Setembro de 2017 |Presto e Veloce 9

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Presto Veloce

2017

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FORTISSIMO Nº 18

28 S E T 29 S E T


Abertura da Sala Minas Gerais. Ressurreição

FOTO: ALEXANDRE REZENDE

A ideia de renascer a cada dia foi lembrada pela Segunda Sinfonia de Mahler, obra escolhida para o concerto de abertura da Sala que marca um novo ciclo na vida da Filarmônica. Não por acaso, a mesma Sinfonia havia encerrado a primeira temporada da Orquestra, lá nos idos de 2008. Vozes de Edna D’Oliveira, Edineia de Oliveira, Coral Lírico de Minas Gerais e Coro da Osesp, com regência de Fabio Mechetti.

12 e 13 mar

Início da temporada

parte 2

parte 1

Com a nova Sala, a Filarmônica pôde aumentar o número de concertos, e as assinaturas cresceram 54%. As séries Allegro e Vivace passaram a acontecer em dias seguidos e com o mesmo repertório. Para estrear a primeira temporada na Sala Minas Gerais, ninguém melhor do que Nelson Freire, conduzido por Fabio Mechetti.

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5 e 6 mar

21 mar

FOTO: RAFAEL MOTTA

27 e 28 fev


017

• TEMPORADA 2015 •

Série temática, realizada na tranquilidade do sábado e com direito à elucidação do repertório pelos maestros, a Fora de Série conquistou imediatamente o coração do público. Seu primeiro ano marcou a inédita execução do ciclo completo das sinfonias de Beethoven pela Filarmônica.

FORA DE SÉRIE BEETHOVEN

versão para visualização

ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS

Estreia da série Fora de Série

Encomendas Estreia mundial de Jogos Sinfônicos, de João Guilherme Ripper, uma das quatro obras encomendadas pela Filarmônica a compositores brasileiros nos festejos da Sala Minas Gerais. Ao longo da temporada, Cláudio de Freitas, Oiliam Lanna e André Mehmari também assistiriam às estreias de suas peças.

2 e 3 jul

1º ago

14 dez

2, 3, 9 e 10 jul

19 dez

Estreia das séries Presto e Veloce Com duas novas séries nos concertos noturnos, ampliaram-se as opções de repertório e horário oferecidos ao público. O impacto de O Anel sem Palavras – orquestração de Lorin Maazel para O Anel do Nibelungo, tetralogia de Wagner – soou como um ótimo começo para as séries. Regência de Fabio Mechetti.

LINHA DO TEMPO — 9 de 12 Em cada programa de concerto das séries Allegro, Vivace, Presto e Veloce você encontra um pedacinho da nossa história. No fim do ano, teremos relembrado nosso percurso até a décima temporada.


FOTO: BRUNA BRANDÃO

Caros amigos e amigas,

Um dos projetos sinfônicos mais importantes desenvolvidos no Brasil atual é a criação e consolidação de nossa irmã, a Filarmônica de Goiás. Seu regente titular faz sua estreia conosco, nesta semana, trazendo um programa novo e variado.


Das referências ao folclore russo, através

O contraste da intimidade das peças

da música de Liadov, à proposta de uma

de Liadov, o virtuosismo exacerbado

nova ideia de sinfonismo, contida na

do Concerto de Tomasi, chegando

música de Walton, Neil Thomson dirige

à provocadora Sinfonia do inglês

nossa Filarmônica com a participação

William Walton, estamos diante de uma

especial de nosso talentoso trompetista

maneira rica e variada de experimentar

Principal, Marlon Humphreys.

essa singular apresentação. A todos, um bom concerto.

F A B I O M E C H E T T I Diretor Artístico e Regente Titular


Fabio Mechetti

FOTO: BRUNA BRANDÃO

DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR


Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico

Realizou diversos concertos no México,

e Regente Titular da Orquestra Filarmônica

Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as

de Minas Gerais, sendo responsável pela

orquestras sinfônicas de Tóquio, Sapporo

implementação de um dos projetos mais bem-

e Hiroshima. Regeu também a Orquestra

sucedidos no cenário musical brasileiro. Com

Sinfônica da BBC da Escócia, a Orquestra

seu trabalho, Mechetti posicionou a orquestra

da Rádio e TV Espanhola em Madrid,

mineira nos cenários nacional e internacional

a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia,

e conquistou vários prêmios. Com ela,

e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá.

realizou turnês pelo Uruguai e Argentina e realizou gravações para o selo Naxos.

Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige

Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu

regularmente na Escandinávia, particularmente

recentemente como Regente Principal

a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de

da Orquestra Filarmônica da Malásia,

Helsingborg, Suécia. Recentemente fez sua

tornando-se o primeiro regente brasileiro a

estreia na Finlândia, dirigindo a Filarmônica

ser titular de uma orquestra asiática. Depois

de Tampere, e na Itália, dirigindo a Orquestra

de quatorze anos à frente da Orquestra

Sinfônica de Roma. Em 2016 estreou com

Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos,

a Filarmônica de Odense, na Dinamarca.

atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular da Sinfônica

No Brasil, foi convidado a dirigir a Sinfônica

de Syracuse e da Sinfônica de Spokane.

Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras

Desta última é, agora, Regente Emérito.

de Porto Alegre e Brasília e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Trabalhou com

Foi regente associado de Mstislav

artistas como Alicia de Larrocha, Thomas

Rostropovich na Orquestra Sinfônica

Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,

Nacional de Washington e com ela dirigiu

Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori,

concertos no Kennedy Center e no Capitólio

Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros.

norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente.

Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo

Fez sua estreia no Carnegie Hall de

a Ópera de Washington. No seu repertório

Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica

destacam-se produções de Tosca, Turandot,

de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras

Carmem, Don Giovanni, Così fan tutte,

orquestras norte-americanas, como as de

La Bohème, Madame Butterfly, O barbeiro

Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix,

de Sevilha, La Traviata e Otello.

Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos

Fabio Mechetti recebeu títulos de mestrado

Estados Unidos, entre eles os de Grant Park

em Regência e em Composição pela

em Chicago e Chautauqua em Nova York.

prestigiosa Juilliard School de Nova York.


Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e Itaú Personnalité apresentam


Presto e Veloce 28 e 29 / SET

N EI L T HO M S O N, regente convidado M AR LO N HUM P HREY S, trompete

*

programa

ANATOLY LIADOV Oito canções populares russas, op. 58 • Cânticos religiosos • Canção de Natal • Lamento • Canção humorística • Lenda dos pássaros • Canção de ninar • Dança de roda • Coral dançante

HENRI TOMASI Concerto para trompete • Allegro e Cadência

*

• Noturno • Finale

intervalo

W I L L I A M WA LT O N Sinfonia nº1 em si bemol menor • Allegro assai • Presto, con malizia • Andante con malinconia • Maestoso – Allegro brioso ed ardentemente


FOTO: KATIE VANDYCK


NEIL THOMSON

Neil Thomson é um dos mais respeitados

os quais trabalhou estão James Galway,

e versáteis maestros britânicos de sua

Moura Lympany, Thomas Allen, Felicity Lott,

geração. Nascido em 1966, estudou com

Philip Langridge, Sarah Chang, Ittai Shapira,

Norman Del Mar na Royal College of Music

Steven Isserlis, Julian Lloyd Webber, David

em Londres e mais tarde em Tanglewood,

Geringas, Natalie Clein, Gyorgy Pauk, Brett

com Leonard Bernstein e Kurt Sanderling.

Dean, Jean-Philippe Collard, Stephen Hough, Peter Jablonski e Richard Rodney Bennett.

Assumiu em 2014 a regência titular e direção artística da Orquestra Filarmônica de Goiás.

