SANTO FORTISSIMO Nº 12 — 2016
ROSZY
M A N O 07/07 PRESTO
WSKIB 08/07 VELOCE
RAHMS
Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e Itaú
07/07 PRESTO 08/07 VELOCE
apresentam
FOTO: E UGÊ N I O SÁVI O
Caros amigos e amigas,
Mesmo alguém como eu, que vivo
visitas. A força e o virtuosismo
completamente imerso no mundo
demandados nessa brilhante peça
da música erudita, pode ser
certamente irão causar uma reação
positivamente surpreendido por algo
bastante positiva em todos vocês que
jamais escutado e que, ao final de
nos presentearam com a suas presenças.
uma inesperada audição, pensa: “Como eu nunca tinha ouvido isso antes?”.
A célebre Quarta Sinfonia de Johannes Brahms também compõe
Foi exatamente essa experiência que
esse variado programa, assim como
tive há alguns anos, ao escutar pela
uma das obras mais importantes do
primeira vez, num voo internacional, a
grande Claudio Santoro, peça que
Sinfonia nº 4 do polonês Szymanowski.
faz uma elegia ao amor e à paz.
Foi uma feliz descoberta que ora faço chegar aos nossos ouvintes e à nossa
Tudo o que precisamos
Orquestra, enriquecida pela presença
neste momento…
sempre genial do jovem pianista Conrad Tao, que volta a se apresentar
FABIO MECHETTI
conosco depois de várias bem-sucedidas
Diretor Artístico e Regente Titular
3
FOTO: RAFAE L MOT TA
D
esde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável
pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro. Com seu trabalho, Mechetti posicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e internacional e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou turnês pelo Uruguai e Argentina e realizou gravações para o selo Naxos. Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática. Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais
4
FABIO MECHETTI diretor artístico e regente titular
de verão nos Estados Unidos, entre
No Brasil, foi convidado a dirigir a
eles os de Grant Park em Chicago
Sinfônica Brasileira, a Estadual de
e Chautauqua em Nova York.
São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais de
Realizou diversos concertos no México,
São Paulo e do Rio de Janeiro.
Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu
Trabalhou com artistas como Alicia
as orquestras sinfônicas de Tóquio,
de Larrocha, Thomas Hampson,
Sapporo e Hiroshima. Regeu também a
Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,
Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia,
Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil
a Orquestra da Rádio e TV Espanhola
Shaham, Midori, Evelyn Glennie,
em Madrid, a Filarmônica de Auckland,
Kathleen Battle, entre outros.
Nova Zelândia, e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá.
Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos
Vencedor do Concurso Internacional de
dirigindo a Ópera de Washington.
Regência Nicolai Malko, na Dinamarca,
No seu repertório destacam-se
Mechetti dirige regularmente na
produções de Tosca, Turandot, Carmem,
Escandinávia, particularmente a
Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème,
Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a
Madame Butterfly, O barbeiro de
de Helsingborg, Suécia. Recentemente
Sevilha, La Traviata e Otello.
fez sua estreia na Finlândia, dirigindo a Filarmônica de Tampere, e na Itália,
Fabio Mechetti recebeu títulos
dirigindo a Orquestra Sinfônica de
de mestrado em Regência e em
Roma. Em 2016 fará sua estreia com a
Composição pela prestigiosa
Filarmônica de Odense, na Dinamarca.
Juilliard School de Nova York. 5
S S B 6
FABIO MECHETTI, regente CONRAD TAO, piano
PROGRAMA
Claudio SANTORO Canto de Amor e Paz
Karol SZYMANOWSKI Sinfonia nº 4 para piano e orquestra, op. 60, “Concertante” Moderato Andante molto sostenuto Allegro non tropo
INTERVALO
Johannes BRAHMS Sinfonia nº 4 em mi menor, op. 98 Allegro non tropo Andante moderato Allegro giocoso Allegro energico e passionato
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CONRAD TAO
FOTO: BRAN TL E Y GUTI E RRE Z
Conrad Tao já se apresentou pelo
estilos diversos, abordando a efemeridade
mundo todo como pianista e compositor.
