Governador Valadares ou “Interventor” Valadares?
O novo bispo da Diocese de Governador Valadares, Dom Antônio Carlos Félix (foto), concedeu entrevista ao Figueira e se mostrou alinhado ao pensamento do Papa Francisco, ao afirmar que “um pastor precisa ter o cheiro das ovelhas”. Página 9
Ao se emancipar de Peçanha, o distrito de Figueira adotou o nome de Governador Valadares. Mas se este nome fosse fiel ao cargo ocupado pelo político Benedicto Valladares Ribeiro (foto), o nome da nova cidade deveria ser “Interventor Valadares”. Será? Página 11
Arquivo Público Mineiro
Diocese de Luz
Um pastor precisa ter o “cheiro das ovelhas”
O tempo no fim de semana será com sol entre nuvens e chuvas esparsas, segundo previsão do site Climatempo. Temperatura:
32o MÁXIMA
ANO 1 NÚMERO 1
20o
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MÍNIMA
FIM DE SEMANA DE 29 A 30 MARÇO DE 2014
FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS
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O meia Joelson, já recuperado de contusão muscular (esquerda), está à disposição do técnico Gilmar Estevam, e o artilheiro Rodrigão (direita) quer acertar a pontaria no jogo deste sábado à tarde contra o Uberlândia
Democrata vai pra cima do Uberlândia Depois da vitória sobre o Mamoré, na quarta-feira, Democrata conquistou a liderança isolada do Módulo II e quer manter a ponta neste sábado O sábado será de casa cheia no Mamudão. Democrata e Uberlândia se enfrentam a partir de 17h, pela quinta rodada do hexagonal final do Campeonato Mineiro do Módulo II, e a Pantera não pensa em outra coisa, a não ser disparar na liderança da competição e conquistar o tão sonhado acesso ao Módulo I. O técnico Gilmar Estevam já pode contar com o retorno do meia Joelson e do lateral direito Douglas. O clima entre jogadores, diretoria e torcedores é de confiança. Os ingressos já estão sendo vendidos. Página 12
Na lei ou na marra! A TV Assembleia exibe neste domingo (30), às 19h, documentário inédito, gravado em Governador Valadares, sobre a luta pela reforma agrária na cidade nos anos de 1960. O título do documentário é “Na lei ou na marra: 1964, um combate antes do golpe”. Página 11 Se você, leitor, leitora, tem uma história de vida e fotos daquele 1964, escreva o seu relato e nos envie: redacao.figueira@gmail.com
ESPECIAL
50 anos do Golpe Militar ´´O dia em que as milicias de fazendeiros de Governador ´´Valadares destruiram o jornal
O COMBATE
Em 30 de março de 1964, um dia antes do golpe militar que depôs o Presidente da República, João Goulart, um grupo de fazendeiros, temerosos em perder suas terras para a Reforma Agrária do governo federal, atacou a sede do Sindicato dos Trabalhadores da Lavoura, com artilharia pesada. No confronto com os trabalhadores rurais houve 1 morte e alguns feridos. No dia seguinte, aconteceu o Golpe Militar e, instalado o novo governo, os fazendeiros começaram a agir “em nome da revolução” em Governador Valadares, assassinando pessoas e destruindo “O Combate”, o maior e mais disputado jornal da cidade. No especial “50 anos do golpe militar”, o Figueira publica textos dos jornalistas Tim Filho, Nilmário Miranda e Rick Goodwin, relembrando fatos importantes acontecidos em Governador Valadares. Páginas de 5 a 8
Obras no canal da Av. Tancredo Neves serão concluídas em 4 meses Rua interditada por crateras, acesso difícil às moradias, risco de mais erosão que ameace as construções: tudo isso está com os dias contados. As obras de recuperação da via e do canal já se iniciaram e segundo o engenheiro responsável, Otto Oberosler, os trabalhos serão concluídos em 4 meses. Página 5
Concurso da UFJF leva 4.193 mil para fazer provas neste domingo Domingo movimentado em Governador Valadares com a realização do concurso da UFJF/Campus Governador Valadares, que teve 4.193 inscritos para cargos de nível médio e superior. Candidatos devem ficar atentos às exigências do Edital e evitar os problemas de última hora, como os atrasos. Página 4
OPINIÃO 2
Editorial
Tim Filho
Relação honesta com o leitor Em 31 de março de 1964, milícias armadas de fazendeiros, mobilizadas pela Associação Rural de Governador Valadares, cercaram e invadiram a sede do jornal O Combate, quebrando as máquinas e inutilizando os arquivos. Tal ato marcou o fim do contraditório e da pluralidade na imprensa em nossa cidade, restando apenas o jornal criado pela Associação Comercial, como fomentador do pensamento único. Enquanto o governo originado no Golpe de 1º de abril de 64 declarava que o movimento país afora havia ocorrido sem mortes e sem cerceamento à imprensa, em Valadares pessoas foram expulsas da cidade, civis foram assassinados à luz do dia, sindicatos de trabalhadores foram fechados violentamente, e o jornal O Combate foi aniquilado. Ao completar 50 anos do ocorrido, constituímos este jornal para mobilizar energias de superação do atraso intelectual e econômico ao qual a cidade foi subjugada pelas forças que se impuseram em 64. O jornal está a serviço da superação do medo e do profundo silêncio que ficaram como marcas daquela época, medo que está na origem do déficit de cidadania e inibe a participação democrática da população. Entendemos que no Estado de Direito o ambiente plural, o livre debate e a participação desassombrada dos cidadãos geram condições para uma economia vigorosa e tornam a cidade atrativa a investimentos. A escolha do nome Figueira remonta a Figueira do Rio Doce, o nome suave que este lugar teve até a sua emancipação política. Serve propositadamente para exorcizar o discurso ideológico, fabricado nesses 50 anos, que congelou a história da cidade, dividindo a sociedade local entre pioneiros e forasteiros, como se tal crivo fosse possível ou adequado a uma cidade de apenas 76 anos. Esse discurso tem como serventia sequestrar o direito de pertença de todos os que não são considerados pioneiros, mesmo que sejam de anônimas famílias que fizeram ou fazem esta cidade. Tal direito é reservado, nesse contorcionismo ideológico, aos autodenominados pioneiros e seus descendentes. Queremos evidenciar que nesta cidade todos podem ser pioneiros, quem já está aqui e quem vier a chegar. Há muito por fazer, temos uma cidade a construir, que venha a ser aberta, inclusiva e amigável. A cidade continua a demandar espírito pioneiro, de trabalho, iniciativa e dedicação.
“
Nosso desafio é fazer um jornal muito moderno com um nome antigo, sonoro e saudoso como Figueira, a indicar a necessária continuidade do pioneirismo.
Da mesma forma, independentemente de sermos de famílias da Figueira do Rio Doce ou que estão chegando agora, todos nós carregamos o espírito de forasteiro, sem raiz, que moveu e move milhares de pessoas para cá e os valadarenses em direção a todas as regiões do Brasil, aos Estados Unidos, a Portugal e mundo afora, sem estranhamentos, na busca de oportunidades que lhes foram negadas na cidade de origem. Este jornal propõe-se a aproximar e integrar essas comunidades valadarenses que trabalham e lutam dispersas pelo mundo. A Figueira, a árvore resistente que desenvolve-se mesmo em terrenos difíceis, é símbolo a nos alertar que em vez da tentação autoritária, do fascínio pelas soluções rápidas e de força, prevalecentes em 64, nosso compromisso deve ser com a construção persistente dos valores da democracia, com o aprendizado perseverante da cidadania. Nosso desafio é fazer um jornal muito moderno com um nome antigo, sonoro e saudoso como Figueira, a indicar a necessária continuidade do pioneirismo. Estamos convencidos de que a cidade precisa de mais e mais pessoas e empresas forasteiras, com iniciativas novas, a tomar o pioneirismo como atitude e não como classificação social. São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica. Todas as matérias na edição online são de acesso livre, abertas para comentários. Um Conselho Editorial, plural e de alta qualificação, dará os rumos do jornal, sintonizando-o com as demandas da população e da nossa época. O ombudsman fará a crítica permanente ao jornal, balizada por sua própria capacidade, sua experiência, e pelas críticas dos leitores. Fazemos chegar às suas mãos esta primeira edição impressa do jornal Figueira, disponível na Internet como o primeiro da cidade com noticiário em tempo real, em formato também para acesso no celular. Colocamos este novo jornal à sua disposição, pedimos que nos auxilie na sua divulgação e que o inclua no seu cotidiano, enviando sugestões de pauta, denúncias, inserção de peças publicitárias. Fazemos chegar a você esta edição do jornal Figueira, o primeiro da cidade com noticiário em tempo real, em formato também para acesso no celular. Colocamos este novo jornal à sua disposição, pedimos que nos auxilie na sua divulgação, que o inclua no seu Face e no seu cotidiano, enviando sugestões de pauta, denúncias, inserção de peças publicitárias Áurea Nardely, Jaider Batista e Tim Filho – jornalistas.
Expediente Jornal Figueira, editado por Editora Figueira Ltda. Av. Minas Gerais, 700/601 - Centro - CEP 35.010151 Governador Valadares - MG - Telefone (33) 3277.9491 - E-mail redacao.figueira@gmail.com Diretor Responsável Alpiniano Silva Filho Conselho Administrativo Alpiniano Silva Filho MG 09324 JP Áurea Nardely de M. Borges MG 02464 JP Jaider Batista da Silva MTb ES 482 Ombudsman José Carlos Aragão Diretor Jurídico Schinyder Exupéry Cardozo
FIGUEIRA - Fim de semana de 29 a 30 de março 2014
Conselho Editorial Áurea Nardely de Magalhães Borges Edvaldo Soares dos Santos Éveli Xavier Souza Jaider Batista da Silva Lúcia Fraga Marcelo Rocha Sander Neves Silvia Perim Sueli Siqueira Terezinha Bretas Vilarino Artigos assinados não refletem a opinião do jornal
O avião malaio sumiu. O avião que caiu no Rio Doce, também. Ninguém viu. Será?
