CU RSO FO R M AÇÃO D E P RO F ESSO R ES-T UTO R ES . M Ó D U LO 4
CURSO FORMAÇÃO DE PROFESSORES-TUTORES
MÓDULO 4
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO DIRETORIA DE POLÍTICAS E TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS DEPARTAMENTO DE FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO - DFPE COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E WEB
CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES-TUTORES Módulo 4 Mediação pedagógica na Educação a Distância Apresentação No módulo 3 – “Compreendendo a prática da tutoria: o professor-tutor”, estudamos as atribuições do professor-tutor e as atividades de tutoria. Também iniciamos as discussões sobre as ações e atitudes docentes específicas na Educação a Distância (EaD). Seguindo esta temática, neste módulo serão apresentadas algumas atitudes e procedimentos que podem ser adotados pelo professor-tutor na mediação pedagógica dos processos de ensino e de aprendizagem em cursos desenvolvidos no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), a partir de uma concepção pedagógica.
Objetivos Ao final deste módulo, esperamos que você possa: ● Conhecer a concepção pedagógica adotada pela EaD da Seed-PR; ● Compreender o conceito de mediação pedagógica no contexto da EaD; ● Conhecer formas de incentivar e mobilizar a interação; ● Adotar atitudes para orientar ações, problematizar conteúdos e desenvolver feedbacks.
Conteúdos: · Concepção Pedagógica da EaD Seed-PR · Mediação pedagógica na EaD · Ações da mediação: interação, feedback e conteúdos.
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Os cursos de formação continuada em EaD na Seed-PR pressupõe uma concepção pedagógica que privilegia a atividade mediadora do professor-tutor, o qual, com base nas atividades propostas, promove a articulação entre a teoria e a atuação profissional do cursista, possibilitando, pela via da aprendizagem colaborativa, o aprofundamento teórico e a troca de experiências e reflexões sobre a prática vivenciada profissionalmente. Faz-se necessário, em qualquer programa de EaD, uma relação que não seja somente de aprendizagem de conteúdos, mas de significação humana e social, o que ocorre a partir de conhecimentos historicamente produzidos – as teorias e normatizações. Assim sendo, se o objetivo é privilegiar a aquisição do saber vinculado à prática, “é preciso que os métodos favoreçam a correspondência dos conteúdos e reconheçam neles o auxílio ao esforço de compreensão da realidade” (LIBÂNEO, 1983). Partindo desse pressuposto, a EaD na Seed-PR, além de veicular conteúdos necessários para a formação da prática profissional consciente e transformadora, possibilita a prática social reflexiva e emancipadora. Mesmo caracterizada pelos estudos autônomos, a apropriação do conhecimento por meio de interação é a principal finalidade no processo de formação continuada na modalidade, sendo, também, um meio para mudança da prática social e profissional. Esse conhecimento é mediado pela interlocução entre os sujeitos que aprendem (os cursistas), o sujeito que media o conhecimento (neste caso, a figura representada pelo professor-tutor) e o objeto do conhecimento, ou seja, o conteúdo proposto no curso de formação continuada. Dessa forma, o ponto de partida de trabalho do professor-tutor é a prática social que, a partir da instrumentalização, do saber, do conhecimento socialmente produzido e elaborado, promove um retorno a uma nova prática social ressignificada. Para tanto, o conhecimento que se concebe é construído histórica e dialeticamente pelo conjunto da humanidade, não é efêmero ou relativizado, mas reconstruído a partir das práticas sociais e como imperativo do modo humano de produção social da existência. Isso implica que o conhecimento se dá na e pela práxis. A práxis, segundo Frigotto (2004, p. 81), expressa a unidade indissolúvel de duas dimensões distintas, diversas no processo de conhecimento, a teoria e a ação: “A reflexão teórica sobre a realidade não é uma reflexão diletante, mas uma reflexão em função da ação para transformar. Portanto, o processo de apropriação do conhecimento deve ser concebido como práxis no campo educacional”. Nessa concepção pedagógica o processo educacional possibilita a compreensão da realidade histórico-social e explicita o papel do sujeito construtor/transformador dessa mesma realidade (LIBÂNEO, 1984). No quadro abaixo, elencamos as ideias de três autores, as quais se relacionam com tal concepção:
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1) A concepção pedagógica na EaD da Seed-PR
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VYGOTSKY
SAVIANI
Prática
Teoria
Prática
Zona de Desenvolvimento Real: conhecimento adquirido ou formado, que determina o que o sujeito já é capaz de fazer sozinho.
