www.figueira.jor.br
Fim de semana com sol entre nuvens. Não chove, mas vai fazer frio www.climatempo.com.br
facebook.com/600139720076533 twitter.com/redacaofigueira
28o 12o
MÁXIMA
Não Conhecemos Assuntos Proibidos
MÍNIMA
ANO 1 NÚMERO 20
FIM DE SEMANA DE 8 A 10 DE AGOSTO DE 2014
FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS
EXEMPLAR: R$ 1,00
Motociclistas querem mais respeito no trânsito Fábio Moura
Para muitos, eles são considerados vilões do trânsito. Mas na verdade, não é bem assim. A opção pela motocicleta tem, sim, vários pontos positivos. Há muitos fazendo o transporte individual ou em duplas sobre quatro rodas. A ocupação desnecessária do espaço urbano gera caos e congestionamento. Quem vai de moto, vai num metro quadrado reduzido, vai consumindo bem menos combustível. Na terceira
reportagem da série sobre mobilidade urbana, o repórter Fábio Moura foi às ruas e ouviu os motociclistas, que pediram mais respeito a eles em várias questões, como mais vagas para estacionar e regularização do serviço de mototáxi. Página 6
Tim Filho
As motocicletas são uma opção para ter mais agilidade no trânsito cada mais congestionado na área central de Valadares
NESTA EDIÇÃO Gabriel Sobrinho
Notícias do Poder O jornalista José Marcelo, direto de Brasília, conta que os corredores do Congresso Nacional estão vazios, num marasmo só. Tudo por causa da campanha eleitoral. Saiba mais lendo a coluna Notícias do Poder. Página 5
Música O FestRock está de volta e promete agitar a galera, em setembro Página 11
Entrevista Gilson de Souza e Cezinha Alvarenga, candidatos a deputado estadual, são entrevistados nesta edição Páginas 5 e 9
Parlatório A Internet democratiza o debate eleitoral? As postagens relacionadas à campanha eleitoral nas redes sociais, especialmente no Facebook, têm criado polêmicas infindas. Será que estas postagens contribuem para a informação do eleitorado? O estudante João Vitor Vieira Dias diz que sim. Para ele, “a democracia nos deu voz e as redes sociais nos deu um alto falante”. Luciana Gonçalves discorda. Para ela, as redes sociais espalham muitos boatos e confundem o eleitor. Página 2
Vale inaugura trem de luxo na Vitória a Minas Trinta anos após a última renovação na linha, o novo trem de passageiros da Vale, que faz o trajeto entre as capitais do Espírito Santo e Minas Gerais, começou a circular na última terça-feira, dia 5. Entre o aumento no número de assentos e a instalação de ar-condicionado nos vagões de classe econômica, as novidades estão presentes em todos os 56 novos carros que saíram de BH e desembarcaram em Vitória. Página 7 E MAIS...
Brava Gente!
O articulista Hadson Santiago pediu e este Figueira atendeu. Trocou o escudo do Cruzeiro na sua coluna. Agora, o escudo com a Tríplice Coroa, conquistada em 2003, brilha na página 12. É uma homenagem à torcida estrelada, que está feliz da vida com o líder do Brasileirão. Página 12
Conheça Roberto César Ribeiro Chaves, um garoto que não gostava de estudar e quase fugiu da escola, não deu trégua para o comodismo. Terminou o Ensino Médio e conseguiu passar no concurso para a Secretaria da Educação. Lá no seu trabalho, ao fazer novas amizades, Roberto foi incentivado a prestar vestibular. Passou e estudou na faculdade de Comunicação Social, formando-se em Publicidade e Propaganda. Hoje ele um profissional de sucesso e um artista genial.
Página 9
OPINIÃO
Editorial
2
FIGUEIRA - Fim de semana de 8 a 10 de agosto de 2014
Tim Filho
Cuidado! Em época de eleição vem muita coisa do céu
Como mover-se na cidade O assunto Mobilidade Urbana continua a pautar as reportagens centrais. Depois das bicicletas e dos táxis, esta edição traz a situação das motocicletas e as demandas dos mototaxistas em Valadares. Depois que os candidatos ao Governo do Estado foram entrevistados, cada edição tem trazido entrevistas com os candidatos locais a deputado estadual e federal. Geovanne Honório, Helio Gomes e Leonardo Monteiro já foram ouvidos e nesta edição Gilson de Souza e Cezinha Alvarenga expõem suas propostas para os leitores eleitores. Nenhum candidato residente em Valadares deixará de ser ouvido e apresentado, como contribuição do Figueira ao debate e à informação política neste período eleitoral. Com o privilégio de ter a melhor estrada de ferro do país e um trem de passageiros de verdade, o que se tornou raríssimo no Brasil, Valadares recebeu nesta semana os novos vagões, em padrão europeu. Agora, acabou o minério na pele durante a viagem. Ar condicionado mesmo na classe econômica, internet, som individual, trem com jeito de avião. É bom ver a Vale investindo em transporte de passageiros.
“
Com o privilégio de ter a melhor estrada de ferro do país e um trem de passageiros de verdade, o que se tornou raríssimo no Brasil, Valadares recebeu nesta semana os novos vagões, em padrão europeu.
Desmilitarização das Polícias Pesquisa a ser divulgada nesta semana pelo Ministério da Justiça, indica 77,2% de apoio à desmilitarização das PMs. A relevância desta pesquisa, feita pela Fundação Getúlio Vargas – FGV e Secretaria Nacional de Segurança Pública, é que foi ouvida exclusivamente a opinião dos policiais militares, bombeiros militares, policiais federais e rodoviários. Ou seja, 21.101 policiais foram ouvidos em todo o país, de 30 de junho a 18 de julho deste ano. A pesquisa “Opinião dos Policiais Brasileiros sobre Reformas e Modernização da Segurança Pública”, aponta que 63,5% dos policiais têm formação universitária completa, 53,4% entendem que PMs não devem ser julgados pela Justiça Militar, 52% entendem que suas carreiras são inadequadas e 83% que os códigos disciplinares precisam ser atualizados. É preocupante que 33% dos PMs pensam em deixar a corporação assim que tiverem oportunidade profissional melhor. O grande mérito da pesquisa será indicar para a classe política e para o comando que há muita vida inteligente na tropa. Não haverá amanhã Circula na Internet um vídeo reconhecido como verdadeiro pela mídia israelense (site do jornal Times of Israel), que mostra um grupo de jovens judeus cantando alegremente: “Não haverá aulas amanhã, porque já não haverá crianças em Gaza.” No contraponto a esses extremistas, que respondem às agressões do Hamas com mais agressões – um abismo chama o outro – Shlomo Bem-Ami, ex-chanceler de Israel, lamenta a partir da sua experiência, que “a continuação do conflito debilita perigosamente as bases morais de Israel.”
“
É preocupante que 33% dos PMs pensam em deixar a corporação assim que tiverem oportunidade profissional melhor. O grande mérito da pesquisa será indicar para a classe política e para o comando que há muita vida inteligente na tropa.
Expediente Jornal Figueira, editado por Editora Figueira. CNPJ 20.228.693/0001-83 Av. Minas Gerais, 700/601 Centro - CEP 35.010-151 Governador Valadares MG - Telefone (33) 3022.1813 E-mail redacao.figueira@gmail.com São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica. Diretor de Redação Alpiniano Silva Filho Conselho Administrativo Alpiniano Silva Filho MG 09324 JP Jaider Batista da Silva MTb ES 482 Ombudsman José Carlos Aragão Reg. 00005IL-ES Diretor de Assuntos Jurídicos Schinyder Exupéry Cardozo
Conselho Editorial Aroldo de Paula Andrade Enio Paulo Silva Jaider Batista da Silva João Bosco Pereira Alves Lúcia Alves Fraga Regina Cele Castro Alves Sander Justino Neves Sueli Siqueira
Responsável pelo Portal da Internet Enio Paulo Silva http://www.figueira.jor.br
Artigos assinados não refletem a opinião do jornal
Parlatório A Internet democratiza o debate eleitoral?
Nas redes sociais, as vozes cantam a liberdade SIM
João Victor Vieira Dias
Acredito que a contribuição seja maior que o discurso vazio e que, até este tenha sua valia. Ainda temos vestígio de um pensamento nascido na ditadura que nos fazia acreditar que não podíamos participar das decisões governamentais. Paulo Freire diz que em uma República todos participam, conscientes ou não desta participação, e o nível e a qualidade de participação dos cidadãos é que determina o sucesso ou o insucesso da vida republicana e, paralelamente, a qualidade da atividade governamental. No tempo em que vivemos, a consciência desta participação começa a florescer, pois o cidadão já sabe que seu voto conta e que ele pode atrair outros para o seu candidato. A qualidade ainda é ruim, pois o brasileiro ainda não entendeu que a política vai além da época de eleição e não se refere somente aos políticos. A política está em nosso cotidiano, no dia a dia da escola pública, no atendimento dos hospitais, das leis que nos são impostas e dos favorecimentos das altas camadas sociais. Quando isso for entendido, as postagens que veremos serão diárias, informativas e reivindicativas. Enquanto isso, elas se limitam aos períodos de eleição, acompanhadas de calorosas e vazias discussões, como um ensaio para o grande momento. Algumas pessoas postam informações sobre as políticas públicas e os votos de nossos representantes em questões importantes para a sociedade, outros, fotos de candidatos, o que fez (ou diz que fez) e os apresentam como anjos ou demônios. A religião também se encontra muita atrelada a um estado supos-
tamente laico. Mas, esses são os passos necessários para o caminho do empoderamento popular. As pessoas podem falar, criticar, abrir mão do voto secreto a favor de uma crença de contribuir para o país. Sentem-se protagonistas da própria história. Para mim, isso é uma grande evolução ao nos lembrarmos de que há poucas décadas só podíamos consentir. A democracia nos deu voz e as redes sociais nos deu um alto falante. Se há mais postagens vazias que contributivas é em razão do quadro social em que nos encontramos. Já podemos falar, agora temos que aprender a ouvir, a ler e refletir para qualificar a nossa voz. Mas, tudo isso é válido para o aprendizado.
“
É uma grande evolução ao nos lembrarmos de que há poucas décadas só podíamos consentir. A democracia nos deu voz e as redes sociais nos deu um alto falante.
Outro ponto positivo que vejo é que há muitas orientações na rede em relação às postagens, como: “Antes de compartilhar verifique se a informação é verdadeira.” Para mim, é importantíssimo criar uma cultura de investigação em uma sociedade viciada em repetir boatos. As postagens acerca das eleições são válidas, legítimas e expressam a voz de um povo que ainda desafinado, quer cantar a liberdade. . João Victor Vieira Dias é estudante do Ensino Médio da Rede Pública e estagiário da FUNAI
Rede social virou central de boatos NÃO
Luciana Gonçalves
As postagens dos nas redes sociais, relacionadas à campanha eleitoral, não contribuem em nada para a informação das pessoas e ainda tratam problemas importantes como chacota, piada, e em muitos casos faz ataques baratos. A maioria tem comportamento parecido com o de torcida organizada, com postagens provocativas. O caso do aeroporto construído em terras da família de Aécio Neves, candidato do PSDB, sempre aparece. E junto com o aeroporto, volta o caso do helicóptero dos Perrela, que é associado ao candidato Aécio, e por aí vai. Pra não ficar atrás, outra turma aparece postando coisas do mensalão petista, destacando José Dirceu, José Genoíno e outros, associando-os à candidatura Dilma Rousseff. O ex-presidente Lula, que nem candidato é, é muito citado nas postagens. Sempre são feitas referências pouco elegantes ao ex-presidente. Lula é citado como bêbado, como “criador de programas sociais para ajudar quem não trabalha”, o programa Bolsa Família inspira uma série de paródias, e assim as provocações se seguem. Além disso, muitas informações falsas são postadas como se fossem verdadeiras. Fora do período eleitoral, essas notícias falsas já eram fartas. Agora, o risco
de aumentarem é ainda maior. Na verdade, o que acontece, é que muita gente posta de forma inocente. Ou compartilha postagens de origem duvidosa. Vídeos com declarações de candidatos, feitas em outras eleições, são postados como se fossem atuais. E muitos acreditam, vão lá e comentam. Esse compartilhamento inocente apenas amplia algo que foi feito de forma maldosa, com o objetivo de confundir. São poucos os argumentos sérios e convincentes. Tudo é levado na base do humor e em muitas vezes, do sarcasmo. E assim seguem as postagens, que poderiam ser feitas de forma séria, pois a rede social, especialmente o Facebook, é um espaço democrático, uma opção a mais para as pessoas opinarem sobre temas diversos. Mas, pelo que tenho visto, as pessoas estão confundindo tudo, inclusive a opinião pública.
“
Além disso, muitas informações falsas são postadas como se fossem verdadeiras. Fora do período eleitoral, essas notícias falsas já eram fartas. Agora, o risco de aumentarem é ainda maior.
Luciana Gonçalves da Silva terminou o Ensino Médio em 2013, na Escola Estadual Prefeito Joaquim Pedro do Nascimento e agora estuda Inglês
www.figueira.jor.br A semana inteira com você. Acesse!
CIDADANIA & POLÍTICA
3
FIGUEIRA - Fim de semana de 8 a 10 de agosto de 2014
Da Redação
Sacudindo a Figueira A figueira precipita na flor o próprio fruto
“
Rainer Maria Rilke / Elegias de Duino
Eu não preciso ler jornais Mentir sozinho eu sou capaz.
Análise ou manipulação?
Raul Seixas - Em Cowboy fora da lei
Substituíram a ditadura militar pela ditadura midiática, a dominação pelo consenso. Bernardo Kucinski, jornalista e escritor
Saldo do fechamento dos supermercados Ao contrário da trajetória de forte criação de empregos em Valadares nos últimos cinco anos, 2014 finalizou o primeiro semestre com saldo negativo de 239 vagas. 14.066 pessoas se encontraram emprego e 14.305 foram demitidas. A mudança de rumo ocorre principalmente pela demissões nos supermercados, por causa da decisão de fechamento nas tardes e noites de domingos e feriados. Na prática, trabalhadores de um turno inteiro tornaram-se dispensáveis. Se a conta do desemprego não interessa ao sindicato, deveria ser assumida como denúncia pelas lideranças políticas.
Ainda o (des) emprego Enquanto os sindicatos se dão ao luxo de criar situações de desemprego, 3 mil jovens completam 18 anos de idade em Valadares neste ano e aguardam a sua vaga de trabalho. Mas, o saldo está negativo em 239 vagas. Quem responde pela frustração desses jovens?
Viaduto de BH O viaduto que caiu em BH durante a Copa teve em suas pilastras de sustentação apenas 10% da ferragem que deveria receber. Erro tão grande de projeto? Corrupção da relação entre empresas de engenharia e administração pública municipal? Agora, a alça do viaduto também terá de ser demolida, pois padece do mesmo mal.
