecidas na cidade não atendem esse público devido aos horários de funcionamento, que se limitam ao horário em média das 7h às 18h, sendo apenas a Logoa do Taquaral uma exceção. Os espaços de lazer e entretenimento noturno tem um custo de acesso muito elevado e a busca por alternativas mais economicas se apropriando de espaços públicos tem sido barrada pelas restritivas leis que dizem respeito à emissão sonora após as 22h e a manutenção da paz pública.

O parque proposto estará localizado no ponto da cidade em que há uma grande facilidade de acesso utilizando o transporte coletivo, permitindo que moradores de qualquer parte da cidade, da Região Metropolitana de Campinas e até mesmo outros municípios possam acessá-lo, trazendo novamente à área o caráter de conexão com o mundo e com novas culturas, ideias e inovações, sendo uma possível força de indução para a requalificação do Centro

DE VAZIO URBANO A PARQUE PÚBLICO: VIDA NOTURNA COMO REABILITAÇÃO INTERVENÇÃO NA ÁREA DO COMPLEXO FERROVIÁRIO DA FEPASA, CAMPINAS - SP

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO ARQUITETURA E URBANISMO

FOLHA

5 - FONTE ROTUNDA

ÁREA DE INTERVENÇÃO E SUAS PROBLEMÁTICAS

o presente trabalho propõe a criação do Parque Cultural Ferroviário, no centro de Campinas, dando novo uso a uma área subutilizada e parcialmente abandonada, valorizando-a a partir da inserção do patrimônio existente no cotidiano da população e oferecendo atividades culturais, de esporte, lazer e entretenimento em um espaço aberto ao público 24 horas por dia, priorizando equipamentos para a vida noturna, trazendo parte da cidade pra dentro do parque e modificando a relação entre usuários, parques, cidade e vida noturna.

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ORIENTADORA PROFª DRª MARIANA SANTOS FELIPE TRICOLI JARDIM RA 119385


DEFINIÇÃO DE PERCURSOS

TOPOGRAFIA

MANTER/DEMOLIR

ENTRADAS PRINCIPAIS E SECUNDÁRIAS

SETORIZAÇÃO

CAMINHOS E DESENHOS PRÉ-EXISTENTES

CONEXÕES DE INTERESSE

PERCURSOS

Inicialmente foram analisados os pontos de interesse no entorno, as potencialidades e deficiências da área e os fluxos de veículos.

Em seguida foram analisadas as edificações existentes na área, determinando-se quais edificações serão mantidas e quais serão demolidas, levando em consideração tombamento, estado de conservação e linguagem em diálogo com as edificações do complexo.

Foram analisados quais pontos seriam mais interessantes para as entradas principais e secundárias do parque, de forma e ampliar a conexão e transposição entre Centro e Vila Industrial.

Na leitura das potencialidades e deficiências foram identificadas possibilidades que levaram a uma setorização da área, que foi determinada levando em consideração os usos do entorno e potencialidades e quando possível, os usos originais das edificações existentes.

A partir da setorização do parque foi feita a distribuição do programa nos galpões de acordo com o que comportavam no passado e que seriam capazes de abrigar hoje.

Foram traçados os principais fluxos para que seja feita a transposição entre bairro e centro pela área através de pontos de interesse dos usuários, como no desenho acima.

Com o cruzamento dessas informações, foram determinados os percursos principais e os percursos secundários do Parque, conectando Centro, bairro e parque, passando o parque a ser parte do cotidiano da população.

A partir dessa leitura, foi também analisado a situação topográfica, destacando as áreas mais planas e mais íngremes para os devidos tratamentos e transposição.

Em seguida foram mesclados traçados existentes como o Trilho Ativo, os Trilhos Inativos retirados de plantas históricas, o sistema de drenagem de águas plúviais e nascente também retirados de mapas históricos, e os atuais percursos informais criados pelos usuários.

