Revista Ensino

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Plágio O que fazer para prevenir a cópia na academia

Financiamentos Mudanças nos créditos estudantis atraem alunos

Jornadas Como se preparar para ter uma boa avaliação ANO 13 • NO 154 • R$ 7,90 • www.revistaensinosuperior.com.br

O Peso do teste A avaliação de estudantes, por meio do Conceito Enade, é utilizada hoje como componente para determinar a qualidade do ensino. Até que ponto um exame que mede o desempenho dos alunos é considerado exato para gratificar ou punir instituições?

ENTREVISTA: diretor de Regulação apresenta a nova secretaria do MEC



carta ao leitor

Compromisso com a educação mês de junho marcou a eleição da nova diretoria e conselho fiscal do Semesp para o triênio 2011 a 2014. Mais que uma eleição democrática, a entidade novamente mostrou sua força se reunindo para, em um esforço conjunto, ir muito além de integrar o setor nas diferentes regiões do Estado de São Paulo. Nosso real compromisso se estende a um plano nobre e audacioso: o desenvolvimento e a consolidação da educação superior no Brasil. Apesar de a nossa responsabilidade chegar a 75% das matrículas do ensino superior no país, ainda precisamos manter nosso posicionamento coerente em defesa dos interesses e da preservação do ensino superior privado, buscando assim fortalecer nossas conquistas e ainda ampliar a nossa capacidade de atendimento e, por consequência, do setor e da sociedade em geral. Todos que trabalham na área sabem que não é tarefa das mais simples.

O

Iniciamos agora o novo triênio que busca estender ainda mais a prestação de serviços principalmente no que se diz respeito a continuarmos a acompanhar a criação das novas portarias, decretos, leis, despachos e resoluções. Persistiremos também nos nossos pleitos e sugestões, para que as questões que envolvem a regulamentação do ensino superior sejam aperfeiçoadas de acordo com as reais necessidades de nosso segmento. No balanço da gestão anterior, fica evidente que já trilhamos muitas conquistas que não podem ser perdidas. Por termos consciência de que o caminho ainda é longo, reafirmamos que o compromisso da nova diretoria para os próximos três anos é desenvolver administrações participativas, que atendam às expectativas dos associados de maneira equilibrada e transparente, buscando, sempre, atingir a nossa meta principal: a educação. Hermes Ferreira Figueiredo, presidente do Semesp

Sumário 14 ENTREVISTA Diretor de regulação do MEC fala sobre a nova secretaria e as transformações no sistema de avaliação

18 FNESP Fórum anual de ensino superior debate os desafios dos líderes educacionais

20 JORNADAS Planejamento e administração de qualidade juntos para somar mais pontos em avaliação institucional

22 FINANCIAMENTO Programas de crédito estudantil ampliam o acesso ao ensino superior

26 PROUNI Mudanças na lei do programa acarretam novo planejamento para o preenchimento das vagas

28 CAPA AVALIAÇÃO A utilização do Enade aplicado aos alunos da graduação é questionada como forma ideal para medir a qualidade das instituições de ensino

34 PLÁGIO O que as instituições de ensino podem fazer para combater a prática da cópia de trabalhos no meio acadêmico

42 BOAS PRÁTICAS Departamento especial e atendimento personalizado incentivam estudantes a permanecer na instituição para terminar o curso

Seções 4 MURAL 8 A questão é... 10 Três Poderes 12 Educação na Mídia

02

40 44 46 48 50

ensaio compras cultura lente Fim de papo ensino superior

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Mural destaque do ensino superior nas redes

420

instituições de ensino superior particulares do Brasil têm presença on-line em pelo menos uma rede social. Este foi o cenário encontrado pela Cadsoft, que monitorou por 11 meses a reputação de 79 instituições em seis mídias sociais. O levantamento ocorreu por meio da solução Planeta Y, que monitora e trata as informações coletadas nas redes, descartando os dados irrelevantes e classificando as demais citações como positivas, neutras ou negativas em relação a dez indicadores como preço, infraestrutura, corpo docente, qualidade de ensino, dentre outras. O Twitter é a ferramenta em que há menos descarte, enquanto o Facebook e os sites de notícias são os campeões. A pesquisa e dados completos estão disponíveis no endereço: www.cadsoft.com.br.

gustavo morita

Mais Brasil em ranking

Isenção para a iniciação científica Como forma de estimular a iniciação científica de mais estudantes, e a fim de valorizar as políticas nacionais de financiamento de alunos no ensino superior privado, o 11º Congresso Nacional de Iniciação Científica (Conic), organizado pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), isentou a taxa de inscrição para os alunos que participam do Fies ou ProUni. O Conic será realizado nos dias 18 e 19 de novembro, na Universidade Santa Cecília (Unisanta), na cidade de Santos, em São Paulo. As inscrições para o congresso podem ser feitas até o dia 26 de agosto. No ano passado (foto), participaram mais de 2.041 alunos.

Após um estudo da Royal Society, em que o Brasil ganha destaque entre os países que mais publicaram artigos científicos – como relatou a revista Ensino Superior na edição de junho – outro ranking mostra que o Brasil segue no pódio. É o que indica estudo do SCImago Journal & Country Rank, um portal que reúne publicações científicas de diversos países. Conforme o Ranking IberoAmericano SIR 2011, o Brasil,

junto da Espanha, está em posição de destaque entre as universidades latinoamericanas, com a publicação de 163 mil artigos entre 2005 e 2009. Em relação à representatividade científica na região, o Brasil está na frente com a Universidade de São Paulo (USP). Em 3º lugar vem a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), seguida da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), e, em 5º, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O estudo reúne os resultados científicos de instituições de ensino superior de 42 países da Ibero-América. Ao todo, 71 instituições brasileiras integram o ranking.

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Protestos na Coreia do Sul

Alunos direto da fonte

Menos preconceito

As instituições de ensino superior portuguesas estão buscando novos alunos. Para aproximar os talentos e garantir a fidelização dos clientes, criam programas científicos de férias direcionados aos alunos que estão nos ciclos básico e secundário de ensino. A Universidade Técnica de Lisboa (UTL) criou o Verão na Técnica e colocou à disposição cerca de mil vagas para alunos que queiram participar do programa. O projeto tem como objetivo colocar a instituição como referência para esses alunos.

É o que aponta pesquisa publicada pela Revista Latino-americana de Desenvolvimento Humano sobre o comportamento do brasileiro. A análise mostra que o aumento em um ano da escolaridade diminui em 19% as chances de a pessoa evitar morar ao lado de outra que seja portadora do vírus do HIV, e 14% no mesmo caso relacionado a homossexuais. Em levantamentos anteriores realizados pelo World Values Survey nos anos de 1991, 1997 e 2006 a pesquisa diz que baixou de 30,2% para 21,5% o número de brasileiros que têm preconceito contra gays.

Truth Leem/REUTERS

Estudantes da Coreia do Sul iniciaram em junho uma série de protestos contra a alta dos preços nas universidades sul-coreanas. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a média de preço de uma universidade, seja ela pública ou privada, naquele país fica perto dos R$ 12 mil, atrás somente dos Estados Unidos no quesito alto preço. O valor é mais da metade da média do que os estudantes paulistas desembolsam anualmente para custear os estudos de graduação – R$ 5 mil, conforme levantamento do Semesp em 2010. Nos protestos realizados nas ruas, os manifestantes sul-coreanos alegam que os valores exorbitantes fazem com que o ingresso em instituições de ensino se torne um sonho distante dos jovens do país, prejudicando assim o futuro da Coreia do Sul, que é conhecida mundialmente por sua preocupação constante com a educação.

Carta Economia Ao ler a revista Ensino Superior, edição 152, deparei com a matéria “Acesso Remoto”. Um bom texto sobre um método de redução de custos usado por instituições americanas. Observo, porém, que no Brasil um programa desenvolvido pela ThinNetworks junto ao governo e instituições de ensino já possibilitou a instalação de cerca de 700 mil estações de trabalho com tecnologia multiterminal em todo o território nacional. Thiago Ypiranga de Souza Dantas, assessor de comunicação. Envie sua carta para: ensinosuperior@editorasegmento.com.br

Calendário Julho

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Agosto

Setembro

01 Educadores e empreendedores sociais com projetos inovadores podem se inscrever até o dia 9 de agosto no prêmio organizado pelo Instituto Claro. www.institutoclaro. org.br

15 As inscrições para o Prêmio Santander de Ciência estão abertas até o dia 13 de setembro. www.santanderuniversidades.com. br/premios

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Estão abertas inscrições para bolsas de mobilidade da Associação Universitária Ibero-americana de Pós-graduação (AUIP), até o dia 29 de setembro. www.auip.org

15

Termina o prazo para pesquisadores se inscreverem no programa de intercâmbio entre Brasil e Israel. www.fapesp.br/huj

Começa o 13º Fnesp na cidade de São Paulo. O fórum é realizado anualmente e em sua última edição (foto) reuniu mais de 400 pessoas. O evento vai até o dia 30. www.fnesp.com.br

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26 Último dia para inscrição no Congresso de Iniciação Científica. www.semesp.org.br

ensino superior

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Mural Indicadores

Presidente: Edimilson Cardial Diretoria: Luciano do Carmo Marcio Cardial Rita Martinez

Crescimento das matrículas

Evasão recorde em São Paulo Enquanto crescem as matrículas, a evasão da região metropolitana de São Paulo, composta por 39 municípios e 60% das matrículas de todo o Estado de São Paulo, bate outro recorde, ultrapassando a marca dos 27%. A região metropolitana conta com

ANO 13 – No 154 – julhO DE 2011 www.revistaensinosuperior.com.br

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A região metropolitana de São Paulo apresentou crescimento de 4,8% no número de matrículas em instituições de ensino superior privadas. Em 2008, o crescimento foi similar (4,9%) em comparação com o ano anterior. Já em 2009, mesmo com a crise econômica mundial, manteve taxa de crescimento (4,8%). No acumulado dos últimos dez anos, o setor privado de instituições de ensino superior conseguiu aumento de 81,8%.

92% de suas matrículas de ensino superior em instituições privadas.

Queda em Rio Preto A região de São José do Rio Preto no interior do Estado de São Paulo conta com 84% de seus alunos matriculados no ensino superior na rede privada. O estudo do Semesp revelou queda de

7,2%

no número de matrículas em instituições de ensino superior privadas da região e de 3,2%

no município de Rio Preto. Em 2008, a região possuía 43.700 alunos no ensino superior (privadas), passando para 40.620 no ano seguinte.

Cursos mais procurados A análise de assessoria econômica do Semesp também apontou crescimento de 13,2% no número de cursos ofertados na região de Rio Preto entre os anos de 2008 e 2009, passando de 228 cursos para 258. Os três cursos mais procurados, em número de matrículas na região, foram: administração, direito e enfermagem.

Para conhecer esses e outros dados do setor acesse www.sindata.org.br

Pergunte ao Semesp Podemos divulgar o conceito de curso já deferido pelo Inep em relatório de avaliação, sem que o mesmo tenha sido publicado no Diário Oficial? Jesus Dias de Oliveira Faculdades Integradas Einstein de Limeira (Fiel)

Não há impedimento para a divulgação do fato. Na verdade, trata-se de um dever de toda instituição dar conhecimento à comunidade acadêmica

e à sociedade regional sobre a regularidade continuada dos seus cursos. No caso de o processo se referir ao reconhecimento de curso, o fato é relevante, pois não pode ser dito que o curso já está reconhecido, mas que foi dado um passo muito importante para o seu reconhecimento. Portaria normativa do MEC determina a afixação em local visível junto à secretaria de alunos, as condições de oferta do curso, informando especificamente os resultados obtidos nas últimas avaliações.

Mande suas perguntas para o e-mail pergunta@semesp.org.br.

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ensino superior

Diretor-Geral: Luciano do Carmo Editora: Luciene Leszczynski luciene@editorasegmento.com.br Subeditora: Núbia Matos nubia@editorasegmento.com.br Fotografia: Gustavo Morita e Paulino Menezes Diagramação: Simône Midori Maki Projeto Gráfico: Casa Paulistana Design & Comunicação Colaboradores: Amanda Cieglinski, Adriana Natali, Edinaldo Andrade, Hermes Figueiredo, Luana Lourenço, Renata Melo, Ricardo Barbosa, Zilda Rosa (texto); Maria Stella Valli (revisão) Imagem de Capa: iStockphoto Processamento de Imagem: Paulo Cesar Salgado Produção Gráfica: Sidney Luiz dos Santos Publicidade Gerente: Edgard Ghorayeb comercial@revistaensinosuperior.com.br Executiva de Negócios: Sandra Pantarotto Assistente de Marketing: Priscilla Rodrigues Escritórios Regionais Paraná: Marisa Oliveira Tel.: (41) 3027-8490 – parana@editorasegmento.com.br Rio de Janeiro: Edson Barbosa Tel.: (21) 4103-3868 ou (21) 8881-4514 – edson.barbosa@editorasegmento.com.br web Gerente de Web: Fabiano Vidal Webmaster: Fernando Assis Assistente de web: Jonatas Moraes Brito CIRCULAÇÃO E Marketing Gerente: Carolina Martinez Supervisora de Circulação: Beatriz Zagoto Estagiárias de Marketing: Claudia Lino e Natali Siqueira Operações de Assinatura: Ana Lúcia Souza Ensino Superior é uma revista mensal do Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabe­le­cimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo) em parceria com a Editora Segmento, destinada a man­te­nedores, diretores, orien­tadores, professores, educadores e alunos universitários. São Paulo: o maior centro de ensino superior particular da América Latina. Esta publicação não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do Semesp. A revista se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas e artigos. Editora Segmento Revista Ensino Superior Rua Cunha Gago, 412, 1o andar CEP 05421-001, São Paulo, SP Tel.: (11) 3039-5600 – Fax: (11) 3039-5610 central de atendimento ao assinante De 2a a 6a feira, das 8h30 às 18h Tel.: (11) 3039-5666 / Fax: (11) 3039-5643 E-mail: assinatura@editorasegmento.com.br acesse www.editorasegmento.com.br


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A questão é... Como é utilizada a carga horária de EAD nos cursos da instituição? fo

to s: D u iv ão aç lg

Edman Altheman, diretor-geral das Faculdades Integradas Rio Branco (Firb) Professor Hélio Rodolfo Navarro, vice-reitor e próreitor de Ensino Presencial da Universidade Norte do Paraná (Unopar)

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Sidnei Renato Silveira, pró-reitor de pesquisa, pós-graduação e extensão do Centro Universitário UniRitter

Mary Murashima, diretora adjunta do FGV Online

Hélio Rodolfo Navarro / Unopar

Sidnei Renato Silveira / UniRitter

Mary Murashima / FGV

Edman Altheman / Firb

Utilizamos a Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) em várias disciplinas dos cursos presenciais. As disciplinas podem ter no máximo 50% da sua carga horária ofertada na modalidade ensino a distância. A participação dos alunos nas disciplinas com atividades semipresenciais é obrigatória, sendo necessário o cumprimento de no mínimo 75% das atividades propostas, o que é convertido em frequência, bem como a realização das avaliações virtuais que são somadas às avaliações presenciais. Desta forma, é proporcionado aos nossos alunos o acesso a um modelo pedagógico que privilegia a aprendizagem autônoma e colaborativa, assegurando trocas de experiências enriquecedoras.

