Junho de 2017 | Presto e Veloce 6

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FORTISSIMO Nº 11

Presto Veloce

22 JUN 23 JUN

008 009 010 011 012 013 014 015 016

VOCÊ ESTÁ AQ U I

2017


FOTO: EUGÊNIO SÁVIO

(...) este conjunto é um autêntico milagre em que se combinam a precisão e disciplina das melhores orquestras europeias com a expressividade e o fogo dos músicos latino-americanos.. MARGARITA POLLINI, ÁMBITO FINANCIERO,

Turnê Internacional

BUENOS AIRES, 2012

Fora do Brasil pela primeira vez, a Filarmônica realizou cinco concertos na Argentina e no Uruguai, três deles nos lendários teatros Colón (foto) e Solís. Dirigida por Fabio Mechetti, teve a companhia de Antonio Meneses e seu violoncelo. A crítica e o exigente público dos dois países receberam a Orquestra com entusiasmo, ao som de Carlos Gomes, Dvorák e Tchaikovsky.

1º mar

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Andrea Bissoli

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Andrea Bissoli

The Italian guitarist Andrea Bissoli had his first lessons with his brothers, later studying with Giuseppe Maderni. When he was thirteen he gave his first recital in his hometown, performing Villa-Lobos’ Cinq Préludes, later adding to his repertoire works by Turina, Albéniz and several of VillaLobos’ Études, performances of which won him prizes at competitions for young musicians. At fourteen he retired from competitions to study with Stefano Grondona at the Conservatorio ‘Arrigo Pedrollo’ in Vicenza. After graduating with full marks from high school, he turned Photo: Márcio Monteiro to musical studies, graduating and then completing a postgraduate course at the Vicenza Conservatory, once again with honours. He studied with Laura Mondiello, Paul Galbraith, Oscar Ghiglia and Alirio Díaz, and has won awards at several guitar competitions in his native Italy, including the Premio Città di Parma, Premio Nazionale delle Arti, Città di Voghera, Città di Arezzo, A.GI.MUS. and Rocco Peruggini. He has played as a soloist in Italy and Brazil. In 2006 he started the guitar duo Phèdre Adroit with Federica Artuso. They have studied baroque music with Monica Huggett and Sigiswald Kuijken, and also play nineteenth-century music on two period instruments labelled ‘Petitjean’. Their repertoire also includes an all-VillaLobos programme of unpublished transcriptions for two guitars made by Andrea Bissoli. He has studied the works of Villa-Lobos for some seven years, and has written articles for Il Fronimo. He plays a J. Vincenti guitar, currently strung with New Nylgut strings by Aquila. www.andreabissoli.com

A Filarmônica iniciou a gravação de The Guitar Manuscripts, sua estreia no selo Naxos. Com obras de Villa-Lobos, regência de Fabio Mechetti e Andrea Bissoli ao violão, os três CDs foram lançados em 2013, 2014 e 2015.

To Mario and Giovanna, my parents.

With thanks to Marcelo Rodolfo, Jacques Vincenti, don Agostino Zenere, Stefano Grondona, Marco Di Pasquale and Umberto D’Arpa.

12

The Guitar Manuscripts • 1

Guitar Concerto Valse-Choro Floresta do Amazonas

Andrea Bissoli, Guitar

The Italian guitarist Andrea Bissoli had his first lessons with his brothers, later studying with Giuseppe Maderni. When he was thirteen he gave his first recital in his hometown, performing Villa-Lobos’s Cinq Préludes, later adding to his repertoire works by Turina, Albéniz and several of Villa-Lobos’s Études, performances of which won him prizes at competitions for young musicians. At fourteen he retired from competitions to study with Stefano Grondona at the Conservatorio ‘Arrigo Pedrollo’ in Vicenza. After graduating with full marks from high school, he turned to musical studies, graduating and then completing a postgraduate course at the Vicenza Conservatory, once again cum laude. He studied with Laura Mondiello, Paul Galbraith, Alirio Díaz and Oscar Ghiglia, and has won awards at several guitar competitions in his native Italy. In 2006 he started the guitar duo Phèdre Adroit with Federica Artuso. They have studied baroque music with Monica Huggett and Sigiswald Kuijken, and also play nineteenth-century music on two period instruments labelled ‘Petitjean’. Their repertoire also includes an all-Villa-Lobos programme of unpublished transcriptions for two guitars made by Andrea Bissoli. Andrea Bissoli plays a J. Vincenti guitar, currently strung with New Nylgut strings by Aquila. www.andreabissoli.com

