FORTISSIMO Nº 05
Presto Veloce
06 ABR 07 ABR
008 009 010 011 012 013 014 015 016
VOCÊ ESTÁ AQ U I
2017
FOTO: ANDRÉ FOSSATI
Turnê Estadual Tupaciguara As turnês estaduais são um capítulo à parte em nossa história. Desde seu primeiro ano, a Filarmônica viaja por Minas Gerais e, muitas vezes, a lugares que nunca haviam recebido uma orquestra. Foi assim com Tupaciguara, no Triângulo Mineiro, então com 24 mil habitantes. Na praça João de Barros Ferreira, duas mil pessoas ouviram os compositores brasileiros Braga, Fernandez e Gomes, bem como os estrangeiros Dvorák, Mozart, Tchaikovsky e Piazzolla, sob a regência de Fabio Mechetti e solo de Cássia Lima na flauta. Após os aplausos, veio o melhor daquela noite – uma longa fila de cumprimentos em que cada aperto de mãos confirmou nossa certeza: a música fala diretamente ao coração.
21 mai
17 jun
Os grupos de câmara da Filarmônica se apresentaram pela primeira vez em concertos na Fundação de Educação Artística e no Inhotim. As formações de Cordas, Sopros, Metais e Percussão passaram a revelar a música em sua forma mais íntima.
008 009 010 011 012 013 014 015 016
FOTO: ANDRÉ FOSSATI
Estreia dos Concertos de Câmara
017
Prêmio APCA
FOTO: ANTÔNIO NETO
A Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) elege a Filarmônica como melhor grupo musical erudito de 2010, em uma das mais importantes premiações da área cultural do Brasil. No ano anterior, 2009, o maestro Fabio Mechetti havia recebido o Prêmio Carlos Gomes de melhor regente por seu trabalho com a Filarmônica.
Turnê nacional Norte e Nordeste Novamente rumo ao Brasil, desta vez para ocupar os mais importantes teatros de Salvador, João Pessoa, Recife, Natal, Fortaleza, Belém e Manaus (foto). Uma longa e incrível viagem, público caloroso e a música de Carlos Gomes, Beethoven, Mozart e Dvorák. Regência de Fabio Mechetti.
8 a 19 set
18 a 20 nov
13 dez
Residência na Sala São Paulo O memorável concerto da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais na Sala São Paulo reforça a tese de que o trabalho intenso, diário e sistemático de um maestro com sua orquestra só pode levar – havendo competência e comprometimento de todos, é lógico – a resultados formidáveis.
A Filarmônica volta a se apresentar na Sala São Paulo, desta vez como orquestra residente na temporada da Osesp. Berlioz, Barber e Rachmaninov em três concertos com regência de Fabio Mechetti e Alban Gerhardt ao violoncelo.
JOÃO MARCOS COELHO, O ESTADO DE SÃO PAULO, 23 NOV 2010, ONLINE
LINHA DO TEMPO — 3 de 12 Em cada programa de concerto das séries Allegro, Vivace, Presto e Veloce você encontra um pedacinho da nossa história. No fim do ano, teremos relembrado nosso percurso até a décima temporada.
FOTO: ALEXANDRE REZENDE
Caros amigos e amigas,
Uma das cantoras líricas mais importantes do Brasil, Denise de Freitas une-se à Filarmônica para nos brindar com duas obras de absoluto contraste. Nelas, a força dramática e poética é explorada de maneira única por dois grandes compositores do início do século XX, Respighi e Falla. A profundidade e a paixão contidas no “Crepúsculo” de Respighi mostram a grande habilidade que o compositor tinha em traduzir as mais profundas emoções com um mínimo de recursos. Baseada em poema de Shelley,
Il tramonto é uma obra um tanto
A noite se completa com a apresentação
desconhecida, mas espero que,
de uma das sinfonias mais queridas
a partir de hoje, ocupe lugar
do repertório romântico, a bela
mais próximo no imaginário
Sinfonia do Novo Mundo de Dvorák,
dos amantes da boa música.
escrita pelo compositor tcheco quando de sua passagem pelos Estados Unidos.