Entre suas recentes gravações estão o CD

Gravou com a Orquestra Sinfônica de Londres,

intitulado American Violin Concertos, com a

Filarmônica Real de Liverpool e trabalhou

Royal Liverpool Philharmonic, assim como

nos concertos da Filarmônica de Londres,

a estreia do novo concerto de percussão

da Philharmonia, da BBC, da Royal Scottish

de Joseph Phibb, com Evelyn Glennie,

National Orchestra, da Hallé, da Orquestra

e a rara performance da completa

Filarmônica Real, da Aarhus Symphony

Incidental Music de Hassan, por Delius, no

Orchestra, do Teatro Massimo, em Palermo,

Cheltenham Festival. Tem conduzido trilhas

Sinfônica de Yucatan, no México, Romanian

sonoras de filmes como O Mágico de Oz,

Radio Chamber Orchestra e a RTE Concert

Casablanca, Psicose e Cantando na Chuva,

Orchestra. Em maio de 2005, Thomson foi

esta com a Royal Philharmonic, no

convidado a reger o concerto em homenagem

Royal Albert Hall, em Londres.

ao cinquentenário da morte de George Enescu com a Orquestra Nacional da Romênia e os

De 1998 a 2006, foi chefe de regência no

solistas David Geringas e Carmen Oprisanu.

Royal College of Music, do qual é membro honorário desde 1994. Professor altamente

Thompson tem apresentado estreias

requisitado, Thomson foi jurado da etapa

bem-sucedidas com a Orquestra Filarmônica

europeia da Maazel Conducting Competition

de Tóquio, com as sinfônicas de Lahtu e de

(2002), do Eduardo Mata International

Oulu, na Finlândia, Royal Northern Sinfonia,

Conducting Competition, na Cidade do

sinfônicas de Israel, do Porto Casa da Música,

México (2007) e do Prokofiev Conducting

da Rádio WDR, a Koln, Orquestra da Ópera

Competition, em São Petersburgo. No Brasil,

Nacional de Gales, Opera North, Royal Oman

além das atividades com a Filarmônica de

Symphony Orchestra, Aurora Orchestra e Nordic

Goiás, regeu dois programas consecutivos

Youth Orchestra. Entre os vários solistas com

frente à Osesp, em novembro de 2015.


FOTO: MARIANA GARCIA


MARLON HUMPHREYS

Natural de São Paulo, Marlon Humphreys

Marlon trabalhou com os maiores

teve uma ampla e sólida formação

regentes da atualidade, entre eles

musical com o professor Gilberto Siqueira,

Valery Gergiev, Daniel Barenboim e

trompete solo da Orquestra Sinfônica do

Pierre Boulez. Desde fevereiro de 2008

Estado de São Paulo (Osesp). Em 2000,

é o Trompete Principal da Filarmônica,

foi vencedor da quarta edição do Prêmio

com participações de destaque na

Weril. Com bolsa de estudos pela Fundação

execução de obras como a Sinfonia nº 5

Vitae, aperfeiçoou-se em Chicago com

de Mahler, Concerto para piano nº 1

Mark Ridenour, professor e trompetista

de Shostakovich, Cantata nº 51 de

da Orquestra Sinfônica de Chicago, e com

Bach, entre outras.

o legendário Adolph Herseth. Também foi Trompete Solo na Civic Orchestra of

Humphreys também tem realizado um

Chicago e atuou regularmente com a Chicago

trabalhado importante com arranjos e

Symphony, Grand Park Symphony, Rochester

orquestrações para grupos de câmara

Philharmonic e Oak Park Symphony.

e orquestras, como o Quinteto de Metais da Filarmônica e a Orquestra

Após terminar seus estudos, Marlon

de Câmara do Sesiminas.

mudou-se para o Japão, onde fundou a Hyogo Performing Arts Center Orchestra,

Marlon Humphreys integra o grupo de

em que atuou por duas temporadas

artistas internacionais que formam a

como Trompete Solo, e participou do

World Orchestra for Peace, a Orquestra

renomado Pacific Music Festival.

Mundial pela Paz, a convite de Valery Gergiev.


