TICHE FORTISSIMO Nº 10 — 2016
LIKABA 09/06 PRESTO
LEVSKY 10/06 VELOCE
TCHAIK
OVSKY
MINISTÉRIO DA CULTURA E GOVERNO DE MINAS GERAIS APRESENTAM
09/06 PRESTO 10/06 VELOCE
Caros amigos e amigas, Recebemos uma vez mais a visita de dois de nossos mais aclamados convidados, novamente reunidos em um concerto da Filarmônica – o regente norteamericano Carl St. Clair e o violoncelista alemão Leonard Elschenbroich. Neste programa, apresentaremos a estreia brasileira de Vozes Radiantes do também norte-americano Frank Ticheli, além do raro e interessantíssimo Concerto para violoncelo nº 2 de Dmitri Kabalevsky. A noite se encerra com a belíssima suíte de O lago dos cisnes de Tchaikovsky, talvez um dos balés mais inspirados da história da música. Na certeza de que esta será uma das apresentações mais marcantes da temporada, agradecemos a participação de nossos convidados e a presença
FOTO: RA FA EL M OTTA
sempre amiga e calorosa de todos vocês. Bom concerto a todos.
FABIO MECHETTI Diretor Artístico e Regente Titular 3
FOTO: AN DRÉ FOSSAT I
FABIO MECHETTI diretor artístico e regente titular
D
esde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável
pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro. Com seu trabalho, Mechetti posicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e internacional e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou turnês pelo Uruguai e Argentina e realizou gravações para o selo Naxos. Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática. Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais
4
de verão nos Estados Unidos, entre
No Brasil, foi convidado a dirigir a
eles os de Grant Park em Chicago
Sinfônica Brasileira, a Estadual de
e Chautauqua em Nova York.
São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais de
Realizou diversos concertos no México,
São Paulo e do Rio de Janeiro.
Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu
Trabalhou com artistas como Alicia
as orquestras sinfônicas de Tóquio,
de Larrocha, Thomas Hampson,
Sapporo e Hiroshima. Regeu também a
Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,
Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia,
Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil
a Orquestra da Rádio e TV Espanhola
Shaham, Midori, Evelyn Glennie,
em Madrid, a Filarmônica de Auckland,
Kathleen Battle, entre outros.
Nova Zelândia, e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá.
Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos
Vencedor do Concurso Internacional de
dirigindo a Ópera de Washington.
Regência Nicolai Malko, na Dinamarca,
No seu repertório destacam-se
Mechetti dirige regularmente na
produções de Tosca, Turandot, Carmem,
Escandinávia, particularmente a
Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème,
Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a
Madame Butterfly, O barbeiro de
de Helsingborg, Suécia. Recentemente
Sevilha, La Traviata e Otello.
fez sua estreia na Finlândia, dirigindo a Filarmônica de Tampere, e na Itália,
Fabio Mechetti recebeu títulos
dirigindo a Orquestra Sinfônica de
de mestrado em Regência e em
Roma. Em 2016 fará sua estreia com a
Composição pela prestigiosa
Filarmônica de Odense, na Dinamarca.
