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Governador Valadares terá tempo bom no fim de semana. Pode chover na sexta-feira. Sábado e domingo não hove www.climatempo.com.br

25o 15o

MÁXIMA

Não Conhecemos Assuntos Proibidos

MÍNIMA

ANO 1 NÚMERO 16

FIM DE SEMANA DE 11 A 13 DE JULHO DE 2014

FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS

EXEMPLAR: R$ 1,00

C O PA D O M U N D O 2 0 1 4

Rafael Ribeiro - CBF

BRASIL X HOLANDA

Terceiro lugar é questão de honra Brasil x Holanda, o jogo que decidirá o terceiro lugar na Copa do Mundo de 2014, neste sábado, às 17h, no Estádio Nacional de Brasília, tem a marca do equilíbrio: em 11 jogos disputados, foram três vitórias para cada seleção, com cinco empates. Cada time marcou 15 gols. A Seleção Brasileira ainda está abatida com a derrota história por 7 x 1 para a Alemanha, mas vencer o jogo deste sábado é uma questão de honra. David Luiz (foto), que virou ídolo da torcida, mesmo com a desclassificação, vai comandar o time brasileiro. No domingo, na grande final, Argentina e Alemanha decidem quem será a campeã da Copa do Mundo 2014, considerada por muitos como a Copa das Copas. A final será no Maracanã, às 17h. Que vença o melhor!

A luta vitoriosa por mais moradias

Desde agosto de 2011, a Prefeitura e a Caixa entregaram chaves da casa própria para 2008 famílias. O Residencial Vitória, com 653 casas, entregue recentemente, foi o sétimo residencial inaugurado. Foram 832 apartamentos nos residenciais Atalaia, Valadares, Vila do Sol 1 e 2; e 1.176 casas nos loteamentos Porto das Canoas, Figueira do Rio Doce e Vitória. Ao todo, mais de R$ 96 milhões foram investidos na cidade. Outras 2.173 unidades já foram contratadas na Caixa Econômica Federal. 70% delas estão em construção e começam a ser entregues em janeiro do próximo ano. Serão mais de R$140 milhões injetados na economia da cidade ao fim dessas obras. Outras 1.986 – com um custo de quase R$130 milhões – estão em análise. Páginas 5 e 6

Fábio Moura

O sonho da casa própria tornou-se realidade para Joana e João, que saíram do aluguel e hoje vivem felizes no Residencial Atalaia, com dignidade e segurança

PARLATÓRIO

ENTREVISTA

Gabriel Sobrinho

Descriminalização da maconha

BRAVA GENTE

Raquel, a fera da Matemática

A produção, a comercialização e o uso da maconha devem ser descriminalizados? O pastor Antônio Júlio Pena, da Igreja Cristã Maranata, é totalmente contra. José Francisco Dinali, indigenista, afirma que sim, e vê a sociedade brasileira “saindo do armário” para discutir um tema até então posto de lado. Página 2

A estudante do IFMG, Raquel Gama Lima Costa, 17 anos, foi selecionada para participar do “The Modern Mathematics International Summer School for Students”, em Lyon, na França, no período de 20 a 28 de agosto. Conheça a garota prodígio, que é fera em Matemática, na seção Brava Gente. Página 9

EDITORIAL

Desertores da PM querem volta à ativa O ex-terceiro sargento André Gustavo de Almeida Conrado, 43 anos, e o ex-soldado Cleidson Nogueira Martins, 38 anos, são dois dos seis representantes dos desertores que querem voltar a vestir a farda da PMMG. Eles concederam entrevista a este Figueira falando sobre as suas reivindicações. Página 9

O editorial deste Figueira aborda o 9 de julho, um feriado enviesado dos paulistas, em que lembram a Contrarrevolução de 32, quando a oligarquia cafeeira tentou barrar o processo de industrialização, expansão dos direitos trabalhistas e modernização do país, liderado por Vargas. Submissa aos interesses dos banqueiros de Londres, a oligarquia paulista prestou-se a iniciar uma guerra civil. A contê-la, do lado da legalidade, estiveram os jovens mineiros Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves. Página 2


OPINIÃO

Editorial

Copa das Copas Deus é brasileiro, mas temos dois papas vivos: Francisco é argentino, Bento 16 é alemão...

Aberta oficialmente no dia 5 de julho, a campanha para a presidência da República registra 11 candidaturas. Quantidade mediana entre as 22 candidaturas de 1989 e as 6 de 2002. No entanto, a disputa não se dá entre os 11. Como principais confrontantes, estão a belorizontina Dilma Roussef e o belorizontino Aécio Neves, o que faz a frase do escritor Otto Lara Resende, datada do início conflituoso dos anos 60, soar muito atual: Minas está onde sempre esteve. O quadro só confirma o que a História do país registra: os ajustes institucionais, as mudanças de rumos, as respostas às crises, as superações de ciclos históricos no Brasil passam por Minas e, para o bem ou para o mal, dependem de Minas para serem confirmados. Atribui-se ao sociólogo Gilberto Freyre a definição de Minas como o nó do Brasil, o lugar onde este país imenso foi costurado, superando o risco de fragmentar-se em um tanto de países herdeiros da colonização portuguesa. A localização geográfica pode ter ajudado. Bandeirantes paulistas subiram, vaqueiros baianos desceram, as rotas para o ouro e esmeraldas de Goiás e do Mato Grosso passavam aqui, constituindo o que veio a ser Minas. Nas demais regiões brasileiras, Minas é um lugar geográfico pouco definido. Na Amazônia e no Nordeste, Minas é considerada Sul. No Sul do Brasil, a percepção se inverte e Minas é Norte. Ou seja, Minas é Sul e é Norte, a depender de onde é vista pelos demais brasileiros. Isso não ocorre com nenhum outro Estado. Faz lembrar o verso do Fernando Sabino: “Paulo descobriu Minas depois que saiu dela”. Ou Drumond: “Minas é um estado de espírito”. Ah, este editorial é para marcar também o 9 de julho, um feriado enviesado dos paulistas, em que lembram a Contrarrevolução de 32, quando a oligarquia cafeeira tentou barrar o processo de industrialização, expansão dos direitos trabalhistas e modernização do país, liderado por Vargas. Submissa aos interesses dos banqueiros de Londres, a oligarquia paulista prestou-se a iniciar uma guerra civil.

Mas, essa relevância também deve-se ao fato de Minas ter nascido urbana. Diz-se que o teatro de Ouro Preto, em funcionamento, foi o primeiro do continente. Minas demorou mais de cem anos para ter um meio rural ou algo parecido. Agricultores tiveram de ser importados de Portugal, do Minho, e instalados no local que passou a ser chamado de Roça Grande, distrito de Sabará. Por bem mais de um século, Minas dependeu do abastecimento de alimentos pelas estâncias (fazendas) do Rio Grande do Sul. Os tropeiros de Minas desciam até Sorocaba, na época a maior cidade paulista, e lá pagavam em ouro e pedras diversas a carne de charque trazida pelos gaúchos pela trilha dos Kaingang, povo indígena comum aos quatro Estados do Sul, São Paulo incluído. O povo de Sorocaba gostava de apresentar sua cidade como “a divisa de Minas com o Rio Grande”, como se houvesse estabelecida uma linha imaginária a expandir os territórios de Minas e do Rio Grande a ponto de se tocarem ali. Ou seja, ali não era São Paulo, desmentindo o mapa. O fato de ter nascido urbana fez toda a diferença, mas além disso a atividade da mineração e, em decorrência, a ourivesaria exigiram mão-de-obra especializada de judeus, geraram tolerância com ciganos, aproveitaram índios letrados em lides das cidades, assim como negros alforriados – por esforço próprio ou com ajuda das suas irmandades – puderam contribuir e influenciar, homens e mulheres intelectualizados formaram círculos de relacionamento, estudo e criação. O espaço urbano com a sua inquietude própria dava flexibilidade às relações e admitia uma certa mobilidade social incomum ao restante do Brasil dos engenhos de cana, das estâncias de charque, e posteriormente das fazendas de café. O registro de Minas é todo urbano Mariana, Ouro Preto, Sabará, Congonhas, São João Del Rey, Tiradentes, Diamantina, Serro entre muitas – na época em que os ofícios ligados à mineração, a ourivesaria em especial, exigiam serviços especializados de estrangeiros, que ao serem tolerados por serem portadores de conhecimento específico, traziam modos cosmopolitas e renovação do pensamento. Podem estar aí as razões para Minas gerar líderes e oferecê-los ao país. Urbanidade de berço. Ah, este editorial é para marcar também o 9 de julho, um feriado enviesado dos paulistas, em que lembram a Contrarrevolução de 32, quando a oligarquia cafeeira tentou barrar o processo de industrialização, expansão dos direitos trabalhistas e modernização do país, liderado por Vargas. Submissa aos interesses dos banqueiros de Londres, a oligarquia paulista prestou-se a iniciar uma guerra civil. A contê-la, do lado da legalidade, estiveram os jovens mineiros Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves. Urbanidade, garantia de direitos e soberania nacional serão critérios do monitoramento que este Figueira fará do processo eleitoral, já em andamento.

Expediente Jornal Figueira, editado por Editora Figueira. CNPJ 20.228.693/0001-83 Av. Minas Gerais, 700/601 Centro - CEP 35.010-151 Governador Valadares MG - Telefone (33) 3022.1813 E-mail redacao.figueira@gmail.com

São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica.

Diretor de Redação Alpiniano Silva Filho Conselho Administrativo Alpiniano Silva Filho MG 09324 JP Áurea Nardely de M. Borges MG 02464 JP Jaider Batista da Silva MTb ES 482 Ombudsman José Carlos Aragão Reg. 00005IL-ES Diretor de Assuntos Jurídicos Schinyder Exupéry Cardozo Diretora Comercial Leila Fernandes

FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 13 de julho de 2014

Tim Filho

Minas está onde sempre esteve

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Conselho Editorial Aroldo de Paula Andrade Áurea Nardely de Magalhães Borges Edvaldo Soares dos Santos Enio Paulo Silva Jaider Batista da Silva João Bosco Pereira Alves Lúcia Alves Fraga Regina Cele Castro Alves Sander Justino Neves Sueli Siqueira Artigos assinados não refletem a opinião do jornal

Parlatório A produção, a comercialização e o uso da maconha devem ser descriminalizados?

Debate evitado por causa do jogo de interesses SIM

Francisco José Dinali

A discussão não é nova, vem de longa data, mas, depois do arroubo de vanguardia do Uruguai, com uma guinada inesperada na política relacionada ao uso da Cannabis, a opinião pública brasileira, pautada pela inércia em discutir assuntos ‘espinhosos’, resolveu sair do armário, atiçando o debate por muito protelado e sempre envolto em nebulosos jogos de interesse. Nem é novidade tão vanguardista assim essa mudança de paradigma, já que iniciativas muito similares têm sido levadas a cabo há décadas em outras plagas, vinculadas, na maioria das vezes à abertura para uma chamada política de ‘redução de danos’.

Ora...é novidade para alguém que, no século XIX, a indústria têxtil (algodoeira) inglesa começou a ser duramente desafiada pela sua concorrente canhamosa e justamente daí vieram as primeiras leis proibicionistas à erva totonha? Ainda pairam dúvidas sobre a necessidade dos EUA em manter um perene aparato de guerra em movimento para sua manutenção como Estado hegemônico?

Na maior parte do mundo, contudo, o cultivo, a venda e o consumo da maconha continuam proibidos, variando apenas o rigor com que essa proibição é aplicada à sociedade. “Liberado” mesmo, só em poucos lugares: Coréia do Norte, Bangladesh, Holanda (venda apenas nos coffee shops) e agora no Uruguai. Seria muito fácil cair no discurso comum (a favor ou contra a legalização da erva) citando os argumentos de

sempre, vincados pelo costumeiro e simplista dualismo: faz mal/não faz mal; vicia/não vicia; leva a outras drogas/não leva; vai render divisas ao Estado/vai exaurir o Estado...e esses outros mil temas sem acordo possível nas batalhas ideológicas dos egos inflamados, nas quais, de uma hora pra outra, todo mundo é ‘otoridade’ no assunto. Prefiro levar a discussão para outro lado: o dos monopólios! Como no Brasil, discurso ‘intelectual’ é discurso coxinha, centrado no “desenvolvimento econômico”, questiono: até quando ficaremos atrelados a um rol de proibições originadas ainda no século XIX, quando as leis foram moldadas e exportadas (à força, muitas vezes) para atender interesses de uma indústria de consumo que se firmava na Europa, custeada justamente na manipulação dos povos fora daquele continente? Ora...é novidade para alguém que, no século XIX, a indústria têxtil (algodoeira) inglesa começou a ser duramente desafiada pela sua concorrente canhamosa e justamente daí vieram as primeiras leis proibicionistas à erva totonha? Ainda pairam dúvidas sobre a necessidade dos EUA em manter um perene aparato de guerra em movimento para sua manutenção como Estado hegemônico? Alguém ainda se lembra do fato que a “Guerra às Drogas” do Reagan surgiu justamente quando não havia guerra declarada lá contra ninguém e quando a chamada Guerra Fria chegava ao fim, demandando muito pouca mobilização de capital então? Não sejamos ingênuos! Falar da legalização é muito mais que falar da legalização. É falar de soberania dos povos. Aliás: esses povos não deveriam ser ouvidos para a construção daquilo que os regulamenta? Plebiscito já! Francisco José Gonçalves Gomes Dinali é indigenista da FUNAI e músico.

É ilusório buscar nas drogas alegria e paz NÃO

Antônio Júlio Pena

Não, de forma alguma. Não considero legalizar nem descriminalizar o uso ou comércio de qualquer droga, muito menos da maconha. Na nossa igreja, orientamos não só os nossos jovens como a todos os membros, a buscarem a Deus através de Jesus, que pelo seu Espírito Santo enche os nossos corações da verdadeira paz e alegria, suprindo assim, todo o anseio da nossa alma, sem que haja necessidade de nenhum artifício para se viver nessa vida. E, sobretudo, em Jesus temos a certeza da verdadeira vida, ou seja, a Vida. É claro que existem vários argumentos contrários ao uso de drogas que li recentemente e quero listar: a) Consumidores de substâncias psicoativas podem causar danos e sofrimento a outras pessoas; b) O uso das drogas provoca aumento nos gastos com a saúde pública; c) Os usuários de drogas são menos produtivos e têm maior chance de morte prematura; d) Os usuários dessas substâncias devem ser protegidos deles mesmos, à medida que eles atuam de forma autodestrutiva; e) O consumo das drogas é “contagioso”, ou seja, indivíduos usuários podem “convencer” outros a experimentá-las. Concordo com todos estes argumentos. Sempre me posicionei contra o uso de qualquer droga como também de fumo (cigarro), bebida alcoólica e outros, porque é do conhecimento de todos os malefícios que elas causam ao ser humano e à sociedade como um todo.

Recentemente, tomei conhecimento que o termo “legalização” é, muitas vezes, utilizado com abrangências diferentes. E que, para alguns, significa a descriminalização da posse e do consumo de substâncias como a maconha, enquanto a comercialização e a distribuição continuam sendo consideradas ilegais. Outras pessoas entendem que significa uma ampla descriminalização das drogas, supondo a posse, a venda e a distribuição legais, mas sob leis reguladoras e fiscalizadoras do comércio e da distribuição. Para outros, ainda, poderia significar uma mais ampla descriminalização, sem qualquer lei reguladora da posse e do comércio das drogas.