da internet, as possibilidades de um
O jornal The New York Times o
cânone do século XXI e o papel da
reconhece como um “compositor
música na crítica e no ativismo social.
maduro e cheio de ideias”. Para a NPR, é um músico de “inteligência penetrante
No mesmo ano Tao lançou Voyages,
e visão aberta”. Segundo a TimeOut
seu primeiro álbum solo para o
de Nova York, ele é “de um talento
Warner Classics, aclamado como
feroz”. Em 2011, Tao foi nomeado
uma “estreia afiada” por Alex Ross, do
para o programa governamental
New Yorker; para a NPR, “Tao provou
U.S. Presidential Scholar in the Arts,
ser um músico de recursos intelectuais
recebeu medalha de ouro YoungArts
e emocionais profundos”. Seu álbum
de música, dada pela Fundação
seguinte, Pictures, com obras de David
Nacional para o Avanço das Artes, e
Lang, Toru Takemitsu, Elliott Carter,
foi nomeado Gilmore Young Artist.
Mussorgsky e do próprio Tao, foi
No ano seguinte, recebeu a prestigiosa
classificado por Anthony Tommasini,
bolsa Avery Fisher Career Grant.
do The New York Times, como “fascinante, [de] um artista cuidadoso
Na atual temporada, Tao se apresenta
e intérprete dinâmico (...), feito com
com a Orquestra de Câmara da
enorme imaginação, cor e controle”.
Filadélfia, sinfônicas de Pittsburgh, de Cincinnati, de Dallas, do Pacífico
Como compositor, Tao venceu oito
e Sinfônica Brasileira, filarmônicas de
vezes o prêmio Ascap Morton Gould
Buffalo e de Calgary, além de recitais
e recebeu o prêmio Carlos Surinach
na Europa e nos Estados Unidos.
da BMI. Artista residente na Sinfônica
Com a Filarmônica de Minas Gerais,
de Dallas, estreou The world is very
apresentou-se em 2012 e 2013. Em
different now com elogios do The New
temporadas anteriores, esteve com
York Times. Em 2016, Tao encerra
as sinfônicas de São Francisco, de
sua residência com um novo trabalho
Baltimore, de Toronto, de St. Louis, de
para a orquestra, Alice. Em 2015 ele
Detroit, de Indianápolis, de Nashville e
estreou An Adjustment, para piano,
Orquestra do Centro Nacional das Artes,
orquestra e eletrônicos, comissionada
além da Sun Valley Summer Symphony,
pela Orquestra de Câmara da Filadélfia.
Centro Musical de Brevard e festivais de Aspen, Ravinia e Mostly Mozart.
