Overflows from Childhood

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TRANSBORDAMENTOS DA INFÂNCIA

P A T R Í C I A

C H A V E S

O V E R F L O W S R C H I L D R O O D M


TRANSBORDAMENTOS DA INFANCIA ˆ

OVERLOWS FROM CHILDHOOD

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Patricia Chaves is an artist whose paintings are anchored in the universe of childhood representations. However, her creations go over the limits that circumscribe the infant territory as puerile and ludic. It is through the capitation of specific actions and gestures that she keeps on building her poetic language. To enlighten the radical character of the imperative expression, her works provoke a decantation of these images to expose the unlimited, making them overflow.

The discontinuity goes beyond the individualities of personal memories or experiences shared by engaging such instances that pass us. The singularity of narratives and the content in them shows a conflict that is inherent. The artist aims to approach the thing that escapes us. Patricia Chaves rips the enclosure that regards childhood unwrapping it and turning it raw. Her works attempts to broaden the elements that are somehow underneath the picture so that they are not left subjacent.

The figurative paintings show scenes filled with children that integrate a vast range of particularities from their behavior. These artworks are imagined and structured in an expressionist way, they have an unfinished aesthetic as a production concept to evoke a time common to all. Therefore, they create echoes of a memory that is filled by our own personal history, being that somehow it is always a fictional one.

Gabriela Dottori / Curator

The production consolidates a strong visual identity of the artist. The dynamics of the paintings are expressed in essence through a reduced ink pallet whose chromatic relations are an inherent factor of the plastics that build the compositions. The images are executed in the most sensitive and presided way. They carry in themselves the softness of colors, small subtleties and details of the actions that are always contrasted by the harden sieve that selects the theme of actions portrayed. The canvas shows, through spilled layers of paint, something that was concealed The artist’s works capture and saturate the small noises, cracks and the plurality of this “children’s territory,” bringing evidence to the non-transitioned condition that is intrinsic to us all. The paintings hold a duality of events and nothingness; they start to take form in their blanks, cross-outs, cover-ups, smudges and erasures. These technical effects intend to emphasize the timelessness of space-time from childhood that insists to return as something non-whole.

Patrícia Chaves é uma artista cujo trabalho é composto por obras que estão ancoradas no universo da representação infantil. Contudo, suas criações ultrapassam os limites que circunscrevem o território da infância de modo lúdico e pueril. É na captação de ações e gestos particulares que ela segue construindo sua poética. Elucidando o caráter radical do imperativo categórico operante, suas pinturas provocam uma decantação dessas imagens, apontando para os seus des-limites, fazendo-os transbordar. As pinturas figurativas apresentam cenas protagonizadas por crianças abarcando manifestações particulares da infância. Estas obras imaginadas e construídas através da corrente expressionista trazem a estética inacabada como mote conceitual desta produção que evoca um tempo comum a todos. Com isso, faz ecoar uma memória que é permeada pela ficção da própria história de cada um.. A forte identidade visual da artista se consolida na sua produção. A dinamização das imagens se expressa através de uma paleta reduzida cuja relação cromática é um fator inerente à plasticidade de suas composições. As pinturas são executadas de maneira sensível e precisa. Carregam em si a suavidade das cores, pequenas sutilezas e detalhes das ações contrastadas sempre com a dureza de um crivo temático dos atos. As telas possuem algo semiencoberto, que é revelado por camadas de tinta que escorrem. Os trabalhos capturam e saturam os ruídos, rachaduras e a pluralidade desse território “infantil” evidenciando uma condição nada transitória e intrínseca ao sujeito, comportam uma dualidade de acontecimentos e intervalos. As imagens vão ganhando corpo nos seus vazios,

intervalos. As imagens vão ganhando corpo nos seus vazios, rasuras, encobrimentos e apagamentos. Tais efeitos pretendem salientar a atemporalidade do “espaço-tempo” da infância que insiste em retornar como um não-todo. As descontinuidades vão além das individualidades, das lembranças, vivências próprias ou compartilhadas enredando-se como instâncias que nos atravessam. A singularidade das narrativas e dos conteúdos contidos nas imagens comporta o conflito que é constitutivo. Ao tangenciar aquilo que nos escapa a artista rasga o invólucro da infância. Seus trabalhos alargam os elementos que os compõem pretendendo evidenciar algo que ali subjaz. Gabriela Dottori / Curadora

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SEM TÍTULO Técnica: Acrílica e carvão sobre tela Dimensão: 140 cm x 180 cm Data: 2016


