www.figueira.jor.br
Fim de semana com sol entre nuvens. Pode chover na sexta-feira. No fim de semana não chove. www.climatempo.com.br
facebook.com/600139720076533 twitter.com/redacaofigueira
23o 13o
MÁXIMA
Não Conhecemos Assuntos Proibidos
MÍNIMA
ANO 1 NÚMERO 24
FIM DE SEMANA DE 5 A 7 DE SETEMBRO DE 2014
FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS
EXEMPLAR: R$ 1,00
EBC Serviços
Dia da Pátria! O dia da independência do Brasil será celebrado em Governador Valadares com o tradicional hasteamento da bandeira, às 8h, na Praça do Vigésimo Aniversário, seguido de desfile cívico na Avenida Minas Gerais, a partir das 9h, reunindo instituições militares (Tiro de Guerra, PM, Bombeiros e Colégio Tiradentes), filantrópicas, associações e escolas. Para encerrar, após o desfile, alunos de escolas públicas e particulares realizam apresentações artísticas na praça dos Pioneiros.
Conversão de União Estável em Casamento vira compromisso e festa no Campus da Univale Página 4 NESTA EDIÇÃO
Cultura Virada Cultural de BH e Valadares Jazz Festival são destaques na cultura
Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!
Taxistas aguardam regulamentação de seus serviços Página 6
Página 11
Valadares Jazz Festival define grupos Fábio Moura
Páginas 7 e 11
Entrevista Heldo Armond, candidato a deputado estadual, e Euclydes Pettersen a federal, são entrevistados neste Figueira Página 9
Eleições 2014 Justiça eleitoral está de olho na propaganda irregular Página 5
Saiba como foram os jogos índigenas na Aldeia Krenak, em Resplendor. Página 7
OPINIÃO
Editorial
2
FIGUEIRA - Fim de semana de 5 a 7 de setembro de 2014
Tim Filho
Cenário político I Eleições 2014
No texto de Jorge Murtinho, colaborador deste Figueira na área de esportes, declaramos a posição do jornal no episódio de racismo que resultou na punição do Grêmio, excluído da Copa Brasil.
Quinta-feira trabalhosa, produtiva e triste 28 de agosto foi um dia puxado na agência de propaganda em que trabalho. Precisávamos refazer, com absoluta urgência, um anúncio que o cliente não aprovara e, com a mídia comprada, tinha que ficar pronto – e bom – de qualquer maneira. Passamos o dia com o pessoal do atendimento pressionando, até que, lá pelas sete da noite, veio o aperto final: o cliente só vai embora depois de aprovar o material. Conseguimos. O anúncio em questão estava entregue a mim – o que é sempre um risco – e, por sorte, a um diretor de arte extremamente talentoso. O trabalho ficou bonito, e o cliente satisfeito. Saí tarde, mas, como moro a dez minutos a pé da agência, rapidamente estava em casa. Cansada e com frio, minha mulher disse que ia se enfiar embaixo das cobertas e foi para o quarto. Tomei um banho, peguei torradas, queijo e uma cerveja, liguei a tevê e sintonizei a ESPN Brasil, no exato instante em que uma moça vestida com a camisa do Grêmio – clube para o qual torcem três amigos muito queridos, o Beto, o Márcio e a Cláudia, três pessoas inteligentíssimas, doces e despidas de qualquer preconceito – punha uma das mãos ao lado da boca, para garantir que o som não se perdesse na balbúrdia do estádio, e ofendia o goleiro do Santos gritando a palavra ma-ca-co. Desliguei a tevê no ato. Não quis ver quanto estava o jogo, não soube o resultado final. Acabei de mastigar as torradas, engoli a cerveja, escovei os dentes e fui deitar triste. Minha mulher sacou que algo não estava bem e perguntou, carinhosa: o que é que você tem? Nada. Só estou cansado. PS1: O diretor de arte talentoso, que salvou nosso trabalho naquela quinta-feira, é um dos melhores amigos que tenho na agência. Chama-se Roger. É negro. PS2: O melhor time de futebol que eu já vi foi a seleção brasileira de 70. Tinha apenas um jogador do sul do país, que atuava no Grêmio. Chamava-se Everaldo. Era negro.
Assinaturas Se você quer receber este Figueira no conforto da sua casa, basta fazer a assinatura, semestral ou anual. Ligue para (33) 3022.1813 ou escreva para redacao. figueira@gmail.com e assine. Por seis meses você pagará R$ 30,00. Por um ano, apenas R$ 50,00.
Expediente
Parlatório A jornalista e professora Valéria Said analisou em artigo publicado no site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, as consequências das novas contrapartidas da Lei Estadual de Incentivo à Cultura para o cenário cultural mineiro. Para entender os benefícios e as distorções provocados por essas mudanças na política pública cultural no Estado, ela entrevistou produtores, gestores culturais e a secretária estadual de Cultura. O tema está na ordem do dia. No dia 10/7/14 artistas e empreendedores mineiros divulgaram uma carta aberta na qual criticam o esgotamento, ainda no primeiro semestre de 2014, da renúncia fiscal da Lei 20.694/2013. O setor cultural estaria ensaiando inclusive pedir a volta dos antigos 20%, alegando que essa Lei estaria, cada vez mais, “jogando a favor dos empresários” e prejudicando os artistas. As duas opiniões abaixo fazem parte de uma série de outras, coletadas pela professora, e que fazem parte do artigo.
Contrapartidas menores possibilitam incentivo a mais projetos SIM
Alessandra Drummond
Acredito que a diminuição do montante de contrapartida do patrocinador somada ao aumento do percentual de ICMS passível de aplicação em projetos culturais ampliarão o espectro de utilização da LEIC por empresas de pequeno e médio porte, até então alijadas do processo em virtude de montante de seu faturamento e, consequentemente, do pequeno percentual de ICMS disponível para investimento. Em relação à diminuição da contrapartida para empresas de grande porte entendo que a LEIC foi ao encontro ao que já é realizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura e pela Lei do Audiovisual e, recentemente, pela Lei Estadual de Incentivo ao Esporte (MG), tornando o mecanismo mais competitivo. Importante entender que sem tais medidas o patrocínio simplesmente não acontece, ainda mais em momentos de crise financeira. Além disso, vê-se que tais mecanismos de incentivo à cultura têm a grande vantagem de ser praticamente o único meio legal de possibilitar o repasse de recursos públicos à cul-
tura, de forma direta (leia-se, sem passar diretamente pelo “caixa” dos governos). Isso porque não existem atualmente formas legais mais eficientes ou dinâmicas para repassá-los por meio do Estado, principalmente no caso de proponentes pessoas físicas e pessoas jurídicas com fins econômicos. Por outro lado, vê-se que os legisladores têm criado mecanismos para dar mais retorno aos investimentos em projetos de menor apelo mercadológico (como é o caso do art. 18 da Lei Rouanet), além de estabelecer alguns tipos de fundos e editais especiais para tais casos, na tentativa de equilibrar a questão.
“
Além disso, vê-se que tais mecanismos de incentivo à cultura têm a grande vantagem de ser praticamente o único meio legal de possibilitar o repasse de recursos públicos à cultura.
Alessandra Drummond, advogada especializada em Direito Cultural
Mentalidade do empresariado não muda com contrapartida menor NÃO
Bruno Barroso
e que dá mais opções para o proponente captar recursos do que um cenário em que o Estado é única e exclusivamente o tomador de decisão da destinação dos recursos. Temos convicção e indícios de que muitos projetos relevantes não seriam viabilizados se não fosse pelo apoio de empresas com os incentivos. Diante disso, acreditamos que as mudanças na LEIC podem sim incentivar que empresas passem a aderir aos mecanismos ou até mesmo ampliar o montante que investiam anteriormente, diante da menor necessidade de investir recursos próprios.
Diretor de Redação Alpiniano Silva Filho Conselho Administrativo Alpiniano Silva Filho MG 09324 JP Jaider Batista da Silva MTb ES 482 Ombudsman José Carlos Aragão Reg. 00005IL-ES Diretor de Assuntos Jurídicos Schinyder Exupéry Cardozo
Conselho Editorial Aroldo de Paula Andrade Enio Paulo Silva Jaider Batista da Silva João Bosco Pereira Alves Lúcia Alves Fraga Regina Cele Castro Alves Sander Justino Neves Sueli Siqueira
Não acredito que a mudança na LEIC vai mudar a mentalidade do empresariado, mas certamente vai facilitar que alguns recursos que antes estavam bloqueados pela dificuldade de viabilizar internamente a contrapartida de 20% cheguem ao mercado. Não estamos discutindo aqui os méritos dessa alteração na lei enquanto política pública para a Cultura, mas para a captação de recursos facilita. De qualquer forma, pensando única e exclusivamente nessa mudança que foi feita na LEIC, acho que facilita o convencimento de empresas que ainda não investem nas leis. Esse é um caminho que o mercado cultural tem que seguir, não adianta ficar indo atrás das mesmas empresas sempre - identificamos por meio de uma pesquisa, por exemplo, que 90 das 200 maiores empresas pagadoras de ICMS ainda utilizam a LEIC. [...] Diferentemente de parte do setor cultural, que de certa forma demoniza as leis de incentivo, nós temos uma visão mais positiva desses mecanismos. Acreditamos muito mais num modelo em que o processo de decisão é pulverizado
Responsável pelo Portal da Internet Enio Paulo Silva http://www.figueira.jor.br
Artigos assinados não refletem a opinião do jornal
O artigo da professora Valéria Said pode ser lido por completo no endereço eletrônio: http://www.sjpmg. org.br/attachments/article/2065/ArtigoIneditoLEICjul.pdf
Jornal Figueira, editado por Editora Figueira. CNPJ 20.228.693/0001-83 Av. Minas Gerais, 700/601 Centro - CEP 35.010-151 Governador Valadares MG - Telefone (33) 3022.1813 E-mail redacao.figueira@gmail.com São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica.
“
Acreditamos muito mais num modelo em que o processo de decisão é pulverizado e que dá mais opções para o proponente captar recursos do que um cenário em que o Estado é única e exclusivamente o tomador de decisão da destinação dos recursos.
Bruno Barroso, diretor da Nexo Empreendimento cultural
www.figueira.jor.br Acesse a edição online deste Figueira
CIDADANIA & POLÍTICA
3
FIGUEIRA - Fim de semana de 5 a 7 de setembro de 2014
Da Redação
“
O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro. Barão de Itararé
Manchetômetro O site http://www.manchetometro.com.br mostra a “valência”, ou efeito É u prejudica a candidatura em questão. Por ele é possível saber como a grande mídia trata os candidatos. Por exemplo, de 275 reportagens de capa desde o início de 2014 sobre os três principais candidatos a presidente, Aécio Neves teve 38 textos de capa = 19 favoráveis e 19 desfavoráveis; Dilma teve 210 textos de capa = 15 são favoráveis e 195 desfavoráveis - 93% de abordagens negativas.
Plebiscito pela Reforma Política É só entrar em http://bitbitbit.com.br/plebiscito/ para participar do Plebiscito da Reforma Política, uma tarefa comum para um tempo incomum que estamos vivendo.
Aécio joga a toalha e investe em Minas Alexandre Silveira (PSD) foi deposto da coordenação de campanha de Pimenta da Veiga e não atende a ligações há uma semana. Andrea Neves e Leo Couto saem da campanha de Aécio e retornam a Minas para salvar o PSDB no Estado. A novidade saiu no blog Olho Neles na última quinta de agosto. Dava conta da chegada do batalhão de choque de Aécio para a campanha de Pimenta da Veiga. Uma vez reduzido a coadjuvante na luta pela presidência, briga agora para não entregar Minas.
