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Governador Valadares terá tempo bom no fim de semana. Não chove. www.climatempo.com.br
28o 15o
MÁXIMA
Não Conhecemos Assuntos Proibidos
MÍNIMA
ANO 1 NÚMERO 15
FIM DE SEMANA DE 4 A 6 DE JULHO DE 2014
FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS
EXEMPLAR: R$ 1,00
VAMOS, BRASIL!
Rafael Ribeiro - CBF
Julio César O nosso herói
Julio Cesar tinha 17 anos quando em seu primeiro jogo no time profissional do Flamengo defendeu um pênalti em um Fla-Flu. Era o ano de 1997, e de lá até hoje, o goleiro evitou o gol na marca de cal muitas e mutas vezes. Ele domina o segredo de defender um pênalti. Naquela hora da verdade, em que o atacante fica frente a frente com o goleiro, este imobilizado, à espera do que é mais possível acontecer: o gol. Então aconteceu o que estava anunciado. Julio Cesar foi o heroi da passagem da Seleção Brasileira às quartas de final. Um heroi mais do que provável, a contar o seu retrospecto e o currículo de “agarrador” de pênaltis. Nesta sexta-feira, às 17h, o Brasil entra em campo para enfrentar a Colômbia, com disposição para dar mais um passo rumo ao hexa. E os brasileiros confiam nele: Julio César!
Ibituruna tem estrada cheia de obstáculos Gabriel Sobrinho
A sensação, à primeira vista, é de abandono, embora ofereça, à parte, um cenário diferente, com duas cachoeiras, uma vegetação exuberante e uma bela vista da área central da cidade. Esta é a realidade na “Estrada da Embratel” ou “Estrada Velha”, que dá acesso ao Pico da Ibituruna pelo bairro Elvamar. Sua pavimentação é reivindicação antiga e nunca foi atendida. Conheça os vários entraves que são uma pedra no meio do caminho para o acesso ao nosso mais belo cartão postal. Páginas 5 e6
ENTREVISTA
Eleonora Menicucci Eleonora Menicucci de Oliveira, ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, é a entrevistada nesta edição. Gentil, culta e sorridente, esta senhora de 69 anos vira e mexe está envolvida em alguma polêmica, sendo alvo de ataques irados de congressistas. Conheça um pouco das ideias da ministra na Página 9
PARLATÓRIO
A Lei da Palmada em debate A Lei da Palmada, ou Lei Menino Bernardo, representa avanço na proteção à infância no Brasil? O sociólogo Nálber Lima afirma que “não” e diz que o Estado precisa cuidar de outras necessidades básicas das famílias. O cientista social Davi de Souza diz que “sim” e considera a lei uma forma de coibir o abuso de muitos pais que impõem um mundo de terror aos seus filhos.
Página 2
ARTES PLÁSTICAS
CANTO DO GALO Arquivo Pessoal
Tem atleticana nova no pedaço A professora Rosalva Campos Luciano, que se define “apaixonadamente atleticana”, assume nesta edição a coluna “Canto do Galo”. E ela chegou “chegando”, de sola. “E o Azul se rendeu ao Preto e Branco...azul do mar, azul do céu, azul das águas marinhas tão das bandas valadarenses, azul de olhos amados, azul de rios navegados, azul da tranquilidade do infinito, azul da ARGENTINA...” Página 12
Conheça Lenita Menta, uma artista da natureza viva, que leva para as telas as flores gigantes, as cabras, as romãs, tudo com muitas cores. Página 11
OPINIÃO
Editorial
A gente é obrigada a ouvir cada coisa nesta vida. Mas, muito mais que castigo, poder ouvir é uma benção. Depois das previsões aterradoras e das catástrofes anunciadas. Depois do anúncio do Juízo Final pelos profetas do Apocalipse, agora temos que ouvir mais uma barbaridade. A mesma turma que não queria a Copa, agora diz que a Copa foi comprada pelo governo brasileiro. A compra, no caso, serviria para garantir a reeleição da presidenta Dilma Rousseff. Falta bom senso, que René Descartes dizia ser o bem com melhor distribuição entre os humanos. Descartes nos deve essa. Repetir chavões e palavras de ordem sem se dar ao trabalho de filtrar tudo o que chega como informação pode resultar em enfraquecimento da autonomia individual de uma geração inteira, além de menosprezo pela racionalidade. O #Copacomprada não resistiu ao jogo do Brasil com o Chile. Em jogo sofrido, a nossa seleção apresentou um futebol de baixo nível técnico, mas, com muita vontade superou a forte e aplicada seleção do Chile. A vitória veio numa emocionante cobrança de pênaltis, com um show à parte do goleiro Júlio César. Ele defendeu duas cobranças e foi fundamental para garantir nossa passagem para a próxima fase. O bom futebol e a firmeza da seleção chilena são a prova inconteste da lisura do campeonato mundial. Se alguém tinha essa doce ilusão, esqueça. Se quiser ganhar essa Copa, a nossa seleção terá que se aplicar em campo e jogar muita bola. Tem chances, claro, mas, não será fácil.
O #Copacomprada não resistiu ao jogo do Brasil com o Chile. Em jogo sofrido, a nossa seleção apresentou um futebol de baixo nível técnico, mas, com muita vontade superou a forte e aplicada seleção do Chile.
A Copa do Mundo é algo muito sério e que envolve, além de muito dinheiro, muita paixão. Imaginar que alguém conseguirá armar resultados e dirigir o título para uma determinada seleção é o mesmo que acreditar em fada madrinha, duende, cuca, mula sem cabeça, curupira e outras criações mentais. Menos, por favor.
Copa do Mundo com Eleições Por causa de candidatura a deputado federal, o Figueira perdeu o seu valoroso articulista do Canto do Galo. Nesta edição, a Imensa Nação Atleticana, como ele costumava chamar, já está bem servida com o artigo da atleticana belorizontina-valadarense Rosalva Luciano, que entra pra valer na defesa do Galão da Massa, como ela prefere. A valadarense estabelecida em BH, Edileide Bausen, inaugura o seu espaço de contribuição como jornalista, comentando o clima de Copa e o caldo de cultura na capital. E, ainda no futebol, com as suas Questões do Futebol, temos um presente para os leitores. O redator de publicidade Jorge Murtinho oferece os seus artigos, literatura de qualidade, com permissão da revista piauí. Boa leitura! Boa partilha com amigos e amigas!
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FIGUEIRA - Fim de semana de 4 a 6 de julho de 2014
Tim Filho
O urso bipolar
Depois do #nãovaiterCopa, do #imaginanaCopa, agora, temos o #Copacomprada
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Se quiser ganhar essa Copa, a nossa seleção terá que se aplicar em campo e jogar muita bola. Tem chances, claro, mas, não será fácil.
A Lei da Palmada é um passo civilizatório SIM
Davi de Souza
Foi publicada no último dia 26 de junho no Diário Oficial da União a lei que proíbe o uso de castigos físicos e de tratamento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina e educação de crianças e adolescentes. Conhecida como “Lei da Palmada”, a norma determina que pais, demais integrantes da família, responsáveis e agentes públicos executores de medidas socioeducativas que descumprirem a norma vão receber encaminhamento para um programa oficial ou comunitário de proteção à família, tratamento psicológico ou psiquiátrico e advertência. O texto prevê ainda que a União, os Estados e os Municípios deverão atuar de forma articulada na elaboração de políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não violentas de educação de menores. Ainda de acordo com a norma, os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente informados ao Conselho Tutelar mais próximo. Em 20 anos de trabalho na Vara da Infância e Juventude, constatei inúmeras situações de graves agressões a crianças e adolescentes, cujos autores eram os seus pais ou responsáveis. Eram agressores que em momentos de raiva e descontrole emocional submeteram seus filhos, netos a castigos físicos, culminando em alguns casos em sequelas graves que marcaram para sempre aqueles que estavam sob a sua responsabilidade. Isso provocava a atuação do poder estatal na proteção dos infantes, para fazer cessar tais abusos e aplicar a devida punição aos autores das agressões. Muitos são contrários à nova norma, alguns com ar-
NÃO
Jornal Figueira, editado por Editora Figueira. CNPJ 20.228.693/0001-83 Av. Minas Gerais, 700/601 Centro - CEP 35.010-151 Governador Valadares MG - Telefone (33) 3022.1813 E-mail redacao.figueira@gmail.com
São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica.
Ombudsman José Carlos Aragão Reg. 00005IL-ES Diretor de Assuntos Jurídicos Schinyder Exupéry Cardozo Diretora Comercial Leila Fernandes
A Lei da Palmada, ou Lei Menino Bernardo, representa avanço na proteção à infância no Brasil?
gumentos de que o Estado não deve interferir na criação dos filhos, ingerência indevida no núcleo familiar etc, argumentos usados também à época da promulgação da Lei 8069/90, o Estatuto da Criança e Adolescente. Hoje se sabe que, apesar de todas as críticas ao Estatuto, é indiscutível o avanço na proteção aos infantes a partir da sua promulgação. Foi um passo civilizatório brasileiro, assim como o é hoje a Lei da Palmada. A Lei da Palmada só existe em função dos incontáveis excessos cometidos, já que é impossível ditar regras de educação às famílias sob pena do Estado interferir em crenças e valores pessoais. Contudo, é dever do Estado proteger jovens e crianças de maus tratos, inclusive quando desferidos pelos próprios pais. Penso que é também dever da comunidade denunciar tais abusos. Àqueles contrários à Lei da Palmada, convido-os a irem ao Conselho Tutelar local para conhecer um pouco da triste realidade de crianças que anonimamente vivem em um mundo de terror, de tristeza e mutilações acarretadas por adultos, dentro de um contexto injusto da submissão dos mais fracos pelos mais fortes. Esta realidade é facilmente visível nos jornais locais de data recente, em notícias de reiteradas agressões a três crianças pelos pais: uma foi tão torturada que culminou na sua morte em tenra idade, inclusive com a tentativa de ocultação do corpo. De qualquer forma, sem entrar no mérito dos motivos que ensejam quaisquer agressões, sejam elas físicas ou psicológicas, atitudes covardes contra alguém mais frágil ou hierarquicamente submetido devem ser questionadas e desencorajadas. Não quero dizer com tudo isso que devemos ser subservientes e permissivos na educação de crianças e adolescentes, mas pensar outras formas de impor limites sem apelar para a violência pura e simples. Davi de Souza é cientista social e servidor público da Vara da Infância e Juventude.
Sem garantia de bem-estar social não há paz nos lares
Expediente
Diretor de Redação Alpiniano Silva Filho Conselho Administrativo Alpiniano Silva Filho MG 09324 JP Áurea Nardely de M. Borges MG 02464 JP Jaider Batista da Silva MTb ES 482
Parlatório
Conselho Editorial Aroldo de Paula Andrade Áurea Nardely de Magalhães Borges Edvaldo Soares dos Santos Enio Paulo Silva Jaider Batista da Silva João Bosco Pereira Alves Lúcia Alves Fraga Regina Cele Castro Alves Sander Justino Neves Sueli Siqueira Artigos assinados não refletem a opinião do jornal
Nálber Ricardo Apolônio de Lima
Contatado pelo presente hebdomadário para discorrer acerca da Lei da Palmada, escolhi o ponto de vista mais infame, visto que dessa forma podemos exercitar a neutralidade axiológica que tanto faz falta nestes tempos desleais de publicações inverossímeis e montagens maliciosas via Facebook, Whatsapp e demais redes sociais e/ ou meios de propagação de informação, que por sua vez têm o poder de moldar a opinião pública e balançar as estruturas do frágil paradigma social brasileiro. Tratando do assunto em si, admitindo que o Estado brasileiro avançou em alguns aspectos, consideremos que ainda há de cumprir as necessidades básicas de seu povo com mais eficiência antes de interferir dessa forma avançada na educação familiar, pois antes de considerar o agressor um doente, desajustado socialmente e incapaz de conter sua prole sem empregar meios violentos, torna-se necessário investigar melhor os fatos e ater-se às suas causas. O bem-estar social faz-se condição essencial para que haja paz nos lares. Haveria espaço para violência se a universalização de direitos em curso se consolidasse de forma permanente em nossa sociedade? Pais de filhos com boas escolas, sistema de saúde eficiente, transporte decente e lazer gratuito, com atenção especial para este último, teriam oportunidade de lhes infligir algum mal? Quando se diz lazer gratuito, tratam-se de parques, praças e outros espaços públicos equipa-
dos para atividades em família ao ar livre, incentivo à promoção de eventos de festas do calendário nacional em comemorações como Carnaval, Independência, festas juninas e julinas e Natal. Trata-se também de incrementar o potencial regional, no caso de Governador Valadares, o transporte regular para o Pico da Ibituruna em época de campeonatos de Voo Livre, a recuperação do Rio Doce, a implantação de parques em toda a área inundável de sua orla, o retorno da navegação em seu leito, principalmente de caiaques e balsas melhoradas. Tudo isso muda o espaço e otimiza o seu aproveitamento. A infância deve ser uma época feliz e isso se constrói com boas lembranças de datas e locais alegres onde e quando foi possível o convívio com a família, além da monotonia de um lar que é a realidade de muitos pais que não têm aparato para suprir essa necessidade dos filhos. Logicamente a inexistência de quaisquer das condições citadas, não configuram justificativa para que o rebento seja alvo da frustração de seus progenitores, entretanto fica difícil imaginar esta situação num cotidiano mais próximo do ideal de felicidade. Contudo, a lei se aplicaria melhor nestes termos, já que provavelmente o algoz se encaixaria nesse perfil patológico como é tratado no foro desta norma. Nálber Ricardo Apolônio de Lima é sociólogo e funcionário público municipal
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CIDADANIA & POLÍTICA
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FIGUEIRA - Fim de semana de 4 a 6 de julho de 2014
Sacudindo a Figueira A figueira precipita na flor o próprio fruto Rainer Maria Rilke / Elegias de Duino
Quando a verdade se impõe Primeiro foi o Golpe que virou Revolução. Criticado, Aécio Neves, o candidato tucano à presidência da República, voltou atrás. Depois, foi a revelação de que o editor da Veja, isto mesmo, o editor da Veja, virou coordenador de campanha dele. De quem? Dele, do tucano presidenciável. Ah, e a mulher do editor da Veja, agora coordenador de campanha do tucano é, nada mais nada menos, a editora de política da Folha que, claro, assim já é demais, pediu licença do cargo. Agora poderão declarar seu apoio, porque isso é legítimo e honesto.
