J. R E I S FORTISSIMO Nº 15 — 2016
SHOST
AKOVI 11/08 ALLEGRO
CHRES 12/08 VIVACE
PIGHI
MINISTÉRIO DA CULTURA, GOVERNO DE MINAS GERAIS E CEMIG APRESENTAM
11/08 ALLEGRO 12/08 VIVACE
Nossos concertos são possíveis graças à Lei Rouanet e a nossos patrocinadores.
FOTO: AL E XAN DRE RE Z E N DE
Caros amigos e amigas,
É com grande prazer que recebemos
de Reis foi inspirada por obras de
em Belo Horizonte uma das mais
períodos anteriores, contextualizadas
importantes pianistas da atualidade,
tanto estilística quanto sonoramente à
a venezuelana Gabriela Montero,
contemporaneidade. Na obra de Reis,
em sua primeira visita à cidade.
a inspiração vem do Barroco mineiro
Ao estrear com a Filarmônica, ela
e sua forte influência sacra, enquanto
executará o cativante Concerto nº 1
que em Respighi a influência vem mais
de Shostakovich, obra que a Orquestra
das danças e árias seculares do Barroco
apresenta pela primeira vez. Esta será,
europeu e do período que o precedeu.
sem dúvida, uma das presenças mais marcantes de nossa temporada.
Assim, teremos a oportunidade de constatar como continuamos
Continuando sua pioneira missão de
sempre aprendendo com a história e
valorizar a criação musical sinfônica
adequando-a à nossa vivência atual.
nacional, estreamos nesta noite obra comissionada pela Filarmônica a um
A todos um ótimo concerto.
jovem vencedor do nosso Festival Tinta Fresca, o mineiro Jônatas Reis. Assim como as peças de Respighi
FABIO MECHETTI
que encerram o programa, a obra
Diretor Artístico e Regente Titular
3
FOTO: E UGÊ N I O SÁVI O
FABIO MECHETTI diretor artístico e regente titular
D
esde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável
pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro. Com seu trabalho, Mechetti posicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e internacional e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou turnês pelo Uruguai e Argentina e gravações para o selo Naxos. Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática. Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais
4
de verão nos Estados Unidos, entre
No Brasil, foi convidado a dirigir a
eles os de Grant Park em Chicago
Sinfônica Brasileira, a Estadual de
e Chautauqua em Nova York.
São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais de
Realizou diversos concertos no México,
São Paulo e do Rio de Janeiro.
Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu
Trabalhou com artistas como Alicia
as orquestras sinfônicas de Tóquio,
de Larrocha, Thomas Hampson,
Sapporo e Hiroshima. Regeu também a
Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,
Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia,
Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil
a Orquestra da Rádio e TV Espanhola
Shaham, Midori, Evelyn Glennie,
em Madri, a Filarmônica de Auckland,
Kathleen Battle, entre outros.
Nova Zelândia, e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá.
Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos
Vencedor do Concurso Internacional de
dirigindo a Ópera de Washington.
Regência Nicolai Malko, na Dinamarca,
No seu repertório destacam-se
Mechetti dirige regularmente na
produções de Tosca, Turandot, Carmem,
Escandinávia, particularmente a
Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème,
Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a
Madame Butterfly, O barbeiro de
de Helsingborg, Suécia. Recentemente
Sevilha, La Traviata e Otello.
fez sua estreia na Finlândia, dirigindo a Filarmônica de Tampere, e na Itália,
Fabio Mechetti recebeu títulos
dirigindo a Orquestra Sinfônica de
de mestrado em Regência e em
Roma. Em 2016 fará sua estreia com a
Composição pela prestigiosa
Filarmônica de Odense, na Dinamarca.
