12 figueira

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O fim de semana em Governador Valadares terá sol entre nuvens e chuva. www.climatempo.com.br

26o 17o

MÁXIMA

ANO 1 NÚMERO 12

Não Conhecemos Assuntos Proibidos

MÍNIMA

FIM DE SEMANA DE 11 A 15 DE JUNHO DE 2014

FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS

EXEMPLAR: R$ 1,00

VA I C O M E Ç A R A C O PA D O M U N D O 2 0 1 4 Rafael Ribeiro - CBF

#Vai ter Copa! O Brasil se veste de verde e amarelo. Bandeirinhas brasileiras estão nas janelas dos carros, desfilando pelas ruas, e o clima de Copa vive o seu ápice. A Seleção Brasileira já está preparada para enfrentar a Croácia no dia 12, às 17h, no Itaquerão, em São Paulo. A torcida brasileira já faz festa. Todos confiam no talento e nos gols de Neymar. Página 12

#Não vai ter Copa! Fábio Moura

O repórter deste Figueira, Fábio Moura, está em Belo Horizonte e mostra que nem tudo é festa. Muitos ignoram o verde-amarelo e protestam pelas ruas. O grito “não vai ter Copa” ecoa na capital, uma das sedes da 20a Copa do Mundo. Páginas 6 e 7 Duas imagens antagônicas: acima, Neymar domina a bola no treino da seleção. Abaixo, manifestantes dominam as ruas de Belo Horizonte

LEIA MAIS Arquivo Pessoal

Gabriel Sobrinho

ENTREVISTA As professoras e os alunos, meninos e meninas, em pose clássica dos times de futebol

O futebol na escola Professoras da Escola Estadual Laura Fabri, no bairro Ipê, desenvolveram um trabalho original com seus alunos ao contar a história do futebol e das Copas por meio de uma pesquisa sobre a “pelada” de rua. Página 5

Tim Filho

ARTES PLÁSTICAS

Kerison Lopes é o novo presidente do SJPMG

Quirino Rosa, um artista da nossa terra

O jornalista Kerison Lopes, 38 anos, é o novo presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais. Entrevistado nesta edição, ele fala de seus planos a frente do sindicato. Página 9

Ele é pintor e escultor, trabalha com cores fortes e faz esculturas na madeira ou em argila. José Quirino Rosa da Silva é mais um artista valadarense que este Figueira destaca. Página 11


OPINIÃO

Editorial

A previsão é de muitos pedidos de casamento no dia de Santo Antônio

A um ano dos protestos populares maciços de 2013, pode-se verificar que a democracia brasileira ganhou musculatura. Em vez de uma democracia frouxa, dependente dos políticos profissionais para funcionar, assiste-se país afora a qualificação da democracia, da visibilidade social e do exercício da influência sobre a sociedade, mesmo que a partir do grupo aparentemente mais insignificante. Na noite de ontem, metroviários em São Paulo suspenderam a greve por dois dias, mas no dia do início da Copa o metrô pode simplesmente não levar ninguém até o Itaquerão, o palco da abertura do evento. Enquanto isso, a cidade de São Paulo discute o seu sistema de transporte, ou seja, discute a si mesma. Os políticos discutem os limites para greve nos serviços públicos ou essenciais, o que tinham de ter definido desde a Constituição de 88. Os trabalhadores, em tempo de pleno emprego, exercem pressão para reduzir passivos que se acumularam em tempos de baixa participação. A ampliação da democracia ocorre quando cresce na população a percepção de que “transporte não é mercadoria”, mote desses protestos. Entre muitos protestos, a reunir dezenas ou centenas de pessoas, um deles chamou a atenção em São Paulo. 25 mil pessoas cantaram e dançaram em volta do Itaquerão, mobilizadas em um até agora desconhecido MTST - Movimento dos Trabalhadores Sem Teto. O movimento mantém uma ocupação em frente ao estádio, denominada “Copa do Povo”. Durante a semana, a presidenta Dilma acenou com a possibilidade de incluir os sem teto na política de habitação do Minha Casa Minha Vida. Ora, por que não estão lá desde o início? Em boa medida porque a burocracia estatal não suporta o dissonante. Esses sem teto, hoje, não cabem nos formulários da Caixa Econômica Federal nem nos critérios do Ministério das Cidades. Para que a presidenta o inclua, terá de flexionar a máquina em favor deles. Vejam a descrição, por um residente, de como é a organização em um prédio ocupado pelo MTST no Centro de São Paulo: “mais de dois mil estrangeiros em São Paulo já estão no movimento. Neste prédio, 52 haitianos vivem no terceiro andar. No segundo andar estão os bolivianos, no quarto andar, africanos do Senegal, da Guiné, do Benim, de Angola. No quinto andar estão gays, lésbicas e travestis das ruas da cidade. Todos pagam entre 50 e 200 reais para viver decentemente no Centro da cidade. Viviam antes em cortiços, pagando mais de mil reais por uma cama em cômodos coletivos imundos.” Como incluir essa diversidade toda de demandas no MCMV? Como incluir os indocumentados? Esse é o espaço de ampliação da democracia. Nos quase 30 anos, desde 1985, que vivemos o mais longo período democrático do nosso país, a vida tem mudado para melhor, sem dúvida. O atraso que nos foi imposto pela ditadura ainda se faz sentir, mas, apenas de 1990 para cá, a taxa de mortalidade infantil no Brasil despencou de 53,7 mortes por mil nascidos vivos para 17. Ainda é alta, mas nunca avançamos tanto. 143 mulheres em cada grupo de cem mil gestantes morriam no parto, número reduzido para 63. Ao final da ditadura, 77% das famílias brasileiras viviam em casas sem coleta de esgoto, agora 53% já têm essa estrutura sanitária. 0s 70% que tinham acesso a água tratada passaram para 85,5%. O percentual de 3,6% de brasileiros vivendo em pobreza extrema é 7 vezes menor do que ao final da ditadura. Hoje, ainda 23% dos jovens entre 15 e 24 anos não completaram o ensino fundamental, mas em 1990 eram 66,4%. 81% das crianças frequentavam escolas e agora esse número alcança 98%. De 3,3 milhões de famílias que viviam sem energia elétrica em 2002, hoje restam 242 mil. O balanço da democracia brasileira mostra que vale a pena viver o tensionamento social pelo qual passamos. Os atos institucionais, as botas dos militares e a lavagem cerebral das aulas de moral e cívica fabricaram gerações de imbecis. Só a vida democrática permite a superação da ignorância e da tutela. As doenças mais acusadas hoje no nosso sistema democrático, como o corporativismo dos servidores públicos ou a corrupção dos políticos, não são próprias da democracia, são expostas por ela. Porque vivemos em democracia temos ciência desses males. A vantagem é que o antídoto para essas doenças está em nossas mãos, no exercício democrático. Que os protestos de rua, a hospitalidade com os estrangeiros que chegam ao Brasil e a alegria do nosso futebol nessa Copa não sejam coisas excludentes. Que tudo isso se torne uma grande celebração da democracia. Será o maior legado da Copa.

Expediente Jornal Figueira, editado por Editora Figueira. CNPJ 20.228.693/0001-83 Av. Minas Gerais, 700/601 Centro - CEP 35.010-151 Governador Valadares MG - Telefone (33) 3277.9491 E-mail redacao.figueira@gmail.com São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica.

Ombudsman José Carlos Aragão Reg. 00005IL-ES Diretor de Assuntos Jurídicos Schinyder Exupéry Cardozo Diretora Comercial Leila Fernandes

FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 15 de junho de 2014

Tim Filho

Copa e democracia

Diretor de Redação Alpiniano Silva Filho Conselho Administrativo Alpiniano Silva Filho MG 09324 JP Áurea Nardely de M. Borges MG 02464 JP Jaider Batista da Silva MTb ES 482

2

Conselho Editorial Aroldo de Paula Andrade Áurea Nardely de Magalhães Borges Edvaldo Soares dos Santos Enio Paulo Silva Jaider Batista da Silva João Bosco Pereira Alves Lúcia Alves Fraga Regina Cele Castro Alves Sander Justino Neves Sueli Siqueira Artigos assinados não refletem a opinião do jornal

A redução da maioridade penal é medida a ser considerada Parlatório no combate à criminalidade no Brasil? Antes dos 18 anos as pessoas já sabem o que estão fazendo SIM

Ricardo Assunção

Falar da redução da maioridade penal é um assunto complexo e que precisa ainda ser discutido por diversos setores da sociedade, com o envolvimento que a causa exige. Hoje posso afirmar que não sou contra a redução. A maioridade penal no Brasil ocorre aos 18 anos, segundo o artigo 228 da Constituição Federal de 1988, reforçado pelo artigo 27 do Código Penal de 1940 e pelo artigo 104 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990. Parte da doutrina considera que o artigo 228 da Constituição Federal protege um direito individual e, por consequência, torna-se uma cláusula pétrea, o que inviabilizaria a sua revogação. Posto isso, pergunto: Uma lei arcaica como essa deve manter-se em dias atuais dotada de plena força e vigor? Ante o aumento da violência e dos crimes praticados por menores de 18 anos, não seria este o momento para uma mudança? Bem, o adolescente de hoje comete os mesmos crimes de 60 anos atrás, mas, de lá pra cá muita coisa mudou, a saber, o adolescente passou a ser mais explorado e usado para diversas práticas ilícitas como trafico de drogas e assassinatos. A criança e o adolescente tornaram-se alvos ideais dos maiores para cometer crimes e, desse modo, acredito que algumas leis precisam acompanhar a transformação da sociedade. Estamos acompanhando uma sociedade que infelizmente não consegue mais se adequar a algumas leis, o que exige mudanças, adequando as leis à realidade da sociedade moderna. A partir dessa reflexão, dotar e respaldar menores de pouca ou quase nenhuma penalização, não seria dar a eles a liberdade necessária para continuar no mundo do crime? E mais, manter a lei como está não seria como dar a eles munição para continuar a cometer atos infracionais, e assim serem vistos apenas como adolescentes em conflito com a lei?

Nos dias de hoje, o acesso e o volume de informação é muito maior, na verdade infinitamente maior que há 74 anos quando foi criado o Código Penal, o que nos permite afirmar que na idade proposta para a redução eles já sabem exatamente o que estão fazendo. Não podemos, hoje, afirmar que eles estão sendo, apenas, coagidos ou induzidos pelos maiores para praticar crimes (muitas vezes até hediondos), porque, na verdade, muitos estão se valendo do que essa nossa antiga lei lhes garante, ou seja, uma penalização branda, num sistema socioeducativo falido e sem condição nenhuma, ou quase nenhuma, de ressocialização.

Bem, o adolescente de hoje comete os mesmos crimes de 60 anos atrás, mas, de lá pra cá muita coisa mudou, a saber, o adolescente passou a ser mais explorado e usado para diversas práticas ilícitas como trafico de drogas e assassinatos.

Entendo que a redução da maioridade penal é uma necessidade, embora saiba que não é a única solução, pois as responsabilidades do Estado não se limitam a punir, mas a garantir antes disso a inserção social dos que, assim, não precisariam se preocupar com a questão legal da maioridade penal, pelo menos não nos termos em que a estamos discutindo nos dias de hoje. Mas, como pai, não posso aqui deixar de buscar uma reflexão sobre a nossa responsabilidade pela condução dos filhos. A reflexão e a discussão sobre a redução devem ser amplas e como disse no início, precisam ser praticadas em todos os setores com envolvimento, antes de se tomar uma decisão. Como afirmei, não sou contra a redução da maioridade penal. Ricardo Assunção é vereador e apresentador de TV

O assassinato de crianças e adolescentes é que deveria nos incomodar NÃO

Abigail Gonçalves Correia

Eu poderia filosofar em favor da imputabilidade penal para menores de 18 anos, mas vou contar algumas experiências de vida que comprovam a ineficiência das medidas socioeducativas, que punem desgraçadamente o adolescente que fica confinado por um determinado tempo por cometer um ato infracional, e sem nenhuma perspectiva retorna ao crime. Temos aqui em Governador Valadares uma história maldita de uma “cadeinha” que um dia foi chamada de Centro de Integração Social do Adolescente, e por este “Centro” passaram inúmeros adolescentes, inclusive o assassino de um taxista, em 1996, que foi preso imediatamente após cometer o crime. Poderia eu enumerar vários que cumpriram o tempo máximo de internação de três anos como determina a lei, e hoje estão no “cadeião” ou na Penitenciária da Paca, por reincidência. O interessante é que ao tomar conhecimento de um crime, as pessoas já opinam: “é menor, não vai ser preso”. Ledo engano. Foi assim quando o comerciante do bairro Santa Rita, João Melo, foi morto. Sopraram pelos quatro cantos da cidade que o criminoso era menor. Na realidade, o assassino tinha 24 anos de idade e se apresentou ao delegado depois do fragrante. Acompanhado por dois advogados, foi ouvido e liberado, e somente foi preso em fragrante algum tempo depois, em Vitória, ES, após cometer outro assassinato. Não tivemos mais notícias dele, mas com toda certeza deverá estar livre já há muito tempo, por causa das regalias que o Código Penal estabelece para o “maior”, e não se vê apelo da sociedade para mudança na tal antiquada lei. Ora, não consigo entender porque as mortes de adolescentes, costumeiras aqui em Governador Valadares e por todo o Brasil, não causam indignação. Recentemente, um adolescente foi assassinado dentro do Centro de Internação local. Quero ressaltar que ele não foi o primeiro e miseravelmente não será o último.

Lembro-me de vários adolescentes que se enveredaram pelo crime e a maioria seguiu esse caminho em decorrência da dependência química, e anteriormente a ela, foram vítimas da negligência da família, da sociedade, e do estado. Pergunto: por que só ele deve ser punido? Relembro o caso do Luizinho, que aos 10 anos de idade perambulava pelas ruas enquanto a mãe saía cedo para trabalhar. Aos 12 anos já era dono de uma ficha de mais de 27 passagens pela polícia, várias internações e fugas. Luizinho começou sua vida de rua pedindo ajuda às pessoas para fazer lanche. Depois, passou a cometer pequenos furtos.

Temos um modelo prisional vergonhoso, falido e incapaz de ressocializar. É, no mínimo, leviano levantar bandeira pedindo punição para o adolescente se a lei que garante a eles os direitos inerentes à vida se arrasta há 24 anos e sua eficácia nos parece distante, lamentavelmente.

