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24o 14o
MÁXIMA
Não Conhecemos Assuntos Proibidos
MÍNIMA
ANO 1 NÚMERO 23
FIM DE SEMANA DE 28 A 30 DE AGOSTO DE 2014
FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS
EXEMPLAR: R$ 1,00
50 mil multas só neste ano Governador Valadares tinha 49 mil carros em 2009. Este número chegou a 120 mil em 2014. No trânsito caótico, motoristas cometem muitas infrações e número de multas atinge a marca dos 50 mil só neste ano. Páginas 6 e 7
NESTA EDIÇÃO
Natália Carvalho
Cultura Músico valadarense quer lançar vídeo-aulas de violão e procura parceiros para edição Página 11
Entrevista André Souza, candidato a deputado estadual, e Ricardo Pedrosa, a federal, são entrevistados neste Figueira Páginas 5 e 9
Brava Gente Os 80 anos do Padre Antônio Amort Página 8
Cidadania em dose dupla - Margareth Carvalhaes (de óculos), que coordena os trabalhos de socialização e
evangelização para homens e mulheres da Terceira Idade, no bairro Mãe de Deus, abriu um novo espaço de atuação para a comunidade do bairro no encontro “3a Idade em Convivência”. Abaixo, jovens do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra comemoraram os 20 anos do Assentamento Oziel Alves Pereira, no último sábado. Página 4 Gabriel Sobrinho
OPINIÃO
Editorial
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FIGUEIRA - Fim de semana de 28 a 30 de agosto de 2014
Tim Filho
E do debate
Territórios sagrados A Redação deste Figueira selecionou este terceiro artigo do teólogo Flávio Fróes sobre a sacralidade dos corpos e da vida das crianças, assumindo-o como editorial desta edição. Enquanto o conceito de sacralidade do corpo infantil – que a organização Save the Children formalizou no documento intitulado Declaração dos Cinco Pontos (1923) – incorporava-se à legislação social brasileira, numerosos outros países o ignoravam. Nesses lugares, os padrões culturais desconsideravam políticas destinadas a crianças, idosos e carentes. Mesmo no Brasil, país signatário de tratados sobre direitos de crianças, adolescentes, idosos e outros segmentos populacionais, o apoio à aplicação desses direitos não tem sido unânime e, muito menos, entusiástico. Não raramente, cidadãos(ãs) que transitam nessas áreas confessam seu desencanto com os resultados das políticas em curso. Ora é um(a) conselheiro(a) tutelar ou de direitos a defender a redução da maioridade penal, ora é um clérigo a pregar, de sua tribuna privilegiada, o retorno da pedagogia da vara à criança dita rebelde, ora são dirigentes de entidades de acolhimento a tratar sua clientela como mero item mercadológico, traduzido em despesas e prejuízos... Enfim nem todos(as) se rejubilam com a efetiva cidadania trazida pela Doutrina da Proteção Integral. Concorrem certamente para tamanho desapontamento preconceitos que a sociedade brasileira apresenta desde os tempos do Brasil Colônia. Um exemplo é o patriarcalismo. Quem dos(as) leitores(as) nunca ouviu a frase “na minha casa mando eu”? Há também tabus herdados das culturas que formaram a história do Brasil, além do fundamentalismo religioso que parece grudado à espécie humana desde sempre.
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Quem dos(as) leitores(as) nunca ouviu a frase “na minha casa mando eu”? Há também tabus herdados das culturas que formaram a história do Brasil, além do fundamentalismo religioso que parece grudado à espécie humana desde sempre.
Este último é muito bem representado pelos grupos evangélicos de viés neopentecostal, cuja interpretação dos textos da Escritura tende a ser literal, acrítica e conservadora. Têm sempre a mão versículos que falam de “fustigar com a vara” (Provérbios 23.14). Infelizmente, para a causa da criança e do adolescente, numerosos outros grupos na sociedade renegam, em nome da fé, o conceito de sacralidade do corpo infantil, tão rico de consequências humanizantes. Por tudo isso, enquanto bárbaros trucidam crianças indefesas – por qualquer motivo ou sem motivo algum, enquanto pessoas piedosas seguem literalmente preceitos judaicos – que o Cristo retratado nos Evangelhos não endossou, a legislação social brasileira determina que “a criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los (Lei nº 8069/90, artigo 18-A). Pois o corpo da criança é zona de paz, território sagrado.
Expediente Jornal Figueira, editado por Editora Figueira. CNPJ 20.228.693/0001-83 Av. Minas Gerais, 700/601 Centro - CEP 35.010-151 Governador Valadares MG - Telefone (33) 3022.1813 E-mail redacao.figueira@gmail.com São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica. Diretor de Redação Alpiniano Silva Filho Conselho Administrativo Alpiniano Silva Filho MG 09324 JP Jaider Batista da Silva MTb ES 482 Ombudsman José Carlos Aragão Reg. 00005IL-ES Diretor de Assuntos Jurídicos Schinyder Exupéry Cardozo
Conselho Editorial Aroldo de Paula Andrade Enio Paulo Silva Jaider Batista da Silva João Bosco Pereira Alves Lúcia Alves Fraga Regina Cele Castro Alves Sander Justino Neves Sueli Siqueira
Responsável pelo Portal da Internet Enio Paulo Silva http://www.figueira.jor.br
Artigos assinados não refletem a opinião do jornal
Parlatório Recentemente, o ex-jogador Vampeta, em entrevista à ESPN Brasil, disse que o Bom Senso Futebol Clube não o representa, por ser formado por jogadores em fim de carreira, e que somente agora resolveram atuar com defensores dos direitos dos atletas. Este Figueira convidou dois ex-jogadores para debater o assunto e responder se Vampeta tem ou não razão. O Bom Senso F.C. representa de fato os jogadores de futebol do Brasil?
Por um calendário mais humano SIM
Gilmar Estevam
Sim, o Bom Senso Futebol Clube tem legitimidade e representa os interesses dos jogadores profissionais que atuam no Brasil. Acompanho de longe o trabalho do Bom Senso F.C., mas o pouco que vi e tive notícia me agradou. Penso que o futebol brasileiro precisa adequar o seu calendário como forma de evitar a sobrecarga desumana de trabalho que são impostas aos atletas. Jogos na quarta e no domingo, viagens, concentração, tudo isso leva a um estresse que baixa o rendimento do atleta. Associada a esta questão que rende tantos debates, a forma como os clubes são administrados tem de ser alvo de questionamentos pelos líderes do Bom Senso F.C. Não é preciso estar lá, próximo do dia a dia dos atletas e dos clubes para saber que a gestão dos clubes está deixando a desejar. A imprensa noticia diariamente os atrasos de pagamento de salários, como aconteceu recentemente no Botafogo. E o problema não é apenas o salário. Os clubes assinam a carteira de trabalho dos atletas com um valor menor, assumindo os encargos trabalhistas considerando apenas este valor aplicado na carteira. O restante é pago como direito de imagem, ou seja, o valor total que o atleta recebe é a soma destes dois valores. Quando há rescisão trabalhista, sempre há um problema para o atleta receber seus direitos. Penso que esta luta do Bom Senso F.C. para melhorar
o projeto de Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte é legitima. É preciso haver instrumentos mais fortes de fiscalização dos clubes, definir critérios de gestão transparente e democrática, forçar os clubes a ter uma gestão profissional e capaz de atender os anseios da categoria. Não podemos esquecer dos clubes do interior. São os que mais sofrem. Às vezes, a discussão fica muito concentrada nos grandes clubes, dos grandes centros, mas a gente tem muitos problemas aqui. O nosso calendário nos impõe um sacrifício muito grande. Basta ver o tanto que penamos na disputa do Campeonato Mineiro do Módulo II, com jogos domingo e quarta, viagens de quase mil quilômetros, jogos às 10h da manhã em pleno horário de verão. Muita coisa precisa mudar e o Bom Senso F.C. é uma esperança. Gilmar Estevam é ex-jogador de futebol, artilheiro do Campeonato Mineiro de 1991 pelo Democrata-GV e Campeão da Taça Libertadores pelo São Paulo F.C., em 1992.
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Penso que o futebol brasileiro precisa adequar o seu calendário como forma de evitar a sobrecarga desumana de trabalho que são impostas aos atletas.
Gilmar Estevam é ex-jogador de futebol, artilheiro do Campeonato Mineiro de 1991 pelo Democrata-GV e Campeão da Taça Libertadores pelo São Paulo F.C., em 1992.
É preciso olhar para o futebol do interior NÃO
Darci Menezes
O Bom Senso Futebol Clube tem feito um bom trabalho, mas o que me preocupa é que a sua atuação está concentrada nas questões que afligem os grandes clubes, em vários níveis. É claro que, no discurso, o Bom Senso F.C. sempre incluiu o futebol do interior, mas na prática não fomos incluídos ainda. As discussões sobre o calendário do futebol brasileiro, consideram, em maior parte, os problemas dos grandes clubes. E os pequenos? Estamos todos sendo jogados em segundo plano. É preciso pressionar a Federação Mineira de Futebol a fazer um calendário que permita aos clubes do interior de Minas estarem em atividade durante um tempo maior a cada ano. Há dois anos não temos a Taça Minas Gerais, competição que era realizada no segundo semestre e dava vaga para a Copa do Brasil ao campeão. A Taça Minas Gerais acabou porque os clubes não têm condições financeiras para assumir os custos de uma competição deste porte. Por outro lado, é preciso rever questões importantes relacionadas ao futebol do interior. Uma destas questões é a formação de atletas. As exigências impostas aos clubes para manter uma categoria de base são muito rigorosas, e isso tem prejudicado muito o surgimento de novos talentos. Sem o futebol da base, desativado pela maioria dos clubes do interior, vamos reduzindo as possibilidades de termos
craques como tínhamos no passado. Hoje, infelizmente, esta questão dos direitos federativos do atleta, é preocupante. Os novos talentos surgem em Centros de Treinamentos administrados por empresários. Um jogador tem 4 ou 5 pessoas como detentoras de seus direitos, o passe, como era chamado no meu tempo. Enquanto isso, clubes tradicionais ficam sem ter como revelar craques.
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É preciso pressionar a Federação Mineira de Futebol a fazer um calendário que permita aos clubes do interior de Minas estarem em atividade durante um tempo maior a cada ano.
Então, para mim, o Bom Senso F.C. deveria ter uma atuação mais abrangente, contemplando as reivindicações dos clubes do interior, que guardam a tradição e a história de muitas cidades. Um exemplo é o nosso Democrata, que entra ano e sai ano, vive refém do calendário reduzido do futebol mineiro, e em atividade apenas no primeiro trimestre de cada ano, deixando de criar muitas oportunidades de trabalho para quem vive do futebol.
Darci Menezes é ex-jogador de futebol, foi campeão da Taça Libertadores pelo Cruzeiro, em 1976, e campeão da Taça Minas Gerais pelo Democrata, em 1981.
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CIDADANIA & POLÍTICA
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FIGUEIRA - Fim de semana de 28 a 30 de agosto de 2014
Da Redação
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Sacudindo a Figueira
Governei sem odiar os que me odiavam. Meu legado foi o de governar de forma republicana. O que inspirou o ódio foi o meu sucesso
A figueira precipita na flor o próprio fruto Rainer Maria Rilke / Elegias de Duino
Esse Ibope é pra valer Pesquisa Ibope foi publicada nesta semana a mensurar o tamanho nacional das torcidas dos clubes do futebol brasileiro. Mais de 7 mil pessoas foram entrevistadas, incluindo adolescentes entre 10 e 16 anos. O Atlético Mineiro teve forte crescimento e ultrapassou o arquirrival Cruzeiro. O Flamengo detém 16,2% dos torcedores do país, representando 32,5 milhões de pessoas – queda de um ponto percentual em relação à pesquisa de 2010, e dois pontos a menos que na pesquisa de 2004. O Corinthians vem em segundo lugar, com 13,6% (estável frente à anterior) e 27,3 milhões de aficionados. A terceira torcida é a do São Paulo, que reduziu-se em quase 2 pontos, para 6,8% dos torcedores – 13,6 milhões de pessoas. O Palmeiras tem a quarta torcida com 5,3% e 10,6 milhões, com queda de quase 1 ponto. O Vasco, também em redução, vem a seguir com 3,6% e 7,2 milhões de torcedores. A maior ascensão foi a do Atlético Mineiro que subiu quase 1 ponto, saltando da nona para a sexta colocação, com 3,5% dos torcedores (7 milhões). O Cruzeiro caiu para o sétimo lugar com 3,1% e 6,2 milhões de aficionados, com redução de 0,4 ponto. Grêmio e Internacional aparecem em seguida, praticamente empatados em 3%. O Santos completa a lista das 10 maiores torcidas do país, seguido pelo Fluminense, o Botafogo e o Bahia.
Lula
Mais um a misturar política e futebol “É uma pena que Gilvan de Pinho Tavares, presidente do Cruzeiro, seja mais um a misturar política e futebol. O mesmo fizeram os ex-presidentes César Masci e Zezé Perrella. Tenho gostado da postura de Gilvan à frente da administração celeste, mostrando-se um dirigente comedido e equilibrado, mas essa atitude me desagradou. Bola fora, Gilvan! Quem convive intimamente nos dois meios, futebol e política, diz que há podridão por todos os lados. Argh!” Hadson Santiago, colunista do Figueira
203 milhões em ação O IBGE divulgou na quinta-feira os novos números da população brasileira: 202,7 milhões de habitantes. São Paulo, com 44 milhões, e Minas Gerais, com 20,8 milhões são os estados mais populosos.
Analfabetos x Bacharéis O Tribunal Superior Eleitoral divulgou na semana passada que o número de eleitores aptos para votar em 5 de outubro deste ano é de 143 milhões de brasileiros. Pela primeira vez, o número de analfabetos é menor que a população com diploma universitário – quase 9 milhões. Um terço desse número é de graduados nos últimos 4 anos, resultado da forte expansão da educação universitária nos governos de Lula e Dilma. Essa mudança de perfil do eleitorado está acelerada: o número de estudantes universitários no Brasil hoje aproxima-se de 8 milhões, que estarão formados na eleição presidencial de 2018.
