Estudo de requalificação do Conic de Brasília
Fernanda Pimentel André
Universidade de Brasília Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Fernanda Pimentel André
Plano de trabalho apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, como requisito avaliativo da disciplina de Introdução ao Trabalho de Conclusão de Curso para o Departamento de Projeto, Expressão e Representação.
Orientador:
Prof. Me. Orlando Vinicius Rangel Nune
Banca examinadora:
Prof. Dr. Ivan Manoel Rezende do Valle Profa. Dra. Luciana Sabóia Fonseca Cruz
Brasília, 2019
SUMÁRIO
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O QUE É ARQUITETURA COMERCIAL?
O QUE É O CONIC?
QUAL A ESSÊNCIA DO CONIC?
COMO PESQUISAR SOBRE O CONIC?
COMO PROJETAR PARA O CONIC?
COMO PROJETAR CENTROS COMERCIAIS URBANOS E INCLUSIVOS?
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APRESENTAÇÃO DOS ESTUDOS DE CASO
REFERÊNCIAS
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LISTAS:
Quadros Siglas Gráficos Figuras
Anexo I:
Análise de Deriva no Conic de Brasília a ser utilizado para diagnóstico sensitivo.
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O QUE É ARQUITETURA COMERCIAL?
A arquitetura comercial se caracteriza pelos projetos de arquitetura e urbanismo aplicados ao setor terciário da economia. A principal função desse ramo é a promoção de vitalidade à cidade e ao estabelecimento em si, a fim de uma troca vantajosa entre o público e seus comerciantes. O comércio é destacado como principal meio de transformação na paisagem urbana nas cidades, por suas soluções espaciais e variedade de atuações (ROSSETI, 2012 apud BARBOSA, 2017, p.12). Também é considerado de suma importância para as áreas residenciais, uma vez que promove o uso intenso do solo (JACOBS, 2011, p.141). Neste formato, a arquitetura comercial, quando bem projetada, é benéfica para os cidadãos, os líderes governamentais e os empresários. Vargas (2013) aponta o encontro como principal vantagem do comércio, com possibilidade de trocas de produtos, experiências, diálogos e sentimentos, ou seja, local onde se facilitam as relações humanas. A autora discorre ainda que o dinamismo da sociedade que frequenta o comércio possui influência direta sobre o espaço físico que o abriga, podendo molda-lo. Apesar da notável importância do tema, há uma baixa produção intelectual sobre arquitetura comercial dentro do meio acadêmico brasileiro (VARGAS, 2013, p.3). Os conjuntos de edifícios comerciais contemporâneos podem ser classificados em ao menos dois tipos no Brasil: Centros Comerciais e Shopping Centers. Um Shopping Center é caracterizado por um “empreendimento comercial de base imobiliária” que se distingue pelo controle que os empreendedores têm sobre todo o seu espaço (GARREFA, 2007, p. 11). Essa singularidade se reitera pela Associação Brasileira de Shopping Centers - ABRASCE, com a caracterização de “administração única e centralizada”. O controle
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Você sabe em qual NORTE: Boulevard Shopping
cidade fica? NORDESTE: Shopping RioMar
Figura 1:
Shoppings
CENTRO-OESTE: Buriti Shopping
SUL: Palladium Shopping
SUDESTE: Norte Shopping
NORTE: Mercado Ver-o-peso
Figura 2:
Centros Comerciais
NORDESTE: Centro de artesanato
CENTRO-OESTE: Conic
SUL: Rua 24 horas
SUDESTE: Rua 25 de março Fonte: vide lista de imagens
administrativo se manifesta em seu ambiente físico através de edificações que se voltam para seu interior e, dessa forma, segregam a malha urbana em que estão implantados (GARREFA, 2007, p. 251). Por outro lado, ainda que o conceito de Centros Comerciais seja muito amplo, com fins projetuais o presente trabalho os classifica como: [...]empreendimentos comerciais planeados, constituídos por um conjunto diversificado de lojas de venda a retalho e serviços, localizados num ou mais edifícios contíguos, promovidos pela iniciativa privada ou pública e associados às novas formas de urbanismo comercial. Entendidos nesta acepção, os centros comerciais distinguem-se dos centros de comércio tradicionais do ponto de vista genético, fisionómico, topológico e funcional (METTON, 1980 apud CACHINHO, 2000, p. 6) Através do ranking de 40 maiores shoppings da página “Web Tudo” da internet (2017) selecionouse alguns dos maiores Shopping Centers de cada Região brasileira (Norte, Nordeste, Centro-oeste, Sul e Sudeste). Destacaram-se suas fachadas e áreas internas de lojas para visualizar suas plasticidades e configurações internas e externas. É notável que os Shoppings possuem pouca topoceptividade, ou seja, uma difícil identificação da cidade na qual se inserem (KOHLSDORF; KOHLSDORF, 2017). Isso os aproxima do movimento modernista que prega modelos padronizados de arquitetura sem vínculos históricos (COSTA, 1936, p. 10). Para comparação, buscou-se comércios topoceptivos (KOHLSDORF; KOHLSDORF, 2017, p. 80) para residentes das cinco Regiões brasileiras, demonstrando que alguns Centros Comerciais são facilmente associados às cidades que ocupam. A plástica desses Centros, assim como a ocupação de seus cidadãos, torna o local identitário para quem vive em sua cidade, sendo tão característico que não foi necessária mais de uma fotografia do local para sua distinção.