Toda a magia, paixão e mistério são
Nela percebemos a nítida influência
revelados neste balé impactante
que a descoberta de um mundo novo
do espanhol Manuel de Falla,
teve na sua concepção criativa.
que traduziu a força marcante da influência moura na música de
Esperamos que aproveitem todas as
seu país. Num grande contraste de
emoções contidas neste programa.
danças envolventes e interlúdios misteriosos, o enigma do amor
Bom concerto.
feiticeiro se revela em El amor brujo.
FABIO MECHETTI Diretor Artístico e Regente Titular
Fabio Mechetti
FOTO: ALEXANDRE REZENDE
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico
Realizou diversos concertos no México,
e Regente Titular da Orquestra Filarmônica
Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as
de Minas Gerais, sendo responsável pela
orquestras sinfônicas de Tóquio, Sapporo
implementação de um dos projetos mais bem-
e Hiroshima. Regeu também a Orquestra
sucedidos no cenário musical brasileiro. Com
Sinfônica da BBC da Escócia, a Orquestra
seu trabalho, Mechetti posicionou a orquestra
da Rádio e TV Espanhola em Madrid,
mineira nos cenários nacional e internacional
a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia,
e conquistou vários prêmios. Com ela,
e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá.
realizou turnês pelo Uruguai e Argentina e realizou gravações para o selo Naxos.
Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu
regularmente na Escandinávia, particularmente
recentemente como Regente Principal
a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de
da Orquestra Filarmônica da Malásia,
Helsingborg, Suécia. Recentemente fez sua
tornando-se o primeiro regente brasileiro a
estreia na Finlândia, dirigindo a Filarmônica
ser titular de uma orquestra asiática. Depois
de Tampere, e na Itália, dirigindo a Orquestra
de quatorze anos à frente da Orquestra
Sinfônica de Roma. Em 2016 estreou com
Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos,
a Filarmônica de Odense, na Dinamarca.
atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular da Sinfônica
No Brasil, foi convidado a dirigir a Sinfônica
de Syracuse e da Sinfônica de Spokane.
Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras
Desta última é, agora, Regente Emérito.
de Porto Alegre e Brasília e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Trabalhou com
Foi regente associado de Mstislav
artistas como Alicia de Larrocha, Thomas
Rostropovich na Orquestra Sinfônica
Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,
Nacional de Washington e com ela dirigiu
Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori,
concertos no Kennedy Center e no Capitólio
Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros.
norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente.
Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo
Fez sua estreia no Carnegie Hall de
a Ópera de Washington. No seu repertório
Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica
destacam-se produções de Tosca, Turandot,
de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras
Carmem, Don Giovanni, Così fan tutte,
orquestras norte-americanas, como as de
La Bohème, Madame Butterfly, O barbeiro
Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix,
de Sevilha, La Traviata e Otello.
Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos
Fabio Mechetti recebeu títulos de mestrado
Estados Unidos, entre eles os de Grant Park
em Regência e em Composição pela
em Chicago e Chautauqua em Nova York.
prestigiosa Juilliard School de Nova York.
Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e Itaú Personnalité apresentam
Presto e Veloce 06 e 07 / ABR
FAB I O M EC H ET TI, regente D EN I S E D E F R E I TA S, mezzo-soprano
*
programa
OTTORINO RESPIGHI Il tramonto
*
MANUEL DE FALLA El amor brujo: Suíte • • • • • • • • • • • • •
Introdução e Cena Noite. Na gruta Canção do amor doloroso Aparição do Fantasma Dança do terror Círculo mágico Meia-noite Dança ritual do fogo Cena Canção do fogo-fátuo Pantomima Dança do jogo do amor Sinos do amanhecer
*
intervalo
ANTONÍN DVORÁK Sinfonia nº 9 em mi menor, op. 95, “Do Novo Mundo” • • • •
Adagio – Allegro molto Largo Molto vivace Allegro con fuoco
FOTO: HELOÍSA BORTZ
DENISE DE FREITAS
Denise é uma das mais importantes artistas
Seu repertório operístico inclui também
líricas do Brasil na atualidade. Com voz de
Cherubino (As bodas de Fígaro),
grande extensão e timbre escuro, ela tem
Nicklausse (Les Contes d’Hoffmann),
conquistado o público e a crítica com intensas
Hänsel (Hänsel e Gretel), Siebel (Fausto),
e sensíveis atuações tanto no drama como
Orfeu (Orfeu e Eurídice), Marquise de
na comédia. “(...) Denise é uma das maiores
Berkenfield (La Fille du Régiment),
cantoras e maiores artistas do Brasil”, escreveu
Angelina (La Cenerentola), Rosina
Arthur Nestrovski no jornal Folha de São Paulo.