Serafini • Artuso • Brait Photo: Márcio Monteiro Schola San Rocco Chorus Francesco Erle To Federica. Minas Gerais With thanks to Marcelo Rodolfo, Jacques Vincenti, don Agostino Zenere, Stefano Grondona, Philharmonic Orchestra Marco Di Pasquale, Michele Brugnaro and Federico Zandonà Fabio Mechetti 8.573116

VILLA-LOBOS

Also available in this series

The Guitar Manuscripts • 2

VILLALOBOS

Valsa Concerto No. 2 • Introdução aos Choros • Canção do Amor

Andrea Bissoli, Guitar

Gabriella Pace, Soprano • Ensemble Musagète Minas Gerais Philharmonic Orchestra • Fabio Mechetti

The Guitar Manuscripts • 3

Tarantela Douze Études (1928) Fourteen folksong arrangements from Guia prático O papagaio do moleque

8.573115

Andrea Bissoli, Guitar Ensemble Cirandinha

Minas Gerais Philharmonic Orchestra

8.573116

12

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12

Fabio Mechetti

008 009 010 011 012 013 014 015 016

parte 1

8.573115

VILLALOBOS

parte 2

Primeira gravação para a Naxos


017

FOTO: MARIANA GARCIA

A música sinfônica na TV Em dez programas, a Filarmônica levou ao grande público histórias sobre obras marcantes do repertório. Apresentados pelo maestro Fabio Mechetti e com a participação de convidados, os Concertos Filarmônica foram transmitidos pela Rede Minas entre 21 de outubro e 23 de dezembro.

17 jul

26 a 31 out

16 ago 7 ago

30 ago

4 e 5 out

23 dez 24 nov

29 nov

50º Festival Villa-Lobos A Filarmônica interpretou quatro obras de Villa-Lobos neste Festival. Entre elas, a Suíte para piano e orquestra com solo de Sônia Rubinsky. Orquestra e solista já haviam feito juntos, em Belo Horizonte, a segunda apresentação integral da Suíte, noventa anos depois de sua estreia.

Repertório ampliado O público ficou eufórico com a diversidade deste concerto da série Allegro. Conduzida pelo regente convidado Carlos Miguel Prieto, a Orquestra percorreu o Nacionalismo mexicano de Revueltas e de Moncayo, explodindo na originalidade do norte-americano Russel Peck em The Glory and the grandeur. Solo dos percussionistas Daniel Lemos, Sérgio Alluoto e Werner Silveira.

LINHA DO TEMPO — 6 de 12 Em cada programa de concerto das séries Allegro, Vivace, Presto e Veloce você encontra um pedacinho da nossa história. No fim do ano, teremos relembrado nosso percurso até a décima temporada.


FOTO: BRUNA BRANDÃO

Caros amigos e amigas,

É sempre com grande alegria que recebemos novamente Nelson Freire, que, desde 2010, colaboradora frequentemente com a Filarmônica de Minas Gerais, sendo esta sua oitava apresentação conosco. Desta vez, ele nos brinda com o Concerto para piano nº 4 de Beethoven. Toda a musicalidade, profundidade e elegância associadas a Nelson Freire servem de veículo perfeito para o caráter específico deste querido Concerto.


Sempre na busca de ampliar seu repertório e no contínuo processo de construção de uma orquestra de nível internacional, a Filarmônica executa, pela primeira vez, a Terceira Sinfonia de Anton Bruckner, com toda a sua majestade, densidade e dignidade. A todos, um grande concerto.

