FORTISSIMO Nº 02
Presto Veloce
09 MAR 10 MAR
008 009 010 011 012 013 014 015 016
VOCÊ ESTÁ AQ U I
2017
FOTO: PAULO LACERDA
Concerto inaugural Com a Nona de Beethoven, a Filarmônica tornou-se realidade em apresentação no Palácio das Artes. As vozes que marcaram a história da música indicavam, aqui, o começo de uma conquista entre orquestra e público. Com os solistas Gabriella Pace, Adriana Clis, Martin Mühle e Licio Bruno, Coral Lírico de Minas Gerais e Coro da Osesp, dirigidos por Fabio Mechetti.
21 fev
A Filarmônica saía de Minas Gerais pela primeira vez para se apresentar no mais importante festival brasileiro de música sinfônica. Um programa instigante e latino tendo Alcides Rodrigues e Antonio del Claro como solistas, sob regência de Fabio Mechetti. No charmoso auditório Claudio Santoro, nossa Orquestra se mostrava para o Brasil.
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FOTO: RAFAEL MOTTA
Primeira participação no Festival de Campos do Jordão
017
Primeiro Festival Tinta Fresca Logo no primeiro ano, a Filarmônica afirmou seu compromisso com a criação de todos os tempos. Em um concerto que relembrou a música mineira do passado, nasceu o Festival que abre portas para os compositores do presente. Vinte inscritos; seis obras finalistas; Almeida Prado, Aylton Escobar e Roberto Victorio no júri; Carlos Moreno na regência. A obra véus sobre cores, de Rafael Nassif, foi a vencedora.
15 jul
12 set
18 dez
Fim da Temporada 2008 – Segunda Sinfonia de Mahler Se a primeira temporada começou com uma ode à alegria, foi encerrada com a inescapável expectativa da Ressurreição. Novamente as vozes vieram dizer da paixão nascida naquele ano e do desejo de recomeçar a cada dia. Com Cláudia Riccitelli, Denise de Freitas, Coral Lírico de Minas Gerais, Coro da Osesp e Fabio Mechetti na direção.
LINHA DO TEMPO — 1 de 12 Em cada programa de concerto das séries Allegro, Vivace, Presto e Veloce você encontra um pedacinho da nossa história. No fim do ano, teremos relembrado nosso percurso até a décima temporada.
FOTO: RAFAEL MOTTA
Caros amigos e amigas,
Damos as boas-vindas a todos que nos prestigiam com a sua presença neste primeiro concerto das séries Presto e Veloce da décima temporada da Filarmônica. No concerto desta noite, dirigido pelo talentoso regente associado Marcos Arakaki, apresentamos ao nosso público um jovem violoncelista
brasileiro, de enorme talento e
Schumann. Esse repertório reflete
demonstrada experiência, Leonardo
o sentimento que temos ao abrir
Altino, que nos brindará com o
esta décima temporada, repleta de
melódico Concerto de Edouard Lalo.
possibilidades e realizações.
O vigor e o brilho da Abertura de Rienzi,
Ficamos honrados e felizes que
de Wagner, celebram o início de mais
vocês tenham escolhido fazer
um ano de trabalho, e podemos dizer
parte desta celebração.
o mesmo da energia e otimismo que caracterizam a belíssima Sinfonia de
Bom concerto.
FABIO MECHETTI Diretor Artístico e Regente Titular
FOTO: AN DRÉ FOSSAT I
Fabio Mechetti
FOTO: BRUNA BRANDÃO
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico
Realizou diversos concertos no México,
e Regente Titular da Orquestra Filarmônica
Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as
de Minas Gerais, sendo responsável pela
orquestras sinfônicas de Tóquio, Sapporo
implementação de um dos projetos mais bem-
e Hiroshima. Regeu também a Orquestra
sucedidos no cenário musical brasileiro. Com
Sinfônica da BBC da Escócia, a Orquestra
seu trabalho, Mechetti posicionou a orquestra
da Rádio e TV Espanhola em Madrid,
mineira nos cenários nacional e internacional
a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia,
e conquistou vários prêmios. Com ela,
e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá.
realizou turnês pelo Uruguai e Argentina e realizou gravações para o selo Naxos.
Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu
regularmente na Escandinávia, particularmente
recentemente como Regente Principal
a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de
da Orquestra Filarmônica da Malásia,
Helsingborg, Suécia. Recentemente fez sua
tornando-se o primeiro regente brasileiro a
estreia na Finlândia, dirigindo a Filarmônica
ser titular de uma orquestra asiática. Depois
de Tampere, e na Itália, dirigindo a Orquestra
de quatorze anos à frente da Orquestra
Sinfônica de Roma. Em 2016 estreou com
Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos,
a Filarmônica de Odense, na Dinamarca.
atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular da Sinfônica
No Brasil, foi convidado a dirigir a Sinfônica
de Syracuse e da Sinfônica de Spokane.
Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras
Desta última é, agora, Regente Emérito.
de Porto Alegre e Brasília e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Trabalhou com
Foi regente associado de Mstislav
artistas como Alicia de Larrocha, Thomas
Rostropovich na Orquestra Sinfônica
Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,
Nacional de Washington e com ela dirigiu
Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori,
concertos no Kennedy Center e no Capitólio
Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros.
norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente.
Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo
Fez sua estreia no Carnegie Hall de
a Ópera de Washington. No seu repertório
Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica
destacam-se produções de Tosca, Turandot,
de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras
Carmem, Don Giovanni, Così fan tutte,
orquestras norte-americanas, como as de
La Bohème, Madame Butterfly, O barbeiro
Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix,
de Sevilha, La Traviata e Otello.
Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos
Fabio Mechetti recebeu títulos de mestrado
Estados Unidos, entre eles os de Grant Park
em Regência e em Composição pela
em Chicago e Chautauqua em Nova York.
prestigiosa Juilliard School de Nova York.
Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e Itaú Personnalité apresentam
Presto e Veloce 09 e 10 / MAR
M AR COS A R A KA K I , regente L EO N A R D O A LT I NO, violoncelo
*
programa
RICHARD WAGNER Rienzi: Abertura
ÉDOUARD LALO Concerto para violoncelo em ré menor
*
• Prélude: Lento – Allegro maestoso • Intermezzo: Andantino con moto – Allegro presto • Introduction: Andante – Allegro vivace
intervalo
ROBERT SCHUMANN Sinfonia nº 2 em Dó maior, op. 61 • Sostenuto assai – Allegro ma non troppo • Scherzo: Allegro vivace • Adagio espressivo • Allegro molto vivace
Patrocínio Máster das séries Presto e Veloce
FOTO: RAFAEL MOTTA FOTO: AN DRÉ FOSSAT I
MARCOS ARAKAKI
Marcos Arakaki é Regente Associado da
Tiempo, Anna Vinnitskaya, Sofya Gulyak,
Filarmônica de Minas Gerais e colabora
Ricardo Castro, Rachel Barton Pine, Chloë
com a Orquestra desde 2011. Sua trajetória
Hanslip, Luíz Filíp, Günter Klauss, Eddie
artística é marcada por prêmios como o do
Daniels, David Gerrier e Yamandu Costa.
1º Concurso Nacional Eleazar de Carvalho para Jovens Regentes, promovido pela
Por quatro temporadas, foi regente
Orquestra Petrobras Sinfônica em 2001,
assistente da Orquestra Sinfônica Brasileira.
e o Prêmio Camargo Guarnieri, concedido
Foi regente titular da OSB Jovem e da
pelo Festival Internacional de Campos do
Orquestra Sinfônica da Paraíba.
Jordão em 2009, ambos como primeiro colocado. Foi também semifinalista no
Natural de São Paulo, Marcos Arakaki é
3º Concurso Internacional Eduardo Mata,
Bacharel em Música pela Universidade
realizado na Cidade do México em 2007.