(O barbeiro de Sevilha), Laura (La Gioconda), Carmen (Carmen), Adalgisa (Norma)
Sempre com sucesso de crítica, atuou como
e Charlotte (Werther).
Azucena em Il Trovatore no Teatro Municipal de São Paulo e durante o Festival de Ópera do
Como concertista, Denise de Freitas
Teatro da Paz. Foi Fricka em A Valquíria e Suzuki
interpretou obras como El amor brujo de
em Madame Butterfly no Teatro Municipal
Manuel de Falla; Das Lied von der Erde,
do Rio de Janeiro. No Teatro Municipal de
Sinfonias números 2 e 3, Kindertotenlieder
São Paulo cantou em O Ouro do Reno e brilhou
e Des Knaben Wunderhorn de Mahler;
como Waltraute em O Crepúsculo dos Deuses.
Stabat Mater de Dvorák; Stabat Mater de Pergolesi; Shéhérazade de Ravel;
Recentemente, apresentou uma série de
O Messias de Haendel; Magnificat de Bach;
concertos com a ópera Yerma, de Villa-Lobos,
Magnificat-Aleluia de Villa-Lobos e
em Berlim, Paris e Lisboa.
Sinfonia nº 9 de Beethoven.
Denise de Freitas conquistou o Prêmio
Gravou o CD Lembrança de Amor, com
Carlos Gomes nos anos 2004, 2009 e 2011,
composições de Osvaldo Lacerda e Eudóxia
por suas interpretações como Dalila em
de Barros ao piano, álbum ganhador do
Sansão e Dalila, como o Compositor em
Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos
Ariadne auf Naxos, como Fricka em A Valquíria
de Artes) em 2003 como Melhor CD do Ano.
e como o Menino em L’enfant et les sortilèges, montagens para o Teatro Municipal de São Paulo;
Denise nasceu em São Paulo e teve como
também por sua atuação em Nabucco, no
orientadora a renomada cantora Lenice Prioli.
Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e como
Em Nova York, aperfeiçoou-se com
Irmã Marie em Les Dialogues des Carmélites,
Catherine Green e Patricia McCaffrey
no Festival Amazonas de Ópera.
e, na França, com Sylvia Sass.
OTTORINO RESPIGHI
16 min
Il tramonto
Itália, 1879
Respighi pertence à chamada Geração de
orquestração. A melhor produção vocal de
Oitenta (1880) que, na Itália dominada
Respighi, de especial suavidade e encanto,
por longa tradição operística, lutou
situa-se no terreno intimista da canção de
pelo renascimento de uma música
câmara e do poemetto lirico (denominação
instrumental vigorosa. Teve privilegiada
do próprio compositor para suas cantatas
formação cosmopolita. Como violista da
com acompanhamento orquestral sobre
Orquestra da Ópera de São Petersburgo,
poemas de Percy Shelley e Gabriele
estudou orquestração com Rimsky-Korsakov.
d‘ Annunzio, seus poetas favoritos).
Em Berlim, foi discípulo do conservador Max Bruch; entretanto, soube enriquecer
O interesse do compositor pelas
sua paleta orquestral em contato
vozes femininas cobre um período
com os aspectos inovadores da obra
de aproximadamente trinta anos,
de Richard Strauss e Debussy.
até o último trabalho concluído, a reconstrução da cantata Didone,
O sucesso de Respighi como compositor
de Benedetto Marcello. Quando jovem,
se apoia, principalmente, em sua
Respighi trabalhara como pianista
orquestração moderna, inventiva e
acompanhador na escola de canto de
atraente, consagrada na trilogia dos
Etelka Gardini-Gerster. Escreveu muito
poemas sinfônicos dedicados a diferentes
para Chiarina Fino Savio, inspirado
aspectos de Roma – suas Fontes, seus
pelo requinte da arte vocal dessa amiga.