Parlatório Isenção do ISS no transporte coletivo é justiça social Schinyder Exupéry Cardozo O atual modelo de repartição de competências entre os entes (União, Estados e Municípios) encontra-se esgotado, merecendo redimensionamento, pois a grande parte dos serviços fica a cargo dos que têm menos (ou quase nenhum) recursos: os Municípios. Entre os serviços de obrigação municipal está o transporte público coletivo urbano. Ser a favor da isenção de ISS - e adianto que sou sim a favor, não quer dizer “favorecer a empresa”. Seria simplório demais. Praticamente, não existe um município que não conceda subsídios ao transporte público coletivo, sejam em recursos diretos e mensais, sejam através de isenção do imposto municipal chamado ISS, ou por ambos os modos: recursos mais isenção. Não fossem os subsídios, os preços já considerados altos por parte de usuários estariam, no mínimo, 50% mais altos. Em Governador Valadares, o Município paga por ano cerca de 3 milhões de reais para que pessoas com deficiência usem o transporte público coletivo gratuitamente e para que estudantes tenham desconto no valor da passagem. Somem-se as diversas isenções criadas por vereadores, sem se importarem que essas acarretem maior despesa para o Município, o que afeta diretamente os demais usuários do sistema de transportes, pois as despesas são rateadas apenas entre os que pagam suas passagens no valor pleno, que é majorado para cobrir as isenções dos não pagantes ou dos que têm descontos. Ou seja, as passagens poderiam ser bem mais baratas para todos se não fossem os descontos e a gratuidade para alguns. Sem os subsídios a tarifa seria ainda maior, prejudicando somente os passageiros pagantes. Especificamente sobre a pretendida isenção do ISS à concessionária em Governador Valadares, seu
peso é de cerca de R$ 0,15 no preço final da tarifa, sendo necessária justamente para que não houvesse/haja um aumento maior do que o reajuste praticado. A tarifa ficou congelada por três anos, ocorrendo em janeiro deste ano a correção dos índices inflacionários desse período, que somaram 18%. Naqueles três anos de congelamento do preço da passagem, houve alta dos preços do combustível, dos pneus, das peças, houve reajuste dos salários dos funcionários, etc, em proporção maior que o índice da inflação. Junte-se a isso, ainda, o Bilhete Único implantado a partir de 2013, que favorece diretamente ao cidadão, mas causa impacto financeiro para a concessionária. É importante frisar que atualmente já existe isenção parcial concedida em governos anteriores em que a concessionária possui desconto de 33% no ISS. Agora, para que não haja maior aumento para o usuário, tal isenção irá zerar o referido imposto, o que representa, aproximadamente, 65 mil reais por mês: cerca de R$ 0,24 (vinte e quatro centavos) por mês para cada um dos 272 mil habitantes, ou seja, cada cidadão paga menos de 0,01 (um centavo) por dia para que a tarifa do ônibus não sofra aumento de aproximadamente R$ 0,15 que seriam pagos apenas pelos usuários dos ônibus. Isso é justiça social com responsabilidade. É dever do Poder Público praticar políticas que, por meio da gestão correta e justa dos recursos públicos, venham a favorecer o cidadão, como é o caso da pretendida isenção do ISS. Permite que o cidadão não pague uma tarifa maior e cria condições para que a concessionária continue investindo na qualidade da prestação de serviços. Isso é justiça social com responsabilidade. Schinyder Exupéry Cardozo, advogado, Procurador Geral do Município de Governador Valadares
Prefeitura e Empresa Valadarense: relação incômoda Paulinho Costa A relação entre a Empresa Valadarense de Transportes Coletivos e o Executivo Municipal incomoda não só a mim, mas a muitos residentes dessa terra. Prova disso são as constantes reivindicações para que o município tenha duas empresas de transporte coletivo e as manifestações de rua que ocorreram em 2013 e também em 2014, quando a Prefeitura anunciou o aumento no valor da tarifa, de R$ 2,20 para R$ 2,60. A presença do povo nas ruas cobrando preço justo e melhoria na qualidade do transporte é uma prova inconteste desta insatisfação. Não bastasse a exclusividade na execução do serviço, por cinco décadas pude observar uma série de benefícios concedidos à empresa. Desde o início do ano passado nos deparamos com mais três deles: renovação da concessão por mais vinte anos; aumento de 18% da tarifa numa tacada só; além de um Projeto de Lei Complementar enviado pela atual administração à Câmara Municipal, onde se sugere que a concessionária seja isenta do Imposto Sobre Serviços e da Taxa de Gerenciamento de Transporte de Passageiros. O benefício da isenção de pagamento do ISS e da taxa citada, vem como paliativo pela fixação de um valor da tarifa inferior ao pleiteado pela empresa – no caso, R$2,98. A proposta infeliz do Executivo – enviada à Câmara em um momento inoportuno – visa balancear o orçamento da Empresa Valadarense, a qual alega que a arrecadação não contempla sua atual planilha de gastos com manutenção de veículos, combustível, salário dos funcionários, novos carros e etc. Verificada e aprovada pelo Conselho Municipal de Transporte e Trânsito, a planilha está indisponível para consulta pública. Com isso, ainda não temos conhecimento dos reais
gastos da Empresa Valadarense e, consequentemente, da sua necessidade de ser isenta de impostos ou de reajustar tarifas. Alinhado com as reivindicações populares, que para mim são legítimas, entendo ser essencial essa clareza na divulgação dos custos do transporte coletivo e nas demais razões consistentes para justificar tal isenção fiscal. É importante salientar que esta empresa acatou o valor da tarifa fixado pelo Executivo Municipal em R$2,60, no início deste ano. Por isso, torna-se injustificável tal compensação com verba pública. Com a isenção total dos dois impostos, o município deixa de arrecadar cerca de dois milhões de reais por ano. Há, por exemplo, diversas empresas que vem contribuindo para o crescimento da cidade, gerando empregos em maior escala e prestando serviços tão essenciais quanto; porém, sem gozar de tal benefício. Neste aspecto o governo municipal é injusto, pois poderia beneficiar outras empresas, gerando empregos e impactando nossa economia de forma positiva. A Empresa Valadarense, que começou o ano arrecadando R$0,40 a mais em cada viagem dos seus usuários tem agora uma nova chance de aumentar as suas receitas. Isso, claro, ao longo de duas décadas de concessão exclusiva – prorrogável por igual período de tempo. Penso que esta relação entre a Prefeitura e a Empresa Valadarense é incômoda, ignora as reivindicações populares por um preço justo e compatível com a renda do trabalhador. Quando o povo vai às ruas e pede o transporte público gratuito ou tarifa menor que esta legitimada pela prefeitura, e desaprova a isenção fiscal, é sinal de que algo está errado. Me posiciono ao lado do povo e dos trabalhadores. Paulinho Costa, vereador (PDT)
“ CIDADANIA &POLÍTICA 3
Divulgação
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Política
Que bobagem! E o presidente da Câmara Municipal perdeu a oportunidade de um gesto simples de reconhecer o lugar do outro, ao ignorar a presença do subsecretário de Estado da Agricultura André Merlo, na cerimônia em que sua mãe, Creuza, foi homenageada com o Prêmio Berta Lutz. Virou moda a incivilidade e a hostilização entre autoridades que não comungam da mesma ideologia?
Sacudindo a
Figueira
Troca-troca O deputado Leonardo Quintão (PMDB) negocia seu apoio a Pimenta da Veiga (PSDB) para governador exigindo a ida de seu sogro, Renato Fraga para a Subsecretaria de Estado da Saúde. Dizem as más línguas que assim ele atinge dois objetivos: vinga-se da presidenta Dilma que o rejeitou para o ministério, e economiza um bom dinheiro com a campanha do sogro à Assembleia Legislativa, já que não acredita na possibilidade de sua eleição.
Mais Troca-troca Enquanto isso, o PDT exige a Secretaria de Estado da Agricultura imediatamente para o presidente da União Ruralista, André Merlo, como contrapartida para o apoio ao PSDB na eleição para o governo do Estado. O problema é que exige também que a representação do Governo do Estado em Valadares deixe de ser feita somente pelo deputado Mourão. Pois é...
Mais Troca-troca? O que terá acontecido para que o governador Anastasia trocasse seu líder de governo na Assembleia Legislativa? Luiz Humberto .... é bem mais sereno, isto é.
Ninguém propôs um... ...troca-troca? Ainda falando no PDT, foi tensa a reunião do partido em sua instância municipal. Queriam leiloar a candidatura do vereador Paulinho Costa à Assembleia Legislativa, num ato de subserviência ao deputado Mourão. Paulinho disse não.
A figueira precipita na flor o próprio fruto
PSDB.org.br
Renner Maria Rilke / Elegias de Duino
Ipslon Com o PSD de Minas apoiando a candidatura de Pimenta da Veiga (foto), como fica o deputado Hélio Gomes, que tem dois vereadores na base do governo Elisa Costa (PT)?
Casa de bonecas
Marlon Brando é Don Vito Corleone, no filme “The Godfather”, de Francis Ford Coppola, cujo título em português é “O poderoso chefão”
The Godfather
E o deputado Mourão continua a matar os filhotes no ninho, como sempre fez. Que o digam todos que estiveram com ele e tiveram a pretensão de voar mais alto.
The Godfather II
Saia justa entre os Rodrigues Coelho e o deputado Mourão. O deputado não aceitou indicar o Lucas Coelho para a Superintendência de Saúde em GV, como queria seu pai, Toninho.
E os buchichos dão conta de que, nas próximas eleições teremos em Valadares as candidaturas de Ken e Barbie. E estão à procura de bons estilistas e colunistas sociais para coordenarem a campanha. Hajam sais...
Óleo de peroba Foi só o ex-vereador e ex-candidato a vice e ex-futuro deputado isentar a União Ruralista de impostos que a turma “sem vinculações partidárias” na rede social enfiou a viola no saco e parou de discutir a isenção da Valadarense. O mundo fica cada vez mais cínico.
Leonardo Morais
Simancol Depois da vinda da presidenta Dilma a Valadares, com o anúncio da duplicação da BR 381 até aqui, o DNIT postou em seu site que “atendendo a recomendação da presidente Dilma, o DNIT está iniciando a elaboração de um anteprojeto de engenharia com mais benefícios para o trecho da região de Governador Valadares (lotes 1 e 2). O objetivo é licitar tal obra ainda este ano. Este projeto vai garantir a duplicação de mais aproximadamente 90 quilômetros (basicamente áreas rurais) localizados entre Governador Valadares e o entroncamento com a MG320”. Mas, o deputado estadual Mourão, PSDB, não leu o DNIT e publicou coluna no domingo 23 de março com torcida para tudo dar errado, concluindo: “De promessas estamos fartos”. Parte do pressuposto que só há por aqui gente desmemoriada, a não lembrar-se da Aracruz que geraria mais de 20 mil empregos. Ou do gasoduto do governo do Estado, que apesar de muitas promessas e documentos de compromisso público, parou na Cenibra, entregando o arremedo do gás transportado em caminhões. E nenhum emprego.
Em março de 1963 cinco irmãos iniciaram uma história vitoriosa em Valadares. A empresa Massas Periquito chegou a gerar 500 empregos industriais, algo raro na cidade. Em março de 2014, os herdeiros colocam os últimos pregos no caixão: de acordo com advogados trabalhistas o mês foi aberto com 150 demissões. Mais empregos industriais fechados do que o novo laticínio Piracanjuba vai gerar aqui. Saldo negativo.
Supermercados fechados, mais desemprego em 2014 O Sindicato de Comerciários tem de longa data a campanha para que os supermercados não funcionem depois do meio-dia de domingo, assim como aos feriados. Os supermercadistas sempre foram contra essa bandeira. Agora, conseguiram se juntar contra a população. Filas imensas e atendimento ruim nos finais de semana. Os números são claros: os supermercados contrataram 460 profissionais nos meses aquecidos de novembro e dezembro de 2012 e demitiram 250 no janeiro e fevereiro de 2013. Saldo de 210 empregos novos. Ao final de 2013, já se preparando para o corte de horários da nova convenção trabalhista, os patrões contrataram apenas 285 profissionais e demitiram 300 em janeiro e fevereiro de 2014. Saldo negativo de 15 empregos. O acordo do atraso coloca a cidade em má situação.
50 anos do Golpe Militar: Ditadura Nunca Mais! A Câmara de Vereadores de Governador Valadares promove na segunda-feira, 31 de março, às 19h, Sessão Especial denominada “50 anos do Golpe Militar: Ditadura Nunca Mais!” A sessão ocorre por proposição do vereador Gledston Araújo, aprovado por unanimidade. Assim, a Câmara começa a redimir-se da unanimidade de 64, quando os oito vereadores que formavam aquela Casa juntaram-se na defesa do Golpe. Na semana que se seguiu ao Golpe, a
Câmara fez sessão especial de homenagem aos coronéis Altino Machado e Pedro Ferreira. Nos meses seguintes, os vereadores fizeram várias diligências, todas documentadas nos arquivos da Câmara, exigindo do DOPS providências contra cidadãos valadarenses, mesmo sabendo que tais providências resultavam em exoneração quando servidores, cassação, banimento, exílio, prisão, tortura, morte. Eram vereadores naquela legislatura: Antonio Fernandes Guabiroba, Arnóbio Vieira Andrade, Amado Gripp, Ronald Amaral, Xisto Rodrigues Coelho, Geraldo Vieira Ribeiro, Jaime Pereira da Silva e Jean Mifarreg.
O Brasil não é vulnerável há algum tempo
TOME NOTA
Massas Periquito e o desemprego Industrial
Alheio ao tratamento dado na mídia brasileira à economia e à gestão do governo sob Dilma, o economista americano Paul Krugman, prêmio Nobel de 2008, esteve em São Paulo no último dia 17, e é dele a afirmação do título. Para ele, a economia brasileira desenvolveu estabilidade, não entrando em colapso como ocorria a cada vez que uma crise estourava nos Estados Unidos ou em outras partes do mundo. Sobre a avaliação feita pelos mercados, ele foi enfático: “os mercados se apaixonam por um país ou por um grupo de países e logo se desapaixonam”. Como dois terços das exportações brasileiras são de commodities e um terço apenas de manufaturados, o Brasil deve estar atento à China, o único país em que mudanças e crises podem trazer choques ao Brasil. Diferentemente do que se ouve aqui todos os dias, Paul Krugman é objetivo: “o Brasil não está à beira do abismo”.
Hospital Federal É certo que o reitor Henrique Duque, que esteve na cidade para abrir o semestre letivo da UFJF, fez chegar à prefeita Elisa Costa o pedido de doação do Hospital Municipal para a universidade. Se tal doação for aprovada pela Câmara, consta que o número de servidores passará dos mil atuais para 1.800, com salários bem superiores aos daqui. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares-EBSERH que faz a gestão dos hospitais universitários e, nesse caso, assumiria a condução do Hospital Municipal, tem entre os seus diretores em Brasília o dr. Cristiano Cabral, moço de Valadares.