A Igreja Cristã Maranata muito tem feito para orientar não apenas os seus membros como também os que pensam em seguir o caminho das drogas. Geralmente, essas pessoas buscam nas drogas um estado de euforia, alegria, de paz.

Todo esse quadro pressupõe uma série de malefícios ao ser humano e degradação social. A Igreja Cristã Maranata muito tem feito para orientar não apenas os seus membros como também os que pensam em seguir o caminho das drogas. Geralmente, essas pessoas buscam nas drogas um estado de euforia, alegria, de paz. Mas sabemos que a paz e a alegria são encontradas na palavra de Deus. É isso que fazemos.

Antônio Júlio Pena é empresário lojista, pastor e coordenador da Igreja Cristã Maranata em Governador Valadares.


CIDADANIA & POLÍTICA

Assim como todos os brasileiros, estou muito, muito triste com a derrota. Sinto imensamente por todos nós, torcedores, e pelos nossos jogadores. Mas, não vamos nos deixar alquebrar. Brasil, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima.”

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FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 13 de julho de 2014

Sacudindo a Figueira A figueira precipita na flor o próprio fruto Rainer Maria Rilke / Elegias de Duino

Presidenta Dilma Rousseff no Twitter em 8 de julho.

Licença

Edvaldo Soares dos Santos, candidato do PMDB a uma vaga na Assembleia Legislativa, pediu licença da presidência do Esporte Clube Democrata, obedecendo a legislação eleitoral e para dedicarse integralmente à sua campanha. Quem assumiu o comando da Pantera foi Edvaldo Filho, o Pimpo. Edvaldo, o pai, também pediu licença do cargo de presidente da Associação Civil GV Sem Fome.

Gastos de campanha

As postagens no perfil de Paulo de Tarso Machado no Facebook têm rendido muitos comentários dos internautas. Paulo, que além de corretor de seguros e cronista esportivo, também é comentarista político, tem tido grande audiência no Face. Uma postagem que rendeu muitos comentários foi esta, cuja fonte é o TSE. LIMITE DE GASTOS PREVISTO (R$) POR CANDIDATO A GOVERNADOR EM 2014 André Antonio Alves (PHS) - R$ 10.000.000 Cleide Donária (PCO) - R$ 30.000 Eduardo Ferreira (PSDC) - R$ 1.000.000 Fernando Pimentel (PT) - R$ 42.000.000 Fidélis Alcantara (PSOL) - R$ 300.000 Pimenta da Veiga (PSDB) - R$ 60.000.000 Tarcísio Delgado (PSB) - R$ 0 Túlio Lopes (PCB) - R$ 500.000.00

Torcendo pela Argentina E para fazer “média” com as famílias argentinas Zonis e Cuattrin (radicadas em Valadares há vários anos), Paulo de Tarso disse que na grande final da Copa das Copas vai torcer pelos hermanos.Claro, houve quem discordasse, aliás, a maioria dos brasileiros viraram “alemães” da noite para o dia.

Brasil real! Passada a euforia com a possibilidade do hexa, articulistas de diferentes matizes ideológicos falam agora em “discutir o Brasil real”, como se isso fosse a base dos debates nos períodos eleitorais. Quem dera? Ao contrário, o que a grande maioria dos candidatos fazem é fugir do debate do “Brasil real”. Todo o discurso, seja da situação ou da oposição, é baseado em pesquisas que determinam o que e como falar aquilo que o eleitor quer ouvir. Então, só mesmo com muita, muita informação será possível ao eleitor saber sobre o Brasil real. E não será nas “redes de esgoto sociais” que ele a encontrará.

cada um dos slogans sobre a copa, mudava-se a posição soabre a influência dela sobre as eleições. Primeiro, o desastre da copa feriria de morte a reeleição de Dilma Roussef. Depois, pouca ou nenhuma importância teria sobre as eleições... até que veio novo resultado de pesquisa e... com o crescimento da presidenta, a copa passou a ser a motivação. E as pesquisas que antes serviam para mostrar o quanto o povo estava insatisfeito com o governo passaram, de repente, a ser apenas “um retrato, um instantâneo, motivado pelo bom humor do brasileiro com a Copa ”. Agora, é aguardar a próxima rodada de pesquisas, e mais uma , e mais outra, até as eleições. Enquanto isso, dê Chico ou dê Francisco, sempre haverá análises para todos os gostos e simpatias.

Copa X Eleição

E por falar em Dilma

Primeiro, o #imagina na Copa. Depois, o #não vai ter Copa. Já que teve, está tendo, veio o #Copa comprada e, agora, depois da derrota vexatória, o #Copa vendida. Ao mesmo tempo, paralelo a

Confirmada a sua participação ao final da Copa, quando entregará a taça ao campeão, a presidenta declara que “vaias fazem parte”. Mas deve estar aliviada em ter fazer isto num estádio cheio de argentinos e alemães.

GShow

Seleção humilhada Não foi apenas a Seleção Brasileira que foi humilhada nesta Copa. Muita gente que estava “nervosinha” teve de tomar calmante e engolir a língua. Foi o caso do comentarista Jorge Kajuru. Ele havia dito que “esta Copa já está comprada e se o Brasil não ganhar a Copa eu nunca mais comento futebol”. Depois dessa, Kajuru virou piada na internet, com uma montagem na qual ele aparece como morador de rua, dizendo: “Eu tava de zoa, pessoal”.

Comissão técnica humilhada

Luiz Felipe Scolari e Wladimir Palombo. O verdadeiro e o genérico

José Trajano, jornalista da ESPN Brasil, disse que a Comissão Técnica da Seleção Brasileira é arrogante e nefasta. Durante o programa ‘Linha de Passe na Copa’, Trajano analisou e criticou a entrevista coletiva de comissão técnica da seleção brasileira, realizada na Granja Comary. Para ele, faltou dignidade e maturidade para Felipão assumir o erro e o fracasso ao comandar o Brasil nessa Copa do Mundo. Trajano se demonstrou bastante insatisfeito e, para ele, foi uma ‘falta de vergonha na cara’ por tratarem o 7 a 1 como se fosse um resultado normal.

Hexa no inferno

Cartoon postado por Maria Irene Zonis no Facebook

Conhecido pelo azedume nos seus comentários, o jornalista Mauro Cezar Pereira, também da ESPN Brasil, disse que Felipão mandou o hexa para o inferno. “Ele e sua trupe são os grandes vilões desta Copa”.

Sósia poderia assumir a “responsa” O mico do ano não foi de Felipão, muito menos da nossa Seleção. Foi do consagrado jornalísta Mario Sergio Conti, que entrevistou o ator Wladimir Palombo, sósia do técnico Luiz Felipe Scolari, julgando que se tratava do técnico. A entrevista aconteceu dentro de um avião na ponte aérea Rio-São Paulo, em 18 de junho. No voo também estava outro ator, sósia de Neymar. Agora, neste momento difícil da Seleção Brasileira, quando a Comissão Técnica tenta de todas as formas se esquivar das entrevistas, Felipão bem que podia escalar seu sósia para representá-lo. Mas, quem seria o jornalista deste Brasil a estar presente numa coletiva dessas, com um sósia? Resposta simples, curta e direta: Mario Sérgio Conti.

Domingo é dia de quinquilharias na Praça Júlio Soares Divulgação

Do velho ferro de brasa ao moderno ferro elétrico, as quinquilharias são vendidas ou trocadas na praça, todos os domingos pela manhã

Feira foi idealizada por um grupo de amigos como forma de movimentar a Praça da Ilha e proporcionar negócios inusitados Todos os domingos, das 9h ao meio-dia, os valadarenses têm uma opção diferente de lazer: comprar, vender ou trocar suas quinquilharias na Praça Júlio Soares, a “Praça da Ilha”. É “Domingo da Quinquilharia”, que “começou depois de uma conversa entre amigos”, diz uma das organizadoras, a estudante de Letras e produtora cultural Mônica Coelho. A intenção do grupo, segundo Mônica, era proporcionar aos valadarenses um domingo agradável na praça, e com algo mais, ou seja, “sem ser apenas um domingo com uma feirinha de artesanato e pula-pula para a criançada. No Domingo da Quinquilharia, qualquer pessoa pode participar desde que não trabalhe com artesanato. Para participar, basta ir à praça no domingo e expor os produtos e objetos que tem em casa: livros, CDs, discos de vinil, antiquários, coleções, movéis, roupas, enfim, quinquilharias. Mônica diz que o que mais se vende são os discos de vinil e as peças antigas, como os aparelhos de rádio, relógios, aparelhos de telefone. Além de vender, o expositor também pode fazer trocas. A feira tem o apoio da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer.


GERAL 4

O viaduto que podia ter estragado a Copa do Mundo

FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 13 de julho de 2014

O desabamento do Viaduto Batalha dos Guararapes provocou duas mortes e 19 feridos. E, se o viaduto caísse em cima do ônibus da seleção da Argentina ou de uma das outras que passaram naquele local fatídico? José Peixe

José Peixe / Repórter

A tarde de quinta-feira, 3 de julho, ficará assinalada na história de Belo Horizonte, como uma das mais tristes dos últimos tempos. O desabamento do Viaduto Batalha dos Guararapes, na Avenida Dom Pedro I, que faz a ligação entre o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, e o Estádio do Mineirão, provocou duas mortes e 19 feridos. E, se o viaduto caísse em cima do ônibus da seleção da Argentina ou de uma das outras que passaram naquele local fatídico? Passados cinco dias da queda do viaduto, os moradores das proximidades daquele lugar fatídico ainda vivem momentos de grande sobressalto e ansiedade. É que, apesar de contarem com o apoio direto dos bombeiros e especialistas da defesa civil, a demolição do concreto e a retirada de entulhos faz daquele local um ambiente caótico e barulhento. Alguns edifícios, por causa dos trabalhos de demolição do viaduto e do carregamento dos entulhos, tremem com o funcionamento frenético das máquinas de grande porte. “Já não bastasse a situação dramática que vivemos na quinta-feira à tarde e agora ainda temos que suportar todo este barulho, pó que não acaba A demolição do que restou do viaduto está sendo feita em uma operação cuidadosa, para evitar mais transtornos aos moradores do entorno da área do acidente nunca e as casas que chegam a tremer em alguns momentos por causa do funcionamento teceu podia ter sido muito pior. Se o viaduto caísse cia Regional de Venda Nova, já foram ouvi- Presidente Dilma exige das máquinas”, afirma Artur Ferreira, um mora- em cima de vários ônibus carregados de passagei- das mais de 20 pessoas. Entre elas algumas responsabilidades à Prefeitura ros e em hora de ponta seria uma tragédia de di- pessoas que ficaram feridas, testemunhas dor daquela região. “Estamos indignados. Pagamos impostos mensões terríveis”, esclareceu Diamantino Castro. oculares, engenheiros e operários da empresa A Presidente Dilma Rousseff também não Recordemos que na altura em que o viadu- responsável pela obra e que se recusaram a ficou indiferente ao que se passou em Belo Hoelevados para fazerem uma obra só para os estrangeiros verem. É inadmissível que um desas- to ruiu, ficaram soterrados quatro veículos. Dois prestar declarações aos jornalistas presentes rizonte e decidiu fazer alguns comentários sobre tre destes ocorra numa altura em que passam caminhões, um automóvel e um miniônibus di- no local. o desabamento do viaduto Batalha dos GuararaTambém apuramos que a Polícia Civil pediu pes, que ligava as avenidas Olímpio Mourão Fiaqui milhares de veículos todos os dias. Como rigido por Hanna Cristina dos Santos, 25 anos, a colaboração de diversos especialistas que es- lho à Dom Pedro I, no Bairro São João Batista. “A é isto possível?”, questiona indignada Eliandra que foi uma das vítimas. O viaduto Batalha dos Guararapes fica relati- tão no local desde a tarde em que caiu o via- Prefeitura de Belo Horizonte é responsável pela Abreu, que viu o desabamento do viaduto. Para o repórter fotográfico André Brant, do vamente próximo da nova Estação da Pampulha duto. O engenheiro Frederico Correia, um dos execução da obra do viaduto e também pela fisjornal “Hoje em Dia”, o desabamento do viaduto e a cerca de cinco quilômetros do Estádio do Mi- peritos destacados pelo Instituto Brasileiro de calização da empresa que foi contratada”, afiraté podia ter originado uma tragédia brutal. “A neirão, que recebeu a semifinal entre a Alemanha Avaliações de Perícias de Engenharia – IBAPE mou a presidente. seleção da Argentina, a do Brasil e outras pas- e o Brasil e mais quatro jogos da primeira fase da Minas Gerais, disse à nossa reportagem que Numa conversa com internautas em uma “estamos perante um acidente inusitado e que rede social, na manhã de segunda-feira, Dilma saram por baixo deste viaduto. Imaginemos que Copa do Mundo. Na segunda-feira, ao final do dia, o Sindicato merece uma peritagem exemplar, porque na re- Rousseff disse ainda o seguinte: “O governo feele tivesse caído em cima de um ônibus desses. Imaginemos que toda a seleção da Argentina de Trabalhadores organizou uma manifestação alidade o que aconteceu é muito inquietante e deral aguarda que a Prefeitura nos entregue os - técnicos e dirigentes - tivesse ficado debaixo próxima do local da demolição do viaduto e as pode manchar os especialistas na área das en- laudos periciais sobre as razões que levaram à deste viaduto. Podia ter acontecido. Isso seria palavras de ordem eram as seguintes: “Estamos genharias”. queda do viaduto”. “Um dos pilares, que tinha sete metros de um escândalo mundial e levaria ao encerramen- indignados. Pagamos impostos para fazerem Para o coronel Alexandre Lucas, coordenador uma obra só para gringo ver. Não tem condições altura quase que fundeou seis metros e meio e da Defesa Civil de Minas Gerais, a liberação da to da Copa do Mundo”. “O que aconteceu é muito grave e dá uma um viaduto desses cair em um lugar onde passam de forma linear. Isto para nós é um caso úni- Avenida Dom Pedro I não deverá acontecer nas péssima imagem da engenharia brasileira milhares de trabalhadores diariamente. É um di- co. Nunca tinha visto algo semelhante. Por isso próximas 48 horas. E explica por que: “Existe uma além-fronteiras. Os peritos especializados de- nheiro suado da população que está em causa. É mesmo, nós estamos empenhados em descobrir grande quantidade de entulhos para recolher e quais foram as verdadeiras causas que levaram à isso vai ser demorado”. vem fazer uma avaliação rigorosa e científica a imagem do Brasil que fica manchada”. O estudante Otávio dos Reis, 20 anos, mo- queda do viaduto”, explicou Frederico Correia. do que aconteceu e a Justiça deverá punir os Mas, não são apenas os entulhos que vão Na altura em que abandonamos o local da dificultar a reabertura da Avenida Dom Pedro I responsáveis por esta tragédia que vitimou tra- rador no bairro São João Batista, diz que “é balhadores inocentes”, afirmou à reportagem necessário que a população, especialmente os tragédia, ficaram três rompedores hidráulicos ao tráfego rodoviário. “Além do trabalho de demoradores desta região, se mobilize e proteste, a quebrar a estrutura que estava sobre a pista molir o viaduto que caiu e da retirada dos entudo “Figueira”, André Brant. Já Vitalina Freitas, uma trabalhadora de um porque esta tragédia só evidencia o mau uso do (até às 22 horas para permitir o descanso dos lhos, vão ter que ser feitos alguns reparos no asmoradores). Uma retroescavadora recolhia os falto da via porque ele foi danificado”, afirmou pequeno comércio situado na Avenida Dom Pe- dinheiro público”. “É importante que se faça uma peritagem entulhos que eram carregados em caminhões. o coronel Alexandre Lucas. dro I, considera que “todos os outros viadutos que foram feitos pela mesma construtora devem séria, rigorosa e isenta de modo a apurar os res- Um operário que solicitou o anonimato afianSobre as investigações que estão a decorrer e ser fiscalizados por engenheiros especialistas, ponsáveis por tudo isto. É uma vergonha para a çou-nos que 75% do viaduto já se encontram o auxílio aos moradores do Bairro São João Batista, porque da forma como as obras foram feitas e engenharia brasileira!”, afirmou à nossa repor- demolidos. o coordenador da Defesa Civil foi muito claro e obA seleção alemã, que chegou ao aeropor- jetivo: “Estão no terreno dezenas de investigadodepois do que se passou, não dá para deixar os tagem Cristina Medeiros, 32 anos. to Tancredo Neves, em Confins, e que também res especializados e não tenho dúvidas em afirmar cidadãos tranquilos de jeito nenhum”. passaria por baixo do viaduto em circunstâncias que as peritagens vão ser rigorosas e isentas. Em Um dia depois da queda do viaduto, o pre- IBAPE promete uma perícia exemplar normais, foi obrigada a fazer desvios até ao ho- relação ao apoio aos moradores aqui da região, feito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, admitiu As investigações foram iniciadas. Segun- tel onde ficou hospedada, por causa dos traba- nós estamos aqui para lhes dar todo o auxílio de publicamente que a tragédia ocorrida na zona norte da capital de Minas Gerais, foi provocada do o delegado da Polícia Civil da 3.ª Delega- lhos de demolição. que necessitarem. É essa a nossa missão”. por um erro de engenharia. José Peixe Márcio Lacerda, que também é engenheiro, esclareceu que “depois de se concluírem todas as investigações levadas a cabo por técnicos especializados, vai descobrir-se algum erro de engenharia, seja do projeto efetuado, seja da própria construção do próprio viaduto”. O viaduto ainda estava em obras, ou seja, não estava aberto ao tráfego e não tinha sido entregue à Prefeitura. “Por isso, nós iremos prestar todo o apoio aos familiares das vítimas neste momento e esperar que sejam feitas as perícias e o inquérito judicial, no sentido de se apurar responsabilidades”, disse o prefeito Márcio Lacerda. A tragédia ainda podia ter sido pior Para o operário de construção civil Márcio de Oliveira “a maioria das obras que foram feitas para a Copa, na cidade de Belo Horizonte e regiões metropolitanas não oferecem muitas garantias porque os projetos foram feitos de forma acelerada, não se fizeram fiscalizações rigorosas no decorrer dos trabalhos e depois acontecem acidentes desta envergadura”. “Nesta avenida passam milhares de veículos diariamente a caminho do aeroporto de Confins. E nos dias dos jogos e nas horas de ponta, o tráfego na Avenida Dom Pedro I é alucinante. O que acon-

