ARQUITETURA E NOVAS TECNOLOGIAS Uso do espaço através da influência das tecnologias de informação e comunicação nas relações sociais.
CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
FERNANDA DE FARIA FONTES
ARQUITETURA E NOVAS TECNOLOGIAS: Uso do espaço através da influência das tecnologias de comunicação e informação nas relações sociais.
Coronel Fabriciano 2013
FERNANDA DE FARIA FONTES
AQUITETURA E NOVAS TECNOLOGIAS: Uso do espaço através da influência das tecnologias de comunicação e informação nas relações sociais.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista. Orientadora: Amanda Machado.
Coronel Fabriciano 2013
FERNANDA DE FARIA FONTES
ARQUITETURA E NOVAS TECNOLOGIAS:
Uso do espaço através da influência das tecnologias de comunicação e informação nas relações sociais. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. Orientadora: Amanda Machado. Aprovada em: ____ de ____ 2013. Por: _________________________________________ Amanda Beraldo Machado – Prof. Unileste
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À Jesus e sua infinita bondade. Meus queridos pais Joel e Sandra. Meus irmãos Lola, Ju e Alê. Meus primos Dani e Alô. Muito obrigada!
AGRADECIMENTOS
Ao coração divino de Jesus, por providenciar esta grande vitória. A intercessão de Nossa Senhora, por guiar meus passos e abrir as portas necessárias. Aos meus pais Joel e Sandra, pelo amor, incentivo, dedicação e paciência. Aos meus irmãos Lola, Ju e Alê, pela força e compreensão. Aos meus primos Dani e Alô, pelos ensinamentos cristãos e momentos de apoio. Ao casal de amigos Darlene e Rubens, pela assistência nos momentos mais difíceis. Às amigas de classe, pelo convívio intenso tornando este ciclo um momento de aprendizagem e satisfação. À Babi pela parceria, e por me ensinar que grandes diferenças são capazes de construir grandes laços. A minha professora, orientadora e amiga Amanda Machado, pela credibilidade, assistência, paciência e estímulo. A professora Danny Garcia, pelas instruções e conselhos. Ao grupo Perna de Palco, pela disponibilidade, carinho e atenção quanto à finalização deste projeto. Sobretudo, ao Espírito Santo, por me inspirar a realizar os sonhos de Deus para a minha vida!
“Posto que todos os meios são extensões de nós mesmos, ou traduções de alguma parte de nós em termos de materiais diversos, o estudo de um meio qualquer nos ajuda para o envolvimento total em seu trabalho, tal como o nativo na sociedade primitiva, ou o artista em seu estúdio”. Marshall Mcluhan
RESUMO O trabalho a seguir é um estudo aprofundado sobre a influência das tecnologias de informação e comunicação no uso do espaço arquitetônico. Além disso, busca-se entender de que forma as relações interpessoais são afetadas, e quais os valores positivos e negativos são extraídos da forma de viver na contemporaneidade. Para a compreensão total, buscou-se um entendimento da evolução das formas de viver, com foco nas relações sociais estabelecidas desde os primórdios dos tempos até os dias atuais, mostrando a influência da invenção das tecnologias, sobretudo a partir da Revolução Industrial.
Palavras-chaves: ARQUITETURA, NOVAS TECNOLOGIAS, RELAÇÕES INTERPESSOAIS.
SUMÁRIO 1 2
INTRODUÇÃO .........................................................................................................................................................................................................................................11 DESENVOLVIMENTO ............................................................................................................................................................................................................................17 2.1
Contextualização histórica .................................................................................................................................................................................................................... 17
2.1.1 2.2
Influência das novas tecnologias de informação e comunicação na sociedade contemporânea .............................................................................. 61
2.2.1
Seminário corpo x espaço x tecnologia ................................................................................................................................................................................... 70
2.3
O que é virtual, o que é real e o que é físico?................................................................................................................................................................................. 73
2.4
Estudo sobre o ciberespaço e sua relação com o corpo humano ............................................................................................................................................ 74
2.5
Perfil dos usuários que usufruem de tecnologias de informação e comunicação ........................................................................................................... 81
2.5.1 2.6 3
Invenção da internet e suas transformações ......................................................................................................................................................................... 58
Perfil dos usuários e o uso abusivo de tecnologias .............................................................................................................................................................. 86
Interferência do uso das tecnologias de informação e comunicação na vivência do espaço arquitetônico ......................................................... 94
PROPOSTA DE TCC2 ........................................................................................................................................................................................................................... 116 3.1
Metodologia .............................................................................................................................................................................................................................................. 117
3.1.1
Público ............................................................................................................................................................................................................................................... 117
3.1.2
Locais .................................................................................................................................................................................................................................................. 118
3.1.4
Análises .............................................................................................................................................................................................................................................. 129
3.1.3
Divulgação ....................................................................................................................................................................................................................................... 121
3.2
Apoio ............................................................................................................................................................................................................................................................ 129
3.3
Resultado .................................................................................................................................................................................................................................................... 130
4
CONCLUSテグ ......................................................................................................................................................................................................................................... 132
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................................................................................................................................ 134
11 1 INTRODUÇÃO As novas tecnologias que surgiram no final dos anos 90 transformaram o mundo, acelerando o cotidiano das sociedades, que se organizaram em grupos que tinham como característica a realização de várias tarefas em um mesmo instante. Com o avanço tecnológico, os relacionamentos interpessoais foram revolucionados, refletindo no estilo de vida contemporâneo cada dia mais acelerado.
A partir do século XXI, uma nova geração de tecnologias aparece no mercado consumidor. Com a popularização da internet em meados dos anos 90, surgiu nos ambientes uma nova tipologia de comunicação, facilitada por acesso às redes e permitindo que diferentes mundos se conectassem no mesmo instante, mesmo que em continentes opostos. Foi o momento em que a sociedade descobriu o valor de um diálogo rápido e eficiente, sem precisar se deslocar de um determinado lugar.
Contudo, as tecnologias estão presentes no cenário do convívio humano desde a pré-história. Os homens se organizavam e constituíam normas de sobrevivência utilizando técnicas próprias, que se aprimoraram com as grandes transformações urbanas e sociais ocorridas com o decorrer do tempo, chegando à conhecida configuração atual das tecnologias. A escrita, por exemplo, foi uma das técnicas inventadas que marcou o desenvolvimento humano, predominando-se nas formas de comunicação e sociabilidade.
12 É impossível falar de tecnologia e não mencionar o século XIX. Até meados do século XVIII o trabalho artesanal, que fazia uso de ferramentas específicas para cada função, ainda estava presente na sociedade. A substituição pelo trabalho assalariado, predominando o uso de máquinas, ocorreu exatamente no final deste século com a Revolução Industrial, e, com isso o surgimento de novos parâmetros para os relacionamentos pessoais surgiram. Como o trabalho manual exigia maior tempo de dedicação e aperfeiçoamento da prática, os trabalhadores precisavam empenhar-se ao máximo, além de dependerem da produção dos outros artesãos para finalizarem com êxito o produto. A invenção das máquinas acelerou o processo de produção, além de dispensar muitos trabalhadores para uma só função.
Máquina, telégrafo, rádio, televisão, computador, internet e telefone celular, dentre outros, foram invenções da consequência de uma revolução que reuniu o mundo inteiro em busca de facilitar as práticas cotidianas. As notícias começaram a ser veiculadas em um curto espaço de tempo jamais conhecido antes. O rádio e posteriormente a televisão se tornaram grandes instrumentos de intenção social, convidando amigos para assistirem as programações diárias, tornando-se meios influenciadores das relações interpessoais. O grau dessa interferência é sentido na atualidade com a invenção das novas tecnologias e mídias sociais. Os telefones celulares, e seus aperfeiçoamentos, possibilitaram à informação atingir uma velocidade alta, gerando como consequência a repercussão dos acontecimentos na vida cotidiana em tempo real e instantâneo. Com essa nova proposta de vida, a sociedade foi marcada por um grupo de pessoas que aderiram à onda tecnológica e se propuseram a utilizar os novos dispositivos. Isso não impediu a outra parcela menor da população, que por motivos pessoais não se tornaram consumidores aptos do mundo tecnológico, a acessar na mesma velocidade a qualquer tipo de informação.
13 A tecnologia permite que a troca de informação entre duas pessoas ocorra eficazmente mesmo que elas não estejam em um mesmo ambiente, demonstrando que o mundo atual corrobora as novas concepções de espaço, sendo possível estar no Brasil e comunicar-se com qualquer pessoa de outro continente.
Dentro das novas concepções de espaço, o termo ciberespaço¹ é o espaço virtual, onde não se encontra a presença física. Este se tornou um local de reunião de pessoas do mundo inteiro que conectadas à internet podem se comunicar e transferir características do corpo físico ao espaço virtual. Esta é uma menção aos corpos virtuais², à qual transferem a sensação de pertencimento a um determinado lugar, onde não é possível estar presente fisicamente.
Os espaços virtuais já existiam, mas com este novo conceito de ciberspaço foi com a invenção das novas tecnologias, refletindo no consumo cada dia maior, sendo também diretamente proporcional à evolução das mesmas. Quanto mais evolui a capacidade de transferir informação, mais atraente ao público se torna, e maior a influência exercida na sociedade contemporânea. Os usuários variam entre crianças, jovens, adultos e idosos, com um aumento significativo de posse de telefones celulares pela população adulta e idosa, o que não supera o uso por jovens de 10 a 30 anos. Os maiores consumidores acabam por fazer parte do grupo de pessoas que ao usar abusivamente as tecnologias, tornaram-se dependentes, podendo desenvolver doenças psicológicas. Desta forma, nota-se que o homem está estagnando suas práticas cotidianas e deixando que as tecnologias exerçam seu papel. ¹ A palavra “ciberespaço” foi inventada em 1984 por William Gibeson em seu romance de ficção científica Neuromante. ² Termo utilizado por Renata Franscisco Baldanza em 2006.
14 Os novos conceitos abordados trouxeram grandes discussões quanto ao uso dos espaços e as formas adequadas de se pensar um projeto arquitetônico. É a hora de considerar a presença das novas tecnologias no espaço físico, e analisar qual o grau de interferência que o ambiente sofre e qual o reflexo nas relações interpessoais. De imediato, as tecnologias de informação e comunicação quando acessadas à internet modificam o uso do espaço, muitas vezes com programas de necessidades pré-definidos. A partir deste momento a vida torna-se efêmera, e por isso os ambientes começam a ser pensados por uma perspectiva de mudança constante, diferenciando das ideias já concebidas. A arquitetura pode ser um grande auxiliador, intervindo nas relações sociais e criando espaços dinâmicos, que proporcionem um tempo de convívio maior entre as pessoas. A tecnologia não deve ser excluída do ambiente, deve estar presente devido a sua importância, por ser o único veículo de acesso às informações do mundo inteiro.
Diante o exposto, o objetivo geral deste trabalho é estudar a influência das novas tecnologias de informação e comunicação nas relações sociais e no uso do espaço arquitetônico, construindo uma análise de como o fator tempo e espaço influencia na construção da arquitetura e qual sua contribuição para as relações interpessoais.
De forma específica, pretende-se contextualizar a evolução dos meios de vida da sociedade a partir do surgimento das civilizações até os dias atuais, pontuando os principais fatores que determinaram seu desenvolvimento; fazer um parâmetro da arquitetura e como ocorreu a evolução dos ambientes, mostrando a transformação da funcionalidade espacial; entender o tempo como fator modificador do espaço em que se vive;
15 discutir o processo de invenção da internet; analisar a importância da tecnologia para a sociedade atual, percebendo a maneira com a qual sua influência interfere nas relações sociais; realizar um seminário para a busca de novas opiniões; definir o conceito de virtual, real e físico para o entendimento das novas concepções espaciais da atualidade; debater sobre o conceito de cyberespaço e sua relação com o corpo humano; definir quais são os usuários que mais consomem as tecnologias e relacionar com o uso abusivo das mesmas; perceber a interferência das tecnologias de informação e comunicação na construção dos espaços através de obras análogas.
Discutir as formas que a sociedade procura para se relacionar através dos espaços arquitetônicos é enriquecedor, e é a partir de uma análise da falta do convívio pessoal decorrente do estilo de vida contemporâneo, o ponto principal de crítica e estudo. Valorizar o convívio pessoal pode agregar importâncias sociais e psicológicas às funções do homem no seu próprio habitat, buscando um olhar mais crítico e minucioso na vida e discernindo com mais facilidade quais sãos os anseios de uma sociedade “programada para correr”.
O tema em discussão além de ser atual, tem efeito colaborativo para a vida cotidiana. O processo de entendimento das transformações ocorridas na sociedade desde a industrialização, em meados do século XIX na Europa, é importante para que ocorra a busca do conhecimento dos principais influenciadores. Contudo, considerar também que isso acontece desde o surgimento das civilizações, gerando frutos de grandes evoluções.
16 As transformações no meio de vida a partir da inserção industrial no cenário urbano são o objeto de estudo, que permite analisar quais as influências sofridas pela sociedade industrial, a partir do momento em que se sentiram livres do trabalho manual, acelerando a produção através das máquinas. E é a partir desta época, que a sociedade acelera gradualmente também seu modo de vida. A tecnologia, por sua vez, complementa o processo de industrialização.
Por isso, nota-se que a sociedade consome em um grau crescente as tecnologias lançadas, mostrando que sua evolução é um reflexo do próprio desejo humano. Esses novos conceitos são considerados no espaço, e a arquitetura tem o dever de corresponder com as novas expectativas, criando ambientes que respeitem os novos conceitos, sem deixar de imprimir seu valor pessoal.
17 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 Contextualização histórica Antes da cidade, houve a pequena povoação, o santuário e a aldeia; antes da aldeia o acampamento, o esconderijo, a caverna, o
montão de pedras; e antes de tudo isso, houve certa predisposição para a vida social que o homem compartilha, evidentemente, com diversas outras espécies de animais. (MUMFORD, 1998, p.11)
Estudar a influência das interações virtuais na sociedade contemporânea exige a compreensão de todas as formas usadas pelas pessoas para se relacionar em contextos anteriores, pontuando as principais descobertas de cada época. Com isso, é possível perceber quais foram as necessidades básicas de cada população, e principalmente, como ocorreram as mudanças que transformaram seus modos de vida e qual o impacto sofrido nas gerações posteriores.
Desde o começo das civilizações o homem destacou sua relação com o espaço de forma muito peculiar. Em primeiro lugar necessitaram utilizar a natureza, tanto para se abrigarem, quanto para a sobrevivência. Para Cotrim (2003) as primeiras sociedades de dividiam para realizarem as obrigações do dia a dia, e através disso construíam seus abrigos e saíam para a caça de alimentos e animais. Essa divisão ocorria através do sexo, delimitando aos homens o seu dever de caçar e às mulheres a colheita dos alimentos e o cuidado com as crianças (ver figura 1) [...] a caverna deu ao homem antigo sua primeira concepção de espaço arquitetônico, seu primeiro vislumbre da faculdade que
tem um espaço emparedado de intensificar a receptividade espiritual e a exaltação emocional. [..,] Tanto a forma quanto a finalidade
desempenharam
papel
no
desenvolvimento
final
da
cidade.
(MUMFORD,
1998,
p.15)
18 Com o crescimento, mesmo que em proporção pequena, da
membros da sociedade (ver figura 1). Porém, com o surgimento das
civilização pré-histórica, surgiu a necessidade de expansão do
primeiras aldeias, a divisão do trabalho mudou de tal forma que,
território, formando as primeiras aldeias, adotando a localização
passaram a valorizar habilidades específicas como, por exemplo, o
das casas como estratégia de sobrevivência: próximas aos locais de
manuseio da cerâmica, cujo objetivo era confeccionar objetos
caça e plantio de alimentos, promovendo de certa forma a
usados para o armazenamento dos alimentos consumidos na
ampliação das divisões de trabalho.
sustentação dos povos. A partir deste momento, a sociedade iniciou um processo de troca de produtos, e, por isso, as relações passaram
O autor também complementa, explicando que os costumes
de cooperativas para competitivas, ou seja, a valorização do
definiam as formas de relacionamentos interpessoais, sendo estes
acúmulo de bens materiais propiciaram os primeiros indícios das
sempre comuns, colocando a cooperação como característica
desigualdades sociais.
principal entre as pessoas. Mumford (1998, p.26) explica que “antes que se desenvolvesse bem o transporte pela água, cada aldeia era, com efeito, em si mesma, um mundo: isolada tanto por certo narcisismo e por uma sonolenta absorção em si mesma, talvez, quanto pelas meras barreiras físicas”. Com isso, os elementos que compunham a vida eram sempre compartilhados com todos os
19
Figura 1 - Divisão das primeiras sociedades.
Na cidade, novos modos [...] tomaram o lugar dos antigos costumes e da rotina confortável e de ritmo fácil. O próprio trabalho foi destacado das outras atividades e canalizado para a “jornada” de incessante labuta, sob as ordens de um capataz: o primeiro passo daquela “revolução na administração” que alcançou seu ponto culminante em nossos dias. (MUMFORD, 1998, p.35-36)
Fonte: http://www.historiadigital.org/historia-geral/prehistoria/3-fases-da-pre-historia-que-mudaram-asociedade/ acessado em 22/10/2013 às 15:30
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De acordo com Benevolo (2001), através da análise do livro História da Cidade, a representação da cidade não acontece através do crescimento das aldeias, mas sim por meio do aprimoramento das funções exercidas pelo homem em seu cotidiano. Benevolo (2001, p.23) cita que “a sociedade se torna capaz de evoluir e projetar a sua evolução”. A Mesopotâmia, segundo Cotrim (2003) foi a primeira expressão que promoveu transformações sociais baseadas nas formas de trabalho. Desde os povos primitivos a organização da sociedade estava relacionada às formas utilizadas por ela para se abrigar das intempéries, e principalmente de como se sustentariam. Os povos buscaram formas de sobrevivência refletindo nos costumes os parâmetros importantes que definiam os modos organizacionais.