Verdade escondida
Do currículo distribuído pela equipe de Aécio, desapareceu a nomeação dele como diretor de Loterias da Caixa Econômica Federal, aos 25 anos, por ninguém mais ninguém menos que José Sarney, em 1985.
O peso do vice de Aécio Desta vez, o PSDB não precisou buscar a sua extrema direita no DEM. Ex-comunista e guerrilheiro – motorista e guarda-costas de Marighela – o atual senador Aloysio Nunes, do PSDB paulista, também ficou conhecido pelo codinome de Mateus, participando do assalto ao trem-pagador da Estrada de Ferro Santos – Jundiaí, em 1968. No mesmo ano, participou no assalto ao carro-pagador da MasseyFerguson, no bairro Pinheiros, em SP. Atualmente, ele notabiliza-se por ter dado o único voto contra as cotas para estudantes de escolas públicas nas universidades federais, por ser autor de PEC para redução da maioridade penal, e por ter votado contra o Marco Civil da Internet.
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“O ‘Imagina na Copa!’” que começou como uma brincadeira, tornou-se a sentença para a nossa inabalável vocação para o subdesenvolvimento.” (Ruy Castro em Não ia ter Copa)
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... “revolucionário é submeter todos os cidadãos ao conjunto de regras da convivência civil; isso significa responsabilizar, reprimir e criminalizar quem desrespeita esse acervo civilizatório.” (Vinicius Mota, articulista da Folha de S. Paulo)
Partido? Pra que partido?
Tudo novo, de novo!
Nada neste país é tão confuso quanto as coligações partidárias. Uma mixórdia. Enquanto o PP nacional vai de Dilma Roussef para as eleições presidenciais, o PP mineiro, do governador Alberto Pinto Coelho, apoia Aécio Neves para o Palácio do Planalto. No Rio, o mesmo PP conta com dissidentes para o apoio a Aécio, como é o caso do deputado Jair Bolsonaro. Assim, também o PTB, que coligado nacionalmente com o PSDB, tem parlamentares que declaram seu apoio ao PT. Isso sem falar naqueles partidos que, em Minas, apoiam o candidato do PSDB para o governo estadual e o PT para o governo federal. Como exemplos, o PDT, o PSD, entre outros. O prefeito da capital, Márcio Lacerda, PSB, cobrando “coerência”, declara não apoiar o candidato ao governo do seu partido, mantendo sua fidelidade ao PSDB. Já no Rio de Janeiro, o governador Luiz Pezão (PMDB) depois de incentivar o Aezão, volta atrás e faz juras de amor à presidenta Dilma que, em troca, fala em “parceria fantástica” com o peemedebista do Rio. Nada soa mais falso que tudo isso. E a roda da política eleitoral continua a girar, como sempre, e em todos os partidos, da mesma forma. Inclusive aqui, em Valadares. Coerências programáticas? Projetos partidários? Ideologias? Isso é de comer? E ainda se assustam com a indiferença do eleitor comum.
E a dupla nova do tudo novo numa política nova ou numa nova política, Eduardo Campos/Marina, vai de PSDB em São Paulo e de PT no Rio de Janeiro. Em Minas, “rompem” acordo com Aécio Neves e lançam candidato próprio. Nenhuma virtude, nada de novo, apenas o velho pragmatismo de sempre!
Um fenômeno canastrão
“Suguem mais um pouquinho”...
Mas não foram só eles. Ronaldo, o fenômeno, também deixou cair a máscara e revelou ao mesmo tempo o seu apoio ao “amigo de gostos comuns”, ele, o presidenciável tucano, e também ter “vergonha do Brasil”. Isto, quando os anunciantes do apocalipse davam como favas contadas o fracasso da Copa no Brasil. Agora, que o apocalipse não aconteceu, e que a Copa é uma festa sem qualquer problema nos aeroportos, de mobilidade, ou de multidões nas ruas em protesto, Ronaldo se calou. Pois é, mas o presidenciável não...
E o presidenciável tucano, Aécio Neves, incentiva os parasitas a continuarem sugando o Estado, ao declarar que ao longo da campanha a presidenta Dilma, candidata à reeleição, vai perder muitos apoios. São dele as palavras: “e eu digo para eles: suguem mais um pouquinho, e depois venham para o nosso lado”.
Enquanto isso, em Valadares... Desta vez tem candidato local para todos os gostos e apetites. Considerando que até o sábado, dia cinco, tudo pode mudar, até o fechamento desta edição os nomes dados como certos eram: - para uma vaga na Assembleia Legislativa candidatamse o atual deputado Mourão (PSDB), que se lança à reeleição; o presidente da Câmara, Geovanne Honório (PT); o presidente do Esporte Clube Democrata, Edvaldo Soares (PMDB); o deputado Hélio Gomes (PSD) que também tenta a reeleição; o ex-superintendente estadual do Incra Gilson de Souza (PT); o vereador Adauto do Santa Rita (PROS); o vereador Paulinho Costa (PDT); o vereador Cezinha Alvarenga (PRB); - para uma vaga na Câmara Federal disputam os atuais deputados Leonardo Monteiro (PT) e Leonardo Quintão (PMDB); o vereador Ricardo Assunção (PTB), o ex-vereador Euclides Pettersen; o vereador Chiquinho (PSDB), e o advogado Pedro Zacarias (PT). Quanto às dobradinhas, só Deus sabe o que virá. Site para denúncias O TRE-MG criou um site para denúncias de irregularidades eleitorais. O link é https://apps.tre-mg.jus.br/aplicativos/php/denuncia/
A mesma pose E Joaquim Barbosa despediu-se ao estilo Joaquim Barbosa: autocentrado, vítima de detratores, herói da nação, a última vestal do Supremo Tribunal Federal. Seus pares? Isto não importa. E manteve a pose. EBC
Façam o que digo...
O ministro Joaquim Barbosa em cariatura de Fraga.
E por falar em Supremo Tribunal Federal, foi aberta no dia 2 de julho a licitação que destina uma verba de 87 mil reais por ano para a compra de frutas que serão servidas no lanchinho de seus 11 Ministros. Uma média de 7 mil e duzentos e cinquenta reais por mês, o que corresponde a cerca de 10 (dez) salários mínimos por mês. Que fartura!
SEÇÃO
Pó de Mico Justiça pune difamações na rede social Após as chuvas e inundações da virada de ano em Valadares, postagens agressivas apareceram no Facebook do grupo Aconteceu em GV, com ataques diretos à prefeita Elisa Costa. Em 2 de julho, o Poder Judiciário condenou uma autora desses posts a publicar retratação, impeliu-a a não repetir
a atitude e obrigou-a a indenizar com o equivalente a sete salários mínimos a vítima da agressão. A Justiça não parou aí - reconhecer que houve ofensa, calúnia, difamação. Impôs a mesma pena aos moderadores do grupo majorando para cada um deles o valor da indenização - 10 salários mínimos.
Procurador no Face O procurador geral do Município, Schinyder Exupéry Cardozo, escolheu também o Facebook para postar a sua percepção de que “ o Estado Democrático de Direito sai fortalecido, tendo em vista não existir, a ninguém, o direito de proferir ofensas, falsas acusações,
calúnias e difamações contra outrem.” Declara ainda que “Certamente serão propostas ações criminais, tendo em vista que as condutas dos réus, Iva Perpétuo, André Zan e Henrique Cotta configuram crimes previstos no Código Penal brasileiro, conforme se depreende dos processos judiciais já sentenciados.”
Esperneio Muitos colegas reclamavam da sua desenvoltura. Milvinho vinha agindo como guia entre os pares, com a complacência do presidente da Câmara. Orientava voto, esvaziava plenário, fazia e acontecia. Perdido o rebanho, na
sessão o dia 2 de julho ele fez outra dobradinha com o presidente. Enquanto a bancada governista fez uso do regimento para um intervalo de conversa em sala separada, o presidente tocou adiante a votação sem a bancada, algo inusitado, ainda mais com um presidente eleito como governista. Milvinho não se faz de rogado - numa semana exige a saída do secretário Seleme Hilel da Secretaria de Serviços Urbanos para ali acomodar o seu PROS, noutra faz circular seu desagrado com o fato do SAAE não dispor-se a malfeitos. Desatendido, promove levantes e motins. Não há segredos - faz tudo diante das câmeras. A tal da desenvoltura.
GERAL 4
FIGUEIRA - Fim de semana de 4 a 6 de julho de 2014
Memória
Semanário Voz do Rio Doce: pistas que religam o passado e o presente de Governador Valadares Maria Terezinha Bretas Vilarino e Patrícia Falco Genovez/Pesquisadoras
Quem vive em Governador Valadares nos dias atuais nem imagina como era a cidade há 70 anos... Para desvendar como as pessoas viviam na recém emancipada cidade, qualquer historiador precisa estar disposto a um trabalho investigativo que em nada difere dos métodos utilizados por Sir Sherlock Holmes. Este método investigativo, denominado indiciário, procura estar atento a toda e qualquer pista e, nesta busca incessante, por vezes, o historiador acaba agraciado e vive momento de extrema euforia quando encontra uma fonte valiosa! Foi esta a sensação que experimentamos ao recebermos das mãos do saudoso Hermírio Gomes da Silva, em uma das entrevistas concedida aos pesquisadores do Curso de História da Univale e do Programa de Memória Social do Vale do Rio Doce (Observatório Interdisciplinar do Território/Univale), uma encadernação contendo todos os números publicados do semanário Voz do Rio Doce. Para aqueles que não tiveram a oportunidade de conhecer o semanário, traçaremos uma breve apresentação. O Voz do Rio Doce começou a circular, em Governador Valadares, em 14 de outubro de 1945. Inicialmente o jornal, fundado pelo Padre Geraldo Guabiroba, ganhou um perfil católico e anticomunista, como se percebe pelos editoriais e matérias publicadas. Entretanto, no número 29, de 5 de maio de 1945, é noticiado que o Padre Geraldo deixara a cidade. A partir desta data, Hermírio Gomes da Silva aparece no lugar do Padre Geraldo como diretor do semanário. Posteriormente, em 16 de junho de 1946 (n. 35), aparece como diretor José Cabral Pires, e são acrescentadas as figuras do redator e do diretor-gerente, respectivamente ocupados por Justino Carlos da Conceição Jr., fundador da UDN na cidade de Governador Valadares, e por Hermírio Gomes da Silva, filiado ao mesmo partido. O editorial traz como manchete Nova Fase e afirma que “não mais seremos uma simples voz isolada e sim uma multidão”. No número 58, de 24 de novembro de 1946, houve outra mudança com a saída de José Cabral Pires e a entrada de Justino da Conceição na função de diretor-redator. O editorial - Grande Concentração Democrática - referindo-se à manifestação da UDN, não deixa mais dúvida da tendência política assumida pelo semanário. Mas, afinal, de que forma um semanário pode falar da história de uma cidade? Como pode se tornar uma pista tão importante para um historiador? “Elementar, meu caro Watson!” Para defender sua posição partidária e, especialmente, sua enorme preocupação com questão sanitária da cidade, reafirmando o papel do SESP - Serviço Especial de Saúde Pública, o semanário acaba por fornecer um panorama de como as pessoas viviam, do seu cotidiano, das doenças que assolavam os valadarenses e a região... enfim, nos permite até mesmo acompanhar o movimento do comércio da época por meio dos seus anúncios. Através de variadas seções e colunas, o semanário apresentava à cidade de Governador Valadares assuntos políticos, coluna social, coluna esportiva, reclamações, propagandas de lojas e comércio em geral, curiosidades, notas sobre eventos escolares e festas religiosas, pensamento do dia, aspectos do saneamento da cidade. Enfim, tudo que fazia parte do cotidiano do valadarense poderia entrar nas pautas do Voz do Rio Doce. Dentre as diversas propagandas, uma chamou nossa atenção pela quantidade de vezes em que foi publicada. Trata-se da divulgação de um remédio, para várias indisposições, chamado “Inhameol”. Não há indicativo de onde se vendia o ‘remédio’, mas sua divulgação em 26 dos 98 números do semanário merece consideração. Numa época em que os moradores da cidade e região padeciam com inúmeras enfermidades, em que era pequeno o número de médicos, e em que o socorro prestado pelos farmacêuticos e ‘curadores do povo’ era comum, uma nota como essa nos informa sobre doenças que acometiam a população e até mesmo sobre a relação que se fazia, naquela época entre a grandeza do país e a saúde do povo. Diz o anúncio: “A grandeza de um país depende da saúde de seus filhos, e sangue puro é a base de uma saúde vigorosa. Torne-se um homem útil a si e a sua PÁTRIA, restabelecendo sua saúde”. O Voz do Rio Doce também noticiava frequentemente as atividades do Serviço Especial de Saúde Pública, que havia se instalado na cidade em fins de 1942. Sendo francamente pró-SESP, qualquer crítica era respondida veementemente por seu principal articulista Hermírio Gomes da Silva, que foi cirurgião-dentista funcionário do SESP e prefeito de Governador Valadares por dois mandatos: 1967-1970 e 1973-1976. Certa feita, o jornal publicou uma carta de um morador dizendo que o SESP era pura fachada de “macaquitos” metidos a “yankees” (20/07/1947), que foi veementemente respondida por seu articulista. A crítica referia-se aos programas de saneamento que o SESP desenvolvia na cidade e região, com recursos nacionais e do governo norte-americano. O morador, alcunhando-se “Joaquim da Ilha” reclamava de algum problema em relação ao fornecimento de água tratada, que era uma das principais bandeiras do SESP naquele período. Como se vê, uma fonte de pesquisa pode nos trazer muitas informações interessantes para nossas investigações. Evidentemente, História e fonte histórica não são a mesma coisa. O papel das fontes é fornecer respostas, ou indícios, para nossas perguntas. Então, as fontes não têm sentido em si mesmas, mas os pesquisadores é que lhes atribuem sentidos, importância e valor. Manusear uma fonte significa problematízá-la, ler as entrelinhas e, é claro, que diferentes questionamentos trarão diferentes respostas. No caso do Voz do Rio Doce, podemos encontrar imagens, propagandas, discursos, que nos informam uma determinada situação sobre a cidade, e ao mesmo tempo somos instigados a refletir sobre o outro lado da notícia – o que não está dito, ou o que está subtendido. Como afirmamos em artigo anterior, a memória de uma cidade está inscrita em muitos ‘lugares’. Estes lugares de memória, por sua vez, não estão apartados da sociedade, do espaço e do tempo,
em que foram instituídos. Podemos afirmar, então, que o Semanário é um destes ‘lugares de memória’. Devido a importância desta fonte, os pesquisadores do curso de História da Univale, com o apoio da Editora e do Núcleo de Estudos Históricos e Territoriais/Univale, fotografaram (créditos para o fotógrafo Diógenes Freitas Leonel) e disponibilizaram em CD- Rom o semanário, guardado com zelo por Hermírio Gomes da Silva. Na cerimônia de entrega do CD-Rom à família e ao Museu da Cidade, estiveram presentes os seus familiares, que entregaram à comunidade a encadernação original para consulta e exposição. Ressaltamos que o gesto da família Gomes reflete a consciência de ter em mãos um tesouro para a história da cidade. Em outras palavras, as fontes produzidas pela imprensa, como é o caso do semanário, podem ser uma importante ferramenta para a compreensão da sociedade em função do largo alcance e de sua influência na maneira como as pessoas compreendem a realidade e dão sentido aos fatos. O grande fascínio do historiador é desconstruir tais fontes, descobrindo a estrutura interna da linguagem utilizada, lendo nas entrelinhas os códigos e as representações do cotidiano, averiguando os propósitos da notícia. Enfim, lembrando as palavras de Marc Bloch, um dos mais renomados historiadores do século XX, há um vínculo estabelecido entre passado-presente, delineado através das trocas culturais com gerações anteriores. Esta troca se faz pela oralidade e pelos escritos, cujas funções são, fundamentalmente, a continuidade de uma civilização. Para ele é necessário “compreender os homens conforme a sua época, pois eles se parecem mais com seu tempo do que com seus pais”. Dessa forma, o ofício do historiador requer uma prática constante de comparação, intuição e bom senso. Tal como indicamos no início deste texto, o historiador aproxima-se do trabalho do detetive que tenta reconstituir a cena de um crime sem tê-lo presenciado. Para resolver o mistério, sai em busca dos testemunhos (todos os tipos de vestígios do passado) para reconstruir a trama histórica. Neste trabalho minucioso e delicado, ele precisa comparar todos os tipos de documentos e estar atento a todos os resíduos deixados como pistas. O Voz do Rio Doce é um destes vínculos entre passado-presente, ligando gerações em Governador Valadares, fornecendo pistas valiosas, mas, também, é um aviso sobre o manancial de informações que podem estar se perdendo... De forma incisiva e cortante, Marc Bloch deixa um recado para quem põe em risco a própria história: “A incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado. Mas talvez não seja mais útil esforçarmonos por compreender o passado se nada sabemos do presente”. Fontes: VOZ DO RIO DOCE. Governador Valadares, n. 1 – 101, 14/out/1945 a 4/jan/1947. BLOCH, Marc. Apologia da História: ou oficio de historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001. Patrícia Falco Genovez é professora do Mestrado em Gestão Integrada do Território – GIT e Pesquisadora do Observatório Interdisciplinar do Território – OBIT/ Univale. Maria Terezinha Bretas Vilarino é professora do curso de História/ Univale, doutoranda PPGHIS/UFMG.