A equipe que investiga as causas do acidente tem trabalhado com cuidado para elucidar o que é considerado inusitado e inquietante


METROPOLITANO

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FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 13 de julho de 2014

Notícias do Poder José Marcelo / De Brasília

Rafael Ribeiro - CBF

Mais recesso?

Perdemos, e agora? A equipe de campanha da presidente Dilma Rousseff estava preparada para uma derrota para a Alemanha, mas uma derrota honrada. E o discurso estava pronto: “fomos até onde deu para ir e fizemos uma boa Copa”. Até peças publicitárias estavam sendo planejadas para surfar na onda da Copa, apesar da possível desclassificação das finais. O problema foi o sete a um. Um grupo de assessores acredita que dificilmente o eleitor vai descontar a decepção nas urnas, contra a presidente, mas há uma parcela mais assustada.

Mal voltaram de um recesso branco, por causa da Copa, deputados e senadores já fecharam acordo para concentrar todas as votações importantes entre os dias 15 e 17. Depois desse período, tiram novo recesso e só voltam ao Congresso em agosto. Tudo sem nenhum desconto nos mais de R$ 26 mil que recebem de salário, mais a verba de gabinete.

Faz de conta

Cautela

Ainda que voltem em agosto, a retomada dos trabalhos no Congresso vai ser apenas de faz de conta, de mentirinha mesmo. É que o país entra definitivamente em período eleitoral e a maioria absoluta dos parlamentares são candidatos à reeleição ou a cargos no Executivo. Já ficou acertado que não haverá votações em plenário até o dia da eleição. Enquanto isso, tudo que tiver de ser decidido terá de ser feito nas comissões técnicas.

A parcela mais assustada e cautelosa chegou a recomendar que o governo destaque o sucesso da Copa, mas sem euforia, deixando a poeira baixar para só depois tentar capitalizar em cima.

Mas, a mídia... Os deputados e os senadores não querem vir a Brasília para sessões deliberativas, mas fazem questão de vir usufruir o que Câmara e Senado têm a oferecer para divulgá-los para o eleitorado. Já estão acertando uma espécie de escala para fazer discursos no plenário vazio, apenas para as transmissões ao vivo das TVs Câmara e Senado. Com passagens aéreas pagas pelo contribuinte, é claro.

Não adianta Deu pra trás Para evitar ainda mais atrito com o PMDB, a equipe de marqueteiros da presidente Dilma Rousseff recomendou e o PT aceitou: não registrou no programa dela a meta de controle social da mídia. É que a ideia repercutiu muito mal entre os peemedebistas que já estavam descontentes com o casamento forçado e por conveniência ameaçavam boicotar a campanha. Mas, é preciso ficar claro: pode não estar registrado, mas ainda é meta.

Saiu mal Os ministros do Supremo Tribunal Federal ficaram estarrecidos com a forma que o ministro Joaquim Barbosa deixou a Casa, depois de se aposentar. Entre os mais estupefatos está o ministro Marco Aurélio Mello. É que além de não se despedir dos colegas, que seria um ato de cortesia, Barbosa não teria fechado o balanço do semestre, o que seria cumprimento da tarefa. Por ser o decano do STF, sobrou para Marco Aurélio.

Na avaliação do professor Antônio Flávio Testa, um dos mais importantes cientistas políticos do Brasil, quem tentar surfar na onda da Copa vai dar é com os burros na água. A oposição, porque falou mal de um evento que foi sucesso e agradou a todo o mundo, como pode ser visto na imprensa internacional. O governo, segundo Testa, também não pode se vangloriar, porque as coisas até funcionaram bem, mas o sucesso, mesmo, foi a simpatia dos brasileiros com os turistas.

Quatro anos Um empolgado parlamentar evangélico, que pediu para não ter a identidade revelada, disse que entre os pastores e parlamentares da bancada que mais cresce no Congresso, fica evidente que o pastor Everaldo (PSC) vai incomodar nas eleições, mas que todos sabem que ele não tem condições de ser eleito. O que todos juram, segundo este parlamentar, é que o próximo presidente será pastor, eleito pelos evangélicos, com apoio dos conservadores de outros partidos. José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia e apresentador da edição nacional do Jogo do Poder, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília.

Corpo de Bombeiros amplia atuação na cidade Gabriel Sobrinho

Gabriel Sobrinho / Repórter Com 26 bairros e aproximadamente 60 mil habitantes, a Região da Ibituruna conta há sete meses com atendimento rápido do Corpo de Bombeiros. Em área anexa ao CRAS do bairro São Raimundo, que durante muito tempo esteve abandonada, foi instalado o Pelotão Ibituruna com 16 homens operacionais distribuídos em quatro turnos. No mesmo local, funciona também a Companhia Escolar do Corpo de Bombeiros com cerca de 50 alunos, que estão sendo preparados para assumir o posto de soldados na cidade. O Pelotão já está trabalhando pra valer, mas a inauguração oficial da sede está marcada para o dia 20 de agosto. “Atravessar a ponte do São Raimundo em horário de pico, por exemplo, não é fácil. Com o Pelotão Ibituruna, o reflexo desse avanço será sentido também do lado de cá da ponte. O tempo que tomávamos atendendo a uma ocorrência do lado de lá, podemos direcionar para outra demanda”, afirma o subcomandante capitão Alexandre Carlos de Oliveira. A vizinhança do Pelotão sente a diferença. Bastou os bombeiros chegarem para mudar a cara e a rotina da região. Dona Augusta de Oliveira, 56 anos, mora no bairro há 20 anos. Ela lembra que desde a desativação dos galpões utilizados pela Prefeitura, acontecia de tudo no local: “Fico até com vergonha de falar o que eu já vi por aqui. Coisas horríveis. Passamos por maus bocados aqui. Tráfico e consumo de drogas, prostituição, tinha de tudo. Hoje, graças a Deus, temos segurança. Em algumas casas aqui por perto o aluguel ficou até mais valorizado. Com o movimento de 24 horas dos militares, os infratores sumiram daqui. Sem contar o benefício de sermos atendidos com maior rapidez nos acidentes e mesmo nas queimadas na Ibituruna”, completa a dona de casa. Crescimento, agilidade e qualidade no atendimento. É como o tenente coronel Silvane Givisiez, comandante do 6º Batalhão de Bombeiro Militar

Os bombeiros do pelotão localizado no antigo Centro de Bairros São Raimundo estão sempre a postos para atender as ocorrências dos bairros da Região da Ibituruna

de Governador Valadares, define as prioridades. Na prática, já é possível ver o avanço das atividades da corporação na cidade. Uma nova sede do Batalhão já está em pauta discussão. A área do imóvel, doada pela Prefeitura em 2010, é de 12,6 mil metros quadrados no bairro Cidade Nova, e foi cercada em toda a sua extensão com a ajuda da Vale. Em umas das regiões de maior crescimento da cidade, a nova sede do Batalhão estará próxima ao Anel Rodoviário que liga as BRs 116, 381 e 259, facilitando o atendimento a mais de 200 cidades de sua abrangência e responsabilidade. O projeto da nova sede no Bairro Cidade Nova já está pronto, pois a estrutura é padrão. Todas as unidades do Estado seguem a mesma linha de planejamento. Porém, os recursos para a realização das obras ainda não estão disponí-

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veis para o Batalhão de Valadares. Depois que o novo quartel ficar pronto, a idéia é que a unidade da Rua São Paulo permaneça com a mesma estrutura, porém com uma demanda menor de trabalho. A atual sede serviria como um ponto de apoio para os atendimentos na região central da cidade e os bairros próximos. Mas, o comandante deixa bem claro que “a prioridade agora é redobrar as atenções para o Pelotão Ibituruna, deixando a sede totalmente equipada e preparada para o atendimento de qualidade para aquela região”. Apesar de antiga, a atual sede na rua São Paulo está totalmente reformada e adequada para os padrões de qualidade da corporação. Desde as instalações físicas aos materiais de trabalho, tudo por aqui está novo. O Batalhão que

antes trabalhava com número limitado de veículos de atuação. Era uma unidade de resgates, um caminhão bomba (água) e uma caminhonete, agora já tem à disposição quatro veículos para cada um desses segmentos de atuação. “Hoje, podemos oferecer ao cidadão valadarense maior sensação de segurança e agilidade nos atendimentos. Uma novidade boa para a cidade será a instalação do 5º Comando Operacional de Bombeiros, na RISP. Ainda estamos terminando de desenvolver o projeto. Cidades como Belo Horizonte, Juiz de Fora, Uberlândia e Montes Claros já possuem o COB. Com ele, teremos a vinda de um coronel bombeiro para a cidade. Em pouco tempo, teremos uma organização bem avançada para atender Valadares e a região”, declara o tenente coronel Givisiez.

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FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 13 de julho de 2014

Fábio Moura

No dia da entrega das chaves das casas do Residencial Vitória, as famílias contempladas estavam ansiosas, afinal, o momento era o último ato da realização do sonho da casa própria

A casa é sua

Famílias realizam o sonho da casa própria depois de longos anos de espera

Obrigada, Senhor, por este chão, por estas janelas, por este teto, por estas chaves... só o Senhor sabe como foi difícil levar esses pouco mais de 62 anos de vida. Não quero mais voltar pro que já vivi lá atrás. Prometo honrar o que me destes e fazer por merecer cada minuto dentro desta casinha.

Maria Helena Moradora do Residencial Vitória

Rapaz, passei trinta anos da minha vida na Vila Ozanan. Criei quatro filhos, criei laços com a o pessoal da comunidade, enfim, estava em casa. De repente, numa madrugada chuvosa, o barranco se encharcou, o muro também e tudo o mais veio abaixo. Mas, sei que é aqui que a minha vida vai recomeçar.

José Casemiro Morador do Residencial Vitória

Fábio Moura / Repórter

“Abre logo, vó! Vai!”. Ela deu pouca ou nenhuma atenção aos berros da neta. Permaneceu imóvel, estática, deslizando os dedos suavemente chave a chave como se buscasse conhecê-las intimamente para que não precisasse mais desviar o olhar da casa para encontrá-la. Forçava os olhos como lhe faltassem óculos para auxiliar na visão. Mas, não buscava enxergar nada. Na verdade, olhava pro nada. Vez ou outra, seu olhar trombava com os de alguns sujeitos perdidos que passavam pela rua. “Sabe onde fica a casa 72, bloco A?”. Balançava a cabeça levemente de um lado para o outro e apenas balbuciava: “aqui é a casa 19”. Dezenove, repetiu por várias vezes bem baixinho, junto à porta. Talvez, por nunca ter tido a responsabilidade de guardar um logradouro ou qualquer outra informação sobre uma casa. Não tinha nada disto até meia hora atrás. “Vó, você não encontrou a chave ainda? São só duas. Me dá isso aqui!”. A neta sacolejava os braços robustos da avó. Tinha quase o seu tamanho, o que não era muito. Pouco mais de um metro e meio. A pele era negra, mas com tonalidades variadas. Um arco mantinha presos os poucos cabelos. Brancos, em sua maioria. O olhar, cansado. As pálpebras se esforçavam para encontrar os bolsões formados abaixo do olho. “Vida sofrida. O cansaço me consumiu...”, desabafava de forma vaga, solta, enquanto deixava de resistir ao movimento intrínseco aos seus olhos. Fechou-o. Logo, mudou o semblante. Parecia enfurecida, enfezada. Mas só parecia mesmo. Aos poucos começou a soltar palavras leves e de agradecimento. “Obrigada, Senhor, por este chão, por estas janelas, por este teto, por estas chaves... só o Senhor sabe como foi difícil levar esses pouco mais de 62 anos de vida. Não quero mais voltar pro que já vivi lá atrás. Prometo honrar o que me destes e fazer por merecer cada minuto dentro desta casinha”, orava em preces um pouco mais altas que o tom ameno dispendido até o momento. Falava com um ser superior que provavelmente a confortou, acalmou a sua ansiedade e a direcionou até ali. Seja lá quem for, arrancou duas tímidas lágrimas daqueles olhos que já brilhavam há um tempo. E deve ser um lugar pra onde ninguém quer voltar mesmo. Desde que perdeu o seu marido num acidente, Maria Helena pulava de casa em casa sem conseguir cumprir com a quantia do aluguel ao fim do mês. Os trocados do Bolsa Família e das faxinas que ela fazia vez ou outra davam apenas pra alimentar as seis bocas que dependiam dela e para comprar alguns remédios para a filha depressiva. Geílson Batista, gerente de Intervenções Urbanas do Departamento de Habitação da Prefeitura Municipal, a encontrou com a sua filha e mais quatro netas em uma ocupação irregular na região do Pastoril. Elas se abrigavam em um cubículo de madeira, coberto por uma lona frágil e com alguns remendos. No centro, um fogão a lenha preparava uma refeição modesta. Pratos servidos e estômagos parcialmente satisfeitos, a lenha em cinzas e os tijolos queimados eram retirados dali. Uma neta passava a vassoura, enquanto a outra esticava um pano - pouco mais grosso que um lençol. Pronto! A cozinha dava lugar ao quarto, onde as seis se amontoavam durante a noite. “Banheiro? Isso era no meio do mato mesmo. Todos da região usavam aquele matagal. Era um fedor insuportável”. Se chovesse, então... e se chovesse como no fim do ano passado, o barracão não daria conta. Não deu conta! A casa do José Casemiro também não. “O moço falou comigo que o muro dava conta de segurar o barranco. Confiei nele. Pra quê? Deu nada...”, contava às gargalhadas como se zombasse da sua própria cara por ter confiado no ajudante de pedreiro. O senhor de setenta e poucos anos andava meio curvado, a passos lentos. Falava de forma frouxa, com se lhe faltassem dentes. Acompanhado pela sua “dona”, retirou o chapéu em frente ao