F A B I O M E C H E T T I Diretor Artístico e Regente Titular


Fabio Mechetti

FOTO: ALEXANDRE REZENDE

DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR


Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico

Realizou diversos concertos no México,

e Regente Titular da Orquestra Filarmônica

Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as

de Minas Gerais, sendo responsável pela

orquestras sinfônicas de Tóquio, Sapporo

implementação de um dos projetos mais bem-

e Hiroshima. Regeu também a Orquestra

sucedidos no cenário musical brasileiro. Com

Sinfônica da BBC da Escócia, a Orquestra

seu trabalho, Mechetti posicionou a orquestra

da Rádio e TV Espanhola em Madrid,

mineira nos cenários nacional e internacional

a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia,

e conquistou vários prêmios. Com ela,

e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá.

realizou turnês pelo Uruguai e Argentina e realizou gravações para o selo Naxos.

Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige

Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu

regularmente na Escandinávia, particularmente

recentemente como Regente Principal

a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de

da Orquestra Filarmônica da Malásia,

Helsingborg, Suécia. Recentemente fez sua

tornando-se o primeiro regente brasileiro a

estreia na Finlândia, dirigindo a Filarmônica

ser titular de uma orquestra asiática. Depois

de Tampere, e na Itália, dirigindo a Orquestra

de quatorze anos à frente da Orquestra

Sinfônica de Roma. Em 2016 estreou com

Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos,

a Filarmônica de Odense, na Dinamarca.

atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular da Sinfônica

No Brasil, foi convidado a dirigir a Sinfônica

de Syracuse e da Sinfônica de Spokane.

Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras

Desta última é, agora, Regente Emérito.

de Porto Alegre e Brasília e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Trabalhou com

Foi regente associado de Mstislav

artistas como Alicia de Larrocha, Thomas

Rostropovich na Orquestra Sinfônica

Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,

Nacional de Washington e com ela dirigiu

Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori,

concertos no Kennedy Center e no Capitólio

Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros.

norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente.

Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo

Fez sua estreia no Carnegie Hall de

a Ópera de Washington. No seu repertório

Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica

destacam-se produções de Tosca, Turandot,

de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras

Carmem, Don Giovanni, Così fan tutte,

orquestras norte-americanas, como as de

La Bohème, Madame Butterfly, O barbeiro

Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix,

de Sevilha, La Traviata e Otello.

Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos

Fabio Mechetti recebeu títulos de mestrado

Estados Unidos, entre eles os de Grant Park

em Regência e em Composição pela

em Chicago e Chautauqua em Nova York.

prestigiosa Juilliard School de Nova York.


Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e Itaú Personnalité apresentam


Presto e Veloce 22 e 23 / JUN

FAB I O M EC H ET TI, regente N EL SO N F R EI RE, piano

*

programa

LUDWIG VAN BEETHOVEN Concerto para piano nº 4 em Sol maior, op. 58 • Allegro moderato • Andante con moto • Rondo: Vivace

intervalo

ANTON BRUCKNER Sinfonia nº 3 em ré menor • Mässig bewegt (moderadamente agitado) • Adagio • Scherzo: Ziemlich schnell (bastante rápido) • Finale: Allegro

*


FOTO: BENJAMIN EALOVEGA


NELSON FREIRE

A arte de Nelson Freire atingiu hoje um

Seu grande début se deu aos 23 anos,

raro consenso entre os ouvintes de música

numa apresentação em Londres

clássica: é transcendental. O que motiva

considerada sensacional pela crítica.

tal julgamento? Uma vida passada a pensar

O Times chama-o então “o jovem leão do

e tocar o grande repertório pianístico

teclado”. Um ano mais tarde, estreia em

culmina nesse fenômeno singular: todas

Nova York com a Filarmônica, concerto

as obras que interpreta o pianista mineiro

que lhe valeu o comentário da revista

parecem receber de suas mãos a versão

Time: “um dos maiores pianistas desta

mais poética, mais perfeita, mais comovedora.

ou de qualquer outra geração”.

Nelson Freire é hoje um artista universalmente

A partir de então, ao longo de cinco décadas

consagrado, convidado a tocar nas melhores

e com atuações em cerca de setenta países,

salas de concerto, com as orquestras mais

Nelson Freire se tornou uma estrela de

prestigiosas e os regentes mais em evidência.

máxima grandeza no cenário internacional.

Suas gravações se sucedem, cada uma indo

Gravou para a Sony/CBS, Teldec, Philips e

mais longe na exploração interpretativa.