Desenvolvemos atividades na modalidade semipresencial, desde 2005, e atualmente cursos como administração, arquitetura e urbanismo, entre outros, utilizam a carga horária permitida. Os 20% de ensino a distância são utilizados em disciplinas de quatro créditos, nos quais dois créditos são presenciais e dois créditos são em atividades a distância, desenvolvidos com o apoio do ambiente virtual de aprendizagem institucional. As disciplinas ministradas na forma semipresencial são estabelecidas no currículo de cada curso. Neste modelo, todas as avaliações são realizadas de forma presencial. Já nos cursos de extensão, desde 2009 o UniRitter oferece cursos semipresenciais e/ou totalmente a distância.

O Instituto de Desenvolvimento Educacional (IDE) da FGV começou em 2009, por meio de uma parceria entre o FGV Online e o FGV Management. Foi realizada a implantação de 72h de disciplinas on-line em todos os seus MBAs presenciais. Hoje, há mais de 70 disciplinas on-line com carga horária variável – de 24h a 72h – incluindo jogos de negócios à disposição dos coordenadores acadêmicos dos cursos para a construção da grade curricular de cada MBA do IDE. O próximo passo será a oferta de soluções educacionais on-line para os cursos de graduação presenciais da FGV. Já estamos modelando soluções adequadas para os cursos de administração e ciências sociais, por exemplo.

Utilizamos a EAD como elemento de apoio a todas as disciplinas e, dentro do ambiente Moodle, gerenciamos toda a comunicação das atividades entre docentes e discentes, seja por meio da postagem dos materiais, tarefas e dinâmicas requeridas, seja pela possibilidade de suplementação das atividades presenciais. Em todos os planos de ensino, obrigatoriamente é reservada carga horária com correspondente descrição das unidades didáticas a serem atendidas pelos estudantes. Já os alunos que necessitam cursar disciplinas em regime de dependência, podem também optar pela modalidade a distância, o que dá maior flexibilidade de horário para eles.

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Três poderes

por Amanda Cieglinski

Entre a enxurrada de emendas recebida para alterar o projeto de lei que criará o novo Plano Nacional de Educação (PNE), estão na mira dos parlamentares as metas relacionadas ao ensino superior. Uma delas pede que seja estabelecido um prazo de 180 dias para conclusão de processos autorizativos, de credenciamento e recredenciamento das instituições e cursos superiores. Outra emenda pretende alterar a exigência de mestres e doutores no corpo docente, diferenciando os percentuais para faculdades, centros universitários e universidades: 10%, 20% e 33% respectivamente. n O novo PNE deveria entrar em vigor neste ano, mas vai ficar para 2012. A comissão especial que analisa a matéria na Câmara recebeu 2.919 emendas ao projeto, um recorde na Casa comparável apenas à Constituinte. O relator do PNE, deputado Angelo Vanonhi (PT-PR), se disse ‘assustado’ com o número de emendas e adiou para setembro a entrega do relatório. A previsão é que a tramitação na Câmara seja concluída em novembro, quando o texto seguirá para o Senado. Lá o debate também promete se alongar já que a oposição tem forte atuação na Comissão de Educação.

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n Mas o recorde de emendas não significa necessariamente mais envolvimento do parlamento com o tema. Boa parte delas foi elaborada por entidades da área que protagonizaram os debates na Conferência Nacional de Educação (Conae) – os deputados foram meros “instrumentos”. Muitas emendas tentam incorporar ao texto propostas que foram aprovadas durante a Conae, mas que ficaram de fora da versão do Executivo.

Tudo igual

O Conselho Nacional de Educação (CNE) promoveu nova eleição para os presidentes das duas câmaras, mas não houve grandes mudanças. Paulo Speller, reitor da Universidade Luso-afro-brasileira (Unilab), permanece à frente da Câmara de Educação Superior. Já na vice-presidência sai João Barone, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), e entra Gilberto Gonçalves Garcia, ex-presidente da Associação Brasileira das Universidades (Abruc).

Tecnologia reforçada

Mais uma vez o Enem bateu recorde de inscritos – cerca de seis milhões são esperados para fazer a prova nos dias 22 e 23 de outubro. Mas dessa vez o processo se deu sem os percalços do ano passado. O sistema permaneceu estável e suportou 300 mil acessos simultâneos e até 120 mil inscrições por hora. Isso porque a área de tecnologia do Inep foi reforçada na gestão de Malvina Tuttman. O número de servidores foi dobrado e a velocidade de comunicação entre eles aumentada dez vezes.

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“Ela [a reforma universitária] está dormindo aqui na casa há muito tempo. A Bela Adormecida está precisando acordar Deputada Dorinha Seabra (DEM-TO) faz um apelo ao ministro Fernando Haddad para que o projeto parado no Congresso Nacional há cinco anos volte à pauta

A capes pretende enviar estudantes para estudar no exterior com bolsas de mestrado, doutorado e graduaçãosanduíche. A previsão de investimento no programa de intercâmbio que está sendo elaborado é de US$ 936 milhões. A primeira versão do programa já foi apresentada à presidente Dilma Rousseff, que lançou a ideia em abril. O foco da iniciativa serão as áreas de tecnologia e engenharia e as primeiras bolsas serão ofertadas no primeiro semestre de 2012.

75 mil


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A COMUNICAÇÃO ENTRE O SEMESP E AS IES É SEMPRE FÁCIL E RÁPIDA. Visite nosso portal, conheça as novidades do setor e esclareça suas dúvidas.

HERMES FERREIRA FIGUEIREDO PRESIDENTE

ANTONIO CARLOS VILELA BRAGA 1º VICE-PRESIDENTE

ANTONIO CARBONARI NETTO 2º VICE-PRESIDENTE

ADERBAL ALFREDO CALDERARI BERNARDES 3º VICE-PRESIDENTE

FERNANDO LEME DO PRADO

DENIS MARCELO LACERDA DOS SANTOS PE. CHRISTIAN DE PAUL DE BARCHIFONTAINE DIRETORES DE SEGMENTO CENTRO UNIVERSITÁRIO

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TÂNIA CRISTINA BASSANI CECÍLIO THIAGO RODRIGUES PEGAS DIRETORES DE SEGMENTO FACULDADE

CARMEN LAGANÁ CLÓVIS EDUARDO PINTO LUDOVICE RICARDO MARCELO DE CASTRO MARTINS MEMBROS EFETIVOS DO CONSELHO FISCAL

1º DIRETOR-SECRETÁRIO

FRANCISCO SOLANO PORTELA NETO 2ª DIRETOR-SECRETÁRIO

CECÍLIA B. TAVARES DE ANDERLINI

GIÁCOMO PASETTO LOGATTI CUSTÓDIO FILIPE DE JESUS PEREIRA BRUNO ROBERTO PEREIRA DE TOLEDO MEMBROS SUPLENTES DO CONSELHO FISCAL

1ª DIRETORA-FINANCEIRA

FERNANDO AUGUSTO TREVISAN 2º DIRETOR-FINANCEIRO

VALDIR JOSÉ LANZA DIRETOR DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS

LÚCIA MARIA TEIXEIRA FURLANI ELMARA LÚCIA DE OLIVEIRA BONINI DIRETORES DE SEGMENTO UNIVERSIDADE

GABRIEL MÁRIO RODRIGUES PAULO ANTONIO GOMES CARDIM MEMBROS NATOS DO CONSELHO DA PRESIDÊNCIA

RODRIGO CAPELATO DIRETOR EXECUTIVO

Rua Cipriano Barata, 2431 Ipiranga São Paulo - SP CEP 04205-002 Tel.: (11) 2069-4444 Fax: (11) 2914-2190 e-mail: semesp@semesp.org.br

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ensino superior

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Educação na Mídia O legado do exministro da Educação,

Paulo Renato Souza, que faleceu no dia 25 de junho de infarto fulminante, foi lembrado por diversos jornais e sites de notícias. Além da cobertura jornalística do acontecimento, Folha de S.Paulo, Estadão, Correio Braziliense, entre outros periódicos, publicaram, em consecutivos dias, análises e artigos exaltando a trajetória do político e administrador.

n Foi na gestão de Paulo Renato que o ensino superior privado teve o seu maior crescimento. Quando assumiu o ministério, em 1995, o país contava com 1,7 milhão de alunos na graduação. Ao final de 2002, o sistema universitário tinha 3,1 milhões de alunos. n Nascido em Porto Alegre, tinha 65 anos e era formado em economia pela UFRGS. Também foi secretário de Educação do Estado de São Paulo entre 2009 e 2010 e entre 1984 e 1986, além de reitor da Universidade EStadual de Campinas (Unicamp), de 1986 a 1990.

Antônio Pacheco/Agência RBS

n O noticiário lembrou que à frente do MEC, de 1995 a 2002, Paulo Renato foi responsável por dar início à política de avaliação no ensino. Criou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem); o Provão, que deu origem ao Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade); e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), hoje correspondente ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Também instituiu o Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef) transformado, mais tarde, em Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).

“Contribuiu valiosamente para a causa da educação brasileira. Convergíamos e divergíamos com respeito e amizade

“Ele mudou a educação no Brasil. Deixou uma obra marcante e sempre com espírito público Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República

Fernando Haddad, ministro da Educação

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Causos O portal iG fez um dossiê das trapalhadas do MEC este ano. Entre os casos estão a lentidão do site para inscrição no Sisu e os erros nos livros didáticos distribuídos pelo governo.

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Disfunção Embora o Enem tenha se tornado um instrumento para ingresso nas universidades federais, em matéria do UOL, a presidente do Inep, Malvina Tuttman, lembrou que o exame não é um vestibular, mas sim um meio para avaliação do ensino médio.

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Repercussão Valores Reportagem do iG Educação mostrou que cada matrícula no ensino superior público custa R$ 15,4 mil anuais aos cofres públicos – o triplo do gasto nas instituições particulares.

A proposta de integrar os processos de inscrições e matrículas da USP, Unicamp e Unesp, revelada pelo jornal O Estado de S.Paulo, teve repercussão positiva entre coordenadores de escolas e cursinhos, também conforme mostrou o jornal.

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De direito O MEC cortou 10.912 vagas de 136 cursos de direito ofertados por faculdades particulares com os piores conceitos no Enade e IDD. E, como forma de estímulo às instituições mais bem avaliadas, autorizou a criação de outras 5.734 novas vagas.

fotos: istockphoto

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Entrevista

Luís Fernando Massonetto

Em nome da qualidade Novo diretor de Regulação do MEC defende aprofundar as transformações no sistema de avaliação e acena com a possibilidade de mudanças nos instrumentos de regulação por Amanda Cieglinski | fotos Paulino Menezes o primeiro andar do prédio do Ministério da Educação, o espaço que antigamente era ocupado pela Secretaria de Educação a Distância tem agora uma nova missão. É lá que funciona a Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior, criada no início de 2011 e oficializada no dia 1º de junho. Quem assume a nova tarefa é o ex-chefe de gabinete do ministro Fernando Haddad e professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Luís Fernando Massonetto. Em entrevista à Ensino Superior, o secretário explica que a criação de um órgão específico no ministério para cuidar da regulação é consequência da sofisiticação que o processo ganhou. Ele acredita que com a estrutura será possível dar mais agilidade e qualidade aos processos. “Nosso objetivo principal é a promoção de qualidade sem deixar de atender à expectativa do regulado, de um processo célere, transparente, do cumprimento das regras do jogo”, afirma. Leia também a seguir as possíveis mudanças estudadas pela secretaria – inclusive a de encurtar os prazos de análise dos processos.

os marcos regulatórios vão se tornando mais sofisticados e passam a exigir estruturas dedicadas exclusivamente à regulação. É uma busca por maior inteligência na regulação e por uma maior eficiência na análise dos processos, sem perder do horizonte o que anima nosso trabalho que é a garantia da promoção da qualidade do ensino superior no país.