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2CONIC? O QUE É O
Um dos Centros Comerciais apontados e que será objeto de pesquisa é o Conic, localizado no Setor de Diversões Sul - SDS, entre os dois Eixos principais do Plano Piloto de Brasília Monumental e Rodoviário. O edifício foi projetado pelo arquiteto Lúcio Costa, que o descreve no relatório do Plano Piloto de Brasília (1991, p. 26) como uma mistura entre importantes praças e avenidas de Londres, Nova Iorque e Paris, um local sofisticado e cosmopolita (AUN, 2014). É notável que o Conic foi pensado como um
Teatro Nacional
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Congresso Nacional
Conjunto Nacional
Esplanada dos Ministérios
Rodoviária
Conic
Shopping Center, fechado para o seu exterior por sua envoltória modernista, do arquiteto Lúcio Costa. Entretanto, o tipo de gestão e configuração interna o retiram dessa categoria, uma vez que o Complexo não tem o controle de Shopping Centers nem a unicidade plástica característica dessa tipologia. Sua ocupação também foi diferente do planejado: a identidade do local se construiu pelo público que a ocupou, heterogêneo e de ar caótico (NUNES, 2009), o tornando mais parecido com os Centros Comerciais brasileiro. O Setor de Diversões Sul resultou em um
Lago Paranoá
Hotel Nacional
Torre de TV
Setor Comercial Sul
Eixo Monumental
Figura 3: Brasília FONTE: ARQUIVO DE BRASÍLIA
Complexo de 18 lotes edificados sem uniformidade ou integração entre si (AUN, 2014), com diversos proprietários (público e privado), condomínios e interesses individuais (TERRACAP). O Complexo de 18.551,20 m², mesmo que inserido na Zona Urbana do Conjunto Tombado (PDOT/2012), contrasta com a racionalização das tipologias edilícias do Plano Piloto, (NUNES, 2009). Além disso, as passagens do Conic são públicas e se transformam em vias locais, assim como seus pontos de confluência internos podem ser vistos como praças. Ele é privilegiado por sua localização e sua acessibilidade ao lado dos principais transportes públicos da cidade: a estação rodoviária e de metrô. Ali há teatro, eventos alternativos, feira de artesanato e um grande potencial de urbanidade. O comércio e prestação de serviços varia desde igrejas à sexshops e possui comércios alternativos, como por exemplo a venda de discos de vinil. Ele é o principal centro comercial do Plano Piloto e “no fundo, é ali que a Esplanada é mais cidade” (NUNES, 2009). Nunes (2009, p. 27) comenta sobre três fases do Conic, a primeira nos anos de sua criação quando as embaixadas se localizavam ali e restaurantes mais cotados as acompanhavam, criando um ambiente de classes econômicas elevadas. A segunda fase começa quando os diplomatas desocuparam o Complexo, dando espaço para usos como prostituição e facilidade de acesso a drogas, passando a ser considerado marginalizado. Atualmente nos encontramos na terceira fase, que ocorreu depois da criação da prefeitura e locação de um batalhão militar, agora sede de partidos políticos e um charme na vida urbana para aposentados e profissionais liberais. Figura 4: Nuvem de palavras de caracterização do Conic
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QUAL A
ESSÊNCIA DO CONIC?
Para a primeira caracterização do Conic utilizamos três categorias de análise: referencial teórico, empirismo e coleta de dados de frequentadores. No tocante acadêmico dispomos de três autores: Nunes (2009), Frutoso (2013) e Aun (2015), nos campos de sociologia, geografia e arquitetura, respectivamente. Já a análise empírica se deu pelo estudo de Deriva (DEBORD, 1958), contemplado no Anexo I e resumido na Quadro 2, e quantificação de frequentadores do local (Quadro 1). Por fim, coletouse dados dos comentários do Google na categoria “Local Guide” a fim de avaliar o que o público valoriza e crítica sobre Complexo. Em seu artigo Nunes (2009, p.19) descreve o Conic e seus frequentadores através de um estudo etnografico, segundo a orientação de Howard Becker (2008 apud Nunes). Uma década depois, a fim de atualizar e complementar seu trabalho para a atual análise, na mesma hora e dia da semana (10 horas da manhã de um sábado) efetuamos uma análise de Deriva (DEBORD, 1958) tomando como base o ponto inicial de sua etnografia: a ala norte do Conic.
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Gráfico 1:
Para isso, convidei um acompanhante, Anir Francisco, para andarmos pelo Complexo sem um mapa préestabelecido, vide Anexo 1. Através da análise e sua comparação foi possível vivenciar algumas relações socioespaciais do complexo, assim como vivenciar as qualidades e defeitos de suas edificações. Aun (2015, p. 71) mostra três visões sobre o Conic: pontos positivos, negativos e “a melhorar” - através de um questionário com usuários. A autora associou positividade aos serviços e lojas, o clima cultural, os grafites, a diversidade de pessoas, a intensa urbanidade, o significado histórico do Conjunto, seu significado político, as praças e locais abertos. Os internautas do Google também valorizam seus serviços e lojas, característica pontuada por 33 pessoas dentre os 72 comentários coletados (Gráfico 1). Além disso, valorizou-se sua localização e as possibilidades de lazer do Conic, por 8 pessoas cada um, assim como a acessibilidade por transportes públicos, preços justos se comparado a outras áreas centrais e a vista
Características atribuídas ao Conic
Qualidades Defeitos
FONTE: Google (adaptado)
Quadro 1:
Fluxos e permanências do Conic
FONTE: Autora
Quadro 2:
Análise S.W.O.T. (F.O.F.A.) sobre o Conic - Influências internas e externas para pensar um projeto para o Conic para a Esplanada. Por fim, comentam sobre a importância histórica do lugar e sua atividade cultural por 5 e 6 vezes, respectivamente. Por outro lado, os internautas criticaram a falta de infraestrutura do local, a sensação de insegurança, a plasticidade desagradável, a desorientação que a falta de sinalização causa, a sujeira do Complexo e sua desorganização. Um número significativo de usuários apontou a nostalgia que sente de outras épocas em que o Conic era mais valorizado. Em seu trabalho acadêmico Aun (2015, p. 71) acrescenta o aspecto arquitetônico dos fossos, também citado na Deriva, a falta de conexão entre setores, a constante de ambientes pouco convidativos e sua má reputação. E, pelos pontos supracitados, Aun (2015) sugere pontos a melhorar como usos noturnos, conscientização dos lojistas, habitações nos pavimentos superiores, postos de informação, mais arborização, mobiliário urbano e atrativos para permanência nos locais, limpeza, sinalização e integração entre ambientes, focando na alteração da
imagem que o Conic possui. Por mais que o Conic tenha uma expressiva necessidade de requalificação, é notável que o preconceito é um grande limitador da valorização do local. Frutoso (2013, p. 49) comenta que, das pessoas entrevistadas em sua pesquisa, a parcela não frequentadora do Conic não possuía uma vivência negativa, mas sim apresentavam suas sensações e percepções alteradas por histórias de terceiros. Portanto, veem o Conic como um local de prostituição, violência e drogas - “herança de décadas anteriores”, e não pretendem conhecer e mudar sua visão quanto ao Complexo. Enquanto isso, os frequentadores - como funcionários, reconheciam os pontos positivos do Conic, ainda que ouvissem as mesmas histórias que os passantes. Nesse ponto, o público que frequenta o Conic o associou “às artes e a tranquilidade da sua casa”, assim como “skate, graffiti, cultura de rua, underground”, características que devem ser prezadas ao pensar na requalificação do Complexo (FRUTOSO, 2013, p. 49). FONTE: Autora
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COMO PESQUISAR SOBRE O CONIC?