The artwork from the artist’s perspective

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My works are composed of simple narratives created by characters who are children with non-specific figures and identities. Despite my disconcern with the actual proportions of the human body in the sketches, I tried to keep a certain visuality to build images charged with memories and quotidian references. I’ve noticed that in the canvas there are several and different allusions from my own childhood memory. Even though the fact that they hold levels of links to a variety of memories, the paintings are idealized in many ways starting from lived experiences or imagined ones, they intend to capture and expose something to problematize the naive quality that makes up childhood. In a way, they were all made by memory, meaning that they didn't have the use of strict observation or photograph references as a technical resource. Part of the process is being able to make a painting over another painting on the same canvas, without hiding what is underneath and, therefore, giving them multiple dimensions. There are revealed layers and drips of ink, lines and smudges in an overlap procedure. Another aspect present in the painting is the line of black charcoal that marks and is enforced in the next steps. The traces of those lines form the composition together with the smudges in a mix of painting and drawing. This demarcation of the result at times accompany the images, and on other occasions as an independent element within the composition (Nao entendi esse frase). I include “error” as a part of the process in a style of painting that's fast and whose final aspect seems to be left unfinished. I believe that childhood is important data to the concept of the paintings, because of the dialogue that I build through the meaning that it has. People generally consider that time of life is naive and so I try to use that way of representation as an artifice contrasting it to a certain evil that is expressed in the curiosity of experiences

A arte pela perspectiva da artista

and in ways of establishing relationships among the characters. These types of interactions give an opening to interpretations of what is going on in the pictures that goes beyond the ordinary. Another component of my creations is the fact that the space occupied by the characters are nonspecific and, in some of them, the figures of plants show up as an element that somehow gives them a location. In a way those images build a kind of scenery, and points to an outside that reminds the viewer a bit of a backyard. The situations portrayed show characters partaking in simple actions. The compositions don’t have many elements, and are basically formed by figures in a first and second plan. That is a certain subtlety that leaves an uncertainty about what is really happening in the scene. The paintings can sometimes disturb the viewers for their mix of elements that take place in the narrative. This simplicity is a fact that actually does not contribute to an immediate understating of the plot because of the mystery that is held in its obviousness, something that goes a bit far from the familiar place that the children are apparently only playing. These attitudes occur in an incomplete way and leave it up to the spectator to fill in the black space that is left behind. Patrícia Chaves

Meus trabalhos são compostos por narrativas simples, cujas personagens são crianças sem uma identidade específica. Apesar da minha não preocupação com as proporções do corpo infantil no desenho procuro manter certa visualidade para construir imagens carregadas de memória e referências cotidianas. Observei que nas telas estão incluídas inúmeras e diferentes alusões à minha própria memória da infância. Porém, mesmo possuindo níveis de vinculação a memórias, as pinturas são idealizadas de formas diversas que partindo de experiências vivenciadas ou imaginadas possuem a intenção de captar e expor algo que problematize a ingenuidade atrelada à infância. Nesse sentido, todas são feitas “de memória”, sem o uso de referência fotográfica como recurso técnico. Parte do processo é fazer uma pintura por cima da outra, sem esconder totalmente o que foi feito embaixo, dando diferentes planos à pintura. São revelados escorridos de tinta, linhas, manchas em camadas aparentes num procedimento de sobreposição. Outro aspecto presente nas pinturas é a linha preta de carvão que começa na marcação e é reforçada nas etapas seguintes. A linha forma a composição junto com a mancha num misto de desenho e pintura. Essa insistente marcação participa do resultado, ora acompanhando as figuras, ora como um elemento independente dentro da composição. Incluo o “erro” como parte do processo nesta pintura rápida cujo aspecto final parece ficar inacabado. Penso a infância como dado que compõe o conceito, pois dialogo com o significado que ela traz. Por ser comumente considerada como ingênua, procuro utilizá-la como artifício contrastando-a com certa maldade expressa na curiosidade de experimentar e estabelecer relações das personagens. Esta ação realizada num relacionar-se das figuras infantis, dá abertura para possíveis interpretações da cena. Outro componente recorrente

em meu trabalho é o fato do espaço ocupado pelas personagens não ser especificado nas composições e, em algumas pinturas, a imagem da planta aparecer como algo que localiza, de certa forma, essas figuras em um lugar, numa espécie de cenário. Esse elemento aponta para uma ideia de quintal. As situações retratadas trazem personagens em ações aparentemente pouco complexas. As composições não possuem muitos elementos, são basicamente formadas por figuras no primeiro plano e fundo, há certa sutileza que deixa no ar a incerteza sobre o que estaria realmente acontecendo na cena. As pinturas incomodam pela economia de elementos na narrativa, fato que, contraditoriamente, não contribui para uma compreensão imediata do discurso, pois cria um 9 mistério que parte da suposta obviedade temática de um contexto familiar de crianças que parecem estar brincando. As atitudes destas personagens que se dão de maneira quase incompleta, deixam para o espectador preencher, ou não, seus significados. Patrícia Chaves


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SEM TÍTULO Técnica: Acrílica e carvão sobre tela Dimensão: 105 cm x 65 cm 2016

SEM TÍTULO Técnica: Acrílica e carvão sobre tela Dimensão: 100 cm x 70 cm 2016


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SÉRIE: SEM TÍTULO Técnica: Acrílica e carvão sobre tela Dimensão: 5 telas (60 cm x 40 cm) 2017


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SEM TÍTULO Técnica: Acrílica e carvão sobre tela Dimensão: 120 cm x 90 cm 2017

SEM TÍTULO Técnica: Acrílica e carvão sobre tela Dimensão: 130 cm x 80 cm 2016


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SEM TÍTULO Técnica: Acrílica e carvão sobre tela Dimensão: 120 cm x 210 cm 2017