Tarados de jaleco A prisão no Paraguai, com extradição para o Brasil, do médico Roger Abdelmassih, levou o Conselho Federal de Medicina a revelar que 44% dos afastamentos de médicos do exercício da profissão se dá por ocorrência de assédio sexual.
E o Paulo Freire? No debate da Band, o primeiro dos presidenciáveis, Marina Silva defendeu a sua assessora Neca Setúbal, herdeira do Banco Itaú, classificando-a não como banqueira, mas como educadora. A pergunta que não quer calar: se Neca Setúbal é educadora, Paulo Freire foi o quê?
Arquivo Pessoal
Curtas curtas curtas curtas curtas Eleição aérea
Pimentel disparou
Quem chegasse a São Paulo na eleição para prefeito em 2010 teria a impressão de estar em Beirute, no Líbano. Entre candidatos e apoiadores apareciam nomes como Haddad, Alckmin, Maluf, Kassab, Chalita. Quem chegar ao Brasil desavisado hoje, pode pensar que a eleição presidencial é uma disputa aérea: o helicóptero dos Perrellas com meia tonelada de cocaína, os dois aeroportos clandestinos construídos com dinheiro público em terras de familiares de Aécio Neves, o jatinho que frequentava as Ilhas Cayman – paraíso fiscal que servia à campanha de Eduardo Campos/Marina, agora descoberto como sem dono, indicando Caixa Dois.
Com 37% das preferências para o governo de Minas, Fernando Pimentel, do PT, disparou e ganhou frente confortável diante de Pimenta da Veiga, do PSDB. A prevalecer essa tendência está em risco o edifício de poder construído por Aécio em Minas nos últimos 12 anos.
Caixa dois ou caixa preta? Aliás, ninguém fala da caixa preta do avião do acidente que resultou na morte do presidenciável Eduardo Campos, do qual Marina escapou, segundo ela, por providência divina. Tudo no avião aponta para caixa dois. Gerontocracia A saída de Beto Albuquerque da disputa pelo Senado no Rio Grande do Sul, para ser vice de Marina, resultou no retorno de Pedro Simon. Aos 86 anos, depois de ter se despedido da vida pública, anunciou nesta semana a candidatura. Se eleito, terminará o mandato aos 94 anos.
Voto tribal Os evangélicos são 22% da população brasileira, mas formam o maior contingente do eleitorado de Marina: são 35%. O pastor Everaldo, que pontuava 4% caiu abaixo de 1.
Escola de política Dos 11 candidatos à presidência da República, 7 têm passagem pelo PT. Quatro deles assinaram a ata de criação do Partido dos Trabalhadores: Mauro Iasi do PCB, José Maria do PSTU, Eduardo Jorge do PV e Rui Costa Pimenta do PCO. Marina Silva da Rede/PSB e Luciana Genro do PSOL completam a lista.
Sarney Vidente É fala do ex-presidente José Sarney que o PSDB acabaria tendo o mesmo destino do DEM – a extinção, por impossibilidade de retomar a presidência da República. Ele terminava o raciocínio indicando que a renovação política do Brasil, a nova oposição, surgiria de dentro do PT. Marina parece confirmar isso.
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Liberdade é pouco. O que queremos ainda não tem nome. Clarice Lispector
Aécio volta para Minas? O tititi na campanha tucana nacional nesta semana é que Aécio pode renunciar à candidatura a presidente diante da liderança de Marina. Ele faria isso para substituir Pimenta da Veiga na candidatura a governador em Minas. Tudo para não entregar Minas. Seria uma reviravolta na campanha presidencial equivalente à morte de Eduardo Campos. O nebuloso suplente Nunca um suplente foi tão escondido como agora. O candidato a suplente de Senador de Antonio Anastasia é ninguém mais ninguém menos que o ex-delegado de polícia, que enriqueceu-se como diretor do DNIT em Minas, Alexandre Silveira. A nebulosa pesquisa O TSE disporá na próxima segunda-feira em seu sítio na internet o detalhamento da pesquisa de intenção de votos para presidência da República, pelo Ibope, divul-
gada nesta semana. Há denúncias de que a pesquisa anunciada como nacional, de fato foi colhida apenas nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal e Pernambuco. A média ponderada desses estados, onde o Ibope fez pesquisa também para os governos estaduais, foi anunciada como nacional. Assim, o único estado do Nordeste a ter pesquisa foi Pernambuco, nenhum estado do Norte foi incluído e nenhum do Sul. Isso alteraria muito a avaliação dos números. A conferir. Getúlio O suicídio de Vargas em 24 de agosto de 1954, há 60 anos, fez que o golpe ensaiado para aquele ano fosse adiado por mais dez. Nesse tempo, o país pôde ver a democracia de JK, a construção de Brasília, a urbanização da população. O que estava para ocorrer naquele agosto acabou caindo como chumbo sobre a vida do país no golpe de 1º de abril de 1964. Santo Agostinho na guerra dos supermercados Na missa do sábado passado, na Igreja do Cristo Redentor, o padre Paulo foi explícito. Anunciou as festividades para construção da igreja de Santo Agostinho no bairro de mesmo nome. Ao indicar o endereço fez menção ao BigMais, completando: “nem deveria estar falando este nome, pois não ajudam em nada. Só podemos contar mesmo é com o Coelho Diniz.”
CIDADANIA 4
FIGUEIRA - Fim de semana de 28 a 30 de agosto de 2014
Fé e entretenimento unem a Terceira Idade no Mãe de Deus
MEIO AMBIENTE
Projeto reúne homens e mulheres todos os sábados no bairro Mãe de Deus para reflexões e atividades culturais
Gestão de Eventos Críticos avalia situação do Rio Doce Gabriel Sobrinho / Repórter
Natália Carvalho
Natália Carvalho / Repórter
Mesmo depois de mudar-se para o bairro Turmalina, Ana Pereira, 67 anos, não deixa de ir a cada semana até o bairro Mãe de Deus para o encontro “3ª Idade em Convivência”. Todos os sábados, ela e mais 38 idosos, vão até o Centro Pastoral Padre Leonardo Senne para refletir, partilhar experiências, e até se arriscar nas cantigas de viola. Com os dizeres “Não temos idade, temos experiência” estampados na camiseta, Dona Ana e os outros idosos chegam às três da tarde em ponto. Faltar é algo muito raro. “Só falto quando tenho algum trabalho na igreja, estou sempre aqui”, disse Maria Conceição Valentina, 79 anos. O encontro começa com uma leitura do evangelho e uma reflexão puxada pelas coordenadoras Maria José, Margareth e Creuza, que ajudam caso alguém tenha dúvidas com alguma palavra. É feita uma oração e logo após, um momento para relembrar músicas antigas. De acordo com a Maria José, esta é uma forma de aproveitar a força que as pessoas têm na terceira idade, fazendo-as conviverem fora de casa. Criado há três anos, com o apoio da Associação de Proteção à Maternidade e à Infância (APMI), o encontro “3ª Idade em Convivência” tem o intuito de entreter e dar assistência aos idosos do bairro Mãe de Deus. De acordo com Margareth Carvalhaes, uma das idealizadoras deste projeto, a maior motivação foi a falta de atenção com os idosos da comunidade: “O bairro Mãe de Deus é um lugar muito carente e por isso existem vários projetos, como catequese, reuni-
Margareth Carvalhaes, a segunda da esquerda para a direita, motiva o grupo da Terceira Idade no Mãe de Deus
ões para jovens, mas nada voltado para os mais velhos. Antes das nossas reuniões, o único entretenimento deles era ir à igreja”. Mas, além do entretenimento, estas pessoas foram unidas pela fé. Conhecendo a história de cada uma, elas foram inspiradas sempre a fazer o bem e, em pequenos gestos, o grupo acabou gerando missionários. Um exemplo é a Maria Borges, 77 anos, que mesmo com problemas dentro de casa socorreu um sem teto que passava mal na rua, o internou no hospital e está cuidando
dele desde então. Ela é outra que nunca falta aos encontros: “É um encontro muito bacana, lá as pessoas são muito atenciosas com a gente e sempre aprendemos muitas coisas.” O projeto que começou pequeno, com apenas oito pessoas, era realizado em uma Creche no Mãe Deus, mas as paredes cederam e o local teve que entrar em reforma. Devotado ao grupo, Joaquim Antônio Xisto, 72 anos, conseguiu outro local onde os encontros acontecem agora, ali, na Rua da Gruta, 34.
CIDADANIA
Encontro da Juventude Sem Terra marca os 20 anos do Assentamento Oziel Pereira Gabriel Sobrinho
Gabriel Sobrinho / Repórter
“Juventude que ousa lutar, constrói o poder popular”. O grito que fazia tremer as paredes do centro de reuniões, o brilho nos olhos de cada um e o desejo de mudanças no cenário atual da reforma agrária: em poucos lugares é possível ver um exemplo claro da união e da força dos jovens. Aquele 23 de agosto não era um dia qualquer no Assentamento. O vigésimo aniversário da conquista da terra foi comemorado com o 2º Encontro Estadual da Juventude do Movimento Sem Terra de Minas Gerais. Cerca de 200 jovens dos assentamentos do Sul de Minas, Vale do Jequitinhonha, Vale do Rio Doce, Norte de Minas, Zona da Mata, Alto do Paranaíba e Triângulo Mineiro se reuniram para discutir as suas novas diretrizes. O encontro foi organizado para que a juventude pudesse debater as perspectivas e os desafios da reforma agrária e de um projeto popular para o Brasil. No meio dos jovens, um grupo especial visitava o Assentamento pela primeira vez. Alunos do 1º, 2º e 3º anos da Escola Estadual Antônio Silva, de Timóteo, estiveram no local para vivenciar na prática a teoria trabalhada em sala de aula na disciplina de Geografia e Empregabilidade, sobre os problemas agrícolas e agrários do país. A professora Adriana Aparecida Lopes, traz, há mais de 10 anos, uma turma para conhecer o Assentamento Oziel: “O nosso foco nas aulas de Geografia é preparar os alunos com conteúdo em sala de aula e depois propiciar essa vivência aqui, com o MST. O choque que eles levam quando descem do ônibus é gritante, pois até então o que eles carregam de ideias sobre o MST são coisas ruins que ouvem de outras pessoas. E por mais que a gente tente desfazer com o nosso discurso e com a nossa teoria, trazê-los aqui permite que deem credibilidade para o conteúdo que estamos aplicando e percebam que somos imparciais na nossa postura”. Adriana ainda ressalta que “eles passam ver o movimento com um grupo extremamente or-
Jovens com a bandeira do MST, durante as comemorações do Assentamento Oziel Alves Pereira
ganizado e que tem um papel importantíssimo para a nossa cidade, pois quando eles vêm para o meio rural, estão nos ajudando a diminuir o inchaço populacional e os problemas sociais do meio urbano”. Vitoria Oliveira Nunes, 15, lembrou que muitas vezes teve uma visão errada do Assentamento. “Eu achava que aqui era meio bagunçado, que eles não são organizados e que fazem tudo de qualquer jeito. Mas na verdade são muito organizados. Eles se dividem em grupos de acordo com cada área e é muito bom conhecer realidade de outras pessoas, completamente diferente da nossa”. Alice Moreira dos Santos, 16, afirma que ao chegar ao Assentamento teve visão completamente diferente do que pensava. “Eu logo imaginava em um lugar atrasado. Quando a gente começou a andar e conhecer aqui, pude perceber que não era nada daquilo. É
uma organização tão grande, o jeito com que cada um interage, a familiaridade que uma pessoa tem com a outra, é como se fosse uma família grande e todo mundo ajuda todo mundo. E assim eles vivem”. À frente do Assentamento, Vânia Maria de Oliveira afirma: “Estamos vivendo um momento bem difícil na luta pela terra, um momento de descenso e poucas conquistas. Então eu acho que esse é o momento da gente se fortalecer nesse debate interno com nossos jovens”. O Assentamento Oziel Pereira é formado por 48 famílias coordenadas pelo MST e 21 de ex-funcionários da EPAMIG. O assentamento é destaque, ainda, pelo funcionamento da Escola Estadual Josimar Gomes, que permite aos jovens completarem o ensino fundamental. A luta agora é pela implantação do ensino médio.