número vinte. “É vinte mesmo, mulher?”. Silenciosamente, testou as chaves, deu duas voltas na fechadura, rodou a maçaneta, pegou-o pela mão e entraram juntos na casa. Ficaram lá por muito tempo. Muito mais do que o necessário para conhecer os dois quartos, a sala, a cozinha e o banheiro, além de dar uma bisbilhotada na área de lavar. Voltou sorrateiramente, deixando-a verificar minuciosamente a rede hidráulica. “Rapaz, passei trinta anos da minha vida na Vila Ozanan. Criei quatro filhos, criei laços com a o pessoal da comunidade, enfim, estava em casa. De repente, numa madrugada chuvosa, o barranco se encharcou, o muro também e tudo o mais veio abaixo. Mas, sei que é aqui que a minha vida vai recomeçar”. Deu pra salvar alguns móveis e boa parte das roupas. Ele e sua dona seguiram pra um abrigo na escola do bairro. De lá foram pulando de casa em casa, buscando um teto provisório com alguns parentes. Pouca coisa ou nada têm em comum José e Maria. Poderiam ser qualquer José ou Maria por aí. Não os tome como personagens que consigam sintetizar o que duas mil famílias passaram até chegar ali, nos residenciais do programa Minha Casa, Minha Vida, em Valadares. Cada um tem uma história diferente, um sofrimento diferente. Uns pelejaram mais, outros menos. Moravam de favor, alugavam barracões em áreas ocupadas irregularmente e/ou instáveis geologicamente, passavam temporadas em puxadinhos na casa de familiares ou nem tinham um teto pra se abrigar. Moravam nas ruas, nas calçadas. Enfim, duas mil famílias que mal tinham pra onde voltar depois de um dia de trabalho ou onde deixar seus filhos, quando não estivessem na escola. Ou, ainda, tinham e perderam tudo de sopetão. José e Maria são, apenas, vizinhos no novo Residencial Vitória. Na casa do lado tem outra história de alguém que já não suporta mais as agruras da vida ou de outro alguém que agora começa a levar a sua própria vida, depois de ter garantido um cantinho. A casa é sua, porque não chega logo? Tudo começa no Mercado Municipal, 1° andar, num puxadinho sobre um boteco - em sua praça central. Logo depois do almoço já tem quem atenda na Associação Habitacional Nova Terra, um braço da União Nacional da Moradia Popular. Mas não é só ir até lá, dar o nome e aguardar a contemplação no programa Minha Casa, Minha Vida. Logo de cara, alguns critérios têm de ser obedecidos: renda familiar de, no máximo, R$ 1.600, sem imóveis em seu nome ou dos seus dependentes – mesmo que oriundo de outro programa habitacional de interesse social -, que residam em Governador Valadares há pelo menos quatro anos e por aí, vai. “Tudo certo!?”. A partir daí, as famílias são direcionadas aos núcleos regionais. São 40, ao todo, espalhados por toda a cidade. Esses grupos reúnem-se mensalmente para orientar as famílias quanto ao direito pela moradia e quanto à regularização da documentação para concorrer à unidade habitacional. As famílias são analisadas uma a uma para que se conheça o perfil, a necessidade e a urgência delas. A participação nas reuniões conta ponto na hora da escolha. O tempo de participação, também. Hoje, quatro mil famílias frequentam assiduamente o movimento. A cada inauguração de novas unidades residenciais na cidade, o Conselho Municipal de Habitação - responsável, entre outras atribuições, por gerir e discutir tudo relativo ao Programa Minha Casa, Minha Vida – divide as unidades disponíveis entre os núcleos, levando-se em consideração o número de famílias atuantes em cada um deles. Ou seja, transfere para a Associação Habitacional Nova Terra a responsabilidade pela gestão


SAÚDE

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FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 13 de julho de 2014 Fábio Moura

e indicação das famílias. Isso, claro, mediante os critérios colocados pelo próprio programa. “Selecionamos as famílias de acordo com o perfil de moradia, também. Aquelas que têm mais de dois filhos vão para as casas. Com menos, para os apartamentos. Mas há variações dentro desses critérios. Há mães solteiras que, autonomamente, costuram em casa e precisam de um espaço para esses equipamentos. Temos, também, carroceiros, pessoas com criações de animais ou, ainda, qualquer coisa incompatível com um apartamento”, relativiza a presidente da Associação Habitacional Nova Terra, Márcia Cristina. “A cada novo residencial, as reuniões pipocam. Foi assim na seleção das famílias para o Vitória há um ano e será assim no segundo semestre, quando selecionaremos as famílias para as casas que estão quase prontas lá no Santa Paula”, explica Márcia Cristina. O Residencial Vitória, com 653 casas, ao qual ela se refere, foi entregue no início deste mês pela Construtora Diretriz em uma cerimônia conjunta de onze cidades de cinco estados, além do Distrito Federal. É o sétimo residencial entregue desde agosto de 2011, aqui. Foram 832 apartamentos nos residenciais Atalaia, Valadares, Vila do Sol 1 e 2; e 1.176 casas nos loteamentos Porto das Canoas, Figueira do Rio Doce e Vitória. Ao todo, 2.008 famílias foram beneficiadas com unidades habitacionais do programa e mais de R$ 96 milhões foram investidos na cidade. Outras 2.173 unidades já foram contratadas na Caixa Econômica Federal. 70% delas estão em construção e começam a ser entregues em janeiro do próximo ano. Serão mais de R$140 milhões injetados na economia da cidade ao fim dessas obras. Outras 1.986 – com um custo de quase R$130 milhões – estão em análise. O secretário municipal de Planejamento, Wellington Moreira, esclarece que o andamento desses projetos está atrelado a uma série de outras intervenções que o município deverá fazer no espaço urbano. “Temos de atender às exigências de meio ambiente, legislação do município, normas técnicas de obras, sistema viário de acesso, escola, postos de saúde, creche e outros equipamentos sociais. Caso não tenha nada disso próximo ao terreno onde será construído o residencial, teremos de construir para viabilizar o projeto”. Grandes terrenos aptos à construção civil nas imediações da zona urbana da cidade também estão escassos. “Ou muito caros, em função da especulação imobiliária”, como conta Otto Oberosler da Construtora Diretriz, responsável por quatro dos sete residenciais já entregues na cidade. “O nosso próximo projeto é de apartamentos, pois assim podemos fazer o mesmo número de unidades em um espaço reduzido. É uma forma de fugirmos desse entrave. Fora isso, boa parte dos terrenos disponíveis na área urbana necessita de interferências que fogem à realidade do montante disponível para a execução das obras”. Entre projetos entregues, contratados e em análise, o programa Minha Casa, Minha Vida tem 6.167 unidades em Governador Valadares. Cerca de um terço dos apartamentos ou casas se encontram em cada uma dessas três etapas. Caso todas as obras se concretizem, ao entregar as mais de seis mil chaves aos novos moradores, o Governo Federal terá gasto R$366 milhões com o programa na cidade. Fora isso, o número de unidades projetadas até o momento está próximo de sanar o déficit habitacional constatado há quatro anos. Mas, que déficit habitacional é este mesmo? Ainda em 2010, a Prefeitura Municipal chegou ao resultado de dois mapeamentos iniciados anos antes no município: o Plano Municipal de Redução de Riscos e o Plano de Habitação de Interesse Social. Junto a eles estavam dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estes estudos, em conjunto, situaram os gestores do município na realidade habitacional de Governador Valadares. 1.600 famílias estavam residindo àquela época em áreas inadequadas ou instáveis geologicamente. A residência de boa parte delas estava próxima a barrancos, encostas ou à margem baixa do Rio Doce. A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros estudaram em detalhe cada região e classificaram as casas em uma gradação entre o muito alto e o baixo risco. Neste levantamento, também buscou-se compreender o que seria mais benéfico social, ambiental e economicamente: remover as famílias ou reurbanizar as áreas de risco. Em caso de reurbanização, novas ruas são abertas, galerias e contenções de terra são construídas, entre outros. Diversas obras desse tipo estão sendo - ou foram - executadas na cidade com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento. Onde algumas famílias habitavam casas condenadas, agora são consideradas residentes de áreas de baixo risco. Na contramão, o município enfrenta variações geológicas e catástrofes – como as chuvas do fim do ano passado – que alteram negativamente o cenário e elevam o número de pessoas em áreas de risco. No caso de remoção, as famílias são encaminhadas aos residenciais do Minha Casa, Minha Vida. 210, no total, já garantiram uma das unidades entregues na cidade. Outro dado extraído desses estudos faz menção ao déficit habitacional no município: 7 mil famílias valadarenses estavam nessa situação em 2010. Como 15% das unidades dos residenciais do programa Minha Casa, Minha Vida são destinadas aos moradores de áreas de risco, restam 85% para responder ao déficit habitacional - com cotas de 3% para idosos e mais 3% para deficientes. É nessa fatia de unidades que os Núcleos Habitacionais focam os seus trabalhos de indicação. Em tese, todas as famílias que já pleitearam uma casa ou apartamento pelo programa serão beneficiadas, já que há pouco mais de quatro mil unidades projetadas e quase quatro milhares de fichas cadastradas na Associação Habitacional Nova Terra. Isso não significa dizer que o déficit habitacional estará sanado ao fim das obras – já que as mazelas econômicas e ambientais que afetam a habitação apresentam variações -, mas o município estará próximo disso.

Maria Helena com a neta, na porta de sua casa nova. Emocionada, ela demorou para acreditar que a casa era dela

famílias contribui com 5% da renda total declarada, ao longo de 10 anos. As taxas variam entre o valor mínimo de R$ 25 mensais e o teto de R$ 80 – para aqueles que têm a renda máxima dessa modalidade do programa. Ou seja, a contribuição das famílias vai de R$ 3.000 a R$ 9.600 ao fim de todas as parcelas. Valor simbólico diante dos R$ 65 mil pagos por casa com o lote de 160 metros quadrados - ou dos R$ 63 mil por apartamento - pelo Governo Federal. Os residenciais formados por apartamentos funcionam no sistema de condomínio fechado, com o controle de fluxo em uma portaria, vigilante noturno, síndico, subsíndico e conselheiros. Pagam taxas por volta de R$ 40 mensais que cobrem, além dos gastos com os funcionários, custos com a iluminação e água comuns a todos os moradores nos espaços de convivência, estacionamentos e corredores. “No início foi muito difícil. Boa parte dos moradores aqui do Residencial Atalaia nunca tinha vivido em apartamento ou convivido em condomínio. Era barulho excessivo pra caminhar no apartamento, pra fazer encontros sociais, pra brincar no pátio, pra tudo. A Polícia aparecia aqui quase sempre pra resolver esses problemas. Hoje, graças a Deus, estamos chegando a um ponto comum e aprendendo a nos organizar”, conta Dona Mocinha. O programa Minha Casa, Minha Vida traz em suas diretrizes o acompanhamento e a orientação social para as famílias que estão sendo inseridas em um novo contexto habitacional. Vale lembrar que algumas dessas pessoas foram removidas – espontaneamente ou não - de suas regiões de referência, não pagavam água ou luz, pois se utilizavam de “gatos”, conviviam em espaços de poder informal e de criminalidade latente. O Projeto de Trabalho Técnico Social (PTTS) deve ser executado em duas etapas: pré-casa e póscasa. Traduzindo em miúdos, as famílias devem receber orientações sobre o convívio social antes de adentrarem no novo contexto e, também, devem ser acompanhadas por agentes ao longo dos primeiros anos. “Temos vários entraves nessa situação. O primeiro é que não há como começar o trabalho com três meses de antecedência, já que as famílias são sorteadas depois disso. Essa relação de pessoas é parte integrante do PTTS que enviaremos para aprovação da Caixa. Depois de analisado, o Projeto é licitado. O que tem sido recorrente com os residenciais de Valadares é o fato das empresas perdedoras entrarem com recursos judiciais quanto ao resultado do processo. Levam-se meses ou até anos para que tudo se resolva em instâncias federais e, enquanto isso, a verba para o PTTS fica travada. O que não quer dizer que não oferecemos um trabalho social a essas famílias. A orientação começa dentro dos Núcleos Habitacionais e se encerra com uma equipe enxuta que disponibilizamos para acompanhar os primeiros passos dos residenciais, estruturar a organização dos condomínios e auxiliar no estabelecimento de regras”, explica o secretário municipal de Planejamento, Wellington Moreira. Já os residenciais compostos por casas não funcionam à parte, ou seja, no formato de condomínio com regras de convivência estabelecidas. São integrados aos bairros que circundam as suas imediações e têm o fluxo livre como o de qualquer rua da cidade. O que incomoda aos moradores aqui não é a convivência com os vizinhos. Essa aparenta ser das mais amigáveis. O que incomoda é a falta de um muro que demarque o limite dos imóveis – em geral com um total de 160 m², onde 42 m² devem são ocupados pela casa. “A malandragem está em qualquer lugar, hoje. Não posso me dar ao luxo de ficar exposta dessa forma. Aí a gente constrói do jeito que dá. Aqui, você pode ver alguns muros com tijolos, apenas; outros com reboco; ou só com algumas madeiras e tapumes mesmo. E não são poucas casas assim, como você pode ver. Com isso, o residencial ganha um aspecto de favela, feio e todo remendado”, desabafa Dona Eugênia, moradora do Residencial Figueira. Hoje, em Governador Valadares, são 1.176 casas nessa situação. Todas aquelas que já foram contratadas e estão em construção seguirão o mesmo modelo. Mas, isso tende a mudar nos próximos projetos contratados junto à Caixa. A 3ª etapa do programa, lançada no mês passado pelo Governo Federal, traz algumas alterações nos modelos contratuais. Entre elas, a exigência de que as construtoras ergam muros delimitando o terreno das casas.