Deutsche Grammophon. Desde 2003, tem contrato de exclusividade com a Decca. Seus

As pompas do mundo, contudo, não alteraram

discos obtiveram os prêmios Diapason d’Or,

o caráter do menino nativo de Boa Esperança,

Grand Prix du Disque, Victoire d’Honneur,

transplantado para o Rio de Janeiro com cinco

Edison Award, Gramophone Award e o

anos de idade. Sua família, impressionada

Grammy Latino por Nelson Freire Brasileiro.

com o talento do caçula, mudou-se em busca das melhores condições de ensino

Apresentou-se com os regentes de maior

musical, encontradas na orientação de

prestígio, como Valery Gergiev, Rudolf Kempe,

duas mestras de nível superlativo, a gaúcha

Rafael Kubelik, Yuri Temirkanov, Seiji Ozawa,

Nise Obino e a paulista Lúcia Branco.

Riccardo Chailly, Charles Dutoit, Andre Previn, Pierre Boulez, Lorin Maazel, Kurt Masur e

Finalista no I Concurso Internacional de Piano

Sir Colin Davis. Apresentou-se com as orquestras

do Rio de Janeiro (no júri, Guiomar Novaes)

filarmônicas de Berlim, Londres, Nova York

aos doze anos, recebeu do então presidente

e Israel, a Concertgebouw de Amsterdam,

Juscelino Kubitschek uma bolsa de estudos que

a Gewandhaus de Leipzig, as sinfônicas de

o levou a Viena, onde estudou sob a direção do

Paris, Nacional da França, Munique, Tóquio,

mestre Bruno Seidlhofer. Aos dezenove anos

São Petersburgo, Boston, Chicago e Viena.

conquistou o primeiro prêmio no Concurso Internacional Vianna da Motta, em Lisboa.

GILDA OSWALDO CRUZ


LUDWIG VAN BEETHOVEN Concerto para piano nº 4 em Sol maior, op. 58

Bonn, Alemanha, 1770

Com a ascensão da classe média e o

praticamente uma obrigação para qualquer

despertar da Revolução Industrial, o

pianista, assim como viria a ser com os

século XIX viu um aumento considerável

concertos de Beethoven, ao final do século.

de oportunidades para os compositores. Eles publicavam mais facilmente suas

Beethoven começou a compor o Concerto

obras e se apresentavam em inúmeras

para piano nº 4 em 1805 e terminou a

ocasiões, não apenas regendo, como,

composição no início do ano seguinte.

principalmente, executando concertos

A estreia se deu em março de 1807,

para instrumento solista e orquestra.

em Viena, em um concerto privado na

A composição de um concerto oferecia

casa de seu patrono, o Príncipe Franz

a oportunidade ideal para um músico

Joseph von Lobkowitz, com Beethoven ao

demonstrar seu alto conhecimento

piano. A primeira performance pública

musical, como compositor e como

do Concerto nº 4 aconteceu na mesma

instrumentista. Inicialmente, cada concerto

Viena, em 22 de dezembro de 1808, no

era composto com a intenção de ser

Theater an der Wien, quando foram também

executado apenas pelo compositor, como

estreadas a Quinta e Sexta sinfonias

uma espécie de cartão de visitas original.

e a Fantasia Coral. Essa foi a última

Deter o direito de ser o único executante

aparição de Beethoven como solista de

de um concerto demonstrou ser um arranjo

concertos. E, embora sua surdez estivesse

extremamente lucrativo para muitos

bem avançada, Carl Czerny, seu aluno,

compositores no final do século XVIII e

recorda que Beethoven foi extremamente

início do XIX, como atestam as carreiras

habilidoso na execução do Concerto.

de Boccherini, Viotti e Mozart. Após alguns meses, o concerto acabava sendo

Beethoven soube trazer, para o Concerto nº 4,

publicado e paulatinamente ganhava as

todas as possibilidades expressivas do

graças de outros executantes. Quando

piano e colocá-lo em pé de igualdade com

Beethoven escreveu seu quarto concerto

a orquestra. Pela primeira vez, o piano

para piano e orquestra, em 1806, todos

ganhou total independência da orquestra e

os concertos de Mozart já se encontravam

tornou-se um dos protagonistas principais

publicados e eram os preferidos do

da cena. Geralmente, ao se iniciar um

público. Tocar seus concertos era

concerto, ouve-se a orquestra tocar por


34 min

1805/1806

Última apresentação desta obra — 20 jun 2015 — Roberto Tibiriçá, regente convidado | Cristina Ortiz, piano