Cotrim (2003) explica que, com o desenvolvimento da agricultura e da pecuária, algumas aldeias começaram a controlar os produtos alimentícios produzidos, fixando suas moradias por mais tempo em determinado local. Isso fez com que a sociedade se dividisse de acordo com suas especialidades e várias famílias trocavam suas produções: objetos por terras, alimentos por objetos e etc. (ver figura 2). Essa atitude resulta na valorização dos bens materiais, propiciando a algumas aldeias maior voto de confiança devido suas importâncias adquiridas.
21 As primeiras cidades formadas na Mesopotâmia aconteceram
Figura 2 - Organização das sociedades em aldeias.
devido ao grande crescimento da população das aldeias, e por esta razão, foi-se necessário buscar formas de organizar a sociedade para que pudessem continuar sua expansão. Ainda rurais, mas com um novo olhar através das novas ocupações em grande crescimento: carpinteiros, comerciantes, pedreiros entre outros, fez com que esse crescimento exuberante se transformasse em pequenas cidades, que a partir deste momento deixavam os assuntos relacionados à organização da sociedade para os participantes que obtinham mais poder. Os vizinhos de aldeia passavam agora a se manter à distância: não sendo mais familiares e iguais, viram-se reduzidos a súditos, cujas vidas eram supervisionadas e dirigidas por funcionários militares e civis, governadores, vizires, coletores de impostos, soldados, diretamente responsáveis perante rei. (MUMFORD, 1998, p.38)
Fonte: http://www.historiadigital.org/historia-geral/prehistoria/3-fases-da-pre-historia-que-mudaram-asociedade/ acessado em 22/10/2013 às 15:30
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As transformações trouxeram uma complexidade para a vida urbana gerando problemas na comunicação. A partir deste momento, a necessidade da escrita para o aprimoramento das relações humanas tornou-se um fator agregador, produzindo a linguagem de sinais e códigos para que a fala tornar-se duradoura, e, além disso, ter a possibilidade de ser transmitida para todas as pessoas. Mumford (1998, p.38) refere-se à comunicação explicando que “a cidade efetuou uma mobilização de potencial humano, um domínio sobre os transportes entre lugares distantes, uma intensificação da comunicação por longas distâncias no espaço e no tempo”. E conclui dizendo que a grande tecnologia usada nesta época era formada pelos próprios homens, capazes de construir todas as estruturas necessárias para o funcionamento da cidade: “Como resultado da nova mitologia do poder, a própria máquina humana tinha sido inventada: por muito tempo invisível para os arqueólogos, porque a substância de que era composta – corpos humanos –fora desmantelada e decomposta” (MUMFORD, 1998, p.43).
Sabe-se que tanto a escrita quanto a expressão oral sempre fizeram parte da vida das pessoas e através do desenvolvimento de várias técnicas o homem desencadeou o surgimento de novos signos capazes de transmitir informações e, sobretudo ser parte constituinte da formação da cultura contemporânea. Breton e Proulx (2002) observam que existem duas formas de transmitir informações da língua oral, seja ela por meio da escrita ideográfica, contemplando o uso de imagens acompanhadas por expressões deixando subtendido que aquela determinada expressão vem seguida por sons; e a escrita alfabética utilizada até os dias atuais.
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Figura 3 - Evolução da escrita mesopotâmica.
Foi na Mesopotâmia que os desenhos puramente figurativos representavam a comunicação plástica que buscavam representar algum objeto ou alguma pessoa, e segundo Cotrim (2003) esta forma de escrever era denominada pictografia. Mais tarde, a aproximação de vários desenhos referia-se foneticamente a determinada palavra, extraindo a obrigação de ambos terem
Fonte: http://educacadoresemluta.blogspot.com.br/2013/02/invencaoda-escrita-humanidade.html acessado em 22/10/2013 às 16:15
Figura 4 - Sinais impressos na argila.
ligações representativas, mas a escrita está diretamente relacionada á representação de objetos. A escrita suméria foi chamada de cuneiforme, devido a forma de cunha ser utilizada para gravar os sinais com o uso de estilete na argila molhada (ver figura 3 e 4). Fonte: http://educacadoresemluta.blogspot.com.br/2013/02/invencaoda-escrita-humanidade.html acessado em 22/10/2013 às 16:15
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A civilização egípcia, conhecida por suas “formas geométricas simples: prismas, pirâmides, obeliscos” (BENEVOLO, 2001, p.44) que representavam a disparidade com a proporção humana, localizava-se próximo ao rio Nilo. De acordo com Cotrim (2003) o faraó, o rei do Egito, obtinha o poder de organizar a sociedade, tanto no campo religioso e político, quanto na parte judicial e militar. Além disso, a maior parte das terras estava em seu nome, e por isso controlava as atividades econômicas da população. Os escribas, homens que conheciam a escrita egípcia e possuíam autonomia diante o rei para cobrar os impostos, fiscalizavam as construções dos templos, pirâmides, e estradas (ver figura 5).
25 Figura 5 - Organização da sociedade egípcia.
Fonte:
http://www.mitologia.templodeapolo.net/textos_ver.asp?Cod_textos=184&value=Imp%C3%A9rios:%20Os%20eg%C3%ADpcios&civ=Civiliza%C3%A7%C3% A3o%20Eg%C3%ADpcia acessado em 22/10/2013 às 16:25
26 Segundo Cotrim (2003) os egípcios viviam em aldeias, e se sustentavam com a colheita de alimentos, caça de animais, mas que contavam com o diferencial da pesca próximo ao rio Nilo (ver figura 6). Figura 6 - Técnicas de produção alimentícia.
A rotina da agricultura havia atado os homens a sua tarefa cotidiana: eram eles adeptos do lugar-comum e acostumados à sua própria pequenez e às suas curtas peias. Na cidade, até o mais humilde poderia, indiretamente, tomar parte na grandeza e considerá-la como sua: havia um lazer cerimonioso e um jovial retiro, aberto a todos, graças aos novos órgãos que a municipalidade comandava. (MUMFORD, 1998, p.81)
No período de cheias, os camponeses encarregados das atividades agropastoris, cuja população era em maior número, dedicavam seu tempo para as construções dos templos, palácios e pirâmides, diferentemente dos artesãos, que trabalhavam nas cidades, produzindo artigos de luxos. Já os escravos, representavam o menor número da sociedade e eram quase todos os prisioneiros das guerras. Apesar de ter que trabalhar em serviços específicos, como
Fonte: http://www.fascinioegito.sh06.com/alimenta.htm acessado em 22/10/2013 às 16:40
minas, pedreiras, casas e campos, e por pertencerem à outra pessoa, os escravos egípcios não eram considerados propriedade, e tinham a liberdade de adquirir terras e casar, como qualquer outra pessoa livre.
27 A religião era de suma importância para os egípcios, e segundo Cotrim (2003) os templos foram erguidos para que toda a sociedade pudesse prestar cultos aos deuses, oferecendo a eles comida, bebida e muitas festas, acreditando que esses deuses também tinham desejos humanos. Nota-se a atração mágica da cidade: as pessoas se dirigiam àquele lugar sagrado para se colocarem sob a proteção de um deus poderoso e de um rei quase igualmente poderoso, que exibia em sua própria pessoa novos atributos – o poder de domínio e compreensão, faculdade de decisão e vontade livre – que poderiam ir de encontro aos veneráveis costumes da tribo. (MUMFORD, 1998, p.82)
O autor ainda complementa que, além disso, acreditavam que após a morte as pessoas eram julgadas e se fossem perdoadas tinham a oportunidade de retornar aos seus corpos. Por esta razão desenvolveram uma técnica, conhecida por mumificação, para preservar os corpos dos mortos, que durante muito tempo habitaram os túmulos, e entre os mais importantes estavam as pirâmides, conhecidas por abrigar o faraó e também sua família. Nota-se que a relação entre homem e máquina existe desde os primórdios da civilização humana, mas com ferramentas que foram aperfeiçoando suas formas de organização social, formalizando os primeiros indícios da formação de uma sociedade que valoriza em primeiro lugar a aquisição de posses através da incessante busca da sobrevivência. As próprias novas máquinas tinham por muito tempo aguardado reconhecimento, ou antes, uma identificação apropriada. Pois as primeiras e complexas máquinas de força eram compostas não de madeira ou de metal, mas de partes humanas perecíveis, cada uma tendo uma função especializada num mecanismo maior, sob controle humano centralizado. O vasto exército de sacerdotes, cientistas, engenheiros, arquitetos, capatazes, trabalhadores a dia, somando algumas centenas de milhares, que construíram a Grande Pirâmide, constituiu a primeira máquina complexa, inventada quando a própria tecnologia havia produzido apenas algumas poucas “máquinas” simples, como o plano inclinado e o trenó, não tendo inventado ainda os veículos de roda. (MUMFORD, 1998, p.72)
28 O próprio homem compunha o grande sistema que era capaz de construir todas as formas que os abrigaram durante muito tempo,
Figura 7 - Hieróglifo egípcio.
disseminando essa cultura em vários povos e em várias épocas posteriores, que contaram com as descobertas de suas eras que aperfeiçoaram o cotidiano.
Para a técnica da escrita, os egípcios desenvolveram o hieróglifo (ver figura 7), que de acordo com Breton e Proulx (2002) era uma forma de se expressar mais desenvolvida que os povos mesopotâmicos, que utilizaram o mesmo sistema de escrita, porém instituíram os signos acompanhando as imagens, contextualizando a informação transmitida. Eles usavam os signos para extrair o som exato que deveria ser executado. Com as devidas transformações sociais e o progresso do comércio ocorrido neste período fez com que os signos passassem a compor representações de sons separados analogicamente das imagens.
Fonte: http://www.fascinioegito.sh06.com/hierogli.htm acessado em 22/10/2013 às 16:30
29 A Grécia antiga, famosa por uma civilização que enaltece o corpo e a beleza do homem, é uma civilização marcada por uma expressão artística única. A arte se faz presente na vida cotidiana dos gregos, tanto nas peças teatrais quanto nos templos. Segundo Cotrim (2003), a Grécia é formada por uma população composta por etnias e culturas distintas, mas que alcançou uma integração através de migrações de pessoas dentro do território. Por ser uma região desigual repleta de montanhas é dividida por cidades independentes, denominadas pólis, traduzida para cidade-estado. Cada cidade-estado possuía leis, governo, culto local, economia, força militar específicos, proporcionando autonomia a cada pólis, e mesmo assim usavam da língua e da religião como denominador comum entre toda a população. A divisão do povo grego em pequenos territórios aconteceu para que o Estado tivesse total liberdade para exercer seu poder, e isso só seria possível através da participação da sociedade na vida política e social e também o isolamento da população em terras férteis, pouco numerosas devido às guerras entre as cidades.
Para Benevolo (2001) a pólis se organizava de forma que nas áreas privadas permaneciam as residências que cultuavam a simplicidade da vida privada. Os templos dos deuses especificavam as áreas sagradas, onde se encontravam as imagens dos deuses ou deusa, e também as oferendas e tesouros. A religião sempre foi um marco na civilização grega, já que seus deuses possuíam virtudes iguais a dos homens, mas ao mesmo tempo tinham poderes e eram imortais. Já as áreas públicas distinguiam-se por concentrar os encontros da sociedade para a discussão da política local, o comércio, o teatro e os jogos olímpicos.
30 Atenas tornou-se a cidade grega mais importante na história da arte. Ágora (ver figura 8), geralmente um espaço ao ar livre, era usado para os encontros interpessoais, e através de pequenos grupos as pessoas discutiam sobre quaisquer tipos de assuntos. Para Sennett (1994) toda população podia frequentar a ágora, porém a maioria se ocupava com obrigações que o impediam de presenciar os encontros, já que a maior parte da população, sendo escravos e estrangeiros comprometiam-se em sustentar a economia da cidade.
Figura 8 – Ágora: locais dos encontros interpessoais dos gregos.
Havia danças religiosas no terreno descoberto e regular, chamado orkhestra; atividades financeiras transcorriam em mesas postas ao sol, onde os banqueiros sentavam-se de frente para seus clientes. Os ritos religiosos eram celebrados ao ar livre e em uma espécie de santuário, ou recinto sagrado, chamado “Doze Deuses”, ao norte do lugar das danças. Os pórticos eram palco para comer e negociar, tecer mexericos e cumprir obrigações religiosas, alinhadas do oeste em direção ao norte da ágora [...] (SENNETT, 1994, p.48) Fonte: http://arteehistoriaepci.blogspot.com.br/2012/09/a-cultura-daagora-modulo-1.html acessado em 22/10/2013 às 20:45
31 Mumford (1998, p. 162) exalta que “(...) as atividades cotidianas de uma cidade grega eram desempenhadas ao ar livre, muitas vezes sob um sol radiante, algumas vezes soturnas de um outono chuvoso ou de um inverno enevascado” e Benevolo (2001, p.105) exemplifica que “durante a maior parte do dia vive-se ao ar livre, no espaço público ordenado e articulado segundo as decisões tomadas em comum pela assembleia”. As atividades cotidianas realizadas na ágora contava com a comunicação, peça chave na civilização grega. Foi apenas na Grécia que o alfabeto com vogais surgiu e conseguiu exprimir exatamente a fala. Fruto das características culturais locais, a escrita é o verdadeiro resultado da organização grega em cidades-estado, cuja política era valorizada estupendamente, mesmo que restrito. Os primeiros escritos foram alvo da valorização da circulação de bens materiais e principalmente para registrar os discursos ocorridos nas ágoras.
A civilização romana é marcada por intensas transformações, passou de monarquia para república, para no fim chegar a ser um império. Uma das características mais marcantes do Império Romano é que as relações sociais eram administradas por normas estabelecidas pelo estado romano. Não buscavam idealizar modelos como os gregos, mas de acordo com Cotrim (2003) suas expressões artísticas valorizavam a fiel representação da realidade. O Império Romano valorizava o uso dos espaços públicos, construindo grandes monumentos e promovendo os encontros interpessoais dentro dos grandes teatros (ver figura 9).
32 Segundo Sennett (1998, p.98) “as pessoas saíam de suas casas para assistir aos massacres que envolviam gladiadores e mártires, em pantomimas obsessivamente reproduzidas”. Nota-se que as relações sociais, tanto na Grécia quanto em Roma passa por locais abertos, que promovem encontros físicos entre as pessoas, capazes de proporcionar aos cidadãos momentos de diálogos e também distrações, transformando os espaços nas maiores expressões do homem (ver figura 9). Figura 9 - Lutas dos gladiadores.
Tal como a vida “real” de hoje, para milhões, só existe na tela de televisão, e todas as manifestações imediatas de vida são subordinadas, acessórias, quase insignificante, assim também, para o romano, a rotina total do espetáculo tornou-se compulsiva: O espetáculo deve continuar! Não estar presente ao espetáculo era ficar privado da vida, da liberdade e da felicidade. (MUMFORD, 1998, p.255)
Fonte: http://blogdorobertovaz.blogspot.com.br/2008/09/os-gladiadores_10.html acessado em 22/10/2013 às 21:10
33 Os romanos herdaram não só a religião dos gregos, mas também possuíam locais onde aconteciam a vida social, política, econômica da sociedade, sobretudo suas demonstrações religiosas. Sennett exemplifica que: a diferença mais marcante em relação a ágora estava justamente no agrupamento dessa multidão diversificada em um espaço retangular, enquadrado por outros prédios. [...] Enquanto os deuses gregos estavam sempre envolvidos em lutas, as divindades romanas conviviam pacificamente. (SENNETT, 1994, p.101-102)
Estes lugares eram denominados Forum Romanum (ver figura 10), os quais serviam de controle da vida social dos romanos, transformando-os em pessoas submissas diante dos deuses. Desta forma, Sennett (1994, p.104) conclui que “as geometrias do poder regulavam tanto a intimidade de cada um como o domínio público”. Portanto, as relações sociais basicamente eram regidas pela importância e valor econômico específico de cada pessoa. Figura 10 - Forum Romanum. Ali no Forum Romanum, ficava o centro da vida pública, não apenas da própria Roma. [...] Ali, vastas multidões iam reunir-se para assistir à passagem dos seus chefes militares, em carros de combate, ostentando seus troféus ou seus cativos reais, presos às rodas de seus carros, passando sob arcos triunfais que serviam como entradas emolduradas e formais ao que, na realidade, era um recinto não murado. (MUMFORD, 1998, p.245) Fonte: http://www.historiadigital.org/historia-geral/idade-antiga/civilizacaoromana/resumo-roma-antiga/ acessado em 22/10/2013 às 21:20
34 Os amplos espaços públicos circundavam os encontros da vida cotidiana romana, exaltando a vida política e a sociabilidade sempre com muito alvoroço, e os estudos literários fizeram grande diferença no suporte da comunicação, tornando-a num instrumento motivador da sociedade. Os romanos colocavam a disposição da sociedade a informação através do uso dos espaços públicos para as leituras orais de livros, transformando esses locais em pontos de encontro. Segundo os autores, a cultura romana preocupava-se com a relação social de forma tão grandiosa que incentivava que todas as pessoas se conhecessem, com exclusividade os nomes de cada um. “A cultura romana, completamente imbuída da ideia de organizar a comunicação com o intuito de manter vivo o elo social, inventara a informação, ou seja, a palavra para o outro” (Breton; Proulx, 2002, p.38). E isso acontecia também nos espaços domésticos, como Sennett (1994, p.106) explica que “à semelhança de um fórum, nele permaneciam grupo de pessoas que, em ordem de importância, aguardavam serem recebidos pelo dono da casa. Só seria conduzido aos aposentos mais distantes quem possuísse laços familiares com os moradores”.
As estradas construídas pelos romanos transformaram-se em grandes caminhos de comunicação, usadas pelos exércitos para a cobrança de impostos e posteriormente para o deslocamento das mercadorias. Tudo foi idealizado para facilitar o trânsito, tornando o acesso mais fácil a todos os lugares. Com a queda do Império Romano as cidades deixam de ser povoadas, e a população passa a habitar o campo. Segundo Benevolo (2001, p.176) “as cidades têm um lugar marginal: não funcionam mais como centro administrativo, e em mínima parte como centros de produção e de troca”.