Ousado, Luizinho teve um envolvimento em um grande assalto a um médico de Valadares, que o possibilitou sair do Brasil e viver um curto período de aventuras em Portugal. Lá, ele foi preso, deportado e, aqui na cidade, foi assassinado antes de completar 18 anos de idade. Pra ele não faltou “prisão”. Faltou competência para recuperá-lo. Temos muitos Luizinhos, e de nada vai adiantar prendê-los aos 12 ou 14 anos. Temos um modelo prisional vergonhoso, falido e incapaz de ressocializar. É, no mínimo, leviano levantar bandeira pedindo punição para o adolescente se a lei que garante a eles os direitos inerentes à vida se arrasta há 24 anos e sua eficácia nos parece distante, lamentavelmente.

Abigail Gonçalves Correia, ex-conselheira tutelar, é secretária da APAC/GV – Associação de Proteção e Assistência aos Condenados


CIDADANIA & POLÍTICA “O Brasil não está tão mal quanto a mídia e a oposição querem fazer parecer, e Minas não está tão bem quanto a propaganda do governo estadual quer fazer ver.”

3

Da Redação

Sacudindo a

Figueira

Fernando Pimentel

O voto

O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim, afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato

A figueira precipita na flor o próprio fruto

“Minas possui a melhor educação básica do Brasil e deve adotar o ensino integral em todas as escolas.”

FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 15 de junho de 2014

Rainer Maria Rilke / Elegias de Duino

Frase de Apparício Torelly “O Barão de Itararé”

Pimenta da Veiga

“Teremos uma eleição com muita abstenção, insatisfação com a política e inconformidade com o cenário colocado. A oposição não pretende mudar questões profundamente e um terço do eleitorado não se sente representado.”

Brasil 247

Homenagem a Pimentel Fernando Pimentel é o mais novo valadarense, por adoção e honra. Ex-prefeito de Belo Horizonte e ex-ministro do Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio Exterior, foi condecorado na Câmara Municipal, por iniciativa do vereador Glêdston Araújo. Da multidão que se juntou ali, na tarde da terçafeira, 10 de junho, muitos queriam conhecer o homem que pode quebrar a hegemonia tucana e se tornar o governador de Minas nas eleições deste ano.

Paulo Roberto Figueira, doutor em Ciência Política, professor da UFJF, no jornal Hoje Em Dia.

Ruim pra todo mundo

A última pesquisa Datafolha de intenções de voto para presidente da república, concluída na 5ª-feira, dia 5, mostra que Dilma caiu de 37% para 34%, Aécio foi de 20% para 19% e Campos de 11% para 7%. O interessante é observar as chamadas das matérias jornalísticas. Uma delas diz que “Dilma continua em queda e rivais não sobem”. Bem, se contabilizarmos o percentual das quedas - Dilma caiu 8%; Aécio caiu 5% e Eduardo Campos caiu 36% - podemos pensar: ou os jornalistas não são mesmo bons de matemática ou não se ensinou isenção nas aulas de Jornalismo. PS: o candidato Pastor Everaldo cresceu 33%; aí está o perigo!

Partido pra quê?

Enquanto na capital o que preocupa a tucanos e petistas é o Pimentécio, eleitores que afirmam que votarão em Aécio Neves para a presidência da República e em Fernando Pimentel para governador, no interior do Estado o que preocupa é o Dilmeiga, aqueles que declaram voto em Dilma Rousseff para a presidência e em Pimenta da Veiga para governador.

Onde está o vice?

Enquanto isso, o candidato tucano à presidência, Aécio Neves, não consegue resolver quem será seu vice. Fala-se inclusive em Ronaldo Fenômeno. Pode? É deboche com a inteligência do eleitor, pois não? Ao mesmo tempo, mais uma máscara que cai. Depois do editor da Veja, é a vez do jogador “que se sente envergonhado do Brasil.”

Agora é oficial

O primeiro candidato oficial à Assembleia Legislativa por Governador Valadares será o vereador Paulinho Costa, cujo partido, o PDT, fez convenção nesta terça-feira, dia 10, motivo, inclusive, para a ausência do vereador na homenagem a Fernando Pimentel na Câmara Municipal.

SEÇÃO

Pó de Mico Esse buraco não tem dono Muitos dos que aplaudem o protesto que inclui escrever IPVA nos buracos de rua da cidade têm seus veículos emplacados no Espírito Santo, onde o imposto é menor. São Mateus, Vila Velha, Barra de São Francisco lideram a frota. Falsidade ideológica e fraude tributária são os crimes caracterizados nessa prática. Na disputa fiscal entre os dois Estados, o município de Valadares perde recursos preciosos e vê erodir a sua capacidade de manter as vias em boas condições. Nas mesmas ruas de

RÁPIDAS E RASTEIRAS

Mudança no time

Em tempo de Copa do Mundo quem mexe no time é a prefeita Elisa Costa. Exonerado a pedido, para tratar de assuntos pessoais, deixa a Secretaria Municipal de Governo Silvano Gomes da Silva. Assume o posto de secretário de governo o também advogado Ranger Belisário, que tem a simpatia dos vereadores e dos servidores públicos e a confiança da prefeita, por seu trabalho desenvolvido na Secretaria de Administração.

Saias, rigor e competência

Assume a Secretaria Municipal de Administração a servidora de carreira Claudete Costa, que já serviu ao atual governo como chefe de gabinete e controladora geral do Município. Claudete reforça a equipe de mulheres no secretariado, com a procuradora fiscal Rosemary Mafra, a secretária de Meio Ambiente Cida Pereira, de Comunicação Áurea Nardely, de Saúde Kátia Barbalho. Ambas as posses foram na tarde de segunda-feira, 9 de junho, em cerimônia simples e concorrida.

Esse buraco tem dono

Moradores do bairro Cidade Nova pedem socorro à Prefeitura por causa dos buracos em todas as ruas. Em algumas delas, há crateras no asfalto. Mas, o loteamento ainda não está concluído e, portanto, enquanto houver lotes caucionados, as obrigações com a manutenção da pavimentação são do proprietário. Se a Prefeitura fizesse a recuperação da pavimentação ali, isso seria caracterizado como uso de recurso público em área particular. No caso do Cidade Nova, o loteador ainda tem 48 lotes em caução, como garantia de que concluirá o bairro conforme o projeto aprovado na SEPLAN.

Valadares que sofriam o desgaste da frota de 67 mil veículos em 2009 agora circulam mais de 122 mil emplacados aqui. Sem contar os veículos das cidades vizinhas e os milhares daqui mesmo emplacados no Espírito Santo.

o governo, “o que faz pensar que é intenção do jornal solapar alguma secretaria, minar algum secretário”, afirma. A partir daí, ele faz cinco acusações, que pela relevância, são reproduzidas aqui:

Tem até médico fantasma

1. Há médicos sem nenhum vínculo trabalhista com o HM e com o Município que fazem plantões trabalhando em nome de outros que têm vínculos, o que explica os salários exorbitantes, pois uns que têm vínculo recebem pelo que outros trabalham, não tendo vínculo.

Na gravação da sessão da Câmara de Vereadores do dia 3 de junho ou no link https://www.youtube.com/ watch?v=zQ_VX6GgqIY é possível assistir, a partir do 1:31:00, a fala do vereador e médico Luciano de Oliveira e Silva, do PSDB. Ele menciona as notas do jornal Figueira que apontam médicos no Hospital Municipal com vencimentos de 50 mil reais por mês. Declara que tais situações de fato existem há muitos anos e sugere que o governo que paga sem controle é tão errado quanto os médicos que se atribuem tais ganhos. O vereador acusa o jornal de ser muito próximo ao governo municipal, mas ao mesmo tempo diz que o Figueira já tem criado muitos problemas para

2. O ex-secretário de Saúde criou cargo por portaria, em total ilegalidade, pois cargos têm de ser criados por lei, devidamente aprovados pela Câmara de Vereadores. Afirma ter visto a portaria de criação do cargo. 3. O SVO – Sistema de Verificação de Óbitos é concentrado nas mãos de poucos médicos. Um médico apenas chegou a fazer 16 verificações de óbitos no mês, o que explica o salário

O que é um lote caucionado?

Para assegurar que o loteador promova as obras de infraestrutura em conformidade com as características do loteamento aprovadas no projeto, a municipalidade exige que o loteador dê em caução alguns lotes integrantes do loteamento. Essa garantia é averbada na matrícula de cada um desses lotes no Cartório de Registro de Imóveis competente. Uma vez obtida a aceitação das obras pela Prefeitura, a caução é extinta e o loteador poderá dispor normalmente dos lotes antes dados em garantia da execução do projeto de urbanização. A Lei 002/92, sobre parcelamento do solo urbano, determina que a responsabilidade passa a ser da Prefeitura depois que o loteamento for fiscalizado e entregue oficialmente ao município, com todas as obras realizadas, como dispõe o parágrafo único do art. 50, liberando, então, as áreas caucionadas.

A razão da greve no Hospital

Datado de 6 de junho, saiu em corpo miúdo e em página escondida do Diário o Edital de Convocação de Eleições Sindicais do Sinsem. Tudo a toque de caixa, prazos curtos, para o mesmo grupo manter-se no controle do Sindicato de Servidores Municipais. O Edital é uma declaração da verdadeira razão da greve no Hospital Municipal, que durou de 7 a 22 de maio. Quinze dias de exposição de pacientes a todo o tipo de riscos, inclusive o de morte, foram o factóide para lembrar aos filiados o quanto o sindicato é importante, mostrar serviço, marcar presença, fazer o “aquecimento” para as eleições.

exorbitante. 4. O Sindicato de Médicos é omisso, não está interessado em discutir ajuste do piso salarial de todos. Com salário achatado não interessa a ninguém trabalhar no Pronto Socorro, do que decorre o HM ter de pagar plantões extras, de valor mais alto. 5. Dois dos médicos listados pelo Figueira como de supersalários são do Sindicato.

Do luto ao cabo de guerra Depois de ensaiar um luto na saída do ex-secretário de governo, por quem nutre estima, o vereador Milvinho prometeu impedir o funcionamento da Câmara. Entende que, como presidente da Comissão de Legislação, Justiça e Redação, à qual todas as matérias têm de ser submetidas, pode travar tudo ao não convocar reuniões da comissão. Esse movimento, segundo ele, já não tem nada a ver com o luto, mas sim, é um cabo de guerra do qual só fará

trégua quando a prefeita exonerar o secretário de Serviços Urbanos, Seleme Hilel, e entregar o cargo para o PROS, o partido que o vereador compõe.

Só cabo de guerra A primeira reação foi do vereador Paulinho Costa, que manifestouse em plenário, como membro da CLJR, que não assistiria o Milvinho tomar a Câmara como refém de seus interesses e buscaria com o vice-presidente garantir a convocação e o funcionamento da comissão. Da mesma opinião e com firmeza também se manifestou o vereador Cezary Alvarenga, o Cezinha. Da semana de demonstrações de luto, para a semana da guerra, pode ser que Milvinho passe para a próxima semana como organizador e formulador do PROS, que até agora não conseguiu ter os seus 4 vereadores votando de modo comum em nada.


GERAL 4

As condições sanitárias e de saúde encontradas pelo SESP na região do Médio Rio Doce não eram das melhores. Na área Linha Acima (entre Governador Valadares e Nova Era), onde havia dezoito pequenas cidades e quatro campos de trabalhadores, a malária era endêmica, e parasitoses variadas acometiam a população; na área de Linha Abaixo (entre Governador Valadares e Colatina), com 12 cidades e aproximadamente 32 acampamentos a situação não era diferente; a malária também foi diagnosticada em Colatina, e seus vetores foram identificados; em Governador Valadares, um surto da doença se alastrava.

FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 15 de junho de 2014

Memória

O SESP no Médio Rio Doce - o caso de Governador Valadares, um território endêmico Parte (I) Maria Terezinha Bretas Vilarino e Patrícia Falco Genovez/Pesquisadoras Em tempos de tantas manifestações Brasil afora, uma das reivindicações mais frequentes é a melhoria da saúde pública. Nos chama a atenção o fato de que esta temática já se encontrava em pauta desde longa data em Governador Valadares e região. A saúde pública, incluindo o saneamento básico, se tornou um grave problema no processo de urbanização preconizado pela ferrovia e, mais tarde, pela exploração da mica. Para buscar uma solução que contemplasse os interesses locais, regionais, nacionais e internacionais, criou-se o SESP - Serviço Especial de Saúde Pública. O SESP foi uma agência de saúde pública criada por meio de um acordo bilateral entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos em 1942, a partir dos chamados “Acordos de Washington”. Em 1943, para executar o saneamento do Vale do Rio Doce e resolver os problemas das endemias, o trabalho do SESP, criado um ano antes para atuar no Norte e Nordeste, foi estendido à região. Naquele ano, tiveram início o Programa do Rio Doce e o Programa da Mica, atendendo áreas do Médio e do Baixo Rio Doce, respectivamente nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. O objetivo de “implementar políticas sanitárias em áreas econômica e militarmente estratégicas” atenderia, de um lado, interesses americanos imediatos, relacionados às necessidades da Guerra e de aproximação econômica com o Brasil, e de outro, respondia aos interesses do governo Vargas de expandir no território brasileiro a presença e a autoridade do Estado. O Programa Rio Doce, concebido em setembro de 1942, foi oficializado em fevereiro de 1943. O contrato que alocava atividades do SESP no Vale do Rio Doce previa a execução de medidas de saúde e saneamento nas principais cidades localizadas ao longo do percurso da Estrada de Ferro Vitória-Minas, então encampada pela Companhia Vale do Rio Doce, também criada em 1942 pelo governo Vargas, como contrapartida dos Acordos de Washington. Diferentemente do Programa Rio Doce, que se estendeu por termos aditivos ao Convênio Básico até o ano de 1951 (quando foi incorporado pelo Programa Minas Gerais, então constituído) o Programa da Mica teve duração mais limitada, porquanto a exploração deste mineral que

Fila de espera para atendimento na Unidade de saúde de Governador Valadares – década de 1950. Fonte: Acervo Sr. Petronilho Alcântara Costa.

