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Universidade Estadual “Julio de Mesquita Filho” Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação Departamento de Artes e Representação Gráfica
Projeto de Conclusão de Curso - Artes Visuais (Bacharelado) Sofia Miers Orientação: Professora Doutora Luana Maribele Wedekin Bauru - SP 2017
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LEVEI MUITO TEMPO PARA DESENVOLVER UMA VOZ - E AGORA QUE EU TENHO, NÃO VOU FICAR EM SILÊNCIO. – Madeleine Albright
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AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, agradeço aos meus avós maternos, Yaya e Lelo, que me criaram e ensinaram desde o primeiro dia a correr atrás dos meus sonhos. À minha mãe, mulher da minha vida, que me inspira com todo seu girl power e sempre esteve ao meu lado, obrigada por ser meu porto-seguro e minha melhor amiga; à Sol, a irmã mais linda, inteligente e parceira que a vida me obrigou a ter (brincadeira, você sabe que te amo e é minha função principal tirar um sarro) e a Marcelo Ottoni, o pai que a vida me presenteou: sem você, eu não estaria aqui; obrigada por ser o melhor pai, acreditar em mim e nos meus sonhos . Agradeço a Ohana Tozato, que descobriu umas tirinhas aleatórias no meu sketchbook e incentivou-me a levá-las a sério − talvez não teria feito este projeto se isso não tivesse acontecido. Obrigada eternamente, Ohanis. Um abraço de urso (coisa de família isso) para Victor Torrecilha, por ser meu companheiro tanto na vida quanto na profissão: obrigada por fazer parte deste processo desde o início, me apoiar incondicionalmente e ajudar a tornar ele possível. Agradeço também a Mylene Lovato por ser uma das minhas melhores amigas, guru de maquiagem e ser cheerleader nº1 das tirinhas, eu teria que desenhar um livro inteiro só para nossas histórias de tantos
momentos bons (e ruins, que hoje rimos) que passamos juntas. Gratidão eterna à minha orientadora Luana Wedekin, por acreditar no meu potencial e no deste projeto. Obrigada por entrar nessa aventura comigo, pelas conversas e conselhos – sejam eles relacionados ao TCC ou não. Obrigada também por sempre exigir e extrair o melhor de mim para este projeto e para todos os outros que virão pela frente. Obrigada por ser minha parceira antes de tudo, isso significa muito para mim (insere um emoji de coração, abraço e beijo aqui, ok?). Finalmente, aos meus colegas de sala e aos amigos que fiz em Bauru, vocês são a melhor coisa que a faculdade me trouxe. Vocês ajudaram a construir o que sou hoje, aprendi demais com vocês, seus talentos e experiências de vida. Obrigada por fazer parte do meu cotidiano e inspirar também o conteúdo dessas tirinhas. Vocês são incríveis.
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ÍNDICE PÁGINA:
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RESUMO
• 15 INTRODUÇÃO • 21 PROCESSO
DE CRIAÇÃO • 39 INSPIRAÇÕES E REFERÊNCIAS • 40 Inspirações Artísticas • 42 Andy Warhol • 43 Edgar Degas • 45 Referências de Estilo e Abordagem • 52 Sarah’s Scribbles • 52 Sarah Andersen • 53 Soppy • 53 Philippa Rice • 54 Owlturd Comix • 54 Shenanigansen • 55 Brutally Honest • 56 Frannerd • 59 Referências Visuais • 62 Steven Universe • 62 Rebecca Sugar • 64 Adventure Time • 64 Pendleton Ward • 66 Irmão do Jorel • 66 Juliano Enrico • 67 Apenas um Show • 67 J. G. Quintel • 68 Scott Pilgrim • 68 Bryan Lee O`Malley
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• 73
DESIGN DOS PERSONAGENS • 75 HUGO (A voz da consciência) • 79 FIHVE (Eu mesma) • 86 BAE (O amor) • 92 MYLK (A melhor amiga) • 97 Participações Especiais • 98 Alma • 100 Sol • 102 Boro • 104 Cenários (Ou a quase falta deles)
• 109 PRODUÇÃO
FINAL
• 109 Paleta de cores • 1 1 6 Produção dos Quadrinhos • 125 Bônus: bebes feios e testes • 135 FORMATAÇÃO
E DISPONIBILIZAÇÃO
• 136 O Site e o QR Code • 140 O Artbook • 143 RESULTADOS • 151 CONCLUSÃO • 154 REFERÊNCIAS • 155 GLOSSÁRIO • 156 LISTA
DE FIGURAS
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RESUMO O projeto consiste em mostrar o processo de character design, elaboração e disponibilização online dos quadrinhos que resultaram de um diário ilustrado. Fihve é uma coletânea de quadrinhos/tirinhas no qual o leitor vai explorar o cotidiano junto com a Fihve (personagem principal) e as pessoas mais próximas a ela. Cotidiano esse cheio de momentos inesperados, alegres e tristes também. Palavras-chave: cotidiano, quadrinhos, character design, Fihve.
ABSTRACT The project consists in showing the character design creation, process and online publishing that resulted an illustrated diary. Fihve is a collection of comics in which the reader can explore the daily routine of Fihve (main character) and people close to her. Her days are full of unexpected moments, some sad and others happy. Keywords: daily routine, comics, character design, Fihve.
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THIS IS THE START OF HOW IT ALL ENDS. Este é o inicio de como tudo acaba. (Yellow Flicker Beat, Lorde)
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INTRODUÇÃO Olá, tudo bem? Antes de começar, acho importante criarmos um tipo de laço, uma parceria aqui entre nós dois - você que está lendo e eu, que a partir de agora irei descrever a saga que foi realizar este projeto. Porque essa parceria? Quero que se sinta como se estivéssemos batendo um papo bem descontraído, o assunto é sério, porém, temos espaço para fazer umas brincadeiras aqui e ali. Não me lembro em que momento da vida a paixão pelo desenho surgiu em mim, mas lembro de ser algo constante no meu dia-a-dia. Além dos clássicos “desenhe sua família” ou “desenhe como foram suas férias de verão” da escola, ato de desenhar em si surgiu pela necessidade de expressar meus sentimentos. O desenho sempre me foi incentivado por Yaya (nome que dou a minha avó materna), que comprava quadrinhos, livros de colorir e muito material sempre que possível - foi ela quem me ensinou a colorir, mas isso vou contar mais para frente. Lá pelos meus oito anos, comecei a desenhar roupas várias para minhas bonecas, não sabia costurar (na verdade, não sei até hoje), então minha avó e minha tia faziam essa parte da produção. Era divertido. Desenhar se tornou um hábito e conforme fui crescendo, minhas habilidades também − minhas referências eram, na sua totalidade, provenientes de filmes, desenhos animados e gibis/histórias em quadrinhos;
eu emulava os desenhos da melhor forma que conseguia para estudar poses, estilos e ir desenvolvendo meu traço. O filme que me fez perceber que desenhar era o que queria fazer da vida foi Toy Story (Pixar, 1995). Ver as aventuras de Woody e sua turma me fizeram ter vontade de criar personagens para que estes entrassem na vida das pessoas e as fizessem sorrir, como eu fiz com o filme. Gostei tanto de Toy Story que essa paixão pelo filme continua até hoje, meu filme favorito. Em relação a desenhos animados, tive referências diretas de Yu Gi Oh! (Studio Gallop, 2000-2004), Sailor Moon (Toei Animation, 1992-1997), Sakura Card Captors (Madhouse, 1998-2000), entre outros – na sua maioria animes, visto que estudava em uma escola anglo-japonesa e meus melhores amigos de infância são japoneses. Além desses desenhos, tiveram muitos outros que também me inspiraram conforme os anos foram passando, fui crescendo e meus gostos foram mudando, isso influenciava também o que eu assistia e consequentemente, desenhava. Entre os mais marcantes estão Avatar: A Lenda de Aang (Nickelodeon, 2005-2008), Winx Club (Rainbow S.r.l, 2004-2015), Teen Titans (Warner Bros. Animation, 2003-2006), Mansão Foster para Amigos Imaginários (Cartoon Network Studios, 2004-2009),Powerpuff Girls (Hanna-Barbera, 1998-2005), KND: A Turma
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do Bairro (Cartoon Network Studio, 20022008), The Fairly OddParents (Federator Studios, 2001-presente), Kim Possible (Disney Channel, 2002-2007), entre muitos outros. Graças a todas as referências que tive na infância e durante a faculdade, surgiu este projeto que está em suas mãos. No começo da faculdade, achei que meu trabalho de conclusão de curso seria algo relacionado a animação, porém tive a oportunidade de conhecer e aprender outras áreas e técnicas, o que me fez apaixonar por criação de personagens e fazer quadrinhos como forma de me expressar. Este projeto consiste na criação de personagens e quadrinhos inspirados
em pessoas e momentos da minha vida. Comecei fazendo tirinhas aleatórias no meu sketchbook durante algumas aulas da faculdade e notei que eram esses pequenos momentos aqueles que eu gostaria de levar comigo para sempre, mesmo alguns deles sendo ruins ou tristes. Vou ser bem honesta com você: as tirinhas surgiram num período complicado da minha vida e todo e qualquer momento que eu considerasse especial, comecei a dar valor a isso.
Figura 1 e 2. The Fairly OddParents (2001-presente, acima) e Toy Story (1995, abaixo).1
Figura 3. Avatar: A lenda de Aang (2005-2008).
1 A lista completa com as fontes e links de todas as imagens do projeto está dispoível na página 156.
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Meu objetivo com Fihve é muito simples: fazer que as pessoas se identifiquem, sorriam e se divirtam ao se colocar no lugar e nas passagens que estou retratando. Uma das coisas que mais gosto é arrancar um sorriso ou risada de uma pessoa, então porque não fazer isso através do mais amo, o ato de desenhar?
Apesar de querer que todos se identifiquem com os quadrinhos, meu público alvo principal são homens e mulheres em torno dos 16 aos 30 anos de idade. Homens também? Sim, isso mesmo: há quadrinhos
Figura 4. Sailor Moon (1992-1997).
Figura 5. Teen Titans (2003-2006).
Figura 6. Kim Possible (2002-2007).
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Figuras 7 e 8. KND: A Turma do Bairro (2003-2006, acima) e Hey Arnold! (1996-2004, abaixo).
Figura 10. Toy Story (1995)
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Figura 9. Mansรฃo Foster para Amigos Imaginรกrios (20042009).
em que o ponto de vista é de um homem, neste caso, meu namorado. Os quadrinhos foram feitos no meio tradicional, cada um deles levou em torno de cinco a seis horas para serem criados, produzidos e finalizados. Como antes de virar um TCC as tirinhas já eram publicadas no Instagram, vou continuar publicando na internet, porém em diversas plataformas como meu site próprio, Facebook, Instagram e outras redes; porque acredito que a internet seja mais acessível para todas as pessoas do que um livro impresso.
Nos capítulos apresentados a seguir, irei discorrer sobre meu processo de criação, minhas referências, criação dos personagens e dos quadrinhos até a disponibilização final.
Figura 12. Winx Club (2004-2015).
Figura 13. Powerpuff Girls (1998-2005).
Figura 11. Sakura Card Captors (1998-2000).
Figura 14. Yu Gi Oh! (2000-2004).
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PROCESSO DE CRIAÇÃO Você já deve ter percebido que este trabalho é sobre desenho e história em quadrinhos, mas acredite ou não, meu background vem da animação. Como falei antes, percebi que queria desenhar para filmes e trabalhar com animação através de Toy Story (Pixar, 1995) e essa foi minha mentalidade até um tempo depois de ter começado a faculdade: entrei com a cabeça feita de que queria trabalhar criando e animando personagens para filmes e televisão.
Assim sendo, em paralelo com a faculdade, comecei a pesquisar tutoriais, dicas e toda a informação que pudesse acessar sobre animação na internet. Nessas andanças, conheci o site Character Design References, o qual é feito coletivamente por artistas de diversos estilos e níveis de habilidade diferentes que tem o objetivo de aprender e melhorar uns com os outros e ao mesmo tempo criar/projetar novos personagens e divulgar os trabalhos da comunidade para o mundo.
Figura 15. Captura de tela do site Character Design References.
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No Character Design References há entrevistas, tutoriais, resenhas, desafios de desenho e uma galeria visual disponível para qualquer pessoa que esteja disposta a aprender e dividir conhecimento. A parte do site que me ajudou a estudar e evoluir meu traço com certeza foi a galeria visual – situada na rede do Pinterest, a galeria está organizada por segmentos: desde anatomia humana, poses de animais até indumentária de zumbis. É uma biblioteca imensa, completa e sempre está sendo alimentada pela comunidade de artistas. Através dessa biblioteca visual consegui aprender o que é gesture drawing (daqui a pouco vou falar mais sobre isso, continue lendo!) e como ele é importante
no desenvolvimento do traço e de qualquer projeto. E devo admitir aqui que após essa descoberta meus desenhos evoluíram muito, pois 85% do que aprendi, sei e apliquei neste projeto se deve a esse site. Além do Character Design References, em 2015 tive a sorte de conhecer e participar do ICONIC, o primeiro congresso de animação do Brasil – que aconteceu via internet. Tinha a versão gratuita e a versão paga do congresso, a única diferença é que na versão paga o usuário tem acesso aos vídeos das palestras sempre e quando quiser, além de ter bônus exclusivos como listas de livros sobre animação, ilustração, etc., dicas de como e onde publicar seus trabalhos,
Figura 16. Perfil do Character Design References na rede Pinterest (pinterest.com/characterdesigh/). É possível observar os murais de referência que estão disponíveis para livre consulta.
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Figura 17. Exemplo de versatilidade dos murais de referência que estão disponíveis para uso no perfil do CDC no Pinterest.
mercado de trabalho e, assim como o CDC, é constantemente alimentado pela comunidade. Poupei dinheiro o suficiente, adquiri a versão Premium e é um dos melhores investimentos que já fiz. Graças a estas duas fontes na internet, consegui construir um repertório bem bacana para alguém que nunca teve aula de desenho antes. A internet me brindou com uma bagagem que antes não tinha até... O primeiro dinheiro que ganhei trabalhando gastei com o livro Drawn To Life Volume Um (2009), trata-se de uma coletânea de aulas dadas pelo animador da Walt Disney Animation Studios Walt Stanchfield (19192000) feita pelo produtor cinematográfico
Don Hahn (1955-). Comprei o livro após uma conversa com a ilustradora Giully Leão (@giullyleao) e, cá entre nós, o livro só acrescentou conhecimentos que eu já tinha adquirindo lendo as postagens tanto do grupo do Facebook quanto do site Character Design References. Lógico, há conteúdos no livro que eu não tinha ideia ainda, mas vou enaltecer o poder da comunidade artística na internet em compartilhar conhecimento, por que... Com muito custo consegui comprar o livro, mas imagina só quem realmente não pode? O conteúdo está ali à disposição e gratuito na internet. Sensacional, incrível demais.
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Figura 18. Página inicial do ICONIC (iconic.network), portal do primeiro congresso de animação do Brasil no qual pode-se acessar a vídeos informativos, tutoriais, etc. sobre o mundo da ilustração e animação.
Figura 19. Captura de tela da página inicial da área Premium do ICONIC (iconic.network/membro-premium/wp/wp-login.php), com as principais seções em destaque para o usuário: biblioteca, listas de filmes, documentários, guias de como expor e vender o seu trabalho, etc.
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Curious Fact: Walt Stanchfield Nascido em 1919, Walt Stanchfield foi ani-mador, escritor e professor. Trabalhou para a Walt Disney Animation Studios e na década de 1970 foi responsável por ministrar um cur-so de treinamento para jovens animadores nos estúdios da Disney. Assim, foi mentor de animadores reconhecidos hoje como Glen Keane (1954-), responsável por animações dos filmes A Pequena Sereia (1989), A Bela e A Fera (1991), Pocahontas (1995), etc. e John Lasseter (1957-), criador de Toy Story (1995) e atual diretor criativo da Pixar e da Walt Disney Animation Studios. Stanchfield faleceu no ano 2000, aos 81 anos de idade.
O que basicamente aconteceu foi o seguinte: graças à internet eu aprendi os conceitos na prática e, após adquirir o livro do Walt Stanchfield, aprendi os conceitos na teoria. Desta forma, a seguir irei discorrer sobre os conceitos básicos para que o resto do projeto seja fácil de ler. Engraçado é que até meados de 2015 eu ainda estava determinada em seguir a carreira em animação e ao mesmo tempo, já tinha começado a fazer os desenhos no meu sketchbook sobre o cotidiano. Assim sendo, ao ler Drawn To Life aprendi sobre a importância do gesture drawing e de manter um sketchbook (ou diário do artista, como preferir).