CORTE AA

ESCALA 1:1000

IMPLANTAÇÃO

VEGETAÇÃO EXISTENTE

ESCALA 1:1000

VEGETAÇÃO PROPOSTA

DE VAZIO URBANO A PARQUE PÚBLICO: VIDA NOTURNA COMO REABILITAÇÃO

1 - PRAÇA E JARDIM EM ESTRUTURA

5 - FONTE ROTUNDA

10 - PRAÇA MIRANTE

2 - PALCO EM RUÍNA

6 - PRAÇA MULTIUSO

11 - CASA DOS CAFÉS

3 - ROTUNDA BAR E RESTAURANTE

7 - JARDIM EM ESTRUTURA

12 - CINEMA

4 - COZINHAS, DEPÓSITOS E ADMINISTRAÇÃO DO BAR RESTAURANTE

8 - PRAÇA D’ÁGUA ESCALONADA

13 - BIER GARDEN

9 - COWORKING COM OFICINAS E POSTO DE VIGILÂNCIA

14 - OFICINA MOGYANA

15 - POSTO DE VIGILÂNCIA, AMBULATÓRIO E SANITÁRIOS 16 SERVIÇOS PÚBLICOS, SALA FUNAP, ALMOXARIFADO E MANUTENÇÃO DO PARQUE 17 - REFEITÓRIO E VESTIÁRIO FUNCIONÁRIOS 18 - ÁREA DE SHOWS E EVENTOS 19 - EXPOSIÇÃO EM RUÍNA

20 - SALA-PERCURSO DE EXPOSIÇÕES

25 - PLAYGROUND

30 - PRAÇA ESPELHO D´ÁGUA

35 - TÚNEL COM EXPOSIÇÕES, JARDINS E AQUÁRIOS

40 - PISTA DE SKATE E PATINS

21 - ACADEMIA 3A IDADE E MUSCULAÇÃO AO AR LIVRE

26 - ÁREA PARA CÃES

31 - GRAMADO MIRANTE

36 - CENTRO CULTURAL ESTAÇÂO CULTURA

41 - PISTA PARA PRÁTICA DE CICLISTAS

22 - BOSQUE ESCALONADO E REDÁRIO

27 - ÁREA COBERTA MULTIUSO (feiras e eventos)

32 - RESTAURANTE

37 - ÁREA PARA CÃES

42 - SALA DE ARTES CORPORAIS E PERFORMÁTICAS

23 - POSTO DE VIGILÂNCIA

28 - MAQUETE FERROVIÁRIA E POSTO DE VIGILÂNCIA

33 - ÁREA COBERTA MULTIUSO

38 - PLAYGROUND

43 - QUADRAS DE AREIA

24 - ESCORREGADOR E ESCALADA NO BOSQUE

29 - PRAÇA D´ÁGUA COM ASPERSORES

34 - CONDEPACC E SECRETARIA DA CULTURA

39 - POSTO DE VIGILÂNCIA E AMBULATÓRIO

44 - QUADRAS POLIESPORTIVAS

45 - CEPROCAMP - CENTRO PROFISSIONALIZANTE DE CAMPINAS 46 - GRAMADO PARA USO LIVRE 47 - ESPAÇO PARA APRESENTAÇÕES 48 - PRAÇA ESCOLA PROF. ANTÔNIO VILELA JR. E ARQUIBANCADA

49 - QUADRAS POLIESPORTIVAS

53 - SALA DE LUTAS E DEPÓSITO DE MATERIAIS ESPORTIVOS

50 - QUADRAS DE TÊNIS

54 - VESTIÁRIO COM CONTROLE DE ACESSO

51 - POSTO DE VIGILÂNCIA

55 - DEPÓSITO DE PAISAGISMO, COMPOSTAGEM E RESÍDUOS SÓLIDOS

52 - SECRETARIA DE ESPORTES, ACADEMIA DE MUSCULAÇÃO E GUARDA-VOLUMES USUÁRIOS DA ÁREA ESPORTIVA

PONTE DE PEDESTRES EM ANTIGA PONTE DE TRENS FOOD WAGONS EM TRILHOS INATIVOS

INTERVENÇÃO NA ÁREA DO COMPLEXO FERROVIÁRIO DA FEPASA, CAMPINAS - SP

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO ARQUITETURA E URBANISMO

FOLHA

PROGRAMA

2

3

ORIENTADORA PROFª DRª MARIANA SANTOS FELIPE TRICOLI JARDIM RA 119385


INFRAESTRUTURA DO PARQUE

FLUXO DE MANUTENÇÃO

VEGETAÇÃO

PERSPECTIVA EXPLODIDA

ESQUEMAS DE PERCURSOS

Vegetação

Árvores com copas altas, com copas iniciando a pelo menos 2,50 metros de altura;