Arquivo Pessoal
Sacudindo a Figueira A figueira precipita na flor o próprio fruto Rainer Maria Rilke / Elegias de Duino
Panorama Brasil Dilma: 37% - Marina: 33% no IBOPE. Eu disse no twitter que suspeitava que para manter a credibilidade osinstitutos de pesquisas começariama ajustar os dados manipulados, eque isso passaria a acontecerquando faltasse um mês para aseleições. É claro que minhas afirmações sãobaseadas em suspeitas de quem jáviu esse “filme” algumas vezes, emesmo estando convencido da manipulação, bate o desespero, e frustração por saber que a campanha está indo bem, mas que isso não está sendo traduzido em números. Sempre que candidatos ungidos pela mídia estão muitos pontos em desvantagem, a mídia através de institutos de pesquisas por ela contratados trata de “inchar” os dados desse candidato, e como disse acima a partir de 1 mês antes das eleições, os números começam a ser ajustados em direção à realidade. Imaginem se esses ajustes não fossem feitos, e o IBOPE apontasse empate técnico na véspera das eleições e após a apuração Dilma ganhasse no primeiro turno. Teriam que fechar os institutos de pesquisas, a manipulação deixaria de ser apenas suspeita, a fraude estaria sendo desmasca-
rada, daí a necessidade, de ir ajustando os números com antecedência. Isto já começou a acontecer. Empatar com Dilma foi o limite máximo de manipulação a favor de Marina. Foi como dissessem, “agora cresça por sua conta, mais não dá para fazer”. Com esses dados apontados pelo IBOPE hoje, dando Dilma 37 – Marina 33, ainda existe muita gordura para tirar. Em três dias,Marina foi do céu ao inferno, e é nesse inferno que vamos vê-la de agora em diante, em cada nova pesquisa. Acredito que os pontos que Marina tirou do Aécio, não tem volta, é bem improvável uma reação do PSDB nesse momento, por outro lado a Marina está “nua”. São tantas as contradições, as idas e vindas, que ela vai acabar se segurando no teto com a brocha, enquanto lhe tiram a escada. Nunca vi uma pessoa tão só, e mal acompanhada, ou melhor, vi sim, o Aécio nesse momento. Sem mexer nos indecisos, brancos e nulos, Dilma precisa ganhar apenas mais 8 pontos para levar no primeiro turno (45% do total de 88% dos votos válidos). Podemos conseguir ainda mais, porque a militância finalmente foi para a rua. Colunista Rodrineto - “Nó na gota d’água” Reprodução R7
Alexandre Silveira foi “varrido” Danilo de Castro foi alçado à condição de coordenador da campanha, cuidando da estratégia, da agenda. Muitas atividades foram suspensas enquanto as definições novas saem, inclusive as caravanas para o interior. Para Alexandre Silveira não ficar melindrado, ganhou o posto de responsável financeiro do comitê. Mas, ainda não apareceu. Noutra versão, dão conta que tanto ele quanto Nárcio Rodrigues foram varridos do processo.
Espaço no governo Marina A estratégia do PSDB é garantir Minas e São Paulo para assegurar maior espaço de influência em um eventual governo Marina. Há quem acredite.
Marina, Dilma e Aécio estão na linha de frente da corrida eleitoral para a Presidência da República
“
Vote consciente, respeite a legislação eleitoral e cumpra o seu dever cívico
Mineiro dá bom dia porque bom dia volta logo. É a terra onde olho vê, mão tira e pé corre. Por isso dá tanto banqueiro lá. O que é o batedor de carteira senão um banqueiro apressado? Sebastião Nery /Jornalista e escritor
CIDADANIA 4
FIGUEIRA - Fim de semana de 5 a 7 de setembro de 2014
AÇÃO SOCIAL
Conversão de União Estável em Casamento vira compromisso e festa no Campus da Univale Gabriel Sobrinho
Gabriel Sobrinho / Repórter O sábado, 30 de agosto, foi movimentado pelos lados do Campus da Univale no bairro Vila Bretas. A 8ª edição do Balcão da Cidadania movimentou mais 500 pessoas nas instalações da universidade, que vieram presenciar e festejar os votos matrimoniais de 140 casais. O evento é realizado anualmente pelo curso de Direito, no Escritório de Assistência Judiciária (EAJ). O EAJ oferece à comunidade o Balcão da Cidadania como um dia de prestação de serviços, de forma gratuita. Estiveram à disposição da população alunos e profissionais da área Farmacêutica, oferecendo orientações de saúde e aferição da pressão arterial, além de nutricionistas, estudante de Odontologia, Pedagogia e oficinas de origami para as crianças. Logo que os portões se abriram, começaram a chegar pessoas de todos os cantos a cidade. Há oito anos a comunidade aguarda, sempre no segundo semestre, o evento. De acordo com a advogada e coordenadora do EAJ, professora Vanessa Armond, o número de inscritos para realização da conversão de união estável em casamento, este ano, ultrapassou as expectativas. “Um dos serviços mais esperados pelos casais, o ano inteiro, são as conversões de união estável em casamento, ou seja, as pessoas que já moram juntas, tiveram hoje a oportunidade de converter e transformar essa união em casamento. Desde fevereiro, o pessoal já começa a telefonar e pergunta quando que as inscrições vão abrir. O trabalho começa bem antes, a gente tem que pegar a documentação previamente. Desde o mês de abril fazemos as inscrições, que se encerram no mês de maio. Em julho, entregamos a documentação para o juiz de direito. Hoje, estamos aqui, na presença de um promotor. Damos a entrada no processo judicial. Só que ao invés de durar vários meses, dura um dia só. Começa e termina no dia de hoje” conclui Vanessa. Em meio ao tumulto do corredor no prédio da universidade, onde eram realizadas as conversões, um casal espera ansiosamente a vez de ser chamado. Não se importaram com a demora para oficializarem a união, afinal, estão há 33 anos juntos, ou “juntados”, como eles mesmo preferem falar. Tímidos, João Dias dos Santos, 56, e Augusta Linhares
Casais aguardam o início dos trabalhos que transformou a União Estável em Casamento, no Campus da Univale. Depois do atendimento, todos fizeram uma grande festa
dos Santos, 53, pediram para não serem fotografados, contam que não têm habilidades frente à câmera. Não se envergonharam em dizer que nunca foi prioridade selarem a união perante o Estado, mas nos últimos anos sentiam que ainda faltava uma etapa na vida do casal que precisava ser alcançada. O casamento. “Eu amo demais este homem” com um sorriso tímido ela não esconde nas palavras o sentimento pelo marido. “Na verdade eu fiquei no pé dele. Já faz uns três anos que venho falando para podermos acertar a nossa vida. Temos filhos grandes, todos casados ‘certinho’ no cartório e na igreja. Queria curtir o resto da nossa velhice tudo de papel
passado”, brincou Augusta. “Eu achava que não era uma coisa tão relevante. Mas depois que nós conversamos durante esses últimos anos eu fui aceitando a ideia de converter a nossa união. Eventos como esses facilitam a vida de muitos casais que estão enrolados”, brinca João. Na contramão da história de João e Augusta, existe quem quer se casar o mais rapidamente possível. Jonatham Fernandes de Oliveira, 25, e Cintia Martins da Silva, 21, moram juntos há dois anos. Com o orçamento curto, nunca sobrava dinheiro para darem entrada nos papeis para o casamento civil. Tudo mudou quando um amigo do casal, que
se casou no ano passado pelo Balcão da Cidadania, informou sobre o evento e a facilidade em converter a união estável em casamento. “Eu sabia que tinha esses casamentos coletivos em Valadares, só não sabia quando acontecia e quem organizava. Sempre foi um sonho nosso poder regularizar a nossa situação, nossa família é de tradição religiosa, não achava certo vivermos desse jeito. Foi aí que apareceu esse amigo meu no início do ano e falou do Balcão. Na mesma hora procurei me informar na secretaria da Univale. Separei os papeis que eles pediram e deu tudo certo. Hoje realizamos o nosso sonho” conta Jonatham.
McDia Feliz
No Shopping, solidariedade às crianças com câncer
TOME NOTA
Fundação Sara Albuquerque Costa foi a beneficiária, no sábado, 30 de agosto, com renda das vendas do lanche Bic Mac do McDonalds Natália Carvalho
Natália Carvalho / Repórter Gabriele Batista da Silva tem 16 anos e foi diagnosticada com Osteossarcoma, um tipo de câncer que afeta os ossos. No caso dela, os ossos dos joelhos. Sem a possibilidade de fazer um tratamento em Governador Valadares, Gabriele teve de ir para Belo Horizonte, mas as coisas se complicaram devido aos gastos. A história de Gabriele não é única. Várias crianças e adolescentes da região vão até Belo Horizonte em busca de um tratamento, mesmo sem condições financeiras ou lugar um para ficar. Foi com o objetivo de ajudar essas pessoas que foi criada a fundação a Fundação Sara Albuquerque Costa. “Descobri a Fundação quando comecei o meu tratamento em Belo Horizonte, em 2013. O médico me perguntou se eu tinha um lugar para ficar, e eu disse que não. Então ele me apresentou a Fundação Sara que tem me acolhido durando o tratamento”, diz Gabriele. Pois, a Fundação Sara Albuquerque Costa foi a beneficiária, no sábado, 30 de agosto, de toda a renda das vendas do lanche Bic Mac do McDonalds, no Shopping de Governador Valadares. De acordo com Tiago Cunha, um voluntário, o restaurante bateu um novo recorde de vendas, vendendo 730 Big Macs, superando a meta de 600 do ano passado. Desde que conheceu a Fundação, por seu amigo e fundador Álvaro Gaspar, Tiago colabora sempre que pode. “O meu maior incentivo são as crianças. O tratamento é muito agressivo, e sem estrutura e recursos as chances de cura se reduzem ainda mais. Quem conhece esta doença ou já viu alguém em tratamento sabe da seriedade do assunto, ainda mais em crianças. Queremos fazer algo diferente!” Maria de Lourdes começou a ser voluntária em 2011, logo após perder a irmã para o câncer de mama. Em junho deste ano, foi chama pela Fundação para trabalhar como professora na Escola Viva, um dos muitos projetos. No ano passado, a renda obtida com o McDia Feliz possibilitou contratar duas professoras para a escola. “Toda a vida eu trabalhei com criança, mas essa criança é especial. É um trabalho diferente, mas muito gratificante.” Além da Escola Viva, a Fundação realiza bazares, festas, palestras e vários programas que dão acesso à psicoterapia, alimentação, medicamentos, transporte até hospitais.
O professor Jardel (camiseta laranja) levou seus alunos para o McDia Feliz para ajudar crianças da Fundação Sara O professor de capoeira Jardel Luís também é voluntário, mas na Creche Lar Hermes Antônio Pinto, que fica no Bairro Santos Dumont II. Pensando em ajudar não só a Fundação Sara, mas também os alunos, levou as crianças para a McDia Feliz deste ano. “A intenção das aulas de capoeira é tirar os meninos da rua, do meio das drogas. Trazê-los aqui é uma outra forma de tirá-los dessa rotina, e ainda assim ajudar. Lá não é brinquedo não, a realidade deles não é fácil!” A Fundação Sara Albuquerque Costa nasceu há 16 anos, em Montes Claros, a partir da solidariedade dos pais, parentes e amigos em prol da saúde da pequena Sara. Diagnosticada com leucemia, ela precisava de um transplante de medula óssea no valor de 350 mil reais. Mesmo
sem o conhecimento dos pais Marlene Albuquerque e Álvaro Gaspar, os amigos de trabalho do casal, da Cemig, se juntaram para promover a campanha “Ajude a Salvar a Vida da Sara”. A campanha gerou uma corrente de solidariedade em Montes Claros e região. Infelizmente, Sara faleceu em novembro de 1997. Mas, o sonho de ajudar as pessoas do modo como foram ajudados durante o tratamento da filha persistiu, e assim foi criada a ONG. Hoje, a Fundação Sara Albuquerque Costa tem a matriz em Montes Claros, e uma filial em Belo Horizonte, que atualmente procura uma parceria para conseguir uma sede própria. Para saber mais informações, e como ajudar acesse: http://www.fundacaosara.org.br/
FIEMG promove palestra Empreendendo no mundo dos desafios A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) – Regional Rio Doce, o Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Governador Valadares – SIM/ GV, realizam no dia 9 de setembro, em parceria com a Faculdade Pitágoras a palestra “Empreendendo no Mundo dos Desafios”, ministrada pelo consultor empresarial e palestrante Cristiano Lopes. O evento acontece às 19h, no Teatro Atiaia. A palestra faz parte da programação do 1º Seminário de Administração do Pitágoras, que tem a finalidade de comemorar o dia do administrador e proporcionar um momento de aprendizado extraclasse e aprimoramento pessoal e profissional. No evento, que reunirá estudantes do curso de administração e empresários, serão abordados os três cenários das atuais empresas: do passado (com hierarquia piramidal, como a função de gerente), a do presente (horizontal, como a função do líder) e a do futuro (com visão holística, usando a tecnologia, trabalhando em equipe, onde todos são empreendedores). Além da palestra, o 1º Seminário de Administração do Pitágoras, contempla ainda minicursos, com temas ligados a gestão empresarial, realizados no auditório da Fiemg Regional Rio Doce, na Av. Brasil, 4000, Centro. Quem quiser outras informações sobre o evento basta ligar no telefone (33) 2102.8000.