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Certa feita, o jornal publicou uma carta de um morador dizendo que o SESP era pura fachada de “macaquitos” metidos a “yankees” (20/07/1947), que foi veementemente respondida por seu articulista. A crítica referia-se aos programas de saneamento que o SESP desenvolvia na cidade e região, com recursos nacionais e do governo norte-americano. O morador, alcunhandose “Joaquim da Ilha” reclamava de algum problema em relação ao fornecimento de água tratada, que era uma das principais bandeiras do SESP naquele período.
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Através de variadas seções e colunas, o semanário apresentava à cidade de Governador Valadares assuntos políticos, coluna social, coluna esportiva, reclamações, propagandas de lojas e comércio em geral, curiosidades, notas sobre eventos escolares e festas religiosas, pensamento do dia, aspectos do saneamento da cidade. Enfim, tudo que fazia parte do cotidiano do valadarense poderia entrar nas pautas do Voz do Rio Doce.
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O Voz do Rio Doce é um destes vínculos entre passado-presente, ligando gerações em Governador Valadares, fornecendo pistas valiosas, mas, também, é um aviso sobre o manancial de informações que podem estar se perdendo...
METROPOLITANO
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FIGUEIRA - Fim de semana de 4 a 6 de julho de 2014
Cultura na Copa
Somos mineiros, uai! Edileide Bausen
Visitar ou viver em Beagá nos conduz por um mix de oportunidades. Oportunidades de visitar exposições, curtir shows de artistas nacionais e internacionais, comer a típica e saborosa comida mineira e desfrutar o melhor do mar de bares. É uma atmosfera que nos faz viajar por muitos lugares e culturas, com a tranquilidade de nos sentirmos em casa. E, esses sentimentos antes vividos em grande parte pelos moradores do estado e por quem vive em cidades do interior, agora encantam o mundo. Sem querer discutir a polêmica gerada em torno da Copa do Mundo no Brasil, percebo o privilégio que é receber em nosso país a diversidade de raças que o evento atrai. Nosso cotidiano está cheio de colombianos, argelinos, gregos, chilenos, americanos, argentinos, holandeses, ingleses e muito mais. Mas, o melhor de tudo isso tem sido perceber que a Capital Mineira está representando nosso estado muito bem e talvez os visitantes entendam o sentido do nosso “Uai”. Desde o início do Mundial tive a oportunidade de percorrer vários pontos turísticos da cidade captando imagens para um trabalho. O Mirante, além da beleza natural, está transbordando educação, máquinas fotográficas e pessoas alegres que, mesmo sem falar uma mesma língua, falam até por mímica e garantem o registro da sua visita e do seu encanto com o por do sol. Na Praça do Papa, encontramos uma cena típica do Central Park, de Nova Iorque, onde famílias, jovens, casais de namorados e artistas de rua desfrutam o clima, o sol e a diversidade que por ali comparece. Ao chegar ao complexo paisagístico e arquitetônico da Praça da Liberdade, na região da Savassi, além do som dos pássaros, entre eles as maritacas, que aliviam o barulho dos carros, é possível ouvir música de qualidade, praticar slackline, comer pipoca, caminhar, andar de bike e percorrer o Circuito Cultural Praça da Liberdade composto pelo Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte, o Espaço do Conhecimento UFMG, o Museu das Minas e do Metal, o Me-
Fernando Godinho
A Praça do Papa, na capital mineira, se transformou em uma grande área de convivência, com gente de todo o mundo, que respira os ares de Minas por causa da Copa
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Na Praça do Papa, encontramos uma cena típica do Central Park, de Nova Iorque, onde famílias, jovens, casais de namorados e artistas de rua desfrutam o clima, o sol e a diversidade que por ali comparece.
morial Minas Gerais, o Centro de Arte Popular e a Casa Fiat de Cultura. Ainda integram o complexo cultural outros quatro espaços públicos: o Palácio da Liberdade, a Biblioteca Pública Esta-
dual Luiz de Bessa, o Arquivo Público Mineiro e o Museu Mineiro. Tudo em perfeita harmonia. Num outro extremo, está a Pampulha com sua beleza natural e cercada por espaços desportivos que sediam grandes espetáculos do esporte. Mas, no Mercado Central, localizado no coração da cidade, é que nossa mineirice excede o vocabulário e se torna expressiva. Em algumas cidades, o mercado, além de oferecer valiosos frutos da terra, ferramentas e tudo que é típico de cada região, soa como um lugar de encontro dos mais experientes e de quem ainda vive na zona rural. Mas, por aqui, o Mercado vai além. Mistura tudo
isso com um ar de lazer e descontração. É um laboratório que ao final da experiência confere ao visitante o selo da nossa identidade. E agora, que passamos do primeiro tempo do Mundial, conseguimos perceber que os gringos não só aprenderam a falar Savassi, região que tem acolhido as torcidas no final de cada partida, mas, apreciaram nossas cervejas artesanais, experimentaram os queijos do Serro e da Canastra e sentiram o calor humano dos mineiros. Edileide Bausen é publicitária e jornalista, mestre em Administração e professora universitária.
Notícias do Poder
Rafael Ribeiro - CBF
José Marcelo / De Brasília
Arranjo Balanço negativo Os deputados brasileiros só votaram 70 projetos em plenário, durante todo o primeiro semestre deste ano. Dá pouco mais de um, a cada três dias. E não é por falta de condições técnicas. Exatamente 1.029 estão com pareceres e com tudo prontinho para ir ao plenário. E como neste segundo semestre teremos eleições...
Blocão continua Engana-se quem pensa que depois do afago do Palácio do Planalto, os parlamentares rebeldes da base aliada sossegaram o facho. Eles vão continuar a pressionar o governo por mais apoio, mais verba e mais diálogo e podem não entrar de cabeça na campanha da presidente Dilma Rousseff. Quem garantiu que o chamado Blocão continua firme e forte é o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ). O deputado foi o grande articulador do grupo rebelde que reúne mais de 200 parlamentares.
Prazo de validade Eduardo Cunha é um dos mais ferrenhos críticos do atual governo e admitiu que se sente desconfortável ao saber que o partido dele, o PMDB, continua na chapa com Dilma Rousseff. Segundo o líder, este é um casamento com prazo de validade e que o PMDB só está no governo e na chapa em respeito ao vice-presidente Michel Temer. Em conversa com este jornalista, Cunha disse que a aliança não passa de dois anos. Depois, cada um segue para um lado.
O xis do problema Até entre os peemedebistas mais complacentes, segundo o deputado Eduardo Cunha, há uma revolta em relação à postura do atual governo, que atribui a paternidade de todos os programas apenas ao PT. “Isso vai fazer que o PMDB entre rachado na campanha presidencial”, afirmou.
Por falar em vice, o PSDB vai trabalhar o discurso de que preferiu uma chapa puro sangue, ao lançar o senador Aloysio Nunes como vice do também senador Aécio Neves, na disputa pelo Palácio do Planalto. Mas a verdade não é bem essa. O partido acabou ficando sem opções, já que tentou usar a vaga de vice para atrair o apoio de outras legendas de peso, sem sucesso. O principal alvo foi Henrique Meirelles, o ex-todo poderoso do Banco Central, mas o partido que tem o terceiro maior tempo de TV permaneceu com Dilma Rousseff. O problema é que Aloysio Nunes não é conhecido pela simpatia.
Julio César salvou o Brasil e espantou os fantasmas do Planalto
Deu pânico Enquanto o torcedor brasileiro sofria com o risco de desclassificação da seleção brasileira na partida do último sábado, contra o Chile, no Palácio do Planalto a sensação foi de pânico. A própria presidente Dilma e os assessores mais próximos ficaram apavorados diante da possibilidade de uma reação popular negativa, provocada por uma desclassificação precoce. O grande medo era de isso gerar uma revolta popular, com respingos fortes nas pesquisas de intenções de votos.
Caricutura do senador Aloysio Nunes feita pelo genial Lézio Júnior
Respiro Consolo Partido que míngua a cada eleição, mas principal aliado dos tucanos desde sempre, o Democratas ganhou um prêmio de consolação na candidatura Aécio Neves: o senador Agripino Maia (RN) será o coordenador da campanha tucana. Com isso, Aécio mata dois coelhos com apenas uma cajadada. Afaga o partido que sonhava em indicar o vice e ainda prestigia o Norte/Nordeste, onde a candidatura tucana, em tese, enfrenta mais resistência, porque é onde o governo tem maior simpatia, principalmente entre a população beneficiada pelos programas sociais federais.
Passado o susto, a avaliação é de que o pior já passou e que desde então já foi possível capitalizar a volta por cima. Principalmente porque desde então, tanto a imprensa internacional quanto a imprensa brasileira passaram a dar uma cobertura mais simpática à Copa, ressaltando o sucesso do campeonato em todos os sentidos, principalmente destacando o fato de a estrutura estar funcionando e da imagem do Brasil estar sendo bem divulgada lá fora. José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia e apresentador da edição nacional do Jogo do Poder, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília.
SAÚDE 6
FIGUEIRA - Fim de semana de 4 a 6 de julho de 2014
Gabriel Sobrinho
A estrada de acesso ao pico, que passa pelo bairro Elvamar, sempre foi assim: terra batida em alguns pontos, areia e poeira em outros (como nesta foto), e nas subidas, a erosão vai consumindo a pista primitiva. Tudo isso torna o acesso e a manutenção difíceis
Estrada da Ibituruna via Elvamar continua sem solução Gabriel Sobrinho / Repórter
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Eu fui uma das primeiras moradoras aqui dessa região. Viemos para cá sabendo das limitações do local. No começo, não tinha por que reclamar, nós nos mudamos sabendo das carências daqui. Mas o tempo passou. Várias famílias vieram também. No começo, passavam três ou quatro carros por dia, hoje passam mais de 30 em dias de semana. No sábado e no domingo, eu perco a conta.