35 As mesmas estradas que promoveram o
Esse processo de ruralização promoveu o feudalismo como estilo de vida, dividindo a
acúmulo de riquezas e o deslocamento
sociedade conforme seu poder econômico. É nesta mesma fase que a Igreja Católica exerce
facilitaram a invasão bárbara e a tomada
seu poder de forma suprema (ver figura 11), que além de criar as primeiras universidades,
do império romano. Por esta razão, as
caracteriza novamente os espaços públicos. “Não importa quais fossem as necessidades
pessoas passaram a se refugiar nas
práticas da cidade medieval, era acima de todas as coisas, em sua animada e turbulenta vida,
pequenas cidades e nos vilarejos, temendo
um palco para as cerimônias da Igreja. Ali se encontravam seu drama e sua consumação
novos ataques de outras civilizações.
ideal”. (MUMFORD, 1998, p.302)
Como exemplifica Benevolo (2001 p.252)
Figura 11 - Celebração religiosa na Idade Média.
“o efeito mais evidente da crise econômica e política, nos primeiros cinco séculos depois da queda do império romano, é a ruína das cidades e a dispersão dos habitantes pelos campos, onde podem extrair da terra seu sustento”. Fonte: http://alemdasbrumass.blogspot.com.br/2013/02/a-vida-na-idademedia.html acessado em 22/10/2013 às 21:30
36 Os espaços voltavam a ser utilizados e as representações teatrais culminavam em peças que criticavam o cristianismo, para em segundo plano ser utilizada pela própria igreja para as representações dos textos bíblicos e disseminar a doutrina cristã. “Num sentido muito definido, a despeito de suas múltiplas origens e de seus resultados ambivalentes, a cidade medieval da Europa pode ser descrita como uma estrutura coletiva cuja finalidade principal era viver uma vida cristã”. (MUMFORD, 1998, p.292)
Os mosteiros foram locais muito visados na Idade Média. Em meio a tantas mortes e sacrifícios, muitas pessoas se refugiavam para locais onde poderiam contemplar a face de Deus através da oração. A prática da abstenção e retiro de oração, o espírito de proteção e guarda, deixaram sua marca em toda a estrutura da cidade medieval. Enquanto o complexo medieval esteve intacto, uma corrente constante de homens e mulheres desiludidos do mundo deixou o mercado e campo de batalha, à procura da tranquila rotina contemplativa do mosteiro e convento. (MUMFORD, 1998, p.293)
De acordo com Mumford (1998, p.110) conclui-se que a cidade surgiu como local sagrado, “aonde grupos destacados retornavam periodicamente para cerimônias e ritos, a cidade antiga foi, antes de tudo, um ponto de encontro permanente”. O autor ainda complementa dizendo que o diálogo, mesmo sendo um fator que agrega valores na vida cotidiana, sofreu opressão com as relações de poder tanto nas aldeias, quanto nas imposições religiosas. O diálogo é uma das expressões mais importantes da vida na cidade, delicada flor de seu longo crescimento vegetativo. Certamente, o diálogo desenvolveu-se com dificuldade, se é que se desenvolveu, na cidade antiga, pois as primeiras comunidades urbanas eram baseadas antes no monólogo do poder; e depois que a imposição sacerdotal ou o comando real se haviam adiantado, não era prudente revidar. (MUMFORD, 1998, p.133)
37 Com a retomada do comércio, o feudalismo entra em decadência e uma nova cultura entranha nas relações da sociedade (ver figura 12). Figura 12 - Valorização da cidade. Tanto a forma quanto o conteúdo da vida urbana, em consequência, foram radicalmente alterados. O novo padrão de existência brotava de uma nova economia, a do capitalismo mercantilista; de uma nova estrutura política, principalmente a do despotismo ou da oligarquia centralizada, habitualmente personificada num Estado nacional; de uma nova forma ideológica, que se derivava na física mecanicista, cujos postulados fundamentais haviam sidos lançados muito tempo antes, no exército e no mosteiro. (MUMFORD, 1998, p.376). Fonte: http://vidabeta.com.br/mitologia-historia-livros/direito-na-idade-media acessado em 22/10/2013 às 21:30
Mumford (1998 p.275) também exemplifica que “a vida no campo isolado, mesmo à sombra de um castelo próximo, deixava agora de ser tão atraente como a vida na cidade povoada”. Neste contexto volta-se então a valorizar o corpo na figura do homem como centro do universo, permitindo que a população manifestasse seu individualismo.
38
A disseminação do movimento renascentista difunde por várias
Figura 13 - Revolução científica.
regiões o renascimento científico, com teorias que procuravam analisar hipóteses através de experimentos para conceituar novos parâmetros de vida. Isso foi suficiente para contrariar todos os conceitos vindos da época passada, tornando o ambiente social conflituoso. Além dos avanços científicos, houve também o incentivo à cultura por parte da população que obtinha maior acúmulo de riquezas, e com o desenvolvimento da imprensa foi possível surpreender a população com os escritos literários. O renascimento provou de forma especulativa os conceitos de vida medievais, sempre ligados à Igreja, e por isso disseminavam a cultura do homem como centro do universo (ver figura 13) que obtinha o poder de modificar a natureza de acordo com suas necessidades. (COTRIM, 2003).
Fonte: http://oqueeh.com.br/renascimento-cientifico-descobertase-grandes-nomes acessado em 22/10/2013 às 21:30
39
Existem dois contrastes entre as cidades medievais e as primeiras cidades modernas. As primeiras, mesmo com as diferenças de classes, propunham um adensamento sem que acontecesse a divisão da população nas ruas. As cidades modernas, porém, favorecidas com o alargamento das avenidas, separavam a população de acordo com a classe, definindo a apropriação do espaço público.
Os ricos rolam pelo eixo da grande avenida; os pobres estão afastados do centro, na sarjeta; e finalmente, uma faixa especial é destinada ao pedestre comum, a calçada. [...] A parada cotidiana dos poderosos torna-se um dos dramas principais da cidade barroca: uma vida vicária, de vigor, brilhantismo e gastos, é assim oferecida ao entregador de carnes que conduz uma cesta à cabeça, ao mercador aposentado que saiu para um passeio, à dona-de-casa elegante que visita as lojas em busca de pechinchas e novidades, à multidão ociosa de marginais, em todas as graduações de urbanidade esfarrapada e acabada miséria [...]. (MUMFORD, 1998, p.402)
O renascimento foi o período em que houve um grande desenvolvimento da comunicação. Os livros impressos caracterizaram a saída da Idade Média, dando lugar à uma comunicação efetiva e transformadora, acompanhando as revoluções científicas da época, pontuando as mudanças sociais como as principais influenciadoras. “O Renascimento fez do livro uma ferramenta eficiente de comunicação, ferramenta que se torna
40 logo de saída comercial” (BRETON; PROULX, 2002, p.45). Houve então uma ampla valorização de uma cultura chamada de material, e as obras de pensadores humanistas foram surpreendentes na sua função de tornar o livro neste grande instrumento de comunicação.
Os períodos seguintes que consideram as grandes revoluções são definitivos para fixar no cenário social o papel da escrita através do livro. A reforma protestante, por exemplo, usa o livro sagrado, no caso a Bíblia, para iniciar o processo de conversão dos fiéis. A Contrarreforma, reação iniciada pela Igreja Católica para conter a divisão da doutrina cristã e dissipar os confrontos existentes abraça a inciativa do uso da sagrada escritura juntamente com a alfabetização do indivíduo, amplamente ligado aos conceitos da salvação da alma. A leitura da Bíblia, as pregações diretas aos fiéis e os exemplos dados pelos seguidores foram de suma importância nesta era que consolidaram formas de socialização das pessoas. Isso favoreceu a inclusão de indivíduos rejeitados pela sociedade, presumindo a participação de qualquer um nas discussões religiosas.
O período revolucionário, que além das iniciativas religiosas abrangeu a Revolução Francesa, exerceu um papel amplificador na comunicação entre as pessoas. Ausente de novas técnicas, Breton e Proulx (2002) salientam que a comunicação estava presente na expressão revolucionária, cujo papel principal era mobilizar a sociedade através das publicações em livros e jornais, havendo uma divisão entre os espaços públicos e privados, o que “tornou a comunicação social indispensável, único meio que permitiria unir os espaços privados das pessoas” (BRETON; PROULX, 2002, p.53). E ainda ressalta que a “abolição da censura sobre o escrito, a liberdade de imprensa e de opinião foram sinal de que
41 aquilo que unia os homens uns os outros deveria, agora, como os próprios homens, ser livre de qualquer entrave” no caso as novas técnicas de comunicação social (BRETON; PROULX, 2002, p.53).
O jornal nasceu como fonte de informação no início do século XVII, através do desenvolvimento das formas de expressão amplificando o transporte das mensagens com um transporte mais seguro e rápido. A impressão só conseguiu evoluir no século XVIII, onde os jornais eram os principais suportes para a divulgação da política da cidade. “E em todos os países envolvidos, o estilo da imprensa era baseado em informações escolhidas em um sentido favorável ao poder, sem comentários nem explicações ideológicas” (Breton; Proulx, 2002, p.59).
Se o capitalismo tendia a expandir os domínios do mercado e transformar cada parte da cidade numa comodidade negociável, a mudança dos trabalhos manuais urbanos organizados para a produção fabril em larga escala transformou as cidades industriais em sombrias colmeias, a fumegar ativamente, a bater, guinchar, a expelir rolos de fumo de doze a quatorze horas do dia, algumas vezes durante as vinte e quatro horas. (MUNFORD, 1998, p.483)
42
Segundo Cotrim (2003) todas as formas de trabalho até o início da Revolução Industrial (ver figura 14) são resumidas em um
Figura 14 - Revolução Industrial .
modo de fabricação: manual. As grandes cidades que existiam eram em sua maioria comerciais, e também capitais, já que reuniam os centros de poder político dos reinos. Como a produção era manual, o processo produtivo exigia grande habilidade do artesão, permitindo que o mesmo conhecesse todas as etapas da fabricação. Em contrapartida, as manufaturas dividiam o trabalho, fazendo com que cada trabalhador desempenhasse uma tarefa específica, de forma cada vez mais ágil, aumentando assim a velocidade da produção. Fonte:
http://www.klickeducacao.com.br/2006/enciclo/encicloverb/0,5977,IGP415,00.html acessado em 22/10/13 às 22:45
43 O desenvolvimento tecnológico ocorrido em meados do século XVIII, de acordo com Cotrim (2003) que culminou na mecanização da produção, teve seu início na Inglaterra, pois os burgueses acumularam capitais, através da concentração de terras nas mãos de poucos e da expansão do comércio, facilitando o investimento nas máquinas e modernizando os meios de produção agrícola. Com isso, houve o aumento da produtividade e consequentemente o número de trabalhadores no campo diminuiu. Os camponeses migraram para as cidades em busca de trabalho, aumentando consideravelmente a população, fazendo-se necessário a construção de moradias. Dois fatores foram determinantes para que ocorresse um declínio na produção industrial: as longas jornadas de trabalho interferiam no rendimento dos trabalhadores, e muitas vezes cansados não podiam contar com boas moradias para descansar (ver figura 15). Figura 15 - Trabalhos industriais. Durante as primeiras décadas, o trabalho nas fábricas forçava os operários a uma jornada ininterrupta, enquanto pudessem permanecer de pé ou mover braços e pernas. Ao final do século, tornou-se evidente que, nessas condições, a produtividade diminuía com o passar do tempo. (SENNETT, 1994, p.273-274) Fonte: http://revolucaoindustrialca.blogspot.com.br/2013/05/a-fabrica.html acessado em 22/10/13 às 22:35
44 Figura 16 - Navio a vapor.
Foi a era da consolidação do capitalismo e novas demandas espaciais foram geradas a partir da urbanização, que foi tomando conta de todas as cidades industriais. Investiu-se em indústrias de tecidos de algodão (ver figura 15), aço, energia elétrica e combustíveis derivados do petróleo. Os meios de transporte também sofreram grandes progressos: navio a vapor (ver figura 16), locomotiva, telégrafo, telefone e automóvel foram modernizando a vida da população e facilitando a condução dos produtos comercializados. Segundo Benevolo (2001, p.595) “o fluxo dos
Fonte: http://laeradasrevolucoes.blogspot.com.br/2011/10/as-etapas-darevolucao-industrial.html acessado em 22/10/2013 às 22:45
pedestres e dos veículos, muda continuamente e transforma a cidade num espetáculo sempre mutável”. De acordo com Sennett
Realmente no século XIX, a rapidez assumiu uma característica
(1994, p.273) essas inovações transformaram o cotidiano das
diferente em virtude das inovações técnicas introduzidas nos
pessoas, aderindo ao corpo novas demandas de sentido já que “o
transportes,
cidadão urbano, homem ou mulher, vive apressado, quase histérico.
a
fim
de
dar
maior
conforto
ao
viajante”.
Figura 17 - Rebeliões dos trabalhadores. A Inglaterra avançava no cenário industrial e a sociedade foi marcada por rebeliões (ver figura 17), já que a condição de vida estava cada vez pior, alimentos pouco acessíveis devido aos preços e às péssimas condições de moradia. Os impactos gerados pela industrialização das cidades interferiram nos aspectos da vida social: o número de trabalhadores pobres crescia e uma burguesia estava cada vez mais empenhada em acumular riquezas. De acordo com Mumford (1998, p.451) “o capitalismo tendeu a desmantelar toda a estrutura da vida urbana e a colocá-la numa nova base impessoal: o dinheiro e o lucro”. E Sennett conclui que: [...] o modo mais cômodo de viajar, mobílias confortáveis, lugares destinados ao repouso permitiam que se recuperasse as forças exauridas. Porém, desde então, por um desvio de trajetória, a comodidade assumiu um caráter individual. Se era capaz de baixar o nível de estimulação e receptividade de uma pessoa, podia funcionar para afastá-la das demais. (SENNETT, 1994, p.274)
Fonte: http://arquivosememorias.blogspot.com.br/2013/02/revolucaoindustrial.html acessado em 22/10/2013 às 22:45
45
46 Havia espaços que propunham relacionamentos e encontros interpessoais. Muitas vezes transitórios e apenas de passagem, mas que cumpria a função de informar a cada um, os simples acontecimentos do cotidiano. De acordo com Sennett (1994, p.277) “os ingleses criaram as primeiras casas de café da Europa, no século XIX. [...] além de bate-papo, atraíam os estranhos a esses estabelecimentos. Conversando, ficava-se sabendo das condições das estradas, dos últimos fatos ocorridos na cidade e de negócios”. Notava-se com clareza a diferença de classes sociais, ao olhar a aparência de cada visitante, mas o importante era a troca de informações estabelecida através do diálogo.
Os efeitos dessa sociedade só foram percebidos com o passar do tempo. Mumford (2001, p.552) explica que as pessoas conheciam umas as outras, suas histórias, gostos, como pessoas individuais, e com a modernidade, as relações passaram acontecer uma vez por semana nos estabelecimentos, diminuindo as chances de encontro interpessoais com algum conhecido. O autor, ainda esclarece que: O custo desse desligamento de outros homens, no espaço, está fora de toda proporção com os seus benefícios presumidos. O produto final é uma vida encasulada, passada cada vez mais dentro de um automóvel ou dentro de uma câmara escura, ante um aparelho de televisão: em breve, com um pouco mais de automação do tráfego, principalmente dentro do automóvel, percorrendo distâncias ainda maiores, sob controle remoto, para que o motorista de outrora possa ocupar-se com um aparelho de televisão, tendo perdido até a liberdade do volante”. (MUMFORD, 1998, p.553).
A Revolução Industrial foi a grande responsável pela ruptura com as antigas formas de viver. A grande revolução tecnológica ocorrida neste período também garante o progresso da imprensa e do telégrafo. Na história tem-se o telégrafo aéreo substituído com a invenção do telégrafo elétrico em consequência do seu bom funcionamento. No início o uso era restrito apenas para representantes políticos, admitindo somente a eles o poder de transmitir mensagens políticas. Foi aberto ao público acelerando o movimento e a circulação da informação tornando-se
47 acessível ao público que refletia na formação intelectual da
novos conceitos para a vida doméstica, e, sobretudo, para a vida
sociedade, ou seja, as diferenças sociais por parte da falta de
pública. Em 1922, o Brasil se abre para um novo estilo de vida: o
informação já não tem desculpa.
modernismo, e a Semana de Arte Moderna (ver figura 18) torna-se
Os séculos XVIII e XIX foram, na ocasião da revolução industrial, um período decisivo para desenvolver a potência energética das máquinas [...] As máquinas haviam ganho não apenas em potência, mas também em autonomia, e com isso setores inteiros da atividade humana haviam sido substituídos pela ação de máquinas novas, tanto no âmbito civil como nas aplicações militares. (BRETON; PROULX, 2002, p.81).
a grande discussão do momento, levando ao crescimento e modernização das cidades. Para isso, seu principal conceito era recusar os padrões arcaicos da arte: a influência cultural europeia que despersonalizava o Brasil. Figura 18 - Semana de Arte Moderna.