Juilliard School de Nova York. 5
R S R ENCOMENDA ESTREIA MUNDIAL
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FABIO MECHETTI, regente GABRIELA MONTERO, piano MARLON HUMPHREYS, trompete
PROGRAMA
Jônatas REIS Evocações sagradas – Sobre temas de Manoel Dias de Oliveira A Ti, ó Deus, louvamos; a Ti, Senhor, confessamos Vinde, adoremos O anjo do Senhor – A fuga do Egito Ai! Meu Senhor morreu O Senhor ressuscitou verdadeiramente!
Dmitri SHOSTAKOVICH Concerto para piano nº 1 em dó menor, op. 35 Allegretto Lento Moderato Allegro con brio INTERVALO
Ottorino RESPIGHI Árias e Danças Antigas Suíte nº 1 Balletto Gagliarda Villanella Passo mezzo e mascherada
Suíte nº 2 Laura soave Danza rustica Campanae parisienses Bergamasca
GABRIELA MONTERO FOTO: SH E L L E Y MOSMAN
Com suas interpretações visionárias
Norrington, Eivind Gullberg Jensen,
e dom único para a improvisação,
James Gaffigan, Andrés Orozco-Estrada,
Gabriela Montero vem ganhando
Claudio Abbado, Yannick Nézet-Séguin,
admiradores em todo o mundo. Anthony
Mario Venzago, Vassily Petrenko, Peter
Tommasini, do The New York Times,
Oundjian, Mikko Franck, Carlos Miguel
salientou: “A interpretação de Montero
Prieto, Jaime Martín, Marin Alsop, Kristjan
tinha de tudo: um crepitante brio rítmico,
Järvi, Pietari Inkinen e Patrick Lange.
matizes sutis, forte potência, lirismo comovedor, expressividade implacável”.
Sobre sua habilidade para improvisar, Gabriela diz: “Conecto-me com meu
Entre os destaques das últimas temporadas
público de uma maneira única, e ele
estão seus recitais no Avery Fisher Hall,
se conecta comigo. A improvisação
Kennedy Center, Wigmore Hall, Vienna
é uma grande parte do que sou, é a
Konzerthaus, Berlin Philharmonie,
forma mais natural e espontânea em
Frankfurt Alte Oper, Cologne Philharmonie,
que posso me expressar”. Em 2011
Leipzig Gewandhaus, Munich Herkulessaal,
ela estreou na composição com o
Luxembourg Philharmonie, Tokio
poema sinfônico ExPatria, para piano e
Orchard Hall, Museu Gulbenkian de
orquestra, inspirado em seu país natal.
Lisboa e nos festivais de Edimburgo, Salzburgo, Lucerna, Ravínia,
As gravações de Gabriela Monteiro são
Tanglewood, Saint-Denis, Dresden,
premiadas e têm ótimas vendas. Seu último
Ruhr, Bergen, Istambul e Lugano.
álbum, pela Orchid Classics, deu-lhe o Grammy Latino; seu CD de estreia,
Apresentou-se com as filarmônicas de
Bach and beyond, recebeu dois prêmios
Los Ângeles, Nova York, Liverpool,
Echo Klassik e esteve em primeiro lugar
Rotterdam, Dresden e da Malásia;
na Billboard Classical por vários meses.