POLÍTICA 5
Notícias do Poder José Marcelo / De Brasília
Atraso Duplo cruzado Conforme antecipado na semana passada, aqui neste espaço, a candidata Marina Silva se transformou em saco de pancada dos presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), depois da ascensão dela nas pesquisas de intenções de voto. A coordenação de campanha do PT entendeu que era preciso perder o pudor e partir, com tudo, para cima da ex-companheira de partido da presidente candidata à reeleição. E deu no que deu. O caminho encontrado tem uma bifurcação: Dilma Rousseff vai trabalhar a comparação entre os planos de governo e explorar as fragilidades da oponente. Os demais petistas farão o trabalho “mais pesado”, digamos assim.
Sobre o Aécio O tucano também bate em Marina, mas tem esperança de ter o apoio dela, caso vá para o segundo turno.
Visual de Marina E bastaram críticas nas redes sociais para Marina Silva mudar o visual. Acertou a maquiagem, o tom dos fios e até o figurino. A assessoria entendeu que ela precisava de um ar mais sofisticado.
Visual de Marina E bastaram críticas nas redes sociais para Marina Silva mudar o visual. Acertou a maquiagem, o tom dos fios e até o figurino. A assessoria entendeu que ela precisava de um ar mais sofisticado.
Mais uma queda de braço entre governo e oposição emperra o avanço da pesquisa científica brasileira. Embora tenha chegado à Câmara em regime de urgência Constitucional, o projeto de lei 7735/14, que trata da exploração do patrimônio genético de animais e plantas nativos está parado, com mais de 100 emendas, mas até agora sem relator. E o que isso significa? Que ele continuará a trancar a pauta, impedindo outras votações, em um semestre de pouquíssima produtividade, por causa das eleições.
O que diz o PL O projeto, que já deveria estar com parecer aprovado e pronto para ir ao Plenário, revisa a legislação que trata de pesquisa científica e exploração do patrimônio genético e dos conhecimentos indígenas ou tradicionais sobre propriedades e usos de plantas, extratos e outras substâncias. Isso significa que se for convertida em lei, a proposta garante aos indígenas, por exemplo, parte dos lucros da venda de um medicamento ou produto, desenvolvido a partir dos conhecimentos que eles detêm sobre determinada planta ou substância. Ou seja: pode mexer no bolso da indústria, que teria de pagar uma espécie de royalty sobre o uso de conhecimentos tradicionais ou de substâncias encontradas em plantas ou animais.
Ops! Essas mesmas indústrias ajudam a financiar campanhas políticas. Contrariá-las, nesse momento, poderia fazer a fonte secar.
FIGUEIRA - Fim de semana de 5 a 7 de setembro de 2014
Ajuda à pesquisa A proposta ainda simplifica o trabalho de pesquisadores brasileiros, de instituições nacionais e de empresas com sede no exterior vinculadas a entidades nacionais, que precisarão apenas de um cadastro declaratório para ter acesso ao patrimônio genético ou conhecimento tradicional, bem como para a remessa de amostra para o exterior. Atualmente, é preciso ter autorização prévia do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (Cgen) para o início das pesquisas, processo que leva tempo e exige grande documentação do pesquisador. O governo diz que a legislação atual impõe ao pesquisador e às empresas uma série de restrições para o acesso às substâncias que se pretende pesquisar. O texto proíbe a pesquisa de pessoas físicas estrangeiras.
Venda de produtos O governo terá de ser notificado antes do início da venda de produtos acabados ou intermediários originados de patrimônio genético nacional ou do conhecimento tradicional. Os produtos intermediários (aqueles que são insumos de outros produtos) só poderão ser explorados economicamente depois de notificação do Cgen. Para os produtos acabados (remédios, cosméticos, entre outros), além da notificação, é necessária a apresentação prévia do acordo de repartição de benefícios, que prevê o pagamento de royalties ou outra compensação não monetária.
A resposta é tão simples A resposta não é tão simples. Parlamentares usam o projeto como escudo para barrar votações importantes, em tempos de recesso branco com esforços concentrados de votações até as eleições. Em parte, porque não querem apreciar projetos impopulares, também porque não querem votar projetos que poderiam beneficiar o atual governo, perante a opinião pública. José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia e apresentador da edição nacional do Jogo do Poder, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília.
Candidatos desrespeitam a lei da Propaganda Eleitoral Com isso, 500 denúncias de irregularidade com propaganda política em todo estado. Em Governador Valadares já são 15 ocorrências Gabriel Sobrinho
Gabriel Sobrinho / Repórter Andar pelas ruas do centro da cidade tem sido quase uma brincadeira de labirinto. Desvia dali, desvia daqui. São tantos cavaletes e banners que os números dos candidatos se embaralham na cabeça dos eleitores. Em Valadares, assim como em todo país, as denúncias começaram a aparecer em julho, postadas no sítio do TRE (Tribunal Eleitoral Regional) ou pessoalmente nos cartórios. A Justiça Eleitoral divulgou, no final do mês passado, o número de denúncias recebidas sobre irregularidades nas propagandas feitas pelos candidatos em todo Estado. Aqui na cidade, apesar dos inúmeros objetos, foram poucos acionamentos. Entre as mais denunciadas, no Estado, estão problemas com placas e cavaletes, com 105 e 92 reclamações, respectivamente. Outro ponto foram as irregularidades nas veiculações feitas pela Internet. De acordo com os números apresentados pelo Denúncia On line, página disponível pelo TRE/MG para acolher as reclamações, em quase dois meses de funcionamento foram 32 denúncias, tanto nas divulgações via web quanto por e.mail. A lista ainda integra manifestações em relação à afixação de cartazes, com 43 reclamações, colagens, totalizando 30, e ainda banners com 29. Ao todo, o sistema recebeu 488 denúncias. A possibilidade é que passe de 500 até o final das eleições. Em Valadares, essas eleições de agora são consideradas mais tranquilas, ao contrário do agito das eleições municipais. Somadas as três zonas que fazem parte do Cartório Eleitoral da cidade, foram 15 denúncias. De acordo com Rubens Vieira, chefe de um dos cartórios, a demanda maior nos acionamentos foi a de irregularidades no uso dos banners em vias publicas. “Ao receber a denúncia, o juiz da zona eleitoral responsável vai analisar e, caso seja constatada a irregularidade, determinará a notificação do partido político, coligação ou candidato denunciado para que retire a propaganda em 48h. Se o prazo não for respeitado, a Justiça Eleitoral pode agir dentro do poder de polícia e retirar a propaganda irregular. Depois disso, os documentos são encaminhados ao procurador regional eleitoral que, se entender cabível, oferece representação perante o TRE-MG, pedindo a aplicação de multa ao partido, coligação ou candidato responsável pela irregularidade”. O grande problema tem sido a falta de informação dos eleitores. Nem tudo é poluição visual ou auditiva. Os cavaletes, por exemplo, são permitidos ao longo das vias públicas, desde que não dificultem o bom andamento do trânsito de pessoas e veículos. Mas devem ser colocados e retirados diariamente, entre 6h e 22h. Não é permitido colocar propaganda em postes de iluminação pública e sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e árvores. Maria Augusta dos Reis, 48, não gosta da ideia de ter que dividir a calçada com os banners móveis dos candidatos. Ao ser informada que eles estão regulares, mudou de opinião “Sério? Pode colocar esse monte de cavalete na calçada mesmo? Então o jeito é ter que desviar, né? Bom que
Em Governador Valadares grande parte das denúncias está relacionada à exposição dos cavaletes de madeira e lona, deixados na área central de cidade
ajuda as pessoas que ainda não decidiram em qual candidato votar. Eu já escolhi os meus, então não preciso me preocupar”, brinca a pedestre. O sistema Denúncia On Line permite que o eleitor denuncie qualquer irregularidade durante o período eleitoral. Para isso, o eleitor deve preencher um formulário, que automaticamente será enviado à Zona Eleitoral onde está acontecendo a irregularidade apontada. “Na hora, será gerado um número de registro e o denunciante poderá consultar o andamento do processo. É importante informar que as denúncias não são anônimas, mas todas as informações são restritas apenas à Justiça Eleitoral. Vale destacar
que a denúncia não é restrita apenas ao Denúncia On line. Caso o eleitor identifique alguma irregularidade por parte de algum candidato ou partido, a denúncia poderá ser feita, pessoalmente, em um cartório eleitoral ou diretamente no Ministério Público. Nos casos de denúncia em relação às propagandas feitas através do rádio, televisão ou jornais, as denúncias devem ser feitas pelo sistema on line e serão direcionadas ao foro competente”, completa o chefe de cartório, Rubens Vieira. Para fazer a denúncia pela Internet, busque o Denúncia Online no endereço tre-mg.jus.br/eleicoes/eleicoes-2014-tre-mg-1/formulario-dedenuncia
METROPOLITANO 6
FIGUEIRA - Fim de semana de 5 a 7 de setembro de 2014 Fábio Moura
O plenário da Câmara recebeu vários representantes dos taxistaspara discutir e esclarecer os pontos polêmicos do projeto de lei que vai regulamentar coletivo, individual e de pequenos grupos em Governador Valadares
Táxis ainda à beira da regulamentação
Artigo 4° do Projeto de Lei crava em 180 dias o período de adequação de todos os permissionários às novas regras, após a sanção da lei Fábio Moura / Repórter
SENAT, os taxistas terão acesso a um curso de línguas de 45 dias, apenas. Mas, o pedido do sindicato, por seu advogado, é Na última semana, vereadores, representantes do governo mu- de supressão do artigo 17 do Projeto de Lei – ou ao menos da nicipal, taxistas e o seu sindicato reuniram-se numa audiên- relativização de sua redação. O outro impasse estava no artigo 26, que determina a cia pública na Câmara de Vereadores. O encontro pautou-se pelo esclarecimento de pontos polêmicos do Projeto de Lei que padronização dos táxis da cidade na cor branca – contando, regulamentará o transporte coletivo individual e de pequenos ainda, com outros itens comuns, como o adesivamento lategrupos na cidade. Por mais de três horas, o Secretário de Servi- ral e traseiro, além de uma identificação numérica do veículo. ços Urbanos, Seleme Hilel, o Diretor de Transportes, Trânsito “Pedimos que a cor padrão seja alterada para o prata. Hoje, e Sistema Viário, Marco Rios, o presidente do Sindicato dos Ta- 83 veículos da frota da cidade tem essa cor. Os outros 37 tem xistas de Governador Valadares, Antônio Fernandes, com o seu cores variadas”, relata o advogado do sindicato. “O Governo representante legal, o advogado Renato Nascimento, destrin- entende que a cor branca facilitaria a identificação por parcharam artigos do Projeto e discutiram a mudança de ao menos te dos passageiros e da fiscalização, mas abrimos mão disso, nove pontos de sua redação. Os taxistas, não. Eles – mais de 50 caso o Legislativo e a classe entendam ser melhor assim. Mas, pedimos que o carro, então, seja adesivado inclusive em seu presentes, apenas ouviram o debate. Após a leitura de pontos cruciais na regulamentação dos capô”, argumenta Seleme Hilel. O Sindicato dos Taxistas solicitou, ainda, que o ponto da táxis pelo diretor do DTTSV, Marco Rios, o advogado do sindicato apresentou nove emendas ao Projeto de Lei. Duas delas Estação Rodoviária, protagonista do maior número de reclamostraram-se ainda sem consenso entre Executivo, Câmara e mações dos usuários, não passe a ser classificado como livre. a representação legal dos taxistas. O artigo 4° do Projeto de “Ao sair pra uma corrida, os taxistas alocados naquele ponto Lei crava em 180 dias o período de adequação de todos os per- não teriam como retornar, caso outro ocupasse a vaga”, argumissionários às novas regras, após a sanção da lei. O Sindica- menta o presidente Antônio Fernandes. O Governo mostrouto quer mais. Bem mais. Três anos foi a proposta levada pelo se favorável à mudança e sugeriu até a “classificação de todos advogado. “No artigo 17 temos a obrigatoriedade do domínio os pontos como livres”, mas deixou nas mãos da classe e do básico de uma segunda língua pelos taxistas. Não é possível Legislativo municipal a discussão. A retirada de pontos luminos adequarmos a isso em seis meses”, argumenta Renato nosos que identifiquem o táxi como ocupado, em trânsito para Nascimento. Aí, a incoerência aparece. Como esclareceu o di- buscar um passageiro ou livre também encontrou consenso retor do DTTSV na sequência, num convênio com o SEST/ nas partes. Outro ponto convergente foi a solicitação de que o
período de vigência da concessão supere os 25 anos descritos no Projeto de Lei. O Sindicato fala em 35 anos, alegando que “em 25 não é possível traçar toda a carreira necessária para se aposentar”. Seleme Hilel acenou, em função do pedido, com a possibilidade da redação se alterar para 20 anos, com renovação em igual período ou de 30 anos numa tacada só. Também é consenso entre Executivo, Legislativo e taxistas, a supressão dos incisos 11 e 13 do artigo 23 que dispõem sobre a obrigatoriedade de uma apólice de seguro que proteja passageiros, motoristas e os carros. Apesar das seguradoras oferecerem planos especiais para veículos com essa finalidade, a obrigatoriedade foi colocada como um ônus desnecessário e fora do alcance financeiro dos taxistas. Caso o Legislativo acate e suprima os incisos, os passageiros estarão à mercê dos riscos que envolvem os acidentes. Ao fim da discussão, alguns vereadores trouxeram dúvidas e demandas comuns aos taxistas. Adauto Carteiro ressaltou que “a proibição da prestação do serviço de táxi dentro de outro perímetro urbano aplica-se muito bem ao taxista valadarense. No entanto, esse mesmo taxista sofre com a concorrência dos táxis de outras cidades dentro de Valadares, sem uma rigorosa fiscalização do DTTSV”. Na mesma linha de raciocínio, Leonardo Glória pede que “a fiscalização não seja ferrenha só com os táxis legais. Tem de ser também com os carros particulares que chegam a ter até pontos fixos na cidade”. Paulinho Costa, por sua vez, pediu uma planilha préestabelecida pelo Governo que justifique o aumento periódico das bandeiradas.