Figura 5:Trabalhador do Conic Autora
12 Fonte:
Ao começar a pensar o Conic logo surge a necessidade de consultar a que ele se destina legalmente. O Plano Diretor de Ordenamento Territorial - PDOT/2012(Lei complementar nº 854 de 15 de outubro de 2012) é uma primeira aproximação necessária, visto que esta lei determina as estratégias de futuro para a cidade. Nesse documento se estabelece a necessidade de revitalização para o Setor de Diversões Sul a fim de: “requalificar os espaços urbanos”, “diversificar usos visando evitar o esvaziamento fora dos horários de trabalho”, “renovar edificações degradadas”, “proporcionar espaços de convívio” e “tratar espaços de conflito”. Essa necessidade se justifica pela importância estratégica de ser uma centralidade de alta concentração de postos de trabalho. A pesquisa de opinião apresentada no gráfico anterior revela não somente as principais lembranças positivas dos frequentadores, como também, seus desagrados. Nota-se, conforme, já afirmado por Frutoso(2013) que os não frequentadores utilizam-se dessas características para negar a presença no edifício. Como resultado, o Conic se torna invisível aos olhos dos
brasilienses (NUNES, 2009, p. 23). A imagem negativa é fruto de diversos motivos, dentre eles, mais próximo a arquitetura, é: a configuração espacial, a volumetria e os materiais empregados na construção. A imagem até aqui apontada não valoriza a essência do centro comercial, que é “o fomento da sociabilidade em seus espaços” (ANDRÉ, 2018, p. 5). Essa conjuntura nos leva a
questionar:
Quais as expectativas dos frequentadores,dos passantes
e dos potenciais usuários que levam a necessidade de requalificação no Conic? Como o projeto de requalificação do Conic
pode englobar ditas expectativas?
Uma pesquisa que se dedica ao Conic, tem por objetivo geral estudar arquitetura comercial com foco na reabilitação de edifícios centrais e seus valores simbólicos, das formas de apropriação dos usuários e suas práticas cotidianas. Com o intuito de alcançar o objetivo geral, pretende-se especificamente: • Organizar um panorama histórico da utilização do Conic e sua plasticidade; • Entrevistar usuários, funcionários e passantes do Conic, visando a identificação de suas expectativas e necessidades funcionais e identitárias; • Estudar e avaliar projetos para o Conic, previstos e em execução; • Levantamento físico-quantitativo por meio de desenhos técnicos e informativos do estado atual do Conic, que possibilite intervenções na escala do edifício;
• Caracterizar o complexo Conic segundo usos, fluxos e permanências, conforto ambiental, materiais de revestimento, volumetrias, sistema estrutural e vedações, relação público e privado, custos de manutenção e sinalização, serviços, produtos característicos, preços e público-alvo e sentimentos bons e ruins sobre o Conic, por meio do diagnóstico de deriva; • Definir as diretrizes projetuais; • Elaborar projeto arquitetônico de reabilitação do conjunto de edifícios do Conic.
Figura 6: Conic
(FONTE: AUTORA)
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Figura 7: Conic (FONTE: AUTORA)
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Figura 8: Conic (FONTE: AUTORA)
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COMO PROJETAR PARA O CONIC?
Figura 9: Usuárias Conic Fonte: Autora
O método de pesquisa utilizado para a operacionalização da pesquisa considera os seguintes tópicos: os instrumentos de coleta de dados e os procedimentos de análise de dados (ANDRÉ, 2018, P. 7).
5.1
Instrumentos de coletas de dados
Será executada uma revisão bibliográfica de arquivos históricos e de atuação contemporânea para criação de linha do tempo com o panorama geral da utilização do Conic de Brasília. Isso servirá de parâmetro para introdução e compreensão dos edifícios do Complexo, seu público e reputação.
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Buscando responder às questões levantadas no problema da pesquisa, haverá o desenvolvimento de um questionário qualitativo. Ele será aplicado por meio de entrevista pessoal com usuários, funcionários e passantes do Conic, visando a identificação de suas expectativa s e necessidades funcionais e identitárias, com expectativa de amostra de 50 pessoas. O terceiro método de pesquisa será o inventário de propostas de projetos para o Conic, de modo crítico e analítico a fim de documentar estudos e propostas pensadas sobre o Complexo. Isso trará insumos sobre análises internas e externas, assim como suas produções técnicas de desenhos. Tomando como base os desenhos técnicos já efetuados por Eduarda Aun se efetuará a execução do levantamento do Conic para produção de sua planta de locação, planta baixa, cortes, fachadas e perspectivas para o projeto. Em seguida se descreverá o estado atual do Conic por meio de imagens e texto a fim de esclarecer seus usos, seu conforto ambiental, materiais de revestimento, volumetrias, sistema estrutural e vedações, relação público e privado, custos de manutenção e sinalização. Ademais, serão produzidos mapas e grafos do Conic: mapa de ilhas espaciais e grafos de visibilidade, por meio do software Depth map, com base na metodologia da sintaxe espacial que será detalhada adiante. Com isso, será possível calcular o
percentual de espaços abertos sobre o espaço total de cada ambiente estudado do Conic e fluxogramas de passagem. Ao longo da pesquisa, o Complexo continuará a ser visitadas com a finalidade de documentar padrões de atividade, de trânsito social e continuação do estudo de Deriva (DEBORD, 1958). Além disso, se classificarão padrões de preços, produtos característicos e públicoalvo por meio de catalogação in loco e de índices estatísticos.
5.2
Procedimentos de análises de dados
Os Centros Comerciais são projetados por diversos agentes, desde arquitetos, com edifícios formais e legalizados, aos proprietários, que imprimem sua marca e personalidade no edifício de forma informal. Os limites formais são importantes pelo planejamento urbano, como gabaritos, afastamentos, área contruída, taxa de ocupação, coeficiente de aproveitamento, taxa de permeabilidade, índice de áreas verdes, área e densidade brutas e líquidas - relacionados ao arranjo espacial do lugar. Por outro lado, sem o estudo do público frequentador o projeto se torna menos eficaz e gera problemas bioclimáticos, copresenciais, econômico-financeiros, expressivosimbólicos, funcionais e topoceptivos (KOHLSDORF; KOHLSDORF, 2017, p. 295) - relacionados às relações socioespaciais. O espaço exerce influência
sobre o funcionamento dos lugares (GEHL, 2013, p. 9), portanto, o Conic será estudado por meio da relação entre seus arranjos espaciais e as expectativas dos usuários, funcionários e passantes, assim como as necessidades dessa tipologia comercial e suas limitações físicas. Para dito relacionamento foram selecionadas as dimensões apresentadas no Quadro3 a fim de visualizar de forma mais detalhadas ditas categorias no Conic. Já para a elaboração do questionário será questionado dados pessoais (gênero, idade, renda familiar, região de domicilio), os classificaremos como usuários, funcionários e passantes e documentaremos quais as perspectivas sobre o Conic. Haverá o desenvolvimento de um relatório de desempenho morfológico do Conic por meio de gráficos e tabelas. E, por fim, os dados das relações sociais que se dão nesses espaços serão analisados para estabelecer tipo de público, qualidades e pontos negativos de influência na urbanidade do Complexo. O formato da pesquisa terá um design despojado e diagramação diferente da proposta pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT a fim de um maior alcance de público para divulgação e entendibilidade sobre o Conic e a proposta que se dará a partir dele. A impressão frente-e-verso será utilizada a fim de favorecer os encaixes de imagens devido sua diagramação.