sinfônicas de Chicago, San Francisco, Houston, Pittsburgh, Detroit, Atlanta,
Nascida na Venezuela, Gabriela
Toronto, Viena, Sydney e Bilbao;
apresentou-se em público pela primeira
Gewandhaus de Leipzig, Academy
vez aos cinco anos de idade e, aos oito,
of St. Martin in the Fields, WDR
estreou em um concerto. Estudou nos
Sinfonieorchester de Colônia e Zürcher
Estados Unidos com bolsa do governo
Kammerorchester; as orquestras de
de seu país e prosseguiu sua formação
Cleveland, City of Birmingham,
com Hamish Milne na Academia Real
Philharmonia, orquestra da Ópera Cômica
de Música de Londres. Atualmente vive
de Berlim, NDR Radiophilharmonie
em Los Ângeles com o marido e duas
Hannover, Residentie e NDR
filhas. Por seu compromisso com os
Sinfonieorchester Hamburg. Colaborou
direitos humanos, foi nomeada consulesa
com os maestros Leonard Slatkin, Roger
honorária da Anistia Internacional. 9
Jônatas
REIS
Brasil, Belo Horizonte, 1976
EVOCAÇÕES SAGRADAS – SOBRE TEMAS DE MANOEL DIAS DE OLIVEIRA (2016) 24 min
Na última década, o belo-horizontino Jônatas Reis tem se destacado especialmente como compositor de música sinfônica. Em 2004, compôs sua primeira obra para essa formação, Meditação Sinfônica: Onipresença, vencedora da primeira edição do Prêmio BDMG/ Fundação Clóvis Salgado de Composição Sinfônica. Logo se seguiram outras premiações. Em 2010, a obra Louvor Sinfônico nº 1: Adoração ao Criador da Terra recebeu menção honrosa por sua orquestração no Festival Tinta Fresca. No ano seguinte, seu arranjo sinfônico para a canção de Silvestre Kuhlmann, Nem Só de Pão, foi premiado no 1º Concurso de Composição e Arranjo da Orquestra de Sopros da Fundação de Educação Artística. Em 2014, Messiânicas Brasileiras nº 2: Sonho de uma Noite no Sertão conquistou o terceiro lugar no Concurso Nacional de Composição Sinfônica Guerra Peixe: 100 Anos; no Festival Tinta Fresca de 2015, Reis conquistou o primeiro prêmio com a obra Messiânicas Brasileiras nº 3: Grande Sertão Exótico. No mesmo ano sua obra Sambaião Exótico foi finalista do Prêmio Bienal de Composição da Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo. Mesmo diversificada, a produção musical de Jônatas Reis orienta-se de acordo com um certo número de interesses que atestam sua identidade artística e coesão estilística. Neste sentido, ele explora principalmente a combinação entre a música de concerto, o jazz e as músicas popular e folclórica brasileiras, além de ocupar-se com a composição de música cristã e obras de caráter sacro. É, talvez, através da linguagem sacra que o compositor se insira mais profundamente numa tradição musical que antecede o Barroco, renova-se com Bach e encontra no francês Olivier Messiaen um ícone capaz de fundir de modo singular religiosidade e inovação da linguagem musical. A essa mesma tradição filia-se também Manoel Dias de Oliveira (1734/35-1813), compositor brasileiro do 10
período colonial, que se acredita ter nascido na Vila de São José, atual Tiradentes, e sabe-se ali ter atuado. Dias de Oliveira tornou-se o principal músico da Capitania de Minas Gerais
INSTRUMENTAÇÃO
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 3 clarinetes, clarone, 3 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cravo, piano, cordas.
e seu estilo versátil reúne atributos que vão da música renascentista ao Barroco tardio. São de Manoel Dias de Oliveira os seis temas que inspiraram a obra Evocações Sagradas, de Jônatas Reis. Embora motivada pela música do compositor colonial mineiro, Evocações
PARA OUVIR
CD Manoel Dias de Oliveira – Sacred Music from 18th Century Brasil – Ensemble Turicum (on historical instruments) – Luiz Alves da Silva – vol. II – Claves Records 50-9610 – 1997 PARA VISITAR
jonatasreiscompositor.blogspot.com.br
Sagradas reúne variadas influências, de Hindemith e Britten a Stravinsky e Shostakovich, passando por Villa-Lobos e Guerra-Peixe, e divide-se em cinco movimentos. O primeiro movimento, A Ti, ó Deus louvamos; a Ti, Senhor, confessamos, reúne variações sobre o tema Te Dominum confitemur do Te Deum de Dias de Oliveira; o segundo movimento, Vinde, adoremos, mantém quase intacta a melodia do Venite Adoremus, enquanto variações harmônicas, métricas e rítmicas são exploradas; o terceiro movimento, O anjo do Senhor – A fuga do Egito, é uma fuga em crescente densidade a partir do tema do Angelus Domini de Dias de Oliveira; o quarto movimento, Ai! Meu Senhor morreu, sobrepõe dois temas sucessivos da Procissão de Enterro nº 2: o motivo coral Heus e o solo Canto da Verônica, que é delegado ao violoncelo; finalmente, o último movimento, O Senhor ressuscitou verdadeiramente!, traz uma série de variações inspiradas no Surrexit Dominus Vere.