A cada rodada das pesquisas eleitorais mais se enrolam os analistas que tentam a qualquer custo criar um consenso de impossibilidades para a candidatura à reeleição da presidenta Dilma Rousseff, do PT, embora, no contexto geral do país, ela apareça com 16% acima do segundo colocado, o tucano Aécio Neves: 38% a 22%, respectivamente. E, em se tratando dos três maiores colégios eleitorais do país, Dilma mantém a vantagem em São Paulo e Rio de Janeiro, onde atinge um percentual de 20% a mais sobre o segundo colocado, 35% a 15%, só perdendo em Minas Gerais, por uma margem de 10%, o que é absolutamente natural, por se tratar do Estado em que Aécio Neves foi governador por duas vezes e representa no Senado. Mesmo assim, numa análise torta sobre os resulta-
Conservador, mas honesto Enquanto isso, no tradicional e conservador jornal Estado de S. Paulo, em relação à mesma pesquisa: “Tradicional reduto tucano, São Paulo ainda é um desafio para Aécio Neves. No Estado, o candidato do PSDB à Presidência ainda não conseguiu ultrapassar a petista Dilma Rousseff e tem cerca de 20 pontos porcentuais a menos que a taxa de intenção de votos ostentada, na mesma época do ano, por Geraldo Alckmin em 2006 (que tinha 46%) e José Serra em 2010 (44%).” Dificuldade? Para quem? Em coluna publicada na edição da Folha de 2 de agosto, o jornalista Mau-
dos da pesquisa Ibope no estado de São Paulo, divulgada em 31 de julho, em que Dilma aparece com 30% e Aécio com 25%, a Folha afirma que ela tem “dificuldade” em São Paulo. Dificuldade? Bom, se entendemos que a margem de erro só beneficia o candidato tucano e será sempre em prejuízo da candidata petista, aí sim, poderemos falar em “dificuldades”. Não reais, mas que derivam apenas do desejo de quem faz a análise. Assim que, manipulando-se a margem de erro de 3% – para o candidato tucano sempre para cima, e para a candidata do PT sempre para baixo, poderíamos chegar a um empate técnico, ou seja, Dilma poderia estar com 27% e Aécio com 28%. O que não se percebe é que também poderia ser Dilma com 33% e Aécio com 22%, porque não?
rício Puls afirma: “O aspecto mais notável do presente cenário eleitoral não é a debilidade da presidente nas pesquisas, e sim a da oposição. Seria razoável esperar que, numa conjuntura difícil, seus adversários estivessem numa posição mais favorável”. E vem mais pesquisa por aí Bom, nesta quinta-feira, dia 7, nova rodada de pesquisas serão divulgadas. É esperar para ver se o eleitor está se movimentando ou se, como esperado, estão aguardando o início da campanha na TV para se posicionarem. É a primeira rodada de pesquisas após o noticiário do aeroporto na cidade de Cláudio, em terras da família da Aécio. A conferir.
Vamos conversar? O slogan assumido por Aécio nas suas primeiras aparições como candidato parece ter sido substituído por “Vamos mudar de assunto?” nesses tempos de denúncias sobre o aeroporto nas terras da família. Pra completar, aparecem agora denúncias de trabalho escravo na mesma fazenda e o candidato foi recebido em Curitiba nesta semana com uma chuva de aviõezinhos de papel – desses que crianças fazem – lançados dos edifícios das ruas por onde ele passou. Um sinal de que a denúncia pode ter “pegado”.
Cursos novos de Medicina Os Ministérios da Saúde e da Educação estão firmes no propósito de criar 11.447 novas vagas de Medicina no país, como parte da sustentação futura do Programa Mais Médicos, pois a presença de cubanos não será para sempre. Portaria de 23 de julho no Diário Oficial da União autorizou 498 novas vagas para abertura de novos cursos de Medicina em seis faculdades particulares: Faculdade Meridional de Passo Fundo (RS), Centro Universitário Uniseb de Ribeirão Preto (SP), Centro Universitário de João Pessoa (PB), Faculdade das Américas (SP), Centro Universitário Franciscano de Santa Maria (RS) e Faculdades Integradas Tiradentes, de Maceió (AL). Enquanto isso, a Univale contrata mais uma empresa de reestruturação organizacional e planejamento para viabilizá-la.
Templo de Salomão 4 vezes maior que o Santuário de Aparecida e ao custo de 680 milhões de reais, foi inaugurado no dia 31 de julho, em São Paulo, o Templo de Salomão, da Igreja Universal do Reino de Deus. Ao lado de Edir Macedo, vestido com trajes judaicos, Dilma Rousseff, Geraldo Alckmin e a nata da política paulista.
Campanha de Pimenta usa trilha de campanha dos tempos da ditadura O candidato tucano ao governo de Minas, Pimenta da Veiga, não tem sido feliz com seus jingles. O primeiro, lançado em julho, tão logo iniciou-se a campanha eleitoral, era apenas uma cópia do jingle do candidato Anastasia nas eleições de 2010. Ainda sem inspiração, a equipe de marketing do tucano não se preocupou em dar a ele uma identidade própria. Uma cópia bastaria. Não foi bem assim. Então, cuidaram de arrumar um novo jingle, desta vez apenas um plágio de um “hino” da ditadura, uma versão de uma campanha promocional do governo do general Ernesto Geisel. Tempos terríveis, de triste memória. Abaixo, as duas versões: Na campanha de Pimenta da Veiga, a letra é: “Seguir em frente, mudando Minas com o coração / Vamos juntos, vem com a gente, vem me dê a mão / O tempo passa, e com Minas caminhamos todos juntos, sem parar / Fazer mais, fazer para todos e avançar / Marcas do que se fez, sonhos que vamos ter / Como todo dia nasce novo em cada amanhecer”.
E a versão original da década de 1970, período da ditadura militar: “Este ano, quero paz no meu coração, / Quem quiser ter um amigo, que me dê a mão… / O tempo passa e com ele caminhamos todos juntos, sem parar / Nossos passos pelo chão vão ficar… / Marcas do que se foi, sonhos que vamos ter / Como todo dia nasce, novo em cada amanhecer…”.
Nada de PSDB na Campanha Pelo menos o material de campanha Aécio/Pimenta/ Anastasia em Valadares não traz a identificação do PSDB. É chapa puro sangue, mas o PSDB está escondido nos adesivos para carro e nos panfletos. Deve haver pesquisa a indicar a rejeição à sigla.
METROPOLITANO
4
FIGUEIRA - Fim de semana de 8 a 10 de agosto de 2014
Aquele Abraço! Janaína Castro Alves / Do Rio de Janeiro
Mas, como assim, “Marcha das Vadias”? Neste sábado, 9 de agosto, acontece a 4ª Marcha das Vadias. Pelo quarto ano, centenas de mulheres ocuparão as ruas de Copacabana em defesa do direito de existir e serem donas de seus próprios corpos. Mas, por que Vadias? A Marcha teve inicio após um policial no Canadá ter afirmado publicamente que se as mulheres não se vestissem como “vadias” os estupros não aconteceriam. Discursos como desse policial são comuns. Muitas vezes quando nos deparamos com casos de violência contra mulheres nos pegamos reproduzindo o pensamento que culpabiliza a vítima: “se estivesse em casa, isso não aconteceria”, “Se não tivesse bebido, isso não aconteceria”, “Ela estava pedindo, se comportando dessa maneira”. Em outras ocasiões, as mulheres simplesmente são apontadas como “vadias”, “fáceis”, por viverem suas vidas sem se importar com o que a sociedade aponta como comportamento ideal. Muitas deixam de fazer o que querem ou escolhem porque não querem se afastar desse ideal, da imagem de “mulher direita” ou da “menina pra casar”. Para desconstruir esse pensamento, a Marcha ressignifica o termo: se ser vadia é ser livre para fazer o que bem entender e ter escolhas pessoais respeitadas, então somos todas Vadias! Como o correspondente Vinícius Quintino publicou nesse jornal em maio, há inúmeros avanços para as mulheres, homossexuais e indivíduos transexuais que aos poucos são conquistados por meio de políticas públicas que diminuem a desigualdade de gênero. Mas, no campo simbólico, ainda há muito o que conquistar. A autonomia sobre o próprio corpo é uma das questões mais importantes levantadas pela Marcha, já que temos uma legislação arraigada no patriarcalismo, que não permite à mulher ter escolha sobre seus direitos reprodutivos. Garantir a equidade de gêneros é garantir que a mulher decida ser mãe quando quiser e se quiser, garantindo a ela a segurança de fazer essa escolha com a assistência médica necessária. O fato de o aborto ser proibido no país não impede que as mulheres que necessitam ou querem abortar o façam, apenas faz que seja feito de forma clandestina, causando milhares de mortes em procedimentos ilegais. A falta de autonomia feminina também interfere nas relações que as mulheres têm com o próprio parto. Muitas vezes, não pode escolher como dará à luz ao próprio filho, sendo vítima de violência obstétrica nas redes pública e privada de saúde. O direito ao corpo, aparentemente, nada tem a ver com a forma com que a sociedade enxerga as mulheres, mas é por conta dessa visão desprivilegia-
contrafeminismo.blogspot
Movimentação de mulheres na última edição da Marcha das Vadias, no Rio de Janeiro
da que a nossa legislação não respeita a autonomia feminina. O feminismo contemporâneo nada mais é que a noção radical de que as mulheres são seres humanos. Portanto, por direito, pertencem exclusivamente a elas as escolhas acerca da sua vida: como se vestir, quais princípios religiosos vai seguir, se vai se casar ou não, se terá filhos ou não, qual a carreira quer seguir, se vai ou não se adequar aos padrões de beleza. O respeito à mulher a empodera, a torna livre e segura para viver de acordo com suas próprias regras, sem culpa ou julgamento! Tautologia versus Democracia Fui surpreendida pela resposta do Ombudsman do jornal Figueira, José Carlos Aragão, na estreia da minha coluna de opinião Aquele Abraço. No artigo “Democracia, cadê você?” comento as prisões de ativistas políticos no Rio de Janeiro no mês de julho. Senti-me honrada em perceber que o profissional contratado para mediar as relações entre empresa e leitores se posicionou acerca do tema: sinal de que meu objetivo foi cumprido. Sobre a “falta de senso” criticada na minha coluna, tenho algumas questões a levantar: não faltei às aulas de História do colégio, muito menos as au-
AGENDA
Qualificação Profissional da Pessoa com Deficiência No dia 12 de agosto, das 14 às 18h, o Teatro Atiaia receberá mais uma edição do evento Deficiência em Debate, promovido pela Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) em parceria com os Conselhos Municipais de Assistência Social, da Pessoa com Deficiência e de Trabalho Emprego e Renda. Neste ano, o evento terá como tema “Qualificação Profissional da Pessoa com Deficiência” e contará
com a presença de representantes da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República, do PRONATEC/Viver Sem Limites e do Ministério Público do Trabalho. Para participar é preciso se inscrever, enviando um e-mail para deficienciaemdebate@gmail.com, com seu nome e instituição que representa, até a data de 9 de agosto. As vagas são limitadas. O evento concederá certificação para os participantes.
las de Legislação e Ética que cursei na Universidade. Entendo que a defesa da democracia é uma bandeira quase uníssona na imprensa, mas me surpreende que os argumentos contrários ao meu apontamento da ausência do espírito democrático na política nacional tenham sido rebatidos com a memória do absurdo:
“
A autonomia sobre o próprio corpo é uma das questões mais importantes levantadas pela Marcha, já que temos uma legislação arraigada no patriarcalismo, que não permite à mulher ter escolha sobre seus direitos reprodutivos. Garantir a equidade de gêneros é garantir que a mulher decida ser mãe quando quiser e se quiser, garantindo a ela a segurança de fazer essa escolha com a assistência médica necessária.
devemos nos contentar em ser apenas presos, tendo em vista que o Estado brasileiro já matou e torturou quem se opôs a ele? O espírito democrático que devemos buscar está descrito na certeza de que já foi muito pior? Sinceramente acredito que não. Talvez, justamente por eu ter menos de 30 anos, posso dizer que a minha crença na democracia vai muito além do direito à livre manifestação de pensamento. Ela exige participação democrática. Aos que me dizem que há “tolerância e respeito à divergência”, eu pergunto se em algum momento já viram a polícia brasileira, altamente militarizada, atuando. Em diversas manifestações, pessoas foram espancadas, tomaram tiros e a polícia usou aparato militar extremo para reprimir as manifestações, sem fazer nenhum esforço para coibir nenhum “ato de vandalismo”. Entendo que para a classe média que assiste ao Jornal Nacional e reza toda noite para Nossa Senhora da Manutenção do Status Quo é difícil discernir os papéis empregados pela mídia e pelo Estado nos jogos de poder. A participação popular incomoda a todos justamente por demandar que se abra o tabuleiro e se redistribua as peças. A democracia não é sinônimo de justiça social, mas é a garantia dos direitos primordiais que assegura que a sociedade possa caminhar para um mundo mais justo. A anomalia jurídica que o processo contra os presos políticos deflagra apenas aponta o que a favela já sabe há anos: não existem direitos para os marginalizados. É só abrir qualquer jornal do Rio de Janeiro para ver que o Estado mata, persegue e criminaliza os pobres diariamente – só no primeiro semestre de 2014, o número de mortes registradas como “auto de resistência” subiu 69%, segundo dados do Instituto de Segurança Pública da SSPRJ. E isso não é fruto apenas da desigualdade social, é fruto da desigualdade democrática. Portanto, a esse Estado Democrático de Direito cabem críticas sim, e há que se usar o inquérito dos presos políticos para debater e atentar para as práticas autoritárias. Afinal, no inquérito não há nenhuma acusação de dano ao patrimônio, ou lesão corporal, apenas de “organização criminosa”. O direito à organização e manifestação é constitucional, mesmo que desagrade aos milhares de patetas que repetem sem titubear as palavras de Patrícia Poeta: vândalos, baderneiros, vândalos, baderneiros. Janaína de Castro Alves é midiativista, integrante do Coletivo Rio na Rua.
Associativismo Antônio Carlos Borges
Capital social e pobreza Desde janeiro de 2014, a Petrobrás é financiadora de um projeto na região, denominado “Enriquecimento do Capital Social no Vale do Rio Doce”, pelo qual se pretende a formação tecnológica e de lideranças para jovens e agricultores familiares, em uma perspectiva de combate à pobreza. Cerca de 400 pessoas serão beneficiadas pelo projeto em dois anos de execução. É importante entender a razão de se trabalhar o enriquecimento do capital social na nossa região, na direção da agricultura familiar. No caso, o projeto é voltado de forma especial para famílias dedicadas à produção de leite, já que este produto se constitui no carro chefe da sustentação familiar rural no Médio Rio Doce. Basicamente, dois fatores no ambiente rural se configuram como elementos do empobrecimento econômico da região: ausência quase que total de tecnologias ambientalmente, socialmente e economicamente adequadas à produção familiar e até mesmo aos produtores de maior porte, e carência de uma organização social que permita a este público a inclusão de seus produtos no mercado. A ausência de tecnologias de produção resulta em degradação ambiental, baixa produtividade das terras, êxodo rural, principalmente de jovens e, enfim, pobreza material. Quanto à venda dos produtos, seja o leite ou outros, o mercado funciona em formato próximo do oligopsônio (no nosso caso, poucos compradores organizados e muitos fornecedores desorganizados), muitas vezes com o agravante do “atravessamento”, que é uma forma de domínio exploratório do ambiente de produção, com graves conseqüências econômicas
e sociais. Os produtores de porte médio e menor porte são meros “entregadores” de produtos no mercado, jamais participando de negociações na formação do preço. Nestes pontos descritos, encontram-se os maiores entraves para o desenvolvimento da agricultura familiar, que encerram um círculo de dificuldades que inviabiliza a continuidade deste setor a médio e longo prazo. Baixa produtividade somada ao um processo de exploração na cadeia do agronegócio, explica em muito a pobreza regional. Muito se tem discutido ao longo de décadas, nos ambientes acadêmicos e governamentais, a respeito da agricultura familiar, mas é necessário que se reconheça urgentemente os motivos mais importantes do êxodo, pois enquanto se discute ideologicamente, o campo perde seus jovens, seu bem maior para a sustentabilidade do setor. A demora na tomada de medidas eficientes no sentido de conter este êxodo tem acarretado prejuízos que poderão se tornar irreparáveis. O projeto da Petrobrás atua positivamente nesta situação, formando jovens técnicos para o campo, com consciência do seu real papel de romper, juntamente com os produtores, o ciclo de pobreza regional, criando uma força social coesa e aliada entre técnicos e produtores, produzindo mais, melhor, de forma saudável e com capacidade de enfrentamento do mercado. Antonio Carlos Linhares Borges é administrador rural e advogado, diretor geral do CIAAT – Centro de Informação e Assessoria Técnica.