(Continua)
Quadro 3A:Resumo de metodologias de desempenho morfolรณgico dos lugares
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(Continuação)
FONTE: Adaptado pela Autora a partir de Kohlsdorf e Kohlsdorf (2017).
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de pesquisa 5.3 Cronograma e projeto As tarefas serão executadas segindo o cronograma do Quadro 4. Quadro 4: Cronograma de atividades de 2019 para o projeto de requalificação do Conic.
MARÇO • Escolha do projeto; • Pesquisa sobre arquitetura comercial com foco em Centros Comerciais;
AGOSTO • Entrevista e esquematização de dados sobre o Conic e seus usuários; • Estudo e avaliação de projetos existentes para o Conic;
ABRIL • Levantamento de referencial teórico
sobre a pesquisa e Conic; • Estudo in loco sobre o Conic; • Produção de caderno de Plano de Trabalho;
SETEMBRO • Produção de desenhos técnicos e esquemáticos sobre o Conic atual; • Produção de desenhos técnicos e esquemáticos sobre o projeto para o Conic;
MAIO • Revisão do Plano de Trabalho com considerações da Banca intermediária; • Estudo preliminar do projeto de requalificação do Conic;
OUTUBRO • Caracterização do Conic com indicativos do estado atual e projeções; • Finalização do projeto para o Conic; • Produção de maquete eletrônica;
JUNHO • Apresentação Banca final de Diplomação 1; • Revisão do Plano de Trablaho e Estudo Preliminar;
NOVEMBRO • Organização de dados do projeto, ajustes finais de detalhes e caderno; • Produção de prancha A0, CD e maquete física;
JULHO • Levantamento de dados históricos e fíicos sobre o Conic; • Produção do questionário qualitativo; • Aproximação com agentes do Conic;
DEZEMBRO • Apresentação Banca final de Diplomação 2
FONTE: Autora.
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COMO PROJETAR CENTROS COMERCIAIS URBANOS E INCLUSIVOS?
Gehl (2013) relaciona os espaços públicos e a sociedade ao analisa como as cidades podem ter um melhor desempenho. Como comentado, nota-se que o Conic exerce um papel importante de urbanidade e é quase uma cidade dentro da cidade (AUN, 2015, p. 10), então porque não a avaliar o Complexo através das ferramentas que Gehl oferece? Os corredores do Conic são vias públicas e seus eixos de encontro se transformam em praças internas do Complexo. Gehl (2013) explica que, assim como as ruas se relacionam com o movimento, as praças sinalizam a permanência. O Conic já possui um fluxo grande de pessoas, porém, para que se gere urbanidade os passantes precisam também permanecer no local, para isso, é necessário melhorando a qualidade do espaço (GEHL, 2013). O autor sugere o estabelecimento de espaços de reclusão e descanso ao longo dos percursos com assentos, paredes onde se possa encostar, locais que permitam sentimento de segurança ao ficar, cafés voltados
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para calçadas, toldos e guarda-sóis. Pontuando a necessidade tanto de assentos primários (bancos, cadeiras) quanto secundários (piso, escadas, monumentos) para valorização de permanências formais e informais respectivamente (GEHL, 2013, p. 143). Além disso, se tornarmos as praças de acesso e no interior do Conic pontos de pequenos eventos e experiências, se gerará também uma maior permanência e pertencimento às vias internas do complexo. Ghel (2013) também comenta como os espaços térreos são experimentados de forma mais intensa, por onde passamos a caminhar e temos visão de tudo, por isso, o foco da pesquisa se dará primeira à valorização dos pavimentos térreo e subsolo do complexo, ambos ao nível da rua, um pela fachada leste e outro pela fachada oeste. Tendemos a diminuir o passo quando as fachadas são transparentes, com produtos e pessoas visíveis aos passantes, as chamadas de fachadas ativas. Dessa forma, podemos trabalhar para que a passagem
pelas fachadas do complexo seja mais agradável e tentar manter o padrão de mais portas, mais eventos e mais aberturas que convidem o passante para adentrar o Complexo. Assim como Brasília, que é uma cidade que é mais fácil andar no sentido norte-sul do que lesteoeste, o Conic também possui essa configuração. Ou seja, o Complexo é pouco permeável, uma vez que seu cruzamento leste-oeste é complexo e não fluido. Ghel afirma que “espaços de transição suave sinalizam às pessoas que a cidade é acolhedora”. O estudo de Deriva confirmou que o Conic possui muitas vias sem iluminação durante o dia, assim como os comentários do Google afirmaram como o local é escuro durante a noite. Gehl (2013) explica que a iluminação noturna e de pisos deve ser pensada para que, durante a noite, não haja abandono do local, portanto, a iluminação do Complexo dever ter destaque no projeto de requalificação. Por fim, o local não é bem sinalizado
e, criticado por parecer um labirinto, falta topoceptividade para quem não o frequenta diariamente, isso gera desconforto para novos usuários que o visitam esporadicamente. Ainda que alguns condomínios possuam sinalização, ela ainda é insuficiente e necessária para os passantes do Complexo, placas indicativas associadas a melhores acessos agregariam valor. Avaliando as características supracitadas, entende-se o porquê do Conic gerar uma sensação de insegurança maior que a real. O autor expõe que para nos sentirmos seguros precisamos ter mais pessoas que permaneçam e se sintam parte do local (GEHL, 2013). No entanto, para nos sentirmos parte do local a fim de querermos permanecer, é necessário melhorar a qualidade dos espaços. E, para que os espaços tenham qualidade, seus acessos, paisagens e locais de permanência (GEHL, 2013, p. 97-99) devem ser cuidados e facilitados.