Estadual Paulista, na classe de violino do professor Ayrton Pinto; em 2004 concluiu
Marcos Arakaki tem dirigido outras
o mestrado em Regência Orquestral pela
importantes orquestras no Brasil e no
Universidade de Massachusetts, Estados
exterior. Estão entre elas as orquestras
Unidos. Participou do Aspen Music
sinfônicas Brasileira (OSB), do Estado de
Festival and School (2005), recebendo
São Paulo (Osesp), do Teatro Nacional
orientações de David Zinman na American
Claudio Santoro, do Paraná, de Campinas,
Academy of Conducting at Aspen, nos
do Espírito Santo, da Paraíba, da
Estados Unidos. Também esteve em
Universidade de São Paulo, a Filarmônica
masterclasses com os maestros Kurt Masur,
de Goiás, Petrobras Sinfônica, Orquestra
Charles Dutoit e Sir Neville Marriner.
Experimental de Repertório, orquestras de Câmara da Cidade de Curitiba e da
Nos últimos dez anos, Marcos Arakaki
Osesp, Camerata Fukuda, dentre outras. No
tem contribuído de forma decisiva para a
exterior, dirigiu a Filarmônica de Buenos
formação de novas plateias, por meio de
Aires, Sinfônica de Xalapa, Filarmônica
apresentações didáticas, bem como para a
da Universidade Autônoma do México,
difusão da música de concertos através de
Kharkiv Philharmonic da Ucrânia e a Boshlav
turnês a mais de setenta cidades brasileiras.
Martinu Philharmonic da República Tcheca.
Atua, ainda, como coordenador pedagógico, professor e palestrante em diversos projetos
Arakaki tem acompanhado importantes
culturais, instituições musicais, universidades
artistas, como Gabriela Montero, Sergio
e conservatórios de vários estados brasileiros.
FOTO: JENNIFER BRINKLEY
L E O N A R D O A LT I N O
Filho de músicos, o violoncelista brasileiro
colaborado com músicos como Monique
Leonardo Altino começou seus estudos
Duphil, Ilya Gringolts, Oleh Krysa, Steven
musicais aos cinco anos de idade e realizou
Mackey, Antonio Meneses, Giora Schmidt e o
sua primeira apresentação aos oito. Aos
Quarteto Miró. Com sua esposa, a violinista
onze, tocou pela primeira vez com uma
Soh-Hyun Park Altino, e o pianista Victor
orquestra sinfônica – o Concerto nº 1 de
Asuncion, participa do Dúnamis Trio.
Saint-Saëns. Sua descoberta nacional veio aos quatorze anos, quando foi o mais jovem
Professor apaixonado e mentor de jovens
vencedor no concurso Jovens Concertistas
músicos, Leonardo ensinou por muitos
Brasileiros, competição de prestígio no
anos na Rudi E. Scheidt School of Music
Rio de Janeiro. A premiação levou-o a se
da Universidade de Memphis, Estados
apresentar com as principais orquestras
Unidos, e foi recentemente nomeado
do Brasil. Aos dezenove, Leonardo Altino
professor no Wheaton College, em
conquistou o primeiro prêmio no Concurso
Chicago. Ele é frequentemente convidado
Internacional de Violoncelo de Viña del Mar,
para realizar masterclasses e ensinar em
Chile, e desde então realizou concertos por
festivais ao redor do mundo, incluindo
todo o Brasil, Argentina, Chile, Colômbia,
o Festival e Academia Nuevo Mundo,
Coreia, Dinamarca, Grécia, Itália, Taiwan,
Festival de Inverno de Campos do Jordão,
Uruguai, Venezuela e Estados Unidos.
festivais Duxbury, MasterWorks e Virtuosi, Fábrica de Música, MIMO e na prestigiosa
Elogiado pela revista Strad por sua
série Kumho, na Coreia do Sul.
“inteligência musical excepcional e som excepcionalmente cultivado”, Leonardo
Leonardo Altino estudou no New England
foi solista com as orquestras Sinfônica de
Conservatory of Music, na Escola Superior
Boston, Filarmônica de Bogotá, sinfônicas
de Música de Detmold e na Universidade
de Jackson, de Memphis e de Montgomery,
de Illinois. Seus principais professores
New England Chamber, Symphony Pro
foram Francisco Pino, Aldo Parisot,
Musica, sinfônicas Brasileira, Nacional,
Laurence Lesser, Marcio Carneiro e Suren
Nacional de Chile, de Odense, de São Paulo e
Bagratuni. Após os estudos, foi contemplado
do Festival Virtuosi, entre outras. Trabalhou
com o Cello Fellowship da Montgomery
com os maestros Eleazar de Carvalho,
Symphony Orchestra, programa que ajuda
Isaac Karabtchevsky, David Machado,
jovens concertistas em seu início de
Fabio Mechetti, Carl Saint Clair e Benjamin
carreira. Atualmente, reside em Madison,
Zander, entre outros. Como camerista, tem
Wisconsin, com sua esposa e o filho David.