Tao nasceu em Urbana, Illinois, em 1994. Estudou piano com Emilio
Em 2013, Tao foi curador e produtor do
del Rosario em Chicago e Yoheved
elogiado Festival Unplay, que apresentou
Kaplinsky em Nova York, e composição
muitos novos trabalhos de autores e
com Christopher Theofanidis. 9
Claudio
SANTORO Manaus, Brasil, 1919 – Brasília, Brasil, 1989
CANTO DE AMOR E PAZ (1950)
12 min
Claudio Franco de Sá Santoro nasceu em Manaus a 23 de novembro de 1919. Aos treze anos, o Estado do Amazonas enviou-o ao Rio de Janeiro para estudar violino. Terminou seu curso em 1937, aos dezoito, e passou a ensinar no Conservatório de Música do Distrito Federal (Rio de Janeiro), onde estudara. Decidiu-se pela composição aos dezenove. Sua Primeira Sinfonia, para duas orquestras de cordas, possui movimento de abertura, de 1939, livremente atonal, e segundo movimento, de 1940, em técnica dodecafônica, resultado de estudos iniciados naquele ano com Hans-Joachim Koellreutter. Em 27 de junho de 1946 recebe a notícia de que fora contemplado com bolsa da Fundação Guggenheim. Em 4 de setembro, escreve a Francisco Curt Lange: “Não posso seguir para os Estados Unidos porque o cônsul negou-me o visto no passaporte por ser eu membro do Partido Comunista”. Com recomendação de Charles Munch, obtém bolsa da Embaixada da França e parte para a Europa a bordo do Groix, o “navio mais lento do mundo”, em 23 de setembro de 1947. Vinte e quatro dias de travessia em terceira classe levam-no a Paris, onde passa a encontrar-se com Nadia Boulanger, que dele diz: “Já é um compositor, um artista, está apenas tendo umas discussões comigo”. Em março, júri composto por Igor Stravinsky, Serge Koussevitzky, Aaron Copland, Walter Piston e Nadia Boulanger atribui-lhe bolsa da Fundação Lili Boulanger. Santoro participa ativamente da vida musical europeia. Em maio apresenta comunicação em Praga durante o Segundo Congresso Internacional de Compositores e Críticos Musicais, cujo manifesto, redigido por Hans Eisler, é frequentemente confundido com a Resolução de 10 de fevereiro de 1948 do Comitê Central do Partido Comunista Soviético – o Decreto de Zhdanov. A 14 de outubro embarca de volta para o Brasil. 10
INSTRUMENTAÇÃO
Cordas.
Santoro, seu sucesso e sua ideologia encontram hostilidade no país. Em julho de 1950 passa a trabalhar como compositor na rádio Tupy. Escreve o Canto de Amor e Paz, para orquestra de cordas, que Eleazar de Carvalho estreia com a Orquestra Sinfônica Brasileira em 1951. Em Viena, o Conselho Mundial da Paz confere à partitura o Prêmio da Paz em 1952. Nesse ano, a obra é
PARA OUVIR
CD Brasília ano 35 – Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro – Sérgio Kuhlmann, regente – Sony 107.515 – 1995 PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica Nacional – Roberto Ricardo Duarte, regente Acesse: fil.mg/samorepaz PARA LER
Elson Farias – Claudio Santoro: cantor do sol e da paz – Editora Valer – 2009
executada em Salzburgo e nos Festivais de Maio, em Praga. Em 1954 Santoro a rege no Brasil, para gravação em LP, cuja contracapa assim a descreve: Canto de Amor e Paz, pelas suas qualidades intrínsecas e repercussão, marcou a ruptura definitiva de Claudio Santoro com as teorias dodecafonistas e atonalistas. Inspirando-se em ideias generosas e humanas, o compositor procurou dar maior importância a uma linha melódica de conteúdo realista, inspirada nas características mais frisantes da música popular brasileira. Canto de Amor e Paz se constrói, através de uma admirável escritura, sobre um tema sereno, que se desenvolve em primeiro plano, sem que tal serenidade fuja, porém, aos contrastes dramáticos, próprios do amor. Sua música não é atonal, dodecafônica ou nacionalista, mas tudo isso, às vezes ao mesmo tempo; é dizer, subjetiva e experimental.