METROPOLITANO 4
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UFJF realiza concurso neste domingo em GV Foram contabilizadas 4.193 inscrições para 91 cargos de nível médio e superior. Candidatos devem estar atentos às exigências do edital e serem pontuais O sonho de trabalhar em uma instituição, ter um bom emprego, com estabilidade e bom salário é o sonho de muitos brasileiros. Em Governador Valadares, 4.193 inscritos têm a possibilidade real de alcançar este objetivo no concurso para os cargos técnicosadministrativos em educação, promovido pela UFJF/Campus Governador Valadares. O concurso motiva não apenas os candidatos e candidatos, mas também a direção da universidade. O professor Henrique Duque, reitor da UFJF, também está motivado e disse que o ingresso dos novos técnicos garantem o consolidação do processo de implantação da UFJF na cidade. “A estrutura da UFJF vem se consolidando cada dia mais em Valadares. Quanto à infraestrutura estamos com as obras do campus adiantadas em dois meses, por exemplo. Mas o resultado principal e imediato está vindo através dos dois concursos que promoveremos neste semestre. O primeiro acontece neste domingo”. Segundo o reitor, com a efe-
tivação dos aprovados nos concursos, a comunidade acadêmica terá acesso a serviços médicos, odontológicos, psicológicos e de assistência social. “Tudo isso disponível no horário integral das aulas. Fora isso, o campus de Valadares passará a ter mais autonomia, pois várias atividades serão realizadas por técnicos administrativos alocados aqui na cidade”, afirmou. Para o professor Duque, o impacto da UFJF em Valadares “estava só no meu imaginário, quando topei o desafio em 2010, mas agora, com a efetivação de todos os técnicos-administrativos, serão injetados três milhões de reais por mês na economia da cidade”, disse, demonstrando otimismo. Quem se inscreveu e vai fazer as provas neste domingo deve ficar atento às exigências do edital do concurso, publicado no site da UFJF. Os problemas de última hora, comuns em eventos desta natureza devem ser evitados para evitar supresas desagradáveis, com o atraso na chegada ao local de prova.
Divulgação UFJF
O professor Henrique Duque, reitor da UFJF, durante visita recente às obras de construção do campus da universidade em Valadares
Candidatos estão focados nas provas Os concursos são vistos por grande parte da população como uma oportunidade de trabalho no setor público, estabilidade financeira e chance de crescimento. Graduada em Jornalismo, Shiueillizi Santos vai concorrer a uma das duas vagas de Jornalista na UFJF/Campus Governador Valadares. Os estudos começaram logo após ela ter feito sua inscrição. “Eu estou estudando desde quando me inscrevi, há cerca de um mês. O tempo para estudar foi bem curto, mas estou fazendo cursinho e estudando em casa. Não acredito que exista sorte para passar em concurso, é preciso estudar e se preparar”. Apesar de serem apenas duas vagas para a área de jornalismo, ela se sente confiante e prepara-
da. “Esta é uma grande oportunidade para quem quer ingressar no setor público”, disse. A jornalista sabe das exigências do concurso e sente mais confiante por elas existirem. “As exigências fazem parte do concurso. Eu acredito que quem tem foco, quem está realmente interessado em conseguir uma vaga através do concurso, se prepara em relação às exigências e sai de casa ciente do horário da prova, do local, do que pode ou não ser usado durante a prova, e sabe que as regras devem ser cumpridas”, disse. Luana Pereira, formada em Nutrição, vai concorrer a uma vaga de Assistente Administrativo. Assim como muitos candidatos dedicou grande parte do mês
de março para se preparar para a prova. “É uma oportunidade excelente de ter um bom cargo, um bom salário. Eu me preparei muito desta vez, pois já fiz outros dois concursos, mas não havia estudado, foi tudo na base do famoso chute e não deu muito certo.” Kaytslaine Mattos é jornalista e trabalha como produtora de telejornalismo. Ela também vai fazer a prova para concorrer o cargo de Assistente Administrativo. Para ela, o concurso é visto como uma nova oportunidade de crescimento. “Eu já fiz outros concursos, mas desta estudei bastante, e vejo isso como uma nova oportunidade de ter estabilidade trabalhando no setor público”.
Oh! Meu Rio Doce, Doce são os seios da morena flor Cor do seu Ipê Que vive sob as gameleiras, pés de jenipapo Junto de você Versos de Zé Geraldo, da música Rio Doce Foto de Leonardo Morais
A gente ama essa cidade
Cotidiano
Marcha da Família com Deus: intolerância versão 2014 Lucimar Lizandro Freitas Aconteceu no dia 22 de março em São Paulo, Rio de Janeiro e outras cidades brasileiras a marcha família com Deus. Tratase de uma reedição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade que, em 19 de março de 1964, reuniu duzentas mil pessoas em São Paulo, sob o argumento de contraposição à “ameaça comunista”. Conclamavam os militares a fazer a deposição do presidente João Goulart, recusando as reformas de base propostas por ele, entre elas, a reforma agrária. Podemos incluir a reedição da marcha no enorme esforço, que vem sendo feito, por parte da sociedade e da mídia em pintar um país à beira do caos. Segundo “esses profetas”, uma catástrofe nos aguarda na próxima esquina. Num dia, somos avisados que um apagão de proporções inimagináveis se abaterá sobre o país. Viveremos à luz de lamparina. No outro, somos informados que a inflação explodirá, corroendo todo o poder de compra dos salários. Em outra oportunidade, o desemprego, baixíssimo, subirá e todos iremos para olho da rua; a última assombração será a quebra da Petrobrás, que levará consigo para as profundezas do mar o dinamismo e a credibilidade da nossa economia. Não bastasse esse estoque de previsões assustadoras, há, também, uma tentativa de desagregação da nação por meio da inoculação do ódio e da intolerância em nossa sociedade. Prega-se abertamente a substituição do Estado pela ação de justiceiros. A solução dos conflitos deve ser feita diretamente pelos cidadãos. Algo mais arcaico e mais danoso que isso é impossível. Dentro dessa linha de envenenamento e revisão do nosso passado é que se encaixa a reedição da marcha. Enquanto alguns veem tal movimento com ceticismo e ar de galhofa, outros acreditam piamente no seu propósito e colocam-se como porta vozes de tal movimento. Passa-se a impressão de que estamos na iminência de uma invasão comunista. Definitivamente, o paraíso não desceu à terra e o Brasil tem ainda um longo caminho a percorrer até que possa se considerar uma nação justa, que acolha de maneira igualitária todos os seus filhos e filhas. Mas, muito longe do que pensam os profetas do caos, o Brasil é hoje um país num processo contínuo de desenvolvimento (o país não começou em 2003 ). Haveremos de legar aos nossos filhos e netos um país muito melhor do que aquele que recebemos de nossos pais e avós. O processo evolutivo implica um trabalho árduo de discussão e superação dos grandes problemas nacionais; ao contrário do que muitos pensam, precisamos aprofundar a participação política e não buscar a sua negação. É preciso entender que um país de mais de duzentos milhões de habitantes, com dimensões continentais como o Brasil, é um país plural sob o ponto de vista social, cultural e econômico. A diversidade é a nossa principal característica. Logo, coexistir pacificamente é um imperativo. A percepção de que somos diferentes deve ser o ponto de partida. Se não podemos amar o próximo, que ao menos o respeitemos, com seus valores, contradições e convicções. A intolerância e ódio foram o combustível para muitas sociedades, sendo também a causa de sua derrocada. Retornar ao passado ou seguir em frente, essa é a escolha a ser feita. Lucimar Lizandro Freitas, graduado em Administração de Empresas
BAIRRO A BAIRRO 5
FIGUEIRA - Fim de semana de 29 a 30 de março de 2014
Obras na Av. Tancredo Neves já começaram Situação da avenida é caótica e tem causado muitos problemas aos moradores desde o período de chuvas no fim de 2013. Eles pedem rapidez na conclusão Figueira 26/03/14
Da Redação O movimento tímido de homens e máquinas no canal não foi suficiente para animar os moradores, que enfrentam problemas de toda ordem depois que as chuvas de dezembro destruíram longos trechos da Avenidas Tancredo Neves, conhecidas como Avenida do Canal, na altura dos bairros Santa Efigênia, Santa Helena e Esperança. A obra de recuperação do canal das avenidas Tancredo Neves e Veneza foi iniciada na segunda-feira depois do carnaval. O engenheiro civil Otto Oberosler, da empresa Diretriz, responsável pela obra, explica que a primeira fase foi de cortar e retirar as placas que tombaram. Nesse tempo foram providenciados os rip-raps, quase 20 mil sacos de areia que serão colocados como barreira nos locais em que houve desmoronamento, para proteção dos taludes. Nesta semana, há homens e máquinas ao longo do canal, priorizando as áreas em que o tráfego de veículos tem de ser retomado. A previsão é de término em quatro meses. A demora para a solução do problema é criticada pelos moradores. Alexandre da Costa é morador e comerciante no bairro Santa Efigênia. A poucos metros de sua mercearia, uma imensa erosão se abriu a rua e derrubou a parede de concreto do canal. Costa afirma que os moradores da região reclamam do problema e temem a vinda de uma chuva forte, que certamente vai aumentar o problema. “Estamos lidando com essa situação desde o mês de dezembro, quando tivemos chuvas fortes, desde então, os buracos na bei-
As obras na Avenida Tancredo Neves começaram no trecho do bairro Santa Efigênia, para acelerar a liberação da via na margem esquerda do Córrego Figueirinha
ra do canal só têm aumentado. E estamos com medo de vir uma chuva forte. Se isso acontecer vamos ficar sem condições de transitar pela avenida”, disse. Revolta A dona de casa Rosimar da Costa, também moradora do bairro, se sente revoltada com a situação, e conta que sua vizinha precisou alugar uma garagem
para guardar o carro, já que grande parte da rua desmoronou córrego abaixo. “A situação aqui é essa, só buracos. Uma vez vieram alguns homens aqui, tiraram fotos e mediram as dimensões dos buracos e nunca mais voltaram. A minha vizinha precisou alugar uma garagem para guardar o carro dela, porque na frente de sua casa sobrou somente a calçada. E a rua sumiu, foi destruída pelas chuvas”, contou.
Os filhos de Rosimar já não podem mais brincar sozinhos na porta de casa. “Não posso deixar meus filhos brincar aqui fora, é perigoso, tenho medo que eles possam cair no canal ou se machucar nas pedras”. A moradora tem esperança de que o problema seja resolvido o mais rápido possível. O moto-taxista Daniel filho não é morador do bairro Santa Efigênia, mas sempre passa pelo local a trabalho. Ele diz que os ris-
cos de acidentes são grandes para os motoristas e também para os pedestres. “As pessoas correm o risco de cair dentro desse córrego e a gente que tem moto ou carro também corre perigo passando nessa rua que está parcialmente comprometida. Sempre passo por aqui depois das 18h e nesse horário é complicado porque a gente precisa esperar o pedestre atravessar ou um ciclista, porque o dois de uma vez não dá”.
O Brasil não sabe que o Golpe de 64 começou um dia antes em Governador Valadares Ricky Goodwin Valadares era quente. Ainda é um local de calor infernal, com o Ibituruna refletindo raios solares sobre o rio doce que corre em meio à cidade. Naquele tempo era quente em outros sentidos. Cidade recém-criada, com muitas ruas de terra, mais bicicletas que carros, e os carros disputando com os cavalos, na minha cabeça de menino não havia muita diferença entre a vida ali e os faroestes que via no Cine Ideal. Pessoas andavam armadas em público. Garoto, assisti a muitos tiroteios. Brigas de rua, bebedeiras, espancamentos. Uma manhã eu voltava da padaria e um sujeito, na minha frente, abriu a barriga de outro com peixeira. Sangue e intestinos pela calçada da Israel Pinheiro. Toda essa tensão existia também – e maior – no campo. Valadares tinha nome de governador mas era uma cidade de xerifes. Latifundiários que dominavam a região. Com suas milícias de jagunços. Mas descendo a Rio-Bahia ou ou navegando pelo Rio Doce vinham os migrantes, retirantes, ex-candangos, pra tentar a vida na cidade nova que surgia de promessas, mica, serrarias, dinheiro fácil-farto. E haviam os agricultores querendo preservar suas terrinhas que viravam pastos. Os últimos Krenaques mendigavam nas ruas chorando a morte das matas. A configuração oligárquica enfrentava – e violentamente – novos tempos. A efervescência de todo aquele Brasil em ebulição fervia na chapa quente ao redor do Ibituruna. O que resta de História e lembranças no país registra a saga das Ligas Camponesas organizadas por Francisco Julião no Nordeste como exemplo de conscientização e mobilização do povo na luta por terras e condições de vida. Quase nada se diz de organizações como o Sindicato de Camponeses no Vale do Rio Doce - incentivados inclusive por uma vinda do Julião em 1961 - que estavam mudando a vida dos trabalhadores rurais e dos imigrantes valadarenses. De um lado, pistoleiros expulsando lavradores de suas terras. De outro, tentativas de invasões de terras abandonadas. Em 1964 esta luta iria chegar a resultados concretos com o anúncio da desapropriação da fazenda improdutiva da empresa Anglo. Enquanto os latifundiários em pânico reforçavam os armamentos e contratavam mais jagunços. E a Igreja Católica com a Liga Democrática Feminina promovia passeatas diárias contra o demônio da subversão. E o jornal Combate dando voz aos sufocados. Pela reforma agrária. Eu tinha dez anos e não entendia a História assim. Para mim era como os filmes de cangaceiros que passavam no Pio XII. Nas
histórias e brincadeiras das crianças os personagens eram esses. O temido Capitão Pedro de chapéu, caçador de bandidos e comunistas. Meus heróis eram Lampião e Chicão. Francisco Raimundo, líder dos camponeses, era um sapateiro que virou pedra nas botas dos opressores. No folclore local tornou-se um possesso, comandando posseiros que invadiam tudo, saqueavam as casas, e ele tomava e dava aos pobres, robinhudi do Rio Doce. A molecada sussurava seu nome num misto de admiração e medo. As mães devotas chamavam: “Entra pra casa, menino, que o Chicão vai te pegar”. Tudo isso atingiu seu ápice num comício marcado para 31 de março. A tal Fazenda do Ministério seria entregue para um assentamento de lavradores. Ato simbólico: criada para ser uma fazenda-modelo, com o ensino da agricultura, funcionou na verdade fornecendo subsídios aos latifundiários. Um dia antes as milícias dos coronelões acabaram com a festa. Destruiram a sede do sindicato, atirando em quem resistisse. Entre um morto e inúmeros feridos, Chicão conseguiu fugir antes de ser linchado. Tentaram empastelar a redação do Combate. Ocuparam as ruas da cidade. Trancados em casa, nós meninos não brincamos na praça de faroeste ou cangaço por aqueles dias. Quando o Exército desceu de Minas para detonar o Golpe de 64 no Rio de Janeiro, Governador Valadares já tinha sido tomada por tropas conservadoras. Chicão, camponeses, reformas, sonhos, esperanças – e o próprio jornal Combate – tinham sido postos fora de combate. Capitão Pedro virou herói por ter moralizado a bandidagem na cidade que foi crescendo. Coronel Altino virou aeroporto. Valadarense virou sinônimo de quem deixa um lugar sem perspectivas buscando a vida no exterior. O Combate virou memória, como nas lembranças de uma criança que – já apaixonada pelo jornalismo – comprava o jornal escondido e se impressionava com as enormes manchetes em vermelho e com as lutas ali narradas.
