Outubro de 2017 | Allegro e Vivace 10

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Allegro Vivace

2017

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FORTISSIMO Nº 19

05 OUT 06 OUT


FOTO: BRUNA BRANDÃO

Em Boa Esperança, Turnê estadual e Nelson Freire A presença do filho querido mexeu com Boa Esperança. Com a Filarmônica, Nelson Freire fez a primeira apresentação com orquestra e ao ar livre em sua terra natal. As sete mil pessoas que ocupavam a Praça do Fórum se enlevaram com o programa dirigido por Fabio Mechetti. Pelas mãos de Freire ouviram o Quarto Concerto de Beethoven.

27 e 28 fev

21 mar

2 e 3 jul

5 e 6 mar 12 e 13 mar

Rachmaninov e Cohen

parte 2

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parte 1

FOTO: ANDRÉ FOSSATI

O público pôde apreciar os Concertos nº 2 e nº 3 de Rachmaninov em duas semanas seguidas, em interpretações de Arnaldo Cohen, apoiador da Orquestra desde a primeira hora. Uma festa para os amantes do piano.


017

O crescimento da orquestra ao longo da temporada 2015, somado ao trabalho que já vinha sendo realizado, sugere um projeto artístico consistente, que o júri resolveu premiar com o Grande Prêmio Concerto 2015, dedicado a projetos e artistas que se sobressaem pelo conjunto de atividades no cenário musical do país. REVISTA CONCERTO, JAN/FEV 2016, P. 22

Grande Prêmio Concerto 2015 A revista Concerto divulgou os finalistas do seu prêmio anual, indicando a Filarmônica e a Sala Minas Gerais ao Grande Prêmio Concerto “pelo alto padrão de qualidade atingido em pouco tempo, que transformou Belo Horizonte em um dos polos da música clássica brasileira”. A vitória da Orquestra e da Sala foi publicada na edição de janeiro/fevereiro 2016.

1º ago

14 dez

2, 3, 9 e 10 jul

19 e 20 dez

A Nona de Beethoven encerra a temporada Se, em 2008, a Nona de Beethoven foi escolhida para iniciar a vida da Filarmônica, aqui ela encerrou a primeira temporada realizada em sua sala de concertos. Ciclos que se cumprem, e a música, sempre ela, a simbolizar os caminhos. No palco, Fabio Mechetti, Mariana Ortiz, Denise de Freitas, Fernando Portari, Stephen Bronk e o Coral Lírico de Minas Gerais.

LINHA DO TEMPO — 10 de 12 Em cada programa de concerto das séries Allegro, Vivace, Presto e Veloce você encontra um pedacinho da nossa história. No fim do ano, teremos relembrado nosso percurso até a décima temporada.


FOTO: DANIELA PAOLIELLO

Caros amigos e amigas,

Há 100 anos, como mais um capítulo na história das monarquias europeias, acontecia na Rússia uma revolução que iria não só mudar a vida daquele país, mas influenciar de maneira contundente a história da humanidade. Ao mesmo tempo produto e vítima desse acontecimento, Shostakovich se tornou símbolo da música soviética no século XX. Contido artisticamente por um regime definido por dogmas e ideologias políticas, ele soube se encaixar superficialmente nas demandas vindas do


Kremlin, ao mesmo tempo em que soube

exemplo, não tem tido a visibilidade

se utilizar da força subliminar da música

merecida. Começamos a quebrar um

para criticar constantemente o regime

pouco essa realidade ao executar,

stalinista. Nesta noite apresentamos

com o talentoso jovem pianista

pela primeira vez em BH sinfonia

brasileiro Fabio Martino, o Quinto

inspirada por esses acontecimentos,

Concerto de nosso maior compositor.

caracterizada por grande intensidade, força e dramaticidade.

A nova geração de criadores é representada aqui por Pedro Lutterbach e

Dentre as obras de Villa-Lobos

seu O Coração do Curupira, obra estreada

essenciais para o piano, as peças com

no Festival Tinta Fresca de 2016.

orquestra não são as mais familiares. O ciclo dos cinco concertos, por

A todos, um estimulante concerto.

