Agosto de 2016 | Allegro e Vivace 8

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J. R E I S FORTISSIMO Nº 15 — 2016

SHOST

AKOVI 11/08 ALLEGRO

CHRES 12/08 VIVACE

PIGHI



MINISTÉRIO DA CULTURA, GOVERNO DE MINAS GERAIS E CEMIG APRESENTAM

11/08 ALLEGRO 12/08 VIVACE

Nossos concertos são possíveis graças à Lei Rouanet e a nossos patrocinadores.


FOTO: AL E XAN DRE RE Z E N DE


Caros amigos e amigas,

É com grande prazer que recebemos

de Reis foi inspirada por obras de

em Belo Horizonte uma das mais

períodos anteriores, contextualizadas

importantes pianistas da atualidade,

tanto estilística quanto sonoramente à

a venezuelana Gabriela Montero,

contemporaneidade. Na obra de Reis,

em sua primeira visita à cidade.

a inspiração vem do Barroco mineiro

Ao estrear com a Filarmônica, ela

e sua forte influência sacra, enquanto

executará o cativante Concerto nº 1

que em Respighi a influência vem mais

de Shostakovich, obra que a Orquestra

das danças e árias seculares do Barroco

apresenta pela primeira vez. Esta será,

europeu e do período que o precedeu.

sem dúvida, uma das presenças mais marcantes de nossa temporada.

Assim, teremos a oportunidade de constatar como continuamos

Continuando sua pioneira missão de

sempre aprendendo com a história e

valorizar a criação musical sinfônica

adequando-a à nossa vivência atual.

nacional, estreamos nesta noite obra comissionada pela Filarmônica a um

A todos um ótimo concerto.

jovem vencedor do nosso Festival Tinta Fresca, o mineiro Jônatas Reis. Assim como as peças de Respighi

FABIO MECHETTI

que encerram o programa, a obra

Diretor Artístico e Regente Titular

3


FOTO: E UGÊ N I O SÁVI O

FABIO MECHETTI diretor artístico e regente titular

D

esde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável

pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro. Com seu trabalho, Mechetti posicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e internacional e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou turnês pelo Uruguai e Argentina e gravações para o selo Naxos. Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática. Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais

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de verão nos Estados Unidos, entre

No Brasil, foi convidado a dirigir a

eles os de Grant Park em Chicago

Sinfônica Brasileira, a Estadual de

e Chautauqua em Nova York.

São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais de

Realizou diversos concertos no México,

São Paulo e do Rio de Janeiro.

Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu

Trabalhou com artistas como Alicia

as orquestras sinfônicas de Tóquio,

de Larrocha, Thomas Hampson,

Sapporo e Hiroshima. Regeu também a

Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,

Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia,

Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil

a Orquestra da Rádio e TV Espanhola

Shaham, Midori, Evelyn Glennie,

em Madri, a Filarmônica de Auckland,

Kathleen Battle, entre outros.

Nova Zelândia, e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá.

Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos

Vencedor do Concurso Internacional de

dirigindo a Ópera de Washington.

Regência Nicolai Malko, na Dinamarca,

No seu repertório destacam-se

Mechetti dirige regularmente na

produções de Tosca, Turandot, Carmem,

Escandinávia, particularmente a

Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème,

Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a

Madame Butterfly, O barbeiro de

de Helsingborg, Suécia. Recentemente

Sevilha, La Traviata e Otello.

fez sua estreia na Finlândia, dirigindo a Filarmônica de Tampere, e na Itália,

Fabio Mechetti recebeu títulos

dirigindo a Orquestra Sinfônica de

de mestrado em Regência e em

Roma. Em 2016 fará sua estreia com a

Composição pela prestigiosa

Filarmônica de Odense, na Dinamarca.