ANATOLY LIADOV

13 min

Oito canções populares russas, op. 58

São Petersburgo, Rússia, 1855

Filho de um afamado regente da corte e

em sua casa de São Petersburgo, nas

do Teatro Mariinsky de São Petersburgo,

últimas décadas do século XIX, jovens

Anatoly Liadov era um homem reservado.

compositores talentosos, dos quais

Pouco se sabe sobre seus hábitos e

publicava e divulgava as obras com seus

sua rotina. Sua vasta cultura musical

próprios recursos. Liadov, que foi um

foi de grande valia para seus mais

de seus protegidos, jamais se entregou

dedicados alunos do Conservatório de

de coração a uma encomenda, embora

São Petersburgo, dentre eles Prokofiev,

possuísse consideráveis conhecimentos

Rachmaninov e Miaskovsky. Admirava

e facilidade técnica. Preferia compor

Debussy e a qualidade das inovações

esporadicamente, sem se comprometer

musicais de Alexander Scriabin.

com prazos. É notório o episódio ocorrido na primeira década do século XX, quando

Como compositor, foi extremamente

recebeu a encomenda de Sergei Diaghilev,

metódico e excessivamente autocrítico.

diretor da companhia Ballets Russes,

Não escrevia uma nota sem a certeza

para compor a música para o conto

absoluta de sua necessidade. Talvez

folclórico O Pássaro de Fogo. Após muita

por isso não tenha produzido uma obra

indecisão e protelação, ele acabou

mais extensa. Suas composições são

recusando a tarefa, permitindo, assim,

curtas, intimistas e sem grandes arroubos

que o jovem Stravinsky recebesse a

dramáticos. As grandes ambições artísticas

primeira e decisiva grande encomenda

eram, para ele, desconhecidas. Compôs

de sua vida. Liadov preferia compor para

para piano, coro e orquestra. Ao morrer,

si próprio e para seu círculo de amigos.

deixou inacabada a ópera Zoryushka. Em 1897, viajou pela Rússia coletando Liadov foi, durante vários anos,

canções folclóricas em colaboração

aluno de Rimsky-Korsakov — com o

com Balakirev. Os mais de cem cantos

qual, e com Glazunov, frequentava o

populares por ele arranjados foram

“círculo Belyayev”. Mitrofan Belyayev,

publicados em três volumes sob os

rico comerciante e mecenas, recebia

auspícios da Sociedade Geográfica


1906 Borovichí, Rússia, 1914

Imperial, no início do século XX.

INSTRUMENTAÇÃO Piccolo, 2 flautas,

Dessas canções, Liadov escolheu

2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, tímpanos, percussão, cordas.

oito e as arranjou para orquestra sinfônica, criando assim suas Oito canções populares russas, op. 58,

EDITORA Belaieff

com um belo colorido orquestral que nos remete à influência de seu

PARA   O UVIR CD Anatol Lyadov –

mestre Rimsky-Korsakov. As datas

Baba Yaga; Eight Russian Folksongs; The Enchanted Lake – BBC Philharmonic Orchestra – Vassily Sinaisky, regente – Chandos – 2001

de composição e estreia da obra são incertas, mas sabemos que ela foi publicada por Belyayev em 1906. O senso formal de Liadov era impecável. As Oito canções formam um conjunto simétrico: se partirmos do centro para as bordas, perceberemos que as duas canções

PARA   A SSISTIR Orquestra Taurida –

Michail Golikov, regente Acesse: fil.mg/lrussas PARA   L ER Stuart Campbell (ed.) –

Russians on Russian music: 1880-1917, an anthology – Cambridge University Press – 2003

centrais são alegres (sendo a quarta, humorística; e a quinta, graciosa); as duas canções que as envolvem são lentas (a terceira, triste; e a sexta, melancólica); as seguintes são danças singelas (a segunda, uma bucólica canção de Natal eslava; e a sétima, uma cantiga de roda com leve sabor medieval); e as canções das extremidades (a primeira e a oitava) funcionam, respectivamente, como uma introdução e um solene desfecho.

GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor.