Na tarde de 27 de agosto, profissionais da Câmara Técnica de Gestão de Eventos Críticos do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce) e do Instituto Mineiro de Gestão das águas (IGAM) se reuniram no auditório da UNIVALE, para analisar o período de estiagem em 2014, considerado crítico em alguns pontos da Bacia. Foi discutida a avaliação feita pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) sobre o período de seca na Bacia do Rio Doce e o alerta da Agência Nacional de Águas (ANA) sobre a proliferação de Cianobactérias. A engenheira hidróloga da CPMR, Elizabeth Guelman, apresentou os recentes estudos sobre o evento da estiagem deste ano na região Sudeste com as avaliações técnicas preliminares a respeito dos efeitos desta estiagem no comportamento das bacias hidrográficas localizadas em Minas Gerais. “Mostramos os estudos dos níveis e vazões de estações fluviométricas indicadoras localizadas nos cursos d’água mais importantes da região. Além de apontar os dados comparativos das precipitações e vazões atuais e históricas, e sobre os prognósticos de vazões que serão realizados até o final do período de estiagem na região Sudeste, que ocorre, geralmente, em setembro. Os níveis e vazões das estações fluviométricas em estudo apontam que as regiões mais críticas identificadas pelo CPRM, até o momento, são a do Alto São Francisco, Rio das Velhas, rio Carinhanha e calha principal do Rio São Francisco e Oeste de Minas, mais o Rio Doce, onde as vazões podem atingir níveis críticos até o fim da estiagem”. Elizabeth resume que “os estudos apontam, em um recorte histórico de 1941 até 2013, que as piores baixas na estiagem foram em 1971 e no ano passado. E para esse ano, de acordo com os dados, não houve uma melhora. Na Estação Ponto Firme, no Rio Piranga, onde é a nascente do Rio Doce, o indicador, até o momento, aponta situação entre as cinco estiagens mais severas registradas na série de 70 anos de dados”. A reunião também trouxe notícias boas. De acordo com a meteorologista Paula Ferreira de Souza, para os meses de setembro, outubro e até o final de novembro são esperados 400 milímetros de chuvas em todo o estado. Ela indica que “setembro é o mês de transição, a primeira quinzena geralmente é seca, a partir da segunda quinzena é possível observar as primeiras pancadas de chuvas. Os últimos 15 dias de setembro são ligeiramente chuvosos. Para outubro e novembro, que já são caracterizados como período chuvoso, as previsões apontam chuvas dentro da normalidade, o que já uma ótima notícia não só para a nossa região, mas para Minas como um todo”. O coordenador da Agência Nacional das Águas alertou quanto à proliferação da cianobactéria: “Esse foi um problema que aconteceu em 2007 e em 2011. A avaliação que a gente faz na ANA parte das características patológicas do ano, ou seja, período chuvoso e vazões bem abaixo da média histórica, turbimento da água abaixo desse período mais seco, sem contar o tempo de detenção dos reservatórios das bacias mais elevadas, somados à previsão de temperatura acima da média histórica. Entendemos que esses são fatores que contribuem para a proliferação da cianobactéria. Apesar de não termos indicativos muito claros que esse vai ser um problema do ano, temos a percepção climatológica que favorece a ocorrência”. Murtha ainda lembra que “a cianobactéria ao morrer fica na água do Rio Doce e libera um mau cheiro. Apesar de ser desagradável consumir água com odor forte, ela é própria para o consumo”.
POLÍTICA 5
FIGUEIRA - Fim de semana de 28 a 30 de agosto de 2014
Notícias do Poder
STF
José Marcelo / De Brasília
Saco de pancadas Ao se consolidar no segundo lugar, dez pontos à frente do tucano Aécio Neves, na disputa presidencial, a exsenadora e ex-ministra do Meio-Ambiente, Marina Silva, assumiu também o posto de saco de pancada da campanha. E por mais assustados que os petistas estejam, a avaliação de assessores próximos da presidente Dilma Rousseff é de que Marina será duramente golpeada pelos marqueteiros de Aécio Neves, o que deixaria o caminho mais livre para a candidata à reeleição, pelo PT.
Como bater? Mas existe uma ala do PT que defende que o partido também faça duras investidas contra a escalada de Marina Silva. O problema seria bater em uma ex-companheira de partido, aliada histórica do ex-presidente Lula e que ajudou a firmar a imagem do PT como uma legenda que tinha um projeto de futuro para o Brasil. Há quem avalie que neste momento, a volubilidade partidária de Marina não interessa ao eleitor. É que Marina Silva deixou o PT, foi para o PV, de onde saiu para criar a Rede Sustentabilidade e, por não conseguir, abrigou-se temporariamente no PSB
De olhos abertos Os números da pesquisa Ibope divulgada na terça-feira até ajudaram a acalmar os ânimos da ala mais desconfiada do PSB, que viu o partido ser ancorado nas mãos de uma candidata que estaria na legenda apenas por uma temporada. Ainda assim, há a desconfiança de que o PSB possa ser jogado para escanteio, caso ela seja eleita, e assim que a Rede Sustentabilidade for criada. A fundação do partido é apenas uma questão de tempo.
Ficha suja O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) comemorou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que negou registro de candidatura ao ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. É que o MCCE foi o organizador do movimento que coletou assinaturas para a criação da Lei da Ficha Limpa. A ONG reúne cerca de 50 entidades que agrupam juízes, ministros, procuradores, advogados, jornalistas e trabalhadores em geral.
Ainda assim E apesar de ter sido flagrado com a mão na massa, recebendo dinheiro do propinoduto que abasteceu o mensalão do DEM, Arruda lidera as pesquisas de intenções de votos em Brasília. Ele tem 37% da preferência do eleitorado. Como ainda pode recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-governador segue firme na candidatura. Diz que foi vítima de golpe.
Nova campanha Depois da Ficha Limpa, a batalha do MCCE agora é recolher assinaturas suficientes para pressionar o Congresso a votar um projeto de reforma política que se arrasta há anos na Câmara e no Senado. Entre as propostas do MCCE está a que proíbe a doação de empresas para financiar campanhas políticas e a criação do segundo turno das eleições para vereador e deputado.
Ministro Dias Toffoli, presidente do TSE
Na fila Enquanto a campanha segue firme, os Tribunais Regionais Eleitorais e o TSE tentam apreciar todos os processos de candidatos que tiveram as candidaturas barradas pela Lei da Ficha Limpa. Só deputados federais foram 27 e nove casos ainda não foram apreciados. O ministro Dias Toffoli, presidente do TSE, garantiu que tudo estará resolvido até outubro.
Mudança de rumos Ainda falta acertar o rumo, mas um parlamentar do PT, que pediu para não ser identificado, garantiu que o partido vai mudar o tom da campanha, por conta do crescimento de Martina Silva. A primeira avaliação, segundo ele, é de que o PT precisa continuar a destacar os avanços dos últimos 12 anos, mas precisa apontar para futuro, o que Marina tem feito, ao fazer questionamentos. Aécio estaria sofrendo do mesmo mal do PT: lembrando demais do passado. José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia e apresentador da edição nacional do Jogo do Poder, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília.
Entrevista André Souza
Candidato do PCdoB a deputado estadual
“Vamos dar um basta na hipocrisia de nosso país” Divulgação
André Luiz de Souza, advogado, jurista e jornalista, é natural de Ubá na Zona da Mata e adotou Governador Valadares como sua cidade há algum tempo. Pai de quatro filhos, cidadão brasileiro, como ele define, André Souza se candidatou a deputado estadual pelo PCdoB, e afirma que sua candidatura veio para implantar uma nova ideologia ao cenário político. Figueira - O que o motivou a se candidatar ao cargo de deputado estadual? André Souza – Os motivos que me levaram à candidatura foram a defasagem de ideologias que durante muitos anos foi suportada por nós eleitores, e agora não suportamos mais, como o coronelismo político, os joguetes e malandragens desgastantes que têm feito o eleitor ser conduzido ao declínio político, ao desinteresse naqueles que compõem o quadro legislativo e executivo de nossa nação. Então, são necessárias mudanças. Quem quer não manda, faz. A falta de confiança na política faz os candidatos serem generalizados de tal forma a nenhum ter credibilidade, na boca do povo políticos se tornaram todos “safados”. É este quadro que devemos, com toda garra, tentar superar. A credibilidade das nossas representações sociais é a base do crescimento de nosso país. Figueira – O que mais o credencia a se candidatar a esta vaga na Assembleia? André Souza - Não creio que nós seres humanos tenhamos credenciamento para algo nesta terra, acredito que nos é dada uma missão e quando assustamos estamos no meio da batalha para que esta missão seja concretizada. É assim que me sinto. Quando olho para trás eu jamais imaginava que um dia estaria nesta posição, e como bom guerreiro que sou, farei meu “dever de casa”, com coragem e raça para mudar todo este quadro que atualmente apresenta o cenário político no Brasil. Figueira- Se eleito, qual será a sua postura na Assembleia em relação aos nossos problemas da região do Rio Doce? André Souza - Não podemos aceitar que o Leste Mineiro fique fora da Sudene. 85 municípios estão inseridos nesta isenção tributária que dita o norte da economia de muitas regiões. Governador Valadares e região vivem um declínio econômico. Com o crescimento do Brasil, diminui a migração de valadarenses para os Estados Unidos e outros países. Com isso, a queda na economia da região é algo assustador. Nossa cidade está em queda livre, os índices de violência e desemprego a cada dia são maiores. É necessário que possamos fortalecer nossa política com “pés de ferro”, bater forte por uma conjuntura política que busque interesses coletivos, e não o quadro que se apresenta, da política de interesses pessoais. Aprendi nesta vida ser um espartano, lutar por uma democracia plena e por igualdade dos povos. Não podemos aceitar que nosso povo seja subjugado por meia dúzia de interessados em fazer aquilo que apenas lhes interessam.
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Governador Valadares necessita de renovação. Sua representatividade da Assembleia é insignificante, e ainda assim com uma política desgastada e ultrapassada, que envolve muito mais vaidade do que vontade de fazer algo pelo povo. André Souza
Figueira - Na sua opinião, Governador Valadares é uma cidade bem representada na Assembleia, atualmente? O que você propõe exclusivamente para Governador Valadares? André Souza – Governador Valadares necessita de renovação. Sua representatividade da Assembleia é insignificante, e ainda assim com uma política desgastada e ultrapassada, que envolve muito mais vaidade do que vontade de fazer algo pelo povo. A maioria dos nossos representantes está acima dos 65 anos de idade. Mesmo que a legislação não defina a idade para ocupar cadeiras, cabe ao homem sério saber a hora de se aposentar, seja qual for o cargo que ocupe. É assim no esporte, no judiciário. Não foi à toa que o legislador, no que tange o sistema trabalhista e previdenciário, estipulou lapso temporal para as funções laborativas. Nós necessitamos de uma mudança profunda no conceito de política, e tal mudança tem de partir dos próprios eleitores que são os detentores de todo o poder democrático no estado de direito. Devemos conduzir nosso estado ao futuro de potência que se apresenta ao Brasil. Figueira – E que mudança é essa que o senhor propõe? André Souza - Os cidadãos, atualmente, vivem uma falsa realidade de quase tudo. Nosso país ainda é um grande navio negreiro, quando observamos que o sistema prisional é formado na grande maioria de negros pobres. Temos uma advocacia forjada que abrange apenas aqueles que podem sustentar este “bolsa família de luxo” denominado honorários, em que o cidadão encontra-se compelido a ter de nomear procurador obrigatoriamente, numa Defensoria Pública defasada, que não se destina de forma sustentável ao atendimento da população. Enquanto o Brasil tratar a pandemia das drogas como problema de segurança pública e não de saúde, iremos
ver favelados tendo suas portas arrancadas, sendo presos para sustentar uma falsa segurança pública. Pobres chamados de “noia”, “ladrões safados”, enquanto nos condomínios da elite escravocrata, teremos doentes dependentes químicos. O negro pobre é preso com cinco ou seis buchas de drogas, e cumpre seis anos de prisão, para nós pagarmos a conta, enquanto helicópteros com meia tonelada de cocaína são encontrados e nada acontece aos barões das capitanias hereditárias existentes. Querem mudar um povo subjugando educadores com remuneração de fome. Falar em melhorias na educação sem valorização do professorado é uma grande utopia. Vamos dar um basta na hipocrisia de nosso país. O tempo não para no porto, não apita na curva, e não espera ninguém. Figueira - Qual a sua avaliação do processo eleitoral até aqui? André Souza - O processo eleitoral caminha conforme a ditadura jurídica, que substituiu a ditadura militar no Brasil, num processo eleitoral feito por meio de alguns atos das oportunidades, para que um candidato potencializado se torne inelegível perante uma fraude, forjada. No país da corrupção não podemos deixar margem para que o “ficha limpa” seja a manipulação de massa. Sou a favor do “ficha suja”, que democraticamente todos possam disputar as eleições desde que em sua propaganda seja explicitamente demonstrada as suas condenações. Barrabás era ladrão e mesmo assim, há mais de dois mil anos, o povo foi livre para escolher entre o ladrão e o filho de Deus. Desta forma, vejo que a democracia plena é o povo escolher quem ele quiser e não quem alguém peneirou para que ele escolhesse. Vivemos cada dia mais uma grande ditadura jurídica perigosa, que irá conduzir o Brasil a uma revolução mais sangrenta do que esta que se apresenta de forma silenciosa nesta nossa atualidade medíocre.
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Menos carro, por favor! Em 2009, 49 mil carros estavam emplacados em Valadares. Hoje, quase 120 mil circulam pelo município. E o número não para de crescer.