Ricky Goodwin, que depois de viver todas essas coisas em Governador Valadares, só podia ser jornalista. E assim passou pelo Estado de Minas, O Globo, Jornal do Brasil, Última Hora, e diversas publicações da imprensa alternativa, inclusive o Pasquim, onde ficou por 14 anos. Ali virou humorista, editando a MAD e depois fazendo parte do Casseta & Planeta. Hoje organiza exposições: a atual, em Brasília, “comemorando” os 50 anos do Golpe, mostra como os desenhistas enfrentaram a ditadura.
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Chicao Francisco Raimundo, líder dos camponeses, era um sapateiro que virou pedra nas botas dos opressores. No folclore local tornouse um possesso, comandando posseiros que invadiam tudo, saqueavam as casas, e ele tomava e dava aos pobres, robinhudi do Rio Doce. A molecada sussurava seu nome num misto de admiração e medo. As mães devotas chamavam: “Entra pra casa, menino, que o Chicão vai te pegar”.
ESPECIAL 6
Trabalhadores rurais em frente ao Sindicato dos Trabalhadores da Lavoura, onde aconteceu o tiroteio do dia 30 de março de 1964. O líder camponês Chicão (destaque) está em frente à porta do sindicato
FIGUEIRA - Fim de semana de 29 a 30 de março 2014
Chico, de camisa branca, em 1995, durante visita ao Assentamento Oziel Alves Pereira do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, em Governador Valadares
O ex-governador do Rio Grande do wcom o jornalista Carlos Olavo da
O dia em que os fazendeiros destruiram
O COMBATE
~-”~~~ ´”~^ o presidente Joao Ha Goulart e tomou o poder à força, ´”~ 50 anos, um golpe militar depos ~-”~~~ mergulhando o Brasil em um regime de exceçao. A instabilidade politica nos dias ´”~ que antecederam o golpe criou um clima tenso em todo o pais, especialmente em Go´”~ vernador Valadares, onde fazendeiros enfrentaram os trabalhadores rurais a tiros, na sede do Sindicato dos Trabalhadores da Lavoura, no bairro Santa Terezinha. O ~-”~~~ ~-”~~~ Sindicato era presidido por Francisco Rodrigues da Paixao, o Chicao, apoiado pelo jornal O Combate, editado pelo jornalista Carlos Olavo da Cunha Pereira. O tiroteio aconteceu no dia 30 de março de 1964, véspera do golpe. Paschoal de Souza Lima morreu alvejado por um tiro, e o fotografo do jornal O Combate, Agnaldo Freitas, ficou fe´”~ ´”~^ rido com um tiro no abdome. No dia primeiro de abril, encorajados pelo novo regime, os fazendeiros destruiram O Combate, assassinaram Augusto Soares e seu pai, o far´”~ ~-”~~~ ´”~^ maceutico Octavio Soares, sob a alegaçao de serem pai e filho comunistas. A historia, ´”~ ´”~ ~-”~~~ que nao pode ser esquecida, merece ser contada e recontada, para que os mais jovens ´”~^ saibam valorizar a importancia de um estado democratico e de direito. ´”~
Tim Filho
A Carlos Olavo Carlos Olavo era comunista, e depois se filiou ao PTB de Getúlio Vargas. Nos anos de 1960, era considerado pela imprensa nacional como o mentor intelectual do sindicalista Francisco Rodrigues da Paixão, o Chicão, líder de uma massa de camponeses que lutava pela reforma agrária no Vale do Rio Doce.
região leste do estado de Minas Gerais, onde se localiza Governador Valadares, tem peculiaridades interessantes: foi a primeira região do estado a ser pisada pelo homem branco e a última a ser colonizada. A história registra que os primeiros homens brancos a pisar a região, integravam a bandeira de Sebastião Fernandes Tourinho, que desceu de Ilhéus, na Bahia, a mando da Coroa Portuguesa, com mais de 400 homens. Era o ano de 1572 e o Rei de Portugal determinou a Fernandes Tourinho que certificasse até onde davam as terras descobertas por Pedro Álvares Cabral. Um dos meios de orientação das bandeiras, naquela época, era o rio. Através dele podia-se descer e subir sem se perder. A bandeira passou por Governador Valadares, descendo pelo Rio Doce, entrou no Rio Santo Antônio, Suassuí Grande, Suassuí Pequeno, Rio Guanhães e foi até ao Pico do Itambé, na região de Serro. Apesar de ser a primeira região do estado a ser pisada pelo homem branco, foi, ironicamente, a última a ser colonizada. Os motivos que levaram a esta demora na colonização são vários. O Rio Doce era muito encachoeirado, impróprio para a navegação. A mata era muito densa, fechada, com árvores tão frondosas como as que ainda existem na floresta amazônica. A febre amarela atacava até os macacos e não é à toa que a região, próxima ao pântano que existia onde hoje é o Vale do Aço, era chamada de “pela-macaco”. Outro motivo para a povoação tardia da região: os índios botocudos, que habitavam as margens do Rio Doce, eram ferozes e repeliam o homem branco com selvageria e crueldade. Aos poucos, todas aquelas terras ao longo do rio, completamente “sem dono”, foram ocupadas pelo homem branco, cujos grupos vieram do norte e nordeste do Brasil. Quando terminou a 1ª Guerra Mundial, que destruiu grande parte da Europa, o governo brasileiro recebeu os imigrantes europeus de braços abertos. A maioria destes emigrantes eram italianos e alemães, que desceram pelo Rio Doce, e pararam pelas corredeiras e cachoeiras de Resplendor e Conselheiro Pena. A abertura da Estrada de Ferro Vitória a Minas e construção da rodovia BR 116, Rio-Bahia, começaram a valorizar a terra boa, e aquele povo simples, que se instalou por aqui – apenas fazendo a pergunta: “moço, esse rio tem dono?” – começa a ser dizimado, expulso, violentado, pilhado. Eram os crimes de tocaia, crimes covardes, crimes de mando, arquitetados por pessoas que não tinham coragem de matar, mas mandavam matar.
Aqui começa a história de um homem corajoso, mito do jornalismo de Governador Valadares, um dos protagonistas da história do município. Seu nome: Carlos Olavo Pereira da Cunha. Os parágrafos iniciais deste texto fazem parte de um discurso direto, proferido por ele, de forma precisa. “Eu sei isso tudo porque estudei a história dos municípios mineiros”, disse, orgulhoso. Figura importante da história de Governador Valadares, esse mineiro de Abaeté, foi o fundador de dois jornais valadarenses: O Saci e O Combate. Comunista, e depois filiado ao PTB de Getúlio Vargas, nos anos de 1960, era considerado pela imprensa nacional como o mentor intelectual do sindicalista Francisco Rodrigues da Paixão, o Chicão, líder de uma massa de camponeses que lutava pela reforma agrária no Vale do Rio Doce. Nasce O Saci Governador Valadares era uma cidade perigosa, matava-se, em média, seis pessoas por noite. Quase todos os crimes envolviam conflitos de terra. A violência na cidade motivou o jornal belorizontino “Hora do Povo” a enviar para Governador Valadares, o jornalista Carlos Olavo Pereira da Cunha, com a missão de cobrir todos os acontecimentos relativos a estes conflitos. As folhinhas dependuradas nas casas da futura metrópole do Vale do Rio Doce datavam o ano de 1954. Imbuído de ideias que evocavam as causas populares, Carlos Olavo fazia um jornalismo destemido. “Denunciávamos tudo, dávamos todos os nomes, publicávamos fotografias dos mandantes dos crimes pela posse de terra”, disse Carlos Olavo. Ele fazia as reportagens aqui e as enviava para a Hora do Povo, em Belo Horizonte, no entanto, depois de impresso, o jornal vendia mais exemplares em Governador Valadares que na capital, por causa das reportagens corajosas que denunciavam os crimes da região. Em 1958, o “Hora do Povo” fechou as portas. Carlos Olavo ficou desempregado, andando pra lá e pra cá. Pensou, pensou e teve uma ideia: Governador Valadares vai completar 20 anos de emancipação política. Porque não fazer umas flâmulas comemorativas ao vigésimo aniversário? Iluminado pela ideia, Carlos Olavo foi a Belo Horizonte, pegou a representação de uma empresa especializada em brindes, contratou um desenhista que, com rara habilidade, fez
ESPECIAL 7
o Sul e do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, Cunha Pereira, do Combate, em 1979
O presidente da Superintendência da Reforma Agrária (Supra), João Pinheiro Neto, jantando ao lado de Chicão, em 1964. A foto é da Revista O Cruzeiro
diversos desenhos alusivos aos 20 anos da “Princesa do Vale”. Os desenhos foram estampados nas flâmulas, que se esgotaram na cidade em pouco tempo. Com o dinheiro no bolso, Carlos Olavo ficou satisfeito, mas nem tanto, afinal, ele era um jornalista, e fazer flâmulas, uma vez por ano, não alimentava o seu espírito jovial, destemido, voltado para a defesa dos interesses populares por meio do jornalismo. Mais uma brilhante ideia ilumina sua mente. Carlos Olavo convidou o amigo Jarbas de Oliveira, decano da imprensa mineira, para montar um jornal “simpático”, que falasse de tudo, mas sem comprar briga com ninguém. Nascia “O Saci”, semanário que teve o logotipo desenhado pelo cartunista Ziraldo. “Era um logotipo muito interessante, o Ziraldo desenhou um saci escrevendo à máquina, dentro da letra O”, contou Carlos Olavo, disparando uma gostosa gargalhada. O Combate Acontece que “O Saci” fugiu dos seus propósitos editoriais. Carlos Olavo não tinha o interesse de ficar massageando o ego de ninguém. O jornal começou a defender posseiros e motivou o deputado Ladislau Sales a defini-lo como “jornal brejeiro que trata de assunto sério”. Sendo assim, o nome não se coadunava com a linha editorial do jornal. E o nome ideal, qual seria? Esta era uma pergunta que merecia a resposta vinda da voz rouca das ruas. Carlos Olavo lançou um concurso para a escolha do novo nome para “O saci” e a cidade ficou em polvorosa. Venceu o nome “O Combate”. A logo de Ziraldo foi mantida, aquele “O” com o Saci dentro, com as letras que formavam a palavra Combate, desenhadas à mão, com serifas pontiagudas. “Olha só que maravilha, as letras pontiagudas, parecem armas em combate, olha só”, disse Carlos Olavo, mostrando as letras de O Combate. Escolhido o logotipo, feita a arte-final, o jornalista Mauro Santayana, apontou o dedo e deu a sua opinião. “Bota aí, a inscrição: não conhecemos assuntos proibidos”. E O Combate adotou o slogan na logomarca e o incorporou à sua linha editorial. Carlos Olavo conta que O Combate não conhecia assuntos proibidos porque era “desabusado, valente e profundamente enraizado em Governador Valadares”. “Tínhamos uma tiragem de 9 mil exemplares, quando a população de Valadares era de 70 mil habitantes aproximadamente. Não existe, no Brasil, um jornal que tenha o que nós tínhamos, uma tiragem superior a 10% da população de sua área de abrangência”, disse. A primeira redação do O Combate foi montada em uma sala do prédio do antigo Cine Palácio, onde atualmente se localiza o Hotel Serra Lima, na Avenida Minas Gerais, próximo à Praça Serra Lima. O comerciante Valter Sotero alugou uma sala para o jornal, numa negociação “de pai pra filho” com Carlos Olavo. No entanto, em pouco tempo, a sala ficou pequena, e O Combate foi para um galpão da Rua Peçanha, quase esquina com Rua Bárbara Heliodora. A redação foi montada em cima de um tablado, forrado com tapete e alguns objetos de decoração que davam ao ambiente um ar de nobreza. “Da redação víamos a oficina trabalhando. O jornal era todo composto no dedo. Os nossos homens manuseavam os tipos com uma rapidez superior a uma máquina de linotipo. Era impressionante”, recorda. O deadline de O Combate era na sexta-feira. No sábado, as máquinas trabalhavam sem parar na impressão bicolor. A manchete, o título, alguns fios e os títulos da primeira e última página eram vermelhos. No domingo, o jornal era vendido por uma legião de garotos, e disputado à tapas pelos leitores, ávidos por mais uma denúncia ou notícia relacionada aos crimes de mando, estampadas nas páginas sangrentas. Todo fim de semana, Carlos Olavo arrumava uma confusão com a elite valadarense. O Combate descia o cacete, sem dó nem piedade. Publicava fotos, dava os nomes de quem quer que fosse. Pisou no tomate, virou notícia. “Quando aconteciam crimes de grilagem, de tocaia, por causa dos conflitos de posse de terra, nós dávamos os nomes e publicávamos as fotos. Me ameaçavam, falavam que iam me matar. Matava nada...”, disse Carlos Olavo, rindo e debochando dos fazendeiros que o ameaçaram nos anos de 1960. Apesar de os 9 mil exemplares de O Combate se esgotarem rapidamente, e de ter grande prestígio na cidade, havia, no entanto, aqueles que não faziam serenatas debaixo da janela de Carlos Olavo. Ele conta que o Diário do Rio Doce nasceu com o propósito de combater o seu jornal. “Demos umas alfinetadas na CTGV (a Companhia Telefônica de Governador Valadares) e no grupo que a comandava. O grupo se reuniu e fundou o Diário do Rio Doce. Levaram pra lá o meu grande amigo Mauro Santayana, que ficou lá uns tempos, até descobrir que a coisa lá era preta. Aí, ele rumou para O Combate e entrou na redação com lenço branco na mão pedindo trégua”, relembra. Na imprensa não havia adversários para O Combate. O Diário do Rio Doce, a Tribuna Fiel e as rádios Educadora e Mundo Melhor