POLÍTICA 5
FIGUEIRA - Fim de semana de 8 a 10 de agosto de 2014
Notícias do Poder José Marcelo / De Brasília
Descontrole
Foi bom... Sede de sangue
O INSS tenta resolver um impasse que é apenas uma ponta de um iceberg de proporções ainda desconhecidas. Centenas de moradores do bairro de Campinhos, no Rio de Janeiro, ocupam vários imóveis que o Instituto possui e que sequer tinha conhecimento deles. O caso veio à tona por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal e da criação do o Fundo do Regime Geral da Previdência, que desde 2000 tenta levantar o patrimônio total do órgão. Até agora, os servidores já conseguiram identificar cerca de 3 mil imóveis. Muitos estão ocupados há anos por pessoas que jamais foram incomodadas pelas autoridades, graças ao descontrole do patrimônio público.
Aliados do Palácio do Planalto no Congresso avaliaram como positivo do relatório do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) que recomendou a cassação do mandato do exvice-presidente André Vargas (PT). Ainda assim, eles apostam no marasmo do recesso branco para tentar manter o assunto debaixo do tapete e evitar a associação de mais um escândalo envolvendo um membro do partido da presidente Dilma Rousseff.
...mas nem tanto Por outro lado, o governo admite que um dos pontos abordados na norma ainda é um desafio. Trata-se da obrigação das empresas de informar ao passageiro qualquer eventualidade envolvendo o voo. A regra deixa claro que as companhias devem repassar aos consumidores com a maior brevidade, todas as informações possíveis. Mas o que ainda se vê é muita gente indo, desnecessariamente, a um aeroporto ou mesmo batendo perna no terminal em busca de informações claras.
Desafio O desafio da autarquia é identificar onde estão os outros bens e recuperar a posse desse patrimônio de valores ainda desconhecidos, na base da negociação. Afinal de contas, trata-se de bens que, por lei, não podem sofrer a incidência de usucapião. Nenhum morador ou ocupante pode requerer a posse. O caso é mais uma prova de que dinheiro a Previdência tem. Falta controle de toda sorte.
Overbooking
Atuação O procurador- chefe do Instituto, Alessandro Stefanutto, rebateu as informações que têm sido divulgadas pela Defensoria Pública que tem atuado em nome dos moradores de Campinhos, garantindo que as famílias não serão despejadas. Segundo ele, nesse momento, o que pretende é avaliar cada caso e buscar alternativas para solucionar o imbróglio, na base da negociação. Essa solução negociada, segundo o procurador, já viabilizou uma saída tranquila em um caso parecido, na capital paulista. No Paraná, a desocupação de outro imóvel do Instituto estaria em fase adiantada de negociação.
O governo comemora o desempenho dos principais aeroportos durante a Copa do Mundo de Futebol. Os atrasos e cancelamentos ficaram abaixo da média e até das expectativas. Além disso, não foram registrados grandes problemas nos terminais, sobretudo, envolvendo turistas estrangeiros. A Agência Nacional de Aviação Civil atribui os avanços aos investimentos feitos nos últimos anos e, principalmente, ao cumprimento da Portaria 141, publicada em 2010. A norma é resultado de uma intensa discussão iniciada quatro anos antes, durante o chamado caos aéreo.
Marasmo Por falar em Congresso Nacional, os corredores da casa vivem um período muito morno, por causa das eleições. O mesmo não se pode dizer dos gabinetes, onde a movimentação é intensa. Servidores dos gabinetes trabalham pelas campanhas dos parlamentares. É o dinheiro público bancando cabos eleitorais de luxo.
E, por falar em transporte aéreo, muita gente não sabe, mas o número de passagens vendidas por uma companhia aérea pode ser até 10% superior ao total de assentos da aeronave. É uma forma de garantir a receita das empresas, já que ao consumidor é dado o direito de desistir da viagem ou de remarcar a passagem com alguma antecedência. O overbook ocorre quando todos os compradores resolvem embarcar. Aí, diz a norma da Anac, que a companhia deve resolver o problema, acomodando os excedentes no próximo voo, seu ou de outra companhia. A decisão deve ser sempre do viajante.
José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia e apresentador da edição nacional do Jogo do Poder, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília.
Entrevista Gilson de Souza
Candidato do PT a deputado estadual
“Sempre pautei meu trabalho pelo diálogo” Natural de Itambacuri, Gilson de Souza, 51 anos, é advogado com atuação prioritária nos movimentos sociais. Presidente do PT de Frei Inocêncio, onde foi candidato a prefeito em 1988 e a vereador em 1992, quando, mesmo bem votado, não se elegeu porque o PT não alcançou o coeficiente eleitoral. Em Governador Valadares, foi secretário geral, vice-presidente e presidente do PT, se candidatou a vereador em 2008 e 2012, com votação superior a 1.000 votos. Foi superintendente do INCRA/MG, indicado pelo deputado federal Leonardo Monteiro, garantindo o assentamento de 1.100 famílias. No seu currículo constam também os cargos de diretor de Acompanhamento do Processo Legislativo e coordenador da Defesa Civil no governo do ex-prefeito João Domingos Fassarella; foi coordenador de Captação de Recursos, chefe de Gabinete, diretor de Meio Ambiente, coordenador da Defesa Civil e procurador adjunto da Fazenda no Governo da prefeita Elisa Costa. Em 2010, foi candidato a suplente de senador, com Zito Viana, que recebeu 1,5 milhão de votos. Com esta experiência acumulada, Gilson de Souza é um dos candidatos a deputado estadual em Valadares.
Divulgação
“
A minha eleição será um marco na história não só do PT, mas da ALMG, por eu ser uma liderança oriunda dos movimentos sociais do campo. Meu compromisso será prioritariamente em defesa das lutas democráticas empreendidas em nosso estado, atuando com profunda dedicação, estudo e zelo nos trabalhos das comissões e nas intervenções em plenário.
Figueira – Qual a sua principal motivação ao se candidatar a deputado estadual? Gilson de Souza - São as mudanças promovidas pelos governos petistas em todo Brasil, pelo presidente Lula e pela presidenta Dilma, e pelos governos municipais do PT em nossa região, que transformaram a vida das pessoas e a realidade dos lugares onde elas vivem, com ações voltadas para os mais pobres. Penso que o PT implantou uma nova forma de governar, com participação popular nas decisões de governo, invertendo prioridades e investindo na melhoria da qualidade de vida da população, antes não assistida pelo poder público. Sinto-me motivado em poder implementar em Minas as mudanças que os governos Lula e Dilma fazem no Brasil. Figueira - O que te credencia a se candidatar a esta vaga na Assembleia? Seria sua atuação histórica junto aos movimentos sociais? Gilson de Souza - Sim. Sou um advogado que tem gosto pela leitura e pelo estudo das leis, e isso me colocou no caminho de uma atuação histórica com os movimentos sociais, que me fizeram conhecer e ser reconhecido em todo o estado. A minha trajetória no Partido dos Trabalhadores, afinal são 34 anos de militância e construção partidária, e a minha experiência nos espaços institucionais que ocupei, em que tive o reconhecimento da população de Governador Valadares, principalmente na Defesa Civil, também me credenciam. Sempre pautei meu trabalhei pelo diálogo e o compromisso, busquei sempre a parceria com os demais órgãos de governo e disposição firme e dedicada em solucionar os conflitos. Figueira - O PT de Valadares lançou oficialmente um candidato a deputado estadual e outro a federal. Você teve a sua candidatura assegurada pelo PT estadual, que também reconheceu o registro de mais uma candidatura a deputado federal. Não seria mais lúcido ter apenas um candidato a cada vaga, conforme decisão do PT local? Esta concorrência não pode deixar os quatro de fora? Gilson de Souza - A proposta que apresentei ao partido em Valadares foi a de estender a consulta ao conjunto da militância no município e na região, a fim de ter uma candidatura estadual imbatível. Infelizmente, não foi aceita. Pre-
feriram restringir ao diretório municipal, ao invés de ampliar. Como o PT é um partido democrático, que pauta pelo seu estatuto, que por sua vez define que a decisão de candidatura a deputado estadual e federal é de competência do Diretório Estadual, chegamos a esse resultado. Se o PT criou essa situação, terá que dar conta de resolvê-la, redobrando os esforços para eleger os seus candidatos. O que não pode e não irá acontecer é perder o mandato federal que já tem. Creio que este é um ponto comum. Figueira - Se eleito, qual será a sua postura na Assembleia em relação aos nossos problemas regionais? Quais são, na sua opinião, os principais problemas aqui do Rio Doce? Gilson de Souza - A minha eleição será um marco na história não só do PT, mas da ALMG, por eu ser uma liderança oriunda dos movimentos sociais do campo. Meu compromisso será prioritariamente em defesa das lutas democráticas empreendidas em nosso estado, atuando com profunda dedicação, estudo e zelo nos trabalhos das comissões e nas intervenções em plenário. Pretendo trabalhar com dedicação a defesa da Educação Pública Superior e a Defesa do Consumidor, tão bem conduzidas pelo companheiro Marcos Helênio. Também quero retomar a proposta de Desenvolvimento Regional Sustentável apresentado pela companheira Elisa Costa, quando deputada estadual. Penso que temos sérios problemas ambientais, como o caso do Rio Doce, que precisa de socorro. Falta-nos também uma política de preservação e recuperação dos recursos naturais. O desmatamento tem nos causado uma série de problemas e vamos combatê-lo. Para o nosso desenvolvimento, falta a implantação de uma indústria âncora, que complemente os esforços existentes de transformação de Valadares como polo regional de educação e saúde. Outro grave problema que temos e a falta de uma política agrária e agrícola, que contemple a realidade regional.
Figueira - A eleição de Fernando Pimentel como governador de Minas Gerais, caso aconteça, vai facilitar o seu trabalho como deputado estadual, ou isso independe, você estaria preparado para atuar como oposição? Ser oposição limitaria suas ações? Gilson de Souza – A eleição do companheiro Fernando Pimentel será um ganho enorme para o estado. Facilitará e muito a minha atuação, claro. Será a primeira vez na história, que teremos um governador eleito pelo PT e as forças democráticas do estado, acabando com a hegemonia tucana, que impede em Minas os avanços que o Brasil experimentou e experimenta nos governos Lula e Dilma. Estarei com Pimentel fazendo as mudanças de que o estado precisa. Quem se propõe a uma disputa como esta, tem que estar preparado pra qualquer resultado, principalmente a hipótese de não acontecer o que ele espera. Figueira - Na sua opinião, Governador Valadares é uma cidade bem representada na Assembleia atualmente? O que você propõe exclusivamente para Governador Valadares? Gilson de Souza - Governador Valadares, com mais de 200 mil eleitores, pode e deve melhorar a sua representação na Assembleia Legislativa. Penso que a bancada de Valadares deveria agir de forma mais unida e articulada a fim de garantir mais conquistas para a nossa cidade e região. Caso eleito, faremos isso. É necessário assegurar que os órgãos do governo estadual atuem de forma mais republicana, como faz o governo Dilma. A representação parlamentar de Valadares deve fazer com que o fato de ser cidade polo seja um facilitador na articulação com as cidades da região, para implementação das políticas públicas de saúde, educação, segurança e transporte. Precisamos também unir os esforços de acabar com os lixões, não com o viés punitivo simplesmente, mas garantindo condições para o efetivo cumprimento da legislação ambiental, promovendo o desenvolvimento sustentável.
METROPOLITANO 6
FIGUEIRA - Fim de semana de 8 a 10 de agosto de 2014 Fábio Moura
Motoclistas trafegando pela Av. Minas Gerais, na área central de Governador Valadares. Eles reclamam da falta de segurança e do trânsito caótico na cidade
De vilão a vítima
Acusados de não respeitarem as leis do trânsito, motociclistas dizem que não são os vilões das ruas, reclamam da falta de vagas para estacionar e dos roubos de suas motocicletas Fábio Moura / Repórter
“
O parachoque da minha moto é o meu peito. Já quebrei mais de uma dezena de ossos do corpo. Estou mancando assim, pois o tornozelo foi o último deles, dois meses atrás.