Zona de Desenvolvimento proximal: É a distância entre aquilo que o sujeito faz sozinho e o que ele é capaz de fazer com a intervenção de outra pessoa. É a potencialidade para aprender, que não é a mesma para todas as pessoas; ou seja, distância entre o nível de desenvolvimento real e o potencial. É neste momento ocorre a interação e a mediação.
Nova Zona de Desenvolvimento Real: novo conhecimento adquirido ou formado
Prática Social Perceber e denotar, identificar o objeto da aprendizagem.
Problematização Momento para detectar as questões que precisam ser resolvidas no âmbito da prática social, e que conhecimentos são necessários a serem dominados. Neste momento ocorre a interação e a mediação.
Momento do diagnóstico em que o professor percebe: GASPARIN
O que o aluno já sabe - visão da totalidade empírica. Desafio - o que o aluno gostaria de saber a mais?
* Identificação e discussão dos principais problemas postos pela prática social e pelo conteúdo. · O professor mobiliza a atenção dos estudantes para o tema proposto. · Estabelece as dimensões do conteúdo a serem trabalhados, relacionadas com as demais áreas do conhecimento.
Instrumentalização Apropriação das ferramentas culturais necessárias à luta social. Neste momento ocorre a interação e a mediação.
Ações docentes e discentes para construção do conhecimento. · Passo a passo da aula, com as atividades a serem realizadas; como as questões principais levantadas na problematização serão trabalhadas e suas relações com as Dimensões; e a anexação dos materiais necessários. · Relação aluno X objeto do conhecimento através da mediação docente. · O professor trabalha o conhecimento científico.
Catarse Tomada de consciência. Neste momento ocorre a interação e a mediação.
Elaboração e expressão teórica da síntese da nova postura mental. · O professor poderá propor atividades para perceber o nível de compreensão do tema proposto. · Avaliação: deve atender às dimensões e aos objetivos.
Prática Social Retorno à prática social, com o saber concreto pensado para atuar e transformar as relações de produção visão sintética.
Intenções do aluno e a nova atitude sobre o conteúdo e da forma de agir. · Ações do aluno. · O professor discutirá com a turma atitudes e ações individuais e/ou coletivas que podem ser assumidas diante dos problemas levantados na prática inicial do conteúdo, tendo em vista uma transformação social (do pessoal para o coletivo).
Fonte: Quadro baseado nas pesquisas do Professor Gasparin (2007) e nas informações da página de OTP (Organização do Trabalho Pedagógico) da Seed-PR.
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2. A mediação pedagógica na EaD A EaD é uma modalidade educativa que se caracteriza principalmente pela distância geográfica entre as pessoas. Os processos de ensino e de aprendizagem encontram-se dispostos em contextos diferentes, permeados por recursos digitais e pela dinâmica virtual. Nesta perspectiva, podemos afirmar que um dos grandes desafios do professor-tutor na EaD é justamente empregar uma metodologia de trabalho diferente daquela aplicada na educação presencial, baseada em uma concepção pedagógica que se paute no papel do professor-tutor como mediador do processo de aprendizagem colaborativa. Isso porque, conforme apontam as Diretrizes para o uso de Tecnologias (2011):
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Assim, é necessário considerar nos cursos em EaD que tanto cursistas quanto professores-tutores são sujeitos situados histórica, econômica, cultural e socialmente, vinculando-se, portanto, às condições concretas para sua viabilização. Sujeitos estes que são condicionados por sua realidade ao mesmo tempo em que podem modificá-la. Isso se faz possível uma vez que se relacionam dialeticamente entre si no processo de aprendizagem colaborativa, retomando, a partir de elaborações abstratas e concretas, uma nova forma de pensar e fazer a sua prática.