Antes de falar sobre qualquer técnica de desenho, quero discorrer sobre o sketchbook. Passei a manter um caderno de rabiscos logo no primeiro ano de faculdade, hábito que não tinha antes – aos poucos fui dando valor aquele caderninho que continha minha evolução. Hoje, é emocionante olhar para esses sketchbooks e ver o quanto eu mudei e meu traço evoluiu nestes anos de graduação. Voltando a 2015, o sketchbook tornouse minha companhia devido aos maus momentos que estava vivenciando e foi assim que as tirinhas que originaram este trabalho de conclusão de curso nasceram − comecei a registrar momentos do meu cotidiano, sejam eles bons ou ruins apenas para manter essas memórias comigo e aprender com cada uma delas. E, segundo Stanchfield (2009, p. 134) “tomar notas, como esboçar, afia a mente, torna-o em um instrumento mais sensível e receptivo, mais preparado quando necessário do que aquele que é permitido fluir com a maré”.
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Figura 20 a 23. Exemplos de registros sobre meu cotidiano extraĂdos dos meus sketchbooks do ano de 2015.
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Figura 24. Exemplo de estudo de expressão baseados em mim mesma para a personagem Fihve2, extraídos do meu sketchbook do ínicio de 2016.
Em Drawn To Life, ele encoraja o artista a registrar suas memórias, porque questões cotidianas valem e muito serem lembradas – pois eventualmente estas memórias podem ser utilizadas para desenvolver futuros trabalhos criativos. Para exemplificar a importância do ato de registrar memórias, Stanchfield cita um trecho do livro Experimental Drawing (1992), escrito por Robert Kaupelis:
E como você irá ver nos próximos capítulos, o ato de registrar meu cotidiano é a chave deste projeto todo. Nunca antes parei para perceber que o dia a dia poderia ser uma fonte imensurável de inspiração para tantos artistas, desenhos e filmes animados que tenho como referência (falarei sobre elas no capítulo seguinte) – entre elas, a série animada “Irmão do Jorel”, criada por Juliano Enrico:
“Eu sugiro que você se conecte profundamente ao seu sketchbook num ponto em que ele quase se torne uma extensão física de você mesmo. E agora o que você precisa fazer é desenhar, desenhar, desenhar e observar desenhos e desenhar, desenhar, desenhar, observar desenhos e desenhar....” (KAUPELIS, 1992 – em Drawn To Life, p. 134)
“Com o tempo, fui criando personagens com o meu traço, me baseando um pouco na minha família, um pouco nas famílias dos meus amigos, misturadas com personalidades de filmes e séries e de algumas coisas do passado. ” (ENRICO, 2016. Entrevista para a revista Super Interessante online)
2 Vou discorrer sobre a personagem Fihve e do seu desenvolvimento no capítulo “Design de Personagens”, na página 73.
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Para Stanchfield (2009), qualquer coisa que desperte algo na mente ou no coração do artista, como copiar palavras, frases, trechos de artigos, guardar desenhos e pinturas vale para ajudar no processo criativo. Para enfatizar, ele cita Al Ross, que no seu livro Cartooning Fundamentals (1977), escreve: “Finalmente, eu não posso deixar de enfatizar o valor de carregar um sketchbook o tempo todo. Nele, você pode registrar notas e ideias e, acima de tudo, trata-se de um registro continuo do seu desenvolvimento como artista ou cartunista”. (ROSS, 1977 – em Drawn To Life, p. 134).
Assim chegamos à conclusão que é muito importante, para qualquer artista, manter um caderno de registros e desenhar constantemente. Uma vez que comecei a levar a sério meu sketchbook, lá em 2015, empenheime nos estudos de gesture drawing – tratase de um exercício essencial para qualquer aspirante a artista, qualquer seja a área. Desenho gestual parece ser simples, mas a complexidade do exercício está em apenas retratar o gesto, o movimento da ação; por isso que o principal objetivo do desenho gestual é estudar e facilitar a compreensão da figura humana em movimento, tornando o personagem (seja humano ou não) mais crível aos olhos do espectador.
Figura 25. Pose realizada pela modelo Coco Rocha (1988-) para seu livro Study of Pose: 1,000 Poses by Coco Rocha (Harper Design, 2014). Imagens soltas deste livro também me ajudaram a estudar desenho gestual. Figura 26 e 27. Alguns dos meus estudos de desenho gestual feitos entre 2014-2015, extraídos do meu sketchbook.
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O mais próximo que cheguei do gesture drawing na faculdade foi durante as aulas de modelo vivo, nas quais tive a oportunidade de aprender sobre o poder de versatilidade do corpo humano. Como as aulas de modelo vivo foram bem poucas, mais uma vez tive que recorrer à internet para entender e aprimorar minhas habilidades. Para minha sorte, tem vários sites que oferecem exercícios de desenho gestual com diferentes tipos de poses (corpo, rosto,
mãos, pés), gênero (feminino/masculino), roupas (nus, seminus, roupas e fantasias) e tempos de duração para os exercícios (30s, 45s, 1min ou o quanto for necessário). Os sites que utilizei para estudar foram Quickposes, SketchDaily e o Posemaniacs; e continuo estudando, treinando um pouco de tudo sempre dentro do tempo de 30 segundos até 5 minutos, assim foco mais na linha de ação.
Figura 28. Captura de tela da página incial do site Quickposes (quickposes.com), uma das minhas fontes de referências na hora de estudar desenho gestual.
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Estudar desenho gestual tinha se tornado um hábito para mim e passou a fazer ainda mais sentido quando li o capítulo Body Language de Drawn To Life (2009). Nele, Stanchfield ressalta que desenhar “gestos” é como usar a linguagem corporal, porém é necessário contexto para que dada a situação seja compreendida. Aprendi que com o estudo do desenho gestual é possível concluir que a compreensão dos conceitos aplicados produz um significado para a estória, pois cada gesto que fazemos é utilizado para expressar nossos pensamentos e/ou ações, sendo que estes gestos/movimentos demonstram e definem nosso caráter como intro ou extrovertido, agressivo ou passivo, sensível ou insensível, cômico ou trágico. E, segundo Stanchfield, a forma de um animador ter certeza de o espectador entender (sem dúvida nenhuma) essas
características é através do uso de traços cartunescos, ou melhor, o cartoon – estilo de desenho caracterizado pelos traços exagerados e pouco – ou quase nada realistas. Acredito que se é para encaixar meu traço de desenho seria nesta categoria, porque é meu estilo favorito, nunca consegui seguir a linha realista quando se refere a projetos pessoais. Além desses ensinamentos preciosos, outra coisa que aprendi da animação é a importância de se ater ao tema: quando estamos contando uma estória, tudo no desenho feito deve ajudar a desenvolver essa estória – cada linha traçada precisa levar direto ao ponto. Ou seja, coisas que não são extremamente essenciais para a estória precisam ser descartadas. Para exemplificar, Walt Stanchfield fez o seguinte desenho:
Figura 29. Segundo Stanchfield (2009): “Um exemplo óbvio, mas direto ao ponto.”
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Figura 30. Uso de expressões cartunescas na personagem Mama Odie nos quadros intermediários da animação A Princesa e o Sapo (Disney, 2009) por Andreas Deja3.
Figura 31. Outro exemplo de expressões cartunescas (mostrada no livro Drawn to Life) num quadro do personagem ---, feito pelo animador Milt Kahl.
Apliquei este ensinamento em muitos momentos do processo de produção dos quadrinhos, principalmente ao focar na criação e design dos personagens que mais iriam aparecer e deixar de lado cenários que não fariam diferença no contexto das estórias; também vou contar melhor este assunto nos capítulos a seguir. No final de 2015, percebi que desenvolvi uma paixão em fazer esses quadrinhos e para minha felicidade, também comecei a receber críticas positivas (não só da minha mãe, colegas ilustradores também me incentivaram muito) – tudo isso coincidiu com a época de definir o tema do trabalho de conclusão de curso. Devo salientar aqui que sou feliz de ter escolhido um tema pelo
qual era apaixonada e depois tornei a amar porque não é fácil fazer um trabalho destes, é preciso muito amor e determinação para dar conta do recado. Enfim, uma vez que já tinha definido o tema e consegui uma orientadora que acreditasse no projeto, precisei procurar bibliografia relacionada a quadrinhos. Minha bagagem estava quase inteiramente fundada nos princípios da animação, eu já tinha uma ideia de como fazer quadrinhos graças a referências adquiridas ao ler quadrinhos, mangás, webcomics (histórias em quadrinhos publicadas na internet), mas era necessário que tivesse conhecimento fundado de fato para poder produzir melhor conteúdo neste trabalho.
3 Andreas Deja (1957-) foi pupilo de Milt Kahl. É animador e trabalhou para a Walt Disney Animation Studios por mais de 30 anos.
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Foi durante minha caça às referências em relação a quadrinhos que tombei com a bibliografia do Scott McCloud (1960), quadrinista americano reconhecido internacionalmente pela série Zot! (1984-1991) e seus livros não fictícios como Understanding Comics (1993) e Making Comics (2006), os quais serviram como base para meu aprendizado e melhor desenvolvimento nos quadrinhos Figura 32. Capas dos livros do Scott McCloud utilizados neste projeto.
[inserir imagens dos livros]
Figura 32b. Cópia das páginas 18 e 19 do livro Making Comics (2006), um exemplo de como o autor, Scott McCloud, escreve e aborda o tema “quadrinhos” em suas obras: em formato de quadrinhos.
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Pela abordagem realizada em seus livros, notei que McCloud é um grande defensor dos quadrinhos como uma forma de arte e acho que é exatamente isso o que me chamou a atenção durante minhas leituras. No início de 2016 percebi que minha linguagem estava mudando da animação para os quadrinhos e a ilustração, o que me levou a querer entender ainda mais o porquê desta forma de expressão artística não ser tão levada a sério no meio – vivenciei na pele certo preconceito por parte de pessoas do meio artístico ao dizer que um artista visual pode fazer quadrinhos. Recomendo fortemente que se leia os livros de McCloud mencionados acima, caro leitor; a leitura é fácil, um tanto rápida e em formato de quadrinhos – formato este que dificultou um pouco colocar em parágrafos o conhecimento que adquiri lendo. Aqui irei destacar os elementos chave nas obras de Scott McCloud com os quais me identifiquei e utilizei para dar sentido a este projeto. Aprendi que quadrinhos são uma forma de linguagem, cujo vocabulário consiste em uma vasta gama de símbolos visuais sendo que estes podem ser cartunescos, realistas ou a combinação de ambos. Posso usar como exemplos a Turma da Mônica (Maurício de Sousa Produções, 1959-presente), que possui traços cartunescos porém ainda possui traços realistas de proporção; os
quadrinhos da Marvel (ou insira aqui seu editorial de preferência), cujos traços são em sua maioria realistas e até hiper-realistas e as da Sarah Andersen que são totalmente cartunescas.
Figura 33. Exemplos de estilos de desenho.
A ideia por trás dos quadrinhos é bem simples: para mostrar a passagem do tempo basta colocar uma imagem em sequência da outra, por isso se encaixam na categoria de arte sequencial (a animação também se encaixa aqui). Graças a sequência
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Figura 34. Cópia da página 24 do livro Understanding Comics (1993). Através do uso da obra de René Magritte (1898-1967), McCloud introduz ao leitor o conceito de ícone e começa a abordar o uso deles nos quadrinhos.
visual existente, os quadrinhos substituem o espaço pelo tempo – e essa é a graça deles: em cada vão de espaço, há passagem do tempo e a imaginação do leitor faz o serviço dar vida a essas imagens em sequência. Em Understanding Comics, McCloud (1993) discorre sobre como não sabemos de fato como os quadrinhos surgiram, mas podemos considerar as pinturas rupestres feitas em cavernas como artes sequenciais e explica também que o potencial da arte sequencial dos quadrinhos é ilimitado, porém, muito desvalorizado devido a seu uso limitado
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na cultura popular. Muitos veem os quadrinhos como forma de entretenimento apenas e não como uma forma de se expressar, atingir o público desejado e menos ainda, como uma forma de arte. Além disso, Scott McCloud (1993) defende como vital o lugar dos quadrinhos na sociedade por tratar de uma forma de expressão pessoal, pois oferece muita liberdade de abordagem e controle do conteúdo para o autor e também a possibilidade de se relacionar com o público de um jeito fácil e verdadeiro – podemos
concluir que os quadrinhos têm muito potencial para explorar e de ser explorado pelo meio artístico. Já no livro Making Comics (McCloud, Scott. 2006) consegui fazer uma relação ampla com o conteúdo do Drawn To Life, porque vi os conceitos básicos que tinha aprendido com a animação aplicados nos quadrinhos. Uma das anotações mais importantes que fiz do livro foi a respeito da criação de personagens, segundo McCloud (2006), um bom personagem não pode existir sem ter três qualidades essenciais: uma vida própria − que conte uma história, visão de mundo e desejos únicos; distinção visual – ou seja, o visual físico e de vestuário precisam ser memoráveis; e traços expressivos – tanto de fala e comportamento, ou seja, a personalidade do personagem. Assim temos uma conexão entre o texto de Stanchfield e McCloud: fazendo uso das anotações feitas no sketchbook, é possível criar personagens com histórias, personalidade, etc.... baseados em pessoas do cotidiano. Porém, é necessário se ater ao tema, porque se não a estória pode se tornar bem confusa tanto para o criador quanto para o leitor. Geralmente, estórias e personagens principais com suas personalidades, trejeitos e afins são mais elaborados do que personagens secundários, que são algo superficial, servindo apenas para o leitor identificá-lo.
Finalmente, outro ensinamento que foi essencial para que eu entendesse melhor sobre construção de quadrinhos foram “as cinco escolhas”: momento, enquadramento, imagem, palavra e fluxo. Para McCloud (2006), nós contadores de histórias (sim, podemos nos chamar assim visto que estamos contando alguma coisa) queremos duas coisas do público – que eles entendam o que temos para contar e também que eles se importem o suficiente com a história para a acompanharem até o final. Ou seja, para obter esse comprometimento do público é preciso aprender a comunicar com claridade e também aprender técnicas que podem persuadir o leitor a continuar acompanhando o seu trabalho. Apesar de que se o autor tiver uma história atraente e a contar com o máximo de clareza possível, já terá persuadido seus leitores. Enfim, as cinco escolhas definidas por McCloud (2006) realmente fazem a diferença na hora de criar uma história em quadrinhos. Vou começar pela escolha do momento, que é consiste basicamente em decidir quais momentos serão incluídos nos quadrinhos e quais serão deixados de fora – isto acontece na fase dos primeiros rascunhos, no qual os momentos da história são destrinchados em diversas ações. Somente as ações (ou momentos) extremamente necessárias sobrevivem ao “corte final”.
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A seguir, a escolha de enquadramento é necessária para definir a distância e os ângulos corretos para visualizar esses momentos que escolhemos no passo anterior. É comum o leitor se sentir atraído em momentos que vão mudando, como por exemplo, a posição e a atitude do personagem do que por momentos desnecessariamente variados, com cortes muito diferentes, que são irrelevantes para a narrativa. O próximo nível é a escolha de imagem, que consiste em definir qual o desenho que expresse com claridade o que foi escolhido nos passos anteriores. Junto com a escolha do desenho certo vai também a escolha das palavras que farão parte do diálogo: palavras que passem informação valiosa para o contexto e dialoguem bem com as imagens ao redor delas. Por fim, mas não menos importante, é crucial decidir o fluxo do quadrinho. O fluxo de leitura irá guiar o leitor por e entre o quadrinho: no caso deste projeto, o fluxo começa pela esquerda em direção a direita e depois de cima para baixo. Outra dica importante de McCloud (2006) sobre fluxo é mantê-lo simples e também ter certa padronização entre eles, assim os leitores podem identificar de forma mais rápida que se trata do seu trabalho. É importante também ter certeza que o layout/fluxo escolhido sirva e se adeque a história sendo contada, que foi o que
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eu escolhi fazer: romper as barreiras dos quadradinhos que mantêm as imagens e deixá-las livres no espaço do papel, tornando meus quadrinhos em composições, todas elas sempre muito bem pensadas para guiar o leitor na direção correta. Bom, foram basicamente esses os ensinamentos que me ajudaram a construir o projeto que você vai continuar a ler aqui, não tenho dúvidas que eles elevaram meu trabalho a outro nível, um nível melhor do que algum dia tive. Espero que tenha dado certo. Agora, tá preparado pra acompanhar minha jornada? Soou clichê demais, mas foi isso mesmo. ;) Venha próximo capítulo!