Quadro 5: Pontos avaliados para a
requalificação do Conic
FONTE: Adaptado pela Autora a partir de Gehl (2013)
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APRESENTAÇÃO DOS
ESTUDOS DE CASO
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FONTE: Archdaily
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Gehl (2013) critica a capital brasileira pela falta de cuidado com pequenas escalas em detrimento do olhar macro sobre a cidade, classificando esse defeito como “Síndrome de Brasília” ao passo que identifica Copenhague, capital da Dinamarca, como uma cidade-referência. Gehl propôs intervenções urbanas para Copenhague que a deram classificações de cidade mais “sustentável”, mais “habitável” e mais “feliz” do mundo, dentre elas se encontra a reforma da via Strøget (SALVADOR; BARONE, 2018). Gehl converteu a via Strøget de uma importante rua com fluxo de veículos para uma via exclusiva de pedestres por volta de 1960, e ela é até hoje considerada uma das maiores vias de pedestres do mundo (SALVADOR; BARONE, 2018). Essa rua comercial de 1,1 km se encontra no centro da cidade e percorre suas principais vias e pontos turísticos com presença marcante de artistas de rua, como comenta o site “visite Copenhagen”. Entretanto, essa via possui lojas de grife e é considerada de luxo, enfoque que não adotaremos no projeto do Conic. Por outro lado, em 2012 num bairro marginalizado de Copenhagen, nasceu o Superkilen Park, obra do Bjarke Ingles Group – BIG, em associação com a Superflex e a Topotek1. Com área de 30.000m², o projeto foi uma intervenção urbana com o objetivo de revitalização do bairro Norrebro. Englobando mais de 60 nacionalidades, o parque é agente
Figura 10: Estudo de caso Copenhague
FONTE: Archilovers via Pinterest
FONTE: Paulo del Valle via Pinterest
FONTE: Google Maps via Snazzy Maps
de promoção de diversidade a fim de ilustrar a diversidade de sua população (ARCHDAILY, 2012). O Superkilen é composto por três áreas principais: quadrado vermelho, quadrado negro e parque verde, focados na recreação, encontros casuais e esportes e lazer, respectivamente. A área vermelha agrega as fachadas de algumas edificações ao pinta-las das mesmas cores da pavimentação, de modo que crie uma experiência tridimensional. Além disso, as ciclovias de todo o bairro foram reestruturadas para que
o parque se conectasse com os bairros que o cercam (ARCHDAILY, 2012). Cada área possui sua função, com atividades que se coexistem de forma harmoniosa, como o comércio, cultura e esportes na área vermelha, ou a “sala de estar” negra, onde se tem bancos, fontes, jogos de tabuleiros e brinquedo infantil, e a acolhedora área verde que tem esportes, áreas de piquenique e para passeios com animais de estimação (ARCHDAILY, 2012). O que chama mais atenção nesse parque é que ele não foi entregue
FONTE: Archdaily
pronto, mas uma construção com os locais que foi apropriada por seu público. O Superkilen não fingiu ser neutro nem natural, mas mostrou que é artificial e que usa da cor e arte de rua em espaços que promovem a urbanidade em um espaço que era tão marginalizado. “Superkilen mostra o que pode ser feito com uma abordagem aberta e inventiva, dentro das limitações severas de custo” Júri do 2013 Institute Honor Awards for Regional and Urban Design (HELM, 2012).
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públicos na cidade (GEHL, 2013). O marco principal da área são os grandes decks e assentos de madeira onde os frequentadores sentam e aproveitam o Largo. Carrinhos de comida, banheiros públicos e instalações como mesas de pinguepongue promovem a vivacidade durante o dia e, durante a noite, são exibidos filmes, curtasmetragens e karaokês. Além disso, se disponibilizaram cadeiras de praias, guarda-sóis, melhoria na iluminação pública e centros de informação e apoio (PREFEITURA SÃO PAULO, 2013). Por fim, novas ciclovias e paraciclos estimulam outras formas de acesso ao local, assim como a valorização do acesso de pedestres pela via de automóveis (BRETTAS, 2014). De acordo com o Ghel Architects (2013) o número de pedestres na região aumentou em 230% e a quantidade de pessoas que permanecem subiu em torno de 122% e chega em até 237% maior o número de pessoas que ocupam o Largo nos horários de pico almoço e fim da tarde. Os estudos de caso serão fruto do Plano de Trabalho para o Conic, isso é uma apresentação incial. Outros casos poderão integrar a pesquisa na medida em que a análise crítica sobre a arquitetura comercial e o Conic se tornar mais densa. Casos devem ser citados ao longo dos textos como exemplos para ilustrar o debate.
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Em um contexto nacional o projeto piloto do Largo São Francisco, conjunto de arquitetura barroca no centro de São Paulo, é um exemplo de requalificação a ser estudado. Por meio de estudos e propostas da iniciativa “Centro Aberto” da Prefeitura de São Paulo em parceria com a ITDP – Institute for Transportation and Development Policy e a Gehl Architects, o projeto promoveu a sociabilização e permanência no centro da cidade (SALVADOR; BARONE, 2018). Salvador e Barone (2018) comentam que Gehl identificou potencial de urbanidade, acessos e acessibilidade no Largo São Francisco caso se promovesse o uso da sociedade pela implementação de residências, trabalho, lazer, cultura e rede de conexão de espaços públicos. Desta forma, se levantou qualidades e desafios da região, se enfatizando itens como: “acessibilidade e conexões, iluminação, wi-fi gratuito, mobiliários fixos e móveis” (SALVADOR; BARONE, 2018). Assim como ocorre no Conic, as praças do Largo eram desconectadas e geravam sensação de insegurança. Os automóveis e caminhões de carga geravam barreiras na passagem e, apensar de possui grande fluxo de pessoas não era considerado um local para se permanecer. O projeto teve como principais objetivos o estabelecimento de um centro com vivacidade e segurança para usos diurnos e noturnos e valorização dos pedestres, ciclistas e transportes
Figura 11: Estudo de caso Largo São Francisco
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FONTE: Prefeitura de São Paulo
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LISTAS Quadros Quadro 1: Fluxos e permanências do Conic...........................................10 Quadro 2: Análise S.W.O.T. (F.O.F.A.) sobre o Conic – Influências internas e externas para pensar um projeto para o Conic............................11
Gráficos Gráfico 1: Características atribuídas ao Conic...........................................10
Quadro 3: Resumo de metodologias de desempenho morfológico dos lugares........................ 17 Quadro 4: Cronograma de atividades de 2019 para o Projeto de requalificação do Conic...........................................19 Quadro 5: Pontos avaliados para a requalificação do Conic...........................................21
Figuras Figura 1: Shoppings..............................6 Figura 2: Centros Comerciais ....................7 Figura 3: Brasília ..............................8
Siglas
Figura 4: Nuvem de palavras de caracterização do Conic............................................9
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Figura 5: Trabalhador do Conic..................13
ABRASCE – Associação Brasileira de Shopping Centers.
Figura 6: Conic.................................13
BIG - Bjarke Ingles Group.
Figura 7: Conic................................ 14
ITDP – Institute for Transportation and Development Policy. PDOT/2012 - Plano Diretor de Ordenamento Territorial da Lei complementar nº 854 de 15 de outubro de 2012. SDS - Setor de Diversões Sul.