Ednalva Lopes de Assis Moradora do bairro Elvamar
Andar pelo bairro Elvamar até chegar ao Minas Clube é tranquilo, em trajeto pavimentado. Dali em diante, a história muda. Do pedaço sem calçamento, passando pelo novo Parque Municipal, até o trevo do começo da antiga Estrada da Embratel, mais de 20 famílias enfrentam problemas com a falta de pavimentação. As dificuldades começam pelo transporte coletivo, ou melhor, pela falta dele. A linha 07 da Valadarense só vai até a porta do clube e retorna, desconsiderando todos os que residem às margens da estrada, dali por diante. Além dos moradores, há dezenas de servidores públicos no Parque Municipal, trabalhadores em marmorarias e outras pequenas empresas. Ali, o estilo de vida é diferente. Os moradores indicam o mesmo motivo para terem escolhido aquela região para morar: “Viemos para cá por causa do sossego”. Uns residem no local e trabalham no Centro da cidade, outros fazem tudo por ali mesmo. Casa e comércio dividem o mesmo espaço. A estrada de chão é longa, se pegarmos toda a extensão da via, é possível chegar a Tumiritinga. Vários motoristas a utilizam para economizarem no percurso. Apesar de já haver estrada asfaltada para Tumiritinga, o fluxo de veículos por ali tem aumentado, deixando a estrada em condições precárias. É a terceira vez que Ednalva Lopes de Assis limpa a casa hoje. Mesmo com o semblante de cansaço, ela afirma ter feito à escolha certa, quando resolveu sair do tumulto da cidade, para morar na calmaria do final do bairro Elvamar. Já se passaram seis anos do êxodo urbano e ela não se arrepende. Sempre buscou a paz e um melhor ambiente para a criação dos filhos. Mas, o que era sossego tem se transformado em dor de cabeça. Depois das obras do Parque, a movimentação de veículos ficou mais intensa. “Eu fui uma das primeiras moradoras aqui dessa região. Viemos para cá sabendo das limitações do local. No começo, não tinha por que reclamar, nós nos mudamos sabendo das carências daqui. Mas o tempo passou. Várias famílias vieram também. No começo, passavam três ou quatro carros por dia, hoje passam mais de 30 em dias de semana. No sábado e no domingo, eu perco a conta.” A dona de casa completa: “reclamar dessa poeira toda não é só por questão de limpeza, mas sim de saúde também. Não podemos ficar respirando essa quantidade de sujeira. O que precisa ser compreendido é que o perfil dessa região mudou. Hoje precisamos
de iluminação de qualidade, pode contar nos dedos quantos postes de luz existem no trajeto da estrada. Com mais urgência mesmo precisamos é da pavimentação.” Estrada da Embratel Quando começa a subida da Ibituruna, aí, sim, a estrada acaba. É a “Estrada da Embratel” ou “Estrada Velha”. O início da via é pavimentado, em iniciativa da Secretaria Municipal de Obras, em agosto de 2011. Mas, o sonho dos moradores parou nos 950 metros quadrados de calçamento. Historicamente, esta é a estrada preferida para se chegar ao Pico da Ibituruna, caminhando. Passar por ali proporciona uma sensação alternativa, se comparada com a estrada nova, pavimentada. Tudo é diferente. Vegetação, clima, paisagem, duas cachoeiras e vista surpreendente da cidade de Valadares. A sensação, à primeira vista, é de abandono. Quem faz a manutenção da estrada turística, de modo voluntário e amador, são os próprios moradores e os trilheiros munidos de ferramentas. Lá no alto, o motivo pelo qual foi apelidada a estrada. Uma antiga sede da Embratel está desativada. No local, a empresa instalou antenas repetidoras de sinais na área de telefonia e televisão, o que a levou a construir a sua própria estrada, de oito quilômetros de extensão, só de subida. Hoje, a sede pertence ao Estado de Minas Gerais e está desativada. Ela chegou a ser doada para a Polícia Militar em 2004. O local foi utilizado para que a PM instalasse as antenas de comunicação, o serviço de repetição de sinal para os rádios comunicadores e difusão com as cidades vizinhas. “Hoje, as nossas antenas estão mais acima, lá no alto do Pico mesmo, ao lado da santa. Saímos da antiga sede da Embratel porque o sinal começou a ficar fraco, não nos atendia da mesma forma, pois a demanda de serviço começou a aumentar”, diz o capitão Fernando Costa da Silva, assessor de comunicação organizacional da 8ª RPM de Polícia Militar. Ele afirma que não possui uma equipe de policiamento específica usando as dependências da antiga sede. Toda a segurança é feita na região pelo 43º Batalhão e pela 8ª Companhia Independente de Meio Ambiente e Trânsito.
SAÚDE
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FIGUEIRA - Fim de semana de 4 a 6 de julho de 2014
Gabriel Sobrinho
Mobilização de todos Não foram apenas as mais de duzentas assinaturas colhidas entre os moradores da região, no abaixo assinado entregue à Prefeitura, em iniciativa do advogado Adalmo Oliveira, presidente do Ibituruna Serra Clube. Em 2010, o Orçamento Participativo Digital - que mobilizou a população para definir prioridades na aplicação dos recursos públicos municipais – recebeu mais de 30 mil votos a favor da revitalização da estrada. Foi uma forte demonstração de que a estrada é importante e simbólica para toda a cidade e não apenas para quem mora na Ibituruna. Mas, até o momento não houve nenhum resultado. “Todos os anos, a Prefeitura promete um paliativo na estrada, e ele é feito. Mas só algumas obras isoladas, em alguns períodos do ano, não são o bastante. Com o tempo, a chuva e alguns carros que passam por ali deixam a estrada novamente danificada. Quanto mais à estrada fica prejudicada, mais dificulta o trabalho do Corpo de Bombeiros. A antiga estrada é o principal acesso para militares combaterem incêndios e acidentes no local”, lembra o advogado. No Corpo de Bombeiros de Governador Valadares, o clamor por melhorias é antigo. Melhores condições de trabalho e prestação de socorro em tempo rápido são os pontos principais na discussão. O subtenente Ailton Alves Silva lembra que nos períodos quentes do ano, em março e abril, e nos períodos de secas, agosto e setembro, as ocorrências de incêndio aumentam. E a região mais afetada pelo fogo é próxima à Estrada da Embratel. “Em épocas de combate ao incêndio, o trabalho naquelas proximidades é desgastante devido à logística que precisa ser aplicada. Os caminhões maiores, de água, não sobem. Cada bombeiro usa as bombas costais de 20 litros. Eles precisam subir e descer todas as vezes que esvaziam. Sem contar as ocorrências de acidentes com pilotos de motocross e com os trilheiros. Com a estrada pavimentada em toda a extensão, haveria segurança para todos”, diz o subtenente. A Ibituruna sob a responsabilidade do Estado De acordo o Secretário de Desenvolvimento Econômico, Darly Alves, não existem projetos prontos para a estrada principal via Elvamar e nem para antiga Estrada da Embratel. O Conselho Municipal de Turismo tem estudado as possibilidades de captação de recursos. Mas, não é simples. “A solução dos problemas da estrada que leva ao Pico da Ibituruna depende de obra de grande porte, envolvendo drenagem e pavimentação, cujo recurso o município de Governador Valadares não dispõe. A Prefeitura tem buscado recursos externos para que a estrada seja pavimentada, principalmente com o Estado, pois a Ibituruna é Monumento Natural Estadual, de acordo com a Lei nº 21.158, promulgada em janeiro deste ano. Portanto, o Pico passou a integrar o Sistema Estadual de Unidades de Conservação (Seuc) e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Snuc), sob a responsabilidade do Instituto Estadual de Florestas (IEF). O acesso ao Pico tem sido garantido com a manutenção, pela Prefeitura, da estrada do bairro Vila Isa”. O secretário ainda lembra que para o Ministério do Turismo fazer investimentos na estrada é preciso que haja um projeto executivo que aborde todo aparato ambiental, geológico e o resultado de análises de solos. Só o projeto custa 400 mil reais. De 2009 até agora, foram 13 ofícios explicando ao Governo de Minas e ao Ministério do Turismo a importância da Pico da Ibituruna para o contexto da cidade e da região, tentando sensibilizar as autoridades e solicitando recursos. A maioria deles foi entregue pessoalmente. Foi feito um estudo preliminar que aponta as necessidades de infraestrutura no Pico. Os valores previstos para as obras chegam R$ 3,2 milhões para a estrada da Embratel e mais R$ 1,3 milhão para a estrada que liga o Minas Clube até o Parque Municipal.
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Em épocas de combate ao incêndio, o trabalho naquelas proximidades é desgastante devido à logística que precisa ser aplicada. Os caminhões maiores, de água, não sobem. Cada bombeiro usa as bombas costais de 20 litros. Eles precisam subir e descer todas as vezes que esvaziam. Sem contar as ocorrências de acidentes com pilotos de motocross e com os trilheiros. Com a estrada pavimentada em toda a extensão, haveria segurança para todos.
Subida e descida na estrada de terra, em terreno irregular, com o mato invadindo a pista. Lá embaixo, a cidade e seus arranha-céus Gabriel Sobrinho
Em alguns trechos a estrada se parece com uma trilha na mata. Durante a estiagem, o mato seco oferece o risco de incêndios Gabriel Sobrinho
Ailton Alves Silva Subtenente Bombeiro Militar
A solução dos problemas da estrada que leva ao Pico da Ibituruna depende de obra de grande porte, envolvendo drenagem e pavimentação, cujo recurso o município de Governador Valadares não dispõe. A Prefeitura tem buscado recursos externos para que a estrada seja pavimentada, principalmente com o Estado, pois a Ibituruna é Monumento Natural Estadual, de acordo com a Lei nº 21.158, promulgada em janeiro deste ano. Darly Alves Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico
Logo na subida, próximo ao bairro Elvamar, os carros passam e levantam poeira, causando desconforto aos moradores
GERAL
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FIGUEIRA - Fim de semana de 4 a 6 de julho de 2014
Além do Arco-íris
EDUCAÇÃO SUPERIOR
IFMG abre inscrições para transferência externa e obtenção de novo título
NUDIs
Copa do Mundo #JogueComOrgulho Pois é... A Copa do Mundo no Brasil está acontecendo e agora faz parte da nossa realidade. A maior e melhor Copa de todos os tempos! Durante o período que antecedeu a Copa no Brasil viu-se protestos sobre o desperdício do dinheiro público, politicagem autoritária, corrupção e outros. Foram pouco debatidas, de maneira séria, outras questões de igual importância acerca dos possíveis problemas que circundavam a participação das pessoas no evento em si. Os comportamentos discriminatórios, homofóbicos e sexistas que reforçam as relações de poder nas práticas futebolísticas no mundo e, especialmente, no Brasil ficaram nas entrelinhas. Mas, não passou despercebido, a exemplo, a iniciativa do Google, que lançou no dia 3 de junho uma campanha mundial para sensibilizar a sociedade, atletas e torcedores envolvidos com a Copa do Mundo da FIFA. A proposta teve a intenção de promover a reflexão sobre a igualdade racial e o fim dos preconceitos sexuais e de gênero nesta modalidade. #ProudToPlay “Essa campanha faz parte de uma grande iniciativa do Google de abraçar como causa a questão da diversidade e se posicionar contra os preconceitos por raça, gênero e a homofobia”, disse o presidente do Google no Brasil, Fabio Coelho. Marta, cinco vezes consecutivas eleita a melhor jogadora do mundo e o garoto Neymar, assim como o Nobel da Paz Mandela e o presidente Obama, estão entre algumas das respeitadas personalidades que compõem a produção do vídeo que defende os princípios como Liberdade, Paz, Respeito à diversidade e práticas sem discriminação. Convém lembrar que parecem passar despercebidos os preconceitos historicamente construídos pela e na nossa cultura. O futebol criado, modificado, praticado, comentado e dirigido por homens, parece pertencer a um grupo de “machos” que garantem o domínio e julgamento de quem pode e deve praticá-lo ou não. Não é raro ouvirmos apelidos e comparações entre torcedores, atletas e clubes,
ferindo-lhes, um ao outro, a dignidade com intuito de humilhá-los, subjugá-los. Os preconceitos racistas, homofóbicos e sexistas justificam e naturalizam esta prática. Convencionou-se gritar nomes como Viado, Sapatão, Macaco, ‘comedor de banana’, Bicha, Bambi e Marias como formas de ofensa. Assim como questionar as cores “femininas” de alguns uniformes usados pelos atletas são atribuições de quem gosta de futebol e acredita que o mesmo deverá ser praticado pelo “sexo forte, bruto, irracional e canibalesco”. Felizmente, assim como existem as formas de resistência e transgressão ao que está culturalmente instituído, negros, mulheres e homossexuais há muito estão presentes no futebol – e em todas outras partes. Bem, digamos que, ainda muito timidamente, se compararmos às participações heterossexuais masculinas. Mas, que estes “transgressores” estão presentes no universo do futebol, não há como negar. Nosso desafio agora é o de superar a visão patriarcal e machista do futebol que promove um atraso significativo nas participações democráticas do esporte a avançarmos em direção às novas demandas que urgem por uma revisão do domínio desigual e injusto do exercício do poder em nossa sociedade heteronormativa. Nossa causa é por uma convivência saudável. Entendemos que a orientação do desejo/sexual não torna ninguém superior ou inferior, mais atleta ou menos atleta, mais ou menos merecedor ou capaz de ter vitórias. E isso depende de um conjunto de outras situações que não passam, ou não deveriam passar pela sexualidade. O importante é que todos e todas joguem e torçam com orgulho (prazer)! #ProudToPlay.
NUDIs – Núcleo de Debates sobre Diversidade e Identidades – texto produzido coletivamente.