F A B I O M E C H E T T I Diretor Artístico e Regente Titular


Fabio Mechetti

FOTO: RAFAEL MOTTA

DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR


Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico

Realizou diversos concertos no México,

e Regente Titular da Orquestra Filarmônica

Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as

de Minas Gerais, sendo responsável pela

orquestras sinfônicas de Tóquio, Sapporo

implementação de um dos projetos mais bem-

e Hiroshima. Regeu também a Orquestra

sucedidos no cenário musical brasileiro. Com

Sinfônica da BBC da Escócia, a Orquestra

seu trabalho, Mechetti posicionou a orquestra

da Rádio e TV Espanhola em Madrid,

mineira nos cenários nacional e internacional

a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia,

e conquistou vários prêmios. Com ela,

e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá.

realizou turnês pelo Uruguai e Argentina e realizou gravações para o selo Naxos.

Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige

Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu

regularmente na Escandinávia, particularmente

recentemente como Regente Principal

a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de

da Orquestra Filarmônica da Malásia,

Helsingborg, Suécia. Recentemente fez sua

tornando-se o primeiro regente brasileiro a

estreia na Finlândia, dirigindo a Filarmônica

ser titular de uma orquestra asiática. Depois

de Tampere, e na Itália, dirigindo a Orquestra

de quatorze anos à frente da Orquestra

Sinfônica de Roma. Em 2016 estreou com

Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos,

a Filarmônica de Odense, na Dinamarca.

atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular da Sinfônica

No Brasil, foi convidado a dirigir a Sinfônica

de Syracuse e da Sinfônica de Spokane.

Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras

Desta última é, agora, Regente Emérito.

de Porto Alegre e Brasília e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Trabalhou com

Foi regente associado de Mstislav

artistas como Alicia de Larrocha, Thomas

Rostropovich na Orquestra Sinfônica

Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,

Nacional de Washington e com ela dirigiu

Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori,

concertos no Kennedy Center e no Capitólio

Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros.

norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente.

Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo

Fez sua estreia no Carnegie Hall de

a Ópera de Washington. No seu repertório

Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica

destacam-se produções de Tosca, Turandot,

de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras

Carmem, Don Giovanni, Così fan tutte,

orquestras norte-americanas, como as de

La Bohème, Madame Butterfly, O barbeiro

Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix,

de Sevilha, La Traviata e Otello.

Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos

Fabio Mechetti recebeu títulos de mestrado

Estados Unidos, entre eles os de Grant Park

em Regência e em Composição pela

em Chicago e Chautauqua em Nova York.

prestigiosa Juilliard School de Nova York.


MinistĂŠrio da Cultura e Governo de Minas Gerais apresentam


Allegro e Vivace 05 e 06 / OUT

FAB I O M EC H ET TI, regente FAB I O M AR T I N O, piano

*

programa

PEDRO LUTTERBACH O Coração do Curupira

HEITOR VILLA-LOBOS Concerto para piano nº 5

*

• Allegro non troppo • Poco adagio • Allegretto scherzando

intervalo

DMITRI SHOSTAKOVICH Sinfonia nº 12 em ré menor, op. 112, “O ano 1917” • Petrogrado revolucionária • Razliv • Aurora • O alvorecer da humanidade


FOTO: PETER ADAMIK


FABIO MARTINO Já aos cinco anos de idade Fabio Martino

“Não é somente virtuoso, é também vibrante

começou a tocar piano, no instrumento de sua

e de ‘cair da cadeira’! Grandioso!” – escreve

avó, uma professora em São Paulo. Dezessete

Guido Krawinkel para a revista Klassikheute.

anos mais tarde – após uma rigorosa formação nas principais universidades do Brasil e

Como solista, Fabio Martino interpreta

Alemanha –, Martino comprou seu primeiro

concertos para piano de Prokofiev,

Steinway, com o prêmio recebido pelo

Rachmaninov, Beethoven, Bach, Schumann,

primeiro lugar no maior concurso internacional

Medtner, Mozart, Bartók, entre tantos outros,

de piano da América Latina, o BNDES.