Arlindo Silva Pedreiro
“
Creio eu que não teremos nem 800 mototaxistas que atendam ao edital de licitação. Isso não gerará desemprego em massa, uma vez que temos pouco mais que essa média de motos rodando nas ruas, hoje, ao descontar aqueles que fazem do mototáxi um bico
Ivaldo Sabino Mototaxista
Se você encostou sua bicicletinha e montou numa moto nos últimos anos, não foi o único a fazer isso. Tem mais de 47 mil rodando pelas ruas de Governador Valadares, hoje, de acordo com dados do Departamento de Transportes, Trânsito e Sistema Viário. A cidade que já comportou uma bicicleta para cada dois moradores vê as suas ciclovias esvaziadas e as ruas cada vez mais cheias. Passam por todos os lados, em qualquer greta e tomam a frente. Sempre à frente. Parece até mesmo uma ideologia motociclística. Tornaramse os vilões do trânsito no sentido figurado. “Toma cuidado com o motoqueiro”, “esses caras não têm mãe, não”, “fica longe, pois eles brecam do nada”. Talvez, o desprezo de parte da população pela conduta dos motociclistas explique-se justamente pelo tráfego entre faixas – aberto muitas vezes a buzinadas - expressamente proibido pelo Código de Trânsito Brasileiro. Mas, não são vilões, na verdade. A opção pela motocicleta tem, sim, vários pontos positivos. Há muitos fazendo o transporte individual ou em duplas sobre quatro rodas. A ocupação desnecessária do espaço urbano gera caos e congestionamento. Quem vai de moto, vai num metro quadrado reduzido, vai consumindo bem menos combustível. Pela mobilidade urbana e pelo meio ambiente tem se tentado conscientizar: vá a pé, de bike ou de busão. E, se não der, vá de moto, mas não leve mais um dos milhares de carros da sua garagem pras ruas de Valadares. Lotam as ruas e preenchem mais de duas mil vagas de Zona Azul na região central. “Aqui caberiam dois carros. Contaí quantas motos estão nesse espaço reservado pra elas. Quase vinte. Pena que sejam tão poucas demarcações como esta na cidade”, reclama o eletricista Roberto Souza. De fato, se está ruim estacionar um carro, deixar uma moto na região central de Valadares, então... Pior ainda, é voltar lá e não encontrá-la. Em 2012, quase 400 motos foram furtadas no perímetro urbano de Valadares. No ano passado, ultrapassamos as 500 motocicletas levadas por ladrões. Os dados da Secretaria Estadual de Defesa Social dão conta de uma prática cada vez mais comum na cidade. E, só faz parte de uma série de transgressões à lei. Enquanto uma parcela é usada como veículo de fuga em assaltos ou homicídios, outra é desmanchada e tem as suas peças comercializadas no mercado clandestino. Agora, pior ainda - mesmo - é voltar ao estacionamento, encontrar a sua moto, dar a seta, entrar na via e sofrer um acidente. “O parachoque da minha moto é o meu peito. Já quebrei mais de uma dezena de ossos do corpo. Estou mancando assim, pois o tornozelo foi o último deles, dois meses atrás”, conta o pedreiro Arlindo Silva. Mais de trezentas pessoas dão entrada no Hospital Municipal todos os meses em função de acidentes motociclísticos. Lideram o ranking com folga. Em junho deste ano foram parar lá 322 motoqueiros com fraturas leves e graves. Atrás - e bem atrás - vêm os ciclistas com 99 atendimentos, seguidos por 66 acidentes de carro e 24 atropelamentos.
capacetes na cor amarela e que tenham, no máximo, cinco anos de fabricação; identificação do serviço na moto e do mototaxista em seu colete; limita o número de permissionários do serviço a pouco mais de mil – um para cada 260 habitantes; uma distância mínima entre os seus pontos e os pontos de ônibus e de táxis – o serviço não poderá ser oferecido fora dos pontos, como é feito hoje próximo à Estação Rodoviária; fixa uma tabela de preços praticados, bem como algumas regras de conduta passíveis de punição ou perda da permissão. Seis meses depois do decreto municipal que repassava ao DTTSV a responsabilidade por planejar, administrar e fiscalizar o serviço na cidade, as minutas do edital de licitação ainda estão sendo elaboradas. Diferentemente do serviço de táxi, quem atua na profissão não terá garantido o direito de continuar atuando. Terá de se regularizar em todos os pontos que o projeto aponta e, aí sim, concorrer a uma das placas vermelhas. “Creio eu que não teremos nem 800 mototaxistas que atendam ao edital de licitação. Isso não gerará desemprego em massa, uma vez que temos pouco mais que essa média de motos rodando nas ruas, hoje, ao descontar aqueles que fazem do mototáxi um bico”, relata Ivaldo Sabino, mototaxista há 14 anos. “Pra mim é impossível a Prefeitura tabelar o preço e fiscalizar isso. Talvez, fixar um mínimo em R$ 5. Mas, só isso. Com a redução no número de mototaxistas, a demanda aumentará e o valor das corridas, também. Teremos de ser pessoa jurídica e cumprir com impostos que não cumpríamos até agora, além de nos adequar e adaptar a moto aos termos exigidos no edital”, explica Washington Luís da Silva, mototaxista há 11 anos.
Vai a passeio, vai a trabalho É meio de transporte, mas também pode servir pra levantar uma graninha. Faltou o intera pro fim de semana, coloca o colete, o capacete, monta na moto com um mata-cachorro e uma antena protetora e vai fazer algumas corridas, não é mesmo? Não é mesmo! Desde que o Senado Federal aprovou, em julho de 2009, um projeto que regulamenta o trabalho dos mototaxistas, os municípios têm sido orientados a regularizar e organizar a atividade no município. Há quase um ano, em setembro de 2013, foi aprovada pela Câmara de Vereadores a Lei 6.142, que dispõe sobre a exploração do serviço especial de transporte individual por motocicletas. Além de trazer exigências já presentes na legislação federal - como a necessidade de um curso de capacitação para os mototaxistas, dois anos de carteira B, certidão negativa criminal, uso de colete reflexivo - a Lei estabelece uma padronização das motos e dos
Transitar entre os carros é uma prática comum entre os motociclistas
METROPOLITANO 7
FIGUEIRA - Fim de semana de 8 a 10 de agosto de 2014 Divulgação VALE
Viagem de luxo na Vitória a Minas
O conforto dos vagões é o mesmo oferecido em viagens de trem pela Europa
Trinta anos depois, Vale lança novos vagões no trem de passageiros Gabriel Sobrinho / Repórter
Sabe aquela sensação gostosa, aquele cheirinho de novo, quando compramos um sofá e o colocamos na sala? É exatamente essa sensação que os passageiros da Estrada de Ferro Vitória a Minas estão sentindo. Trinta anos após a última renovação na linha, o novo trem de passageiros da Vale, que faz o trajeto entre as capitais do Espírito Santo e Minas Gerais, começou a circular na última terça-feira, dia 5. Entre o aumento no número de assentos e a instalação de ar-condicionado nos vagões de classe econômica, as novidades estão presentes em todos os 56 novos carros que saíram de BH e desembarcaram em Vitória. As viagens têm duração de 13 horas e 10 minutos e são diárias e simultâneas. Na capital capixaba, a partida acontece às 7h na estação Pedro Nolasco. Em Belo horizonte, o embarque é na Estação Central às 7h30. O trem que vem de Belo Horizonte passa por Valadares às 13h e desembarca em Vitória por volta das 20h30. Já o contingente que vem da capital capixaba, passa aqui por volta das 14h, chegando a BH às 20h. Os vagões executivos têm capacidade para 57 passageiros, com sistema de som e iluminação individualizados. Os econômicos têm 75 lugares. Em ambas as classes, os carros são climatizados com ar condicionado e contam com tomadas elétricas individuais nas poltronas. Depois de mais de seis horas de viagem, o advogado Luiz Carlos Pinto, 56, ainda está em estado de graça com a viagem que acaba de fazer. Há mais de 20 anos, o advogado faz o trecho Valadares-Belo Horizonte, viaja de trem no mínimo duas vezes por mês. “Sou um cliente assíduo do trem de passageiro. Já era um conforto viajar nesses vagões, agora está melhor ainda. Nos banheiros, o papel toalha foi substituído por máquinas de ar quente para a secagem das mãos. O sistema de descarga é a vácuo, semelhante ao utilizado em aviões. Muito conforto, gostei de ver”. O diretor de operações da Estrada de Ferro Vitória a Minas, Carlos Quartieri, explicou que os 56 vagões de luxo fabricados na Romênia têm padrão europeu de qualidade e vão substituir os antigos, que serão enviados para a África, onde a empresa também atua. “Disponibilizar o serviço de transporte de passageiros, tornando-o cada vez mais moderno, seguro e confortável para os nossos clientes e para as comunidades ao longo da Vitória a Minas, é um investimento que nos dá uma enorme
“
Sou um cliente assíduo do trem de passageiro. Já era um conforto viajar nesses vagões, agora está melhor ainda. Nos banheiros, o papel toalha foi substituído por máquinas de ar quente para a secagem das mãos. O sistema de descarga é a vácuo, semelhante ao utilizado em aviões. Muito conforto, gostei de ver Luiz Carlos Pinto / Advogado
satisfação e do qual nos orgulhamos muito”. O trem da ferrovia Vitória Minas para em 39 municípios, 30 em Minas Gerais e nove no Espírito Santo. As composições recém-adquiridas pela Vale têm ainda novos carros-restaurante com 72 lugares, lanchonete, gerador e um vagão para pessoas com dificuldades de locomoção, com travas para cadeiras de rodas. Os novos trens foram equipados ainda com sistema automático de abertura e fechamento das portas externas e das localizadas entre um carro e outro. A conexão entre os vagões agora é vedada por um sistema de plástico emborrachado. As composições contam com displays externos e internos, que exibem informações gerais sobre a viagem, como destino, trajeto, número dos carros, estações e paradas de embarque e de desembarque, entre outras. Além de contar com novo dispositivo de alarme de incêndio, tomadas e sistema de isolamento acústico, câmeras de segurança também foram instaladas em todos os carros da nova linha. “O passageiro consegue viajar mais tranquilamente, sem incômodos, já que não sofre com o barulho vindo do lado de fora. Antes era mais difícil controlar esse som. Hoje, está bem mais suave”, falou diretor de operações, Carlos Quartieri. De acordo com a VALE, não haverá reajuste no preço das passagens. A viagem entre Belo Horizonte e Vitória, ou vice-versa, custa R$ 91 na classe executiva e R$ 58 na classe econômica. A Estrada de Ferro Vitória a Minas transporta cerca de um milhão de passageiros por ano, que embarcam e desembarcam nas estações distribuídas pelos 664 quilômetros de ferrovia.
“
O passageiro consegue viajar mais tranquilamente, sem incômodos, já que não sofre com o barulho vindo do lado de fora. Antes era mais difícil controlar esse som. Hoje, está bem mais suave
Carlos Quartieri Diretor de Operações VALE
Divulgação VALE
Além do conforto, o trem oferece cenários fascinantes, que podem ser vistos na janela dos vagões
GERAL
8
FIGUEIRA - Fim de semana de 8 a 10 de agosto de 2014
KIÉM EREHÉ
ECOS DE PALMARES
Da Aldeia Krenak
A mulher negra e o racismo institucional Ana Afro
Jovens Krenak vestidos com roupas de apicultor, em Resplendor
Agrônomo krenak na promoção da apicultura O projeto Fortalecimento da Apicultura no Território Rio Doce Krenak é focado na geração de emprego e renda, atende a jovens e mulheres da agricultura familiar. É um projeto da ONG Rede Vidas e conta com patrocínio do Programa Petrobras Desenvolvimento & Cidadania. Tem atuação em nove municípios que pertencem ao Território Rio Doce Krenak - TRDK, na mesorregião Vale do Rio Doce: Aimorés, Conselheiro Pena, Ipanema, Itueta, Mutum, Pocrane, Resplendor, Santa Rita do Itueto, São Geraldo do Baixio, totalizando uma área de 7.500 km² e 133.000 habitantes. O agrônomo responsável pela coordenação da equipe técnica é um jovem índio Krenak, Girley Batista Santana. Graduado pela Univale no programa de bolsas de estudos para indígenas e pequenos agricultores, Girley trabalhou também na Fazendinha do Instituto Izabela Hendrix, em Sabará, na criação de um curso técnico de Agroecologia, integrado ao Ensino Médio. Girley, na aldeia e nas comunidades de pequenos agricultores, dá assistência técnica, acompanha a produção de mel, orienta ações de campo da equipe técnica, orienta os apicultores em suas dúvidas. Implantado em 2011, o projeto foi selecionado entre mais de 3.000 projetos, em concorrência nacional, sendo um dos três patrocinados pela Petrobras em Minas Gerais. Em sua primeira fase possibilitou assistência técnica a mais de 160 apicultores, dentre eles 90 famílias foram beneficiadas diretamente com kits de apicultura, equipamentos de proteção, cursos de capacitação, seminários de apicultura, missões e visitas técnicas a polos de referência de produção e comercialização de mel e seus derivados.
Agora em sua segunda fase, irá proporcionar alternativas de comercialização conjunta organizada, implantando uma marca única e própria para os produtos do TRDK, criando rótulo, central de comercialização e site para vendas. Recuperação de nascentes Como contrapartida, os apicultores firmam o compromisso de recuperarem nascentes em sua propriedade. Com a parceria entre Rede Vidas e o Instituto Estadual de Florestas – IEF são realizadas doações de mourões, arame, grampo, insumos, mudas de árvores nativas e adubos. A Rede Vidas e as prefeituras municipais auxiliaram o IEF na entrega dos materiais, cabendo aos produtores apenas a mão de obra para cercar a área em recuperação. Essa contrapartida resultou no ano de 2012, em mais de 90 nascentes recuperadas. Salas de Mel Após a implantação dos apiários, doações de kits e capacitação ao público alvo, ainda era necessário o espaço que possibilitasse aos apicultores a extração do mel que fosse coletado. Seguindo normas exigidas pelo Instituto Mineiro de Agropecuária - IMA, foram construídas Unidades de Extração de Produtos Apícolas (UEPA) ou Salas de Mel, sendo duas por município integrante do TRDK. Para extrair com qualidade, foram doados todos os equipamentos para realizar o processo extração e o envasamento para a comercialização. *Kiém Erehé é o nome da coluna de notícias das aldeias da Terra Indígena Krenak, o povo do Rio Doce. Em português significa Minha Bela Casa, ou Meu Doce Lar. É o modo de se referir às terras tradicionais cortadas pelo Rio Eme (originalmente, Kiém) afluente do Rio Doce.
Ombudsman José Carlos Aragão
Pausas e brancos Não entendo nada de música. Apenas a aprecio. Mas sei, por ouvir dizer ou por intuição, que toda boa música é dotada de ritmo. Rock, samba, mambo, reggae, erudita, jazz, chorinho, moda de viola e até o mais torturante batidão eletrônico têm ritmo. E, numa análise simplista e leiga, o ritmo é o resultado de uma combinação de andamento e paradas. Como disse, não entendo nada de música e, por isso, posso estar dizendo a maior besteira. Então, vou falar de Jornalismo, que é algo que conheço mais intimamente. Mais especificamente, vou falar do texto jornalístico, que é a “música” que eu pratico há tempo suficiente para ter aprendido como se faz. E - posso garantir - assim como na música, o ritmo é fundamental ao bom texto. Nesse sentido, pode ser elegante, agradável ou fundamental a alternância entre períodos um pouco longos e outros mais curtos. Como este. Façamos uma analogia. Compare, caro leitor, a primeira página de um grande jornal diário com uma página interna qualquer do Diário Oficial da União. A primeira, certamente, terá uma manchete principal em letras garrafais, talvez com antetítulos (que os antigos jornalistas chamavam “chapéu”), subtítulos (ou “bigode”), uma grande foto, várias fotos menores, legendas, chamadas, manchetinhas, ilustrações, vinhetas, gráficos, fios, quadros e até charges. E tudo muito colorido – às vezes, até em excesso. Tamanha profusão de itens e cores poderia ser uma catástrofe visual, um grave atentado ao nosso olhar, se não fosse pelo que separa e ordena todo esse conteúdo: os espaços vazios entre eles. É isso que descansa o nosso olhar e, mais que isso, provoca sinapses em nosso cérebro que nos fazem organizar o processamento das informações transmitidas, sem que entremos em parafuso. Exagero? Talvez. Mas todo esse preâmbulo catastrofista e radical é para mostrar a importância dos espaços vazios – também chamados “brancos” – numa página de jornal. Coloque agora, ao lado dessa capa de jornal, a outra página, a do Diário Oficial e comprove. O DOU é uma leitura obrigatória e para iniciados. É pouco mais que um documento qualquer, um regis-
tro. Não visa atrair leitores comuns, não faz questão de ser leve ou agradável aos olhos. Seus textos são formais e densos, pesados. Brancos são ocasionais e fortuitos. Ao contrário, jornais noticiosos ou de opinião, dependem de seduzir leitores. Para isso, não podem cansá-los com “tijolos” de textos encaixotados em colunas de largura fixa e não dotadas de elementos que alterem o ritmo de leitura ou promovam momentos de repouso ao nosso olhar: os brancos. As pausas, onde nosso olhar descansa. E, ainda que um texto jornalístico possa prescindir de alguns elementos que contribuem para a quebra de ritmo no olhar ou no próprio texto – como tipografias de corpos ou design diferentes, agregação de fotos, legendas, gráficos, ilustrações, etc. – o redator, o editor ou até o programador visual têm recursos para, não apenas criar brancos nas próprias colunas de texto mais pesado, como para dividi-lo em segmentos que facilitam a assimilação de seu conteúdo. A divisão do texto em parágrafos é um recurso natural e óbvio de quem escreve. Parágrafos dividem, estruturam e ordenam informações e pensamentos – inclusive visualmente. Criam pausas necessárias ao entendimento e ao olhar. Entretítulos – igualmente chamados “intertítulos”, no jargão jornalístico – são, também, um recurso que funciona bem, para as duas coisas. Desde, claro, que não se percam pelo traiçoeiro caminho entre a formatação primária de quem escreve e a irreversível versão do texto final formatado por um outro programa de computador, na outra ponta do jornal. (A seguir, um teste tentará comprovar a minha tese.) Entretítulos Na edição passada do Figueira, aconteceu de novo: mais um entretítulo dessa coluna foi incorporado acidentalmente ao texto e perdeu sua função precípua. Será que alguém percebeu? Será que vai acontecer de novo?