FIGUEIRA - Fim de semana de 29 a 30 de março de 2014
Trecho de um telegrama endereçado ao Coronel Altino Machado pelo Deputado Padre Vidigal, em 1964. O deputado defendia o sagrado direito da propriedade para os fazendeiros, ameaçados pela reforma agrária
ficavam de chinelo de dedo perto do semanário. Isso durou até o início da “Redentora” – Carlos Olavo se refere ao golpe militar de 1964, da mesma forma que o escritor Sérgio Porto, o “Stanislaw Ponte Preta” fazia, para debochar da ditadura, denominando a “Revolução” como “Redentora” – quando as milícias fazendeiras, com a aquiescência do Coronel Pedro Ferreira, “empastelaram” O Combate. O tiroteio O dia 30 de março de 1964 em Governador Valadares amanheceu numa agitação só. A cidade poderia receber a visita do presidente da Supra – a Superintendência da Reforma Agrária -, João Pinheiro Neto, e do secretário de governo do governador Magalhães Pinto, José Aparecido. Poderia, mas não recebeu. O telefone da redação de O Combate tocou às 10h30 da manhã e um dos muitos informantes de Carlos Olavo, comunicou que em virtude da situação política do país haver se agravado, a comitiva não viria mais à cidade para oficializar a entrega da Fazenda do Ministério da Agricultura aos companheiros do sindicalista Francisco Rodrigues da Paixão, o Chicão. As milícias fazendeiras, totalmente contrárias a doação, já estavam em pé de guerra. O Ministério da Agricultura já havia dividido as glebas de terra para fazer a doação, mas o dia seguinte marcaria o início do longo período da ditadura militar no Brasil. Da Fazenda do Ministério, insatisfeitos, os companheiros de Chicão foram todos para o Sindicato dos Trabalhadores da Lavoura de Governador Valadares, na Praça João XXIII, bairro Santa Terezinha. Começava a Revolução de 1964 em Valadares, aliás, Carlos Olavo diz que, em Valadares, a “Redentora” deve ser chamada de “Revolução”, afinal, somente por aqui houve tiros e morte, “ao passo que no resto do país só houve corre-corre”, disse. As milícias fazendeiras cercaram a sede do Sindicato e começaram a atacar. “Foi uma coisa terrível. Atiraram bombas, deram mais de 400 tiros, era uma guerra. Foi lá que morreu o Paschoal de Souza Lima, genro do Coronel Pedro Ferreira”, lembra Carlos Olavo. Outra vítima do tiroteio foi o repórter Agnaldo Freitas, de O Combate, ferido com um tiro no abdome. Depois do tiroteio no sindicato, Carlos Olavo recebeu um aviso de um repórter que estava na redação de O Combate: “estão vindos para nos atacar”. Carlos Olavo disse que juntou seus homens, se armaram e ficaram à espera da milícia, que chegou pela Avenida Minas Gerais, descendo pelas ruas Bárbara Heliodora, Israel Pinheiro e Afonso Pena. Os milicianos tinham um objetivo: destruir O Combate, calar Carlos Olavo e seu grupo.
Deadline O deadline de O Combate era na sexta-feira. No sábado, as máquinas trabalhavam sem parar na impressão bicolor. A manchete, o título, alguns fios e os títulos da primeira e última página eram vermelhos. No domingo, o jornal era vendido por uma legião de garotos, e disputado à tapas pelos leitores, ávidos por mais uma denúncia ou notícia relacionada aos crimes de mando, estampadas nas páginas sangrentas.
Revoluçao? Da Fazenda do Ministério, insatisfeitos, os companheiros de Chicão foram todos para o Sindicato dos Trabalhadores da Lavoura de Governador Valadares, na Praça João XXIII, bairro Santa Terezinha. Começava a Revolução de 1964 em Valadares, aliás, Carlos Olavo diz que, em Valadares, a “Redentora” deve ser chamada de “Revolução”, afinal, somente por aqui houve tiros e morte, “ao passo que no resto do país só houve corre-corre”.
Tiroteio e morte As milícias fazendeiras cercaram a sede do Sindicato e começaram a atacar. “Foi uma coisa terrível. Atiraram bombas, deram mais de 400 tiros, era uma guerra. Foi lá que morreu o Pascoal de Souza Lima, genro do Coronel Pedro Ferreira”, lembra Carlos Olavo. Outra vítima do tiroteio foi o repórter Agnaldo Freitas (foto ao lado), de O Combate, ferido com um tiro no abdome.
ESPECIAL 8
Reprodução da primeira página de O Combate, um exemplar raro, do arquivo de Carlos Olavo
O combate destruido “Aí o Coronel Pedro Ferreira, que guardava o jornal, deu o golpe. Mandou as sentinelas saírem da porta d’O Combate. As milícias fazendeiras entraram e quebraram tudo. Tínhamos máquina de escrever guardada na caixa, laboratório fotográfico novinho, tudo montadinho. Foi tudo destruído. Eu tinha todas as edições de O Combate encadernadas em capa dura. Rasgaram tudo. Enfiaram pé-de-cabra na nossa impressora Marinoni, arrebentaram tudo.”
FIGUEIRA - Fim de semana de 29 a 30 de março 2014
O lendário jornal Última Hora, de Samuel Wainer, noticiando o “Banho de Sangue em Valadares”, em abril de 1964
Quando os milicianos chegaram próximo à sede de O Combate, os homens de Carlos Olavo, que estavam na porta, mandaram bala. “Espirrou gente pra tudo quando foi lado”, lembra Carlos Olavo, sempre dando gargalhada. O Coronel Mário Simões, comandante do Sexto Batalhão PM, ligou para O Combate e perguntou: o que é que está havendo aí, Carlos Olavo? “Repelimos um ataque, coronel. Agora, vamos deixar eles chegarem bem mais perto. Vai ser muito pior”, respondeu Carlos Olavo. O Coronel ordenou que Carlos Olavo ficasse quieto, que contivesse o seu pessoal. Imediatamente chegou à Rua Peçanha, um jipe trazendo o Coronel Mário Simões. Atrás do jipe, um caminhão cheio de soldados. “Entregue-me a chave do jornal, Carlos Olavo, nada acontecerá a vocês”, disse o Coronel. Carlos Olavo disse que o Coronel Mário Simões era um homem de conduta moral ilibada, sincero e muito correto. Por este motivo, Carlos Olavo entregou a ele as chaves de O Combate e desceu pela Rua Peçanha, a pé, com seu grupo, rumo à Rua Prudente de Morais, onde morava. Em casa, Carlos Olavo foi comunicado que o governador Magalhães Pinto havia telegrafado dando todas as condições para que ele fosse embora para Belo Horizonte, levando com ele o sindicalista Chicão. Um jipe e uma rural levariam Carlos Olavo, Chicão e escolta policial para Belo Horizonte. A porta do sindicato estava totalmente destroçada. Também não era pra menos. As milícias haviam dado mais de 400 tiros, jogando bombas, enfim uma verdadeira batalha havia acontecido. Carlos Olavo contou que o Major Paulo Reis, acompanhado pelo Coronel Mário Simões, foi até à porta do Sindicato negociar a rendição de Chicão, que permaneceu encurralado dentro da casa que servia de sede do seu sindicato. “O Major gritou: ô, Chicão, pode se entregar. O Carlos Olavo falou pra você se entregar”. Chicão saiu com a mulher e os quatro filhos, foi preso e enviado para Belo Horizonte, juntamente com Carlos Olavo, escoltados por policiais fortemente armados, que seguiram viagem em um jipe e uma rural. Era o dia 31 de março de 1964. À medida que o jipe e a rural vão deixando Governador Valadares, e a Ibituruna vai desaparecendo na estrada, vão ficando para trás todos os ideais de luta de O Combate, que a partir de agora esta guardado pela PM, sob ordens do Coronel Mário Simões. 1º de abril de 1964. Carlos Olavo está em Belo Horizonte. O golpe militar que depôs o presidente João Goulart se instala. Parece incrível, no dia mundial da mentira, parece mentira, mas o Brasil começa a viver um período difícil, onde todas as vozes contrárias às arbitrariedades da ditadura serão caladas. Parece mentira, mas até O Combate está mudo. Na Rua Peçanha, sua redação e oficina são guardadas por sentinelas. Portas fechadas, parece que consegui-
ram calar o jornal desabusado, corajoso, valente, que desconhecia assuntos proibidos. “Aí o Coronel Pedro Ferreira, que guardava o jornal, deu o golpe. Mandou as sentinelas saírem da porta d’O Combate. As milícias fazendeiras entraram e quebraram tudo. Tínhamos máquina de escrever guardada na caixa, laboratório fotográfico novinho, tudo montadinho. Foi tudo destruído. Eu tinha todas as edições de O Combate encadernadas em capa dura. Rasgaram tudo. Enfiaram pé-de-cabra na nossa impressora Marinoni, arrebentaram tudo”, contou Carlos Olavo. Era o fim de um jornal que marcou época na imprensa de Governador Valadares. O exílio Quando O Combate foi “empastelado”, Carlos Olavo estava em Belo Horizonte, a primeira etapa de uma série de fugas dos militares que tomaram o poder. Em Governador Valadares, alguns relatos de pessoas que viveram aqueles dias de março e abril de 1964, dão conta de que Carlos Olavo fugiu da cidade, vestido de mulher e com peruca loira. Ele contesta, com uma gargalhada. “Não fugi coisa nenhuma, nem fugi vestido de mulher. Eu fui levado para Belo Horizonte por ordem do Governador Magalhães, que enviou um telegrama ao comando do 6º Batalhão PM, pedindo que eu e Chicão fóssemos escoltados até a capital. Fomos com um salvo conduto, e do meu lado estava o Cabo Calixto, que era meu amigo”, conta. Depois de ficar alguns dias em Belo Horizonte, Carlos Olavo foi para Brasília, onde se encontrou com o deputado petebista Santiago Dantas, que providenciou sua ida para o Maranhão, terra do deputado Pedro Braga. No Maranhão ele usou nome falso: João Gonçalves da Silva. Mas foi descoberto e preso por 30 dias, fugiu da prisão e seguiu para o Rio de Janeiro, quando conseguiu abrigo na Embaixada do Paraguai. Seguiu para o Paraguai e ficou lá por 30 dias, seguindo depois para o Uruguai, onde conviveu diariamente, durante 11 anos, com o ex-governador gaúcho, Leonel Brizola e o professor Edmundo Muniz. “Eu pegava diariamente o Jornal do Brasil para o Brizola e a gente lia junto. Eu, ele e professor Edmundo Muniz varávamos madrugadas conversando. Eram tertúlias literárias madrugada adentro”, disse. A proximidade com Brizola no exílio aumentou a sua admiração pelo ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro. “O exílio é como um vomitório, a gente bota pra fora o que é”, disse, lembrando que Brizola era íntegro e o brasileiro mais bem preparado para ser o Presidente da República. “Combatemos o bom combate, guardamos a fé. No futuro.” (Citação da poeta valadarense Maria Paulina Freitas)
Uma farsa consumada pela Justiça Militar Nilmário Miranda
Fogo As mortes incompreensíveis do velho e querido farmacêutico, e do seu filho sem militância política, correram a cidade com a rapidez de fogo no mato seco. Ante a péssima repercussão, os milicianos foram desconvocados e outras vidas foram poupadas.