IGOR REYNER Pianista, Mestre em Música
pela UFMG, doutorando de Francês no King’s College London e colaborador do ARIAS/Sorbonne Nouvelle Paris 3. 11
Dmitri
SHOSTAKOVICH Rússia, 1906 – 1975
CONCERTO PARA PIANO Nº 1 EM DÓ MENOR, OP. 35 (1933) 21 min
Shostakovich começou a compor precocemente, aos quatorze anos, atraindo a atenção dos principais músicos soviéticos. No Conservatório de Petrogrado, Rússia, foi orientado por renomados mestres do piano e da composição, sendo o curso de seu desenvolvimento criativo determinado pelos acontecimentos em sua pátria. Ao contrário de muitos compositores soviéticos de sua geração, Shostakovich não se exilou, optando corajosamente por conciliar as revoluções musicais de sua época com as restrições impostas pelo regime stalinista. Utilizou elementos da música contemporânea ocidental para impingir certo caráter grotesco e exaltado às suas sátiras operísticas (O Nariz, de 1928, baseado em Gogol) e, da mesma forma, expressar ironia mordaz em obras para o balé (A Idade de Ouro, de 1930) e para o cinema (A Nova Babilônia, de 1929). Seu temperamento audacioso logo o pôs em conflito com as autoridades soviéticas, que o acusaram de vulgaridade, controlando suas obras até a morte de Stálin, ocorrida em 1953. Após o sucesso da Primeira Sinfonia, estreada na sua formatura, em 1926, o jovem compositor demonstrou ser hábil em quase todos os gêneros musicais. A primeira incursão no gênero concertante foi o Concerto para piano nº 1, op. 35, de 1933 – na verdade, um concerto para piano, trompete obbligato e orquestra de cordas. Shostakovich concebeu a obra, inicialmente, para trompete solista e orquestra. Posteriormente, adicionou o piano e relegou o trompete a um papel secundário, ora respondendo, ora comentando os temas do piano e da orquestra. O Concerto para piano nº 1 possui colagens, citações e paródias musicais de canções populares alemãs e inglesas, de obras de Beethoven, de Haydn e do próprio Shostakovich, e mesmo potenciais elementos circenses e jazzísticos, os quais viriam a se consolidar na Suíte para Orquestra de Jazz nº 1, escrita no ano seguinte. A orquestração 12
INSTRUMENTAÇÃO
Trompete e cordas.
PARA OUVIR
do Concerto, à maneira de um concertino neobarroco (em voga nos anos 1930 em toda a Europa), assim como o maneirismo neoclássico, herdado da escola vienense, unemse às polcas e valsas, reambientadas pelo espírito de Shostakovich. O Concerto para piano nº 1 foi estreado a 15 de outubro 1933, na abertura da temporada de concertos da Orquestra Filarmônica de Leningrado,
CD Composers in Person – Shostakovich – Orchestre National de la Radiodiffusion Française – Andre Cluytens, regente – Dmitri Shostakovich, piano – Ludovic Vaillant, trompete – EMI Classics – 1993 (Gravado em 1958/1959) PARA ASSISTIR
Verbier Festival Chamber Orchestra – Gábor Takács-Nagy, regente – Marta Argerich, piano – David Guerrier, trompete | Acesse: fil.mg/spiano1 PARA LER
Attila C. Sampaio e Dietmar Holland – Guia básico dos concertos: música orquestral de 1700 até os nossos dias – Civilização Brasileira – 1995
sob a regência de Fritz Stiedri, com Shostakovich ao piano e Alexander Schmidt ao trompete. Os movimentos, interligados, possuem a indicação attacca, significando que não deve haver interrupção entre eles. O espirituoso Allegretto reúne diversos temas numa coesão surpreendente. O segundo movimento, uma valsa lenta, íntima e sincera, remete ao Adagio do Concerto de Ravel e contrasta emocionalmente com os demais movimentos. O Moderato seguinte, iniciado por solo de piano, introduz o burlesco e fanfarrão Allegro con brio. A obra de Shostakovich, com uma veia de jovialidade iconoclasta, alia construção contrapontística à exibição veemente do pianismo moderno russo. O compositor, sagaz e irônico, coloca o humor e a música a serviço da crítica social.
MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em
Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais. 13
Ottorino
RESPIGHI Itália, 1879 – 1936
ÁRIAS E DANÇAS ANTIGAS
Suíte nº 1 (1917) Suíte nº 2 (1923)
15 min 19 min
Respighi pertence à chamada Geração de Oitenta (1880) que, na Itália dominada por longa tradição operística, lutou pelo renascimento de uma música instrumental vigorosa. Violista renomado, Respighi teve formação cosmopolita. Tocou na Orquestra da Ópera de São Petersburgo e estudou com Rimski-Korsakov, de quem herdou a ciência da instrumentação. Em Berlim, foi discípulo do conservador Max Bruch; entretanto, soube enriquecer sua paleta orquestral em contato com os aspectos inovadores das obras de Richard Strauss e Debussy. Por outro lado, o compositor identificou-se com o passado musical de seu país. Usou os modos gregorianos em composições próprias e transcreveu obras antigas. As três suítes de Árias e Danças Antigas refletem seu interesse pelos velhos mestres – cada uma possui quatro movimentos, retirados de peças para alaúde de autores italianos e franceses dos séculos XVI e XVII. Por essa época, as peças de dança, agrupadas ou não em suítes, constituíram uma das fontes fundamentais para a música instrumental. Em festas populares ou em cerimônias cortesãs, a dança desempenhava importante papel na vida social renascentista ou barroca. Entretanto, cada vez mais as peças da suíte foram tratadas como música para ser tocada e não necessariamente dançada. Os compositores reuniam, na suíte, danças representativas de diferentes países, consideradas como patrimônio comum do Ocidente. A essas agregavam, eventualmente, algum número inabitual, de países distantes, turqueries com claro apelo exótico. Com liberdade e criatividade, Respighi soube interpretar aspectos sugestivos desses originais, utilizando uma orquestração extremamente inventiva e atraente. A Suíte nº 1 inicia-se com um Balletto do compositor Simone Molinaro, mestre de capela de Gênova. 14
INSTRUMENTAÇÃO — SUÍTE Nº 1
A segunda dança, uma Gagliarda de grande vivacidade e com orquestração mais densa, foi composta por Vincenzo Galilei – pai do célebre astrônomo. A Villanella seguinte cria grande
2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 fagotes, 2 trompas, trompete, harpa, cravo, cordas. INSTRUMENTAÇÃO — SUÍTE Nº 2
Piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes, 3 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, harpa, celesta, cravo, cordas.
