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Figura 11 – Strata Tower

da utilização da tecnologia e estratégias ativas. Corresponde a uma fase integrada a de concepção e forma, porém com objetivos diferentes.

A operação do edifício e o conforto dos usuários não devem depender da ação dos elementos vistos como potenciais, eles devem agir de maneira complementar para maximizar o conforto e eficiência energética da edificação visando benefícios adicionais ao cumprimento dos requisitos e resposta as condicionantes.

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No caso específico das envoltórias as potencialidades podem ser expressas através da implementação de estratégias ativas, sistemas mecânicos desenvolvidos na concepção, detalhes construtivos e utilização de materiais e suas propriedades inerentes. Em regiões tropicais úmidas a questão energética pode ser vista como um potencial, uma vez que a proximidade com a linha do Equador favorece a utilização da energia solar, o que torna as edificações propensas a implementação de painéis fotovoltaicos. Exclusivamente nas regiões litorâneas esse potencial energético se estende, pois os fortes ventos podem ser vistos como outro item favorável à geração de energia. A utilização de turbinas eólicas na envoltória dos edifícios ainda é pouco recorrente, mas existem alguns exemplos que provam que sua aplicação pode ser muito benéfica.

Figura 11 – Edifício Strata em Londres tem incorporado a sua envoltória turbinas eólicas para a geração de energia.

Fonte: Dezeen.

A aplicação de painéis fotovoltaicos na fachada para geração de energia é um exemplo simples de aproveitamento da potencialidade do local através da envoltória. Neste caso utiliza-se a condicionante da alta radiação e incidência solar em determinada fachada como um fator benéfico através da implementação dos painéis e logo uma central de geração de energia própria da edificação. Esta prática, contudo não poderia ser vista como exploração de potencialidade caso a definição do uso dos painéis ocorresse de maneira aleatória, sem a verificação prévia da aptidão da fachada para esta finalidade, ou como um cumprimento de um requisito anterior a realização do diagnóstico.

A implementação de estratégias ativas nas edificações verticais na atualidade é muito recorrente, muitas vezes elas visam agregar o rótulo de “sustentável” ao edifício. Esta prática, porém difere da que é associada ao aproveitamento do potencial, pois são prédeterminadas com um objetivo de garantir uma qualificação divergente do real sentido da expressão, e predominantemente não representam uma resposta aos benefícios que podem ser extraídos do local onde a edificação está inserida.

Ainda que os exemplos mais recorrentes correspondam à implementação de estratégias ativas, explorar as potencialidades através do projeto de envoltória vai além da resposta as condicionantes e do atendimento aos requisitos da arquitetura bioclimática e do principio da conservação de energia. É um diferencial que deve ser relacionado ao contexto do desempenho da edificação e da envoltória especificamente, mas pode se relacionar a outros com a finalidade de referenciar diferentes objetivos como o cultural, paisagístico, urbano, comercial, etc. Nesta vertente aproveitar uma potencialidade se mistura com os objetivos inerentes a forma, que pode expressar uma linguagem funcional através dos seus impactos no desempenho do edifício, mas também uma linguagem cultural ao se integrar ao contexto urbano como objeto construído.

5.3 CONCEPÇÃO E FORMA

A forma de iniciar a concepção de um projeto arquitetônico é uma característica intrínseca a personalidade do arquiteto ou equipe envolvida no processo criativo, assim o processo de concepção é muito variável sem formulas pré-estabelecidas. Entretanto

para conceber uma edificação eficiente do ponto de vista energético e bioclimatico é necessário considerar o processo integrado de projeto para que os diversos elementos se comportem de maneira sinérgica.

Com base na prática primária de atrelar a estrutura e forma a resultante dos espaços internos, muitas vezes inicia-se projetando a planta-baixa do edifício para então dá prosseguimento à concepção das fachadas e envoltórias. Porém, a forma da edificação também pode ser uma resultante da reposta ao contexto bioclimatico e ser explorada como um potencial para este mesmo fim. A flexibilidade da forma e a sua integração com os espaços internos viabiliza edificações mais dinâmicas, onde todos os elementos desempenham um papel significativo para melhoria da performance do edifício.

Um fator que impulsiona a inovação e a melhoria do projeto de envoltórias relativo à forma é a tecnologia. Assim como a transição para o modernismo e a produção massificada de peças e componentes estruturais proporcionou à dissociação da fachada da estrutura da edificação, a tecnologia proporciona diversidade à forma dos edifícios. A dinamicidade das envoltórias muitas vezes está atrelada ao que as técnicas construtivas são capazes de replicar. No século XXI o avanço tecnológico torna possível a modelagem das edificações de maneira muito mais eficiente, como nunca antes foi realizada na história. Essa eficiência por sua vez pode ser comprovada ou até mesmo concebida com o auxílio de softwares de simulação, onde os diversos componentes são representados e postos à prova para gerar formas com melhores níveis de desempenho.

Modelos artesanais que antes serviam de inspiração para forma de edificações e envoltórias hoje podem ser replicados em formatos maiores e com menos tempo de execução devido aos avanços tecnológicos na pré-fabricação de componentes. Na atualidade a pré-fabricação de peças, revestimentos, componentes estruturais, e demais materiais construtivos, é uma grande vantagem e viabiliza o atingimento de resultados mais satisfatórios do ponto de vista do desempenho e estética. Outra vantagem expressiva da pré-fabricação é a evolução das técnicas construtivas que se tornaram mais rápidas e foram transformadas em processos de montagem,

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