acompanhado por importantes orquestras nacionais e internacionais como Osesp,

Um ano depois conquistou o primeiro lugar

OSB, Filarmônica de Minas Gerais,

no concurso internacional de piano do Círculo

Badische Staatskapelle, Filarmônica

Cultural da Economia Alemã. Detentor de

de Duisburg e sinfônicas da Rádio da

mais de vinte premiações, em 2017 obteve

Baviera, de Berlim e de Shenzhen.

segundo lugar no Prêmio Alemão de Pianistas e foi agraciado no IV Concurso Internacional

Seus concertos e recitais o levam às principais

de Concertos para Piano e Orquestra de

salas e aos festivais mais conhecidos do

Shenzhen, China. No cenário pianístico

mundo, como a sala da Filarmônica de Berlim,

internacional, Martino é considerado ousado

Seoul Arts Center, Shenzhen Concert Hall,

e ao mesmo tempo aberto a desafios. Como

Sala São Paulo, Cidade das Artes,

uma marca registrada, apresenta-se com

Sala Cecilia Meireles e Sala Minas Gerais;

uma gravata borboleta de laço feito a mão.

Festival Internacional de Piano de Miami, Gilmore Festival, Heidelberger Frühling,

Seu primeiro CD solo contém obras de Brahms,

Rádio NDR e Gasteig. Público e crítica

Schumann e as primeiras audições mundiais

especializada mostram-se impressionados.

da Terceira Sonata para Piano de York Höller e dos três Estudos Intervalares de Edino Krieger.

Em 2015 recebeu o prêmio do público da

Höller elogia “a sua expressividade, o seu

revista Concerto, na categoria Jovens Talentos,

poder, a sua sensibilidade, sem deixar de

e o prêmio da crítica como Revelação do Ano

mencionar a sua perfeita técnica ao piano...”.

pela interpretação da Rapsódia sobre um tema de Paganini, de Rachmaninov, com a

Seu segundo álbum, Passion, contém, ao lado

Osesp e Marin Alsop na Sala São Paulo.

de Beethoven, Liszt e Schumann, a primeira audição mundial de Tico-Tico no Fubá, de

Críticos já compararam Fabio Martino

Zequinha de Abreu, em um arranjo desafiador

com Nelson Freire, Martha Argerich,

e sofisticado de Marc-André Hamelin.

Claudio Arrau e Sviatoslav Richter.


PEDRO LUTTERBACH

10 min

O Coração do Curupira

Belo Horizonte, Brasil, 1982

Residente no Rio de Janeiro, o mineiro

Camargo Guarnieri, Claudio Santoro,

Pedro Lutterbach é pianista, professor

César Guerra-Peixe, Radamés Gnattali e

e compositor. Graduou-se em Piano

Villa-Lobos. Encanta-o o modo com que

em 2006 no Conservatório Brasileiro

cada um desses compositores propôs

de Música, onde frequentou as classes

uma ideia de identidade nacional sem

de Maria Tereza Soares e Maria Teresa

prejuízo da multiplicidade cultural

Madeira. Foi Maria Teresa Madeira

do país. Para além das fronteiras

quem despertou seu interesse pela

da música brasileira, Lutterbach

música brasileira, sua principal

reconhece ainda uma forte presença

referência e fonte de inspiração.

do modernismo musical europeu

Embora não tenha estudado composição

em sua estética, principalmente

formalmente, Lutterbach reconhece

Debussy, Ravel, Bartók e Stravinsky.

como particularmente marcantes em sua formação os estudos em regência

Ao ler para seu filho Lendas e Mitos do

com Ricardo Rocha, fundador da

Brasil, de Theobaldo Miranda Santos,

Companhia Bachiana Brasileira, e as

Lutterbach deu-se conta de que

aulas com os compositores Alexandre

certas lendas brasileiras jamais

Schubert e Caio Senna, integrantes do

inspiraram a composição de música

grupo Prelúdio 21. Sua obra combina

de concerto. Isso o levou a compor

diversidade estilística, domínio técnico

duas peças baseadas nas histórias de

e intuição, enquanto sua prática

Miranda Santos, O Pássaro Mágico e

musical é pautada pela necessidade

O Coração do Curupira, sendo a última

da superação do discurso que opõe

obra premiada com menção honrosa

música erudita à música popular.