HENRI TOMASI Concerto para trompete

Marselha, França, 1901

Henri Tomasi é um compositor pouco

qual um instrumento, não só os mais

conhecido fora da França. Pertence à

contemplados pelo gênero, mas também

linhagem musical de Maurice Ravel,

o oboé, a viola, o saxofone, a harpa e o

apesar do sobrenome nobiliárquico

fagote. O mais executado é o Concerto

italiano advindo de seus antepassados

para trompete e orquestra, dedicado ao

que viveram nas ilhas mediterrâneas.

trompetista Ludovic Vaillant, solista

Enquanto Ravel representa o litoral oeste

da Orquestra Nacional de Paris.

da França, o povo basco e suas raízes

Vaillant estreou a obra em 1949 com a

espanholas, Tomasi é filho da costa sul,

Orquestra da Rádio Televisão Francesa,

Marselha, de influências culturais

sob a regência do próprio compositor.

italianas. Na celebração do centenário de nascimento de Tomasi — trinta anos após

O Concerto para trompete se inicia com

sua morte —, suas cinzas foram levadas

um golpe de caixa clara seguido de

para Penta‑di‑Casinca, uma aldeia francesa

uma fanfarra, ou clarinada, que expõe o

da Córsega, terra natal de sua família.

timbre do instrumento solista de forma característica e familiar aos ouvidos.

Tomasi iniciou os estudos musicais

Mas não nos enganemos com aspectos

no Conservatório de Marselha e

externos dessa introdução militaresca:

prosseguiu‑os no Conservatório de Paris,

nesses três compassos o compositor

obtendo sólida formação com renomados

expõe o material temático no qual se

compositores, entre eles Paul Vidal,

baseará quase todo o Concerto. A fanfarra

Vincent d’Indy, Philippe Gaubert e

inicial é intercalada por um episódio

Paul Dukas. Este último transmitiu-lhe as

lento: o solista utiliza a surdina, e então

delicadezas da orquestração e da escrita

somos brevemente transportados ao

idiomática para cada instrumento.

sentimentalismo das antigas orquestras

A orquestração de Tomasi é brilhante,

americanas de jazz. O dualismo segue até

dotada de colorações inovadoras, e sua

uma elaborada cadenza que caracteriza

produção composicional compreende um

o movimento, devido à sua extensão.

elevado número de obras concertantes:

O segundo movimento é declaradamente

dezesseis concertos privilegiam cada

um noturno: assemelha‑se à escrita do


16 min

1948

Paris, França, 1971

gênero para piano, imortalizado por Chopin, de peças serenas e meditativas que sugerem ou evocam a noite. A lírica melodia do trompete com surdina, conduzido pela harpa, amplia a atmosfera noire do movimento. A obra conclui-se com um curto e espirituoso allegro,

INSTRUMENTAÇÃO Piccolo, 3 flautas,

2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, celesta, cordas. EDITORA Leduc

Representante: Barry Editorial

no qual são reaproveitados diversos elementos do primeiro movimento. A inventividade de Henri Tomasi é excepcional. É fato que ele se tenha interessado pela composição enquanto improvisava ao piano em bares, cabarés, teatros e, principalmente, no cinema mudo, em que trabalhou durante a juventude a fim de custear os estudos musicais. A despeito de sua boa formação, Tomasi foi um artista sem escola: “meu conhecimento musical não se baseia em nenhum sistema”, afirmava. Sua independência, tanto ideológica quanto estética, manteve sua música distante dos movimentos vanguardistas.

PARA   O UVIR CD Wynton Marsalis –

Trumpet Concertos, Tomasi; Jolivet – Philharmonia Orchestra – Esa-Pekka Salonen, regente – Wynton Marsalis, trompete – CBS Masterworks – 1990 CD 4 Grands Concertos Français pour Trompete – Orchestre du Théatre National de l’Opéra de Paris – Marius Constant, regente – Eric Aubier, trompete – ADDA – 1986/1995 PARA   A SSISTIR Orquestra Northern

– Yan Pascal Tortelier, regente – Huw Morgan, trompete Acesse: fil.mg/ttrompete PARA   V ISITAR www.henri-tomasi.fr

Assim resumiu Christian Tournel: “Tomasi jamais escreveu uma nota pelo prazer intelectual da descoberta, mas sim para promover uma combinação íntima que suscita determinada emoção em sua alma poética”.

MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais.