Fábio Moura / Repórter
Nascemos – ou viemos parar por essas bandas – e crescemos habituados às ruas de uma Valadares distinta desta em que que caminhamos, pedalamos e dirigimos, hoje. Virava-se à esquerda quase que de olho fechado. A sinalização era uma mera formalidade praquilo que já nos era comum. Sabíamos de cor se havíamos desembocado numa mão, contramão ou se a via tinha o sentido duplo. Os pontos de ônibus nunca nos informaram por meio de placas quais linhas passavam por ali. Não era necessário. Sabíamos onde paravam cada um dos 39 itinerários do transporte coletivo. Montados numa bicicleta, mudávamos para a rua paralela, onde houvesse uma ciclovia ou nos mantínhamos ali mesmo, na faixa da direita, onde um mundaréu de ciclistas se amontoava. Ao longo dos anos, assistimos a diversas alterações no sentido de fluxo das ruas, na localização dos pontos de ônibus e, principalmente, nas personagens do trânsito valadarense. Quem ia sobre duas rodas, ainda vai. Mas vai motorizado. Ainda nos primeiros anos da década de 1980, tínhamos uma bicicleta para cada dois habitantes da cidade. O número não decresceu tanto assim e, hoje, ainda temos uma frota de pouco mais de 100 mil bikes. Agora, basta observar e contar quantas delas estão nas ruas para concluir que boa parte pode estar encostada dentro das casas. Quem assumiu o posto e se popularizou nas ruas foram as motocicletas. 47 mil andam e voam diariamente pela cidade. São tantas, a todo o momento, por todos os lados, que chegamos e pensar que são elas que domideparamos com congestionamentos a qualquer hora do dia na nam numericamente os nossos modais urbanos. Não são. Av. Minas Gerais, nas ruas Marechal Floriano, Israel Pinheiro, Barão do Rio Branco ou Bárbara Heliodora, na ponte da Torna-se cada vez mais urgente uma Ilha ou bem distante do Centro, na ponte do São Raimundo. readequação no uso dos modais urbanos A essa frota soma-se um incontável número de carros que e uma readaptação das prioridades no trazem a Valadares pessoas de cidades vizinhas em busca de trânsito em nossa cidade. Junto aos 120 serviços essenciais ou do comércio local, apenas. Perambulam mil carros – apenas locais – e às 47 mil por aqui ao longo de todo o dia e tornam ainda mais robusta a motocicletas estão apenas 102 ônibus. ocupação das ruas. Chegamos a um estrangulamento da fluidez urbana. Torna-se cada vez mais urgente uma readequação no Quase 120 mil carros circulam atualmente em Governador uso dos modais urbanos e uma readaptação das prioridades no Valadares. E o número não para de crescer. Ainda valendo-se trânsito em nossa cidade. Junto aos 120 mil carros – apenas do levantamento feito pelo Projeto de Tratamento da Área locais – e às 47 mil motocicletas estão apenas 102 ônibus. E Central e Ciclovias e apresentado em 1982, o índice de moto- são eles que devem cortar a região central a todo momento, rização na cidade ficava na casa de um automóvel para cada com pessoas que sofrem na pele os congestionamentos gerados quatorze habitantes. Mas não é necessário ir tão longe assim. pelos veículos individuais ou de pequenos grupos. Numa conta rápida, percebemos o quanto essa lentidão Ainda em 2009, apenas 49 mil carros estavam emplacados no município. Com as ruas povoadas por tantos automóveis, nos ainda distancia a população valadarense do transporte cole-
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Fábio Moura
tivo. Os usuários tomam o ônibus um milhão e seiscentas mil vezes por mês. Levando-se em consideração que quem vai, volta, nos trinta dias do mês, chegamos a cerca de 27 mil pessoas utilizando regularmente as lotações da cidade. Os dados mais recentes do IBGE mostram que essa parcela populacional não chega a 10% do total de habitantes. Sem conta, mas de forma objetiva, nos deparamos com uma Valadares de porte médio e com um traçado urbano que favorece a fluidez do trânsito, mas lidando com congestionamentos duradouros, com constantes atrasos no deslocamento e com um plano de mobilidade urbana que favorece a quem menos contribui com a agilidade do transporte. Imprudência dos condutores ou indústria das multas? Cada espaço das ruas da cidade tende a sofrer interferência, quando vários agentes demandam utilização simultânea, seja em cruzamentos, seja rente ao meio-fio, em estaciona-
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Fábio Moura
Crônica Dilvo Rodrigues
Musas: melhor tê-las em segredo
mentos. As várias vertentes de crescimento da cidade têm gerado novos cenários de conflito entre veículos motorizados, ciclistas e pedestres. A engenharia do trânsito prevê várias formas de intervenção a fim de atenuar os riscos que essa região oferece e também de garantir que todos se desloquem com maior agilidade. Algumas delas se fazem urgentes. Ao lotear as fazendas que deram origem aos bairros Santo Agostinho e Lagoa Santa, não se imaginava que as suas ruas tornar-se-iam uma das principais rotas entre o Centro da cidade e os bairros Morada do Vale, Vale Verde, Grã-Duquesa e todo o seu entorno. Aliado a isso, a construção do novo viaduto Mr. Simpson consolidou esta como uma das principais rotas de escoamento dos automóveis entre as duas regiões. A fuga dos caminhos tradicionais, como a Av. Minas Gerais, por exemplo, se dá, em suma, em função da intensa movimentação do centro comercial e da sequência de semáforos. “A situação do cruzamento entre as avenidas José Ivair Ferreira Mattos e Veneza, em frente ao Tiro de Guerra, já é problemática. Agora, assim que o Hospital da Unimed entrar em funcionamento tende a ficar ainda mais. Fizemos um acordo bilateral com o grupo e pactuamos um financiamento conjunto para que a Prefeitura Municipal semaforize aquele cruzamento”, relata o Diretor de Transportes, Trânsito e Sistema Viário, Marco Rios. Nos próximos meses, outro ponto que receberá semáforos será o cruzamento entre as avenidas Minas Gerais e Lisboa, próximo ao Anel Rodoviário da BR 259. A região se consolidou como uma das principais portas da cidade, além do fluxo intenso de caminhões e ônibus entre os bairros que a circundam. A demanda crescente e a ausência de um controle do fluxo garantem alguns acidentes por mês no cruzamento. “Já havíamos feito uma pré-instalação de radares ali, mas percebemos que, neste caso, essa medida não será suficiente”, explica Marco Rios.
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Nos próximos meses, outro ponto que receberá semáforos será o cruzamento entre as avenidas Minas Gerais e Lisboa, próximo ao Anel Rodoviário da BR 259.
Este será o décimo segundo ponto da cidade monitorado por radares. O décimo terceiro entrará em funcionamento ao longo do mês de setembro na Rua 25, que liga a Av. Moacir Paleta à entrada do Campus da UNIVALE, no bairro Santos Dumont. “Ali, a situação é diferente da Av. Minas Gerais. Os radares dão conta de controlar o fluxo e garantir a segurança de pedestres, ciclistas, motoristas e de usuários do transporte coletivo. Cada local é estudado individualmente. Veja só: em frente ao prédio da Faculdade Pitágoras a situação é diferente. Temos vários semáforos que antecedem aquela região e controlam o fluxo de carros. A demanda de pedestres que intencionam transpor os lados acontece em horários determinados. Não é necessário condicionar os veículos a esse controle ao longo de todo o dia”, destrincha o diretor do DTTSV.
Os radares monitoram e autuam condutores em cinco infrações distintas do Código de Trânsito Brasileiro: parar sobre a faixa de pedestres, avanço de sinal vermelho, transitar em velocidade superior à máxima permitida em até 20%, 50% ou acima disso. Entre os dias 1° de janeiro e 25 de agosto de 2014, os radares flagraram 23.285 infrações nos onze pontos já em funcionamento - os dados levam em conta apenas aqueles controlados pela Prefeitura Municipal, por meio da concessionária GCT – Gerenciamento e Controle de Trânsito S/A; aqueles que monitoram a BR 116 são de responsabilidade do DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes. o maior número de autuações tem origem nas 2.222 vagas do Estacionamento Rotativo Zona Azul. 13.169 condutores foram autuados por estacionar em desacordo com essa regulamentação desde o início do ano, ao não utilizar o bilhete ou deixá-lo de forma indevida no interior do veículo.
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O número de autuações ultrapassa os 50 mil, quando somadas às ocorrências registradas pelos mais de sessenta fiscais de trânsito do DTTSV e pela Polícia Militar. No mesmo período, fiscais e policiais autuaram 26.922 condutores. Além de penalizar infrações comuns aos radares, os agentes autuaram motoristas e motociclistas em mais de 240 transgressões das leis de trânsito. O maior número dessas multas, porém, não tem nenhuma novidade em sua origem: dirigir o veículo utilizando-se de telefone celular, deixar o condutor ou o passageiro de usar o cinto de segurança, estacionar nas esquinas e a menos de cinco metros do alinhamento da via transversal ou em desacordo com a regulamentação especificada pela sinalização, como em vagas para idosos, portadores de necessidades especiais e para carga/descarga. Mas, o maior número de autuações tem origem nas 2.222 vagas do Estacionamento Rotativo Zona Azul. 13.169 condutores foram autuados por estacionar em desacordo com essa regulamentação desde o início do ano, ao não utilizar o bilhete ou deixá-lo de forma indevida – marcação ilegível ou com o tempo de 2h já estourado – no interior do veículo. No entanto, há uma dicotomia entre o controle ferrenho de algumas infrações e a permissividade de outras. Por exemplo, não há nenhuma multa registrada para veículos que deixam de indicar com antecedência, mediante gesto de braço ou luz indicadora, a mudança de faixa em um mesmo sentido da via. “O fiscalizador não pode penalizar o usuário, onde há conflito de informações. Por aí, apenas, já se classifica como uma penalidade indevida”, justifica-se o diretor do DTTSV, Marco Rios. O conflito de informações ao qual ele se refere está na falha da sinalização horizontal das ruas de Valadares. Em alguns locais as listras brancas que demarcam a existência de duas faixas são imperceptíveis. A sinalização ainda é, em partes, precária. Por outro lado, o número alto de multas parece não dar sinais de que a imprudência irá reduzir.
O Tom Jobim escreveu ou compôs (ou os dois) um punhado de músicas incríveis com nomes de mulheres. “Lígia”, “Ana Luíza”, “Bebel”, “Angela”, “Luciana”, “Gabriela”, “Dindi”, que supostamente era o apelido da cantora Sylvia Telles. Se houve mesmo uma Lígia em especial, nunca saberemos. Mas, houveram sim outras “Lígias”, as Luanas, as Marias, as Ísis, as Mônicas e Bárbaras. As musas que tanto inspiraram os poetas da Bossa Nova. Tom e Vinícius, principalmente, devem ter esbarrado muito com elas nos inferninhos das vida (Casas Noturnas da época), numa mesa de bar de uma esquina qualquer ou na praia. Pode ser que eles preferissem não esbarrar e, talvez, fizessem desses lugares uma espécie de cinema ao ar livre. Então, toda semana tinha a cena da Helô Pinheiro desfilando pelas calçadas de Ipanema. Os homens dobravam o pescoço para admira-lá. Nos bares, os copos de chopp sossegavam na mesa. Alguém dizia - “Olha só, como ela vai!?”. O Tom virava e pedia para o Vinícius - “Bicho, escreve a letra da garota passando!”. E o poetinha poderia ter respondido - “Mas, a canção não vai se chamar Helô!”. Por sorte, não se chamou. O pai da moça era um general do SNI. Tom e Vinícius eram casados e Helô não soa como “Lígia” ou “Luiza”, nem mesmo soa carinhoso como “Dindi” e, muito menos, como “Garota de Ipanema.” A coisa mais engraçada e interessante de “Garota de Ipanema” é como ela parece universal e poderia valer de trilha sonora para qualquer história. É aquela coisa do pedreiro estar lá, na obra o dia inteiro e chega aquele horário que a musa dele vai passar com uma sacola de pão, buscando o filho na escola ou saindo do trabalho. Ele se dá conta da presença da beldade, o martelo para de cantar e chega à mente dele algo muito perto de “olha que coisa mais linda, mais cheia de graça”. A maioria das pessoas, das mulheres, principalmente, não percebe que dentro do peito de um pedreiro também bate um coração e tem poesia. Talvez faltasse o mestre de obras pegar uma lata de tinta e começar a batucar, enquanto a moça passasse, “O seu balançado é mais que um poema. É a coisa mais linda que já vi passar.”. Iria ser bonito! Mas, qual ser humano em plena consciência iria correr o risco de estragar tudo e a moça nunca mais voltar a passar? O Dorival Caymmi escreveu uma música chamada “Marina”. A música era um sucesso. Certa vez, um sujeito chegou armado, querendo tirar satisfação porque pensava que a canção havia sido escrita para a mulher dele, que se chamava Marina. O Dorival negou, mas sempre aparece um momento ou outro que é necessário ou vital ter de se explicar. É perigoso se expressar dessa maneira. Porém, se não fosse Marina, poderia ter sido Isabela ou Alessandra. Vai que o marido ou pai dessas fossem ainda mais arretados? Musas, melhor tê-las em segredo. Eu poderia finalizar o texto escrevendo uma pequena história sobre as musas da mitologia grega, criadas por Zeus. Elas glorificavam as conquistas e vitórias dos Olímpicos. São fonte de inspiração artística. São uma criação divina. E deve ser por isso que toda vez que uma musa se aproxima, a gente para como se fizesse uma oração, em pensamento. Talvez ter uma musa seja até uma forma de se aproximar de Deus, da beleza divina, da inspiração que só pode vir mesmo do Criador. Eu poderia dizer isso. Porém, quero mesmo é alertar aos conjugues das Alessandras, Isabelas, Marias, Ísis e Bárbaras. Quero alertar também aos pais das Luanas e Mônicas. Eu quero dizer -”Absolutamente, não as conheço!” Dilvo Rodrigues é jornalista e escritor.
EDUCAÇÃO FÍSICA
Unipac terá cursos de Educação Física em 2015 A partir de 2015 a Universidade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares (Unipac/GV) passará a ter em sua grade de cursos o Bacharel em Educação Física. A publicação foi feita hoje (26) no Diário Oficial da União, mas já estava autorizado pelo Ministério da Educação (MEC) desde 2011. O curso foi muito bem avaliado pelo MEC, recebendo nota 4, numa escala que vai até a nota 5. A Unipac/GV poderá oferecer 200 vagas por ano, a partir do próximo vestibular. A Unipac/GV já possui o curso de Licenciatura em Educação física, mas existem algumas diferenças entre as duas modalidades de formação superior. Na Licenciatura o curso possui duração de 3 anos e os graduados podem atuar no magistério do 1º e 2º grau. Já o Bacharelado possui duração de 4 anos e habilita o profissional para todos os segmentos do mercado de trabalho no campo das atividades físicas e esportivas, exceto no Magistério da Educação Física no Ensino Básico.