lhe deu o nome não se sustentou com o mesmo interesse após a Guerra. De fato, este novo Programa iniciou-se em outubro do ano de 1943 e foi encerrado com o término do conflito internacional. Embora paralelos, os dois Programas, pioneiros no Vale do Rio Doce, atenderam a fins convergentes, e mesmo o Programa da Mica não tendo vida longa contribuiu com a identificação do quadro sanitário em área fora da beira-linha, onde o Programa Rio Doce centrava sua ação. Coincidem, nas duas áreas, uma situação sanitária e nosológica calamitosa que demandava atenção, entretanto somente continuada na área do Programa Rio Doce. A cláusula terceira do contrato relativo ao saneamento do Vale do Rio Doce indica as atividades que deveriam ser executadas nas cidades e vilas principais e nos acampamentos dos trabalhadores empregados na reconstrução da linha da estrada de ferro: (a) profilaxia e estudo da malária; (b) instalação de serviços de água e esgotos em algumas das principais cidades beira-linha (Governador Valadares, Aimorés e Colatina/ES); (c) estabelecimento de um centro de saúde modelo em uma das localidades (Governador Valadares). O início das atividades foi marcado por dificuldades logísticas: falta de pessoal especializado; montagem da estrutura física e burocrática; constrangimentos entre o SESP, a Companhia Vale do Rio Doce e os empreiteiros, que não aceitaram de imediato a ingerência do SESP na questão de organização dos acampamentos de trabalhadores; além da adaptação dos estrangeiros chegados à região, conforme recorda o médico Ladislau Sales, que chegou a Governador Valadares em 1940: O SESP chegou, chegaram aqueles homens com aqueles chapéus de cortiça, como se vê na África, não é isso? Um chapéu branco, de cortiça, calça branca, etc. Quando viram aquela poeira, passava uma bicicleta levantava poeira, carroça e febre malária, malária, malária, eles não estavam preparados pra isso. Então, eles pediram socorro “mande pra aqui um epidemiologista e mande uma pessoa especializada em doenças tropicais, de países tropicais, porque nós sabemos por alto, mas isso aí a quantidade é muito grande”. Era malária, leishmaniose, que come nariz, esquistossomose, horrível, e não havia tratamento muito eficaz. Então eles comunicaram lá a superintendência e a superintendência começou como se deve começar em país civilizado, mas aqui, Figueira do Rio Doce, era diferente, era preciso tratar do sujeito pra ele não morrer. As condições sanitárias e de saúde encontradas pelo SESP na região do Médio Rio Doce não eram das melhores. Na área Linha Acima (entre Governador Valadares e Nova Era), onde havia dezoito pequenas cidades e quatro campos de trabalhadores, a malária era endêmica, e parasitoses variadas acometiam a população; na área de Linha Abaixo (entre Governador Valadares e Colatina), com 12 cidades e aproximadamente 32 acampamentos a situação não era diferente; a malária também foi diagnosticada em Colatina, e seus vetores foram identificados; em Governador Valadares, um surto da doença se alastrava. Patrícia Falco Genovez é professora do Mestrado em Gestão Integrada do Território – GIT e Pesquisadora do Observatório Interdisciplinar do Território – OBIT/Univale. Maria Terezinha Bretas Vilarino é professora do curso de História/Univale, doutoranda PPGHIS/UFMG.

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Notícias do Poder

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José Marcelo / De Brasília

Sinal amarelo

É de tensão o clima no Palácio do Planalto, depois da divulgação de mais uma pesquisa Datafolha mostrando que é cada vez maior a possibilidade de haver segundo turno nas eleições presidenciais. Assessores e membros da campanha de Dilma Rousseff, e o próprio marqueteiro João Santana, não apostam mais as fichas em uma vitória, ainda que apertada, no primeiro turno. Entre as primeiras determinações está a exigência da equipe para que a presidente use o clima de euforia da Copa para visitar o máximo de cidades e regiões para inaugurar todo tipo de obra possível.

Fala, Dilma!

Um dos grandes desafios da equipe é convencer a presidente a fazer aquilo que ela menos gosta: dar entrevistas diárias, falar com jornalistas, se mostrar aberta e simpática. Seria uma tentativa de minimizar a imagem severa que Dilma cristalizou nos últimos tempos, principalmente depois do desgaste do escândalo da Petrobrás. Mas não é só isso. O estado de depressão em que o país parece ter afundado também preocupou a equipe. O desempenho da economia é outro problemão que está no colo da presidente e dos marqueteiros.

Fogo amigo

Têm sido vistas como fogo amigo as declarações do expresidente Lula a respeito dos atuais problemas do país. Lula já havia feito insinuações sobre a equipe do governo e no fim de semana, no Sul, falou sobre a preocupação com a inflação. Conhecido pelas metáforas, Lula disse que está preocupado com inflação a 6% ao ano, que o ideal seria 3,5%, mas que entende a situação como a de um paciente febril, que merece cuidados. Soou como puxão de orelha.

Elza Fiuza EBC

E o Mantega? Até os mais próximos da presidente, no Palácio do Planalto, já se convenceram de que parte do problema foi a manutenção do ministro da Fazenda, Guido Mantega, no cargo. Mas todos teriam entendido que não dá mais para trocar o ministro, sem causar um estrago ainda maior na imagem do governo. A melhor hora, segundo uma fonte do próprio governo, foi no ano passado, quando Mantega enfrentou um problema sério de saúde na família e poderia ter sido afastado como desculpa para se dedicar ao caso. Agora, já era.

Passe de Meirelles

E quanto mais Mantega se desgasta, segundo a mesma fonte, mais o passe do ex-todo poderoso do Banco Central, Henrique Meirelles, se valoriza. Apesar de o partido dele, o PSD ter dito que fecha com Dilma, ainda existe a chance de ele sair como vice de Aécio Neves, o que seria um golpe para o governo. É que Meirelles levaria para a campanha tucana aquilo que a campanha petista perde a cada dia: a confiança e o brilho nos olhos dos investidores. Muitos desses investidores se sentiram desprestigiados pelo governo nos últimos dois anos. Os mais magoados seriam os que investiram nas obras para a realização da Copa do Mundo. Força, Paulinho! Um dos principais defensores de Meirelles como vice de Aécio Neves é o deputado Paulinho da Força Sindical.

Tombini

Outro problema seria a manutenção de Alexandre Tombini, no Banco Central. Embora seja competente e funcionário de carreira, Tombini tem perfil semelhante ao de Mantega. Faltou contraponto, segundo um cientista político e consultor do mercado, em Brasília.

José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia e apresentador da edição nacional do Jogo do Poder, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília.

Copa das Copas - Por falar em Copa, uma fonte do Palácio do Planalto confessou a este jornalista que o slogan Copa das Copas foi um tiro que pode sair pela culatra. A expressão teria sido cunhada pelo publicitário Nizan Guanaes, levado para uma reunião com a presidente pela então secretária da Comunicação Social, Helena Chagas. O publicitário teria dito quer o Brasil precisava realizar a copa das copas. A presidente gostou da expressão, teria passado a usar como slogan, mas o governo se esqueceu das obras de mobilidade e segurou as parcerias para os aeroportos e o trem-bala, por exemplo. Agora ninguém sabe onde enfiar a maldita frase.


METROPOLITANO

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FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 15 de junho de 2014

O verde e o amarelo invadem as festas juninas

Bandeirolas verdes e amarelas, e projeções de luzes nestas mesmas cores dão um clima de copa às festas juninas realizadas na cidade Gabriel Sobrinho

É mês de festas juninas. É tempo de Copa do Mundo. Daí, foi só juntar as duas coisas pra que as bandeirolas vermelhas, azuis e brancas, se tornassem verdes e amarelas, numa mistura gostosa de tradição e paixão. E muita, muita alegria. Tradição das brincadeiras e barraquinhas nas festas de Santo Antônio, São João e São Pedro, com o toque de paixão pelo esporte mais popular do país. Nem mesmo as barraquinhas de Santo Antônio, no pátio da Catedral fugiram ao tema, neste ano. O clima é de Copa. De longe, já se avista a Igreja, que ganhou projeções de refletores nos tons verde e amarelo na sua fachada. Na parte baixa, aos arredores da praça, estão as barraquinhas mais tradicionais da cidade. Por aqui, passam cerca de mil pessoas por noite, durante os treze dias de duração da festa do padroeiro da cidade. Odete Maria Campanário trabalha no local há mais de cinco anos e garante que em ano de Copa do Mundo os participantes não reclamam das cores, entram no clima da festa. “Acredito que nas barraquinhas realizadas nos bairros, existem os que defendem os tradicionais arranjos e ornamentações da festa junina, mesmo em época de Copa. Mas aqui no Centro o perfil é diferente. Muita gente vem pra cá. Tem um público jovem muito grande. Na última Copa foi do mesmo jeito, muitos vêm conferir como ficou a decoração”. A poucos metros da Catedral, a festa junina do Colégio Clóvis Salgado está a todo vapor. Na quadra da escola é possível perceber que o clima de futebol contagiou a todos. Nas paredes e até nos enfeites das mesas o verde e o amarelo estão

Festa junina na quadra do Colégio Clóvis Salgado, na área central de Valadares. Bandeirolas verdes e amarelas, bandeiras do Brasil e o clima de Copa agitando a festa

presentes. Mas, no famoso “casamento” a tradição caipira foi mantida, desde o vestido da noiva até os padrinhos. Ana Alice dos Reis, aluna do 1º ano, lembra que “desde quando começamos a enfeitar a escola para a festa junina sabíamos que não teria como correr do verde-amarelo. A Copa do Mundo é aqui, e somos apaixonados pelo futebol. Mas, queríamos de alguma forma manter o tradicional. Então, definimos que não íamos mudar no casamento. Gostamos muito,

deu outra cara para a festa.” Assim é por todo canto da cidade. Em todas as festas e em todas as barraquinhas preponderam as cores que mexem com o coração dos brasileiros. É tudo verde e amarelo. É possível encontrar quem ainda estranha ver quebrar-se a tradição: o senhor Antônio Villas Boas, 83 anos, frequenta a barraquinha da Igreja Católica do bairro Esperança, mais conhecida como Festa do Jeca, há mais de 20 anos e, no começo, não

COPA DO MUNDO

A história do futebol chega à sala de aula Por meio de um estudo sobre a pelada de rua, professora da Escola Laura Fabri, ensina a história do futebol e das Copas Gabriel Sobrinho / Repórter

Em ano de Copa do Mundo a paixão dos brasileiros pelo futebol explode, mesmo em meio a protestos e movimentos de ruas. E, entre crianças e adolescentes, a preocupação se divide entre completar o álbum da Copa e exercitar o esporte preferido, quer em quadras, quer nos inúmeros “campinhos”, mesmo que improvisados, de todos os lugares deste país. Em Valadares não é diferente. Especialmente desta vez, que a Copa acontece em nosso país. Além de eventos milionários, como a competição realizada pela FIFA, existe outro mundo, uma realidade muito diferente, menos competitiva, mas muito prazerosa, em que meninos e meninas, ocupantes de espaços públicos e privados, deliciam-se correndo atrás da bola. É mais uma “pelada” – o futebol mais popular do mundo - nos campos do Brasil. Foi a partir dessa ideia que pedagoga e professoras da Escola Municipal Laura Fabri, no bairro Vera Cruz, decidiram tratar o tema Copa do Mundo. De uma forma diferente, lúdica, envolvente e que ao mesmo tempo proporcionasse conhecimentos de História, Geografia e de outras áreas das Ciências. Juntas, iniciaram o trabalho buscando entender como o futebol entra nas comunidades, como ele se dá na rua, como resultado da cultura local, regional e nacional em diferentes momentos da vida dos cidadãos. Por meio de um trabalho detalhado, compararam imagens - o antigo e o novo do futebol, e constataram permanências e mudanças nos elementos que fazem parte do esporte. A ideia foi estabelecer uma ponte entre o conteúdo estudado e a prática esportiva cotidiana da comunidade. A professora Gracilene Felicia de Souza preparou o projeto no início do ano. No roteiro, a disciplina se dividia em dez aulas, mas com a riqueza e profundidade de pesquisa, os alunos precisaram de mais tempo para desenvolver todo o tema. “Tudo começou como projeto principal das aulas de Educação Física. Além dos alunos praticarem o esporte nas quadras, era necessário que eles discutissem

Gabriel Sobrinho

gostou de ver as cores alegres das festas juninas serem substituídas por verde e amarelo, mas aos poucos foi se acostumando. “Participo aqui há vários anos. Sou meio tradicional nesse ponto. Acho que são duas coisas diferentes, não precisava juntar”. Mas é o mesmo senhor que acaba por reconhecer que “a Copa é aqui no Brasil. Estamos eufóricos. Estaremos todos pintados quando a bola rolar. Afinal, a meninada gosta. Temos mesmo é de entrar no clima de festa”.

parceria é importante, faz com que os pais interajam na educação dos filhos”. Lá no meio da quadra, Daniel Alves de Souza, de oito anos, corre atrás bola. Dentro das quatro linhas ele entende de tudo. Pênalti, cobrança de falta, cobrança de lateral e escanteio, todas as regras estão na ponta da língua. Apaixonado por futebol, ele afirma que estudar a história do futebol e da pelada fez que ele conhecesse informações diversas sobre o esporte. “As aulas estão bastante legais. No começo, achamos que seria só mais uma aula de história, mais depois começamos a conhecer coisas que não sabíamos sobre futebol. Eu achava que o brasileiro é quem tinha inventado. A professora Gracilene sempre manda o para casa com perguntas para que os nossos pais nos ajudem a responder. As aulas ficam muito divertidas”. E se engana quem acha que pelada é brincadeira de menino. As meninas já conquistaram espaço. Lorraine dos Santos, também de oito anos, é a primeira a escolher seu time na hora da brincadeira. Ela reclama que na rua onde mora alguns garotos não deixam as meninas brincarem. “Aqui na escola é tudo misturado. Às vezes fazemos o time das meninas contra os meninos, já fiz até um gol neles. A professora nos ajuda muito, ela fez com que ficássemos ainda mais apaixonadas pelo futebol”, completa Lorraine. Pelada: Futebol de Favela

Uma das atividades desenvolvidas com alunos e alunas foi a prática do futebol de “pelada”

mais sobre a história do futebol. Foi aí que eu comecei a pesquisar. Muitos alunos achavam que era esporte de brasileiro. Fizemos o recorte histórico contando as origens. Comecei a ver a força que o esporte tem nas comunidades, e vi a possibilidade de ampliar o conceito de cidadania discutindo questões como respeito à prática esportiva da comunidade e seu entorno”. A professora declara, ainda, que “é importante lembrar ser possível, sim, combater a violência e outras mazelas da vida com o futebol, através da famosa pelada”. Durante todo o trabalho foram utilizados textos para descrever o esporte em diferentes estilos e modalidade esportiva – pelada, futebol de rua, futebol amador e futebol profissio-

nal; os territórios onde acontecem – campos, quintais, terrenos baldios, vielas, quadras e estádios. Tudo por meio de leituras, discussões, roda de conversa, entrevistas, vídeos, músicas e cartografias, feitos por alunos e alunas da Laura Fabri. A pedagoga da escola, Márcia Cândido, ressalta que essa metodologia de ensino já tem tido resultados dentro das salas de aula. “Cada vez que a professora Gracilene me traz um relatório com o andamento da turma, eu fico surpresa com a absorção do conteúdo pelos pequenos. Eles envolvem os pais no que aprendem em sala de aula. Levam junto com o dever de casa perguntas sobre futebol e Copa do Mundo, resgatam na memória dos pais como era a pelada na época de criança. Essa

Para traçar toda a pesquisa e montar o planejamento de aula para os alunos, Gracilene apresentou à turma o documentário Pelada: Futebol de Favela. O curta-metragem fala sobre o sonho do futebol, embalado por uma fantástica trilha sonora e participação de grandes craques, como Neymar, Ronaldo Fenômeno, Emerson Sheik, Viola, entre outros. O filme retrata a garra dos garotos com a bola no pé, a paixão dos torcedores na beira do campo e todo o universo que envolve o cotidiano das peladas. O filme também conta com depoimentos marcantes de campeões que vieram das comunidades, descobriram seus talentos nas peladas e conquistaram o mundo. Um mundo rico de desafio e superação envolvido pela ginga do samba, a batida do funk e a identidade do rap. Imagens impactantes das jogadas nas favelas em um filme único.