no Festival Tinta Fresca de 2016,

Assim, seja como educador, intérprete

programa realizado pela Filarmônica.

ou compositor, Lutterbach explora os mais diversos repertórios, combinando

Curupiras são geralmente representados

principalmente jazz e música brasileira.

como anões de cabeleira ruiva, corpos

Sua obra dialoga com um bom número

peludos e com os pés para trás. Na mais

de compositores brasileiros, dentre eles

antiga (maio de 1560) referência a


2012

essa figura, José de Anchieta os descreve como demônios da floresta. Com assobios e rastros falsos, eles ludibriam caçadores, seringueiros e roceiros. Apreciadores de fumo e pinga, são ambivalentemente bons e cruéis, bem-humorados e violentos.

INSTRUMENTAÇÃO Piccolo, 2 flautas,

2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, celesta, piano, cordas. EDITORAÇÃO do autor

Conta Miranda Santos que, certa vez, um Curupira faminto pediu a um índio um pedaço de seu coração. O índio, que havia caçado um macaco, ofereceu parte do coração de sua caça como se fosse o seu. Deliciado, o Curupira pediu o restante do coração, ao que o índio propôs em troca um pedaço do coração do Curupira. Enganado, o Curupira caiu morto ao abrir seu peito a fim de cumprir o trato. Tempos depois,

PARA   O UVIR Acorde Cor, Suíte

para piano, sons e efeitos, op. 8 – Pedro Lutterbach, piano – 2013 Acesse: fil.mg/lacordecor Jazz Ideas – Pedro Lutterbach, piano – 2015 | Acesse: fil.mg/ljazzideas PARA   L ER Theobaldo Miranda

Santos – Lendas e Mitos do Brasil – Companhia Editora Nacional/Ibep – 2004

de volta ao local do encontro, o índio ressuscitou o Curupira que, agradecido, presenteou-lhe com uma flecha mágica que o faria chefe de sua tribo. Todavia, ao, desavisadamente, revelar à sua mulher seu pacto mágico, o índio caiu morto enquanto o Curupira saiu vingado. Concebida em duas grandes seções que recombinam motivos melódicos e fragmentos, O Coração do Curupira explora o jogo entre o lúdico e o sombrio característico das lendas brasileiras.

IGOR REYNER Pianista, Mestre em Música pela UFMG, doutorando de Francês no King’s College London e colaborador do ARIAS/Sorbonne Nouvelle Paris 3.


HEITOR VILLA-LOBOS

20 min

Concerto para piano nº 5

Rio de Janeiro, Brasil, 1887

Na vasta obra de Villa-Lobos, os

Na voga de “exotismo selvagem”

concertos para instrumentos solistas

que dominava a capital francesa,

e orquestra se destacam pelo número

assumindo o papel de “compositor dos

e pela variedade. A personalidade do

trópicos”, Villa-Lobos normatizou sua

compositor se adaptava bem ao gênero,

estética nacionalista, associando-a

ele próprio se projetando no papel do

aos procedimentos composicionais

solista e idealizando a orquestra como

eruditos característicos do século

um cenário. Curiosamente, a maior

XX. A série dos Choros, compostos

parte dessa produção concentra-se nos

na década de 1920, demonstra essa

últimos quatorze anos de sua carreira,

preocupação com a modernidade, e,

quando escreveu doze concertos –

entre eles, o mais longo, o de nº 11, foi

entre eles, os cinco para piano.

