Revista Rasgos da Cidade

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na cidade


Foto: Lindsey Santana

”A luz natural ilumina nossa alma e nos enche de energia. Vale lembrar que a luz do sol se altera consideravelmente no decorrer do dia. Pela manha ela é mais avermelhada, de tonalidade quente, mais aconchegante. Quando nos aproximamos do meio dia, ela se torna mais azulada, mais fria, mais dinâmica e com reprodução de cor mais fiel. Ao entardecer ela será novamente mais avermelhada, de tonalidade quente e mais aconchegante novamente.” (GURGEL, 2005)

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Foto: Fernanda Brainer


EDITORIAL A revista "RASGOS Na CIDADE" nasce de um incentivo acadêmico o qual nesta edição, trata-se sobre o uso da iluminação natural . Tendo em vista pesquisas e estudos, tratamos de pensamentos e críticas em relação a esta pauta, tendo a intenção de abordar todas as direções do destroncamento do termo tendo como objetivo final o aprendizado. Abordaremos a relação da iluminação natural como a história da arquitetura, principalmente durante o modernismo e a arquitetura contemporânea, relacionando obras distintas em diversos pontos e dissertando sobre as intenções propostas pelos arquitetos diante as obras emblemáticas da cidade. Subentende-se que o Projeto, não importa o quão simples ele seja ou o quão extravagante , o arquiteto projeta para as pessoas, e assim, a arquitetura deve satisfazer as necessidades, e se transparece justamente quando ultrapassa a função proporcionando espaços de “viver”, este valor deve se mostrar em todo projeto.

Abrir uma laje, configura luz, e ventilação, coisas que sem gente para desfrutar, não teria sentido. Essa é uma das várias ferramentas onde criar que a criação de volumes para “viver” transcende sua palavra. Apesar de ser um recurso enigmático e dificultoso a luz é cada vez mais essencial em tempos onde a tecnologia nos afasta da natureza. 04


EQUIPE Ana Clélia Monfort Mello, 20 Fernanda Brainer de Moura , 20

Laura Alves Antonelli, 20 Lindsey Santana Dalécio, 24

Talita Marques Chagas, 19

Vitória Perrucci Iarussi, 19

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SUMÁRIO: Introdução do tema ________________________

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.

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Luz e sensação _________________________ Um pouco de história ____________________ Luz solar X Modernismo__________________ Igreja São Bonifácio______________________ Escola Estadual Pedro Voss______________ Cor______________________________________ Instituto Tomie Ohtake __________________ Sesc 24 de maio_________________________ O Centro________________________________ A Bandeira______________________________


Foto: Lindsey Santana

Os seres humanos vivem a partir dos primeiros conhecimentos e de experiências sensoriais e com isso, precisam ver, tocar, cheirar, sentir, ou seja precisam interagir com o espaço.

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+ RASGOS

@amor.paulistano

Estação da Sé – São Paulo

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A importância de se projetar edificações capazes de melhor aproveitar a luz natural vai muito além da economia do consumo de energia com iluminação artificial. Vale lembrar que morar ou trabalhar em ambientes que recebem pouca ou nenhuma quantidade de luz solar, pode ser prejudicial à saúde das pessoas. Recentemente foram divulgados estudos comprovando que a utilização da iluminação natural traz benefícios ao bem-estar dos ocupantes, mas sua ausência pode proporcionar danos à saúde. O arquiteto Dimas Bertolotti, professor da universidade FIAM-FAAM e especialista em conforto ambiental, esclarece também que esses estudos tiveram início na Europa, onde os dias são curtos e as noites mais longas.

De acordo com o arquiteto, a ausência de iluminação natural em relação ao corpo humano tende a atuar como se estivesse inativo, causando problemas como a depressão. Uma forma de impedir esse problema seria projetar ambientes mais agradáveis, adotando de aproveitamento da iluminação natural. “A iluminação natural colabora com a fluidez estética da arquitetura. As pessoas têm tendência a observar a forma ou tamanho da edificação e não prestam muita atenção na iluminação, mas os principais arquitetos usam a luz como elemento de projeto. Observando as grandes obras, nota-se que a luz é essencial, porque realça os espaços e assim, os projetos se tornam construções interessantes e esteticamente agradáveis”, explica.

"A arquitetura é essencialmente uma arte: uma arte plástica, uma arte espacial. Porém deve-se perceber que a experiência da arquitetura é recebida por todos os nossos sentidos e não unicamente pela visão. Assim, a qualidade do espaço é medida pela sua temperatura, sua iluminação, seu ambiente, e o modo pelo qual o espaço é servido de luz, ar e som devem ser incorporados ao conceito do espaço em si”. Louis Kahn. (VIANNA; GONÇALVES, 2001)

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ILUMINAÇÃO NATURAL BREVE RETROSPECTIVA HISTÓRICA A arquitetura comanda de elementos do espaço para conseguir refletir ou até emitir a luz. Desde o começo da história, a tentativa por captação da luz era intensa.

1. EGITO ANTIGO 2780 A.C A 2280 A.C. Recursos de captação de luz natural.

Templo Amon Arquitetos não encontrados, Karnak

2. GRÉCIA ANTIGA SÉCULOS VI AC – IV A.C. O sol da manha iluminava as estátuas no interior.

Partenão, Ictinos e Calícrates, Atenas.

5. ARQUITETURA BIZANTINA 6. ARQUITETURA ROMÂNICA 330 A 1453 DC SÉCULOS IX A XII Cúpula aparece suspensa

Basílica de Santa Sofia, Isidoro de Mileto e Antêmio de Trales, Istambul.

9. BARROCO BRASILEIRO SÉCULO XVII

Igreja Nossa Senhora do Carmo, Manuel Francisco Lisboa, Ouro Preto.

Basílica de São Miguel Arquitetos não encontrados, Pavia.

10. MODERNISMO 1920 1960

Ville Svoyé , Le Corbusier, Poissy.

11. ARQUITETURA PÓS-MODERNA Décadas de 80 e 90

Cité de la Musique, Christian de Portzamparc, Paris.

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3. ROMA ANTIGA SÉC. I AC – II DC PANTEÃO Iluminação Zenital

Panteão, Supõe-se que o próprio governador Adriano tenha projetado, Roma

7. ARQUITETURA GÓTICA SÉCULOS XII A XIV

Catedral de São Vito, Peter Parler, Praga.

4. CRISTIANISMO ANTIGO 313 A.C. 800 D.C.

Santo Apolinario, Arquitetos não encontrados, Ravena

8. ARQUITETURA RENASCENTISTA SÉCULOS XV A XVI

Igreja Santa Maria Dei Fiori, Bruneleschi, Florença.

Ministério da Educação, Lucio Costa, Niemeyer, Leão, Moreira, Reidy e Vasconcelos, Rio de Janeiro,

12. ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA Década de 90 até a arquitetura atual

Great Court, Museu Britânico, Norman Foster, Londres,

Durante o auge da arquitetura modernista, (conhecida como “Estilo Internacional”), no século XX , muitos ignoravam do recurso da iluminação natural, devido parecer mais fácil controlar a percepção de modo artificial, uso pleno da energia elétrica. Apesar disso, a iluminação natural é muito importante para os espaços vivenciados de uma obra arquitetônica, quando ligada às técnicas de iluminação natural, faz a arquitetura se sobressair a teoria, exaltando a arte. Pode-se dizer que houve um ressurgimento da necessidade da iluminação natural, por motivos ecológicos e de preservação do meio ambiente. Hoje em dia existe uma consciência no sentido de economizar energia aproveitando a luz natural visando conseguir uma eficiência energética e consequentemente causando menos impacto ambiental e reduzindo a degradação do meio ambiente. 11


"A arquitetura é essencialmente uma arte: uma arte plástica, uma arte espacial. Porém deve-se perceber que a experiência da arquitetura é recebida por todos os nossos sentidos e não unicamente pela visão. Assim, a qualidade do espaço é medida pela sua temperatura, sua iluminação, seu ambiente, e o modo pelo qual o espaço é servido de luz, ar e som devem ser incorporados ao conceito do espaço em si”. Louis Kahn. (VIANNA; GONÇALVES, 2001)

E A LUZ NO

MODERNISMO? 12

Neste inserte temos a intenção de relacionar os 5 pontos á iluminação e deixar clara a “nova” arquitetura para que haja a percepção dos elementos relacionados ao VaZio .