CARLOS PALOMBINI Musicólogo,
professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais. 11
Karol
SZYMANOWSKI Ucrânia, 1882 – Suíça, 1937
SINFONIA Nº 4 PARA PIANO E ORQUESTRA, OP. 60, “CONCERTANTE” (1932) 25 min
Diz-se maldosamente que Szymanowski foi o compositor polonês mais importante desde Chopin. De fato, se se observarem as escolas nacionais que despontam no cenário ocidental desde a segunda metade do século XIX, algumas tiveram mais ascendência sobre os caminhos tomados pela expressão musical do que outras. No entanto, há que se fazer uma ponderação. Algumas escolas nacionais mantiveram-se continuamente fecundas: é o caso da escola tcheca ou da escola russa. Outras, porém, sofreram um eclipse até que o século XX promovesse a renovação e uma releitura dos estilos nacionais: é o caso, por exemplo, de Bartók na Hungria. É também o caso de Karol Szymanowski, esse polonês nascido na Ucrânia. Detentor de uma formação sólida, foi aluno de Gustav Neuhaus (pai de Heinrich Neuhaus, o importante pianista e pedagogo russo) e conviveu com artistas do quilate de Arthur Rubinstein (de quem era amigo próximo) e Ignacy Jan Paderewski (pianista antológico, que foi um dos divulgadores de sua música); acumulou cargos e prêmios importantes ao longo de sua vida (foi diretor do Conservatório de Varsóvia e recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Cracóvia). Sua saúde, porém, foi deteriorada pelo uso excessivo do álcool e do tabaco. Szymanowski morreu em Lausanne, na Suíça, consumido pela tuberculose. Como compositor, sua linguagem vai se desenvolvendo lentamente. Começa sob os modelos de Chopin e Scriabin, depois toma interesse pelos universos de Wagner e Richard Strauss; mais tarde, o contato com as músicas de Debussy e Ravel o ajuda a libertar-se das correntes tradicionais e encontrar um caminho mais genuinamente pessoal de expressão, até que Stravinsky lhe abre os olhos para o folclore nacional. Sua técnica de composição, solidamente embasada na formação lapidar que teve, lhe permite usar das fontes folclóricas sem exotismos, realizando uma espécie de síntese entre a inventividade individual e elementos musicais folclóricos. 12
INSTRUMENTAÇÃO
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, requinta, 2 clarinetes, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.
PARA OUVIR
É do período final de sua vida a sua Sinfonia nº 4, também chamada Sinfonia Concertante. A ideia de se incluir o piano em gêneros sinfônicos diferentes do concerto não é de todo original: já Beethoven ensaiara isso em sua Fantasia Coral, op. 80. Em 1886, Camille Saint-Saëns atribui uma parte importante para piano naquela deliciosa suíte, plena de ironia, que é o Carnaval dos
CD Szymanowski – Symphony no. 2; Symphony no. 4; Concert Overture – BBC Symphony Orchestra – Edward Gardner, regente – Louis Lortie, piano – Chandos – 2013 PARA ASSISTIR
Orquestra Filarmônica Nacional Russa – Simon Gaudena, regente - Pavel Nersessian, piano | Acesse: fil.mg/sconcertante PARA LER
David Ewen – The complete book of 20th Century Music – Prentice-Hall, Inc. – 1966
Animais... Porém, o fato de Szymanowski não atribuir à sua Sinfonia nº 4 o título de concerto revela a ênfase na igual importância tanto do solista quanto da orquestra na estruturação da obra. Estreada em 1933 (quatro anos antes da morte do compositor), em Varsóvia, pela Orquestra Filarmônica de Varsóvia, sob a regência de Gregor Fitelberg, tendo o compositor como solista, tornou-se uma das suas obras mais celebradas e executadas. Sua estrutura, em três movimentos, lembra claramente a do concerto. Sua linguagem, porém, indubitavelmente moderna, revela um compositor maduro, capaz de transmutar em expressão individual as suas fontes tanto folclóricas, quanto de grandes correntes musicais do século XX.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e
cravista, Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa, professor da Universidade do Estado de Minas Gerais e da Fundação de Educação Artística. 13
Johannes