Juilliard School de Nova York. 5
T K T 6
CARL ST. CLAIR, regente convidado LEONARD ELSCHENBROICH, violoncelo
PROGRAMA
Frank TICHELI Vozes Radiantes
Dmitri KABALEVSKY Concerto para violoncelo nº 2 em dó menor, op. 77 Molto sostenuto Presto marcato Andante con moto
INTERVALO
Piotr Ilitch TCHAIKOVSKY O lago dos cisnes: Suíte, op. 20a Scène | Cena Valse | Valsa Danse des Cygnes | Dança dos Cisnes Pas d’Action | Pas d’Action – Andante Danse Hongroise (Czardas) | Dança Húngara (Czardas) Danse Espagnole | Dança Espanhola Danse Napolitaine | Dança Napolitana Mazurka | Mazurka Finale | Final
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CARL ST. CLAIR
FOTO: MARCO BORGGRE VE
Diretor artístico da Sinfônica do Pacífico
Carl St. Clair tem forte compromisso
por mais de duas décadas, Carl St. Clair
com o desenvolvimento e apresentação
é reconhecido por suas apresentações de
de novos trabalhos de compositores
notável musicalidade, pela abordagem
norte-americanos, atitude evidente na
inovadora na programação e por seu
riqueza das encomendas e gravações
comprometimento em programas
da Sinfônica do Pacífico. Sob sua
educacionais proeminentes. O rápido
orientação, a orquestra encomendou
desenvolvimento artístico da Sinfônica
obras como The Passion of Ramakrishna
do Pacífico, o maior grupo formado nos
de Philip Glass, o ciclo musical de
Estados Unidos nos últimos quarenta
William Bolcom Canciones de Lorca e
anos, deve-se à liderança de St. Clair.
o concerto para violoncelo de Chen Yi, Ballad, Dance and Fantasy, composto
Recentemente, Carl St. Clair foi
para o instrumentista Yo-Yo Ma.
nomeado diretor artístico da Orquestra
Zhou Long, Tobias Picker e
Sinfônica Nacional da Costa Rica.
Christopher Theofandis também
Agora em sua septuagésima terceira
foram comissionados pela orquestra.
temporada, a orquestra é um estável grupo que representa todo o país.
Muitas dessas obras foram gravadas, incluindo An American Requiem
Também regente convidado ativo,
de Richard Danielpour (Reference
Carl St. Clair conduziu a Sinfônica
Recordings) e Fire Water Paper: A
de Boston (onde foi regente assistente
Vietnam Oratorio de Elliot Goldenthal
por muitos anos), as filarmônicas de
(Sony Classical), com Yo-Yo Ma.
Los Angeles e de Nova York, a Orquestra
Entre outras gravações estão os últimos
da Filadélfia e as sinfônicas de Atlanta,
trabalhos de Toru Takemitsu (Sony
Detroit, Houston, Indianápolis,
Classical) e obras de John Corigliano
Milwaukee, Montreal, Nashville,
e Frank Ticheli (Koch Classics).
São Francisco, Sarasota, Seattle, Toronto e Vancouver, para listar algumas.
Carl St. Clair foi o primeiro artista
Ao redor do mundo, regeu orquestras
não europeu a ocupar o cargo de
na Europa, América do Sul, Israel,
diretor musical e regente principal
Austrália, Nova Zelândia, Hong Kong e
do Deutsches Nationaltheater und
Japão. Em festivais de verão, esteve em
Staatskapelle de Weimar. Também
Schleswig-Holstein, Pacífico, Round Top,
foi diretor musical da Komische Oper
Breckenridge, Wintergreen, Texas
Berlin e principal regente convidado
Music Festival e Tanglewood.
da orquestra SDR, em Stuttgart, onde completou com sucesso um
Amplamente influenciado por sua
projeto de três anos de gravação das
estreita relação com Leonard Bernstein,
sinfonias completas de Villa-Lobos. 9
LEONARD ELSCHENBROICH
FOTO: FE L I X BROE DE
Leonard Elschenbroich estabeleceu-se como
Lombardi, Arlene Sierra e Suzanne
um dos violoncelistas mais carismáticos
Farrin. Em 2017, fará a estreia mundial
de sua geração, com seu estilo apaixonado
de concerto de Mark Simpson.
e cativante, abordagem comunicativa e delicada. Entre seus prêmios estão o Leonard
Seu CD de estreia (Onyx Classics) recebeu
Bernstein, o Förderpreis Deutschlandfunk,
cinco estrelas dos jornais The Telegraph
Eugene Istomin e Borletti Buitoni.
e The Guardian, foi Escolha do Mês na
Foi aceito no programa Artistas da Nova
BBC Music Magazine e Escolha do Editor
Geração, da Rádio 3 da BBC, e nomeado
na Gramophone. Seu segundo disco trouxe
Artista em Residência na Deutschlandfunk
o Concerto nº 2 de Kabalevsky com a
e na Filarmônica de Bremen.