No início foi muito difícil. Boa parte dos moradores aqui do Residencial Atalaia nunca tinha vivido em apartamento ou convivido em condomínio. Era barulho excessivo pra caminhar no apartamento, pra fazer encontros sociais, pra brincar no pátio, pra tudo. A Polícia aparecia aqui quase sempre pra resolver esses problemas. Hoje, graças a Deus, estamos chegando a um ponto comum e aprendendo a nos organizar. Dona Mocinha Contemplada com a casa própria

Com a entrega do Residencial Vitória no início deste mês, Governador Valadares chega a sete residenciais concluídos. Seis, na prática, já que o Vila do Sol 1 e 2 foram construídos de forma integrada. Destes, três são compostos apenas por casas – Figueira, Porto das Canoas e Vitória – e três por apartamentos – Atalaia, Valadares e Vila do Sol. Fábio Moura

Do lado de dentro dos residenciais Com a entrega do Residencial Vitória no início deste mês, Governador Valadares chega a sete residenciais concluídos. Seis, na prática, já que o Vila do Sol 1 e 2 foram construídos de forma integrada. Destes, três são compostos apenas por casas – Figueira, Porto das Canoas e Vitória – e três por apartamentos – Atalaia, Valadares e Vila do Sol. Cada uma das 2.008

As casas do Residencial Vitória, construídas em área com infraestrutura que permite moradia digna para os novos moradores


GERAL

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FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 13 de julho de 2014

Políticas Públicas de Saúde

CULTURA

Caixa d’água do Carapina agora é patrimônio histórico e cultural do Município

Derli Batista da Silva

Prevenir doenças e promover a saúde Desde criança, conheço e admiro um amigo de meu pai, o sêo Oscar. Sorriso sempre presente, mesmo em meio às tribulações, prosa boa. É daquelas pessoas de que toda a vizinhança gosta e respeita demais. É viúvo da dona Estela, mulher bondosa e dedicada, falecida aos 49 anos de idade. Com luta, confiança e garra, ele trabalhou e cuidou muito bem de seus 5 filhos e 2 filhas, além de dedicara atenção especial direcionada aos netos e às netas. Um dia desses, na casa do meu pai, pude novamente desfrutar da sua honrosa presença. Foi ali que ouvi dele, hoje com 80 anos, o relato da morte de seu primeiro filho homem, o Messias. O ano era 1964. A meningite - doença infecciosa que acomete mais as crianças; com sintomas como dor forte de cabeça e no pescoço, rigidez da nuca, febre alta - fez o menino sofrer muito, relata o pai: “Ela vinha para arrebentar, era em 24 horas. Quando a criança dava crise de dor até estalava os ossos, de tanta dor que sentia. Tratou com médico na cidade, fez exame que tirou líquido da medula, recuperou, mas a doença voltou 8 meses depois. A criança começou passar mal no sábado e na segunda-feira, mesmo sendo levada ao hospital, morreu às 10h da noite... Chamei um táxi, trouxe pra casa a criança morta, no colo, e no outro dia providenciei os documentos. Naquela época era assim...” Esse fato ocorreu há cinquenta anos. Época na qual o modelo de atenção à saúde era focado apenas em doenças, em médicos (“medicalização da saúde”) e hospitais, ou seja, era centrado numa visão meramente curativa: adoeceu, tratou. Porém, este modelo curativo está reprovado há tempos, porque promove sofrimento às pessoas e suas famílias visto que perpetua as doenças por não tratar as suas causas; além de gerar muito gasto de dinheiro público e sacrificar o orçamento das famílias no tratamento de males que exigem cada vez mais exames e procedimentos caros. Um ditado popular famoso nos alerta sobre isso: “É melhor prevenir que remediar”. Àquela época não havia o avanço científico e os recursos tecnológicos que atualmente permitem tratamento eficaz para muitas doenças e acesso ágil à informação por parte de pacientes e de seus familiares. Mesmo assim, ainda urge provocar transformação na mentalidade e na forma de agir de muitos profissionais, gestores e na comunidade: pensar a

saúde como Saúde e não como doença. Evitar doenças, promover a saúde e prolongar a vida com qualidade deve ser meta de todos os governos, de toda a sociedade e de cada um de nós. É necessária a mudança de atitude por parte de cada pessoa e a efetivação de políticas públicas; como, por exemplo, o Programa Nacional de Imunização, que oferece proteção relativa às doenças por meio de vacinas, inclusive contra a meningite. Para prevenir, é preciso aperfeiçoar o conhecimento epidemiológico, de modo a fortalecer o controle da transmissão de doenças infecciosas e a reduzir o risco de doenças degenerativas e agravos. É preciso descobrir como as enfermidades se distribuem e quais fatores estão associados a elas, quais os prováveis danos à saúde coletiva, e assim gerar dados para melhor planejamento e avaliação das ações de saúde. Promover a saúde, sem tirar a responsabilidade de governantes, gestores e profissionais da saúde, é uma vigilância que cada um de nós deve dirigir a si próprio em relação aos hábitos e estilos de vida, refletindo atos e cuidados consigo e com outrem. A promoção da saúde surge como reação à acentuada medicalização da saúde na sociedade, que prejudica drasticamente o sistema de saúde e a eficácia dos serviços de saúde prestados à população. A busca de estilo de vida e hábitos mais saudáveis, a defesa dos direitos e a luta por ações governamentais com atenção maior aos aspectos essenciais que delimitam a condição de saúde, como moradia e alimentação adequadas, lazer, atividades físicas, acesso a serviços de saúde resolutivos, educação, renda justa, prevenção da violência, transporte coletivo em condições dignas e salubres, trabalho, respeito e valorização da vida, devem nortear a prática das pessoas em relação ao cuidado com a saúde individual e coletiva. Assim, podemos evitar doenças, sofrimento, dor, situações de morte passíveis de serem prevenidas, e promover o bem estar social.

Derli Batista da Silva é enfermeiro, mestre com pesquisa sobre Corporeidade e Saúde, professor universitário.

Ombudsman José Carlos Aragão

Imagina na campanha Eleição e futebol, no Brasil, são irmãos siameses. Quando há a coincidência com Copa do Mundo, não há como se separar inteiramente uma coisa da outra. Os ânimos se acirram ainda mais, face aos debates que provocam e as paixões que despertam. Nas ruas, nos botequins, nos palanques, nas urnas, nas redes sociais. Em meio a tudo isso, há a mídia, com seu trabalho de cobrir os fatos, analisar cenários, antecipar tendências, fazer prognósticos. Já é possível sentir isso nas páginas do Figueira, pelas pautas escolhidas, notas publicadas, artigos e, até, pela regulação da mídia imposta pela legislação eleitoral. Então, o Brasil (agora, sem Neymar) ganhando ou perdendo a Copa, alguém imagina que o futebol ficará de fora da pauta das campanhas eleitorais dos vários candidatos que aí estão? Ou fora das pautas xifópagas de momento, perpetradas e perpetuadas nas redações enquanto estas aguardam um segundo turno? A propósito, essa questão do vai ter/não vai ter Copa foi abordada com muita propriedade no artigo A Copa do Mundo e a estratégia política do medo (Figueira nº 15), assinado por Vinícius Quintino, ponta de lança deste hebdomadário em Vitória, ES. Ele destaca que, nesse clima catastrofista criado pela mídia sobre a realização da Copa no Brasil, “as pessoas estavam receosas por demonstrar algum sentimento de apreço pela Seleção Brasileira”. Confesso que eu mesmo cheguei a temer sair à rua com a minha velha e histórica camisa amarela oficial da seleção do tetra, de 1994, ou com uma bandeirinha do Brasil tremulando na janela do meu carro, por medo de ser acusado de traidor da pátria ou ter meu veículo destruído por blequibloquistas juramentados. Já que a Copa vai bem até aqui (escrevo antes do jogo contra a Alemanha; e estou me referindo ao sucesso do evento, não à nossa seleção) e a autoestima e o orgulho do brasileiro voltam a subir nas pesquisas, fico a imaginar se os automóveis com bandeiras do Brasil tremulando nas janelas ainda vão continuar circulando pelas ruas até outubro... #NaoVaiTerEleicao E já que a mídia não deve falar mesmo de outra coisa nos próximos meses, sugiro que, passada a Copa, a eleições sejam canceladas e que as pendengas entre Oposição e Governo sejam resolvidas em noventa mi-

nutos de pelada – com prorrogação e disputa de pênaltis - entre os times dos Coxinhas e dos Petralhas. Pode ser em qualquer uma das arenas superfaturadas no padrão FIFA, que ficarão como legado da Copa. Poeirão Reproduzo a legenda de uma foto publicada na edição passada do Figueira, em reportagem sobre o crônico mau estado das estradas de acesso à Ibituruna: “Logo na subida, próximo ao bairro Elvamar, os carros passam e levantam poeira, causando desconforto aos moradores”. Na foto, um caminhão transitando pela tal via e levantando alguma poeira atrás de si. Ou me falha a memória, ou já a terceira vez (segunda é, com certeza) que o jornal publica uma foto de veículo levantando poeira em estrada ou via não pavimentada. Do ponto de vista dos órgãos responsáveis, deve ser irritante a recorrente denúncia de descaso, omissão, falta de vergonha ou qualquer outra razão que se lhes possa atribuir pela não pavimentação de ruas e estradas da cidade e região. Do ponto de vista do leitor, o que deve incomodar tanto quanto é a recorrência inexplicável de fotos e legendas tão semelhantes em várias edições do jornal e que, em geral, registram o óbvio: todo caminhão, ônibus ou automóvel transitando em via de terra batida (se não for época de chuvas) acaba sempre levantando um poeirão por onde passa. Mea culpa Ombudsman também precisa fazer mea culpa, de vez em quando. Eu mesmo já estou me achando um chato, por ficar repetindo que as legendas das fotos do Figueira dizem o óbvio. E que os títulos das matérias também não ficam atrás. Cadê? Conhece-se um artista por sua obra. Talvez por isso eu tenha sentido falta de fotos das obras de Lenita Menta, na matéria sobre a artista (A natureza viva de Lenita), publicada na edição passada do Figueira. José Carlos Aragão, ombudsman do Figueira, é escritor e jornalista. Escreva para o ombudsman: redacao.figueira@gmail.com

O pedido de tombamento partiu da própria comunidade dos bairros Carapina e Nossa Senhora da Graças, que pretende criar o Museu Carapinense. Em que pese ser uma “jovem cidade”, Governador Valadares tem história a ser preservada, que é um dos objetivos do Conselho Deliberativo de Patrimônio Histórico e Cultural do Município quando tomba um bem. Melhor ainda quando a própria comunidade reconhece este bem como importante e solicita o tombamento. Foi o que aconteceu com a caixa d’água do bairro Carapina, conhecida (e assim batizada oficialmente) como “Bioquê do Prefeito”. O decreto de tombamento foi assinado pela prefeita Elisa Costa no dia 7 de abril. A comunidade do Carapina, por meio da Associação Comunitária dos Moradores dos Bairros Nossa Senhora das Graças e Carapina, tem o desejo de instalar na área do “Bioquê” o Museu Carapinense – espaço de preservação da memória do bairro e, o primeiro passo, foi pedir o tombamento da antiga caixa d’água. O processo teve início com a elaboração de um dossiê sobre a história daquela estrutura e sua relação com a comunidade do entorno. O Conselho aprovou o dossiê, que foi enviado à prefeita e novamente aprovado. A caixa d’água foi construída em 1968, durante o mandato do ex-prefeito Hermírio Gomes da Silva para sanar o problema da falta d’água naquela região. Ganhou o apelido de “Bioquê do Prefeito”, em função de ter o formato daquele antigo brinquedo chamado bilboquê (que na linguagem oral e popular assumiu a forma “bioquê). Antes do tombamento, o “Bioquê” era de responsabilidade do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), que executou a restauração da caixa que, agora, acha-se sob os cuidados da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte, Lazer e Juventude (SMCEL)

Direitos Humanos Paulo Vasconcelos

Desenvolvimento e direitos humanos Aos três dias do mês de julho do ano de dois mil e quatorze tive o privilégio de testemunhar “desenvolvimento e direitos humanos”. O que me alegra é o fato de poder perceber esse ato como se acontecesse a quitação de um título promissório, emitido há muitos anos contra o Estado brasileiro em favor do seu cidadão. Na ocasião, foram entregues 653 casas populares do Residencial Vitória às famílias contempladas no Programa Minha Casa Minha Vida. Não posso deixar de destacar, já que estamos falando de desenvolvimento que, cada uma das casas citadas é construída em um terreno de 160 m² com fundação para suportar um pavimento superior, dispõe de um sistema de aquecimento solar para a água, adaptações internas para os portadores de necessidades especiais e todo o piso em cerâmica. Constato não deixar nada a desejar no quesito dignidade. Enquanto caminhava por entre a multidão em festa, às vezes também tropeçava em vendedores de lojas oferecendo panfletos às pessoas, anunciando a oportunidade primeira de mobiliar sua casa. Isso porque juntamente com as chaves, os moradores recebem um cartão de crédito especial para quem conquistou sua casa neste programa. No episódio de entrega das casas tudo converge para se entender o segundo capítulo do Programa Nacional de Direitos Humanos PNDH-3. Posso com poucas palavras explicá-lo assim: “não é a quantidade de riqueza produzida o fator preponderante deste capítulo e sim, qual melhoria na qualidade de vida das pessoas envolvidas, que a geração dessas riquezas pode garantir”. No eixo orientador desenvolvimento e direitos humanos, a temática do desenvolvimento vem há tempos sendo debatida. Não caberia, por exemplo, na mesma conjuntura, nos limitarmos a nomenclaturas como crescimento e direitos humanos. Não por acaso, uso a palavra nomenclatura, esta foi escolhida porque faz referência histórica a grupos de pessoas que usufruem de

privilégios especiais, pois, por muitos anos o crescimento econômico foi a maior preocupação em vários países, incluindo o Brasil. O Produto Interno Bruto (PIB) foi usado como indicador da geração de riquezas e crescimento ou não de um país. Os governos acreditavam que aumentando a produção de bens e serviços, essas riquezas chegariam a todas as camadas da sociedade. Porém, isso não aconteceu. Este modelo de crescimento econômico não distribuiu de forma justa a renda e a riqueza e aumentou as desigualdades. A compreensão de desenvolvimento deve estar desvinculada da ideia de crescimento econômico. Recentemente, além do já conhecido IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), o IPS (Índice de Progresso Social) passou a ser avaliado entre 130 países. Em concordância com o exposto, o líder da equipe responsável pela criação do IPS, professor Michel Porter, da Harvard Business School afirma: “Até hoje, sempre se supôs haver uma relação direta entre crescimento econômico e bem estar. No entanto, o Índice de Progresso Social mostra que nem todo crescimento econômico é igual. Embora um alto PIB per capita seja relacionado a progresso social, essa conexão está longe de ser automática. Com níveis similares de PIB, vemos que alguns países alcançam níveis de progresso social muito mais elevados que outros”. No que tange ao Programa Minha Casa Minha Vida, o município de Governador Valadares demonstra apontar para a garantia do desenvolvimento e direitos humanos. Saliento, porém, que esse desenvolvimento deve ser num modelo que se mantenha sustentável sem prejudicar o meio ambiente, tanto em suas condições físicas e biológicas, quanto em suas circunstâncias culturais e sociais.. Paulo Gutemberg Vasconcelos é educador social e presidente do Conselho Municipal de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos.