Figura 35. Cรณpia de parte da pรกgina 32 do Making Comics (2006), que mostra um exemplo sobre escolha do fluxo do quadrinho.
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INSPIRAÇÕES E REFERÊNCIAS Como comentei anteriormente, durante a infância tive referencias várias as quais me ajudaram muito a explorar diversos estilos e desenvolver mais meu traço. Porém, quando ingressei na universidade, meu leque de inspirações cresceu e isso se deve à convivência com meus colegas artistas e designers Não foram apenas referências em relação à arte, mas sim a moda, fotografia, cinema, performance, ilustração, animação e outras tantas que sem dúvidas incrementaram e muito meu repertório. Porém, já que meu trabalho é na área de desenho, irei destacar minhas principais inspirações. Aquelas que me marcaram e de alguma forma, inspiraram na elaboração das tirinhas. Cá entre nós, vou te confessar uma coisa: na vida real, sou bastante Dory: sim, ela mesma, a do Procurando Nemo. Meio atrapalhada e esquecida das coisas. Lembra? Se não, abaixo tem uma imagem dela para te ajudar.
Enfim, como sou meio Dory decidi facilitar as coisas para você, caro leitor, e dividir minhas referências em três partes: inspirações artísticas, estilo de desenho e abordagem de histórias e por último, referências visuais. Desta forma, fica bem organizado e rápido de visualizar como minha mente trabalha em relação a essas referências, certo? Beleza, vamos lá.
Figura 36. Imagem promocional de Dory, do filme Procurando Nemo (Disney-Pixar, 2003) e Procurando Dory (Disney-Pixar, 2016).
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INSPIRAÇÕES ARTÍSTICAS Uma das coisas mais legais do curso de Artes é poder ter acesso a toda bagagem sobre história da arte, porque muitos movimentos e artistas foram necessários para o surgimento da arte contemporânea e ainda se mantém atuais o suficiente para servirem de referência para abordagens totalmente diferentes, que é o meu caso. Separei dois artistas que me inspiram muito e pessoas que me conhecem bem sabem o quanto eu gosto de estuda-los. Andy Warhol (1928-1987) é meu artista plástico/visual favorito de todos os tempos. Durante meus anos de graduação fiz vários trabalhos inspirados nos trabalhos de Warhol, o que me levou a estudar a fundo sobre sua trajetória. O que mais gosto nele é a sacada de criticar a cultura de massa através de arte feita com elementos obtidos dessa mesma cultura, fazer a arte mais acessível para as pessoas e ainda ganhar dinheiro com isso. Eram literalmente coisas do cotidiano das pessoas: caixas de sabão em pó, ketchup e cereais, celebridades e figuras pop controversas ou não. O Impressionismo é meu movimento artístico favorito e fiz ballet por muitos anos da minha vida, por isso admiro bastante o trabalho de Edgar Degas (1834-1917). Um dos passatempos favoritos de Degas era retratar o dia a dia de bailarinas e por causa disso fomos agraciados com centenas de retratos muito fieis dos bastidores do ballet.
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Degas, junto com os outros representantes do Impressionismo, me inspiram muito porque libertaram-se da arte considerada clássica e reinventaram a forma de pintar e os temas abordados nessas pinturas.
Figura 37. Lincoln Center Ticket (1967), serigrafia sobre papel, 114x61,2cm, obra de Andy Warhol.
Figura 40. Before and After (1961), caseína e lápis sobre tela, 137,2x177,5 cm. Primeira obra de Warhol a reproduzir uma peça publicitária.
Figura 38. The dance class (1874), óleo sobre tela, 83,5x77,2 cm -- minha obra favorita de Edgar Degas.
Figura 39. Dancer in green (1883), giz pastel sobre papel, 71x37,9 cm. Gosto muito desta obra por causa dos tons pastel em verde.
Figuras 41 e 42. Forninho (2014), impressão sobre cartolina, 42x29,7cm e Instagram (2015), óleo sobre papel, 42x29,7cm. Ambas foram baseadas nos trabalhos e cores de Warhol.
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Andy Warhol também fez filmes. Em 1968 quase foi morto por Valerie Solanas, que atirou no artista três vezes por vingança. Já em 1987, Andy Warhol passou por uma cirurgia da vesícula biliar e tudo correu bem, porém no dia seguinte Warhol vem a óbito.
Figura 43 . Andy Warhol por Robert Mapplethorpe (1946-1989).
Nascido em Pittsburgh em 1928, Andy Warhol era filho de imigrantes eslovacos. Quando criança teve mal de Huntington, sendo obrigado a ficar em casa e se afastar da escola – confinado em casa, começou a colecionar imagens de celebridades, ouvir rádio e desenhar. Mais velho, ingressou na Universidade Carnegie Mellon e graduouse em Design. Após concluir a faculdade, mudou-se para Nova York e trabalhou como ilustrador de grandes revistas como The New Yorker, Vogue e Harper’s Bazaar. Aos poucos foi inserindo peças publicitárias nas suas ilustrações, assim como repetições e cores brilhantes. Ele fez uso da serigrafia para reproduzir várias vezes suas obras como as latas de sopa Campbell, caixas de sabão em pó Brillo entre outros produtos de mercado, celebridades, etc. Dentro da Factory - seu ateliê − Warhol
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Figura 44. Flowers (1964), litografia sobre papel, 58x58,6cm..
Figura 45. Brillo Box (1964), tinta a base de polímero sintético e tinta para serigrafia sobre madeira, 43,3 x 43,2 x 36,5 cm.
Edgar Degas É válido lembrar que seu trabalho influenciou muitos artistas da modernidade como, por exemplo, Pablo Picasso (18811973).
Figura 46. Self-Portrait (1855), óleo sobre papel, 81.5x65cm.
Nascia em 1834, em Paris, o Edgar Hilaire Germain Degas. Vindo de uma família bem abastada, é reconhecido por suas pinturas e esculturas de bailarinas, mas também foi gravurista e fotógrafo. Estudou na École des Beaux-Arts de Paris e formouse como retratista. Degas é considerado impressionista (movimento famoso pelas pinturas ao ar livre e cores mais saturadas) apesar da maioria das suas obras serem internas e sua paleta de cores ter tons pastéis. Dizem que Edgar Degas era antissocial e mal-humorado, portanto nunca se casou e eventualmente foi isolando-se dos amigos. No final da vida, perdeu quase a totalidade da visão, porém continuou a trabalhar em suas esculturas e a vagar sozinho pelas ruas de Paris. Morreu em setembro de 1917.
Figura 47. Dancer (1880), giz pastel sobre papel, 48,9x31,8 cm
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REFERÊNCIAS DE ESTILO E ABORDAGEM Estas duas “categorias” poderiam estar separadas, porém, coincidentemente neste projeto minhas referências em estilo e abordagem caminham juntas. O estilo que estou falando é em relação ao jeito de desenhar do artista e a abordagem é sobre o tipo de quadrinhos que eles fazem, no caso, todos retratam seu cotidiano, pensamentos sobre determinados assuntos, etc. Uma das referências com as quais tive contato primeiro e capturou a minha atenção foram as tirinhas da Sarah Andersen. Uma tirinha surgiu aleatoriamente na minha linha do tempo do Facebook num post de uma página qualquer, mas não tinha nenhuma menção ao nome da pessoa que ilustrava ou o nome da página na qual eram publicadas essas tirinhas. Após algum tempo procurando, consegui encontrar a página de Sarah’s Scribbles. Achei engraçado que me identifiquei com 10/10 das situações retratadas por Sarah em suas tirinhas. O mais legal de tudo é que os traços de Sarah são relativamente “simples” e totalmente cartunescos, e as pessoas que acompanham a página curtem isso. Foi isso o que me deu um empurrão para correr atrás, perder o medo de mostrar meus desenhos − também cartunescos− para outras pessoas e fazer minhas próprias tirinhas. O mesmo que aconteceu com Sarah’s Scribbles, aconteceu com Soppy, de Philippa
Rice. Fui vendo umas tirinhas aqui e ali até conseguir achar a página da artista no Facebook. O que difere aqui é que Philippa retrata o dia a dia do relacionamento com seu namorado, o também ilustrador Luke Pearson. Essa abordagem específica de Rice me inspirou muito a não ter medo de retratar o meu relacionamento e a perceber que muitas pessoas se identificam com isso também. Outra coisa que amo muito do trabalho de Philippa são os traços finos e delicados que em conjunto com sua paleta de cores (preto, branco, vermelho) fica muito bonito, passando o sentimento de amor, aconchego e companheirismo que os seus quadrinhos retratam. Agora, minha maior influência e inspiração em relação ao meu traço atual é sem dúvidas a Frannerd, codinome da ilustradora chilena Fran Meneses. Conheci os desenhos da Fran quando criei minha conta no Instagram, lá no começo de 2015, enquanto procurava ilustradores com os quais me identificasse e pudesse seguir na rede social. A partir do momento em que a encontrei, passei a acompanhá-la também em todas suas outras redes sociais, principalmente o YouTube – onde ela alimenta um canal com vídeos sobre sua vida de ilustradora, dicas, tutoriais e mais. Foi num desses vídeos em que percebi que o meu jeito de aprender a desenhar não era errado: em The Amazing Journey
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of finding Our Own Illustration: Part One & Part Two (a Incrível Jornada de encontrar nosso próprio estilo de Ilustração: Parte Um e Dois, em tradução literal; maio 2014), Fran fala sobre como ela emulou os desenhos de artistas que a inspiram para poder estudar e expandir seus conhecimentos e isso é o que eu sempre fiz e às vezes, a motivo de estudo de pose, pintura, etc., continuo fazendo.
O traço da Fran é delicado, é um pouco mais realista que o da Sarah’s Scribbles e Soppy, mas não deixa de ser cartoon. Acho que posso dizer que é a mistura certa de realismo com cartoon (no caso, mais cartoon que realista) que sempre quis fazer. Fran não faz quadrinhos necessariamente, seus trabalhos são mais ilustrações e composições. O mais próximo de um quadrinho que ela chegou foi em dezembro de 2015, quando publicou seu primeiro livro A Punto de Partir (Reservoir Books, 131 páginas) que consiste em um diário de viagem ilustrado da sua lua de mel. Além disso, ela também faz zines sobre suas viagens e momentos da sua vida.
Figura 48. Captura de tela do vídeo “A Incrível jornada de encontrar nosso próprio estilo de ilustração: parte um”, no qual Frannerd fala sobre como ela encontrou seu estilo de desenho. Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=bl2P0AaT0d0 >
Figura 49. Captura de tela do vídeo “A Incrível jornada de encontrar nosso próprio estilo de ilustração: parte dois”, no qual Frannerd dá dicas para o visitante sobre como poder encontrar um estilo próprio também. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=-pZLD3bOZZw >
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Figura 50. Ilustração da Frannerd (postada no Instagram) que retrata seu cotidiano, na época, ela estava se mudando para Hastings, Reino Unido.
Figura 51. Imagem do livro ilustrado A Punto de Partir (2015, p. 46)
Figura 52. Imagem do livro ilustrado A Punto de Partir (2015, p. 81)
Figura 53. Outro retrato do cotidiano da artista (postada no Instagram).
Figura 54. Pรณs-mudanรงa para Hastings, mais um desenho do cotidiano da Frannerd (postada no Instagram).
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Figura 55. Exemplo de tirinha do Sarah’s Scribbles, publicada no Facebook e outras redes sociais.
Figura 57. Exemplo de tirinha do Sarah’s Scribbles, publicada no Facebook e outras redes sociais. (cachorros <3)
Figura 56. Exemplo de tirinha do Sarah’s Scribbles, publicada no Facebook e outras redes sociais. (Confesso que com essa aqui eu me identifico e muito!)
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Figura 58. Exemplo de tirinha do Sarah’s Scribbles, publicada no Facebook e outras redes sociais.
Foi graças ao trabalho da Fran Meneses que eu consegui desenvolver um estilo próprio e achar um caminho na forma de produzir meus quadrinhos. Tudo o que ela faz me inspira de alguma forma. Acredito que se formos encaixar meu estilo em algum lugar, seria na mesma categoria da Frannerd.
Figura 59. Tirinha feita com caneta e papel pela Deya Muniz para sua webcomic ‘Brutally Honest’.
Outra mulher cujo trabalho me animou a produzir minhas tirinhas é a Deya Muniz. Descobri as tirinhas Brutally Honest graças a uma dica dada por meu colega Gleisson Cipriano (@gleisson_cipriano) em uma postagem no Facebook. Para a surpresa de muita gente, Deya é brasileira, tem 22 anos (minha idade) e tive a sorte de entrevistála para um trabalho de História da Arte e assim como Sarah Andersen, seus traços são mais simplificados e cartunescos, dando prioridade ao contexto da história ao focar em reações e sentimentos sem focar muito nos cenários e em cores (mais uma vez, a paleta se resume a preto, branco e tons de cinza). Em suas tirinhas vemos situações em que boa parte das pessoas pode se identificar e um detalhe que me inspirou muito é saber que até algum tempo atrás,
Deya trabalhava apenas produzindo as tirinhas. Não é demais isso? Gostaria de atingir esse nível um dia. A minha última referência são os quadrinhos do Owlturd Comix, que mais uma vez encontrei pelo Facebook. As tirinhas são feitas por Shenanigansen (shenanigans significa peculiaridades), nome que acredito ser um apelido, pois não achei o nome real do ilustrador por trás do Owlturd Comix. Assim como o resto da minha lista, o estilo de desenho das Comix é bem cartunesco e simples, porém, a principal diferença é que a paleta de cores é mais abrangente, como vocês podem ver nas imagens a seguir. O que me faz gostar de Owlturd Comix são as tirinhas que mostram como é lidar com ansiedade, medo e outros sentimentos e situações que são bem comuns para todas as pessoas. Estas tirinhas também foram importantes na hora de me inspirar para desenhar pessoas aleatórias e retratar como eu lido com a ansiedade. E o que todos eles têm em comum? Novamente, cotidiano. Diversas e incríveis abordagens sobre cotidiano, sentimentos e situações que todos nós alguma vez passamos na vida. Minha eu de dezessete anos esta gritando de emoção ao ver que não preciso me render ao realismo para fazer o que amo!
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Figura 62. Tirinha ‘Brutally Honest’, ilustrada por Deya Muniz e disponibilizada no Facebook e outras redes sociais. Neste caso, o desenho foi feito com caneta sobre papel.
Figura 60. O primeiro boleto que se recebe ao morar juntos nunca se esquece, como retratado aqui pela Philippa Rice para seus quadrinhos em Soppy: os pequenos detalhes do amor (2014, p. 29).
Figura 61. Outro momento do cotidiano de um relacionamento em Soppy (2014, p. 28)
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Figura 63. Tem dias que reclamar é o que temos que fazer, mais uma da série Brutally Honest.
Figura 66. Aconteceu o retratado acima com você também, caro leitor? Outro exemplo do Owlturd Comix.
Figura 64. Exemplo de quadrinho do Owlturd Comix, publicada no Facebook e outras redes. É engraçado ver a interpretação do ilustrador sobre sentimentos que todos costumamos ter.
Figura 65. Deya Muniz sempre varia entre o meio tradicional e o digital para desenhar. Outro exemplo de seu trabalho.
Figura 67. Cheguei a conclusão que as Owlturd Comix retratam como eu me sinto na maior parte do tempo.
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Sarah’s Scribbles Sarah’s Scribbles é uma webcomic criada por Sarah Andersen e publicada desde 2011 em diversas plataformas como Tumblr, Facebook e Instagram. Segundo a própria Sarah, as tirinhas são semiautobiográficas, pois acompanham a vida cotidiana dela e de pessoas queridas ao seu redor, como amigos e até seus animais de estimação. Em março de 2016, a primeira coletânea dos Scribbles foi lançada sob o título “Adulthood is a myth (Ninguém vira adulto de verdade, no Brasil) ” e um ano depois, em março de 2017 uma segunda coletânea com o nome de “Big Mushy Happy Lump (sem tradução em português, ainda) ”. Até o momento no qual escrevo este texto, a página Sarah’s Scribbles no Facebook conta com +2,131,710 curtidas.