Filarmônica da Holanda e Andrew Litton.
Elschenbroich trabalhou com vários
Desde 2012 Elschenbroich é Mentor
regentes célebres, como S. Bychkov,
Artístico da Filarmônica da Bolívia.
C. Eschenbach, C. Dutoit, M. Honeck,
Na América do Sul, apresentou-se
K. Karabits, D. Kitajenko, A. Litton, Y. P.
também em Buenos Aires, Montevidéu,
Tortelier e V. Sinasiky. Foi solista com
Lima, Rio de Janeiro e São Paulo.
a Sinfônica WDR, a Konzerthaus de Berlim, Dresden Staatskapelle e Orquestra
Na atual temporada, ele faz turnê com
Nacional Real Escocesa; sinfônicas da
a Sinfônica da Nova Zelândia e Edo
Rádio Sueca, de Basel, de Stavanger,
Waart; estreia com as orquestras de
de Chicago, da BBC e Nacional de
Minnesota, Aurora, Northern Sinfonia,
Washington; com as filarmônicas Borusan
Brabants Orkest, sinfônicas da Cidade
Stambul, de São Petersburgo, da Holanda,
de Birmingham e da Tasmânia; volta
de Buenos Aires, de Nagoya, de Londres,
a se apresentar com as filarmônicas da
da BBC, do Japão e Filarmônica Real.
BBC, de Minas Gerais e de Medellín e com a Sinfônica Nacional da RTE. Seus
Realizou recitais no Wigmore Hall,
recitais incluem Berlim, Bremen, Perth,
Auditorium do Louvre, Concertgebouw,
Miami, Lima, Rio de Janeiro e Tóquio.
Frick Collection e nos festivais de Ravinia, Lucerne, Gstaad, Rheingau, Mecklenburg
Leonard Elschenbroich nasceu em 1985,
Vorpommern, Schleswig Holstein e quatro
em Frankfurt. Aos dez anos ganhou
vezes no The Proms. Seus parceiros
bolsa de estudos para a Escola Yehudi
regulares em música de câmara são
Menuhin, em Londres, e depois estudou
Nicola Benedetti e Alexei Grynyuk.
com Frans Helmerson na Academia de Música de Colônia. Ele se apresenta
Incentivador da música contemporânea,
com um violoncelo feito por Matteo
Elschenbroich comissionou trabalhos
Goffriller “Leonard Rose” (Veneza,
de Mark-Anthony Turnage, Luca
1693), em empréstimo pessoal. 11
Frank
TICHELI Estados Unidos, 1958
VOZES RADIANTES (1993)
20 min
A música de Frank Ticheli é hoje uma das mais executadas e bem recebidas pela crítica e pelo público no mundo das bandas sinfônicas e universitárias. Entre os anos de 1998 e 2003, Ticheli tornou-se, dentre todos os compositores para essa formação ainda vivos, o mais interpretado. Sua carreira como compositor orquestral não é menos satisfatória e consolidou-se principalmente durante os sete anos como compositor residente da Pacific Symphony, entre 1991 e 1998. Durante esse período, marcado pela experimentação e exploração diversificada da linguagem sinfônica, Ticheli compôs especialmente para a orquestra as obras Vozes Radiantes, a versão orquestral de Cartão Postal, Fanfarra Pacific, No Fluxo do Tempo e Um Sonho Americano. No dia 3 de março de 1991, o taxista Rodney King, levando dois passageiros, é perseguido pela polícia rodoviária da Califórnia após transpor uma barreira de trânsito. Uma vez apreendido e imobilizado, Rodney teria sido violentamente agredido com cassetetes e tasers (armas de choque) por cinco policiais. O ocorrido, no entanto, foi filmado e divulgado na mídia. Processados por excesso, os policiais foram julgados e absolvidos no dia 29 de abril de 1992. Suas absolvições desencadearam uma série de protestos que muito rapidamente transformaram-se em ações violentas, incendiárias e, mesmo, pilhagens. Conhecida como “os distúrbios de Los Angeles de 1992”, a revolta estendeu-se por seis dias e tomou conta da maior parte da região metropolitana de Los Angeles. Uma semana após os conflitos, Frank Ticheli, morador da cidade, dá início à composição de Vozes Radiantes, encomendada por Carl St. Clair, regente e diretor artístico da Pacific Symphony. Comovido pelos tumultos da véspera, Ticheli sente a necessidade de compartilhar, por meio de sua música, uma mensagem de esperança e alegria, de renovação e reunião com uma comunidade dividida, ferida, invadida pelos mais intensos sentimentos de revolta, insatisfação e 12
INSTRUMENTAÇÃO
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.