BRAHMS Alemanha, 1833 – 1897
SINFONIA Nº 4 EM MI MENOR, OP. 98 (1885)
40 min
Ao contrário de diversos autores, Schoenberg defendia a importância da contribuição de Brahms para a modernidade. Apesar da diferença de seus estilos, esses dois compositores foram fiéis à essência da música de câmara e a algumas de suas técnicas compositivas – como a variação contínua de motivos e a diversidade nos modos de repetição – que permitiam construir uma espécie de prosa musical livre dos procedimentos tradicionais da quadratura métrica. A Sinfonia nº 4 representa o ápice da produção de Brahms no gênero. Nela destaca-se o Finale, em forma de Passacaglia – com um tema de oito compassos e trinta variações –, talvez sua tentativa mais completa de sintetizar práticas de composição antigas e modernas. O Allegro non troppo usa a forma sonata, porém com aglomerados temáticos ao invés de temas: cada um dos temas tem diversas partes com características contrastantes. Há também grande fluência temporal, com figuras melódicas que se sucedem de maneira rápida e contínua, mas o retorno estratégico de alguns elementos centrais permite que a memória organize o passar do tempo, criando um percurso balizado por referências. Por sua vez, a variação do material musical associa-se a uma carga dramática, como se a transformação não atuasse apenas sobre o som, mas também sobre o sujeito que escuta. O Andante moderato inicia-se com um tema de caráter antigo e cerimonial que se repete diversas vezes, com variações. Na última apresentação, a metamorfose é mais profunda no ritmo e na melodia, e a orquestração é ampla e suave. Na transição para o segundo tema, ouvese o diálogo entre os naipes de sopros e cordas. O segundo tema é um exemplo de melodia acompanhada, onde as partes do acompanhamento se movem com grande independência melódica. A imaginação formal de Brahms utiliza, nesse tema, a mesma figura melódica da transição, aqui em ritmo muito mais lento, propondo, talvez, um reconhecimento não 14
inteiramente consciente por parte do ouvinte. Essa seção termina em grande transparência, com um motivo que se alterna entre violino, flauta e viola, sem
INSTRUMENTAÇÃO
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas.
acompanhamento; os dois temas se voltam com diversas transformações.
PARA OUVIR
O Allegro giocoso, de caráter festivo,
CD Brahms – The Symphonies – Chicago Symphony Orchestra – Sir Georg Solti, regente – London/Decca – 1996
incorpora contrafagote, flautim e triângulo à orquestra, expandindo a sonoridade. Os aglomerados temáticos são formados de elementos que se sucedem de modo imprevisto. No desenvolvimento, as figuras melódicas são transpostas em diversas tonalidades
PARA ASSISTIR
Orquestra Estatal da Bavária – Carlos Kleiber, regente Acesse: fil.mg/bsinf4 PARA LER
François-René Tranchefort – Guia da Música Sinfônica – Editora Nova Fronteira – 1990
e submetidas a diálogos de grupos instrumentais. O movimento vertiginoso se apazigua na transição que precede a retomada do material inicial. O Allegro energico e passionato é uma elegia solene, em variações sobre um tema de Bach. Texturas polifônicas se transformam a cada bloco de oito compassos. O tema passa por instrumentos diferentes, sofre deslocamentos rítmicos e é submerso na textura devido à profusão das linhas melódicas. Para evitar a monotonia, o autor desloca a escuta para outros elementos da textura, construindo uma espécie de narrativa musical evolutiva, em contraposição ao retorno obstinado do mesmo tema. Na evolução do discurso musical, há momentos de grande delicadeza – quase como ilhas sonoras transparentes – que interrompem o crescendo dramático em direção ao final do movimento.
ROGÉRIO VASCONCELOS Compositor e professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais. 15
FOTO: AND RÉ FOSSATI
Nossa história com a melhor trilha sonora. A CBMM é patrocinadora de importantes projetos educacionais da Orquestra Filarmônica. Apoiar a cultura mineira ao som dessa orquestra é mais do que um orgulho. É inesquecível.