Sobre Sarah Andersen Nascida em 1992, Sarah Andersen é ilustradora e cartunista. Formou-se em 2014 no Instituto de Arte de Maryland, morando atualmente no Brooklyn (Nova York).
Figura 69. Sarah Andersen também retrata momentos do seu relacionamento para o Sarah’s Scribbles. Figura 68. Imagem de perfil da página Sarah’s Scribbles até o momento da impressão deste projeto (julho/2017). Infelizmente não encontrei uma fotografia da própria Sarah Andersen para colocar aqui.
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Soppy Soppy: os pequenos detalhes do amor (Fábrica 231, 2014) é uma coletânea de quadrinhos e ilustrações baseados na vida cotidiana de um casal, neste caso, Philippa e Luke. Momentos desde como se conheceram até pequenos detalhes da vida a dois são retratados com muita simplicidade, porém com muita emoção.
Figura 71. Auto-retrato de Philippa, utilizado em todas suas redes sociais.
imgs Figura 70. Philippa Rice em seu ateliê.
Sobre Philippa Rice Infelizmente (ou não?), não há muitos detalhes sobre a trajetória de Philippa na orelha do livro Soppy, nem no site dela e muito menos na internet. Porém, o que sabemos é que se trata de uma artista versátil, pois seu trabalho abrange desde ilustração, animações em stop-motion, quadrinhos até crochê. Nasceu e cresceu em Londres, mas hoje vive na cidade de Nottingham com seu namorado Luke Pearson (que também é ilustrador!) e sua filha (pasme, isso descobri dando uma olhada nos perfis deles no Twitter!).
Figura 72. Outra ilustração de Soppy (2014, p. 102).
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Owlturd Comix As tirinhas de Owlturd começaram a ser publicadas em 2013 e segundo seu criador, o intuito delas é fazer os leitores rir através da identificação com as situações retratadas nas tirinhas. Em Owlturd vemos conteúdo inspirado em sentimentos, momentos diários do autor, etc. As tirinhas estão disponíveis em diversas plataformas, sendo o Facebook o mais acessado com +939,253 curtidas.
Figura 74. Se identifica com essa situação que nem eu? Bom, geralmente é o que acontece comigo.
Figura 73. Não encontrei nenhuma fotografia do ilustrador por trás das Owlturd Comix, além dessa ilustração utilizada por ele em todas suas redes sociais.
Sobre Shenanigansen Shenanigansen é o nome (acredito ser fictício, porque não encontrei o verdadeiro nome dele) do autor das Owlturd Comix. Ele não possui nenhuma formação acadêmica, mas tem trabalhado com quadrinhos há algum tempo. Também, segundo a descrição no seu site, ele e Shen (personagem principal das tirinhas) não são a mesma pessoa, mas são bem parecidos. Figura 75. Sobre se sentir vulnerável e apanhar da vida.
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Brutally Honest Brutally Honest” é o nome que foi dado as tirinhas da Deya. Nelas, encontram-se refletidas momentos da sua vida e também opiniões da artista sobre diversos assuntos/ acontecimentos. Em entrevista concedida a mim em janeiro de 2017, Deya comentou que as tirinhas têm a paleta de cores4 reduzida (branco, preto e cinza) visto a facilidade na hora de desenhar e manter a produção das tirinhas.
Figura 77. Jogar online com pessoas totalmente desrespeitosas não é fácil mesmo. Esta tirinha do Brutally Honest foi originalmente publicada no site WebToon.
Figura 76. Deya Muniz é mais uma ilustradora que prefere um desenho seu a uma fotografia como imagem de perfil nas redes.
Sobre Deya Muniz Nasceu em 1994 na cidade do Rio de Janeiro, porém cresceu e viveu até algum tempo atrás na cidade vizinha de Niterói. Deya é formada em Mídia Digital pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e desde março de 2017 cursa o mestrado em Arte Sequencial na conceituada Savannah College of Art and Design (SCAD – Savannah, Georgia, EUA).
Figura 78. Mais uma situação pertinente a muitos de nós (aceitar e gostar da própria aparência) retratada pela Deya Muniz.
4 Alerta de spoiler: irei abordar minha paleta de cores nos próximos capítulos.
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Frannerd
Figura 79. Apesar de ter fotografias publicadas, Fran Meneses utiliza o desenho acima há quase dois anos como foto de perfil em todas suas redes sociais.
Frannerd é o nome artístico de Fran Meneses, ilustradora chilena que atualmente mora com seu marido Ed Pavez em Hastings, Reino Unido. Fran é designer gráfica por formação, porém ilustração é sua paixão desde sempre. No seu Instagram, ela publica ilustrações sobre seus dia-a-dia, favoritos do mês, etc. Em dezembro de 2015, ela lançou o livro Antes de Partir (Reservoir Books, 131 páginas), que é um diário de viagem ilustrado da lua de mel dela e do Ed. Em breve irá lançar em parceria com Ed (que é escritor) um livro chamado “The Friendship Book”, que aborda a amizade em diversos momentos e situações da vida
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Figura 80. Fanart de Sailor Moon feito pela Fran em 2015.
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Figura 81. Ilustração desenvolvida pela Fran para a Mercedes Benz Magazine em 2014.
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REFERÊNCIAS VISUAIS Durante toda minha vida tive diversos referenciais visuais, a maioria vinda de desenhos e filmes animados, mas acredito que estes que selecionei foram os que mais me influenciaram durante os anos de faculdade e consequentemente, para este trabalho. Chamo de referências visuais porque os estilos de desenho e os temas tratados em cada um deles são bem diferentes dos meus. Eles chamaram e capturaram minha atenção de diversas maneiras, que vou discorrer a seguir. Hoje, Steven Universe (2013-presente) é meu desenho animado favorito. De início o que me chamou a atenção foram as protagonistas femininas. As cores também, sempre muito características através do uso de tons pastéis. Conforme fui me aprofundando, pude notar a temática LGBTQ nas personagens: há Gems cuja forma física remete a uma mulher, porém em nenhum momento é explicitado que tais personagens se identificam com o gênero feminino. E também mesmo tendo um pai presente, Steven -personagem principal- é criado por três gems/mulheres incríveis, fortes e frágeis ao mesmo tempo; não posso deixar de citar outras personagens como Connie, melhor amiga de Steven e uma das garotas mais corajosas e inteligentes já apresentadas na televisão. Isso, além do fato da série ter sido criada por uma mulher e ser exibido no horário nobre do Cartoon Network, é revolucionário.
Steven Universe é meu xodozinho porque aborda temáticas nunca mostradas antes na televisão de um jeito criativo e gentil; personagens e histórias muito bem pensadas e ligadas entre si. O público alvo é de crianças entre 8 a 14 anos, porém posso afirmar com certeza que a idade dos fãs vai além disso. Vale e muito a pena assistir. Prosseguindo a série de revolucionários, tem “Irmão do Jorel” – o primeiro desenho animado 100% criado e produzido por brasileiros a ocupar a grade horária do Cartoon Network Brasil e se encontra em fase de distribuição internacional (América Latina e América do Norte). Criado por Juliano Enrico, Irmão do Jorel me capturou por causa dos seus traços simpáticos e a temática do cotidiano de uma família. Como não amar a Vovó Juju, sempre recomendando os abacates porque deixam o cabelo mais brilhoso? E a vovó Gigi que vive assistindo programas sensacionalistas na televisão? Entre outra série de personagens e histórias com as quais são fáceis de nos identificar. Em entrevista para a Super Interessante, Juliano disse se inspirar em fotos e histórias antigas da sua própria família para criar “Irmão do Jorel”. É notável a semelhança do personagem principal com o seu criador e do Jorel, inspirado no irmão de Juliano, Jor-El (sim, por causa do pai do Super Homem). Apesar das semelhanças com sua vida pessoal, Juliano afirma que a série não
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é autobiográfica. Por fim, Adventure Time (2010-presente) e Apenas Um Show (2010-2017), dois desenhos animados non-sense também da Cartoon Network. Adventure Time é um desenho com personagens antropomórficos e zoomórficos vivendo em um mundo pós-apocalíptico em sua maioria com idade em torno dos 14 aos 20 e poucos anos. Quase todos os episódios têm fechamento, fazem sentido sozinhos – mas ao assistir a trama toda percebe-se que há ali uma história maior. Apesar de seu público alvo ser considerado infantil, vejo Adventure Time inovador porque é o primeiro desenho non-sense em vinte anos que se tornou mainstream de verdade. Bastoume notar as pessoas na rua para chegar a essa conclusão: crianças até adultos tendo e vestindo coisas relacionadas ao universo
de Adventure Time − isso é incrível, acabou tendo um alcance muito maior do que o esperado. E o que me apaixonou de primeira neste desenho foram os traços: entre minhas referências primárias nenhuma delas possuía um estilo que se assemelhasse ao meu; por isso posso dizer que Adventure Time também influenciou em partes do jeito que desenho hoje. Já Apenas Um Show é um desenho em que a maioria dos personagens também são antropomórficos e zoomórficos, porém há presença de humanos e a temática é mais adulta que Adventure Time (a idade dos personagens gira em torno dos vinte e poucos anos para cima). Em Apenas Um Show acompanhamos as aventuras de Mordecai e Rigby, dois amigos de vinte e poucos anos tentando se virar na vida e
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Figura 82. Personagens do desenho 100% brasileiro “Irmão do Jorel” (2014-presente), primeiro a atingir público internacional.
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lutando com o fato de que já são adultos e precisam crescer. Não se tornou mainstream como Adventure Time, mas pessoas da minha idade com certeza se identificam com situações várias que acontecem em Apenas Um Show. E também os traços de J.G Quintel me inspiraram bastante. Para fechar esta lista, vou discorrer sobre Scott Pilgrim (2004-2010). Descobri essa série de quadrinhos um pouco antes da faculdade lá no fim de 2012, confesso que já tinha assistido ao filme, MAS o quadrinho é tão bom quanto. A história é muito boa, retrata como Scott Pilgrim conheceu a sua namorada e como ele tem que lutar para conseguir ficar com ela. Acho incrível a enorme quantidade de referências de jogos que o quadrinho tem e também o traço de Bryan Lee O’Malley. O jeito de ele fazer os contornos dos desenhos é muito interessante, uma mistura de traços grossos com alguns muito finos; remete-me um pouco ao trabalho do ilustrador Adam Hughes. Mas é então? O que eles têm em comum? Todos, de alguma forma, abordam o cotidiano de seus personagens e consequentemente, seus universos. Contudo, todos eles têm o âmbito da fantasia: seja com o uso de poderes especiais, com personagens feitos de jujuba, explorando universos apocalípticos e pósapocalípticos, etc. Mesmo com elementos fantasiosos, de certa forma todos tiveram e foram inspirados
nos cotidianos de seus criadores e isso é gasolina para mim.
imgs Figura 83. Trecho extraído do quadrinho Scott Pilgrim vs. o mundo, no qual o melhor amigo de Scott, Wallace Wells, é introduzido na estória.
Figura 84. Referências a jogos feita nos quadrinhos do Scott Pilgrim.
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Steven Universe Ambientada na cidade fictícia de Beach City, a série retrata a vida diária das Crystal Gems, guerreiras alienígenas com figura humanoide femininas cujas cor-de-peles se baseiam na pedra preciosa que carregam. As Crystal Gems são Garnet, Amethyst, Pearl e Steven, sendo que o grupo tem como missão proteger o planeta Terra de ameaças. Steven, porém, é semi-humano, pois possui a pedra do quartzo rosa, que um dia pertenceu a sua mãe (e líder do grupo) Rose Quartz. Na série, podemos acompanhar Steven aprendendo a manipular seus poderes, aprender mais sobre o seu passado e sua vida humana com sua melhor amiga Connie e seu pai, Greg.
como roteirista e storyboarder na série animada Adventure Time, seu trabalho na série e certos episódios de Aventure Time foram premiados com Emmys. Após um tempo, decidiu abandonar o time de AT para se dedicar a Steven Universe, a qual foi lançada em 2013, é a primeira série exibida pela Cartoon Network a ser criada por uma mulher e hoje se encontra na sua quinta temporada.
criar um selo girlpower para inserir na bio da Rebecca]
Figura 85. Rebecca Sugar.
Sobre Rebecca Sugar Rebecca Sugar nasceu em 1987 em Silver Spring, Maryland, EUA. Estudou Animação 2D na Escola de Artes Visuais de Nova York, após se formar trabalhou
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Figura 86. Pôster promocional da primeira temporada de Steven Universe.
Figura 87. As gems (todas são inspiradas em pedras preciosas) Sapphire e Ruby, que são algumas das personagens principais da série animada.
Figura 88. Nesta imagem temos Steven Universe e sua melhor amiga, Connie.
Figura 89. Os personagens principais da série: Ametista, Garnet, Pérola (de esquerda para direita) e Steven (centro).
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Adventure Time Exibida na Cartoon Network desde 2010 Adventure Time acompanha as aventuras de Finn, o Humano (presume-se que é o último ser humano existente) e de Jake, o Cão (um cão mágico, que pode aumentar seu tamanho, esticar-se e transformar sua forma) na Terra de Ooo, um mundo pósapocalíptico. Eles são melhores amigos e também irmãos adotivos, visto que Finn foi abandonado numa floresta quando recémnascido e resgatado pelos pais de Jake. Finn e Jake são aventureiros profissionais que servem a Princesa Jujuba do Reino Doce e protegem-na e as outras princesas do Rei Gelado, um rei solitário cujo sonho é se casar com uma princesa. Outra personagem principal é Marcelline, a Rainha dos Vampiros, uma vampira meio demoníaca e roqueira, dona da árvore na qual Finn e Jake moram e amiga deles e da Princesa Jujuba. Adventure Time já teve três minisséries focadas em certos personagens, várias histórias em quadrinhos derivadas da série e tem um filme em produção.
Figura 90. Pendleton Ward muito sorridente e feliz.
Sobre Pendleton Ward Pen Ward é roteirista, animador e dublador nascido em 1984 em San Antonio, Texas, EUA. Estudou Character Animation na CalArts (California Institute of the Arts) e antes de se dedicar a Adventure Time, trabalhou como roteirista e artista de storyboard da série As Trapalhadas de FlapJack (20082010).
Figura 91. Finn, o Humano e Jake, o Cão em alguma das aventuras retratadas no desenho animado Adventure Time.
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Figura 92. Rei Gelado, o principal vilão da Terra de Ooo.
Figura 93. Uma das personagens mais interessantes de Adventure Time é Lady Iris, uma iriscórnio (unicórnio voador cuja pele é cor do arco íris) que só fala coreano.
Figura 94. Finn, o Humano interagindo com uma das (muitas) princesas: Princesa Caroço, uma moça dramática com voz grossa.
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Irmão do Jorel Irmão do Jorel é uma série 100% brasileira do Cartoon Network. É exibida desde 2014 e acompanha o cotidiano de uma família um tanto diferente. Porém, a perspectiva da série é o irmão do Jorel, que não sabemos o nome, só é conhecido assim. Jorel é o filho do meio do Sr. Edson e da Dona Danuza, que além dele, tem o Nico (irmão mais velho). As aventuras desta família são cheias de confusão, tem toques de sobrenatural e muitas coisas típicas que se encontram em todas as famílias.
Figura 96. Irmão do Jorel, personagem principal da série.
Figura 95. Juliano Enrico bebendo de um copo-galocha, esta galocha muito parecida à do irmão do Jorel.
Sobre Juliano Enrico Nascido em 1984 em Vitória, Espírito Santo, Juliano Enrico é quadrinista, ator e ex-apresentador da extinta MTV Brasil.
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Figura 97. Vovó Gigi e seu neto, o irmão do Jorel.
Regular Show Exibida desde setembro de 2010 até janeiro de 2017, Apenas um Show (no Brasil) trata da vida dos amigos Mordecai (um gaio-azul) e Rigby (guaxinim), ambos trabalham no parque municipal, dirigido por Benson. A série acompanha as estranhas e sobrenaturais aventuras dos amigos junto com outros personagens recorrentes e também funcionários do parque como Pairulito, Musculoso, Fantasmão e Saltitão. Apenas um Show possui 16 episódios especiais e um filme.