PARA OUVIR
incompreensão. Assim, em resposta aos conflitos, concebe uma fantasia dramática e poderosa, ainda que otimista e vibrante. Tudo na obra deriva das cinco notas do motivo inicial (si bemol, dó, fá, mi, sol). Como declara o compositor, são estas notas que dão unidade ao todo, posto que, do contrário, a obra seria apenas uma série disparatada de eventos em rápida sucessão. Sem jamais perder por completo sua identidade, o tema
CD Corigliano, Piano Concerto; Ticheli, Radiant Voices and Postcard – Pacific Symphony Orchestra – Carl St. Clair, regente – Koch International Classics, 7250 – 1994 CD Composer’s Collection – Frank Ticheli – North Texas Wind Symphony – Eugene Migliaro Corporon, regente – GIA Publications – 2007 PARA ASSISTIR
Ticheli e Carl St. Clair falam sobre Vozes Radiantes Acesse: fil.mg/tvozes PARA LER
Mark Camphouse – Composers on Composing for Band – GIA Publications – 2002
é modificado em sua direção, ordem, andamento, registro e orquestração. A multiplicidade de seções sugere uma série de eventos variados, tanto íntimos, quanto majestosos, jocosos, estilizados, jazzísticos. Para o compositor, a obra pode ser imaginada como uma viagem de carro na qual se “atravessa uma paisagem marcada pela rápida mudança de cenário”. Vozes Radiantes foi estreada em fevereiro de 1993 pela Pacific Symphony Orchestra em sua sede, Segerstrom Hall, sob a regência de Carl St. Clair, maior promotor da obra de Ticheli. Publicada em 1995, tem por subtítulo Uma Fantasia para Orquestra.
IGOR REYNER Pianista, Mestre em Música
pela UFMG, doutorando de Francês no King’s College London e colaborador do ARIAS/Sorbonne Nouvelle Paris 3. 13
Dmitri
KABALEVSKY Rússia, 1904 – 1987
CONCERTO PARA VIOLONCELO Nº 2 EM DÓ MENOR, OP. 77 (1964) 20 min
A música de Dmitri Kabalevsky é um legado para o futuro por diversas razões. A primeira, objetiva, diz respeito ao desconhecimento de centenas de obras suas, rigorosamente protegidas por direitos autorais. As demais razões, de cunho subjetivo, participam de um precipitado julgamento político, moral e estético: um sobre o compositor e seu envolvimento no movimento comunista soviético, outro sobre a necessária comunicabilidade de suas composições. Caberá também ao futuro uma acurada apreciação desse subestimado autor e de sua obra, ainda hoje tratados indistintamente e sem direito de defesa. De 1920 até o final dos anos 1960, instaurou-se na União Soviética uma política artística que visava ao maior acesso do povo à arte, sofrendo esta, porém, muitas limitações. Os artistas, embora considerados por Stalin como “engenheiros de almas”, foram tolhidos na sua liberdade criativa. A arte, destituída de força argumentativa e contestadora, passou a ser mero instrumento do Partido Comunista. Proibida de expressar conteúdos complexos e trágicos, a arte deveria apenas retratar a revolução como responsável pela melhoria do nível de vida. O compositor Kabalevsky abraçou a causa comunista, ao contrário de outros compositores, censurados, exilados ou camuflados corajosamente sob a realidade opressora de seus censores. A ligação de Kabalevsky com o Partido Comunista Soviético foi o primeiro entrave para a assimilação de sua música por parte dos países capitalistas. No entanto, a discussão ética sobre a gênese de suas composições não pode ser confundida com suas composições per se, enquanto monumento artístico universal e atemporal. O uso de tonalidades diatônicas e contornos estruturais acessíveis sempre foram o estandarte da música de Kabalevsky, de forma que ele não sofreu nenhuma restrição ao seu estilo composicional. Mesmo quando faz uso de dissonâncias, sua música é atraente e espirituosa. Kabalevsky, premiado com três Prêmios Stalin e condecorado com a Ordem de Lenin, é lembrado em seu país pelas 14
INSTRUMENTAÇÃO
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, saxofone alto, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 2 trompetes, 2 trombones, tímpanos, percussão, harpa, cordas.