Ensino Superior: Por que o ministério decidiu criar uma secretaria específica para cuidar da regulação? Luís Fernando Massonetto: A secretaria surge em um momento importante em que

ES.: Como a secretaria pretende equilibrar a tarefa da regulação com as demandas das instituições, especialmente do setor privado? A regulação trata de toda a educação su-

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ES.: A Sesu estava sobrecarregada com os processos de regulação? No lugar de falar de sobrecarga, eu prefiro falar na necessidade de uma estrutura específica de regulação. É um movimento natural dentro da própria administração pública a criação de estruturas especializadas a partir de um determinado momento, quando a gente sente que as estruturas tradicionais ficam saturadas, até pelo volume de trabalho e a quantidade de processos que tem de administrar. Esse processo é decorrente do próprio êxito do modelo regulatório implementado após a lei do Sinaes. A secretaria surge não para corrigir uma ineficiência nesse processo, mas para aprofundar as transformações que vêm sendo feitas.

Massonetto entende que a criação de novas secretarias, como a de regulação, é um movimento natural na administração pública quando há saturação das estruturas


“A mensagem que eu passaria para o setor é da necessidade de estruturar uma regulação que seja ao mesmo tempo transparente e eficiente nos prazos

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Entrevista perior, e o nosso trabalho tem sempre em vista, por um lado, o interesse público que é o da promoção da qualidade. O que está por trás de todo o sistema de regulação é a missão que a Constituição Federal nos confere de garantir a qualidade da educação superior. Por outro lado, a regulação não pode perder de vista uma expectativa do regulado na organização dos seus negócios, da sua atividade. Então o nosso objetivo principal é a promoção de qualidade sem deixar de atender à expectativa do regulado, de um processo célere, transparente, do cumprimento das regras do jogo. A regulação é sempre montada a partir de regras previsíveis, e um papel importante da secretaria é dar transparência ao cumprimento dessas regras.

instrumentos de avaliação que deixam claro o equilíbrio existente entre a avaliação da instituição, a avaliação do curso e aquela procedente da relação do ensino-aprendizagem que é a medida pelo Enade. Para cada medida, conceito, índice, você tem um peso maior ou menor de uma dessas dimensões. ES.: A nova secretaria absorve também a regulação dos cursos a distância e os tecnológicos. Pensa-se em criar regras específicas para essas modalidades? Esses cursos já estão na lógica da regulação, todos já seguem a orientação do Sinaes guardadas

“O mais importante na reunião dessas três diretorias [regulação, EAD e tecnólogos] é a possibilidade de criar uma inteligência comum de análise de dados e supervisão

Ao considerar o peso da titulação, Massonetto admite que a métrica dos cursos de bacharelado talvez não seja adequada à avaliação nos tecnológicos

ES.: Qual é a sua primeira missão ou projeto à frente da secretaria? Não é uma tarefa das mais simples você reunir estruturas de secretarias diferentes, então a primeira tarefa foi pensar essa inteligência comum de regulação. Ao mesmo tempo se pensa um modelo de administração mais eficiente dos processos regulatórios. Há intenção de reduzir os prazos de análise dos processos, de ter esses prazos pactuados e que eles sejam conhecidos pelo setor. Isso envolve uma reestruturação interna que é o que estamos fazendo neste momento na secretaria. A mensagem que eu passaria para o setor é essa necessidade de estruturar uma regulação que seja ao mesmo transparente e eficiente no cumprimento dos prazos. Mas também eficiente no atingimento de seus resultados. O maior desafio que a secretaria terá é equilibrar uma análise eficiente dos processos com a qualidade. ES.: Há alguma previsão de mudança no Sinaes? Nosso sistema de avaliação hoje é bastante sofisticado e é composto por indicadores que levam em conta várias dimensões. A crítica sobre o peso exacerbado do Enade olha somente para um dos aspectos do Sinaes. A Conaes acabou de aprovar os novos

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as especificidades, especialmente em relação à EAD. Mas o mais importante na reunião dessas três diretorias é a possibilidade de criar uma inteligência comum de análise de dados e unificação da supervisão. É um ganho tanto para o regulador como para o próprio regulado, que identifica no ministério uma única autoridade regulatória em relação a todos os cursos independentemente da modalidade. ES.: No caso dos cursos tecnológicos, as instituições de ensino apontam a necessidade de adequar alguns parâmetros da avaliação, como a titulação do corpo docente, que hoje leva em conta os mesmos critérios adotados para o bacharelado. Há previsão de mudanças desses instrumentos? Essa é uma demanda que já foi levada à Conaes e ao Inep e a secretaria é bastante sensível a ela. De fato parece bastante razoável a necessidade de adequação dos instrumentos de avaliação para se levar em conta esse dado que é específico dos tecnológicos. Talvez a métrica dos cursos tradicionais de bacharelado não seja a melhor para a avaliação dessa situação especifica dos cursos tecnológicos. A gente tem de pensar em uma regra talvez adaptada para esses cursos.


ES.: Como o senhor avalia o momento atual do sistema de ensino superior a partir do crescimento dos processos avaliativos e regulatórios? É importante afirmar que a regulação é uma conquista tanto da sociedade como dos próprios atores regulados. A gente tem o sistema se desenvolvendo de uma maneira bastante diferente da que ele se desenvolvia antes do Sinaes. Evidente que o processo de avaliação merece um aperfeiçoamento constante, mas essa busca pela transparência e pela existência de regras claras associadas à promoção da qualidade do sistema eu creio que seja um objetivo comum a quem regula e a quem é regulado. É impossível hoje se defender um modelo puro de livre iniciativa sem qualquer espécie de regulação. Primeiro porque seria contra o espírito da Constituição. Segundo porque o sistema vem se desenvolvendo a contento com a existência dessa regulação.

ES.: Qual é o papel da secretaria nesse momento de crescimento econômico, com necessidade urgente de mão de obra especializada e uma demanda da população por educação superior? Sem dúvida alguma ela tem um papel especial. Essa necessidade do país se reflete em uma das metas do PNE que prevê a expansão das matrículas na educação superior até 2020. Essa expansão vai ocorrer tanto no setor público quanto no privado. É nesse sentido que a secretaria tem um papel fundamental de garantir que essa expansão seja feita com qualidade – que não seja uma expansão desenfreada a pretexto de subsidiar o desenvolvimento do país. E essa é uma tarefa da regulação como uma atividade conjunta de todos os atores envolvidos com a educação superior. Leia a íntegra da entrevista no site www.revistaensinosuperior.com.br

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FNESP

Ao encontro

do líder

Fórum das instituições particulares debate a construção de lideranças no ensino superior e o papel que desempenham, a partir de uma visão empreendedora, sustentável e de qualidade por Núbia Matos uais são os desafios da liderança de uma empresa global e como se relacionam com os desafios de uma instituição de ensino superior? Qual o perfil ideal desse líder? E como ele pode atender melhor às necessidades internas da instituição sem esquecer de fomentar atividades com contatos externos? Em busca de respostas para perguntas como essas é que se baseia a programação da 13ª edição do Fórum Nacional: Ensino Superior Particular Brasileiro (Fnesp), que ocorre nos dias 29 e 30 de setembro, em São Paulo. O objetivo do evento, organizado pelo Sindicato

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das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), é discutir os atuais desafios das lideranças na dinâmica do ensino superior privado e no desenvolvimento das atividades educacionais em busca do reco-

Serviço: 13º Fórum Nacional: Ensino Superior Particular Brasileiro (Fnesp) Data: 29 e 30 de setembro de 2011 Horário: a partir das 8h30 Local: Hotel Renaissance – São Paulo/SP Informações e inscrições: www.fnesp.com.br


Para trazer um pouco da experiência latino-americana e europeia em liderança de instituições de ensino superior, o Fnesp convidou Daniel Samoilovich, pesquisador argentino, formado em Ciências Políticas na Alemanha e atualmente residente em Paris. Samoilovich é diretor executivo do Projeto Columbus, uma rede formada por mais de cinco mil diretores de instituições de ensino superior da Europa e da América Latina. Ele conversou com a repórter da revista Ensino Superior na França Lúcia Müzell e nesta entrevista fala sobre como enfrentar os desafios de gestão impostos pelo crescimento e globalização do mercado educacional. Ensino Superior: Quais os principais desafios que enfrentam as instituições de ensino superior na América Latina? Daniel Samoilovich: Há dois pontos principais: a necessidade de desenvolver recursos humanos para aumentar a competitividade e a globalização do ensino superior. Na América Latina, o grande calcanhar de Aquiles é o aprimoramento dos profissionais. Nossas economias têm três formas de competir: por preço, por qualidade e por inovação. Acho que a aposta deve ser por recursos humanos, já que sem pessoal qualificado não há aposta possível por qualidade nem inovação. Não falo apenas em doutores, mas também em técnicos, e a educação superior tem um papel muito importante nesta questão. ES: Falta aos governos dar mais prioridade ao ensino superior? Há países que estão aumentando os investimentos em ensino superior, como o Brasil, que colocou como meta para si o desafio de formar 10 milhões de estudantes universitários nos próximos anos. A Argentina também aumentou bastante o financiamento, embora muito menos que o Brasil. No Chile, dois terços do investimento no

nhecimento institucional, da qualidade, inovação e integração com a sociedade. A importância do debate sobre o papel das lideranças do ensino superior, enquanto as instituições passam por um novo momento de expansão profissionalizada, é destacada pelo diretor-secretário do Semesp, Fernando Leme do Prado. Segundo ele, as atividades dos líderes das instituições de ensino superior não estão limitadas à área educacional e, sim, relacionadas a características gerenciais de mercado. “O líder da instituição deve manter a qualidade acadêmica, mas para isso ele precisa de ótima estrutura, equipe capacitada, para que a adminis-

ensino superior ainda cabem às famílias, e o Estado participa com apenas um terço. Quem mais se dá conta da necessidade de investimentos é, paradoxalmente, as empresas, que necessitam de mão de obra qualificada, mas que nem sempre têm um bom diálogo com as universidades. ES: Como melhorar o papel das universidades? O papel das universidades é importantíssimo. Hoje, a inovação é cada vez mais policêntrica, ou seja, as grandes empresas transferem certas linhas de desenvolvimento, pesquisa e produção para países onde haja mão de obra qualificada. A universidade tem a obrigação de formar recursos humanos que atendam às necessidades das empresas, para ajudar a atraí-las cada vez mais. O Brasil já se deu conta disso, percebeu que estava se tornando um gigante com pés de barro, como dizem.

divulgação

Ação para o crescimento

Samoilovich aponta para a necessidade de investir na qualificação dos profissionais envolvidos no setor de ensino superior na América Latina

ES: Quais os empecilhos para avançar? Eu diria que há três principais falsos dilemas. Ampliamos o acesso ou promovemos um ensino de qualidade? Isso é falso, pois temos de estar em condições de fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Ao ampliar as vagas, as universidades vão receber estudantes menos qualificados: portanto, é preciso mudar a forma de ensinar estes estudantes, para que eles sigam no mesmo padrão de qualidade dos demais. O segundo é a escolha entre ensino ou pesquisa. Eu acho que nenhuma instituição pode ser ótima em todas as frentes de pesquisa, mas é importante que focalizem algumas áreas em que têm mais potencial. O terceiro falso dilema é a opção pela perspectiva local ou global. De novo, acho que a possibilidade de ser local, estando muito atenta ao que acontece no entorno, e global, procurando alianças internacionais que fortaleçam o perfil acadêmico da universidade, é totalmente viável.

tração não interfira de maneira negativa na qualidade do ensino”, enfatiza Prado. A novidade neste ano fica por conta de uma programação mais interativa, em que a troca de experiências e interação dos palestrantes com o público será priorizada. De acordo com o diretor, as sessões serão iniciadas com palestras e finalizadas com debates com a participação de todos. Para garantir desde já a interação e a troca de experiências entre as lideranças do setor, foi criado o blog do Fórum (www.fnesp.com. br), que traz a programação do evento e está aberto à participação dos interessados em debater o ensino superior. ensino superior

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JORNADAS

Planejar e avaliar Pró-reitora mostra como organizar as ações administrativas e somar mais pontos na avaliação institucional a partir de uma boa gestão por Renata Melo

ma gestão profissionalizada, com o foco em resultados e, claro, sem perder de vista o correto acompanhamento da legislação, se reflete, ainda que indiretamente, numa boa avaliação institucional, realizada conforme os novos instrumentos de regulação do Ministério da Educação. A ideia foi defendida pela pró-reitora acadêmica do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal), Romane Fortes Bernardo, durante a 7ª edição das Jornadas Regionais do Semesp. O evento percorreu o Estado de São Paulo durante o primeiro semestre de 2011 para debater com administradores e profissionais de educação este e outros temas relacionados à gestão das instituições de ensino superior (veja a cobertura sobre serviços compartilhados, combate à evasão e as novas regras de regulação nas edições anteriores da revista). De acordo com Romane, o planejamento é o ponto forte da gestão para que a instituição conquiste pontos importantes na avaliação. Para ela, uma gestão profissionalizada significa, além da busca pela inovação, saber cooperar, agir em sinergia com as equipes e partilhar a liderança. Também é necessário tomar decisões rápidas e precisas, com base nos números do mercado e infor-

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Itens importantes para a avaliação

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Segundo Romane Fortes, algumas iniciativas das instituições são bem-vindas para elevar a pontuação, segundo os atuais instrumentos avaliativos. Entre outros aspectos contam pontos: • a acessibilidade, não só para portadores de necessidades especiais, mas em locais como a biblioteca (altura e acesso às prateleiras, facilidade de trânsito, consulta eletrônica); • a obediência à legislação referente a portadores de necessidades especiais; • o oferecimento de cursos de nivelamento; • a existência de uma política de atendimento aos estudantes; • a titulação do corpo docente.