é necessário entender que os processos de mediação, em ambientes de aprendizagem, pressupõem interações, porém (...) a simples interação do aluno com o conhecimento não garante a efetivação da aprendizagem e, por isso, se faz necessária a mediação do professor. (PARANÁ, 2011, p. 11)
Nesse sentido, em um curso a distância, o papel do professor-tutor é essencial. Embora espere-se do cursista maior autonomia no desenvolvimento das atividades, isso não significa a isenção do professortutor no direcionamento das ações e feedbacks das atividades realizadas, empregando intervenções e interações que contribuam para que os cursistas possam resolver eventuais dificuldades e se sintam amparados na rotina do curso. Todas estas ações do professor-tutor podem ser compreendidas como procedimentos e atitudes relacionadas ao que denominamos mediação pedagógica. Para Feuerstein, a mediação é um fator de transmissão cultural. A cultura e os meios de informação são fontes para a mudança do homem. Uma mediação educativa deve ter integrados três elementos: o educador (ou qualquer pessoa que propicie desenvolvimento a outra), o aprendiz (ou qualquer pessoa na condição de mediado) e as relações (tudo o que é expressado/ vivenciado no processo de ensino e aprendizagem). O primeiro – o educador/mediador – é o elo de ligação entre o mediado e o saber, entre o mediado e o meio, entre o mediado e os outros mediados. (Turra, 2007, p. 308).
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No AVA o professor-tutor representa o eixo motor das atividades propostas. Sua intervenção e interação junto aos cursistas no desenvolvimento das atividades são ações fundamentais que se concretizam na prática diária de sua atuação no ambiente virtual de aprendizagem.
Mauri e Onrubia (2013) defendem a aprendizagem em ambientes virtuais como resultado de um processo construtivo de natureza interativa, social e cultural. Os autores apontam a necessidade de um perfil de tutoria que oriente, guie e possua a capacidade de manter a atividade construtiva do aluno durante todo o processo de aprendizagem. Assim, a ação do professor-tutor estaria voltada para a mediação da atividade do aluno, compreendida por eles como “a capacidade do professor para proporcionar auxilio, que se concretizaria nas trocas mútuas entre professor e aluno”. (MAURI; ONRUBIA, 2013, p. 125). Schneider, Silva e Behar (2013) compreendem a mediação pedagógica como uma das atribuições necessárias para a atuação do professor-tutor em cursos a distância. Descrevem a mediação pedagógica como um conhecimento que nos possibilita dar
...condições para incentivar e mobilizar as trocas entre alunos, organizar grupos, orientar ações, problematizar posicionamentos e entendimentos sobre o conteúdo em questão, administrar conflitos, realizar negociações, tendo por objetivo aproximar os alunos do conteúdo de forma ativa e coletiva, visando a construção de conhecimentos (SCHNEIDER, SILVA E BEHAR, 2013, p.168).
Para que possamos compreender melhor como a mediação pedagógica se concretiza na prática, é importante descrever de forma mais detalhada algumas ações do professor-tutor quanto ao desenvolvimento das atividades pelos alunos no AVA.