PARA OUVIR
obras didáticas e por sua importante atuação na educação musical, sendo eleito chefe de conselhos e comissões de pedagogia musical. O Concerto para violoncelo nº 2, op. 77, considerado uma das melhores criações de Kabalevsky, reflete uma rara faceta do compositor, quiçá mais condizente com uma personalidade até então encoberta pelo véu do realismo soviético. Estreado pelo excelente violoncelista russo Daniel Shafran, a quem foi dedicado, o Concerto é uma obra forte, de emoções diversas, profundas e sinceras. O início, como um rito processional, revela certa angústia e
CD Kabalevsky – Cello Concertos nos. 1 and 2; Spring, op. 65 – Moscow Symphony Orchestra – Igor Golovschin, regente – Alexander Rudin, violoncelo – Naxos – 1997 CD Daniil Shafran, Russian Soul – Kabalevsky, Cello Concerto in C minor nº 2 opus 77 e outros – Leningrad Philharmonic Orchestra – Dmitri Kabalevsky, regente – Daniil Shafran, violoncelo – Cello Classics – 2006 [1967] CD Kabalevsky e Prokofiev – Netherlands Philharmonic Orchestra – Andrew Litton, regente – Leonard Elschenbroich, violoncelo – Onyx – 2014 PARA ASSISTIR
Orquestra Filarmônica da Holanda – Andrew Litton, regente – Leonard Elschenbroich, violoncelo (trecho do ensaio geral) Acesse: fil.mg/kvioloncelo2 PARA LER
David Forrest – Kabalevsky: Musical Views – Australian Scholarly Publishing – 2009
tensão. O violoncelo abruptamente interromperá o lamento com agitação e fúria. O segundo movimento, energicamente satírico, inicia-se com um tema dado pelo saxofone e imitado pelo violoncelo. Nesse excitante movimento, o autor brilha como um sagaz orquestrador. Um pequeno solo do violoncelo prepara o ambiente do terceiro movimento, um amálgama de expressões emotivas e de lutas, que se esvairão num reconfortante arpejo de dó maior.
MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em
Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais. 15
Piotr Ilitch
TCHAIKOVSKY Rússia, 1840 – 1893
O LAGO DOS CISNES: SUÍTE, OP. 20A (1875/1876)
35 min
O enredo de O lago dos cisnes deriva de uma antiga lenda alemã. Por obra do temível bruxo Rothbart, a princesa Odette e suas companheiras são transformadas em cisnes e só retomam a forma humana da meia-noite ao amanhecer. Durante uma caçada noturna, o príncipe Siegfried se apaixona por ela e planeja livrá-la do sortilégio, com uma declaração de eterno amor. Na noite seguinte, a princesa deverá apresentar-se no castelo onde, em grande festividade, o príncipe anunciará a todo o reino o noivado dos dois. Entretanto, Rothbard impede o comparecimento da princesa à festa, substituindo-a por sua filha Odile, vestida de cisne negro e transfigurada em sósia da verdadeira princesa (tradicionalmente os dois papéis são interpretados pela mesma bailarina). Burlado pelo ardil de Rothbard, Siegfried declara-se ao cisne negro. Percebendo seu engano, o príncipe volta ao lago para reencontrar Odette. Os dois apaixonados reafirmam seus sentimentos. Enfurecido diante de tão grande amor, Rothbard ordena ao lago que transborde. Para sempre transformadas em cisnes, as amigas da princesa fogem, enquanto os amantes, preferindo a morte à separação, desaparecem nas águas agitadas. Para Tchaikovsky, a abordagem da composição musical era antes de tudo um gesto autobiográfico, confessional. Em cartas, ele se refere frequentemente ao Destino (o Fatum) como tema programático central para muitas de suas obras. Quanto a O lago dos cisnes – apesar dos obrigatórios números de danças típicas e divertissements –, o compositor buscou evidentemente um colorido dramático para a partitura. A Cena inicial apresenta o tema do Destino no oboé, sobre o acompanhamento da harpa e o trêmulo das cordas. Esse tema será desenvolvido com grande dramaticidade pela orquestra, tornando-se um motivo condutor para a ação. 16
INSTRUMENTAÇÃO
Uma escala descendente em pizzicato das cordas introduz a grande Valsa que abre as festividades no palácio de Siegfried. A rica orquestração
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 4 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.
valoriza os temas que refletem o entusiasmo dos convidados. Segue-se a Dança dos Cisnes, cuja melodia inicia-se pelo oboé. A curiosa instrumentação valoriza as madeiras, e o ritmo lembra um delicado minueto.
PARA OUVIR
CD Tchaikovsky – Suítes orquestrais – O Quebra-nozes, op. 71; O lago dos cisnes, op. 20 – Royal Philharmonic Orchestra – Yuri Simonov, regente – Coleção O Globo de Música Clássica – 2006 PARA ASSISTIR
Na cena seguinte, a introdução alterna acordes do oboé e do clarinete com os desenhos da harpa. Todo o movimento é dominado por um violino que acompanha o difícil solo de Odette, um dos mais célebres números
Orquestra Filarmônica de Moscou – Yuri Botnari, regente Acesse: fil.mg/tlagodoscisnes PARA LER
Michel Rostislav Hofmann – Tchaikovsky – Éditions du Seuil – Solfèges – 1979
coreográficos da história do balé. As danças típicas finais são retiradas da festa de noivado do terceiro ato, quando convidados de vários países dançam seus ritmos característicos. Independentemente das associações autobiográficas ou literárias de sua gênese, a obra de Tchaikovsky impõe-se por suas qualidades intrínsecas, sobretudo pela beleza melódica, pelo domínio magistral da orquestração e pela prodigiosa intuição do poder expressivo dos instrumentos. Com Tchaikovsky, o balé russo ganhou
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS
incomparável prestígio musical no final
Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado. Apresenta o programa semanal Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
do século XIX e iniciou uma renovação estética que teve continuidade nas obras de compositores como RimskyKorsakov, Stravinsky e Prokofiev.