Figura 98. Cena do desenho animado Apenas um Show, ambientado num parque que fica no meio da cidade.
Figura 99. James Quintel também é dublador de Mordecai.
Sobre J.G. Quintel James Garland Quintel é animador, roteirista e dublador, nascido em 1982 na cidade de Hanford, Califórnia, EUA. Foi colega de classe de Pendleton Ward no curso de Character Animation da CalArts e também trabalhou na série As Trapalhadas de FlapJack (2008-2010), porém como roteirista, artista de storyboard e diretor criativo.
Figura 100. Imagem extraída do desenho animado que mostra os personagens principais (Mordecai e Rigby, no centro) e os outros personagens recorrentes.
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Scott Pilgrim É uma série de histórias de quadrinhos sobre Scott Pilgrim, um rapaz de 22 anos que divide apartamento com Wallace Wells em Toronto, no Canadá. Scott é baixista numa banda chamada Sex Bob-Omb e se apaixona por Ramona Flowers, porém, para ter direito a ficar com ela, Scott deve derrotar seus sete ex-namorados. Scott Pilgrim teve sua primeira edição publicada em agosto de 2004. E virou filme (Scott Pilgrim VS. The World, Universal Pictures, 112 minutos) em 2010. Figura 102. Bryan Lee O’Malley.
Sobre Bryan Lee O’Malley Nascido em London, Ontario, Canadá em 1979, Bryan Lee O’Malley é roteirista, quadrinista e artista gráfico. Ele começou o curso de Cinema na University of Western Ontario, porém, desistiu antes de completar. Ganhador de diversos prêmios importantes, entre eles o Eisner Award. Além de Scott Pilgrim, O’Malley publicou outras histórias como Lost At Sea (2003) e Seconds (2014).
Figura 101. Ramona Flowers, namorada por quem Scott precisa lutar, em trecho da história em quadrinhos.
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Figura 103. Trecho do quadrinho que mostra a interação entre Scott Pilgrim e seu colega de quarto, Wallace Wells.
Figura 104. Scott Pilgrim sendo Scott Pilgrim. Vale muito a pena conferir esta história em quadrinhos!
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“PENSO QUE NÃO HÁ NADA MAIS ARTÍSTICO DO QUE AMAR VERDADEIRAMENTE AS PESSOAS.” – Vincent Van Gogh
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DESIGN DOS PERSONAGENS Acho que este é o capítulo mais empolgante deste projeto. Personagens são seres com os quais nos identificamos (ou não, depende de cada um) e sempre, seja qual for a estória, é inspirado em alguém que o autor/artista conheceu em algum momento da sua vida. Como mencionei anteriormente, o exercício de observar pessoas é muito importante e isso é reforçado no livro The Animators Survival Kit escrito por Richard Williams (1933-), diretor de animação do filme Who Framed Roger Rabbit (Touchstone Pictures, 1988). Antes de começar a discorrer sobre luz, peso e outros fatores importantes na produção de uma animação, na seção Why this book? Williams menciona uma frase do diretor de animação da Disney Milt Kahl (1909-1987), um dos Nine Old Men: Uma das coisas mais importantes que Milt disse foi: “nossa animação é diferente de qualquer outra porque é crível”. As coisas têm peso, os personagens têm músculos e nós estamos dando a ilusão de realidade”. (2009, p.5)
O que me chamou a atenção nesse trecho foi o fato das animações, principalmente da Disney, serem de fato críveis. Somos levados a diversos mundos, acreditamos neles, por vezes até nos identificamos com os personagens e aqui esse é exatamente o meu objetivo. Opa, talvez o último trecho tenha sido um pouco confuso. Vou explicar.
A primeira instância, meus desenhos não são em nada comparáveis aos trabalhos dos mestres da Disney. Lógico, os longasmetragens da Disney-Pixar têm um espaço grande no meu coração, Toy Story (1995) está aí para comprovar isso. Mas, o que eu quis dizer com “é exatamente o meu objetivo” foi utilizar a realidade, o meu cotidiano como referência máxima para os desenhos apresentados assim acontece a identificação do leitor com as tirinhas/quadrinhos. Se um dia eu chegar ao nível Disney de criação de personagens e tudo mais, espero mesmo ter a oportunidade de trabalhar no estúdio de animação criando novos personagens (sonhar não custa nada, certo?). Por enquanto, continuo explorando o mundo com minhas tirinhas. E ampliando meu repertório também. Neste trabalho, as personagens as quais me dediquei representam, cada um, um aspecto importante da minha vida durante a faculdade porque comecei a fazer as tirinhas despretensiosamente durante aulas apenas para retratar momentos que gostaria de manter vivos na minha memória por um bom tempo. Agora, vamos nos voltar um pouquinho aos meus personagens. Para este TCC, decidi focar em alguns deles visto que não seria viável fazer um concept e character design para cada pessoa que cruzou meu caminho. Os personagens aqui apresentados
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são aqueles que estão mais frequentemente presentes no dia-a-dia, tirando um ou outro amigo que realmente precisava de uma participação especial, pois não tinha como deixar de desenhá-los. Pessoas aleatórias em geral foram criadas com um design simplificado, apenas para fazerem parte do contexto da estória que está sendo contada. Outro fator importante que preciso ressaltar antes de apresentar meus personagens para você é que, entre aqueles que possuem nome explícito nas tirinhas, nenhum possui o nome real da pessoa em quem foi inspirado. Todos os meus amigos ou familiares retratados nas tirinhas foram consultados antes: “posso te desenhar? É para o TCC! ”. Não fiz questão de deixar os nomes reais ou criar um nome para os que não têm por motivos de: não faz diferença para mim nem para quem está lendo. O que realmente importa aqui é o sentimento, contexto da estória e a identificação do personagem pelo leitor. Por isso, me esforcei bastante no character design daqueles que tem mais participação nos quadrinhos.
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Curious Fact: Nine Old Men Os Nine Old Men (nove anciões, em tradução literal) foram os principais animadores da Walt Disney Animation Studios. Alguns deles tornaram-se diretores em filmes como Branca de Neve e os Sete Anões (1938), A Dama e o Vagabundo (1955), A Espada Era A Lei (1964) e Mogli: O Menino Lobo (1967), por exemplo. Além disso, os nove são responsáveis por criarem e aperfeiçoarem os doze princípios da animação: comprimir e esticar, antecipação, encenação, animação direta e pose a pose, continuidade e sobreposição da ação, aceleração e desaceleração, movimento em arco, ação secundária, temporização, exagero, desenho volumétrico, apelo/ design atraente. Eram eles: Les Clark (1907-1979), Marc Davis (1913-2000), Ollie Johnston (1912-2008), Milt Kahl (1909-1987), Ward Kimball (1914-2002), Eric Larson (19051988), John Lounsbery (1909-1985), Wolfgang Reitherman (1909-1985) e Frank Thomas (1912-2004). Todos foram nomeados Disney Legends, prêmio dado somente àqueles que fizeram uma contribuição extraordinária para a Walt Disney Company.
HUGO: a voz da consciência O primeiro personagem que criei foi Hugo, que “nasceu” em 2012, durante as aulas do cursinho. Nada pretencioso, ele apenas foi surgindo ao decorrer das folhas do caderno e das apostilas: eram pequenos sketches do rosto de um jovem rapaz, cujas expressões refletiam o que eu sentia e em alguns casos, ele ganhava “vida” e fazia comentários a respeito da situação.
Com o tempo, fui me acostumando com ele e decidi desenvolvê-lo. Foi feito magro e alto, vesti-o com camisa vermelha xadrez, calças jeans e tênis. Os cabelos encaracolados são em homenagem à minha mãe. Antes mesmo de ter um corpo inteiro ele já tinha nome: Hugo. Não lembro bem como isso aconteceu, mas se encaixou perfeitamente com os traços do rapaz que eu havia criado.
Figura 105. Na época eu não sabia o que estava fazendo, mas estes são uns dos primeiros estudos de expressão que fiz na vida. Vale notar que estes estudos do Hugo foram feitos na apostila do cursinho, principalmente nos capítulos de exatas.
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Hugo não foi desenvolvido depois disso, mas sempre gostei muito dele. Assim, trouxe ele de volta como companheiro da Fihve, como se fosse um amigo para todas as horas e também como uma voz interior dela. Vejo este personagem como uma personificação do diário escrito que mantenho, pois é nele que descarrego todas minhas inseguranças, preocupações e momentos que desejo manter na minha memória.
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Figuras 106 a 110. As figuras 107, 108 e 110 são os rabiscos que fiz nas apostilas do cursinho (2012), já as figuras 106 e 109 são do primeiro ano de faculdade (2013), uma vez treinando desenho gestual. Hugo era como um companheiro, mas tive que deixá-lo na gaveta por muito tempo pois a correria da faculdade e outras coisas não me davam muito tempo para poder me dedicar a ele. Parei de desenhá-lo em 2014 e só o trouxe de volta quando estava no processo de criar este projeto.
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Figura 111. Buscando uma identidade renovada para Hugo, no final de 2016. É possível notar que meu traço evoluiu (e muito) no tempo que parei de desenhá-lo, mas minha intenção não era mudar tanto o aspecto original de Hugo e sim fazer uma versão melhorada dele com meu traço atual.
Figura 112. Uma vez que decidi qual rostinho me agradava mais, parti para os estudos de expressão e também experimentei desenhá-lo com roupas diferentes à original.
Figura 113. No final das contas, optei por deixá-lo com estilo básico mas ainda fiel às suas características originais: alto, magro, cabelinhos rebeldes quase encaracolados. Esta é a versão em preto e branco.
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Figura 114. Novos estudos de expressão tanto com tons de cinza quanto com a paleta de cores escolhida para o Hugo.
Camiseta R14 - Light Rouge Camiseta R46 - Strong Red Calças B00 - Frost Blue Tênis 110 - Special Black Cabelo B39 - Prussian Blue Olhos E18 - Copper/B39 - Prussian Blue Figura 115. Paleta de cores escolhida para Hugo.
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Figura 116. Versão final colorida. Fiz meu melhor para me ater às cores da minha paleta pessoal com as cores originais dele. Por isso, decidi manter o vermelho da camiseta.
FIHVE: eu mesma Fihve não fazia parte dos meus planos, ela surgiu de repente (como aconteceu com o Hugo) após de um longo período sem produzir rabisco algum. Vale ressaltar que antes da faculdade, eu mantinha um diário escrito pois era uma forma de deixar as emoções saírem. Contudo, com a correria pós-faculdade, acabei deixando esse hábito de lado. E agora, após o surgimento dessa nova personagem, comecei a desenhá-la em situações que realmente tinham acontecido
Figura 117. Um desenho que fiz de mim mesma em no final de 2013. O objetivo era ser o mais fiel a realidade possível, mas o meu traço ainda era duro, estático demais.
comigo. Foi assim que “nasceu” meu diário ilustrado. Porque descobri um traço com o qual me identifiquei, uma personagem com características físicas parecidas com as minhas e inseri tudo isso numa situação que era real, que havia acontecido comigo. Porém, diferentemente de ser um álter ego como Hugo, a mocinha de cabelos azuis tornou-se a expressão da minha verdadeira essência.
Figura 118. Esta é a primeira versão de Fihve com o traço que foi evoluindo e se tornou o meu atual. Ela surgiu numa noite em que estava fazendo trabalho da faculdade e o cansaço já tinha batido, então, para relaxar abri meu sketchbook e desenhei várias coisas aleatórias até que saiu isso aqui.
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Figuras 119 a 122. O sketch da Figura 118 me agradou tanto que foi a partir daí que comecei a me desenhar em outras situações também, sempre retratando sentimentos ou momentos do meu cotidiano. Um ótimo exemplo é a Figura 120, que mostra como me sinto quando preciso arrumar minha mala: não é algo que eu goste muito de fazer, mas acaba sendo uma aventura.
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Figuras 123 a 127. As figuras acima são da época em que já tinha definido o tema do TCC e comecei a ter aulas na faculdade com o Prof. Milton Nakata (final de 2015). Ele me desafiou versões mais realistas da Fihve e as imagens acima são minhas primeiras tentativa; menos a Figura 126, sketch no qual voltei a desenhar com meu traço normal mas que já tinha evoluído um pouco.
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É engraçado que o nome já existia, porém só associei a personagem muito tempo depois, pois @fihve é meu nome de usuário no Twitter (e também em todas minhas redes sociais) desde 2009 e foi uma junção de “Fih” (apelido que uma das minhas melhores amigas me deu” e “five” (o número 5 em inglês, pois 15 é meu aniversário). E era exatamente no Twitter que eu colocava meus pensamentos e opiniões sobre as coisas.
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Conforme eu vou evoluindo, a personagem também – desde a cor do cabelo até personalidade, Fihve é minha alma no papel. É nela que coloco o que sinto, meu modo de ver o mundo e opiniões sobre o cotidiano, sociedade, etc. E é exatamente isso o que eu quero passar para as pessoas: as experiências e aventuras de uma pessoa no seu cotidiano (no caso o meu, tanto aqui no Brasil quanto fora dele), quem sabe elas se identificam com as situações e ainda possa lhes arrancar um sorriso?
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131 Figuras 128 a 131. Em 2016 cortei a franja, por isso a Fihve ganhou novas características. Conforme eu treinava (confesso que treinei muito) para deixá-la com feições mais realistas, o meu traço evoluiu bastante (vide Figura 131) e minha mão foi se soltando também, me permitindo criar desenhos com mais movimento (lembra da Figura 117?).
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Figura 132. A imagem acima representa o mais próximo que consegui chegar do realismo na minha personagem. Eu gostei demais de como ficou e fiquei feliz em perceber que meu traço pode chegar aonde eu quiser, desde que me esforce para isso. Porém, apesar de ser lindo, eu não me identifico com este estilo. Tentei muito me adaptar e adotar este jeito de desenhar para incluí-lo neste projeto mas não consegui e isso me frustrou bastante. Acabei voltando a desenhar do jeito que fazia antes, como nas Figuras 119 a 122, para minha supresa, meu traço original ganhou uma versão melhorada e me identifiquei com esse estilo na hora, como você poderá ver na próxima página.
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Figura 133. Versão final de Fihve em tons de cinza. E aí, gostou ? Espero que sim. :)
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Figuras 134 e 135. Estudo de expressão colorida de Fihve (acima) e um sketch bem sujo de um dia comum em casa.
Fihve é sonhadora, determinada, cheia de ansiedade e inseguranças e apesar da chatice5, bem amigável.
Figura 138. Outro estudo de expressão baseado em fatos reais.
Figura 136. Você lembra da capa deste projeto? Olha aqui ela de novo!
Nariz R20 - Blush Cabelo V01 - Heath Sobrancelhas V04 - Lilac Olhos E15 - Dark Suntan Exclamação BG15 - Aqua Choker B39 - Prussian Blue Figura 137. Uma vez que defini as cores que ia usar no projeto, escolhi a paleta da Fihve e tento ao máximo não usar as cores do cabelo dela em outros personagens, para não gerar confusão.
5 Ninguém além da minha mãe pode me chamar de chata (risos). Te amo, mãe!
Figura 139. Fihve em seu estado natural: exausta (brincadeira).
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BAE: o amor Bae, o parceiro de Fihve, é uma personagem relativamente nova no meu repertório. O plano original não possuía um companheiro, eram apenas momentos da Fihve, aparições de Hugo, amigos próximos ou família. Como foi mencionado anteriormente, comecei a desenhar para expressar meus sentimentos, sejam eles bons ou ruins. E na minha vida real, um relacionamento
começou, porém, não foi diretamente para o papel. Tenho a tendência de me assustar um pouco com meus sentimentos principalmente se forem sentimentos com os quais não tinha lidado antes, e meu relacionamento com Victor foi assim: era algo verdadeiro, saudável, recíproco - percebi que não era algo assustador e de repente me vi fazendo sketches do Bae.
Figura 140. Primeiros sketches do Bae, se me lembro bem, fiz durante uma viagem de ônibus quando percebi que estava com saudades.
Figura 141. Tenho muita dificuldade para desenhar rostos masculinos, imagina só quando fui desenhar um corpo então? Foram muitos estudos de desenho gestual focados somente em figura masculina.
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Figura 142. Mais estudos de corpo. O Victor chamou a minha atenção porque “esses corpos são muito magros e eu não sou assim”.
Figura 143. Estudos de expressão ainda tentando achar um rostinho que fizesse jus ao meu Bae da vida real.
