FIAM-FAAM Centro Universitário
Fernando Mariano da Silva Junior
RESSIGNIFICANDO AS MARGENS: Políticas Públicas para Habitação na Periferia de São Paulo
Trabalho Final de Graduação apresentado à banca exami nadora da FIAM-FAAM Centro Universitário, como exigência parcial para obtenção de título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação do professor Milton Susumu Nakamura.
São Paulo 2018
SILVA JUNIOR, F.M. RESSIGNIFICANDO AS MARGENS: Políticas Públicas para Habitação na Periferia de São Paulo / Fernando Mariano da Silva Junior - São Paulo,2018. Orientador: Milton Susumu Nakamura Monografia - FIAM-FAAM Centro Universitário, 2018. 1.Urbanização de Favela 2.Periferia 3.Parque Linear. I. Autor II. NAKAMURA, M.S. III.FIAM-FAAM Centro Universitário. Graduação em Arquitetura e Urbanismo IV. Título.
Fernando Mariano da Silva Junior RESSIGNIFICANDO AS MARGENS: Políticas Públicas para Habitação na Periferia de São Paulo Trabalho Final de Graduação apresentado à banca exami nadora da FIAM-FAAM Centro Universitário, como exigência parcial para obtenção de título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação do professor Milton Susumu Nakamura. Data de Aprovação: 13/12/2018 Banca Examinadora: _____________________________ Prof. Me. Milton Susumu Nakamura FIAM FAAM - Orientador _____________________________ Prof. Me. Fabricia Zulin FIAM FAAM _____________________________ Prof. Me. Mario Wilson Pedreira Reali Visitante São Paulo 2018
Epígrafe
“A outra face do progresso: crise de abastecimento, de moradia, de transporte. A Lei do Inquilinato visava defender o locatário, mas gerou uma forte crise, pois quem era despejado não tinha para onde ir. Favelas e, principalmente, a periferia foram o destino dos sem-casa e dos migrantes que buscavam a metrópole. ” (BONDUKI, 2011, p. 268)
Resumo Itaquera, bairro periférico da cidade de São Paulo, recebeu investimento em sua infraestrutura, principalmente por ter sido uma das sedes da Copa do Mundo de 2014. As ações iniciaram anos antes, principalemente para o evento, e parte daquelas que ainda estão em curso foram consolidadas no Plano Diretor Estratégico de 2014 e pela Lei de Zoneamento 2016, afim de promover a região. O destaque se dá ao principal projeto, o Polo Institucional Itaquera, cujo objetivo é tornar o bairro uma nova centralidade econômica. Ocorre que à margem desse projeto, especificamente em parte do terreno em que se pretende implanta-lo, existem sete assentamentos precários que darão lugar à um corredor de ônibus e um parque linear. O destino proposto às quase 1500 famílias tem sido paliativos e pouco efetivo para suprir a demanda por moradia. O presente trabalho busca se utilizar dos instrumentos de políticas públicas para a habitação, taís como promoção da mobilidade pública, minimizar os impactos sobre as áreas de preservação ambiental e principalmente provisão de moradias no mesmo local. Palavras Chave: Assentamento Precário, Periferia, Parque Linear.
Abstract Itaquera, a peripheral district in the city of SĂŁo Paulo, received investment in its infrastructure, mainly because it was one of the venues for the 2014 World Cup. The actions started years before, mainly for the event, and some of those still in progress were consolidated in the Strategic Director Plan of 2014 and the Zoning Law 2016, in order to promote the region. The highlight is the main project, the Itaquera Institutional Pole, whose objective is to make the neighborhood a new economic center. It happens that in the limits of this project, specifically in part of the land in which it is intended to be implanted, there are seven precarious settlements that will give place to a bus lane and a linear park. The destination proposed to the nearly 1500 families has been palliative and ineffective to meet the demand for housing. This academic project seeks to use public policy instruments for housing, such as the promotion of public mobility, minimizing impacts on environmental preservation areas and especially the provision of housing in the same place. Keywords: Precarius Settlement, Periphery, Linear Park.
Introdução___________________________________ 13 CAPITULO 1 ________________________________ 15
1.1 Periferia e os Assentamentos Precários em São Paulo _____________________________16 1.2 Análise urbana_____________________________18 1.2.1 Bairro___________________________________22 1.2.2 Entorno imediato__________________________23 CAPITULO 2_________________________________31 O PROJETO__________________________________32 2.1 Partido____________________________________33 2.1.1 Legislação________________________________34 2.1.2 O terreno_________________________________35 2.1.3 Implantação______________________________37 2.1.4 Programa _______________________________40 2.2 Características Construtivas__________________44 2.2.1 Materiais ________________________________44 2.2.2 Estrutura ________________________________44 SÚMARIO PEÇAS GRÁFICAS______________________48
REFERÊNCIAS_______________________________70
vil, para que se pudesse produzir urbanidade. Porém existe uma questão social não solucionada, há quase 30 anos no terreno no qual se pretende implantar o polo de equipamentos institucionais e comerciais. No programa, estão previstos a criação do Parque linear ao Rio Verde (afluente do Rio Jacu Pêssego), como parte da política de recuperação das áreas de proteção ambiental; e o corredor de ônibus ligando os terminais Vila Carrão e Itaquera, pelo programa de mobilidade. Esses projetos têm em seu caminho, assentamentos precários que na maior parte estão ocupando terra pública destinadas ao uso de interesse social. Como é o caso das favelas Miguel Ignácio Curi I e II (Favela da Paz), que estão dando uso social ao terreno desde 1991, conforme dados da Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP). O presente projeto visa propor um desenho urbano capaz de promover a habitação na região, se utilizando dos estudos de mobilidade e relatórios ambientais para a bacia do rio jacu, com a menor interferência, e propondo caminhos para o adensamento com a produção de um edifício com uso misto, para atender a demanda por moradia popular.