Vegetação menos densa em áreas com circulação de pessoas;

Alta densidade vegetal apenas em áreas onde não deve haver a passagem e permanência de pessoas; Proteção de percurso ao lado de trilho ativo com Travessia de pedestres por cima de trilho ativo e de vegeração rasteira e canal de água por um lado e canal de água vegetação a 1,20m de altura por outro

Corte perspectivado mostrando túnel e aquário, trazendo luz natural para o caminho subterrâneo e dando um atrativo para que as pessoas queiram passar por ele

Água

Percursos

Complementando o que foi apresentado, foram locados pontos para bebedouros, sanitários públicos do parque, sanitários públicos internos aos galpões, postos de vigilância e ambulatórios.

Para carga e descarga de materiais e equipamentos foi determinado um fluxo adequado a ser seguido. Também foram locados depósitos que são interligados com o almoxarifado central através desse fluxo.

MOBILIDADE

ESPAÇOS DE PERMANÊNCIA

Luminárias abaixo das copas das árvores para que as mesmas não obstruam a iluminação

Luminárias de piso com iluminação para cima em espécies com copas mais baixas.

Evitar árvores caducifolias próximos aos canais e praças d’água

Proteção de percurso ao lado de trilho ativo com Percurso ao lado de trilho inativo vegetação a altura de 1,20m por um lado e canal de água e vegetação rasteira por outro

Corte perspectivado mostrando túnel e jardim, trazendo além do citado, um espaço que serve de vitrine para exposição de esculturas e instalações.

ASPERSORES DE ÁGUA PAVIMENTOS Árvores com copas altas Banco monolítico de concreto com 2 opções de altura e larguro para variadas combinações de organização Canteiro com ervas e flores aromáticas e coloridas Fonte com aspersor de água

Para a mobilidade foram propostos postos de bicicletas compartilhadas (bike sharing), bibicletários, bolsões de estacionamento e estacionamento subterrâneo. Além disso, priorizando o pedestre na relação do parque com o entorno, foram propostas lombofaixas e a elevação da rua em frente a escola.

CORTE BB

ESCALA 1:500

CORTE DD

ESCALA 1:500

Devido a escala do projeto não foram detalhados os espaços de permanência e seu mobiliário, entretanto eles foram pontuados na imagem acima, assim como food wagons.

Proteção de percurso ao lado de trilho ativo com Iluminação em LED nas áreas pavimentadas seguinvegetação a altura de 1,20m por ambos os lados do o desenho dos trillhos

Exemplo de conformação de espaço de permanência, trabalhando com a composição de mobiliário, vegetação e água, gerando um espaço que mexa com as sensações e proporcione difetentes percepções e experiências aos usuários.

DET. 01

ESCALA 1:50

CORTE CC

ESCALA 1:500

CORTE EE

ESCALA 1:500

DE VAZIO URBANO A PARQUE PÚBLICO: VIDA NOTURNA COMO REABILITAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO

CORTE FF

ESCALA 1:500

CORTE GG

ESCALA 1:500

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO ARQUITETURA E URBANISMO

FOLHA

INTERVENÇÃO NA ÁREA DO COMPLEXO FERROVIÁRIO DA FEPASA, CAMPINAS - SP

3

3

ORIENTADORA PROFª DRª MARIANA SANTOS FELIPE TRICOLI JARDIM RA 119385


ANEXO

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Figura Anexo - Mapa de Edificações Existentes. Elaborado por Foster Móz, Gráfica pelo autor, 2017.

193


01

ESTAÇÃO FERROVIÁRIA

Foto: Acervo pessoal, 2011

Ano: 1872 - 1918 Uso original: Estação de Trem Uso Atual: Espaço Cultural Estado de Conservação: Satisfatório Área: 10.670 m²

Grau de alteração: Várias paredes internas foram retiradas ou alteradas para abrigar os escritórios. Foram feitos vários acréscimos e subdivisões. Em 1966 foi realizada uma reforma no saguão de entrada, no bar, nas bilheterias e na barbearia, descaracterizando esse espaço. Telhas onduladas em cimento-amianto e translucidas. Banheiros originais lacrados Técnicas Construtivas: Paredes autoportantes de alvenaria de tijolos, telha tipo francesa, caixilhos de ferro. Gare em estrutura metálica com telhas onduladas metálicas.