De acordo com Cotrim (2003) o início do século XX foi marcado por uma sociedade europeia que ainda vivia o fervor do movimento industrial, e por conta disso, as grandes potências disputavam territórios e espaço no mercado. Por isso, eclodiram confrontos, como a 1ª Guerra Mundial, favorecendo o declínio da Europa e a ascensão dos EUA, que a partir no momento torna-se a principal fonte econômica industrial. A produção arquitetônica foi influenciada por este período entre guerras, com a explosão de
Fonte: http://educacao.globo.com/literatura/assunto/movimentosliterarios/modernismo.html acessado em 23/10/13 às 16:25
48 Breton e Proulx (2002, p.62) resumem que “o século XIX fora o século da imprensa escrita, o século XX será o da comunicação
Figura 19 - Getúlio Vargas esperando o resultado das eleições pelo rádio.
total”, e ainda destaca que o primeiro passo que revolucionou as técnicas de comunicação aconteceu no final do século XIX, com as redes de telefonia sem fio, devido às novas descobertas nas áreas eletrônicas, surgindo, então, o rádio, o telefone e a televisão. O rádio, nos anos 20 (ver figura 19 e 20), era apenas uma distração
Fonte: http://www.historiazine.com/2010/07/mpb-ehistoria-do-brasil-no-seculo-xx.html
para privilegiados e ao mesmo tempo o único motivo de diversão para as classes menos favorecidas. O autor também ressalta que embora os primeiros televisores tenham aparecido no cenário
Figura 20 - Artistas se apresentando nas rádios entre as décadas de 30 a 50.
urbano nos anos 20, com as primeiras transmissões em 1929, o novo suporte eletrônico só se desenvolve em 1940 com o aperfeiçoamento das técnicas, tornando-se uma importante mídia de massa (ver figura 21). Fonte: http://www.historiazine.com/2010/07/mpb-e-historiado-brasil-no-seculo-xx.html
49 Figura 21 - Uso da televisão no século XX.
Fonte: http://www.manjaleu.com.br/?page_id=76 acessado em 23/10/13 às 16:35
O computador foi a próxima máquina a ser inventada, exatamente no fervor da Segunda Guerra Mundial. O desenvolvimento das máquinas de calcular eletrônicas através do intermédio de uma linha telefônica foi o que impulsionou a invenção dos computadores. O novo instrumento surgiu em meio a confrontos políticos que estouraram com a Guerra Fria, período datado entre o final da guerra, em 1945 e o fim da União Soviética em 1991.
50 A potência do computador resulta da gestão precisa que ele faz dos deslocamentos de informação da máquina. A existência da informação na forma de um movimento contínuo, suscetível de deixar o computador e se expandir em uma rede de transmissão, conferiu assim de imediato ao computador uma função de comunicação evidente. (BRETON; PROULX, 2002, p.77) Breton e Proulx (2002) destaca que a principal característica do computador foi a alta velocidade com que conseguia coletar, organizar e
transmitir a informação, sendo útil para prevenir ataques durante o período em que o capitalismo foi se consolidando, cujos conflitos políticos foram desencadeados pela luta da sociedade. Era preciso saber informações de ataques dos russos e contra-atacar se fosse preciso.
A primeira Guerra Mundial segundo Cotrin (2003) trouxe novas preocupações em termos de sociabilidade associada à comunicação social com uma intensa preocupação com a divulgação da informação com o objetivo de disseminar para o mundo as ideias defendidas pelos americanos, e casualmente ou não com o término da guerra os Estados Unidos tornaram-se a maior potência mundial. Com grande êxito no cenário econômico, os americanos popularizaram essas novas técnicas nos anos seguintes, e com uma estratégia de superprodução uma crise econômica no país se alastra por todos os países, provocando a queda dos Estados Unidos. Com isso, os governos autoritários tomam posse no cenário político, impulsionando o desenvolvimento de novas técnicas, extremamente necessárias para a comunicação entre os participantes do poder, censurando de forma brusca os meios de comunicação social, como rádio, teatro, cinema e imprensa.
51 Uma importante disseminadora de ideais arquitetônicos modernos foi a Bauhaus, fundada em 1919 por Walter Gropius. Após a 1ª Guerra Mundial, criou-se um novo estilo que girava em torno da funcionalidade, custo reduzido e a orientação para a produção em massa e um dos objetivos principais era construir casas populares baratas. Segundo Montaner (2001) A produção arquitetônica foi a partir da remoção de ornamentos e a criação de espaços e objetos abstratos, geométricos e mínimos. A cidade também sofreu com essa modernização, que mesmo acontecendo de forma gradativa, não foi estimulada de forma a não interferir bruscamente no processo de formação dos espaços. Como exemplifica Benevolo (2004 p.616) “o trânsito mais intenso e as novas instalações urbanas – o gás, a eletricidade, o telefone, os transportes públicos sobre trilhos, na superfície ou subterrâneos – devem ser comprimidos nos espaços públicos insuficientes da cidade pós – liberal”.
O movimento moderno foi marcado pela rejeição à devoção ao ornamento, já que este representava um elemento característico dos estilos históricos, que deveria ser combatido. O Art Nouveau3 e o Art Deco4 representavam uma ornamentação sinuosa, baseadas nas formas da natureza e no fim de uma ideia criativa, predominando linhas retas ou circulares estilizadas, respectivamente. Acreditavam na possibilidade de uma decoração que não recebesse influência do passado, mas que buscava inspiração nas formas geométricas. O modernismo representou, então, uma grande ruptura com os padrões históricos anteriores, transformando a arquitetura em um objeto ao qual o indivíduo deveria se adaptar.
3
O Art Nouveau foi um movimento internacional desenvolvido em países da Europa e nos Estados Unidos entre o final da década de 1880 e a Primeira Guerra Mundial.
(PISSETTI; SOUZA, 2011) 4
O Art Déco foi um estilo decorativo de extensão internacional que surgiu na França e atingiu seu auge no período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial.
(PISSETTI; SOUZA, 2011)
52
As vanguardas artísticas, como o futurismo, dadaísmo, cubismo, expressionismo, foram às primeiras expressões do movimento moderno, no início do século XX. As primeiras experimentações que inovaram as artes e a arquitetura foi a partir dos anos 20, e através delas surgiram os primeiros resultados formais. Ler Corbusier difundiu cinco pontos da arquitetura: pilotis, terraço jardim, planta livre, fachada livre e janela em fita, transformando a arquitetura moderna num marco da época (ver figura 22). Os volumes brancos se contrapunham com o escuro das aberturas e estavam suspensos no terreno, o recuo da edificação delimitava os espaços de transição do interior para o exterior, e o objetivo era tornar a casa mais funcional, voltada para a vida cotidiana. Cotrim (2003) ressalta que os anos 30 foram marcados pelos intensos movimentos culturais, principalmente pela influência do então denominado movimento moderno no Brasil. Figura 22 - Ville Savoye de Le Corbusier – 1928 -1929 .
Fonte: http://www.soarquitetura.com.br/template.asp?pk_id_area=20&pk_id_topico=300&pk_id_template=1
53 Montaner (2001) diz que a arquitetura prismática, branca, compacta e fechada, deu lugar para uma produção aberta, disseminada e articulada, e representava um momento inovador na produção arquitetônica moderna. A luz era utilizada para delimitar o tipo de função exercida no espaço. E nos anos 60 houve a ruptura dos ideais modernos, chamado então de pós-modernismo, que criticava a arquitetura moderna desenvolvida no período entre guerras, julgando não se enquadrar nas novas demandas do mundo contemporâneo. Seu ponto principal era criticar a exclusão dos elementos e das funções dos espaços e a busca constante dos arquitetos modernos em propor uma arquitetura diferente, esquecendo-se dos elementos históricos.
No princípio, o movimento chamado de pós – modernismo tratou apenas de reproduzir cópias dos estilos clássicos, uma maneira de voltar-se aos valores históricos, descartados pelo movimento anterior de forma brusca. A partir deste momento, a arquitetura busca integrar todos os elementos necessários para um edifício, e as grandes discussões são voltadas para o público que além de usar o espaço, será parte do ambiente.
54
De acordo com Cotrim (2003) entre 1956 e 1961, a televisão começa a ganhar espaço no cenário brasileiro
Figura 23 - Festival de música veiculado pela televisão brasileira nos anos 60.
com a transmissão de festivais de música (ver figura 23). Entretanto, o grande articulador da informação ainda é o rádio, divulgando nas programações atrações de diversas tipologias, como musicais, humorísticos, novelas,
noticiários
e
programas
religiosos,
transformando-se na técnica principal utilizada pela população para consolidar suas relações interpessoais nos espaços públicos e privados. Favorecendo a economia do país para a aquisição dos televisores, o governo militar dos próximos anos do Brasil utilizaram deste meio para divulgar as propagandas e planos políticos que conduziriam a vida da população.
Fonte: http://www.historiazine.com/2010/07/mpb-ehistoria-do-brasil-no-seculo-xx_13.html
55
Figura 24 - Manifestações políticas durante o regime limitar. Desta forma, em 1970 a televisão em cores ganha um novo espaço social, promovendo a chamada hoje TV Globo ao principal porta voz do governo militar. A repressão do período foi tão forte que os meios de comunicação envolvidos eram utilizados pelo governo, e qualquer tentativa de uso para difamar as estratégias dos militares geravam consequências graves, como exílio em campos de concentração, chegando ao ponto de muitos serem torturados e mortos. Com isso, crescia os movimentos sociais (ver figura 24) nas ruas e os brasileiros exigiam cada vez mais a volta da democracia no país, apropriando de forma exclusiva dos espaços públicos para divulgar suas ideias libertárias, concluindo em meados dos anos 80 com o fim do regime militar e a ascensão da cidadania. Fonte: http://www.historiazine.com/2010/07/mpb-e-historia-do-brasilno-seculo-xx_19.html
56
Cotrim (2003) destaca que apesar da Segunda Guerra Mundial ter deixado grandes desastres pelos países envolvidos e principalmente ter gerado grandes perdas econômicas, o grande progresso das indústrias e o desenvolvimento das tecnologias fizeram com que o processo de recuperação econômica tivesse grande êxito em pouco tempo e em 1950, o mundo já tinha sua economia recuperada. O pós-guerra foi marcado pela presença dos americanos e dos soviéticos no cenário econômico mundial, colocando em choque os ideais capitalistas, defendido pelos Estados Unidos, com os conceitos socialistas expressados pela União Soviética, dando início à Guerra Fria, Durante este confronto, a globalização apareceu no cenário urbano em meados de 1970 favorecendo a concentração de riquezas em pequenos grupos sociais e gerando civilizações com um número cada vez maior de desempregados, com qualidade de vida baixa.
Portanto, Cotrim (2003) define que a globalização da economia é o fator que gera o maior índice de diferenças sociais, aumentando a distância entre as pessoas que tem acesso aos produtos do mundo globalizado, dos excluídos, cujo acesso é restrito devido ao baixo poder econômico. A disputa no cenário urbano mundial terminou no final dos anos 80 com a ascensão absoluta do capitalismo sobre o mundo e disseminação de novas mídias, capazes de ilustrar de forma surpreendente um novo perfil da população com o uso da internet, consolidando o consumismo no mundo contemporâneo (ver figura 25).
57 Figura 25 - Times Square em Nova York e o consumismo contemporâneo.
Fonte: http://jaatecno.wordpress.com/2008/11/19/globalizacao/ acessado em 23/10/2013 Ă s 17:00
58
2.1.1 Invenção da internet e suas transformações Engana-se qualquer análise feita sobre o surgimento da internet sem considerar sua primeira configuração nos anos 60. Para Castells (2001) as pesquisas iniciais que tiveram como o fruto a internet partiram da disputa existente no cenário mundial entre os EUA e a União Soviética, cada qual defendendo seus princípios capitalistas e socialistas respectivamente. O medo de um ataque soviético e a perda das informações geradas
por
meios
convencionais
foi
o
que
impulsionou
a
invenção
de
uma
rede
ligada
aos
computadores,
acumulando todos os dados gerados. Além disso, foi um grande instrumento utilizado no meio acadêmico, gerando pesquisas e comunicações mais rápidas entre alunos e professores, preferencialmente nos Estados Unidos. Castells (2001) afirma que a agência norte-americana ARPA5 formulou a primeira rede de comunicação a partir da ARPANET, um programa criado dentro da agência que estimulava a pesquisa acadêmica por meio dos computadores no final dos anos 60. Nos avanços das pesquisas científicas, já nos anos 70, foi analisada a necessidade de que a ARPANET se comunicasse com outras redes de computadores gerando inovações tecnológicas com a criação de protocolos que controlaram a comunicação, denominados TCP/IP6 utilizado até nos dias atuais.
Segundo Castells (2001) em 1983 a criação de uma nova rede, a MILNET, foi designada para o uso militar especificamente apenas por motivos de segurança. Com isso, a ARPANET foi usada apenas para pesquisas, utilizada por várias universidades que já se interligavam a rede. Em 1984, o instituto americano NSF7 criou sua própria rede de comunicação, a NFSNET que se interligou a ARPANET e, portanto, tornaram-se as duas principais redes de comunicação na época. 5 6 7
Advanced Research and Projects Agency Transmission Control Protocol / Internet Protocol National Science Foundation
59 Os anos 90 foram marcados por uma intensa transformação em todo o mundo. De acordo com Castells (2001 p.15) “muitos provedores de serviços da Internet montaram suas próprias redes e estabeleceram suas próprias portas de comunicação em bases comerciais”. É neste momento que a internet deixa a esfera acadêmica e explora todas as dimensões vividas pelo ser humano na terra. A ARPANET e a NSFNET foram desativadas, em 1990 e 1995 respectivamente, proporcionando um caminho de privatização da internet. O que agregou poder aos usuários da internet sendo capaz de contemplar o mundo inteiro foi o desenvolvimento da www8, uma seção que compartilhava informações em 1990. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento de novos softwers que “permitia obter e acrescentar informação de e para qualquer computador através da internet: HTTP, MTML e URI (mais tarde chamado URL)” (CASTELLS, 2001, p.18).
Em 1995, segundo Castells (2001) o software Navigator obteve muito sucesso, usado de forma gratuita e para finalidade educacionais, proporcionando o acesso a internet a uma maioria. Em seguida, a Microsoft descobriu a internet e propôs no mercado seu software Windows 95 e um navegador único, o Internet Explorer, desenvolvida pela companhia Spyglass. Isso não impediu que outros navegadores e softwares chegassem ao mercado, mas o mais importante para meados da década de 90 é que: “[...] a internet estava privatizada e dotada de uma arquitetura técnica aberta, que permitia a interconexão de todas as redes de computadores em qualquer lugar do mundo; a www podia então funcionar com software adequado, e vários navegadores de uso fácil estavam à disposição do público” (CASTELLS, 2001, p.19).
8
World Wide Web criada por dois engenheiros do CERN – Centre Eoropéen por la Recherche Nucléaire – Robert Caillaiu e Tim Berners-Lee, do HTML – HyperText
Markup Language - e dos Browsers
60 Castells
(2001,
p.23)
resume
então
que
“[...]
todos
os
base das relações sociais, e através dele surgiram novas mídias
desenvolvimentos tecnológicos decisivos que levaram a Internet
como o facebook, twitter, instagram dentre outras (ver figura 26),
tiveram lugar em torno de instituições governamentais e
redes sociais mais desenvolvidas e ágeis, promovendo o
importantes universidades e centros de pesquisas”, dispersando
compartilhamento acelerado da informação, por meio de dados,
qualquer pensamento afirmativo de que a internet nasceu para
imagens, vídeos e voz.
gerar lucro, mesmo que tenha eclodido permitindo o aceso ao
Figura 26 - Novas redes sociais.
mundo inteiro em plena consolidação do capitalismo.
Segundo Castells (2001) a evolução tomou conta do panorama mundial,
praticamente
por
parte
dos
próprios
usuários,
caracterizados como os principais responsáveis pela transformação tecnológica. São formas distintas de estabelecer a conexão com outras redes: email, salas de bate-papo, o antigo ICQ, foram se aperfeiçoando em redes sociais cada dia mais valorizado no
ciberespaço, que começa a existir dentro da informática. A partir dos anos 2000, o Orkut foi inserido e por muito tempo usado como
Fonte: http://www.ibahia.com/a/blogs/conectividade/2012/12/30/seis-principiosda-influencia-nas-redes-sociais/ acessado em 06/11/2013 às 17:50
61 Vieira (2006) afirma que com o passar do tempo a sociedade foi
uma pessoa, principalmente porque estão conectadas à internet a
modificando sua forma organizacional, através de cada progresso
todo o momento.
que cada civilização sofria. O tempo e o espaço se configuravam em formas distintas, realçando os processos evolutivos que aceleravam a disposição social. A invenção da internet foi um dos principais fatores que contribuíram para uma nova organização das civilizações, mas o papel das invenções tecnológicas é fundamental para o bom aproveitamento do acesso à rede.