INTRODUÇÃO
O processo de transformação de uma área urbana por iniciativa do poder público, pressupõe em seu planejamento e organização o envolvimento e a participação de toda sociedade direta ou indiretamente. No caso do projeto ora em curso, (Polo Institucional Itaquera), cujo objetivo é produzir uma nova centralidade econômica no extremo leste de São Paulo e acompanhar as dinâmicas contemporâneas das grandes cidades do mundo em termos de descentralização; está sendo concebido como parte da proposta da Operação Urbana Consorciada Rio Verde Jacu que não está em vigor, porém o Plano Diretor Estratégico de 2014 e o Zoneamento de 2016 consolidaram as diretrizes para que a área de influência dessa OUC fosse considerada um eixo de estruturação metropolitana, estimulando o interesse por investimentos no polo institucional, melhorias na mobilidade e recuperação ambiental. A cidade foi sede da Copa do Mundo em 2014, e o bairro que recebeu o evento foi Itaquera, muito pela oferta de terra e também pela intenção do munícipio em desenvolver a periferia leste, marcada pela imagem dos bairros dormitórios, ou seja, com pouca diversificação de usos. Os anos que antecederam o evento da copa, foram de grande transformação para a região, desde as infraestruturas pesadas até obras de saneamento básico. O projeto foi amplamente discutido com a sociedade ci-
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CAPÍTULO 1
Contextualização e Justificativa
1.1 Periferia e os Assentamentos Precários em São Paulo Nas grandes cidades brasileiras, como São Paulo, o termo periferia tornou-se sinônimo de algo pejorativo. Moura e Ultramari, (1996), explicam que as periferias urbanas são áreas em que predominam moradias populares e população de baixa renda; segregadas social e espacialmente em territórios carentes de infraestrutura básica. Com níveis quase nulos de poder de apropriação dos produtos da cidade, os habitantes da periferia passam a ser personagens de um grave processo de segregação. (MOURA e ULTRAMARI, 1996 p.43)
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Esse conceito de periferia está sob constante atualização
¹Heterotopia (aglutinação de hetero = outro + topia = espaço) é um conceito da geografia humana, elaborado pelo filósofo Michel Foucault, que descreve lugares e espaços que funcionam em condições não hegemônicas.
desde a redemocratização brasileira nos anos 1980, mesmo que o conjunto das características simbólicas, como a ausência ou presença mínima de equipamentos urbanos, emprego e moradia legais ainda sejam bastante significativos. A segregação socioespacial é aqui colocada inerente a estruturação da periferia. Ao tratar da geografia econômica de uma cidade da região Sul do Brasil, Silveira (2003), refletiu sobre o modelo brasileiro de reprodução sistemática de famílias de trabalhadores de baixa renda ocupando a periferia, à margem do crescimento econômico.
Sposati (1981, p.89) se utilizou de um conceito elaborado por Foucault, para afirmar que São Paulo é uma heterotopia¹ de inclusão social, como consequência da vulnerabilidade imposta sistema capitalista, refletido num Estado que se ausentou de determinados locais, inviabilizando políticas públicas de habitação por exemplo. A história do desenvolvimento urbano da cidade, foi marcada por políticas que garantiram a apropriação desigual da terra, e consequentemente o acesso às infraestruturas básicas como saneamento, mobilidade e habitação. Villaça (2001) afirma que segregação socioespacial se evidencia quando analisamos as formas como foram apropriados e destinados os recursos ao setor sudoeste em relação às demais regiões da cidade. O modo irregular e desassistido de como nossas periferias foram produzidas, revelam a precariedade estrutural dos assentamentos, seja na forma de loteamentos irregulares, seja na forma de favelas. Segundo Bonduki (2011), foram nos anos 1940 que surgiram as favelas, como resultado insegurança provocada pela Lei do Inquilinato, que contraditoriamente, desestimulou o mercado de locação, através dos congelamentos dos preços. Essa política do Presidente Vargas, visava proteger o locatário, principalmente o trabalhador de baixa renda, ao mesmo tempo, destinavam-se os recursos públicos para o desenvolvimento da indústria, tornando o financiamento no
mercado de habitação restritivo e o de locação oneroso para o proprietário. Essa crise no mercado habitacional gestou a insegurança quanto a provisão de moradia para as camadas de mais baixa renda, a casa própria (Bonduki, 2011, p.261), passa a ser a segurança de uma aposentadoria mais tranquila. A propriedade da casa viria a se concretizar por meio da autoconstrução da moradia pelo trabalhador, com recursos próprios na periferia, mesmo sem infraestrutura, mas com o estimulo do Estado. A prefeitura de São Paulo, passou a tratar as poucas favelas próximas ao centro, pelo órgão de assistência social, que removia as famílias das áreas bem localizadas, e as transferia para alojamentos temporários e posteriormente para as periferias distantes da cidade (São Paulo Município, 1962, apud Bonduki, 2011). Essa medida, ampliou a demanda por urbanização das perifierias, mas garantiu que até meados dos anos 1970, apenas 1,3% da população vivesse em favela (São Paulo Município, 1973, apud BONDUKI,2011). Bonduki (2011) afirma que os primeiros moradores de favelas em São Paulo, apresentavam situação econômica similar a quem optou por autoconstruir sua casa na periferia, mas a marginalização era maior. O Conceito de habitação social foi trabalhado e desenvolvido como uma política pública no período pós década de 1940. Foi o resultado da “desmercantilização do proces-
so de produção da moradia popular” (BONDUKI, 2011, p282), face à desestruturação desse mercado no âmbito privado. Como consequência, o Estado passou a ser responsável por sua produção e ainda mais o trabalhador. Em Itaquera, bairro que ainda vive esse processo de ocupação dos espaços não edificados da cidade, temos a chamada Favela Paz e Miguel Ignacio Curi I, que ocupam desde 1991 um terreno público do município, e que ganhou notoriedade, à medida em que estão inseridas no perímetro no qual se pretende implantar um polo de equipamentos institucionais para o desenvolvimento do extremo leste da cidade. As obras ainda estão em curso e aparentemente nenhuma solução estrutural foi apontada, quanto ao destino que está sendo reservado para os moradores das favelas no perímetro de implantação do polo. Esta questão ganhou destaque nos jornais², sobretudo pelos impasses burocráticos no processos de reassentamentos das famílias que vivem em locais irregulares, muitas vezes ocupando várzeas de rios, sob risco iminente de erosões. Estão sendo adotadas medidas paliativas no tratamento às famílias em assentamentos irregulares, propondo inicialmente auxilio aluguel, remoções das famílias em risco iminente, e posteriormente, indicação para habitações de interesse social.
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JORNAL DA GAZETA, 23/12/2013. < https:// www.youtube.com/watch?v=rEQKgTVgs2A> acesso em 10/06/2018 REDE TVT, 29/01/2013 < https://www.youtube. com/watch?v=DGeFsS0JNC8>, acesso em 10/06/2018.