José Carlos Aragão, ombudsman do Figueira, é escritor e jornalista. Escreva para o ombudsman: redacao.figueira@gmail.com
Há diversas pesquisas que confirmam as dificuldades de ser mulher negra no Brasil. O IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada indica que elas ganham menos, são maioria entre as que sofrem violência sexual e doméstica, são mais mal tratadas no atendimento público de saúde e também são vítimas seletivas de assassinato. Uma em cada quatro mulheres que deram à luz em hospitais públicos ou privados relatou algum tipo de agressão no parto. Os dados do estudo ”Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado“, mostram em escala nacional a incidência dos maus tratos contra parturientes. Xingamentos, recusa em oferecer algum alívio para a dor, realização de exames dolorosos e contraindicados, ironias, gritos e tratamentos grosseiros com viés discriminatório quanto à classe social ou cor da pele foram apontados como tipos de maus tratos sofridos por elas. O dossiê elaborado pela Rede Parto do Princípio, para a CPMI da Violência contra as Mulheres “Parirás com dor” também relata as inúmeras frases ouvidas pelas mulheres na hora do parto. “Na hora que você estava fazendo, você não tava gritando desse jeito, né?”, “Não chora não, porque ano que vem você tá aqui de novo.”, “Se você continuar com essa frescura, eu não vou te atender.”, “Na hora de fazer, você gostou, né?” “Cala a boca! Fica quieta, senão vou te furar todinha.” Essas frases são repetidamente relatadas por mulheres que deram à luz em várias cidades do Brasil e resumem um pouco da dor e da humilhação que sofreram na assistência ao parto (Transcrito do portal GELEDES). Essa é uma das cruéis realidades vividas pelas mulheres negras em nosso país racista, machista e tantos istas por ai. Como diz minha parceira de São Paulo, Luzia, nosso Machirracismo e Racimachismo. Poderia escrever um livro sobre o tema, mas como a realidade só muda de endereço, fica a reflexão para quem é de boa vontade, o que não é o bastante, mas já é um começo. Ana Aparecida Souza de Jesus é pedagoga, especialista em Gênero, Raça e Diversidade na Escola (UFMG), ativista do Movimento Negro e da Pastoral Afro Brasileira. É membro do CiconGV – Conselho de Integração da Comunidade Negra de Governador Valadares.
Direitos Humanos Paulo Vasconcelos
Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência Abordar o quarto capítulo do Programa Nacional de Direitos Humanos – PNDH3 deveria ser fácil, pois abriga em seus direcionamentos os desejos da grande maioria da população brasileira. Porém, não é bem assim. O que acontece neste capítulo é uma salada de “propostas para que o poder público se aperfeiçoe no desenvolvimento de políticas públicas de prevenção ao crime e à violência, reforçando a noção de acesso universal à Justiça como direito fundamental”. Assim está na finalização do texto introdutório. Então, vamos por partes: podemos dizer que segurança é um conjunto de ações e de recursos utilizados para proteger algo ou alguém, que Justiça é a prática e o exercício do que é de Direito ou estar em conformidade com o Direito; enquanto a violência pode ser entendida como um ato brutal, intenso ou qualquer ato de forçar, obrigar, constranger. Acredito que o quarto capítulo do PNDH3 somente será trazido à luz dos nossos olhos quando as instituições envolvidas deixarem para trás o ponto de vista no qual têm garantidas virtudes austeras dos que olham de cima para baixo seus diferentes e desavindos. Quando observarem que para estar em conformidade com o Direito e atuar protegendo algo ou alguém, a hombridade deve ser ponto de equilíbrio. Nesse meandro existe o programa de remissão de pena por estudo, que garante ao apenado a redução de 1 dia para cada 3 dias de estudos e um possível acréscimo de 30%, caso conclua o Ensinos Fundamental, o Médio ou o Superior. Contudo, de acordo com a Relatoria Nacional para o Direito Humano à Educação, por meio do relatório de Denise Carreira realizado entre outubro de 2008 e abril de 2009, “a educação para pessoas encarceradas ainda é vista como um ‘privilégio’ pelo sistema prisional; a educação ainda é algo estranho ao sistema prisional. Muitos professores e professoras afirmam sentir a unidade prisional como um ambiente hostil ao trabalho educacional; a educação se constitui, muitas vezes, em ‘moeda de troca’ entre, de um lado, gesto-
res e agentes prisionais e, do outro, encarcerados, visando a manutenção da ordem disciplinar; há um conflito cotidiano entre a garantia do direito à educação e o modelo vigente de prisão, marcado pela superlotação, por violações múltiplas e cotidianas de direitos e pelo superdimensionamento da segurança e de medidas disciplinares”. Quanto ao atendimento nas unidades prisionais, “é descontínuo e atropelado pelas dinâmicas e lógicas da segurança. O atendimento educacional é interrompido quando circulam boatos sobre a possibilidade de motins; na ocasião de revistas (blitz); como castigo ao conjunto dos presos e das presas que integram uma unidade na qual ocorreu uma rebelião, ficando à mercê do entendimento e da boa vontade de direções e agentes penitenciários; é muito inferior à demanda pelo acesso à educação, geralmente alcançando de 10% a 20% da população encarcerada nas unidades pesquisadas. As visitas às unidades e os depoimentos coletados apontam a existência de listas de espera extensas e de um grande interesse pelo acesso à educação por parte das pessoas encarceradas; quando existente, em sua maior parte sofre de graves problemas de qualidade apresentando jornadas reduzidas, falta de projeto pedagógico, materiais e infraestrutura inadequados e falta de profissionais de educação capazes de responder às necessidades educacionais dos encarcerados”. No Brasil, dados do Sistema Integrado de Informações Penitenciárias (Infopen) do Ministério da Justiça, de 2010, apontam que 273 mil presos (63,50 % da população carcerária) não completaram o ensino fundamental e, destes, 25.319 mil são analfabetos. Traduzo aí só o começo do problema, justamente na ponta final do processo de segurança pública, acesso à Justiça e combate à violência. Se fosse apontar todos os problemas, teria de usar todo o jornal. Paulo Gutemberg Vasconcelos é educador social e preside o Conselho Municipal de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos
ENTREVISTA
9
FIGUEIRA - Fim de semana de 8 a 10 de agosto de 2014
Entrevista Cezinha Alvarenga
Candidato do PRB a deputado estadual
“A minha candidatura é para unir as lideranças de GV” Gabriel Sobrinho
Jovem, 33 anos, Cezinha Alvarenga nasceu em Governador Valadares, passando apenas um pequeno período em Belo Horizonte, ainda criança. Mas, toda a sua história escolar foi traçada em Valadares na Escola Viera Cabral e Colégio Ibituruna. Graduou-se na Universidade Vale do Rio Doce - Univale, em 2006, no Curso de Direito, período em que já lhe despertava o envolvimento político. Mas, foi na participação nas missas na Igreja Católica, e na ligação com os movimentos sociais e as pastorais que surgiu a grande admiração pela política. Envolveu-se diretamente na Pastoral da Sobriedade e no movimento franciscano Toca de Assis. Figueira - Qual é a sua principal motivação para se candidatar ao cargo de deputado estadual? Cezinha Alvarenga – Primeiramente, os projetos sociais da igreja. A gente via a necessidade de ajuda do poder público Municipal, Estadual e Federal. Percebi que sem as doações das parcerias privadas são muito difíceis dar continuidade a esses projetos. Eu via a necessidade de quebrar o preconceito, a herança de preconceito que eu tinha com a política. A minha família teve envolvimento político na Prefeitura de Açucena e no Sul de Minas, mas a história recente é muito preconceito com a política. Então, eu tive que quebrar esse distanciamento do envolvimento político, percebi que me candidatando a vereador e agora a deputado, eu iria conseguir dar mais apoio a esses projetos na área social, principalmente na recuperação do dependente químico. Figueira - O que mais o credencia a se candidatar a esta vaga na Assembleia? Cezinha Alvarenga – A necessidade de Valadares é geração de emprego e de renda, desenvolvimento econômico e social. Junto com a minha formação, sou advogado bem relacionado com o Estado. Me preocupo em tirar essa ferida de Valadares, que é a carência de emprego e renda, e abaixar o índice de violência e de usuários de drogas. Eu acho que estou credenciado a ser candidato a deputado estadual devido a isso, a estar preparado para juntar, quebrando essa herança de disputa política que o adversário “A” trazia e o “B” barrava o desenvolvimento, e quebrar esse preceito, essa herança maldita que nós temos. Então, a minha candidatura é para isso, para unir as lideranças de Valadares, as entidades como a FIEMG, OAB e a Associação Comercial e todas as outras e unir não só as de Valadares, mas também a da nossa região, Caratinga e Teófilo Otoni e brigar por desenvolvimento, como fazem Uberaba, Uberlândia e Montes Claros. Figueira - Se eleito, qual será a sua postura na Assembleia em relação aos nossos problemas regionais?
“
Eu acho que estou credenciado a ser candidato a deputado estadual devido a isso, a estar preparado para juntar, quebrando essa herança de disputa política que o adversário “A” trazia e o “B” barrava o desenvolvimento, e quebrar esse preconceito, essa herança maldita que nós temos.
Cezinha Alvarenga é liderança jovem e tem planos que buscam a união das lideranças políticas
Cezinha Alvarenga – Valadares hoje é uma capital para um milhão e seiscentos mil habitantes, que se referenciam aqui, na região macro Rio Doce. Por isso, nós temos muitos candidatos. Mas “uma andorinha só não faz verão”, só o Cezinha Alvarenga eleito não resolve, nós temos que eleger mais companheiros na região, principalmente aqui de Valadares. Para aí, sim, em nome desse um milhão e seiscentos mil, primeiramente brigar por nossa região, além de brigar pelo desenvolvimento do Estado. Iremos trazer desenvolvimento, como a vinda da BR 381, de Belo Oriente para Governador Valadares, que é resultado de força e união das lideranças. E, principalmente, iremos conseguir que venham empresas para cá, indústrias, mediante benefícios fiscais, tanto com o governo do Estado quanto com o Federal. Figueira - Na Assembleia será mais fácil ser oposição ou situação? Você apoia qual candidato a governador? Cezinha Alvarenga – Sou do Partido Republicano Brasileiro, número 10. No nível federal estamos com a presidente Dilma e para o governo do Estado, com Fernando Pimentel. O Pimentel sendo eleito, teremos uma boa abertura. Mas, pelo fato de nós termos habilidade política, se for a oposição ao nosso partido a vencedora, com certeza também iremos fazer um acordo em favor do desenvolvimento econômico da nossa região.
Figueira - Na sua opinião, Governador Valadares é uma cidade bem representada na Assembleia, atualmente? O que você propõe exclusivamente para a cidade? Cezinha Alvarenga – Eu acho que Valadares está bem representada. Mas, nós iremos inovar ao lutar por mais segurança, geração de emprego e renda. Vamos buscar qualquer indústria, pequena ou grande empresa, que estiver procurando um local para se instalar e trazê-las para cá. Nós vamos estar lá na Assembleia fazendo forte defesa para essas empresas virem para Valadares, que tem linha ferroviária, um tanto de rodovias, das mais importantes do Brasil, tem rio, tem o Pico da Ibituruna, tem universidades, tem atrativos, portanto.
“
Iremos trazer desenvolvimento, como a vinda da BR 381, de Belo Oriente para Governador Valadares, que é resultado de força e união das lideranças. E, principalmente, iremos conseguir que venham empresas para cá, indústrias, mediante benefícios fiscais, tanto com o governo do Estado quanto com o Federal.
BRAVA GENTE Arquivo Pessoal
Artista dos tempos modernos Teresa Najar Araújo / Especial para o Figueira
Roberto Ribeiro é um artista carismático e de grande talento
Artista dos tempos modernos, Roberto César Ribeiro Chaves nasceu em Governador Valadares, em 10 de Março de 1979. De uma sensibilidade extraordinária, o entrevistado é romântico, intuitivo e muito criativo. Acredita ter herdado o dom do desenho e da poesia do seu pai, homem simples, que trabalhou na Açucareira e depois na Fertimetal, onde criava peças no metal. Também escrevia de um jeito simples, mas poético e sensível. Roberto afirma que, sempre gostou de desenhar. Ele se lembra de uma vez em que foi descoberto pela professora. Conta que, no canto das folhas do seu caderno, ele desenhava os colegas. Mas, na verdade, ele desenhava os colegas, de acordo com os apelidos. Sempre fazia associação entre os nomes e alguma figura. A professora viu e, mostrou pra classe. Nesse dia, queria sumir da escola e não voltar mais, mesmo sabendo que os colegas estavam rindo dos desenhos que ele havia feito e, não, do próprio colega desenhista. Depois desse dia, parou de desenhar. Ficou muito envergonhado e achou melhor não se expor. Na adolescência, o entrevistado copiava quadros de pessoas famosas e pintava os seus próprios também, mas, depois de um tempo, desistiu, pois era muito perfeccionista e os achava horríveis. Deu um fim em todos os que ainda estavam consigo. Conta que restam alguns na casa da irmã, e que o seu maior desejo é que ela os descarte também. Até o 6º ano, era muito retraído. Preguiçoso para estudar, quando chegou na metade desse ano, largou a escola para trabalhar. Repetiu o 6º ano e foi reprovado novamente, o que causou um grande
desânimo. No ano seguinte, ele resolveu estudar no turno da noite e não teve mais problemas na escola. Por volta dos 15 anos, Roberto começou a escrever poesias. Fazia parte de um grupo de adolescentes que também eram poetas. Eles se reuniam uma vez por semana para recitar o que haviam produzido. O garoto que não gostava de estudar e quase fugiu da escola, não deu trégua para o comodismo. Terminou o Ensino Médio e conseguiu passar no concurso para a Secretaria da Educação. Lá no seu trabalho, ao fazer novas amizades, Roberto foi incentivado a prestar vestibular. Passou e estudou na faculdade de Comunicação Social, formando-se em Publicidade e Propaganda. Por pouco, a imaginação e a criatividade de Roberto não foram arrancadas pela raiz. Um professor, no seu primeiro semestre de faculdade, proferiu ao aluno a seguinte frase: “Ser publicitário não é saber desenhar”. Roberto sentiu-se podado. Essa infeliz fala do seu mestre, o fez parar completamente de desenhar. Só voltou a fazê-lo 5 anos depois de formado. Conta que pensou: “ele deveria ter dito isso de outra forma – ‘Ser publicitário não é SÓ saber desenhar’”. A alma de Roberto é envolvida com tudo que se refere à arte. Esse mundo mágico fascina o jovem artista. Adora música, pintura, desenho, poesias... Incrível é perceber que, mesmo sendo filho de uma era já virtual, em que os sentimentos caem por terra e a rapidez vence o prazer de saborear lentamente o que engrandece a nossa alma e enfeita os nossos dias, Roberto ainda deseja permanecer romântico, criativo e, sonhador... Roberto César Ribeiro Chaves, o poeta da era digital está de volta... que colorindo e poetando chegue até nós, para enfeitar e colorir nossos caminhos e sonhos.
www.figueira.jor.br Este é o nosso endereço eletrônico. Acesse e tenha o Figueira sempre com você!