RICHARD WAGNER
12 min
Rienzi: Abertura
Alemanha, 1813
1840
Rienzi, o último dos tribunos, em cinco
Paris, mas em qualquer teatro alemão
atos, foi a terceira ópera completa
que lhe desse a oportunidade.
de Wagner. Sua versão original, hoje desaparecida, foi estreada no Teatro
O recém-inaugurado Teatro de Dresden
Real de Dresden em outubro de 1842,
aceitou encenar Rienzi. A estreia foi
sob a regência de K. G. Reiβiger.
um sucesso e transformou Wagner, de uma hora para outra, no herói do
O jovem Wagner vivia com a esposa,
momento. O público não apenas amou
Wilhelmine Planer, na cidade de Riga,
a ópera como, de acordo com um crítico
quando iniciou a composição de Rienzi.
da época, ficou no teatro até o fim do
Os dois primeiros atos estavam prontos
espetáculo. E isso não é pouco: a versão
quando, no outono de 1839, o casal
original de Rienzi durava seis horas! Para
precisou fugir da cidade, no meio
um jovem e desconhecido compositor,
da noite, para escapar dos credores.
manter os alemães acordados até tarde
O destino foi Paris, considerada na época o
para assistir entusiasticamente à sua
centro musical do mundo. Nessa cidade,
nova ópera era algo considerável.
onde viveram até abril de 1842, Wagner acreditava que alcançaria o sucesso e a
O argumento baseia-se na história de
fortuna com suas óperas. Mas Paris lhe
Cola di Rienzi, político romano do século
reservava os maiores desapontamentos
XIV que, líder de Roma, investe contra
de sua carreira. O casal viveu seus
a tirania dos nobres. Pressionado, no
anos de maior pobreza material na
entanto, pela aliança entre os nobres e
capital francesa. Ali, onde metade da
a Igreja, Rienzi perde gradativamente
Europa competia por reconhecimento,
o apoio da massa e morre no Capitólio,
Wagner logo compreenderia que,
incendiado pela fúria do povo.
embora recomendado pelo célebre Giacomo Meyerbeer, suas chances de
A mais longa das óperas de Wagner é,
apresentar uma ópera eram remotas.
também, uma de suas mais tradicionais.
Terminou a composição de Rienzi
Sua Abertura, ainda hoje tão tocada nas
pensando em montá-la não mais em
salas de concerto, consiste inteiramente
Última apresentação desta obra 17 jul 2012 — Fabio Mechetti, regente
Itália, 1883
de temas retirados da ópera. No início ouvimos um toque de trompete, o mesmo que, ao fim do Primeiro Ato, é identificado como um toque de guerra
INSTRUMENTAÇÃO Piccolo,
3 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 4 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.
estranho ao da família Colonna e que, no Finale do Terceiro Ato, antecipa a
PARA O UVIR CD Wagner –
guerra dos nobres contra Rienzi e o povo.
Favourite overtures – Wiener Philharmoniker; Chicago Symphony Orchestra – Georg Solti, regente – Decca – 1998
Em seguida, os violinos apresentam o tema da prece que Rienzi faz dentro do Capitólio, no início do Quinto Ato, pedindo força para suportar os acontecimentos. Esse tema belíssimo, um dos mais conhecidos da ópera, é reapresentado nas madeiras e metais. O toque do trompete anuncia o fechamento
PARA A SSISTIR Filarmônica de
Londres – Klaus Tennstedt, regente Acesse: fil.mg/wrienzi PARA L ER Barry Milington (org.) –
Wagner, um compêndio – Jorge Zahar Editor – 1985
da seção e o início da próxima. Em momento vigoroso, os metais apresentam o tema cantado pelo povo no Finale do Primeiro Ato, louvando Rienzi como seu protetor e proclamando-o rei. Novamente é ouvido o tema da prece de Rienzi, seguindo-se, nos violinos e madeiras, o tema final do Segundo Ato, quando Irene, Adriano e o povo elogiam a atitude de clemência de Rienzi, que perdoa os nobres. O toque do trompete e a repetição desse último tema preparam um final grandioso.
GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais, autor dos livros Música menor e Os sapatos floridos não voam.
ÉDOUARD LALO
26 min
Concerto para violoncelo em ré menor
França, 1823
Édouard Lalo nasceu em Lille, na França
Lalo dedicou-se também à ópera,
setentrional, de uma família de origem
incentivado pela cantora bretã
espanhola. No conservatório dessa cidade
Julie Besnier de Maligny, cuja voz de
foi aluno de Baumann, violoncelista
contralto adaptava-se bem às suas
que tocara sinfonias de Beethoven
canções e com quem se casou em
em orquestra regida pelo compositor.
1865. Além de uma sinfonia e de
Em Paris, Édouard Lalo iniciou seus
obras concertantes, Lalo compôs três
estudos de violino com o célebre
belos trios com piano, um quarteto,
François Habeneck. Em 1855, fundou
um concerto para violino (dedicado
o quarteto Armingaud, contribuindo
a Sarasate) e outro para violoncelo,
significativamente para a difusão
peças que ocupam lugar permanente
da música de câmara, então pouco
no repertório dos instrumentistas de
valorizada na França. Esses antecedentes
cordas. Nesse conjunto, destaca-se
e a carreira de instrumentista explicam
merecidamente o Concerto para
seu amor e dedicação à música da
violoncelo e orquestra, em ré menor.
Espanha e aos instrumentos de corda.
O violoncelista Adolphe Fischer,
Em sua obra mais conhecida, a Sinfonia
que acompanhara a gênese da
espanhola (composta em 1875, dois anos
obra, estreou-o no ano seguinte, em
antes da Carmem, de Bizet), o violino
Paris. Magistralmente escrito para o
solista aparece integrado à orquestra
instrumento solista, utilizando com
e o compositor explora os ritmos
propriedade seus recursos técnicos,
ibéricos, o que, na época, representava
o Concerto caracteriza-se pela
uma inovação ousada para a música
riqueza dos temas melódicos, pelos
francesa. O estilo de Lalo, elogiado
ritmos vivos de inspiração ibérica e
por contemporâneos como Fauré,
por uma orquestração transparente
Chausson, Chabrier e o jovem Debussy,
que nunca ofusca o solista.
marca-se por características típicas da tradição francesa: a clareza das ideias
Os três movimentos apresentam mudanças
e das formas, a leveza de expressão
internas de andamentos. Com um Prelúdio,
e a nitidez do colorido orquestral.
Lento, cuja rítmica terá papel fundamental
Última apresentação desta obra 3 mar 2009 — Ira Levin, regente / Márcio Carneiro, violoncelo
1877
França, 1892
em todo o Concerto, a orquestra prepara a entrada do solista. O Allegro maestoso seguinte apresenta dois temas: o primeiro lembra a introdução e o segundo tem
INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas,
2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, cordas.