1.2 Análise urbana Existem no município de São Paulo 1716 assentamentos precários, dos quais 1176 estão ocupando terras públicas, 289 particulares, 188 propriedades mistas e as outras 63 não possuem informação, dados obtidos na lista de favelas da Secretaria Municipal de Habitação (SEHAB), observados em 07/09/2018. A SEHAB organizou os assentamentos em 10 Divisões de Ações Regionais (DEAR), subdividindo regiões com áreas maiores em duas ou três vezes, dada a dimensão do município e para resultar um melhor resultado na leitura do território. Para esse estudo, a territorialidade e sua respectiva área
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³ O Estatuto da Cidade é a denominação oficial da lei 10.257 de 10 de julho de 2001, que regulamenta o capítulo "Política urbana" da Constituição brasileira.
de influência são bastante importantes para compreensão da localização das famílias de forma que se obtenham informações gerais da quantidade de domicílios metro quadrado/ hectare (m²/ha). Foram agrupadas em DEAR SUL (Extremo Sul, Extremo Sul-Sul, Sudeste-Sul, Sul-Sudeste e Sul) e DEAR LESTE (Sudeste-Leste e Leste), as demais ficaram de como estão (DEAR CENTRO, NORTE e SUDESTE), como mostra a Tabela 1. Nela está indicado a quantidade de domicílios em favelas e suas respetivas áreas. Em termos da dimensão da ocupação dos assentamentos no território, a região sul é a maior, seguida por leste, norte sudeste e
por último o centro. Cabe ressaltar que a DEAR Centro, representa uma área bem maior que o centro geográfico do município. Tabela 1. Domicílios em Favelas do Município de São Paulo - 2018
Fonte: PMSP-SEHAB / Elaborada pelo autor
Após obter a estimativa de domicílios por metro quadrado e suas respectivas localizações, foi possível perceber o quanto as políticas públicas de habitação avançaram no município ao longo dos últimos 18 anos. O ano de referência foi 2000, devido ser o ano que antecedeu o Estatuto da Cidade³ Lei 10.257 de 10 de julho de 2001, que tinha como princípios promover e estabelecer a função social da propriedade. A partir da decada de 2000, houve uma redução em quase 20% do território caracterizado por precariedades no uso do solo, como mostra a Tabela 2. Possivelmente pelas ações que os municípios vieram fazendo para reduzir as vulnerabilidades na infraestrutura habitacional. Porém um segun-
do dado mostra que houve um aumento de cerca 36% nos domicílios, elevando o adensamento territorial. Esse dado demostra que a estrutura do problema habitacional em São Paulo não foi enfrentada.
Figura 1. Mapa de assentamentos precários no município de São Paulo
Tabela 2. Assentamentos Precários 2000-2018
Fonte: PMSP-SEHAB / Elaborada pelo autor
Com base nos dados da tabela acima, estima-se que em cada domicílio vivam cerca de 4,04 pessoas, conforme média entre os anos 2000 e 2018; portanto cerca de 1 milhão e meio de pessoas estão vivendo em assentamentos precários na cidade. Esse número é só uma estimativa, dado que uma das características dos assentamentos precários é a coabitação de varias famílias em um único domicílio. Portanto é possível sugerir que mais de 10% dos moradores da cidade de São Paulo, morem em favelas, muitas delas em áreas frágeis do ponto de vista ambiental como mostra a Figura 1, na foi estabelecida uma relação das habitações precárias com as reservas de água e áreas de proteção ambiental no município. Essa relação, revela uma grande questão discutida nas grandes cidades ao longo dos anos pós ECO 924, que é garantir o desenvolvimento urbano de forma ambientalmente
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A Eco-92, Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e desenvolvimento, foi realizada no ano de 1992, na cidade do Rio de Janeiro. 4
Fonte. Geosampa Elaborado pelo autor no QGIS.
responsável. A causa da poluição nos rios da cidade de São Paulo não são as ocupações por parte das famílias de mais baixa renda, mas pelas ineficientes estratégias de expansão urbana adotadas pelo Estado. A omissão do poder público na expansão dos loteamentos clandestinos fazia parte de uma estratégia para facilitar a construção da casa pelo próprio morador que, embora não tivesse sido planejada foi se definindo na prática, como um modo de viabilizar uma solução habitacional, “popular”, barata, segregada, compatível com a baixa remuneração dos trabalhadores... (BONDUKI, 2011, p.288) 20
Bonduki (2011), afirma que essa estratégia do Estado buscou atender duas demandas da elite paulistana em meados de 1940, desadensar e segregar a população pobre que começa a produzir os primeiros barracos nas imediações do centro tradicional de São Paulo. A produção contemporânea do espaço urbano, deve compreender as dinâmicas atualizadas da sociedade, visto que as influências ideológicas do urbanismo moderno devem ser superadas (ARGAN, 1984, apud. FRANÇA, 2008). O Plano Diretor Estratégico de 2014, da cidade de São Paulo, foi resultado de longos estudos e compreensão dessas dinâmicas, cujo objeto visava decentralizar os setores de desenvolvimento da metrópole paulista, por meio da Macroárea de Estruturação Metropolitana (MEM), que
conforme o plano, será uma área de transformação estratégica para o crescimento e adensamento da cidade. Nessas áreas estão previstos Projetos de Intervenção Urbana (PIU), como o Arco Leste, que não está sob as diretrizes de uma OUC, mas possui ora em curso, projetos como o Polo Institucional Itaquera, no entorno do Terminal Urbano e do Metrô Corinthians Itaquera. Esse projeto além buscar desenvolver economicamente a região do extremo leste, tem como diretrizes minimizar o impacto urbano sobre a bacia do Rio Jacu Pêssego. A Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica produziu o Caderno de Bacia Hidrográfica Córrego Jacu em agosto de 2016, em parceria com a PMSP. ...objetivo básico de fornecer subsídios para planejamento e gestão do sistema de drenagem. O horizonte de planejamento considerado neste estudo é o cenário de projeto para a ocupação máxima permitida pela Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (LPUOS – Lei nº 16.402/2016). (SIURB/FCTH, 2016)
Um dos problemas surgidos com a má condução do desenvolvimento urbano em São Paulo, foi a criação das enchentes. Resultado da impermeabilização das calhas naturais da cidade sendo a principal delas o rio Tiete. Atualmente ele está poluído, dado ao quase inexistente tratamento do esgoto e suas várzeas pouca drenam os aguaceiros. O
mesmo ocorre em seu afluente, o rio Jacu. A estratégia adotada no pelo Zoneamento de 2016, é atender a pauta ambiental, reduzindo os riscos de inundação das bacias hidrográficas da cidade, considerando período de retorno de 100 anos. (SIURB/FCTH, 2016). A Figura 2, mostra a relação dos assentamentos precários com a Zona Eixo de Estruturação Metropolitana, que segue as principais calhas do município, e demonstra as fragilidades da região do ponto de vista da mobilidade urbana. O PDE 2014 estabeleceu macroáreas importantes para o eixo Jacu, duas delas são de Redução da Vulnerabilidade Urbana e Ambiental, marcadas pelos assentamentos precários principalmente em áreas de várzeas, nas encostas dos rios convertidos na cidade como esgotos, muitas vezes a céu aberto. Conforme dados do Caderno de Bacia Hidrográfica do Córrego Jacu, um importante afluente desse rio, deverá assumir uma parcela importante das reduções das enchentes, que de alguma forma irá contribuir para toda a cidade. Trata-se o Rio Verde, que possui um dos três postos de rede termoelétrica do Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo (SAISP), na bacia do Jacu. Uma das principais áreas sujeitas a inundação estão as Avenidas Miguel Ignácio Curi e a confluência com o rio Jacu, parte da área de intervenção deste projeto acadêmico.