Figura 144. Os dois primeiros sketches eu já tinha gostado, mas ainda faltava o charme “tenho cara de bravo mas na verdade sou muito legal”, que só fui encontrar no último sketch desta sequència.
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146 Figuras 145 e 146. Mais estudos do Bae, uma vez que consegui desenhar o corpo ideal. Na Figura 146, tentei desenhá-lo com pescoço aparente mas não ficou legal.
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Figura 147. O sketch que originou a versão final do Bae. Alto, costas largas e uma barba grande que cobre o pescoço.
Bae, nas tirinhas, já faz parte da vida da Fihve e o relacionamento deles não é explicado em nenhuma delas. As aparições dele são constantes pois mostram momentos do meu relacionamento e como lidamos com certas situações (há tiras em que o ponto de vista é do Bae, baseados em reações que realmente aconteceram); ele representa o amor na sua melhor forma possível e a descoberta de uma pessoa que
me transborda, pois só tem a acrescentar na minha vida. Faço essas tirinhas com o Bae para lembrar dos pequenos momentos e de como coisas simples do cotidiano de um relacionamento podem ser incríveis. Bae (é uma gíria da língua inglesa, que significa namorado/a) é um ser tranquilo, gentil, bastante pé no chão, às vezes reclamão e com uma paciência tamanha para aguentar as ideias de Fihve.
Figuras 148 a 150. Versão final do Bae em tons de cinza e desta vez, com pernas mais compridas e camiseta personalizada do Dota 2.
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Figuras 151 a 153. VersĂŁo final colorida de Bae.
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Cabelo/Sobrancelhas/Olhos BV04 - Blue Berry Nariz/Boca VR61 - Yellowish Skin Pink Camiseta W2 - Warm Gray n°2 Detalhes Camiseta W5 - Warm Gray n°5 Calça 110 - Special Black Língua R20 - Blush Detalhes Extra R43 - Bougainvillaea Detalhes Extra YR65 - Orange Copo BG15 - Aqua Café E18 - Copper Figura 154 (ao lado). Bae e seu companheiro de todas as horas, o café. . Figura 155 (acima). A paleta do Bae colorida quase não difere com a de tons cinza, porque ele basicamente só veste roupas pretas, cinzas, no máximo um azul marinho. Originalmente, os cabelos do Bae eram pretos, mas troquei para o Blue Berry para não ficar tão impactante na hora de interagir coma Fihve e também porque essa cor complementa a cor da Fihve (Heath). Assim como a Fihve, evito ao máximo usar a cor de cabelo dele em outros personagens porque assim tem cores características neles.
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MYLK: a melhor amiga Mylk é uma das personagens que fazia parte do plano, mas demorei muito tempo para desenvolver. Ela é inspirada numa das minhas melhores amigas, a Mylene – por isso mesmo é que Mylk representa a figura da melhor amiga. Conheci a Mylene pelo Twitter e quando nos conhecemos pessoalmente, foi como se fossemos amigas desde sempre. Ela é o tipo de amiga que posso não conversar por dias, meses, talvez anos, mas assim que uma mensagem é trocada ou nos encontremos, é como se nada tivesse acontecido, é a mesma amizade, a mesma cumplicidade. É simplesmente maravilhoso. Ela sempre está aí para mim, assim como eu estou para ela.
Figura 156. Mylk me levou muito tempo para desenvolver porque eu simplesmente não conseguia desenhá-la. Cada rosto saía de forma diferente, até que cheguei nesta versão,
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Figura 157. Uma vez que consegui retratar minha melhor amiga da melhor forma possível, continuei usando o mesmo traço para fazer estudos de corpo e expressão.
Figura 158 (acima). Estudos de expressĂŁo da Mylk em tons de cinza. Figura 159 (ao lado). VersĂŁo final da Mylk em tons de cinza e preto. Alta e magra, pernascompridas assim como os cabelos. e alargadores em ambas orelhas.
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E é essa amizade que tento retratar e passar para o leitor toda vez que a Mylk aparece nos desenhos. Mylk é uma garota de vinte e poucos anos, bem mais alta que a Fihve. Ela tem cabelo rosa, olhos azuis, uma sinceridade cortante (importante para dar uns tapas de realidade quando necessário na Fihve) e um whatsapp liberado 24 horas por dia para sua melhor amiga. Cabelo/Nariz R20 - Blush Sobrancelhas R43 - Bougainvillaea Olhos B04 - Tahitian Blue Camiseta BG15 - Aqua Calça B39 - Prussian Blue Figura 160 (acima). Paleta de cores de Mylk. Figura 161 (ao lado). Um fato curioso é que foi a Mylene quem me fez apaixonar por cabelos coloridos. Tanto que a primeira vez que fiz uma mechinha verde no cabelo, foi ela que me ajudou. Assim sendo, Mylk tem os cabelos cor-derosa, olhos azuis e guarda-roupa básico de jeans e camiseta, mas sua paixão mesmo é a maquiagem, ensinando Fihve tudo sobre os truques de beleza.
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Figura 162. Estudos de expressão baseados já na versão colorida.
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PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS Participações especiais são de pessoas que só aparecem uma ou algumas poucas vezes nas tiras, mas são importantes na minha vida para não serem desenhados com mais detalhes. Como vocês já perceberam aqui a gente trabalha com improviso, portanto, a lista de participações até o fechamento desta edição consta com poucas pessoas, mas você que vai continuar acompanhando as aventuras da Fihve na internet vai ver outras conforme o tempo!
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Alma Como não fazer uma homenagem (mais uma na verdade, ela já deve ter perdido a conta de quantos desenhos dei de presente para ela nestes quase 23 anos de vida #artista # soupobre #desculpamãe) a essa mulher maravilhosa que me trouxe para o mundo, não é mesmo? Pois bem, dona Alma Maria já tinha uma personagem inspirada nela (não fisicamente, era mais a personalidade), planejada originalmente para ser amiga do Hugo. Porém, como o projeto Hugo foi descontinuado, ela também ficou de lado. Então, eis aqui os estudos feitos para desenhar minha mãe: Figura 164. Desenho minha mãe desde que me entendo por gente, por isso fiz uma versão atualizada dela.
Figura 163. Personagem (sem nome) inspirada na minha mãe que fiz no ano de 2013. Ela era para ser uma das melhores amigas do Hugo.
Figura 165. Versão final da minha mãe.
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Figura 166 (acima). Estudos de expressão. . Figura 167 (ao lado). Versão final da Dona Alma. Vale salientar que nas participações especiais nenhum personagem tem versão em preto e branco porque eles aparecem poucas vezes, sendo que essas vezes que eles aparecerem as tirinhas serão coloridas.
Camiseta YR31 - Light Reddish Yellow
Calça B39 - Prussian Blue
Boca YR61 - Yellowish Skin Pink
Tênis BV31 - Pale Lavender
Nariz B20 - Blush
Calça B04 - Tahitian Blue
Olhos E13 - Light Suntan
Detalhes BG15 - Aqua
Figura 168. A paleta de cores da minha mãe foi inspirada em roupas que de fato existem. O cabelo é Prussian Blue para indicar que o cabelo da Fihve é de fato colorido (neste caso, a cor Heath).
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Sol Minha irmã mais nova não poderia deixar de ser retratada aqui. Temos sete anos de diferença e finalmente chegamos num ponto do campeonato em que nos entendemos melhor. Ela é minha parceira e confidente, a pessoa pela qual desde o dia que vi no berçário percebi que iria amar de qualquer jeito.
Figura 169 (acima). Estudos de expressão. Figura 170 (ao lado). Personagem da Sol finalizado.
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Nariz/Boca R20 - Blush Extras R43 - Bougainvillaea Olhos E13 - Light Suntan
Calça W5 - Warm Gray Cabelo B39 - Prussian Blue Boca R20 - Blush Camiseta V01 - Heath Figura 171. Paleta de cores da Sol. Ela possui as mesmas cores de cabelo, nariz e olhos da minha mãe para mostrar semelhança, Figura 172. Estudos de expressão com cores.
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Boro André Boro é um amigo que conheci através do Victor. Decidi desenhá-lo porque era importante para o quadrinho e poxa, é amigo. Não posso deixar de desenhar um amigo querido. Além disso, acredito que ele será recorrente nos quadrinhos com o tempo, visto que vamos a vários eventos na república dele com bastante frequência.
Figura 173. Mais uma vez, minha dificuldade para desenhar rostos masculinos veio à tona. Estes são os primeiros rabiscos que fiz do Boro.
Figura 175. O desenho que inspirou a versão final. Minha prioridade ao desenhar o Boro era estampar, da forma mais clara possível, o quanto ele é gente boa e simpático (e manda muito bem no violão).
Figura 174. Mais estudos do Boro, mas desta vez com direito a guitarra.
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Cabelo E13 - Light Suntan Nariz YR61 - Yellowish Skin Pink Boca R20 - Blush Olhos/Guitarra E18 - Copper
Figura 176 (ao lado). Versão final colorida de Boro. Figura 177. Paleta de cores do Boro, acho que é o personagem que possui mais cores fora da minha paleta pessoal. Mas não tinha como deixar de registrá-lo sem sua guitarra de cor vermelha vibrante.
Guitarra R14-Light Rouge Guitarra R46 - Strong Rouge Bermuda B39 - Prussian Blue Camiseta W2 - Warm Gray n°2 Detalhes W5 - Warm Gray n°5 Detalhes Guitarra 110 - Special Black Guitarra YR31 - Light Reddish Yellow
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Cenários (ou a quase falta deles) No começo deste projeto, pensei seriamente em criar cenários baseados nos lugares que frequento para complementar os quadrinhos, sabe? Ficar com cara de quem sabe o que está fazendo, fingir que sou profissional. Porém, conforme fui criando os personagens, inserindo-os nos quadrinhos, percebi que o foco das minhas crônicas/ estórias estava nos pequenos momentos, nos fatos e sentimentos que eu queria retratar; e esses momentos não precisavam de um cenário por trás para ser completo. Assim sendo, decidi deixar para lá os cenários e focar em composições que transmitissem da melhor maneira possível os acontecimentos. Contudo, caso o acontecimento demande, haverá quadrinhos em que farei cenários mais elaborados. Por enquanto, nas tirinhas que fiz até agora quase nenhuma exigiu cenário que complementasse a estória.
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“APRENDI QUE AS PESSOAS VÃO ESQUECER O QUE VOCÊ DISSE, VÃO ESQUECER O QUE VOCÊ FEZ, MAS AS PESSOAS NUNCA VÃO ESQUECER COMO DE VOCÊ AS FEZ SENTIR”. – Maya Angelou
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PRODUÇÃO FINAL PALETA DE CORES Minha relação com cores começou cedo, graças a minha avó materna que me ensinou a colorir e também, intuitivamente, passou para mim o conhecimento básico em teoria de cores – principalmente a harmonia entre elas, criando assim meu amor por cores complementares. Vale a pena salientar aqui que Yaya (minha avó materna) não tinha estudo prévio sobre cores, o conhecimento veio através do interesse por decoração e nunca irei me esquecer dos tons de azul e prata que alguns dos jantares dela tinham. Conforme fui crescendo, o interesse em design e em cinema trouxe ao meu repertório a noção de estética. Considero bastante a estética das coisas no meu cotidiano e isso acabou se transferindo para minhas criações. Entre os elementos do design visual, a cor desempenha um papel importante. Para discorrer melhor sobre o assunto, vou utilizar como exemplos a poética característica dos filmes de Wes Anderson (1969-) e do desenho animado Steven Universe, ambos são minhas principais referências quanto ao uso de paleta de cores específicas. Cores são importantes porque elas são capazes estabelecer momentos ou sentimentos assim como relações entre objetos diferentes. Em seu artigo Color
Theory and Social Scructure in the films of Wes Anderson, Vaughn Vreeland cita Block (2008, p. 159), o qual fala sobre “estudos mostram que o público possui pouca memória de cores visto a relação entre memória de curto prazo e mídias digitais, assim sendo, certas “dicas” visuais, como brilho, forma e cor podem facilitar a distinção feita pelo observador (Gegenfurther e Sharpe, 2000, p.337) ”. Portanto, através do constante uso de certas cores, tanto Wes Anderson quanto Rebecca Sugar (criadora de Steven Universe) criam uma associação imediata com seus trabalhos. O mesmo acontece com outras referências que citei antes, como as tiras de Deya Muniz, Sarah Andersen e as ilustrações de Frannerd. É notável que o trabalho de cada uma delas é facilmente identificado pelo seu público não só pelo traço característico, mas também pela paleta de cores utilizada. Mesmo que essas paletas se resumam a preto, branco e tons de cinza ou os tons pastel da Frannerd como rosa, lavanda, prussian blue e verde folha. A seguir, paletas características de cenas de filmes de Wes Anderson e da série animada Steven Universe com as quais me identifiquei e indiretamente, serviram de inspiração para minha paleta de cores também.
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Figura 178. Paleta de cores de cena do filme ‘O Grande Hotel Budapeste (Fox Searchlight, 2014)’. Esta cena e este filme são de longe meus favoritos do Wes Anderson, serviram de inspiração para a paleta de cores que eu viria a criar tempos depois de ter assistido ao filme.
Figura 180. Paleta de cores de personagens em cena do filme ‘Os Excêntricos Tenenbaums (BuenaVista Pictures, 2001)’.
Figura 179. Paleta de cores de cena do filme ‘Viagem A Darjeeling (Indian Paintbrush, 2007)’.
Figura 181. Paleta de cores de cena do filme ‘O Fantástico Sr. Raposo (20th Century Fox, 2009)’.
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Figura 182. Paleta de cores do templo -moradia das Crystal Gems- ao anoitecer. Entre as paletas apresentadas nesta página, esta é a que mais se assemelha ao meu esquema de cores (que você poderá ver na página seguinte).
Figura 184. Paleta da Pérola cantando durante o episódio “Mr. Greg (8° episódio da 3° temporada da série, 2016)”.
Figura 183. Paleta da Empire City, a qual aparece no episódio “Same Old World (3° episódio da 3° temporada da série, 2016)”.
Figura 185. Paleta de cores em cena do episódio “Steven’s Birthday (23° episódio da segunda temporada da série, 2016)”.
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Sabendo disso, escolhi minha paleta de cores baseando-me na facilidade e rapidez na hora de produzir as tirinhas. Quando comecei a produzir as tirinhas não tinha muito tempo de focar em muitos detalhes e uma infinidade de cores, priorizei os gestos e emoções que gostaria passar para o leitor. Para o TCC e o projeto que irá continuar depois da faculdade, decidi então continuar nesse esquema. Porém, há vezes que minha criança interior gosta muito de colorir os desenhos, por isso que também existem versões dos quadrinhos que fogem do preto, branco e tons de cinza. Mesmo assim, explorei muito para chegar numa versão de paleta de cores que seja coerente com meu estilo, personalidade e realmente me represente ante o público que estará lendo. Também levei em conta em que meio iria fazê-las, portanto, a paleta existe no meio tradicional e no digital, visto que são cores do catálogo dos marcadores Copic Sketch e Ciao
W0 - Warm Gray n°0 W2 - Warm Gray n°2 W5 - Warm Gray n°5 110 - Special Black
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B00 - Frost Blue B04 - Tahitian Blue B39 - Prussian Blue BG15 - Aqua BV04 - Blue Berry BV31 - Pale Lavender E15 - Dark Suntan E18 - Copper R20 - Blush R43 - Bougainvillaea R46 - Strong Red V01 - Heath V04 - Lilac Y19 - Napoli Yellow YR31 - Light Reddish yellow YR61 - Yellowish Skin Pink Figura 186 (ao lado e acima). Paleta de cores que defini para este projeto. Os tons de cinza e preto não tive que pensar muito porque eram os que tinha em casa. Já as cores acima eu levei um tempo considerável para decidir: graças ao vídeo da Frannerd consegui aceitar que tons pastel são mais a minha cara na hora de produzir quadrinhos porém não pude deixar de lado algumas cores mais vibrantes, que me remetem à infância, para dar aquele contraste (como o Strong Red e o Napoli Yellow.
Pode notar que a minha paleta é basicamente de cores complementares em tons pastel com toques de uma cor brilhante aqui e ali. Como cheguei nisso? Bom, não tem muito segredo: ao ir fazendo testes de cores em meus personagens e também nos quadrinhos, percebi que cores saturadas não constrastam por cima de cores saturadas. Eu gosto bastante de contrastes, mas sendo bem sutis. Um dia estava assistindo o vídeo “My favourite copic markers (meus marcadores favoritos da copic, em tradução livre)” de Frannerd sobre cores e marcadores, nele sugeriu o uso de tons pastel junto com algumas cores mais saturadas e identifiquei-me na hora.