GERAL BRAVA GENTE
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ESPECIAL
Padre Antônio Amort
As oito décadas do missionário de Tirol Arquivo Pessoal
27 anos depois de desembarcar no Brasil, o Padre Antônio Amort chega aos 80 de vida e aos 55 de sacerdócio neste ano. Hoje, como diretor espiritual do grupo de reflexão Boa Nova, assume que seus superiores querem que ele volte para Tirol. Mas ele acha que é hora de voltar e diz que quer servir às comunidades de Valadares mais um pouco. Fábio Moura / Repórter “Já são 80 anos, sabe”, desabafa arrastando um grunhido peculiar do sotaque alemão. “Nove horas?”, pergunta em seguida ao soltar um leve sorriso de banda e olhar à distância para o relógio de pulso: “a essa hora já me sinto um tanto cansado”. Leva uma perna de cada vez ao degrau seguinte. É cauteloso, mas também vigoroso. Conta sobre as suas sobrinhas que vieram de Tirol, na Itália, para visitar-lhe. Uma hora atrás, pouco antes da conversa, trocaram duas ou três palavras com o tio em sua língua pátria e seguiram por alguns metros no corredor em tímidas gargalhadas. Antônio Amort destrancou a porta do quarto, enquanto as divertia noutro comentário curto, acomodou-se e com os dois braços esticados apertou os joelhos dizendo: “eu tinha 16 anos naquela época. Assisti de perto à despedida de dois missionários. Iam pra China. Nunca havia imaginado uma experiência assim. Achei um loucura”, adjetiva num timbre que denota mais o estupendo, fascinante. “Após um dia de inquietude, me veio uma resposta bem clara: porque não?”. Em 1950 saiu da sua região - de origem austríaca, mas incorporada ao território italiano após a Primeira Guerra Mundial - rumo a Londres, na Grã-Bretanha, para cursar o seminário. Tornar-se-ia padre nove anos mais tarde e voltaria a Tirol para integrar a Missão Católica St. Joseph. “Esperei por cinco anos o chamado para, enfim, ser um missionário. E veio de encontro à minha vontade”. Foi parar em Camarões com a missão de catequizar a população órfã da Igreja Católica. “Batizei cinco mil adultos nos oito anos que passei lá. Tínhamos um grande trabalho de conquista. Nem 10% da população era católica àquela época. Em função das guerras, Camarões se viu distante da Igreja por onze anos, depois da expulsão da primeira congregação que missionou por lá. Fomos nós quem retomamos o trabalho”. Conta que caminhava por até cinco semanas em meio aos vales e às matas fechadas, dormindo de casa em casa – de barro. Ajudou na construção de escolas e acompanhou de perto a população naquilo que descreve como uma “batalha pra se manter erguido”. Teve de voltar para casa e assumir a diretoria da revista de sua congregação. Viajou pelas Filipinas, Papua Nova Guiné, Indonésia, Paquistão, África Oriental, Paraguai, Argentina e pelo Chile. Conheceu de perto, remontou e descreveu com palavras e imagens a atuação de missionários pelo mundo todo. 45 mil exemplares da MissionBote faziam boa parte do norte da Itália se encantar com as obras a cada dois meses. A St. Joseph formou assim uma rede de colaboração individual e de pequenos grupos para financiar as suas incursões por terras que necessitassem de ajuda; e também para prestar assistência à população que atendiam. “Passei pelo Brasil em 1982 e duas coisas me tocaram, impressionaram: a reforma agrária e as comunidades de base. Estava disposto a integrar o trabalho da Igreja Católica, aqui, mas tive de esperar até 1987: ‘quer voltar pras missões?’, questionaram. Respondi ‘claro, quero!’”. Desembarcou no Brasil em janeiro de 1987. Dom José Heleno o enviou para Tumiritinga, já há 17 anos sem um padre local. Foi lá que, em 1° de junho de 2013, assistiu à primeira ocupação de toda a região na Fazenda Califórnia. “Bateram na minha janela às cinco da manhã e disseram: ‘chegaram’. Não fui eu quem organizou, mas apoiei desde o início”. “O temor era de que tudo poderia acabar em sangue, pois estávamos em uma região de latifúndios. Em menos de dois meses não podia mais viajar só, dormir só. Algo poderia acontecer. Havia um perigo real”. Numa fala tenra, conta que reuniu grupos organizados que pudessem auxiliar a paróquia na produção de alimento e na assistência médica para os mais de seiscentos assentados. “Visitava-os, encorajava-os, pois estavam fazendo a vontade de Deus. Imagine uma fazenda de 3.400 hectares com seis bois e um vaqueiro angariando meio salário mínimo. A justiça declarou a terra como improdutiva por três vezes”. Passou ainda por Marilac, Tronqueiras e Dom Cavati. Dez anos depois, Antônio Amort volta a Valada-
Padre Antônio Amort, durante a sua ordenação, em Londres, Inglaterra, em 1959. Depois da ordenação ele seguiu para Tirol, Itália
res para ficar de vez. Assume a Pastoral Social da Igreja Sagrada Família, no bairro Jardim Pérola, e reúne um grupo de idealistas dispostos a lidar com situações de exclusão social. Dali surgiu o Fermento, organização que auxiliou diretamente na fundação da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis Natureza Viva. “Dar cesta básica não resolve. Fomos ao lixão encontrar e amparar aquele povo. Discutimos os motivos que os levaram até aquela situação. Perguntava: ‘acham que isso é o que Deus quer pra vocês?’ e assim discutíamos a doutrina da Igreja. Respondiam: ‘ao menos não podem dizer que não estamos trabalhando’. Catavam em meio às tripas. Hoje, tem um material selecionado às mãos e uma estrutura de trabalho, graças ao Fassarella. Também nos reunimos várias vezes em cima daquele lixo. Eles tinham de se organizar e nós os ajudamos”. Em 2000 foi morar no bairro Palmeiras em um barraco ao pé de seis vielas que entranhavam os morros que ali empinavam. Sem responsabilidade pela comunidade dizia fazer um trabalho profético. E foi bem acolhido em sua proposta. “Oito anos depois, numa certa manhã, um grupo numeroso veio até mim e disse: ‘você tem de sair hoje, tem de sair já. Não vamos esperar que algo aconteça’. Já havia sofrido várias tentativas de assalto. Uma vez acordei com uma pistola em frente ao meu rosto”. Decidiu, então, mudar-se para o bairro Turmalina. En-
quanto isso, visitava periodicamente o assentamento da Fazenda Califórnia e tantos outros que encontrou pelo caminho. Assiste aos dois assentamentos de São José da Safira, ao Acampamento Liberdade, próximo a Periquito, ao Novo Cruzeiro e ao Sapezinho – hoje, destruído por um incêndio – pra lá de Teófilo Otoni, e também ao Assentamento Oziel, aqui do nosso lado. 27 anos depois de desembarcar no Brasil, Antônio Amort chega aos 80 de vida e aos 55 de sacerdócio neste ano. Hoje, como diretor espiritual do grupo de reflexão Boa Nova, assume que seus superiores querem que ele volte para Tirol. “Acho que não é hora de voltar. Ainda posso ser um pouco útil aqui”. Mas, assim que o Padre Antônio seguir rumo à sua terra cravará o seu nome como um dos últimos missionários da St. Joseph a caminhar por essas terras. “Aqui em Valadares temos o Padre Viana com 85 anos, eu com 80 e o jovem Padre Elias. Somos os últimos. Nenhum novo missionário virá para cá. Hoje, sofremos com a falta de pessoal. Quanto entrei, tínhamos 1.200 padres. Hoje, temos menos de 400. Há países que precisam de mais atenção neste momento e é lá que temos novas vocações. Atuaremos de forma limitada em países como a Nova Zelândia, Indonésia, Malásia, Paquistão, Uganda...”. Antes que ele vá, comemorará os seus 80 anos neste domingo, 31, às 19h30, na Paróquia Sagrada Família. Arquivo Pessoal
Padre Antônio Amort celebrando a missa dos 50 anos de sua ordenação
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Entrevista Ricardo Pedrosa
Candidato do PEN a deputado federal
Quero me empenhar no governo para transferir o distrito industrial para o município, em vez de continuar nas mãos do Estado Divulgação
O radiodifusor Ricardo Pedrosa tem 38 anos e nasceu em Governador Valadares, MG, em um lar humilde, como ele faz questão de ressaltar, lembrando que seus pais tinham poucos recursos financeiros, mas eram trabalhadores. Seu pai era motorista de ônibus, e sua mãe, feirante. Pedrosa tem cinco irmãos e desde cedo ajudou os pais, trabalhando em feiras livres, com sua mãe. Também viajava muito fazendo as feiras nas cidades da região. Conhecido na cidade por ser o “manifestante popular”, nos últimos anos, sempre foi visto pelas ruas empunhando um microfone adaptado em sistema de som sobre um automóvel, reivindicando direitos para a população, dentre estes, a duplicação da ponte de São Raimundo. Agora ele é candidato a deputado federal e nesta entrevista fala sobre seus planos futuros.
Figueira - Na sua opinião, Governador Valadares é uma cidade bem representada na Câmara Federal, atualmente? O que você propõe exclusivamente para Governador Valadares?
Figueira – Por que você decidiu se candidatar ao cargo de deputado federal? Pedrosa - Desde que eu cursei Direito e pude perceber que o homem é um ser transformador, tive a oportunidade de participar dos movimentos estudantis, sendo eleito, pelo voto dos estudantes, presidente do Diretório Acadêmico na Faculdade de Direito. Com o advento das manifestações, aflorou em mim o desejo de mudanças e renovação na política. Não tenho parentesco com ninguém na política. O que me move é a vontade de mudança. O jovem não pode parar só na manifestação, tem que dar um passo além e esse passo é participar das eleições, se candidatar, cobrar de quem está lá. Figueira – Por que você se considera importante para entrar nesta disputa? Pedrosa – Vejo que todo cidadão tem o seu potencial e seu valor naquilo que se propõe. Sou um visionário para a mudança, com ideias inovadoras que, habilitam-me para um cargo de elevada importância em busca de justiça para o bem coletivo. Já venho defendendo os interesses coletivos há muito tempo, exemplo disso é a nossa luta pelos serviços essenciais, por mais saúde, educação e limpeza pública, e um transporte público que atenda os anseios dos usuários, além de lutar em prol de uma mobilidade urbana eficiente em nossa cidade. Quero defender também a segurança, educação e desenvolvimento econômico. Além disso, a conduta ética na política brasileira. Em resumo, são estas as minhas prioridades voltadas para uma sociedade justa e igualitária. Por exemplo, na educação, a Finlândia é o melhor país do mundo. O modelo de lá é o de ensino integral. Precisamos ampliar isso para o Brasil. A juventude hoje também está insegura. O Brasil hoje é um dos países mais violentos do mundo. E no caso do desenvolvimento econômico, o jovem quer estudar, quer ter seu emprego. O mercado de trabalho não está acessível, as políticas não são favoráveis. Precisamos de um parlamentar que entenda isso para cobrar as mudanças que o povo anseia.
Pedrosa - Sim é possível conseguir, pois temos verbas federais. Esta ponte do São Raimundo, sobre o Rio Doce, foi construída há mais de 50 anos e não comporta o fluxo de veículos diário, atualmente com média de mais de 30 mil. Hoje, esta ponte funciona como gargalo, ocasionando engarrafamento, acidentes e incomodando os usuários por causa do intenso tráfego de veículos. A necessidade de duplicar a ponte é notória e urgente. Esta obra irá contribuir para Governador Valadares e toda a região, oferecendo maior segurança aos usuários da BR 116. Sendo eleito, irei continuar empenhado nesta luta, mostrando ao poder executivo federal a necessidade da duplicação. Tenho certeza que o Governo Federal fará a duplicação da ponte que é de grande importância para a nossa cidade e região. No caso de transporte municipal eficiente, trata-se de matéria municipal, mas como deputado federal podemos criar leis que beneficiem o transporte com o financiamento público, destinando 71% dos recursos da contribuição sobre Intervenção no Domínio Econômico (Cide), incidente nos combustíveis. Outros 29% já são atualmente repartidos entre os estados e o Distrito Federal. A ideia é que os recursos possam ser usados como subsídio ao transporte urbano e inclusão do transporte como direito social.
Ricardo Pedrosa defende as lutas de classe e os movimentos populares
Figueira - Se eleito, qual será a sua postura na Câmara Federal em relação aos nossos problemas regionais, especialmente no Rio Doce? Pedrosa - Lutarei de forma intransigente em defesa dos interesses da nossa região, como a inclusão do Vale do Rio Doce na SUDENE, a duplicação da BR 381 e a duplicação da ponte de São Raimundo, na BR 116. Como deputado federal, terei à minha disposição R$ 15 milhões de emenda parlamentar, que poderão ser alocados aqui na nossa cidade e região do Vale Do Rio Doce. Figueira - Quais são, na sua opinião, os principais problemas da nossa região? Pedrosa - Uns dos principais problemas de nossa cidade e região está relacionado à economia, como a falta de indústrias médias ou de grande porte, pois Valadares está localizada em um eixo rodoviário e ferroviário que pode ser bem explorado através da criação de um porto seco, fomentando o desenvolvimento e gerando empregos na nossa cidade e região. Para garantir mais empregos e desenvolvimento, é preciso que o gasoduto chegue até Valadares. Quero me empenhar no governo para transferir o distrito industrial para o município, em vez de continuar nas mãos do Estado, com reativação da PROMINEX Mineração. Figueira – Uma de suas bandeiras de luta é a duplicação da ponte de São Raimundo. Você também luta pelo sistema municipal de transporte eficiente e mais barato para o cidadão. É possível conseguir estas conquistas que você tanto prega?