Figura 2. Mapa de assentamentos precários, Estrutuação Metropolitana e Mobilidade Bacia do Córrego Jacu Arco leste
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Fonte. Geosampa Elaborado pelo autor no QGIS.
1.2.1 Bairro
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Em setembro de 2012, a Secretária Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU) publicou o caderno intitulado “Operação Urbana Consorciada Rio Verde Jacu – Cidade de Oportunidades – Desenvolvimento da zona Leste”, no qual sintetiza as razões técnicas para implantar-se uma OUC na região do extremo leste de São Paulo. Até o momento essa OUC não está vigente, porém algumas ações previstas foram iniciadas, e nesse documento, faz-se uma cronologia da expansão urbana da cidade partindo do ano de 1929, até o ano de 2002, e destaca o perfil socioeconômico das cinco regiões ao qual o município se divide, norte, sul, leste, oeste e centro. O caderno afirma por meio de dados do IBGE, que a zona leste de São Paulo é a região mais populosa do muTabela 3. Domicílios em Favela Sub Prefeitura de Itaquera
Fonte: PMSP-SEHAB / Elaborada pelo autor
nicípio, representando 37% da população e uma densidade média de 120 hab./ha., semelhante a densidade central, porém com uma diferença populacional de 91%. O Plano para o desenvolvimento da zona leste busca implementar um sistema viário estrutural, promovendo a diversificação da mobilidade, o eixo da avenida receberia adequações do viário, com a criação de uma malha metropolitana de transporte de alta e média capacidade. Na questão ambiental, prevê-se ampliação de parques lineares e áreas verdes com objetivo de recuperar a linhas de drenagem, e áreas verdes com habitação, porém habitação não apresenta expressividade no plano como política governamental. Aumento da permeabilidade do solo, com o incentivo ao adensamento verticalizado. Como estratégia para o desenvolvimento econômico esse decreto, oficializou-se polos de desenvolvimento no eixo sendo o Parque Tecnológico localizado próximo à APA do Carmo e o Polo Institucional Itaquera anexo ao Terminal Urbano e Metro Corinthians Itaquera, que já dispõe de equipamentos importantes para a região e cidade, como Poupa Tempo, Fatec, Estádio de Futebol, Shopping Center que foi ampliado em 2017 e atualmente em obras o Terminal Rodoviário. Ocorre que à margem desse projeto urbano, cerca de 5.801,44 pessoas vivem em 7 assentamentos precários,
implantados no eixo do rio Verde, aproximadamente 9,1 hectares. Desse território, cerca de 3,4 ha, são objetos deste trabalho, pois trata-se do local onde estão assentadas as Favelas da Paz e Miguel Ignácio Curi, com 621 domicílios segundo a PMSP, como mostra a tabela 3. As favelas estão situadas no eixo do Rio Verde, que um dos afluentes do Rio Jacu. Com base nas diretrizes municipais para reduzir as vulnerabilidades ao longo da bacia do córrego Jacu, pretende-se por meio de um projeto de parque linear, promover a permeabilidade das encostas e integrar Tabela 4. Uso e Ocupação do Solo Registrado na Bacia do Córrego Jacu
Fonte: SIURB/FCTH (2016 p.24.) - Elaborado pelo autor
o Parque do Carmo, importante reserva de Mata Atlântica na região da zona leste, ao arco Jacu Pêssego. A Tabela 4, quantifica o uso e ocupação do entorno imediato da bacia hidrográfica do Córrego Jacu. Fica eviandeciado que a maior área é composta por residências de baixo padrão construtivo, seguido por espaços não edificados, a área de intervenção, é um recorte deste dado.
1.2.2 Entorno imediato Localizada na avenida Miguel Inácio Curi, no bairro de Itaquera em São Paulo, a Comunidade da Paz, como preferem ser reconhecida por seus moradores, começou a ocupar um terreno público em meados do ano de 1991. Iniciou-se com três famílias (PEABIRU,2013). Por onze anos, não havia saneamento disponível para as residências, quando foi implantada pela SABESP, órgão responsável pelo abastecimento de agua na cidade, relógios no qual registraria o consumo e posterior cobrança pelo serviço. Devido ao custo elevado, os moradores voltaram a adotar o abastecimento irregular. Somente em meados de 2012 e 2013, a operadora de energia Eletropaulo possibilitou acesso a eletricidade. Ao longo de 20 anos, ocorreram cerca de 4 incêndios, resultando na morte de uma criança em 1997, e um adulto em 2012
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O termo êxodo rural é utilizado para caracterizar a saída da população campesina em direção a cidade, ou seja, a saída dos moradores da área rural para a área urbana. Esse processo de migração ocorre devido a busca de qualidade de vida melhor nas áreas urbanas (INFOESCOLA) 5
(PEABIRU,2013). O documentário Paz Incerta de Ana Paula Costa, Fabio Razuk e Marina Lopes, de 2014, deu voz à alguns moradores, a partir do que, se conclui que a Comunidade, surgiu de forma espontânea como alternativa habitacional, e pela impossibilidade de arcarem com os custos de uma moradia regular. No documentário, a moradora Diana do Nascimento, informe que há 23 anos vive em São Paulo, e foi uma das primeiras a chegar no assentamento devido não ter conseguido trabalho. Natural do nordeste brasileiro, ela faz parte do movimento chamado êxodo rural5 assim como a maioria de seus vizinhos, as dificuldades para se inserirem no mercado de trabalho formal, levo-os a iniciarem a ocupação do terreno. Em relação a moradia, verificou-se que 19% das residências eram totais ou parciais executadas em madeira, com pouca segurança estrutural e 81% em alvenaria. Ambas construídas de forma insalubre, sem ventilação ou acabamentos interno e externo. Com relação ao perfil etário, em termos percentuais desse grupo de moradores, a presença de crianças era bastante considerável na faixa até os 14 anos, apresentando uma redução na primeira idade adulta dos 22 aos 30 anos e voltando a reduzir consideravelmente dos 41anos em diante. Em relação a fonte de renda das famílias, dos entrevistados, apenas 27% possuía emprego formal, 22% na informa-
lidade e 47% desempregados. Ao se identificar as fontes de rendas das famílias, os dados mostraram que cerca de 48% delas, ganhavam até um salário mínimo. Cerca de 74% dos entrevistados faziam uso frequente do serviço de Assistência Médica Ambulatorial – AMA, e 56% dos Hospitais. Os dados revelam que a prevenção pela atenção básica não está a contento, pois está alta a taxa de uso de serviços de urgência. Esse estudo produzido pelo Peabiru em 2013, contribuiu para a compreensão do perfil social das famílias que vivem no trecho de analise, e a partir dele será possível elaborar estratégias e soluções habitacionais de menor impacto do ponto de vistas das remoções necessárias a concretização do projeto de corredor de ônibus, que vai viabilizar economicamente a Zona Eixo de Estruturação Previsa (ZEUP). A favela da Paz (Figura 3), está situada entre as mais densas, num terreno de planície, com aspectos físicos que o confinam entre as avenidas Miguel Ignácio Curi e Rua Dr. Luis Aires, no sentido norte/sul, e rio/córrego Rio Verde e um muro do metro, no sentido leste/oeste, totalizando 12.584 m². Pelo zoneamento de 2016, essa área está definida como Zona Especial de interesse social 1. Desse local, estão previstos recuos mínimos de 15 metros, nos limites do rio e do metro, sobrando cerca de 7000 m² de ZEIS. O zonemaneto de 2016, estabelece um coeficiente de apro-
Figura 3. Vista superior da Favela da Paz e sua relação com o Viaduto do metrô e o rio verde.Itaquera. Acervo do autor.