Política de Educação no Campo é discutida em Valadares Gabriel Sobrinho
Gabriel Sobrinho/Repórter Profissionais da Rede Municipal de Educação se reuniram na manhã do dia 2 de agosto, para a 1ª Conferência Municipal de Educação do Campo, realizado no auditório da FAGV. O evento serviu para apresentar o trabalho desenvolvido e discutir as diretrizes as serem alcançadas. O processo de organização da Conferência começou há mais de um ano, quando o Grupo de Trabalho Permanente da Comissão Organizadora visitou as comunidades, para levar o debate sobre educação no campo e refletir com a população dos distritos a melhor política para atender as especificidades do campo. A conferência se organizou em torno de seis eixos de debate, como a formação de corpo docente, agricultura familiar e o espaço escolar, por exemplo. De acordo a coordenadora do grupo, Marta Roseno, a construção da política de forma coletiva permite um aprendizado ouvindo as pessoas do campo. “Na matriz curricular, por exemplo, podemos incluir de forma pedagógica o trabalho, a cultura popular, os elementos que dialogam com a vida de quem mora no campo. Eu acredito que debaixo desta cinza tem brasa, basta soprar que o fogo acende de novo”. Para a pedagoga do CMEI Dona Maria Souto, do distrito de Pontal, Cleudes Souza, a construção desta política vai valorizar quem mora no meio rural. Segundo ela, esse distanciamento interfere no aprendizado das crianças, que estão perdendo a identidade do campo. “Sempre morei no campo e sempre fomos desvalorizados, esquecidos; a construção da política específica para a educação do campo nos colocará de igual para igual com a cidade e servirá para desenvolver o senti-
A prefeita Elisa Costa participou da conferência e apoiou a iniciativa do grupo, afirmando que o desafio da política do campo é grandioso
mento de pertença”, finaliza. A prefeita Elisa Costa participou o evento e ressaltou que o campo da região de Valadares é imenso e se não vier um clamor do povo, as políticas do campo acabam sendo as últimas a serem executadas. “É preciso que a política do campo se manifeste e manifeste com força, com ação, com organização. Nós temos um desafio enorme: vontade de fazer e determinação não me faltam;
a nossa prioridade é cuidar das pessoas com mais justiça e mais igualdade, garantindo-lhes um futuro mais digno. O sucesso da politica de habitação da cidade também está atraindo os interesses e as necessidades dos moradores dos nossos distritos de Valadares. E, agora, nós vamos implementar 100% do atendimento de saúde no campo, com a expansão da Estratégia da Saúde da Família.”
METROPOLITANO 7
FIGUEIRA - Fim de semana de 5 a 7 de setembro de 2014 Fábio Moura
Os jogos reúnem práticas esportivas de cada um dos povos da competição. Dessa forma, disputa-se no arco e flecha, na zarabatana, no futebol, na canoagem, na natação e na derrubada do toco
Olimpíada de índio
Fábio Moura
Fábio Moura / Repórter Da estrada, no alto da serra, desembocamos num caminho de terra depois de avistar uma faixa parcialmente hasteada. O vento a faria flanar e impediria a sua total interpretação. Não faz mal. Índio tem lá os seus artifícios para traçar um caminho e saber voltar por ele; ou, ainda, pra orientar àqueles que ainda não percorreram estas terras. De toco em toco da cerca, um lenço vermelho em laço nos guiava. Pelo caminho algumas casas já denotavam a arquitetura tradicional do povo Krenak. Um casal orienta: “segue direto até a mangueira e vira á direita”. Ao pé da Têkruk, ao que parecia. Desde que caímos naquela estrada, um belo monte, tão imponente quanto a nossa Ibituruna, tracejava o horizonte. Ao fundo, outra montanha ainda maior a circundava: a Pedra dos Sete Salões, terra sagrada daquele povo. Ao léu, alguns gritos pareciam ecoar. Não se sabia ao certo de onde vinham. Vinham por detrás daquelas árvores. Cada vez mais próxima, a Têkruk parecia rebater alguns berros. Momentos de apreensão e cantigas de congratulação alternavam-se intermitentemente. A estrada parecia se abrir e dali já era possível fitar um aglomerado de índios em meio a um campo de futebol. Estavam em círculo, junto à bola central. “Toco, toco, derruba o toco. Toco, toco, derruba o toco”, cantavam eufóricos. No centro da roda, uma índia Pataxó enfrentava outra Krenak. Levaram longos minutos na batalha, até que uma delas projetasse a adversária contra um toco, no meio exato de uma bola delineada no chão para marcar o espaço de luta na arena indígena. A cada golpe, uma comemoração extasiante. A cada luta vencida, um canto de provocação aos outros povos. Eram tantos, que mal dava pra con- Até mesmo as crianças da aldeia Krenak participaram do jogos, se divertindo em um campo de futebol tar nos dedos. Os traços culturais, a forma como pintavam os seus corpos, os adereços que usavam, as ervas que fumavam em seus cachimbos e até sários contra a plateia. Cantos ecoavam ao longo de toda a luta. A cada atendendo a um Xacriabá que foi erguido e lançado ao chão sem piedamesmo a identidade artesanal dos produtos que vendiam numas barraqui- golpe mais incisivo, índias invadiam a roda e cobravam atitudes do juiz. de. Gemia uma dor na costela. Os índios dispersavam-se e voltavam a nhas ali do lado denotavam essa diversidade. Pataxó, Krenak, Xucuru Ka- De novo, uma grande confusão. Não houve luta que não fosse paralisada. socializar os seus enfrentamentos. Essa é uma das poucas oportunidades riri, Kaxixó, Aranã, Maxakali, Xacriabá e Pankararu reuniam-se ali para os E não houve discussão que não terminasse em gargalhadas. Toco, toco, das tribos indígenas discutirem os rumos de seus povos. Fora os Jogos, Jogos Indígenas dos Povos de Minas Gerais. O terceiro. A competição já derruba o toco. Três homens de cada uma das aldeias se inscreviam na reúnem-se sob os holofotes da sociedade na semana do índio, em abril. passou pela Aldeia Pataxó, próxima a Carmésia, e também pelas terras do competição e iam derrubando seus oponentes até a final. O esporte é dos Aproveitam o foco que recebem da mídia, das rodas de bate-papo e formaPataxó, mas os Krenak já parecem dominar a técnica. lizam documentos, propostas e projetos para apresentar ao Governo. Mas povo Xacriabá, em São João das Missões, no Norte do estado. Entre uma luta e outra, conversas informais entre membros de povos aí a coisa é séria mesmo e burocrática por demais. Aqui nos Jogos, o papo é Parece mais uma Olímpiada. Os jogos reúnem práticas esportivas de cada um dos povos da competição. Dessa forma, disputa-se no arco distintos, ali mesmo, no círculo da arena, buscavam encontrar caminhos outro, o tom também. É tempo de partilha cultural. De danças e rituais que e flecha, na zarabatana, no futebol, na canoagem, na natação e na derru- para solucionar problemas comuns às aldeias. Compartilhavam estratégias, permeiam as vinte e quatro horas dos cinco dias de competição. De casabada do toco. Mais parece uma brincadeira, na verdade. Ao passo que a caminhos para elaborar projetos para o governo, formas de driblar o pre- mentos celebrados e cantos ecoados aos quatro cantos do acampamento. plateia vibra com os encaixes nos golpes, satiriza o poderio de artilha- conceito e de ter acesso aos serviços básicos do cidadão... discutiam, ainda, Somos todos Borum ria das competidoras. Às gargalhadas, incentivam o contato com o toco. as políticas públicas governamentais e sua disseminação. Parecia mais uma reunião política informal. Atento aos argumentos e ao golpe do índio no Toco, toco, derruba o toco. Ninguém derrubava o toco e parecia não haSomos gente, índios, eu, você. Na língua Krenak, Borum designa a ver regras para essa situação. Mais cinco minutos de luta. Mais três. Mais centro da arena. Entendiam-se tão bem que pareciam ter a mesma origem, si mesmo e ao semelhante, o povo. A frase estava estampada na camisa um. Par ou ímpar. Lideranças dos povos reunidas falavam uma a uma ao a mesma língua, a mesma terra. Mas o grande martírio dos povos mineiros mesmo parece estar na dos alunos da Escola Estadual Carlos Luz, do Bairro Carapina. Desceram microfone e deixavam o seu voto para o desenlace daquele embate. Por fim, mais uma palhinha da batalha. E nada. Todos reunidos ao centro ges- questão fundiária. Isso mudava até o semblante das lideranças de qualquer o morro logo cedo e seguiram rumo à Aldeia Krenak para socializar com ticulavam intensamente em meio a uma gritaria sem precedentes. “Ela um dos povos. A demarcação do território tradicional indígena encontra quem pouco convivem. Chegaram rolando a bola no gramado e chamando cometeu uma falta grave”, “mas aquela menina também deu um soco garantias na Constituição e barreiras no governo e nos fazendeiros. Aqui os índios pra uma batalha extra olímpica. Apenas uma trave era almejada nela”. As lideranças pareciam convergir para um resultado... vitória das na Aldeia Krenak, por exemplo, a luta é pela ampliação deste terreno até a pelas duas equipes. De um lado as camisas brancas do Somos todos BoPedra dos Sete Salões, território sagrado da espiritualidade Krenak. A Área rum; do outro, os Borum com penas na cabeça e o corpo pintado à mão. duas, vitória dos povos. O bicho ia pegar mesmo quando os índios assumissem o campo de de Proteção Ambiental parece andar meio sem quem olhe por ela. Os Kre- Curiosamente, apenas meninos. A visita tinha também um teor pedagógico. A ala do fundão das salas de aula foi reunida para compartilhar um pouco batalha. Até equipe médica teve de fazer uns curativos e amenizar algumas nak querem assumir isso, mas essa batalha aqui já perdura anos. Toco, toco, derruba o toco. A equipe médica está no centro da roda da energia positiva daquelas bandas e exorcizar as suas inquietudes. dores na tangente da arena. Lá dentro, batalhadores jogavam seus adverFábio Moura
“
Os traços culturais, a forma como pintavam os seus corpos, os adereços que usavam, as ervas que fumavam em seus cachimbos e até mesmo a identidade artesanal dos produtos que vendiam numas barraquinhas ali do lado denotavam essa diversidade. Pataxó, Krenak, Xucuru Kariri, Kaxixó, Aranã, Maxakali, Xacriabá e Pankararu reuniam-se ali para os Jogos Indígenas dos Povos de Minas Gerais. Índio fumando uma erva durante os jogos na Aldeia Krenak
GERAL
8
BRAVA GENTE
Ombudsman
FIGUEIRA - Fim de semana de 5 a 7 de setembro de 2014
MARCELO BATISTA COSTA