Há uma diferença exorbitante entre as tecnologias pesadas produzidas durante a revolução industrial; da tecnologia produzida no fervor dos anos 90, com os computadores e telefones; das tecnologias leves e portáteis que são utilizadas no século XXI. Além de mais ágeis, elas reduzem o grau de distância, criando um novo mundo ao qual permite a criação de diferentes identidades para só
2.2 Influência das novas tecnologias de informação e comunicação na sociedade contemporânea A partir da análise das características da sociedade em geral e dos diferentes recursos que aprimoraram suas funções exercidas no cotidiano, desde sua formação até os dias atuais, é possível traçar um caminho que permite entender como aconteceu a formação da sociedade contemporânea, e de que forma seus valores e ideais foram
modificando
com
as
invenções
e
transformações
tecnológicas. Por isso, percebe-se que a configuração atual da sociedade é um conjunto formado por todas as particularidades que marcaram a evolução das cidades e consequentemente do progresso e interesse social de cada época que refletem na formação e amadurecimento dos valores atuais. Isso pode ser
62 entendido se pensarmos que “a experiência transmitida a cada
Vieira (2006) comenta que os elementos que compõe a vida
geração cristaliza um tempo vivido e outro a ser vivido”. (VIEIRA,
cotidiana da sociedade contemporânea são temporários, e, a cada
2006, p.4)
dia toma-se mais consciência dessa efemeridade. A forma como as A cidade une épocas passadas, época presentes e épocas por vir. Dentro dos seus recintos históricos, o tempo choca-se com o tempo: o tempo desafia o tempo. Porque suas estruturas duram mais que as funções e finalidades que originariamente lhe deram forma, a cidade algumas vezes preserva para o futuro ideias que foram insensatamente postas de lado ou rejeitadas por uma geração passada; mas, quanto ao aspecto negativo, transmite às gerações posteriores inadaptações que poderiam ter sido lançadas fora, caso não se houvessem materializado na cidade, deixando nela a sua marca – assim como o próprio corpo transmite, sob forma de uma cicatriz ou de uma erupção recorrente, alguma dolorosa ofensa ou desordem ocorrida há muito tempo. (MUNFORD, 1998, p.113)
pessoas se relacionam foi se desenvolvendo de acordo com a passagem do tempo, e, o amplo avanço tecnológico, transformou o estilo de vida do homem, capacitando-o a realizar diferentes tarefas ao mesmo tempo e conduzindo-o a uma vida baseada na velocidade das mudanças. Cotrim (2003) e Firmino (2005) dissertam que assim como o avanço tecnológico, o capitalismo também facilitou o processo de “virtualização” das relações pessoais. Hoje em dia o ser humano se preocupa em trabalhar e acumular riquezas, e consequentemente busca consumir os mais novos aparelhos tecnológicos lançados. Com isso, passa maior parte do tempo atrás desse objetivo, e quanto menos tempo se perde, melhor para o homem contemporâneo. A
63 vida é pautada em atividades realizadas simultaneamente, tornando
década de 70, a televisão brasileira tem o papel fundamental de
o tempo um elemento precioso.
transmitir os jogos da copa do mundo, as histórias contadas pelas
Por esta razão, foi possível perceber o quanto algumas
novelas, clipes musicais, transformando as relações interpessoais
pessoas estão engessadas e frias, incapazes de contemplar todas as
nesses encontros marcados. A imprensa, por sua vez, exprime sua
formas simples de relacionar-se com o outro através dos ambientes
função de exaltar os acontecimentos históricos do país que vive a
em que vivem. Se por um lado às tecnologias avançam olhares e
ditadura militar, despertando na sociedade a busca pelas
ampliam o campo de visão que faz a sociedade refletir e conhecer
informações que passam a ser transmitidas numa velocidade difícil
novas coisas, por outro lado distancia outras pessoas que por
de ser controlada.
diferenças culturais, sociais, mas principalmente econômicas não tem acesso às novas tecnologias. (SILVEIRA 2004; VIEIRA 2006)
A presença da internet no cotidiano da população estabelece novas formas de vivenciar o espaço. Cotrim (2003) e Silveira (2004)
De acordo com Cotrim (2003), em primeiro lugar a imprensa, o
afirmam que a partir da década de 90, o computador, o telefone, e a
cinema, o rádio e a televisão, contribuíram para que a informação
internet principalmente, permitem que a sociedade contemporânea
alavancasse a vida da população, agregando aos espaços novos
acelere ainda mais seu estilo de vida, interagindo as pessoas de
conceitos. Esses elementos propuseram formas criativas para a
forma que suas relações baseiem-se na instantaneidade consentida
sociedade contar a história a qual ela mesma estava inserida. Na
pelos equipamentos eletrônicos. Para Silveira (2004) a internet
64 tornou-se o maior influenciador das transformações humanas
iphones e tabletes (ver figura 27) chamados de tecnologias
desde
que
portáteis, são responsáveis pela aceleração do cotidiano, e
proporcionaram a evolução do conhecimento e da capacidade que
principalmente pela caracterização dos espaços que passam a ter
o ser humano tem de criar. É preciso discernir que as mudanças
públicos que contemplem um olhar diferenciado para a vida, um
ocorreram de forma marcante com a criação das mídias,
olhar que tudo vê e tudo ouve, um olhar de quem habita dois
despertando através delas a necessidade de novos meios que podem
espaços ao mesmo tempo, um olhar que se dispõe a desenvolver
expandir ainda mais a realidade humana. Essas redes de
várias atividades no mesmo instante.
sua
invenção,
através
das
grandes
pesquisas
comunicação se transformaram em elementos transitórios pela sua
Figura 27 - Tecnologias de informação
capacidade de evolução, mas estritamente necessários à vida humana, com seu papel fundamental de facilitar as funções cotidianas. Desta forma, essa nova era estabelece formas de relacionamentos e de trabalho que não existiam antes da revolução tecnológica.
O aperfeiçoamento dos telefones celulares corresponde a esta
Fonte: http://blog.beabyte.com.br/2013/04/dilma-
expectativa de evolução tecnológica. Atualmente os smartphones,
smartphones/ acessado em 23/10/13 às 21:35
assina-decreto-que-ira-baixar-o-preco-dos-
65 Silveira (2004) complementa dizendo que cada dia mais tecnologias com acesso a internet compõe tanto o cenário doméstico, das casas, como o público, como escolas, bibliotecas, café’s, parques e praças. Não são apenas meios de comunicação e máquina de trabalho, mas meios de interação que contribuem expressivamente para a forma com a qual a sociedade se organiza.
Os estudos apontam que a presença dessas tecnologias na vida cotidiana está cada dia maior, visto que estarão sempre em evolução, contribuindo para o progresso da sociedade em torno deste novo conceito de tempo-espaço cibernético. “Talvez o que melhor definirá o processo de transformação da sociedade nas próximas décadas será uma permanente evolução, sem transição, uma sucessão contínua de tecnologias, comportamentos e modos de vida, numa palavra, de tempo-espaço sempre novo”. (VIEIRA, 2006, p.5)
Um exemplo de que a presença da internet no espaço urbano está em ordem crescente é que, segundo as informações do site “catraca livre”, a partir de 2014, 300 mil orelhões terão internet grátis disponíveis por quinze minutos (ver figura 28). Os orelhões serão mantidos nos locais onde são utilizados, correspondendo a 30% do total, e cerca de 40% serão desativados. Ainda na pesquisa, ficou constatado que 53% dos aparelhos vendidos são smartphones, ou seja, aparelhos que possibilitam seus usuários estarem conectados à internet a qualquer momento. A sociedade do consumo transferiu seu ideal de vida para a aquisição de tecnologias cada vez mais leves, finas, e ágeis quando conectadas à internet.
66 Figura 28 - Orelhões com wifi disponíveis.
Fonte: http://catracalivre.com.br/geral/cidadania/indicacao/300-mil-orelhoes-terao-sinal-de-wi-fi-no-pais/ acessado em 02/10/13 às 15:30
67 Várias iniciativas mostram esta “nova cara” assumida pela sociedade do século XXI e rondam os meios de comunicação. O documentário “Assim é o mundo das pessoas que não tem smartphones” disponibilizado pelo site failwars mostra que a configuração atual é de uma sociedade “hiperconectada”, veloz e sagaz, uma resposta à velocidade atingida pela informação, cujos acontecimentos repercutem imediatamente na vida cotidiana. Por esta razão, a nova atualidade define o fator tempo-espaço como algo efêmero, breve, passageiro.
Figura 29 - Jovens e o uso da tecnologia.
A crítica do vídeo é que os jovens quando se encontram passam a maior parte do tempo conectados em seu mundo virtual, e quando não estão juntos, se comunicam cada qual em seu espaço. Hoje não é necessário sair de casa para dar avisos a ninguém, e com isso nos tornamos seres sedentários e paralisados, buscando todos os meios que facilitam as tarefas do nosso dia a dia. (ver figura 29)
Fonte: http://www.failwars.blog.br/videos/pior-pesadelo-de-qualquer-pessoa-nostempos-modernos/ acessado eim 16/10/2013 às 22:00h
68 A arquitetura contemporânea contemplou esse grande
Figura 30 - Uso da tecnologia em espaços públicos.
avanço tecnológico e a informação, que era antes condicionada ao jornal ou à revista, ou até mesmo à televisão, já não está necessariamente presa no computador. O aprimoramento da tecnologia, com as tecnologias portáteis, fáceis de carregar, permitiu que a informação estagnada do século passado, ganhasse velocidade e fosse parte integrante do dia a dia da sociedade: a informação está nas padarias, nos restaurantes, nas praças, no hospital, no escritório, no trânsito, nas escolas. Enfim, a informação
Fonte: http://www.failwars.blog.br/videos/pior-pesadelo-de-qualquerpessoa-nos-tempos-modernos/ acessado em 16/10/2013 às 22:00h
está em toda parte e a qualquer hora, ela está no bolso e o acesso a ela pode ser a qualquer instante. Percebe-se que isso modifica o uso
Porém, esse novo público estabelece novas diretrizes e constituem
do espaço que já tem uma finalidade pré-estabelecida, como no
primordialmente uma nova ação aos ambientes: acessar a internet
caso da praça que promove aos seus usuários que usufruem do
(ver figura 30).
balanço para o livre ato de balançar.
69 O documentário ilustra também uma preocupação ainda maior,
imagem 31). As informações produzidas pelas TICs9 geram ao todo
quando as tecnologias de comunicação e informação são usadas de
imagens, vídeos e sons sendo possível levantar um questionamento:
forma excessiva para o registro de momentos em eventos
até que ponto é saudável utilizar deste tipo de procedimento para
proporcionados pelo cotidiano, como uma festa de aniversário (ver
compartilhar momentos vividos?
Figura 31 - Uso da tecnologia em eventos. Com a análise de todos os dados descritos determina-se que a internet tornou-se um elemento primordial da vida das pessoas, capaz de modificar a forma como elas se relacionam, acelerando a comunicação e diferenciando o uso dos espaços, que ganharam públicos que são conectados vinte e quatro horas por dia e, portanto necessitam de meios que estimulem a permanência dos Fonte: http://www.failwars.blog.br/videos/pior-pesadelo-de-qualquer-pessoanos-tempos-modernos/ acessado eim 16/10/2013 às 22:00h
9
Tecnologia de informação e comunicação
mesmos no ambiente.
70
2.2.1 Seminário corpo x espaço x tecnologia A sede de transformar o mundo e proporcionar sempre algo novo para o ser humano é uma estratégia almejada por grandes empresas, que tentam a todo custo responder às expectativas criadas pelos consumidores de uma experiência de vida diferenciada. As novas formas de sociabilidade desejam expandir o conhecimento humano, transgredindo sua capacidade de evoluir e criar novas técnicas. É o que o documentário “Sight” exibido durante o seminário “Corpo x Espaço x Tecnologia” realizado no dia 11 de outubro de 2013 no Unileste, e ministrado pelo arquiteto e urbanista Wanderson Garcia, determina para a sociedade contemporânea em um futuro talvez bem próximo.
Dentre os assuntos abordados, podem-se citar dois grandes exemplos de que a tecnologia está sempre em evolução, procurando atender cada vez mais os anseios do ser humano. A inserção de novas lentes de contato com conexão à internet no mercado substitui o uso das tecnologias de comunicação e informação convencionais utilizadas ultimamente.
71 Figura 32 - Documentário Sight
No momento de troca de informações com outra pessoa, as lentes Fonte: http://www.hypeness.com.br/2013/10/brilhante-animacaofaz-reflexoes-sobre-nossa-vida-real-e-virtual/ acessado em 07/11/2013 às 09:30
Figura 33 - Documentário Sight
formulam imagens que tecem o imaginário humano, mas que não existem no mundo físico, e por isso só podem ser visualizadas pelo usuário da lente. São, portanto, imagens que transferem informações da vida das pessoas através do que as mesmas publicam nas redes sociais (ver figura 32 e 33). Por isso, existe a possibilidade de tecer um diálogo físico e ao mesmo tempo ter acesso á redes sociais em geral.
Fonte: http://www.hypeness.com.br/2013/10/brilhante-animacao-faz-
reflexoes-sobre-nossa-vida-real-e-virtual/ acessado em 07/11/2013 às 09:30
72
Isso mostra que a inserção do google glass já não é novidade, mesmo sendo um dispositivo mais ágil e prático do que os celulares
Figura 34 – Google Glass
e tabletes usados atualmente (ver figura 34). Ao invés de um dispositivo visível, a partir de 2014, segundo a informação apresentada pela revista Veja, as lentes de contato devem chegar ao mercado. Percebe-se que as pesquisas científicas estão em busca constante do aperfeiçoamento das técnicas que os seres humanos utilizam para realizar as tarefas do cotidiano, uma resposta a uma evolução dos princípios e valores determinados de cada era populacional.
Fonte: http://www.apolorama.com/2013/02/google-glasses-asi-se-
ve-y-asi-funciona/ acessado em 12/11/13 às 15:00
73 2.3 O que é virtual, o que é real e o que é físico? Os conceitos de virtual e real estão sendo muitos usados depois da explosão tecnológica ocorrida após os anos 90, e com a progressão contínua e estimulante desta área que caracteriza eficazmente a população, esses termos ganham espaço nas discussões em todo o mundo gerando um questionamento: o virtual é real? Muitas vezes entende-se o virtual como algo que não seja real, transmitindo considerações que não pontuam de forma energética qual campo de definição essas palavras estão inseridas. (LÉVY, 1996)
Lévy (1996, p.15) comenta que “a palavra virtual vem do latim medieval virtualis, derivado por sua vez de virtus, força, potência” e explica o sentido segundo três vertentes: técnico, filosófico e corrente. A filosofia defende que virtual se refere a tudo que não foi concretizado, mas existe em “potência”10. Já o sentido corrente denomina que o que é virtual não é real, concretizando a realidade como “uma efetivação material, uma presença tangível” (LÉVY, 1999, p.47). Em suma, considera-se que “é virtual toda entidade “desterritorializada”, capaz de gerar diversas manifestações concretas em diferentes momentos e locais determinados, sem, contudo estar ela mesma presa a um lugar ou tempo em particular.” (LÉVY, 1999, p.47).
O conceito da palavra real segundo o dicionário de Silveira Bueno (1996) é aquilo “que existe de fato”, ou que é “verdadeiro”. E o que é físico? A palavra físico é denominada pelo dicionário Silveira Bueno (1996, p.297) como o “conjunto das qualidades exteriores e materiais do homem”
10
Termo utilizado por Pierre Lévy no livro Cibercultura.
74 e também a qualidade de “material”. Desta forma entende-se que o encontro pessoal que tem a presença corporal de duas pessoas em um mesmo espaço é estabelecido como encontro físico presente de matéria tanto do espaço quanto do corpo humano.
Considera-se, portanto, que “o virtual não “substitui” o “real”, ele multiplica as oportunidades para atualizá-lo” (LÉVY, 1999, p.88) tornando as relações virtuais pelas suas características, reais. Por exemplo, quando duas pessoas relacionam-se em espaços virtuais, denominado ciberespaço, pode-se concluir que são encontros reais, mas ausentes de fisicalidade humana.
Para estabelecer essas relações virtuais entre as pessoas encontram-se no mercado consumidor diversas tecnologias de informação já citadas acima. Essas novas tecnologias usam da natureza concreta para explorar a dimensão de comunicação e de impulsos eletrônicos que determinam uma nova dimensão entre tempo e espaço, construindo a dimensão de ciberespaço-tempo (VIEIRA, 2006). 2.4 Estudo sobre o ciberespaço e sua relação com o corpo humano “O ciberespaço não compreende apenas materiais, informações e seres humanos, é também constituído e povoado por seres estranhos, meio textos meio máquinas, meio atores, meio cenários: os programas. Um programa, ou software, é uma lista bastante organizada de instruções codificadas, destinadas a fazer com que um ou mais processadores executem uma tarefa. Através dos circuitos que comandam, os programas interpretam dados, agem sobre informações, transformam outros programas, fazem funcionarcomputadores e redes, acionam máquinas físicas, viajam, reproduzem-se ect.” (LÉVY, 1999, p.41)
75 Segundo Baldanza (2006), o mundo contemporâneo por meio das novas tecnologias de informação e comunicação, permite que os grupos sociais se encontrem mesmo que não esteja fisicamente no mesmo local, este denominado ciberespaço. Segundo Lévy (1999) ciberespaço é o local onde se encontram as redes digitais. É um espaço que possibilita a troca de informação aberta quando existem vários computadores conectados entre si, mas que incluem também a comunicação via telefone por serem fontes de transmissão de informações digitais. “O ciberespaço permite a combinação de vários modos de comunicação. Encontramos, em grau de complexidade crescente: o correio eletrônico, as conferências eletrônicas, o hiperdocumento compartilhado, os sistemas avançados de aprendizagem ou de trabalho cooperativo, e, enfim, os mundos virtuais multiusuários.” (LÉVY, 1999, p.104)
Através disso são definidas algumas funções do ciberespaço, dentre elas o acesso à distância quando duas pessoas se comunicam em continentes opostos; a comunicação através de memórias compartilhadas tornando possível “(...) ler um livro, navegar em um hipertexto, olhar uma série de imagens, ver um vídeo, interagir com uma simulação, ouvir uma música gravada (...)” (LÉVY, 1999, p.94) ao mesmo tempo; e a “transferência de dados11” através da troca de arquivos entre “memórias digitais12”. Em suma, o ciberespaço é um local onde acontece a busca pela comunicação e informação através de ações digitalizadas, ou seja, “o ciberespaço-tempo é a configuração tempo-espaço onde se processam
11 12
as
diferentes
formas
de
Termo utilizado por Pierre Lévy no livro Cibercultura. Termo utilizado por Pierre Lévy no livro Cibercultura.
intercomunicação,
em
sistemas
de
redes”
(VIEIRA,
2006,
p.1).