Os cinco pontos do Modernismo ou Nova Arquitetura surgiram com as pesquisas realizadas pelo arquiteto Charles - Edouard Jeanneret mais conhecido como Le Corbusier. O seu estudo teve como resultado uma forma que foi publicada em 1926, na revista francesa L'Esprit Nouveau. Ao projetar a Villa Garches e a Villa Savoye Le Cobusier usa os cinco pontos que havia estudado e são nessas obras que essas características podem ser observadas com expressividade. que os pontos são observados com bastante expressividade. Estes conceitos permitiram tornar os elementos constitutivos possibilitando a maior liberdade de criação, maior incidência de luz e dar uma característica diferente referente á cor. Os cinco pontos eram: Planta livres – Ambientes amplos e flexíveis – A planta livre possibilitará uma maior flexibilidade para modificar o espaço da forma mais confortável pelo usuário, sem que precisasse quebrar nada, isso também acaba proporcionando entrada de luz natural para todos os ambientes, devido á ausência ou a pouca quantidade de divisórias. Fachada Livre – Dinâmica de volumes e proporções – A fachada livre consiste em ser independente das vedações e das divisórias, tendo assim a possibilidade de ser em diversos formatos e ter características diferentes, as quais dão identidade para a arquitetura, sem que a fachada seja uma consequência do pensamento em planta. Esse mecanismo dependendo do material adota, proporciona ao edifício um maior conforto térmico, assim como uma maior incidência de luz, já que não possui vedações e nem divisórias em suas estruturas. Pilotis – amplitude para ir e vir- O pilotis também um instrumento que pode vir a ser utilizado como uma forma de proteção solar ao formar uma grande

marquise em baixo do edifício para as pessoas que estão passando, com a incidência de luz em alguns momentos do dia, assim como possibilita a passagem de pessoas em baixo do edifício, acaba criando um espaço de lazer e permanência para o meio urbano, além de propiciar uma ampla visão dos espaços, principalmente dos térreos vizinhos e a sua relação com a cidade. Terraço Jardim – Telhado se transforma em salaPensando nos momentos de lazer dos usuários e também uma forma de modificar a ideia do uso dos telhados, Le Cobusier, tem a ideia de fazer terraços jardins, que seriam mais um espaço do edifício e também uma forma criativa de proporcionar o contato com a iluminação natural, ao ter um jardim na laje. Janela em fita – quadros com a visão externa- As janelas em fita, surgiram como um meio de possibilitar uma maior incidência de luz para a construção de forma a controlar a sua entrada, assim não deveria ser tão larga e sim extensa, para conseguir iluminar todo o ambiente internamente. Rasgos de inúmeras geometrias e a presença dos vidros com qualidade técnica e beleza. É no Modernismo em que os arquitetos começam a se preocupar com a originalidade dos materiais, assim fazendo uso de suas próprias cores na arquitetura, o que dariam características e significados diferentes para cada obra construída. De forma a mostrar os novos materiais que haviam chagado nas industrias, uma forma de mostrar que a obra era moderna e estava de acordo com a sua época e as suas tecnologias. Assim como o uso das cores originais dos materiais, a luz, será um elemento que terá uma atenção maior por parte dos projetistas considerando-a em todos os ambientes e em todos os pontos do Modernismo.


IGREJA SÃO BONIFÁCIO

HANS BROOS


Foto: Vitória Iarussi

A história da Vila Mariana denota em grandes aspectos, principalmente nas construções, o fato de ter se firmado uma das imigrações mais significantes para o local, a alemã. Essa ocupação se dá pelas oportunidades de emprego, que ali estavam instaladas como as fábricas, a mais conhecida era a de fósforos que estava em decaimento quando os imigrantes aqui chegaram, nessa época, havia também o matadouro na região, o qual possibilitava diversos tipos de trabalho. Hans Bross, um arquiteto austríaco, criado por uma família alemã, quando termina sua graduação em Arquitetura e Urbanismo na Alemanha em meio á segunda guerra mundial, decide então conhecer o mundo, dessa forma manda cartas a diversos países, o qual foi rejeitado por todos, menos pela família brasileira Hering que era de Blumenau, Santa Catarina- SC. Diferente dos outros estrangeiros, Bross decidiu sair de seu país não pela guerra que estava em seu fim, mas sim em busca do novo, de construir e se aprofundar no modernismo em um país que era conhecido como o Novo Mundo e não ter a preocupação de reconstruir o que foi destruído pela enorme catástrofe. 14


Ao conhecer a Escola Carioca – o qual era chamado o movimento arquitetônico que acontecia no Brasil naquele momento, vai aos poucos introduzindo o estilo ás suas obras, o que será mais perceptível na vinda para São Paulo. Naquele momento Lina Bo Bardi, estava a projetar o MASP, com um enorme vão elevado, que possuía uma grande percepção do entorno, considerando as visuais do local, em que o projeto é inserido, além do uso do concreto armado, influenciado pela arquitetura de Lina e de outros arquitetos brutalistas paulistas, Bross começa a fazer uso desse estilo, o que pode ser observado em uma de suas obras mais conhecidas a Igreja São Bonifácio, a qual está localizada na Rua Humberto I, n°298 – Vila Mariana , São Paulo- SP. Ao pensar na inserção da igreja no terreno, influenciado pela Lina Bo Bardi e tantos outros, irá considerar todo o contexto do entorno que o projeto será introduzido, respeitando as visuais necessárias e importantes para a obra, vai perceber também que o bairro em sua maioria residencial, necessitava de um espaço de permanência, assim como a necessidade de um respiro no edifício que

possibilitaria a contemplação do restante da cidade. Considerando esses fatores Bross, faz proveito do terreno em declive de forma estratégica, usando-o para separar os dois respectivos usos que precisavam ser inseridos no projeto, a igreja e o centro social, o qual serviria também de moradia aos pastores e funcionaria também como administração do lugar, dessa forma ele, faz com que a igreja esteja mais próxima da calçada, por ser um ambiente mais público e coloca o centro social, no declive que é imperceptível para o pedestre que está a caminhar na rua, fazendo com que a entrada seja totalmente convidativa. Sendo assim para se preservar as visuais do entorno tanto da igreja como o do que já existia ele irá elevar o edifício em pilotis e afasta-lo da calçada, consequentemente isso cria uma praça em frente a edificação, e a elevação do chão faz com que haja a percepção de leveza da obra, apesar de ter sido adotado como material o concreto aparente, uma outra razão para deixar a obra flutuando eram as visuais do entorno que na época possuía gabarito baixo, assim preservando a visão dos moradores para a praça e o da igreja para a cidade.