Pinheiros e suas Festas. Por outro lado,
Mais tarde, esse privilégio estendeu-se
Respighi se identificou com o passado
para Elsa Olivieri, sua esposa, cuja
musical de seu país – usou os modos
tessitura vocal era similar à de Chiarina.
gregorianos em composições próprias e transcreveu obras de velhos mestres.
Il tramonto estreou na Accademia di Santa Cecilia, em Roma, tendo
Quanto à música vocal, o músico enfrentou,
Chiarina Savio – a quem a obra fora
com o experimentalismo de suas óperas,
dedicada – como solista. Composta
o domínio do Verismo nos palcos italianos.
originalmente para quarteto de cordas,
Nelas, os aspectos teatrais ficam em
a obra será tocada pela Filarmônica
plano secundário, diante da eloquente
em versão para orquestra de cordas.
1914
Itália, 1936
Os versos do inglês Shelley (traduzidos para o italiano por Roberto Ascoli) relatam
INSTRUMENTAÇÃO Cordas.
o amor e a morte de dois jovens apaixonados. A música, emotiva e enigmática, se adapta
PARA O UVIR CD Sena Jurinac –
maravilhosamente ao poema que, do ponto
Schumann; Respighi, Il Tramonto – Barylli Quartet – Sena Jurinac, soprano – Deutsche Grammophon, Alemanha B0018P4BG0 – 2002
de vista narrativo, divide-se em três partes: Os amantes passeiam em um bosque e contemplam o crepúsculo. O jovem sussurra: “não é estranho, Isabel? Eu nunca vi o nascer do sol. Caminhemos aqui, amanhã bem cedo, e você o verá comigo“. Mas, ao amanhecer, Isabel vê ao seu lado o corpo inerte do amante. Ela gostaria de morrer também... mas tem,
The City of London Sinfonia – Richard Hickox, regente – Janet Baker, mezzo-soprano Acesse: fil.mg/rtramonto PARA L ER François-René Tranchefort
– Guia da Música Sinfônica – Nova Fronteira – 1990 André Maurois – Ariel, ou a vida de Shelley – Manuel Bandeira, tradução – Editora Record – 1990
aos seus cuidados, um pai idoso. Apenas sobrevive – por pouco tempo – à sua tristeza, com paciente resignação: “seus olhos eram negros e sem luz, de pestanas desgastadas pelas lágrimas“. Diante do túmulo de Isabel, o poeta medita: “como o dela, o meu epitáfio será – Paz! – Essa foi a única súplica que fez. “ Nesses últimos versos, a música atinge grande dramaticidade, culminando no expressivo silêncio que antecede a palavra Paz.
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado. Apresenta o programa semanal Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
MANUEL DE FALLA El amor brujo: Suíte
Espanha, 1876
Andaluz por parte de pai e catalão
espectro enciumado. Noite. Na gruta
por parte de mãe, Manuel de Falla
(a de Sacromonte, em Granada) iluminada
familiarizou-se cedo com a música
apenas pela chama do braseiro, os ciganos
folclórica espanhola na sua forma
se reúnem. Nas cordas graves, ouvem-se
mais genuinamente popular, cotidiana.
o mar e o vento, ao longe. A trompa soa
Em sua obra, o compositor celebra
em soturno motivo, repleto de magia.
a Espanha com uma profusão de
As cartas revelam a sorte adversa de
motivos e ritmos fulgurantes – mas
Candelas em seus amores. O oboé improvisa
sua abordagem do folclore revela-se
o tema do abandono. A desditosa jovem
atualizada com as renovações
entoa a Canção do amor doloroso que se
musicais do começo do século XX.
desenvolve em melismas e ornamentos, dentro de reduzido âmbito melódico
O balé El amor brujo foi escrito para
(de fá a si). As cordas fazem o rasqueado
Pastora Imperio, à época, a mais
das guitarras, enquanto o piano percussivo
prestigiada dançarina de flamenco.
e as madeiras marcam o ritmo dos tacões.
A ação, repleta de magia e superstições, acontece na Andaluzia. Baseia-se na
A breve Aparição do Fantasma, simulada
lenda de um ciumento cigano morto,
pelos glissandos do piano e das cordas,
cujo espectro reaparece sempre que
conduz à Dança do terror. Trata-se do
sua amada Candelas procura um novo
antiquíssimo baile cigano da tarântula,
amor. No final, a jovem cigana e o
acentuando o caráter enlouquecido do
namorado Carmelo conseguem trocar
espectro com rápidas notas em staccatti.
o beijo que definitivamente afasta as maléficas aparições do Fantasma.