Farsa A Justiça Militar consumou a farsa. O Conselho Extraordinário de Justiça da 4ª Região (um juiz-auditor e quatro oficiais do Exército, transformados em julgadores) absolveu os três que mataram e determinou a investigação de atividades subversivas.
Já às 8 horas da manhã o delegado Tenente-Coronel Paulo Reis “em virtude do Estado de Guerra declarado pelo Excelentíssimo General Olímpio Mourão Filho, comandante da 4ª Região Militar”, convocou ruralistas para “prestar serviços de natureza policial, localizando e interceptando elementos comunistas e conduzi-los à Delegacia”. Desse modo, convocou Maurílio Avelino de Oliveira, Lindolfo Rodrigues Coelho e Wander Campos. O líder do grupo, Maurílio, tinha antecedentes de homicídio e tentativa de homicídio em Vassouras (RJ) e lesão corporal em Guarani (MG). Lindolfo fora julgado por homicídio em Guanhães, e Wander respondia por homicídio em Campos. A “primeira diligência revolucionária” era na residência de Wilson Soares da Cunha, na Rua Oswaldo Cruz, 203, na Esplanada, área central de Governador Valadares. Wilson era ativista. Apoiava o trabalho de Chicão, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Lavoura, pela reforma agrária, e participava do jornal O Combate, de Carlos Olavo da Cunha Pereira. Dois dias antes houve um cerco à casa de Chicão, com tiroteio e a morte do genro do Capitão Pedro Ferreira, Pascoal de Souza Lima, em condições não claras. O velho e digno Otávio Soares da Cunha, primeiro farmacêutico da Figueira do Rio Doce (distrito de Peçanha, MG, que deu origem a Governador Valadares), já com 70 anos, junto com o filho Augusto, recomendou a Wilson que se afastasse por um tempo. Estavam exatamente preparando para sair no jipe Land Rover, dirigido por Augusto, quando os milicianos chegaram. Maurílio era conhecido da família e dissimulou, sem despertar suspeita. Enquanto distraiu a família, Maurílio fez sinal a Wander Campos que retirou o molho de chaves do jipe. Formou-se um entrevero e Wander e Lindolfo atiraram nos ocupantes. Augusto teve morte imediata. Alvejado, “Seu Otávio” ainda conseguiu sair do jipe e tentou entrar na casa do filho Wilson – foi perseguido e fuzilado com um tiro no rosto. Wilson, gravemente ferido, dado como morto, sobreviveu. Dona Zalfa, esposa de Wilson, e a empregada Eunice, a tudo viram. Suplicou pela vida do marido (Otávio morreu três dias depois).
Dali, o trio triunfante dirigiu-se ao hospital em busca de outro filho dos Soares, Dr. Milton Soares, que foi protegido pelos médicos e enfermeiros, e conseguiu se pôr a salvo dos pseudo justiceiros. As mortes incompreensíveis do velho e querido farmacêutico, e do seu filho sem militância política, correram a cidade com a rapidez de fogo no mato seco. Ante a péssima repercussão, os milicianos foram desconvocados e outras vidas foram poupadas. Dona Guiomar exigiu abertura de inquérito e foi até o governador de Minas, Magalhães Pinto, para chamar por justiça. No entanto, os chefes político-militares, Coronel Altino Machado, Capitão Pedro Ferreira e ainda o Major Henrique Ferreira, apoiados pela União Ruralista, conseguiu do Coronel do Exército, Gonçalves do Vale, a requisição do processo para a Justiça Militar – ditadura é ditadura. O próprio STF, por 4 votos a 3, contra os votos de Hermes Lima, Evandro Lins e Silva, Luiz Galotti (ainda havia juízes!) manteve o processo na esfera militar, entendendo que os três criminosos prestavam serviços de natureza policial. O inquérito Policial Militar preocupou-se mais na estigmatização das vítimas que com os matadores. A Justiça Militar consumou a farsa. O Conselho Extraordinário de Justiça da 4ª Região (um juiz-auditor e quatro oficiais do Exército, transformados em julgadores) absolveu os três que mataram e determinou a investigação de atividades subversivas. Por incrível que pareça, coube ao ministro Waldemar Torres da Costa restabelecer a sensatez: “se o agente se ofereceu à autoridade policial para prender alguém e vem ferí-las pelas costas, quando fugia à violência, não está protegido pelo artigo 29-111 daquele Código para merecer a isenção da pena. Comete homicídio qualificado quem dissimuladamente se aproxima da vítima com quem mantém relações de amizade e o agride pelas costas, sem que a mesma pudesse esboçar qualquer reação, inclusive por se encontrar desarmada na ocasião”. Por unanimidade o STM condenou os três a 17 anos e meio de prisão. Mas ditadura é ditadura: Castelo Branco indultou os criminosos. Nilmário Miranda é Deputado Federal (PT) e jornalista profissional
GERAL 9
FIGUEIRA - Fim de semana de 29 a 30 de março de 2014
Entrevista Dom Antônio Carlos Félix
O pastor precisa ter “o cheiro das ovelhas” Diocese de Luz
Nomeado pelo Papa Francisco como o novo bispo da Diocese de Governador Valadares, Dom Antônio Carlos Félix, atual bispo de Luz, MG, vai tomar posse em maio. Ele nasceu em 5 de dezembro de 1957, em Caldas. Frequentou o curso de Filosofia no Seminário maior, em Pouso Alegre, e Teologia no Instituto Teológico “Sagrado Coração de Jesus”, em Taubaté (SP). Dom Félix falou ao Figueira sobre os seus desafios futuros à frente da Diocese de Governador Valadares e alinhou seu pensamento ao do Papa Francisco, declarando opção pelos pobres e sofredores.
cional, onde reconstroem a vida. Devemos esperar do senhor, como novo bispo, posições mais sintonizadas com a parcela mais vulnerável da população? Dom Félix: O pastor precisa ter “o cheiro das ovelhas” – afirmou o Papa Francisco. Para que isso aconteça, o pastor precisa ir até as periferias geográficas e existenciais da sociedade, a fim de levar aos pobres, sofredores, oprimidos e marginalizados a Palavra de Deus e a solidariedade fraterna. Só é bom pastor quem é capaz de dar a vida pelas ovelhas, servindo sem temor, na promoção e defesa da vida e dos direitos humanos. Figueira: A cidade de Governador Valadares gerou um saldo de apenas 11 mil empregos na primeira década deste século, enquanto 33 mil jovens alcançaram os 18 anos na mesma década, na expectativa de entrada no mercado de trabalho. A incapacidade de gerar empregos e oportunidades para a juventude tem jogado parcela dos jovens na desesperança, na emigração e no crime. O índice de assassinatos entre jovens na cidade é dos mais altos do país. Após o pastoreio na Minas Gerais estável e rica do Sul, o senhor sente-se preparado para este caminho da cruz em Valadares? Dom Félix: Em sã consciência, ninguém está totalmente preparado para uma missão, seja ela qual for, ainda que tenha muitos títulos acadêmicos, mesmo porque “na prática a teoria é outra”. Isso vale mais ainda para o bispo, que é chamado a desempenhar uma missão prevalentemente espiritual, que está muito acima das suas capacidades humanas. Por isso, o bispo não pode confiar apenas em si mesmo nem se desesperar diante dos desafios que a missão lhe apresenta, mas simplesmente fazer o que lhe compete e confiar em Deus, que o ama, o escolhe e o envia para a missão e não o abandonará nunca; será sempre o seu guia na caminhada e a sua força na fraqueza.
Figueira - Depois de 11 anos de pastoreio de uma diocese, a de Luz, instalada há mais de 90 anos, em uma das partes mais católicas e tradicionais do Estado de Minas, quais os desafios que o senhor vê para liderar a diocese de Governador Valadares, uma cidade jovem, de quase 300 mil habitantes, entre os quais 40% são evangélicos? Dom Félix: Desafios existem em todo lugar e em qualquer missão, mas penso que o meu maior desafio na Diocese de Valadares será começar tudo de novo, em outra região de clima, cultura e religiosidade diferentes. E, apesar das minhas limitações humanas, vou com o coração aberto e disposto a servir sem temor como pai, pastor e amigo. Figueira: Além do episcopado, o senhor tem vida acadêmica, tendo dirigido uma faculdade. Governador Valadares vive uma forte expansão de sua população universitária, com a chegada da Universidade Federal, do Instituto Federal e da UAB, além de universidades e faculdades particulares. Devemos esperar alguma ação da Igreja no acompanhamento e no atendimento a essa juventude que exige outra abordagem nas questões de fé? Dom Félix: A Igreja no Brasil tem um serviço pastoral consistente e profundo no meio universitário, que é a Pastoral da Educação e Cultura e, nela, a Pastoral Universitária. Creio que, com ela, teremos condições de organizar uma boa ação evangelizadora junto à juventude universitária. Esta tarefa pede, porém, a presença, a participação e o empenho dos fiéis católicos que atuam no campo da educação. Figueira: Em 1964, a Igreja Católica em Valadares oficialmente arregimentou a população em favor do golpe militar e contra as reformas de base, entre elas a refor-
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Só é bom pastor quem é capaz de dar a vida pelas ovelhas, servindo sem temor, na promoção e defesa da vida e dos direitos humanos.
ma agrária. Na década de 90, quando os índios Krenak, povo originário do Rio Doce, lutaram por seu território, o bispo manifestou-se contrariamente aos índios, colocando em dúvida o laudo antropológico que apontava aquela terra como área de domínio ancestral deles. O Supremo Tribunal Federal decidiu favoravelmente aos índios e desde 1996 eles retomaram o território tradi-
Figueira: Uma parte significativa do seu rebanho em Valadares está na região de Boston (mais de 50 mil pessoas) e na região de Lisboa (mais de 12 mil). Em tempos de mundo conectado, a Igreja tem planos para alcançar, acompanhar e cuidar dessas ovelhas dispersas? Dom Félix: Ainda não conheço a ação evangelizadora da Diocese de Valadares nem sei como é feito esse acompanhamento pastoral dos fiéis que emigraram para fora do nosso País. Só sei que a Igreja precisa usar melhor as redes sociais em vista da evangelização à distância, sobretudo da juventude. E é isso que ousarei fazer.
Divulgação
BravaGente! Arquivo Pessoal de Sérgio Rosa
O contrabaixista Sérgio Rosa, na Boston University
Sérgio Rosa, um valadarense na Berklee College of Music Nascido em Governador Valadares, Minas Gerais, Sergio Carlos Rosa começou a tocar contrabaixo em 1986, influenciado por amigos e famíliares. Sergio, que completará 42 anos no dia 24/07, começou a dedilhar os primeiros acordes ainda menino, aos 15 anos. Depois de um mês de estudo, já tocava na igreja evangélica da qual sua família fazia parte, em Valadares. Dois anos mais tarde, Sergio não tinha mais dúvidas de uma promessa que fez para sua mae, Jandira Rosa Carlos (já falecida), que seria músico e contrabaixista. Migrou para os Estados Unidos em 1987 e trabalhou em vários lugares,mas sempre pensando em estudar música. Em 1998 foi premiado com uma bolsa de estudos pela a maior escola de música do mundo, a Berklee College Of Music, de Boston. Concluiu a graduação em 2004 e hoje é bacharel em Professional Music. Na Berklee teve o privilégio de tocar e estudar com grandes nomes da música internacional e do Brasil, seus tutores foram Bruce Gertz, Oscar Stagnaro,Whit Brown , Hal Crook, Mark Whitfield, David Santoro, Ed Tomassi, para citar alguns, e lá teve a possibildade de hibernar profundamente no mundo do jazz e da improvisão. Radicado nos Estados Unidos há 24 anos, Sergio trabalha atualmente no Departarmento Ensemble da Berklee e cursa o Mestrado em Ciências da Computação, na Boston University.
Radialistas valadarenses em destaque Lançada em Belo Horizonte na segunda-feira (24) a Enciclopédia do Rádio Esportivo Mineiro, que biografa 382 radialistas de todos os tempos. O livro é fruto de um projeto de pesquisa das jornalistas Nair Prata (UFOP) e Maria Cláudia Santos (Rádio Itatiaia). A obra, pub-
licada pela Editora Insular. Alguns nomes do rádio esportivo de Governador Valadares são destacados no livro: Carlos Augusto e Osmar Xavier (Rádio Globo GV) Jairo Taborda (Rádio Mundo Melhor) e Ademir Cunha (que atuou na Mundo Melhor) são alguns dos nomes.