Foto: Acervo pessoal, 2017

194


VESTIÁRIO DEPÓSITO LOCOMOTIVA ELÉTRICA ANTIGA CIA. PAULISTA Ano: 1930 Uso original: Vestiário Uso Atual: RENOVA Estado de Conservação: Regular Área: 109 m²

Foto: Acervo pessoal, 2017

Grau de alteração: Foram fechadas algumas janelas com alvenaria de tijolos e outras trocadas por basculantes Técnicas Construtivas: Paredes de alvenaria de tijolos rebocadas, telhas tipo francesa

02

Foto: Acervo pessoal, 2017

195


03

ESCRITÓRIO DE BALDEAÇÃO

Foto: Acervo pessoal, 2014

Ano: Final do séc. XIX Uso original: Escritório de Baldeação Uso Atual: Sem uso Estado de Conservação: Ruínas Área: 167 m²

Grau de alteração: Resta somente paredes de alvenaria em ruínas Técnicas Construtivas: Paredes autoportantes de alvenaria de tijolos aparentes, estrutura de telhas em madeira, telhas francesas.

Foto: Acervo pessoal, 2017

196


CABINAS DA COMPANHIA PAULISTA (1 e 2)

Ano: Sem dados Uso original: Cabinas Uso Atual: 1 fechada, 2 Maquete da AMFEC visitável aos sábados Estado de Conservação: Médio - Cabina 1 com pichação e vidros quebrados, Cabina 2 com pichação e ar-condicionado nas janelas. Área: 77 m², 75 m²

Foto: Acervo pessoal, 2017

Grau de alteração: Nenhuma significativa Técnicas Construtivas: Paredes autoportantes de alvenaria de tijolos aparentes, telhas tipo francesas.

04

Foto: Acervo pessoal, 2017

197


05

CASA DE CARROS DA COMPANHIA MOGYANA

Foto: Acervo pessoal, 2017

Ano: Entre 1903 e 1930 Uso original: Casa de Carros. I – Marcenaria, II – Serralheria/ Carpintaria) Uso Atual: Depósito de Locomotivas que nunca saíram das caixas Estado de Conservação: Médio Área: I - 5374m²; II – 4100m² Grau de alteração: A maioria das portas e janelas foram desfiguradas, muitas tampadas com alvenaria de tijolos e outras trancadas por vidraças com esquadrias horizontais modernas. Telhas francesas foram trocadas por outras onduladas de cimento-amianto Técnicas Construtivas: Paredes autoportantes em tijolos aparentes, colunas de ferro fundido no interior.

Foto: Acervo pessoal, 2017

198


OFICINA DA COMPANHIA MOGYANA

Ano: 1904 Uso original: Oficina de montagem e ajustes das locomotivas e tenders, oficina mecânica, caldeireiros, ferreiros e acessorias Uso Atual: EMDEC – Pátio de veículos apreendidos Estado de Conservação: Médio Área: 6.920 m²

Foto: Rafael Marengoni, 2014

Grau de alteração: As oficinas de Caldeiros e Ferreiros foram demolidas. Data aproximadamente dos anos 40 um novo corpo em frente a fachada das Oficinas de Ajustagem, tentando alcançar o mesmo estilo arquitetônico do conjunto.

06

Técnicas Construtivas: Paredes em tijolos prensados aparentes, estrutura do telhado metálica, telhas francesas.

Foto: Acervo pessoal, 2011

199


07

DEPÓSITO DE FERRO DA COMPANHIA MOGYANA

Foto: Acervo pessoal, 2011

Ano: Sem dados Uso original: Depósito de Ferro Uso Atual: Sem uso Estado de Conservação: Ruínas Área: 1800 m²

Grau de alteração: Parte da estrutura caiu, sobrando apenas parte da cobertura e das paredes Técnicas Construtivas: Paredes autoportantes de tijolos aparentes, estrutura do telhado em madeira, telhas francesas

Foto: Acervo pessoal, 2017

200


VIADUTO FERROVIÁRIO

Ano: 1903 Uso original: Ponte Uso Atual: Sem uso Estado de Conservação: Satisfatório Foto: Acervo pessoal, 2011

Grau de alteração: Os encontros estão tomados pelo mato Técnicas Construtivas: Encontros em alvenaria de aparelho com cantos de cantaria, ponte em estrutura metálica.