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mações relacionadas ao MEC, além de conhecer os documentos estatutários e regimentais da instituição. “Com conhecimento acumulado e mecanismos que inovem a gestão, nunca haverá necessidade de tomar medidas a toque de caixa para se sair bem na avaliação”, afirma Romane Fortes. Ela defende uma gestão mais descentralizada para garantir o crescimento de todos os setores envolvidos. “O gestor eficaz sabe tornar suas expectativas mais transparentes, porque já passou pela experiência operacional e conhece o trabalho de suas equipes. Por isso, sabe delegar, interagir e ouvir, administrando conflitos sem cultivar rancores”, acredita.

Avaliação programada

curso deve integrar o contexto institucional, ou seja, deve estar em sintonia com os valores e missão da instituição”, ensina. É recomendável ainda que corpo docente e coordenadores responsáveis tenham titulação, experiência profissional e aderência ao curso. “Ações como planos de retenção de talentos, benefícios, assistência social e plano de previdência privada são exemplos de iniciativas a serem adotadas para a melhoria do corpo docente”, aponta.

Capacitação profissional Preparar bem um profissional ou ter alguém capacitado para o preenchimento das informações obrigatórias no sistema eMEC e, se possível, simular antes a avaliação também são ações importantes, que dão agilidade e previsibilidade aos resultados e garantem que a instituição não terá surpresas em relação ao seu desempenho. “Caso contrário, o day after pode ser péssimo”, dramatiza a gestora. Apesar de parecer elementar, Romane Fortes enfatiza que o for-

Um erro comum é mobilizar investimentos de última hora porque os avaliadores estão prestes a chegar. Para Romane Fortes, antes de mais nada, o gestor tem de ter em mente a sustentabilidade financeira da instituição, independentemente de obter pontos na avaliação. “Ele tem de ter claro quais são os recursos materiais disponíveis para suprir os serviços administrativos, laboratoriais e infraestrutura de apoio para funcionamento Romane Fortes Bernardo com qualidade dos cursos”, diz. O ideal é que se faça uma projeção do planejamento a cada cinco mulário deve ser preenchido corretamente anos para os aspectos didático-pedagógicos e com informações reais, pois a visita in loco dos avaliadores e o cruzamento dos dados técnico-administrativos da instituição. Daí a relevância de um Projeto de De- no sistema do MEC certamente derrubarão senvolvimento Institucional (PDI) bem con- qualquer incongruência. A pró-reitora lembra que o objetivo do solidado que faz as vezes do planejamento estratégico corporativo. “É fundamental ter Sistema Nacional de Avaliação da Educação metas, estabelecer prazos, prever a desti- Superior (Sinaes) é elevar o padrão qualinação das verbas para o seu cumprimento, tativo dos cursos e instituições. Embora a determinar objetivos específicos e gerais, gestora reconheça que há falta de maturiorganizar uma projeção documental, sem dade por parte dos avaliadores para com esquecer de montar um organograma bem as instituições particulares, é interessante entender a avaliação como um processo estruturado”, recomenda. Além do PDI, também deve ser de am- construtivo e não punitivo. “O MEC não é plo conhecimento dos coordenadores de uma figura divina; podemos questioná-lo cursos o Projeto Pedagógico Institucio- com recursos administrativos, porém com nal (PPI), que deve ter forte vínculo com argumentos racionais, jamais emocionais”, Projeto Pedagógico de Curso (PPC). “Um considera Romane.

“Com conhecimento acumulado nunca haverá necessidade de medidas para se sair bem na avaliação

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FINANCIAMENTO

Menos juros para mais alunos Balanço de programas de crédito estudantil, seja de origem pública ou privada, mostra que flexibilização da modalidade é responsável pelo acréscimo de alunos no ensino superior por Edinaldo Andrade

financiamento estudantil para os cursos superiores, que até há pouco tempo ainda era visto com certa desconfiança tanto por estudantes quanto pelos agentes financeiros, tem sido apontado por representantes do setor como uma das soluções para possibilitar a ampliação do acesso ao ensino superior. De fato, o número de contratos de financiamento contabilizado no primeiro semestre de 2011, sejam de origem pública ou privada, mostra que cada vez mais estudantes aderem à tomada de crédito para pagar as mensalidades da graduação, o que para as instituições de ensino significa mais alunos nos bancos acadêmicos.

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Maior incentivo Dados do Ministério da Educação confirmam o crescimento no interesse dos alunos pelo Fies, programa do governo federal para o financiamento de estudantes de ensino superior. Criado em 1999 para suceder ao Creduc, em 10 anos o Fies, operado pela Caixa Econômica Federal, firmou 562.921 contratos, envolvendo o investimento de R$ 6,4 bilhões para o custeio de mensalidades em cursos superiores. Em 2010, quando o agente operador do financiamento passou a ser o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), foram 71.600 novos contratos assinados, no valor de cerca de R$ 450 milhões, contra apenas 32 mil contratações do crédito no ano anterior. Este ano, até o início de junho, o Fies contabilizava 57.459 contratos firmados. O aumento no número de financiamentos é dado como fundamental para a necessária ampliação do ensino superior, como destaca o presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), Hermes Ferreira Figueiredo. O dirigente acredita na popularização das linhas de crédito, mas ressalta que ainda


Crédito ampliado O crédito oferecido por empresas privadas para custear a graduação também tem respondido pelo crescimento no número de alunos nas instituições particulares. Dados do vestibular de verão de 2011 (dezembro a março) reunidos pela Ideal Invest, empresa gestora do Pravaler, dão conta de uma alta de quase três vezes no volume de contratos cedidos, em relação ao mesmo período de 2010. O principal motivo deste crescimento foi a implantação de uma modalidade de crédito a juro zero para o aluno, custeado pelas universidades parceiras do Pravaler. Para a presidente da Associação Baiana de Mantenedoras do Ensino Superior (Abames), Nadja Viana, graças à popularização e à flexibilização do financiamento estudantil mais alunos têm a oportunidade de cursar uma graduação. “O mercado

gustavo morita

há um longo trajeto a ser percorrido para incluir a meta prevista no Plano Nacional de Educação. “Os números [do Fies] revelam sim um crescimento, mas ainda será preciso percorrer um longo caminho para que 30% dos jovens participem do sonho da formação superior. O importante é que os primeiros passos já estão sendo dados”, salienta. Entre os fatores que contribuíram para que o Fies se tornasse mais atraente está a reformulação do programa ocorrida no início do ano passado, quando a inscrição no programa passou a ser permitida em qualquer época do ano, os juros se tornaram mais baixos (3,4% ao ano) e o prazo para quitar o empréstimo foi estendido para três vezes o tempo de duração do curso, acrescido de 12 meses. Além disso, a criação do Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (Fgeduc) também permite que pessoas de baixa renda tenham acesso ao financiamento sem a necessidade de fiadores. O benefício é válido para estudantes matriculados em cursos de licenciatura; que tenham renda familiar mensal per capita de até um salário mínimo e meio e bolsistas parciais do Programa Universidade para Todos (ProUni).

Alternativa viável A opção pelo crédito universitário tem sido a forma menos onerosa para estudar encontrada pelos alunos, levando em conta os altos juros de um empréstimo comum ou do cheque especial. Em geral, as linhas de créditos estudantis permitem pagar o curso no dobro do tempo. É como se o aluno dividisse cada mensalidade em duas parcelas ou mais, desafogando o bolso de quem ainda não começou a vida profissional. É o caso de Márcia Bezerra Pinto. Com 29 anos, ela é aluna do curso de psicologia na Universidade de Santo Amaro (Unisa), em São Paulo. A jovem, que é mãe de duas crianças, optou pelo crédito educativo privado para custear a faculdade. “A princípio tentei outros meios para conseguir desconto, só que não obtive sucesso. A burocracia é muito grande. Antes, eu pagava o valor total da mensalidade e meu salário era praticamente para pagar a faculdade. Estava bastante difícil”, explica. Já Rosa Maria Zantedeschi Berzghal, 50 anos, descobriu as facilidades do crédito educativo privado enquanto ajudava uma amiga que pesquisava sobre as melhores opções de financiamento estudantil existentes no mercado. “Comecei a pesquisar os tipos de crédito para uma amiga que estava com dificuldades financeiras e, quando vi as vantagens, acabei optando por fazer também”, disse a universitária, que é aluna da Faculdade Braz Cubas, onde faz o curso técnico em Ótica e Optometria.

Com duas filhas para sustentar, o sonho de permanecer estudando só foi possível para Márcia Bezerra Pinto com o financiamento estudantil particular

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fotos: divulgação

Menos juros para mais alunos

Alexandre Zeni revela que a Feevale garantiu mais matrículas graças ao crédito privado com juro custeado pela instituição

Para Nadja Viana, com a flexibilização do financiamento estudantil mais alunos têm a oportunidade de cursar uma graduação

financeiro percebeu esse grande nicho e dois aspectos: a inadimplência diminui, a divulgação dessas linhas de crédito tem assim como a evasão cai bastante”, destasido mais intensa, pois a necessidade de ca José Maria Silva Júnior, presidente de expansão das matrículas em cursos de gra- mar­keting e comunicação da Braz Cubas. duação é permanente perante as demanDe olho neste mercado, grandes bandas nacionais”, destaca. cos também estão apostando na modaliAs instituições de ensino comemoram e dade. Pouco mais de um ano após o lanreconhecem a importância do crédito edu- çamento oficial, o Crédito Universitário cativo privado como forma de incluir novos Itaú Unibanco já alcançou sete mil clienalunos. A Universidade Feevale, com sede tes em todo o país. O produto está dispoem Novo Hamburgo (RS), ao adotar o Pravaler com juro zero superou em 12% o volume projetado de matrículas. “Iniciativas assim acabam impactando muito os alunos inJosé Maria Silva Júnior, da Braz Cubas teressados. Isso acontece quando os estudantes percebem que não vão pagar juros”, revela nível em 30 grandes grupos educacionais Alexandre Zeni, pró-reitor de planejamento parceiros, espalhados em quase 300 came administração da Feevale. pi, em 24 Estados. Esse número, porém, A Universidade Braz Cubas, com sede deve crescer ainda mais a partir de uma em Mogi das Cruzes (SP), matriculou apro- parceria recentemente constituída entre ximadamente 15% da sua base de calouros, o banco e a Ideal Invest, do crédito Pravano primeiro vestibular em que ofereceu ler. Com o acordo, o Pravaler passa a ser o crédito universitário privado. “Se é pra disponibilizado para as instituições de enconceder o benefício, vamos considerá-lo sino credenciadas pelo projeto do crédito de maneira integral. Principalmente por universitário do Itaú Unibanco.

“o benefício do juro zero no crédito privado diminuiu a inadimplência e a evasão também caiu bastante

Grupo propõe aprimoramento do Fies Apesar de elogiadas pelas instituições de ensino superior particulares, as mudanças no Fies, que oportunizaram maior flexibilidade ao programa, também geraram uma série de queixas em relação à operacionalização da linha de crédito. Para sanar o problema e sugerir o aprimoramento das normas do programa, foi criado um grupo de trabalho formado por representantes de instituições de todo o país. O presidente da Associação Nacional dos Centros Universitários (Anaceu), Paulo Gomes Cardim, um dos coordenadores do grupo, revela que entre os principais problemas já relatados à Secretaria de Educação Superior

do MEC estão questões relativas à liberação dos contratos e à regularidade na liberação dos certificados. De acordo com Cardim, a demora na contratação do Fies impõe às instituições o início das atividades acadêmicas sem que haja uma clara delimitação do universo de alunos efetivamente atendidos pelo programa. Ele explica ainda que a morosidade na liberação dos certificados por parte dos agentes financeiros gera problemas de fluxo de caixa às instituições. Outra reivindicação referente à impossibilidade de oferecer o Fies para cursos não avaliados, mas já autorizados pelo MEC, foi revertida em portaria do ministério divulgada em junho.

Algumas propostas para agilizar o trâmite: • Antecipar pré-contratos para o último ano do ensino médio; • Regularizar os prazos para assinatura dos contratos; • Aumentar o requisito de participação para cinco salários mínimos; • Tornar a operacionalização do sistema automática, de forma a evitar os transtornos de operacionalização atuais da fase de adaptação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE); • Instituir e efetivar bolsas de manutenção para alunos de cursos de tempo integral.

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Realização Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social

Ministério da Ciência e Tecnologia

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anaceu associaçãonacionaldos centrosuniversitários

Mais informações: (11) 5042-2242 ou (11) 5543-6530. ensino superior

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PROUNI

De marcha a ré Impacto das mudanças na lei do Programa Universidade para Todos acarreta ao governo, e às próprias instituições de ensino superior, novo planejamento em relação ao preenchimento de vagas por Luana Lourenço

s percentuais de isenção fiscal vinculados ao Programa Universidade para Todos (ProUni) sofrerão mudanças a partir deste ano. Com o aval da Receita Federal, o governo determinou que o benefício tributário às instituições de ensino superior que participam do programa será proporcional ao percentual de vagas efetivamente ocupadas por estudantes. Longe de criticar a redução dos benefícios concedidos às instituições, representantes do setor temem, especialmente, que a mudança comprometa a expansão das vagas. A lei que criou o programa, em 2004, não vinculava a isenção fiscal ao preenchimento total das bolsas ofertadas, mas à simples adesão ao ProUni. A alteração foi feita por meio de uma medida provisória, aprovada no começo de junho, a tempo de aplicar a nova regra para as vagas do segundo semestre de 2011. Pela nova redação da lei, a partir de agora, se a instituição não conseguir estudantes para todas as vagas oferecidas – de bolsas parciais e integrais –, a fatia de dedução nos impostos será reduzida proporcionalmente. A mudança, porém, só vale para as instituições com fins lucrativos. As instituições sem fins lucrativos possuem isenção fiscal devido a sua natureza jurídica, independentemente de sua adesão ao ProUni. E as instituições beneficentes de assistência social são regulamentadas pelo Certificado de Entidade Beneficente e de Assistência Social e atendem a regras específicas para obterem e manterem os benefícios fiscais. Para o deputado Izalci Lucas (PR-DF), da Comissão de Educação da Câmara, a mudança pode ser considerada justa. “É mais justo receber pelo serviço efetivamen-

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Alberto Matias sugere a diversificação da oferta de cursos e a abertura de novos polos como possibilidades para compensar perdas do ProUni

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te prestado, mas algumas pessoas podem achar que as instituições se beneficiavam antes, o que não é verdade, pois já estavam cumprindo a lei”, defende.