W I L L I A M WA LT O N

43 min

Sinfonia nº 1 em si bemol menor

Oldham, Inglaterra, 1902

1931/1935

Desde a morte de Purcell, em 1695,

Autodidata, Walton afastou‑se do

passaram-se quase dois séculos sem que

folclorismo natal (então muito cultivado

a Inglaterra (que outrora tivera influentes

por seus pares) e deixou‑se influenciar

músicos medievais e renascentistas)

por outras correntes europeias.

produzisse um compositor à altura de

Tornou-se conhecido, aos vinte anos,

seus contemporâneos continentais.

com Façade, para recitante e seis

O império britânico, paralelamente ao

instrumentos, obra associada à estética

grande desenvolvimento econômico,

do francês Jean Cocteau, mentor do

tornara-se notável importador de talentos,

Grupo dos Seis. Foi também orientado

desenvolvendo suas manifestações

por Busoni e Ansermet. Sua produção

musicais em torno, sobretudo, de

posterior, mais comportada e perfeccionista,

compositores e empresários estrangeiros.

é relativamente pequena, mas abrange vários gêneros: duas sinfonias,

A partir do século XIX, os ingleses

duas óperas, um oratório, três concertos

consolidaram iniciativas sociais que

(viola, violino e violoncelo), música de

viabilizavam o acesso da população

câmara e canções. Compôs também para

à cultura musical. Inúmeros corais

o cinema, com destaque para a música

formaram-se em cidades provincianas;

dos filmes da trilogia shakespeariana

os primeiros concertos populares

do ator e diretor Lawrence Olivier

foram criados em Londres e em

(Ricardo III, Henrique V e Hamlet).

Manchester e os Promenade Concerts tornaram-se uma tradição na vida

A Sinfonia nº 1, composta aos 31 anos,

musical britânica (atualmente sob a

possui grandes dimensões. O poderoso

coordenação da BBC). Frutos dessa

Allegro assai inicial foi, a princípio,

efervescência cultural, surgiram os

pensado como um movimento sinfônico

primeiros compositores ingleses

independente. Constrói‑se com grande

modernos, cujas obras conquistaram

vigor rítmico, impulsionado por tensos

um lugar permanente no repertório

ostinati que se apaziguam em apenas

sinfônico internacional, como Elgar,

dois momentos meditativos (meno mosso).

Vaughan Williams, Walton e Britten.

O colorido orquestral é brilhante.


1968 (revisão)

O segundo movimento, Presto, con malizia, é um scherzo construído sobre dois temas. O primeiro, sincopado, gira sempre sobre si mesmo; o segundo possui vigoroso ritmo jâmbico. A orquestração inclui

Ísquia, Itália, 1983

INSTRUMENTAÇÃO Piccolo,

2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas. EDITORA Oxford University Press

golpes de tímpanos, trompas com surdina e madeiras estridentes. De maneira inusitada, o compasso de três tempos eventualmente se desestabiliza em um 5/4. O Andante con malinconia desenha longa melodia, partindo do tema inicial da flauta. Esse tema reaparece ao final, após o ponto culminante do tutti orquestral.

PARA   O UVIR CD Walton –

Symphony nº 1; Partita – English Northern Philharmonia – Paul Daniel, regente – Naxos 8553180 – 1997 PARA   A SSISTIR

WDR-Sinfonieorchester Köln – Semyon Bychkov, regente Acesse: fil.mg/wsinf1 PARA   L ER François-René

Tranchefort – Guia da Música Sinfônica – Nova Fronteira – 1990

Uma grande fanfarra (Maestoso) abre o último movimento. Bruscamente, uma sucessão exuberante de ritmos cria irresistível clima dançante (Allegro brioso ed ardentemente). Segue‑se a enérgica fuga, cuja força adicional equilibra o final da Sinfonia ao peso de seu primeiro movimento. Um fantástico scherzo (Vivacissimo) antecede a retomada do Maestoso inicial, que, devidamente variado, adquire convincente caráter conclusivo.

PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado. Apresenta o programa semanal Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.


A PRÓXIMA TEMPORADA DA FILARMÔNICA VAI CONTINUAR SURPREENDENDO, DESAFIANDO E EMOCIONANDO.

Vêm aí as Assinaturas 2018

Conheça a nova temporada:

4 OUTUBRO 20h30, Sala Minas Gerais Apresentação pelo maestro Fabio Mechetti, com a participação de grupos de câmara da Filarmônica.