Foto: Vitória Iarussi


A obra se comparada á outras igrejas que já haviam sido construídas anteriormente pelas ruas e avenidas de São Paulo e de outros lugares, podese perceber o seu diferenciado partido arquitetônico, que não adota os vitrais, nem a porta frontal com altura significativa e também não faz uso aos dois caminhos tradicionais que comunmente são separados por grandes pilares e em determinados casos separados pela própria porta. O arquiteto não faz o uso símbolos como os vitrais, o uso do vidro em algumas fachadas para conseguir a entrada de luz, adota os rasgos na edificação em meio as vigas que estruturam o projeto, servindo também como elementos refletores da luz para ambiente em que a plateia estará alocada, possibilitando aos visitantes a sensação de proximidade com o divino, devido á grande incidência de luz natural, no local. Apesar de não ter adotado os caminhos mais comuns usados nas outras igrejas, como citado anteriormente, Bross ao afastar a construção da calçada e criar uma praça, faz o projeto ser convidativo e surpreende a todos aqueles que forem caminhando até chegar na marquise, criada pela própria edificação elevada, onde poderão ver a rampa e a escada lateral de acesso, convidando mais uma vez o usuário a entrar e conhecer o partido arquitetônico.Para uma maior incidência de luz do sol na edificação o arquiteto estrutura a edificação por meio de tirantes, dispensando o uso de pilares em seu interior, possibilitando os rasgos laterais no teto, que iluminam o altar com mais intensidade do que no restante do ambiente, o qual se encontra em uma altura mais próxima do presbitério, reforçando ainda mais a ideia de proximidade com a crença religiosa. Outro aspecto que chama a atenção é o fato de ter poucas imagens sacras no seu interior, de modo ter somente uma representação do momento em que Deus precisou carregar a cruz, denotando leveza a obra.Por fim, ele faz um mezanino ao fundo da igreja, onde fica o coro, que está acima da sacristia, a sua intenção, ao projetar o espaço para o coro, tem função mais precisamente acústica, fazendo com que todos ouçam as canções, nesse momento as vigas servem como refletoras do som para as pessoas que se encontram mais a frente do altar.

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Foto: Laura Alves


​Hans Bross, nasceu em 10 de outubro de 1921 na Áustria, atual Eslováquia, seu pai que era alemão e marceneiro, irá incentiva-lo ao desenho. Vai dar inicio á faculdade de Arquitetura em Praga , na Checoslováquia, mas devido á Segunda Guerra Mundial acaba indo estudar na Alemanha, onde conclui seus estudos em 1948.Na mesma universidade é convidado para reconstruir as cidades e os edifícios históricos e também culturais, que haviam sido devastadas pelo período caótico, junto de Friedrich Wilhelm Kräemer, um dos profissionais que fora seu professor. E em 1949, muda-se para outra cidade alemã chamada Karlsruhe onde irá trabalhar como assistente de Eiermann na Universidade Técnica, o professor será intitulado por Bross de “o homem da reconstrução da Alemanha da pós guerra”, os dois juntos reerguer diversos equipamentos e espaços.Ao participar da restauração das cidades pós guerra, Bross irá ter que aprofundar os seus estudos em história, o que irá implicar em rever a sua arquitetura, fazendo com que queira aplicar uma nova produção adequada ao homem pós guerra, de forma a ser um desafio, devido á necessidade do uso dos materiais contemporâneos, que deveria trazer uma tipologia e linguagem para as cidades, perante a realidade vivida, onde almejava a maior consideração com o futuro do que com o que já havia se passado. Le Cobusier será um de seus grandes influenciadores, o qual irá fazer ir pela linha do pensamento estruturador moderno iniciante.Alguns arquitetos em sua maioria haviam emigrado para os Estados Unidos, devido á guerra, assim como Adolf Franz Heep que veio ao Brasil. O país naquele momento chamava a atenção pelas coisas que estavam sendo produzida, a primeira arquitetura própria brasileira, em que não se preocupava em copiar o que estava lá fora, mas sim olhar para si, se entender, e se resolver.Ao ser aceito pela família brasileira Hering, decide vir ao Brasil, no ano de 1953, em busca do novo, pois acreditava que o mesmo possuía um ambiente propicio para isso acontecer, devido ao seus espaços e também a nova arquitetura que aqui ocorria. A qual teve conhecimento no evento do Brazil Builds do MoMa, que ocorreu em Nova York, em 1943, onde pode ver de perto a arquitetura brasileira pelo projeto do Lucio Costa, o Edifício do Ministério da Educação e da Saúde.

Foto: Laura Alves

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Foto:Lindsey Santana


Le Cobusier será um de seus grandes influenciadores, o qual irá fazer ir pela linha do pensamento estruturador moderno iniciante.Alguns arquitetos em sua maioria haviam emigrado para os Estados Unidos, devido á guerra, assim como Adolf Franz Heep que veio ao Brasil. O país naquele momento chamava a atenção pelas coisas que estavam sendo produzida, a primeira arquitetura própria brasileira, em que não se preocupava em copiar o que estava lá fora, mas sim olhar para si, se entender, e se resolver.Ao ser aceito pela família brasileira Hering, decide vir ao Brasil, no ano de 1953, em busca do novo, pois acreditava que o mesmo possuía um ambiente propicio para isso acontecer, devido ao seus espaços e também a nova arquitetura que aqui ocorria. A qual teve conhecimento no evento do Brazil Builds do MoMa, que ocorreu em Nova York, em 1943, onde pode ver de perto a arquitetura brasileira pelo projeto do Lucio Costa, o Edifício do Ministério da Educação e da Saúde.Ao se instalar em Blumenau em Santa Catarina irá assinar alguns projetos da família que o havia aceitado, principalmente. Tempos depois, viaja para o Rio de Janeiro com a intenção de revalidar o seu titulo de engenheiro-arquiteto, na Faculdade Nacional de

Arquitetura, que hoje é a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, o seu estudo de revalidação foi analisar a arquitetura dos açorianos, no litoral de Santa Catarina. E foi quando passou um tempo lecionando e sendo assistente de Lucas Mayerhofer, que pode conhecer muitos dos arquitetos brasileiros, o que lhe deu oportunidade para trabalhar em diversas regiões do Brasil.Em 1968, Bross se muda para São Paulo e constrói sua casa no Morumbi, com vidro e concreto armado e teve o paisagismo projetado por Roberto Burle Marx, seu escritório na época funcionava perto da ponte do Morumbi, o qual foi responsável por muitas obras na cidade, com um cunho moderno e grande conhecimento das técnicas que havia adquirido o tempo em que ficou na Europa. Na década de 70, introduz ás suas obras o aço, em que lhe dá mais liberdade plástica e também a possibilidade de maiores vãos, o que pode ser observado no projeto da Fábrica Hering, que fica no Nordeste. Hans Bross sempre buscava novas habilidades e estudava os diversos programas, sempre implementando a quebra do tradicionalismo, o arquiteto faleceu em 23 de agosto de 2011, em Blumenau- Santa Catrina – SC.