escrito para piano solista e orquestra, em 1928. Para a mesma formação, no

Na década de 1910, Villa-Lobos reuniu

ano seguinte, utilizando os temas da

muito material folclórico em suas

suíte Carnaval das Crianças Brasileiras,

viagens pelo país. Orgulhoso desse

Villa-Lobos dedicou à pianista Magdalena

aprendizado, gostava de afirmar que

Tagliaferro a brilhante partitura do

seu principal Livro de Harmonia fora o

Momoprecoce, explorando sonoridades

mapa do Brasil. Contudo, em sua obra

ricas e imprevistas para retratar a folia

dessa fase, notam-se, também, fortes

carnavalesca de um bloco infantil.

influências de Wagner, Puccini, Vincent d’Indy e Debussy. Nessa década, compôs

De volta ao Brasil, em 1930, Villa-Lobos

a Suíte para piano e orquestra, dedicada a

exerceu uma atividade abrangente no

sua esposa, a pianista Lucília Guimarães.

cenário musical do país, desdobrando-se em múltiplas tarefas – estímulo ao

Em 1923, Villa-Lobos dava novo

ensino musical, criação de grupos de

passo importante em sua carreira,

canto coral, organização e regência

trocando o Rio de Janeiro por Paris,

de concertos. E continuava compondo

a metrópole das vanguardas artísticas.

muito. As nove Bachianas Brasileiras


1954 Rio de Janeiro, Brasil, 1959

foram escritas entre as vicissitudes das duas grandes guerras, época da ascensão política dos Estados totalitários. Na obra de Villa-Lobos elas representam sua fase neoclássica, quando referencia, na figura de Bach, a tradição ocidental, procurando afinidades entre alguns procedimentos brasileiros e a música do grande gênio alemão. A Bachiana nº 3

INSTRUMENTAÇÃO Piccolo, 2 flautas,

2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, celesta, harpa, cordas. EDITORA Editions Max Eschig REPRESENTANTE Melos Editiones

Musicales

foi escrita para piano solista e orquestra. PARA   O UVIR CD Villa-Lobos –

A partir de 1945, com o final da guerra, o compositor retomou sua carreira internacional, principalmente nos Estados Unidos, mantendo contato com célebres intérpretes e maestros. Villa-Lobos recebeu encomendas de concertos de músicos eminentes como

The 5 Piano Concertos – Royal Philharmonic Orchestra – Miguel Gómez-Martínez, regente – Cristina Ortiz, piano – Decca – 1992 (2CDs) Royal Philharmonic Orchestra – Miguel Gómez-Martínez, regente – Cristina Ortiz, piano Acesse: fil.mg/vlpiano5

Nicanor Zabaleta (harpa), Segovia

PARA   L ER Bruno Kiefer –

(violão) e John Sebastian (gaita), para

Villa-Lobos e o Modernismo na Música Brasileira – Editora Movimento – 1986

os quais compôs obras definitivamente incorporadas ao repertório desses instrumentos. O Concerto nº 5, dedicado à pianista polonesa residente no Rio de Janeiro, Felicia Blumental, é o mais popular dentre os concertos para piano do autor, com um movimento lento de grande efeito e a exuberância virtuosística de sua escrita pianística.

PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado. Apresenta o programa semanal Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.


DMITRI SHOSTAKOVICH

38 min

Sinfonia nº 12 em ré menor, op. 112, “O ano 1917” São Petersburgo, Rússia, 1906

Impossível falar sobre a décima segunda

essa intenção surge mais uma vez,

das quinze sinfonias de Shostakovich

mas é frustrada por causa da invasão

sem se remeter à alusão programática

alemã, em 1941. Laurel Fay menciona

que seu subtítulo contém. Não se trata,

que, no verão de 1959, mais uma vez

porém, de uma obra que descreva

o compositor diz estar engajado em

exatamente a Revolução Russa,

uma obra comemorativa a Lenin,

mas trata-se, isso sim, de uma grande

mas que ainda não tem ideia da forma

e apologética homenagem a Lenin.