Viena, Áustria, 1827

um longo tempo, enquanto se espera, pacientemente, pela entrada do solista. Beethoven deve ter surpreendido seu público vienense com o Concerto nº 4, uma vez que o piano começa a tocar antes

INSTRUMENTAÇÃO Flauta, 2 oboés,

2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas. EDITORA Breitkopf & Härtel

da orquestra e não para em momento algum. Talvez deixando claro que seu

PARA   O UVIR CD Beethoven –

papel é o de protagonista, e a orquestra,

The five piano concertos – Chicago Symphony Orchestra – James Levine, regente – Alfred Brendel, piano – Phillips – 1997

quem sabe, deva ficar em segundo plano. No segundo movimento, orquestra e piano travam um diálogo excepcional, vislumbrando o que viriam a ser, ao longo do século XIX, os embates indivíduo versus sociedade. A orquestra em uníssono e fortíssimo apresenta seu tema de maneira incisiva, enquanto o piano responde timidamente. A orquestra continua a propor suas ideias sempre de maneira decidida, mas o piano não se deixa intimidar e, paulatinamente, cresce sua presença no diálogo. Aos poucos, a orquestra recua e o piano aparece cada vez mais, até o ponto em que ele, vencendo o diálogo,

PARA   A SSISTIR Bavarian Broadcast

Symphony Orchestra – Leonard Bernstein, regente – Claudio Arrau, piano | Acesse: fil.mg/bpiano4 PARA   L ER Barry Cooper (org.) –

Beethoven, um compêndio – Mauro Gama e Claudia Martinelli Gama, tradução – Jorge Zahar – 1996 Lewis Lockwood – Beethoven, a música e a vida – Códex – 2004 Maynard Solomon – Beethoven, vida e obra – Álvaro Cabral, tradução – Jorge Zahar – 1994

reina absoluto, enquanto à orquestra cabe o papel de observá-lo e apenas comentá-lo ao fundo. No Rondó, terceiro e último movimento, piano e orquestra, agora em pé de igualdade, travam um diálogo ainda mais intenso. Ao final, Beethoven deixa espaço para uma curta cadência do piano, antes do fortíssimo dos acordes finais.

GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor.


ANTON BRUCKNER Sinfonia nº 3 em ré menor

Ansfelden, Áustria, 1824

“Para vozes angelicais, espíritos

simples até a humildade e religioso –

devotos, corações atormentados e almas

de uma fé inabalável – até o misticismo.

purificadas pelo fogo.” As palavras de Mahler, em sua partitura do Te Deum

Embora possa ser temerário insistir em

de Bruckner, substituíram a indicação

tecer paralelos entre a personalidade

“para coro, solistas e orquestra”.

de um artista e características de sua

O grande regente, que amava a música

obra, podemos dizer que o sinfonismo

de Bruckner e em muito contribuiu

bruckneriano é atravessado por um

para a divulgação da obra do amigo,

senso de convicção, por uma sinceridade

deixou-nos, com aquela inscrição,

e espírito de devoção que aproximam

um primeiro testemunho da mensagem

suas sinfonias de suas obras religiosas.

de transcendência da obra bruckneriana.

Além disso, o compositor dá mostras

A despeito dos detratores de sua

do vigor e da delicadeza que sempre

música no meio cultural vienense,

o distinguiram e que transparecem –

da polêmica levantada em torno do

em uma orquestração para a qual o

wagnerismo de sua linguagem –

Bruckner organista trouxe a sonoridade

muito mais um exagero da crítica

de seu instrumento – tanto nas

do que uma característica marcante –,

passagens densas e robustas, quanto

foi em meio ao enfrentamento de

nos momentos de transparência e leveza

situações desfavoráveis que Bruckner

que lembram de perto registrações

seguiu, obstinadamente, sua trajetória.

organísticas. Se atentarmos para a forma

Para a polêmica contribuiu, sobretudo,

com a qual o compositor trabalha cada

sua admiração por Wagner, dedicatário

ideia musical – com a mesma paciência

da Terceira Sinfonia, de quem Bruckner

e obstinação que lhe marcaram o caráter

assistiu, em Munique, à primeira

–, compreenderemos um pouco por que

apresentação do Tristão e Isolda.