Cadeiras vazias No centro da discussão que levou à alteração na Lei do ProUni estão as bolsas do programa que não são preenchidas. Em março, uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) mostrou que 29% das bolsas – 260 mil – oferecidas entre 2005 e 2009 não foram preenchidas. Já pelas contas do MEC, os índices de não preenchimento das vagas são bem menores. No primeiro semestre desde ano, das 123 mil bolsas oferecidas, 4% ficaram sem estudantes, percentual que o governo considera dentro do esperado. Grande parte da ociosidade está concentrada nas bolsas parciais, em que o aluno paga 50% da mensalidade. Por isso, o governo ainda trabalha com a possibilidade de acabar com essa modalidade de bolsas. Na lógica do MEC, os estudantes desistem de ingressar nos cursos porque não podem arcar com parte do valor. No entanto, segundo representantes das instituições, nem sempre o não preenchimento da vaga está ligado ao valor da parcela mensal, mas a outros gastos externos, como transporte, alimentação, material didático e demais custos que dificultam a permanência dos estudantes na universidade. Na avaliação do presidente da Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), Gabriel Mario Rodrigues, o fim das bolsas parciais pode colocar em risco os planos do governo de ampliação do acesso à educação universitária. “O fim das bolsas parciais poderá comprometer as metas de


A matemática da nova regra Com a mudança na lei, a isenção fiscal para as instituições que participam do ProUni será calculada de acordo com o número de bolsas efetivamente preenchidas. A mudança já vale para o segundo semestre de 2011. *Antes: Vagas oferecidas - 100 Vagas preenchidas - 85 Renúncia fiscal - R$ 49.500

*Considerando o valor médio de R$ 495 de isenção fiscal por aluno nas instituições com fins lucrativos, calculado pelo TCU e baseado em dados da Receita Federal.

inclusão de mais pessoas no ensino superior. A atual política de concessão de bolsas acaba funcionando como forma complementar de financiamento estudantil, vinculado muitas vezes ao Fies”, argumenta.

Impacto social A solução para garantir a ocupação dessas vagas pode estar em uma mudança nos critérios de participação no programa. Hoje, o benefício integral pode ser pleiteado por candidatos que tenham renda familiar per capita mensal de até 1,5 salário mínimo (R$ 817,50). Já as bolsas parciais podem ser ocupadas por estudantes com renda de até três salários mínimos por pessoa (R$ 1.907,50). Pelos cálculos da Abmes, a ampliação do teto para quatro salários mínimos e meio per capita (R$ 2.452,50) possibilitaria que milhares de estudantes tivessem acesso ao beneficio e ocupassem as vagas ociosas. “As vagas não são preenchidas em razão de os candidatos não conseguirem demonstrar o perfil exigido em lei. O governo deveria buscar uma solução conjunta com as instituições privadas”, argumenta o presidente da entidade. Por enquanto, essa possibilidade não está nos planos do MEC, pelo menos oficialmente. O certo é que o governo terá de pensar em estratégias para ampliação do ProUni nos próximos anos, inclusive para cumprir o Pla-

no Nacional de Educação, em que uma das metas é aumentar a taxa bruta de matrículas no ensino superior para 50% dos jovens. Enquanto não há previsão de novas mudanças na regulamentação do programa, as instituições terão de se adaptar à nova regra. Para evitar a redução da isenção fiscal, as entidades deverão repensar o modelo de ocupação das vagas atualmente ociosas e criar estratégias para atrair estudantes para esses postos. “As instituições terão de ter planejamento estratégico para não perder vagas, ou até angariar novas, e com isso evitar perdas com o benefício fiscal”, sugere Alberto Matias, presidente do Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad). Segundo Matias, a diversificação da oferta de cursos e a abertura de novos polos devem ser consideradas como possibilidades pelas instituições, mesmo que a longo prazo. O deputado Izalci Lucas também acredita que a novo cenário vá estimular a busca por novos públicos para as vagas remanescentes do programa. Para o deputado, a resposta mais imediata do setor à isenção fiscal proporcional pode estar na combinação entre o ProUni e as recentes mudanças no Fies. “As condições para ocupar as vagas estão muito melhores. As instituições precisam divulgar essas mudanças para atrair os estudantes”, recomenda.

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*A partir de agora: Vagas oferecidas - 100 Vagas preenchidas - 85 Renúncia fiscal - R$ 42.075

Para o deputado Izalci Lucas, a resposta mais imediata do setor à isenção fiscal está na combinação entre ProUni e Fies

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CAPA Avaliação

Enade: perdas e ganhos Após três ciclos avaliativos, Ensino Superior fez um balanço do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes para saber como evoluiu a aferição de desempenho de alunos e de que maneira influencia a educação brasileira por Renata Melo

m 2004, por meio da Lei 10.861/ 2004, o governo federal criou o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), tendo como um de seus elementos o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), que substituiu o Exame Nacional de Cursos, antigo Provão. De lá para cá criou-se uma cultura da avaliação no setor e hoje é possível ter uma ideia sobre como anda o aprendizado dos estudantes universitários no país e ter indicadores e insumos para uma visão geral sobre a qualidade e o aproveitamento do ensino superior brasileiro. É por meio dos resultados do Enade que são construídos os indicadores de qualidade da educação superior, utilizados pelo Ministério da Educação para a regulação e pelas instituições para promover ações de planejamento e revisão dos projetos pedagógicos dos cursos. Porém a utilização da nota dos alunos transformada no Conceito Enade, que compõe o sistema de avaliação das instituições, é

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questionada por especialistas como forma adequada para medir a qualidade do ensino e para gratificar ou punir cursos ou estudantes com base nos resultados. Será que o mau desempenho dos alunos na avaliação necessariamente reflete um ensino de má qualidade?

Fórmula inadequada Na opinião do professor Romualdo Portela, do Departamento de Administração Escolar e Economia da Educação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), o Enade traz em si um problema conceitual. “Temos um instrumento só para duas finalidades diferentes. De um lado, a regulação por parte do governo, de outro, a avaliação como feedback para o aperfeiçoamento dos cursos”, considera. Pelo que chama de vício de origem, o professor da USP não acredita que seja possível nortear políticas públicas a partir dos resultados das provas do Enade. Ele sugere que muitas instituições preocupam-se

Especialistas criticam a importância dada aos testes com alunos, que acabam, muitas vezes, sendo mais importantes que o currículo


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[os alunos] dão pouca importância ao exame porque esquecem que os empregadores poderão consultar o conceito enade da instituição para decidir-se por uma contratação” Ana Maria Souza, da Anhanguera ensino superior

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gustavo morita

Enade: perdas e ganhos

rayssa coe

Para Romualdo Portela, o problema na utilização do Enade é conceitual. “Temos um só instrumento para duas finalidades: a regulação e a avaliação”, diz

Claudia Griboski sugere promover a parceria entre instituições e estudantes para uma ação de conscientização sobre a importância da avaliação para a qualidade da educação superior no Brasil

apenas em se ajustar às exigências mínimas do MEC para continuar funcionando. “Nesse caso, penso que seriam necessários mecanismos de controle mais claros”, afirma. Portela também vê problemas quanto ao uso dos resultados como base para aperfeiçoamento do ensino superior. “Não funciona. O modelo é mal desenhado, teria de ser pensado um outro formato”, indica. Portela critica ainda o fato de o Enade avaliar somente um componente do processo, que é o aprendizado do aluno. “Não se levam em conta, por exemplo, o perfil do corpo docente, a infraestrutura, o projeto pedagógico e diferenças socioeconômicas dos estudantes”, analisa. Outro ponto da avaliação posto à prova por educadores é a aferição apenas da habilitação teórica e não da prática, necessária a alguns cursos como artes visuais, arquitetura e medicina, como destaca Ana Maria Souza, vice-presidente Acadêmica da Anhanguera Educacional. “Os procedimentos necessários para o bom desempenho de um enfermeiro não são avaliados. O principal foco do Enade é a avaliação teórica das competências da carreira”, reforça.

Testes versus currículo Uma crítica ao modelo padronizado de provas e gratificação ou punição por desempenho ganha força no livro The death and life of great American school (ainda não publicado no Brasil), em que a educadora norte-americana Diane Ravitch analisa o sistema de ensino nos Estados Unidos.

uma medida melhor seria a qualidade da redação ou de projetos de pesquisa realizados pelos alunos”

Diane Ravitch, pesquisadora da Universidade de Nova York

De apoiadora das políticas de avaliação do sistema de ensino nos anos 90, hoje ela defende outro tipo de sistema avaliativo. Ela mantém o blog Bridging Differences (http:// blogs.edweek.org/edweek/Bridging-Differences), em que se posiciona contra o uso dos testes padronizados. A educadora afirma, numa entrevista à revista Educação de abril, que esse tipo de prova testa apenas habilidades e não conhecimento. Para ela, os testes não exigem a capacidade de pensar, mas sim de pensar para aquele exame. “O maior problema é que, atualmente, são mais importantes que o currículo e acabaram se tornando fins em si mesmos. Aqueles que não passam nas provas são estigmatizados, julgados, classificados e considerados fracassados”, destaca. Culpar escolas e professores caso os resultados das provas sejam insatisfató-

Responsabilização por resultados

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Os sistemas de accountability como uma política de melhoria dos resultados da educação, implantados inicialmente na Inglaterra a partir dos anos de 1980, se baseiam na responsabilização de gestores e professores pelo desempenho e resultados das escolas. De defensora do sistema, Diane Ravitch passou a ter um olhar mais crítico sobre o uso de testes padronizados para avaliar o ensino e, a partir deles, penalizar ou bonificar instituições e alunos. Hoje ela considera errôneo culpar escolas e professores por resultados insatisfatórios nas provas realizadas pelos estudantes. Ela lamenta que o sistema tenha se voltado à punição sistemática. “Mais professores serão demitidos com base nas provas e mais escolas serão fechadas. O sistema de accountability expandiu uma demanda por punição, e o alvo são os docentes, seus sindicatos, seu tempo de serviço e direito de estabilidade no emprego”, acredita.

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Evolução das médias: 2004-2009 * Conhecimentos Específicos Áreas avaliadas (total) 45 Nº de áreas com médias estáveis 2 4,50% Nº de áreas com aumento das médias 25 55,50% Nº de áreas com redução das médias 18 40% Formação Geral Áreas avaliadas (total) Nº de áreas com médias estáveis Nº de áreas com aumento das médias Nº de áreas com redução das médias

45 1 2,30% 18 40% 18 58%

(*) Do primeiro ciclo avaliativo (2004 e 2007), avaliados os cursos de agronomia, educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, medicina veterinária, nutrição, odontologia, serviço social, terapia ocupacional e zootecnia. De 2005 e 2008, as áreas que completaram o ciclo foram arquitetura e urbanismo, biologia, ciências sociais, computação, seis grupos de engenharias, filosofia, física, geografia, história, letras, matemática, pedagogia e química. Já o terceiro ciclo de avaliação inclui as áreas de administração, arquivologia, biblioteconomia, biomedicina, ciências contábeis, ciências econômicas, comunicação social, design, direito, música, psicologia, secretariado executivo, teatro e turismo.

rios, segundo Diane Ravitch, também não é correto. “Mais professores serão demitidos com base nas provas e mais escolas serão fechadas. O sistema de accountability expandiu uma demanda por punição, e o alvo são os docentes, seus sindicatos, seu tempo de serviço e direito de estabilidade no emprego”, acredita. Para ela, o melhor método para medir a habilidade de um aluno é o próprio trabalho desenvolvido por ele, não apenas um teste padronizado de múltipla escolha. “Uma medida melhor seria a qualidade da redação do aluno, seus projetos de ciências, de pesquisa em questões de história e a habilidade demonstrada para resolver problemas de matemática.” Na visão da educadora, uma educação de qualidade é aquela que desenvolve o pensamento crítico e prepara o aluno para receber mais conhecimento, para ter uma carreira, para a cidadania e para interagir com a sociedade por toda a vida. A visão da educadora norte-americana não tem respaldo na Diretoria de Avaliação da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Para a diretora do instituto Claudia Maffini Griboski, não há como considerar que o Enade avalie apenas habilidades ou que não exija a capacidade de pensar, já que traz em si uma concepção

inclusiva e abrangente. Ela defende que o exame tem se firmado como elemento de avaliação da qualidade da oferta dos cursos de graduação. “É importante ressaltar que o Enade avalia o curso e não o estudante, e que sua realização compreende, além da prova, dois questionários que permitem o levantamento do perfil do participante. A concepção do Enade abrange o acompanhamento do processo de aprendizagem e desempenho dos estudantes em relação aos conteúdos programáticos previstos nas DCNs [Diretrizes Curriculares Nacionais]”, afirma. Segundo a diretora do Inep, os instrumentos utilizados no exame são construí­ dos coletivamente por especialistas da área, que atuam como docentes na educação superior. “Essas comissões são responsáveis pela determinação dos conhecimentos, saberes e habilidades a serem avaliadas e todas as especificações necessárias à elaboração da prova a ser aplicada pelo Enade”, diz a diretora.

