Viver (n)a pandemia: reflexões sobre atenção, percepção e experiência Fabíola Calazans RESUMO Este ensaio tem por objetivo contribuir para as discussões sobre tecnologia e modos de vida durante a pandemia de COVID-19. De modo a investigar as formas de percepção e experiência em tempos de pandemia, recorremos à perspectiva genealógica a partir de um recuo histórico à modernidade. Para tanto, dialogamos com textos de Jonathan Crary e Walter Benjamin, a fim de compreender como esses regimes operam e podem ser problematizados na contemporaneidade. Investigamos, por fim, em que condições emerge a experiência da corporeidade confinada durante a pandemia e seus tensionamentos com o capitalismo de vigilância e com a (des)atenção à vida. Palavras-chave: pandemia; Covid-19; atenção à vida; subjetividade; tecnologias. INTRODUÇÃO A realidade flui; nós fluímos com ela; e chamamos verdadeira toda afirmação que, ao nos dirigir através da realidade movente, nos dá domínio sobre ela e nos coloca em melhores condições para agir. Henri Bergson1 BERGSON, Henri. O Pensamento e o Movente. São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 252.
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