é possível acompanhar a evolução das

Para os reveses e incompreensões

muitas ideias e temas musicais que

contribuíram as singularidades da

circulam pela Sinfonia. Bruckner age

personalidade do compositor, homem

como um dramaturgo que dá a cada


57 min

1872/1873

1889 (versão) Viena, Áustria, 1896

tema, como daria a um personagem, o tempo que ele precisa para desempenhar seu papel na trama sinfônica. O ouvinte atento reconhecerá a presença do tema de abertura,

INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas,

2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tímpanos, cordas. EDITORA Edwin F. Kalmus & Co.

não apenas quando de seu retorno na seção da reexposição, mas também na seção do desenvolvimento e na seção conclusiva, tal a pregnância de sua cor orquestral, de suas harmonias, células e motivos melódicos. Ao final do

PARA   O UVIR CD Bruckner –

Symphonies Nos. 3-9; Te Deum; Mass in F minor – Münchner Philharmoniker – Sergiu Celibidache, regente – EMI Classics 0855782 – 2011 (12 CDs)

quarto movimento, esse mesmo tema

PARA   A SSISTIR NDR

concluirá, de modo eloquente, o longo

Simphoniorchester – Günter Wand, regente | Acesse: fil.mg/bsinf3

percurso desta Sinfonia. Percurso no qual estão presentes o lirismo intenso

PARA   L ER Lauro Machado

do movimento lento, o brilho do Scherzo,

Coelho – O menestrel de Deus: vida e obra de Anton Bruckner – Algol Editora – 2009

alternado com uma atmosfera leve e de dança no Trio, e a grandiosidade do Finale. Aqui, logo após o tema que abre o movimento, Bruckner brinda-nos com um momento de rara beleza: a superposição de uma polca e de um coral – leveza e solenidade, encontro de dois mundos, rara compreensão e integração de duas realidades. Sinfonia para orquestra... Sinfonia para expressar devoção, amor à vida e uma visão além de seus limites.

OILIAM LANNA Compositor, professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.


Orquestra Filarmônica de Minas Gerais Fabio Mechetti

DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR REGENTE ASSOCIADO  Marcos

PRIMEIROS VIOLINOS Anthony Flint – Spalla Rommel Fernandes – Spalla associado Ara Harutyunyan – Spalla assistente Ana Paula Schmidt Ana Zivkovic Arthur Vieira Terto Bojana Pantovic Dante Bertolino Hyu-Kyung Jung Joanna Bello Roberta Arruda Rodrigo Bustamante Rodrigo M. Braga Rodrigo de Oliveira SEGUNDOS VIOLINOS Frank Haemmer * Leonidas Cáceres *** Gideôni Loamir Jovana Trifunovic Luka Milanovic Martha de Moura Pacífico Matheus Braga Radmila Bocev Rodolfo Toffolo Tiago Ellwanger Valentina Gostilovitch VIOLAS João Carlos Ferreira * Roberto Papi *** Flávia Motta Gerry Varona Gilberto Paganini Juan Díaz Katarzyna Druzd Luciano Gatelli Marcelo Nébias Nathan Medina

* principal

Arakaki

VIOLONCELOS Philip Hansen * Robson Fonseca *** Camila Pacífico Camilla Ribeiro Eduardo Swerts Emilia Neves Lina Radovanovic Lucas Barros William Neres CONTRABAIXOS Nilson Bellotto * André Geiger *** Marcelo Cunha Marcos Lemes Pablo Guiñez Rossini Parucci Walace Mariano FLAUTAS Cássia Lima * Renata Xavier *** Alexandre Braga Elena Suchkova OBOÉS Alexandre Barros * Públio Silva *** Israel Muniz Moisés Pena CLARINETES Marcus Julius Lander * Jonatas Bueno *** Ney Franco Alexandre Silva