As ciganas formam um Círculo mágico, ao redor de Candelas, para protegê-la
Os números da suíte apresentam-se
do Fantasma – a orquestra traz, então,
sem interrupção.
um pouco de paz, narrando o Romance do Pescador, em sereno caráter modal.
Na Introdução e Cena, um breve chamado orquestral de poucos segundos retrata,
Soam os doze toques da Meia-noite,
com o tema do amor brujo, a fúria do
hora mágica de celebrar a poderosa
24 min
1914/1915 1916 (revisão)
1925 (versão)
Argentina, 1946
Dança ritual do fogo, capaz de afugentar os espíritos maus. A orquestração se inspira nos cantos de forja dos ciganos – os trêmulos iniciais das
INSTRUMENTAÇÃO Piccolo, 2 flautas,
oboé, corne inglês, 2 clarinetes, fagote, 2 trompas, 2 trompetes, tímpanos, percussão, piano, cordas.
cordas sugerem as chamas; e o piano, o metal sendo trabalhado. Um breve intermezzo, Cena, destaca os arabescos do oboé e da flauta, que recordam antigas vocalizações árabes. Servem de introdução à breve Canção do fogo-fátuo, com acompanhamento muito leve e ponteado (como de violão): cordas, piano, trompa, clarinete e flauta. A Pantomima seguinte apresenta o mesmo ansioso motivo inicial do amor brujo — última aparição do Fantasma. A orquestra logo se acalma para iniciar a dança de Carmelo: um amoroso tanguillo de Cádiz (compasso 7/8)
PARA O UVIR Manuel de Falla –
El sombrero de três picos; El amor brujo – London Symphony Orchestra – Seiji Ozawa; Garcia Navarro, regentes – Teresa Berganza, contralto – Deutsche Grammophon, Alemanha – 1989 PARA A SSISTIR Symfonieorkest
Vlaanderen – Jan Latham-Koenig, regente – Adriana Bastidas Gamboa, mezzo-soprano | Acesse: fil.mg/fbrujo PARA L ER Manuel Orozco Diaz –
Falla – Salvat Editores, Barcelona – 1985/1992 François-René Tranchefort – Guia da Música Sinfônica – Nova Fronteira – 1990 Jean-Charles Hoffelé – Manuel de Falla – Éditions Fayard, Paris – 1992
em clima de grande ternura. Na Dança do jogo do amor, iniciada pelo acompanhamento do piano, Candelas canta sua vitória. Após hábeis modulações, os Sinos do amanhecer desfazem os temores noturnos e anunciam, com brilho, o triunfo do amor sobre o maléfico sortilégio.
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado. Apresenta o programa semanal Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
ANTONÍN DVORÁK
40 min
Sinfonia nº 9 em mi menor, op. 95, “Do Novo Mundo”
Boêmia, atual República Tcheca, 1841
Há quem queira posicionar Dvorák como
Conservatório de Praga. No ano seguinte,
um nacionalista. Porém, não há nele a
assume nos Estados Unidos a direção
preocupação consciente de construir
do então Conservatório de Nova York,
uma identidade nacional através da
onde permanece até 1895. São desse
expressão musical. Nem tampouco há
período obras significativas de sua
a intenção manifesta de pontilhar de
produção, como o Quarteto op. 96
exotismos regionais os fundamentos
e a Sinfonia em mi menor op. 95,
da linguagem romântica. Se isso
“Do Novo Mundo”. Dentre seus alunos
transparece em sua obra, é mais por
em Nova York, havia um rapaz negro
uma identificação profunda entre seu
que lhe deu a conhecer os spirituals
espírito criativo e as fontes regionais de
americanos, com a metáfora das imagens
que se origina, que por ação planejada.
bíblicas, a tragédia e o sofrimento da
Mas Antonín Dvorák pertence a uma
escravidão na América e dos africanos
escola nacional tcheca, que nasce do
desterrados. O interesse despertado
Romantismo, inaugurada por Smetana,
em Dvorák por esse gênero musical é o
e se estende até pelo menos a primeira
fundamento do célebre tema do segundo
metade do século XX. Assim, tem a fonte
movimento da sua Nona Sinfonia, cujo
de sua linguagem no folclore boêmio,
solo de corne inglês constitui evocação
cujas características ele assimila e que
da melodia pungente que muitas vezes
nunca procura negar em sua obra. Sua
caracteriza os negro spirituals.
linguagem não se destaca por inovações formais ou por quaisquer experiências
Estreada no Carnegie Hall no ano de
estruturais. Tendo crescido no berço
sua criação, a obra conquistou sucesso
do Romantismo, contenta-se com ele
imediato, que perdura até hoje. Nessa
para seus caminhos expressivos.