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti REGENTE ASSOCIADO
Marcos Arakaki
PRIMEIROS VIOLINOS
Anthony Flint – Spalla Rommel Fernandes – Spalla Associado Ara Harutyunyan – Spalla Assistente Ana Paula Schmidt Ana Zivkovic Arthur Vieira Terto Bojana Pantovic Dante Bertolino Hyu-Kyung Jung Joanna Bello Roberta Arruda Rodrigo Bustamante Rodrigo M. Braga Rodrigo de Oliveira
VIOLONCELOS
TROMPAS
GERENTE
Philip Hansen * Felix Drake *** Camila Pacífico Camilla Ribeiro Eduardo Swerts Emilia Neves Lina Radovanovic Robson Fonseca William Neres
Alma Maria Liebrecht * Evgueni Gerassimov *** Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos Santos Lucas Filho Fabio Ogata
Jussan Fernandes
TROMPETES
Débora Vieira
CONTRABAIXOS
Nilson Bellotto * Marcelo Cunha Marcos Lemes Pablo Guiñez Rossini Parucci Walace Mariano
SEGUNDOS VIOLINOS
Frank Haemmer * Leonidas Cáceres *** Gideôni Loamir Jovana Trifunovic Luka Milanovic Martha de Moura Pacífico Matheus Braga Radmila Bocev Rodolfo Toffolo Tiago Ellwanger Valentina Gostilovitch
FLAUTAS
VIOLAS
CLARINETES
João Carlos Ferreira * Roberto Papi *** Flávia Motta Gerry Varona Gilberto Paganini Juan Díaz Katarzyna Druzd Luciano Gatelli Marcelo Nébias Nathan Medina
Marlon Humphreys * Érico Fonseca ** Daniel Leal *** Tássio Furtado TROMBONES
Mark John Mulley * Diego Ribeiro ** Wagner Mayer *** Renato Lisboa
INSPETORA
Karolina Lima ASSISTENTE ADMINISTRATIVA
ARQUIVISTA
Ana Lúcia Kobayashi ASSISTENTES
Claudio Starlino Jônatas Reis SUPERVISOR DE MONTAGEM
Rodrigo Castro
Cássia Lima * Renata Xavier *** Alexandre Braga Elena Suchkova
TUBA
Eleilton Cruz * TÍMPANOS
Patricio Hernández Pradenas *
OBOÉS
Alexandre Barros * Ravi Shankar *** Israel Muniz Moisés Pena Marcus Julius Lander * Jonatas Bueno *** Ney Franco Alexandre Silva
MONTADORES
André Barbosa Hélio Sardinha Jeferson Silva Klênio Carvalho Risbleiz Aguiar
PERCUSSÃO
Rafael Alberto * Daniel Lemos *** Sérgio Aluotto Werner Silveira HARPA
Giselle Boeters * TECLADOS
FAGOTES
Ayumi Shigeta *
Catherine Carignan * Victor Morais *** Andrew Huntriss Francisco Silva
SZYMANOWSKI Editor: Edition Durand-
Salabert-Eschig Representante: Melos Ediciones Musicales S. A.
* principal
** principal associado
*** principal assistente
GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
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Fernando Damata Pimentel
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FORTISSIMO julho
nº 12 / 2016 ISSN 2357-7258
ANALISTAS DE DIRETORA DE MARKETING E PROJETOS MARKETING E PROJETOS Zilka Caribé
RECEPCIONISTA
Lizonete Prates Siqueira
EDITORA Merrina
DIRETOR DE OPERAÇÕES
AUXILIAR ADMINISTRATIVO
EDIÇÃO DE TEXTO
Itamara Kelly Mariana Theodorica
Ivar Siewers Ilustrações: Mariana Simões
Pedro Almeida
Godinho Delgado Berenice Menegale
19
FILARMÔNICA ONLINE www.filarmonica.art.br
VISITE A CASA VIRTUAL DA NOSSA ORQUESTRA
FORA DE SÉRIE MOZART EM DOSE DUPLA Uma boa notícia para os amantes de Mozart. Dois concertos da série Fora de Série serão repetidos. Em agosto, a ópera semiencenada Così fan tutte acontecerá nos dias 20 e 21. E em dezembro, o último concerto da série, com grandes obras, entre elas o Requiem, acontecerá nos dias 9 e 10.
Fique de olho em filarmonica.art.br/ingressos.