08

Foto: Acervo pessoal, 2017

201


09

FUNDIÇÃO NOVA COMPANHIA MOGYANA

Foto: Acervo pessoal, 2017

Ano: 1899 Uso original: Fundição Uso Atual: Sem uso Estado de Conservação: Médio Área: 1.674 m²

Grau de alteração: A porta para a Rua Coronel Antonio Manuel foi transformada em janela horizontal e a fachada para essa rua totalmente revestida de chapisco. A porta para o pátio interno alargada em seu vão e sua bandeira tampada por alvenaria de tijolos. As fachadas laterais foram revestidas com chapisco e pintadas. Lanternim foi fechado com policarbonato translucido. Parte da cobertura caiu recentemente. Técnicas Construtivas: Paredes autoportantes de tijolos, telhado com estrutura em madeira e telhas francesas.

Foto: Acervo pessoal, 2017

202


ANTIGA ROTUNDA DA COMPANHIA MOGIANA

Ano: 1908 Uso original: Rotunda Uso Atual: Sem uso Estado de Conservação: Ruim Área: 2.523 m²

Foto: Acervo pessoal, 2017

Grau de alteração: Nenhuma significativa Técnicas Construtivas: Paredes autoportantes de tijolos aparentes, colunas em ferro fundido, telhas tipo francesa.

10

Foto: Acervo pessoal, 2017

203


11

USINA GERADORA E CAIXA D’ÁGUA

Ano: 1903 Uso original: Usina Geradora e Caixa d’Água Uso Atual: Manutenção MB Estado de Conservação: Médio Área: Usina 823 m², Caixa d’água 114m² = 937 m² Foto: Acervo pessoal, 2011

Grau de alteração: Algumas aberturas foram fechadas por tijolos aparentes. Telhas francesas foram trocadas por onduladas de cimento-amianto Técnicas Construtivas: Paredes autoportantes de tijolos aparentes, cobertura em telhas onduladas de cimento-amianto, estrutura de telhado metálico

Foto: Acervo pessoal, 2011

204


IMIGRAÇÃO

Ano: 1899 Uso original: Casa de Importação, Refeitório, Administração Imigração, Casa de Exportação Uso Atual: EMDEC Estado de Conservação: Médio Área: 934 m², 1.028 m², 926 m²

Foto: Acervo pessoal, 2011

Grau de alteração: A fachada do prédio central foi desfigurada, trocando as janelas e portas por esquadrias horizontais, eliminando o frontão triangular e revestindo o prédio todo com argamassa. O prédio da lateral esquerda do observador foi totalmente revestido de argamassa.

12

Técnicas Construtivas: Paredes autoportantes de alvenaria de tijolos aparentes, embasamento em pedra, telhas francesas.

Foto: Acervo pessoal, 2011

205


13

DEPARTAMENTO DE LINHAS

Foto: Acervo pessoal, 2017

Ano: 1920 Uso original: Departamento de Linhas Uso Atual: Manutenção Secretaria de Cultura Estado de Conservação: Satisfatório Área: 338 m²

Grau de alteração: Divisória interna que conformaram banheiros. Paredes com pichação. Técnicas Construtivas: Paredes autoportantes em alvenaria de tijolos com reboco e ornamentos, telhas francesas.

Foto: Acervo pessoal, 2017

206


BALDEAÇÃO

Ano: Sem dados Uso original: Baldeação Uso Atual: Parte estacionamento, parte sendo reorganizada para Ecoponto Estado de Conservação: Ruim Área: Cobertura com muros laterais 4.027 m² Cobertura sem muros laterais 2.820 m² Área Total 6.847 m²

Foto: Acervo pessoal, 2017

Grau de alteração: Em 1988, quase 1/3 do prédio original foi demolido devido as obras do túnel. Os cortes das paredes estão desprotegidos. O lado mantido que passa por cima do túnel de pedestres está o estacionamento, com as laterais totalmente abertas. O lado direito marcado na imagem é onde está o ecoponto. A cobertura está parcialmente destelhada, alvenaria nos fechamentos laterais e aberto nas extremidades.