Juilliard School de Nova York. 5


R S R ENCOMENDA ESTREIA MUNDIAL

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FABIO MECHETTI, regente GABRIELA MONTERO, piano MARLON HUMPHREYS, trompete

PROGRAMA

Jônatas REIS Evocações sagradas – Sobre temas de Manoel Dias de Oliveira A Ti, ó Deus, louvamos; a Ti, Senhor, confessamos Vinde, adoremos O anjo do Senhor – A fuga do Egito Ai! Meu Senhor morreu O Senhor ressuscitou verdadeiramente!

Dmitri SHOSTAKOVICH Concerto para piano nº 1 em dó menor, op. 35 Allegretto Lento Moderato Allegro con brio INTERVALO

Ottorino RESPIGHI Árias e Danças Antigas Suíte nº 1 Balletto Gagliarda Villanella Passo mezzo e mascherada

Suíte nº 2 Laura soave Danza rustica Campanae parisienses Bergamasca


GABRIELA MONTERO FOTO: SH E L L E Y MOSMAN


Com suas interpretações visionárias

Norrington, Eivind Gullberg Jensen,

e dom único para a improvisação,

James Gaffigan, Andrés Orozco-Estrada,

Gabriela Montero vem ganhando

Claudio Abbado, Yannick Nézet-Séguin,

admiradores em todo o mundo. Anthony

Mario Venzago, Vassily Petrenko, Peter

Tommasini, do The New York Times,

Oundjian, Mikko Franck, Carlos Miguel

salientou: “A interpretação de Montero

Prieto, Jaime Martín, Marin Alsop, Kristjan

tinha de tudo: um crepitante brio rítmico,

Järvi, Pietari Inkinen e Patrick Lange.

matizes sutis, forte potência, lirismo comovedor, expressividade implacável”.

Sobre sua habilidade para improvisar, Gabriela diz: “Conecto-me com meu

Entre os destaques das últimas temporadas

público de uma maneira única, e ele

estão seus recitais no Avery Fisher Hall,

se conecta comigo. A improvisação

Kennedy Center, Wigmore Hall, Vienna

é uma grande parte do que sou, é a

Konzerthaus, Berlin Philharmonie,

forma mais natural e espontânea em

Frankfurt Alte Oper, Cologne Philharmonie,

que posso me expressar”. Em 2011

Leipzig Gewandhaus, Munich Herkulessaal,

ela estreou na composição com o

Luxembourg Philharmonie, Tokio

poema sinfônico ExPatria, para piano e

Orchard Hall, Museu Gulbenkian de

orquestra, inspirado em seu país natal.

Lisboa e nos festivais de Edimburgo, Salzburgo, Lucerna, Ravínia,

As gravações de Gabriela Monteiro são

Tanglewood, Saint-Denis, Dresden,

premiadas e têm ótimas vendas. Seu último

Ruhr, Bergen, Istambul e Lugano.

álbum, pela Orchid Classics, deu-lhe o Grammy Latino; seu CD de estreia,

Apresentou-se com as filarmônicas de

Bach and beyond, recebeu dois prêmios

Los Ângeles, Nova York, Liverpool,

Echo Klassik e esteve em primeiro lugar

Rotterdam, Dresden e da Malásia;

na Billboard Classical por vários meses.

sinfônicas de Chicago, San Francisco, Houston, Pittsburgh, Detroit, Atlanta,

Nascida na Venezuela, Gabriela

Toronto, Viena, Sydney e Bilbao;