Entrada franca

FOTO: ALEXANDRE REZENDE


Fases: RENOVAÇÃO de 05/10 a 28/10 Para os Assinantes de 2017 renovarem ou indicarem troca.

TROCA de 31/10 a 13/11 Para os Assinantes confirmarem a troca.

NOVAS ASSINATURAS de 16/11/2017 a 27/01/2018* *Este período poderá ser reduzido caso os assentos disponíveis para assinaturas se esgotem.

Informações: www.filarmonica.art.br (31) 3219-9009 assinatura@filarmonica.art.br




Orquestra Filarmônica de Minas Gerais DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR REGENTE ASSOCIADO  Marcos

PRIMEIROS VIOLINOS Anthony Flint – Spalla Rommel Fernandes – Spalla associado Ara Harutyunyan – Spalla assistente Ana Paula Schmidt Ana Zivkovic Arthur Vieira Terto Bojana Pantovic Dante Bertolino Hyu-Kyung Jung Joanna Bello Roberta Arruda Rodrigo Bustamante Rodrigo M. Braga Rodrigo de Oliveira SEGUNDOS VIOLINOS Frank Haemmer * Gideôni Loamir Jovana Trifunovic Luka Milanovic Martha de Moura Pacífico Matheus Braga Radmila Bocev Rodolfo Toffolo Tiago Ellwanger Valentina Gostilovitch VIOLAS João Carlos Ferreira * Roberto Papi *** Flávia Motta Gerry Varona Gilberto Paganini Juan Díaz Katarzyna Druzd Luciano Gatelli Marcelo Nébias Nathan Medina

* principal

Fabio Mechetti

Arakaki

VIOLONCELOS Philip Hansen * Robson Fonseca *** Camila Pacífico Camilla Ribeiro Eduardo Swerts Emilia Neves Lina Radovanovic Lucas Barros William Neres CONTRABAIXOS Nilson Bellotto * André Geiger *** Marcelo Cunha Marcos Lemes Pablo Guiñez Rossini Parucci Walace Mariano FLAUTAS Cássia Lima* Renata Xavier *** Alexandre Braga Elena Suchkova OBOÉS Alexandre Barros * Públio Silva *** Israel Muniz Moisés Pena CLARINETES Marcus Julius Lander * Jonatas Bueno *** Ney Franco Alexandre Silva

TROMPAS Alma Maria Liebrecht * Evgueni Gerassimov *** Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos Santos Lucas Filho Fabio Ogata TROMPETES Marlon Humphreys * Érico Fonseca ** Daniel Leal *** Tássio Furtado TROMBONES Mark John Mulley * Diego Ribeiro ** Wagner Mayer *** Renato Lisboa TUBA Eleilton Cruz * TÍMPANOS Patricio Hernández Pradenas * PERCUSSÃO Rafael Alberto * Daniel Lemos *** Sérgio Aluotto Werner Silveira HARPA Marcelo Penido **** TECLADOS Ayumi Shigeta *

FAGOTES Catherine Carignan * Victor Morais *** Andrew Huntriss Francisco Silva

** principal associado

*** principal assistente **** músico convidado

GERENTE Jussan Fernandes INSPETORA Karolina Lima ASSISTENTE ADMINISTRATIVA Débora Vieira ARQUIVISTA Ana Lúcia Kobayashi ASSISTENTES Claudio Starlino Jônatas Reis SUPERVISOR DE MONTAGEM Rodrigo Castro MONTADORES André Barbosa Hélio Sardinha Jeferson Silva Klênio Carvalho Risbleiz Aguiar


GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS Fernando Damata Pimentel

SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS Angelo Oswaldo de Araújo Santos

VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS Antônio Andrade

SECRETÁRIO DE ESTADO ADJUNTO DE CULTURA DE MINAS GERAIS João Batista Miguel

Instituto Cultural Filarmônica

Oscip – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003

CONSELHO ADMINISTRATIVO PRESIDENTE EMÉRITO Jacques Schwartzman PRESIDENTE Roberto Mário Soares CONSELHEIROS Angela Gutierrez Arquimedes Brandão Berenice Menegale Bruno Volpini Celina Szrvinsk Fernando de Almeida Ítalo Gaetani Marco Antônio Pepino Marco Antônio Soares da Cunha Castello Branco Mauricio Freire Octávio Elísio Paulo Brant Sérgio Pena DIRETORIA EXECUTIVA DIRETOR PRESIDENTE Diomar Silveira DIRETOR ADMINISTRATIVOFINANCEIRO Estêvão Fiuza