Foto: Angela Wittmann

Foto: Orlando Maretti

Em 1968, Bross se muda para São Paulo e constrói sua casa no Morumbi, com vidro e concreto armado e teve o paisagismo projetado por Roberto Burle Marx, seu escritório na época funcionava perto da ponte do Morumbi, o qual foi responsável por muitas obras na cidade, com um cunho moderno e grande conhecimento das técnicas que havia adquirido o tempo em que ficou na Europa. Na década de 70, introduz ás suas obras o aço, em que lhe dá mais liberdade plástica e também a possibilidade de maiores vãos, o que pode ser observado no projeto da Fábrica Hering, que fica no Nordeste. Hans Bross sempre buscava novas habilidades e estudava os diversos programas, sempre implementando a quebra do tradicionalismo, o arquiteto faleceu em 23 de agosto de 2011, em Blumenau- Santa Catrina – SC. 19


Foto: Laura Alves

“Uma das primeiras obras que me deram foi a igreja de São Bonifácio, na Vila Mariana, em São Paulo. Fui convidado para fazer o desenho do templo da comunidade alemã de São Paulo. Depois de conhecer o terreno, desenhei por toda uma noite. Três dias depois chegou a notícia de que eu havia ganho a concorrência. Uma série de projetos estavam concorrendo, fui o último a apresentar e ganhei. Meu croqui é igual à igreja como foi executada, de concreto. Foi uma revolução. As pessoas diziam: “Esse alemão propôs uma igreja de concreto, imagine o desastre”. Não sei de que forma intercedeu em meu favor o então cardeal arcebispo dom Agnelo Rossi. Acabei ficando muito próximo dele.” Hans Broos.“Houve outro episódio interessante. Como a igreja era de concreto, todos tinham medo da vibração. Já estavam prontas a plataforma principal e duas paredes laterais, quando procurei um engenheiro acústico para resolver o problema. E me indicaram o engenheiro Paulo Maluf. Ele disse: “Isso precisa de Eucatex”. Eu respondi que não era possível, pois parte do concreto tem um alto-relevo realizado com painéis plásticos. Mas ele insistiu. Então propus uma aposta: disse que inventaria algo que fizesse funcionar a acústica. Ele topou. Lembrei minhas viagens para a Grécia, onde os teatros são de mármore e embaixo é oco, e a acústica é perfeita. Então construí na igreja um teto de duas camadas e fiz buracos em cima, a vibração passa por lá. Funcionou como nos teatros gregos.”


+RASGOS

@anabrainer

Vista do Mirante– Salto, São Paulo

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+ RASGOS

@erica.montilha

Mercado Municipal de São Paulo

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ESCOLA ESTADUAL PEDRO V O S ESCOLA ESTADUAL S

PROFESSOR PEDRO V O S S


Foto: Ana Clélia

Uma das obras mais significativas de Mange, considerando para a concepção projeto: a implantação de uma escola em relação ao conforto térmico, acústico e a escala da criança. O Conjunto Escolar Pedro Voss que foi construído em 1951, localizado na Rua José de Magalhães, 477 - Vila Clementino, São Paulo - SP, próximo da Prefeitura Regional da Vila Mariana. A escola funciona das 7:00 ás 16:10. A escola é destinada ao aprendizado de menores que estejam no primeiro ao quarto ano do fundamental.

Foto:Fernanda Brainer

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O bairro possuir um satisfatório número de Serviços, como comércios, sendo o uso residencial em pouca quantidade. Os alunos da escola, em sua maioria possuem pais que trabalham por perto assim, um ponto a considerar, ao escolher a implantação de forma a analisar a necessidade de um lugar para poder deixar os filhos enquanto se está trabalhando. O uso coletivo do prédio, se dá aos finais das aulas, em que os pais podem entrar e interagir, fazendo haver a relação da família com o ambiente escolar, agregando ótimas experiências e lembranças para ambos. A edificação também fica aberta aos finais de semana, para que a comunidade do entorno, possa usufruir dos equipamentos que constituem o colégio, como a quadra e também o pátio, incentivando assim a prática ao esporte. Vale considerar que nas salas de aula, acontecem cursos e palestras incentivando a educação e cultura na região.


Para maior dinâmica e conforto dos alunos, o projetista usufrui da luz natural, em todos os ambientes, além do rasgo na laje no pátio, Mange pensa em como deixar as salas do segundo pavimento iluminadas com luz natural, para resolver a questão, ao fim do corredor de acesso que é feito pelas escadas a qual proporciona chegar em duas das salas, uma localizada a esquerda e outra a direita, faz uma abertura a qual além de propiciar iluminação para a circulação vertical, também faz com que haja ventilação cruzada, resolvendo um dos problemas que o incomodará na sua época de estudos, que era a escuridão e os vastos corredores, descritos pelo próprio como assustadores e nada convidativos.

Foto:Fernanda Brainer

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A escola projetada por Mange é a primeira a considerar a escala da criança, os pisos e espelhos das escadas são menores, o pé direito é relativamente baixo, as mesas, as cadeiras, são do tamanho exato das crianças que frequentam o lugar, além do que os armários em que são guardados os materiais, são de fácil acesso, assim como a mesa dos professores, possui uma proporção menor, para que o miúdo se sinta a vontade para tirar suas dúvidas e estar mais próximo do educador. Dessa forma é uma edificação que promove o conforto da criança em todos os aspectos

Foto:Ana Clélia Monfort

Foto: Vitória Iarussi


Foto: Vitรณria Iarussi


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O Pintor, Arquiteto Urbanista e Engenheiro Civil Ernest Robert de Carvalho Mange (1922 - 2005), se formou em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em 1945, trabalhou em grandes escritórios de arquitetos renomados como Rino Levi e Le Courbusier e também com o artista plástico Caetano Fraccaroli. Ernest possui algumas obras plásticas de sua autoria, foi professor na FAU, Escola Técnica Gétulio Vargas e Escola Politécnica de São Paulo. Representou a FAU/USP no exterior no 3° Congresso da União Internacional de Arquitetos em 1953, atuou no Conselho Estadual de Obras Públicas do Estado de São Paulo de 1966 a 1969; foi diretor da Empresa Municipal de Urbanismo – EMURB no período de 1975 a 1979; presidente do Conselho Técnico e Conselho Administrativo da Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo de 1977 á 1979.Como urbanista se preocupava em resolver macro problemas nas cidades, encontrando soluções para os mesmos. Essas complicações adivinham do sistema de mobilidade e de espaços públicos, principalmente. Essas características podem ser observadas em suas pinturas, nas quais retratam núcleos urbanos através de vistas áreas, de forma orgânica, por não seguir uma só direção e sim em ter a preocupação em olhar a cidade como um todo.Teve grandes parceiros arquitetos que foram respectivamente Hélio Duarte que projetou junto de Ernest O pavilhão de Sotema, que ficou localizado no Parque do Ibirapuera, juntos construíram O SENAI Escola Têxtil em 1958, localizado no Brás, São Paulo, o outro profissional era o Ariaki Kato, em sua parceria com Mange, projetaram o Banco América do Sul em 1965, que hoje é onde está localizado o Ministério Público Federal, na Bela Vista, São Paulo, e também o Edifício da Engenharia Mecânica, na Cidade Universitária em 1966.Ernest será convidado por Hélio Duarte para participar da equipe do Convênio Escolar nos anos 50, o qual possuía o objetivo de construir novas unidades escolares na cidade de São Paulo.


Foto: Lindsey Santana

Para os projetos das escolas ele considerou a sua experiência com o ambiente escolar em que teve na infância visou melhorar aquilo que lhe incomodava quando fez o segundo grau na Escola Técnica Caetano de Campos, um desses impasses era o fato das salas de aula possuírem ventilação somente por um lado, Mange dizia sobre a necessidade de haver troca de ar e ter uma iluminação natural mais incidente e ter o circuito de lâmpadas separados sendo que o do fundo liga sem precisar ligar o do inicio em todas as salas. Todas essas obstruções fez com que o arquiteto projetasse escolas pensando na insolação, na iluminação, na areação e na acústica.Outro fator que considerou foi a escala da criança, dizendo que o edifício deveria conversar

com a estatura dos garotos para não causar sensações desagradáveis, sendo assim projetou com pé direito mais baixo e adequou o mobiliário ao tamanho dos miúdos, fazendo-os se sentirem mais confortáveis e acolhidos. Ele se preocupava com a função de organizar o espaço, sedo inspirado por Auguste Perret, inventor de todas essas definições e considerações.O Convênio Escolar visava dar acessibilidade para as crianças mais carentes que não possuíam acesso á educação, ou seja, o objetivo maior era arrumar o déficit da falta de escola na cidade de São Paulo, incluindo todas elas no programa de forma confortável, a considerar conceitos pedagógicos junto ao modernismo da nova arquitetura.