Mulher cidadã Bertha Lutz Instituído em 2002 pela Câmara Municipal, por solicitação da então vereadora Elisa Costa, o diploma Mulher Cidadã Bertha Lutz é uma homenagem a mulheres valadarenses que com sua intervenção, contribuem para a igualdade de gênero, por melhores condições de vida, por um mundo melhor e mais fraterno. Às homenageadas deste ano - Roseni Pereira do Carmo; Janete Aparecida de Pinho Soares; Ângela Maria Luiz; Beatriz da Silva Villas Novas; Mariza Alves Ribeiro; Carla Erica Cândida de Carvalho; Ivete Emília da Silva; Maria Augusta da Silva Perez; Isilda Matilde Goulart; Maria José Costa Fernandes; Lana Maria Alpino; Sofia de Oliveira Correa; Vilma Jesus dos Santos Santana; Creuza Coelho Merlo; Maria de Lourdes Machado; Aurora Cândida do Nascimento – o reconhecimento do Figueira.
Creuza Coelho Merlo Divulgação
Dona “Beatriz do Altinópolis”
AGENDA & SERVIÇOS 10
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Serviço ao cidadão
Recado da Capital
Outono Bob Villela Correspondente do Figueira em Belo Horizonte
A nova estação chegou à capital mineira trazendo clima mais ameno e alguns dias de garoa. Ao contrário de muita gente, sou encantado por dias nublados. E acho que nosso outono é a cara de BH: discreto e responsável por diversas transições e transformações, mas tudo sem alarde. O Carnaval daqui, em outrora, estava em coma. Há poucos anos, era sinônimo de prejuízo para o comércio, melancolia e ruas desertas. Devagar, um bloco aqui e outro ali, foi ressurgindo, ganhando formas, fãs e ruas. Em 2014, uma multidão que decidiu ficar aqui assistiu à consolidação da folia na cidade. Outro movimento semelhante é o das bicicletas. As magrelas, que os valadarenses tanto gostamos, vêm ganhando cada vez mais adeptos. Diversas iniciativas sobre duas rodas circulam pelas ruas, debatem políticas públicas e incentivam alternativas ao caos. Uma delas, admirável, é a BH em Ciclo – Associação dos Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte. Em seu sítio na internet, a turma se apresenta como “uma instituição sem fins lucrativos, formada por cidadãos que optaram pela bicicleta e defendem o direito desse meio de transporte transitar pelas vias da capital como qualquer outro veículo”. Evoé! Nas últimas sextas-feiras de cada mês, a Praça da Estação recebe a ‘Massa Crítica’. O movimento, que acontece em várias cidades do Brasil e do mundo, reúne usuários de veículos movidos à propulsão humana. A moçada se junta, define um trajeto a percorrer naquela hora e enche as ruas com energia boa e soluções viáveis. Numa dessas sextas, estava com minha namorada no icônico edifício Maletta, no centro, e testemunhamos, com brilho nos olhos, a reunião de mais de uma centena de skatistas, patinadores e, sobretudo, ciclistas com seus camelos confraternizando, ao fim de mais um evento, em inúmeros bares que pulsam nos corredores do prédio. É verdade que as ciclovias estão vazias. Muitas delas já parecem velhas e outras foram criadas apenas para fazer número – desleixo na execução da obra e segurança vilipen-
diada. De qualquer forma, já é um início. As coisas devem melhorar bastante quando começarem a funcionar os postos de bicicletas de uso compartilhado, algo parecido com o que já acontece em outras grandes cidades, como o Rio. O usuário retira a magrela em um ponto e pode entregá-la em outro, tudo por um preço módico, graças à exploração de publicidade – um belo negócio, inclusive, para quem associa sua marca a um transporte limpo e belíssimo (para mim, ver pessoas pedalando é fantástico). Valadares também pode (e deve) repensar e reforçar seu ciclo. Aqui, como aí, nada acontece de uma hora para outra. As transições, contudo, precisam ser contínuas, confusas e, acima de tudo, contagiantes. É de orgulho e sentimento de pertença que estamos falando. E isso é a cara de uma capital que vive em transformação, em outono – às vezes na vanguarda, noutras em outrora. É possível que nossa Figueira também esteja vivendo uma grande e quieta transição, mesmo em verão permanente. A conferir.
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Nas últimas sextas-feiras de cada mês, a Praça da Estação recebe a ‘Massa Crítica’. O movimento, que acontece em várias cidades do Brasil e do mundo, reúne usuários de veículos movidos à propulsão humana. A moçada se junta, define um trajeto a percorrer naquela hora e enche as ruas com energia boa e soluções viáveis.
Saque do FGTS Até o dia 2 de abril, a Caixa Econômica Federal vai atender as pessoas residentes nas áreas atingidas pelas cheias causadas pelas fortes chuvas, ocorridas em dezembro de 2013. Estas pessoas terão direito ao saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Moradores de 60 bairros que tiveram estado de emergência decretado, conforme a lei 8.036/90, terão direito ao saque. O atendimento aos trabalhadores com direito ao saque, em Valadares, será realizado na sede da Universidade Aberta do Brasil, à Rua 7 de Setembro, nº. 2.479, no centro da cidade, de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 17h, até o dia 2 de abril. Quem pode sacar:
A Praça da Savassi vai contar com frequentadoras mais que especiais até o dia 24 de abril. A Mônica Parade faz uma grande homenagem à simpática dentuça dos quadrinhos de Maurício de Souza. Grande mesmo! São 20 esculturas com 1,85m de altura, cada qual customizada e batizada por um diferente artista. A ação segue os moldes da CowParade – tradicional evento de arte pública no qual, claro, esculturas de vacas recebem leituras pra lá de inusitadas. Quem não vier a BH pode curtir os trabalhos no monicaparade.com.br.
Nos municípios com declaração de situação de emergência ou estado de calamidade pública, os trabalhadores, residentes nas áreas atingidas e informadas pelo poder público local, têm direito a sacar o valor existente, limitado a R$ 6,22 mil por conta vinculada do FGTS. É preciso ter saldo em conta para realizar o resgate. O FGTS poderá ser sacado em qualquer agência da CAIXA, a escolha do cliente. Para este atendimento, entre os dias 26 de março e 3 de abril, as agências terão horário especial de funcionamento, das 7h às 10h. Para os valores até R$ 1,5 mil, o recebimento também poderá ser realizado em lotéricas ou no autoatendimento nas agências da CAIXA, para quem tiver o Cartão do Cidadão com senha. A vantagem dessa opção é que a retirada poderá ser feita em horário comercial, mais amplo que o de atendimento bancário.
Bob Villela, jornalista e publicitário
Documentação necessária:
Mônicas gigantes
1 - Carteira de Identidade (também são aceitos carteira de habilitação, passaporte e novo modelo da Carteira do Trabalho); 2 - Comprovante de Residência – original e fotocópia – emitido no período de 27/08 a 27/12/2013; 3 - Carteira de Trabalho ou outro documento com o número do PIS (que facilite a localização da conta do trabalhador no FGTS); 4 - Cartão do Cidadão (opcional). Caso o trabalhador tenha conta na CAIXA, deve levar também o cartão, ou o número da conta, para facilitar o crédito. Bairros atingidos:
Figueira
A página do Figueira no Facebook começa a receber curtidas nesta sexta-feira (28), permitindo aos leitores mais uma forma de interação com o jornal. Com o mesmo movimento e ousadia característicos desta rede social, a “fan page” do Figueira vai conduzir o leitor/internauta ao site do jornal www.figueira.jor.br e permitirá todas as postagens desde que não sejam comentários sexistas, racistas, homofóbicos, difamatórios de pessoas ou instituições, que coloquem um povo ou uma religião como superiores, nem ataques entre leitores.
O FGTS será pago aos trabalhadores dos bairros: Altinópolis, Atalaia, Azteca, Carapina, Caravelas, Castanheiras, Chácaras Boa Sorte, Cidade Jardim, Cidade Nova, Distrito Industrial, Esperança, Figueira do Rio Doce, Grã Duquesa, Jardim Alvorada, Jardim do Trevo, Jardim Ipê, Jardim Kennedy, Jardim Perola, Mãe de Deus, Morada do Acampamento, Morado do Vale, N.S. das Graças, N.S. de Lourdes, Nova JK III, Nova Vila Bretas, Novo Horizonte, Palmeiras, Penha, Planalto, Porto das Canoas, Querosene, Rural, Santa Efigênia, Santa Helena, Santa Paula, Santa Rita, Santa Terezinha, Santo Antônio, Santos Dumont, São Cristóvão, São Paulo, São Pedro, São Raimundo, Sion, Sir, Turmalina, Vale Pastoril II, Vale Verde, Vera Cruz, Vila Bretas, Vila do Sol, Vila dos Montes, Vila Isa, Vila Mariana, Vila Ozanã, Vila Parque Ibituruna, Vila São João, Vila Rica, Vila União, Vila União Penha. De olho no prazo: Não perca o prazo. Anote: até dia 02/04 Leonardo Morais
Tu que fostes um dia uma figueira, hoje é a mais bela entre todas as mineiras! Velho Rosa, músico e poeta valadarense
Conheça, de Figueira a Governador Valadares. Acesse:
www.figueira.jor.br
CULTURA & LAZER 11
FIGUEIRA - Fim de semana de 29 a 30 de março de 2014
Documentário / TV Assembleia
Sessão de cinema Divulgação
Na lei ou na marra: 1964, um combate antes do Golpe TV Assembleia vai exibir documentário inédito neste domingo (30), às 19h, sobre a luta pela reforma agrária em Governador Valadares, que precipitou o início do Golpe Militar de 1964 30 de março de 1964: milícias lideradas por fazendeiros de Governadores Valadares (MG) atacam o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, destroem o jornal que apoiava a luta pela reforma agrária e instauram um clima de perseguição e medo na cidade. A cidade mineira sente, dois dias antes, a escuridão que viria se abater sobre o país. Decisivo na deflagração do Golpe Militar, esse episódio, ainda pouco conhecido e divulgado pela História oficial, é narrado agora, por seus principais líderes, em documentário inédito, produzido pela TV Almg. Na lei ou na marra: 1964, um combate antes do Golpe resgata essa história. O documentário relembra o papel de dois importantes personagens na luta pela reforma agrária no Vale do Rio Doce: o sapateiro e líder rural Francisco Raymundo da Paixão, o Chicão, e o jornalista Carlos Olavo da Cunha Pereira, editor do jornal local O Combate. Mostra ainda a articulação dos proprietários rurais na conspiração que deu origem ao Golpe Militar e o olhar de historiadores sobre a violência dos conflitos agrários que sacudiam a região. Produzido pelo programa Narrativas, o documentário estreia no dia 30/03, às 19h, na TV Almg. NA LEI OU NA MARRA será exibido também como parte da programação do Ciclo de Debates 50 Anos do Golpe Militar de 1964 , organizado pelo Poder Legislativo em parceira com diversas entidades da sociedade civil. (http://tinyurl. com/nsvcugg) Esse conflito de Valadares reflete a atmosfera de tensão político-social no campo, em todo o país: protestos e marchas organizados pelas associações, sindicatos, ligas dos camponeses, e a violenta reação dos latifundiários às propostas de reforma agrária anunciadas pelo governo João Goulart. Resistir sempre. Ditadura nunca mais.
Frame Tv Almg
Cinema alemão
Dois importantes personagens da história de Valadares, Carlos Olavo, de O Combate, Frame Tv Almg
e o pecuarista José Altino Machado, estão no documentário da TV Assembleia
NA LEI OU NA MARRA: 1964, um combate antes do Golpe
Sessão comentada: 01/04/2014, 17:30, no teatro da Almg. Comentadores: - Antônio Ribeiro Romanelli, coordenador da Comissão Estadual da Verdade e ex-presidente das Ligas Camponesas de Minas Gerais. Maria Eliza Linhares Borges, historiadora, pesquisadora da UFMG Estreia na TV Almg: 30/03/2014, 19horas. Reprises: Segunda, dia 31/3, às 21h - Terça, dia 1º/04, às 23h
Memória da Figueira
No próximo dia 31/03, às 18h no Teatro Atiaia, com entrada gratuita, será exibido o filme “Bem-vindo à Alemanha” ou Almanya. É o segundo encontro do nosso evento “Migração: Cultura e Direito pelo Cinema Alemão”. A direção é da cineasta alemã, de origem turca Yasemin Samdereli, tem a duração de 95 min. e é do ano 2011. “Em 1964, Hüseyin Yilmaz sai da Turquia e vai para a Alemanha. Mais tarde, traz a esposa e os filhos. Agora, sua neta relata com afeto e humor a história da família durante a viagem de férias do clã a seu lugar de origem. Qual é sua verdadeira pátria é a questão que cada um deverá colocar para si mesmo.”