Ombudsman José Carlos Aragão
Trabalho dobrado, não repetido Jornais e revistas de circulação semanal costumam ter uma característica comum: a chamada “matéria de capa”. Em geral, trata-se da matéria ou reportagem mais importante daquela edição e, quase sempre, merecedora de duas manchetes - e esse é um privilégio que poucos textos jornalísticos têm. Há a manchete de capa e outra, interna, abrindo a sequência de páginas em que a matéria é publicada (sim, porque texto e imagens tão relevantes, nunca caberiam em uma só página). Independentemente do que lhe assegura tamanha relevância – a exclusividade de uma entrevista e a importância do entrevistado; as inéditas revelações que ela traz; a gravidade das denúncias que apresenta; ou até mesmo a grande extensão do texto, entre outras razões – a matéria de capa sempre há de merecer cuidados especiais em sua edição e apresentação visual. Além de um bom texto, a matéria de capa pede uma boa apuração dos fatos, a pertinência do tema ou a excelência intrínseca da entrevista (quando for esse o caso). Também são desejáveis uma boa foto (ou várias), boas legendas, olhos (denominação, no jargão jornalístico, daqueles trechos do texto que são reproduzidos, no leiaute da página, em corpo maior, ganhando destaque visual) e, last, but not least, um bom título. Aliás, um, não: dois. Seja o próprio autor da matéria, seja o editor, ou mesmo um titulista (aquele jornalista especializado que havia em antigas redações só para criar títulos, subtítulos e manchetes originais, espirituosos, objetivos e contundentes), quem for designado para a função terá trabalho dobrado. Se, para muitos, já é difícil criar um título original, espirituoso, objetivo ou contundente para um texto, imaginem o que será criar dois, sobre um mesmo assunto! Mas há jeito para tudo, afinal. Ou, pelo menos, técnicas que facilitam. Muita leitura – e nem sempre só de jornais e revistas – ajuda. Dicionários e gramáticas à mão, também – afinal, pode não parecer, mas eles existem para serem consultados! Além dessa pré-ajuda, há também a sempre negligenciada parte prática: escrever, deletar, reescrever. Horários apertados de
fechamento não são desculpa. Com toda a tecnologia que permite “esticar” os deadlines, ao contrário do que se alega – sobre a tal “velocidade da informação”, nos dias de hoje – ficou muito mais fácil reescrever um título, uma legenda ou até um texto. Mas, afinal, o que mudar, na reescrita de um título? Pra começar, experimente alternativas: não confie cegamente na primeira ideia que vier. Arrisque mais. E, sempre que possível, siga o conselho do poeta francês Paul Valéry: “Entre duas palavras, escolha sempre a mais simples; entre duas palavras simples, escolha a mais curta”. Quanto àquela necessidade de criar dois títulos para um texto só – como é o caso das matérias de capa – redobre o esforço para evitar repetições. Se usou uma palavra na manchete de capa, veja se não é possível substituí-la por outra na do miolo (o dicionário, lembra?). Se precisou usar um adjetivo numa, evite-o na outra. Repetir um verbo? Nem pensar! Estudou análise sintática no primeiro grau? Pois é hora de usar o que aprendeu e experimentar inverter a posição do objeto direto ou tentar mudar o sujeito de lugar na frase. Alguma dúvida? Cadê a boa e velha Gramática que deveria estar ao alcance da mão para socorrê-lo na hora do aperto? Acredito que essas dicas poderiam ter sido muito úteis na elaboração desses dois títulos: 1) Ações de saúde chegam a 200 mil valadarenses; 2) Estratégia de Saúde da Família chega a 200 mil valadarenses. Foram as manchetes de capa e da página 6 do Figueira, semana passada. #TATENDOCOPA ...e o ombudsman, a despeito de ter uma coluna num jornal, sente falta de um espaço pra falar de futebol. Quem sabe se passarmos pela Colômbia? (Sem sufoco, por favor...). José Carlos Aragão, ombudsman do Figueira, é escritor e jornalista. Escreva para o ombudsman: redacao.figueira@gmail.com
O Instituto Federal de Minas Gerais - IFMG campus Governador Valadares abriu edital para o preenchimento de vagas, por transferência externa ou obtenção de novo título, dos cursos de graduação em Engenharia de Produção e Tecnologia em Gestão Ambiental e curso técnico subsequente em Segurança do Trabalho. Ao todo, estão sendo ofertadas 60 vagas (ver quadro abaixo), sendo que o ingresso dos candidatos aprovados ocorrerá no segundo semestre letivo de 2014. A transferência é destinada a estudantes vinculados (matriculados ou com matrícula trancada) a cursos de graduação de outra instituição de ensino superior, nacional ou estrangeira, que desejam transferir-se para o IFMG. Ressalta-se que serão aceitos pedidos de transferência apenas para um curso, quer seja o mesmo curso ou considerado “AFIM”, em conformidade com a tabela da Capes. Já a obtenção de novo título é destinada a candidatos que já tenham concluído o curso superior e desejam fazer uma nova graduação. Inscrições As inscrições poderão ser feitas entre os dias um e dez de julho, das 8 às 12h e das 14 às 20 horas, no próprio câmpus (Avenida Minas Gerais, nº 5189 – bairro Ouro Verde – Governador Valadares). Mais informações no site www.ifmg.edu.br/gv. Vagas e cursos 10 Tecnologia em Gestão Ambiental (Vespertino) 10 Tecnologia em Gestão Ambiental (Noturno) 10 Bacharelado em Engenharia de Produção 10 Bacharelado em Engenharia de Produção 20 Técnico Subsequente em Segurança do Trabalho
Direitos Humanos Flávio Fróes Oliveira
Os vulneráveis: sujeitos e objetos A Assembleia Constituinte de 1988 – de que resultou a Constituição ora vigente – marcou um ponto nodal da história recente do País. Não apenas por substituir o autoritarismo do antipático regime militar de 1964 pela participação da sociedade nos negócios do Estado. Foi também pelo aspecto inovador e até mesmo inédito com que os constituintes trataram temas ligados a políticas sociais. A alegada condução técnica da Economia, marca registrada daquele período, indiferente aos clamores de amplos setores da sociedade – que acabaria pagando pelo insucesso daquelas imposições – resultara no surgimento de enorme massa de brasileiros nos limites da denominada linha da pobreza. A instalação da Constituinte deu a estes últimos a oportunidade de se organizarem para atingir patamares superiores de cidadania. Dessa soma de esforços resultou a inclusão, no texto da Carta, dos direitos aos mais carentes componentes do tecido social. Desde então, esses últimos deixaram de pedir favores e passaram a exigir direitos. Por outro lado, especialistas de diversas disciplinas reconheciam que indivíduos, famílias e outros grupos sofriam a ação de numerosos fatores que acabava por vitimá-los: escolarização deficiente para as exigências da moderna Economia, consequentemente baixos salários e desemprego, dispersão familiar, saúde física e mental precárias, condições degradantes de vida e fatores climáticos como a seca, tudo concorrendo para o surgimento de uma situação de vulnerabilidade individual, familiar e social. De onde o rótulo de vulneráveis que os estudiosos lhes conferem. Por reconhecer a ocorrência de tais situações, o Estado desenvolve programas destinados a
incluir tais cidadãos(ãs) em patamares de reconhecimento, respeito e dignidade. Tratá-los dessa forma significa atribuir-lhes o caráter de sujeitos de direitos e adotar a ótica com que os vê a Constituição Cidadã.
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Não obstante, há muita luta pela frente. Pois, a utilização do outro como objeto, instrumento de ganho, provedor de prazer unilateral, serviçal não remunerado tem respaldo em culturas milenares. Seja ou não considerado vulnerável.
A legislação brasileira trata, pois, como plenamente capazes, de vontade própria, dialogantes, participantes e livres aqueles(as) que a cultura secular discriminou: idosos(as), crianças e adolescentes, portadores deste ou daquele distúrbio, adotante desta ou daquela crença. Lembre-se, apenas como exemplo, do espanto gerado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8069/90) ao reconhecer que crianças e adolescentes são livres quanto a opinião e expressão, a crenças e cultos religiosos. Desde a Constituição de 1988, todo(a) cidadão(ã) brasileiro(a) é sujeito de direitos civis, humanos e sociais – seja ou não considerado vulnerável. Não obstante, há muita luta pela frente. Pois, a utilização do outro como objeto, instrumento de ganho, provedor de prazer unilateral, serviçal não remunerado tem respaldo em culturas milenares. Seja ou não considerado vulnerável.
Flávio Fróes Oliveira é teólogo, estudioso na Área de Crianças e Adolescentes.
ENTREVISTA
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FIGUEIRA - Fim de semana de 4 a 6 de julho de 2014
Entrevista Eleonora Menicucci de Oliveira Desde fevereiro de 2012, a mineira de Lavras, Eleonora Menicucci, dirige a Secretaria responsável por incluir em todos os Ministérios e em todas as políticas do governo federal a perspectiva e as demandas das mulheres, as questões de gênero. Cientista Social pela UFMG, mestre pela Universidade Federal da Paraíba, Eleonora doutorou-se na USP, com estudos em Milão, na área de Saúde da Mulher. É professora titular de Saúde Coletiva na UNIFESP, da qual foi pró-reitora de Extensão. Suas pesquisas versam sobre a condição da mulher na saúde, frente à violência, no trabalho. Vizinha e amiga da jovem Dilma Rousseff em Belo Horizonte, ela também se envolveu na luta contra a ditadura militar, ficando presa por três anos, a partir de 1971, no Presídio Tiradentes, em SP. A experiência da prisão já tinha ocorrido aos 22 anos de idade, quando além de ser levada, levaram também a sua menina de apenas um ano e dez meses. Dilma e Eleonora tiveram em comum a resistência ao governo ditatorial, os anos de prisão e tortura no Tiradentes, a tentativa de reconstruir suas vidas. A reconstrução da vida, para Eleonora, foi com a sua filha Maria e o filho Gustavo, em Belo Horizonte, depois na Paraíba, onde foi trabalhar na Universidade Federal, depois em São Paulo. Agora, em Brasília, a gentil, culta e sorridente senhora de 69 anos vira e mexe está envolvida em alguma polêmica, sendo alvo de ataques irados de congressistas. Um dia, por manifestar apoio à Marcha das Vadias, noutro por sua posição pessoal a favor da legalização do aborto, e ainda por sua defesa dos direitos dos homossexuais. Mesmo gripada, criando coragem para um prato só de salada tropical, aceitou, na quarta-feira desta semana, em um restaurante da Ilha, conversar com este Figueira. Mostra-se feliz por estar em Valadares para a inauguração do Residencial Vitória, que entrega moradias do Programa Minha Casa Minha Vida a 653 famílias. Sabe de cor que “86% dos contratos do MCMV são firmados por mulheres, as novas proprietárias. Isso mostra a crescente participação das mulheres como chefes de família, por serem solteiras, viúvas, mães sem companheiros ou com companheiro sem profissão.” A ministra chama a isso “protagonismo. Que foi impedido por muito tempo por causa da dupla jornada de trabalho das mulheres. Elas exerciam autoridade apenas dentro de casa ou de alguns grupos. Hoje, elas agem de dentro para fora, ainda que o indicador de alta participação das mulheres no mercado de trabalho não tenha resultado na igual participação dos homens no trabalho doméstico.” Eleonora mostra-se cuidadosa em explicar que “a afirmação dos direitos das mulheres não passa apenas pelo campo teórico. Pelo contrário, só é sustentável e duradoura por constituir-se no cotidiano, na vida real das mulheres. O protagonismo das mulheres não se reduz a assumir cargos públicos, mas sustenta-se na atuação cotidiana em que as mulheres dão solução para os problemas da família, da comunidade, conseguem tomar conta de suas vidas por si mesmas.” Esse feminismo da vida real, baseia-se na constatação de que “são as mulheres que cuidam, levam filhos e acompanham familiares e vizinhas à unidade de saúde, buscam solução de lazer para os filhos, acompanham a vida escolar das crianças. É coisa para quem tem sete fôlegos. As mulheres são as primeiras a perceberem os riscos e a insegu-
Ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
Para fazer valer a perspectiva das mulheres em todas as ações do governo EBC
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para mim e para muitos da minha geração a democracia não é um valor simbólico, mas um valor concreto. Essa convicção vem do fato de muitos terem dado a vida na contestação à ditadura. Nós abandonamos o glamour da juventude para combatermos a ditadura, sabendo dos riscos.
A afirmação dos direitos das mulheres não passa apenas pelo campo teórico. Pelo contrário, só é sustentável e duradoura por constituir-se no cotidiano, na vida real das mulheres. O protagonismo das mulheres não se reduz a assumir cargos públicos, mas sustenta-se na atuação cotidiana em que as mulheres dão solução para os problemas da família, da comunidade, conseguem tomar conta de suas vidas por si mesmas.
rança que a falta de iluminação provoca na rua e no bairro, a perda de tempo que o transporte coletivo ruim impõe, a necessidade de acessos adequados ao local de trabalho e de moradia. Faltava às mulheres terem recursos financeiros próprios para sentirem-se seguras e buscar emancipação.” Autonomia, emancipação, protagonismo são as palavras que orientam a narrativa da ministra, que defende o programa Bolsa Família como mecanismo que “além da entrada no mercado de trabalho, possibilita a milhões de mulheres terem os recursos próprios sem os quais não é possível se emancipar, dar rumo à própria vida.” Em tom de professora, afirma: “o século XXI é o século emancipatório” e relaciona isso à educação. Destaca o crescimento da escolarização das mulheres relacionando isso não apenas à
realização das próprias mulheres, mas com efeito colateral positivo, por exemplo, na redução da mortalidade infantil. Mulheres mais escolarizadas cuidam melhor. Mostra-se conhecedora e muito interessada no fato de Valadares ter universalizado a escola de tempo integral e aponta “o salto em termos de autonomia que é a mulher não precisar deixar filhos com vizinhos ou com a criança mais crescida, para ir trabalhar”. Aponta a escola de tempo integral como “a certeza do cuidado e da proteção às crianças, mas não apenas isso. O tempo de permanência maior da criança na escola resulta em melhor socialização, maior desenvolvimento cognitivo, e em uma geração de homens e mulheres mais conscientes, capazes de avançar, de aceitar desafios, de superar obstáculos na vida.” Arguida sobre o valor da democracia, Eleonora faz uma profissão de fé: “para mim e para muitos da minha geração a democracia não é um valor simbólico, mas um valor concreto. Essa convicção vem do fato de muitos terem dado a vida na contestação à ditadura. Nós abandonamos o glamour da juventude para combatermos a ditadura, sabendo dos riscos.” Para a ministra, a ditadura é algo antifeminino, todas as ditaduras são vertentes da opressão patriarcal, como o fascismo. Basta ver como Hitler e os ditadores maltratavam as mulheres e reduziam o seu espaço social.” Neste momento, a ministra vê como maior desafio “fazer avançar a democracia, melhorar os canais democráticos, para isso viabilizando a reforma política como proposta pela presidenta Dilma Rousseff.”