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Figura 8: Conic.................................15 Figura 9: Usuárias Conic.........................16 Figura 10: Estudo de caso Copenhague............22 Figura 11: Estudo de caso Largo São Francisco...23
Fontes Imagens I. Figura 1: 1) Boulevard Shopping Belém (Belem, PA) – NORTE EXTERNO https://iiicongressomulheres.wixsite. c o m / c o n g r e s s o m u l h e r e s / g u i a - d a cidade?lightbox=dataItem-j6yf2cgv 2) Boulevard Shopping Belém (Belem, PA) – NORTE INTERNO https://www.skyscrapercity.com/showthread. php?t=1631078 3) RioMar Fortaleza – NORDESTE INTERNO https://dialogospoliticos.wordpress. com/2016/04/14/shoppings-centers-de-fortalezaabrirao-no-domingo/ 4) RioMar Fortaleza – NORDESTE EXTERNO http://www.oestadoce.com.br/arteagenda/shoppingsriomar-em-fortaleza-oferecem-descontos-de-ate-70na-black-friday 5) Buriti Shopping (Aparecida de Goiânia, GO) – CENTRO EXTERNO https://buritishopping.com.br/shopping.asp 6) Buriti Shopping (Aparecida de Goiânia, GO) – CENTRO INTERNO
https://www.palladiumcuritiba.com.br/o-shopping 10) Palladium Shopping Curitiba (Curitiba, PR) SUL EXTERNO http://shoppingcenternews.blogspot.com/2017/05/ palladium-curitiba-comemora-9-anos-e.html II. Figura 2: 1) Mercado Ver-o-peso – Belém – NORTE https://coisosonthego.com/o-que-fazer-em-belempara/ 2) Centro de artesanato de Natal – Natal – NORDESTE http://centrodeartesanatodapraiadosartistas. blogspot.com/ 3) Conic - Brasília – CENTRO-OESTE Autora 4) 25 de março – São Paulo – SUDESTE https://www.viagensecaminhos.com/2012/12/rua-25de-marco-e-bras-sao-paulo.html 5) Rua 24h - Curitiba – SUL https://www.viagensporai.com.br/2014/02/curitibapr.html
https://buritishopping.com.br/shopping.asp 7) NorteShopping (Rio de Janeiro, RJ) – SUDESTE EXTERNO
OBSERVAÇÃO: demais fontes estão anexadas às suas respectivas imagens.
http://ligadonorio.blogspot.com/2015/10/ilhaplaza-norteshopping-e-shopping.html 8) NorteShopping (Rio de Janeiro, RJ) – SUDESTE INTERNO https://www.flickr.com/photos/claudiolara/87697661 9) Palladium Shopping Curitiba (Curitiba, PR) SUL INTERNO
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Anexo I A - Análise de Deriva no Conic de Brasília a ser utilizado para diagnóstico sensitivo. Às 10h34 da manhã do dia 27 de abril de 2019, a partir do ponto inicial começamos a caminhar sem direção definida, escolhendo caminhos pelo interesse e sensações que este nos concebia e assim criamos nosso mapa cinestésico. Nessa hora o fluxo de pessoas no calçadão principal não era muito intenso, se comparado com os dias úteis, onde os trabalhadores que vendem e compram outro se destacavam dos passantes. Muitas lojas, por ser final de semana, estavam fechadas, nesses 100 metros iniciais de fachada apenas a drogaria estava aberta. O pouco movimento não me deixou insegura, quando um pedinte me abordou a presença da funcionária me deu segurança quanto a situação e logo segui meu caminho e percebi a presença de dois seguranças do edifício que costumam vigiar essa região. Como o lugar estava pouco movimentado optamos entrar pelo primeiro acesso, no Edifício Boulevard Center. Essa entrada nos levou a um ambiente que, apesar de possuir uma cobertura zenital opaca, era escuro. Foi notável a presença de crianças, acompanhando seus responsáveis, nos corredores que, assim como Nunes cita (2009, p. 20) o comércio de óculos e seus acessórios domina essa região, além do comércio de ouro, ainda que tenham outras atividades como lotéricas e lanchonetes. Ali havia ventilação notável e agradável e as pessoas caminhavam como se passeassem, parando para olhar as vitrines das lojas e os quiosques que se mantiveram abertos. Passamos pelo Edifício Venâncio II e a escada rolante que dava acesso ao piso inferior e seguimos olhando as vitrines que nos interessaram ao caminhar. Ao final dessa rua se encontraria a praça do chapéu, porém essa região central toda está em obra, o que limita a pesquisa. Optamos por seguir reto nas lojas ao invés de virar à esquerda onde tem um salão de beleza, nos pareceu
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melhor sair da escuridão por um caminho que era mais claro e com lojas abertas de vitrines claras, ainda que passasse ao lado da obra, então seguimos reto na direção oeste. O corredor terminava com apenas a possibilidade de virar para a direita, com um restaurante de canto simpático e que me pareceu bem limpo. Virando ainda em um corredor claro, com um ambiente agradável de caminhar e ventilado, mas a obra que segue em toda a parte central do edifício dá a esse espaço um ar um pouco desagradável de poeira. O piso é liso e sem agradável, muitas lojas nessa parte estavam fechadas o que nos fazia reparar em propagandas simples de lambe-lambe que foram coladas no tapume de ferro. Chegamos na portaria do Edifício Venâncio III, mas ele não tem transparência, bem fechado. Ao lado se contrasta as paredes coloridas da Fundação Astrogildo, onde tem a única abertura do corredor para a vista à oeste do edifício, o que é um enquadramento bem interessante e gera um ambiente agradável, tanto que havia dois homens descansando ali. Seguindo pelo Edifício Venâncio III temos lojas grandes e o cinema adulto totalmente fechado e ao final a Kingdom Comics. Quando chegamos na segunda bifurcação possível temos de um lado um caminho a céu aberto, com a luz do sol, lojas bem coloridas, grafite e música tocando em oposição a um corredor escuro e de pé direito tão alto que parece estreito, qual dos dois caminhos você adotaria? Nós optamos pelo caminho claro e sonoro, onde encontramos a Galeria Edifício Miguel Abaya, mas por ser escura e sem muito chamariz não adentramos. O edifício termina e logo vemos o Teatro Dulcina, fechado para nós, mas de aspecto divertido, grafitado, colorido e chamativo, muito agradável de ver e ao lado o edifício que hoje abriga a Igreja Universal. A frente, ainda no Edifício Miguel Abadia, tem lojas que seguem a