Pit stop da cultura A Secretaria de Estado de Cultura (SEC), por meio da Superintendência de Interiorização e Ação Cultural (SIAC), promoveo no dia 21/03 o 1º Pitching do Fórum dos Festivais Artístico-Culturais de Minas Gerais. O encontro consistiu numa das ações do Fórum de Festivais Artístico-Culturais de Minas Gerais (FFAC/ MG), iniciativa da SEC, que visa promover um espaço de discussão dos gestores e coordenadores dos festivais de cultura do Estado a fim de fomentar ações de articulação, qualificação e gestão de festivais. O pitching propõe uma aproximação entre o setor cultural e o empresariado mineiro, com intuito de sensibilizar os empresários sobre a importância do incentivo a projetos culturais desenvolvidos para o Estado. Foram convidados 26 representantes de festivais integrantes do Fórum. Cada representante teve um tempo para expor ideias, diante da plateia, ressaltando as vantagens competitivas do seu festival, com intuito de atrair possíveis investidores, por parte do empresariado presente que poderá questionar as apresentações e sanar dúvidas. Governador Valadares foi representada pelo Valadares Jazz Festival.
Cinema / Crítica
Solino, um filme com ritmo leve e envolvente Éveli Xavier
Arquivo Público Mineiro
SOLINO, filme do diretor turco-Alemão Fatih Akin, é um filme envolvente, inteligente, com um ritmo leve. Revela um período de migração entre Itália e Alemanha, e mostra as diferenças culturais, a força do momento vivido da migração italiana. As diferenças entre os dois países neste momento pós-guerra nos dão uma visão de um contexto longe da nossa vivência que nos leva ao tema migração e seus desafios. Fatih nos envolve no contexto italiano, no sonho de uma nova perspectiva de vida fora do seu país. Uma característica da história da Itália, que tanto contribuiu com muitos países nas suas histórias de migrações. O uso dos elementos que movem uma decisão de saída do ninho, deixar suas famílias, seus costumes e sair em busca do sonho de uma vida melhor, deslumbrados por um novo desconhecido, misterioso, mas que se elege ser promissor.
Benedicto Valladares, o nosso “governador” Sim, é ele mesmo, em foto do Arquivo Público Mineiro. Benedicto Valladares Ribeiro foi governador de Minas Gerais entre 1933-1945. Chegou a este cargo graças à fidelidade que dispensava ao Presidente da República Getúlio Vargas, que o nomeou governador (na verdade, interventor) do Estado Minas Gerais. Foi Benedicto Valladares quem assinou o decreto lei que emancipou Figueira, distrito de Peçanha, e o transformou em Governador Valadares. Mas se ele era “interventor” (não foi eleito, e sim, nomeado pelo presidente Vargas), porque o nome da cidade é Governador Valadares? Resposta curta e curiosa: ele era o único entre os interventores nomeados, a ser chamado por Getúlio de “Governador”. Vale citar a poeta valadarense, Maria Paulina Freitas: “Valadares, Valadares, quem é o governador?
É o calor! É o calor!”
O cinema promove mais uma vez e sempre um mergulho em nosso mundo consciente e inconsciente, como um sábio, pinça os elementos emocionais mais sutis e representativos. O recurso narrativo é bem interessante, Faith escolhe a metalinguagem, ou seja, usa o filme dentro do filme, onde Gigi, o protagonista, é o agente sensível e revelador. Ele nos convida a participar da experiência do personagem com e sua família num passeio de reflexão e sensibilidade. Fatih, revela a riqueza de sua escolha, que se reflete ao evidenciar não só as diferenças do momento histórico, mas a grande diferença do olhar do cinema Alemão para o cinema Italiano, usando a metalinguagem. Incrivelmente Fatih promove o
diálogo do neo-realismo italiano, com sua linguagem mais simples, com o tema do pós-guerra, do dia-a-dia dos proletários, do uso de atores nãoprofissionais e tomadas ao ar livre, com o cinema-novo alemão, com suas amarguras e lirismo. Gigi, nos envolve e nos conduz por todo o filme evidenciando a importância do olhar. O uso das figuras de linguagem que alinhavam o tema da migração, dos dramas culturais, do pósguerra, da relação entre o idealizado e o real, do clichê familiar: traição, inveja. Mas acima de tudo a possibilidade de se reinventar, e mais uma vez o uso metafórico do olhar que experiencia tudo e que nomeia como visível e invisível. O cinema promove mais uma vez e sempre um mergulho em nosso mundo consciente e inconsciente, como um sábio, pinça os elementos emocionais mais sutis e representativos. Ele mistura palavras, cores, lugares, emoções com todas as suas nuances para nos fazer refletir sobre a vida e os processos de dor, alegrias, lutas e dramas, sem perder o sensível. Sinopse: A história se passa em 1964. As personagens Rosa e Romano decidem abandonar o povoado de Solino, no sul da Itália, e viajar para Alemanha. O casal chega a Duisburg, próximo a Düsseldorf, levando seus dois filhos Giancarlo e Gigi. Lá abrem uma pizzaria, que se torna um sucesso. Os problemas da família começam quando os filhos crescem e se adaptam à vida no novo país, enquanto os pais se mantêm fiéis às tradições. Diretor: Fatih Akin Roteirista: Ruth Toma Barnaby Metschurat como Gigi Moritz Bleibtreu como Giancarlo Éveli Xavier, membro do Conselho Editorial do Figueira
ESPORTES 12
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Campeonato Mineiro Módulo II
E a torcida canta: “vamos subir, Demô!”
Leonardo Morais
Embalado pela vitória de 1 x 0 sobre o Mamoré, na quarta-feira, o Democrata enfrenta o Uberlândia neste sábado, às 17h, no Mamudão. Se vencer, o time do técnico Gilmar Estevam dá um grande passo para conquistar uma vaga na elite do futebol mineiro em 2015. A torcida promete lotar o Mamudão e empurrar o time. A torcida da Pantera está enlouquecida. Depois da vitória contra o Mamoré, na quarta-feira (26), com gol do zagueiro Jadson, os torcedores começam a vislumbrar a possibilidade real de ver o Democrata na elite do futebol mineiro em 2015. O time de guerreiros, como canta a torcida, conquistou a liderança do hexagonal e quer mantê-la neste sábado contra o Uberlândia, adversário perigoso. O técnico Gilmar Estevam, que desde o início do campeonato tem dito que a competição é muito dificil e disputada ponto a ponto, mantém a humildade e diz que o clima no Democrata é de confiança, mas sem “ôbaôba”. “Temos de manter o foco, jogar com determinação e encarar cada jogo como uma decisão”, diz. Para o jogo deste sábado, Gilmar Estevam terá à sua disposição o lateral Douglas e o meiaatacante Joelson, que estavam se recuperando de problemas musculares. Os dois são peças importantes no esquema tático do técnico, na marcação e no ataque. Joelson, jogador experiente, cadencia as jogadas pelo meio e faz a ligação com o ataque jogando com rara habilidade, além de ser um exímio cobrador de faltas. Caso esteja 100% pelo
Departamento Médico, Joelson pode ser um reforço importante. O presidente do Democrata, Edvaldo Soares dos Santos, mantém a confiança de sempre. “Montamos um time para chegar na ponta, para se classificar e até mesmo ser o Campeão do Módulo II, e a cada jogo temos a certeza que fizemos o investimento certo”, disse. Para Soares não há jogo fácil no Módulo II, afinal, segundo ele, todos querem subir. O time já está concentrado e focado no jogo. A força da torcida é um estímulo a mais para os jogadores, que ao final de todas as partidas vão até as arquibancadas metálicas agradecer o apoio. O atacante Felipe Augusto, que é valadarense e morador da Região da Ibituruna, disse que quando os jogadores entram em campo, sob a vibração da torcida, é um momento único. “Essa torcida é demais, não tem como não dar o nosso sangue por uma vitória”, disse. Serviço Democrata x Uberlândia 5a Rodada do Mineiro Módulo II Sábado, 29/03, às 17h Ingressos: R$ 30,00 (Cadeira) e R$ 15,00 (Arquibancada) Abertura dos portões: 15h30
A raça de jogadores como o lateral esquerdo Denilson contagia a torcida, que saúda o Democrata como “time de guerreiros”
Arquibancada
Mineiro e Libertadores
Reconquistando a elite Fábio Moura Entre os 12 da elite do futebol mineiro já não há mais espaço para toda a tradição do interior. O campeonato estadual, que em outras edições chegou a comportar o dobro de times (como em 91, quando o Democrata foi vicecampeão), segue agora enxuto e recheado de novas agremiações. A temporada 2014 se incumbiu de jogar duas dessas equipes para o segundo módulo: Nacional e Minas Boca. E que lá permaneçam! Sem bairrismo, claro! Porém, nada pode ser mais belo do que estádios lotados de torcedores apaixonados, enquanto no campo se defende o escudo glorioso de seus times. Os dois anos de vida do Minas ou os quase seis do Nacional, ainda não foram capazes de criar nada disso. No módulo dois, seis times seguem pelo certame na disputa dessas duas vagas. A maior parte deles figurou por anos na divisão principal, travou duelos sensacionais com os grandes da capital, fez sorrir e fez chorar. Democrata, Social, Uberlândia e Mamoré estão ao lado de dois clubes novos: o Tricordiano e o Montes Claros. Este último foi fundado ainda na década de 90 e passou a maior parte dos seus 22 anos licenciado da Federação Mineira de Futebol. Voltou em 2012 e, na atual temporada, mal conseguiu colocar três ou quatro centenas de torcedores no Estádio José Maria Melo. Aqui no Mammoudão a história é – e sempre foi - diferente. Não temos mais a média de público de 91, quando beirou oito mil pagantes por partida. Em 2014 ainda não se bateu nem a marca de dois mil torcedores no estádio. Nem por isso o receio dos adversários diminuiu; não mudou sequer a imposição ou a empolgação da maior do interior. A torcida abraçou o time! Uns dizem que pela identificação com os jogadores da região, outros pela boa campanha. A verdade é que há muito não se via uma equipe tão tenaz.
Afinal, foram três anos de pouquíssimas alegrias por aqui. Uma quase queda em 2011 que, por sua vez, não pôde ser evitada em 2012. Em 2013 o Democrata fez a pior campanha do quadrangular final na primeira tentativa do retorno à primeira. Já 2014 começou diferente. Ainda em outubro do ano passado, o Democrata tinha técnico e um possível elenco em negociação. Não era o queridinho dos democratenses, José Maria Pena. Era Gilmar Estevan que, não menos amado (principalmente pela campanha em 91 ainda como jogador, onde foi artilheiro da equipe comandada por José Maria), inflamou o time e, consequentemente, a torcida.
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A verdade é que há muito não se via uma equipe tão tenaz. Afinal, foram três anos de pouquíssimas alegrias por aqui. Uma quase queda em 2011 que, por sua vez, não pôde ser evitada em 2012.
Apesar da boa campanha na primeira fase, tecnicamente o Democrata não convenceu a torcida no hexagonal final. E isso não trouxe vaias, ainda. Apenas uma ou outra cobrança mais efusiva. Jogadores e torcedores caminham juntos e mesmo com a aflição e a angústia que persistem até os momentos finais de cada partida – apaziguadas com um golzinho chorado, em sua maioria – a equipe não tem deixado dúvidas de que segue ferrenhamente obstinada em fazer com que o Democrata comande a volta dos clubes tradicionais à elite do futebol mineiro. Fábio Moura é jornalista e repórter do Figueira
Semana decisiva para Atlético e Cruzeiro, no Mineiro e Libertadores O Galo está em alta A semana foi de festa para o Atlético, afinal, o time completou 106 anos na última terça (25), goleou o América no jogo de ida da semifinal do Campeonato Mineiro e, com a derrota do Nacional do Paraguai, mesmo que perca para o Santa Fé nesta quinta, dia 3 de abril, às 23h, em Bogotá, ainda será o líder do grupo 4 da Libertadores. Caso isso aconteça, todos os quatro times do grupo terão chances de classificação. Caso vença, crava seu nome na próxima fase da competição. No Mineiro a situação é tranquila e o Galo pode perder por até três gols de diferença que, ainda assim, segue para a final. O jogo é neste domingo (30), às 18h30, no Independência.
E o Cruzeiro tem missão quase impossível No Cruzeiro a semana foi para se recompor. Após a surpresa nos acréscimos do jogo contra o Defensor, pela quarta rodada da Copa Libertadores, o time foi a Varginha e desfilou o seu futebol sobre o Boa Esporte. O gol da vitória, porém, veio apenas nos minutos finais. No jogo de volta deste domingo (30), às 16h, no Mineirão, o time pode perder pela diferença de um gol que se garantirá na final do Mineiro. Já na Libertadores, a situação está complicada. Faltam duas rodadas e o Cruzeiro precisa vencer os dois jogos para aspirar a uma vaga na segunda fase. O primeiro desafio acontece nesta quinta, dia 3 de abril, às 20h45, na casa do Universidad do Chile.