BRAVA GENTE Arquivo pessoal
Zélia Gláucia do Monte, exemplo de amor ao próximo
Zélia Gláucia do Monte soube transformar um momento adverso em momentos de carinho, acolhida e respeito ao próximo
Há uma década entrava na minha vida o Abrigo Esperança. A instituição, surgiu da cabeça, coração e força de vontade de uma mulher: Zélia Gláucia do Monte, que por acaso vem a ser minha mãe. Funcionária de uma clínica que então funcionava no antigo Hospital Evangélico, ela se comovia com a situação de pacientes oncológicos e renais que faziam tratamento em Governador Valadares diariamente, mas moravam em cidades no entorno (entenda-se até cerca de 200quilômetros de distância). Mãe de dois filhos, ela alugou uma casa com recurso próprio e abrigou dois ou três pacientes. A notícia se espalhou, e pouco a pouco foi um colchão a mais, utensílios, alimentos, e a partir daí, foi ganhando corpo o que hoje se entende por Abrigo Esperança. Desde o começo, sempre mantido quase que exclusivamente pelo apoio da comunidade valadarense, que a cada volta que o calendário dá, o Abrigo Esperança sobrevive, demonstrando que temos um povo caloroso e solidário. Nestes dez anos, a fundadora foi acometida de
um câncer (já devidamente superado), que segundo ela, serviu para entender melhor a vida de cada interno do Abrigo Esperança. E a minha família ganhou três novos membros, também por causa da instituição, mas isso é uma outra história.
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Mãe de dois filhos, ela alugou uma casa com recurso próprio e abrigou dois ou três pacientes. A notícia se espalhou, e pouco a pouco foi um colchão a mais, utensílios, alimentos, e a partir daí, foi ganhando corpo o que hoje se entende por Abrigo Esperança.
Caso se interesse em abraçar a causa, você pode colaborar com qualquer quantia na conta do Abrigo Esperança: Agência 2296-9, Conta: 14.164-x, Banco do Brasil. Se achar melhor, ligue no 33-3272-2593 e agende uma visita, você está convidado a conhecer e fazer parte da história do Abrigo Esperança. Caio Mourão é advogado e estudante de Jornalismo
COTIDIANO
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FIGUEIRA - Fim de semana de 4 a 6 de julho de 2014 José Peixe
D’outro lado do Atlântico José Peixe / De Lisboa
Extrema direita europeia sem aliados parlamentares Depois de terem conseguido resultados excepcionais nas eleições para o Parlamento Europeu, os extremistas e eurocéticos franceses e holandeses não conseguiram fazer alianças de modo a poderem ter um grupo parlamentar forte em Estrasburgo. E esta novidade tranquiliza muitos cidadãos europeus que ficaram assustados com o renascer dos partidos de extrema direita na Europa Central, nomeadamente na França e Holanda. O jornal diário britânico “The Guardian”, na sua edição de 24 de junho, resumia muito bem as dificuldades de Marine Le Pen (França) e de Geert Wilders (Holanda) depois dos resultados eleitorais surpreendentes: “Os planos da extrema direita europeia de tentar sabotar a União Europeia por dentro foram derrubados depois que Marine Le Pen e Geert Wilders, líderes da extrema direita da França e da Holanda, respectivamente, não conseguiram reunir aliados suficientes para formar um bloco no novo Parlamento Europeu - deixando-os sem recursos, tempo para pronunciamentos e posições em comités. Na sequência da eleição parlamentar europeia do último mês, vencida pela Frente Nacional de Le Pen, os vários partidos tinham até a última terça-feira para formar um bloco que incluísse pelo menos 25 representantes de no mínimo sete países”. Isto demonstra que do ponto de vista político a extrema direita europeia vai ficar com uma notoriedade apagada nas sessões parlamentares em Estrasburgo e, ao mesmo tempo, ofuscada, já que as suas linhas pragmáticas defendidas durante a campanha eleitoral não vão poder ser debatidas sequer. Ou seja, o “monstro” da extrema direita europeia vai ficar adormecido por mais uns anos.
U.E
Extrema direita europeia ficou isolada no Parlamento Europeu
Mas, este desfecho não termina com o aumento dos eurocéticos no seio da União Europeia. As sondagens feitas por universidades europeias demonstram claramente que o euroceticismo tem vindo a aumentar e a xenofobia também. Tudo isto porque os países mais ricos da União Europeia não aceitam que os mais pobres continuem a não conseguir controlar as suas economias. Na França, Holanda, Bélgica e Alemanha continuam a registar-se manifestações contra os emigrantes provenientes da chamada Europa Mediterrânica: Portugal, Espanha, Itália e Grécia. Países que se veem
a braços com uma austeridade económica difícil e com um aumento do desemprego alarmante. Os eurocéticos acham que a integração de países mais fracos economicamente acaba por colocar em causa a força política e económica da própria União Europeia. A extrema direita na Holanda e na França chega ao ponto de exigir publicamente o repatriamento de alguns cidadãos norte-africanos que se encontram legalmente a trabalhar há mais de 20 anos na União Europeia. O que não deixa de ser absurdo e até patético. Mas, se os europeístas querem efetivamente derrotar a extrema direita vão ter que transformar a União Europeia num espaço realmente democrático e menos burocrático e tecnocrata. É que existem milhões de cidadãos que são contra as políticas excessivamente burocráticas provenientes de Bruxelas. E são essas questões que os parlamentares europeus devem evitar. A União Europeia terá mais força se der mais autonomia aos parlamentos nacionais. Outra preocupação que afeta os cidadãos da Europa do Sul é o facto de a Alemanha utilizar a União Europeia para manter uma economia forte e uma sociedade equilibrada. Muitos cidadãos europeus são a favor das políticas europeístas, mas contra as regras impostas pela Alemanha. Uma problemática que promete fazer correr muita tinta nos próximos anos. Uma coisa é certa. O chamado Mercosul poderá evitar alguns problemas políticos se os políticos latino americanos olharem para a União Europeia como um dinossauro enfrentando muitas dificuldades. Existem medidas europeias excelentes que podem ser adotadas pelo Mercosul. Mas, outras não se recomendam. No 1o de julho, na primeira sessão da nova legislatura do Parlamento Europeu, umas dezenas de deputados anti-Europa viraram as costas ao plenário aquando do quarto movimento da Nona Sinfonia de Beethoven, interpretado pela Orquestra Filarmônica de Estrasburgo. O poema Ode à Alegria, no qual Beethoven fala do amor pela humanidade e que foi adotado como Hino da União Europeia, mereceu este protesto liderado pelos britânicos do Partido Independente. Um gesto contestatário que merece uma análise por parte da Comissão Europeia.
José Valentim Peixe é jornalista e doutor em Comunicação
Vitória a Minas
Recado Capital
Vinícius Quintino / De Vitória
Bob Villela / De Belo Horizonte
A Copa do Mundo e a estratégia política do medo O Espírito Santo está em festa. Ruas coloridas, casas decoradas, prédios inteiros em verde e amarelo. O clima de esperança e união tomou conta da população, que acompanha de perto os jogos da Copa do Mundo de Futebol. Já é corriqueira a opinião de que o Mundial brasileiro está sendo um sucesso. “Estamos dando uma goleada descomunal nos pessimistas, nos que tinham o complexo de vira-latas e naqueles que se envergonharam deste país maravilhoso”, disse a Presidente Dilma. Contudo, não se pode afirmar que os preparativos para a Copa ocorreram como o esperado. Digamos que os tradicionais enfeites de rua começaram aos quarenta e cinco do segundo tempo. Acanhados por uma campanha de descrédito plantada pela mídia, os torcedores demoraram a iniciar as comemorações, o que revelou um fenômeno curioso: pela primeira vez na história desse país, as pessoas estavam receosas por demonstrar algum sentimento de apreço pela Seleção Brasileira. É lamentável, que a tentativa do grupo político que controla a imprensa nacional, tenha conseguido transformar a paixão pelo esporte em mais um dos sórdidos debates eleitoreiros. A turma do contra, não satisfeita com o #NÃOVAITERCOPA, inventaram o #COPACOMPRADA e agora o #NÃOVAITERHEXA, em mais uma demonstração do puro e perverso egoísmo político. Existe um nítido desassossego no ar. Se de um lado é possível perceber certa satisfação com a organização da Copa do Mundo, de outro é maçante o boicote jornalístico e a sua enxurrada de previsões fracassadas. Afirmaram que os estádios não iriam ficar prontos, e hoje o Brasil conta com um conjunto das mais belas arenas desportivas do mundo. Divulgaram que a perdas
tributárias seriam milionárias – ao isentar a FIFA de impostos – e hoje estima-se que a arrecadação já chega a 16 bilhões de reais (dados FGV). Anunciaram gastos exagerados com os preparativos da Copa, os quais, na realidade, não passaram de 1,17% do Orçamento da União, já incluídos os investimentos em obras de infraestrutura e logística (dados do Portal da Transparência). O próprio José Roberto Guzzo – jornalista responsável pelo editorial da revista Veja – afirmou “que a imprensa de alcance nacional pecou de novo, e pecou feio, ao prever durante meses seguidos que a Copa de 2014 ia ser um desastre sem limites”.
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É lamentável, que a tentativa do grupo político que controla a imprensa nacional, tenha conseguido transformar a paixão pelo esporte em mais um dos sórdidos debates eleitoreiros.
Chega a ser cômico ver figurões como Wiliam Bonner, Jorge Kajuru e Ronaldo Fenômeno reconhecer que erraram nas suas avaliações sobre a organização da Copa do Brasil. Na realidade, é incompreensível a tentativa de desconstruir um Brasil que pode dar certo, quando a própria população revela um elevado nível de satisfação com a vida no país – como demonstrou pesquisa realizada pelo Gallup World Cup em mais de 130 países. Realmente, a luta pelo poder, baseada na fabricação da desinformação e da ignorância, não tem limites. O que nos consola é acreditar que no final o brasileiro é apaixonado por futebol, e que certamente a esperança vencerá o medo e o amor vencerá o ódio. Vinícius Quintino de Oliveira é pesquisador em Gestão Pública e Servidor Público Federal.
Esconde-esconde As fachadas das concessionárias e dos bancos da Avenida Antônio Carlos, principal acesso ao Mineirão, estão cobertas de tapumes. Todos aguardavam manifestações ao estilo de 2013, com sandices e quebradeiras. Ironicamente, muitos apresentam faixas com os dizeres: “Estamos funcionando normalmente”. Rá!, como diria o humorista Sérgio Mallandro, é claro que não estão funcionando “normalmente”, pelo simples motivo de que não é normal funcionar com medo de vandalismo. O medo dos empresários – não só da Antônio Carlos – de serem vítimas de vândalos, que se valem da insegurança promovida pelo poder público, fez que eles buscassem outro tipo de proteção, escondendo-se atrás de placas metálicas ou de madeira. Isso escondeu as vitrines, os carros reluzentes e os caixas eletrônicos, onde se retira o recurso para garantir acessos e objetos de desejo. Normalmente não é assim, sob escudos, que o sistema e a cidade funcionam. Só que muitos manifestantes ficaram nos esconderijos, e tivemos bem menos confusão do que se esperava. Como em todo o país, BH abraçou a Copa, e os copeiros dos quatro cantos do mundo abraçaram a capital mineira. A FIFA, que andava escondida, resolveu aparecer junto com a nossa paixão, e deve estar feliz ao ver que seus belos banners promocionais não foram rasgados, pichados ou apedrejados nas ruas. Causa desconforto ver estabelecimentos escondidos por tapumes, mas consola saber que não fomos baixos a ponto de esconder nossas mazelas. Muito se falou sobre uma “limpeza” que seria realizada pela Prefeitura durante o Mundial, com o intuito de “guardar” a população em situação de rua em algum lugar e privar os turistas dessa realidade. Não colou, e todos (ou muitos) permaneceram onde vivem. Eles têm este direito – ou não têm para onde ir. E nós temos uma nação para construir. O namoro de uma cidade com seus visitantes só pode virar casamento se ambos souberem conviver com as virtudes e os defeitos uns dos outros. Ainda bem que ninguém recolheu quem vive nas ruas e nem teve a ideia ridícula de maquiar nossas vilas e aglomerados – formas que a maioria dos belo-horizontinos utiliza para esconder o termo favela. Tentar tapar parte do nosso sol com peneira seria uma vergonha imensa – ainda mais feio que vaiar o hino do Chile no Mineirão. Prorrogação Tem muito futebol além da Copa. O Cine Theatro Brasil Vallourec, belíssimo centro cultural cravado na agitada Praça Sete, pôs em campo a exposição “País Bom de Bola: Futebol e Identidade Cultural”. Até o dia 31 deste mês, a mostra apresentará elementos desde a chegada do futebol ao Brasil, no fim do século XIX, até o momento em que o esporte se entrosou perfeitamente com nossas vidas. Saiba mais em www.cinetheatrobrasil.com.br. Roberto Villela Filho é publicitário e jornalista.