Ombudsman Pelas opiniões e comentários que publico aqui e pela minha barba branca na vinheta da coluna, quem não me conhece já deduziu que eu sou das antigas. Sou mesmo. Na minha velha carteira profissional, consta que comecei a trabalhar na redação de um jornal diário em 1º de julho de 1974, por um módico salário de 380 cruzeiros mensais. Para um adolescente, uma fortuna, à época. Nos últimos quarenta anos, transitei por algumas outras redações de jornais e revistas, em agências de publicidade e assessorias de imprensa. Aprendi muito, com muita gente boa de serviço, sem nunca ter cursado uma faculdade: só prestando atenção – e lendo muito. Mas diria até que aprendi mais com os repórteres recém-formados e estagiários dos cursos de Comunicação Social que, propriamente, com os velhos jornalistas de carreira da mesa ao lado. É que os novos traziam novas ideias e, não raro, faziam da redação extensões das salas de aula de suas faculdades – e eu pude frequentar diariamente esse curso paralelo e não oficial. Por isso, por minha ancestralidade, eu até poderia repetir aqui a gasta fórmula do “no meu tempo, era diferente”, para sustentar meus comentários e críticas. Mas ocorre que o meu tempo ainda é agora, é hoje. Ocasionalmente, posso até apontar dessemelhanças entre aquele tempo e os atuais, mas será apenas um rasgo afetivo de memória. Afinal, quando comecei, ainda havia o clichê, o telex, e o copidesque – termos que, atualmente, podem soar como palavrões, aos mais jovens na área. Hoje, sinto-me plenamente adaptado aos processos digitais de reprodução da imagem, à internet e... Não, ao corretor ortográfico automático ainda devo resistir por muito tempo. Tudo isso é pra dizer, de alguma forma, que, apesar de permanecer aberto às novas ideias, ainda acho que não se fazem mais escolas de jornalismo como antigamente. A culpa, no entanto, não me parece ser exclusivamente delas: o buraco é mais embaixo. O que percebo é que há falhas na educação de base e que afetam a formação do futuro profissional, quando este chega à faculdade. O problema não atinge apenas jornalistas, mas, também, outras categorias. Mas, para ficar no que me concerne como ombudsman de um jornal, vou me ater às práticas que atingem a nossa profissão diretamente. Para ilustrar o que penso, lembro aqui um fato que testemunhei durante uma aula do curso de Comunicação, que só ousei buscar já em idade madura. Numa daquelas aulas iniciais em que o professor conversa com a classe sobre suas expectativas em relação ao curso e à carreira escolhida, uma colega fez uma confissão assustadora: “Não gosto de ler jornal”. Não bastasse ser preocupante uma estudante de Comunicação Social não apreciar a leitura de jornais, ela ainda se justificou: “Jornal suja as mãos da gente...” Então, tá. José Carlos Aragão, ombudsman do Figueira, é escritor e jornalista. Escreva para o ombudsman: redacao.figueira@gmail.com
Figueira - Os direitos dos cidadãos são respeitados na esfera federal, na qual o senhor poderá a atuar como legislador na Câmara dos Deputados? Quais são os principais problemas de violação de direitos ao cidadão, na sua visão? Pedrosa – Precisamos de uma maior fiscalização do parlamentar, que não investiga, que não fiscaliza, não cumpre seu papel. Já temos muitas leis que defendem o cidadão e queremos que sejam cumpridas. Figueira - Qual a sua avaliação do processo eleitoral até aqui? Pedrosa - O processo eleitoral no Brasil traz uma desigualdade muito grande entre os candidatos que possuem recursos e os que não possuem recursos financeiros. Quando ocorre financiamento de empreiteiras aos candidatos, isso atrapalha o processo eleitoral. O financiamento privado de campanha sequestra o Poder Legislativo em nome de interesses empresariais. Por isso, sendo eleito, lutarei pela Reforma Política, pedindo o financiamento público. Quero igualdade para todos. Eu venho buscando fazer uma campanha com responsabilidade e pautada na ética. Aproveito para pedir aos candidatos que não joguem material de campanha, nem no dia da eleição, na porta das escolas. Além de ser crime, isso suja a nossa cidade.
Birra Minha
José Carlos Aragão
No meu tempo
Pedrosa - Não estamos bem representados porque candidatos lá do Sul de Minas, Norte de Minas e até de Belo Horizonte, vêm aqui e tiram o voto do nosso eleitorado. Vejo que podemos melhorar muito, mas precisamos de maior eficiência e empenho, mais verbas públicas para nossa cidade e região.
Fábio Moura
Há duas edições eu anunciei aqui que criaria uma seção na coluna só para apontar casos de redundâncias e obviedades explícitas nas páginas do Figueira. Como uma certa dose de implicância é inerente à função de ombudsman, resolvi batizar a seção como BIRRA MINHA – o que também é óbvio. E, pra inaugurar a seção, escolhi duas fotos que ilustram a principal matéria da edição anterior (páginas 6 e 7), com direito a manchete de capa, sobre o transporte coletivo em Valadares. Com uma na capa e outra no miolo, o leitor mais distraído pode nem ter se dado conta da gritante semelhança entre ambas. Aqui na coluna, contudo, aí estão elas novamente, agora lado a lado, para que o leitor as aprecie com um novo olhar. Mas não se engane: não é um daqueles tradicionais jogos dos 7 erros, que alguns jornais ainda publicam.
CORRESPONDENTES 10
FIGUEIRA - Fim de semana de 28 a 30 de agosto de 2014
Parlamento Europeu (PE)
D’outro lado do Atlântico José Peixe / De Lisboa
Flagelo no Mediterrâneo Nos primeiros sete meses deste ano, já chegaram à ilha italiana de Lampedusa, no arquipélago das Ilhas Pelágias, no Mar Mediterrâneo, à Sicília e à costa espanhola, via Estreito de Gibraltar, mais de 50 mil migrantes, provenientes do Médio Oriente e do norte de África. São milhares de cidadãos, com as suas famílias, que fogem dos países de origem em barcos que não oferecem o mínimo de segurança. Tudo isto por causa das perseguições étnicas e do clima de guerra que se vive na Síria e Líbia. Lamentavelmente, a maioria dos líderes europeus ainda não se deram conta deste flagelo que está a deixar os governos da Itália e Espanha numa situação delicada. Aliás, o primeiro-ministro Matteo Rensi em finais de fevereiro fez questão de esclarecer que “está na hora da União Europeia encarar com seriedade este novo fluxo migratório”. Também o papa Francisco já alertou mais do que uma vez para este fenômeno atípico que já fez centenas de vítimas e gerou milhares de refugiados no sul de Itália e da Espanha. “Não podemos ignorar a mortandade que está a verificar-se no Mediterrânico nem os milhares de refugiados que chegam à costa da Sicília”, afirmou sua santidade, numa homilia na Praça de São Pedro. Para se ter uma ideia do que se está a passar, no mês de janeiro, chegaram à costa italiana 2.156 imigrantes, enquanto em janeiro de 2013, o governo italiano registou 217. Em 2013 e segundo dados do governo italiano, aportaram na costa siciliana 2.925 embarcações, com 42.925 pessoas a bordo, provenientes do norte de África, incluindo 3.818 menores. Ou seja, esta-
“
Embarcações como esta não param de chegar ao Sul de Itália
E enquanto não se avança com medidas concretas para acabar com este flagelo humanitário, milhares de cidadãos são atirados para centros de refugiados sem as mínimas condições, no sul de Itália e na Espanha. Outros vão perdendo a vida no Mediterrânico sem nunca chegarem ao “el dourado” da Europa. É este o mundo contemporâneo onde vivemos.
mos perante um aumento de 325% em relação ao ano de 2012. A ilha de Lampedusa continua a ser o lugar de entrada na Europa, para milhares de cidadãos norte africanos e do Médio Oriente. No primeiro semestre de 2014, a costa espanhola também registou um afluxo exponencial de embarcações com migrantes a bordo, o que levou o governo de Mariano Rajoy a pedir apoio a Portugal e Marrocos para poder controlar a situação. O vice-ministro do Interior italiano, Filippo Bubico, numa audição, que teve na Comissão de Migrações da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa fez questão de explicar o seguinte: “Em 2013, a Itália foi submetida a um fluxo em massa de migrantes provenientes de países do Magrebe e do Médio Oriente”. Confrontado com esta situação, o presidente da União Europeia, José Manuel Durão Barroso, garantiu que “a Europa vai conseguir arranjar uma estratégia de apoio de modo a poder evitar este fluxo José Valentim Peixe é jornalista e doutor em Comunicação
Café com Leite Marcos Imbrizi / De São Paulo
Marina perde palanques Na semana passada, depois de ser confirmada como a candidata a presidente pelo PSB em substituição a Eduardo Campos, morto recentemente em acidente aéreo, Marina Silva começa a enfrentar uma série de problemas para manter a unidade da campanha. Apesar de já aparecer à frente do candidato tucano Aécio Neves na primeira pesquisa divulgada com a nova conjuntura eleitoral, uma série de palanques acertados pelo ex-governador pernambucano em vários estados começam a ser desmontados para a candidata socialista. Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, por exemplo, onde o PSB indicou o candidato a vice-governador na chapa encabeçada pelo tucano Geraldo Alkmin, os comitês tinham até nome: “Edualdo”. Em depoimento ao Painel da Folha de S. Paulo, o porta-voz da Rede da Sustentabilidade, Walter Feldman afirmou: “Já tivemos a chapa Edualdo, mas Marinaldo não vai existir”. A mesma coluna informa que, com isto, os tucanos esperam que os prefeitos do PSB paulista, que pregavam a união entre Eduardo e Geraldo, migrem agora para Aécio Neves. Plebiscito popular pela reforma política - A região do Grande ABC Paulista marca presença no movimento nacional que propõe a realização de um plebiscito para a instalação de uma Assembleia Constituinte exclusiva e soberana para tratar da reforma do sistema político. A iniciativa pretende realizar a consulta popular em todo o Brasil durante a semana da Pátria, quando a população será convidada a responder a uma única pergunta: “Você é a favor de uma Constituinte exclusiva e soberana do sistema político?” A votação acontecerá simultaneamente em escolas, igrejas, fábricas e outros espaços públicos. Mais informações sobre o movimento estão disponíveis no site nacional: www.plebiscitoconstituinte.org.br
EDUCAÇÃO
SMED realiza 1ª Conferência Municipal da Educação do Campo Após um ano de discussões sistemáticas e uma série de pré-conferências preparatórias realizadas em dez distritos de Valadares, a Secretaria Municipal de Educação (SMED), por meio do Grupo de Trabalho Permanente da EDUCAMPO – GTP EDUCAMPO, realizará, no dia 2 de setembro, a 1ª Conferência Municipal da Educação do Campo, cujo tema é Educação do Campo em movimento: a construção da política. Durante as pré-conferências foram nomeados os delegados (as) que participarão da Conferência Municipal a ser organizada com a participação da sociedade, de forma presencial e com caráter mobilizador, deliberativo e propositivo. Tome nota: Dia 2/09, de 8h às 17h, na Faculdade de Administração de Gov. Valadares – FAGV (Rua José de Tassis, 350 – Vila Bretas)
migratório e de refugiados”. Mas, a verdade é que até agora, os governos de Roma e Madrid ainda não viram nada de concreto e objetivo. Segundo números avançados pelo governo italiano, o principal país de saída de imigrantes que têm esperança de encontrar uma vida melhor na Europa é a Líbia (27.314), seguida pelo Egito (9.215) e a Turquia (2.077). Mas, a guerra civil que se vive na Síria e na Líbia, faz com que muitas pessoas arrisquem a vida atravessando o mediterrânico. Mas também chegam à costa da Sicília e do Sul de Espanha, cidadãos da Eritreia, Sudão, Somália, Iraque, Líbano, Tunísia, Argélia e Marrocos. No meio de tantos imigrantes também existe a suspeita de haver alguns radicais muçulmanos ligados ao movimento que tenciona implantar o novo Estado Islâmico no Médio Oriente e que tem em seu poder algumas dezenas de reféns ocidentais. E as forças de segurança espanholas e italianas também falam de tráfico humano. Já foram detidos mais de 200 suspeitos que prometem sonhos a milhares de pessoas a custo de somas avultadas de euros. Só que muitos acabam por morrer afogados nas águas do oceano Mediterrânico. Em outubro de 2013, mais de 400 imigrantes, morreram na sequência de dois naufrágios antes de alcançarem a ilha de Lampedusa. Muitas das vítimas eram crianças. São situações como esta que acabam por fortalecer os partidos da extrema-direita europeus. Países como a França, Holanda, Bélgica, Luxemburgo e Alemanha não querem que estes novos imigrantes entrem ilegalmente nos seus territórios. A própria União Europeia e especialmente os países mediterrânicos ainda não conseguiram sanear a crise económica e social que tem atirado milhões de cidadãos europeus para o desemprego e miséria. Alguns líderes europeus ainda não perceberam que o continente africano e o Médio Oriente ficam muito próximos da Europa. Basta ultrapassar as águas serenas do mar Mediterrânico. E enquanto não se avança com medidas concretas para acabar com este flagelo humanitário, milhares de cidadãos são atirados para centros de refugiados sem as mínimas condições, no sul de Itália e na Espanha. Outros vão perdendo a vida no Mediterrânico sem nunca chegarem ao “el dourado” da Europa. É este o mundo contemporâneo onde vivemos.
Leitores, livros e livrarias – Na semana da 23ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, o Estadão publica interessante editorial que trata da questão dos livros, leitores e livrarias no Brasil. Segundo o texto, o Brasil tem hoje 3.095 livrarias, o que representa uma livraria para cada 65 mil habitantes. A Unesco recomenda que haja uma livraria para cada 10 mil habitantes. Entre as capitais brasileiras, Belo Horizonte é a que mais se aproxima deste índice, e conta com umas destas lojas para cada 13.848 habitantes, seguida por Porto Alegre, que tem uma para cada 14.913 moradores. São Paulo tem o maior número de livrarias, 335, mas isto representa uma destas lojas para cada quase 36 mil moradores. O texto lembra que o cenário nacional de poucas livrarias, e consequentemente, pouca leitura, não é novidade. O brasileiro lê em média quatro livros por ano. Trata ainda das novidades do setor, em especial a Internet e os livros digitais. E informa que o setor livreiro nacional prevê que as vendas virtuais, ainda que afetem as lojas físicas, não chegarão a suprimi-las. Pedras Rolantes em BH – A banda inglesa The Rolling Stones, que celebra os 50 anos de estrada com a turnê “14 on Fire”, deve passar pelo Brasil no próximo mês de fevereiro. A novidade desta vez será uma apresentação em Belo Horizonte. Outros shows estão previstos para São Paulo e Rio de Janeiro. O homem das multidões – E a Capital mineira é o cenário para “O homem das multidões”, filme dirigido por Marcelo Gomes e Cao Guimarães. A produção, que entrou em cartaz no início de agosto, retrata a solidão das pessoas que vivem nas grandes cidades. O trailer oficial do filme está em https://www.youtube.com/watch?v=0sSCcB6aO98 Marcos Luiz Imbrizi é jornalista e historiador, mestre em Comunicação Social, ativista em favor de rádios livres.