76 Deste modo, classificam-se duas formas de organização: o campo físico, denominado pelos computadores e as ações desenvolvidas neles, e o campo virtual, sendo a transmissão da informação por meio de vias eletrônicas que a transformam em códigos. Portanto, o ciberespaço é ao mesmo tempo físico e virtual e está presente em todos os locais, criando uma nova realidade espacial no mundo contemporâneo. As ideias de espaço e tempo passam por conceitos que permitem compreender como ocorreu a mudança de paradigma da sociedade com as transformações tecnológicas. O espaço contempla a materialidade, e o tempo fala das transformações dessa matéria. “O tempo para nós é um signo, uma simbologia para marcar os eventos físicos e sociais” (VIEIRA, 2006, p.3). Então, o ciberespaço pode ser definido como espaço real, mas
concretizado
na
virtualização
de
imagens,
sons,
signos,
que
torna
a
informação compreendida de forma diferente no âmbito tempo-espaço, porque a presença passa de física para virtual, ou seja, “o ciberespaço encoraja um estilo de relacionamento quase independente dos lugares geográficos (telecomunicações, telepresença) e da coincidência dos tempos (comunicação assíncrona).” (LEVY, 1999, p.49)
A virtualização da realidade é o que acontece com o intermédio das tecnologias para as relações pessoais, e é vista como contraditória, pois abrange o campo material e imaterial, transpondo aquilo que não pode ser tocado pelo corpo físico, mas pode ser sentido através de signos. O significado de tempo e espaço criados pela cibernética pode ser ausente de matéria física, mas não tira a realidade conquistada pelo corpo físico e real que concretiza as ações. (BALDANZA, 2006; VIEIRA, 2006)
77 “O tempo da ação e o espaço onde ela se opera é uma realidade dissociada do concreto, do conhecido pela percepção direta, onde os fluxos de desejos circulam por vias não identificáveis materialmente, mas tão verdadeiras pelos efeitos que produzem e pela carga de signos e significados que traduzem” (VIEIRA, 2006, p.5)
Nota-se que, além da falta da presença física no ambiente virtual, há também a ausência da expressão do corpo que é acompanhada pela fala, dificultando consequentemente o entendimento das intenções propriamente ditas das palavras escritas, deixando a cargo do receptor a interpretação da mensagem recebida. Silveira (2004) complementa que na teoria cibernética, o uso dessas novas tecnologias com acesso a internet permitem que a comunicação seja quase uma extensão do corpo físico do homem, e isso influencia o comportamento das pessoas que adquirirem posturas em determinadas ocasiões que acabam criando novas formas de se identificar com os conteúdos expostos nas redes eletrônicas.
Para Baldanza (2006) e Vieira (2006) há uma infinidade de caracteres nos sites de relacionamentos que funcionam como “corpos virtuais”, e tentam suprir a presença do corpo humano, externando emoções e sentimentos através de signos, pontuações e repetições de letras. É através desses “corpos virtuais”, expressão utilizada por Baldanza (2006) que é possível tornar o mundo virtual uma extensão do corpo físico. São comportamentos humanos traduzidos em imagens, textos e sons, transferidos ao corpo do outro através da digitação, que difere-se do estímulo criado através do toque. Percebe-se que este tipo de relação ultrapassa os limites da tela do computador e passa a fazer parte do mundo físico.
78 Para os autores, esses códigos funcionam como emoções corporais e
satisfação do aluno Luís. A troca de informações é através da
tentam reproduzir de forma fiel as expressões faciais que
escrita, mas adquiri todos os aspectos dos meios de comunicações
determinado diálogo tenha como finalidade transmitir. Entretanto,
virtuais, com o emprego de signos próprios do mundo virtual que,
no encontro físico, essas expressões corporais são visivelmente
como já mencionados, demonstram as expressões corporais.
perceptíveis pelos sentidos humanos. Isso demonstra que a
Transferindo a ação virtual para o espaço físico com a presença
finalidade do ciberespaço é fazer com que o corpo físico torna-se
corporal da professora e do aluno imagina-se que os símbolos
cada dia mais presente nele, já que existe uma renovação constante
usados sejam transformados em um abraço ou aperto de mão,
dessas figuras disponibilizadas pelos
websites. Através de
observação nota-se que os quadros das salas de aula também são utilizados como sala de bate-papo online, ou chat do facebook ou
transferindo novos olhares para uma relação interpessoal. Figura 35 - Comunicação virtual sem o uso de tecnologias de informação com acesso à internet.
Skype, ou seja, são ambientes físicos que funcionam como um
ciberespaço. Ao entrar numa determinada sala de aula, ressalta-se que os professores e alunos trocam mensagens, como: “Luís, Muito obrigada!!! Kênia. Como resposta, a professora recebe: ok, de nada:)” (ver figura 35). O uso de muitas exclamações sugere que a professora Kênia ficou muito agradecida, e do signo :) indica a
Fonte: Sala dos professores do Centro Universitário do Leste de
Minas Gerais, registrado pela autora em 17/10/2013 às 08:30.
79 Ao estudar todas as tecnologias específicas de cada época é perceptível que a escrita aproximou várias populações, mas que de certa forma foi uma técnica que também extinguiu o corpo físico das relações sociais. Baldanza (2006) esclarece que o telefone celular, por exemplo, permite o retorno imediato durante a troca de informações, e mesmo que o corpo se separe da voz, a cultura do outro permanece intacta na fala sendo possível perceber o sotaque, que revela a região, onde mora e a idade da outra pessoa. Por sua vez, a correspondência, através da apresentação dos endereços como peça chave para o envio das mensagens pelos correios, permite que ambos os indivíduos decidam visitar um ao outro por meio da presença física, ao invés de enviar uma simples carta.
Mesmo sendo um tipo de relacionamento virtual, o uso de cartas, que muitas vezes torna a relação com o outro, mais íntima e pessoal, foi substituído pelo uso das redes sociais. Porém, o tempo de escrita e envio de uma carta é maior quando comparado à mesma ação utilizando o mundo virtual, mesmo que através dele não seja possível perceber as características da pessoa com a qual estabeleça uma relação. Os resultados de uma conversa usando o facebook ou skype são instantâneos, diferentemente quando temos que esperar por cinco dias para recebermos uma correspondência pelo correio. Em contrapartida, aumentou o número de pessoas com as quais o homem conversa, ampliando seu convívio virtual, já que por timidez muitas pessoas aproveitam da internet para expressar suas opiniões.
Em suma, o mundo virtual é quase um mundo a parte do físico e paralelo, capaz de estimular sensações, desejos, anseios e sentimentos bem parecidos com todos os elementos que caracterizam a vivência do mundo físico. Isso ocorre porque o corpo que estabelece as relações no
80 mundo virtual é físico, real, dotado de todas as percepções de um ser humano qualquer. Isso transfere uma conduta responsável para este mundo virtual, uma conduta que imprimi um sentido único na existência cotidiana. (SILVEIRA, 2004).
Mesmo antes do surgimento da internet já existiam outras tecnologias que proporcionavam a comunicação à distância, como foi relacionado anteriormente com a invenção do rádio, teleférico, televisão e telefone. Porém, segundo Baldanza (2006), existe um ponto que torna a internet totalmente diferente das outras tecnologias relacionadas: muitas vezes é possível estar mais presente por ela do que pelo telefone, por exemplo. Isso acontece devido às possibilidades da visão do local e da pessoa com a qual dialoga através de chamadas de webcams, diferentemente de uma ligação cujas teclas do telefone escondem o ambiente em que os indivíduos estão presentes.
Por sua vez, a relação virtual mediada pela internet só tem hora de largada quando se estabelece a conexão com a rede, e somente assim as pessoas são chamadas a iniciarem uma conversa. Da mesma forma que é fácil iniciar um diálogo com o uso da internet, também fica fácil terminá-lo, gerando uma comparação inevitável com as relações interpessoais, cujo abandono da conversa provocaria muito constrangimento ao deixar a outra pessoa falando sozinha. (BALDANZA, 2006)
Além disso, o uso da internet propicia aos navegadores iniciarem uma conversa com outra pessoa e ao mesmo tempo navegar por diversos tipos de sites, disseminando a cultura de um ser humano que realiza diversas ações num mesmo momento. Conclui-se que a internet não
81 surgiu com o intuito de eliminar o contato face a face das relações sociais, mas apresentou-se como instrumento que potencializou o acesso às informações, deixando claro que o controle do acesso quem determina é quem utiliza. 2.5 Perfil dos usuários que usufruem de tecnologias de informação e comunicação Ainda comparando os diferentes tipos de tecnologias que exercem seu papel mediador entre as relações pessoais citadas anteriormente, presume-se que a questão do anonimato é uma peculiaridade específica alcançada pela internet, onde é possível assumir diferentes personalidades através de um só corpo, contribuindo com a circulação de informações falsas e com a falta de credibilidade adquirida por alguns meios de comunicações. Como é difícil controlar o que é publicado na internet, ocorre com frequência a transmissão de vírus, invasão de páginas de relacionamentos por hackers, o acesso a sites de pornografia infantil e a propagação de mensagens de criminosos. Por outro lado, possibilita que a sociedade se agrupe e movimente-se a favor de um mundo mais justo e solidário, de uma política capaz de transformar as realidades sociais que favorecem apenas uma minoria populacional. (BALDANZA, 2006; SILVEIRA 2004)
Apesar de a inserção tecnológica ter alcançado êxito apenas em 1990, sabe-se que a maior parte da população mundial já aderiu a este novo estilo de vida. Silveira (2004) afirma que pessoas acima dos 40 anos que possuem as tecnologias, geralmente as usam para realizarem tarefas que antigamente eram efetivadas sem o uso dessas novas mídias, tais como: substituir ligações telefônicas e o envio de cartas pelo correio para o envio de e-mails, usar os sites eletrônicos para a busca de informações, pesquisas e compras.
82 Já crianças, adolescentes e adultos usam a internet para conhecer novas pessoas, instigando a formação de grupos sociais de acordo com interesses comuns. Silveira (2004) ressalta que esses grupos existem há muito tempo, porém em proporções físicas, quando nas escolas cada turma era formada por agrupamentos de interesses, como, por exemplo: os meninos que gostavam de futebol, as meninas que gostavam de dançar, o grupo dos mais populares, os grupos dos nerds (termo que denominava o tipo de aluno que tinha o maior rendimento da classe).
Esses tipos de relacionamentos podem ficar estritamente dependentes das mídias, como também podem ser apenas um passo para transportálos para o campo do relacionamento físico. Silveira (2004), usar a internet para realizar ações como troca de e-mails, exposição de ideias para discussão, conversar em salas de bate-papo e ganhar grande número de “likes” no facebook é o que ilustra o fato de determinado número de pessoas pertencerem a uma turma, que na contemporaneidade é denominado grupo eletrônico. A televisão perde seu espaço principal alcançado durante a década de 70, e essas novas tecnologias quando acessadas à internet tornam-se mais atrativas para os mais jovens.
Igualmente, segundo dados do IBGE, os jovens ainda são o público que mais acessa à internet, contribuindo para um maior percentual entre 15 e 19 anos. As pesquisas também mostram que em 2011, o maior aumento foi entre 25 a 39 anos de idade. O acesso à internet também abrange às pessoas de 50 anos ou mais de idade, contemplando um aumento de 11,1% em seis anos. No total, observa-se que a partir de 2011 o maior aumento ocorreu em pessoas a partir de 30 anos de idade, principalmente em pessoas de 50 anos ou mais de idade. Porém, o maior percentual de acesso à internet ainda está dedicado aos jovens a partir dos 10 aos 30 anos de idade (ver figura 36).
Figura 36 - Dados de pesquisa do IBGE sobre acesso à internet.
Figura 37 - Dados de pesquisa do IBGE sobre existência de
83
computador com acesso à internet em domicílios.
Fonte: ftp://ftp.ibge.gov.br/Acesso_a_internet_e_posse_celular/2011/PNAD_Inter_2011.pdf acessado em 02/10/13 às 15:30 Fonte: ftp://ftp.ibge.gov.br/Acesso_a_internet_e_posse_celular/2011/PNAD_Inter_2011.pdf acessado em 02/10/13 às 15:30
Em 2011, foi possível constatar também que aumento em 5,2% o número de moradores acima de 10 anos de idade que usufruem de computadores com acesso à internet nos próprios domicílios. De
Falar do acesso à internet pressupõe que existe alguma tecnologia
qualquer forma, vale ressaltar que ainda existe uma parte da
que está sendo usada, e várias foram citadas, como computador,
população que mesmo tendo os serviços em casa elas optam por
telefone celular e suas inovações. De acordo com o IBGE, de 2055
não acessar a rede. Contata-se também que cresceu em 13,7% a
para 2011 o percentual de domicílios que possuem computadores
quantidade pessoas que procuram outro local para se conectarem a
passou de 14,6% para 39,4% (ver figura 37).
internet por não possuírem o aparelho em casa (ver figura 38).
84 Figura 38 - Dados de pesquisa do IBGE sobre existência e uso de computador com acesso à internet em domicílios
A posse de telefone celular móvel também foi contabilizada, e segundo as pesquisas do IBGE de 2005 à 2001 houve um crescimento de 107,2%, confirmando com o aumento de 9,7% da população de 10 anos ou mais de idade (ver figura 39).
Fonte:ftp://ftp.ibge.gov.br/Acesso_a_internet_e_posse_celular/2011/PNAD_Inter_201 1.pdf acessado em 02/10/13 às 15:30
Figura 39 - Dados de pesquisa do IBGE sobre posse de telefone celular. Se formos dividir os grupos de acordo com idades, as pesquisas do IBGE mostram que o aumento dos percentuais abraçaram os grupos de 10 à 34 anos de idade, chegando a 83,2% de pessoas que possuem aparelho celular. As proporções tiveram declínio entre os grupos de 35 anos ou mais de idade, sendo que no grupo de 60 Fonte:ftp://ftp.ibge.gov.br/Acesso_a_internet_e_posse_celular/2011/PNAD_Inter_201 1.pdf acessado em 02/10/13 às 15:30
anos ou mais de idade o percentual de pessoas que possuem celular chegou a 43,9% (ver figura 40).
85
Figura 40 - Dados de pesquisa do IBGE sobre posse de telefone celular por idade
A tecnologia tornou-se, portanto, um amplificador da informação, que pode de certa forma tirar a pessoalidade dos encontros, muitos deles feitos pelas redes sociais, mas tem o papel fundamental de facilitador da comunicação. E através disso, os espaços urbanos ganharam preocupações como o uso da internet sem fio,
a
digitalização
da
informação,
formando um estilo único para a vida Fonte: ftp://ftp.ibge.gov.br/Acesso_a_internet_e_posse_celular/2011/PNAD_Inter_2011.pdf acessado em 02/10/13 às 15:30
contemporânea, marcada pela velocidade das mudanças.
86
2.5.1 Perfil dos usuários e o uso abusivo de tecnologias Existem diversas pesquisas que analisam os efeitos do uso das tecnologias na sociedade, pontuando seu grau de influência, sobretudo sobre a forma que as relações interpessoais são estabelecidas. De acordo com informações do vídeo disponibilizado pelo site “hypeness”, a psicóloga Sherry Turkle discorre sobre o uso das novas tecnologias e como o ser humano estabelece o controle de suas ações através das redes sociais e a conexão constante. Sherry relata que a primeira entrevista veiculada em 1996 aconteceu no momento em que a internet se tornava um grande atrativo mundial, através do convívio das salas de bate-papo e comunidades virtuais. Era um momento de muita empolgação com as novas tecnologias, e acreditava-se que seria possível aprender mais sobre a identidade humana.
Em 2012, a psicóloga voltou a explanar ao público sobre o mesmo assunto. Mas 16 anos são suficientes para que a profissional mudasse o discurso, completando que as pessoas utilizam a tecnologia para se transportarem a lugares que muitas vezes não querem estar presentes. A pesquisa contou com uma rede de entrevistas que englobaram desde jovens até idosos, constatando que essas tecnologias portáteis, são potentes dispositivos que afetam o psicológico das pessoas, modificando tanto o que elas fazem quanto o que elas são. Para exemplificar, a psicóloga diz que os seres humanos determinam ações cotidianas que anos atrás poderiam parecer estranhas e até mesmo muito intrigantes, como: enviar
email e sms durante reuniões de empresas; enviar sms ou acessar ao facebook enquanto fazem compras, assistem aulas ou apresentações.
87
Outras ações que são corriqueiras e bem comuns, descrevidas no
Figura 41 – Jovens e o uso de tecnologias
vídeo, ajudam a criar no imaginário humano as consequências do uso inconsciente das novas tecnologias. Pais acostumados a enviar
email e sms enquanto os filhos reclamam que não tem atenção e, estes, quando estão juntos com outros jovens colocam sua atenção às tecnologias, “ficando juntos quando não estão juntos” de fato (ver figura 41). E, porque isso é tão importante? Segundo a pesquisa feita por Sherry, o ser humano cria problemas que afetam tanto os relacionamentos
interpessoais,
quanto
a
capacidade
de
autorreflexão, característica do ser humano em geral, ou seja, tudo aquilo que está relacionado ao autoconhecimento.
Fonte: http://www.hypeness.com.br/2013/10/brilhante-animacao-faz-
reflexoes-sobre-nossa-vida-real-e-virtual/ acessado em 12/11/13 às 08:00
88 Essa nova forma de sociabilidade surgiu no final do século XX: “estar a sós juntos”. As pessoas almejam estar acompanhados, e ao mesmo tempo também desejam estar conectados em lugares diferentes, conduzindo ao controle natural exercido por cada pessoa por aquilo que mais o chama a atenção. Ou seja, o fato de estar presente na reunião, não impede que a atenção dada seja somente a aquilo que interessa a cada um presente no local.
Sherry relata que o ser humano precisa do contato “face a face”, principalmente quando o público alvo são os adolescentes. Um jovem de 18 anos, que escreve sms para quase todas as ações do cotidiano, diz com pesar: “um dia gostaria de aprender a conversar”. A investigação produz inquietações nas pessoas, chegando ao ponto de descobrir que o problema das conversas realizadas em tempo real é o fato de não ter o controle do que vai dizer ao outro. Desta forma, as conversas virtuais podem passar identidades falsas, ou puramente ilusórias, mas criadas por uma própria pessoa.
O uso de email, sms, e postagens no facebook e instagran permite às pessoas editar uma identidade, o que não corresponde com que ela é de verdade. O rosto, a voz, o corpo, são modificados o necessário para que a satisfação seja alcançada com aquilo que foi criado na memória como ideal de vida. Esse tipo de relacionamento não permite que as pessoas se conheçam melhor, impedindo que entendam uns aos outros.