CULTURA & LAZER ARTES PLÁSTICAS
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FIGUEIRA - Fim de semana de 4 a 6 de julho de 2014
LENITA MENTA
A natureza viva de Lenita
Educação João Bosco
Tulipas, flores enormes, cabras, gravatas, romãs. Tudo ganha vida e muitas cores na arte de Lenita Menta
Arquivo Pessoal
Áurea Nardely - Por que cabras, Lenita? - Porque elas têm olhos tão doces... têm cílios, você sabia? E são fortes, também. Este diálogo aconteceu há tanto tempo... mas me lembro como se fosse hoje. Era uma tarde de um dia qualquer, uma daquelas que eu adorava passar com ela, que pintava sofregamente, o tempo todo, durante um bom tempo. Tulipas, flores enormes, cadeira de diretor de cinema, gravatas e cabras. As cabras... doçura e força, como ela mesma, a nossa Lenita Menta. Cheia de afetos e generosidades, de transparência e autenticidade. “É que a nossa modelo não parava quieta”, ela conta. “Mexia-se o tempo todo. Então, eu disse: chega. Vou pintar como eu pintava quando criança”. E essa decisão ela tomou quando ainda estudante, na Academia de Belas Artes de Nápoles, Itália, para onde foi aos 22 anos de idade. “Quando tomei essa decisão, também fui influenciada pelos estudos que fazia sobre Picasso”, Lenita continua. “Picasso também gostava de cabras, mas, diferentes das minhas, que tinham pés e mãos de mulher e cílios enormes”. Nessa época, ficou por quatro anos na Itália sem vir ao Brasil. Veio e voltou, para casar-se com Franco, pai de Emílio, seu primogênito, hoje pai de Francesco, seu neto, que veio juntar-se a Manuela Lenita, de 9 anos, filha de Flávio, seu caçula com o companheiro Renato, que também lhe deu Fernando e Francisca. Já casada, morou na Itália por 12 anos. Retorna ao Brasil onde ficaria por muitos anos, saindo apenas para correr o mundo, em viagens que ela adora e das quais nunca abriu mão. Entre idas e vindas, conhece Renato. Enamoram-se e se casam. Hoje, vivem no Canadá. E lá se vão trinta e cinco anos de muito companheirismo: “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença”, juntos, para sempre. E assim é Lenita, mãe, avó, companheira, amiga. Ora lidando com os pincéis, ora com as panelas, de outra feita com o crochê, a máquina de costura, os livros e discos, Beatles, Chico, Raul Seixas... Eclética, tanto em seu gosto musical quanto na vida. E por ser assim, mais é escolhida que escolhe. Os amigos, de todos os tipos e gêneros, de todas as condições econômicas e sociais, novos ou antigos, a quem dispensa a mesma atenção, o mesmo carinho. Casa sempre aberta, seja em Valadares, em Porto Seguro ou em Toronto, no Canadá... Mesa sempre posta, fartura, aromas, prazer... Confiança sem limites. Mas se lhe roubam essa confiança, vira uma leoa. Grita, esperneia, mostra-se inteira. Inteira em tudo o que faz, na dor e na alegria, no amor e na entrega, nos afetos e nas mágoas, sem máscaras e sem amarras. Saboreia os prazeres, vomita as agonias. Não lamenta fracassos nem se vangloria das vitórias. Não sonega afeto, não abraça sem querer. Paga por isso. Segue em frente. Os quadros contam um tanto sobre ela. Muitas fases, idas e vindas. Muitos estilos. Adorava vê-la pintar com as mãos, esfregando plantas na tela. Surgiam flores enormes, deliciosas romãs, cores exuberantes. As cabras, aos poucos foram abstraindo... não mais têm pés, nem orelha, nem olhos. Não sei o porquê, ela diz. Nas telas, não apenas assinatura ou data. Ela escreve nelas o que lhe passa na cabeça no momento em que pinta. Conta da sua vida, da sua rotina, do seu momento. Homenageia amigos, faz confissões, fala dos filhos, dos seus amores e das suas dores. Talvez por viver sempre entre o Rio de Janeiro e Minas, entre Brasil e Itália, é tantas e uma só. Liberal nos costumes como as cariocas, conservadora em seus afetos familiares, como as mineiras. Depois, um tanto baiana. Balangandãs, fitas do Senhor do Bonfim, pés na areia, descalços, como ela sempre gostou. Mas lá como cá, porta aberta, comida farta, hibiscos no jardim. É uma italiana brasileiríssima, ou uma brasileira muito italiana. Não importa, é mulher muito além do seu tempo. Conviver com ela é uma delícia. Companheira do Renato na vida e na labuta, podia estar em casa ou no Bar Oficina, na cozinha do Oppus ou à mesa com amigos, na barraca da Boca Aberta ou cuidando de seus pequenos animais. Esta mulher de muitos momentos, das viagens que ela
Cotidiano Lucimar Lizandro
Enterrar o Complexo de Vira-lata: eis o maior legado da Copa Previsões sombrias pairavam sobre o nosso país no período que antecedeu o início da Copa do Mundo de Futebol. Foi um bombardeio incessante. Haveria estádios inacabados, sistema de transporte ineficiente, aeroportos estrangulados, turistas sendo assaltados. Segundo esses profetas do caos, o início do torneio marcaria o dia do juízo final. Chegamos às quartas de final e o que observamos é a realização de um grande evento, muito bem organizado dentro e fora
Lenita Menta é uma artista que busca inspiração na natureza
adora ao redor do mundo, sempre a mesma embora tantas, na barraca de Porto, na casa da Ilha, no apartamento do Rio, no conforto da Itália, no frio que ela adora no Canadá. Quando, numa dessas vezes em que ela vem ao Brasil, lhe pedi para fazer a capa da Benedita, que fez lindamente com lápis cera e acrílica, ela disse: vou adorar fazer, e fez, embora já tivesse um tempo sem pintar. Então, nos sentamos para conversar. Lembrei-me que ela também pintava balões sempre amarrados. Por que amarrados? Eu quis saber. Ela contou: balões... a minha grande decepção infantil. Eu tinha 8, 9 anos, ainda morava em Cataguases, Zona da Mata mineira, quando fui com umas amiguinhas comprar um balão, que eu tanto queria. Assim que o moço entregou-me o balão, ele voou. Senti tanta dor... Fiquei assim, parada, vendo o balão sumir. Por isso, eu acho que amarrava meus balões. Aos poucos, fui deixando de amarrá-los. Liberteime da decepção e libertei o balão.
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Os quadros contam um tanto sobre ela. Muitas fases, idas e vindas. Muitos estilos. Adorava vê-la pintar com as mãos, esfregando plantas na tela. Surgiam flores enormes, deliciosas romãs, cores exuberantes
Vieram outras decepções. Ela foi se libertando delas também. “Ainda não curei todas”, ela conta. Mas um dia haverá de conseguir. Ela solta uma risada gostosa, oferece um suco, traz uma tela enorme para que a gente possa se lembrar de uma fase que já passou. E, surpresa... para mim e para ela, quando vira a tela está lá: “para quem? Sônia ou Áurea Nardely?” Nem eu nem Sônia, a irmã querida, ficamos com o quadro, que ficou para uma das cunhadas, mas meu coração se aqueceu e ficou em festa sabendo-me lembrada. Fazer parte da vida de Lenita Menta é uma alegria e uma honra. Conviver com ela, nem que sejam alguns minutos, nos faz melhor. A caçula “das mulheres”, filha de Francisco Menta e Antonieta, irmã de Rosa, Pina Morano, Sônia, Antônio e Chico Menta, rompeu barreiras, convenções, conveniências. Se fez artista, mas especialmente se fez mulher, mãe, amiga, sempre amada.
do campo. Estádios lotados, torcidas vibrantes e um espetáculo de cores, marcando o congraçamento entre as várias nacionalidades. Para completar, tivemos a melhor média de gols da primeira fase desde a Copa de 1958, o que confirma o elevado nível técnico do torneio. O sucesso da Copa é inquestionável, o que levou a revista britânica The Economist e o jornal norte americano The New York Times a fazerem elogiosas matérias sobre o torneio. Após tal atitude, a imprensa nacional não teve outra opção e então se rendeu ao sucesso da Copa. Muito a contragosto, diga-se de passagem. O mau agouro exalado a exaustão teve o efeito de afastar ou mesmo inibir parte da população, que se sentiu constrangida em participar da Copa com a sua costumeira alegria. Até mesmo quem era a favor do torneio preferiu a discrição. Mas, depois de iniciada a Copa, com o clima de festa, a contestação cedeu lugar ao apoio total. Voltamos a ser o país do futebol e da alegria. Ainda que muitos não queiram ou não reconheçam, a Copa do Mundo no Brasil deixa importantes legados para a nação brasileira, superando infinitamente custos de qualquer natureza. São grandes obras de infraestrutura que atenderão a população, como
As teses do preconceito Opiniões são manifestações humanas presentes no dia a dia e dão origem a teorias, fórmulas e conceitos. Aparecem nas mesas de bar, nas longas conversas dos amigos; nas igrejas, no meio acadêmico, em jornais. Há opiniões fundamentadas, há opiniões por puro lazer ou cultura, como as opiniões sobre futebol. Também são pedidas no ENEM, em concursos públicos, em salas de aula. São manifestas nas Redes Sociais virtuais e presenciais. Às vezes, as opiniões são confundidas com fatos. Por exemplo, falar que a Angelina Jolie é muito linda é fato ou é opinião? Eu tenho certeza de que é fato. Mas, fato mesmo é falar que ela é atriz. Algumas opiniões são centradas no verbo e outras, no adjetivo. Veja a diferença: o Kit Pedagógico oferecido pelo MEC pode (não pode) ser oferecido aos estudantes brasileiros, pois... A PEC 137 deve (não deve) ser aprovada porque... O Ronaldo Nazário foi (não foi) um jogador fenomenal, pois... Agora vejamos opiniões centradas em um substantivo adjetivado ou locução: Kit Gay, Ronaldo Fenômeno, PEC da Impunidade. Esse tipo de manifestação opinativa é dado como fato e trabalha como verdade e não como tese. Assim, tenta o autor induzir alguém a uma opinião como se fosse fato. A Angelina Gatíssima Jolie. Opiniões acadêmicas se manifestam no verbo e o argumento vem em razão dele. Veja o que disse o grande teórico e deputado Lincoln Portela (MG): “O conteúdo do material didático (Kit Anti-homofobia) é ‘virulento’. A preocupação das pessoas que estão envolvidas nesse cenário é a didática do material colocado. Achamos que a didática é muito agressiva. Temos que tomar cuidado para que a dosagem do remédio não seja mais forte do que aquilo que o paciente quer e necessita”. Observem que no péssimo exemplo que dei de uso do verbo ocorreram duas situações importantes, o excesso no uso do verbo ser no presente do indicativo e um argumento baseado numa belíssima e inofensiva figura de linguagem, o remédio para um material virulento. Isso mostra que podemos impor nossa opinião como verdade, através de adjetivos; ou podemos usar uma estrutura correta de forma equivocada. Observe que o uso do verbo no presente do indicativo costuma tornar o texto conceitual. Exemplo: Citologia é o estudo das células. É comum encontrarmos textos expositivos feitos por pessoas que pensam fazerem dissertações argumentativas. Opiniões devem ser consideradas não apenas por si mesmas. Elas não surgem do acaso, são oriundas de um ser que ocupa determinado espaço social, às vezes tangenciável, às vezes não. Imaginemos a fala da de um apresentador de televisão com interesses políticos, em ano eleitoral, trabalhando em uma emissora zero à esquerda em matéria de esporte. Fica, para ele, bem confortável descer o pau e o nível, ao falar contra a Copa para um auditório que foi ali para aplaudi-lo. Mas isso é apenas uma hipótese, afinal, nos inenarráveis caminhos da nossa imaginação, ele jamais teria interesses financeiros envolvidos em sua opinião, não é verdade? Assim, sem argumentos, mas com muita mídia, o jogador que exerceu o seu direito de sair com travestis continua um fenômeno, e o kit pedagógico que trata do assunto ficou escondido no armário. João Bosco Pereira Alves é graduado em Letras, coordenador do Polo Valadares da UAB – Universidade Aberta do Brasil, membro da Academia Valadarense de Letras.
as melhorias do sistema de metrô, a modernização de aeroportos, as obras no setor de energia, telecomunicações, a ampliação da rede hoteleira, além da arrecadação de impostos e da geração de milhares de empregos. Porém, nenhum ganho é tão importante quanto a imagem que o nosso país projetará para o mundo, quanto a sua capacidade de preparação e realização de grandes eventos. Além de evidenciar a hospitalidade do brasileiro, o que encantou os turistas. De uma só vez, nos equiparamos às grandes nações na realização de grandes eventos e ainda, enterramos de vez o famigerado Complexo de Vira-lata, tão propalado ultimamente e que tanto mal tem feito à nação brasileira. Sabemos que a Copa não resolveu nossos problemas seculares, não pagou a enorme dívida social com a nossa população, mas mostrou ao mundo e a nós mesmos o nosso valor e a nossa capacidade de superação. E, assim, vencemos de goleada os pessimistas e os fracassomaníacos. Parabéns, Brasil! Lucimar Lizandro Freitas é graduado em Administração de Empresas (FAGV) e especialista em Gestão Pública (UFOP).