ENTREVISTA

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FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 13 de julho de 2014

Entrevista André Gustavo de Almeida Conrado e Cleidson Nogueira Martins Com 43 anos, o ex-terceiro sargento André Gustavo de Almeida Conrado está em contagem regressiva para o nascimento de sua primeira criança, uma menina que deve chegar no próximo mês e que já recebeu nome: Bianca. Ele desertou da PM de Minas Gerais em março de 2006, para trabalhar na região de Boston, nos Estados Unidos. Retornou em setembro de 2009, sendo demitido da PM em 2011. Hoje, enquanto busca na Justiça ser reintegrado à tropa, tenta ganhar a vida ajudando amigos no comércio de ouro. Cleidson Nogueira Martins, 38 anos, ex-soldado desde a sua demissão em março deste ano, desertou em 2002, com retorno em 2010. Foi para a região de Boston com a família. Tem duas crianças. Graças ao trabalho nos Estados Unidos, pagou dívidas, adquiriu casa própria e conseguiu dar segurança para a família. Mantém a ocupação dia a dia dirigindo caminhões. Conrado e Nogueira, seus nomes na PM, compõem um grupo de seis líderes escolhidos pelos desertores para representá-los publicamente e em negociações. São os dois de Valadares, um de Resplendor, um de Tumiritinga, um de Aimorés e um de Belo Horizonte. Além da representação pública, os desertores mantêm o blog desertoresdapmmg. blogspot.com/ Os entrevistados do Figueira nesta edição lideram mais de 500 homens e mulheres que desejam e lutam por serem reincorporados à Polícia Militar de Minas Gerais e ao Corpo de Bombeiros Militar. O número equivale a quatro Companhias inteiras 120 homens cada uma, ou a mais de meio Batalhão, em um momento em que falta efetivo à Polícia. A alteração, de 2013, que estendeu o direito de progredir na graduação ao se aposentar para aqueles que averbam o tempo fora da PM, na contagem dos 30 anos de serviço, provocou uma corrida para a aposentadoria, ao mesmo tempo em que não ocorrem concursos para cobrir o quadro. Estimase que hoje seria necessário concurso para mais de cinco mil vagas, para recuperar o efetivo necessário. Conrado explica que a deserção é caracterizada pela falta ao serviço por oito dias consecutivos, sem autorização do Comando. Compara com o abandono de emprego dos trabalhadores civis. A deserção é um crime militar, que, no retorno ou na captura do desertor não resultava em demissão, mas em detenção de seis meses a dois anos. O policial, no cumprimento da pena, trabalhava durante o dia e ficava detido no quartel à noite. Para ele, mais de 700 homens e mulheres desertaram a partir do ano 2002 para os Estados Unidos, Portugal e Espanha. A grande maioria era da região de Valadares, principalmente do Sexto Batalhão da PM. A grande quantidade de deserções fez o Comando Estadual se preocupar e buscar solução. Em 2007, a Lei Complementar 95 passou a considerar o crime de deserção não apenas um crime contra a honra pessoal mas, também, contra o decoro da classe. A Lei estabeleceu penas como advertência, suspensão temporária, além da detenção que já era aplicada antes, mas incluiu como último ponto a demissão. A partir daí, a demissão tem sido aplicada generalizadamente. Saltam todas as outras possibilidades e vão diretamente à aplicação da demissão. Em 2007, quando correu entre os desertores a notícia de que a LC 95 passaria a vigorar, muitos retornaram, cumprindo o preceito antigo da detenção e se reintegrando ao serviço. Desde então, com a restrição da Lei e com as melhorias sociais no Brasil, não tem ocorrido mais deserções. No

Policiais Militares, desertores da PM

Os desertores da PM: “Erramos tentando acertar.” Gabriel Sobrinho

Nogueira e Conrado entendem que é importante dar visibilidade da questão à sociedade, maior beneficiária do retorno desses mais de 500 profissionais à ativa. Declaram que muitos desertaram para não agir de modo incorreto e para não desonrar a corporação.

entanto, mais de 500 que já estavam fora do Brasil naquela data não retornaram, conforme relata Nogueira, “por desconhecimento da nova Lei ou por estarem na condição de indocumentados no outro país, o que dificultava o movimento de volta ao Brasil.” Para Nogueira, a PM só tem a ganhar com o retorno desses soldados, cabos e sargentos – não há oficiais na deserção. A PM ganha efetivo com profissionais já formados, não há ônus adicional e em média cada desertor tem ainda 20 anos de serviço pela frente na corporação, pois o tempo na deserção tem de ser compensado com trabalho. Para Conrado e Nogueira, o correto seria o desertor apresentar-se, de volta ao trabalho, ter aberto o processo administrativo para garantir o direito a defesa, ter a sua ficha, os seus méritos considerados – pois no geral são homens e mulheres disciplinados e bem avaliados – e, esgotados os caminhos das instâncias administrativas ainda poder recorrer à Justiça Militar. Porém, não tem havido razoabilidade no trato administrativo, resultando, independentemente da defesa e dos registros favoráveis nos processos, que sempre os coronéis têm concluído pela demissão. Queixam-se que depois da LC 95 só restou o recurso à Justiça Militar, sendo que alguns já estão no STF. A base argumentativa da defesa dos desertores é que todos cometeram a falta antes da LC 95 existir e agora são submetidos a penas que não eram previstas quando desertaram. A retroatividade da norma é que tem sido o problema. Apontam que quanto mais o governo do Estado protelar a solução para o problema, maior será o risco de, mediante decisão do STF, terem de pagar pelo tempo em disputa judi-

cial e ainda reformar o PM, sem que este tivesse a oportunidade de ainda servir por anos à sociedade. Uma esperança à qual ainda se apegam é que o deputado estadual sargento Rodrigues, autor da LC 95, reconhecendo a distorção que a Lei provocou na sua aplicação na pena mais dura, apresentou o PLC 56, que corrige a aplicação da Lei, valida a punição da LC 95 apenas para deserções posteriores a abril de 2007 e dá 180 dias para apresentação de desertores que ainda não tenham aparecido, com previsão de reintegração dos demitidos. O PLC está em tramitação lenta por causa do processo eleitoral, mas há expectativa de atenção do governador e priorização para votação na Assembleia ainda neste ano. Nogueira e Conrado entendem que é importante dar visibilidade da questão à sociedade, maior beneficiária do retorno desses mais de 500 profissionais à ativa. Declaram que muitos desertaram para não agir de modo incorreto e para não desonrar a corporação. Na recusa à corrupção, para não ofender a honra pessoal e da PM, para não se envolverem nas armadilhas do tráfico e da propina, para muitos só restou a deserção em momentos de endividamento familiar, de doenças crônicas na família, de falta de condição para pagar faculdade para filhos ou ter uma casa própria. A maioria dos que desertaram naquele momento do país, conseguiram tudo isso pelo trabalho, sem desonra. Eles mesmos resumem a situação: “Erramos tentando acertar.” Como a maioria, Conrado e Nogueira se tornaram fluentes no Inglês e no Espanhol. No retorno, Nogueira será cabo, Conrado volta na mesma graduação de terceiro sargento. Que seja em breve!

BRAVA GENTE IFMG

Raquel Gama Lima Costa, essa garota é fera na Matemática

Raquel Gama, do IFMG, vai mostrar o seu talento em Lyon, França

Raquel Gama Lima Costa, 17 anos, estudante do 3º ano do curso técnico integrado em Segurança do Trabalho do IFMG campus Governador Valadares tem motivos de sobra para comemorar uma grande vitória. Ela foi selecionada para participar do curso de verão de matemática “The Modern Mathematics International Summer School for Students”, em Lyon, na França, no período de 20 a 28 de agosto. Este curso é uma introdução aos temas de pesquisa matemática para estudantes internacionais na idade de transição entre o ensino médio e universitário. Apresentações e minicursos serão ministrados por matemáticos universitários internacionais. Raquel concorreu com estudantes do mundo todo e agora com a classificação, está com grandes expectativas. “Consegui essa conquista porque venho participando de olimpíadas e sempre tive resultados satisfatórios. Essa oportunidade vai contar como experiência profissional e também para o meu currículo. Ser estudante do IFMG me proporcionou participar de algumas competições na área e ir a esse evento”. Disse estar agradecida aos professores que a ajudaram e enviaram cartas de recomendação, como os professores Valcimar Silva de Andrade (Física) e Ana Catarina Cantoni Roque (Matemática).

Ao longo de sua vida acadêmica, Raquel foi classificada e medalhista de na XV Olimpíada Mineira de Química, na Olimpíada Brasileira de Física das Escolas Públicas. Foi medalhista também na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica e recebeu menção honrosa na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas.

Consegui essa conquista porque venho participando de olimpíadas e sempre tive resultados satisfatórios. Essa oportunidade vai contar como experiência profissional e também para o meu currículo.

O Coordenador da Assistência Estudantil do IFMG, professor Cláudio Aguiar Vita, também comemorou a vitória obtida por Raquel. Ele disse que embora os recursos destinados à Assistência Estudantil sejam limitados, o IFMG utiliza, desde 2012, uma parte para apoiar financeiramente a participação dos alunos em eventos nacionais e internacionais. Agora que a vitória foi alcançada, só resta à garota Raquel seguir para a França e mostrar seu talento na Europa. Bravo, Raquel!


COTIDIANO

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FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 13 de julho de 2014 José Peixe

D’outro lado do Atlântico José Peixe / De Lisboa

Abriram-se as portas do inferno no Oriente Médio Depois de alguns meses de tréguas e de paz na Faixa de Gaza, entre Israel e Palestina, a violência voltou em força, depois da morte de três adolescentes israelenses. Segundo os especialistas e política do Oriente Médio, retornou-se à política do “olho por olho e dente por dente”. O que, de certa forma, inquieta a todos os estadistas a nível mundial. No início desta semana, o governo de Israel deu ordens aos militares para lançarem uma ofensiva contra o movimento Hamas na faixa de Gaza. Essa ofensiva levou o batismo de “Vantagem Protetora” e serviu para o exército israelense bombardear (outra vez!) cerca de meia centena de alvos cirúrgicos. Os ataques foram justificados pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, com o intuito de terminar com o lançamento de “rockets” pelos apoiantaes do Hamas para o território israelense. Uma violência desmesurada que já fez dezenas de mortos e algumas centenas de feridos inocentes em Gaza. A tensão tem aumentado de tal forma nas últimas semanas, que os líderes do Hamas disseram publicamente que “Israel tinha aberto as portas do inferno”. Um inferno amargo para os representantes das Nações Unidas que demonstram certa inoperância diplomática perante um cenário de violência extrema de ambos os lados. O Hamas reivindica a responsabilidade no sequestro e assassinato dos três jovens israelenses. E num gesto de vingança, o jovem palestino Mohammad Abu Khdeir, de 16 anos, foi queimado vivo em Jerusalém Oriental por militares de Israel. “O Hamas não vai ignorar a morte do jovem Khdeir”, advertiram os mais radicais do movimento palestino. Mas, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, fez sa-

ber que levará à justiça os assassinos do adolescente palestino. “Não permitiremos extremismos de ambos os lados”, afirmou Netanyahu. Mas a verdade é que no dia do funeral de Mohammad Khdeir foram registados confrontos violentos entre a polícia israelense e centenas de jovens palestinos inconformados em Jerusalém Oriental e noutras cidades do Norte de Israel.

As novas gerações de israelenses e palestinos, que deveriam estar a lutar pela pacificação do Oriente Médio, entraram numa espiral de violência jamais vista pelos observadores internacionais. Isso só demonstra que a paz não vai chegar nos próximos anos à Faixa de Gaza. De um lado, o uso de armas sofisticadas “made in USA”. Do outro, pedras e “rockets” de fabrico chinês e russo.

Ao abrigo da ofensiva “Vantagem Protetora”, foram mobilizados 1500 reservistas de infantaria e de polícia de fronteiras, como preparação para uma escalada de violência sem precedentes. Na ótica de alguns observadores internacionais no Oriente Médio e de jornalistas, “Israel está literalmente a preparar-se para uma possibilidade de enviar forças militares terrestres para Gaza, o que será um tremendo retrocesso”. “Não vejo isso a acontecer de imediato, mas temos luz verde para mobilizar mais tropas de reserva que nos permitam realizar uma missão militarizada via terrestre”, esclareceu o tenente-coronel Peter Lerner. A história de acusações repete-se com a mesma intensidade. Israel

Café com Leite Marcos Imbrizi / De São Paulo

Maracaná Em tempos de Copa do Mundo, assisti ao belíssimo documentário Maracaná (assim mesmo, com acento no á), dos diretores uruguaios Sebastián Bednarik e Andrés Varela, que trata da vitória da seleção celeste sobre o time brasileiro na final da Copa do Mundo de 1950, em pleno Maracanã. Ao utilizar fotos e filmes de época, além de depoimentos de jogadores, técnicos, historiadores e jornalistas o trabalho reconta a participação dos uruguaios na competição. Um dos jogos retratados é o realizado no estádio Independência, em Belo Horizonte, no qual a da seleção uruguaia derrotou a boliviana por 8 a 0. E um dos destaques destas imagens que chamam a atenção são as propagandas do refrigerante Guarapan. O trailer do filme está disponível em: http://vimeo.com/80074419. Mineiraço Escrevo estas linhas momentos após a vitória acachapante da seleção alemã contra os brasileiros no Mineirão por 7 a 1. A tão esperada final entre brasileiros e argentinos no Maracanã fica adiada. Ou talvez ocorra na disputa pelo terceiro lugar, caso os Hermanos não passem pela Laranja Mecânica no jogo de amanhã. A conferir. Visita Depois de alguns anos, no final de junho passei rapidamente por Governador Valadares onde, além de encontrar rapidamente alguns amigos e amigas, tive a oportunidade de conhecer a verdadeira revolução pela qual passa a cidade. A começar pela construção do campus avançado da Universidade Federal de Juiz de Fora, a maior obra já realizada na cidade, numa área de um milhão de metros quadrados, e que ao final atenderá mais de quatro mil estudantes da educação pública superior. Somam-se a estas, as vagas do Instituto Federal de Minas Gerais. Ainda na

área da educação, constatei que todas as crianças da rede municipal já estudam em escolas de período integral. Na rápida visita conheci o conjunto habitacional que agora já abriga novas famílias atendidas pelo programa Minha Casa, Minha Vida, em parceria com o Governo Federal. O que mais me chamou a atenção é que todas estas casas contavam com sistema de energia solar para o aquecimento de água. Também passei por alguns conjuntos entregues já há algum tempo. Soube também que a intenção do atual governo municipal é acabar com o déficit habitacional da cidade. No Centro da Cidade visitei o Mercado Municipal e a antiga cadeia pública que hoje abriga um belo Centro Cultural e a biblioteca municipal. Na região da Vila Isa vi a construção da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que desafogará o atendimento no Hospital Municipal, a recuperação de uma antiga lagoa com a implantação de um parque em seu entorno e a realocação de famílias que ocupavam a área. Já no anoitecer, passei pelo Parque Natural Municipal, com área de 500 mil metros quadrados para o lazer da população. Também soube de outros importantes avanços, como a implantação do bilhete único no transporte público, e a construção de um hospital regional, além de outros planos para o futuro, como o de um moderno estádio para abrigar o Democrata e um novo terminal para o aeroporto municipal. Tudo isso, realizado em seis anos de governo. Para alguns isto pode parecer algo natural. Na minha opinião, não é. Ao parar para pensar, só uma administração democrática e preocupada em oferecer condições de vida dignas para todas as famílias da cidade pode realizar estes tipos de ações. Marcos Luiz Imbrizi é jornalista e historiador, mestre em Comunicação Social, ativista em favor de rádios livres.