Evolução das médias Com base nos resultados dos conceitos do Enade divulgados pelo Ministério da Educação, a reportagem de Ensino Superior acompanhou como evoluíram as médias dos cursos avaliados pelo Enade nos três primeiros ciclos avaliativos: 2004 e ensino superior

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Enade: perdas e ganhos

O Enade precisa ser mais bem explorado pelas instituições, não só como prática obrigatória, mas como diagnóstico de ação”

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Claudia Griboski, diretora de Avaliação do Inep

Diane Ravitch considera que testes padronizados não exigem a capacidade de pensar, mas sim de pensar para aquele exame

2007; 2005 e 2008; 2006 e 2009. Dos cursos avaliados de 2004 a 2009, foram considerados apenas os 45 cursos que encerraram seu ciclo avaliativo. Nesse período, 25 tiveram aumento na média de conhecimentos específicos na prova feita pelos concluintes e somente dois mantiveram médias estáveis. Por outro lado, um número considerável de cursos (18) verificou queda do conceito médio de uma etapa para a outra do ciclo avaliativo (veja na tabela). Na opinião de Ana Maria Souza, nem sempre as médias do Enade refletem com precisão o conhecimento adquirido pelo aluno. “Tanto o boicote quanto o descompromisso de alguns alunos influenciam na média. Muitos estudantes nem comparecem à prova e outros, quando se dispõem a fazer o teste, preocupam-se apenas em cumprir o tempo mínimo, entregando somente metade da prova feita”, lembra ela. “Como esta nota não constará de seu histórico escolar, dão pouca importância.

Muitos esquecem, no entanto, que alguns empregadores poderão olhar o conceito Enade de sua instituição para decidir-se por uma contratação ou não”, afirma. A educadora americana Diane Ravitch também alerta para o risco de fraudes, principalmente quando há alta dependência dos resultados e quando instituições sabem que podem ser gratificadas ou punidas. “O melhor jeito de evitar isso é parar de atrelar altas expectativas às provas e usá-las apenas para propósitos de diagnóstico, não para responsabilizar, bonificar ou punir”, pondera. O prejuízo à nota da instituição por conta de eventuais protestos de estudantes na realização do exame é minimizado pelo Inep. Na visão de Claudia Griboski, esse é um tema que deve ser tratado pontualmente com uma análise da motivação que levou os estudantes a protestarem. Ela explica que, segundo relatórios do Inep, o índice de estudantes que entregam provas

Ana Maria Souza vê como positivo o uso do Enade como parâmetro para aferir o quanto o curso agrega à formação do estudante

Atenção aos prazos Em 2011, as provas acontecem no dia 6 de novembro e até lá instituições e alunos têm uma série de procedimentos a cumprir, de acordo com a Portaria Normativa nº 8, de 15/04/2011, que regulamenta o Exame este ano. Uma das novidades é a dispensa dos ingressantes, que a partir de agora serão avaliados com base na nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Todos os alunos, porém, devem ser inscritos normalmente, para efeito de cadastro. Ficará a cargo do Inep informar quais estudantes estarão dispensados do Enade. O Semesp orienta as instituições para que inscrevam todos os alunos do cadastro de matriculados nos cursos avaliados em 2011, mesmo que tenha havido evasão ou trancamento de matrícula, já que a situação inversa pode acarretar a cassação da autorização de funcionamento da instituição ou mesmo um processo judicial por parte de alunos que venham a ficar em situação irregular no Enade e fiquem impedidos de colar grau. O Inep recomenda que gestores, coordenadores de cursos e os próprios estudantes consultem o Manual do Enade, disponível no site http://portal.inep.gov.br/manual-do-enade.

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Valor agregado Representantes das instituições de ensino reconhecem que o Enade agregou valor à avaliação discente, em relação ao Provão, especialmente porque ampliou o número de cursos abrangidos. Isso se deve ao fato de que o Provão era organizado de forma a avaliar os mesmos cursos todos os anos sem, no entanto, avaliar todos os existentes. “Com o Enade, quase todos os cursos são avaliados em um ciclo trienal, o que permite abranger um número consideravelmente maior. Deixam de ser avaliados aqueles que não possuem Diretriz Curricular e os que

Adriano Vizoni/Folhapress

rasuradas ou em branco não é significativo para afetar o desempenho da instituição. Claudia diz que para garantir a participação efetiva dos estudantes no Enade, o Inep trabalha em conjunto com as instituições de ensino no esclarecimento da importância do exame para a avaliação dos cursos e das instituições. Ela cita como exemplo desse esforço a realização dos Seminários do Enade que acontecem anualmente desde 2009, com ampla participação dos coordenadores de cursos e demais gestores das instituições. Outra ação fundamental para ampliação da participação dos estudantes no Enade, segundo Claudia, é o estabelecimento de parceria entre as instituições e seus estudantes, por meio de ações de sensibilização e conscientização sobre a importância da avaliação para a qualidade da educação superior no Brasil. A diretora lembra, ainda, que o Inep lançou recentemente uma publicação que traz uma análise do primeiro ciclo avaliativo do Sinaes, visando realizar uma meta-avaliação e acompanhar o processo de avaliação em cada ciclo avaliativo. A publicação analisa as áreas das Ciências da Saúde, Ciências Agrárias e Serviço Social e está disponível no portal do Inep (www.inep.gov.br), em três volumes que contêm a análise dos resultados do Enade de 2004 e 2007, a caracterização dos cursos a partir da obtenção do CPC em 2008 e a análise dos relatórios de autoavaliação das Comissões Próprias de Avaliação (CPAs) das instituições.

“Por uma avaliação de verdade” Esse é o mote da campanha de boicote ao Enade, realizada pelo movimento estudantil, e contra o eixo do Sinaes destinado à avaliação dos estudantes. Segundo a estudante Clara Saraiva, da Comissão Executiva Nacional da Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre (Anel), “o boicote é uma forma de dizer ao governo que não queremos esse tipo de avaliação que não leva em conta a globalidade da formação do estudante e é coercitivo, já que é obrigatório”, reclama Clara, que é aluna da UFRJ. A campanha da Anel orienta que os estudantes compareçam à prova para registrar presença e não serem punidos com a retenção do diploma, mas que o exame seja entregue em branco. Na opinião de Clara Saraiva, as outras etapas do Sinaes são desiguais e irregulares. “Quando são feitas as visitas dos avaliadores, as análises são superficiais. Eles não consideram a precariedade dos prédios e os baixos salários dos professores, por exemplo”, aponta. A estudante também tem posicionamento contrário à padronização dos testes. “As provas não levam em consideração as peculiaridades regionais. Um curso de agronomia do Sul não tem as mesmas características de um curso do interior de São Paulo”, diz ela. A líder da Anel enxerga problemas também no uso que se faz dos resultados. “De um lado, o governo dá mais subsídios às instituições com melhores colocações, enquanto as que vão mal são punidas”, lamenta. Para o coordenador do DCE da Unicamp, André Guerrero, o conteúdo das provas é delimitado de acordo com a visão ideológica do governo. “Podem perder pontos na prova, por exemplo, alunos de um determinado curso de economia com uma orientação que questiona o pagamento da dívida pública defendida pelo governo. Então, a universidade tende a adaptar seus conteúdos ao modelo da prova para obter melhores notas e não sofrer sanções”, analisa.

A líder estudantil Clara Saraiva considera prejudicial a alunos e instituições o atual uso dos resultados do Enade

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Em 2010, alunos com boa avaliação no Enade puderam pleitear bolsas de estudo para cursar um mestrado ou doutorado

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têm pouca representatividade no Brasil”, explica Ana Maria Souza. Outro benefício do Enade, segundo ela, é a avaliação feita não somente com o estudante concluinte, mas também com o ingressante, o que estabelece um parâmetro para aferir o quanto o curso agrega à formação do estudante. Embora concorde que a avaliação seja um processo irreversível na identificação e promoção da qualidade de uma instituição de ensino, a especialista pondera que problemas aparecem quando se analisa o tratamento dado ao Enade no momento de fazer a composição do Conceito Preliminar de Curso (CPC). Ela explica que a fórmula utilizada acaba prejudicando a nota dos cursos mesmo com boa avaliação dos estudantes no exame. “Isso ocorre quando alunos de determinados cursos alcançam os conceitos 5 no Enade e 4 ou 5 no IDD, mas, se a instituição não possui 20% de professores com doutorado, o resultado final dos cursos cai para 3 no CPC”, lamenta. A diretora de Avaliação da Educação Superior do Inep sugere que as instituições de ensino utilizem o Enade também como forma de diagnóstico de suas ações. “Como elemento constitutivo do Sinaes, o exame precisa ser mais bem explorado pelas instituições de educação superior, não somente como prática obrigatória, mas principalmente como diagnóstico da própria ação”, ressalta. Críticas a parte, a vice-diretora Acadêmica da Anhanguera considera que o uso do

Ampliação dos usos Em abril deste ano, as médias do Enade, juntamente com o CPC (Conceito Preliminar de Curso), os relatórios de autoavaliação realizados pelas instituições e o perfil dos egressos, serviram de subsídio para que o Inep iniciasse uma pesquisa para identificar como os formados estão se saindo no mercado de trabalho. De acordo com o órgão, a iniciativa integra o estudo qualitativo do segundo ciclo avaliativo do Sinaes (2005 e 2008) e permite medir pontualmente a evolução dos cursos. A divulgação do estudo está prevista para o segundo semestre deste ano. A pesquisa foi feita por e-mail ou pela página do Inep na internet, e os participantes deveriam informar, entre outras coisas, como o currículo acadêmico ajudou na formação profissional, podendo sugerir melhorias para o curso estudado. Outra ação do MEC, divulgada em 2010, foi a concessão de bolsas de estudo aos melhores alunos do Enade em cursos de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) reconhecidos pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Os estudantes que obtiveram as melhores notas no Exame em 2007 e 2008 puderam pleitear bolsas de 24 meses para o mestrado e de 48 para o doutorado nos cursos de pós-graduação, após aprovação no processo seletivo.

Enade e os processos avaliativos foram fortalecidos com a Lei do Sinaes. “Todos ficaram satisfeitos, uma vez que a avaliação da educação superior brasileira adquiriu um caráter sistêmico, que integra procedimentos e instrumentos diversificados, possibilitando, dessa forma, a consolidação da qualidade da educação superior”, ressalta Ana Maria.


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Luz própria O combate à produção de trabalhos acadêmicos copiados de outros autores impõe a necessidade de implantar desde soluções de conscientização de alunos e professores até a aplicação de programas sofisticados por Adriana Natali

elevado desenvolvimento tecnológico das últimas décadas trouxe à tona o problema do plágio, algo que, se por um lado não é novidade, por outro está cada vez mais em evidência com as facilidades proporcionadas pela internet e os rápidos comandos de copiar e colar do teclado. Os motivos que podem levar um estudante a entregar um trabalho integral ou parcialmente copiado de outros autores são diversos: tempo inábil para dedicar à escrita; facilidades da tecnologia e da internet ou desconhecimento do ilícito. A prática tem reflexos do ensino fundamental e médio, com o colar na escola, mas nem por isso deve deixar de ser combatida já no ensino superior. O trabalho de orientação e conscientização dos alunos e a identificação prévia de possíveis plágios são formas encontradas para garantir a integridade da própria instituição, dos professores e também dos futuros profissionais. O aluno que pratica o plágio perde a oportunidade de se desenvolver técnica e academicamente e acaba por não domi-

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Maus exemplos Casos recentes mostram que a prática do plágio não está restrita aos alunos de graduação. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) abriu sindicância para apurar a acusação de fraude em artigos científicos publicados por um renomado professor da instituição. Outro pesquisador perdeu o emprego na Universidade de São Paulo (USP) quando se descobriu que utilizou em publicação de sua autoria imagens e gráficos de outra obra científica. E as fraudes não se restringem à academia brasileira. Na Alemanha, a Universidade de Heidelberg confirmou que a vice-presidente do Parlamento Europeu, Silvana Koch-Mehrin, plagiou parte de sua tese de doutorado. O dedo-duro foi o site VroniPlag Wiki, que inclui professores e doutores e já se transformou em um polo de denúncias de plágios na Europa. Além do desprestígio, os praticantes de plágio podem sofrer sanções criminais, perder títulos acadêmicos e os louros do “árduo” trabalho.