ESPORTES
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FIGUEIRA - Fim de semana de 4 a 6 de julho de 2014
QUESTÕES DO FUTEBOL - JORGE MURTINHO
A disputa de pênaltis deve acabar Há pouco mais de dois anos, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, declarou que “quando uma partida é decidida nos pênaltis, o futebol perde sua essência”. E completou: “Talvez Franz Beckenbauer, com o grupo de trabalho Futebol 2014, apresente propostas de soluções para isso”. Na ocasião, Beckenbauer presidia uma espécie de comitê criado para discutir ideias que pudessem deixar o futebol ainda mais bacana. João Saldanha tinha um argumento sofisticado para justificar sua aversão às disputas de pênaltis. Dizia o mestre: “Não aceito que uma partida seja decidida por meio de penalidades que nenhuma das duas equipes cometeu.” É surpreendente que Saldanha e Blatter concordem em algo, e eles têm razão. Uma das mais antigas lendas do futebol é a que cita uns tais velhinhos da Fifa, que demorariam demais para propor ou aceitar mudanças. Os velhinhos são falados desde que sou criança, o que significa que já morreram. Talvez por isso algumas coisas estejam acontecendo com mais rapidez. A discussão sobre a Goal Line Technology começou a pegar fogo na Copa de 2010, quando uma bola chutada pelo inglês Lampard bateu no travessão e quicou meio metro dentro do gol alemão, mas o juiz mandou o jogo seguir. Quatro anos depois, temos a tecnologia. A solução que vejo para a disputa de pênaltis é radical: acabar com ela e fazer com que a prorrogação dure até sair um gol vencedor. (É diferente do Gol de Ouro, que tinha um limite de trinta minutos, após os quais lá vinham os infartantes pênaltis.) É claro que o lado físico dos jogadores precisa ser preservado, mas esse papo de que alguém pode morrer em campo é conversa pra boi dormir. Em janeiro de 2012, quatro meses antes da declaração de Blatter, Djokovic e Nadal ficaram cinco horas e meia seguidas na quadra, disputando a final do Aberto de Tênis da Austrália, e os dois estão aí, vivinhos da silva. Ouso até afirmar o contrário: com uma regra semelhante à do sábio “primeiro gol acaba” das nossas peladas, a maioria das prorrogações duraria menos que hoje. Primeiro, porque ninguém se acomodaria diante da possibilidade de empurrar a decisão para as cobranças. Depois, porque o cansaço diminui a capacidade de marcação, provoca erros defensivos de lado a lado e proporciona chances de gol. É óbvio que uma proposta como essa encontraria resistência em vários médicos e fisiologistas, e a opinião deles teria que ser ouvida. Por outro lado, aposto que, se consultados, os cardiologistas não hesitariam em recomendar a extinção imediata da disputa de pênaltis. Falo por mim: no jogo contra o Chile temi que minha mulher tivesse um troço, e não tenho a menor intenção de ficar viúvo. Mas há solução para a questão física dos jogadores, e não é nada complicada. Já houve um tempo em que não se permitiam substituições durante uma partida de futebol. A regra evoluiu, e passaram a ser aceitas duas trocas mais a do goleiro. Pouco depois, chegou-se ao atual formato das três substituições, independentemente de uma delas ser ou não do goleiro. Uma proposta simples seria dobrar – ou quem sabe ilimitar – o número de substituições permitidas em jogos que fossem para a prorrogação. Além de não ser bem-vinda pelo laboratório fabricante do Isordil, certamente interessado na manutenção da fórmula atual, essa ideia sofreria resistência de algumas emissoras de tevê, por interferir de um jeito imprevisível em suas grades de programação. Ora, ao menos em tese, uma disputa de pênaltis também não está livre de se tornar interminável. E do mesmo modo que acontecerá com a Goal Line Technology – que não tem como ser acionada em todos os jogos de futebol oficiais e acabará restrita aos estádios milionários –, o “primeiro gol acaba” pode valer apenas em Copas do Mundo, quando até as mais resistentes emissoras de tevê topam mexer na programação habitual para transmitir as partidas. Decidir jogos nos pênaltis, ainda segundo Blatter, é uma tragédia. Procede. Na última Copa América, disputada em 2011 na Argentina e vencida pelo
Uruguai, o Paraguai chegou à decisão sem vencer uma partida sequer. Depois de empatar as três da primeira fase, empatou em zero a zero com o Brasil e ganhou nos pênaltis, empatou em zero a zero com a Venezuela e ganhou nos pênaltis, e foi à final. Isso não é futebol, é uma aberração. Nos quatro primeiros jogos das oitavas dessa Copa – escrevo esse texto antes dos demais –, dois se definiram nos pênaltis.
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João Saldanha tinha um argumento sofisticado para justificar sua aversão às disputas de pênaltis. Dizia o mestre: “Não aceito que uma partida seja decidida por meio de penalidades que nenhuma das duas equipes cometeu.” É surpreendente que Saldanha e Blatter concordem em algo, e eles têm razão.
Onde está a verdadeira torcida brasileira?
Nossa seleção, que ainda não foi bem, jogou muito mal desde o gol do Chile até acabar o tempo normal. O time chileno tem movimentação intensa em todas as suas linhas, e era normal que morresse na prorrogação. Eles não têm do que reclamar, já que prorrogações estão previstas no regulamento, mas não considero que tenham praticado o antijogo: simplesmente, não conseguiam mais jogar. Creio que a situação de Felipão ficou bem complicada. Se nas partidas anteriores era possível apontar erros aqui e ali, sobrevivemos ao sábado com a sensação de que é preciso mudar quase tudo. E aí, claro, não há tempo. Vejo semelhanças entre esta seleção e a de 94. Da mesma forma que aquela, a de agora também não é rica em talentos. Suas chances residem na força do jogo coletivo e na qualidade especial de um cara. Era Romário, é Neymar. A encrenca é que a força conjunta mostrada na Copa das Confederações – ninguém precisa me dizer que é outra coisa, outra pressão, outra visibilidade, tudo diferente, sei bem – desapareceu. Se não conseguirmos recuperá-la, um abraço. Mais um enorme problema: o benefício que esperávamos obter com a pressão da torcida, esse não temos. Se lembrarmos, entre dezenas de outros exemplos bacanas envolvendo nossos clubes, o que fizeram as torcidas do Corinthians e do Atlético Mineiro nas conquistas da Libertadores de 2012 e 2013 ou a do Santa Cruz na volta à série B, e compararmos com a total falta de jeito dos torcedores brasileiros que estão indo aos estádios – ou melhor, os que têm condições de ir –, fica fácil entender por que a nossa principal vantagem foi para o brejo. Durante o jogo entre Holanda e México, o narrador Milton Leite, do SporTV, chamava a atenção para a grande quantidade de lugares vazios nas cadeiras brancas em frente às cabines de imprensa. Logo depois, Milton Leite explicava: os donos daqueles lugares estavam assistindo ao jogo em pé, debaixo de uma marquise, para se proteger do sol. Você aí, que lê o blog porque gosta de futebol, me responda por favor: desde quando os verdadeiros torcedores de futebol têm medo de sol? Vai ver, aqueles lá sentiram falta de uma piscina com borda infinita e de algumas doses de Dry Martini. Shaken, not stirred.
Jorge Murtinho é redator de agência de propaganda e, na definição por ele mesmo, faz bloguismo. Nessa arte, foi encontrado pela Revista piauí, que adotou o seu blog e autoriza a contribuição dele a este Figueira.
Canto do Galo Rosalva Campos Luciano
E eu chego junto com o Galo... O time trazendo glórias, prestígio e um bom dinheiro da China e eu trazendo palavras alvinegras ao Figueira, jornal que me encantou pela beleza, destreza no noticiar, e origem numa cidade que eu amo: Governador Valadares. Uma honraria dada aos privilegiados. Obrigada! O futebol brasileiro está numa parada técnica e providencial, para evidenciar aquela que representa o nosso pulsar do coração, representa o sangue que corre pelos orgãos vitais, representa um amor eterno: a nossa seleção na Copa. Milhões de técnicos discorrem sobre esse fiel amor e a cada quatro anos o mesmo sentimento se incorpora à nossa vida e colore tudo de verde e amarelo. E o Clube Atlético Mineiro? Apaixonados que somos, vimos que o Galão da Massa enveredou-se por outros ares. Ares nos quais as cores do Grande de Minas foram recebidas como se recebem os nobres. Festas, homenagens, disputas para autógrafos e fotos. O Atlético hoje é uma realidade mundial, um escudo reverenciado por aqueles que sabem o que é um futebol de raça, de vontade, de beleza. Futebol praticado por atletas torcedores ou amor adquirido como o declarado por vários que fazem a nossa alegria dentro dos quatro cantos verdinhos de grama. O vermelho da China foi tingido por um preto e branco saído das Minas Gerais. Ouviu o canto mais sinfônico: Galooooooo! Ronaldinho Gaúcho, carta máxima para este espelho que hoje é o Atlético, não poderia deixar de ser citado na sua importância, no cenário chinês. Jogou o futebol que conhecemos ser dele, fez firulas para a loucura da arqui-
bancada e deu aos companheiros o direito de colocar a bola no arco, fazendo carinho nas redes, como elas gostam...Pai e Filho podem ser parâmetro para ilustrar o binômio Ronaldinho/Atlético, que já fez muito por nós. “Eu sou o Ronaldinho do Atlético”, ouvia-se em altos brados. No aspecto técnico e tático, o Atlético não teve facilidades em nenhum dos jogos. Enfrentou times respeitáveis, inclusive o campeão chinês. Ronaldinho não jogava desde 1º de maio, quando se lesionou no empate com o Atlético Nacional, pela Copa Libertadores, mas foi decisivo. Tardelli - o craque ídolo, André deu show, Maicosuel e Edcarlos deixaram marcas do que são capazes: fazer gols. Valeu Galo! Parabéns China, hoje você já conhece e reconhece o escudo mais venerado em terras mineiras. E o Azul se rendeu ao Preto e Branco... azul do mar, azul do céu, azul das águas marinhas tão das bandas valadarenses, azul de olhos amados, azul de rios navegados, azul da tranquilidade do infinito, azul da ARGENTINA... Eu chegando aqui, o Atlético chegando da China, a Seleção Brasileira chegando às quarta de final e o selecionado azul chegando a Vespasiano. A Cidade do Galo foi eleita, em pesquisa feita com todos os centros de treinamentos do Brasil, o melhor do país, colocando-se à frente do CT do São Paulo. Honra para Messi e parceiros. Aqui tem o azul da Argentina, mas aqui é Galo!
Rosalva Campos Luciano é professora e, acima de tudo, apaixonadamente atleticana.
Olé, Brasil! Ana Paula Barbosa
Continuo querendo o Bernard! Gente, eu sofri demais no último jogo, aliás, o Brasil todo sofreu, com a bola na trave no final do segundo tempo da prorrogação, com a narração do Galvão Bueno (normal!), com a cobrança de pênaltis, com as defesas do Julio César. Mas, que jogo! Outro, igual, eu não vou aguentar. Por isso, Felipão, bota o Bernard! Na semana passada eu pedi o Bernard. E ninguém me ouviu. Ele é essencial para o nosso time, corre muito, acompanha o Neymar, sabe passar a bola. Embora eu continue acreditando no hexa (e vamos ser hexa), é preciso mexer no time, mudar algumas peças que não estão indo bem. Por exemplo: Daniel Alves e Fernandinho. Tem de mexer. Nem sei quem pode entrar, isso é com o Felipão, mas esses dois estão mal. O Neymar é craque, todo mundo sabe disso, mas no último jogo ele esteve mal. Não estava passando a bola. O Hulk, pra mim, jogou bem. Bem melhor que o Fred. Mas é isso aí, vamos torcer, vamos acreditar, fazer festa, churrasco, rs. Nesta sexta-feira vai ter churrasco de novo, lá com as primas e os primos. Todo mundo ligado na telinha. Mudando de assunto, o mês de julho chegou e lá no fim do mês, no dia 29, vai acontecer algo de grande importância para mim: o meu debut. Isso mesmo. Vou completar 15 aninhos de vida, rs. Postei isso no meu perfil no Facebook e um tanto de gente engraçadinha apareceu por lá perguntando: quinze em cada perna? Aiaiai... Olha, é meu aniversário e fim de papo. Podem mandar os presentes pra redação deste Figueira. Vamos, Brasil! Vamos ganhar dos colombianos. Ana Paula Barbosa é comerciária, fanática pela Seleção Brasileira e pelo Brasil
Toca da Raposa Hadson Santiago
Saudações celestes, leitores do Figueira! O Cruzeiro venceu a terceira partida consecutiva na excursão aos Estados Unidos. Em jogo realizado em Dallas, no Cotton Bowl Stadium, a equipe mineira derrotou o América do México por 5 x 3, com gols de Ricardo Goulart, Allison, Éverton Ribeiro, Marcelo Moreno e Willian. Allison, Manoel e Marlone estão aproveitando bem as oportunidades concedidas pelo técnico Marcelo Oliveira. O treinador vai observando, também, os outros contratados, como Marquinhos e Neílton. O objetivo principal desses jogos é preparar e entrosar o time para os compromissos do segundo semestre (Copa do Brasil e a continuação do Campeonato Brasileiro). Sem perder tempo nem dinheiro, a diretoria celeste concretizou a venda do zagueiro Wallace a um grupo de investidores por 9,5 milhões de euros. Como o Cruzeiro detém 60% dos direitos econômicos do jogador, ficará com 5,7 milhões de euros, algo em torno de 17,3 milhões de reais. Ótimos valores para um garoto de apenas 19 anos e que atuou somente em oito jogos pelo time profissional. Wallace, que se destacou nas categorias de base do Cruzeiro e da Seleção Brasileira, será repassado ao Sporting Clube de Braga (Portugal). Atuando bem, logo estará num time europeu de ponta. Foi-se o tempo em que jogador de futebol permanecia longos períodos num mesmo clube e criava identificação com a torcida. Só para citar dois exemplos emblemáticos, Wilson Piazza jogou no Cruzeiro de 1963 a 1978 e Nílton Santos, “A Enciclopédia”, foi jogador
do Botafogo-RJ de 1948 a 1964, tendo sido o único clube pelo qual atuou. Há raríssimas exceções nos dias de hoje, como o Fábio, no próprio Cruzeiro, e o Rogério Ceni no São Paulo. Futebol é negócio acima de tudo, infelizmente. Manter um clube profissional é caro e o Brasil não tem como competir com outros mercados. Assim, temos uma Seleção Brasileira sem nenhuma identificação com a torcida, na qual 19 dos 23 jogadores convocados para a Copa do Mundo atuam no exterior. “Craques” fabricados por empresários e por patrocinadores e que nos são empurrados goela abaixo. Comigo não, violão! Voltemos ao Cruzeiro. Foi lançada, recentemente, a segunda edição do Almanaque do Cruzeiro, obra do jornalista e historiador Henrique Ribeiro. O livro traz as fichas de todos os jogos do time celeste desde 1921 até 2013, além de outras informações sobre a história do clube. Tenho as duas edições e é uma excelente fonte de pesquisas. Henrique foi funcionário do Cruzeiro por algum tempo, sendo o responsável pelas estatísticas celestes. Deixou o clube ainda na administração dos Perrellas, mas continua fazendo um grande trabalho em prol da história do Cruzeiro. Recomendo a leitura do almanaque a todos os cruzeirenses. Abraços!
Hadson Santiago Farias é cruzeirense, democratense e professor.