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2.1 Ações da mediação: interação e feedback Para discutirmos interação na EaD, vamos retomar o conceito de interação abordado na ambientação do curso. Segundo Alex Primo (2000) há dois tipos de interação: a mútua e a reativa. Nas interações mútuas os participantes se transformam a cada nova troca, por isso, de acordo com o autor, é impossível prever qual será o resultado destas interações, uma vez que ela é gerida pela negociação (Ex.: ferramenta Fórum) Por outro lado, as interações reativas são limitadas, lineares e normalmente representam uma ação seguida de reação - um polo age e o outro reage (Ex.: ferramenta Questionário). A interação pressupõe ações recíprocas de cada participante, por meio da colaboração. Dessa forma, o comportamento e o relacionamento de cada pessoa afetam e são afetados, modificam e são modificados pelo comportamento do outro. Além disso, as interações são marcadas pelos conflitos e pelas negociações. Elas não mantêm um equilíbrio contínuo, mas são marcadas pelo choque de pensamentos e contraposições. Por isso, espera-se que os participantes modifiquem e alterem suas discussões e, talvez, em alguns momentos, cheguem a um consenso. Por exemplo, quando o professor-tutor disponibiliza um questionamento no fórum de discussão, ele espera que, para além de simplesmente responder à questão, os cursistas interajam, de forma que a discussão iniciada se transforme e se modifique ao longo das várias interações de outros participantes, permeados pelos momentos de conflito e negociações. O que se vê em um fórum de discussão com estas características são momentos ricos de trocas e de diferentes compreensões do conhecimento. O que ocorre, muitas vezes, é que o cursista responde ao fórum e interpreta a interação como indicação de opinião da resposta do outro, registrando respostas tais como: “concordo com seu texto...” ou “muito pertinente estes apontamentos...” Em muitos casos o fórum pode deixar de ser “visitado” pelos cursistas, pois perde seu foco inicial. Neste contexto, o professor-tutor deve intervir e participar com mais assiduidade das discussões, interagindo coletivamente e individualmente, estimulando a participação com outras questões ou redirecionando o debate e, em alguns casos, pode, inclusive, rever alguns posicionamentos e encaminhamentos repassados no início do fórum. Se o cursista apenas responde às questões e o professor-tutor apenas “fiscaliza” as postagens, ambos limitando-se ao cumprimento das atividades, e o fórum de discussão perde seu objetivo inicial que é o de fomentar debates. Com relação a atividades propostas em outros recursos, como Tarefas e Diários no qual a interação se dá apenas entre o cursista e professor-tutor, é muito importante que o feedback do professor-tutor (o qual fica registrado logo abaixo da postagem do cursista) vá além da “fiscalização” do cumprimento da atividade. Mas de que forma? Retomando os pontos principais discutidos pelo cursista, inserindo outros questionamentos reflexivos ou estimulando o aprofundamento dos estudos, a partir da indicação de outras fontes de pesquisa ou materiais. Há ainda outros recursos no AVA como o Questionário, o Escolha e a Wiki, os quais, em caso de necessidade, o tutor pode realizar feedback individual, por meio de mensagem.
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Isso porque, quando falamos em mediação pedagógica estamos nos referindo a ações que devem ser empregadas na prática de tutoria e que, muitas vezes, dependem exclusivamente do trabalho do professor-tutor. É impossível descrever ou apresentar caminhos para todas as situações que o professortutor encontrará no AVA, contudo, é possível destacar aquelas que mais comumente ocorrem nestes espaços. A seguir, serão abordados alguns conceitos utilizados na EaD, indicando atitudes e procedimentos que podem ser empregados pelo professor-tutor durante o desenvolvimento do curso.
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Mas o que é feedback?
FEEDBACK: Leitura e compreensão da(s) ação(ões) ou da(s) mensagem(ns) emitida(s) por outro, dando retorno ao emissor de forma respeitosa e adequada ao contexto da ação ou mensagem, como também compreender e aceitar o retorno de outro sobre sua(s) ação(ões) ou mensagem(ns) (SCHNEIDER, SILVA E BEHAR, 2013, p.168). Sabemos que a interação do professor-tutor com seus cursistas é uma ação essencial em cursos a distância. Essa interação pode ocorrer de várias formas, partindo de diferentes contextos e com diferentes objetivos: orientar, intervir, mediar, mobilizar, negociar conflitos etc. Em cursos a distância, o professortutor pode e deve interagir com os cursistas por meio dos feedbacks. O feedback compreende a leitura, análise e compreensão da atividade realizada pelo cursista em um ambiente virtual de aprendizagem. Trata-se do retorno do professor-tutor na forma de postagens de mensagens de texto ou outros formatos possíveis, baseado na relação interpessoal, de respeito e acolhimento da ação do outro. Assim, o professor-tutor precisa tomar alguns cuidados na realização de um feedback. Inicialmente, é preciso lembrar que na EaD as formas de interação são predominantemente textuais, por isso é necessário atenção e cuidado na escrita. É importante observar as regras de netiqueta/ética na internet e conferir ortografia e coerência antes de postar as mensagens. A clareza e objetividade do feedback podem evitar possíveis erros de interpretação e possibilitam compreensões mais precisas.