caráter mais melódico. A conclusão repete o tema inicial transfigurado. No Intermezzo – Andantino con moto, após breve introdução orquestral, o violoncelo cria uma ambientação onírica, depois interrompida por um luminoso Allegro presto. A música volta ao tempo andantino, mas o Allegro presto retorna para conduzi-la a um final de acordes em pizzicato. O violoncelo inicia o último movimento, Andante, com um solo amplo, expressivo, contrastante com o rápido diálogo que, a seguir, em uma espécie de rondó Allegro vivace, estabelecerá com a orquestra. Ao final, solista e orquestra
PARA O UVIR CD Édouard Lalo –
Concerto para violoncelo em ré menor – Orquestra Sinfônica Nikolaus Esterházy – Michael Halasz, regente – Maria Kliegel, violoncelo – Naxos, Alemanha 8.554469 – 1998 PARA A SSISTIR Orquestra NHK –
Johannes Moser, violoncelo – Jesus Lopez Cobos, regente | Acesse: fil.mg/lvioloncelo_1 (parte 1) fil.mg/lvioloncelo_2 (parte 2) fil.mg/lvioloncelo_3 (parte 3) PARA L ER F. R. Tranchefort –
Guia da Música Sinfônica – Ed. Nova Fronteira – 1990 Pierre Lalo – De Rameau a Ravel – Éditions Albin-Michel, França – 1947 (capítulo Édouard Lalo)
se unem para concluir o Concerto. Em 1899, para seu histórico début em Paris, com a Orchestre Lamoureux, o célebre Pablo Casals escolheu o Concerto de Lalo, confirmando-o como um dos concertos favoritos do repertório romântico para seu instrumento.
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado. Apresenta o programa semanal Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
ROBERT SCHUMANN
38 min
Sinfonia nº 2 em Dó maior, op. 61
Alemanha, 1810
Em 1844 Robert Schumann sofrera
apreciar essa obra intensa, de difícil
um colapso nervoso. Os sintomas
assimilação por uma escuta desatenta.
agravaram-se em dezembro, levando-o a uma quase total improdutividade no ano
Embora muitos dos temas da Sinfonia nº 2
seguinte. Em setembro de 1845 escreveu
façam referência a melodias de J. S. Bach
a Felix Mendelssohn sobre o quanto
e Beethoven, o caráter da peça
estava difícil colocar umas poucas
nem de longe lembra a obra desses
notas no papel. Então, subitamente,
mestres. Para Schumann, o mestre
na segunda semana de dezembro,
da sinfonia não era Beethoven e,
a Segunda Sinfonia começou a surgir
sim, Franz Schubert. O Beethoven
e, em três semanas, já estava pronta.
de Schumann era, principalmente, o Beethoven das últimas sonatas
Em fevereiro de 1846 Schumann
para piano, livre da rigidez formal
começou a orquestrá-la, mas, com a volta
clássica. E o Bach de Schumann era
dos sintomas de sua doença, passou
essencialmente o Bach contrapontístico
a experimentar longos períodos de
da Oferenda musical e do Cravo bem
exaustão, depressão e obsessões. Lutou
temperado. Assim, o intimismo de
bravamente o ano inteiro até conseguir
Schumann – aliado à expressividade
terminar a orquestração em outubro.
schubertiana, ao contraponto bachiano
A estreia se deu em novembro, com
e ao frescor das últimas sonatas de
a Orquestra da Gewandhaus de Leipzig,
Beethoven – gerou uma sinfonia
sob regência de Mendelssohn. Mas esse
extremamente original e pessoal.
não foi um concerto feliz para Schumann, segundo sua esposa Clara. A primeira
A Sinfonia nº 2 inicia-se com alguns
parte do repertório consistia em longos
compassos (Sostenuto assai) que servem
trechos das óperas Euryanthe, de Weber,
de introdução ao Allegro ma non troppo.
e Guilherme Tell, de Rossini. Sua Sinfonia
Porém, diferentemente das introduções
foi tocada na segunda parte, por uma
das sinfonias de Mozart, Haydn e
orquestra e maestro exaustos. O público,
Beethoven, Schumann não apenas
já bastante cansado, não conseguiu
apresenta um tema que será recorrente
Última apresentação desta obra 15 mar 2011 — Fabio Mechetti, regente
1845/1846
Alemanha, 1856
em toda a obra como prepara o caráter melancólico que será a tônica dessa Sinfonia, e que pode ser percebido mesmo na dramaticidade do último movimento.
INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas,
2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, cordas.
O segundo movimento é um Scherzo (Allegro vivace). Em compasso ternário, relativamente rápido e alegre, o Scherzo é o movimento que, a partir de Beethoven, passou a substituir o Minueto nas sonatas
PARA O UVIR CD Schumann – The
four symphonies – The Philadelphia Orchestra – James Levine, regente – RCA Red Seal – 2010
e sinfonias. Originalmente, um scherzo
PARA A SSISTIR Filarmônica de
possui duas seções distintas – Scherzo
Viena — Leonard Bernstein, regente Acesse: fil.mg/ssinf2
e Trio – que se articulam com uma volta do Trio da capo (desde o começo).