Foto: Talita Marques

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Foto :Vitรณria Iarussi


@andredvco

+ RASGOS

Estação da Luz-São Paulo 31


COR As cores e suas percepções , também são responsáveis por uma série de estímulos conscientes e inconscientes, assim como a luz, aqui comentado. Recortes estratégicos, rasgos no teto e a inserção de pátios internos os arquitetos consegue trazer para seus prédios uma presença diferenciada de iluminação natural, que tem seu trajeto direcionado. Essa luz que adentra ao edifício de forma planejada cruza às cores utilizadas ao redor gerando sensações únicas. Entende-se que para a percepção das cores é necessária de alguma forma a luz, seja ela natural ou artificial. Alguns consagrados nomes da história da arquitetura, que trabalhavam com os dois elementos completando entre si.

RICARDO LOGORRETA

Adota cores exuberantes provenientes da cultura mexicana. Flickr: @Brorya

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"A arte de ver. É essencial para um arquiteto saber ver: digo, ver de modo que a visão não seja subjugada pela análise racional." Luis Barragán

Foto: José Pedro

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INTE “Eu procurei, no Museu de Arte de São Paulo, retomar certas posições. Não procurei a beleza, procurei a liberdade. ”

" Arquitetura é o jogo .... dos volumes reunidos sob a luz" (Le Corbusier)

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Como o mencionado anteriormente, a luz tem um papel fundamental na percepção de um ambiente, mas já parou para pensar que muitas vezes a luz revela sensações inesperadas? A cor é um elemento que pode revelar personalidade, função, e até intenção onde na arquitetura tem uma série de formas de usá-la nas edificações e em seus detalhes, o que proporciona experiências diferentes e percepções nas quais pode-se valorizar um espaço com uma cor e avariar com outra. A cor é textura, é tecnologia, é material, é relação com o entorno. A escolha de uso do espectro de cores se faz muito ousada e como visto nas obras apresentadas podem tornar o espaço lúdico ou elegante. Desde

os primórdios da arquitetura, o ser humano construiu tentando desvendar as cores e se aproveitar delas o máximo possível. Desde as cores interiores das edificações romanas, os mosaicos bizantinos, vitrais e mármores de todos os tipos a transmissão de significado utilizando-a fora presente e essencial para a história. Vemos a utilização de cor na art decó e no De Stijil e após isto em seus primeiros estudos, Le Corbusier introduz a cor e uma célebre arquitetura. A Capela Notre-Dame du Haut celebra a união dos espectros e logo Portinari e Lina Bo Bardi em 1990 promovem essa combinação no Brasil que vemos a partir disso.


NÇÃO

“A mestria da cor em Barragán transporta-nos a esse universo de beleza sagrada, que ressoa em eco nas profundezas da psique, preterindo de todo a condição de mero elemento decorativo. Os ambientes de Barragán - profanos ou religiosos - vitalizam-se com a energia que jorra de constantes e inesperadas fontes místicas de luz e de cor, seja no recolhimento penumbroso dos espaços físicos interiores, seja à forte luz dourada do dia, evocando memórias da arquitetura ancestral mexicana.”

Partindo deste princípio a psicologia das cores é apresentada, apesar de não ser essencial falando de exterior de edifícios. Segundo Goethe em A Teoria das Cores, as cores são percebidas pelos olhos através de contrastes e possuem pares para melhor harmonia de combinação, porém é discutido também um padrão poético das cores e sensações específicas atribuídas a elas, estudo feito por Kandinsky, artista plástico presente na Bauhaus. Às cores quentes ,amarela e vermelho, se atribui à potência e a dispersão de forças e suas variações podem transmitir alegria, energia e força, com estados de explosão emocional o amarelo confere significados um pouco mais pungentes, tendo a fúria, loucura e excitação. Aos verdes e azuis é a sensação de calma e equilíbrio que prevalece, apesar do azul ter o poder da tristeza enquanto o verde é a passividade.

Refugiados – 1922 – Lasar Segall

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Como o mencionado anteriormente, a luz tem um papel fundamental na percepção de um ambiente, mas já parou para pensar que muitas vezes a luz revela sensações inesperadas? A cor é um elemento que pode revelar personalidade, função, e até intenção onde na arquitetura tem uma série de formas de usá-la nas edificações e em seus detalhes, o que proporciona experiências diferentes e percepções nas quais pode-se valorizar um espaço com uma cor e avariar com outra. A escolha de uso do espectro de cores se faz muito ousada e como visto nas obras apresentadas podem tornar o espaço lúdico ou elegante. Desde os primórdios da

arquitetura, o ser humano construiu tentando desvendar as cores e se aproveitar delas o máximo possível. Desde as cores interiores das edificações romanas, os mosaicos bizantinos, vitrais e mármores de todos os tipos a transmissão de significado utilizando-a fora presente e essencial para a história. Vemos a utilização de cor na art decó e no De Stijil e após isto em seus primeiros estudos, Le Corbusier introduz a cor e uma célebre arquitetura. A Capela Notre-Dame du Haut celebra a união dos espectros e logo Portinari e Lina Bo Bardi em 1990 promovem essa combinação no Brasil que vemos a partir disso.


Lina Bo Bardi

Foto: Nelson Kon

Foto: Nelson Kon

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”OS VERMELHOS DE LINA ”

Foto: Nelson Kon

Lina Bo Bardi, ingressou na cidade do Rio de Janeiro, pois ao chegar de Milão na Itália, onde ficava que seu escritório que devido a Segunda Guerra Mundial, foi bombardeado. Ao chegar na Cidade Maravilhosa, tem contato com a arquitetura moderna que estava sendo produzida no Brasil e aqui viu a oportunidade de dar continuidade ás suas ideias e seus projetos. Lina colocava em todos os seus projetos, a preocupação com a inserção urbana e com o modo que todas as pessoas, independente da raça, da cor e da renda, pudessem ocupar o espaço de forma digna e confortável.​Em uma de suas obras mais icônicas e o seu primeiro projeto em São Paulo, o MASP, é elaborado e pesado por Lina com as vigas invertidas na cor vermelha, mas não o faz de imediato, pois na época o modernismo intensificava a ideia de que a cor do material deveria prevalecer, só em 1990 , com problemas na infiltração nas vigas que não possuíam impermeabilização e estava a estragar as obras quando chovia, foi necessário pintar as mesmas de vermelho como um meio de resolver o problema e de seguir a ideia original da arquiteta, que tinha como intenção, obter mais rapidamente o olhar do pedestre para o edifício com a cor vermelha em evidencia, chamando a atenção e convidando as pessoas a conhecerem e á explorar o edifício. No SESC Pompéia, Lina também adota a cor vermelha, principalmente nas janelas que possuem formas orgânicas, fazendo com o que o edifício em estrutura de concreto, se torne um marco na região, a cor seria introduzida para chamar a atenção das pessoas e dos visitantes do edifício.