TROMPAS Alma Maria Liebrecht * Evgueni Gerassimov *** Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos Santos Lucas Filho Fabio Ogata TROMPETES Marlon Humphreys * Érico Fonseca ** Daniel Leal *** Tássio Furtado TROMBONES Mark John Mulley * Diego Ribeiro ** Wagner Mayer *** Renato Lisboa TUBA Eleilton Cruz * TÍMPANOS Patricio Hernández Pradenas * PERCUSSÃO Rafael Alberto * Daniel Lemos *** Sérgio Aluotto Werner Silveira TECLADOS Ayumi Shigeta *

FAGOTES Catherine Carignan * Victor Morais *** Andrew Huntriss Francisco Silva

** principal associado

*** principal assistente

GERENTE Jussan Fernandes INSPETORA Karolina Lima ASSISTENTE ADMINISTRATIVA Débora Vieira ARQUIVISTA Ana Lúcia Kobayashi ASSISTENTES Claudio Starlino Jônatas Reis SUPERVISOR DE MONTAGEM Rodrigo Castro MONTADORES André Barbosa Hélio Sardinha Jeferson Silva Klênio Carvalho Risbleiz Aguiar


GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS Fernando Damata Pimentel

SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS Angelo Oswaldo de Araújo Santos

VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS Antônio Andrade

SECRETÁRIO DE ESTADO ADJUNTO DE CULTURA DE MINAS GERAIS João Batista Miguel

Instituto Cultural Filarmônica

Oscip – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003

CONSELHO ADMINISTRATIVO PRESIDENTE EMÉRITO Jacques Schwartzman PRESIDENTE Roberto Mário Soares CONSELHEIROS Angela Gutierrez Berenice Menegale Bruno Volpini Celina Szrvinsk Fernando de Almeida Ítalo Gaetani Marco Antônio Pepino Marco Antônio Soares da Cunha Castello Branco Mauricio Freire Octávio Elísio Paulo Brant Sérgio Pena DIRETORIA EXECUTIVA DIRETOR PRESIDENTE Diomar Silveira DIRETOR ADMINISTRATIVOFINANCEIRO Estêvão Fiuza DIRETORA DE COMUNICAÇÃO Jacqueline Guimarães Ferreira DIRETORA DE MARKETING E PROJETOS Zilka Caribé

DIRETOR DE OPERAÇÕES Ivar Siewers

ASSISTENTE DE PRODUÇÃO Rildo Lopez

MENSAGEIROS Bruno Rodrigues Douglas Conrado

EQUIPE TÉCNICA

EQUIPE ADMINISTRATIVA

JOVEM APRENDIZ Yana Araújo

GERENTE ADMINISTRATIVOFINANCEIRA Ana Lúcia Carvalho

SALA MINAS GERAIS

GERENTE DE COMUNICAÇÃO Merrina Godinho Delgado

GERENTE DE PRODUÇÃO MUSICAL Claudia da Silva Guimarães GERENTE DE RECURSOS HUMANOS ASSESSORA DE Quézia Macedo Silva PROGRAMAÇÃO MUSICAL ANALISTAS Gabriela Souza ADMINISTRATIVOS João Paulo de Oliveira PRODUTORES Paulo Baraldi Luis Otávio Rezende Narren Felipe ANALISTA CONTÁBIL Graziela Coelho ANALISTAS DE COMUNICAÇÃO SECRETÁRIA Marciana Toledo EXECUTIVA Mariana Garcia Flaviana Mendes Renata Gibson Renata Romeiro ASSISTENTE ADMINISTRATIVA ANALISTA DE Cristiane Reis MARKETING DE RELACIONAMENTO ASSISTENTE DE Mônica Moreira RECURSOS HUMANOS Vivian Figueiredo ANALISTAS DE MARKETING E RECEPCIONISTA PROJETOS Meire Gonçalves Itamara Kelly Mariana Theodorica AUXILIAR ADMINISTRATIVO ASSISTENTE DE Pedro Almeida MARKETING DE RELACIONAMENTO AUXILIARES DE Eularino Pereira SERVIÇOS GERAIS Ailda Conceição Rose Mary de Castro

GERENTE DE INFRAESTRUTURA Renato Bretas GERENTE DE OPERAÇÕES Jorge Correia TÉCNICOS DE ÁUDIO E DE ILUMINAÇÃO Daniel Saavedra Rafael Franca ASSISTENTE OPERACIONAL Rodrigo Brandão

FORTISSIMO junho — nº 11 / 2017 ISSN 2357-7258 EDITORA Merrina Godinho Delgado EDIÇÃO DE TEXTO Berenice Menegale ILUSTRAÇÕES Mariana Simões FOTO DE CAPA Rafael Motta O Fortissimo está indexado aos sistemas nacionais e internacionais de pesquisa. Você pode acessá-lo também em nosso site.