apresentou-se em público pela primeira

Gewandhaus de Leipzig, Academy

vez aos cinco anos de idade e, aos oito,

of St. Martin in the Fields, WDR

estreou em um concerto. Estudou nos

Sinfonieorchester de Colônia e Zürcher

Estados Unidos com bolsa do governo

Kammerorchester; as orquestras de

de seu país e prosseguiu sua formação

Cleveland, City of Birmingham,

com Hamish Milne na Academia Real

Philharmonia, orquestra da Ópera Cômica

de Música de Londres. Atualmente vive

de Berlim, NDR Radiophilharmonie

em Los Ângeles com o marido e duas

Hannover, Residentie e NDR

filhas. Por seu compromisso com os

Sinfonieorchester Hamburg. Colaborou

direitos humanos, foi nomeada consulesa

com os maestros Leonard Slatkin, Roger

honorária da Anistia Internacional. 9


Jônatas

REIS

Brasil, Belo Horizonte, 1976

EVOCAÇÕES SAGRADAS – SOBRE TEMAS DE MANOEL DIAS DE OLIVEIRA (2016) 24 min

Na última década, o belo-horizontino Jônatas Reis tem se destacado especialmente como compositor de música sinfônica. Em 2004, compôs sua primeira obra para essa formação, Meditação Sinfônica: Onipresença, vencedora da primeira edição do Prêmio BDMG/ Fundação Clóvis Salgado de Composição Sinfônica. Logo se seguiram outras premiações. Em 2010, a obra Louvor Sinfônico nº 1: Adoração ao Criador da Terra recebeu menção honrosa por sua orquestração no Festival Tinta Fresca. No ano seguinte, seu arranjo sinfônico para a canção de Silvestre Kuhlmann, Nem Só de Pão, foi premiado no 1º Concurso de Composição e Arranjo da Orquestra de Sopros da Fundação de Educação Artística. Em 2014, Messiânicas Brasileiras nº 2: Sonho de uma Noite no Sertão conquistou o terceiro lugar no Concurso Nacional de Composição Sinfônica Guerra Peixe: 100 Anos; no Festival Tinta Fresca de 2015, Reis conquistou o primeiro prêmio com a obra Messiânicas Brasileiras nº 3: Grande Sertão Exótico. No mesmo ano sua obra Sambaião Exótico foi finalista do Prêmio Bienal de Composição da Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo. Mesmo diversificada, a produção musical de Jônatas Reis orienta-se de acordo com um certo número de interesses que atestam sua identidade artística e coesão estilística. Neste sentido, ele explora principalmente a combinação entre a música de concerto, o jazz e as músicas popular e folclórica brasileiras, além de ocupar-se com a composição de música cristã e obras de caráter sacro. É, talvez, através da linguagem sacra que o compositor se insira mais profundamente numa tradição musical que antecede o Barroco, renova-se com Bach e encontra no francês Olivier Messiaen um ícone capaz de fundir de modo singular religiosidade e inovação da linguagem musical. A essa mesma tradição filia-se também Manoel Dias de Oliveira (1734/35-1813), compositor brasileiro do 10


período colonial, que se acredita ter nascido na Vila de São José, atual Tiradentes, e sabe-se ali ter atuado. Dias de Oliveira tornou-se o principal músico da Capitania de Minas Gerais

INSTRUMENTAÇÃO

Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 3 clarinetes, clarone, 3 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cravo, piano, cordas.

e seu estilo versátil reúne atributos que vão da música renascentista ao Barroco tardio. São de Manoel Dias de Oliveira os seis temas que inspiraram a obra Evocações Sagradas, de Jônatas Reis. Embora motivada pela música do compositor colonial mineiro, Evocações

PARA  OUVIR

CD Manoel Dias de Oliveira – Sacred Music from 18th Century Brasil – Ensemble Turicum (on historical instruments) – Luiz Alves da Silva – vol. II – Claves Records 50-9610 – 1997 PARA  VISITAR

jonatasreiscompositor.blogspot.com.br

Sagradas reúne variadas influências, de Hindemith e Britten a Stravinsky e Shostakovich, passando por Villa-Lobos e Guerra-Peixe, e divide-se em cinco movimentos. O primeiro movimento, A Ti, ó Deus louvamos; a Ti, Senhor, confessamos, reúne variações sobre o tema Te Dominum confitemur do Te Deum de Dias de Oliveira; o segundo movimento, Vinde, adoremos, mantém quase intacta a melodia do Venite Adoremus, enquanto variações harmônicas, métricas e rítmicas são exploradas; o terceiro movimento, O anjo do Senhor – A fuga do Egito, é uma fuga em crescente densidade a partir do tema do Angelus Domini de Dias de Oliveira; o quarto movimento, Ai! Meu Senhor morreu, sobrepõe dois temas sucessivos da Procissão de Enterro nº 2: o motivo coral Heus e o solo Canto da Verônica, que é delegado ao violoncelo; finalmente, o último movimento, O Senhor ressuscitou verdadeiramente!, traz uma série de variações inspiradas no Surrexit Dominus Vere.