89
As redes sociais são tão atraentes pelo fato de existirem muitas pessoas ouvindo ao mesmo tempo, mas dá a sensação de que ninguém está ouvindo de fato. E isso é o que a torna atraente, passamos a querer a companhia de tecnologias que parecem gostar de humanos. Isso levanta uma questão: será que a confiança depositada uns dos outros foi perdida? A profissional diz que “esperamos mais da tecnologia do que um do outro”. A tecnologia oferece a ilusão do companheirismo, sem exigir de fato a amizade de alguém. As tecnologias oferecem três ilusões, são elas: são capazes de mudar as mentes e sentimentos: permitem a concentração onde quer que se deseje, e qualquer pessoa será sempre ouvida e nunca ficará sozinha.
90 Muitos problemas surgiram com os efeitos dessas três ilusões descritas pela psicóloga. Ficar parado no sinal vermelho e em filas de caixa tornou-se uma dificuldade, resolvida com a conexão. Nesse momento em que as pessoas estão sozinhas, muitas são acometidas pela ansiedade, síndrome do pânico e inquietação, automaticamente buscam os dispositivos para saciarem suas aflições. A conexão aparece como um sintoma, e menos como uma cura desses sentimentos.
E mais que isso, a conexão está modificando a maneira como as
Figura 42 – Eu compartilho, portanto existo
pessoas pensam sobre elas mesmas, e como Sherry diz “está modelando uma nova maneira de ser”, e como exemplo tem-se: “eu compartilho, portanto existo” (ver figura 42). A tecnologia está
sendo
usada
compartilhamos
para
definir
pensamentos
e
“quem
somos,
sentimentos”.
O
quando grande
problema desse novo sistema de sociabilidade humana é que a falta de conexão gera o sentimento de falta de conhecimento de si mesmo, e por este motivo o acesso à internet é frequente durante o decorrer do dia.
Fonte: http://www.hypeness.com.br/2013/10/brilhante-animacao-faz-
reflexoes-sobre-nossa-vida-real-e-virtual/ acessado em 12/11/13 às 08:00
91
A psicóloga não descarta o uso das tecnologias e suas redes sociais, mas alerta que a internet não propicia ao ser humano a construir habilidade para estar sozinho, justamente porque a solidão é onde cada pessoa encontra-se para poder alcançar os outros e, portanto formar ligações reais. Quando essa relação de aprendizagem não acontece, o ser humano procura outras pessoas para se sentir menos ansioso, e como consequência não se torna capaz de apreciar quem elas são de verdade. Ou seja, estar sempre conectado trará uma falsa segurança de que o ser humano estará menos sozinho. Mas Sherry comenta que é o contrário, e se cada pessoa não for capaz de ficar sozinha, a mesma se sentirá ainda mais solitária.
Para exemplificar os relatos acima, uma reportagem veiculada pela rede de televisão Record apresentado no dia 9 de outubro, no programa diário Jornal da Record, mostrou como o consumo dessas tecnologias tem afetado de forma surpreendente o ser humano. Uma criança de apenas quatro anos é prefere brincar fazendo o uso de tecnologias de informação e comunicação, ao invés de usar seus brinquedos convencionais. Para o psicólogo e professor Cristiano Nabuco, coordenador de um grupo de estudos sobre dependência tecnológica na USP, não é recomendado que crianças de até nove anos de idade utilizem esse tipo de tecnologia, pois o mundo ao qual ela está adentrando é de uma imensidão tamanha que é impossível saber qual tipo de conteúdo ela terá acesso, gerando consequências graves, tais como: bulling e assédio sexual. O psicólogo também alerta que esta faixa etária é a fase em que a criança desenvolve as habilidades sociais, ou seja, durante
92 esta fase da infância a criança desenvolve as formas com as quais ela se relaciona com o outro e o uso contínuo de tecnologias faz com que a criança “feche os olhos” para essa fase da vida, podendo gerar problemas de relacionamentos no futuro.
O profissional explica que o uso abusivo de celulares em jovens e adultos provoca a dependência, enfatizando que todas as vezes que a tecnologia for um instrumento ao qual o ser humano utiliza para descarregar as emoções, fugindo de problemas ou momentos de irritações e desprazer, o cérebro vai entender que esse tipo de comportamento é fonte de prazer, logo o corpo precisará insistentemente de mais horas navegadas para ter esse tipo de prazer novamente, transformando essas ações em válvula de escape.
A reportagem ainda cita uma mulher que está em tratamento sobre a dependência de celular. Habituou-se em dormir com o telefone celular ligado e embaixo do travesseiro e utilizava com frequência o celular para se comunicar com outras pessoas da mesma casa. A paciente sofre de síndrome do pânico associado ao uso de tecnologia.
A grande doença do mundo contemporâneo chama-se nomofobia - medo de ficar sem o celular – e o transtorno acontece quando longe das tecnologias sem internet, aparecem sintomas de angústia, nervosismo e respiração alterada. Isto é um sinal de que o ser humano está dependente da tecnologia para viver. Para que as pessoas consigam sobreviver sem que estejam conectadas durante um longo período, a Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ, criou o “DELETE”, que significa “ambulatório de desintoxicação de tecnologia”. Este grupo
93 estimula ações cotidianas realizadas ao ar livre e o controle dos acessos, contribuindo para a conscientização do público quanto ao uso das tecnologias.
Para Silveira (2004) essa cultura global que incentiva o consumo de tecnologias de informação prejudica na formação de identidades dos jovens, justamente o público que possui maior acesso a essas técnicas. Os jovens sentem-se pressionados pela grande massa de consumo do mundo globalizado e alguns grupos perdem o interesse pela cultura já definida pelo meio em que vivem, já outros rejeitam esses novos conceitos contemporâneos por justamente não corresponderem com o que acreditam, gerando a perda de identidades em seres humanos que vivem exatamente a fase de afirmação do que pensam.
Isso contribui para a formação de adolescentes e jovens depressivos, dependentes químicos, envolvidos com o tráfico de drogas e contrabando, resultando em no aumento das taxas de suicídios e principalmente o aumento da violência nas cidades. Silveira (2004) explica que isso acontece devido o acesso a essas tecnologias priorizarem determinados tipos de pessoas, de alta renda principalmente, ocorrendo uma separação entre determinada parte da sociedade que tem acesso à internet e às tecnologias mais atualizadas. Nota-se nisso a importância da conscientização quanto ao uso das tecnologias de informação e comunicação, percebendo o quanto sua influência pode gerar impactos negativos para a vida do ser humano. Mas é inevitável ponderar que os ganhos com o uso das tecnologias são incompatíveis quando comparase o estilo de vida do século passado com o século atual.
94 2.6 Interferência do uso das tecnologias de informação e comunicação na vivência do espaço arquitetônico “Os novos meios tecnológicos eletrônicos ligados à informática estão reconfigurando os espaços urbanos e as formas arquitetônicas” (DUARTE, 1999, p.116). Os espaços urbanos ganharam novos significados a partir do uso das tecnologias de informação. Estas reformulam novos conceitos para a contemporaneidade, tornando-se um referencial e uma preocupação quanto à concepção dos espaços, contribuindo para a forma como a arquitetura comunica seus valores próprios. Segundo Duarte (1999, p.135) a arquitetura virtual é aquela que: (...) “se constrói como uma interface mediada por máquinas inteligentes entre os usuários e o ambiente, numa relação comunicacional de entrada (input) e saída (output), onde cada ação do usuário se reflete no conjunto ambiental ou as próprias modificações do ambiente se refletem no apreensão espacial do usuário – essas relações traduzidas de um para o outro por computadores e dispositivos eletrônicos.
Atualmente a arquitetura tem o dever de corresponder com a demanda criada pelas novas tecnologias. Para Duarte (1999) os elementos eletrônicos surgiram e reestruturaram os locais públicos e privados, com ambientes sempre integrados uns com os outros, extinguindo uma concepção espacial que possuem programas e funções sempre constantes. Sabe-se que o espaço concebido sem a presença física não há sentido para a arquitetura, posto que um projeto é pensado e estruturado a partir de quem o utiliza.
95
O público que frequenta os espaços é diverso, mas a maioria possui dispositivos eletrônicos que favorecem no surgimento de novas percepções ambientais. E graças a esse acesso alcançar a maioria da população que isso se tornou um fator relevante na arquitetura. Esta é pensada como um espaço mediador entre corpos fisicamente presentes, mas também entre corpos físicos e virtuais. Embora os corpos virtuais não ocupem o espaço físico da mesma forma que o corpo físico, devido sua falta de matéria, se tornou presente e atuante no arquitetônico. E por isso, os dois espaços existem no mesmo instante e no mesmo local, podendo existir vários espaços virtuais dentro de um só espaço físico.
96 O projeto Biutiful idealizado por arquitetos
Figura 43 - Biutiful
romenos do Twins Studio está localizado no centro da
cidade
de
Bucareste,
na
Romênia.
Contemplando uma área total de 330m² com 120 lugares, o projeto é uma expressão do que esperase dos conceitos arquitetônicos discutidos na contemporaneidade. O espaço é denominado pub, termo
usado
também
na
Inglaterra
para
denominar os espaços onde as pessoas se encontram para conversar e relaxar, se tornando
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-133081/biutiful-twins-studio acessado em 31/10/2013 às 15:00
Figura 44 - Biutiful
um elemento atrativo das cidades. É desta forma que a obra dos romenos se destaca das demais. Há um contraste entre o meio agitado do centro da cidade e o espaço proposto pelos arquitetos, cujo objetivo é alimentar o desejo de ser acolhido e bem recebido no ambiente. (ver figura 43, 44).
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-133081/biutiful-twins-studio acessado em 31/10/2013 às 15:00
97
Essa discussão está crescente no campo da arquitetura e do urbanismo, visto que os espaços correspondem a esta demanda tecnológica, mas que ainda se posicionam a favor de um local agradável e aconchegante, que permite às relações interpessoais acontecerem em lugares com mobiliários, cores e materiais diferenciados, provocando e estimulando a vivência do espaço físico (ver figura 45). Figura 45 - Biutiful
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-133081/biutiful-twins-studio acessado em 31/10/2013 às 15:00
98
É um espaço que foi projetado com a finalidade de intermediar as relações sociais. O projeto destaca-se por sua iluminação diferenciada, que foge do padrão convencional; pela integração do mobiliário utilizado com materiais e cores empregadas que revigoram o espaço e pelo uso de caixas de som. Todos esses elementos agregados proporcionam ambientes agradáveis de permanecer com grupos de amigos, favorecendo em boas relações interpessoais. (ver figura 46, 47).
Figura 46 - Biutiful
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-133081/biutiful-twinsstudio acessado em 31/10/2013 às 15:00
Figura 47 - Biutiful
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-133081/biutiful-twins-studio acessado em 31/10/2013 às 15:00
99 Um espaço que na sua forma básica serve como atração de leitores de livros é hoje um lugar que envolve essas pessoas propondo uma nova realidade: experimentar o rápido acesso às informações através do uso das tecnologias dentro de um local que, em primeira instância, delimita o conhecimento a livros e revistas. Nos dias atuais, as bibliotecas preferem atribuir valores as pessoas que utilizam seus recursos, proporcionando o acesso às informações divulgadas pelas mídias sociais (ver figura 48), e ao mesmo tempo capacitando-os a informatizá-los com os periódicos existentes, dissipando seu campo de conhecimento.
Figura 48 - Uso de tecnologias de informação e comunicação em bibliotecas
Fonte: registrada pela própria autora no bairro Centro em Ipatinga – MG em 30/10/2013 às 15:50
100
As bibliotecas fazem parte do grupo de espaços que aderiram ao uso das tecnologias e por isso sua concepção espacial sofreu grandes mudanças que foram capazes de concretizar um novo perfil do usuário, muito bem definido a partir da acessibilidade à tecnologia de informação e comunicação. De acordo com Ribeiro (2011), as bibliotecas evoluíram suas técnicas, passando por diversos campos da tecnologia até chegar à sua configuração atual. Do pergaminho foi para o uso do CD-ROM, das fichas para a catalogação virtual, e das estantes para o banco de dados. É inútil tentar fechar os olhos para a presença das TICs no mundo contemporâneo, sua imersão no espaço atingiu um grau de pertencimento que a cada dia torna-se mais difícil imaginar as ações cotidianas sem algum tipo de influência das mesmas.
101 O projeto Biblioteca De nieuwe Almere realizado pelo Concrete Architectural Associates em 2010, na Holanda, teve o desafio de projetar uma biblioteca que tivesse como partido inicial agregar aos espaços projetados os valores conceituais que um espaço contemporâneo necessita, aderindo ao local o mundo virtual. São ao todo 5.000 metros lineares de estantes, balcões, área de internet, um café, área de estudo e um departamento de multimídia (ver imagem 49). Além dos elementos essenciais, o projeto consta com o conceito de transformar a biblioteca em um local agradável, que promove a permanência por um tempo prolongado.
Figura 49 - Biblioteca De nieuwe Almere
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-105488/biblioteca-de-nieuwe-almere-concrete-architectural-associates acessado em 31/10/2013 às 15:25
102
Como os livros ficam voltados para fora da estante e a organização é a partir de temas como juventude, cultura, saúde, viagens entre outros, eles se apresentam ao leitor, conferindo ao lugar uma característica de uma loja moderna. Ou seja, os livros são facilmente encontrados e compõe as passagens da biblioteca com suas inúmeras histórias, permitindo que os usuários encontrem locais agradáveis para sentar, ler e acessar a internet (ver imagem 50).
Figura 50 - Biblioteca De nieuwe Almere
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-105488/biblioteca-de-nieuwe-almere-concrete-architectural-associates acessado em 31/10/2013 às 15:25
104 Figura 51 - Biblioteca De nieuwe Almere
As prateleiras são configuradas de formas distintas, estimulando as sensações do corpo presente e atuante no espaço, e suas funções variam de locais para livros até para bancos, locais de trabalho, ponto de informação, balcão, sofá e iluminação, tornando-a única (ver figura 51). O café, localizado no primeiro pavimento, possui revistas e periódicos e até mesmo um bar circular onde as pessoas podem ter acesso às informações da última hora através de alguns monitores. A área interativa conta também com um setor especial para jogos e multimídia, localizado no 4º pavimento e em forma circular, transmitindo partidas ao vivo para os usuários. Contudo, o design criado foi pensado a partir das estruturas, do público-alvo e da experiência que uma biblioteca deve passar ao usuário. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-105488/biblioteca-de-nieuwealmere-concrete-architectural-associates acessado em 31/10/2013 às 15:25
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Figura 52 - Biblioteca De nieuwe Almere - Planta 1º pavimento
Figura 53 - Biblioteca De nieuwe Almere - Planta 2º pavimento
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-105488/biblioteca-denieuwe-almere-concrete-architectural-associates acessado em
Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-105488/biblioteca-de-nieuwe-almereconcrete-architectural-associates acessado em 31/10/2013 às 15:25
31/10/2013 às 15:25
106 Percebe-se que uma biblioteca não está condicionada a levar seus ocupantes a ler Figura 54 - Biblioteca De nieuwe Almere - Planta 4º pavimento
e/ou estudar, como em tempos remotos. A tecnologia
permitiu
que
o
espaço
elaborasse novas formas de sociabilidade. Os públicos das bibliotecas não estão restritos necessariamente a aqueles que gostam de ler, e a arquitetura tem um papel fundamental de reestruturação do espaço, tornando-se além de funcional, mas uma forma de suprir os anseios de um corpo contemporâneo que, descritos nos Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-105488/biblioteca-de-nieuwe-
almere-concrete-architectural-associates acessado em 31/10/2013 às 15:25
tópicos acima, estão acostumados cada dia mais a realizarem diferentes tarefas em um mesmo instante.
107 É por isso que o projeto se destaca. São agregados aos espaços em geral locais que proporcionam a leitura, o contato com o ambiente externo, o acesso à internet, o descanso e relaxamento, e também que enfatizam outras atividades que pouco se relacionam o contato com o ambiente externo, o acesso a internet, o descanso, ou seja, transformando-a em um local onde o usuário tenha uma função definida ou esteja apenas de passagem.
Nota-se que a arquitetura se transforma em um elemento primordial, capaz de interferir e manipular como o corpo deve sentir e agir dentro do espaço, principalmente intervindo na entrada, permanência e tempo de estadia. Uma arquitetura que corresponde ao programa de necessidades e que vai além, com propostas de um novo olhar sobre quem habita os espaços é capaz de se tornar única e um marco essencial para as cidades, transformando-se em um elemento capaz de adequar a arquitetura física com a virtual, demonstrando que um mundo não desvaloriza o outro, apenas se complementa.
Essa arquitetura pode se transformar em uma consolidação do mundo virtual. É o caso do projeto “The Digital House”, obra projetada pelas arquitetas Hariri & Hariri em 1998, onde é possível perceber a grande inserção tecnológica, mas na perspectiva dos espaços domésticos. O projeto explora a natureza do ambiente doméstico, estudando minimamente os detalhes da estrutura familiar que irá compor o espaço, modificando hábitos, relações, filhos, adultos e mais velhos, comunicação e tecnologias de informação, trabalho, lazer, o conceito de público e privado, a saúde e a higiene, e o conceito de corpo.
108 O projeto foi pensando a partir do conceito de que a forma da casa deve ser alterada com as mudanças ocorridas dentro das estruturas familiares, mas também ser uma resposta das modificações das necessidades de cada usuário. Partindo de uma configuração contemporânea dos lares, adquirida pelas transformações da sociedade já discutidas anteriormente, os espaços dedicados ao trabalho, à diversão, a atividades físicas e as compras estão começando a ganhar um local específico dentro das casas. Esses acontecimentos são respostas da inclusão das novas tecnologias digitais no espaço doméstico. Figura 55 - The Digital House
Fonte: http://www.haririandhariri.com/ acessado em 07/11/2013 às 17:00 A casa digital é um projeto que sobressai pela sua peculiaridade em atrair a tecnologia como parte integrante do espaço, capacitando-o a modificar as relações interpessoais. A arquitetura projetada é a resposta direta dessa inserção tecnológica. Os espaços são pequenos, mas simples e eficientes, e projetados para três pessoas independentes. Na sua totalidade, a arquitetura permite que os membros da família se interajam virtualmente e fisicamente.