HISTÓRIA

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FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 15 de junho de 2014

Fábio Moura

Os dois lados da moeda: pessoas que estavam no ponto de ônibus logo à frente do protesto, na Avenida Nossa Senhora do Carmo, trocaram ofensas com manifestantes que pediam a redução na tarifa do transporte público

Belo Horizonte recebe a sua segunda Copa do Mundo Junho de 1950. O Estádio Raimundo Sampaio ainda não está totalmente pronto. O terreno no Horto havia sido destinado, no ano de 1947, pelo então prefeito Otacílio Negrão, mas segue inacabado. A Prefeitura assume a obra, antes que não haja mais tempo. Era isso ou Belo Horizonte estaria fora da Copa do Mundo. Uma semana antes, no dia 18 de junho, o time do Sete de Setembro – que deteve o espaço por décadas – faz o primeiro teste do estádio. Em cima da hora - ou, nem tanto, pois o Maracanã ainda receberia jogos com andaimes sobre a torcida. No dia 25, a Iugoslávia goleia a Suíça e inaugura o Estádio Raimundo Sampaio, o Independência. Fábio Moura / Repórter / Enviado especial a Belo Horizonte

Belo Horizonte viveu dias de guerra, também. Primeiro, na Praça Sete; depois, na Av. Antônio Carlos, um dos principais acessos ao Mineirão. A avenida foi palco da maior parte dos conflitos e de todas as mortes em função dos protestos na capital mineira. O Campus da Universidade Federal de Minas Gerais foi um dos poucos refúgios em meio às bombas de efeito moral, balas de borracha, transmissão de dados interrompida e energia pública cortada.

A cidade também assistiu aos Estados Unidos contra Inglaterra e à goleada do Uruguai sobre a Bolívia. Na verdade, não foi a cidade que assistiu e, sim, uma ou outra pessoa. A pacata Belo Horizonte tinha pouco mais de 350 mil habitantes e não recebeu tantos visitantes assim. O Independência tinha capacidade pra 30 mil espectadores, mas não viu mais que 13 mil na sua arquibancada. E o que faltava ficar pronto para a Copa era mesmo o estádio; o único do qual se exigia o tal padrão FIFA: arquibancadas, alambrados, cabines para a imprensa e túneis que ligassem os vestiários ao campo. Era o suficiente pra bater bola. Sediamos a quarta e, agora, a vigésima edição do evento. De lá pra cá o futebol se tornou paixão nacional, Aldyr Schlee criou o uniforme canarinho e a seleção brasileira levantou a taça por cinco vezes. As construções urbanas de Belo Horizonte alcançaram os limites do município e os 2,5 milhões da capital, agora, somam-se aos mais de três milhões de habitantes da região metropolitana. A Copa, aqui, não é mais no Horto. Desde 1965, com a construção do Estádio Magalhães Pinto, o Mineirão, a principal casa do futebol na capital está na Pampulha. Mas, Belo Horizonte teve de fazer muito mais do que a reforma do estádio: um novo sistema de transporte público passou a integrar a região do Estádio a pontos importantes da cidade; a ampliação do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na região metropolitana; aperfeiçoamento do sistema de segurança pública e uma porção de outras medidas. As seleções da Argentina, do Uruguai e do Chile já estão na região metropolitana de Belo Horizonte, onde ficarão hospedadas ao longo de toda a Copa do Mundo. A capital mineira ainda irá receber seis jogos e mais onze seleções a partir de sábado, dia 14. Estima-se que quase 400 mil turistas passarão pela cidade até meados de julho. Enquanto isso, qualquer boteco da região Centro-Sul da cidade virou casa dos latinos e europeus, tão pouco comuns aqui nas Gerais. Vai ter Copa, parece Claro, só com campo não se faz mais Copa. Adequações em aeroportos, hospitais, infraestrutura urbana e mais um bocado de exigências criaram

um cenário de expectativas na população brasileira. À Copa foi atribuída a responsabilidade em acelerar serviços fundamentais dos governos federal, estadual e municipal. As promessas deram um passo maior do que a perna do planejamento e vimos o que vimos nas ruas em junho de 2013. É óbvio: tudo aquilo fazia parte de um contexto muito maior. A juventude brasileira acompanhava os últimos anos levantes no Irã, Egito, Líbia, Síria, Turquia e em Nova Iorque, com o Ocupe Wall Street. Desde o início de junho assistimos com atenção aos primeiros atos do Movimento Passe Livre, em São Paulo, e à sua repressão desmedida. A Polícia Militar de São Paulo havia, literalmente, partido pra cima nos dias 6, 7 e 11 de junho. Parte da imprensa corroborava a ação ao demandar atitudes mais incisivas; observamos, dia a dia, jornalistas e periódicos renomados condenando as manifestações populares. Tudo mudou na noite do dia 13, quando fotojornalistas e repórteres foram agredidos, atropelados, baleados e censurados no exercício da sua função – seja diante da intimidação ou de prisões contestáveis. As ruas do país foram tomadas. Todos estavam ali por um motivo: inconformidade com aquilo que consideraram uma tremenda e desnecessária covardia com manifestantes e jornalistas. No dia 17 de junho, três cidades viram mais de um milhão de manifestantes na rua e foram poucas as médias e grandes cidades que não se viram com protestos. Belo Horizonte viveu dias de guerra, também. Primeiro, na Praça Sete; depois, na Av. Antônio Carlos, um dos principais acessos ao Mineirão. A avenida foi palco da maior parte dos conflitos e de todas as mortes em função dos protestos na capital mineira. O Campus da Universidade Federal de Minas Gerais foi um dos poucos refúgios em meio às bombas de efeito moral, balas de borracha, transmissão de dados interrompida e energia pública cortada. Quem estava na linha de frente, apanhou. Quem estava quilômetros atrás, também, pois não teve como escapar das bombas lançadas pelos helicópteros da Polícia Militar de Minas Gerais. Era um cenário de guerra. No dia 29 de junho, manifestantes ocuparam a Câmara Municipal de Belo Horizonte e conquistaram, entre outras coisas, a aprovação da redução de cinco centavos no valor das tarifas de ônibus da capital mineira. O movimento ganhou o nome de Assembleia Popular Horizontal e se des-


HISTÓRIA

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FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 15 de junho de 2014

José Peixe

membrou em doze Grupos de Trabalho, como o GT de Mobilidade Urbana – o Tarifa Zero. A difusão das pautas foi uma das principais críticas e o caminho pelo qual os protestos foram perdendo a sua adesão e aprovação. Hoje, com pautas definidas, estão nas ruas de Belo Horizonte o Comitê Popular dos Atingidos pela Copa, a Assembleia Popular Horizontal, as Brigadas Populares, o Movimento de Lutas nos Bairros, Vilas e Favelas, além dos sindicatos – principalmente, o Sindicato dos Servidores Públicos de Belo Horizonte (Sindibel) e o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG). Professores da rede estadual ocuparam a Superintendência Regional de Ensino Metropolitana na semana passada e os servidores públicos da Prefeitura de Belo Horizonte estão acampados há quase um mês em frente à sede do executivo, na Av. Afonso Pena. Na última sexta-feira, o Tarifa Zero fechou um sentido da Av. Nossa Senhora do Carmo, próximo ao Pátio Savassi, às 18h, onde permaneceu por mais de três horas. Nos meios de comunicação da cidade, há uma tentativa recorrente em deslegitimar os protestos, ao considerá-los recheados de pautas pouco importantes de uma minoria populacional e ao atrelar seus líderes a partidos políticos – ou seja, agindo segundo vontade alheia. Estes mesmos veículos, também, estão preocupados com a segurança pública ao longo da Copa do Mundo. Isso, porque na semana passada o coronel Antônio de Carvalho Pereira, chefe do Comando de Policiamento Especializado de Belo Horizonte, se aposentou. A principal versão que corre por aqui é de que ele haveria se desentendido com superiores, diante da política da corporação em caso de manifestações violentas de grupos politicamente engajados. Como os protestos ainda não têm a adesão do ano passado, as forças de segurança mudariam sua postura, entendendo que poderiam agir de forma mais enérgica. Antônio de Carvalho, que ficou conhecido pela mão branda nas negociações com manifestantes em 2013, já reunia tempo suficiente de serviço e optou por abrir mão do cargo.

Nos meios de comunicação da cidade, há uma tentativa recorrente em deslegitimar os protestos, ao considerá-los recheados de pautas pouco importantes de uma minoria populacional e ao atrelar seus líderes a partidos políticos – ou seja, agindo segundo vontade alheia. Estes mesmos veículos, também, estão preocupados com a segurança pública ao longo da Copa do Mundo.

O comando muda e o contingente também. O plano de segurança de Belo Horizonte na Copa do Mundo já tem mais de 12 mil policiais militares nas ruas. E contará, ainda, com mais 8 mil homens do Corpo de Bombeiros, da Polícia Civil, da Defesa Civil do estado e de Belo Horizonte, da Guarda Municipal, da Polícia Federal, do Exército, da Força Nacional e da Agência Brasileira de Inteligência. Quem circulou nos arredores da Praça na madrugada de domingo viu dezenas de viaturas e mais de uma centena de policiais em uma região antes vigiada quase que exclusivamente pelo sistema de videomonitoramento do Olho Vivo. Todos estão destinados a manter a ordem nas atividades que envolverão o Mundial, as manifestações e a atuação das torcidas organizadas que chegarão à cidade. Tem até policial do interior pedindo informação ao lado do pirulito: “onde fica a Praça Sete?”

O terminal aeroportuário teria um aumento em sua capacidade de 10 milhões para quase 14 milhões de passageiros/ano. Não dá mais tempo. Existem algumas áreas que ainda estão em obras frustrando as espectativas otimistas feitas no início da preparação

Há incerteza, também, quanto à mobilidade urbana e interurbana. O Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, não terá a sua ampliação finalizada a tempo da Copa do Mundo. O terminal aeroportuário teria um aumento em sua capacidade de 10 milhões para quase 14 milhões de passageiros/ano. Não dá mais tempo. Com isso, o Aeroporto funcionará perto do seu fluxo máximo durante o evento. Chegando a Confins, o turista, agora, pode usar o novo sistema de transporte coletivo: o BRT Move. O modelo de trânsito rápido de ônibus em corredores ainda não foi totalmente implantado. Algumas estações ainda não estão prontas e há linhas que não foram colocadas em funcionamento. Há, também, trechos do itinerário em faixas de uso compartilhado com outros automóveis, na região central – ou seja, travados em meio ao congestionamento da capital. Enfim, a segunda Copa no Brasil começou na capital mineira. Quando este Figueira chegar à sua mão, leitor, estaremos completando um ano das explosões das manifestações por todo o Brasil. Antes dessa data, ninguém imaginava que esse levante poderia ocorrer. Na verdade, opinião pública e imprensa jogavam contra. Junho de 2014 começa com a mesma postura e contexto, mas, agora, diante da expectativa e do preparo das forças de segurança pública para enfrentar os protestos. Não há como prever se o movimento terá a adesão do último ano, assim como ninguém imaginava o que aconteceria em junho passado. As manifestações não levaram mais de mil pessoas às ruas de BH, ainda. Ainda...

O modelo de trânsito rápido de ônibus em corredores ainda não foi totalmente implantado. Algumas estações não estão prontas e há linhas que não foram colocadas em funcionamento. Há, também, trechos do itinerário em faixas de uso compartilhado com outros automóveis, na região central – ou seja, travados em meio ao congestionamento da capital.