IGOR REYNER Pianista, Mestre em Música

pela UFMG, doutorando de Francês no King’s College London e colaborador do ARIAS/Sorbonne Nouvelle Paris 3. 11


Dmitri

SHOSTAKOVICH Rússia, 1906 – 1975

CONCERTO PARA PIANO Nº 1 EM DÓ MENOR, OP. 35 (1933) 21 min

Shostakovich começou a compor precocemente, aos quatorze anos, atraindo a atenção dos principais músicos soviéticos. No Conservatório de Petrogrado, Rússia, foi orientado por renomados mestres do piano e da composição, sendo o curso de seu desenvolvimento criativo determinado pelos acontecimentos em sua pátria. Ao contrário de muitos compositores soviéticos de sua geração, Shostakovich não se exilou, optando corajosamente por conciliar as revoluções musicais de sua época com as restrições impostas pelo regime stalinista. Utilizou elementos da música contemporânea ocidental para impingir certo caráter grotesco e exaltado às suas sátiras operísticas (O Nariz, de 1928, baseado em Gogol) e, da mesma forma, expressar ironia mordaz em obras para o balé (A Idade de Ouro, de 1930) e para o cinema (A Nova Babilônia, de 1929). Seu temperamento audacioso logo o pôs em conflito com as autoridades soviéticas, que o acusaram de vulgaridade, controlando suas obras até a morte de Stálin, ocorrida em 1953. Após o sucesso da Primeira Sinfonia, estreada na sua formatura, em 1926, o jovem compositor demonstrou ser hábil em quase todos os gêneros musicais. A primeira incursão no gênero concertante foi o Concerto para piano nº 1, op. 35, de 1933 – na verdade, um concerto para piano, trompete obbligato e orquestra de cordas. Shostakovich concebeu a obra, inicialmente, para trompete solista e orquestra. Posteriormente, adicionou o piano e relegou o trompete a um papel secundário, ora respondendo, ora comentando os temas do piano e da orquestra. O Concerto para piano nº 1 possui colagens, citações e paródias musicais de canções populares alemãs e inglesas, de obras de Beethoven, de Haydn e do próprio Shostakovich, e mesmo potenciais elementos circenses e jazzísticos, os quais viriam a se consolidar na Suíte para Orquestra de Jazz nº 1, escrita no ano seguinte. A orquestração 12


INSTRUMENTAÇÃO

Trompete e cordas.

PARA  OUVIR

do Concerto, à maneira de um concertino neobarroco (em voga nos anos 1930 em toda a Europa), assim como o maneirismo neoclássico, herdado da escola vienense, unemse às polcas e valsas, reambientadas pelo espírito de Shostakovich. O Concerto para piano nº 1 foi estreado a 15 de outubro 1933, na abertura da temporada de concertos da Orquestra Filarmônica de Leningrado,

CD Composers in Person – Shostakovich – Orchestre National de la Radiodiffusion Française – Andre Cluytens, regente – Dmitri Shostakovich, piano – Ludovic Vaillant, trompete – EMI Classics – 1993 (Gravado em 1958/1959) PARA  ASSISTIR

Verbier Festival Chamber Orchestra – Gábor Takács-Nagy, regente – Marta Argerich, piano – David Guerrier, trompete | Acesse: fil.mg/spiano1 PARA  LER