Arquivo Pessoal
José Carlos Aragão
No meu tempo Vira e mexe eu encontro um motivo para citar novamente o poeta João Cabral de Melo Neto, que dizia que “todo mundo que tem dor de corno acha que é poeta”. Não resisto à tentação de parafraseá-lo também, sempre que vejo um blogueiro que se arroga jornalista só porque publica suas opiniões em um blog. Eu, blogueiro também e, ainda por cima, autodidata em jornalismo, nem deveria mexer nesse vespeiro, sei. Mas dane-se: mexo. Ninguém precisa ser jornalista, claro, para ter um blog. Basta ter o que dizer. Um blog é um espaço livre para qualquer pessoa se expressar e difundir ideias. Há, porém, quem ache que, porque usa seu blog supostamente como canal de difusão de informações, pilota um veículo de comunicação e, por isso, é um jornalista. As novas tecnologias têm subvertido históricas funções e atividades profissionais muito rapidamente. Profissões se extinguem, se especializam, se aglutinam numa velocidade nunca experimentada antes, na história da humanidade. E – a História prova – esse é um caminho sem volta. Essas transformações e avanços, no entanto, não devem ignorar nem subestimar o conhecimento que os precede, acumulado e já testado no passado. Em um jornal, vários profissionais foram compulsoriamente aposentados, quando a função que exerciam nas redações foi extinta por obsolescência ou devorada pelas novas tecnologias. (Alguns até se tornaram blogueiros.) O diagramador – aquele que “desenhava” a página do jornal numa mancha (uma espécie de diagrama, onde era rascunhado o posicionamento de textos, títulos, fotos, legendas e anúncios) – não existe mais. Foi substituído pelo programador visual e, - dependendo do porte do veículo -, pelo neto adolescente do diretor do jornal, que “sabe mexer com esse negócio de computador”. O arquivo fotográfico, que ocupava centenas de gavetas, caixas, armários e fichários numa sala no fundo da redação, hoje ocupa alguns gigabytes num HD e pode ser acessado diretamente de qualquer computador da redação. A metralha intermitente dos aparelhos de telex (os jovens jornalistas de hoje nem devem fazer ideia do que era isso...) foi substituída pela silenciosa e instantânea internet, que carrega ainda um vasto conteúdo multimídia, vindo de mares nunca dantes navegados. Entendo que muitas dessas mudanças são naturais e inevitáveis. E que vieram para o bem. Difícil é nos adaptarmos a todas elas, no exercício da nossa profissão. Somos mais lentos que nossos filhos e sucessores, que parecem já vir ao mundo com a última atualização já baixada em seus cérebros. Nosso conforto é que, ao olharmos para trás, vemos que também éramos assim, segundo a ótica dos nossos pais e frente às tecnologias emergentes ou disponíveis à época. Mas, uma coisa eu ainda não consegui absorver inteiramente, no jornalismo de hoje: a incorporação da função do fotógrafo pelo repórter. Antes, fotógrafo era fotógrafo, antes de ser qualquer outra coisa. Tinha que ter talento para a coisa. Sempre acompanhava o repórter na busca da notícia. Trabalhavam juntos, como Cosme e Damião ou Batman e Robin. Eram verdadeiros parceiros na investigação do fato (naquele tempo, repórter costumava sair à rua para investigar; hoje, basta ter um celular à mão), na apuração da notícia. Perfeitamente sintonizados em seu trabalho, um entrevistava o vereador, distraindo-o, enquanto o outro fotografava as evidências do crime eleitoral cometido. Hoje, a coisa já não funciona mais assim. Repórter e fotógrafo são a mesma pessoa. É a crise, contenção de gastos. Ou, segundo pensam alguns, para dar mais agilidade: fotografou, escreveu umas mal traçadas linhas, postou no site do jornal, ganhou o dia. E tudo via celular! Mas, o que mais me dói é que nunca conheci um repórter que fosse um bom fotojornalista ou um fotojornalista que fosse bom de texto - talvez até exista, enfim... Fotojornalismo é mais que técnica: é arte. O verdadeiro e bom fotógrafo tem uma sensibilidade única e especial para identificar o momento exato de acionar o obturador, para fazer o enquadramento mais original, “ler” a melhor luz e o melhor ângulo. E precisa estar atento e concentrado no que ocorre à sua volta, enquanto o entrevistado fala ao repórter. Essa simultaneidade de atribuições sempre será prejudicial à reportagem: as fotos restarão amadoras e sempre previsíveis e o entrevistado sempre dirá menos do que o repórter poderia arrancar dele, se não tivesse que fazer também as fotos da matéria. As páginas do Figueira estão repletas de exemplos disso, a cada edição. José Carlos Aragão, ombudsman do Figueira, é escritor e jornalista. Escreva para o ombudsman: redacao.figueira@gmail.com
Marcelo com a filha Haniele e a esposa Hortência. Família unida em casa e no trabalho. Dedicou sua vida ao trabalho e acreditou na sua cidade
Marcelo Batista Costa, 51 anos, é um valadarense empreendedor, que acredita na sua cidade. Sua vida foi dedicada à família e ao trabalho, pesado, como caminhoneiro, pedrista e gráfico. A curiosidade é que ele entrou para o ramo gráfico sem conhecer nada sobre esta atividade. Foi com a cara e a coragem, e numa sociedade com um amigo, montou uma pequena gráfica. Depois, em 1997, montou a sua própria gráfica, a Arco-Íris, no bairro Santa Rita. A gráfica começou pequena, com uma impressora Multilith, muito usada à época, e que faz impressos no formato 8 (tamanho próximo do A4). A Multilith era operada pelo próprio Marcelo. Aprendeu a operar esta impressora na marra. O mesmo aconteceu com a guilhotina. O aprendizado foi na base do esforço e interesse.
EMPREGO
IFMG divulga dois editais para professores do Pronatec A Coordenação do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) no Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) divulga dois editais para seleção de professores. EDITAL 125 - O edital nº 125 oferta vagas para professores de cursos técnicos. As inscrições, gratuitas, estarão abertas nos dias 04 e 05 de setembro. Para concorrer,
O trabalho de Marcelo rendeu frutos. A gráfica gera empregos e vai ampliar o seu quadro de funcionários em breve com a ampliação do parque gráfico. Começou pequeno e cresce a cada dia. Este é Marcelo Batista Costa, brava gente de Governador Valadares.
o interessado deverá comprovar a habilitação mínima exigida. A carga horária é de até 20 horas semanais e a remuneração é de R$ 50 por hora de atividade. O resultado da seleção será divulgado a partir do dia 09 de setembro. EDITAL 126 - O edital nº 126 oferta vagas para professores de outras disciplinas de cursos técnicos. As inscrições, gratuitas, estarão abertas nos dias 04 e 05 de setembro. A carga horária é de acordo com a disciplina que está sendo ofertada e a remuneração é de R$ 50 por hora de atividade. O resultado da seleção será divulgado a partir do dia 09 de setembro. Os editais estão disponíveis em www.ifmg.edu.br/gv
‘Mas, que negra bonita!’. E tem que ser feia?
Manuel Alfonso Díaz Muñoz
No domingo, dia 31 de agosto, reportagem do Estado de Minas destacava a dificuldade dos pais de crianças com síndrome de Down para conseguir matricular e manter seus filhos em escolas regulares, por eles serem “especiais”, isto é, por não serem “normais”, ou dito de outra forma, por serem “diferentes”. O problema é que todos somos diferentes. Nos últimos 50 passamos no mundo da educação de um modelo de “deficiência” a outro de “necessidades educativas especiais” (NEE). No primeiro, o eixo estava na síndrome, na deficiência ou no “problema” que a pessoa apresentava: atraso mental, cegueira, surdez... No segundo modelo a ênfase se coloca na escola, na resposta educativa. Não se nega que os alunos apresentam dificuldades especificamente vinculadas ao seu próprio desenvolvimento, mas o foco agora está na capacidade de resposta da escola às suas demandas. Falar de Necessidades Educativas Especiais significa provar a capacidade da escola para dar resposta a todas e cada uma das necessidades que apresentam seus alunos, isto é, os recursos humanos e materiais que vai disponibilizar para garantir o acesso de todos eles a uma educação de qualidade. A mudança de enfoque não somente têm repercussões nos alunos com Necessidades Educativas Especiais permanentes (2% da população escolar). Também afeta a um número maior de alunos que apresentam numerosas e variadas dificuldades de
O fato de estar estabelecido na periferia da cidade, no bairro Santa Rita, representou uma dificuldade que precisou ser superada, com uma prestação de serviços de excelência e o serviço de entrega eficiente.
Ecos de Palmares
Eduação
Tomos somos especiais porque todos somos diferentes
Depois de aprender o ofício, Marcelo trouxe a família para a gráfica, assim que a produção cresceu, com a chegada de um número expressivo de clientes. Foram para a gráfica a esposa Hortencia de Souza Santos Costa e os filhos e filhas.
Ana Afro
aprendizagem e precisam de adaptações significativas em várias áreas curriculares. Ao destacarmos, em primeiro lugar, os processos de aprendizagem, e em segundo, a resposta da escola à demanda concreta desse aluno, deixamos claro que ser uma escola inclusiva (palavra da moda) é bem mais do que colocar um aluno com NEE dentro de uma sala de aula normal. Significa o comprometimento da comunidade educativa no seu conjunto na resposta à demanda de integração real e de qualidade no processo de ensino aprendizagem de todos os alunos da escola. Numa escola que aceita e acolhe as diferenças, todas as crianças são especiais e são atendidas de forma personalizada para favorecer o seu crescimento pessoal, intelectual e social. Pessoalmente não gosto de falar de escola inclusiva e sim de escola de qualidade. Do mesmo modo, numa sociedade que é plural, multicultural e sociodiversificada, o normal é ser diferente. Em nome da igualdade, frequentemente, se eliminaram e relativizaram as diferenças. Ou ao enfatizar a diferença, adotaram-se políticas sociais que criam profundas desigualdades e injustiças. Tão negativa resulta a padronização quanto a discriminação. Como diz o sociólogo português Boaventura de Souza Santos, “temos direito a reivindicar a igualdade sempre que a diferença nos inferioriza e temos direito de reivindicar a diferença sempre que a igualdade nos descaracteriza”. A igualdade se constrói no reconhecimento das diferenças e na luta contra o preconceito e a discriminação.