Yves Herman/Reuters/Latinstock

nar os conhecimentos e as habilidades específicas de sua área. Por sua vez, a universidade sofre com o desprestígio, já que é o local onde está sendo produzido o conhecimento, a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias e informações. “Se tivermos uma prática descontrolada de plágio dentro da academia, a sociedade perderá com a falta de desenvolvimento de novos produtos e tecnologias e a estagnação de descobertas importantes para o progresso”, considera Marili Moreira da Silva Vieira, coordenadora de Apoio Docente vinculada ao Decanato Acadêmico da Universidade Presbiteriana do Mackenzie. As consequências dos plágios nos trabalhos acadêmicos também podem aparecer na vida profissional, alerta o professor Jorge Tomioka, da Universidade Federal do ABC. “É muito provável que a pessoa que não produziu seus próprios trabalhos não seja capaz de desenvolver sozinha a tarefa mais elementar e pode até comprometer suas atribuições dentro de uma empresa. Também é péssimo para a instituição estar envolvida em plágio que seja de docente ou estudante”, destaca o professor. Um levantamento realizado com os calouros deste ano no Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) indagou os recém-chegados sobre a possibilidade de colar ou não nas provas. Surpreendentemente, 51% disseram que colariam e como justificativas argumentaram “não se dar mal”, “ajudar o colega”, “não perder uma eventual bolsa”, “deixar para estudar de verdade depois”. Já a maioria dos 49% que disseram não colar se baseou mais no medo da punição do que na preocupação com valores morais. Com o resultado da pesquisa o Insper estabeleceu uma base para direcionar as ações de conscientização. “Nossa expectativa é conseguir criar uma linha de formação ética, com iniciativas que atinjam os alunos dentro e fora da sala de aula. Também com base nesses resultados, podemos determinar a maneira mais eficaz de encaminhar uma sanção disciplinar quando um aluno incorre numa falha ética”, explica Ana Helena de Campos, coordenadora de Apoio Acadêmico do Insper. De acordo com ela, o

A vicepresidente do Parlamento Europeu, Silvana KochMehrin, perdeu o título de doutora após site detector de plágio flagrar mais de 25% de cópia na tese

foco na qualidade do aprendizado e no senso de justiça tem sido o principal argumento da instituição para motivar o aluno a não usar desse artifício. Ao ingressar no curso os alunos assinam o código de ética da instituição e participam de uma série de atividades que tratam especificamente do tema.

Olho vivo Ao mesmo tempo que o plágio se tornou mais fácil devido à internet, fiscalizá-lo também, já que é possível aos professores terem acesso aos mesmos sites que os alunos. Além disso, a tecnologia trouxe inúmeros programas especializados em detectar fraudes em textos, que percebem, inclusive, o plágio na reescrita, com graus diferentes de semelhança de ideias. Entre as ferramentas de identificação de plágio existentes, o Centro Universitário Senac optou por disponibilizar aos docentes a Safe Assignments. A partir do programa é possível analisar o arquivo de texto entregue pelo aluno e identificar se houve plágio da internet. O sistema indica ainda o site de onde o texto foi copiado. “A preocupação com o plágio vem aumentando significativamente no meio acadêmico, o que tornou ensino superior

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Luz Matéria própria

Para Isolda Ribeiro, o aluno que se vale do plágio está preocupado meramente com a sua nota

Jorge Tomioka adverte para as consequências do plágio na carreira futura e à sociedade como um todo

imprescindível a definição de políticas institucionais para o tratamento desta questão”, justifica Flávia Feitosa Santana, diretora de Pós-graduação e Pesquisa do Senac. Outras iniciativas da instituição vão ao encontro da mobilização de professores, como a promoção de debates sobre o tema com a participação de membros do comitê de ética e o tratamento do plágio em trabalhos acadêmicos. “Orientações sobre plágio constam também em documentos pedagógicos como o Manual do TCC dos cursos do Centro Universitário, em comunicados encaminhados frequentemente aos alunos e no conteúdo das disciplinas de metodologia de pesquisa”, explica Flávia. Também na Universidade Bandeirante de São Paulo (Uniban), o esforço volta-se à conscientização dos estudantes e à disponibilização de recursos para pesquisa. Numa parceria entre as coordenações acadêmicas e o núcleo de biblioteca, a cada início de semestre, os calouros conhecem o acervo da instituição em seus diversos tipos de suporte. “Com o passar dos anos na academia a visão sobre a importância do conhecimento muda. A pesquisa realizada em sites de busca tende a diminuir, e com o forte incentivo dentro da instituição, os alunos aprendem que copiar e colar, ou seja, plagiar é ilegal e, se tal ação for descoberta, irá comprometer o resultado final do trabalho de pesquisa, podendo levá-los à reprovação”, explica Ilíria Ruiz Pilissari, coordenadora do Núcleo

de Bibliotecas da Uniban. O setor também desenvolveu um manual que orienta a elaboração de trabalhos acadêmicos baseado nas normas da ABNT. “Com este manual, alunos e professores possuem mais facilidade na hora de fazer uma monografia. Aprendem a fazer citações de textos, gráficos e figuras e, ainda, como referenciar os diversos tipos de documentos em qualquer tipo de suporte”, afirma.

Experiência exterior Fora do país, os softwares antiplágios há tempos são uma realidade. É o que conta a advogada Isolda Lins Ribeiro, professora da UFMG. Na Universidade de Maastricht, na Holanda, os trabalhos acadêmicos são entregues digitalmente, via upload em uma espécie de “sistema do aluno”, no qual um software já processa e identifica possíveis correspondências, revelando a porcentagem de coincidências e destacando os respectivos trechos. “É importante destacar, no entanto, que nenhum trabalho resultará em 100% original, considerando-se que a própria pesquisa acadêmica envolve a citação (com o devido crédito) de obras que lhe serviram de marco teórico, e de trechos de leis, convenções, jurisprudência etc. Por este motivo, é imprescindível que o olho humano verifique exatamente do que se trata as coincidências apontadas pelo software, de forma a evitar conclusões precipitadas”, conclui a advogada.

Dicas para prevenir o plágio

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Para prevenir a prática do plágio, mais do que medidas de fiscalização é necessário desenvolver a reflexão sobre os fatores que levam a ele. De acordo com o professor Marcelo Krokoscz, é preciso reconhecer que o plágio precisa ser discutido e tratado de forma sistemática pelas comunidades de pesquisa; admitir que, em geral, os estudantes no nível superior trazem uma formação básica caracterizada pela cópia; concordar que as novas tecnologias facilitam o acesso e a reprodução de conteúdos alheios de forma inescrupulosa e sem controle; e aprimorar as formas de solicitação de trabalhos acadêmicos. O professor ainda indica às instituições: • adotar códigos de ética com a menção clara ao plágio, à cola e outros tipos de fraudes acadêmicas; • incentivar alunos e professores a utilizarem programas/softwares de detecção do plágio; • institucionalizar para os estudantes o uso de Termos de Declaração de Autoria que devem ser entregues anexados aos trabalhos acadêmicos; • divulgar e publicar na internet todo o conteúdo acadêmico produzido pela comunidade.

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Infração aos direitos autorais Plagiar qualquer tipo de texto é crime e deve ser punido, como previsto no artigo 184 do Código Penal e na Lei 9.610/98, que defende os direitos de autoria contra a reprodução não autorizada. Suas consequências, contudo, não se restringem ao âmbito jurídico. “O aluno que se vale do plágio pouco está preocupado em introjetar o conhecimento ali expressado. Está preocupado com a nota – até mesmo pela importância excessiva que nossa tradição educacional confere ao resultado, em detrimento do aprimoramento dos meios de ensino e aprendizagem. E as lacunas geradas nessa apreensão de conhecimento poderão jamais ser supridas ao longo de toda a sua vida”, diz a advogada Isolda Lins Ribeiro, doutoranda em Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Melhor prevenir Embora o auxílio de softwares e a busca na internet possam ajudar a descobrir o plágio, um trabalho de prevenção se faz necessário, pois muitos estudantes chegam ao terceiro grau sem conhecer as regras do trabalho de pesquisa. “Um curso universitário pressupõe ensino, pesquisa e extensão, sendo assim, creio que dois terços dessa trindade não são desenvolvidos como deveriam, para uma boa formação acadêmica. Parte desses alunos adquire certificados sem participação efetiva naquilo que comprovam”, afirma o professor Gilberto Xavier da Silva, do departamento de Letras da PUC de Minas Gerais. O professor Luiz Antonio da Silva, da Universidade de São Paulo (USP), concorda com o fato de que, se não houver um árduo trabalho de conscientização, que deve começar no ensino fundamental e médio, não há como combater esse mal. “Vivemos uma época em que é preciso ensinar ética. Aprendemos, efetivamente, com exemplos. Na minha vida acadêmica, tive, sempre, a orientação de mestres que prezavam a ética e a sua transgressão era falta muito grave. Havia um clima que nos afastava do plágio”, conta. Alguns docentes acreditam que o combate à prática do plágio está ligada a uma mudança na cultura escolar, que insiste em medir desempenho por meio de elementos como pontualidade e quantidade. “A pon­

tualidade na entrega de um trabalho é fator importante, mas, via de regra, é supervalorizado pelas instituições, o que pode levar alguns alunos a lançarem mão de qualquer estratégia que lhes permita cumprir prazo. Outro fator é a questão do modelo de avaliação adotado. A ênfase nas notas, e não no resultado efetivo, aquele que se percebe durante o processo de ensino, também pode levar alunos a quererem burlar o sistema para obter uma pontuação de destaque”, explica Mauro Dunder, professor da Uniban. Para Sidney Ferreira Leite, supervisor Administrativo da Faculdade de Belas Artes de São Paulo, a tarefa de conscientizar sobre os males do plágio é complexa, pois trata-se de alunos que chegam ao ensino superior com princípios e valores consolidados. “O mais importante é mostrar que o ato é uma demonstração de princípios morais negativos e a desconsideração total com o docente, os colegas de classe e com a instituição de ensino”, salienta. Para a correta orientação dos docentes, a Belas Artes oferece um curso de extensão gratuito sobre metodologia científica, em que o tópico plágio ganha destaque especial, informa o supervisor.

Consciência na rede Após um estudo para identificar de que forma o plágio era abordado nas três melhores universidades de cada continente, a partir das informações disponibilizadas nos websites das próprias instituições, o professor Marcelo Krokoscz, da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap) e doutorando na USP, resolveu criar um local específico na rede para conscientização sobre o plágio. “Em geral, as instituições possuem páginas eletrônicas com várias informações sobre o plágio, contudo, isso não acontece nos websites das melhores universidades brasileiras”, explica. A partir daí ele desenvolveu o Plágio.net (www.plagio. net.br), voltado para estudantes, professores e instituições. Nele, há informações sobre o plágio, capacitação para evitá-lo, referências de estudos sobre o assunto, um blog com informações e um teste com 10 questões que, se respondidas acertadamente, resultam em um certificado antiplágio.

Ana Helena conta que ao ingressar no Insper os alunos assinam o código de ética da instituição e participam de uma série de atividades que tratam do tema plágio

Sidney Ferreira Leite entende que a tarefa de conscientização é complexa e defende a importância de demonstrar que o plágio é uma ação moralmente negativa

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Ensaio

por Ricardo Barbosa

Mídias sociais: ajudam ou atrapalham? Como utilizar métodos empreendedores a fim de agregar as novas mídias sociais ao ensino superior de modo que contribuam para o aprendizado studos e pesquisas apontam que o uso de redes sociais como Twitter, Facebook e Orkut causam efeitos colaterais preocupantes como, por exemplo, diminuir o desempenho acadêmico devido à dificuldade de concentração; isso foi identificado principalmente nos alunos do ensino superior. Foi o que o estudo feito pela Open University, da Holanda, publicado em setembro de 2010, na revista cientifica Computers in Human Behaviour apontou e que coloca à prova as teorias de que o cérebro dos jovens modernos estariam se adaptando a trabalhar com a multiplicidade de informação. Além de constatar que os jovens usuários das redes sociais precisam de mais tempo para aprender e podem cometer mais erros no processamento de dados. Especialistas e estudiosos brasileiros também já pesquisam o assunto e em sua maioria apresentam ideias parecidas. É o caso do pesquisador do Núcleo de Ciência Cognitiva da Universidade de São Paulo (USP) Walter Lima. Para ele, a capacidade dos chamados multitaskers (aqueles que realizam mais de uma atividade ao mesmo tempo) é um mito. “A execução de diversas tarefas ao mesmo tempo causa a dispersão da atenção, que é a porta de entrada da memória. Sem atenção, não há conhecimento”, ressalta Lima. A sociedade contemporânea enfrenta o fenômeno da dispersão e da superficialidade, é o que acredita José Manuel Moran, di-

E

retor do Centro de Educação a Distância da Universidade Anhanguera-Uniderp, de São Paulo. “Nos detemos pouco em um determinado assunto. Todo mundo sabe um pouco sobre tudo, mas ninguém se aprofunda”, critica. Moran identifica que a perda de foco é um problema mais amplo e pode afetar todos que entram no mundo digital. De acordo com ele, vai levar certo tempo até que possamos equilibrar essa multiplicidade de estímulos e manter a capacidade crítica. Por outro lado é um erro e imprudência afirmar que os problemas de aprendizado dos alunos pertencem somente ao uso das redes sociais. Muitas vezes, os jovens trazem essa dificuldade de casa e sofrem com as notas baixas independentemente do tempo que dedicam ao Facebook, por exemplo. Além disso, a falta de foco não é um desafio apenas acadêmico – é uma questão que inco-

“Adaptar o método de ensino à preferência do aluno garante sua atenção, cria uma relação de troca e dá à instituição um caráter cada vez mais empreendedor

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ensino superior

moda também crianças e adultos, inclusive no local de trabalho. “As novas mídias devem potencializar a informação. É lógico que as pessoas mais focadas saberão usá-las da melhor forma”, pensa Eduardo Pellanda, pesquisador da PUCRS, em Porto Alegre. Para adquirir base é preciso utilizar


Orkut. Diante de tantas funcionalidades, professores podem utilizar esses meios no relacionamento e orientação para com seus alunos, e o caminho inverso também é viável para os estudantes. • Rede de compartilhamento de documentos – hoje praticamente tudo está disponível na internet. Pensando no compartilhamento de dados, elaboraram ferramentas que disponibilizam conteúdo gratuitamente, e a partir de um login criado pelo próprio usuário, é permitido compartilhar dos documentos ali contidos. De fato, podemos identificar o problema da dispersão pelos jovens e a dificuldade de aprender, entretanto se o ensino se adaptar ao modo em que eles preferem aprender é possível driblar este problema e ainda criar uma relação de troca com seu público-alvo, oferecendo um método de ensino inovador e com diferencial imprescindível, trazendo para a instituição de ensino um caráter cada vez mais empreendedor. Ricardo Barbosa é consultor em Gestão e Projetos e atual diretor executivo da Innovia Training & Consulting