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Fonte. Google Earth. 2018
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veitamento (C.A) de 2,5 podendo chegar à 4, pois o terreno está numa área de ZEIS +Zona Estruturação Urbana Prevista. No projeto para o córrego do rio Verde em Itaquera, os dados atuais do HabitaSampa, órgão municipal, mostram que ao longo do rio existem 7 aglomerados subnormais, com 1436 domicílios em 9 ha. Destes, o trecho de intervenção proposto e onde estão localizadas as Favelas Miguel Ignácio Curi I e II (Favela da Paz), tem 3 ha com cerca de 621 domicílios, ou seja, ao longo do rio, é a mais densa. O entorno imediato é considerado ZEUP e o terreno onde estão assentadas as famílias, foi determinado como ZEIS 1, conforme o zoneamento de 2016. O Plano Diretor Estratégico de 2014, prevê ao longo do córrego, um parque linear, do qual a primeira fase já foi concluída envolvendo parte de domicílios que estavam sobre o rio, na iminência de escorregamentos por erosão. Foram removidas 120 famílias, que foram direcionadas para novas HIS, na COHAB 2, cerca de 5 km de distância. Para a Favela da Paz, as diretrizes municipais preveem que ao longo do rio, seja implantado o Parque Linear do Rio Verde, na qual a primeira fase já está entregue. O eixo do Rio Verde apresenta uma flora com especies exóticas e arbustivas, formando um maciço de vegetação em estágio de regeneração da Mata Atlântica como mostra
Figura 4. Maciço em estágio de Regeneração
Fonte. Acervo Autor
a Figura 4, daí a importancia ambiental para a recuperação de suas margens. Em 2014, ocorreram a remoção das habitações que estavam à margem do rio, e fora transformado em uma praça com equipamentos de ginasticas (Figura 5 ). O zoneamento também indica que a área envoltória do projeto passará por mudanças estruturais, visto que se tonará uma ZEUP. Parte das obras de infraestrutura urbana já foram concluídas, como mudanças no sistema viário, alças de acesso entre Radial Leste e Avenida Jacu Pêssego, Saneamento e Canalização de esgotos, e o ponto de entrave, a implantação do
Figura 5. Área desocupada, transformada em praça em 2014
Figura 6. Residências não consolidáveis
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Corredor de Ônibus que ligará o Metro Itaquera até o Terminal Carrão. Cerca de 80% deste corredor foi concluído, o trecho não executado, pretende passar sobre a área das favelas (terreno de ZEIS 1).
Fonte. Acervo do Autor
Figura 7. Vista superior da Favela Miguel Ignácio Curi I, Trecho da rua Serrana, e destaque para a formação de trânsito, por onde atualmente é a rota dos ônibus no bairro, encontros das vias coletoras, avenidas Lider e Itaquera.
AVENIDA ITAQUER A
CONEXÃO RUA SERRANA
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E AV Fonte. Google Earth. 2018
Figura 8. Vista superior da Favela Miguel Ignácio Curi I,
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Fonte. Google Earth. 2018
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Projeto
CAPÍTULO 2
Figura 9. Vista superior de Itaquera, a relação do perímetro de intervenção e o Polo Institucional e o rio Jacu Pêssego AV. RADIAL LESTE
POLO INSTITUCIONAL ITAQUERA AV. JACÚ PÊSSEGO
PERÍMETRO DE INTERVENÇÃO 32
Fonte. Google Earth. 2018
O PROJETO Ressignificar é o exercício aqui proposto diante de uma questão que há muito tem custado a qualidade de muitas vidas na cidade de São Paulo. É a busca por soluções práticas para problemas complexos como a desordenada periferia de São Paulo. É tratar as vulnerabilidades dos assentamentos precários, buscando a menor interferência nas dinâmicas pré-existentes das comunidades que neles se formam.
Ressignificar as margens, é um olhar sobre a marginalização histórica atribuída aos bairros mais periféricos de São Paulo, que por meio das políticas públicas para habitação, será possível promover a cidade através mobilidade urbana e pública e a qualificação dos áreas de lazer. O recorte é no bairro de Itaquera, às margens do Polo Institucional, que está curso; especificamente no eixo do córrego Rio Verde. O trabalho será desenvolvido nas áreas das favelas Miguel Ignácio Curi I e II (Favela da Paz).