Sinfonia, Dvorák realiza também, com o elemento musical folclórico norte-
Dvorák construiu, de forma gradual
americano, um processo de assimilação
e sólida, sua carreira de músico.
análogo ao que se observa em relação
Em 1891, já célebre, assume o posto
ao folclore boêmio no contexto de sua
de professor de Composição no
obra. Esse processo, aqui, é consciente,
Última apresentação desta obra — 22 set 2011 Isaac Karabtchevsky, regente convidado
1893 Boêmia, atual República Tcheca, 1904
e manifesto pelo próprio compositor, que afirmou não ter utilizado temas da música nativa norte-americana, mas, sim, ter-se utilizado dos fundamentos
INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas,
2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 2 trombones, tímpanos, cordas.
essenciais dessa música para elaborar seus próprios elementos originais. Não se pode dizer, com isso, que na Sinfonia op. 95 Dvorák tenha abandonado suas fontes boêmias em função da descoberta de uma nova linguagem. Ao contrário, esses novos elementos agregam-se, na Nona Sinfonia, àqueles que até então lhe haviam servido de fonte, para, aí, criar uma espécie de linguagem multicultural. Dessa forma, não é apenas pela
PARA O UVIR Dvorák – Symphony
No. 9; Carnival Overture; Slavonic Dances Nos. 1 & 3 – New York Philharmonic Orchestra – Leonard Bernstein, regente – Sony Classical – 1998 PARA A SSISTIR Orquestra
Filarmônica de Viena – Herbert von Karajan, regente Acesse: fil.mg/dnovomundo PARA L ER François-René
Tranchefort – Guia da Música Sinfônica – Nova Fronteira – 1990
qualidade artística e pela franqueza espontânea de seu trabalho melódico que a Sinfonia op. 95 adquiriu a importância que tem até hoje. Esse processo de destilação dos elementos de linguagens musicais regionais e a associação desses elementos a outros – esse multiculturalismo – anunciam processos criativos que nortearam correntes importantes da música do século XX, fundamentando obras como a de Bartók, Falla, Villa-Lobos, Ginastera e diversos compositores norte-americanos.
Extraído do texto de MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista, Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa, professor da Universidade do Estado de Minas Gerais e da Fundação de Educação Artística.
FOTO: ADRIANO BASTOS
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais Fabio Mechetti
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR REGENTE ASSOCIADO Marcos
PRIMEIROS VIOLINOS Anthony Flint – Spalla Rommel Fernandes – Spalla associado Ara Harutyunyan – Spalla assistente Ana Paula Schmidt Ana Zivkovic Arthur Vieira Terto Bojana Pantovic Dante Bertolino Joanna Bello Hyu-Kyung Jung Roberta Arruda Rodrigo Bustamante Rodrigo M. Braga Rodrigo de Oliveira SEGUNDOS VIOLINOS Frank Haemmer * Leonidas Cáceres *** Gideôni Loamir Jovana Trifunovic Luka Milanovic Martha de Moura Pacífico Matheus Braga Radmila Bocev Rodolfo Toffolo Tiago Ellwanger Valentina Gostilovitch VIOLAS João Carlos Ferreira * Roberto Papi *** Flávia Motta Gerry Varona Gilberto Paganini Juan Díaz Katarzyna Druzd Luciano Gatelli Marcelo Nébias Nathan Medina
* principal
Arakaki
VIOLONCELOS Philip Hansen * Robson Fonseca *** Camila Pacífico Camilla Ribeiro Eduardo Swerts Emilia Neves Lina Radovanovic Lucas Barros William Neres CONTRABAIXOS Nilson Bellotto * André Geiger *** Marcelo Cunha Marcos Lemes Pablo Guiñez Rossini Parucci Walace Mariano FLAUTAS Cássia Lima * Renata Xavier *** Alexandre Braga Elena Suchkova OBOÉS Alexandre Barros * Públio Silva *** Israel Muniz Moisés Pena CLARINETES Marcus Julius Lander * Jonatas Bueno *** Ney Franco Alexandre Silva