que ela iria ter: se oratório, cantata,

A gênese da Sinfonia op. 112 remonta

sinfonia ou poema sinfônico. No ano

aos anos 1930, quando o então jovem

seguinte a obra começa a tomar corpo,

compositor vivia a dualidade de criar

e a Sinfonia fica pronta em 1961. Sua

uma música engajada, estimulada pelo

estreia não poderia ser mais simbólica:

regime soviético, ou adotar – mesmo

deu-se em outubro do ano de sua

sob a máscara dos ícones nacionais –

conclusão, pela Orquestra Filarmônica

a postura naturalmente subversiva de

de Leningrado, sob a regência do

todo artista verdadeiro. Daí as críticas

antológico Yevgeny Mravinsky.

que sofreu, nessa época, por parte

Não custa dizer que Mravinsky, que

de instituições ligadas ao Partido

esteve à frente dessa grande orquestra

Comunista, em relação a principalmente

de 1931 a 1988, foi responsável

duas obras suas: O nariz, ópera satírica

pela estreia de várias sinfonias de

baseada no conto homônimo de

Shostakovich. A última dessas estreias

Gogol, e Lady Macbeth, ópera que

foi justamente a da Sinfonia op. 112.

lhe valeu cair no desafeto do Partido. Embora na intenção e no caráter esta Foi, portanto, em pleno regime stalinista

obra esteja diretamente relacionada

que Shostakovich teve a ideia de

à segunda sinfonia do compositor, na

compor uma obra em homenagem a

forma e na estrutura elas se afastam

Lenin. O projeto inicial, que nunca foi

visivelmente. A segunda sinfonia é

executado, era o de compor, para Lenin,

bastante tradicional. Na décima segunda,

uma cantata. Ao que parece, em 1940

os quatro movimentos encadeiam-se


1959/1961

Moscou, Rússia, 1975

uns nos outros, como que tecendo um longo poema sinfônico. Nesse sentido, aquela indefinição formal a que se referia o próprio compositor parece estar realmente presente, funcionando como um artifício para trazer a obra para a modernidade,

INSTRUMENTAÇÃO Piccolo,

3 flautas, 3 oboés, 3 clarinetes, 3 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas EDITORA Herdeiros Shostakovich REPRESENTANTE Barry Editorial

desvinculando-a sutilmente dos padrões formais clássicos. Some-se a isso a inserção de veladas citações e evocações de canções revolucionárias bolchevistas, que, na obra, atuam como espécies de condutores de um enredo.

PARA   O UVIR CD Shostakovich –

Symphony No. 12, op. 112, “1917” – Leningrad Philharmonic Orchestra – Evgeny Mravinsky, regente – Erato – 1992 PARA   A SSISTIR Teresa Carreño

No entanto, na décima segunda sinfonia, a densidade dramática não se perde em folclorismos. Nela, Shostakovich tampouco sucumbe a um expressionismo ultrarromântico que por vezes se vê

Youth Symphony Orchestra – Gustavo Dudamel, regente Acesse: fil.mg/s1917 PARA   L ER Laurel E. Fay –

Shostakovich: a life – Oxford University Press – 2000

em obras suas. Guardadas as devidas proporções, não é exagerado dizer que a impressão que causa a Sinfonia op. 112 é a de se estar diante de uma obra herdeira da linguagem revolucionária de Stravinsky, elaborada, porém, por uma personalidade criadora forte, presente e original. Na verdade, trata-se de uma obra singular: não é à toa que Shostakovich foi considerado o maior compositor russo depois de Prokofiev.

MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista, Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa, professor da Universidade do Estado de Minas Gerais e da Fundação de Educação Artística.


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Orquestra Filarmônica de Minas Gerais Fabio Mechetti

DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR REGENTE ASSOCIADO  Marcos

PRIMEIROS VIOLINOS Anthony Flint – Spalla Rommel Fernandes – Spalla associado Ara Harutyunyan – Spalla assistente Ana Paula Schmidt Ana Zivkovic Arthur Vieira Terto Bojana Pantovic Dante Bertolino Hyu-Kyung Jung Joanna Bello Roberta Arruda Rodrigo Bustamante Rodrigo M. Braga Rodrigo de Oliveira SEGUNDOS VIOLINOS Frank Haemmer * Gideôni Loamir Jovana Trifunovic Luka Milanovic Martha de Moura Pacífico Matheus Braga Radmila Bocev Rodolfo Toffolo Tiago Ellwanger Valentina Gostilovitch VIOLAS João Carlos Ferreira * Roberto Papi *** Flávia Motta Gerry Varona Gilberto Paganini Juan Díaz Katarzyna Druzd Luciano Gatelli Marcelo Nébias Nathan Medina