SEM TÍTULO Técnica: Acrílica e carvão sobre tela Dimensão: 130 cm x 90 cm 2016

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SEM TÍTULO Técnica: Acrílica e carvão sobre tela Dimensão: 80 cm x 100 cm 2017

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SEM TÍTULO Técnica: Acrílica e carvão sobre tela Dimensão: 50 cm x 50 cm 2017

SEM TÍTULO Técnica: Acrílica e carvão sobre tela Dimensão: 100 cm x 100 cm 2016


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SEM TÍTULO Técnica: Acrílica, óleo e carvão sobre tela Dimensão: 140 cm x 90 cm Data: 2016

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SEM TÍTULO Técnica: Acrílica e carvão sobre tela Dimensão: 130 cm x 90 cm 2016


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SEM TÍTULO Técnica: Acrílica e carvão sobre tela Dimensão: 130 cm x 90 cm 2017

SEM TÍTULO Técnica: Acrílica e carvão sobre tela Dimensão: 130 cm x 90 cm 2017


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SEM TÍTULO Técnica: Acrílica e carvão sobre tela Dimensão: 80 cm x 100 cm 2017

SEM TÍTULO Técnica: Acrílica e carvão sobre tela Dimensão: 60 cm x 80 cm 2017


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Patricia Chaves was born in Niterói, RJ in 1992. Nowadays she lives and works in Rio de Janeiro. She graduated in Painting at EBA - Fine Arts School at the UFRJ - Federal University of Rio de Janeiro. She was also a student in several courses at the Visual Arts School at Parque Lage. In 2017 she presented the solo exhibition entitled “Overflows from Childhood” at Centro de Artes Calouste Gulbenkian, RJ, that was curated by Gabriela Dottori and Julio Ferreira Sekiguch. In the same year, she was apart of the collective “Cabra-Cega” at Galeria Modernistas, a part of the “Salve São Jorge” exhibition, which was organized by Raimundo Rodriguez at Armazém da Utopia, and also participated in “Carpintaria para todos”, a group exhibition showed at Carpintaria Gallery. In 2016 she did the solo presentation “Cotidiano Escondido” and was in “Nós Coloridos” a collective. Patricia's first exhibition was in 2012.

Patrícia Chaves nasceu em Niterói, RJ no ano de 1992, atualmente vive e trabalha na cidade do Rio de Janeiro. É graduada em pintura na Escola de Belas Artes da UFRJ. Participou de diversos cursos, como aluna e também monitora, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 2017 realizou a exposição individual “Transbordamentos da Infância” no Centro de Artes Calouste Gulbenkian que teve curadoria de Gabriela Dottori e Julio Ferreira Sekiguch. No mesmo ano participou da coletiva “Cabra-Cega” na Galeria Modernistas, da nona edição da exposição Salve São Jorge, organizada por Raimundo Rodriguez e também da Carpintaria para todos. No ano 2016 realizou a individual “Cotidiano Escondido” e fez parte da coletiva “Nós Coloridos”. Sua primeira exposição aconteceu em 2012.

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SOLO EXHIBITIONS Exposições individuais Transbordamentos da Infância - 2017 Centro de Artes Calouste Gulbenkian - Rio de Janeiro/RJ Cotidiano Escondido - 2015 Espaço Cultural Oceânico - Sala Armando Gonzaga - Niterói/RJ

GROUP EXHIBITIONS

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ACKNOWLEDGMENTS Agradecimentos

ALL THE RIGHTS RESEVERD

PHOTOGRAPHER Fotográfa Fernanda Rezende

EDITING AND GRAPHIC PROJECT

Exposicões coletivas

Edição e projeto gráfico Fernanda Rezende

Carpintaria Para Todos - 2017 Galeria Carpintaria - Rio de Janeiro/RJ

ESSAY

Cabra-Cega - 2017 Galeria Modernistas - Rio de Janeiro/RJ Salve São Jorge 9 edição - 2017 Porto das Artes - Fábrica de Espetáculos - Rio de Janeiro/RJ Coletiva Eixo - 2016 Galeria virtual Eixo Arte Contemporânea Nós Coloridos - 2016 Centro de Artes Calouste Gulbenkian - Rio de Janeiro/RJ Catarse Cultural - 2015 Realizada no Espaço Cultural Oceânico - Niterói/RJ Galeria do Poste - 2015 Arte de Portas Abertas - Santa Teresa - Rio de Janeiro/RJ Mostra da Carioca - Tiradentes Cultural - 2014 Centro de Artes Maria Teresa Vieira - Rio de Janeiro/RJ Ponto de Vista - 2013 Obra de Arte no Museu de Arte Contemporânea de Niterói - Niterói/RJ Atelier Itinerante - 2012 Espaço Maria Maria - Petrópolis/RJ

Ensaio Gabriela Dottori

ENGLISH VERSION Versão para o inglês Gabriela Dotorri

ENGLISH PROOREADING Revisão do inglês Willian Martinez

PORTUGUESE PROOFREADING Revisão do Português Jorge Reis

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