Fábio Moura

Nada. Foi isso que viram os torcedores que foram a Confins receber as seleções do Chile, Uruguai e Argentina. Todas saíram sob forte esquema de segurança já da pista de pouso. Na foto, torcedores argentinos saem desolados do terminal. Abaixo, torcedores colombianos que foram ao Mineirão à procura de ingressos, e torcedores argentinos com faixa nas cores da bandeira argentina, demonstrando otimismo com a sua seleção José Peixe

José Peixe


GERAL

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FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 15 de junho de 2014

Associativismo

Além do Arco-Íris

Antônio Carlos Borges

Élita Souza - NUDI’s

Rio Limpo Recentemente, tivemos a publicação de uma pesquisa a respeito da situação ambiental do nosso Rio Doce. Situação caótica, colocado entre os primeiros do Brasil em poluição de todos os tipos, seja por metal pesado – o que nos leva a questionar a potabilidade da água, seja por esgoto doméstico. Também a quantidade de terras que assoreia o Rio Doce é vultosa, descendo de áreas degradadas, pastagens erodidas e vossorocas enormes que podemos ver facilmente nas vizinhanças de nossa cidade. É de se perguntar como chegamos a tal situação, o que temos de diferente das outras regiões do Brasil com relação aos descuidos com o que é nosso. É de se perguntar o que tem sido feito para evitar tais situações, seja para frear os processos que degradam, seja para a recuperação do que já está feito. A questão ambiental não entra muito na pauta de governantes do Vale do Rio Doce, e se não passa por aí, já que o poder público tem a obrigação constitucional de educar o povo (e não necessariamente só as crianças), a responsabilidade ambiental também não chega ao povo. Em Governador Valadares temos alguns exemplos, por iniciativa popular, de cuidados e, no mínimo, preocupação ambiental. Entre estes, o caso da Associação Rio Limpo. O trabalho teve início com um grupo de pessoas do bairro São Paulo, em 2009, quando essas pessoas foram ao Ciaat – Centro de Informação e Assessoria Técnica. Na época, o grupo procurava produzir sabão a partir do óleo de cozinha de suas residências, e tinha preocupação ambiental, mais que interesse de obter renda. A partir daí, teve início uma jornada exemplar de cidadania, pela preservação ambiental. Após algumas reuniões, desconfiados de que a boa vontade e entusiasmo do grupo pudesse configurar apenas um momento de “fogo de palha”, demos (nós, do Ciaat) àquelas mulheres e alguns homens a tarefa inicial de realizar uma pesquisa no bairro, de casa em casa, para sabermos quanto de óleo de cozinha cada residência atirava diretamente aos esgotos e portanto ao Rio Doce. Formatamos o formulário de pesquisa e entregamos ao grupo. A luta daquele grupo de pessoas tem sido de grande persistência. Daquele momento até hoje, não arrefeceram com as dificuldades surgidas no caminho. Provocaram ações do poder público, da Câmara de Vereadores e da sociedade, que, embora não concluídas em boa parte, dão o exemplo cidadão. De tempos em tempos, por conta e custos próprios, realizam movimentos de educação ambiental no seu bairro e nas escolas, oferecendo palestras, panfletando e realizando passeatas pela causa ambiental. Como consequência dessa luta, temos hoje uma lei municipal que determina a coleta do óleo de cozinha em toda a cidade, como obrigação do poder público, que ainda não se faz cumprir. Fosse a sociedade um pouco mais sensível à questão do Rio Doce, a depender desse grupo de pessoas abnegadas, já teríamos um exemplo configurado de práticas despoluidoras, e de sucesso numa parceria público-civil. Merece uma reportagem deste Figueira a história da Associação Rio Limpo. Antonio Carlos Linhares Borges é administrador rural e advogado, diretor geral do CIAAT – Centro de Informação e Assessoria Técnica.

Ombudsman José Carlos Aragão

Rabo preso Às vezes, nessa minha função de ombudsman do Figueira, me sinto limitado a comentar, analisar e criticar apenas o que se publica nessas páginas. Mas, hoje, resolvi pular essa barreira de nuvem para comentar outros aspectos que envolvem outras mídias e veículos, mas que, de alguma forma, tangenciam questões relacionadas ao nosso Figueira também. Desde sempre, ouço falar que a imprensa livre é sustentáculo da democracia e da própria liberdade. Mas, o que vem a ser imprensa livre? – se é que ela existe mesmo. Numa definição mais chã, podemos dizer que é aquela que não tem “rabo preso”. Mas a sábia maiêutica socrática quer respostas: o que é “rabo preso”? Seria uma espécie de afinidade, comprometimento ou servilismo ideológico com algum governo ou partido político e que orienta cegamente todo o pensamento de um veículo de imprensa? Se assim for, devemos pressupor que todos os jornais, rádios, tevês e revistas, pela seleção das informações e fatos que divulgam, sofrem algum tipo de ingerência de algum poder político externo? Ou ainda podemos acreditar na integridade de alguns? Ok, acreditemos em algumas supostas e honrosas exceções, ainda que apenas supostas e honrosas exceções: estariam elas imunes a qualquer tipo de pressão? Não raro, jornais e tevês divulgam notícias de práticas criminosas – contra o consumidor, contra o erário, contra a sociedade como um todo – praticadas por grandes corporações (companhias telefônicas, bancos, planos de saúde, redes de varejo, indústrias) ou celebridades e políticos influentes. É comum, nesses casos, que alguns veículos evitem, num primeiro momento, declinar suas marcas e identidades. Pelo menos até que algum veículo mais inconsequente, descomprometido com os denunciados ou suspeitos; ou apenas sensacionalista, atire toda a caca no ventilador e dê, enfim, nome aos bois – e os outros veículos não tenham mais, a partir de então, como acoitar os seus protegidos (e protetores).

Já repararam que um grande incêndio nunca é num depósito do Ponto Frio, antes de ser “num galpão de uma grande rede de varejo de móveis e eletrodomésticos” localizado próximo à rodovia tal? Da mesma forma, um assassinato de grande repercussão é sempre num hotel da Zona Sul; um acidente mais grave é numa importante avenida; uma chacina é na periferia da cidade; traficantes agem num bairro da Zona Oeste; e um prefeito sem nome de uma cidade do Norte do estado também sem nome é acusado de crime eleitoral não especificado. Manchetes, muitas vezes, pecam por omissão e desinformação. Mas, outras vezes, apenas evitam expor nomes ou marcas dos anunciantes do veículo; macular a imagem de regiões da cidade que são alvo de interesse da especulação imobiliária (que vende seus empreendimentos anunciando-os nesses veículos); manchar o nome de políticos, governantes e autoridades que deveriam prover o cidadão de maior segurança, saúde, educação e que, após eleitos, canalizarão verbas públicas sob sua gestão para publicidade paga nesses veículos. Como falar-se, então, de mídia livre, se, de alguma forma, toda ela está comprometida com alguma ideologia (ou com a falta de uma) e ao capital, representado pelo valor pago pelos anunciantes em seus espaços comerciais? - Pois é, é isso que a internet veio mudar – preconizam os usuários das redes sociais e de sua capacidade de difundir informação numa velocidade nunca vista antes na história desse mundo.

Será? O espaço aqui é pouco: tentarei responder a essa questão na semana que vem.

José Carlos Aragão, ombudsman do Figueira, é escritor e jornalista. Escreva para o ombudsman: redacao.figueira@gmail.com

Para o Dia dos Namorados O conceito de família mudou, e isso já faz um bom tempo. A família não é formada somente de pai, mãe e filhos, mas sim por pessoas que cuidam umas das outras, pelos laços do afeto e do amor, como dois irmãos, avô e netos, amigos, dois homens, duas mulheres, uma mãe e seu filho etc. Enfim, a abrangência do conceito se tornou igualitária e definiu de fato o que vem a ser uma família. Não existem mais separações de direitos entre casais homoafetivos e os demais, tidos como convencionais. Todos podem casar em cartório, trocar sobrenomes, adotar filhos, divorciar, e qual o motivo de tanto espanto ainda? O preconceito, este é o motivo de tanto espanto. Infelizmente, não se tem como acabar com ele. Ao menos se deve exercitar a tolerância e o respeito às diversidades. Ninguém é obrigado a nenhum comportamento, mas todos são obrigados a respeitar uns aos outros, o mínimo de respeito é fundamental para que se conviva em sociedade, até que haja o entendimento de que somos todos iguais, indistintamente. O que faz a diferença não é ser magro, gordo, ter cabelo escuro, olhos claros, morar no centro ou em bairro, andar a pé ou de carro. O que faz a diferença é o caráter, é a forma como tratamos os outros, é o ser humano que cada um é, com as suas limitações e com todas as suas qualidades. O que importa é estender a mão, é o abraço amigo, a palavra certa na hora mais improvável, é caminhar junto. Enquanto deixarmos que o preconceito, seja ele de que forma for, tome conta de nós, estaremos perdendo o mais belo da vida, estaremos perdendo a magnitude e a grandiosidade de experimentar o ser humano em sua essência. A humanidade está doente, necessitando de cura, mas somente ela mesma tem o antídoto, somente ela mesma pode olhar para si e construir uma história diferente, em que consiga passar a limpo tantas manchas existentes em seu passado. Já viramos a página após tantas

Direitos Humanos Paulo Vasconcelos

PNDH-3 Assim como prometido no último artigo por mim assinado, vai aqui um pouco do PNDH-3, para ser discernido por todos aqueles interessados em se aprofundar mais na promoção dos Direitos Humanos. Visa a quebrar paradigmas que, na sua maioria, servem para emperrar o processo construtivo apresentado pelo PNDH-3 visando garantir esses direitos. O Programa Nacional de Direitos Humanos em sua terceira edição, PNDH-3 foi desenvolvido por populares organizados em associações, coletivos, as mais variadas comunidades e representantes do Governo envolvendo a participação de 31 Ministérios, por meio de várias conferências nacionais e regionais. Contrariando as versões anteriores, que listavam ações programáticas em áreas de governo, o PNDH-3 é um conjunto de propostas voltadas para a promoção dos Direitos Humanos como princípios orientadores das políticas públicas, que devem algumas delas ser discutidas no Congresso Nacional, votadas e aprovadas para que tenham força de lei. Reiterando a importância de se observar os Direitos Humanos atuando em todas as áreas da administração pública em harmonia, com controle social, destaco as várias vertentes dessa discussão. É possível constatar essa variedade no fragmento a seguir registrado pelos organizadores da Campanha Nacional pela Integridade e Implementação do PNDH-3 em manifesto escrito no dia 20 de maio de 2010, em Brasília/DF, sugerindo que: “O PNDH-3 carrega uma concepção contemporânea de direitos humanos que se opõe aos conservadorismos e às compreensões restritas e restritivas de di-

conquistas sociais, mas ainda é pouco, ainda não pegamos o lápis e o papel para redigir esse novo contexto de igualdade e liberdade. Nossa sorte é que mais eterno do que o preconceito é o amor. Esse não deixa o tempo levar as coisas mais importantes da vida. O amor é que nos faz acreditar que tudo pode ser diferente, que nos faz fomentar a esperança de dias melhores. O amor tem medidas e formas que não se consegue definir em uma palavra o que é. Pode-se dizer que é aceitar o outro com toda a bagagem que ele traz, com suas imperfeições, o cuidado, o carinho, a infinitude de querer o bem, mas nada chegará a uma definição exata.

O que faz a diferença não é ser magro, gordo, ter cabelo escuro, olhos claros, morar no centro ou em bairro, andar a pé ou de carro. O que faz a diferença é o caráter, é a forma como tratamos os outros, é o ser humano que cada um é, com as suas limitações e com todas as suas qualidades.

Prestes a comemorar o dia dos namorados, ainda não percebemos que o que falta é somente libertar o amor que existe dentro de cada um de nós, que se possa amar de forma livre e sem preconceitos, que possamos nos permitir a amar o outro do jeito que ele é, e o ajudar em suas dificuldades, em vez de jogar pedras. Não tem qualquer legislação no mundo que faça instituir decretos ou leis nos corações para que todos possam viver em paz e harmonia, por um fato simples: o amor não segue normas, ele surge das formas mais variadas, mas simplesmente surge. Contudo, deve-se permitir, porque não amamos o desconhecido. O amor está no ar, o problema que perdemos muito tempo buscando sua cor, seu cheiro e seu sabor, esquecendo que ele é insípido, inodoro e incolor, como a água. E tal qual a água, é o que nos mantém vivas!

Élita Souza é advogada. NUDI’s – Núcleo de Debates sobre Diversidade e Identidades.

reitos humanos. Estas concepções ainda estão fortemente presentes na sociedade brasileira e se manifestaram de forma contundente na reação de setores conservadores que têm publicamente se dito contrários ao PNDH-3. Por isso, a defesa do PNDH-3 é também a defesa de uma compreensão ampla e que abre espaço para os sujeitos populares e sua cada vez mais inclusão”.

Contrariando as versões anteriores, que listavam ações programáticas em áreas de governo, o PNDH-3 é um conjunto de propostas voltadas para a promoção dos Direitos Humanos como princípios orientadores das políticas públicas, que devem algumas delas ser discutidas no Congresso Nacional, votadas e aprovadas para que tenham força de lei.

Podemos perceber que realmente não é fácil expor a todos os envolvidos o entendimento que Direitos Humanos abrangem as diversas camadas da sociedade, que a inter-relação da pessoa humana não fica apenas restrita a defender seus direitos, mas, também em promovê-lo de forma ampla o suficiente para garantir uma ideia comum a todos, que tais direitos sejam usados como prevenção e construção de um benefício igualitário, democrático e universalizado. Para tanto, será necessária a participação de todos. Mas, esse assunto será explanado no próximo artigo, no qual apresentaremos o primeiro capítulo do PNDH-3, o eixo orientador da “Interação Democrática entre Estado e Sociedade Civil”. Paulo Gutemberg Vasconcelos é educador social, presidente do Conselho Municipal de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos.


ENTREVISTA

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FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 15 de junho de 2014

Entrevista Kerison Lopes Não só o sindicato, mas todos os nossos congressos de jornalistas têm reafirmado a defesa intransigente da formação profissional, como pressuposto para o exercício da profissão. Arquivo Pessoal

Imprensa Golpista” foi citado por um deputado e depois ganhou fama através de um blogueiro. Mas como você disse, às vezes os “justos pagam pelos pecadores”. Os episódios de agressões a jornalistas, incêndios de carros de reportagem, assassinato de repórter cinematográfico são tenebrosos. O cara pode questionar o papel da Rede Globo, e eu também questiono, mas agredir um jornalista como aconteceu com o Caco Barcelos, como aconteceu numa manifestação em São Paulo, é um absurdo completo. Figueira - O exercício da profissão de jornalista no Brasil deve ser feito por jornalistas com curso de graduação em Jornalismo, devidamente diplomados? Como o SJPMG tem tratado esta questão? Kerison Lopes - Não só o sindicato, mas todos os nossos congressos de jornalistas têm reafirmado a defesa intransigente da formação profissional, como pressuposto para o exercício da profissão. Figueira - Nas últimas gestões do SJPMG, os jornalistas do interior foram inseridos em ações do Sindicato em favor da valorização e da qualificação profissional. Estas ações continuarão sendo desenvolvidas? Existem novas ações a serem implantadas?