17
FOTO: AL E XAN DRE RE Z E N DE
FOTO: BRUN A BRAN Dテグ
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti REGENTE ASSOCIADO
Marcos Arakaki
PRIMEIROS VIOLINOS
Anthony Flint – Spalla Rommel Fernandes – Spalla Associado Ara Harutyunyan – Spalla Assistente Ana Zivkovic Arthur Vieira Terto Bojana Pantovic Dante Bertolino Hyu-Kyung Jung Joanna Bello Matheus Braga Roberta Arruda Rodrigo Bustamante Rodrigo M. Braga Rodrigo de Oliveira
VIOLONCELOS
SAXOFONE
GERENTE
Philip Hansen * Felix Drake *** Camila Pacífico Camilla Ribeiro Eduardo Swerts Emilia Neves Eneko Aizpurua Pablo Lina Radovanovic Robson Fonseca
Robson Saquett*****
Jussan Fernandes
TROMPAS
INSPETORA
Alma Maria Liebrecht * Evgueni Gerassimov *** Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos Santos Lucas Filho Fabio Ogata
Karolina Lima
CONTRABAIXOS
TROMPETES
Nilson Bellotto * Marcelo Cunha Marcos Lemes Pablo Guiñez Rossini Parucci Walace Mariano
Marlon Humphreys * Érico Fonseca ** Daniel Leal *** Tássio Furtado
FLAUTAS
Cássia Lima * Renata Xavier *** Alexandre Braga Elena Suchkova
TROMBONES
Mark John Mulley * Diego Ribeiro ** Wagner Mayer *** Renato Lisboa TUBA
Eleilton Cruz * OBOÉS
Alexandre Barros * Ravi Shankar *** Israel Muniz Moisés Pena
VIOLAS
João Carlos Ferreira * Roberto Papi *** Flávia Motta Gerry Varona Gilberto Paganini Juan Díaz Katarzyna Druzd Luciano Gatelli Marcelo Nébias Nathan Medina
Débora Vieira ARQUIVISTA
SEGUNDOS VIOLINOS
Frank Haemmer * Leonidas Cáceres *** Gideôni Loamir Jovana Trifunovic Luka Milanovic Martha de Moura Pacífico Radmila Bocev Rodolfo Toffolo Tiago Ellwanger Valentina Gostilovitch
ASSISTENTE ADMINISTRATIVA
TÍMPANOS
Ana Lúcia Kobayashi ASSISTENTES
Claudio Starlino Jônatas Reis SUPERVISOR DE MONTAGEM
Rodrigo Castro MONTADORES
André Barbosa Hélio Sardinha Jeferson Silva Klênio Carvalho Risbleiz Aguiar
Patricio Hernández Pradenas * PERCUSSÃO
CLARINETES
Marcus Julius Lander * Jonatas Bueno *** Ney Franco Alexandre Silva
Rafael Alberto * Daniel Lemos *** Sérgio Aluotto Werner Silveira HARPA
FAGOTES
Catherine Carignan * Victor Morais *** Andrew Huntriss Francisco Silva
Giselle Boeters * TECLADOS
Ayumi Shigeta * KABALEVSKY Editor original: Sikorski Representante exclusivo:
Barry Editoral
* principal
** principal associado
*** principal assistente
***** músico convidado
GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS
Fernando Damata Pimentel
Angelo Oswaldo de Araújo Santos
VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
SECRETÁRIO ADJUNTO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS
Antônio Andrade
João Batista Miguel
Instituto Cultural Filarmônica
(Oscip – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003)
Conselho Administrativo
DIRETOR DE PRODUÇÃO MUSICAL
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Ivar Siewers Ilustrações: Mariana Simões
RECEPCIONISTA
Lizonete Prates Siqueira AUXILIAR ADMINISTRATIVO
Pedro Almeida
FORTISSIMO junho
nº 10 / 2016 ISSN 2357-7258 EDITORA Merrina
AUXILIARES DE SERVIÇOS GERAIS
Godinho Delgado
Ailda Conceição Márcia Barbosa
Berenice Menegale
EDIÇÃO DE TEXTO
23
FILARMÔNICA ONLINE www.filarmonica.art.br
VISITE A CASA VIRTUAL DA NOSSA ORQUESTRA
FORA DE SÉRIE MOZART EM DOSE DUPLA Uma boa notícia para os amantes de Mozart. Dois concertos da série Fora de Série serão repetidos. Em agosto, a ópera semiencenada Così fan tutte acontecerá nos dias 20 e 21. E em dezembro, o último concerto da série, com grandes obras, entre elas o Requiem, acontecerá nos dias 9 e 10.
Fique de olho em filarmonica.art.br/ingressos.