CORRESPONDENTES 10
D’outro lado do Atlântico José Peixe / De Lisboa
Argentina à beira da bancarrota Em 2001, a Argentina não pagou as dívidas aos seus credores e foi obrigada a avançar para a bancarrota. Passados 13 anos, o mesmo fantasma paira sobre um dos países mais ricos da América Latina. Uma situação que preocupa os líderes do Mercosul. Os argentinos estão confrontados com uma crise econômica e social terrível. Segundo alguns especialistas em finanças da América do Sul, se o governo liderado por Cristina Kirchner não honrar os seus compromissos com aqueles que lhes emprestaram dinheiro, a Argentina poderá cair numa situação catastrófica e, por conseguinte, na bancarrota. O que a ser real poderá alastrar-se aos outros países latino-americanos. Bastou uma decisão de um tribunal norte-americano para deitar abaixo a segunda maior economia da América do Sul. O incumprimento nos pagamentos da dívida aos seus credores (maioritariamente americanos) faz que os mercados se comecem a preparar para uma situação de bancarrota. Tal como aconteceu em 2001. Em finais do mês de junho, a Argentina deu a conhecer ao mundo que iria proceder ao pagamento da dívida apenas e só aos credores que aceitaram um corte de dois terços do valor da dívida real e efetiva. Mas, a decisão do tribunal de Nova Iorque deitou abaixo as estratégias dos governantes argentinos e fez que Buenos Aires perdesse toda a sua credibilidade e a confiança dos investidores, nos mercados internacionais. Uma situação caótica para todos aqueles que sempre apostaram nas potencialidades do governo de Cristina Kirchner. Do ponto de vista econômico, a Argentina continua a ser considerado um país emergente do hemisfério sul, mas politicamente existe um descrédito total sobre as medidas adotadas pela família Kirchner que nos últimos 20 anos tem governado o país.
Enquanto Hugo Chávez apoiou a economia argentina, a situação caótica das finanças de Buenos Aires nunca foi posta a nu. Mas, desde que o líder venezuelano faleceu, alguns países latino-americanos passaram a revelar algumas dificuldades econômicas e financeiras. Foi o caso da Argentina, Bolívia, Paraguai e Equador. Já para não falar nos pequenos países da América Central, como é o caso da Nicarágua. Em vez de admitir uma má gestão econômica, a presidente Cristina Kirchner optou por um discurso anti-imperialista, o que de certa forma, deixou ainda mais enfurecidos os credores americanos. “A República Argentina lamenta a decisão adotada pela Justiça americana. E esta situação vai impedir que a Argentina possa efetuar o pagamento da dívida aos credores dentro dos prazos acordados”, afirmou Cristina Kirchner ao diário espanhol “El País”, em finais de junho. A Justiça norte-americana foi clara quando decretou que o governo argentino podia pagar imediatamente aos credores que aceitaram a reestruturação das dívidas (cerca de 92%) através de cupões de dívida. Aos outros que não aceitaram a proposta do governo de Buenos Aires, a dívida deveria ser paga em dinheiro e sem mais demoras. Uma decisão que não agradou aos governantes argentinos, nomeadamente ao ministro da economia, Alex Kicillof, um dos maiores apoiantes de Kirchner. “O governo argentino não poderá permitir que estes resistentes nos previnam de honrar os nossos compromissos com os nossos credores. Isso é passar-nos um atestado de incompetência”, disse o ministro da economia argentino, Alex Kicillof, em meados de julho.
“
De qualquer das formas, os cidadãos argentinos vivem momentos de angústia, pois já perceberam em que situação se encontra a segunda maior economia da América Latina. E ainda têm bem presente a crise terrível de 2001. Esperemos que desta vez a bancarrota na Argentina não passe de uma miragem. Para bem do próprio futuro do Mercosul. Ficarei a torcer por isso.
Marcos Imbrizi / De São Paulo
Um amigo mineiro informa que nunca foram vistos tantos repórteres dos jornais paulistas em terras mineiras. Seria a vingança dos paulistas (pelo fato de Aécio Neves não ter se empenhado nas eleições anteriores quando os candidatos à presidência eram paulistas), perguntou? Talvez. O fato é que Aécio está toda semana em campanha em terras paulistas. E sempre acompanhado por tucanos de alta plumagem. Depois do aeroporto, trabalho escravo Depois da história do uso de recursos públicos para a construção e melhorias em aeroportos em terras da própria família, a imprensa resgatou outro fato que atinge Aécio Neves. De acordo com o blog do Sakamoto, no portal UOL: “Em 2009, durante inspeção de auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego, com a presença do Ministério Público do Trabalho e da Polícia Federal, encontrou 80 cortadores de cana de uma destilaria da região trabalhando em regime análogo ao da escravidão. Destes, 39 cortavam cana na fazenda Santa Izabel, localizada ao lado da área desapropriada para o aeroporto.” Em resposta ao blog, a assessoria da campanha de Aécio lamentou o uso político do fato e condenou a exploração de trabalho escravo. Pesquisa eleitoral O jornal Diário do Grande ABC, o principal da região paulista, divulgou no fim de semana passado resultado de pesquisa eleitoral sobre a intenção de votos para presidente dos eleitores das sete cidades da região. A candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) estaria na frente com 26,3% dos votos, seguida por Aécio Neves (PSDB), com 24,2%, e Eduardo Campos (PSB), com 8%. Em seguida viriam pastor Everaldo (PSC), com 2,7%; Luciana Genro (Psol), com 1,4%; Eymael (PSDC), com 1,1%; E Zé Maria (PSTU), com 1%. Os candidatos Levy Fidelix (PRTB), Eduardo Jorge (PV), Mauro Iasi (PCB), e Rui Costa Pimenta (PCO) teriam menos de 1% das intenções. Votos brancos e nulos seriam 17,7%, e os eleitores que ainda não definiram em qual candidato votarão seriam
Skate Valadares vai sediar Circuito Mineiro de Skate neste fim de semana Depois de 10 anos, a Federação Mineira de Esportes Radicais volta a promover o Circuito Mineiro de Skate, e para a felicidade dos amantes deste esporte, Valadares sediará neste fim de semana a 5ª etapa da competição. As provas serão realizadas sábado (9) e domingo (10), no período de nove às 17 horas, na área da antiga Feira da Paz. Para se inscrever, os interessados devem acessar o site http://www.fmer.com.br/circuito ou comparecer ao local das provas com 30 minutos de antecedência. A taxa de inscrição varia de R$ 15 a R$ 30, de acordo com cada categoria. Haverá disputas nas modalidades: iniciante, mirim, amador 1 e 2.
Kicillof não se ficou apenas por esta observação: “Alguns economistas aconselham-nos a negociar com os abutres americanos. Mas os abutres são abutres porque não aceitam negociar as dívidas. Eles preferem avançar para tribunal de modo a conseguirem a compensação total das suas reivindicações. Os abutres vivem disso mesmo e nós não concordamos com esta forma de agir”. O Fundo Monetário Internacional (FMI) já fez questão de assumir que está preocupado com a decisão da Justiça norte-americana, pois ela poderá colocar em risco futuras reestruturações de dívida, que são fundamentais para manter a estabilidade financeira global. Mas o grupo minoritário de credores, que recusou aceitar a proposta de reestruturação do governo argentino, ignora as recomendações do FMI e exige a liquidação imediata das dívidas. Não é preciso ser-se um especialista em finanças ou em economia para perceber que esta decisão da Justiça norte-americana pode ter implicações sistêmicas mundialmente. O executivo de Cristina Kirchner enviou uma equipa de advogados argentinos especializados em finanças públicas aos Estados Unidos. O objetivo é poderem negociar uma solução alternativa e evitar a bancarrota. Mas a verdade é que a Argentina vive momentos agonizantes do ponto de vista econômico e financeiro. Os argentinos gostariam imenso que as dívidas fossem regulamentadas pelos tribunais argentinos, mas isso não parece ser do agrado dos credores americanos. Sabe-se que a presidente Dilma Rousseff está atenta ao que se está a passar na Argentina e que Cristina Kirchner solicitou apoio aos líderes que estiveram presentes na reunião Brics-Unasul, que teve lugar em Fortaleza, nos dias 15 e 16 de julho. É que a maioria dos países não está nada interessada que a Argentina entre numa nova situação de bancarrota. Isso poderá funcionar como um tsunami em todo o continente latino-americano, com réplicas em outras latitudes. De qualquer das formas, os cidadãos argentinos vivem momentos de angústia, pois já perceberam em que situação se encontra a segunda maior economia da América Latina. E ainda têm bem presente a crise terrível de 2001. Esperemos que desta vez a bancarrota na Argentina não passe de uma miragem. Para bem do próprio futuro do Mercosul. Ficarei a torcer por isso.
José Valentim Peixe é jornalista e doutor em Comunicação
Café com Leite Vingança paulista
FIGUEIRA - Fim de semana de 8 a 10 de agosto de 2014
15,4%. O Grande ABC conta com uma população de aproximadamente 2,6 milhões de habitantes. Ciclovias Reportagem de Fábio Moura na edição retrasada deste Figueira resgatou a história e mostrou a importância das ciclovias para a cidade. No período em que morei aí, no início dos anos 2000, fui um frequente usuário do sistema e achava um privilégio (junto com o poder ir a BH e outras cidades de trem). Como morava na Ilha, sempre ia para todos os lugares de bicicleta ou a pé. Além de economizar e colaborar com o meio ambiente e o trânsito, andar de bicicleta proporciona uma atividade física e uma percepção do que acontece pelas ruas das cidades. Em São Paulo, isto não é possível pelo fato de não haver ciclovias e o contato com os motoristas no trânsito ser uma verdadeira loucura. Há algum tempo um colega de trabalho se deslocava e de repente viu tudo apagar. Acordou no hospital e soube que tinha sido atingido por um veículo. Felizmente não houve nada de grave, além do susto. Mas, esta realidade começa a mudar na Capital paulista. A Prefeitura já iniciou uma série de programas neste sentido. A intenção é implementar 200 quilômetros de ciclovias ainda em 2014; e chegar aos 400 km até o próximo ano. Também é feita a adequação da velocidade dos veículos nos locais por onde passam as ciclovias, atividades educativas e a implantação de bicicletários. Rádio documentário Ary Evangelista Resende de Barroso, ou simplesmente Ary Barroso, mineiro de Ubá, é o homenageado pelo radiodocumentário produzido pela rádio Cultura AM de São Paulo. O primeiro programa sobre a vida e a obra do sambista e compositor de letras como “Aquarela do Brasil”, “Na baixa do sapateiro” e “Folha Morta” foi ao ar no domingo passado às 10h30 pela rádio Cultura Brasil. Na Internet os programas serão disponíveis no sítio: http://culturabrasil.cmais.com.br/. Marcos Luiz Imbrizi é jornalista e historiador, mestre em Comunicação Social, ativista em favor de rádios livres.
Vitória a Minas Vinicius Quintino / De Vitória
A irresponsabilidade do jornalismo terrorista Com um crescimento acima da média nacional, o Espírito Santo vem se consolidando como um dos principais polos econômicos do Brasil nos últimos anos. A estabilidade política e financeira do Estado – marcada pela influência de gigantes como Petrobrás, Vale e ArcelorMittal – foi determinante para que princípios liberais fossem gradativamente incorporados pela opinião pública em geral. À medida que esse viés econômico foi se solidificando, boa parte da mídia local passou a tratar as questões empresariais com maior destaque, o que naturalmente se reflete no debate político capixaba. É inquestionável a relação entre mídia e economia, sobretudo no Brasil, cujas informações divulgadas pela imprensa são fundamentais na tomada de decisões por micro e pequenos empresários (responsáveis por 99% das empresas formalmente registradas no país). São essas informações que interpretam índices, que fomentam previsões, que por sua vez influenciam o valor das empresas, e que por fim devolvem ao mercado suas impressões. Tudo pode até parecer perfeito, mas a realidade brasileira tem demonstrado que esse espiral de eventos acaba não seguindo seu fluxo natural. O problema ocorre justamente quando a imprensa deixa de cumprir o seu papel, para se tornar mecanismo de manobra política. As consequências do chamado terrorismo midiático são desastrosas: falseiam a realidade, distorcem a opinião pública e geram crises de confiança. Lamentavelmente, a sabotagem jornalística vem sendo a estratégia política no Brasil por longos anos. Pode-se dizer que em todas as eleições presidenciais, pós-redemocratização, a grande mídia assumiu descaradamente uma posição política (de Fernando Collor de Mello, a Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin, José Serra até Aécio Neves), cuidando de garantir cenários econômicos caóticos para candidatos que julgou serem de oposição aos interesses dessa mídia. No tocante à economia, essas medidas excedem a mera disputa eleitoreira e passam influenciar a própria harmonia do mercado. Podem chegar a refletir, por exemplo, um aumento de taxas de juros, diante da elevação do risco financeiro, ou mesmo podem ser um catalisador de medidas populistas em governos sensíveis à opinião pública. A lógica é relativamente simples: se as taxas de juros são compostas parte pela remuneração pelo capital, parte pela incerteza quanto ao pagamento do valor negociado, avaliações pessimistas de mercado tendem aumentar o risco das transações, elevando as próprias taxas de juros, o que, consequentemente, impacta no custo das empresas, diminuindo seu valor de mercado. Do mesmo modo, a construções de cenários pessimistas gera efeitos negativos na imagem dos governantes que, preocupados com a manutenção do poder, respondem com medidas menos técnicas, voltadas à opinião pública. O tiro acaba saindo pela culatra e a mão invisível do mercado deixa de ser assim tão cristalina. A estratégia adotada pela mídia viola os princípios básicos de não intervenção na economia, prejudicando a harmonia do liberalismo que julga defender. Partindo-se para uma análise de culpa, ou essa política do medo é apenas fruto de uma preferência irracional por um ou outro candidato, ou se trata realmente de uma mensuração arquitetada de custo/benefício, refletindo assim mais um típico exemplo de egoísmo capitalista. O Jornalismo do medo é imoral e inconsequente. Seja intencionalmente ou não, além de não cumprir o seu papel, possui boa parcela de culpa nas distorções econômicas do mercado brasileiro. Vinícius Quintino de Oliveira é pesquisador em Administração Pública e Servidor Público Federal.