Figura 10. Vista superior do perímetro de intervenção
2.1 Partido
Fonte. Google Earth. 2018
O partido principal é promoção da habitação no bairro, ou seja, a ações previstas, tem potencial de atingir as pessoas para além do limite do eixo rio verde. Serão adotas estratégias já consolidadas como a recuperação e manutenção das margens do rio conforme previsto para Áreas de Preservação Permante (APP). Essa ação prevê remoções e desapropriações, que seguirão os critérios da avaliação de edificações consolidáveis, não consolidáveis e passíveis de consolidação, proposto no Plano Municipal de Habitação de São Paulo (PMSP, 2016). Consequentemente a provisão habitacional, está prevista para ser implantada na esquina da Avenida Itaquera com Avenida Miguel Ignácio Curi. Integração do rio e das residencias que irão permanecer ao bairro, entre outros motivos por promoção de saneamento básico. Trazendo de volta a qualidade natural dos rios que é servir de calha, promovendo o uso controlado do suas margens. No trecho proposto para a intervenção, será adotado a remoção e desapropriação de habitações em APP do rio, com isso será possível criar um escoamento do transito da Avenida Itaquera através da Rua Serrana, principalmente a
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continuação do corredor Leste 2, que é um projeto da Prefeitura Municipal de São Paulo. Portanto neste trabalho, será compatibilizada a proposta da prefeitura para o binário do corredor de ônibus, onde está projetada a conexão através da rua serrana e o alargamento de viário implantação da Faixa de ônibus. Remoção parcial e saneamento para a Favela Miguel Ignácio Curi I e II (Favela da Paz), num total de 228 unidades habitacionais, com provisão habitacional no mesmo território, sendo na esquina da avenida Itaquera com Miguel Ignácio Curi. Serão produzidas no local 273 unidades. em um condominio de uso misto. Por se tratar de uma ZEUP, preve-se a utilização mista da edificação com o térreo comercial, que além de manter as fachadas ativas para ambas as avenidas, viabiliza econômicamente o empreendimento.
2.1.1 Legislação O recorte urbano deste projeto deve seguir as diretrizes previstas para a Zona de Estruturação Urbana Prevista (ZEUP) e Zona Especial de Interesse Social 1 (ZEIS 1), demarcado na figura 11. Para o eixo do Rio Verde onde estão os assentamentos precários, as diretrizes municipais preveem que ao longo
Figura 11. Mapa de Zoneamento
Fonte. Geosampa (elaborado pelo autor)
do rio, seja implantado o Parque Linear do Rio Verde, na qual a primeira fase já está entregue, visto que era uma área com vegetação em estágio de regeneração, com poucas habitações. O zoneamento também indica que a área envoltória do projeto passará por mudanças estruturais, visto que é uma ZEUP, ou seja, será adensado verticalmente, por estar em um eixo de mobilidade urbana pública. Parte das obras de infraestrutura urbana já foram concluídas, como mudanças no sistema viário, alças de acesso entre Radial Leste e Avenida Jacu Pêssego, Saneamento e Canalização de esgotos,
e o ponto de entrave, a implantação do Corredor de Ônibus que ligará o Metro Itaquera até o Terminal Carrão. Boa parte deste corredor foi concluído, o trecho ainda em discução é aquele demanda remoções das moradias que estão hoje assentadas em terreno público e que deverá atender a ao interesse social, não necessáriamente como unidades de habitação, mas como melhorias do viário por exemplo.
Figura 12. Casas que usam como estrutura, o tronco da árvore.
2.1.2 O terreno O recorte urbano do projeto tem cerca de 3ha, destes, 5.000² é aquele destinado a receber um edifício residencial de uso misto. O terreno de esquina com a avenida Itaquera com avenida Miguel Ignácio Curi (MIC), acesso se dará pela primeira, cuja cota é 755m, e o nível mais baixo é 752m. A geometria do terreno proporcionou uma edificação com 30 metros de frente e 69 de lado. A situação desse peímetro mostra que as vulnerabilidades construtivas, são bastante insalubres, onde menos de 10% das residências estão ligadas ao sistema viário, e uma boa parte está há menos de 3 metros do nível do córrego. Essa ocupação chegar até se utilizar de estruturas naturais como os troncos das ávores, como mostra a figura 12, ainda com o agravante risco de tombamento, dado que a raíz está
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Fonte. Geosampa (elaborado pelo autor)
Figura 13. Mapa HipsomĂŠtrico
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Fonte. Geosampa (elaborado pelo autor)
com a permeamilidade comprometida. O mapa hipsométrico Figura 13, demosntra a altimetria do entorno, que pode ser melhor observada no recorte topográfico ao lado. No qual foram traçados 4 linhas transversais no mapa, reforçando a característica de planície do terreno. Nota para os deslocamentos do córrego.
2.1.3 Implantação
Após a verificação da altimetria, a segunda estratégia, foi compreender densidade construtiva, e localizar os assentamentos précarios. Realacioná-los com os maciços de vegetação, e nesse contexto, indentificar uma área que pudesse acomodar a familias que irão passar pelas remoções, como mosrta a Figura 14. Também contribuiu com a a implantação do parque a verificação da planta fundiária, registrada na prefeitura, onde, estrá incrito o meandro original do corrégo, em comparação com a situação pós retificação, como mostra a Figura 15. A localização escolhida para receber a edificação é o cruzamento das Avenidas Miguel Ignácio Curi com Avenida Itaquera. Nele a maior parte é território ZEIS 1, e a segunda parte é um terreno particular que será desapropriado, e que apresenta um vazio construtivo (Figura 8), do qual direcionou a estratégia para a implantação do edifício. Uma vez que há espaços não edificados nesse terreno, torna menos agressiva a intervenção nas famílias, pois a construção do condomínio se daria por fases, e não haveria a necessidade de remoção por inteiro. O edifício então possui duas fachadas ativas volta-
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Figura 14. Mapa de Densidades Construtiva e arbรณrea
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Fonte. Geosampa (elaborado pelo autor)
Figura 15. Planta Fundiรกria
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Fonte. Geosampa (elaborado pelo autor)
das à leste e norte. O terreno com pouco mais de 5000 m², está em desnível,para solução de implantação e atendimento as diretrizes para ZEUP, foram doados cerca de 1250m² de área para fruição pública. A lâmina frontal foi assentada na cota 755,00m, e as outras três na cota 752,00m. Duas com 13 pavimentos no interior do terreno, e as outras duas com 6 e 7 pavimentos.
Figura 16. Rio verde, e movimentação do solo
2.1.4 Programa
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O projeto para o parque, parte da compreensão que se trata de um perímetro que irá compor um conjunto de parques lineares ao longo da bacia do rio Verde, conectando a Área de Proteção Ambiental do Carmo (APA), ao rio Jacú Pêssego. Esses pequenos parques são interrompidos pelo sistema viário, ao mesmo tempo, são glebas com pouca permeabilidade. No caso do trecho em questão, a situação apresentou que ocorrem entre os maciços de vegetação, alguns descampados, que demandam qualificação, alguns em processo de erosão do solo (Figura 16), que ocorrem principalmente com o aumento do volume e pressão da água. Como estratégia para minimizar os processos erosivos, serão aplicados cobrimentos com vegetação da espécie grama e arbustiva. Suavização das arestas no curso do rio, para diminuir o impacto nas encostas mais acentuadas. Criação
Fonte. Acervo do Autor.
de praias, implantação de parque infantil, pista de skate, 2 duas quadras de esporte, um mirante, equipamentos de ginástica, uma praça implantada anexa à um empreendimento de esporte privado, no qual, se integraria ao porque promovendo um acesso intermediário semi-privado. Assim como um outro acesso intermediário só que público, que será aberto, pois nele encontrasse um córrego afluente do rio verde, e um vegetação semelhante à outro pontos do parque. Atualmente está sem relação com a cidade, pois um muro o esconde, como mostra Figura 17. Sem acesso fácil,
Figura 17. Muro que veda conexão com afluente do Rio Verde.