Foto: Nelson Kon


@cimkedi

+ CORES

“A sensação colorida é produzida pelos matizes da luz refratada ou refletida pela substância. Comumente, emprega-se a palavra cor para designar esses matizes que funcionam como estímulos na sensação cromática. [...].” (PEDROSA, p.98, 2009)

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INSTITUTO TOMIE OHTAKERuy Ohtake

Foto: Laura Alves


O instituto Tomie Otake, inaugurado em 2001 por Ruy Ohtake proporciona um novo conceito de contemporaneidade localizado entre três regiões importantes da cidade: Vila Madalena, Alto de Pinheiros e Pinheiros, ambos os lugares são referências de arquitetura e empreendimentos da cidade de São Paulo. A obra é composta por duas torres comerciais, contento escritórios de alto padrão, um na torre Pedroso de Morais, com seis andares que se assemelha a um trapézio invertido e laminado. O Outro prédio se localiza na Torre Faria Lima, no qual se caracteriza por um edifício vertical de vinte e dois andares, espelhados por vidros coloridos e formato curvo.

Foto: Nelson Kon

Foto:Ana Clélia Monfort Foto: Ana Clélia Monfort


Foto:Talita Marques

'' Desafio é fazer uma obra inovadora e preservar a arquitetura brasileira . Se não marcar época nem causar surpresa e emoção , meu trabalho não faz sentido.''

Foto:Ana Clélia Monfort

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Foto :Vitรณria Iarussi


Foto:Fernanda Brainer


Além disso, a tecnologia utilizada é observada em toda a obra, principalmente no hall de entrada, no qual é iluminada por uma grande abertura zenital qualificando o ambiente e moldando plasticamente. Composto por mezanino atirantada por tesouras metálicas invertidas e intercaladas, estabelecendo ao público a sensação de racionalidade de uma estrutura de alta tecnologia em contraste com a iluminação que interfere nas emoções do público, causando um sentimento equilibrado. Essa busca de proporcionalidade ocorre desde os arquitetos modernistas, no qual procuram recuperar a emoção que se ausentou com uma arquitetura racional e funcional, sendo assim a luz surge como forma de moldar uma nova plasticidade.

FotoFernanda Brainer


A plasticidade e liberdade artísticas adotadas na fachada principal emolduram a homenagem feita pelo arquiteto. O instituto conecta os blocos e sua amplitude com uso mezanino e uma cobertura onde a luz natural transborda é pequeno, mas ainda sim atende á necessidade por ser um térreo público do edifício comercial e apresentar em sua área, diversas exposições de artistas e arquitetos renomados. O uso das cores é ininterrupto, dando destaque para a escada violeta e as paredes ora rosas, ora pretas, além do vidro esverdeado na seção do bistrô que se revelam mais ainda por conta da presença da abertura que proporciona iluminação zenital para o espaço, que despensa luminárias durante o período diurno. Outra notável frequência no projeto são as escadas e suas estéticas que á olho nu, burlam Blondel e passam uma sensação de movimento ; a primeira visual ao se entrar pelas portas do edifício após a estrutura de concreto curvilínea na fachada. As tesouras metálicas invertidas que apoiam o vidro contrastam com a predominância de concreto no mezanino que também possui salas de exposição flexíveis. Temos por fim a característica da existência simultânea de funções diferenciadas, integrando trabalho e cultura em um mesmo conjunto que se une pelo instituto: dois Edifícios comerciais com escritórios de alto padrão, uma sala de teatro e um centro de reuniões.

Foto:Fernanda Brainer

Foto:Lindsey Santana

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Ruy Ohtake O arquiteto é Formado pela FAU USP – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, desde 1960. Ruy Ohtake construiu durante o tempo uma linguagem própria, suas obras estão espalhadas tanto pelo Brasil quanto pelo exterior contando com mais de 300 obras. Durante 1999, Ruy Ohtake foi convidado para fazer parte do 20º Congresso da União Internacional de Arquitetos, realizado no Japão, em Pequim, ao lado de Jean Nouvel e Tadao Ando. Oscar Niemeyer designa o arquiteto como um dos mais legítimos atuantes da arquitetura brasileira. Sua arquitetura é inspirada em recursos tecnológicos, sempre atento à indústria de civil, tendo assim características na inovação, Ruy Ohtake consegue deixar seus traços em projetos de diversos tipos como: teatros obras públicas, escolas, cinemas, edifícios de apartamentos e de escritórios e residências.

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DAMA DAS ARTES PLÁSTICAS BRASILEIRAS

TOMIE OHTAKE

Nasceu no Japão, e veio para o Brasil na década de 30. Devido sua carreira, Tomie Ohtake é considerada a “dama das artes plásticas brasileira”. Uma das maiores representantes do abstracionismo informal. Trilhou um caminho de sucesso e destacou-se com obras que exploram a relação entre a forma e a cor como: pinturas, gravuras e esculturas. Foi premiada em 1960 no Salão Nacional de Arte Moderna; e em 1988, com a Ordem do Rio Branco pela sua escultura comemorativa dos 80 anos da imigração japonesa, em São Paulo. Tomie Ohtake é a mãe do também conhecido Ruy Ohtake e Ricardo Ohtake, arquiteto e diretor do Instituto Tomie Ohtake.

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Sesc 24 de maio

Foto: Talita Marques


O edifício SESC 24 de Maio inaugurado em 2017 e projetado por Paulo Mendes da Rocha é um exemplo de arquitetura contemporânea, localizado na R. 24 de Maio, 109 - República, São Paulo. Anteriormente o local era ocupado pela sede da Mesbla, na época era uma das regiões mais nobres da cidade de São Paulo, mas com as mudanças urbanas e a expansão da cidade, a mesma foi se deteriorando durante o tempo, sendo assim com o fechamento da sede da loja, o terreno ficou abandonado durante um tempo. Com as novas políticas urbanísticas e a nova legislação, houve instrumentos como a Operação Urbana e o Zoneamento que vem possibilitando a ocupação e a revitalização do centro, sendo assim o arquiteto Paulo Mendes da Rocha e sua equipe são chamados pelos comerciários para projetar um SESC em meio ao centro antigo, que possui ao seu redor a história dos anos 50, assim como edifícios que são dotados de um grande significado arquitetônico. Dessa forma os maiores desafios eram além de revitalizar o local, inserir o novo edifício no contexto urbano já existente, dessa forma Mendes decide utilizar a estrutura já existente da loja, para não apagar a história do local e implantar uma praça seca no térreo para ter uma maior relação com a cidade e com os pedestres, com o uso do espaço público como forma de encontro e de permanência, fazendo .

Foto: Laura Alves

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Foto:Ana Clélia Monfort

A construção é repleta de rasgos que favorecem a iluminação natural, como nos andares que possuem mesas entre os pilares, com grandes frestas nas paredes para a incidência de luz e com a presença de um pé direito triplo na lateral, que proporciona para o local de permanência, uma leve iluminação com uma vista dos prédios á frente do edifício. Outros andares possuem a iluminação através do vidro, a qual o atravessa entrando no edifício, dando a sensação de aconchego. No 10º andar é onde está localizado o jardim da piscina, que é composto por um café e um espelho d´água, que pode ser usado pelos visitantes, como um espaço lúdico que proporciona uma maior aproximação com as visuais do centro e para melhor vê-las e admira-las, Paulo deixa a parte do espelho sem cobertura e o andar fica em pilotis recuado, sendo assim dá para ter uma visual superinteressante do centro e principalmente de edifícios icônicos como o Copan e o Edifício Itália. Outro andar que também permite essa permeabilidade para a cidade é o 8º andar composto por uma grande parede escalonada aberta aos públicos.