O que faltava, por fim, era definir cores que pudesse relacionar a mim e a minhas histórias. Confesso que não foi fácil chegar nesse resultado e acredito que conforme o tempo for passando a paleta vai mudar e evoluir como o Pokémon que sou, porque acontece né? E outra, como foi definido fazer todas as tirinhas no meio tradicional, tive que passar a fazer os testes com o material certo. Isso significou investir em marcadores e em papel específico para marcadores, o que não foi fácil adquirir porque uma coisa é ver a cor pela tela do computador e outra é ver essa cor sendo aplicada no papel, ali, ao vivo. Nem sempre dá certo.
Figura 187. Captura de tela do vídeo da Fran, no qual ela mostra um pouco da sua paleta de cores e seus marcadores favoritos.
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Vejam bem, os marcadores que utilizei para colorir os quadrinhos são da Copic e eles são vendidos somente online. Por isso a dificuldade, mas, após algumas tentativas cheguei ao resultado que mostrei anteriormente. Outro fato importante é que, quando coloridos, os personagens geralmente não têm a cor do cabelo fiel à cor da pessoa que está inspirado. Roupas e cenários possuem cores mais neutras (cinzas/preto/branco ou cores complementares entre si) porque não é o foco deste trabalho detalhá-los, a não ser que seja necessário para o contexto da estória.
Figuras 188 a 190. Foram muitos, mas muitos mesmo, testes de cores até chegar na versão final.
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Figura 191. Testes de cores, quase definindo por completo a paleta oficial utilizada no projeto.
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Produção dos Quadrinhos Agora, vamos ao que interessa: como raios eu fiz esse monte de quadrinhos? Escrever aqui é muito mais fácil do que foi na prática. Mas vamos lá. A ideia original era fazer os quadrinhos no digital. Claro -como boa pessoa apegada ao meio tradicional que sou- o sketch inicial (aquele mesmo, feito às pressas para não perder ideias) era produzido no meu sketchbook para depois tirar uma foto dele e usar como base para detalhar e finalizar no Autodesk Sketchbook. Você pode estranhar um pouco que eu não use o famigerado Adobe Photoshop,
mas, decidi não usar o Photoshop por questões de afinidade – acredito que não me dou bem com a plataforma e ainda tenho muito a aprender. ;) Apesar de ser muito utilizado por ilustradores, o Photoshop na verdade é um programa de edição de fotos. Já o Sketchbook, criado pela Autodesk, é um aplicativo exclusivamente para desenho e o que me levou a escolhê-lo como plataforma digital para desenhar foi o seu design intuitivo, inúmeros tutoriais disponíveis no blog do aplicativo e o catálogo de cores da Copic.
[mostrar esse processo]
Figura 192. Fotografia do meu sketchbook.
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[inserir telas do sketchbook]
Figura 193. Captura de imagem da tela do meu Autodesk Sketchbook. No canto direito pode-se notar o esquema de cores da Copic, também há o editor comum de cores e ao lado esquerdo da tela há a biblioteca de pincéis; acima, a barra de ferramentas. O layout deste programa me resultou mais intuitivo que o Adobe Photoshop.
Ter uma plataforma digital exatamente com as mesmas cores que eu tenho na vida real facilita e muito as coisas. Mas aí vem a parte triste: os testes no digital não deram certo. Quer dizer, deram certo, mas não gostei do resultado. Faltava alguma coisa naqueles quadrinhos que simplesmente não eram a minha cara. Claro, no digital tudo ficava muito mais bonito e profissional. Na minha singela opinião, ao passar os desenhos para o digital, em alguma parte do processo
acabei perdendo a minha “essência”, a minha “assinatura”. Apesar de ficar tudo mais bonito, no digital eu demorava muito mais tempo que no tradicional para produzir uma tirinha do começo até o fim. Mais uma confissão: a possibilidade de dar CRTL+Z e poder modificar quantas vezes necessário o que eu quisesse modificar me deixava ainda mais indecisa, levando assim mais tempo para decidir e finalizar os quadrinhos.
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Figura 194. Sketch da Fihve em uma versão anterior à final.
Figura 195. Desenho digital do sketch da figura anterior.
Tive medo. Quase (diria que eram 99,9%) todos os trabalhos de conclusão de curso na área de quadrinhos que tive a oportunidade de assistir tinham sido produzidos e finalizados digitalmente. Quem sou eu para ir contra a corrente? Conversei com amigos ilustradores, com pessoas que já trabalham na área de criação de personagens e finalmente, com a minha orientadora e todos me disseram a mesma coisa: vai em frente, faz no tradicional. Como vocês já devem ter percebido, assim o fiz. Após essa experiência, continuei fazendo os sketches iniciais no sketchbook,
os polimentos e a versão final no papel. Mas desta vez, esses testes foram realizados no papel certo, não adiantava nada eu finalizar no meu próprio sketchbook sendo que não seria o resultado ideal. Comprei mais Copics de acordo com a minha paleta de cores e também canetas nanquins à prova de Copic, as famosas Multiliners. Sim, uma caneta nanquim normal borra em contato com o marcador. E lógico, papel para marcador – qual a diferença entre este papel e um off set 75g/m2? Simples: é bleedproof, a prova de vazamentos. Devido ao meu orçamento não seria possível bancar o bloco de folhas da própria
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Figura 196. Teste de tirinha no digital.
Figura 197. Teste de cores digital do personagem Bae.
Figura 198. Lembra da Figura 135? Eis aqui sua versĂŁo no digital.
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Copic (muito dinheiro para um bloquinho de 20 folhas), então acabei adquirindo o Marker, da linha XL da Canson. Serviu mais do que bem e são elas que utilizei na produção das tirinhas.
Não há roteiro, geralmente algo muito legal precisa acontecer no meu cotidiano para que eu anote o feito em meu sketchbook ou num papel qualquer, para não esquecer. Após ter a ideia inicial, faço thumbnails rapidinhas só para decidir como vou utilizar o espaço do papel A4, ou seja, faço testes de composição.
Figura 199. Imagem do bloco de papel Marker utilizado neste projeto, pertencente a linha XL da Canson; tamanho A4, 70g/ m2.
Vou bancar a Ana Maria Braga aqui, então vamos à receita do meu bolo! (não garanto que irá funcionar pra todo mundo, mas pelo menos serve de guia). Para ser mais fácil de compreender, vou utilizar como exemplo um quadrinho que já foi produzido.
Figura 200. Imagem representativa das canetas Copic Multiliner SP em cor lavanda.
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Figura 201. Thumbnails feitas para o quadrinho com a participação do Boro. .
Após decidir qual a composição que melhor expressa e retrata a história, faço um sketch bem simples dele já ocupando a folha A4 do sketchbook, deixando um a um e meio centímetros de margem, para dar respiro. O respiro serve para o leitor não sentir como se estivesse tudo apertado, acumulado no papel.
Geralmente, fazer um sketch “sujo” me leva em torno de 10-15 minutos. Depois desse primeiro rabisco, costumo redesenhar a composição em uma nova folha do meu sketchbook, do mesmo jeito que fiz no primeiro sketch “sujo”, porém com o mínimo de falhas possível para poder finalmente passar a limpo no papel para marcador.
Figura 202. Após escolher qual composição feita no thumbnail transmite melhor a estória, vem o primeiro sketch sujo,
Figura 203. Após o sketch sujo, costumo passar a limpo o desenho em outra folha do meu sketchbook.
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Há vezes que faço algumas alterações no desenho original nesta fase da produção, mas só acontece quando tem coisa que não me agrada por completo – também costumo definir os diálogos (99% do tempo apenas transcrevo as falas como aconteceram, 1% preciso dar uma alterada por causa de eventuais palavrões), estes sendo em inglês porque viso atingir público internacional. Esta fase me leva em torno de duas a três horas.
Figura 205. Tirinha finalizada, já colorida (vale lembrar que essa aqui acabou não sendo a versão final, mas você poderá ver como realmente ficou mais para frente).
Figura 204. Passo a limpo o desenho mais uma vez, mas no papel XL Marker para poder colorir. No caso desta tirinha, houve alterações de última hora, portanto, tive que redesenhála em outra follha do bloco XL Marker.
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Por fim, passo o sketch a limpo no papel XL Marker. Vale lembrar que faço isso primeiro a lápis e depois finalizo com os marcadores e canetas específicos. Para finalizar o desenho, primeiro trabalho o preenchimento com cores escolhidas de acordo com o contexto da história, como explicado anteriormente. Após preencher os desenhos, parto para os contornos com as Copic Multiliner em cor Lavanda, variando as pontas entre as numerações 0.05 até a 0.5. Me inspirei nos trabalhos e na técnica do ilustrador Adam Hughes (1950-) para fazer esses contornos: os exteriores mais grossos que os internos. Veja os exemplos:
Curious Fact: Adam Hughes (1950-) Adam Hughes é quadrinista e ilustrador nascido em Nova Jersey, Estados Unidos em 1950. Conhecido por suas estilizações de mulheres pinups já trabalhou como artista para publicações como Wonder Woman e CatWoman da DC Comics entre outras da Marvel Comics, Warner Bros. Pictures, Lucasfilm, etc. Algumas inspirações de Hughes são os trabalhos de artistas como Norman Rockwell (1894-1978) e Alphonse Mucha (1860-1939).
[inserir desenhos do AH]
Figura 206. Ilustração para a capa da “The Essential Wonder Woman Encyclopedia” (Del Rey, 2010).
Figura 207. Design feito para estátua da Hera Venenosa da DC Comics, 2010.
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Para disponibilizar online, tentei primeiro escanear as imagens através da impressora em casa. Porém, o scanner tira bastante qualidade e cores do desenho tradicional; desta forma, optei por tirar fotos dos quadrinhos com a câmera Nikon D5100:
prendi os quadrinhos em uma prancheta, encostei na parede branca e com uma boa iluminação, capturei e editei levemente (cortei bordas e ajustei brilho) as imagens para finalmente fazer upload na minha página web, Instagram e redes sociais.
Figura 208. Captura de tela do site em versão para celulares.
Figura 209. Captura de tela do meu perfil no Instagram.
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Bônus: Bebês Feios e Testes Se me lembro bem todas as fases deste projeto tiveram diversos testes. Como pessoa indecisa que sou, precisei explorar todas as opções que tive ao meu alcance. Além disso, levei muito a sério um ensinamento que aprendi num workshop que fiz com a dupla Marmota VS. Milky (@ marmotavsmilky): “não se apague ao bebê feio, sempre explore as possibilidades”. Bebê feio é o primeiro sketch realizado num projeto. Sabe aquele primeiro rabisco? Então, eu era muito apegada aos meus bebês feios. Eram raras as vezes que ia além dele, explorando outras opções e aperfeiçoando conforme minhas vontades. Portanto, imagine você quando fui desafiada a desapegar dos meus primeiros sketches? Foi difícil, mas realizei todos os testes possíveis. Você já viu meus testes com os personagens, então não vou repetir isso.
Vamos focar agora nos quadrinhos. Para chegar no formato que está vendo foi uma longa jornada de testes até chegar em algo que eu gostasse e as pessoas também. O papel definido no começo (Canson XL Marker) permaneceu o mesmo durante todo o processo, o que mudou foram as canetas e cores para colorir. Acho que o mais difícil foi definir que canetas usar para os contornos. Apesar de todas as canetas serem lindas, não dá para ficar usando uma espessura em um desenho e outra totalmente diferente depois, deixa de existir um padrão e às vezes isso acaba confundindo o público. Comecei meus testes com uma Pentel Pocket Brush emprestada do Victor, ele sugeriu que meus trabalhos ficariam interessantes com esse tipo de caneta com ponta pincel. Bom, testei e deu nisso aqui:
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Figura 210. Primeira tirinha teste com a Pentel Pocket Brush.
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Figura 211. Outro teste com a Pentel Pocket Brush.
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Figura 212. Testes com a nanquim 0.8 da Faber-Castell e uma Fihve de cabelo roxo ainda com contornos da Pentel Pocket Brush.
Ficou bacana, mas é visível minha falta de experiência com esse material. Infelizmente, não tive tempo suficiente para me soltar e acostumar com uma pocket brush. Além disso, não gostei muito dos traços mais grossos. Então resolvi experimentar outros materiais e técnicas. O próximo teste foi com uma caneta nanquim 0.8 da Faber-Castell. Ficou bem legal, gostei muito mais do resultado. Identifiquei-me mais com traços mais finos e delicados, mas o problema com esta caneta é que ela não é a prova de Copics, ou seja,
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em contato com os marcadores ela acaba borrando um pouco, deixando o trabalho com um aspecto desleixado. Por mais que meus desenhos sejam simples, minha exigência é que a finalização fosse a mais bonita possível. Logo que me identifiquei com os traços mais delicados de uma caneta nanquim, tive que investir nas Copic Multiliner e nas Copic Multiliner SP (a diferença entre elas é que a Multiliner é caneta recarregável e a SP não) para poder usar os marcadores sem medo de borrar.
Figura 213. Outro desenho com teste da nanquim 0.8 da Testes com a nanquim 0.8 da Faber-Castell
Figura 214. Um dos primeiros testes com a Copic Multiliner SP cor lavanda. .
Apesar de gostar muito do preto clássico para contornar, me aventurei na cor lavanda para este projeto. No kit que comprei vieram quatro canetas: 0.05, 0.1, 0.3 e 0.5, as que mais usei foram a 0.3 para contornos internos e a 0.5 para externos. Foi uma compra arriscada, mas não é que combinou direitinho com a paleta de cores que uso e com a minha personalidade também? Amei demais.
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Figura 215. Teste de tirinha com cores e a nanquim 0.8 da Faber-Castell.
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Figura 216. Teste com cores e a Copic Multiliner SP cor lavanda.
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Figura 217. Desenho da Figura 213 com cores e a tentativa falida de usar a Pentel Pocket Brush.
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Junto com os testes de contorno, fiz também testes de leitura com a ajuda de vários amigos (obrigada eternamente, pessoas!). Uma coisa que aprendi na aula de Ilustração com o Prof. Nakata é que para mim, a organização/ composição do quadrinho pode fazer todo sentido porque já estou contaminada com a ideia; por isso é mais do que preciso mostrar o quadrinho para outras pessoas, de preferência que não conheçam a sua ideia, para ver se é fácil de entender e faz sentido na cabeça dos outros também. Por isso, conforme os testes com canetas aconteciam, fui mostrando os quadrinhos aos meus colegas de curso, familiares que não entendem muito bem o que eu faço ainda, os colegas ilustradores e até pessoas aleatórias andando pelo campus da faculdade. Para minha felicidade, os feedbacks eram somente positivos. Obtive também
várias sugestões para dar umas melhoradas aqui e ali, vários sorrisos e risadas, só coisa boa. Isso me faz uma super profissional dos quadrinhos? Claro que não. Mas o que é importante ressaltar dessa experiência aqui é que atingi meu objetivo principal: arrancar sorrisos e conseguir que as pessoas se identifiquem com as situações. Foi muito divertido ver a reação das pessoas e descobrir que estou no caminho certo ao produzir estas tirinhas. Minha gratidão eterna a todas as pessoas que toparam ler a versão teste dos meus quadrinhos, obrigada pelo incentivo!
Figura 219. Cauê, o aniversariante e Lu, sua namorada e nutricionista.
Figura 218. Gabriel Potter, amigo, designer e fotógrafo profissional.
Figura 220. Sim, levei minhas tirinhas até numa festa de aniversário para o pessoal ver e dar suas sugetões.