Quer aprofundar seus conhecimentos em netiqueta? Confira os textos, vídeos e sugestões de livros sobre esse e outros aspectos discutidos nesse texto, acessando os Materiais Complementares deste módulo. Abreu-e-Lima e Alves (2011), no texto O feedback e sua importância no processo de tutoria a distância, apresentam um modelo de feedback denominado “Escada de feedback”. Baseado em quatro etapas, o modelo oferece uma estrutura que busca dar apoio ao estudante num processo construtivo de conhecimento. Abaixo realizamos uma descrição das etapas sugeridas pelos autores, adaptando-as à ação esperada pelo professor-tutor.
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Compreendemos que os modelos de feedbacks podem colaborar com a ação de tutoria na EaD, porém cada professor-tutor deve encontrar a melhor forma de realizar esta mediação, fazendo com que o cursista se sinta amparado, “ouvido” e motivado a participar das interações e do processo de construção do conhecimento. Mas em que o professor-tutor vai basear suas interações e feedbacks? O principal meio para que a mediação pedagógica ocorra é através do conteúdo trabalhado no módulo. Sobre esse tópico, Illera (2013) comenta que: Os conteúdos são, por um lado, a palavra do professor, mas também os materiais que contêm informação e que são postos à disposição dos estudantes, seja como referência, como guia ou como complemento de outra informação; por outro lado, são usados como sinônimo daquilo que é preciso aprender. (ILLERA, 2013, p. 136)
De acordo com o autor, historicamente, os conteúdos estão atrelados aos livros didáticos ou a outras formas de dispositivos que privilegiam o papel. Com os avanços tecnológicos surge uma nova produção e disposição de conteúdo, que passam a integrar texto, imagem e outros recursos digitais. Dessa forma, no AVA é comum a inserção de diferentes materiais, como textos, vídeos, imagens, animações etc. Todos estes conteúdos têm como pressuposto subsidiar o desenvolvimento das atividades propostas. Quando é solicitado ao cursista que realize uma leitura ou faça análise de um vídeo ou de uma imagem, espera-se que, no desenvolvimento da atividade, ele possa relacionar de forma efetiva a atividade solicitada e o material de apoio, e não se limite apenas à indicação de sua opinião.
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É comum que nestas atividades a experiência e vivência pessoal do cursista estejam implícitas em suas produções (e por certo são importantes), mas, neste caso, o que se pretende é a construção de uma análise crítica, onde se apresente um conjunto bem estruturado de opiniões fundamentadas. Não significa que o cursista necessite obrigatoriamente transpor o texto ou descrever o vídeo indicado na atividade, mas a sua resposta, neste caso, precisa apresentar uma análise fundamentada de sua prática, demonstrando um conhecimento mínimo do material indicado. Em atividades que solicitem acesso a conteúdos complementares ou de apoio, o professortutor também precisa orientar seus cursistas, direcionando e problematizando estes materiais em seus feedbacks, de forma que o cursista possa rever suas interpretações ou até mesmo esclarecer possíveis dúvidas. Por fim, como cada atividade e recurso/ferramenta possui a sua especificidade, recomenda-se que, ao final do módulo, o professor-tutor elabore uma Síntese das Atividades, retomando os principais pontos abordados pelos cursistas em todas as atividades propostas com vistas a um fechamento para o módulo, realizando, assim, um feedback geral do módulo para a sua turma.
Antes de realizar as atividades propostas, confira os vídeos, apresentações e leituras disponíveis em “Materiais de Estudo” desse módulo.
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Vamos revisar o que estudamos nessa unidade?
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A Concepção pedagógica adotada pela EaD da Seed-PR é que acredita que o processo educacional possibilita a compreensão da realidade histórico-social e explicita o papel do sujeito construtor/ transformador dessa mesma realidade. Alguns autores que se relacionam com essa concepção pedagógica são Libâneo, Vygotsky, Saviani e Gasparin.