* principal

Arakaki

VIOLONCELOS Philip Hansen * Robson Fonseca *** Camila Pacífico Camilla Ribeiro Eduardo Swerts Emilia Neves Lina Radovanovic Lucas Barros William Neres CONTRABAIXOS Nilson Bellotto * André Geiger *** Marcelo Cunha Marcos Lemes Pablo Guiñez Rossini Parucci Walace Mariano FLAUTAS Cássia Lima* Renata Xavier *** Alexandre Braga Elena Suchkova OBOÉS Alexandre Barros * Públio Silva *** Israel Muniz Moisés Pena CLARINETES Marcus Julius Lander * Jonatas Bueno *** Ney Franco Alexandre Silva

TROMPAS Alma Maria Liebrecht * Evgueni Gerassimov *** Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos Santos Lucas Filho Fabio Ogata TROMPETES Marlon Humphreys * Érico Fonseca ** Daniel Leal *** Tássio Furtado TROMBONES Mark John Mulley * Diego Ribeiro ** Wagner Mayer *** Renato Lisboa TUBA Eleilton Cruz * TÍMPANOS Patricio Hernández Pradenas * PERCUSSÃO Rafael Alberto * Daniel Lemos *** Sérgio Aluotto Werner Silveira HARPA Marcelo Penido **** TECLADOS Ayumi Shigeta *

FAGOTES Catherine Carignan * Victor Morais *** Andrew Huntriss Francisco Silva

** principal associado

*** principal assistente

**** músico convidado

GERENTE Jussan Fernandes INSPETORA Karolina Lima ASSISTENTE ADMINISTRATIVA Débora Vieira ARQUIVISTA Ana Lúcia Kobayashi ASSISTENTES Claudio Starlino Jônatas Reis SUPERVISOR DE MONTAGEM Rodrigo Castro MONTADORES André Barbosa Hélio Sardinha Jeferson Silva Klênio Carvalho Risbleiz Aguiar


GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS Fernando Damata Pimentel

SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS Angelo Oswaldo de Araújo Santos

VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS Antônio Andrade

SECRETÁRIO DE ESTADO ADJUNTO DE CULTURA DE MINAS GERAIS João Batista Miguel

Instituto Cultural Filarmônica

Oscip – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003

CONSELHO ADMINISTRATIVO PRESIDENTE EMÉRITO Jacques Schwartzman PRESIDENTE Roberto Mário Soares CONSELHEIROS Angela Gutierrez Arquimedes Brandão Berenice Menegale Bruno Volpini Celina Szrvinsk Fernando de Almeida Ítalo Gaetani Marco Antônio Pepino Marco Antônio Soares da Cunha Castello Branco Mauricio Freire Octávio Elísio Paulo Brant Sérgio Pena DIRETORIA EXECUTIVA DIRETOR PRESIDENTE Diomar Silveira DIRETOR ADMINISTRATIVOFINANCEIRO Estêvão Fiuza

DIRETOR DE OPERAÇÕES Ivar Siewers EQUIPE TÉCNICA GERENTE DE COMUNICAÇÃO Merrina Godinho Delgado