14

Técnicas Construtivas: Paredes autoportantes de tijolos aparentes, estrutura de telhado metálico, telhas francesas.

Foto: Acervo pessoal, 2017

207


15

DEPÓSITO LOCOMOTIVA A VAPOR CIA. PAULISTA

Foto: Acervo pessoal, 2017

Ano: 1903 Uso original: Depósito Locomotiva a Vapor Uso Atual: RENOVA Estado de Conservação: Médio Área: 1.549 m²

Grau de alteração: Algumas aberturas desfiguradas e uma das laterais das empenas com alargamento total de vão. O prédio mais largo com troca de telhas francesas por telhas onduladas metálicas. Pichação, Lanternim fechado. Técnicas Construtivas: Paredes autoportantes em alvenaria de tijolos aparentes, telhas francesas, telhas onduladas metálicas.

Foto: Acervo pessoal, 2017

208


CASA DE CARROS CIA. PAULISTA

Ano: 1903 Uso original: Casa de Carros Uso Atual: Secretaria de Esportes/ Sala dos Toninhos Estado de Conservação: Satisfatório Área: 1.468 m²

Foto: Acervo pessoal, 2017

Grau de alteração: Algumas aberturas desfiguradas. Técnicas Construtivas: Paredes autoportantes em alvenaria de tijolos aparentes, telhas francesas, embasamento de alvenaria de pedras aparelhadas.

16

Foto: Acervo pessoal, 2017

209


17

ARMAZÉM DE EXPORTAÇÃO DA CIA. PAULISTA

Foto: Acervo pessoal, 2017

Ano: 1910 Uso original: Armazém Uso Atual: Sem uso Estado de Conservação: Ruim Área: 1.466 m²

Grau de alteração: Foi mutilado em 1988 pelas obras do túnel. Hoje está totalmente lacrado com blocos de alvenaria de concreto. Destelhado na parte da calçada, porém com estrutura ainda presente. Paredes com lambe-lambe. Técnicas Construtivas: Paredes autoportantes de tijolos aparentes, estrutura de telhado metálico, telhas francesas.

Foto: Acervo pessoal, 2011

210


TÚNEL

Ano: 1918 Uso original: Túnel de Pedestres Uso Atual: Túnel de Pedestres Estado de Conservação: Satisfatório Foto: Acervo pessoal, 2017

Grau de alteração: Piso em Ladrilho hidráulico bastante gasto, pichações e vidros quebrados. Técnicas Construtivas: Entradas em estrutura e cobertura metálica apoiada sobre embasamento, Túnel em tijolos caiados, piso em ladrilho hidráulico na cor natural (cimento) e preto, escadas de acesso em cimento.

18

Foto: Acervo pessoal, 2011

211


19

BALANÇA CIA. PAULISTA

Ano: 1918 Uso original: Balança Locomotivas Uso Atual: Arquivo Secretaria de Cultura Estado de Conservação: Satisfatório Área: 99 m² Foto: Acervo pessoal, 2017

Grau de alteração: Pouco alterado, com abertura de janelas. Pichação na parede. Técnicas Construtivas: Paredes autoportantes de tijolos aparentes, estrutura de telhado em madeira, com telhas francesas.

Foto: Acervo pessoal, 2017

212


MARCENARIA

Ano: 1920 Uso original: Marcenaria Uso Atual: CeproCamp (Escola Técnica Profissionalizante) Estado de Conservação: Satisfatório Área: 2.719 m² Foto: Acervo pessoal, 2017

Grau de alteração: Todo o conjunto foi requalificado, mantendo as fachadas. A estrutura original foi toda mantida, mas internamente foi criada uma nova estrutura que se encaixa com a original. Muros para a rua com pichação.

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Técnicas Construtivas: Paredes autoportantes de tijolos aparentes, estrutura de telhado metálico e madeira, telhas francesas. Embasamento em pedra.

Foto: Acervo pessoal, 2017

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DEPÓSITO LOCOMOTIVAS ELÉTRICAS

Foto: Acervo pessoal, 2017

Ano: 1921 Uso original: Depósito Locomotivas Elétricas Uso Atual: RENOVA / Depósito de Escolas de samba Estado de Conservação: Médio Área: 1.812 m²

Grau de alteração: O prédio mais largo com troca de telhas francesas por telhas onduladas metálicas. Pichação. Técnicas Construtivas: Paredes autoportantes em alvenaria de tijolos aparentes, telhas francesas, telhas onduladas metálicas.