acusa o Hamas de lançar dezenas de “rockets”, para o seu território, pela calada da noite. Do outro lado da barricada, o Hamas esclarece que o exército israelense faz ataques aéreos indiscriminados com a intenção de causar baixas no movimento. Enquanto isso, o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama já telefonou diversas vezes ao primeiro-ministro israelense Netanyahu para abrandar a escalada de violência. Ao mesmo tempo, o Hamas recebe apoio de grupos radicais islâmicos para prosseguir a luta contra o inimigo, que é Israel. A União Europeia, pela voz da chanceler alemã Ângela Merkel, apelou às Nações Unidas para tentarem uma reconciliação pacífica entre os líderes do Hamas e o governo israelense. O papa Francisco continua a rezar e a fazer preces pela Paz no Oriente Médio. Mas, até agora, os apelos misericordiosos e pacíficos do papa não foram levados em consideração por Israel nem por palestinos. O Hamas promete desencadear um “terramoto” em Israel e conta com o apoio militar do Irão e da Al Quaeda. Só que o exército israelense é um dos mais sofisticados da atualidade. Se não houver vontade política de ambas as partes para se avançar para uma solução pacífica, talvez possamos assistir nas próximas semanas a uma onda de violência jamais vista no Oriente Médio. Não foi por acaso que Israel mobilizou cerca de 40 mil reservistas que estão prontos a avançar para Gaza. Isso é a prova de que o ambiente que se vive no território é tenso e nada pacífico. Afinal de contas, este conflito parece ser eterno, o que é muito mau para a própria humanidade. As novas gerações de israelenses e palestinos, que deveriam estar a lutar pela pacificação do Oriente Médio, entraram numa espiral de violência jamais vista pelos observadores internacionais. Isso só demonstra que a paz não vai chegar nos próximos anos à Faixa de Gaza. De um lado, o uso de armas sofisticadas “made in USA”. Do outro, pedras e “rockets” de fabrico chinês e russo. É triste, mas não deixa de ser a realidade crua e nua que se vive diariamente em Gaza, na Cisjordânia e em Israel. É este o mundo desapiedado em que vivemos. José Valentim Peixe é jornalista e doutor em Comunicação

COPA DO MUNDO 2014

Alemães frios, mecânicos e calculistas, humilharam o Brasil no Mineirão José Peixe / Repórter / Direto do Mineirão Antes do jogo, a festa foi dos milhares de torcedores brasileiros que vieram de todas as partes do país para dar o apoio a sua seleção, aos jogadores. Em redor do Estádio do Mineirão, a festa era verde e amarela. Os adeptos germânicos limitavam-se a ouvir os cânticos e a assistir ao espetáculo dado pela torcida brasileira que estava imparável. O Brasil, sem o seu artilheiro Neymar e o capitão Thiago Silva mas sob os comandos de Felipao, entrou em campo confiante num bom resultado. E o Mineirão estava pintado de amarelo e verde. A equipa da Alemanha, comandada por Joachim Loew, foi fortemente assobiada quando entrou no gramado para proceder ao aquecimento. Mas, os alemães não se deixaram amedrontar pelo calor tropical proveniente das arquibancadas. Foram metódicos no aquecimento. Cumpriram à risca as instruções dadas pelos adjuntos de Loew e esperaram serenamente pelo início do jogo. Os súbditos de Felipão entraram em campo com vontade de ganhar a Alemanha e pressionaram nos primeiros minutos. Mas, à medida que o tempo foi avançando, a máquina “made in Germany” tomava conta do jogo. Os cinco titulares do Bayern de Munique, que são o elo forte da seleção alemã (Neuer, Schweinsteiger, Mueller, Lahm, Kroos e Boateng) começaram a orquestrar a sinfonia futebolística que acabou por adormecer o setor defensivo do Brasil. E a verdade é que em 30 minutos a Alemanha conseguiu marcar cinco gols ao Júlio César. Ninguém acreditava no que estava a acontecer no Estádio do Mineirão. Um Brasil a ser trucidado por uma equipa fria, possuidora de um futebol mecânico e calculista. Nem o próprio treinador Joachim Loew quis acreditar no que estava a acontecer. Nas arquibancadas, os torcedores brasileiros não pouparam o Felipão nem a presidente Dilma Rousseff, que voltou a ser enxovalhada, tal como acontecera no jogo inaugural da Copa do Mundo, no dia 12 de junho, no Itaquerão, em São Paulo. Os torcedores brasileiros sentiram-se humilhados e tristes. Muitos deles choravam e abraçaavam-se uns aos outros. E outros, pura e simplesmente, optaram por abandonar o Mineirão ao intervalo. Não quiseram assistir ao vivo a uma segunda parte ainda mais amarga para a seleção brasileira. Afinal de contas, o que se passou com a seleção brasileira? Não se passou nada de especial. Pura e simplesmente não conseguiu travar o poder do futebol alemão e uma seleção hiperorganizada do ponto de vista tático e disciplinar. Os alemães, com o seu temperamento frio, cortaram o sonho quente de uma nação inteira e são sérios candidatos a ganhar a Copa do Mundo. Eles são efetivamente uma máquina a jogar futebol e vieram ao Brasil para ganhar. Não me surpreenderia nada que a final do próximo domingo, no Maracanã, venha a ser disputada entre a Alemanha e Holanda. E se isso acontecer, os cidadãos brasileiros vão poder assistir a uma final de luxo. Quanto ao Brasil, vai ter que se reencontrar num futebol mais ofensivo e moderno. À semelhança de Portugal, que ficou refém de um Cristiano Ronaldo apagado, o Brasil apoiou-se em Neymar e isso não deu certo. Foi aquilo que se viu no Mineirão. Um verdadeiro vexame futebolístico. José Valentim Peixe é jornalista e doutor em Comunicação


CULTURA & LAZER

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FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 13 de julho de 2014

COMUNICAÇÃO

Associativismo

Valadares tem uma nova TV

TV Kefas, emissora da Fundação Dom José Heleno, já pode ser sintonizada no canal 7, na TV aberta Da Redação O sonho do Padre Antônio Geraldo de Assis Pereira, o Padre Assis, e dos missionários leigos da Paróquia São José Operário, de implantar mais um canal de TV em Governador Valadares está realizado. A TV Kefas já está em funciomento, em caráter experimental, e pode ser sintonizada no ca- nal 7 da TV aberta. A história desta TV começou em 1998 quando o Instituto de Missionários Leigos resolveu am- pliar o seu trabalho de evangelização por meio da comunicação televisiva. Sob a liderança do Padre Assis, o IML criou a Fundação Dom José Heleno, e participou de uma concorrência no Ministério das Comunicações, com mais 14 grupos do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, para ter um canal de televisão. A proposta da Fundação foi a vencedora e, a partir daí, iniciou-se uma luta diária para pagar a concessão. Era preciso captar R$ 3,2 milhões para fazer o pagamento. “Nosso mentor espiritual, o Padre Assis, não mediu esforços para fazer promoções e pedir doações para as pessoas que acreditavam no nosso trabalho”, disse o dire- tor da TV Kefas, Edson Pinto de Freitas, que tam- bém é o presidente da Fundação Dom José Heleno e acompanhou todo o processo de implantação da emissora, desde a participação na concorrência pública. Hoje, com a concessão paga e os primeiros investimentos feitos na montagem dos estúdios e aquisição de equipamentos, Edson se mostra or- gulhoso da estrutura da TV. “Todos os equipamen- tos que compramos têm nota fiscal. Trabalhamos dentro da legalidade”, diz. Além dos equipamentos adquiridos, a TV Ke- fas também tem nos seus estúdios outros equipa- mentos cedidos em regime de

comodato pela TV Século 21, emissora católica de Valinhos, SP, com a qual mantém uma parceria importante, afinal, nesta fase experimental, a programação local está associada à programação da emissora paulista. Nos próximos meses, a TV Kefas estará com pro- gramação própria ocupando grande parte do seu horário, com programas católicos, destinados à evangelização, e com programas jornalísticos. A intenção, segundo a direção da emissora, é terpelo menos 50% da grade ocupada com pro- gramação local, até o fim do mês de agosto. “Já montamos a nossa redação e em breve teremos jornalistas atuando aqui. Nossa in- tenção é fazer um jornalismo sem vinculação político-partidária, isento, sempre voltado aos interesses das comunidades”, diz Edson Freitas. Nesta fase de implantação, a direção da TV Kefas já discutiu com jornalistas e apre- sentadores, a criação de pelo menos 30 pro- gramas. Nas próximas semanas alguns pro- gramas entrarão no ar. Entre os programas católicos que estão previstos na grade, estão os do Padre Assis e do bispo Dom Félix. Ou- tros padres também poderão ter seus progra- mas e a transmissão de missas na Igreja de São José Operário também estão previstos. Para manter toda esta programação no ar e levar ao público uma prestação de servi- ços de qualidade, a Fundação Dom José He- leno continua com o mesmo desafio de antes, ou seja, cobrir as despesas mensais. “Vamos continuar nossas campanhas por doações junto ao povo católico, num trabalho de cor- po a corpo”, diz o Padre Assis, que está oti- mista em relação ao sucesso nesta captação de recursos. CNBB

Antônio Carlos Borges

Alinhamento para a participação e o controle social no Plano Safra Enquanto as forças conservadoras nacionais reclamam do decreto federal da participação social, de 23 de Maio de 2014, que prevê a participação popular em decisões governamentais, o governo federal lança o Plano Safra 2014/2015 com o valor de 24,1 bilhões de reais, sendo parte importante deste recurso decidida em participação social. Considerando-se a forma como as decisões serão tomadas para boa parte do Plano Safra, temos um incentivo importante à participação popular organizada, que deveria se desdobrar para todas as instâncias governamentais, inclusive e principalmente as Prefeituras. Já está criada a Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica – CNAPO, coordenada pela Secretaria Geral da Presidência da República, com representantes do governo e da sociedade civil. São decisões de grande importância no que diz respeito ao alimento que chega à mesa do brasileiro, vindo da agricultura familiar, com incentivo à transição agroecológica e orgânica, como forma de se ofertar um alimento de melhor qualidade à população, inclusive às escolas públicas.

É importante que as instâncias municipais atentem para as possibilidades que se apresentam com estes programas, providenciando que se incentive a organização popular nas bases, já que será necessário um alinhamento com os programas de governo para o acesso aos recursos.

Do montante do recurso para o Plano Safra, 8,8 bilhões de Reais serão destinados a programas como o Brasil Agroecológico (MDA) e o Ecoforte, este a ser gerido pela Fundação Banco do Brasil em conjunto com o BNDES. Oportunidade para a agricultura familiar, com possibilidades de geração de renda nos municípios em geral. É importante que as instâncias municipais atentem para as possibilidades que se apresentam com estes programas, providenciando que se incentive a organização popular nas bases, já que será necessário um alinhamento com os programas de governo para o acesso aos recursos. O controle social é indispensável para o bom uso dos recursos públicos!

Comissão que esteve em Brasília, em 2011, para a assinatura da outorga do canal, com o Padre Assis ao centro, e Edson Freitas, de camisa rosa

Cotidiano

rem a situações infra-humanas, as drogas interrompem vidas precocemente e arrasam famílias inteiras. Tudo isso é verdade. Mas, nenhuma sociedade humana viveu sem drogas até hoje. Jaider Batista da Silva Como não deve ser diferente conosco, com esta sociedade neste tempo, é mais honesto assumirmos o que as estatísticas apontam. O uso de drogas é letal, mas o combate que propusemos a ele é mais de dez vezes letal. Na guerra contra as drogas, as drogas já venceram. O poder financeiro que cerca a produção, a distribuição e o comércio das drogas, uma cadeia totalmente ilegal, corrompe as autoridades, as famílias, as pessoas comuns. Como a única forma de conseguir droga é de modo ilegal, não Assisto à discussão sobre o acesso livre às armas nos Estados ocorre controle pelo Estado, não há cadastro de usuários, não Unidos, debate sempre aquecido após alguma nova chacina. há impostos sobre a produção, o beneficiamento, a distribuição, Confiro os dados: 300 milhões de armas de fogo estão nas mãos o comércio. da população americana. Isso dá uma arma por habitante. No Brasil, estão registradas 17 milhões de armas para quase 200 O cantinho da ignorância é quentinho milhões de habitantes. No entanto, ocorrem a cada ano três vee cômodo, essa é uma discussão zes mais homicídios no Brasil que nos Estados Unidos. difícil, que os políticos no geral evitam Não exponho tais dados para discorrer sobre o acesso e a para não lhes tirar votos, que as posse de armas. Mas, para trazer uma conta mais próxima a igrejas evitam por colocarem regras nós. Na cidade do Rio de Janeiro ocorrem em média 480 óbitos morais acima do valor da vida, que a por overdose a cada ano. Esses são os dados clínicos que podeuniversidade e as autoridades evitam mos assumir como mortes causadas pelo uso de drogas. Mas, os assassinatos ligados à criminalização das drogas chegam a porque enfrentar a situação implica ficar 5 mil. Mata-se banalmente por dívida, por quebra dos códigos contra a corrente de cumplicidade dos grupos do tráfico, por confrontos para tomar territórios de outros grupos, e mata-se por nada – acertos de contas pessoais a pretexto da criminalidade maior. Assim, Quando um menino do meu bairro de origem, o Santa Hea criminalidade relacionada às drogas, seja exercida por ban- lena, dá entrada no Hospital Municipal com o corpo perfurado dos criminosos ou pela banda podre das polícias, acobertados por balas do tráfico, que se estilhaçam internamente atingindo pela banda podre do Judiciário, mata mais de dez pessoas para vários órgãos, a cirurgia complexa, prolongada e caríssima é cada uma que vem a morrer pelo uso das drogas. paga pelo SUS. Como pelas drogas não foram pagos impostos, O medo das drogas afasta a população de discutir o que todo o custo do cuidado para salvar a vida do menino é pago ocorre. As drogas matam, as drogas fazem pessoas se submete- com recursos do pré-natal, das cirurgias eletivas, do SAMU, do

Na guerra contra as drogas, as drogas já venceram

Antonio Carlos Linhares Borges é advogado e administrador rural, diretor geral do CIAAT – Centro de Informação e Assessoria Técnica.