Vitória a Minas Vinícius Quintino
A irracionalidade do investidor brasileiro Instituições de ensino capixabas se reunirão no próximo dia 29 para discutir os impactos das pesquisas eleitorais sobre o cenário de investimentos no Espírito Santo e no Brasil. O evento, que será realizado na Fucape Business School, contará com a presença do economista-chefe da INVX Global Partners, Prof. Dr. Eduardo Velho. Tema que vem se tornando cada vez mais polêmico, sobretudo por agradar parte da mídia interessada no resultado das eleições, pretende avaliar a força das previsões eleitorais no comportamento dos investidores. Não é novidade que o mercado brasileiro sempre foi sensível às peripécias da política nacional. O que não se imaginava é que isso estaria tão visível – quanto irracional – na corrida eleitoral deste ano. A discussão se iniciou após reiteradas alterações no valor das ações da Petrobrás coincidirem com a divulgação de pesquisas de intenção de voto. Apontavam alguns analistas que, à medida em que Aécio Neves crescia nas pesquisas as ações da Petrobrás também cresciam, refletindo assim suposta opção ideológica dos acionistas. Até aí, perfeitamente compreensível, visto que de um lado estava em jogo a proposta neodesenvolvimentista do atual governo e de outro o modelo neoliberal de FHC. Tratava-se apenas da velha tradição capitalista escolhendo o cenário mais capitalista possível. No entanto, algo de curioso aconteceu com a Bovespa quando Marina Silva entrou na disputa eleitoral: o mercado financeiro ficou eufórico, e, após Marina superar Aécio nas pesquisas, a bolsa atingiu alta de 2,12% em um dia, alavancada por um crescimento de mais de 5% nas ações da Petrobrás (maior aumento desde o início da campanha eleitoral). Considerando a atual conjuntura, ao que tudo indica, o mercado está mais receptivo com a Marina do que com o Aécio. Fato esse que, tratando-se de uma candidata de origem marxista e integrante de um partido socialista brasileiro, desafia qualquer modelo teórico baseado em tomada racional de decisões. Marina Silva, nascida no Estado do Acre, é historiadora, professora e ambientalista. Iniciou sua carreira política no Partido Revolucionário Comunista (PRC), filiando-se em 1986 ao Partido dos Trabalhadores (PT). É conhecida por sua personalidade forte, tendo sua tradição marcada pela exacerbação das suas posições pessoais, com forte influência religiosa e pela dificuldade em cumprir acordos políticos. Na lógica do mercado, é estranho perceber que o perfil de Marina se sobrepõe ao de Aécio. Ora, se o investidor está realmente preocupado com a maximização de seu lucro, eventual candidato de tradição esquerdista não deveria ser tão facilmente aceito. Os dados divulgados em pesquisa realizada pelo instituto Datafolha, sobre o perfil do eleitorado de Marina Silva, aponta que ela parece ter se beneficiado da situação de coadjuvante. A candidata do PSB cresce na zona de criatividade do eleitor, que insatisfeito com a polarização das opções até então apresentadas e movido pelo desejo de mudança, migram para uma terceira via ainda desconhecida. Agora que os holofotes se voltaram para a mais nova candidata, somente nos próximos dias será possível avaliar se esse cenário se mantém ou não. Uma coisa é certa, em algum momento Marina terá que tomar uma postura decisiva: ou assume seu novo perfil neoliberal, perdendo apoio da base aliada, ou reafirma sua tradição socialista, colocando em risco sua nova relação com mercado e consequentemente com parte da mídia financiada pelas grandes organizações. Vinícius Quintino Oliveira é pesquisador em Administração Pública e Servidor Público Federal.
COTIDIANO 11
FIGUEIRA - Fim de semana de 28 a 30 de agosto de 2014 Gabriel Sobrinho
Além do Aro-Íris NUDIs
A diversidade na Escola
Maurício Mansú desenvolveu o projeto de vídeo-aulas, que é uma inovação no ensino de música na região do Rio Doce. Agora procura parceiros
Músico busca parceiros para lançar DVD inovador Nas vídeo-aulas, Maurício Mansú mostra a prática e a teoria no aprendizado do violão Gabriel Sobrinho / Repórter
Viver de música exige vários desafios, a entrega total a profissão e a persistência no que faz. Governador Valadares é uma cidade rica de diversidade cultural e, principalmente, musical. Festivais de rock, jazz, axé e festas country apontam cada vez mais Valadares como uma cidade berço dos talentos musicais da região. Diversas bandas, grupos e duplas sertanejas se apresentam em boates, casas de shows, festas, casamentos, bares e pubs da cidade. Mas há quem sobreviva na contramão: em vez do desgaste de tocar na noite, optam por dar aulas. Matricular-se em uma Escola de Música é uma realidade para quem quer fugir da rotina, do estresse e do desgaste do dia a dia. Para alcançar alunos de todas as idades e localidades, um músico valadarense resolveu fazer diferente e montou um projeto novo para a cidade e região. Natural de Governador Valadares, Maurício Neves Bonfim, o Mansú, 41, começou a se enveredar pela música com uma idade pouco comum para quem aprende tocar algum instrumento. Com 20 anos, conheceu o violão, dali em diante o casamento foi certo, nunca mais se separaram. Do som das cordas emitidas pela caixa de madeira, a paixão só aumentou, logo vieram as distorções da guitarra. Não havia mais dúvida para Maurício: era de música que ele queria sobreviver. Na medida em que o tempo passou, se aperfeiçoou como músico. Formou-se no curso superior de Música, deu aula durante 10 anos em uma escola particular da cidade e já fez parte de diversas bandas de Valadares. Hoje, seu estilo profissional mudou. Tudo que ele aprendeu em mais de 20 anos de carreira agora compartilha com os 25 alunos em sua escola de música. A aplicação de todo o conteúdo lecionado para os alunos tomou outra forma. Mesmo com toda a dificuldade de angariar fundos, Mansú pretende lançar em breve um DVD de vídeo aula, que é novidade em Valadares. “É um DVD totalmente didático, quem está começando a aprender a tocar violão ou guitarra vai conseguir acompanhar perfeitamente o conteúdo, além aperfeiçoar em solos.
Procurei repassar todos os meus 20 anos de conhecimento em música para este material. O DVD tem 90 minutos de duração, o que representa em média de três a quatro meses de aula aqui escola. A diferença é que o aluno pode voltar quantas vezes quiser e repassar novamente uma dúvida. Acredito que assim o aluno aprende mais rápido, e ao mesmo tempo posso estar na casa de diversos alunos ao mesmo tempo”, explica Mansú. Em mãos ele tem um exemplar, com tudo finalizado e pronto para comercializar. Mas para que para o projeto fique concretizado ainda falta viabilizar a tiragem de 100 cópias. “Esse projeto começou através de um serviço que eu fiz para um cliente, que me pagou oferecendo a produção do DVD em seu estúdio. Na hora eu aceitei. Era a oportunidade de dar um salto na minha carreira profissional. Conseguimos finalizar o projeto, está tudo pronto. Agora a parte complicada do trabalho é conseguir os parceiros na cidade que me apoiem nessa iniciativa. Fazer sozinho, sem um investimento, é complicado. Além de ser um projeto educacional, tem o cunho cultural também, pois estarei representando Valadares em um contexto diferente para fora da cidade”. Apaixonado por música desde os oito anos, João Pedro Guimarães, 28, aprendeu tocar violão observando o tio animar as festas da família. Sempre muito dedicado e interessado a aprender mais, buscou em revistas didáticas de violão mais conhecimento e aperfeiçoou as técnicas e os arranjos. Hoje, ele garante que se tivesse um DVD de aplicações teóricas e práticas quando era mais novo, isso o ajudaria a evoluir musicalmente. “Antes, o máximo de conhecimento que eu tinha acesso era através das revistas que vendiam nas bancas, para aprender a tocar. Com a internet e com os avanços tecnológicos, as pessoas ficaram mais próximas do conhecimento. Um DVD em que o professor ensina passo a passo acelera ainda mais o aprendizado” completa João Pedro.
Ao tomar a escola como instituição que faz parte da sociedade e por isso, recebe influências assim como influencia, recebe contribuições e contribui com as transformações dessa sociedade, é possível compreender o seu papel de colocar à deriva muitas das práticas confortavelmente estabelecidas por seus personagens. Uma multiplicidade de práticas cotidianas poderia ser objeto da escrita. Tomo aqui uma delas que interrompe e abala a segurança de alguns personagens: a que valoriza a diversidade. Diversidade esta que não se trata de um assunto jogado nas costas dos educadores; não se trata de mais um tema para roubar tempo e espaço para trabalhar os conteúdos incluídos em um currículo que não é neutro e está presente nas entrelinhas, nas imagens, nos discursos, valorizando-a ou negando-a. É também no ambiente escolar que as diversidades podem ser negadas, respeitadas. E é na troca entre a comunidade escolar que nasce a aprendizagem da convivência e do respeito aos que são diferentes. Nesse ambiente, educadores têm a possibilidade de reforçar preconceitos, estereótipos ou de ampliar as possibilidades de ser e de viver das pessoas que transgridem alguns dos limites estabelecidos por uma sociedade normativa. Ao identificar cenários de discriminação e preconceitos, veem no espaço escolar as possibilidades contribuição para alteração desse processo e assumir o papel libertador dessa instituição. A escola tem a obrigatoriedade legal de abrigar distintas diversidades - de origem, de gênero, sexual, étnica/ racial, cultural e é responsável juntamente com estudantes, familiares, comunidade, organizações governamentais e não governamentais, por construir caminhos para a superação de preconceitos e de práticas discriminatórias. Educar para a valorização da diversidade não é, portanto, tarefa apenas daqueles que fazem parte do cotidiano da escola; é responsabilidade de toda a sociedade e do Estado. É necessário, então, ressaltar que a trajetória normatizadora e homogenizadora vem sendo revista. Esses ideais que levavam a crer que os estudantes negros, indígenas, transexuais, lésbicas, meninos e meninas deveriam se adaptar a uma normalidade apregoada como universal, que regula e impõe uma única maneira de ser e de estar nesse ambiente, vem sendo subvertida pela presença daqueles que não querem apenas ser assimilados ou tolerados. E o que seria normal? Ser homem-macho? Ser mulher-feminina? Ser negro quase branco? Ser gay sem gestos afetados? Era lugar comum esperar que o diferente se esforçasse e se adaptasse às regras para que ele fosse tratado como igual. Assim sendo, “se o aluno for eliminando suas singularidades indesejáveis, será aceito em sua plenitude” (Castro, 2006, p 217). Essa premissa vem sendo subvertida e embaralhada. É também no ambiente escolar que as pessoas podem dar conta de tantas diferenças, de considerar os procedimentos que ainda têm vez nos xingamentos, piadas e hostilidades como fonte de estímulo para o questionamento e a formulação de novas perguntas relevantes, carregadas das urgências cotidianas trazidas pelos sujeitos que “perturbam” a escola. NUDIs – Núcleo de Debate das Diversidades e Identidades – texto de elaboração coletiva.
COMPORTAMENTO
Da liberdade sexual Rogério Oréchio
Essa questão do sexo antes do casamento é um assunto bem polêmico, principalmente em nosso país, Brasil, onde o conservadorismo (leia-se ‘falso pudor’) e a hipocrisia cristã reinam. Tratar da sexualidade humana, na verdade, não requer nenhum doutorado ou especialistas no assunto, pois todos o somos. É parte da natureza humana; é instinto humano! Sendo assim, não há a necessidade de um tabu em torno do assunto, nem tampouco polêmicas. O aprendizado sexual deve ser exercitado, sim! Conhecer a si mesmo faz parte de todo um processo, importantíssimo, para o conhecimento interpessoal. A necessidade de experiências sexuais é fisiológica, e já foram comprovados os possíveis danos causados pela inibição da sexualidade, principalmente nas mulheres. A liberdade sexual tem que ser vista de forma natural, pois ela nada mais é do que isso. Muitos casais, que frequentam centros de
terapias matrimoniais, relatam problemas ligados diretamente, ao sexo. Ao se observar a origem de tais problemas, chega-se à conclusão de que, se houvesse tido uma experiência física maior, não estariam vivenciando tais problemas e, talvez, nem estariam juntos, pois, quem detém seu autoconhecimento sexual, tem propriedades suficientes para reconhecer o(a) parceiro(a) que irá satisfazer às suas necessidades. É notório que quem mais sofre com isso são as mulheres, devido ao que lhes é passado, ou seja, toda uma gama de informações distorcidas e arcaicas. O ser humano é livre, e deve ter sua liberdade respeitada, assim como as suas escolhas, em todos os setores da vida. Qualquer pessoa que queira agir de forma razoável defende e apoia todo e qualquer tipo de liberdade sexual! Rogério Oréchio é carteiro.
ESPORTES
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FIGUEIRA - Fim de semana de 28 a 30 de agosto de 2014
QUESTÕES DO FUTEBOL - JORGE MURTINHO No filme “Aprile”, o diretor e ator italiano Nanni Moretti vive o papel de si mesmo, e numa das cenas afirma ter perdido a paciência com seus conterrâneos tenistas que nunca são derrotados por jogar mal ou porque o adversário foi melhor, mas sempre por causa do juiz ou da quadra ou do vento ou da bola. O futebol brasileiro costuma ser assim. Uma das nossas características é não saber perder. Reclamamos do juiz, do sol, do frio, do apagão. Pois vem aí um livro que mostra como isso acontece desde sempre e conta um desses casos pitorescos que forjaram o nosso caráter futebolístico. “Jogo do Senta”, do jornalista Paulo Cezar Guimarães, esmiúça o que houve no estádio de General Severiano em 10 de setembro de 1944, quando os jogadores do Flamengo sentaram em campo aos 31 minutos do segundo tempo e assim permaneceram até o apito final, impedindo a continuação da partida que o Botafogo vencia por cinco a dois.