Ópera 20 AGO 21 AGO
sábado, 18h domingo, 18h
apresentação extra
Como em todas as apresentações da série, os ingressos começarão a ser vendidos um mês antes da data do concerto.
Último capítulo
CONCERTOS
CONHEÇA AS APRESENTAÇÕES DA FILARMÔNICA
3 / jul, 11h
jul JUVENTUDE
Forma Sonata 7 e 8 / jul, 20h30
Santoro, Szymanowski, Brahms 14 e 15 / jul, 20h30
Liszt, Bruckner 16 / jul, 20h
Sabará 23 / jul, 18h
PRESTO VELOCE
ALLEGRO VIVACE TURNÊ ESTADUAL
Mozart — Rivais e contemporâneos
FORA DE SÉRIE
28 e 29 / jul, 20h30
PRESTO VELOCE
Guarnieri, Nobre
09 DEZ 10 DEZ
sexta, 20h30 sábado, 18h
apresentação extra
• Séries de assinatura: Allegro, Vivace, Presto, Veloce, Fora de Série • Concertos para a Juventude • Clássicos na Praça • Concertos Didáticos • Festival Tinta Fresca • Laboratório de Regência • Turnês estaduais • Turnês nacionais e internacionais • Concertos de Câmara Visite filarmonica.art.br/ filarmonica/sobre-a-filarmonica e conheça cada uma delas.
Veja detalhes em filarmonica.art.br/ concertos/agenda-de-concertos.
Para que sua noite seja ainda mais especial, nos dias de concerto, apresente seu ingresso no restaurante Haus München e, na compra de um prato principal, ganhe outro de igual ou menor valor. Rua Juiz de Fora, 1.257, pertinho da Sala Minas Gerais.
PARA APRECIAR UM CONCERTO
CONCERTOS COMENTADOS
Agora você pode assistir a palestras sobre temas dos concertos das séries Allegro, Vivace, Presto e Veloce. Elas acontecem na Sala de Recepções, à esquerda do foyer principal, das 19h30 às 20h, para as primeiras 65 pessoas a chegar.
CUMPRIMENTOS
Após o concerto, caso queira cumprimentar os músicos e convidados, dirija-se à Sala de Recepções.
ESTACIONAMENTO
0 PROGRAMA DE CONCERTOS O Fortissimo é uma publicação indexada aos sistemas nacionais e internacionais de catalogação. Elaborado com a participação de especialistas, ele oferece uma oportunidade a mais para se conhecer música. Desfrute da leitura e estudo. Mas, caso não precise dele após o concerto, por favor, devolva-o nas caixas receptoras para que possamos reaproveitá-lo. O Fortissimo também está disponível no formato digital em nosso site www.filarmonica.art.br.
Para seu conforto e segurança, a Sala Minas Gerais possui estacionamento, e seu ingresso dá direito ao preço especial de R$ 15 para o período do concerto.
PONTUALIDADE
CONVERSA
APARELHOS CELULARES
CRIANÇAS
FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEO
COMIDAS E BEBIDAS
Uma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.
Confira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro.
Não são permitidas durante os concertos.
APLAUSOS
Aplauda apenas no final das obras. Veja no programa o número de movimentos de cada uma e fique de olho na atitude e gestos do regente.
A experiência do concerto inclui o encontro com outras pessoas. Aproveite essa troca antes da apresentação e no seu intervalo, mas nunca converse ou faça comentários durante a execução das obras. Lembre-se de que o silêncio é o espaço da música.
Caso esteja acompanhado por criança, escolha assentos próximos aos corredores. Assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável.
Seu consumo não é permitido no interior da sala de concertos.
TOSSE
Perturba a concentração dos músicos e da plateia. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha. 21
COMUNICAÇÃO ICF
MANTENEDOR
PATROCÍNIO MÁSTER
PATROCÍNIO
APOIO INSTITUCIONAL
DIVULGAÇÃO
APOIO
Missão Diplomática dos Estados Unidos no Brasil
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