transplante de órgãos, da Estratégia de Saúde da Família. Tiramos de todos os pagam impostos para salvar uma vítima de uma atividade ilegal pela qual não se paga imposto. Manter as drogas na ilegalidade é continuar a mentir para nós mesmos. É não ver que os danos das drogas são muito menores que os dos crimes ligados à proibição de usá-las. Não tratar de modo mais científico a questão é optar pela cegueira, pela ignorância. Como o cantinho da ignorância é quentinho e cômodo, essa é uma discussão difícil, que os políticos no geral evitam para não lhes tirar votos, que as igrejas evitam por colocarem regras morais acima do valor da vida, que a universidade e as autoridades evitam porque enfrentar a situação implica ficar contra a corrente, aplicar-se a medidas novas e trabalhosas, desenvolver outro patamar de coesão social em torno do assunto. Mas, as famílias que assistem a seus filhos sendo destruídos pelos crimes relacionados às drogas devem enfrentar e exigir que essa discussão seja feita. Lembro-me quando, a trabalho em Ottawa, a capital do Canadá, fui ao supermercado comprar cerveja. Lá, explicaram-me que se eu quisesse bebidas deveria dirigir-me a uma beerstore, pois bebidas alcoólicas não são vendidas em supermercados. Fui a uma e lá fui cadastrado, como se estivesse comprando uma arma. Deixei o número do passaporte e meus dados de localização. Mostraram-me o quanto eu estava pagando de impostos sobre o valor da cerveja, algo como três vezes mais. Esse imposto vai diretamente para o serviço universal de saúde do Canadá, o equivalente ao SUS de lá. Cito isso para indicar que há formas de o Estado regular e controlar em vez de deixar uma questão que afeta a todos nas mãos das milícias, dos bandidos, fazendo do usuário vítima potencial do ciclo de violência além de vítima dos efeitos da droga. Jaider Batista da Silva é jornalista e mestre em educação


ESPORTES

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FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 13 de julho de 2014

QUESTÕES DO FUTEBOL - JORGE MURTINHO

Obrigado, Felipão Na entrevista coletiva após o jogo de ontem, um dos repórteres perguntou a Felipão se ele achava o futebol brasileiro taticamente atrasado. Resposta: não. Outro jornalista sugeriu que talvez o futebol brasileiro esteja precisando se reinventar. Resposta: não. Em vez de ao menos cogitar a possibilidade de certas coisas estarem erradas, Felipão preferiu se agarrar a abstratos conceitos como “deu pane”, “deu branco”, “futebol é assim”, “acontece”. Como assim, “acontece”? Torço para um clube que, desde que me entendo por gente, é uma esculhambação institucionalizada e, em quase cinco décadas acompanhando seus jogos, só o vi perder por seis gols de diferença uma vez, para o Botafogo, há mais de quarenta anos. Estou falando do Flamengo, com todas as suas naturais limitações. Numa seleção brasileira, o treinador escolhe os jogadores que quiser, para montar o time do jeito que gosta e com todas as variações táticas que julga adequadas. A última vez em que uma seleção brasileira verdadeiramente espetacular entrou em campo foi na Copa de 82. Só que ela perdeu, e a derrota trouxe consequências trágicas: a partir dali, ganhou corpo uma enorme estupidez denominada “futebol de resultados”, que não nos faz jogar um bom futebol e nem obter bons resultados. Está na hora da forra. Se a derrota da seleção de 82 serviu para sustentar as teses do meio-campo que só marca, do extermínio do meia-armador, da glória dos chutões à frente e dos cruzamentos altos para a área, os inimagináveis e inadmissíveis sete a um de ontem precisam representar a morte deste ciclo obtuso do futebol brasileiro. Chega. Ontem, logo depois do desastre, o jornalista Gerd Wenzel participou do programa “Bate-bola”, da ESPN, e falou sobre as mudanças ocorridas no futebol alemão a partir de 2002, após a derrota de dois a zero para o Brasil na final da Copa. Dispostos a aumentar o interesse pelo jogo, os alemães entenderam que era preciso privilegiar o futebol bem jogado, em detrimento do futebol físico que sempre praticaram. Criaram um amplo programa de renovação, com incentivos financeiros para a montagem de bons centros de treinamento para as categorias de base, desenvolveram um trabalho para identificação e apuro de talentos, investiram na formação de treinadores voltados para a valorização da parte técnica. Resumindo: o que eles tanto almejavam era jogar futebol como jogava a seleção brasileira de 82. Já tínhamos passado por vários momentos que demonstravam a necessidade de mudar. As Copas de 2006 e 2010, o passeio do Barcelona em cima do Santos na final do Mundial Interclubes de 2011, a indigência da imensa maioria dos jogos dos últimos campeonatos brasileiros. Mas nunca foi feito nada, porque é enorme a força dos que resistem às mudanças. Os dirigentes agem por interesse em manter suas fatias de poder, os treinadores por preguiça e arrogância, e certos setores da

imprensa esportiva fazem questão de se manter desatualizados. Assisti ao massacre de ontem pela Globo e me surpreendi quando, em determinado momento, Galvão Bueno disse que “é impressionante como, na seleção alemã, todo mundo volta pra marcar”. Não, Galvão, não é na seleção alemã: é na holandesa, na chilena, no Real Madrid, no Atlético de Madrid, no Barcelona, no Bayern de Munique, no Manchester City, no Liverpool, no Chelsea, no PSG, na Juventus, é assim nos melhores times de futebol do mundo. Todos atacam, todos defendem e, no meio-campo, todos sabem jogar bola.

Já tínhamos passado por vários momentos que demonstravam a necessidade de mudar. As Copas de 2006 e 2010, o passeio do Barcelona em cima do Santos na final do Mundial Interclubes de 2011, a indigência da imensa maioria dos jogos dos últimos campeonatos brasileiros. Mas nunca foi feito nada, porque é enorme a força dos que resistem às mudanças.

Em “Obrigação e retrocesso” (texto publicado na piauí_77), Tostão condena a demonstração de nacionalismo exacerbado na apresentação de Felipão e Parreira, reclama do momento em que os dois disseram que ganhar a Copa no Brasil era obrigação e prevê acusações de antipatriotismo a quem ousasse criticar a seleção dali em diante. Além disso, ele percebia na demissão de Mano um retrocesso, por achar que, depois de muito tempo, a seleção brasileira começava a dar esperanças de um futebol eficiente e encantador. Mas o melhor ficou para o final do artigo, em que Tostão discorda da tentativa – que hoje sabemos vã – de reciclar um passado vitorioso, e conclui com maestria: “Seria melhor se estivesse em curso uma modernização efetiva no estilo de jogo e na organização mais geral do futebol brasileiro, independentemente do resultado da Copa.” Felipão é um treinador, acima de tudo, motivacional. E ter um time motivado pode mesmo desequilibrar uma partida, desde que não haja um grande desnível técnico e tático em relação ao adversário. Assim: antes de tudo, arme-se um conjunto que jogue bem e com intensidade; depois, faça-se com que esses caras entrem em campo com a dose certa de motivação. Mas, a primeira parte da receita será sempre a mais importante. Caso isso aconteça a partir dos sete a um, seremos eternamente gratos à teimosia, à prepotência e ao atraso de Felipão. Jorge Murtinho é redator de agência de propaganda e, na definição por ele mesmo, faz bloguismo. Nessa arte, foi encontrado pela Revista piauí, que adotou o seu blog e autoriza a contribuição dele a este Figueira.

Olé, Brasil! Ana Paula Barbosa

Olé, Alemanha! Vou logo avisando: sou vascaína, doente. E essa camisa que a seleção da Alemanha usou é ridícula, uma imitação da camisa daquele time da Gávea. Mas, tirando isso, tenho de concordar numa coisa: a Alemanha jogou muito. Mas não precisava humilhar, né? Que vergonha, meu! Aquele não era o meu Brasil. Humilhante! Neymar e Thiago Silva fizeram falta. Muita falta. Fiquei triste, claro. Me deu uma dó do David Luiz. Nossa, quando eu vi ele chorando, chorei também. Para mim, ele é o melhor jogador do Brasil. Em questão de tudo. Simpatia, humildade e profissionalismo. O Brasil merecia esse tão sonhado hexa, mas não foi dessa vez, né? O time ficou perdido depois daquele primeiro gol. Foi feio perder por 7 a 1, a maior goleada da Copa, até então. Mas é isso aí, bola pra frente, estamos rumo ao hexa em 2018. E você, David Luiz, você é lindo em todos os sentidos. Sou sua fã! Você honrou a camisaque vestiu! Mas agora já era. Quer dizer, já era, nada. Vou torcer pela Alemanha. Argentina, nem pensar! A Alemanha pode entrar em campo com a camisa do Flamengo, do Madureira, do Bangu, pode entrar até sem camisa. Vou gritar: olé, Alemanha! Mas antes tem o jogo de sábado, decisão do terceiro lugar, entre Brasil e Holanda. É claro, é lógico que eu vou torcer pelo meu Brasil, pela minha seleção. E vamos sair de cabeça erguida. Foi muito bom estar com vocês durante a Copa, aqui nesta página. Vou me despedir de vocês sem a taça, mas com a alegria do dever cumprido. Até mais, moçada! Olé, Alemanha! Dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe! Ana Paula Barbosa é comerciária, fanática pela Seleção Brasileira e pelo Brasil

Canto do Galo

Toca da Raposa

Queremos a Recopa, a nossa Copa

Morrer é ridículo, não tem graça

Rosalva Campos Luciano

A Recopa Sul-Americana, é uma competição oficial organizada pela CONMEBOL Confederação Sul-Americana de Futebol. Sua primeira edição ocorreu em 1989 e foi disputada até 1998, voltando à ativa desde 2003. Já foi disputada em apenas um jogo fora da América do Sul. Atualmente, realiza-se no sistema de “ida e volta” e é disputada entre o campeão da Libertadores e o campeão da Copa SulAmericana. O atual campeão é o Corinthians. A edição de 2014 será disputada pelo Atlético Mineiro, campeão da Copa Libertadores da América de 2013, e pelo Lanús, campeão da Copa Sul-Americana de 2013. A primeira partida será às 22h do próximo dia 16, no estádio La Fortaleza. E quem sabe o nosso ídolo Diego Tardelli, cuja paixão pelo Galo sai do coração de torcedor, envolva a sua chuteira com este amor e possa chegar na Recopa ao seu gol 100...faltam dois. No site oficial do Atlético pesquisei estes dados lembrando que o Tardelli está na sua segunda passagem pelo clube. Na primeira, de 2009 ao início de 2011, sagrou-se artilheiro do Campeonato Brasileiro em 2009 e campeão mineiro no ano seguinte. Depois de se transferir para o Al Gharafa, do Catar, no começo de 2011, o goleador retornou ao Galo no princípio de 2013, ano em que participou das conquistas da Copa Libertadores da América e Campeonato Mineiro. Os gols de Tardelli são divididos, ano a ano, da seguinte forma: 42 gols em 2009, 25 em 2010, 6 em 2011, 18 em 2013 e 7 em 2014. Já na Argentina desde domingo, dia 6 de julho, o Atlético treinou no CT da Associação

do Futebol Argentino (AFA), em Ezeiza, na Grande Buenos Aires. Apesar do frio intenso e da garoa insistente, o time se mostra animado e confiante. A saudade de ver a camisa do Galo em campo, a saudade de ver nossos ídolos esbanjando classe com a bola e a saudade de gritar bem alto “Galooooooooo” nos deixam ansiosos para esta competição. Esperamos com alegria o dia 16. E vai aqui um pouquinho de tristeza. Pois é, não teremos o choro perfilado do Neymar quando do hino à capela. Não teremos o choro do Neymar por uma vitoriosa cobrança de penaltis. Não teremos o choro do Neymar abraçado a um dos “parças” depois de três pontos que fazem avançar. Hoje o choro do Neymar é o choro da covardia, da estupidez, da maldade. Tirar o Neymar da Copa não significa apenas ficar sem chutes a gol, não significa apenas poder ser considerado o melhor, não significa apenas o louro e o troféu. Tirar o Neymar da Copa significa tirar a alegria de um menino que usou com talento o dom que recebeu de Deus. Significa tirar o ar, o pulsar da vida, significa tirar a magia do sonho sonhado. Prefiro acreditar que não tenha sido intencional. Que Deus te abençoe, Neymar, à sua família também e que Ele sempre te faça chorar mais de emoções do que de dores... Escreveu para vocês Rosalva, lembrando sempre que Aqui é Galo, o resto é Ali... Rosalva Campos Luciano é professora e, acima de tudo, apaixonadamente atleticana.

Hadson Santiago

Saudações celestes, leitores do Figueira! Com chave de ouro! Assim o Cruzeiro encerrou sua excursão aos Estados Unidos, com 100% de aproveitamento nos 5 jogos disputados. Nas duas últimas partidas, um duplo 2 x 0 nos mexicanos Tigres, em Houston, e Chivas Guadalajara, em El Paso. O último jogo, inclusive, com direito a gol antológico de Ricardo Goulart. O jogador cruzeirense estava antes da linha do meio-campo e, num momento de muita lucidez e presença de espírito, enxergou o goleiro adiantado e chutou a bola dali mesmo, fazendo um golaço. Todos se lembraram, claro, do lance do Pelé na Copa de 1970, contra a Tchecoslováquia. Pelé fez o mesmo e deixou o goleiro Viktor atordoado. Só que, infelizmente, a bola não entrou. Com as vitórias sobre América, Tigres e Chivas, o Cruzeiro já lidera, também, o Campeonato Mexicano... Por falar em golaço, cada torcedor tem guardado na memória o seu gol inesquecível, aquele que faz a gente se arrepiar só de lembrar. Pode ser pela beleza da jogada, pela importância do gol ou por qualquer outro motivo. Não vou deixar de revelar o meu. Ano de 1980, Campeonato Brasileiro, Cruzeiro e Fluminense jogavam no Mineirão. Era um domingo de Páscoa. O Cruzeiro abriu o placar com Nélio e Cristóvão empatou para o Flu, ainda no primeiro tempo. Luís Carlos Oliveira (ex-Uberaba), já na etapa final, fez o segundo gol cruzeirense. A equipe carioca partiu para o abafa e pressionou muito o Cruzeiro durante todo o segundo tempo. Ao apagar das luzes, o lateral

Zé Carlos, que havia entrado no lugar de Erivelto, dá um chutão para aliviar a defesa e a bola cai nos pés de Joãozinho, antes do meio-campo. O “Moleque João” parte numa velocidade alucinante entre dois jogadores tricolores, entra na área, dá um drible seco em Givanildo e outro no goleiro Paulo Goulart, que saía desesperado. Com o gol escancarado, Joãozinho toca suavemente a bola para o fundo do filó, como diria Fernando Sasso, e sai para o abraço. Foi eleito o “Gol da Rodada” pelo Fantástico e um dos dois mais bonitos de 1980. Até hoje essa obraprima é lembrada pelos torcedores e o gol é facilmente encontrado na internet. O futebol vem perdendo, nos últimos dias, alguns ex-jogadores que muito contribuíram para a história do esporte. Faleceram Di Stefano, craque do Real Madrid e do River Plate, e Assis, ex-jogador de AtléticoPR e Fluminense. Assis era integrante do “Casal 20”, dupla que fez com Washington nos dois clubes citados. Por ironia do destino, Washington também faleceu há menos de dois meses. Isso sem falar no Giba, exlateral do Corinthians, que morreu há poucos dias. Como diz o Pedro Bial no texto A Morte, “morrer é ridículo, não tem graça”, mas é a dura realidade de todos nós. Por isso, vivamos intensamente, façamos o bem sempre, e seja o que Deus quiser... Abraços! Hadson Santiago Farias é cruzeirense, democratense e fã da banda norueguesa A-Ha.


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