Foto: Acervo pessoal, 2017

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RESTAURANTE IMIGRAÇÃO

Ano: 1945 Uso original: Restaurante Uso Atual: EMDEC Estado de Conservação: Satisfatório Área: 602 m²

Foto: Google Earth, 2017

Grau de alteração: Sem informações Técnicas Construtivas: Sem informações

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Foto: Google Earth, 2017

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NOVA OFICINA CIA. MOGYANA

Ano: 1955 Uso original: Oficina Uso Atual: EMDEC Estado de Conservação: Médio Área: 5.516 m² Foto: Acervo pessoal, 2011

Grau de alteração: Telhas velhas e escurecidas não permitem a entrada de luz. Técnicas Construtivas: Estrutura metálica com fechamento em telhas onduladas metálicas e alvenaria.

Foto: Acervo pessoal, 2011

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DEPÓSITO DE ÓLEO E BRONZE

Ano: Final do séc. XIX Uso original: Depósito de Óleo e Bronze Uso Atual: Sem uso Estado de Conservação: Ruína Área: 797 m² Foto: Acervo pessoal, 2017

Grau de alteração: A maior parte da edificação caiu, restando apenas uma pequena porção do lado esquerdo , como na imagem. Técnicas Construtivas: Paredes autoportantes de tijolos aparentes, estrutura do telhado em madeira, telhas francesas.

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Foto: Acervo pessoal, 2011

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NOVA CASA DE CARROS CIA. MOGYANA

Foto: Acervo pessoal, 2017

Ano: 1955 Uso original: Oficina Uso Atual: Sem Uso Estado de Conservação: Ruínas Área: 2.770 m²

Grau de alteração: Telhas e janelas quebradas Técnicas Construtivas: Estrutura metálica com fechamento em alvenaria e cobertura em telhas metálicas.

Foto: Acervo pessoal, 2011

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roportos, estações de metrô e pelas grandes cadeias de hotéis e supermercados. Só, mas junto com outros, o habitante do não-lugar mantém com este uma relação contratual representada por símbolos da supermodernidade; cartões de crédito, cartão telefônico, passaporte, carteira de motorista, enfim, por símbolos que permitem o acesso, comprovam a identidade, autorizam deslocamentos impessoais (AUGÉ, M. Não-lugares: Introdução a uma antropologia da supermodernidade; tradução Maria Lucia Pereira. Campinas, SP; Papirus, 1994) 22. Segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, “Rolezinho é a reunião de um grande número de pessoas, que, através de redes sociais ou mensagens

de celular, combinam um encontro num centro comercial, numa praça, num parque ou noutro local público para passear”. (“rolezinho”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 201?. Disponível em: https://www.priberam.com/dlpo/rolezinho , acessado em 15/05/2017)Segundo o escritor Marcus Faustini, “O rolezinho é uma novidade política, comportamental e estética das mais importantes. O encontro marcado por jovens paulistas em grandes shoppings para “subir as escadas rolantes num sentido contrário, ouvir funk, zoar e beijar” é um acontecimento que mostra a juventude da periferia inventando uma nova linguagem de produção de presença pública. Eles não estão difundindo ideias ou representações, mas reconfigurando formas de estar visíveis e de produzir marcas geracionais, além da relação de significação de um espaço urbano — o shopping — que busca cativar permanentemente esse jovem. É uma expressão madura, alegre, que supera

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a via da estratégia da violência. A má notícia é que se trata isso como algo perigoso, que precisa ser dissolvido, e mais uma vez rejeita-se o diálogo com uma invenção da juventude popular.” (FAUSTINI, M. Rolezinho – 2014 que orkutiza 2013, O Globo, 31/12/2013. Disponível em: https://oglobo.globo.com/cultura/rolezinho-2014-que-orkutiza-2013-11181654, acessado em 14/05/2017) 23. SAHYOUN, Nabil. O crescimento da indústria de shopping centers no país. O Estado de São Paulo, 11 ago. 2000. 24. WAINWRIGHT, R. (2000), Nos désirs vides, Casseurs de Pub. La revue de l’environnement mental, dossier annuel n.2, Lyon, nov. 2000. 25. TIRELLO, R. A.; BARROS, M. C.; SFEIR, M. B. Projetos de reabilitação de conjuntos industriais históricos em centros urbanos paulistas: usos possíveis na conta