contraste, apresentando delicado lirismo. Trata-se de uma canção popular napolitana anônima. Também desconhecido é o autor do Passomezzo e Mascherada, número final da Suíte, repleto de humor e energia. A Suíte nº 2 inicia-se com três
PARA OUVIR
Respighi – Ancient airs and dances – Suítes nos 1-3 – National Symphony Orchestra of Ireland – Rico Saccani, regente – Naxos, Alemanha – 1996 PARA LER
François-René Tranchefort – Guia da Música Sinfônica – Nova Fronteira – 1990
números do balé Laura soave de Fabricio Caroso – Balletto con gagliarda, Saltarello e Canario – reagrupados por Respighi em um Andantino. As duas peças seguintes homenageiam a música francesa: a Dança Rústica é obra de Jean Baptiste Bésard, importante compositor borgonhês para alaúde. A próxima ária, Campanae parisienses, inspira-se na canção Les cloches de Paris, atribuída a Marin Mersenne, matemático e filósofo jesuíta, amigo de Descartes. A Suíte termina retornando à Itália, com os temas originais do norte do país encontrados na Bergamasca
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS
de Bernardo Gianoncelli. A beleza
Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado. Apresenta o programa semanal Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
do material temático somada ao fascínio tímbrico da orquestração magistral de Respighi tornam essas suítes páginas inesquecíveis.
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amigos fazem a diferença e a filarmônica de minas gerais conta com o seu apoio
FOTO: B RUNA B RANDÃO
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Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti REGENTE ASSOCIADO
Marcos Arakaki
PRIMEIROS VIOLINOS
Anthony Flint – Spalla Rommel Fernandes – Spalla Associado Ara Harutyunyan – Spalla Assistente Ana Paula Schmidt Ana Zivkovic Arthur Vieira Terto Bojana Pantovic Dante Bertolino Hyu-Kyung Jung Joanna Bello Roberta Arruda Rodrigo Bustamante Rodrigo M. Braga Rodrigo de Oliveira
VIOLONCELOS
TROMPAS
GERENTE
Philip Hansen * Felix Drake *** Camila Pacífico Camilla Ribeiro Eduardo Swerts Emilia Neves Lina Radovanovic Robson Fonseca William Neres
Alma Maria Liebrecht * Evgueni Gerassimov *** Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos Santos Lucas Filho Fabio Ogata
Jussan Fernandes
TROMPETES
Débora Vieira
CONTRABAIXOS
Nilson Bellotto * Marcelo Cunha Marcos Lemes Pablo Guiñez Rossini Parucci Walace Mariano
SEGUNDOS VIOLINOS
Frank Haemmer * Leonidas Cáceres *** Gideôni Loamir Jovana Trifunovic Luka Milanovic Martha de Moura Pacífico Matheus Braga Radmila Bocev Rodolfo Toffolo Tiago Ellwanger Valentina Gostilovitch
FLAUTAS
VIOLAS
CLARINETES
João Carlos Ferreira * Roberto Papi *** Flávia Motta Gerry Varona Gilberto Paganini Juan Díaz Katarzyna Druzd Luciano Gatelli Marcelo Nébias Nathan Medina
Marlon Humphreys * Érico Fonseca ** Daniel Leal *** Tássio Furtado TROMBONES
Mark John Mulley * Diego Ribeiro ** Wagner Mayer *** Renato Lisboa
INSPETORA
Karolina Lima ASSISTENTE ADMINISTRATIVA
ARQUIVISTA
Ana Lúcia Kobayashi ASSISTENTES
Claudio Starlino Jônatas Reis SUPERVISOR DE MONTAGEM
Rodrigo Castro
Cássia Lima * Renata Xavier *** Alexandre Braga Elena Suchkova
TUBA
Eleilton Cruz * TÍMPANOS
Patricio Hernández Pradenas *
OBOÉS
Alexandre Barros * Ravi Shankar *** Israel Muniz Moisés Pena Marcus Julius Lander * Jonatas Bueno *** Ney Franco Alexandre Silva
MONTADORES
André Barbosa Hélio Sardinha Jeferson Silva Klênio Carvalho Risbleiz Aguiar
PERCUSSÃO
Rafael Alberto * Daniel Lemos *** Sérgio Aluotto Werner Silveira HARPA
Jennifer Campbell **** TECLADOS
FAGOTES
Catherine Carignan * Victor Morais *** Andrew Huntriss Francisco Silva
Ayumi Shigeta * Wagner Sander ****
SHOSTAKOVICH Editor original:
Herdeiros Shostakovich Representante exclusivo:
Barry Editorial
* principal