Seus cabelos que até podem ser cacheados – mas nunca armados -, lábios que não devem ser muito grossos e narizes afilados e “delicados”. Só assim as mulheres negras estarão dentro do padrão de beleza. Esse filtro, no entanto, é extremamente excludente: no Brasil e no mundo, há muitas etnias e variações genéticas que resultam em traços distintos, que claramente não podem ser todos compatíveis com o que a sociedade considera bonito. Essa separação do que é permitido no mundo da beleza acaba gerando uma hierarquização da própria negritude, discriminando aquelas que possuem cabelos crespos e volumosos, mas dando permissões limitadas às mulheres negras de rosto mais fino e cabelos com cachos mais definidos. A cultura dos “traços finos” é uma tentativa de “higienização” de todo um grupo racial que já há muitos séculos é retratado como indesejável. A expressão livre e desimpedida da negritude é repudiada e, portanto, sua aparência física também é podada e as mulheres cujos traços não são finos acabam sendo hostilizadas. Aquelas que conseguem enfrentar os parâmetros da indústria da beleza e amam suas características físicas, sem recorrer a modificações corporais como rinoplastias e alisamentos, são verdadeiras guerreiras que resistem fortemente para manter a autoestima. Essas mulheres, que passo a passo buscam a politização e o fortalecimento da percepção de si, levam suas características faciais e corporais a um patamar transformador que repercute em todas as esferas sociais. É a resistência e o empoderamento dessas mulheres que criam caminhos por onde a desintegração do racismo pode trilhar e acontecer. Com essa importante reflexão, é possível virar a mesa e jogar com as palavras originalmente usadas para oprimir. Ao invés de reproduzir a ideia dos “traços finos” desejáveis, deve entrar em cena a exaltação dos “traços em negrito“: fortes, escuros e evidentes. A beleza da negritude, afinal, pode e deve existir em muitos tons, tamanhos e pluralidades.
Manuel Alfonso Muñoz, Manolo, é psicólogo, doutor em Teologia, professor universitário.
Ana Aparecida Souza de Jesus é pedagoga, especialista em Diversidade na Escola, Gênero e Raça pela UFMG, membro do Conselho de Promoção de Igualdade Racial.
ENTREVISTA
“
9
FIGUEIRA - Fim de semana de 5 a 7 de setembro de 2014
Entrevista Heldo Armond
Candidato do PRP a deputado estadual
Estamos vivendo num contexto em que a população clama por mudanças – dos políticos, e da política Divulgação
O ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Governador Valadares, Heldo Armond, é candidato a deputado estadual pelo Partido Republicano Progressista (PRP). Casado, pai de dois filhos, aposentado da Caixa Econômica Federal, ele tem atuação social, principalmente em movimentos da Igreja Católica, como a Pastoral da Sobriedade e Amor Exigente. Também desenvolve trabalho de terapias comunitárias.
ciplina e honestidade não têm meio termo.Tudo isso me proporciona uma visão abrangente do contexto social e político, a postura crítica e corajosa em assuntos polêmicos, a independência para tomar posição nos projetos discutidos, sem fechar os olhos para a função de fiscalizar as ações do Executivo. Figueira – Governador Valadares é uma cidade bem representada na Assembleia atualmente? O que você propõe exclusivamente para Governador Valadares?
Figueira – O que te motivou a se candidatar a uma vaga de deputado estadual? Heldo Armond - Respondo primeiramente o que me motivou a entrar para a política, até chegar à candidatura a deputado estadual, que ora se realiza. Sou como a maioria dos brasileiros: amo o meu país, acredito nas suas potencialidades, me encanto com a alegria e o alto astral do seu povo, que está sempre pronto a oferecer os seus préstimos e abraçar uma oportunidade de trabalho que lhe dê condições de cuidar da sua família com dignidade, atendendo-a nas suas necessidades de moradia, saúde, educação, segurança, lazer. No entanto, essas necessidades, básicas na vida de qualquer pessoa, estão longe de serem atendidas, mesmo quando se assiste à arrecadação absurda de impostos. Quando minimamente algo é atendido, isso ocorre na base de moeda de troca, como se fosse um favor que o cidadão terá que pagar através do voto nas urnas. Portanto, entrei para a política para questionar essas posturas, para representar as pessoas que estão angustiadas com os abusos a que se assiste. A candidatura a deputado estadual é mais um degrau nessa caminhada de desafios, que teve início como vereador, passando pela presidência da Câmara Municipal de Governador Valadares. Figueira – O que mais te credencia a se candidatar a esta vaga na Assembleia? Heldo Armond - Estou numa caminhada, e essa candidatura é mais um passo. Exerci dois mandatos de vereador e parte de um terceiro; fui presidente da Câmara de GV, e em todas as minhas ações prevaleceram a defesa dos interesses da população, como seu representante, credenciado através do voto nas urnas. Desempenhei com muita consciência a atribuição inerente a um parlamentar, que é elaborar leis para melhorar a qualidade de vida da sociedade, e fiscalizar os atos do Poder Executivo. Após essa experiência e aprendizado sinto que posso dar mais esse passo na política. Figueira – Se eleito, qual será a sua postura em relação aos problemas da região do Rio Doce? Heldo Armond - As bandeiras específicas que proponho defender na área social são voltadas para a família (célula base da sociedade, tão degradada e atacada nos dias atuais. Além disso, nossas crianças precisam de saúde e educação de qualidade); idosos e aposentados (que após anos de trabalho só veem reduzir o seu poder aquisitivo, pois aos seus salários não são aplicados os reajustes a que têm direito); pesso-
“
Heldo Armond quer levar sua experiência no Legislativo Municipal para um possível mandato de deputado estadual na Assembleia de Minas
as portadoras de deficiência (necessitam de intervenções que facilitem sua independência de ações, principalmente a mobilidade no ambiente urbano); jovens contra o mal das drogas (cuidados voltados para a prevenção, recuperação e reinserção social, além do apoio às famílias que convivem com esse problema social). Além das ações acima, caso eleito ficarei atento às demandas de GV e região, e trabalharei para atendêlas. E são muitas. A primeira medida será realizar um diagnóstico, assinalar as demandas, e organizá-las para atendimento no tempo certo. Mas, de imediato, menciono a necessidade de um impacto positivo na economia do Vale do Rio Doce, um choque de ações envolvendo a classe política e toda a sociedade, que crie oportunidades de abertura de empreendimentos diversos, que gerem empregos e dêem mais velocidade no giro do capital circulante. Figueira – Você é advogado e já presidiu a Câmara Municipal de Governador Valadares. Isso garantirá um desempenho qualificado ao seu mandato na Assembleia? Heldo Armond - Na Câmara, atuei como primeiro secretário da Mesa Diretora e depois como presidente. Não atuei como advogado. Mas, com certeza a formação em Direito, Administração de Empresas e Psicologia me dão uma base para atuação mais qualificada na seara política. E não é só isso. Os pilares das minhas ações, tanto como político, mas também como cidadão atuante na sociedade, são a minha educação familiar, a prática dos ensinamentos cristãos, a experiência como funcionário da Caixa Econômica Federal, onde competência, dis-
Heldo Armond - O porte de Governador Valadares e da nossa região, e o número de eleitores, nos dão toda condição para aumentar nossa representatividade na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. À população é primordial se conscientizar da importância estratégica de apoiar os candidatos locais.Quanto a uma proposta efetiva, além dos projetos e ações mencionados anteriormente, pretendo dar atenção especial ao potencial turístico de Governador Valadares e região, como fonte geradora de emprego e renda para a população. No caso de Valadares, nossa cidade é bonita, acolhedora, mas podemos melhorar muito mais. Precisamos cuidar melhor da nossa cidade, destacar seus pontos atrativos, lapidar essa pedra preciosa que a natureza nos deu que é a Ibituruna, que juntamente com o Rio Doce compõe um cenário exuberante, que deslumbra os olhos de quem por aqui passa. Governador Valadares faz parte das cidades contempladas no Projeto “Destinos Indutores do Desenvolvimento na área Turística”, pelo qual se tem acesso facilitado a projetos e recursos para incrementar essa área da economia. Figueira – Os direitos dos cidadãos são respeitados na esfera estadual? Quais são os principais problemas de violação de direitos, na sua visão? Heldo Armond - Percebo que não são respeitados nas três esferas: Estadual, Federal e Municipal. A todo momento vê-se a insatisfação das pessoas no atendimento a questões simples, tanto nos serviços prestados diretamente pelo Poder Público, como por parte de concessionários. Os mais aparentes ocorrem no transporte coletivo (qualidade, horário, preço, extensão geográfica); saúde (agendamentos, alcance das especialidades, duração das consultas, custo de Planos de Saúde); segurança, comunicação (qualidade da telefonia, internet); atendimentos ao cliente de maneira geral, dentre outros. Figueira – Qual é a sua avaliação do processo eleitoral até aqui? Heldo Armond - Estamos vivendo num contexto em que a população clama por mudanças – dos políticos, e da política. Ela está cansada do jeito de se fazer política. Daí penso que a Reforma Política é urgente. Precisamos nos modernizar. Quanto ao político, deve procurar coerência nas suas atitudes diante das necessidades e anseios da população. Cada um de nós precisa fazer a sua parte, qualquer que seja sua posição na sociedade. Há uma expressão que diz: “Se eu não mudar, nada mudará”. Então, seja como aquele caminhante na praia, que mesmo questionado, recolhia as estrelas-do-mar que se encontravam na areia, e as devolvia para as águas. Para essas a atitude diferente daquele caminhante solitário lhes valeu a sobrevivência...
Entrevista Euclydes Pettersen
Candidato do PTB a deputado federal
As pessoas querem representantes preparados e com propostas consistentes a favor do povo
“
O ex-vereador Euclydes Pettersen, 30 anos de idade, que se intitula jovem e trabalhador, é servidor público estadual e candidato a deputado federal pelo PTB. Nas suas propostas, afirma que foi o vereador que mais beneficiou instituições em Governador Valadares com verbas estaduais e federais. Nesta entrevista ele fala de seus projetos para um futuro mandato e destaca alguns problemas regionais que precisam ser solucionados.
Precisamos de uma atuação mais rígida nas políticas de segurança pública, que atualmente oprimem o cidadão, violando seus direitos primários, de ir e vir. Vejo também uma necessidade de revisar o fator previdenciário, que atualmente não permite àqueles que trabalharam a vida toda ter uma vida digna como aposentado.
Figueira - Por que você decidiu se candidatar ao cargo de deputado federal? Euclydes Pettersen - Fui legislador municipal durante 4 anos, nos quais contribuí muito com o nosso município. Agora, como deputado federal, tenho a certeza que vou ajudar muito mais a nossa cidade nas indicações das minhas próprias emendas parlamentares, na captação de recursos e também com programas do Governo federal. Figueira - Por que você considera importante entrar nesta disputa? Euclydes Pettersen – Vejo-me preparado.
Euclydes Pettersen – Geração de emprego e renda, que são baixos. Necessitamos de mais investimentos nas áreas de saúde, educação e esporte. Figueira - Na sua opinião, Governador Valadares é uma cidade bem representada na Câmara Federal, atualmente? O que você propõe exclusivamente para Governador Valadares?
Euclydes Pettersen – Pretendo assumir a resolução dos problemas da nossa região apresentando medidas e projetos que trarão resultados para o Vale do Rio Doce.