Nesta sexta-feira, o jornalista Kerison Lopes será empossado como presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais para exercer o mandato no triênio 2014-2017. Ele tem 38 anos de idade e começou no Jornalismo aos 15 anos, em Bom Sucesso, MG, onde fundou os jornais “Gazeta de Bom Sucesso” e “Liberdade de Expressão”. Graduado em Jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH), escreve para sites e jornais da mídia alternativa. Foi repórter em Brasília/DF e editor adjunto do Portal Vermelho. Atualmente é assessor na Assembleia Legislativa. Kerison Lopes conversou com este Figueira e falou sobre temas importantes, que envolvem a categoria que ele representa. Figueira – Como foi o processo eleitoral que o elegeu como presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais e compôs a nova diretoria? Houve um debate de ideias acirrado? Kerison Lopes - Houve um debate democrático. Ideias foram apresentadas, propostas, planos, histórias de vida profissional. Em comum entre as chapas, o compromisso com a profissão, a defesa dos direitos dos jornalistas, a perspectiva de luta. Foi um debate politizado, até mesmo porque não aceitamos rebaixar o debate. Nossa carta programa ficou muito ampla e envolveu muitos colaboradores na discussão. Ouvimos, dialogamos e incorporamos propostas até de quem não votou na gente. No nosso entendimento, o Sindicato é de todos. E foi esse o diferencial. A categoria optou por caminho de abertura do Sindicato, não aceitou uma proposta de Sindicato mais fechado. Fez uma proposta de inclusão, de um Sindicato que tenha espaço para todos. Figueira - Uma questão polêmica no SJPMG é a destinação do imóvel onde se localiza a Casa do Jornalista, na área central de Belo Horizonte. A polêmica é relacionada a construir uma nova sede do Sindicato no local, na modalidade de permuta com uma construtora, ou ao tombamento. Qual é a sua posição? Kerison Lopes - Neste caso temos uma posição coletiva, definida em assembleia geral da categoria, após um intenso debate. Fomos claros em nossa carta programa: “Defendemos a preservação do imóvel do Sindicato em sua fachada e no seu interior, com a possibilidade de construção de um pequeno prédio nos fundos. A iniciativa abrigaria espaços culturais e contribuiria, também, para a sustentabilidade financeira da entidade”. Mais do que uma posição de nossa chapa, ela expressa a decisão tomada pela categoria. O que nos comprometemos é a implementar, com todo o afinco, a decisão e lutar para realizar o antigo sonho de ver nossa sede de pé. Figueira – O SJPMG e a Casa do Jornalista são instituições distintas, cada qual com a sua administração. No entanto, os ideais de

ambas convergem para a valorização do profissional jornalista, além do passado comum de luta pela democracia, especialmente durante o regime ditatorial de 1964-1985 no Brasil. Atualmente, na sua opinião, temos uma imprensa livre ou existem amarras que movem estas duas instituições a lutar pela liberdade de imprensa? Kerison Lopes - Diria que a Casa do Jornalista e o Sindicato são irmãos siameses que têm a firme convicção de não querer se separar. Cabe ao Sindicato indicar os membros da Casa, mas isso não significa ingerência. Têm funções convergentes, que você bem disse, “os ideais de ambas convergem para a valorização do profissional jornalista”. A Casa surgiu em um momento difícil do país, durante a ditadura militar. Mostrou o seu papel ali e hoje tem de se adaptar aos novos tempos, aos novos desafios, mas sempre em consonância com o Sindicato. Nossas instituições nasceram e sempre lutarão por uma imprensa livre, sem amarras. Estas amarras hoje existem e sempre existiram. Figueira - Os termos “imprensa golpista” ou “partido da imprensa golpista” são usados com frequência quando um grupo quer atribuir a um determinado veículo a condição de estar aliado a outro grupo, praticando o jornalismo tendencioso, antiético ou maledicente. Isso não desacredita o trabalho da imprensa que, em maioria, lutou contra os governos autoritários e aos regimes de exceção? Justos pagam pelos pecadores? Kerison Lopes - Este é um bom debate. Falta separar os atores. Falo aqui pelos jornalistas. Trabalhadores da notícia, da palavra, da imagem. Que acreditam na profissão, que têm compromisso ético. Que por trabalhar com a palavra, dá valor a ela. Não pratica o jornalismo tendencioso, que você mencionou. Estes, sim, lutaram contra os governos autoritários, como durante a ditadura militar. Outra coisa são os proprietários dos meios de comunicação, que têm seus interesses. Inclusive, a maior parte dos grandes empresários da comunicação apoiou e sustentou a ditadura militar. Um faz “o trabalho da imprensa”, outro defende o interesse da empresa. O termo PIG “Partido da

Kerison Lopes - As atividades no interior são muito importantes. Nosso compromisso é tratar o interior da mesma forma que a capital. Os eventos, cursos, palestras, festas devem ser realizados também em outras cidades além de Belo Horizonte. Isso é importante para democratizar e regionalizar o trabalho e envolver ainda mais jornalistas. Vamos dar um tratamento especial ao interior de Minas, até porque sou interiorano e conheço bem as dificuldades que temos, quando ficamos à margem da capital. Minas tem como característica a sua dispersão populacional, onde várias regiões concentram importantes polos. Governador Valadares é um deles, que é o polo dos Vales mineiros. Inclusive, uma das atividades que participei no interior, realizada pelo Sindicato, foi um debate em Governador Valadares em 2009. Figueira - Como o senhor vê os jornais do interior? Falta qualificação profissional, as linhas editoriais contemplam os anseios populares, há espaço para a democratização da informação, ou tudo precisa melhorar? Kerison Lopes - Como destaquei anteriormente, para Minas o interior tem muita importância. E uma comunicação de qualidade e que cumpra seu papel cidadão tem grande relevância. Existem ótimos exemplos de bons jornais, comprometidos com a verdade e a cidadania. E outros que precisam melhorar. Mas, creio que o leitor sabe diferenciar e dar credibilidade aos que realmente merecem e assim conquistaram confiança e respeito. Figueira – Este Figueira é um jornal de jornalistas e sucede o jornal O Combate, destruído por milícias paramilitares, formadas por fazendeiros de Governador Valadares, no dia 1º de abril de 1964. Aquelas milícias calaram a voz de um jornal cujo dístico era “não conhecemos assuntos proibidos”. Como o senhor vê o surgimento do Figueira ou ressurgimento de um jornalismo corajoso em Valadares? Kerison Lopes - O surgimento do jornal Figueira foi das principais novidades na comunicação do interior nos últimos tempos. Resgatar um jornal que tem esta tradição e compromisso ético foi um grande feito. Como Governador Valadares é a capital dos Vales, um jornal com esta qualidade e compromisso na cidade repercute além de suas fronteiras. Figueira - Obrigado pela entrevista e este Figueira se coloca à disposição do SJPMG para divulgar as ações que dizem respeito à categoria profissional dos jornalistas, que possui muitos trabalhadores na nossa cidade e região. Kerison Lopes - Obrigado ao Figueira por esta oportunidade. A recíproca é verdadeira, contem com o Sindicato como parceiro na luta pela construção de uma comunicação mais democrática.

CURTAS

BRAVA GENTE Tim Filho

A valadarense Adenízia é destaque na Seleção Brasileira de Voleibol e vai disputar o Grand Prix 2014, que terá fase final no Japão

Adenízia, mais uma vez na seleção brasileira O técnico da Seleção Brasileira de Voleibol, José Roberto Guimarães, divulgou na quinta-feira passada a primeira convocação para o Grand Prix, que será disputado de 25 de julho a 24 de agosto deste ano e terá a fase final no Japão. O treinador chamou 19 atletas, que se apresentaram nesta terça-feira, no Centro de Desenvolvimento do Voleibol, em Saquarema, RJ. Sabem qual era o primeiro nome na lista de convocadas? Adenízia Ferreira da Silva (foto), a nossa valadarense medalha de ouro nos jogos olímpicos de Londres. A família de Adenízia mora em Governador Valadares, no bairro Grã-Duquesa, e sempre que surge uma folga ela vem à cidade. Adenízia começou a jogar vôlei aos 11 anos de idade, no Filadélfia. Já aos 12 anos, foi convidada a fazer parte da equipe de vôlei de Domingos Martins, ES, sendo a grande destaque da equipe. Passou também pela equipe BCN/Bom Jesus, da cidade de Joinville, SC. No ano de 1999, com apenas 13 anos de idade, a atleta se transferiu para a equipe de Osasco, onde atua até hoje. Nas muitas biografias de Adenízia disponíveis na internet, todas citam Governador Valadares. E ela sempre faz questão de declarar amor a Valadares, como fez em 2012, quando veio aqui trazer a medalha de ouro inédita, conquistada pela seleção feminina de voleibol nos jogos de Londres. “Eu amo essa cidade, por isso não poderia deixar de vir”, disse à época. Adenízia é “brava gente” e orgulho de todos os valadarenses.

Telecento Comunitário Já está em funcionamento no Centro Cultural Nelson Mandela, o Telecentro Comunitário, um espaço com computadores ligados à internet disponíveis para uso gratuito da comunidade (cada usuário tem direito a uma hora diária). O Centro Cultural Nelson Mandela fica na Rua Afonso Pena, 3269 – Centro. Telefone: 3271.2871.

Biblioteca A Biblioteca Pública Municipal Prof. Paulo Zappi, que funciona no Centro Cultural Nelson Mandela, tem livros de ótima qualidade para empréstimo. Para ter acesso ao acervo e levar um livro para casa, por empréstimo, o leitor dever ir à Biblioteca munido de comprovante de residência (conta de luz, água etc.), foto 3X4 e efetuar o pagamento de uma taxa de R$ 3. Os empréstimos de livros são feitos por sete dias, sendo necessária a renovação na data fixada quando do interesse do usuário. Para leitura no ambiente da biblioteca, o leitor tem à sua disposiçãouma seção de periódicos com jornais e revistas de grande circulação local e nacional.


COTIDIANO

José Peixe / De Lisboa

Novo avião da TAP vai ter o nome de Saramago

Prémio Camões 2014 para historiador e poeta brasileiro Conhecido como o brasileiro africanista, o historiador, poeta, diplomata e ensaísta brasileiro, Alberto da Costa e Silva, venceu a edição do Prémio Camões de 2014, no valor de cem mil euros. Este prémio representa a principal distinção intelectual atribuída a autores de literatura em língua portuguesa. Criado em 1988 pelos governos de Portugal e do Brasil, o Prémio Camões acaba por premiar os melhores que existem em todo o espaço lusófono. O elementos do júri deste ano foram os seguintes: Rita Marnoto (professora universitária), José Carlos de Vasconcelos (director do “Jornal de Letras”), Affonso Romano de Sant’Anna e António Carlos Secchin (escritores brasileiros), José Eduardo Agualusa (escritor angolano) e Mia Couto (escritor moçambicano).

José Valentim Peixe é jornalista e doutor em Comunicação

E pelo jeito o povo paulista não vai ter é água. De acordo com reportagem publicada pela Folha de S. Paulo no dia 1º de junho, a Sabesp, empresa que cuida do saneamento básico no Estado de São Paulo, nos últimos anos deixou de investir 37% do que tinha previsto em obras para a ampliação da capacidade de abastecimento. Um novo sistema, o São Lourenço, por exemplo, planejado para ser iniciado em 2011, só teve o lançamento no mês de abril passado, em plena crise de falta de água. A previsão de conclusão da obra é para o fim de 2017. Até lá, os nove milhões de paulistas abastecidos pelo sistema Cantareira devem rezar para que chova muito no próximo período, que tradicionalmente é de estiagem. E se preparar para o racionamento.

Cartum de Henfil

Finalmente, chegou a tão esperada abertura da Copa do Mundo 2014. Aqui em São Paulo aos poucos a cidade parece entrar no clima, com bandeiras e outros adereços em carros, ônibus, casas, prédios e ruas. Ontem mesmo passei por uma na qual os moradores pintaram as bandeiras dos países participantes, além de instalar bandeirinhas verde-amarelas e outros enfeites nos postes. As famosas (e ensurdecedoras) cornetas, agora com formatos e sons diversos também prometem fazer muito barulho pela cidade. Em meio à preparação da festa, a cidade tem sido palco também de uma série de manifestações contra a Copa. Algumas contam com algumas poucas centenas de pessoas. Já outras, como a do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, realizada na quarta-feira passada, reúnem milhares de manifestantes contra os gastos da Copa e exigindo investimentos em moradia, saúde, transporte e educação. O MTST ocupou uma área próxima ao estádio que receberá a abertura do torneio mundial. Chamado “Copa do Povo” o local abriga milhares de famílias de sem-teto que exigem a desapropriação da área e a construção de moradias populares. E por conta da Copa, São Paulo recebeu algumas melhorias, além do novo estádio. Apesar de toda a campanha contrária, as principais já foram entregues. É o caso da ampliação do Aeroporto Internacional em Cumbica, onde foi construído um novo terminal de passageiros com capacidade para receber 12 milhões de passageiros a cada ano. E o complexo viário no entorno do Itaquerão. Mas, um movimento que mobilizou muita gente por todos os cantos (e creio que não só em São Paulo) foi de pessoas em busca de completar o álbum da Copa. Trata-se de gente de todas as idades, classes sociais que passaram a se encontrar para trocar figurinhas. A Avenida Paulista o Centro velho, além de diversos shopping centers da cidade, principalmente nos fins de semana, tornaram-se palcos para os encontros desses milhares de aficionados em busca das figurinhas faltantes.

O premiado nasceu em São Paulo, em 1931. Estreou-se no campo literário quando tinha apenas 22 anos, com “O Parque e Outros Poemas”. Ao longo de 60 anos de vida literária, Costa e Silva, publicou outros sete livros de poesia, ensaios sobre Guimarães Rosa e Castro Alves, vária antologias e alguns livros de memórias. Em 2000, foi eleito para a cadeira 9 da Academia Brasileira de Letras, a que presidiu entre 2002/03. Como diplomata, Costa e Silva ocupou o cargo de embaixador do Brasil nos seguintes países: Nigéria, Benim, Portugal, Colômbia e Paraguai.