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ano, entretanto fecha às 22:00 e não está localizado em um local de fácil acesso para quem não tem carro. 28. Informações obtidas em Conversa com Henrique Anunziata, historiador do CONDEPACC e Foster Móz, Eng. Civil coordenador do Complexo, no dia 18/04/2017. 29. A Função Social das Áreas Verdes está diretamente relacionada ao seu uso como espaço público, com a oferta de espaços que possibilitam o lazer associado

ao contato com elementos naturais, cujas áreas são providas de infraestrutura como a presença de trilhas para caminhadas, bancos para descanso, parquinho para crianças, espaços para manifestações artísticas e culturais e equipamentos para atividades físicas, atuando como espaço de convívio para a população (TROPPMAIR et al. 2003; LIMA, 2000; LOBODA e de ANGELIS, 2005, apud Plano Municipal do Verde). Assim, temos que as áreas que possuem acessibilidade, vias de contorno, estrutura de espaço de convívio (como equipamentos públicos de lazer, bancos, iluminação pública, lixeiras) e que atuam como esferas do agir público são aqui consideradas por sua função predominantemente social. Considera-se, portanto, como Áreas Verdes de Função Social, os Parques Públicos, as Áreas Verdes de Sistemas de lazer de Loteamentos, Bosques e Praças (PMC/Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Plano Municipal do Verde – Prognóstico, 03 de junho de 2016). 30. CAMPINAS. Decreto nº 2.516, de 16 de junho de 1961. Dispões sobre ruídos urbanos, localização e funcionamento de estabelecimentos incômodos, nocivos e

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perigosos, e dá outras providências. 31. CAMPINAS. Decreto nº 8.861, de 19 de junho de 1996. Dispõe sobre a concessão de alvará de uso das edificações. 32. Lei do Pancadão. CAMPINAS. Decreto nº 18.623, de 22 de janeiro de 2015. Regulamenta a Lei nº 14.862 de 25 de julho de 2014, que dispõe sobre a proibição do

uso de aparelhos de som, portáteis ou instalados em veículos automotores estacionados, nas vias e logradouros públicos que venham perturbar sossego público e dá outras providências. 33. Portal G1, Campinas e Região, Lei do Pancadão completa dois anos com cerca de 500 carros apreendidos, 14/02/2017. Disponível em: http://g1.globo.com/sp/

campinas-regiao/especial-publicitario/prefeitura-de-campinas/campinas-agora/noticia/2017/02/lei-do-pancadao-completa-dois-anos-com-cerca-de-500-carros-apreendidos.html, acessado em 07/05/2017. 34. O questionário foi elaborado no Google Forms e ficou aberto de 23/05/2017 a 06/06/2017. Os resultados estão disponíveis em https://docs.google.com/forms/

d/e/1FAIpQLScGGUCkShEkTIi3_oIiLxxIWJhP_Ko-8zX1Nw9omiVaCDky4w/viewanalytics 35. A espacialização dos bairros e os estabelecimentos frequentados por gênero e orientação sexual estão disponíveis em: https://www.google.com/maps/d/

viewer?mid=1Wc7VS-Jt_CoKgT2aF64WktM9cWg&ll=-22.850345182550374%2C-46.97983090039065&z=11 36. Lei do Silêncio. CAMPINAS. Lei nº 14.011 de 12 de janeiro de 2011. Dispõe sobre a proteção contra a poluição sonora, controle de sonorização nociva ou perigosa

em áreas públicas, particulares e estabelecimentos comerciais, disciplina a pirotecnia e dá outras providências. 37. KAPLAN,Stephen; KAPLAN, Rachel; RYAN, Robert. With people in mind: design and management of everyday nature. Washington: Island Press, 1998. 38. NASAR, Jack. New developments in aesthetics for urban design. Advance in Environment Behavior and Design. New York: Plenum Press, Vol. IV, 1997, p. 149-193. 39. LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1997. 40. LANG, John. Fundamental process of human behavior. In: John Lang (org.) Creating Architectural Theory: the Role of the Behavioural Sciences in Environmental

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENG. CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO 228



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