Gustavo morita

as teorias, estudos, pesquisas que são imprescindíveis para o aprendizado, porém de acordo com o perfil dos universitários atuais e futuros; é preciso utilizar cada vez mais formas práticas para agregar a teoria e tornar a aula algo mais interativo. É importante valer-se do uso de laboratórios e ferramentas práticas para elaboração das aulas e até mesmo o próprio conteúdo ser exposto e disponibilizado em blogs ou em grupos e comunidades de redes sociais. Isso já é feito por alguns professores, e poderia ter um incentivo maior vindo das próprias instituições de ensino. A utilização de blogs e intensa divulgação de palestras, fóruns e eventos relacionados ao universo do ensino superior nas redes sociais, e o compartilhamento de arquivos e documentos de estudo em redes e ferramentas on-line, são as novas formas que os universitários procuram. Para cada tipo de ferramenta on-line há uma função mais indicada, e pode ajudar professores e alunos de diferentes formas, como: • Blogs – atualmente também estão sendo usados por professores que desejam criar proximidade com os alunos, além da possibilidade de disponibilizar o conteúdo das aulas, trabalhos e provas aos alunos. • Redes sociais – a facilidade de divulgação atraiu os usuários dessas ferramentas, e por esse motivo os professores e os próprios alunos podem interagir intensamente, participando ou sugerindo a participação de eventos voltados à área; comentando; “curtindo” no caso do Facebook; retuitando, quando se trata do Twitter; e se tornando amigo no

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A divulgação de conteúdos relacionados ao universo do ensino superior nas redes sociais é a nova forma de estudo que os universitários procuram”

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Boas práticas Caso a caso fotos: GUSTAVO MORITA

Atendimento realizado pelo Centro Universitário São Camilo incentiva, com sucesso, a permanência de alunos por Juliana Duarte

o contrário do que a maioria das instituições de ensino espera, por diferentes motivos, manter o aluno até a entrega do diploma nem sempre é possível e os altos índices de desistência são sempre preocupantes. Para lutar contra a evasão, profissionais do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo, criaram um departamento especial que incentiva o estudante a completar o curso. O Setor de Permanência do Aluno foi criado em 2008 para orientar, preservar os matriculados e combater uma taxa que incomodava: na última década, o índice de evasão persistia e alcançava 9% ao ano. “Tínhamos de pensar em uma maneira para evitar essa situação”, conta o pró-reitor administrativo, Paulo Eduardo Marcondes de Salles. Ele explica que o trabalho é realizado sob o comando de um assistente social e ressalta a importância da presença desse profissional, que tem maior sensibilidade para lidar com as questões pessoais. Assim que o aluno manifesta a vontade de deixar os estudos junto à secretaria, logo

A

Raio X Setor de Permanência O que é: um departamento que incentiva a permanência do aluno até o término do curso Início da atividade: janeiro de 2009 Nº de atendimentos por mês: de 25 a 30 Profissionais envolvidos: três – um assistente social e dois estagiários

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Além de conseguir manter mais de 50% dos alunos na instituição, o departamento também permitiu melhorar a relação institucional com eles

é encaminhado para uma entrevista. O procedimento é personalizado e varia de acordo com os motivos apresentados. Segundo o pró-reitor, a primeira etapa é identificar as razões para, em seguida, propor alternativas que irão ajudar o aluno na decisão. No primeiro ano de funcionamento, 41% dos alunos atendidos desistiram da ideia de abandonar o curso no São Camilo. Foi possível também detectar as causas que levaram os estudantes a colocar em xeque a continuidade dos estudos. A maioria, 24%, se queixava de questões financeiras e o percentual restante estava dividido em problemas de horário, dificuldade em conciliar trabalho e estudos, insatisfação com o curso escolhido, viagens, doença na família, desemprego ou mudança de cidade. Em 2010, o índice de pessoas que reconsideraram subiu para 54% e, até abril de 2011, esse percentual já alcançava a marca de 67%. Além disso, para o São Camilo o projeto foi facilmente viabilizado e sem gerar custos para a implantação do departamento, já que todos os profissionais desenvolviam atividades na instituição.


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Indispensável assento As carteiras escolares atuais são pensadas para garantir conforto e postura adequada aos estudantes. Veja alguns dos diferentes tipos existentes por Zilda Rosa Alber Fort 1.124 Cadeira estofada vem com prancheta fixa em madeira, espaldar pequeno, assento e encosto em quadro de madeira. O estofamento é feito em espuma laminada e base fixa com tubo quadrado pintado em epóxi preto e é antiferruginoso. Seu revestimento pode ser em tecido 100% poliéster, em courvim ou em couro natural. www.alberfort.com.br

Vicenza - BeniMobile Possui estrutura interna em madeira laminada, espuma com gomos e com perfil de proteção nas bordas e os braços são revestidos em poliuretano. Conta ainda com porta-livros, estrutura fixa e sapatas deslizantes em náilon. A prancheta escamoteável permite dois movimentos diferentes. www.benimobile.com.br Obs.: Segundo os fornecedores, os preços variam conforme a quantidade do produto a ser utilizada.

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Dual Client - Cequipel Constituída por dois computadores Thin Clients, dois monitores LCD e teclado antivandalismo, este modelo traz mais conforto aos portadores de necessidades especiais por possibilitar facilmente a acomodação de cadeirantes ou de pessoas com dificuldade locomotora. Tem opção de uso de teclado especial para deficientes visuais e entrada para fones de ouvido. O programa utilizado permite que o professor coordene o conteúdo de acesso dos alunos na rede. www.cequipel.com.br

Alber Fort 1.000 Feita em madeira, esta cadeira universitária possui prancheta fixa revestida em fórmica, espaldar pequeno e porta-livros. Seu assento tem bordas arredondadas e encosto com curvatura lombar. A base é fixa, com tubo ¾ pintado em epóxi preto fosco e tratamento antiferruginoso. Ideal para salas de aula pequenas com um considerável número de alunos. www.alberfort.com.br

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fotos: divulgação

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Cultura Ilha de Saint-Michel na França, cenário escolhido para os diálogos do filme

Leitura Brasil e Portugal

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Esta obra apresenta as tendências mundiais assumidas pela educação superior e seus desdobramentos nas políticas educacionais e sua repercussão na prática docente. Baseadas nas mudanças ocorridas no cenário mundial, no redimensionamento das funções e do papel do Estado e na intensificação do processo de internacionalização.

Filme Um diálogo entre três pessoas com vidas diferentes (um poeta, um político e uma cientista) acerca do mundo e seu desenvolvimento científico está no filme Ponto de Mutação (Mindwalk, EUA – 1990). O roteiro é baseado na obra The Turning Point, do físico austríaco Fritjof Capra que tem seu trabalho voltado para a educação ecológica e aplicações filosóficas da ciência. Os personagens debatem sobre evolução do pensamento humano, o desenvolvimento sustentável, educação ambiental, a busca do equilíbrio. A trama também inclui uma reflexão sobre a importância de o desenvolvimento científico ser discutido em redes de ensino de maneira interdisciplinar, sendo trabalhada como uma grande teia ligada a diferentes disciplinas. O cenário para essas conversas é a ilha de Saint-Michel, no litoral francês. Direção: Bernt Capra.

O ensino superior no Brasil e em Portugal: Perspectivas políticas e pedagógicas – Antônio Cabral Neto (EDUFRN 188 págs. / R$ 30)

O inventor da administração Em 33 lições retiradas de palestras e aulas importantes, Peter F. Drucker, um dos expoentes da administração, fundamenta a matéria em lições da sociologia, cultura, política, economia, religião, psicologia e literatura de maneira clara e coerente. Este livro revela um grande pensador em ação, testando e explorando ideias. Drucker em 33 lições - As melhores aulas do homem que inventou a administração – Peter F. Drucker (Editora Saraiva 228 págs. / R$ 39)

Gestão universitária

Internet

Clássicos para todos A Universia Brasil, maior rede ibero-americana de cooperação universitária, por meio do canal Universia Livros está oferecendo versões digitais para download gratuito de mais de 200 obras de autores nacionais e internacionais. O projeto tem por objetivo popularizar a distribuição de grandes clássicos da literatura brasileira e mundial. Estão disponíveis obras de autores como José de Alencar, Álvares de Azevedo, Machado de Assis e, no decorrer do projeto, serão inseridos outros títulos, abrindo espaço também para novos autores e editoras universitárias que pretendam distribuir livremente seus conteúdos. Para saber mais sobre o projeto, acessar e baixar as obras acesse o site http://livros.universia.com.br

Por meio de reflexões, este livro mostra caminhos de desenvolvimento para os gestores de instituições de ensino superior dentro das várias áreas da administração universitária. Temas como administração de marketing no ensino superior, adoção de sistemas e tecnologias de informação para apoio ao ensino superior são abordados pelos autores a fim de assegurar qualidade à gestão universitária. Reflexões sobre a administração universitária e ensino superior – Amélia Silveira e Maria José Carvalho de Souza (Editora Juruá 192 págs. / R$ 46)

Software livre

Compartilhar para produzir mais “Pesquisadores deveriam se mover conforme o ‘princípio hacker de criação’, em que todos as descobertas são compartilhadas com a comunidade como forma de disseminar o saber e fomentar a pesquisa”. A ideia foi lançada pelo professor Nelson Pretto, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, durante o 12º Fórum Internacional Software Livre, ocorrido no início de julho em Porto Alegre. Pretto participou do debate sobre as implicações da Lei de Direito Autoral na área da educação. Ele defendeu mudanças urgentes na lei para que seja possível colocar em prática, de forma efetiva, o compartilhamento do conhecimento. O professor chamou atenção para a lógica produtivista que impera na academia, a partir da qual os interesses se voltam à publicação de artigos e trabalhos de pesquisa em revistas científicas, e para a ausência de integração entre sistemas de repositórios institucionais.

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Lente

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fotos Gustavo Morita


Desenho geométrico Tudo tem sua devida forma e lugar no campus Cidade Universitária da Universidade de Sorocaba (Uniso). A escada em caracol é o centro do hexágono onde se localiza o setor administrativo da instituição (no alto), enquanto o zigue-zague de rampas liga as construções que abrigam as salas de aula. Com um pouco mais de imaginação, o interior da biblioteca assume ares de nave espacial (acima). ensino superior

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Fim de papo

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Como num show de rock A nostalgia como um impulso para sair da inércia e construir um futuro melhor

P

ergunte a um admirador do

como a época dos melhores anos do rock...

rock’n’roll aonde gostaria de ir

da produção artística, cultural e até do so-

e ele responderá: ao show do

cial. Que o valor das coisas está no que se

Led Zeppelin, ou talvez dos Beatles. Não é

fazia na geração passada.

à toa que músicos que tocam covers dessas

Sabe-se bem que o tempo passado não

bandas lotam casas de espetáculos, como

volta mais e, ainda que conservemos na es-

em fevereiro último, na Via Funchal, em

tante da memória os antigos discos, livros

São Paulo. Milhares de fãs foram ao delí-

e ideias de nossos ídolos da música, da lite-

rio com o Letz Zep, grupo que reproduz no

ratura ou da política, não serão eles os res-

palco um pouco do que tocavam e canta-

ponsáveis por fazer o presente e construir

vam Jimmy Page e Robert Plant.

o futuro. Essa tarefa está nas mãos daque-

Já para a carência dos Beatles, que se

les que criam e produzem agora.

separaram, definitivamente, com a morte

Mas a importância do que passou não

de John e mais tarde de George, o público

pode ser minimizada. É combustível para

busca amparo nos acordes de Paul, e es-

a produção do conhecimento futuro. E é

gota dois Morumbis de ingressos de uma

ainda mais premente valer-se das infor-

só vez para ouvir e rever um pedaço do

mações transmitidas por nossos prede-

que foi a grande banda, que emplacou o

cessores quando se busca aperfeiçoar o

rock para todo o sempre, a partir dos anos

sistema atual. A partir de erros e acertos o

1960. E Ringo também, em breve, vem

rock se mantém aceso. Na educação, não

aí para saudar a nostalgia paz e amor do

poderá ser diferente.

quarteto de Liverpool. É de senso comum pensar o passado

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Luciene Leszczynski, editora


Seção simples (ímpar) Você de olho no seu futuro

www.ligadonafacul.com.br O Semesp convida você a participar do projeto que utiliza uma linguagem jovem, dinâmica e bem humorada para orientar os jovens na escolha da instituição de ensino superior Voltado principalmente para estudantes da faixa etária de 16 a 24 anos, considerada a mais adequada para o ingresso na vida universitária, o Projeto Ligado na Facul do Semesp mantém um portal na web que, além dos critérios para escolha da instituição de ensino, oferece vídeos de humor e entrevistas, podcasts, games, quiz, notícias sobre o mercado de trabalho, reportagens sobre novas profissões, financiamento estudantil, pós-graduação, mercado de trabalho e escolha da carreira profissional.

tiva inédita Participe desta inicia Publique um link para o portal do projeto na página principal do site da sua instituição de ensino. Solicite a logomarca do Ligado na Facul à Assessoria de Imprensa do Semesp, pelo telefone (11) 2069-4419 ou pelo e-mail imprensa@semesp.org.br.

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