Attila C. Sampaio e Dietmar Holland – Guia básico dos concertos: música orquestral de 1700 até os nossos dias – Civilização Brasileira – 1995

sob a regência de Fritz Stiedri, com Shostakovich ao piano e Alexander Schmidt ao trompete. Os movimentos, interligados, possuem a indicação attacca, significando que não deve haver interrupção entre eles. O espirituoso Allegretto reúne diversos temas numa coesão surpreendente. O segundo movimento, uma valsa lenta, íntima e sincera, remete ao Adagio do Concerto de Ravel e contrasta emocionalmente com os demais movimentos. O Moderato seguinte, iniciado por solo de piano, introduz o burlesco e fanfarrão Allegro con brio. A obra de Shostakovich, com uma veia de jovialidade iconoclasta, alia construção contrapontística à exibição veemente do pianismo moderno russo. O compositor, sagaz e irônico, coloca o humor e a música a serviço da crítica social.

MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em

Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais. 13


Ottorino

RESPIGHI Itália, 1879 – 1936

ÁRIAS E DANÇAS ANTIGAS

Suíte nº 1 (1917) Suíte nº 2 (1923)

15 min 19 min

Respighi pertence à chamada Geração de Oitenta (1880) que, na Itália dominada por longa tradição operística, lutou pelo renascimento de uma música instrumental vigorosa. Violista renomado, Respighi teve formação cosmopolita. Tocou na Orquestra da Ópera de São Petersburgo e estudou com Rimski-Korsakov, de quem herdou a ciência da instrumentação. Em Berlim, foi discípulo do conservador Max Bruch; entretanto, soube enriquecer sua paleta orquestral em contato com os aspectos inovadores das obras de Richard Strauss e Debussy. Por outro lado, o compositor identificou-se com o passado musical de seu país. Usou os modos gregorianos em composições próprias e transcreveu obras antigas. As três suítes de Árias e Danças Antigas refletem seu interesse pelos velhos mestres – cada uma possui quatro movimentos, retirados de peças para alaúde de autores italianos e franceses dos séculos XVI e XVII. Por essa época, as peças de dança, agrupadas ou não em suítes, constituíram uma das fontes fundamentais para a música instrumental. Em festas populares ou em cerimônias cortesãs, a dança desempenhava importante papel na vida social renascentista ou barroca. Entretanto, cada vez mais as peças da suíte foram tratadas como música para ser tocada e não necessariamente dançada. Os compositores reuniam, na suíte, danças representativas de diferentes países, consideradas como patrimônio comum do Ocidente. A essas agregavam, eventualmente, algum número inabitual, de países distantes, turqueries com claro apelo exótico. Com liberdade e criatividade, Respighi soube interpretar aspectos sugestivos desses originais, utilizando uma orquestração extremamente inventiva e atraente. A Suíte nº 1 inicia-se com um Balletto do compositor Simone Molinaro, mestre de capela de Gênova. 14


INSTRUMENTAÇÃO — SUÍTE Nº 1

A segunda dança, uma Gagliarda de grande vivacidade e com orquestração mais densa, foi composta por Vincenzo Galilei – pai do célebre astrônomo. A Villanella seguinte cria grande

2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 fagotes, 2 trompas, trompete, harpa, cravo, cordas. INSTRUMENTAÇÃO — SUÍTE Nº 2

Piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes, 3 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, harpa, celesta, cravo, cordas.

contraste, apresentando delicado lirismo. Trata-se de uma canção popular napolitana anônima. Também desconhecido é o autor do Passomezzo e Mascherada, número final da Suíte, repleto de humor e energia. A Suíte nº 2 inicia-se com três

PARA  OUVIR

Respighi – Ancient airs and dances – Suítes nos 1-3 – National Symphony Orchestra of Ireland – Rico Saccani, regente – Naxos, Alemanha – 1996 PARA  LER