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Já no andar em que a biblioteca foi alocada, podemos perceber um espaço de leitura voltado para a circulação vertical em que as pessoas que estão a caminhar pela rampa, consigam ver as pessoas lendo e procurando seus livros de pesquisa, o que funciona também como um convite. Ao entrar na parte de leitura um pouco mais a frente estão posicionadas as prateleiras que foram organizadas por cursos e matérias especificamente para os adultos, ao trocar de corredor, há uma biblioteca infantil, com mobiliário de leitura confortável para as crianças, assim como a altura dos livros nas prateleiras, para que consigam pegar sozinhas, sem a ajuda de algum adulto. Com mobiliário colorido, se tornam convidativo e divertido de estar no edifício, a cada passo e a cada pavimento se encontra uma nova surpresa, com variações de pé direito, de acessos seja por patamares ou por níveis, e a ideia de Mendes de estruturar uma quadra em meio aos pavimentos, com pé direto duplo. A rampa que é beirada por uma pele de vidro, possibilita os visitante conhecer o entorno de dentro do próprio edifício ao caminhar por ela.

Ao contrário do que acontecia na região nos anos 50, o SESC, possibilita atualmente a entrada de todas as classes sociais no edifício que podem usufruir de suas atividades e de seus espaços, vivenciando a cidade, e mudando a ideia de que a cidade só se pode ser vivenciada pelos mais afortunados, fazendo que haja a democratização do local, uma característica do arquiteto Paulo, que sempre busca adotar em seus partidos arquitetônicos essa ideia. O edifício SESC 24 de Maio é considerado uma das obras com maior abrangência e significado urbano de Paulo Mendes da Rocha e foi o ganhador do prêmio Bullying Of The Year de 2019, na categoria arquitetura pública pelo Archdaily.

Foto:Ana Clélia Monfort


Paulo Mendes da Rocha nasceu em Vitória, Espírito Santo – ES, no dia 25 de outubro de 1928. Formou-se na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, localizada na capital do estado de São Paulo e concluiu o curso em 1954. Seu pai se chamava Paulo Menezes Mendes da Rocha, era engenheiro náutico e Diretor da Escola Politécnica de São Paulo, foi o responsável por estudar a relação da natureza com a engenharia e foi o seu maior influenciador na infância. Paulo é sem duvidas um dos ícones da arquitetura brasileira e mundial, sendo que teve seu primeiro reconhecimento aos 29 anos, quando ficou em primeiro lugar no concurso para o Ginásio do Clube Atlético Paulistano em 1958, a qual foi responsável por lhe propiciar o Vale Prêmio Presidência da República na 6° Bienal Internacional, que ocorreu em São Paulo, o qual recebeu em 1961. Na obra do Ginásio, havia uma grande tensão estrutural na obra plástica do partido, o qual se tornaria mais tarde uma marca registrada. Teve uma grande influência do arquiteto Vilanova Artigas, que liderou a escola paulista em que Mendes foi membro, também trabalhou com projetos escolares da

“Quando o arquiteto risca no papel uma anotação formal , um croqui, está convocando todo o saber necessário , mecanica dos fluidos , mecanica dos solos, maquinas e calculos que sabe que existe para fazer aquilo. “ (ROCHA, Paulo Mendes. Gealogia da imaginação. In: ARTIGAS,Rosa Camargo (org.).op.cit.p.71)

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rede pública e se torna professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAU-USP. É também nessa época que projeta obras que são reconhecidas até hoje, uma delas seria a sede social do Jockey Club de Goiânia, no ano de 1962, assim como a sua própria residência e o edifício residencial Guaimbê, os dois localizados em São Paulo e no ano de 1964. O Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães Prado – Parque CECAP, em Guarulhos, projetado para abrigar 50 mil moradores, foi arquitetado também por Paulo junto de Artigas e do Fábio Penteado, no ano de 1968, as habitações projetadas promoviam a democratização dos espaços sociais. Um ano após o projeto, foi afastado do seu posto de educador da FAU-USP, assim como diversos profissionais, devido á resistência á Ditadura Militar que tinha Médici no poder, o qual implantou o Ato Institucional n°5, só em 1980 com a anistia, Paulo consegue voltar a faculdade, porém como auxiliar de ensino, se tornando titular apenas em 1998 e no ano de 1999 se aposenta forçadamente devido á sua idade que na época que era 70 anos.


Apesar de estar com os seus direitos cassados e restringidos pela ditadura, Paulo vence em 1969, o concurso nacional para o Pavilhão do Brasil na Expo´70, em Osaka, o qual possuía uma cobertura de concreto e vidro que se encontrava em apoio das colinas artificiais, propiciando sombra para quem usa o ambiente do Pavilhão, na parte de vidro a luz natural invadia o espaço. Dois anos depois em 1971, fica entre os finalistas do concurso internacional do anteprojeto Centro Pompidou, que está localizado em Paris. Ainda que a obra através da plástica e técnicas construtivas façam uma relação direta, não há em suas obras o acaso do processo artesanal , mas um genialidade nos processos construtivos. “Quando o arquiteto risca no papel uma anotação formal , um croqui, está convocando todo o saber necessário , mecânica dos fluidos , mecânica dos solos, maquinas e cálculos que sabe que existe para fazer aquilo. “ (ROCHA, Paulo Mendes. Geologia da imaginação. In: ARTIGAS,Rosa Camargo (org.).op.cit.p.71)

Paulo Mendes sempre teve sua arquitetura galgada nos passos da técnica perfeita estrutural e com isso a plástica incomparável. No entanto, o que não se discute abertamente é a importância e a função da iluminação em suas obras, que em algumas delas cria aberturas generosas e em outros momentos transparece outras intenções para conseguir efeitos diferentes a cada tipo de edifício e sua função. No mesmo período Le Cobursier realiza seus primeiros estudos de luminância na igreja de Notre Dame de Du Haut em Ronchamp, 1955 e no Convento de Sainte-Marie de la Tourette em Eveux, 1960, onde delega a iluminação natural um papel fundamental a arquitetura. Em seguida arquitetos como Louis Kahn e Mies Van der Rohe começam a trabalhar em parceria com profissionais de uma nova geração que se denominavam “Lighting Designers”, ou seja, Designs de Iluminação . Em a Casa do Butantã, projetada por Paulo mendes e João Genarro , vemos com clareza o papel protagonista da iluminação natural, que se despeja sobre a casa com tamanha intensidade que ao passo que em Paulo Mendes permite grandes aberturas, se faz necessário ao mesmo tempo fazer-se um controle dessa através de planos horizontais. Seus projetos que ganham reconhecimento é o Centro Cultural da Federação das Industrias do Estado de São Paulo em 1996, o Museu da Língua Portuguesa em 2006. No ano de 2006 recebeu o maior prêmio da área de arquitetura o Pritzker e em 2016 recebe o prêmio Leão de Ouro, devido as suas obras, na Bienal de Arquitetura de Veneza, na Itália.

Casa Butantã – foto: Nelson Kon

Em outros momentos o arquiteto trabalha com a iluminação em forma de claraboia, muito semelhando a iluminação de que vimos em Sainte-Marie de La Tourette de Le Corpusie , se utilizando da luz vertical que só é possível graças a posição estratégica das vigas . Casa Butantã –foto: Nelson Kon 55


“De resto, a partir do Paulistano, na obra de Mendes da Rocha os problemas formais e técnicos não são autônomos, porque não são e não podem ser pensados isoladamente. O projeto não é concebido senão em termos estruturais: arranjo espacial e configuração estrutural nascem um em relação ao outro. O projeto não é confrontado com os limites impostos pela técnica em determinada fase do desenvolvimento, mas parte deles e a eles pertence; neles é constituído e, então, pode se desenvolver livremente em qualquer direção. E se permite assim a carregar o puro mas não gratuito - gesto poético.”