EQUIPE ADMINISTRATIVA

JOVEM APRENDIZ Yana Araújo

GERENTE ADMINISTRATIVOFINANCEIRA Ana Lúcia Carvalho

SALA MINAS GERAIS

GERENTE DE RECURSOS HUMANOS Quézia Macedo Silva

GERENTE DE PRODUÇÃO MUSICAL Claudia da Silva Guimarães ANALISTAS ADMINISTRATIVOS ASSESSORA DE João Paulo de Oliveira PROGRAMAÇÃO Paulo Baraldi MUSICAL Gabriela de Souza ANALISTA CONTÁBIL Graziela Coelho PRODUTORES Luis Otávio Rezende SECRETÁRIA Narren Felipe EXECUTIVA Flaviana Mendes ANALISTAS DE COMUNICAÇÃO ASSISTENTE Marciana Toledo ADMINISTRATIVA Mariana Garcia Cristiane Reis Renata Gibson Renata Romeiro ASSISTENTE DE RECURSOS HUMANOS ANALISTA DE Vivian Figueiredo MARKETING DE RELACIONAMENTO RECEPCIONISTA Mônica Moreira Meire Gonçalves

ANALISTAS DE AUXILIAR MARKETING E PROJETOS ADMINISTRATIVO DIRETORA DE Itamara Kelly Pedro Almeida COMUNICAÇÃO Mariana Theodorica Jacqueline Guimarães AUXILIARES DE Ferreira ASSISTENTE DE SERVIÇOS GERAIS MARKETING DE Ailda Conceição DIRETORA DE RELACIONAMENTO Rose Mary de Castro MARKETING E PROJETOS Eularino Pereira Zilka Caribé MENSAGEIROS ASSISTENTE Bruno Rodrigues DE PRODUÇÃO Douglas Conrado Rildo Lopez

GERENTE DE INFRAESTRUTURA Renato Bretas GERENTE DE OPERAÇÕES Jorge Correia TÉCNICOS DE ÁUDIO E DE ILUMINAÇÃO Pedro Vianna Rafael Franca ASSISTENTE OPERACIONAL Rodrigo Brandão

FORTISSIMO outubro — nº 19 / 2017 ISSN 2357-7258 EDITORA Merrina Godinho Delgado EDIÇÃO DE TEXTO Berenice Menegale ILUSTRAÇÕES Mariana Simões FOTO DE CAPA Alexandre Rezende O Fortissimo está indexado aos sistemas nacionais e internacionais de pesquisa. Você pode acessá-lo também em nosso site.


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Se você optou por fazer troca na fase anterior,

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este será o momento de escolher a nova série e/ou

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cadeira. Caso não encontre uma opção do seu

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agrado, poderá manter a assinatura atual.

DIAS 19 E 20, 20h30

Atenção! Se a renovação não for confirmada

PRESTO / VELOCE

nesse período, a cadeira será liberada

Mahler

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APARELHOS

CELULARES Não se esqueça de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho eletrônico. O som e a luz atrapalham a orquestra e o público.

PONTUALIDADE Seja pontual. Após o terceiro sinal as portas de acesso à sala de concertos serão fechadas. FOTOS  E  G RAVAÇÕES EM  ÁUDIO  E  V ÍDEO Não são permitidas durante os concertos.

CONVERSA O silêncio é o espaço da música. Por isso, evite conversas ou comentários durante a execução das obras.

APLAUSOS Deixe os aplausos para o final das obras. Veja no programa o número de movimentos de cada uma e fique de olho na atitude e gestos do regente.

CRIANÇAS Não é recomendável a presença de menores de 8 anos nos concertos noturnos. Caso traga crianças, escolha assentos próximos aos corredores para que você possa sair rapidamente se elas se sentirem desconfortáveis.

TOSSE A tosse perturba a concentração. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha.

COMIDAS   E   B EBIDAS Não são permitidas no interior da sala de concertos.

Nos dias de concerto, apresente seu ingresso em um dos restaurantes parceiros e obtenha descontos especiais.

RUA PIUM-Í, 229

RUA JUIZ DE FORA, 1.257

RUA LUDGERO DOLABELA, 738

CRUZEIRO

SANTO AGOSTINHO

GUTIERREZ


COMUNICAÇÃO ICF

MANTENEDOR

PATROCÍNIO

APOIO INSTITUCIONAL

DIVULGAÇÃO

REALIZAÇÃO

Sala Minas Gerais

Rua Tenente Brito Melo, 1.090 | Barro Preto | CEP 30.180-070 Belo Horizonte - MG (31) 3219.9000 | Fax (31) 3219.9030

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