François-René Tranchefort – Guia da Música Sinfônica – Nova Fronteira – 1990

números do balé Laura soave de Fabricio Caroso – Balletto con gagliarda, Saltarello e Canario – reagrupados por Respighi em um Andantino. As duas peças seguintes homenageiam a música francesa: a Dança Rústica é obra de Jean Baptiste Bésard, importante compositor borgonhês para alaúde. A próxima ária, Campanae parisienses, inspira-se na canção Les cloches de Paris, atribuída a Marin Mersenne, matemático e filósofo jesuíta, amigo de Descartes. A Suíte termina retornando à Itália, com os temas originais do norte do país encontrados na Bergamasca

PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS

de Bernardo Gianoncelli. A beleza

Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado. Apresenta o programa semanal Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.

do material temático somada ao fascínio tímbrico da orquestração magistral de Respighi tornam essas suítes páginas inesquecíveis.

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amigos fazem a diferença e a filarmônica de minas gerais conta com o seu apoio

FOTO: B RUNA B RANDÃO

Ao se tornar um Amigo da Filarmônica, você ajuda a Orquestra a realizar sua programação educacional. E ainda recebe benefícios. Saiba mais e veja como é fácil doar. www.filarmonica.art.br/amigos-da-filarmonica

torne-se um amigo da filarmônica. 16


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Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR

Fabio Mechetti REGENTE ASSOCIADO

Marcos Arakaki

PRIMEIROS VIOLINOS

Anthony Flint – Spalla Rommel Fernandes – Spalla Associado Ara Harutyunyan – Spalla Assistente Ana Paula Schmidt Ana Zivkovic Arthur Vieira Terto Bojana Pantovic Dante Bertolino Hyu-Kyung Jung Joanna Bello Roberta Arruda Rodrigo Bustamante Rodrigo M. Braga Rodrigo de Oliveira

VIOLONCELOS

TROMPAS

GERENTE

Philip Hansen * Felix Drake *** Camila Pacífico Camilla Ribeiro Eduardo Swerts Emilia Neves Lina Radovanovic Robson Fonseca William Neres

Alma Maria Liebrecht * Evgueni Gerassimov *** Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos Santos Lucas Filho Fabio Ogata

Jussan Fernandes

TROMPETES

Débora Vieira

CONTRABAIXOS

Nilson Bellotto * Marcelo Cunha Marcos Lemes Pablo Guiñez Rossini Parucci Walace Mariano

SEGUNDOS VIOLINOS

Frank Haemmer * Leonidas Cáceres *** Gideôni Loamir Jovana Trifunovic Luka Milanovic Martha de Moura Pacífico Matheus Braga Radmila Bocev Rodolfo Toffolo Tiago Ellwanger Valentina Gostilovitch

FLAUTAS

VIOLAS

CLARINETES

João Carlos Ferreira * Roberto Papi *** Flávia Motta Gerry Varona Gilberto Paganini Juan Díaz Katarzyna Druzd Luciano Gatelli Marcelo Nébias Nathan Medina

Marlon Humphreys * Érico Fonseca ** Daniel Leal *** Tássio Furtado   TROMBONES

Mark John Mulley * Diego Ribeiro ** Wagner Mayer *** Renato Lisboa

INSPETORA

Karolina Lima ASSISTENTE ADMINISTRATIVA

ARQUIVISTA

Ana Lúcia Kobayashi ASSISTENTES

Claudio Starlino Jônatas Reis SUPERVISOR DE MONTAGEM

Rodrigo Castro

Cássia Lima * Renata Xavier *** Alexandre Braga Elena Suchkova

TUBA

Eleilton Cruz * TÍMPANOS

Patricio Hernández Pradenas *

OBOÉS

Alexandre Barros * Ravi Shankar *** Israel Muniz Moisés Pena Marcus Julius Lander * Jonatas Bueno *** Ney Franco Alexandre Silva

MONTADORES

André Barbosa Hélio Sardinha Jeferson Silva Klênio Carvalho Risbleiz Aguiar

PERCUSSÃO

Rafael Alberto * Daniel Lemos *** Sérgio Aluotto Werner Silveira HARPA

Jennifer Campbell **** TECLADOS

FAGOTES

Catherine Carignan * Victor Morais *** Andrew Huntriss Francisco Silva

Ayumi Shigeta * Wagner Sander ****

SHOSTAKOVICH Editor original:

Herdeiros Shostakovich Representante exclusivo:

Barry Editorial

* principal

** principal associado

*** principal assistente

**** músico convidado


GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS

SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS

Fernando Damata Pimentel

Angelo Oswaldo de Araújo Santos

VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS

SECRETÁRIO ADJUNTO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS

Antônio Andrade

João Batista Miguel

Instituto Cultural Filarmônica

(Oscip – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003)

Conselho Administrativo

DIRETOR DE PRODUÇÃO MUSICAL

Kiko Ferreira

Eularino Pereira

PRESIDENTE EMÉRITO

Jacques Schwartzman PRESIDENTE

Equipe Técnica

Roberto Mário Soares

GERENTE DE COMUNICAÇÃO

CONSELHEIROS

Merrina Godinho Delgado

Angela Gutierrez Berenice Menegale Bruno Volpini Celina Szrvinsk Fernando de Almeida Ítalo Gaetani Marco Antônio Pepino Mauricio Freire Mauro Borges Octávio Elísio Paulo Brant Sérgio Pena

Diretoria Executiva DIRETOR PRESIDENTE

Diomar Silveira DIRETOR ADMINISTRATIVOFINANCEIRO

Estêvão Fiuza DIRETORA DE COMUNICAÇÃO

Jacqueline Guimarães Ferreira

ASSISTENTE DE MARKETING DE RELACIONAMENTO

GERENTE DE PRODUÇÃO MUSICAL

ASSISTENTE DE PRODUÇÃO

Rildo Lopez

Equipe Administrativa

AUXILIARES DE SERVIÇOS GERAIS

Ailda Conceição Márcia Barbosa MENSAGEIROS

Bruno Rodrigues Douglas Conrado MENOR APRENDIZ

Mirian Cibelle

Sala Minas Gerais

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GERENTE ADMINISTRATIVOFINANCEIRA

ASSESSORA DE PROGRAMAÇÃO MUSICAL

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TÉCNICO DE ÁUDIO E ILUMINAÇÃO

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Luis Otávio Rezende Narren Felipe ANALISTAS DE COMUNICAÇÃO

Mauro Rodrigues

Marciana Toledo (Publicidade) Mariana Garcia (Multimídia) Renata Gibson Renata Romeiro (Design gráfico)

ANALISTA CONTÁBIL

ANALISTA DE MARKETING DE RELACIONAMENTO

Cristiane Reis

Mônica Moreira

Graziela Coelho

TÉCNICO DE ILUMINAÇÃO E ÁUDIO

SECRETÁRIA EXECUTIVA Rafael Franca

Flaviana Mendes ASSISTENTE ADMINISTRATIVA

ASSISTENTE DE RECURSOS HUMANOS

Vivian Figueiredo

ASSISTENTE OPERACIONAL

Rodrigo Brandão

FORTISSIMO agosto

nº 15 / 2016 ISSN 2357-7258

ANALISTAS DE DIRETORA DE MARKETING E PROJETOS MARKETING E PROJETOS Zilka Caribé

RECEPCIONISTA

Lizonete Prates Siqueira

EDITORA Merrina

DIRETOR DE OPERAÇÕES

AUXILIAR ADMINISTRATIVO

EDIÇÃO DE TEXTO

Itamara Kelly Mariana Theodorica

Ivar Siewers Ilustrações: Mariana Simões

Pedro Almeida

Godinho Delgado Berenice Menegale

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FILARMÔNICA ONLINE www.filarmonica.art.br

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TEMPORADA 2017

Se você já é assinante,

VEM  AÍ  A  NOVA  TEMPORADA DA  FILARMÔNICA. Pra ficar informado(a), acompanhe nosso site e nossas redes sociais. /filarmonicamg