#Não vai ter água

Café com leite

#Vai ter Copa

Caricatura de feita por Cleo

Há alguns anos, à partida para mais uma viagem de avião, e diante do painel de azulejos dedicado a Bartolomeu de Gusmão, que acolhe os passageiros no aeroporto da Portela, em Lisboa, alguém disse ao escritor José Saramago que seria extraordinário se um avião recebesse o nome de Blimunda, a mulher que via por dentro das pessoas e recolhia vontades para que a passarola chegasse a levantar voo. O sorriso de José Saramago foi a forma de manifestar o seu agrado perante tão inaudita ideia.

Uma parceria comercial luso-brasileira entre a TAP e a GOL

Marcos Imbrizi/De São Paulo

FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 15 de junho de 2014

D’outro lado do Atlântico

A TAP - Transportadora Aérea Portuguesa, no início deste Verão, vai baptizar um seu novo avião airbus A320, com o nome do escritor e Prémio Nobel da Literatura, José Saramago. “Há alguns anos, à partida para mais uma viagem de avião, e diante do painel de azulejos dedicado a Bartolomeu de Gusmão, que acolhe os passageiros no aeroporto da Portela, em Lisboa, alguém disse ao escritor José Saramago que seria extraordinário se um avião recebesse o nome de Blimunda, a mulher que via por dentro das pessoas e recolhia vontades para que a passarola chegasse a levantar voo. O sorriso de José Saramago foi a forma de manifestar o seu agrado perante tão inaudita ideia”, pode ler-se na revista da TAP do mês de Junho. Neste momento, a companhia aérea portuguesa já exibe a bordo das suas aeronaves que fazem longos percursos o filme “José Saramago, o tempo de uma memória”, da realizadora Carmen Castilo.

No decorrer deste Verão europeu, a TAP e a sua congénere brasileira GOL vão dar início a uma parceria comercial luso-brasileira, abrangendo as áreas de “code-share” e fidelização que se vai traduzir na oferta de mais benefícios e vantagens para os passageiros frequentes das duas companhias. “No âmbito da parceria, e numa primeira etapa, a companhia aérea portuguesa passa a colocar o seu código nos voos da rede doméstica da GOL à partida das 12 cidades brasileiras sede da Copa, que a TAP já está a servir no Brasil desde o início do mês de Junho”, informam os responsáveis pela transportadora aérea portuguesa. Posteriormente, será a vez da GOL colocar o seu código em voos operados pela TAP entre o Brasil e Portugal e outros destinos que sejam acordados na parceria. E segundo a revista “TAP Portugal”, edição do mês de Junho, “ara além desta parceria, ambas as empresas vão implementar um acordo de interligação dos seus respectivos programas de fidelização de milhas, através do qual os clientes vão ver aumentadas as suas oportunidades de acumulação e utilização de milhas nas duas empresas”.

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70 anos de Henfil Neste junho, o público paulista pode conferir o trabalho de um dos principais cartunistas brasileiros que, se vivo fosse, completaria 70 anos em 2014. Trata-se do mineiro Henrique de Souza Filho, mais conhecido como Henfil, que com seu humor ácido ajudou a corroer as bases da ditadura militar com personagens como a Graúna e os Fradins. A programação, no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, até o dia 27, conta com exposição com algumas das histórias em quadrinhos e charges do cartunista.

Tá chegando a hora E está chegando a hora de o público conhecer quem será o candidato a vice-presidente de Aécio Neves. A convenção que confirmará a candidatura do senador a presidente da República será neste sábado (14), em São Paulo. Marcos Luiz Imbrizi é jornalista, mestre em Comunicação Social, ativista na luta por rádios livres.

Educação João Bosco

A mão que oferece o diploma “Enquanto o seu filho trabalha, o meu se prepara.” Este deveria ser o slogan explícito da campanha eleitoral da oposição, no último pleito para a presidência. Os cursos técnicos tinham sido banidos no governo tucano e vagas universitárias novas só eram criadas em faculdades particulares. Naquele tempo, nenhuma universidade pública foi criada e as existentes ficaram a míngua. Hoje, além da expansão das universidades públicas, há uma febre de cursos técnicos. Nada contra cursos técnicos. Quem quer fazer, que faça. Acredito que cursos técnicos capacitam rapidamente para o mercado de trabalho e se orientam pela lógica desse mercado que necessita de mão de obra urgente. Cursos técnicos dependem de ensino médio, tanto quanto um curso superior. Alguns podem ser feitos de forma concomitante ao ensino médio ou após a sua conclusão. Em um ano e meio estão formados. Formadíssimos. Seis anos de medicina equivalem a um tempo suficiente para atender a quatro demandas caprichadas de técnicos em enfermagem, laboratoristas, protéticos etc. Cinco anos de engenharia são suficientes para formar umas três empreitadas das boas de técnicos em construção civil. Há cursos técnicos muito bons por aí. Eu fiz Agropecuária e minha filha terminou, com honras, o curso de Segurança do Trabalho. Nunca trabalhei na área e pelo que estou vendo minha filha também vai seguir outro caminho. Mas não foi de tudo desperdiçado: tenho uma murta no nosso passeio, bem adubada orgânica e quimicamente. Além disso, as escadas lá de casa têm hora certa para serem lavadas sem comprometimento da segurança dos usuários. Curso técnico é bom para quem? Dê chances reais a todos, de escolherem fazer um curso superior ou um curso técnico em áreas afins à graduação e depois me fale. Não seja precipitado. Deixe que escolham por si. Agora, candidato a presidente cujo partido não conseguiu construir uma universidade sequer e manda a filha fazer pós em Harvard deveria ficar calado. Se bem que ele foi sincero ao falar que iria investir em cursos técnicos e não abriu a boca para falar de universidade, mas sinceridade implícita em um país com analfabetismo funcional elevado como o nosso é de um tremendo despropósito. Pintinho que nunca caçou minhoca no terreiro faz festa com a canjiquinha que o dono joga na gaiola. Meu filho faz medicina e o seu faz um curso técnico em enfermagem. O seu vai trabalhar para quem? Para o bonitão aqui, lógico. O meu filho faz engenharia e o seu faz técnico em construção civil ou mecânica, quem sabe, eletrônica. Olha que legal: três opções para o seu e apenas uma para o meu. E ainda há muitos outros, que a lista é grande e como estamos em um país democratíssimo, você pode escolher empregado de quem vai tentar ser. Defendo que todos deveriam ter ou poder ter um curso superior. Não há problema se o taxista for sociólogo; o porteiro, licenciado em Letras; o catador de papel, um ambientalista. Disputar vaga em qualquer nível em que a vaga se apresente deveria ser um direito de todos. O que vem depois com os que não conseguirem entrar no mercado de trabalho específico do curso ou que, por opção, decidiram aprofundar os estudos em uma área, mas se dedicarem a outra é, de fato, outra história. Curso técnico obedece à lógica pura do mercado, curso superior obedece mais a uma escolha pessoal. Que sejam técnicos todos aqueles que, mesmo tendo opção de fazerem um curso superior na mesma área, quiseram fazer o técnico. Agora, mandar a filha para Harvard e os filhos da pátria amada amassarem barro no nível médio de formação, tenha dó. Quem não se preocupa com lei de oferta e procura entre técnicos não deveria querer fazê-la em cursos superiores ou de mestrado. Democracia em castas intelectuais: é para rir ou para chorar? João Bosco Pereira Alves é graduado em Letras, coordenador do Polo Valadares da UAB – Universidade Aberta do Brasil, membro da Academia Valadarense de Letras


CULTURA & LAZER

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FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 15 de junho de 2014

Cotidiano

Artes Plásticas Quirino Rosa

As cores e formas de Quirino Escultura em madeira e pinturas em tinta acrílica sobre tela são parte do dia a dia do artista Da Redação

Tim Filho

O artista plástico José Quirino Rosa da Silva, um valadarense autodidata, construiu sua carreira como pintor e escultor talentoso, trabalhando com tinta acrílica sobre tela e escultura em madeira. No início de sua carreira nas artes, Quirino atuou no teatro, em um movimento que marcou época na cena cultural de Governador Valadares, liderado pela professora de artes cênicas, Celsa Rosa, no Centro de Artes da Universidade Santos Dumont (atual Univale). “Lá eu atuei com vários atores dentre estes o Souza Netto, que atualmente mora e atua na Suiça”, lembra Quirino. No seu ateliê/galeria, na Rua Omar Magalhães, área central, várias esculturas em madeira estão expostas, porém, as esculturas são de uma fase passada: “Quase não trabalho mais com madeira por dificuldade de encontrar matériaprima, pois trabalho com nó e raiz de madeiras nobres”. Hoje ele se dedica a trabalhar com a tinta acrílica, fazendo pinturas surrealistas. “Sonhos, eles me inspiram muito. Mas a realidade também está aqui”, diz Quirino, dando como exemplo de realidade representada, a tela “Quimioterapia”, que retrata o drama que sua primeira esposa viveu ao se tratar de câncer, sem sucesso, quase 10 anos atrás. Quirino gosta de usar muitas cores, pois segundo ele, “além de alegrar o ambiente, comunicam muito, chamam a atenção.” Atualmente, no seu ateliê, cerca de 20 telas estão a espera de um espaço para uma exposição individual que ele pretende montar até o fim do ano. Enquanto essa exposição não acontece, Quirino segue o seu trabalho, sempre produzindo com tinta acrílica, e também trabalhando com o ceramista Sebastião Pimenta. Além de ter uma nova experiência com a queima de peças, ele faz esculturas, algo que é sua especialidade. “Estou moldando peixes e insetos em cerâmica, que a partir de agora entrarão no catálogo de pequenos animais esculpidos no ateliê do Pimenta”, disse.

Lucimar Lizandro

Democracia: avançar sempre, retroceder jamais No último dia 23 de maio a presidente da República assinou o decreto 8.243 que institui a Política Nacional de Participação Popular com o objetivo de fortalecer e articular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo e atuação conjunta entre a administração pública federal e a sociedade civil. Pois bem, tão logo passou a existir o referido decreto já sofre fortes críticas, o que por si só não significa algo negativo, mesmo porque, por mais meritória que possa ser qualquer iniciativa dessa natureza, ela não representa algo pronto e acabado. A crítica deve ser vista como uma contribuição para o melhoramento e aperfeiçoamento de qualquer proposta. A primeira crítica disparada contra o decreto 8.243 alerta para seu caráter autoritário e marginalizador do Poder Legislativo. Lembrando, ainda, que essa é mais uma proposta na sequência de outras como a sugestão de criação de uma Assembléia Constituinte exclusiva. Para os críticos, trata-se de um atalho para implantação das reformas políticas da cartilha petista. Vivemos numa democracia representativa como a maioria dos países ocidentais, num modelo que apresenta sinais claros de esgotamento, com crescente insatisfação popular. Ainda estão vivas em nossa memória as grandes manifestações de junho passado em todo o país; a Europa dá uma forte guinada à direita e assusta o mundo com o recrudescimento do racismo. Há a constatação de que o nosso modelo político vigente já não atende plenamente as expectativas e aos anseios de uma sociedade cada vez mais fragmentada e exigente, com demandas e interesses quase sempre conflitantes, o que torna mais complexa a ação do Estado no atendimento à sociedade. Portanto, o referido decreto deveria ser visto não como uma tentativa de substituição do nosso modelo de representação política, mas, uma proposta de alargamento e oxigenação da nossa democracia com a participação social. É interessante observar que os mesmos que reconhecem o esgotamento do nosso modelo político são os primeiros a criticar e a rechaçar qualquer tentativa de superar o problema. Parecem satisfazer-se com o distanciamento entre a sociedade e os políticos. É como se tal situação lhes conferisse algum ganho. Deduz-se, que para alguns, quanto mais longe a população ficar da política, melhor. Enquanto a massa xinga e abomina tudo que se refira a política, acordos de cúpula, atendendo a interesses de poderosíssimos grupos de pressão seguem seu curso normalmente. E, assim, seguimos em marcha batida rumo a uma democracia sem povo e sem debate. Pelo visto, o progresso deixa de ser algo inexorável e coloca-se como uma possibilidade cada vez mais remota.

Lucimar Lizandro Freitas é graduado em Administração de Empresas pela FAGV e especialista em Gestão Pública pela UFOP Quirino Rosa com uma peça em madeira, esculpida por ele em seu ateliê

CULTUR A POPUL AR

Viva Santo Antônio, o santo casamenteiro! Áurea Nardely/Repórter Tem quermesse, tem fogueira, tem comida gostosa, tem leilão. Também tem cantoria e muita devoção! Três santos homenageados, Santo Antônio, São Pedro e São João! É mês de festa junina, na escola, no quintal, na rua e no salão! E também de barraquinhas, pra manter a tradição. Nosso Santo padroeiro dá início a tudo isso, ele que protege os pobres, os viajantes e as moças solteiras, “doidinhas” pra se casar. É Santo Antônio, um dos santos mais populares do Brasil e também de Portugal. É festa por treze dias, na praça da catedral. Então, começa a trezena, e muita “simpatia” pro santo casamenteiro: jogam o santo pela janela, afogam-no num copo d’água, colocam-no na geladeira, e até mesmo em pote de mel. Isto quando não o enterram de cabeça para baixo ou lhe roubam o Menino Jesus cuja devolução só acontece quando a moça “arranja” o namorado, ou consegue se casar. Tanta maldade não incomoda àquelas que acreditam que Santo Antônio pode vir a seu socorro, pra que chegue logo o amor tão desejado. “Santo Antônio! Santo Antônio! Meu santinho tão querido, Quero pedir, em segredo, Que me arranje um marido.” Como esta história começou ninguém sabe ao certo. Entre as inúmeras versões duas se sobressaem: a primeira, conta a história de uma moça pobre que não conseguia se casar por não ter dinheiro para o dote. Então pediu a bênção pra santo Antônio e, passados alguns dias, ela recebeu tudo o que precisava de um doador anônimo; a segunda, fala de uma moça que, já cansada de esperar, se irrita com a imagem do santo e a joga pela janela. A imagem atinge um rapaz que passava no local e a donzela, envergonhada, corre a acudir o moço que por ela se apaixona e com ela se casa. Pois é, por conta do dote ou do nocaute, o certo é que, como cantava Lamartine Babo, “matrimônio, matrimônio, isto é lá com Santo Antônio”.