“Quando as reclamações serenavam e se tinha a impressão de que o jôgo ia continuar, viu-se entrar em campo o diretor de football do Flamengo, Dr Alfredo Curvelo e determinar ao quadro que não prosseguisse na partida. Como era natural, semelhante gesto que dispensa qualquer comentário para condená-lo causou verdadeiro espanto e grande decepção. Os jogadores obedeceram à ordem recebida e se negaram a atender ao juiz, que os chamava para o reinício da partida. Finalmente o juiz, à vista da negativa, deu a partida como terminada, nos 31 minutos, com a contagem de 5 a 2 a favor do Botafogo.”
A surpreendente e divertida história do Jogo do Senta. Reprodução
Mais unzinho:
Existe a versão dos botafoguenses, e a dos rubro-negros; a imprensa que mete o pau na atitude do Flamengo, e a que tenta limpar a barra, mostrando que também vem de longe o que metade da população carioca chama hoje de Flapress; há fotos, reproduções de matérias publicadas nos jornais do dia seguinte, entrevistas com gente que foi muito importante na história do Botafogo (Zagallo, Paulo Cezar Caju, Paulinho Criciúma e muito mais); e tem também, sejamos justos, a indisfarçada tentativa de transferir para o Flamengo a fama de chororô, que acompanha o clube da estrela solitária desde 1904. É do jogo. Só para deixar os torcedores – sobretudo os botafoguenses – com água na boca, Questões do Futebol traz em primeira mão pequenos trechos de um dos capítulos de “Jogo do Senta”. Com as palavras, Paulo Cezar Guimarães: Para quem achava que “esse jogo não existiu, “isso é uma calúnia”, “quero ver você provar”, “cadê as fotos?”, os jornais da época abriram páginas e páginas durante dias e dias para falar do “chororô rubro-negro”. O Globo, em sua edição matutina, publicou com destaque no alto da página 2: “EXPRESSIVA VITORIA DO BOTAFOGO”. Na abertura, a informação: “Quando vencia o alvi-negro por 5x2, o Flamengo recusou-se a continuar a disputa - Sentaram-se em campo os rubro-negros, faltando quatorze minutos para o final”. No texto, o jornal escreveu: “(...) o público, que não tivera o prazer de ver um match integral da peleja principal da rodada anterior, voltou a ser ludibriado com a atitude dos players do bi-campeão (...)”. A narrativa conta detalhes de como foi o jogo, até chegar ao que o jornal chamou em um dos intertítulos da matéria de “ATITUDE DE INDISCIPLINA” sobre a reação dos rubro-negros ao quinto gol dos alvinegros: “Confirmado o tento pelo juiz, os rubro-negros negaram-se a prosseguir na disputa e, depois da consulta feita por Jayme ao vice-presidente do clube, senhor Francisco de Abreu, os players sentaram em campo, aguardando o apito final do árbitro. A assistencia vaiou demoradamente a atitude indisciplinada dos jogadores, vivando os alvi-negros, quando foi dado por termina-
Nanni Moretti é ele mesmo no filme Aprile
do o encontro.” Depois de afirmar que o segundo gol do Flamengo foi irregular, pois Zizinho empurrou o jogador do Botafogo, o jornal relatou que o juiz Aristides Figueira “como demonstrou em outras ocasiões, não possue condições físicas para aguentar os dois tempos da partida.” No final da matéria, no entanto, o jornal descreveu: “(...) Devido à rapidez do lance, não se sabe ao certo o que ocorreu. Do local em que nos encontrávamos, pela altura da trajetoria da pelota e a maneira que voltou ao campo, temos a impressão de que bateu no ferro do fundo do arco. O juiz apitou para o centro do campo.” Mais um pequeno trecho, que reproduz matéria publicada pelo Jornal do Brasil: “(...) A rodada de ante-ontem teve para tirar-lhe o brilho a inexplicável atitude da diretoria do C. R. do Flamengo, ordenando ao quadro de seu clube que não prosseguisse na partida quando o juiz consignou o 5º goal do team botafoguense. Mesmo que o juiz tivesse errado, o que somente podem dizer com mas (sic) segurança as pessoas localizadas próximo ao retangulo, se a bola bateu por dentro, no ferro, como afirma o árbitro ou na trave, por fora, como querem os jogadores do Flamengo, ainda assim a atitude da diretoria do Flamengo não tem justificativa. Foi por demais violenta.” A parte seguinte do texto justifica o subtítulo deste livro, “a verdadeira origem do chororô”:
O Diário da Noite, que deu início aos Diários Associados de Assis Chateaubriand e em alguns momentos suplantou O Globo (jornal que só veio a se consagrar mais tarde), no dia seguinte à partida, foi um dos poucos jornais, além do Globo e do Jornal dos Sports, a publicar uma foto dos jogadores rubro-negros sentados no gramado. O título da matéria dizia que “Quando o Botafogo marcou o 5º goal o Flamengo resolveu parar em campo.” Tratando o caso como uma “vergonha inominável”, o jornal relata a entrada em campo de Alfredo Curvelo, diretor de futebol do clube da Gávea, após o gol de Geninho, procurando o capitão Jaime “para transmitir a decisão da diretoria, no sentido de não continuar a luta!” Informa, ainda, que “o quadro rubro-negro ficou sentado no gramado” e que, após o apito final do árbitro, “saiu de campo sob vaias, sem que sequer tivesse a gentileza de saudar o rival que o venceu.” Sobre o lance em questão, os “correspondentes” afirmam não ter visto o lance com clareza, mas ressaltam: “O Flamengo discute a existência de um 5ª goal, numa partida em que estava nitidamente superado no gramado e em que perdia por 4x2. Nada mais ridículo e inoportuno, portanto. Vontade de fazer barulho, de criar caso, de estabelecer confusão. Ou, talvez, de deslustrar a vitória merecida e brilhante de um rival que merecia maior respeito.” E esse último aperitivo, só para deixar claro que meter o pau no juiz é algo que de há muito faz parte das nossas discussões de futebol: Já a respeito do árbitro Aristides Figueira, o Mossoró, o periódico morde e assopra. Por um lado, afirma que “com aquelas banhas, não acompanha a bola como devia” e que “não tem a energia necessária para punir os elementos que o insultam durante a partida”, mas salienta: “Se errou no lance reclamado, teve o único erro grave na arbitragem de ontem. E isso não bastaria para que o Flamengo fizesse o que fez.” “Jogo do Senta”, de Paulo Cezar Guimarães, é imperdível e será lançado em 10 de setembro de 2014, em comemoração aos setenta anos dessa história deliciosa. Jorge Murtinho é redator de agência de propaganda e, na própria definição, faz bloguismo. Nessa arte, foi encontrado pela Revista piauí, que adotou o seu blog e autoriza a sua contribuição a este Figueira.
Canto do Galo
Toca da Raposa
A Massa joga junto
Dupla jornada é o desafio
Rosalva Luciano
E vivamos nós que tecemos bons momentos do nosso Galo. A Massa empurra, a Massa joga junto, a Massa enlouquece e a Massa faz resultados. Não foi diferente no último Atlético 1 x 0 Internacional. Voltando a povoar com a alegria única o Estádio do Indepedência, nós apaixonados torcedores alvinegros das Minas Gerais arracamos na raça e no grito de Galo um resultado animador para uma sequência de vitórias no Campeonato Brasileiro. Sabemos que o Horto já é o nosso porto seguro. Com milhares de corações jogando com os pés dos nossos jogadores não tem como distorcer uma verdade: somos quase imbatíveis. Que o nosso presidente Kalil e sua diretoria criem sempre situações em que o maior número de torcedores possa estar no lugar deles, na arquibancada. 19.732 atleticanos viram uma equipe tranquila e bem mais madura. Sabendo o que fazer dentro do campo. A esperança de um lugar melhor na tabela aumenta, é claro que a técnica e a tática carecem de muitas melhoras ainda, é claro que temos que vencer fora de casa, pontos importantíssimos têm sido desprezados e isto tem sido nossa grande dificuldade, é claro também que a confiança e o foco num trabalho vitorioso terá que vir à tona.Temos que voltar a acreditar. Diego Tardelli tem sido, sem medo de erros, um ponto mágico para o time, fator decisivo para emplacar bons resultados. Convencendo nas suas atuações, o nosso camisa 9 já galgou posições importantes, já preencheu o vazio deixado por Ronaldinho Gaúcho, já retornou à Seleção Brasileira e já chamou para si a responsabilidade de ouvir milhares de gritos de gol. Está muito bem fisicamente e da sua liberdade em campo tem feito maravilhas com a bola. É criativo na competência e isto faz a diferença entre tantos outros bons. Com o nosso manto sagrado mais de 200 vezes ele entrou em campo, linda e justa homenagem. Parabéns para você a para nós que o temos no plantel. E a meninada do Galinho segue à sombra dos profissionais, grandes emoções. Já estão entre os quatro melhores da competição júnior, Taça BH. Uma virada dramática contra o Internacional nesta terça-feira,dia 26/08, confirma que se não for assim, não será Galo.
Tentaremos permanecer nesta reta em cujo final vislumbra-se o campeonato. Tentaremos nos isolar como o maior ganhador deste torneio. Que venha na quinta-feira, dia 29/08, o Criciúma. Vamos trocar o pentacampeonato pelo hexa, motivação, vontade e determinação da garotada não faltam. Uma pesquisa do IBOPE, divulgada pela ESPN BRASIL, aponta que a torcida do Atlético tem crescido vertiginosamente, passando para o sexto lugar de clube mais querido. “Com dois anos de Ronaldinho Gaúcho, Libertadores e bicampeonato mineiro, não tem como a garotada não torcer para o Atlético”, disse o presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil, ao ‘Lance!’. De torcida apaixonada, temos a certeza que somos a primeira...Viva! Viva! Para mim, resultado do efeito R10. Os jogadores profissionais do Atlético, impulsionados pela vontade de conseguir mais um título inédito, da Taça Brasil, já estão em São Paulo.Tentam tirar da disputa nesta fase de oitavas de final o Palmeiras, no chamado jogo de ida, na casa do adversário. Os detalhes neste tipo de competição são de grande importância e também decisivos,não admite erros, o sistema mata mata não dá muita chance de recuperação. Fim de jogo no Pacaembu Vitória do Atlético Mineiro por 1 a 0 sobre o Palmeiras, com gol de Luan, aos 25 minutos do segundo tempo. Se existe talismã, o Luan é o nosso. O resultado foi muito importante, poderia ter sido melhor, mais tranquilizador, mas o que vale mesmo é que a classificação para as quartas de final está alinhavada. Vamos pra cima deles, Galo. Semana que vem tem mais, só que aqui em BH e Aqui é Galo...
Rosalva Campos Luciano é professora e, acima de tudo, apaixonadamente atleticana.
Hadson Santiago
Saudações celestes, leitores do Figueira! As suadas vitórias sobre Grêmio e Goiás, ambas por 1x0, deram ao Cruzeiro a vantagem de 7 pontos sobre o segundo colocado, o São Paulo, na árdua disputa do Campeonato Brasileiro. É a maior diferença alcançada na competição deste ano, mas isso não tira a seriedade e o comprometimento dos jogadores celestes. Agrada muito à torcida esse posicionamento sério. Ainda faltam dois jogos do 1º turno e todo o segundo turno. Ou seja, restam ainda 21 rodadas. O jogo mais importante é sempre o próximo. É assim que se constrói uma grande campanha. Após a vitória sobre o Goiás, no Serra Dourada, duas entrevistas dadas à Rádio Globo me chamaram a atenção e me deixaram satisfeito. Dedé saiu de campo indignado com o pênalti marcado pelo árbitro no último instante do jogo. O jogador do Goiás chutou a bola para fora e a partida foi encerrada. Mesmo com o triunfo assegurado, Dedé esbravejou e reclamou muito. Já Dagoberto, questionado sobre a tranquilidade de 7 pontos sobre o segundo colocado, foi taxativo: “Em 2008 eu jogava no São Paulo. O Grêmio abriu 11 pontos de vantagem e, mesmo assim, o tricolor paulista foi o campeão. Essa vantagem não significa nada”. Pois bem, é visível a conscientização do elenco e da comissão técnica. Estamos no caminho certo. Nada de empolgação, mas trabalho e seriedade. Lamentável a lesão sofrida pelo Tinga no treinamento do Cruzeiro. Ele se chocou com o goleiro Rafael, em lance normal de treino, e fraturou a tíbia e a fíbula da perna direita. Gosto do Tinga. Ele não é titular absoluto do
time, mas sempre que entra nos jogos ajuda muito, pois tem um bom toque de bola. Além disso, é jogador benquisto por todos no Cruzeiro. A vitória sobre o Goiás foi dedicada a ele por todos os jogadores. Vítima de racismo na Libertadores deste ano e no ocaso da carreira, Tinga não merecia passar por esse drama. Será um longo período de recuperação, sem previsão de quando estará de volta aos gramados. Força, guerreiro! É uma pena que Gilvan de Pinho Tavares, presidente do Cruzeiro, seja mais um a misturar política e futebol. O mesmo fizeram os ex-presidentes César Masci e Zezé Perrella. Tenho gostado da postura de Gilvan à frente da administração celeste, mostrandose um dirigente comedido e equilibrado, mas essa atitude me desagradou. Bola fora, Gilvan! Quem convive intimamente nos dois meios, futebol e política, diz que há podridão por todos os lados. Argh! A Copa do Brasil começou para o Cruzeiro. Disputando duas competições difíceis, agora é a hora de o técnico Marcelo Oliveira usar com sabedoria todo o elenco celeste. São Paulo, Internacional e Fluminense estão fora da competição e estarão focados somente no Campeonato Brasileiro. Jogarão menos e estarão mais descansados. Acredito que o Marcelo saberá conduzir bem a dupla jornada. Abraços à China Azul!
Hadson Santiago Farias é cruzeirense e saudosista convicto