CONCERTOS

JUVENTUDE

Forma ABA 11 e 12 / ago, 20h30

J. Reis, Shostakovich, Respighi 20 e 21 / ago, 18h

Mozart — Ópera 26 / ago, 20h

Caeté — Quinteto de Sopros

Se você ainda não é assinante, aguarde a divulgação do calendário de assinaturas. E fique de olho em filarmonica.art.br/seja-um-assinante

CONHEÇA  AS  APRESENTAÇÕES  DA  FILARMÔNICA

ago

7 / ago, 11h

mantenha seus dados atualizados: conte pra nossa Assessoria de Relacionamento quaisquer mudanças de telefone, endereço ou e-mail. E fique de olho em filarmonica.art.br/area-do-assinante

ALLEGRO VIVACE FORA DE SÉRIE TURNÊ ESTADUAL

Veja detalhes em filarmonica.art.br/ concertos/agenda-de-concertos.

• Séries de assinatura: Allegro, Vivace, Presto, Veloce, Fora de Série • Concertos para a Juventude • Clássicos na Praça • Concertos Didáticos • Festival Tinta Fresca • Laboratório de Regência • Turnês estaduais • Turnês nacionais e internacionais • Concertos de Câmara Visite filarmonica.art.br/ filarmonica/sobre-a-filarmonica e conheça cada uma delas.

Para que sua noite seja ainda mais especial, nos dias de concerto, apresente seu ingresso no restaurante Haus München e, na compra de um prato principal, ganhe outro de igual ou menor valor. Rua Juiz de Fora, 1.257, pertinho da Sala Minas Gerais.


PARA  APRECIAR  UM  CONCERTO  CONCERTOS COMENTADOS

Agora você pode assistir a palestras sobre temas dos concertos das séries Allegro, Vivace, Presto e Veloce. Elas acontecem na Sala de Recepções, à esquerda do foyer principal, das 19h30 às 20h, para as primeiras 65 pessoas a chegar.

CUMPRIMENTOS

Após o concerto, caso queira cumprimentar os músicos e convidados, dirija-se à Sala de Recepções.

ESTACIONAMENTO

0 PROGRAMA DE CONCERTOS O Fortissimo é uma publicação indexada aos sistemas nacionais e internacionais de catalogação. Elaborado com a participação de especialistas, ele oferece uma oportunidade a mais para se conhecer música. Desfrute da leitura e estudo. Mas, caso não precise dele após o concerto, por favor, devolva-o nas caixas receptoras para que possamos reaproveitá-lo. O Fortissimo também está disponível no formato digital em nosso site www.filarmonica.art.br.

Para seu conforto e segurança, a Sala Minas Gerais possui estacionamento, e seu ingresso dá direito ao preço especial de R$ 15 para o período do concerto.

PONTUALIDADE

CONVERSA

APARELHOS  CELULARES

CRIANÇAS

FOTOS  E  GRAVAÇÕES EM  ÁUDIO  E  VÍDEO

COMIDAS  E  BEBIDAS

Uma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.

Confira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro.

Não são permitidas durante os concertos.

APLAUSOS

Aplauda apenas no final das obras. Veja no programa o número de movimentos de cada uma e fique de olho na atitude e gestos do regente.

A experiência do concerto inclui o encontro com outras pessoas. Aproveite essa troca antes da apresentação e no seu intervalo, mas nunca converse ou faça comentários durante a execução das obras. Lembre-se de que o silêncio é o espaço da música.

Caso esteja acompanhado por criança, escolha assentos próximos aos corredores. Assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável.

Seu consumo não é permitido no interior da sala de concertos.

TOSSE

Perturba a concentração dos músicos e da plateia. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha. 21


COMUNICAÇÃO ICF

MANTENEDOR

PATROCÍNIO MÁSTER

PATROCÍNIO

APOIO INSTITUCIONAL

DIVULGAÇÃO

REALIZAÇÃO

SALA MINAS GERAIS

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