Euclydes Pettersen - Nós temos representantes na Câmara Federal? Proponho incluir Governador Valadares na área da SUDENE, valorizando os empresários e comerciantes da nossa cidade, possibilitando a vinda de grandes indústrias e empresas, contribuindo realmente para o desenvolvimento econômico do município, gerando empregos de qualidade e renda aos valadarenses.
Figueira - Quais são, na sua opinião, os principais problemas da nossa região?
Figueira - Os direitos dos cidadãos são respeitados na esfera federal? Quais são os principais problemas de violação de direi-
Figueira - Se eleito, qual será a sua postura na Câmara Federal em relação aos nossos problemas da região do Rio Doce?
Fábio Moura
tos, na sua visão? Euclydes Pettersen - Precisamos de uma atuação mais rígida nas políticas de segurança pública, que atualmente oprimem o cidadão, violando seus direitos primários, de ir e vir. Vejo também uma necessidade de revisar o fator previdenciário, que atualmente não permite àqueles que trabalharam a vida toda ter uma vida digna como aposentado. Figueira - Qual a sua avaliação do processo eleitoral até aqui? Euclydes Pettersen - Os eleitores estão cada vez mais conscientes. Vejo que as pessoas clamam por mudança no quadro político apostando na juventude. Cada vez mais as velhas práticas políticas, baseadas na compra de votos, estão ficando no tempo. As pessoas querem representantes preparados e com propostas consistentes a favor do povo.
CORRESPONDENTES 10
FIGUEIRA - Fim de semana de 5 a 7 de setembro de 2014
Arquivos da Revista “Life”
D’outro lado do Atlântico José Peixe / De Lisboa
Trincheiras estão de regresso à Europa A barbárie e a guerra estão de regresso ao continente Europeu. Rússia e Ucrânia entraram numa escalada conflitual que pode levar a um novo colapso mundial. Paralelamente a este confronto bélico no Leste Europeu, no Iraque, os fanáticos do Estado Islâmico (EI) filmaram a execução do segundo jornalista freelancer norte-americano, Steven Sotloff. Uma loucura sem explicação. Estamos a nove meses das comemorações que assinalam os 70 anos do terminus da 2ª Guerra Mundial (7 de Maio de 1945), mas pelos vistos o continente Europeu está á mercê de entrar numa guerra sem precedentes. E a prova disso mesmo é que Vladimir Putin já advertiu o seguinte: “O melhor é não provocarem a Rússia”. Os líderes ameaçam a Rússia com novas sanções, mas isso não faz que o Presidente Vladimir Putin se intimide. Antes pelo contrário. A Rússia virou-se para outros mercados (como é o caso do Brasil) para adquirir bens de primeira necessidade e vetou a entrada a produtos fabricados ou produzidos na União Europeia. No passado dia 30 de agosto, enquanto decorria em Bruxelas uma das cimeiras mais dramáticas da história da União Europeia, elegendo o polonês Donald Tusk e a italiana Federica Mogherini para presidir o Conselho Europeu e chefiarem a diplomacia europeia, na Ucrânia escavavam-se trincheiras para tentar travar o avanço dos separatistas pró-russos. E foram essas imagens dramáticas que fizeram as primeiras páginas de toda a imprensa mundial. Para a maioria dos cidadãos europeus, os líderes da União Europeia têm de encontrar uma solução diplomática e pacífica para a guerra entre a Ucrânia e Rússia. As memórias da 2ª Guerra Mundial ainda estão bem vivas na memória de muitos combatentes europeus e não só. Para o jornalista português José Milhazes, um especialista em po-
Setenta anos depois da II Guerra Mundial a Europa volta a ter trincheiras na Ucrânia
“
Para a maioria dos cidadãos europeus, os líderes da União Europeia têm de encontrar uma solução diplomática e pacífica para a guerra entre a Ucrânia e Rússia. As memórias da 2ª Guerra Mundial ainda estão bem vivas na memória de muitos combatentes europeus e não só.
lítica russa, “A União Europeia, ou alguns dos seus membros, parece ainda não ter entendido que o principal objetivo da agressão da Rússia contra a Ucrânia não é apenas a anexação da Crimeia e afirmar-se no sudeste desse país, mas sim submetê-lo todo à sua política”. “O Kremlin deposita esperanças na agudização da guerra para destruir completamente a economia ucraniana, afundar o país numa gravíssima crise social que leve os cidadãaos ucranianos a renderemse às evidências, levando-os a derrubarem a ‘junta fascista’ em Kiev e a optarem por um regime fiel a Moscovo”, esclarece o jornalista José Milhazes. Os líderes da União Europeia e os norte-americanos estão conscientes do poder atômico existente na Rússia e sabem que Vladimir Putin não gosta de ser provocado. Alguma imprensa europeia divulgou esta semana que Vladimir
Putin teria dito ao presidente da União Europeia, José Manuel Durão Barroso, que se o exército russo quisesse ocupava Kiev com os seus tanques em apenas duas semanas. Poderá ser utópico do ponto de vista militar, mas parece certo que o grande sonho de Putin é querer chegar a Kiev ainda neste inverno. No Ocidente, há quem fale em boicotar a Copa do Mundo de Futebol que terá lugar na Rússia em 2018, mas os dirigentes da FIFA consideram isso um absurdo. Mas, se a agudização militar prosseguir, certamente a Europa vai voltar a surpreender o mundo com uma nova guerra. E o futebol deixará de ser importante como é obvio. No dia em que escrevo esta crônica, o presidente norte-americano, Barack Obama, chega a Tallinn para se reunir com os dirigentes dos três países bálticos: Letônia, Lituânia e Estônia, antes da cimeira da OTAN que terá lugar para quinta e sexta-feira no País de Gales. Estes três países mencionados e a Polônia pediram um aumento da presença da Aliança Atlântica nos seus respetivos territórios, por causa da guerra que se vive no sudeste da Ucrânia. Existe o receio que os russos um dia também possam querer invadir estas nações bálticas. E o ridículo é que os generais da OTAN estão dispostos a fazer manobras militares na Ucrânia no decorrer das próximas semanas. Se esta opção for por diante, a Rússia certamente que vai querer medir forças com o Ocidente e especialmente com as tropas da Aliança Atlântica. José Valentim Peixe é jornalista e doutor em Comunicação
Café com Leite
Política Lucimar Lizandro
Marcos Imbrizi / De São Paulo
Xadrez eleitoral E as pesquisas que mostram a candidata Marina à frente do tucano Aécio Neves disputa presidencial causaram uma rápida movimentação no xadrez eleitoral. O partido de Marina, por exemplo, espera conter a ameaça de debandada de aliados nos Estados. Já o governador paulista, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo, na semana passada deixou de acompanhar Aécio em pelo menos duas agendas no Estado. Nas oportunidades, preferiu visitar evangélicos com o pastor Everaldo. É fria
E quando decidiu convidar o candidato mineiro à presidência para uma atividade, o governador paulista, Geraldo Alckmin, acabou colocando-o numa verdadeira fria. Na sextafeira passada, a comitiva tucana visitou as obras da Linha 15 do Metrô, que no dia seguinte entrou em funcionamento em caráter experimental, nos fins de semana. Faltou só avisar Aécio que o monotrilho, como é mais conhecido, já deveria estar em funcionamento desde 2010. E que do total de 25 quilômetros de percurso, apenas três foram executados nos últimos anos. O aeroporto e o avião Assim como Aécio Neves não conseguiu explicar os investimentos de recursos públicos para melhorias em dois aeroportos em terras de propriedade de sua família em Minas Gerais enquanto era governador, o PSB tem dificuldades para explicar quem era o proprietário do avião em que Eduardo Campos e equipe voavam no dia do acidente. Reportagem da Folha de S. Paulo de 1° de setembro mostra que a proposta que selou a compra da aeronave, por US$ 8,5 milhões, não cita nome nem informações sobre quem adquiriu a aeronave e não foi registrada em cartório. De acordo com a reportagem,
CICLISMO
3ª Etapa da Copa Big Mais de Moutain Bike é neste domingo A 3ª etapa da Copa Big Mais de Mountain Bike terá disputa de maratona neste domingo (7) no Rancho Glória, BR381, km 155, na saída para Ipatinga, a partir das 8h. Atletas de várias cidades da região e de outros estados participarão da competição. Serão disputadas dezenove categorias. Dentre elas, a novidade é a modalidade dupla mista. Os percursos da maratona variam de 30 a 50 km dependendo da categoria. Serão concedidas medalhas do 1º ao 5º lugares em todas as modalidades. A premiação em dinheiro é de R$ 8.800. A competição contará pontos para o ranking mineiro e brasileiro de mountain bike.
o documento traz só uma assinatura ao lado do local e data da compra. “O que é inusual para um negócio de quase R$ 20 milhões”, informa o texto. Ainda de acordo com a matéria “A ausência do nome é um indício de que o jato pode ter sido comprado com recursos de caixa dois de empresários ou do partido, segundo policiais ouvidos pela reportagem. Não decola E como diz um amigo, as coisas estão difíceis para Aécio. Nem com um aeroporto particular ele conseguiu decolar... Dom Luciano Mendes Leio no Estadão que a Arquidiocese de Mariana deu início ao processo de beatificação e canonização de dom Luciano Mendes de Almeida, cuja trajetória foi marcada pela defesa dos direitos humanos e dos mais pobres. Dom Luciano foi arcebispo de Mariana no período de 1998 a 2006, ano em que veio a falecer. Indie Festival 2014 Até o dia 10 de setembro, o público mineiro pode conferir a programação do Indie Festival 2014 de cinema. Neste ano a programação conta com mostras retrospectivas em homenagem a Albert Serra e Eugène Green, além de outros 29 filmes inéditos no Brasil. Em Belo Horizonte a programação acontecerá no Belas Artes Cine, no Cine Humberto Mauro e no Sesc Palladium. Os ingressos são gratuitos e a programação completa está em: http://www.indiefestival.com.br/2014/bh/ index.php?l=pt. Em seguida, a mostra vem para São Paulo.
Marcos Luiz Imbrizi é jornalista e historiador, mestre em Comunicação Social, ativista em favor de rádios livres.
Surfando na onda A pouco mais de trinta dias das eleições, assistimos a uma formidável inversão no quadro eleitoral, com o empate entre Marina Silva e Dilma Rousseff em 34%. Aécio despenca ladeira abaixo, com 15% de intenções de votos. As manifestações populares de junho do ano passado, a lembrança da última disputa presidencial em 2010, a comoção pela morte repentina de Eduardo Campos e o desejo de mudança seriam o motor da forte subida da candidata Marina Silva. Marina Silva não tem uma base social organizada, não tem um grande partido de sustentação. Por outro lado, tem a simpatia dos descontentes com a política, parte expressiva dos evangélicos, uma juventude insatisfeita com os rumos do país, sem uma memória recente da situação do país no período anterior ao governo trabalhista. A candidata do PSB conta, também com parcela da população que nutre verdadeiro ódio pelo PT e vê em Marina Silva a chance de desalojar os trabalhistas do governo central. O mercado financeiro e parte do empresariado também já se converteram ao marinismo, desde criancinhas. Como se pode ver, trata-se de um arranjo eleitoral robusto, mas, com alto poder de desintegração num hipotético governo.
“
As manifestações populares de junho do ano passado, a lembrança da última disputa presidencial em 2010, a comoção pela morte repentina de Eduardo Campos e o desejo de mudança seriam o motor da forte subida da candidata Marina Silva.