COTIDIANO 11
FIGUEIRA - Fim de semana de 8 a 10 de agosto de 2014
Juventude
Carlos Henrique Viveiros Santos
A juventude exige lugar no desenvolvimento do país Na sequência de fotos, a banda Pato Fu foi uma das primeiras a se apresentar no Fest Rock, junto com bandas de GV, como a banda Hera
Acabou o sertanejo, é hora de Rock and Roll E o Rock and Roll chega com o Fest Rock 2014, de volta à cidade Fábio Moura / Repórter E as guitarras ecoavam até a alvorada; ou até às 9h, 10h da manhã. “Se tivesse dinheiro em caixa e o público quisesse mais, pagávamos um cachê extra pra banda tocar mais meia, uma hora. Isso, ali pelas 8h da manhã”, gesticula empolgado enquanto rememora o saudoso primórdio do Fest Rock no fim dos anos 1980, Pedro Tassis. Ele e o Henrique Magalhães tiveram a sacada e tocaram o projeto adiante. “Duas da manhã e os shows da Expoagro já tinham acabado. Os bêbados ficavam órfãos na madrugada valadarense. Nada como um rock and roll pra esses perdidos”. Há 25 anos chegava ao pasto da área da vaquejada no Parque de Exposições de Governador Valadares, o primeiro Fest Rock. No lombo de um caminhão de cerveja estavam a bateria, o baixo, as guitarras, o violão, os microfones, as caixas de som e um bando de músicos de Minas Gerais. Estacionava de banda, como quem fecha um quarteirão. Não importava a posição da boleia. Era na caçamba que estariam os grandes grupos de rock da região. Era da caçamba que viriam os ruídos de estourar os tímpanos. Era a caçamba - assim mesmo, descoberta – que seria sacudida pelo público em êxtase. “Vendemos mil passaportes para os seis dias da primeira edição a um valor equivalente a R$ 1, por dia. Isso antes. Na hora vendemos muito mais, ao que seria R$ 2, hoje. No último dia de evento – o segundo sábado da Expoagro – chegamos a nove mil pessoas na área da vaquejada”, relata o idealizador Pedro Tassis. O carro chefe da madrugada era a banda Sociedade Anônima com os valadarenses Ary, Roniere, Fabinho e Marcelinho Tiradentes. O boom do rock nacional nos anos 1980 respingou aqui no Leste mineiro. “Voltei a Valadares no início dos anos 1990. O Fest Rock já era reconhecido naquela época, mas o Pedro tinha outros projetos. Caiu na minha mão e eu assumi o festival com o apoio do Alexandre Perim, do Marcelinho Tiradentes e de mais uma porrada de pessoas”, remonta aquele que tocou o projeto por quase duas décadas, Kiko Tassis. O festival se consolidou como a janela valadarense para o cenário nacional independente que estava prestes a despontar. Pouso Alto ainda nem era o Skank. Jota Quest ainda era o Jonny Quest. A Pitty já era a Pitty, mas pouca gente sabia que som fazia a tal Pitty. Farofa Carioca caminhava àquela época junto ao Seu Jorge. Pato Fu, Tribo de Jah, Barão Vermelho, Los Hermanos, CPM 22 e quem mais coubesse no orçamento tocava por aqui. Mas, o festival não era só a janela. Era também o palco das apresentações épicas das bandas valadarenses. Kartel, Brick Heads – que com uma ou outra troca deu origem ao Vitrolas -, Maria Bunita, Dr. Jiwaggo, Capitão Caverna, Salamandra e tantas outras que abarrotaram a área da vaquejada. O Fest Rock chegou a autodenominar-se como o maior festival do gênero no interior de Minas Gerais. Se não era tudo isso, era quase isso. Deu voz a um dos principais ciclos do rock na cidade e nos encheu de
boas influências. “Nos anos 1990, chegamos a ter uma estrutura própria de palco, banheiros, cercas, cobertura, enfim. Chegamos a fazer onze dias de evento - da quinta da primeira semana ao domingo da outra. O show pirotécnico que anunciava a abertura dos portões era aguardado por uma galera”, recorda Kiko Tassis. Vinte anos depois do primeiro acorde em cima da caçamba do caminhão, o Fest Rock decidiu desvincular-se da Expoagro. “Antes, pagava-se um valor equiparável ao de uma cerveja para entrar no Parque de Exposições e o mesmo para entrar no festival. A Exposição Agropecuária sofreu uma inflação nos preços de entrada, em função do próprio custo do evento. Os dois ingressos juntos tornaram-se inviáveis para o público. Também os shows passaram a acabar mais tarde e tínhamos de começar a nossa programação já próximo às 5h da manhã. Paralelo a isso, tivemos dois ou três anos ruins, já. Num ano choveu quase todos os dias. Não conseguimos nem fazer alguns dos shows no palco principal. Em 2008, decidimos sair da Expoagro e fazer o evento na Univale. O público foi decepcionante. Como não teríamos dinheiro pra pagar todas as bandas, algumas nem tocaram. Decidimos parar ali”, se justifica Kiko Tassis, enquanto remonta sem nenhum saudosismo o passado recente. “E aí, vai ter ou não vai ter Fest Rock?”. O burburinho tomava conta das madrugadas na Expoagro. Veio das redes sociais a resposta: “Volta, Fest Rock!”. A campanha alcançou uma proporção inesperada, mas o festival não voltou de bate pronto. Faltava um projeto e dinheiro pra tocá-lo. Não falta mais! Estamos a um mês de revivê-lo no mesmo espaço que consolidou a sua aura, 25 anos atrás. “Fizemos tudo como no início. Buscamos as bandas novas que estão pra despontar no cenário nacional e regional. Mas, agora, também abrimos espaço pra galera que se consolidou nacionalmente e pras bandas valadarenses que marcaram seus nomes na história do festival. E, claro, não coube todo mundo”, conta Kiko. Teremos de tudo nos dias 5 e 6 de setembro no Parque de Exposições. Maria Bunita se reencontrará em sua formação original depois de anos longe dos palcos. Marcelinho Tiradentes crava seu nome no evento, assim como cravou em todas as edições realizadas até hoje. O Quilombo Roots não tocou em todas, mas tocou o suficiente pra marcar seu nome na história e pra voltar ao palco do festival. Tem sangue novo com a Paquetá, com a Noz Moscada e com o Supergroove, além de um tributo ao Rolling Stones. De fora, vem o folk extasiante dos cariocas da Suricato; os roqueiros da capital mineira, Tianastácia; e os já velhos na estrada, mas novos na formação, Rodrigo Santos e os Lenhadores - do Barão Vermelho vieram Rodrigo e Fernando Magalhães para se juntar ao Kadu Menezes do Kid Abelha. Lá embaixo, um misto da nostalgia de quem tem muito o que recordar das edições passadas, com a curiosidade de quem só conhece a sua aura, Fest Rock.
Comportamento Manuel Alfonso Muñoz
Jovens desiludidos O mais recente relatório do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que o número de eleitores jovens com voto facultativo caiu de 2.391.352 em 2010 para 1.638.751 neste ano. Evidentemente, este dado pode ser lido desde muitas perspectivas, também a psicológica, que nos indica um desinteresse preocupante da juventude brasileira pelas questões públicas, causado, em grande medida, por um sentimento geral de desilusão com a classe política e as questões sociais. A etapa vital da adolescência é particularmente sensível do ponto de vista social e psicopedagógico; é também um momento ímpar para a construção dos valores éticos que vão orientar a vida adulta do sujeito. A adolescência aparece como um período de grandes mudanças biológicas, físicas, psicológicas e sociais, em que o ser humano define sua identidade pessoal e social e se ajusta ao entorno. Nele, o adolescente enfrenta, ao mesmo tempo, a instabilidade interior própria e as diferentes demandas que lhe chegam do mundo externo: sociais (amizades), intelectuais (estudo) e vocacionais (futuro). Por isso, o mundo dos adultos aparece como desejado e temido. É o período ou idade da crise, no qual muitos questionamentos estão presentes: Por que eu existo? Qual o significado do mundo para mim? Como poderei participar (ou modificar o) do mundo? O normal é que sinta ansiedade, confusão e rebeldia diante da autoridade, se mostre contraditório nos seus comportamentos e estados de ânimo, com reações emocionais intensas e instáveis. O normal é que queira “mudar o mundo” e ser protagonista na sua história pessoal e social.
Governador Valadares, como o Brasil, vive um momento ímpar no desenho demográfico, com aproximadamente 71 mil jovens, com idade de 15 a 29 anos, compreendendo quase 30% da sua população de 270 mil pessoas. São jovens que expressam suas múltiplas linguagens, narrativas e formas de se colocar no espaço tempo. E é necessário compreender que um (a) jovem da periferia vivencia a cidade de forma diferente daquele (a) que mora nos bairros de classe média. Que o (a) jovem do campo produz cultura de forma diferente do meio urbano. E que cada um (a) reinventa suas relações a partir de como a sociedade o compreende e se relaciona com ele (a). Em nossa cidade, boa parte da juventude está na periferia. E com realidades profundas. Que nos interpelam e nos oferecem elementos concretos do seu protagonismo e suas variadas formas de exercer uma participação efetiva nos espaços coletivos, como a praça, o posto de saúde, as igrejas, as prefeituras, os partidos políticos, a escola e a rua. Não é objetivo aqui fazer uma sobreposição de uma etapa da vida sobre outra. Mas, como uma etapa foi se correlacionando com a outra, estabelecendo e formatando a presença das juventudes nos espaços sociais. É visível que a sociedade teve, e tem, certas dificuldades de lidar com esse grupo. Conseguimos responder a isso quando percebemos os “lugares” onde as juventudes estão: a juventude negra é o maior público do sistema prisional; a evasão escolar no Ensino Médio tem se mantido muito ampla; as culturas urbanas, como a do hip hop, são criminalizadas; nos casos de homicídios são os jovens, homens negros, sem escolarização, e pobres os que mais morrem e os que mais sofrem com o desemprego. Estes elementos expressam que no cotidiano o adultocentrismo não é algo virtual. Ele é concreto e estabelece a negação, a ausência ou a distância de jovens das estruturas tradicionais e (ou) na criação de territórios alternativos. Elencar essas questões traz à tona um debate primordial no processo de desenvolvimento do país, no qual a juventude tem lugar. Ela contribui quando traz novos elementos para a conjuntura, convida para a autocrítica, propõe novas formas de relações de poder, inclusive econômico, e revela de forma concreta propostas de mudança (desmilitarização das polícias, reforma política, a democratização da comunicação, o marco regulatório da sociedade civil). Ao ocupar a praça, as ruas, o shopping (com os rolezinhos), as universidades, as marchas da maconha, das vadias, as paredes com a pichação e o grafite, o skate e o BMX nas pistas, as árvores com poemas e o slackline em árvores. Fazem nova política e abrem espaço para o debate entre o que se fazia antes e como pensam que deve ser feito hoje. É inevitável o choque entre gerações. Mas, é inevitável também a necessidade de escutar os jovens, abrir possibilidade de sínteses para a superação conjunta dos problemas comuns. Acima de tudo, forjar um processo de emancipação capaz de desinstitucionalizar as trajetórias de jovens que, pela complexidade do contexto, foram atrelados por estruturas políticoeconômicas que negam ou dificultam sua capacidade de criação e (ou) autonomia. Carlos Henrique Viveiros Santos é estudante universitário e diretor do Departamento de Juventude da Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Lazer.
EDUCAÇÃO O problema é que o dado da juventude brasileira mostrado na pesquisa do TSE indica que tudo isso está deixando de ser “normal”. As razões são diversas: uma sociedade cada vez mais individualista, em que as relações pessoais são substituídas pelo “whatsapp” e o interesse pessoal é colocado diante do coletivo; as práticas pouco exemplares de não poucos agentes públicos (e dos próprios pais e educadores); a sensação de corrupção e impunidade generalizada; a cultura predominante de “levar vantagem em tudo”; a influência educativa cada vez menor da família, da escola e das igrejas... Mas, o problema não é deles, é nosso, que não estamos investindo numa juventude que precisa de referências pessoais, sociais, políticas e éticas na sua vida. Os resultados das pesquisas realizadas nas últimas décadas coincidem em afirmar a influência positiva das relações entre iguais e com os adultos no processo de socialização, na aquisição de competências e habilidades sociais, no controle dos impulsos agressivos, no grau de adaptação às normas estabelecidas, na superação do egocentrismo, na relativização progressiva do ponto de vista próprio e até no rendimento escolar. O grupo, a comunidade, aparece como um espaço privilegiado de construção coletiva de subjetividades, de cidadania. Temos a obrigação de enfrentar esse desafio educacional e ético com nossos jovens em todas as instâncias, desde a família ao poder público, passando pelas igrejas e movimentos sociais. O Brasil precisa. Quem não foi revolucionário na juventude, provavelmente nunca o será. Manuel Alfonso Muñoz, Manolo, é psicólogo, doutor em Teologia, professor universitário.
Conferências distritais da Educação do Campo Começou no dia 5 e vai até 22 de agosto a série de conferências preparatórias nos distritos municipais com ampla participação dos representantes das comunidades, das escolas, das associações, dos conselhos, dos movimentos sociais e terão caráter propositivo. Estas conferências são promovidas pela Secretaria Municipal de Educação (Smed). Durante as conferências serão indicados os delegados/ as que participarão da Conferência Municipal (CM) a ser realizada no dia 2 de setembro com o tema: “Educação do Campo em movimento: a construção da política”. A Conferência Municipal será organizada com a participação da sociedade, de forma presencial e terá caráter mobilizador, deliberativo e propositivo. Educação do Campo - Fruto da análise e debate dos Movimentos Sociais do Campo, UNESCO, UNICEF e Universidade Nacional de Brasília, em meados de 1997, surgiu a discussão sobre a educação do campo, visando a criar um projeto de educação pensado a partir da cultura dos que vivem na área rural. Em 2002, foram aprovadas pelo governo federal as Diretrizes Nacionais da Educação do Campo. De lá para cá, várias foram as conquistas em nível nacional, entre elas, destaca-se a parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais, que oferta o curso de Licenciatura em Educação do Campo sempre no início de cada ano.