PARA L ER Martin Greck – Robert
Schumann, na Sinfonia nº 2, assim como
Schumann: the life and work of a romantic composer – University of Chicago Press – 2012
também na Sinfonia nº 1, no entanto, faz ouvir o Scherzo, o Trio e, quando esperamos pela volta do Scherzo, brindanos com um segundo Trio. O terceiro movimento, Adagio expressivo, traz toda a ternura e melancolia características de suas obras-primas, em momento de doce contemplação, entre a movimentação frenética do Scherzo e a turbulência do último movimento. O quarto movimento, Allegro molto vivace, é muito original em sua estrutura. Coincidindo com a sensível melhora na saúde de Schumann, a energia e o vigor rítmico desse movimento parecem aludir aos bons prognósticos que o compositor começava a experimentar.
GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais, autor dos livros Música menor e Os sapatos floridos não voam.
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais Fabio Mechetti
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR REGENTE ASSOCIADO Marcos
PRIMEIROS VIOLINOS Anthony Flint – Spalla Rommel Fernandes – Spalla associado Ara Harutyunyan – Spalla assistente Ana Paula Schmidt Ana Zivkovic Arthur Vieira Terto Bojana Pantovic Dante Bertolino Joanna Bello Roberta Arruda Rodrigo Bustamante Rodrigo M. Braga Rodrigo de Oliveira SEGUNDOS VIOLINOS Frank Haemmer * Leonidas Cáceres *** Gideôni Loamir Hyu-Kyung Jung Jovana Trifunovic Luka Milanovic Martha de Moura Pacífico Matheus Braga Radmila Bocev Rodolfo Toffolo Tiago Ellwanger Valentina Gostilovitch VIOLAS João Carlos Ferreira * Roberto Papi *** Flávia Motta Gerry Varona Gilberto Paganini Juan Díaz Katarzyna Druzd Luciano Gatelli Marcelo Nébias Nathan Medina
* principal
Arakaki
VIOLONCELOS Philip Hansen * Camila Pacífico Camilla Ribeiro Eduardo Swerts Emilia Neves Lina Radovanovic Robson Fonseca William Neres CONTRABAIXOS Nilson Bellotto * André Geiger *** Marcelo Cunha Marcos Lemes Pablo Guiñez Rossini Parucci Walace Mariano FLAUTAS Cássia Lima * Renata Xavier *** Alexandre Braga Elena Suchkova OBOÉS Alexandre Barros * Públio Silva *** Israel Muniz Moisés Pena CLARINETES Marcus Julius Lander * Jonatas Bueno *** Ney Franco Alexandre Silva FAGOTES Catherine Carignan * Victor Morais *** Andrew Huntriss Francisco Silva
** principal associado
TROMPAS Alma Maria Liebrecht * Evgueni Gerassimov *** Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos Santos Lucas Filho Fabio Ogata TROMPETES Marlon Humphreys * Érico Fonseca ** Daniel Leal *** Tássio Furtado TROMBONES Mark John Mulley * Diego Ribeiro ** Wagner Mayer *** Renato Lisboa TUBA Eleilton Cruz * TÍMPANOS Patricio Hernández Pradenas* PERCUSSÃO Rafael Alberto * Daniel Lemos *** Sérgio Aluotto Werner Silveira HARPA Matthieu Martin * TECLADOS Ayumi Shigeta *
*** principal assistente
GERENTE Jussan Fernandes INSPETORA Karolina Lima ASSISTENTE ADMINISTRATIVA Débora Vieira ARQUIVISTA Ana Lúcia Kobayashi ASSISTENTES Claudio Starlino Jônatas Reis SUPERVISOR DE MONTAGEM Rodrigo Castro MONTADORES André Barbosa Hélio Sardinha Jeferson Silva Klênio Carvalho Risbleiz Aguiar
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SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS Angelo Oswaldo de Araújo Santos
VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS Antônio Andrade
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Instituto Cultural Filarmônica
Oscip – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003
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GERENTE DE INFRAESTRUTURA Renato Bretas GERENTE DE OPERAÇÕES Jorge Correia TÉCNICOS DE ÁUDIO E DE ILUMINAÇÃO Mauro Rodrigues Rafael Franca ASSISTENTE OPERACIONAL Rodrigo Brandão
FORTISSIMO março — nº 2 / 2017 ISSN 2357-7258 EDITORA Merrina Godinho Delgado EDIÇÃO DE TEXTO Berenice Menegale ILUSTRAÇÕES Mariana Simões FOTO DE CAPA Bruna Brandão O Fortissimo está indexado aos sistemas nacionais e internacionais de pesquisa. Você pode acessá-lo também em nosso site.