FILARMÔNICA ONLINE WWW.FILARMONICA.ART.BR Concertos — julho

Ensaios Abertos

DIAS 6 E 7, 20h30

Alguns ensaios da Filarmônica são abertos ao

ALLEGRO / VIVACE

público. Assim, você pode conhecer bem de pertinho

Liszt Stravinsky Tchaikovsky

parte do processo de preparação do concerto.

DIA 15, 18h

que pagam uma taxa de R$ 10. Os ingressos

A entrada é limitada a cerca de 120 pessoas,

FORA DE SÉRIE /

começam a ser vendidos seis dias antes do ensaio,

HAENDEL

na bilheteria e on-line. Assim como no

Haendel Brahms / Rubbra

momento do concerto, todos devem obedecer aos horários estipulados e o silêncio é essencial.

DIAS 20 E 21, 20h30

Os Ensaios Abertos acontecem sempre às quintas-feiras, das

10h às 13h.

PRESTO / VELOCE

Miranda Chopin Berlioz

DIA 29, 20h30 TURNÊ ESTADUAL /

Veja abaixo as próximas datas dos Ensaios Abertos e busque mais informações no site da Orquestra. Se você é Amigo da Filarmônica, consulte as condições do programa.

SABARÁ

20/07  Fabio Mechetti e Leonardo Hilsdorf

Elgar Berlioz Schubert J. Strauss Jr. Carlos Gomes Tchaikovsky Liszt Bizet

31/08  Marcos Arakaki e Lukás Vondrácek 05/10  Fabio Mechetti e Fabio Martino 30/11  Fabio Mechetti e Paulo Álvares Saiba mais em www.filarmonica.art.br/ concertos/ensaios-abertos.

ASSESSORIA DE RELACIONAMENTO (31) 3219-9009 | assinatura@filarmonica.art.br AMIGOS DA FILARMÔNICA (31) 3219-9029 | amigos@filarmonica.art.br

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para  melhor apreciar  um  concerto

FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEO Não são permitidas durante os concertos.

PONTUALIDADE Seja pontual. Após o terceiro sinal as portas de acesso à sala de concertos serão fechadas. APARELHOS CELULARES Não se esqueça de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho eletrônico. O som e a luz atrapalham a orquestra e o público. CUIDADOS COM A SALA Abaixe o assento antes de ocupar a cadeira. Também evite balançar-se nela, pois, além de estragá-la, você incomoda quem está na sua fila. APLAUSOS Deixe os aplausos para o final das obras. Veja no programa o número de movimentos de cada uma e fique de olho na atitude e gestos do regente.

Nos dias de concerto, apresente seu ingresso em um dos restaurantes parceiros e obtenha descontos especiais.

CONVERSA O silêncio é o espaço da música. Por isso, evite conversas ou comentários durante a execução das obras. CRIANÇAS Não é recomendável a presença de menores de 8 anos nos concertos noturnos. Caso traga crianças, escolha assentos próximos aos corredores para que você possa sair rapidamente se elas se sentirem desconfortáveis. COMIDAS E BEBIDAS Não são permitidas no interior da sala de concertos. TOSSE A tosse perturba a concentração. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha.

RUA PIUM-Í, 229

RUA JUIZ DE FORA, 1.257

RUA LUDGERO DOLABELA, 738

CRUZEIRO

SANTO AGOSTINHO

GUTIERREZ


COMUNICAÇÃO ICF

MANTENEDOR

PATROCÍNIO MÁSTER

APOIO INSTITUCIONAL

DIVULGAÇÃO

REALIZAÇÃO

Sala Minas Gerais

Rua Tenente Brito Melo, 1.090 | Barro Preto | CEP 30.180-070 Belo Horizonte - MG (31) 3219.9000 | Fax (31) 3219.9030

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