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Mediação Pedagógica em EaD é baseada no papel do professor mediador. Nos cursos de EaD da Seed-PR é a principal ação metodológica do professor-tutor. Pode ser definida como ações que possibilitam incentivar e mobilizar as trocas entre alunos, organizar grupos, orientar ações, problematizar posicionamentos e entendimentos sobre o conteúdo em questão, administrar conflitos, realizar negociações, entre outras. Tem como objetivo aproximar os alunos do conteúdo de forma ativa, crítica, participativa e colaborativa, visando a reflexão sobre a prática profissional e sua articulação com os conhecimentos teóricos trabalhados nos cursos.
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Interação pressupõe ações colaborativas de cada participante, em especial do professor-tutor para com os cursistas, o qual para além de “fiscalizar” as atividades, através de uma ação mediadora, interage com eles a fim de promover uma reflexão crítica da prática profissional a partir dos aspectos teóricos/conhecimentos/conteúdos abordados no curso.
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Feedback compreende a leitura, análise e compreensão da atividade realizada pelo cursista em um ambiente virtual de aprendizagem. Trata-se do retorno do professor-tutor na forma de postagens de mensagens de texto ou outros formatos possíveis, baseado na relação interpessoal, de respeito e acolhimento da ação do outro.
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Os Conteúdos em ambientes virtuais de aprendizagem, não se limitam a textos escritos e podem ser apresentados através de diferentes materiais, como vídeos, imagens, simuladores, animações, sites, etc. Eles são a base do professor-tutor para as ações de interação e feedback. É através da mediação pedagógica do conteúdo que o professor-tutor concretiza a sua ação.
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REFERÊNCIAS CONSULTADAS ABREU-E-LIMA, Denise Martins de, ALVES, Mario Nunes. O feedback e sua importância no processo de tutoria a distância. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pp/v22n2/v22n2a13.pdf. Acesso em: 30 set. 2013. GASPARIN, João Luiz. Uma Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. Campinas, SP: Autores Associados, 2007. ILLERA, José Luiz Rodriguez. Os conteúdos em ambientes virtuais: organização, códigos e formatos de representação. In: COLL, C.; MONEREO, C. (Orgs.). Psicologia da educação virtual: aprender e ensinar com as tecnologias da informação e comunicação. Porto Alegre: Artmed, 2010. p. 136-154. LIBÂNEO, J. C. Tendências pedagógicas na prática escolar. Revista da Ande, São Paulo, v. 3, n. 6, p. 1119, 1983. LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública: a pedagogia crítico social dos conteúdos. São Paulo: Loyola, 1984 MAURI, Teresa, ONRUBIA, Javier. O professor em Ambientes Virtuais. In: COLL, C.; MONEREO, C. (Orgs.). Psicologia da educação virtual: aprender e ensinar com as tecnologias da informação e comunicação. Porto Alegre: Artmed, 2010. p. 118-135. OTP - Pedagogia Progressista - Tendência Pedagógica Histórico-Crítica. Disponível em: http://www. gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=360. Acesso em: Abr. 2014 Organização do Trabalho Pedagógico - Pensadores da Educação – Vygotsky. Disponível em: http:// www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=326 Acesso em: Abr. 2014. PRIMO, Alex Fernando Teixeira. Interação Mútua e Interação Reativa: uma proposta de estudo. Porto Alegre: Revista Famecos, nº 12, junho, 2000. p. 81-92. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ ojs/index.php/revistafamecos/article/view/3068. Acesso em: 08 abri. 2014. SCHNEIDER, D; SILVA, K. K. A; BEHAR, P. A. Competências dos atores da educação a distância: professor, tutor e aluno. In: BEHAR, P. A. (Org). Competências em Educação a Distância. Porto Alegre: Penso, 2013. p.152-173. TURRA, N. C. Reuven Feuerstein. Experiência de aprendizagem mediada: um salto para a modificabilidade cognitiva estrutural. Revista Educere et Educare, Unioeste v. 2, n. 4, p. 297-310, jul./dez. 2007. Disponível em: <e-revista. unioeste.br/index.php/educereeteducare/article/.../1358>. Acesso em: Abr. 2014.
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