TROMPAS Alma Maria Liebrecht * Evgueni Gerassimov *** Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos Santos Lucas Filho Fabio Ogata TROMPETES Marlon Humphreys * Érico Fonseca ** Daniel Leal *** Tássio Furtado TROMBONES Mark John Mulley * Diego Ribeiro ** Wagner Mayer *** Renato Lisboa TUBA Eleilton Cruz * TÍMPANOS Patricio Hernández Pradenas*
INSPETORA Karolina Lima ASSISTENTE ADMINISTRATIVA Débora Vieira ARQUIVISTA Ana Lúcia Kobayashi ASSISTENTES Claudio Starlino Jônatas Reis SUPERVISOR DE MONTAGEM Rodrigo Castro MONTADORES André Barbosa Hélio Sardinha Jeferson Silva Klênio Carvalho Risbleiz Aguiar
PERCUSSÃO Rafael Alberto * Daniel Lemos *** Sérgio Aluotto Werner Silveira TECLADOS Ayumi Shigeta *
FAGOTES Catherine Carignan * Victor Morais *** Andrew Huntriss Francisco Silva
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FORTISSIMO abril — nº 5 / 2017 ISSN 2357-7258 EDITORA Merrina Godinho Delgado EDIÇÃO DE TEXTO Berenice Menegale ILUSTRAÇÕES Mariana Simões FOTO DE CAPA Alexandre Rezende O Fortissimo está indexado aos sistemas nacionais e internacionais de pesquisa. Você pode acessá-lo também em nosso site.
FILARMÔNICA ONLINE WWW.FILARMONICA.ART.BR Concertos — abril
Olá, assinante! Quando quiser falar com a Assessoria de Relacionamento
DIAS 1 E 2, 18h
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em sábados de concerto, das 14h30 às 16h30. Esses
Vivaldi
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Respighi Falla Dvorák
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Dvorák
que quiser, você também pode enviar um e-mail para assinatura@filarmonica.art.br. Será um prazer atendê-lo! Saiba mais em www.filarmonica.art.br/assinaturas/ area-do-assinante.
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Beethoven Tchaikovsky Bizet
DIAS 27 E 28, 20h30 ALLEGRO / VIVACE
Chabrier Proto Stravinsky
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CUIDADOS COM A SALA MINAS GERAIS Abaixe o assento antes de ocupar a cadeira. Também evite balançar-se nela, pois, além de estragá-la, você incomoda quem está na sua fila.
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APARELHOS CELULARES Não se esqueça de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho eletrônico. O som e a luz atrapalham a orquestra e o público. CONVERSA O silêncio é o espaço da música. Por isso, evite conversas ou comentários durante a execução das obras. TOSSE A tosse perturba a concentração. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha. APLAUSOS Deixe os aplausos para o final das obras. Veja no programa o número de movimentos de cada uma e fique de olho na atitude e gestos do regente.
Nos dias de concerto, apresente seu ingresso em um dos restaurantes parceiros e obtenha descontos especiais.
FOTOS E G RAVAÇÕES EM ÁUDIO E V ÍDEO Não são permitidas durante os concertos. PONTUALIDADE Seja pontual. Após o terceiro sinal as portas de acesso à sala de concertos serão fechadas. CRIANÇAS Não é recomendável a presença de menores de 8 anos nos concertos noturnos. Caso traga crianças, escolha assentos próximos aos corredores para que você possa sair rapidamente se elas se sentirem desconfortáveis. COMIDAS E B EBIDAS Não são permitidas no interior da sala de concertos.
RUA PIUM-Í, 229
RUA JUIZ DE FORA, 1.257
RUA LUDGERO DOLABELA, 738
CRUZEIRO
SANTO AGOSTINHO
GUTIERREZ
COMUNICAÇÃO ICF
MANTENEDOR
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DIVULGAÇÃO
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Sala Minas Gerais
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