Fonte. Acervo do Autor.
foi descoberto através do mapeamento da área. Para finalizar a questão urbana, um ponte criará uma conexão entre as duas margens além da ciclovia. Na questão habitacional, primeirameiramente, qualificação das habitações consolidáveis, que serão regularizadas por meio da qualificação do passeio e viário. A área dePara o novo edifício, são previstas 273 unidade habitacionais com duas tipologias, sendo 103 unidades de 30m² 170 unidades de 48,5m². Ainda na parte residencial, salão de festa com banheiros, sala de brinquedo, sala de conselho gestor,quadra, parque infantil, além do sistema de
aquecimento da água por fonte fotovoltáica, para cada unidade de habitação. Sendo o edifício residencial com uso comercial nos terreos, estão previstos duas tipologias de lojas. Na via principal, a Avenida Itaquera foram propostas 3 lojas de 54 m², com dois banheiros e copa, podendo serem ampliadas com a remoção das vedações. Na Avenida Miguel Ignácio Curi, o caráter usual é de comércio local, e o objetivo é atender às demandas das famílias reassentadas, pois algumas residências tinham comercio local, portanto, foi possível promover 20 estabelecimentos com 18 m² e um banheiro acessivel. Os dois modelos de lojas são moduláveis. Na unidade habitacional, a modulação básica é 3 metros. Podendo formular unidades de 1 à 3 dormitórios, variando de 30m² à 48 m².
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Figura 18. Mapa SĂntese
Fonte. Geosampa (elaborado pelo autor)
Praça anexa ao empreendimento de lazer. Acesso semi-Privado Ponte conectando as duas margens Quadra e Parque Infantil
IMPLANTAÇÃO
Pista de Skate Corredor de ônibus
Abertura do córrego e acesso intermediádio ao Parque
Equipamentos de Ginástica
HIS Ciclovia
Urbanização Favela da Paz
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2.2 Características Construtivas
2.2.1 Materiais
Empreendimentos de habitação popular, deve assimilar a características de seu público. No caso em questão, as unidades de habitação serão destinadas à famílias com renda média de um salário mínimo. Em pouco tempo depois de entregue, muitas dessas habitações demandam por reformas seja na fachada, ou algo que venha ocorrer, e é frequente ocorrer a não manutenção, dado o perfil econômico das pessoas. No caso, investir numa boa arquitetura previamente, é encontrar o sistema construtivo adequado. Isso dará maior tempo de boa vida ao edifício.
Assim como no Bulevar Artigas (Figura 19), para o Edifício MIC I (Miguel Ignácio Curi I), a escolha construtiva foi concreto aparente e alveraria para os fechamentos, porém nas vistas frontais, recebeu ainda revestimento cerâmico. Nas testadas laterais, foram feitos cobrimentos apenas com pasta pasta cimentícia, e nas vedações dos corredorores, manteve-se as características do bloco de concreto.
2.2.2 Estrutura A estrutura está modulada na cota base de 3 metros, variando o posicionamento intercolúnios entre 6 metros no
Figura 19. Referência - Bulevar Artigas
Fonte. Vigliecca e Associados. <http://www.vigliecca.com.br/pt-BR/ projects/bulevar-artigas>. Acesso em 10/10/2018
menor vão e 9 metros o maior. Comportamento Estrutural LAJE - L÷ l = λ Laje A (LA) - [9,0m x 6,0m] = 54m². Laje B (LB) - [6,0m x 6,0m] = 36m². LA. λ = 9÷6 = 1,5 LB. λ = 6÷6 = 1,0 Laje armada em duas direções λ ≤ 2. Altura - h Lado maior – L
Lado menor – l Metro - m Altura da laje armada em duas direções. h = 2% x [ (L + l )÷2] LA. h = 2% x [(9 + 6)÷2] = 0,15 m LA. h = 2% x [(6 + 6)÷2] = 0,12 m CARGA SOBRE A LAJE (KN/m²) Peso Próprio da Laje. [g0 +grev] [ g= γ0 x h0] Concreto γ0= 25 KN/m³ Espessura da laje h0= 0,15m g0 = 25 x 0,15 g0 = 3,75 KN/m² Peso do Revestimento [ grev= γ0 (argamassa) + γ0 (forro) + γ0 (cerâmica) grev = (21 x 0,005) + (12,5 x 0,015) + (25 x 0,015) grev = 0,71 KN/m²
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Peso próprio então é g0 + grev, portanto g= 3,75 KN/m² + 0,71 KN/m², g=4,46 KN/m² CARGA VERTICAL DE EFIDICAÇÕES RESIDENCIAIS, NBR 6120. [q= 2 KN/m²] CARGA TOTAL da Laje [ p= g + q ], p= 4,46 KN/m² + 2 KN/m², p= 6,46 KN/m² VIGAS [ h= 10% l ] 46
g= 25 KN/m³ x (0,2m x 0,9m) g= 4,5 KN/m Peso da Alvenaria Pé direito. 2,88m (altura da alvenaria com viga 0,6. h=2,28 m) Largura. 0,20m γ0 Bloco= 13 KN/m³ Peso do bloco por área [ g= γ bloco x b] g= 13 x 0,2, g= 2,6 KN/m² Peso da Parede é, g = 2,6KN/m² x 2,28m = 5,92 KN/m
NBR 6118. Base (b) mínimo 0,15m Vãos de 6 e 9 metros, portanto altura respectivamente pata cada vão h=0,6m e h=0,9m, com b=0,20m. Peso próprio da viga [ g= γ0 x (b x h) ] Concreto γ0= 25 KN/m³ Viga 0,6m. g= 25 KN/m³ x (0,2m x 0,6m) g= 3 KN/m Viga 0,9m.