temática do corredor que passamos. Aí temos uma bifurcação, ou viramos para a FunHouse ou seguimos em frente no mesmo edifício. O corredor entre o Teatro e a FunHouse enquadra a área verde da Praça Zumbi dos Palmares, mas tem uma loja mais afrente que tem uma música ainda chamativa, preferimos buscar quais outros caminhos as vias internas do Conic nos levariam. Nessa parte se misturam serviços que variam de loja de peruca até compra de vinil até alcançarmos uma área entre dos edifícios que mais parece um fosso, malcuidado e contrastante com a parede lateral desenhada em cores vibrantes. A partir de então as lojas se tornam mais fechadas, com grades e pouca visibilidade das lojas, muitas com escadarias que apenas sobem ou descem, mostrando uma grande falha de fluidez e acessibilidade. O movimento de pessoas é menor, se padroniza a cor da entrada das lojas, variando em tons pastéis, quase todas as lojas estão fechadas nesta região do Edifício Venâncio Júnior Bloco M. Esse edifício até agora foi o que mais me causou estranheza pelo contraste com a área iluminada, musical e colorida ao lado. A praça entre o Edifício Venâncio Junior, o Edifício Cine Atlântida e o Edifício Acropol é interessante, volta a ter movimentação de pessoas, com restaurantes e mesas espalhados pela região, assim como salão de beleza movimentado e loja de artigos alternativos de esporte. Apesar de mais escura, a parte onde tem mais cadeiras espalhadas que dá para a fachada leste do edifício nos chamou atenção pela movimentação e presença de pessoas, e o cheiro da comida que nos convida para entrar nos levou a segui-lo. Várias pessoas parecem ter optado pelo mesmo caminho que nós, aqui o fluxo de grupos heterogêneos aumenta. Atravessando essa parte movimentada temos que escolher entre três caminhos dos quais escolhemos
Anexo I B - Análise de Deriva no Conic de Brasília a ser utilizado para diagnóstico sensitivo. seguirmos para o sul onde tem algumas mesas do corredor movimentado e paredes revestidas de pedras, o caminho norte (da igreja universal) tem paredes simples e sem trabalho e pisos tortuosos e sem algo que convide para seguir por ali. Chegando ao Conjunto Baracat onde se encontra uma escada helicoidal bem chamativa a frente de um corredor onde todas as lojas estão fechadas. Ao final da ala Sul tem um restaurante que se destaca pela limpeza, fluxo e permanência de pessoas e vista para o gramado entre o edifício e o setor comercial sul. Nesse corredor predominam duas cores, vermelho, parede na qual não tem lojas abertas, e amarelo, o qual puxa nossa visão uma vez que tem esse restaurante, atendimento e loja de instrumentos musicais que chamou a atenção do meu pai que parou para ver que, ainda que em primeira vista parecesse fechada. Um ponto negativo desse corredor é a escada que pode dificultar o acesso para pessoas com mobilidade reduzida, ainda que tenha uma rampa de acesso. A frente da portaria do Edifício Venâncio VI tem um outro fosso por onde seguimos, ao invés de voltar para o caminho de lojas fechadas, o que gera um paredão malcuidado, o qual poderia agradar se tivesse alguma arte ou revestimentos interessantes. O corredor nos direciona para uma rampa, que parece mais um local proibido e privado, mas nos leva para o final da via que adentramos pelo lado norte. Essa região é bem escura e sem fluxo de pessoas, gerando um desconforto e uma insegurança nessa região mais oeste do conjunto. Nessa área tem sindicatos com entrada opaca, e o que chama atenção é o salão de beleza especializado em cabelo afro, as lojas que se seguiram estavam todas fechadas, o pé direito pé muito alto e o corredor escuro. A portaria nos mostra que esse é o Edifício Venâncio V, mas até
essa entrada é opaca e pouco chamativa. O fluxo de pessoas é quase nulo nessa passagem e, até nós, se não estivéssemos desbravando o complexo, não passaríamos por ali. Falta cuidado plástico com o local e infraestrutura, não há nada agradável à visão, o caminho parece não ter fim, alongado fisicamente – pelo pé direito que o deixa estreito e mentalmente – pela falta de atividades do local. A sensação de vazio que o local traz tira a paz que os outros caminhos me proporcionaram, dando lugar à ansiedade de sair do local, o que mostra que o caminho mais longo que contorna esse edifício tem preferência em detrimento dessa via que tem aspecto desorganizado, carregado e sujo. Essa via é a única que acessa a entrada oeste ao nível térreo, entrada na qual as pessoas deveriam ter um caminho fluido para permear o complexo, mas se mostra de difícil afluência, observamos que algumas pessoas demonstraram alivio ao encontrar essa saída, como se a buscassem há um tempo. Essa entrada que dá ao antigo Hotel Nacional é malcuidada e demonstra a falta de limpeza do local com lixos espalhados por seu caminho, ainda que tenha lixeira. A praça a frente não é atrativa e era ocupada apenas por um morador de rua, optamos por voltar para dentro do Conic, onde tinha alguns estabelecimentos ligados ao serviço musical abertos, melhorando a ambientação do corredor. Mais adiante a portaria do Edifício Venâncio IV também é opaca e encerra este corredor ao nos levar à bifurcação colorida do Teatro Dulcina. Nessa perspectiva o Edifício Darcy Ribeiro se destaca, uma edificação que lembra os Palácios do Planalto e da Alvorada, só que com grafites, muito interessante essa demonstração de ocupação pública em um edifício “às caras” dos monumentos brasilienses. No entanto, esse local está em obras e gera limitação de acesso e análise para a presente pesquisa.