Mas, não é só o casamento que faz a fama deste santo. Ele é também reconhecido como aquele que ajuda a encontrar pessoas e objetos desaparecidos, e cujo pãozinho, distribuído aos pobres e afortunados em todas as Igrejas de Santo Antônio, no dia 13 de junho, guardado dentro de uma lata de mantimentos, garantirá fartura o ano todo. E ainda traz de volta a saúde e o amor perdidos, como canta Maria Betânia: Saúde que foge Volta por outro caminho Amor que se perde Nasce outro no ninho Maldade que vem e vai Vira flor na alegria Trezena de junho É tempo sagrado Na minha Bahia É assim também que o define o jesuíta Pe. Vieira, em sermão proferido no Maranhão, em 1663: “Se vos adoece o filho, Santo Antônio; se requereis o despacho, Santo Antônio; se perdeis a menor miudeza de vossa casa, Santo Antônio; e, talvez, se quereis os bens alheios, Santo Antônio”. Por isso ou por aquilo, o certo é que Santo Antônio, nascido em Lisboa nos idos de 1195, é reconhecido como “o santo dos milagres” para quem dele é devoto como Maria José de Souza, que já chegando aos trinta sem conseguir se casar, “naquele tempo em que se casava com 16, 17 anos” fez promessa pra santo Antônio: “se eu arrumar um bom moço para casar comigo, meu Santo Antônio, durante toda a minha, em todo dia 13 de junho, distribuirei pãezinhos para os pobres”. Neste ano, Maria José completará 42 anos de casada, e há 42 anos pode ser vista distribuindo seus pãezinhos. O que ela não conta quando perguntada, mas dá indícios ao soltar uma gostosa gargalhada, é se também fez alguma maldade com o santo, deixando-o com “a corda no pescoço”. Bom, se você vai passar esse dia 12 de junho, dia dos namorados, ainda sozinha, não custa nada pedir um empurrãozinho pra Santo Antônio. Faça a oração dos namorados, ou apenas repita os versos de Carlos Careqa em Meu querido Santo Antônio:

Meu querido Santo Antônio Me arranja um amor Meu bonzinho São Toninho Me dá uma colher de chá Meu coração pequenininho Já não aguenta mais sofrer Meu querido Santo Antônio Vem aqui me socorrer... Oração dos namorados “Santo Antônio, vós que sois invocado como protetor dos namorados, olhai por mim nesta fase importante da minha existência para que não se perturbe esse tempo bonito da minha vida com futilidades e sonhos sem consistência e para que eu o aproveite para um melhor e maior conhecimento daquele ser que Deus colocou ao meu lado, bem como ele também me conheça melhor. Assim, juntos, preparemos o nosso futuro, onde nos aguarda uma família que, com vossa proteção, será cheia de amor, de felicidade, mas, sobretudo, repleta da bênção de Deus. Santo Antônio, abençoai este nosso namoro, para que transcorra no amor, na pureza, na compreensão, na sinceridade e na aprovação de Deus. Amém.” Dani Tsunoda

Lembrancinhas de Santo Antônio da artista Dani Tsunuda


ESPORTES

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FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 15 de junho de 2014

Copa do Mundo 2014

Brasil x Croácia, uma abertura de gala Depois de muita polêmica, protestos e incertezas, “vai ter Copa!”. Brasil x Croácia fazem o jogo de abertura na grande festa do futebol Da Redação (*) Com informações da CBF Está mesmo mesmo chegando a hora. Mais do que a ansiedade, existe a necessidade de se proceder aos últimos ajustes, corrigir os erros e aprimorar as qualidades. Isso para fazer um bom jogo na quinta-feira na Arena Corinthians, às 17 horas, em São Paulo contra a Croácia. Felipão fez tudo o que precisava noa treinamento da semana. A Seleção Brasileira disputou um coletivo na segunda-feira, em sua primeira parte paralisado a todo momento pelo técnico para fazer os ajustes, orientar posicionamento e, principalmente, repetir o ensaio de lances que considera capitais para o momento do jogo. A colocação correta na área na cobrança dos escanteios defensivos e ofensivos; a cobrança de faltas, tendo Neymar, Marcelo e David Luiz, os três sempre juntos à bola; a marcação na saída de bola, quando todos os jo-

gadores - atacantes, meio-campo e defensores - têm de estar atentos e partir para interceptar o lance - o atacante Hulk, por exemplo, cortou diversos lances, sempre com a tarefa de auxiliar Marcelo.. Os jogadores também entraram no clima de ajustar o que falta. Eles conversavam muito, a todo momento orientando uns aos outros, chamando a atenção para o melhor posicionamento. Dos quatro gols que saíram no coletivo, dois foram resultado de jogadas ensaiadas por Felipão. O primeiro, em cobrança de escanteio, quando ele exercitava as ações ofensivas, em que Davi Luiz subiu maisque os marcadores e cabeceou sem defesa para Jefferson. O segundo, também em repetição e ensaio do lance, já acontecera de maneira semelhante ao gol de falta que Neymar já tinha marcado no Panamá. David Luiz, Marcelo e Neymar ficaram próximos à bola, mas foi o último quem cobrou com muita categoria para estufar a rede. Quando Felipão deixou a bola correr mais

solta, o treino empolgou pela qualidade dos dois times. Os jogadores estavam motivados e a bola correu de pé em pé, em lances de muita velocidade. Foi dessa maneira, que saiu o gol mais bonito. Marcelo e Neymar trocaram passes pela esquerda, com os jogadores dentro da área aguardando o desfecho do lance. O auxiliar Flávio Murtosa, que estava atrás da baliza de Victor, orientou Jô, que acabara de substituir Fred no time titular, a se melhor se posicionar. Jô se deslocou, os zagueiros o acompanharam, mas Neymar não cruzou - ele descobriu Marcelo para fazer o cruzamento. O lateral-esquerdo pegou de primeira, em um lindo voleio, marcando um gol que foi aplaudido pelos companheiros. Time provável para enfrentar a Croácia: Julio César, Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Paulinho e Oscar; Hulk, Neymar e Fred. Rafael Ribeiro - CBF

Disputa de bola entre Willian e Oscar no treino de segunda-feira. Hulk chega para dar combate, enquanto Marcelo observa

Olé, Brasil! Ana Paula Barbosa

2 x 0 pra nós Não adiantou nada o grito de “não vai ter Copa”. Vai ter Copa, sim! E a nossa seleção vai abrir a 20a edição da Copa do Mundo com uma vitória maravilhosa. Gols de Neymar e do nosso monstro verde, o Hulk. 2 x 0 pra nós. Já estou vendo a torcida brasileira vibrando, soltando fogos. Vixe! Vai ser uma festa! Já estou vendo os carros passando com as bandeirinhas do Brasil presas no vidro das janela, tremulando, fazendo aquele barulhinho quando chacoalha no vento. Olha o povo na rua, gritando Brasil! Arrepio! E vai ser no Dia dos Namorados, dia especial para os casais apaixonados. Vou ficar de olho na telinha para ver se a Bruna Marquezine vai dar as caras nas cadeiras do Itaquerão. Será que o Neymar vai fazer “coraçãozinho” com as duas mãos? Que lindo! Falem a verdade: o amor não é lindo? Eu vou assistir em casa, de camarote. Recebi vários convites pra ver fora, com amigos, em bares, na rua, mas vou ficar em casa. É mais tranquilo, quer dizer, mais ou menos, né? Quando o Brasil joga eu fico doidinha da Silva. Vou até revelar minhas loucuras aqui neste Figueira, desde que você, que está lendo, não conte a ninguém. Eu fico na frente da TV xingando o juiz. Sim, xingo mesmo! E fico onversando com os jogadores, como se eles estivessem me ouvindo: “vai, Neymar, olha o Hulk aí do seu lado...” “Pega Julio César...” “Olha o ladrão, Fred, olha o ladrão...” Na hora que eu fico muito nervosa, quem paga o pato é o Galvão Bueno: “Cala a boca, Galvão!”... Mas é isso aí, é bom demais. Vamos, meu Brasil! Ana Paula Barbosa é comerciária, fanática pela Seleção Brasileira e pelo Brasil

Imensa Nação Atleticana. Hoje, peço desculpas aos milhões de atleticanos, mas vou me dedicar a falar da Copa. É que eu estava aqui observando a planta da minha futura casa e depois de muito esforço governamental, de muitas manifestações, atritos e confusões cheguei a uma conclusão definitiva: Vai ter copa!!!. E que copa linda está sendo construída com o esforço de todos os bons brasileiros. A Copa é espaçosa, grande, aconchegante e capaz de receber todos os amantes do futebol mundial. Nessa Copa todos serão bem recebidos pelo povo brasileiro. Tem espaço para os “hermanos” argentinos e para os ingleses; para os chilenos, para os iranianos e norte-americanos. Cabem nela todas as nações do mundo. Cidadãos do globo que, por trinta dias, vão se deliciar no solo do Brasil, fazendo desta a melhor de todas as copas já “construídas”. É a Copa que vai marcar nossa posição clara contra o racismo mostrando ao mundo a diversidade cultural do nosso povo, fruto da miscigenação das nossas muitas raças, fazendo renascer nos corações de todos a esperança da paz. Na copa tem espaço para a emoção. Ali serão derramadas lágrimas de alegria ou de tristeza. Nela, todos os sentimentos se misturam. Quem conseguirá esquecer a emoção que sentiu quando Baggio correu para a bola e isolou para longe dos braços de Claudio Taffarel? Como não se lembrar de Ronaldinho Fenômeno superando o poderoso Kahn e sepultando as pretensões da grande Alemanha na Copa de 2002? E para aqueles sábios e experientes com mechas brancas nos cabelos pergunto: É

Canto do Galo

Toca da Raposa

Pedro Zacarias

Hadson Santiago

possível esquecer as finais de 1958 contra a Suécia; de 1962 no Chile contra a Tchecoslováquia ou a monumental partida final de 1970, quando massacramos a esquadra italiana? Impossível...

Essa é então a magia do futebol e por isso somos todos apaixonados. Somos nós, essa geração de abençoados brasileiros que teremos a honra de dizer aos nossos filhos: Vi uma Copa do Mundo ser disputada em solo nacional. Por isso, é hora de convidar: Vamos todos juntos celebrar a Copa!

Da mesma forma, não é possível esquecer as lágrimas derramadas pelo povo brasileiro na derrota de 1982 quando o selecionado canarinho de Luizinho, Cerezo, Éder e Paulo Isidoro sucumbiu diante da maestria de Paolo Rossi. Quem um dia imaginaria que aquela seleção fantástica, a melhor que já vi até hoje, seria derrotada deixando escapar pelos dedos das mãos o título mais esperado? Essa é então a magia do futebol e por isso somos todos apaixonados. Somos nós, essa geração de abençoados brasileiros que teremos a honra de dizer aos nossos filhos: Vi uma Copa do Mundo ser disputada em solo nacional. Por isso, é hora de convidar: Vamos todos juntos celebrar a Copa!

Pedro Zacarias de Magalhães Ferreira é Galo Doido e “truqueiro dos bão”.

Saudações celestes, leitores do Figueira! Com a interrupção do Campeonato Brasileiro, pipocam a todo o momento notícias sobre negociações de jogadores. Há muitas especulações, mas algumas transferências já estão oficializadas. Confesso que, até agora, estou gostando das transações realizadas pelo Cruzeiro. O volante Souza, sem espaço no time titular, foi para o Santos. Já o garoto Élber foi emprestado ao Coritiba, clube onde terá oportunidade de jogar e pegar experiência. Se mostrar serviço, será reintegrado ao Cruzeiro em 2015 e brigará pela camisa de titular. Também gostei da contratação do zagueiro Manoel. É um bom defensor, raçudo e vai cair como uma luva na zaga estrelada. Já o menino Neílton, mineiro de Nanuque, é uma incógnita. Muito badalado nas categorias de base do Santos, ele mostrou até agora muito pouco. Tomara que não seja mais um “foguete molhado”, aquela eterna promessa que nunca explode. O período é de Copa do Mundo e a Seleção Brasileira, para ser bem sincero, não é a minha praia. Não assisti à magnífica Copa do México, em 1970, pois só tinha 3 anos, mas cresci sob a aura daquele timaço comandado por Pelé, Tostão e Cia. Ltda. Tenho, nos meus alfarrábios, os 6 jogos do Brasil naquele Mundial gravados em VHS e, como todo garoto da minha geração, sabia o nome de todos os 22 jogadores, posição por posição. Tenho até álbum de figurinhas, o único que completei em toda a minha vida! Também era motivo de orgulho saber que os cruzeirenses Tostão, Piazza e Fontana foram campeões mundiais em 1970. E se não fosse o bairrismo do Zagallo, Dirceu Lopes e Zé Carlos, cortados antes da Copa, completa-

riam a lista de jogadores do Cruzeiro naquela conquista épica. Na Copa da Alemanha, em 1974, os cruzeirenses da Seleção Brasileira eram Nelinho e Piazza. Tenho boas lembranças desse Mundial, apesar de ser ainda muito pequeno, e o registro que ficou foi aquele timaço da Holanda. Perdeu a final para a Alemanha Ocidental, mas era o melhor time, um verdadeiro “Carrossel Holandês”. Insólita foi a partida entre Alemanha Oriental x Alemanha Ocidental. Só mesmo a falta de bom senso dos homens proporcionaria algo parecido. Por causa da política e da guerra, uma mesma nação estava dividida em dois países e, quis o destino, se enfrentaram numa Copa do Mundo.

Na Copa da Alemanha, em 1974, os cruzeirenses da Seleção Brasileira eram Nelinho e Piazza. Tenho boas lembranças desse Mundial, apesar de ser ainda muito pequeno, e o registro que ficou foi aquele timaço da Holanda.

A minha Copa foi a de 1978, na Argentina. Curti muito esse Mundial e torci demais pela Seleção Brasileira. Tinha 11 anos e ainda era um sonhador. Vou contar na próxima coluna. Depois a gente cresce, passa a entender das coisas e se decepciona. A Seleção Brasileira nunca foi do povo. Ela sempre foi usada para outros fins. Por isso, deixou de ser a minha praia... Abraços! Hadson Santiago Farias é cruzeirense, democratense e fã das músicas de Raul Seixas


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