Foto:Lindsey Santana

@marcucci.raw

Foto: Leonardo Firotti Foto: Leonardo Firotti

Iluminação Zenital que atravessa o concreto por claraboias e janelas dando uma sensação de ampla iluminação que preservando o projeto original de Paulo Mendes, ainda sim cria uma arquitetura formal com pátios e áreas abertas.

Galeria Leme – Reforma de Paulo Mendes e Metro Arquitetos .

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Foto: Laura Alves Foto: Talita Marques


A transformação do espaço , e mais um vez a responsabilidade como arquiteto em responder a saúde da cidade que colocam a prova, com um gênero espaço publico livre , num longo térreo para convivência , esbanja a generosidade do Paulo Mendes em projetar para as pessoas. .


Foto :Vitória Iarussi

Foto: Ana Clélia Monfort

The jury cited his “deep understanding of the poetics of space” and an “architecture of profound social engagement.”-The Pritzker Prize

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A cidade de São Paulo começou a crescer com as plantações de café, pois as fazendas cafeeiras se instalavam perto das ferrovias, onde a exportação para o porto de Santos era mais fácil e ágil. Dessa forma e com o dinheiro que era arrecadado com a venda do café para o restante do mundo, a cidade passou a crescer e a se expandir. Os fazendeiros cafeeiros investiram na cidade de forma a construir, ruas, avenidas, teatros, pontes, casarões e comércios.​No ano de 1929 com a queda da bolsa de Nova York, a produção cafeeira teve um significativo declínio, fazendo com que não vendesse muito os grãos para outros países e muitos donos perderam dinheiro que haviam investido na bolsa. A partir disso os responsáveis pelas plantações, começaram a construir e montar indústrias, com o dinheiro que ainda tinham, instalando-as perto também das ferrovias para a escoação da produção, sendo assim a cidade se desenvolveu ainda mais e com o passar do tempo, foi ganhando grandes espaços que em suma era ocupado pela burguesia. Um desses locais era o centro, na região da Sé e da Luz, a qual era considerada nos anos 20 a região mais nobre de São Paulo, em que havia muitos investimentos e incentivos para lugares públicos, como parques e praças. Mas esse quadro irá mudar nos anos 30 quando há a constrição do Viaduto do Chá e também há mudança de empresas e comércios para a região da Republica que até os anos

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60 vai ser chamada de Centro Novo, estando em seu auge, rodeada de cinemas, praças como o Largo do Arouche e grandes edifícios em concreto armado que estavam a surgir na cidade de São Paulo.​Já na década de 60, isso irá se modificar novamente sendo que o centro de negócios e os comércios que estavam inseridos na região da República irão migrar para o espigão da Avenida Paulista, que será chamado de Novo Centro.​As mudanças de centro estão diretamente associadas com a locomoção da elite econômica da cidade, em que no inicio do seu desenvolvimento o comércio se concentrava no triângulo comercial, que era limitado pela Rua Direita, São Bento e XV de Novembro e com o passar de seu desenvolvimento e a inserção de novas economias e meios de produção foi se mudando de lugar em lugar até chegar na Av. Paulista. Sempre atrelado á elite que queria e buscava lugares exclusivos para se viver, dessa forma praticava a segregação social, visando excluir as outras camadas de onde se instalavam.​Devido à legislação urbanística da época, era proibido abrir janelas nas laterais dos edifícios, formando assim as empenas cegas, que atualmente deixam a cidade com um ar de degradação e de descuido, pois as edificações que foram construídas depois, não se preocupavam em “tampá-las” com um gabarito aproximado, formando assim os vazios urbanos, com uma grande discrepância de gabaritos.



​Além da locomoção da elite que fez com que o centro antigo se esvaziasse a grande desconsideração de gabaritos existentes fez com que aparecessem os vazios urbanos. Muitos dos lugares que foram abandonados começaram a ser ocupados por pessoas com uma renda mais baixa, e usados também por pessoas que vinham do nordeste, em busca de trabalho e não tinham onde se instalar. ​Os vazios que hoje fazem parte da região central de São Paulo são compostos também pelos terrenos que estão vazios ou abandonados e ocupados para fazer a função de garagem, o que se deu, devido ao não interesse imobiliário pela região, criando essas áreas ociosas, em um local que dispõe de uma grande infraestrutura tanto cultural, como em relação aos serviços, ao comércio e a mobilidade.​Conforme os anos foram passando o centro antigo, começou a abrigar as minorias que eram oprimidas pela sociedade burguesa e isso se deu também pela prefeitura acompanhar a trilha da elite, dessa forma não havia grande preocupação em cuidar do local, a qual só irá aparecer nos anos 90, com a implantação das Operações Urbanas e a expansão do metro.​Em meio a ocupação das

minorias, a região principalmente da rua Aurora se tornou com o tempo um grande comércio pornográfico, onde era a Cinelândia, passou a ser casas noturnas com cinemas voltados para filmes adultos e para a exploração sexual tanto feminina, mas na maioria transexual, o que deu ao bairro uma identidade LGTB, com a implantação de algumas baladas, como a que existe no Largo do Arouche e um dos motivos para se instalar o museu no metro República.​A comunidade LGBT é representada pelas cores do arco Iris, sendo assim o Copan, edifício icônico de São Paulo, projetado por Oscar Niemeyer, como uma forma de manifestação de apoio a comunidade e protesto aos grandes crimes que atingem as pessoas com orientações sexuais e de gêneros diferentes através do preconceito, projetou em sua fachada principal as cores do arco Iris. O edifício foi escolhido por estar localizado na República onde mora a maioria da população LGBT.​Perto de onde o edifício se localiza, está uma das maiores obras recentes de Paulo Mendes da Rocha, o SESC 24 de Maio que possui uma grande inserção urbana, com base na revitalização do centro.

”A vida urbana, de um modo geral, é a coisa mais livre que pode existir para um homem hoje, no mundo. É viver nas áreas centrais das cidades. Tanto que você pode dormir na rua. Este dito medo das áreas centrais é justamente de quem tem medo da liberdade. Tem gente que tem pavor desta liberdade." Paulo Mendes da Rocha, em entrevista para o portal Vida no Centro.

Foto:Fernanda Brainer

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Foto: Laura Alves


Foto: Fernanda Brainer


Histórico

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WODEHOUSE, Fazio Moffett. A história da arquitetura mundial-terceira edição

Iluminação Dimas Bertolotti e José de Arimatéia Nonatto .Iluminação natural colabora para o desempenho e a economia das edificações <https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/iluminacao-natural-colabora-para-o-desempenho-e-a-economia-dasedificacoes_10561_10_0>

Referências Bibliográficas

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Referências Bibliográficas

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Jon Maitrejean: Em entrevista, o professor se revela desmotivado com a arquitetura e a ética profissional, e cético em relação ao CAU <https://www.arcoweb.com.br/projetodesign-assinantes/entrevista/jon-maitrejean-em-entrevista-12-06-2008> Cor MARTINS, Simone R.; IMBROISI, Margaret H. Impressionismo. Disponível em: <http://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/lasar-segall-ensaio-sobre-a-cor/> NACCACHE, Reynaldo.. Drops, São Paulo, ano 07, n. 016.07, Vitruvius A cor e os materiais no projeto Arquitetônico ius, set. 2006 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/07.016/1698>.

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"A arte de ver. É essencial para um arquiteto saber ver: digo, ver de modo que a visão não seja subjugada pela análise racional." - Luis Barragán

“A cidade é uma universidade. O êxito da técnica é uma maravilha, não um desastre que não anda para lá nem para cá. ”-Paulo Mendes da Rocha


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