FOTO: ALEXANDRE REZENDE
FILARMÔNICA ONLINE WWW.FILARMONICA.ART.BR Concertos — março DIA 4, 18h
Olá, assinante! Bem-vindo(a) à Temporada 2017 e
FORA DE SÉRIE / BARROCO FRANCÊS
obrigado por caminhar conosco rumo
Rameau Lully Charpentier Couperin Ravel
aos nossos 10 anos! E lembre-se que, além
DIAS 9 E 10, 20h30
do seu lugar cativo na Sala, você tem um espaço especial para se comunicar conosco: www.filarmonica.art.br/assinaturas/ area-do-assinante. Bons concertos!
PRESTO / VELOCE
Wagner Lalo Schumann
DIA 12, 11h JUVENTUDE / ERA UMA VEZ... UMA ORQUESTRA
DIAS 16 E 17, 20h30 ALLEGRO / VIVACE
AMIGOS DA FILARMÔNICA Vocês nos ajudaram a fortalecer o Programa neste seu segundo ano de existência. Saltamos de 117 Amigos em 2016 para 224 em 2017. A captação passou de R$ 145.048 para R$ 260.853. Esse
Kodály Villa-Lobos Rachmaninov
recurso integra o orçamento deste ano destinado à
DIAS 23 E 24, 20h30
aqueles que queiram participar são bem-vindos.
PRESTO / VELOCE
J. Stamitz Barber Mignone Grofé
Plataforma Educacional de nossa Orquestra. Novas doações podem ser feitas ao longo do ano, e todos
Conheça os Amigos da Filarmônica e as formas de colaboração em www.filarmonica.art.br/ apoie/amigos-da-filarmonica.
VEJA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA
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para melhor apreciar um concerto
APARELHOS
CELULARES Não se esqueça de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho eletrônico. O som e a luz atrapalham a orquestra e o público.
PONTUALIDADE Seja pontual. Após o terceiro sinal as portas de acesso à sala de concertos serão fechadas. FOTOS E G RAVAÇÕES EM ÁUDIO E V ÍDEO Não são permitidas durante os concertos.
CONVERSA O silêncio é o espaço da música. Por isso, evite conversas ou comentários durante a execução das obras.
APLAUSOS Deixe os aplausos para o final das obras. Veja no programa o número de movimentos de cada uma e fique de olho na atitude e gestos do regente.
CRIANÇAS Não é recomendável a presença de menores de 8 anos nos concertos noturnos. Caso traga crianças, escolha assentos próximos aos corredores para que você possa sair rapidamente se elas se sentirem desconfortáveis.
TOSSE A tosse perturba a concentração. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha.
COMIDAS E B EBIDAS Não são permitidas no interior da sala de concertos.
Nos dias de concerto, apresente seu ingresso em um dos restaurantes parceiros e obtenha descontos especiais.
RUA PIUM-Í, 229
RUA JUIZ DE FORA, 1.257
RUA LUDGERO DOLABELA, 738
CRUZEIRO
SANTO AGOSTINHO
GUTIERREZ
COMUNICAÇÃO ICF
MANTENEDOR
PATROCÍNIO MÁSTER
APOIO INSTITUCIONAL
DIVULGAÇÃO
APOIO
Missão Diplomática dos Estados Unidos no Brasil
REALIZAÇÃO
Sala Minas Gerais
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