DIRETOR DE OPERAÇÕES Ivar Siewers EQUIPE TÉCNICA GERENTE DE COMUNICAÇÃO Merrina Godinho Delgado

EQUIPE ADMINISTRATIVA

JOVEM APRENDIZ Yana Araújo

GERENTE ADMINISTRATIVOFINANCEIRA Ana Lúcia Carvalho

SALA MINAS GERAIS

GERENTE DE RECURSOS HUMANOS Quézia Macedo Silva

GERENTE DE PRODUÇÃO MUSICAL Claudia da Silva Guimarães ANALISTAS ADMINISTRATIVOS ASSESSORA DE João Paulo de Oliveira PROGRAMAÇÃO Paulo Baraldi MUSICAL Gabriela Souza ANALISTA CONTÁBIL Graziela Coelho PRODUTORES Luis Otávio Rezende SECRETÁRIA Narren Felipe EXECUTIVA Flaviana Mendes ANALISTAS DE COMUNICAÇÃO ASSISTENTE Marciana Toledo ADMINISTRATIVA Mariana Garcia Cristiane Reis Renata Gibson Renata Romeiro ASSISTENTE DE RECURSOS HUMANOS ANALISTA DE Vivian Figueiredo MARKETING DE RELACIONAMENTO RECEPCIONISTA Mônica Moreira Meire Gonçalves

ANALISTAS DE AUXILIAR MARKETING E PROJETOS ADMINISTRATIVO DIRETORA DE Itamara Kelly Pedro Almeida COMUNICAÇÃO Mariana Theodorica Jacqueline Guimarães AUXILIARES DE Ferreira ASSISTENTE DE SERVIÇOS GERAIS MARKETING DE Ailda Conceição DIRETORA DE RELACIONAMENTO Rose Mary de Castro MARKETING E PROJETOS Eularino Pereira Zilka Caribé MENSAGEIROS ASSISTENTE Bruno Rodrigues DE PRODUÇÃO Douglas Conrado Rildo Lopez

GERENTE DE INFRAESTRUTURA Renato Bretas GERENTE DE OPERAÇÕES Jorge Correia TÉCNICOS DE ÁUDIO E DE ILUMINAÇÃO Pedro Vianna Rafael Franca ASSISTENTE OPERACIONAL Rodrigo Brandão

FORTISSIMO setembro — nº 18 / 2017 ISSN 2357-7258 EDITORA Merrina Godinho Delgado EDIÇÃO DE TEXTO Berenice Menegale ILUSTRAÇÕES Mariana Simões FOTO DE CAPA Bruna Brandão O Fortissimo está indexado aos sistemas nacionais e internacionais de pesquisa. Você pode acessá-lo também em nosso site.


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APLAUSOS Deixe os aplausos para o final das obras. Veja no programa o número de movimentos de cada uma e fique de olho na atitude e gestos do regente.

PONTUALIDADE Seja pontual. Após o terceiro sinal as portas de acesso à sala de concertos serão fechadas. APARELHOS CELULARES Não se esqueça de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho eletrônico. O som e a luz atrapalham a orquestra e o público.

CONVERSA O silêncio é o espaço da música. Por isso, evite conversas ou comentários durante a execução das obras. FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEO Não são permitidas durante os concertos.

CUIDADOS COM A SALA Abaixe o assento antes de ocupar a cadeira. Também evite balançar-se nela, pois, além de estragá-la, você incomoda quem está na sua fila.

CRIANÇAS Não é recomendável a presença de menores de 8 anos nos concertos noturnos. Caso traga crianças, escolha assentos próximos aos corredores para que você possa sair rapidamente se elas se sentirem desconfortáveis.

TOSSE A tosse perturba a concentração. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha.

COMIDAS E BEBIDAS Não são permitidas no interior da sala de concertos.

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