** principal associado
*** principal assistente
**** músico convidado
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FORTISSIMO agosto
nº 15 / 2016 ISSN 2357-7258
ANALISTAS DE DIRETORA DE MARKETING E PROJETOS MARKETING E PROJETOS Zilka Caribé
RECEPCIONISTA
Lizonete Prates Siqueira
EDITORA Merrina
DIRETOR DE OPERAÇÕES
AUXILIAR ADMINISTRATIVO
EDIÇÃO DE TEXTO
Itamara Kelly Mariana Theodorica
Ivar Siewers Ilustrações: Mariana Simões
Pedro Almeida
Godinho Delgado Berenice Menegale
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TEMPORADA 2017
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CONCERTOS
JUVENTUDE
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J. Reis, Shostakovich, Respighi 20 e 21 / ago, 18h
Mozart — Ópera 26 / ago, 20h
Caeté — Quinteto de Sopros
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ALLEGRO VIVACE FORA DE SÉRIE TURNÊ ESTADUAL
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• Séries de assinatura: Allegro, Vivace, Presto, Veloce, Fora de Série • Concertos para a Juventude • Clássicos na Praça • Concertos Didáticos • Festival Tinta Fresca • Laboratório de Regência • Turnês estaduais • Turnês nacionais e internacionais • Concertos de Câmara Visite filarmonica.art.br/ filarmonica/sobre-a-filarmonica e conheça cada uma delas.
Para que sua noite seja ainda mais especial, nos dias de concerto, apresente seu ingresso no restaurante Haus München e, na compra de um prato principal, ganhe outro de igual ou menor valor. Rua Juiz de Fora, 1.257, pertinho da Sala Minas Gerais.
PARA APRECIAR UM CONCERTO CONCERTOS COMENTADOS
Agora você pode assistir a palestras sobre temas dos concertos das séries Allegro, Vivace, Presto e Veloce. Elas acontecem na Sala de Recepções, à esquerda do foyer principal, das 19h30 às 20h, para as primeiras 65 pessoas a chegar.
CUMPRIMENTOS
Após o concerto, caso queira cumprimentar os músicos e convidados, dirija-se à Sala de Recepções.
ESTACIONAMENTO
0 PROGRAMA DE CONCERTOS O Fortissimo é uma publicação indexada aos sistemas nacionais e internacionais de catalogação. Elaborado com a participação de especialistas, ele oferece uma oportunidade a mais para se conhecer música. Desfrute da leitura e estudo. Mas, caso não precise dele após o concerto, por favor, devolva-o nas caixas receptoras para que possamos reaproveitá-lo. O Fortissimo também está disponível no formato digital em nosso site www.filarmonica.art.br.
Para seu conforto e segurança, a Sala Minas Gerais possui estacionamento, e seu ingresso dá direito ao preço especial de R$ 15 para o período do concerto.
PONTUALIDADE
CONVERSA
APARELHOS CELULARES
CRIANÇAS
FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEO
COMIDAS E BEBIDAS
Uma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.
Confira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro.
Não são permitidas durante os concertos.
APLAUSOS
Aplauda apenas no final das obras. Veja no programa o número de movimentos de cada uma e fique de olho na atitude e gestos do regente.
A experiência do concerto inclui o encontro com outras pessoas. Aproveite essa troca antes da apresentação e no seu intervalo, mas nunca converse ou faça comentários durante a execução das obras. Lembre-se de que o silêncio é o espaço da música.
Caso esteja acompanhado por criança, escolha assentos próximos aos corredores. Assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável.
Seu consumo não é permitido no interior da sala de concertos.
TOSSE
Perturba a concentração dos músicos e da plateia. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha. 21
COMUNICAÇÃO ICF
MANTENEDOR
PATROCÍNIO MÁSTER
PATROCÍNIO
APOIO INSTITUCIONAL
DIVULGAÇÃO
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SALA MINAS GERAIS
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