109 Figura 56 - The Digital House
Os quartos da casa são dotados de equipamentos que possibilitam a gravação de sonhos, e durante o dia qualquer pessoa pode rever seus sonhos, através de uma parede do quarto. Essa mesma parede está presente também no escritório, funcionando como rascunhos ao invés de monitores individuais e na cozinha, onde qualquer usuário consegue
cozinhar
sendo ajudado por
Fonte: http://www.haririandhariri.com/ acessado em 07/11/2013 às 17:00
Figura 57 - The Digital House
um chef
virtualmente e mais que isso, jantar virtualmente com outra pessoa. As paredes onde são feitas as projeções são feitas de telas de cristal líquido. Esta proposta marca o nascimento de uma nova arquitetura, que corresponde ao fator tempo e espaço quase não atingidos antigamente (ver imagem 56,57 e 58).
Fonte: http://www.haririandhariri.com/ acessado em 07/11/2013 às 17:00
110 Figura 58 - The Digital House
Fonte: http://www.haririandhariri.com/ acessado em 07/11/2013 Ă s 17:00
111 Até os corredores são espaços que aumentam a percepção do corpo
Figura 59 - The Digital House
em relação ao ambiente, deixando de lado a concepção de espaços meramente de passagem. Esses locais de transição permitem aos moradores se desconectar por um momento, alcançando um campo de visão que direciona o olhar para outros cômodos da casa, para a paisagem exterior a casa ou para as imagens nas paredes (ver figura 59, 60).
A casa projetada pelas arquitetas é a concretização de uma
Fonte: http://www.haririandhariri.com/ acessado em 07/11/2013 às 17:00
Figura 60 - The Digital House
arquitetura que corresponde aos efeitos da tecnologia na vida da sociedade. É relevante quando se consegue pensar que a arquitetura corresponde não apenas com o corpo dentro do espaço, mas com as técnicas que podem influenciar nas ações desse corpo presente. E mais que isso, considerar que esse indivíduo está em constante transformação, fruto das evoluções provocadas pelos próprios anseios.
Fonte: http://www.haririandhariri.com/ acessado em 07/11/2013 às 17:00
112 Analisar as transformações ocorridas na
Figura 61 - Espetáculo “Tempos de Transformação” do projeto Circo Sesi
sociedade é um tema instigante que proporciona a busca do conhecimento enriquecendo o ser humano. Dentro desta questão,
o
espetáculo
“Tempos
de
Transformação” idealizado pelo projeto Circo Sesi conta a história de dois personagens
que
passeiam
pelas
transformações tecnológicas ocorridas a partir da Revolução Industrial e por isso são convidados a deixar pra trás o século XXI e suas TICs (ver figura 61) Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=rNmYv9JCbFw acessado em 06/11/2013 às 14:25
113 Dentro do espetáculo é possível perceber que
Figura 62 - Espetáculo “Tempos de Transformação” do projeto Circo Sesi
a companhia usa de projeções que compõe o cenário e ajuda na compreensão da história que é contada a partir do século XVIII. Com características circenses, os atores se reúnem e representam a grande influência que surgiu na sociedade a partir deste século: as máquinas (ver figura 62). Sem ao menos
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=rNmYv9JCbFw acessado em 06/11/2013 às 14:25
sentir o tempo passar, a história proporciona aos espectadores uma profunda reflexão
Figura 63 - Espetáculo “Tempos de Transformação” do projeto Circo Sesi
sobre a modernidade, principalmente quando o meio em que nascem as novas tecnologias de
informação
e
comunicação,
muito
presentes no século XXI, é abordado na obra (ver figura 63).
Fonte: http://www.flickr.com/photos/104687224@N02/10691883825/in/photostream/ acessado em 06/11/2013 às 14:25
114 Neste contexto nota-se que a discussão acerca do amplo avanço tecnológico está presente nos diferentes campos de conhecimento. Seja na arquitetura ou nas artes cênicas, é importante perceber que a imersão da sociedade no campo da tecnologia está em ordem crescente, determinando maneiras como as pessoas devem experimentar os espaços e estabelecer suas formas de sociabilidade.
Nesbit (2006) ressalta a importância da arquitetura no sentimento adquirido aos espaços e sua responsabilidade de corresponder com essa iniciativa. Pensar no espaço arquitetônico não como uma concepção formal simplesmente, mas como um amplo local que acolhe pessoas que já passaram por diversas experiências, e a todo o momento buscam referência de suas vivências como uma forma de identificação. A geometria do sentimento, teoria desenvolvida pelo arquiteto Juhani Pallasmaa busca valorizar o sentido intrínseco que existe na arquitetura, quando suas formas espaciais representam uma pessoa ou sua existência num determinado espaço.
A crítica de Pallasmaa é que a arquitetura perdeu com o tempo sua capacidade de comunicação e, portanto não consegue mostrar que “as formas em si não tem significado, mas podem comunicar um sentido por meio de imagens enriquecidas por associações” (NESBIT, 2006, p.481). Por isso, a vivência de um espaço arquitetônico transfere ao público conceitos que abrangem mundos conflitantes. Ao mesmo tempo o espaço arquitetônico é mental e físico, cultural e biológico, coletivo e individual, resultando na apropriação da memória, da imaginação e do inconsciente experimentado na vida para formar o sentimento vivido em cada espaço.
115 Então, pode-se concluir que o espaço físico bem trabalhado, induz e seduz a experimentação, a vivência, mas não extingue a presença do espaço virtual. São dois mundos que podem existir dentro de um mesmo local e no mesmo instante, que não se subtraem, mas se complementam. Portanto, pensar a concepção do espaço na atualidade é levar em consideração que existem dois espaços, denominados físico e virtual. O primeiro, o arquiteto possui armas para manipulá-lo e projeta através de formalidades determinadas primeiramente pelo local de inserção, e principalmente pela leitura do público-alvo. Já o segundo, desprovido de matéria e em constante transformação, que só resta agregá-lo como objeto importante e presente dentro da arquitetura.
116 3 PROPOSTA DE TCC2 Este trabalho contou com uma pesquisa profunda acerca da influência das novas tecnologias de comunicação e informação na sociedade contemporânea. Com isso foi possível identificar a interferência das mesmas na concepção dos espaços, reafirmando-as como elementos primordiais para a arquitetura. Concluindo a estrutura do trabalho a partir das referências teóricas, que proporcionaram analisar os conceitos de espaço virtual, real e físico, as obras análogas e os dados de pesquisas, o estudo direcionou-se para um projeto que permite analisar a influência das novas tecnologias nos espaços e seu reflexo nas relações interpessoais. Com a análise dos espaços físicos e virtuais e de como as relações interpessoais são afetadas pela inserção das novas tecnologias, a proposta é criar um espetáculo teatral para analisar quais os espaços foram mais eficientes em termos de divulgação do teatro e posteriormente, se o espaço físico garantiu o maior número de espectadores ou se a apresentação virtual obteve mais acesso. Com isso busca-se o entendimento da relação entre espaço físico e espaço virtual, pontuando os pontos positivos e negativos de cada um e como eles podem modificar o ambiente em que se vive e interferir nas relações sociais.
117 3.1 Metodologia A metodologia adotada é a partir da definição do público, locais de apresentação e procedimentos, este subdivide entre divulgação, forma de apresentação e análises. A estratégia é criar uma peça discutindo a forma como espaço arquitetônico influencia nas relações sociais com o uso das novas tecnologias e por isso ela será realizada em locais, dias e horários diferentes.
3.1.1 Público O público do espetáculo englobará pessoas de todas as idades para que a análise seja a partir da percepção espacial de cada grupo social. Ou seja, será possível analisar qual o percentual de crianças, jovens, adultos e idosos tiveram acesso à divulgação do espetáculo e quantos estiveram presentes em cada apresentação. A definição do público-alvo partiu da própria pesquisa, apresentando um significado específico para cada um:
Crianças: um público que usa as tecnologias de informação e comunicação de forma que sua influência interfere nas formas de sociabilização;
Jovens: segundo os dados do IBGE são os maiores consumidores de tecnologias de informação e comunicação;
Idosos: os dados do IBGE registram um aumento significativo dentre essa faixa etária da população.
118 3.1.2 Locais Foram escolhidos diferentes locais. A praça 1º de Maio localizada no Centro da cidade de Ipatinga, o teatro João Paulo II localizado nas dependências do Unileste e o canal youtube para ajudarem a compor diferentes estratégias do trabalho. São elas: A. A apresentação na praça 1º de maio (ver imagem 64) será realizada no sábado às 10 horas. O público capitalizado para este método adotado será as pessoas que passam pelo local na hora da apresentação, as pessoas que estão de folga do trabalho e quem vai aproveitar para ir ao centro fazer compras antes ou após a apresentação. No geral, é um público aberto e informal. Figura 64 – Mapa de Localização da praça 1º de Maio
Fonte: Fernanda Fontes
119 B. A apresentação no teatro João Paulo II (ver imagem 65) será realizada na sexta-feira às 20 horas. Foi adotada essa estratégia para alcançar o público que já saiu do trabalho, crianças e estudantes que estão livres. No geral, é um público forma, que se prepara para a apresentação e principalmente, cria expectativas com o espetáculo.
Figura 65 – Mapa de Localização do teatro João Paulo II
Fonte: Fernanda Fontes e http://www.jvaonline.com.br/novo_site/ler_noticia.php?id=84508 acessado em 28/11/2013 às 09:25
120 C. A apresentação será filmada e disponibilizada pela página criada especificamente para a divulgação do TCC2 através do canal
youtube (ver imagem 66). No geral, o público é caracterizado por pessoas que tem tempo e espaço pré-determinados e definidos por eles mesmos. A postagem acontecerá no domingo, para que seja possível verificar qual dia da semana houve maior número de visualização, analisando um período de 14 dias. Figura 66 – Localização do site youtube
Fonte: www.youtube.com.br acessado dia 28/11/2013 às 00h
121 3.1.3 Divulgação Cada apresentação terá uma forma de divulgação diferenciada e associada ao público e ao local, configuram uma estratégia de análise. O objetivo final é avaliar qual a forma mais eficiente adotada para a divulgação do espetáculo e qual espaço acolheu o maior número de pessoas, discutindo a importância da inserção dos espaços virtuais no cotidiano. A. Para a apresentação na praça 1º de Maio, a estratégia adotada será a divulgação pessoal com panfletos em três pontos diferentes do Vale do Aço, que engloba Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo. Serão impressos 1000 panfletos para cada cidade, totalizando 3000 panfletos para a divulgação.
Ipatinga: panfletos serão entregue no Parque Ipanema nas segundas e quintas a partir de 13 hora da tarde, horário que é realizada as feiras no local, e aos domingos para capitalização do público em geral.
122
Figura 67 – Fotos do local de divulgação: feira do Ipatingão
Fonte: Fernanda Fontes
123
Figura 68 – Foto do local de divulgação: Parque Ipanema
Fonte: http://www.comunidadebancodoplaneta.com.br/profiles/blogs/1741754:BlogPost:236699 acessado em 28/11/2013 às 20h
124
Coronel Fabriciano: panfletos entregues no Centro da cidade capitalização do público em geral que caminha nas ruas. Figura 69 – Foto do local de divulgação
Fonte: https://maps.google.com/maps?q=centro+de+coronel+fabriciano&ie=UTF-
8&ei=LsKXUvvwCIjNsQTw5YAQ&ved=0CAgQ_AUoAg acessado em 28/11/2013 às 20:30
125 Figura 70 – Foto do local de divulgação
Fonte: https://maps.google.com/maps?q=centro+de+coronel+fabriciano&ie=UTF-8&ei=LsKXUvvwCIjNsQTw5YAQ&ved=0CAgQ_AUoAg acessado em 28/11/2013 às 20:30
126
Timóteo: panfletos entregues no Centro da cidade capitalização do público em geral que caminha nas ruas. Figura 69 – Foto do local de divulgação
Fonte: Fernanda Fontes
127
B. No teatro João Paulo II as redes sociais será o meio ao qual ocorrerá a divulgação. O compartilhamento das informações será feito através de uma página no facebook criada exclusivamente para o evento, vinculada à rede de amigos da autora do projeto e do grupo Perna de Palco.
Figura 70 – Foto do local de divulgação
Fonte: https://www.facebook.com/?l_s=c acessado em 28/11/2013 às 10h
128
C. Um vídeo contendo todo o espetáculo gravado será publicado na internet por meio do youtube e publicado na página do facebook criada para o espetáculo. Figura 71 – Foto do local de divulgação
Fonte: https://www.facebook.com/?l_s=c acessado em 28/11/2013 às 10h
129
3.1.4 Análises O mapeamento contará a proporção de compartilhamentos e curtidas recebidas pela página do facebook, a quantidade de pessoas que tiveram acesso aos panfletos e de visualizações recebidas através do site youtube. A. Na apresentação realizada na praça 1º de Maio será analisada a proporção de pessoas que tiveram acesso aos panfletos e estiveram presentes na apresentação. Uma câmera registrará o público e mostrará a proporção de pessoas que passavam pelo local e foram estimuladas a participarem da apresentação. Além disso, serão distribuídas senhas para o público, com o intuito de contabilizar quantas pessoas chegaram ao local próximo do horário da apresentação. B. Na apresentação realizada no teatro João Paulo II será analisado quantas pessoas compartilharam e curtiram o panfleto de divulgação pelo facebook e quantas pessoas estiveram presentes na apresentação.
C. Na postagem do vídeo do espetáculo no youtube serão analisadas quantas visualizações o final de cada dia da semana obteve, repetindo esse diagnóstico durante 14 dias. Com isso, será possível contabilizar qual dia da semana teve maior número de visualizações, justificando-se como o melhor tempo estipulado para o público assistir ao espetáculo. 3.2 Apoio A participação e supervisão do grupo de teatro Perna de Palco foram solicitadas para a concepção do espetáculo. Localizado no bairro Horto, em Ipatinga, o grupo tem como participantes as atrizes Luzia Di Rezende e Helena Santos. O vínculo estabelecido durante 5 anos com o
130 grupo foi o fator determinante para a escolha das atrizes para a direção do espetáculo. Além disso, será montada uma equipe para que sejam entregues as senhas de e a instalação e monitoramento da câmera que mostrará o público nas apresentações relatadas.
3.3
Resultado O objetivo do espetáculo é incomodar a sociedade quanto ao uso das TICs e qual o grau de interferência das mesmas nas construções das
relações interpessoais, e por isso será analisado através de uma cena dentro do próprio espetáculo, avaliando como isso acontece dentro dos três espaços estabelecidos para a apresentação. Como os maiores consumidores de tecnologias são os jovens de 10 a 30 anos, a pesquisa será encaminhada para a percepção dos mesmos quanto ao mundo tecnológico, avaliando de que forma os espaços físicos e virtuais interferem em suas ações. O produto final será um livro que será veiculado em escolas e faculdades, com o intuito de demonstrar a importância das novas tecnologias na sociedade, enfatizando a capacidade de formação de novas identidades e, sobretudo, formas distintas de experimentar o espaço através das relações interpessoais. O livro também será disponibilizado virtualmente através da página do facebook, com o intuito de abranger uma totalidade de públicoalvo. Será almejado um incentivo para a publicação do livro e veiculação formalizada.
131 Figura 72 – Diagrama da proposta de TCC 2
Fonte: Fernanda Fontes
132 4 CONCLUSÃO Diante a pesquisa realizada, foi possível compreender que a sociedade vive em constante evolução, priorizadas pelos anseios do ser humano e sua busca pelo aprimoramento das tarefas realizadas durante o dia. A tecnologia sempre esteve presente e atuante no cenário urbano e foi determinante para o aperfeiçoamento das relações sociais no cotidiano das pessoas. Porém, a partir do século XIX, com o investimento em pesquisas científicas, a população mundial conheceu novas formas de realizar os trabalhos, com uma evolução marcada por gerações conseguintes.
As novas tecnologias, fruto dessa evolução, são os elementos de estudo deste trabalho. Com a análise dos dados do IBGE, nota-se que o consumo de telefones celulares, tabletes, iphones e computadores está cada dia maior. O perfil dos usuários varia, mas de forma específica, podem-se citar os jovens, de 10 a 30 como os maiores consumidores de tecnologias, mesmo considerando o aumento dos idosos ao acesso a elas. Ainda há muitos usuários que não conseguiram entender que existe um limite em possuir uma tecnologia e torná-la um objeto indispensável. Ou seja, mesmo que a ação das tecnologias de informação e comunicação seja de facilitar a comunicação quebrando barreiras de distâncias, muitas pessoas entendem que sua falta acarretará grandes desperdícios na vida, gerando transtornos psicológicos.
Foi possível perceber também que enquanto alguns buscam a tecnologia como um auxílio às tarefas corriqueiras do cotidiano, outros, como os jovens, acabam por acessar com mais frequência às redes de conexão, utilizando-a como preferência ao convívio físico com outra pessoa.
133 Deixar o mundo físico para articularem suas relações sociais no mundo virtual tornou-se uma ação normal no mundo contemporâneo. Para a formação de identidades isso se torna um problema, principalmente porque se perde no tempo a forma de expressão livre que a fala proporciona ao ser humano: uma maneira limpa de se mostrar ao outro como verdadeiramente é.
E esse novo perfil de usuários define novas formas de experimentar os espaços. A arquitetura não é meramente um objeto físico, uma forma espacial, mas sim um local onde abrigará histórias e memórias já vivenciadas. Essas questões estão muito presentes na arquitetura, assim como a valorização do convívio interpessoal através dos espaços. Por isso, esse trabalho será finalizado com um projeto que visa analisar a influência das tecnologias de informação e comunicação na sociedade.
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