A vontade era de sair por onde entramos, mas não conheceríamos mais a parte interna do complexo, portanto voltamos para o corredor musicado que dá ao teatro, tentando buscar uma nova rota. Entramos pelo caminho da FunHouse e de lojas alternativas como o Verdurão que, apesar de escuro, não me causou insegurança, talvez pelo movimento de pessoas dentro da loja, vitrines claras e com exposição de produtos, e cores vibrantes nas paredes. Ali as pessoas passavam e comentavam sobre as lojas, local escolhido por um pai e seu filho para aguardar sua mulher que estava no salão de beleza. Chegamos ao Teatro e Faculdade Dulcina de Moraes, o clima se tornou mais agradável nesse pátio onde as pessoas passam com menos pressa e sentam para conversar, maior vivacidade, entretanto, falta rampa limita a acessibilidade. A partir dessa praça podemos sair do edifício ou seguir para norte e sul, a norte parece que entraríamos um edifício privado, ao lado de um fosso, e a sul só se observa a Igreja Universal, com desníveis que dão a impressão de inacessibilidade. Optamos, assim, por voltar à fachada leste do Conic. Saindo pela fachada leste em sua parte mais central – na entrada A número 60 do Edifício Eldorado – observamos um fluxo considerável de pessoas que entram e saem do Teatro e Faculdade Dulcina e virando para sul vemos mais um contraste do público heterogêneo do local – um Sexshop ao lado da Igreja Universal. Aproximando de um burburinho maior nos sentimos como em um centro de cidades antigas, lojas de roupas voltadas para a via externa, atendentes nas portas, vitrines claras e mostruários na calçada, rádios anunciando produtos ou tocando músicas e muitas pessoas saindo, entrando e passando – todas olhando para a vitrine das lojas – por esses comércios. Pontualmente encontramos também uma livraria de
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Anexo I C - Análise de Deriva no Conic de Brasília a ser utilizado para diagnóstico sensitivo. artigos religiosos e uma farmácia. Daí a vontade era de aproveitar o dia agradável e ensolarado para passear na Praça Zumbi dos Palmares que nos encanta pela quantidade de verde e mobiliário urbano singular, então subimos a rampa de acesso para o nível dela, um pouco superior ao calçadão das lojas e com pavimentação simples e menos regular que abaixo, mas aparentemente bem cuidado. Haviam algumas pessoas sentadas no banco de madeira que era contemplado pela sombra de uma árvore e um senhor dormia em outro banco de concreto, um pouco mais distante uma viatura e seus policiais estacionaram, 11 horas e 23 minutos. Chegando perto da Setemares e Fujioka, lojas conhecidas, percebemos o contraste entre as duas – a primeira aberta com fachada de vidro e a segunda fechada com portão de ferro – onde todos passam olhando para a vitrine e viram o rosto para o outro lado quando se deparam com o local fechado. Seguimos na fachada e abaixo do letreiro do Centro Comercial Boulevard havia uma placa escrita “Fliperama” que me chamou atenção e resolvemos entrar novamente o Complexo, agora por um novo acesso. Ali é escuro, tem a portaria do edifício e uma espécie de praça de alimentação com caixa de Banco 24 horas, cadeiras de estar – onde uma mulher dormia, mesas espalhadas e o espaço de jogos – que estava bem frequentado se comparado ao restante da área. A obra contempla todo o perímetro dessa região e o ruído dela e sua sujeira deixavam o ambiente desagradável e sem convites para adentrá-lo mais. Voltamos por onde entramos para procurar a entrada direta para o segundo subsolo, na fachada oeste, mas não conseguimos encontrar sem perguntar para o segurança do local, isso me causou desconforto e me fez questionar a permeabilidade do local. Conseguimos entrar pela portaria do Edifício
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Venâncio II e pegamos um elevador para o Segundo Subsolo, chegamos em um local muito escuro, com pé direito superbaixo e que não parece que dá acesso à área externa senão pelo contraste de luz gerado ao final do corredor. O pé direito não permite que as lojas de doces tenham letreiros, o que faz com a homogeneidade do espaço e sua falta de indicação não diferencie as lojas. Apesar de sentir uma certa claustrofobia, as lojas movimentadas e com produtos bem visíveis me fizeram parar um pouco antes de seguir o caminho. Ao sair do edifício por sua fachada oeste o contraste de luz nos incomodou um pouco e o ambiente continuou desagradável, agora não incomodando mais pelo sentimento de estarmos sufocados, mas pela falta de assepsia do local. Muitas lojas parecem fechadas e percebemos ao longe a saída que vimos mais cedo, mas nos parece que são dois edifícios totalmente distintos entre si, sem nenhuma tentativa de conexão ou fluidez. O fluxo de pessoas aqui é bem reduzido se comparado ao mesmo local durante a semana e também à fachada leste, e os toldos que durante a tarde cobrem as lojas do sol estavam abertos, sem impedir a passagem. Optamos por parar no meio dessa via e tentar alcançar a entrada ao nível térreo para pegarmos o carro em direção sul, visto que da última vez que estive ali tive medo de passar a pé pelo local. Passamos pelo estacionamento e tivemos dificuldade de acesso, tanto para sair da calçada quanto para subir a escada até a Praça dos Aposentados. Na praça agora duas pessoas se sentavam. De cima vimos algumas pessoas bebendo a frente das lojas fechadas, mas sem fluxo algum de passantes. Adentrando o Térreo escutei uma música, a qual não havia percebido antes – quando apenas queria sair desse corredor, e instintivamente viramos para a esquerda, local mais claro, a fim de atravessar o
Conic. Voltamos para o Teatro Dulcina para chegar à fachada leste. Percebemos que não havíamos passado pela Fachada Norte, então, questionando novamente o segurança do Edifício Boulevard, acessamos a escada rolante que passa pelo primeiro subsolo até o segundo subsolo. O primeiro subsolo estava com apenas uma loja de tatuagem aberta, servindo apenas de corredor de passagem para o segundo subsolo, sem fluxo de pessoas significativo, mais a frente descemos mais uma escada rolante e chegamos em lojas um pouco mais movimentadas, salão de beleza, ótica e oficina de fabricação de roupas. Até agora não sentimos insegurança, apesar do vazio o ambiente estava claro, com iluminação artificial, e limpo. Por meio de placas de indicação da Galeria Boulevard encontramos serviços de banheiros feminino e masculino, até agora o primeiro banheiro aparentemente público do complexo, que era escuro e não tinha aspecto asséptico, apesar de estar limpo. Ao final do corredor havia muitas lojas fechadas e mais uma praça de alimentação, com restaurantes self service, aqui o espaço se amplia ao passo que a sensação de escuridão aumenta. Era quase meio dia quando chegamos a este local e reparamos o fluxo de pessoas aumentando muito e as mesas sendo todas ocupadas, o público parece ser de trabalhadores da feira que ocorre próxima ao Conic, visto que carregavam materiais. Chegando na entrada norte, que dá acesso ao subsolo da rodoviária, os serviços se mantém abertos com atividades de venda de apliques para cabelos e consertos de eletrônicos. Não gostaríamos de descer pela rampa de saída, mas optamos por a experiênciar e tirar uma foto da Fachada, assim logo voltamos para o edifício para pegar o carro e passar pela Fachada Sul. Tentamos atravessar o edifício pelo Segundo Subsolo até a ala sul, mas nos deparamos com um estacionamento
Anexo I D - Análise de Deriva no Conic de Brasília a ser utilizado para diagnóstico sensitivo. que pareceu estar em reforma. Voltando pelas escadas rolantes paramos na lotérica, que estava bem movimentada e chamou atenção do meu pai, o qual fez uma aposta. Esse horário, passado um pouco do meio dia, no calçadão onde, no começo, se destacou os funcionários, agora os mesclava com o enorme fluxo de passantes que entravam e saíam do Conic. Pegamos o carro e paramos próximo a passarela que deslumbra a Fachada Sul de cima, tiramos fotos e nos sentimos mais seguros no gramado do que abaixo, na região de lojas. É uma pena porque vimos que, mesmo sendo final de semana, havia um fluxo considerável de pessoas e uma grande proximidade com o Setor Comercial Sul e da estação de metrô, potenciais geradores de usuários. Essa é a fachada com menos visibilidade, menor acesso, menor cuidado, a mais suja e com menor quantidade de lojas translúcidas ou abertas depois da fachada norte, ela está com sua esquina em obra, com tapumes, e não possui acesso público direto para o complexo.
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