Ópera 20 AGO 21 AGO
sábado, 18h domingo, 17h
apresentação extra
Como em todas as apresentações da série, os ingressos começarão a ser vendidos um mês antes da data do concerto.
Último capítulo
CONCERTOS
CONHEÇA AS APRESENTAÇÕES DA FILARMÔNICA
jun
4 / jun, 21h
Santa Bárbara 5 / jun, 18h
Betim 9 e 10 / jun, 20h30
Ticheli, Kabalevsky, Tchaikovsky 18 / jun, 18h
Mozart — Sinfonias 23 e 24 / jun, 20h30
Ginastera, Rachmaninov, Copland
TURNÊ ESTADUAL
TURNÊ ESTADUAL PRESTO VELOCE FORA DE SÉRIE
ALLEGRO VIVACE
09 DEZ 10 DEZ
sexta, 20h30 sábado, 18h
apresentação extra
• Séries de assinatura: Allegro, Vivace, Presto, Veloce, Fora de Série • Concertos para a Juventude • Clássicos na Praça • Concertos Didáticos • Festival Tinta Fresca • Laboratório de Regência • Turnês estaduais • Turnês nacionais e internacionais • Concertos de Câmara Visite filarmonica.art.br/ filarmonica/sobre-a-filarmonica e conheça cada uma delas.
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Para que sua noite seja ainda mais especial, nos dias de concerto, apresente seu ingresso no restaurante Haus München e, na compra de um prato principal, ganhe outro de igual ou menor valor. Rua Juiz de Fora, 1.257, pertinho da Sala Minas Gerais.
PARA APRECIAR UM CONCERTO
CONCERTOS COMENTADOS
Agora você pode assistir a palestras sobre temas dos concertos das séries Allegro, Vivace, Presto e Veloce. Elas acontecem na Sala de Recepções, à esquerda do foyer principal, das 19h30 às 20h, para as primeiras 65 pessoas a chegar.
CUMPRIMENTOS
Após o concerto, caso queira cumprimentar os músicos e convidados, dirija-se à Sala de Recepções.
ESTACIONAMENTO
0 PROGRAMA DE CONCERTOS O Fortissimo é uma publicação indexada aos sistemas nacionais e internacionais de catalogação. Elaborado com a participação de especialistas, ele oferece uma oportunidade a mais para se conhecer música. Desfrute da leitura e estudo. Mas, caso não precise dele após o concerto, por favor, devolva-o nas caixas receptoras para que possamos reaproveitá-lo. O Fortissimo também está disponível no formato digital em nosso site www.filarmonica.art.br.
Para seu conforto e segurança, a Sala Minas Gerais possui estacionamento, e seu ingresso dá direito ao preço especial de R$ 15 para o período do concerto.
PONTUALIDADE
CONVERSA
APARELHOS CELULARES
CRIANÇAS
FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEO
COMIDAS E BEBIDAS
Uma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.
Confira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro.
Não são permitidas durante os concertos.
APLAUSOS
Aplauda apenas no final das obras. Veja no programa o número de movimentos de cada uma e fique de olho na atitude e gestos do regente.
A experiência do concerto inclui o encontro com outras pessoas. Aproveite essa troca antes da apresentação e no seu intervalo, mas nunca converse ou faça comentários durante a execução das obras. Lembre-se de que o silêncio é o espaço da música.
Caso esteja acompanhado por criança, escolha assentos próximos aos corredores. Assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável.
Seu consumo não é permitido no interior da sala de concertos.
TOSSE
Perturba a concentração dos músicos e da plateia. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha. 25
MANTENEDOR
PATROCÍNIO
APOIO INSTITUCIONAL
DIVULGAÇÃO
REALIZAÇÃO
SALA MINAS GERAIS
Rua Tenente Brito Melo, 1.090 | Barro Preto | CEP 30.180-070 | Belo Horizonte - MG (31) 3219.9000 | Fax (31) 3219.9030 WWW.FILARMONICA.ART.BR
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