PILARES (P) (soma dos pesos da laje e viga na área de influência) ÁREA DE INFLUÊNCIA (A) VIGA (V) VA = Laje 4,5 KN/m + 6 KN/m = 10,5 KN/m VB = Laje 3 KN/m + 6 KN/m = 9 KN/m Foram identificadas 6 áreas de influencias que se repetem, onde foram distribuídas as cargas de acordo com elas, e multiplicados pela carga da laje 6,46 KN/m. PILAR-LAJE P1 = A1 = 13,5m² x 6,46 KN/m = 87,21 KN P2 = A2 = 27 m² x 6,46 KN/m =174,42 KN
P12 = A3 = 9m² x 6,46 KN/m =58,14 KN P13 = A4 = 22,5 m² x 6,46 KN/m =145,35 KN P28 = A5 = 18m² x 6,46 KN/m =116,28 KN P29 = A6 = 45m² x 6,46 KN/m =290,7 KN PILAR-VIGA P1 27 KN + 47,25 KN = 74,25 KN P2 = 54 KN + 47,25 KN = 101,25 KN P12= 54 KN P13= 54 KN + 47,25 KN = 101,25 KN P28= 81 KN P29= 81 KN + 47,25 = 128,25 KN Carga sobre o pilar é a soma das cargas de (PILAR-LAJE e PILAR-VIGA) vezes o número de pisos, e classificação do pilar em [canto, extremidade, central] P1 – canto – 161,46 KN x 7 = 1.130,22 KN P2 – extremidade – 275,67 KN x 11 = 3.032.37 KN P12 – canto – 112,14 KN x 11 = 1.233,54 KN P13 – central – 246,6 KN x 11 = 2.712,6 KN P28 – extremidade – 197,28 KN x 11 = 2.170.08 KN P29 – central – 418,95 KN x 11 = 4.608,45 KN ÁREA DO PILAR Foram adotadas as cargas mais solicitadas paras cada
tipo de pilar. [Nd = N X 1,4 (coeficiente de segurança) ] [ A≥ Nd / τ id ] Fck = 30 Mpa τ id = 2,2 KN/cm² PILAR CANTO N= 1.233,54 KN A≥ (1.233,54 x 1,4) / 2,2 = 784,98 cm², adotado 785 cm² PILAR EXTREMIDADE N= 3.032,37 KN A≥ (3.032,37 x 1,4) / 2,2 = 1.929,69 cm², adotado 2000 cm² PILAR CENTRAL N = 4.608,45 KN A≥ (1.608,45 x 1,4) / 2,2 = 2.932,65 cm², adotado 3000 cm² GEOMETRIA PILAR – RETANGULAR CANTO [ √ 785 = 28 - pilar 20 x40 = 800 cm² EXTREMIDADE [ √ 2000 = 44,7 - pilar 20 x100 = 2000 cm² CENTRAL [√ 3000 = 54,7 - pilar 30 x100 = 3000 cm²
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SUMÁRIO PEÇAS GRÁFICAS PAVIMENTO TÉRREO 1_______________________51 PAVIMENTO TÉRREO 2_______________________52 PLANTA PAV. 1_______________________________53 PLANTA PAV. TIPO 2 À 6 ______________________54 PLANTA PAV. 7_______________________________55 PLANTA PAV. TIPO 8 À 12 _____________________56 PLANTA LAJE _______________________________57 CORTE AA __________________________________58 ELEVAÇÃO 1 ________________________________60 CORTE BB __________________________________62 ELEVAÇÃO 2 ________________________________63 PERSPECTIVA 1 _____________________________64 PERSPECTIVA 2 _____________________________65 SITUAÇÃO 1 ________________________________66 PROPOSTA ATHIS 1 __________________________67 SITUAÇÃO 2 ________________________________68 PROPOSTA ATHIS 2 __________________________69
HIS Peรงas Grรกficas
AVEN IDA P R RAS)
OJET AD A ( P MSPSPOB
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TABELA DE AMBIENTES 1 – ACESSO ELEVADORES 2 – CIRCULAÇÃO 3 – SL. FESTA / REUNIÃO (148m²) 4 – DEPÓSITO (3,5m²) 5 – COPA 6 – SANITÁRIOS (20m²) 7 – SL. BRINQUEDO (30m²) 8 - PÁTIO (182m²) 9 – QUADRA 10 – PARQUE INFANTIL 11 – APARTAMENTO A (48m²) 12 – APARTAMENTO B (30m²) 13 – JARDIM PRIVADO (AP. TERRÉO) 14 - JARDIM CONDOMÍNIO 15 – DEP.LIXO COMUM (11m²) 16 – DEP. LIXO RECICLÁVEL (13m²) 17 – LOJA A (15m2) 18 – LOJA B (54m²) 19 – CONSELHO GESTOR c/ BANHEIRO (30m²)
AVE N
IDA
MIG
UEL
IGNÁ
CIO
CUR
AVENIDA ITAQUERA
I
18
18
18 18
18
PAVIMENTO TÉRREO 1 ESC. 1:500
AVE N
A PR
AVEN ID RAS)
-SPO B
O J E T ADA ( PMSP
PAVIMENTO TÉRREO 2 ESC. 1:500
IDA
MIG
UEL
IGNÁ
CIO
CUR
I
19
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PLANTA PAV. 1 ESC. 1:500
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PLANTA PAV. TIPO 2 Ã&#x20AC; 6 ESC. 1:500
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PLANTA PAV 7. ESC. 1:500
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PLANTA PAV. TIPO - 8 Ã&#x20AC; 12 ESC. 1:500
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PLANTA DE LAJE ESC. 1:500
AVENIDA PROJETADA (PMSP/SPOBRAS)
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AVENIDA ITAQUERA
CORTE AA ESC. 1:500
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ELEVAÇÃO 1 ESC. 1:500
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AVENIDA MIGUEL IGNÁCIO CURI
CORTE BB
ESC. 1:500
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AVENIDA MIGUEL IGNÁCIO CURI
ELEVAÇÃO 2 ESC. 1:500
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PERSPECTIVA 1 S. / ESC.
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PERSPECTIVA 2 S. / ESC.
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SITUAÇÃO 1
IMAGEM. ACERVO DO AUTOR
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PROPOSTA_ATHIS 1 S. / ESC.
68
SITUAÇÃO 2
IMAGEM. ACERVO DO AUTOR
69
PROPOSTA_ATHIS 2 S. / ESC.
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FRANÇA, Elisabete. Favelas em São Paulo (19802008) - Das propostas de desfavelamento aos projetos de urbanização - A experiência do Programa Guarapiranga São Paulo | 2009 – Disponível em: < http://tede.mackenzie. br/jspui/bitstream/tede/2573/2/Elisabete%20Franca1.pdf> 14/01/2018 LOPES, Marina et al, Paz Incerta – a luta continua. São Paulo, 2014. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=TAHSUfN8wnU>, acesso em 11/12/2016 MOURA, Rosa. ULTRAMARI, Clovis. O que é periferia urbana – São Paulo: Brasiliense,1996. SILVEIRA, Rogério Leandro Lima da. Cidade, corporação e periferia urbana: acumulação de capital e segregação espacial na (re) produção do espaço urbano. Santa Cruz do Sul: EDUNISC,2003.
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