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FORMATAÇÃO E DISPONIBILIZAÇÃO DO PROJETO Mostrar meus desenhos (nem que seja apenas para minha mãe) sempre foi algo complicado, o motivo principal era não os achar bons suficientes, vergonhosos. Tanto que não tinha o costume de guardá-los – se não fosse dona Alma, eu não teria trajetória nenhuma no desenho para mostrar. A vergonha continuou nos primeiros anos de faculdade, mas graças aos empurrõezinhos dos meus amigos e colegas consegui arranjar coragem e após conseguir comprar meu primeiro smartphone, me aventurei a postar os desenhos no Instagram. Como mencionei anteriormente, as tirinhas sobre o cotidiano foram descobertas pela minha amiga Ohana e ela me incentivou muito para me dedicar mais a produção e também publicar isso online; desta forma minhas crônicas do cotidiano começaram a serem publicadas no Instagram e para minha surpresa, só tive respostas positivas, pois muitos se identificaram com as situações. Graças ao incentivo dos meus amigos e de pessoas que curtiram meus desenhos nas redes consegui ter coragem de tornar um projeto pessoal neste trabalho de conclusão de curso. Para tornar este trabalho ainda mais bonito e oficial, decidi dar um upgrade nas publicações, que vou explicar a seguir.
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O SITE E O CÓDIGO QR Acredito que construir o site para disponibilização final dos quadrinhos foi a parte menos complicada de realizar para este TCC. Para minha sorte, uma das matérias que tive que fazer no meu último semestre era Web Arte, na qual é preciso entregar um site como trabalho final – sendo que este site pode ser relacionado ao TCC se necessário. Desta forma, uni o útil ao agradável e cá estamos nós. Mas imagino que você deve estar se perguntando... por que essa moça foi inventar de disponibilizar as tirinhas num site ao invés de imprimir as tirinhas e publicálas num livro/quadrinho? Bom, o motivo é simples: como eu já publicava algumas páginas do meu diário-ilustrado no Instagram bem antes dele se tornar este trabalho de conclusão de curso, decidi manter essa forma. Pretendo publicar novas tirinhas no fihve.com toda semana, e também em todas as outras redes como Facebook e Instagram pois através das redes sociais o meu trabalho se torna muito mais acessível para todos, visto que o conteúdo pode ser acessado por qualquer pessoa que um celular, tablet ou computador – sendo esse visitante um cliente em potencial ou uma pessoa comum que curtiu o que viu e se identifica com aquilo, podendo entrar em contato comigo direto pelo site.
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Assim sendo, para facilitar as coisas (tenho uma noção básica de como mexer com HTML e webdesign no Blogger e Wordpress, são bem complicados e eu não teria muito tempo para me dedicar a criar um código e um blog do zero) escolhi a plataforma do Tumblr para utilizar como servidor. Tumblr é uma rede social na qual basta um cadastro simples que seu nome de usuário vira o link do seu blog e está pronto para usar. Uma vez feito o cadastro, é possível alterar o layout do blog através de templates, estes disponíveis no próprio Tumblr, podendo ser gratuitos ou pagos, depende da qualidade do design e a finalidade.
Figura 221. Captura de tela da página inicial do Tumblr, no qual pode-se cadastrar ou iniciar sessão.
No meu caso, escolhi um template com design responsivo (ou seja, cuja visualização esteja disponível para qualquer tipo de dispositivo: celular, computador, tablet, etc.) e formato de portfólio. O nome original do template é Young Blood, foi originalmente codificado por Stash Themes e é gratuito para download.
Escolhi este template pelo estilo clean, pois deixa os posts em evidência e links de sobre, contato e redes sociais de fácil acesso para o visitante. As mudanças significativas que fiz neste layout foram a sidebar personalizada com um desenho da Fihve dando boasvindas ao visitante; cores (mudei do preto para tons de roxo, lilás e rosa) de acordo com a paleta de cores utilizada nos quadrinhos e coloquei os links para minhas redes sociais.
Figura 222. Captura de tela do template “Yound Blood” do Stash Themes. Este template é altamente customizável, o que ajudou muito na hora de escolhé-lo. Disponível em: < http://youngbloodtheme.tumblr.com/ >
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Após finalizar os retoques, comprei meu domínio (o fihve.com) por R$ 19,90 no SuperDomínios e registrei no Tumblr.
Fica muito mais fácil e prático o visitante lembrar do fihve.com do que fihve.tumblr.com.
Figura 223. Captura de tela da primeira vista que o visitante tem na minha página web.
Figura 224. Captura de tela da minha página web ao clicar no menu esquedo, abre-se uma sidebar.
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Para tornar este projeto ainda mais fácil de acessar, decidi criar um código QR (do inglês: quick-response, “resposta rápida” em tradução livre) que é um código de barras bidimensional que, quando escaneado por um celular com câmera e um aplicativo leitor de código QR, torna-se acesso direto a páginas web, conteúdos interativos de marcas/empresas, mapas, contato via e-mail ou mensagens de textos, entre outros.
Neste caso, o meu código QR tem link direcionado a minha página web (fihve. com). Para criá-lo, utilizei o site QR Code Generator (br.qr-code-generator.com), no qual não precisa de cadastro e basta escolher que tipo de conteúdo o código irá direcionar e clicar no botão “criar código QR”. Caro leitor, você poderá acessar o meu site através do código QR disponível no próximo capítulo deste projeto.
Figura 225. Captura de tela do site QR Code Generator, no qual é muito simples criar um código QR.
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O ARTBOOK É importante esclarecer também que a versão física que está em suas mãos foi planejada da melhor maneira possível. Visto minha paixão pela animação, me inspirei nos artbooks (“livros de arte”, em tradução livre) de alguns dos meus filmes favoritos (veja bem, esses livros não são os mais baratos da livraria, portanto, só tenho acesso àqueles que pude comprar) e de uma artista sensacional: Festa no Céu (2015), Moana (2016) e a ilustradora Loish (@loisvb). Tanto nos livros de Festa no Céu e Moana exploram como surgiu a ideia para os filmes, seguido da construção dos personagens e cenários, passando pela paleta de cores e o resultado final. Já no da Loish, ela aborda desde os primeiros momentos (desenhos da época da escola, conhecimentos adquiridos durante a faculdade, etc.) até a atualidade da sua jornada artística, incluindo tutoriais de pintura digital no final do livro. Assim, me baseei nessas referências para fazer a distribuição de conteúdo deste trabalho: formal sem deixar de mostrar a essência pessoal que o projeto possui.
Figura 226. Capas dos livros nos quais me inspirei para formatar este projeto. The Art of Moana (Chronicle Books, 2016), The Art of Loish (3D Total Publishing, 2016) e Art of the Book of Life (Dark Horse Books, 2014); de cima para baixo, respectivamente.
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Para a diagramação e impressão final, também foi intencional entregar um artbook para vocês. Afinal, é um livro que contém minha arte e explora a minha trajetória na realização dos quadrinhos que serão apresentados aqui. Uma vez que os quadrinhos são feitos no papel, o artbook também foi impresso no papel “comum” (mas resistente e com acabamento bonito) por lembrar meus primeiros sketchbooks feitos com papel colorido. Tem o formato A4 vertical e capa dura por também lembrar o formato de graphic novels/quadrinhos, livros pelos quais sou apaixonada e se tornou um vício colecionar novas histórias cada vez que tenho um dinheiro para gastar. ;) E por último, a capa apenas possui o desenho da personagem e o nome-título deste projeto para dar a sensação de possuir o meu diário ilustrado em suas mãos.
Figura 227. Capa da graphic novel ‘Força’ (Maurício de Sousa Produções, 2016).
Figura 228. Capa da graphic novel Hora de Aventura, Edição Matemática (Panini Books, 2016).
Porque “FIHVE”? Não vou me demorar muito aqui porque a resposta é simples: porque sou eu. Confesso que esta resposta foi a último parágrafo que escrevi deste projeto (sim, até a conclusão final veio antes disto)... porque pensei muito. Pensei até demais, mas a resposta estava bem na minha frente esse tempo todo: Fihve começou como um nome de usuário de Twitter, que evoluiu para um projeto pessoal e conclui sendo minha faceta artística, aquela que pretendo levar de agora em adiante para minha carreira. Acho que nenhum outro nome faz jus a este projeto como Fihve, porque nestas páginas tentei estampar quem sou de verdade.
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RESULTADOS Imagino que a essa altura do campeonato você deva estar se perguntando, “mas é aí? Falou tanto de como fez e tudo mais, cadê o resultado final? ”. Meu caro leitor gostaria muito que neste momento um monte de arco-íris e unicórnios voassem para fora da página, jogando glitter para todo lado fazendo desta introdução mágica e incrível. Já que isso não vai ser possível, apresento com a maior felicidade do mundo os meus quadrinhos. Espero do fundo do meu coração holográfico que você goste: Lembrando que para ler mais quadrinhos, basta acessar os seguintes links ou ler o código QR com o seu celular, que irá te redirecionar diretamente para o site: http://instagram.com/fihve http://facebook.com/fihve http://fihve.com
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CONCLUSÃO Honestamente? Não sei o que dizer apenas sentir. Que jornada maluca, meus amigos. Estou há mais de um ano trabalhando neste projeto e ainda bem que o amo muito, porque foi muito complicado sentar e escrever detalhadamente sobre ele. Achei que ia tirar de letra, mas foi surpreendentemente difícil colocar em palavras coisas que estavam na minha cabeça há tanto tempo. Porque para mim as coisas faziam todo sentido quando estavam guardadas no meu cérebro, mas como fazer tudo isso fazer sentido para outras pessoas? Foi um desafio e tanto. Agora sinto como se tivesse liberado um espaço enorme do HD no meu cérebro. Outra coisa particularmente desafiadora foi a falta de guia. Não encontrei nenhum projeto de conclusão de curso de Artes que me servisse de guia para ter uma noção se estava indo no caminho certo ou não. Apesar de ter muitos amigos designers cujos TCCs foram na área de quadrinhos/ animação/ilustração, uma coisa é fazer um TCC para o departamento de Design e outra é para o departamento de Artes; as abordagens são diferentes. Além do principal objetivo de fazer as pessoas sorrirem e se sentirem menos sozinhas, o que realmente me motivou a levar meu projeto de quadrinhos a sério para o trabalho de conclusão de curso é mostrar
duas coisas: primeiro, que quadrinhos, concept art, ilustração são um tipo de arte (sim, que nem o Picasso e o Basquiat) e que um graduando em artes visuais tem todo o potencial de trabalhar nessas áreas assim como nossos colegas designers. Neste relatório descrevi, da forma mais descontraída possível, minha jornada produzindo os quadrinhos: desde como surgiu o interesse em desenhar quando criança, minhas referências, processo criativo e a finalização das tirinhas. Não tive outro jeito de me expressar a não ser esse, porque se eu tentasse fazer algo puramente acadêmico não seria fiel ao que sou e acredito. Pensando bem, acho que a maior dificuldade na real foi passar − tentar encaixar no ABNT − quem sou eu e a minha história nestas páginas. Tive que me colocar sob lentes de microscópio e me autoanalisar detalhadamente para que você entenda o universo que acontece dentro da minha pessoa. Desde já meus parabéns a todas as pessoas que já fizeram um trabalho auto avaliativo e foram bem-sucedidas nisso; espero que eu também consiga ter transmitido para você as minhas ideias todas de um jeito fácil de entender. Também espero ter conseguido arrancar um sorriso seu e mostrar que uma pretendente a artista visual pode fazer quadrinhos também!
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Finalmente, só posso sentir felicidade comigo mesma de ter encerrado este capítulo da minha vida fazendo algo que me apaixona todos os dias. Me dedicar a este projeto em quase a totalidade do meu tempo tirou de mim sangue, suor e lágrimas, mas também deixou a certeza de que é trabalhar com ilustração, character design e quadrinhos é o que quero fazer pelo resto da minha vida.
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“AO INFINITO E ALÉM!”
– Buzz Lightyear
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REFERÊNCIAS ABRIL Coleções. Grandes Mestres: Degas. São Paulo: Abril. 2011. DANTO, Arthur C. Andy Warhol. São Paulo: Cosac&Naify. 2012. MCCLOUD, Scott. Understanding Comics: The Invisible Art. Nova York: Harper Collins. 1993. MCCLOUD, Scott. Making Comics: Storytelling secrets of comics, manga and graphic novels. Nova York: Harper Collins. 2006. STANCHFIELD, Walt. HAHN, Don. Drawn To Life, Volume 1: 20 golden years of Disney masterclasses. Burlington: Focal Press. 2009. VREELAND, Vaughn. Color Theory and Social Structure in the Films of Wes Anderson. Trabalho de conclusão de graduação. Elon, Carolina do Norte, EUA: Elon University. 2015. Disponível em: <http://www. elon.edu/docs/e-web/academics/communications/research/vol6no2/04_Vaughn_Vreeland.pdf>. Acesso em: 03/07/2017. WILLIAMS, Richard. The Animators Survival Kit: A manual of methods, principles and formulas for classical, computer, games, stop motion and internet animators. 4º Edição. Londres: Faber & Faber. 2012. Adventure Time Wiki | FANDOM powered by Wikia. Disponível em: <http://adventuretime.wikia.com/wiki/ Adventure_Time_with_Finn_and_Jake_Wiki>. Acesso em: 09/06/2017. Batemos um papo com Juliano Enrico, criador do ‘Irmão do Jorel’ | Super Interessante. Disponível em: <http://super.abril.com.br/cultura/batemos-um-papo-com-juliano-enrico-criador-do-irmao-do-jorel/>. Acesso em: 20/05/2017. Bryan Lee O’Malley. Disponível em: <http://radiomaru.tumblr.com/>. Acesso em: 10/06/2017. Deya Muniz. Disponível em: <http://deyamuniz.com/>. Acesso em: 09/06/2017. Disney Wiki | FANDOM powered by Wikia. Disponível em: <http://disney.wikia.com/wiki/The_Disney_Wiki>. Acesso em: 26/06/2017. Frannerd. Disponível em: <http://www.frannerd.cl/>. Acesso em: 27/03/2017. Owlturd.com. Disponível em: <http://owlturd.com/>. Acesso em: 10/06/2017. Philippa Rice. Disponível em: <http://philippajrice.com/>. Acesso em: 10/06/2017. Regular Show Wiki | FANDOM powered by Wikia. Disponível em: <http://regularshow.wikia.com/wiki/ Regular_Show_Wiki>. Acesso em: 15/06/2017. Sarah Andersen. Disponível em: <http://www.sarahandersenart.com/>. Acesso em: 10/06/2017. Steven Universe Wiki | FANDOM powered by Wikia. Disponível em: <http://steven-universe.wikia.com/ wiki/Steven_Universe_Wiki>. Acesso em: 10/06/2017. The Cartoon Network Wiki | FANDOM powered by Wikia. Disponível em: <http://cartoonnetwork.wikia. com/wiki/Cartoon_Network_Wiki>. Acesso em: 10/06/2017. The Contributions of Color to Recognition Memory for Natural Scenes. Disponível em: <http://www.kyb. mpg.de/fileadmin/user_upload/files/publications/pdfs/pdf1136.pdf>. Acesso em: 10/03/2017. Wes Anderson’s Colour Palettes | AnOther. Disponível em: <http://www.anothermag.com/art-photography/3586/ wes-andersons-colour-palettes>. Acesso em: 10/03/2017.
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GLOSSÁRIO B C
Blogger - plataforma do Google que visa a criação e edição de blogs, geralmente recomendado para quem não tem experiencia em códigos. Concept Art – é um tipo de ilustração utilizado como base para personagens/ cenários de filmes, games, comics antes de sua versão final. Character Design – consiste na criação de um personagem: desde seu visual até traços da sua personalidade.
D.
Design Clean – design limpo, sem poluição visual, quase minimalista.
F
Fanart – desenho/ilustração feita por um fã.
L
Layout - significa esquema, plano, projeto. LGBTQ+ - sigla para lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer e mais.
M
Mainstream – popular, algo que é familiar para a cultura em massa.
N
Nonsense – Sem sentido.
S
T
Sketch – desenho, rascunho. Sketchbook – do inglês, “caderno de rascunho/desenho”, também conhecido como diário do artista. Storyboard – série de ilustrações em sequência, geralmente utilizados para pré-visualizar uma cena/filme, etc. Storyboarder – pessoa responsável por desenhar os storyboards, pode ser chamado de artista de storyboard também. Template - apresentação visual de uma página web Thumbnail – do inglês “unha de polegar”, trata-se de miniaturas de imagens utilizadas por ilustradores e designers como uma versão teste de composição antes de realizar o sketch em si.
W
Webcomic – histórias em quadrinhos disponibilizadas apenas na internet. Wordpress – plataforma feita para a criação de blogs e sites na internet, é preciso muito mais conhecimento que o Blogger para poder mexer em suas configurações.
Z
Zines – mini publicações feitas artesanalmente através de recortes de revistas (por exemplo), reproduzidas através de xerox.
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