ESPORTES
12
FIGUEIRA - Fim de semana de 8 a 10 de agosto de 2014
QUESTÕES DO FUTEBOL - JORGE MURTINHO Nos anos oitenta, na pele do repórter-personagem Ernesto Varela, Marcelo Tas fez algumas das mais desconcertantes entrevistas da televisão brasileira. Sempre acompanhado de seu câmera Valdeci – na verdade, Fernando Meirelles, cerca de vinte anos antes de Cidade de Deus –, Varela marcou época. Na última pergunta de uma tensa matéria com o então deputado estadual por São Paulo e vicepresidente da CBF, Nabi Abi Chedid, o atrevido personagem mandou na lata: “Qual é a sua próxima jogada?” Quase apanhou. Confesso que estou perdido. Depois do atordoamento provocado pelos jamais imagináveis sete a um, primeiro convocou-se Gilmar Rinaldi e, na sequência, sem que a gente pudesse respirar e mais ou menos no mesmo padrão dos quatro gols alemães em seis minutos, voltou à cena Carlos Caetano Bledorn Verri. Dunga. O editor do Figueira me cutucava por e-mail: e aí, nada de artigo sobre Dunga? Não vai se manifestar? E eu imerso na mais inquietante parvoíce. Só consegui começar a pensar em algo quando me lembrei da genial pergunta de Ernesto Varela a Nabi Abi Chedid, e percebi que o único caminho possível para sair da catatonia era esse: tentar entender a jogada da CBF. O problema é que ainda não cheguei a uma conclusão minimamente razoável. Eu e duzentas milhões de pessoas sabemos que nada muda em nosso futebol sem a anuência da Globo – desproporcional força alcançada devido a uma bem urdida combinação entre influência política e profissionalismo, só que às vezes a coisa desanda. Duvido muito que, em qualquer outro lugar do planeta, jogos oficiais de futebol comecem às dez horas da noite, apenas para não atrapalhar a programação de uma emissora de tevê. O diretor executivo de Esportes da Globo, Marcelo Campos Pinto, é reconhecidamente um dos homens mais poderosos do futebol brasileiro. Mas é aí que a porca torce o rabo. Por que, diante de tantas nulidades semelhantes e disponíveis no mercado, a CBF foi escolher logo o cara que ousou desafiar a Globo? Que chamou um dos queridinhos da emissora de frouxo e cagão? Que obrigou seu substituto, Mano Menezes, a passar pelo maior constrangimento que eu já vi em um treinador de futebol, quando resignadamente aceitou entregar uma camiseta da seleção a Alex Escobar, em desagravo pela atitude do técnico que o antecedera? Poderia ser o Tite. Mas Tite tem ligações com o ex-presidente corintiano e atual adversário político da dupla Marin & Del Nero, Andrés Sanchez. Esqueça-se o Tite. Poderia ser o Muricy. Mas Muricy fez uma enorme desfeita ao antigo (será mesmo?) chefe Ricardo Teixeira, ao não se empenhar de forma decisiva a fim de que o Fluminense o liberasse para assumir o comando técnico da seleção, após a queda de Dunga em 2010. Poderia ser alguém de fora. Mas, na boa, Guardiola, Mourinho, Van Gaal, Manuel Pellegrini, Simeone, Bielsa, Sampaoli, qualquer um desses caras viria sem um contrato que lhes garantisse autonomia e independência, o que se chocaria com o absolutismo dos que dirigem o nosso futebol? É verdade que a escolha de treinadores por Marin & Del Nero tem desobedecido aos mais simplórios critérios de recrutamento. Os últimos anos do currículo do gaúcho de bigode apresentavam fracasso no Chelsea, uma temporada de trabalhos forçados no Uzsbequistão e o encaminhamento do Palmeiras à segunda divisão. Mesmo assim, foi o escolhido. Agora, Dunga, comandante de duas experiências discutíveis: o selecionado brasileiro pós-caos de 2006 e dez meses de
A próxima jogada Reprodução Youtube
O impagável repórter Ernesto Varela (Marcelo Tas) entrevistando Nabi
Internacional. Currículo aceitável para quem quisesse dirigir a seleção venezuelana – o que parecia ser o destino de Dunga antes de mais esse desvario mariniano. Outra coisa que achei estranha. Muito estranha. Na noite anterior ao anúncio oficial do novo técnico, o Jornal Nacional pôs no ar entrevistas com os principais comentaristas de futebol da emissora. A impressão que tive foi a de que se produziu uma edição tendenciosa – de resto, coisa de péssima lembrança –, em que as opiniões de todos eram positivas. O ex-jogador Roger chegou a declarar que Dunga “tem a cara da seleção brasileira”. E eu, tolinho, achando que quem tinha a cara da seleção brasileira era o Pelé, o Garrincha, o Nilton Santos, o Gérson, o Romário, o Ronaldo, o Rivaldo. Mas no dia do anúncio de Dunga, o UOL publicou um artigo com várias declarações sobre a escolha da CBF. Casagrande disse o seguinte: “Em 2002 era o Felipão; 2006 era o Parreira; depois o Dunga e não deu certo; agora o Felipão e o Parreira de novo; e então o Dunga. É aquele cachorro que corre atrás do rabo: fica girando, girando e não sai dali.” Bem diferente do que ele falou sobre Dunga no Jornal Nacional: “Eu acho que ele tem capacidade pra fazer um bom trabalho. Eu acho que ele não vai cometer os mesmos erros que ele cometeu em 2010. Então eu espero que o Dunga consiga fazer uma estrutura no futebol brasileiro, fazer uma mudança geral, desde as categorias de base.” Alguma coisa aí não bate. Outra coisa gritante nas matérias veiculadas pela Globo: a inclusão em todas elas, sem exceção, da frase “ele aprendeu com os erros de 2010”. Mas, com quais erros, caras pálidas? Ele aprendeu que, numa seleção de futebol, grupo fechado é um atraso? Que não é possível convocar jogadores pelo critério do fundamentalismo? Que não dá para levar a uma Copa do Mundo quem jogue o que jogavam, em 2010, Gilberto Silva, Kléberson, Josué, Júlio Baptista, Grafite? E
onde foi exatamente que Dunga demonstrou ter aprendido tudo isso, já que sua única experiência como treinador, após a demissão, foram os tais dez meses no comando do Inter? A sensação que tenho – e não há de ser só minha – é a de que o que Dunga aprendeu foi que todos os órgãos de imprensa são iguais, mas a Globo é bem mais igual que a concorrência. Daí: será que Marin & Del Nero acertaram os ponteiros de Dunga com a Globo? Será que Alex Escobar ganhou mais uma camiseta para sua coleção? Ou, ao contrário, será que a Globo percebeu que a vaca está indo solenemente para o brejo, com a percepção consolidada de que o futebol está nas mãos de empresários, estádios semidesertos, partidas de péssima qualidade técnica, audiências despencando e quem gosta verdadeiramente do esporte se interessando muito mais por Barcelona, Bayern de Munique e Real Madrid do que por Flamengo, Vasco e Palmeiras? Será que a Globo olhou para tudo isso, disse chega, peitou a CBF e as duas trocaram de mal? Ou estão todos jogando para a plateia, num desmesurado esforço para não tirar um centimetro do lugar tudo o que precisa ser mudado urgentemente? Quanto à última hipótese, custo a crer que a Globo esteja entrando de gaiata nesse navio. Como toda empresa grande, planejada e bem-sucedida, ela sabe que não pode se contentar com os lucros que o futebol dará em 2014. Há que se pensar a longo prazo. E apesar da roubalheira fora de campo e da desilusão dentro dele, a Copa do Mundo provou que o futebol é capaz de arrebatar públicos, audiências e investimentos de mídia de um jeito que, pelo menos no Brasil, só ele é capaz de fazer. Matar essa galinha dos ovos de ouro, como cansava de dizer João Saldanha, representaria uma falta de visão que não combina com a maior empresa de comunicação do país. Por outro lado, se Dunga saiu do cantinho do pensamento prometendo se comportar para ter direito ao pirulito do cargo, deixará órfãos os que não se conformam com a ausência do bedel raivoso da Copa na África do Sul. (E lá vamos nós, com nossa memória tão curta, já esquecendo o despojamento dos alemães no sul da Bahia e a escancarada alegria dos holandeses no Rio de Janeiro. Nosso futebol precisa de um monte de coisas, mas não de bedéis.) Além disso, nosso novo treinador será obrigado a conviver, mais uma vez, com um problema que ele mesmo ajudou a criar: a incoerência inerente ao conceito do futebol de resultados. Quando o cara é técnico da seleção brasileira e apregoa o futebol de resultados, não há escolha. Tem de ganhar. E não adianta ninguém vir com esse papo de que foram não sei quantos jogos, com tantas vitórias, tantos empates e tão poucas derrotas. Se jogar 60 vezes, vencer 59 e perder a final da Copa, um abraço. Quem pariu a baboseira do futebol de resultados que o embale. Para entender o embrulho todo, só vejo uma saída: que Marcelo Tas reencarne Ernesto Varela e enquadre, um por um, todos os personagens desse intrincado jogo de suposições e interesses com a pergunta que entrou para a história: qual é a sua próxima jogada? OBS.: Segue link para a entrevista de Ernesto Varela com Nabi Abi Chedid, em 1986: https://www.youtube.com/watch?v=kraN9fA_ dWE Jorge Murtinho é redator de agência de propaganda e, na própria definição, faz bloguismo. Nessa arte, foi encontrado pela Revista piauí, que adotou o seu blog e autoriza a sua contribuição a este Figueira.
Canto do Galo
Toca da Raposa
Olá, Massa Atleticana!
Um abraço à China Azul
Rosalva Luciano
Olá, Massa Atleticana! Boas perspectivas para nós... tudo conspirando a favor e a passos bem perceptíveis. É notório que bons ventos nos mostram um Campeonato Brasileiro mais promissor, afinal estamos no caminho da Libertadores 2013 e Recopa 2014: gols que só o Sobrenatural explica. Força Divina nos dando placares quase inacreditáveis. Temos tido como artilheiros no nosso time os nossos adversários. Duas partidas, quatro gols, três pontos e um título internacional. Que venham mais gols da forma que vierem, vamos que vamos. Recebemos o Atlético-PR no Independência, com o objetivo de começarmos uma corrida sem tropeços em direção à ponta da tabela. São 13 rodadas já passadas, ainda temos um horizonte de possibilidades. Pontuamos 18 e na classificação aparecemos no 11º lugar. Eu, particularmente, acho muito pouco mesmo sabendo de uma partida a menos. A diferença de jogos será tirada agora, na quarta-feira, 6 de agosto, contra a Chapecoense, em Chapecó-Arena Condá, no lindo estado de Santa Catarina. Que os jogadores sejam capacitados com o espírito da competência, determinação e chutes certeiros. Como temos perdidos gols! Como temos recheado de sufoco e sofrimento nossos jogos. Há muito tempo não vejo um resultado tranqüilo para o Atlético, nem no Horto e nem fora dele. Somos facilmente envolvidos pelos adversários até os que teoricamente poderíamos chamar de mais fracos. Temos engolido derrotas bobas e o grito de Galo fica atravessado na garganta, não tem saído como de costume, forte e em bom tom, mesmo nas vitórias. O Atlético tem alternado os dois tempos da partida. Joga muito bem em um, mas sem produtividade, sem resultados concretos. No outro tempo, sabe Deus o que passamos. A técnica e a
tática não têm funcionado, a sorte tem aparecido, mas, cuidado Levir, não será sempre assim. Precisamos descobrir por onde anda o nosso ataque. Gol de lateral? Gol de zagueiro? Zagueiro artilheiro? Temos que analisar isto aí. Vislumbrávamos um 5º lugar se viessem 3 pontos na rodada da quarta. E terminamos a quarta-feira na 9ª colocação da tabela do Brasileirão. Vou ratificar o que tenho escrito, muito pouco para o que escalamos em campo. Outra vez sufoco, outra vez saímos de um resultado pior levando a sorte na cabeça. Gol de zagueiro, zagueiro artilheiro que tem feito mais do que os que estão posicionados à frente e que foram contratados para mostrar placar favorável. Gol nos acréscimos. Vale mais uma vez ressaltar a fibra do goleiro Victor na tentativa de empatar o jogo, mas o Leo Silva no lance deixou tudo igual, menos mal. A falta de competência nas finalizações das jogadas tem sido um fator quase inexplicável. Não dá para entender o que treinam... Decepcionada com o resultado. Domingo, além do resultado quase inusitado, tivemos uma festa merecidíssima. Homenagem que leva o coração de cada atleticano. Uma placa de prata apenas para ressaltar o tanto que devemos de alegrias ao Diego Tardelli, um torcedor como nós, que com certeza se não estivesse no gramado, estaria na arquibancada. Ídolo, exemplo de fé, família e amor às nossas cores. 100 gols, milhões de gritos, milhões de sorrisos e milhões de OBRIGADA TARDELLI, você já é história, você já é eterno. Aqui é Galo, aqui é você! Que seja ricamente abençoado naquilo que se propuser a ser e a fazer. Sempre com o Galo. Sempre ! Rosalva Campos Luciano é professora e, acima de tudo, apaixonadamente atleticana.
Hadson Santiago
Saudações celestes, leitores do Figueira! Ao empatar com o Botafogo no Maracanã por 1x1, o Cruzeiro manteve a liderança do Campeonato Brasileiro, mas a diferença para o vice-líder, agora, é de 4 pontos. O então segundo colocado, Corinthians, também empatou em Curitiba, enquanto Fluminense e Internacional venceram seus jogos em casa. Disse aqui, na semana passada, que tropeços iriam ocorrer. O Cruzeiro jogou melhor e mereceu vencer. A equipe celeste mandou duas bolas na trave e o goleiro botafoguense fez grandes defesas. O gol do Botafogo ocorreu numa falha do sistema defensivo. Dedé perdeu o tempo da bola e permitiu que o adversário cabeceasse. Fábio escorregou, ao tentar a defesa, e chegou atrasado. Tudo bem, eles têm crédito e falhas acontecem. Continuo sem entender por que Marcelo Oliveira não dá oportunidades ao Marlone. O jogador já mostrou qualidades, mas o treinador insiste em não escalá-lo. E o Neílton? Foi contratado para jogar ou apenas enfeitar o banco de reservas? Outra coisa, o zagueiro Manoel jamais deveria ter deixado de ser titular. Dedé está jogando por causa do nome. A zaga ideal é Manoel e mais um. Marcelo tem se mostrado muito teimoso. Haja paciência! A próxima partida é contra o Criciúma, em Santa Catarina, no acanhado Estádio Heriberto Hülse. Jogar lá não é fácil. Estamos naquele momento do campeonato em que a tabela é ingrata, pois já são dois jogos seguidos fora de casa. Para piorar, Fluminense e Internacional voltam a jogar como mandantes. O tricolor
carioca recebe o fraco Coritiba, enquanto o Inter enfrenta o Grêmio, no Beira-Rio, no clássico Gre-Nal. Portanto, vencer o Criciúma é muito importante para a manutenção da liderança. Caso contrário, os adversários irão chegar. E lembrar que o Fluminense, caso vivêssemos num país sério, deveria estar disputando a segunda divisão... Até o final do ano vencem os contratos do patrocinador principal da camisa do Cruzeiro e também da fornecedora do material esportivo. Torço para que ambos não sejam renovados. A instituição financeira que estampa sua marca no manto celeste possui alto índice de rejeição por parte da torcida cruzeirense. Primeiro, porque aquela cor laranja não combina com o azul, proporcionando um visual horroroso. Depois, porque tal instituição pertence a um banqueiro que já foi presidente de um outro time de Minas Gerais. Aí, é de lascar o cano! E para fornecer os uniformes, aquela famosa marca que patrocina a Seleção Alemã é a minha favorita. Espero uma camisa renovada para 2015! Para encerrar, compactuando com o meu saudosismo, gostaria de citar uma frase do escritor João Ubaldo Ribeiro, que nos deixou recentemente: “Já estou chegando, ou já cheguei, à altura da vida em que tudo de bom era no meu tempo”. Abraços à China Azul!
Hadson Santiago Farias é cruzeirense e saudosista convicto