A dúvida que fica de tal arranjo é a capacidade de resposta a demandas tão díspares e inconciliáveis. De um lado, o sistema financeiro e o grande empresariado que querem ampliar ainda mais a sua influência sobre a economia e aumentar os seus lucros, já escorchantes. De outro, temos os setores médios que foram para as ruas em junho do ano passado por mais saúde, mais educação, mais segurança e mais mobilidade, entre outras demandas. Como os recursos do Estado são finitos, significa que não terá recursos para atender a todas as demandas. Os assessores econômicos da candidata já indicaram que não concordam com a atual política de aumento real do salário mínimo; não querem a vinculação do benefício previdenciário com o salário mínimo. Querem, ainda um banco central independente, querem reduzir a meta de inflação para os próximos anos, pregam a redução dos gastos públicos e o estado mínimo. Tal receituário aponta para a redução do nível de emprego e o achatamento salarial. Portanto, ao revisitar a história recente do nosso país, já assistimos ondas avassaladoras que catapultaram seus protagonistas ao ponto mais alto da nossa política, mas, que na mesma velocidade os devolveram a areia do ostracismo e da indiferença popular, ao não se mostrarem aptos a cumprir tantos e díspares compromissos assumidos no calor da disputa eleitoral. Lucimar Lizandro Freitas é graduado em Administração de Empresas pela FAGV e Especialista em Gestão Pública pela UFOP
COTIDIANO 11
FIGUEIRA - Fim de semana de 5 a 7 de setembro de 2014 Divulgação
Avrah Kahdabra Paulo Vasconcelos
...Albuquerque
Marina Machado, uma das mais belas vozes da MPB, afilhada de Milton Nascimento, faz show no dia 16/10 no Valadares Jazz Festival
Valadares Jazz Festival define as atrações para a 16a edição Evento está marcado para os dias 13, 14, 15 e 16 de outubro no Teatro Atiaia, com homenagem para o contrabaixista Jaco Pastorius e shows de alto nível. Da redação
A décima sexta edição do Valadares Jazz Festival já tem data marcada e acontece entre os dias 13 e 16 de outubro, no Teatro Atiaia. Criado em 1999, o festival completa 15 anos em 2014, e vai homenagear contrabaixista estadunidense Jaco Pastorius, considerado um dos melhores do mundo no baixo elétrico. Jaco já foi homenageado em 2005, mas a produção do festival decidiu fazer um bis da homenagem, porque entre todos os homenageados ao longo dos 15 naos, Jaco foi o que mais se destacou. Sua família deu atenção especial à produção do festival, por meio da filha de Jaco, Mary Pastorius, e de seu amigo de infância e biógrafo, Bob Bobbing. Eles divulgarem o festival no site oficial de Jaco, visitado por seus fãs de todo o mundo. Para fazer uma homenagem à altura de Jaco Pastorius, a produção do festival convidou os melhores contrabaixistas brasileiros na atualidade como Dudu Lima, André Neiva, Adriano Campagnani, Antônio Porto e outros. Para garantir diversidade musical ao evento, duas cantoras se juntam aos grupos instrumentais cantando standards do jazz, rock, blues e MPB. São elas, Taryn Szpilman e Marina Machado. Para viabilizar o evento, a produção está a todo vapor com a campanha de captação de recursos, oferecendo incentivos fiscais ao patrocinadores, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Podem incentivar o festival as pessoas físicas que têm imposto de renda a pagar, e que podem transferir para a conta específica de captação, até 6% do valor devido ao imposto de renda. Quem mais contribui são os médicos de Governador Valadares, incentivados pela Associação Médica e pela Unimed, apoiadoras do festival há vários anos. Além do apoio da classe médica, o festival também faz captação de recursos com empresas locais, que optam pela declaração de Imposto de Renda na modalidade “lucro real”. Neste caso, o aporte financeiro destinado ao festival é de até 4% do valor devido ao Imposto de Renda pelas empresas.
Programação Dia 13/10 - segunda-feira 20h00 - Bianca Gismonti Trio 21h00 - Taryn Szpilman Dia 14/10 - Terça-feira 20hoo - Túlio Araújo 21hoo - Cláudio Infante Trio Dia 15/10 - Quarta-feira 20h00 - Adson Sodré 21h00 - Adriano Campagnani e Arthur Rezende Dia 16/10 - Quinta-feira 20h00 - Dudu Lima Trio 21h00- Marina Machado Durante todos os dias do festival, no hall do Teatro Atiaia, haverá feira de livros com títulos da Editora UFJF, em diversas áreas do conhecimento. Também estarão à venda os livros de autores locais. No mesmo local, estarão à venda discos dos grupos que se apresentam no festival. Uma exposição com fotografias históricas de Governador Valadares e dos primeiros anos do Valadares Jazz Festival será montada no hall do Teatro Atiaia. Os ingressos podem adquiridos nos pontos de venda divulgados no site oficial do festival: www.valadaresjazzfestival.com.br
Zé Luiz e Aquiles caminham em direção a uma larga porta. Zé Luiz vai produzindo o típico som das sandálias de quem em casa sente-se à vontade para arrastar longamente os pés no chão, não se importando em fazer cerimônia à sua visita. Sua familiaridade com Aquiles Esteves era cada vez mais fortalecida. Assim, depois de atravessarem a sala traspassaram a porta, pela qual, se entrava numa grande cozinha, completa em seus equipamentos, porém, vazia de pessoas. Zé Luiz estranha sua esposa não estar na cozinha e continua seu preguiçoso caminhar, agora sentido a claridade de outra porta que dava sua saída numa varanda, sobretudo muito bem posicionada em relação às sombras das árvores no quintal. — Candinha, minha querida! Este é o Aquiles Esteves, de quem lhe falei. — e se dirige a seu convidado. — Aquiles, esta é Cândida, minha esposa. — Muito prazer, senhora. —reverencia Aquiles, com pudico pudor. Sem exageração da minha parte. Zé Luiz, dotado da experiência que é carga imperiosa aos mais velhos. Olha dentro dos olhos de Aquiles e lança-lhe a questão. — Percebo que deva ser solteiro! Que não passou ainda do tempo das dúvidas, recorrentes da solidão, para as certezas que a boa companhia e a beleza que enxergamos mais em umas pessoas que em outras, que garantem aos casais desenvergar o tempo, capaz de fazer as nossas carnes não mais belas que nossas almas. Aquiles Esteves, ainda com rubor na face... — Até então, não pude ter essa chance; — gagueja um pouco, — ou, ou, oportunidade. — Desculpe deixá-lo constrangido. Mas, precisava que conhecesse minha esposa. Não faltará, com certeza, oportunidade para contar-lhe como nos encontramos. Pois bem. Voltemos então a Albuquerque. — Isso mesmo Zé Luiz. — Acrescenta Aquiles. — Quando falei que naquelas terras andam tão bem misturados sistema e forma de governo. Eu não estava brincando. — Diz Zé Luiz. A intenção de Zé Luiz, agora, era deixar Aquiles mais à vontade, falando sobre coisas de que tinha certeza; ele ficaria encantado. — Aquiles, diferentemente daqui, em Albuquerque a palavra folclore é um ramalhete de flores da mesma espécie tiradas de jardins diferentes. Também, serve para denominar uma salada que se serve fresca, em casa, quando recebemos visitas, feita com folhas de espécies diferentes colhidas na horta do seu próprio quintal. Portando, não pense que o que vou contar-lhe é um conjunto de tradições sobrevivendo no imaginário popular. — Não pensarei. — responde o compenetrado Aquiles. — Candinha. Se puder, nos sirva um folclore no almoço meu bem. Acho que o amigo aqui vai se demorar. A mulher sorri positivamente sem dizer uma palavra e Zé Luiz dá sequência. — Começarei pelo sábado, dia dirigido pelo Segundo Estado, a monarquia e lhe explicarei por que. — Continua. — Durante um longo período, quem comandava Albuquerque aos sábados era o Primeiro Estado, ou seja, a igreja. A nobreza ficava a responsável por se fazer presente à população aos domingos. Desde aquela época as solenidades começavam bem cedo. Momento em que todos se riam muito, quando em praça pública era feita a leitura da nobiliarquia local, ou seja, o livro que registra as genealogias da nobreza. Isso, sempre foi e ainda é motivo de alegria e festa, pois todos no local trazem o sobrenome Albuquerque. Mesmo sendo, nobre ou plebeu, rico decadente ou pobre emergente, negro ou branco, doutor ou analfabeto, bêbado ou puritano. Todos se abraçavam compulsivamente dada à importância da possibilidade de fazer parte daquela nobreza, ou não. Alguns perdiam a compostura, num momento de prazenteiro coletivo. O pior é que muitos bebiam com a competência que no dia seguinte era perdida em longas ressacas. — E Zé Luiz ainda conta mais. Paulo Gutemberg Vasconcelos é educador social e preside o Conselho Municipal de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos
MEMÓRIA
Construído entre 1934 e 1939, o antigo tempo Presbiteriano (situado na Rua Prudente de Morais, atrás do novo templo, que tem entrada pela Avenida Brasil) foi tombado como patrimônio histórico, artístico e arquitetônico do município, pelo decreto No 8004 de 2 de abril de 2004. Trata-se de uma cópia exata de uma igreja presbiteriana irlandesa e era a única a oferecer serviços litúrgicos à noite, graças a utilização de lustres à gás (na época não se utilizava luz elétrica).
ESPORTES
12
FIGUEIRA - Fim de semana de 5 a 7 de setembro de 2014
QUESTÕES DO FUTEBOL - JORGE MURTINHO Depois do Jogo do Senta, acontecido há quase setenta anos e tema do artigo aqui publicado semana passada, cerca de vinte dias atrás tivemos o Jogo do Deita. Sem receber salários há dois meses e direitos de imagem há quatro, os jogadores do Grêmio Barueri decidiram não ir a campo para enfrentar o Operário de Mato Grosso, pela série D. Em solidariedade, os onze do Operário deitaram no gramado, dando boa contribuição ao repertório de protestos criativos lançados pelo Bom Senso FC, a fim de denunciar o atraso na organização do futebol brasileiro, pressionar a CBF por mudanças, neutralizar a Bancada da Bola e pedir ao governo que pare de se fingir de morto.
Deitados em berço nada esplêndido Marcos Bezerra/Futura
Em 2013 os jogadores entraram em campo com faixas, fizeram minuto de silêncio, cruzaram os braços após o apito inicial, sentaram no gramado e, na mais bacana de todas as ações, trocaram bolas de um lado a outro do campo, de um time para o outro, durante quase um minuto. O gesto dos jogadores do Operário valeu pela simbologia: mostrar um futebol que parece deitado em berço não tão esplêndido. Além disso, o fato de ter acontecido por um problema com o Grêmio Barueri é sugestivo, e poderia ser a senha para o Bom Senso enquadrar os clubes de aluguel, esses estranhos jabutis depositados na árvore do futebol brasileiro e entre os quais o Grêmio Barueri é um dos destaques. Estreou na série A em 2009, e não fez feio. Surpreendentemente, na temporada seguinte o time mudou de nome e de cidade, virou Grêmio Prudente e se desfez de nove titulares. Não houve o menor cuidado em disfarçar que não se tratava de um clube, e sim de um balcão de negócios. No final de 2010, o Grêmio Prudente caiu para a segundona e, talvez por não se adaptar à culinária do oeste paulista, retornou a Barueri e recuperou o nome de batismo. O regresso à terra natal de nada adiantou, o time continuou despencando e hoje disputa a série D.
Cena inusitada numa partida de futebol. Jogadores do Barueri deitam no gramado em protesto contra a falta de pagamento de seus salários
O Ipatinga, que também já passou pela série A do Brasileirão, em 2013 fez as malas e partiu para Betim, adotando o nome de sua nova cidade. Sofrendo de crise de identidade, voltou para Ipatinga mas manteve o nome de Betim, e hoje faz companhia ao Grêmio Barueri na série D. E por aí vai. São inúmeros os tais “clubes-vitrines” (irônico nome oficialmente adotado por quem deles se utiliza), que servem aos interesses de fundos de Numa tarde de sábado de 2009, eu estava em frente à tevê investimento, de prefeitos que enxergam no futebol um meio de no jogo em que o Guarani de Campinas garantiu sua volta melhorar a percepção de suas administrações ou de arrivistas à primeira divisão. Em meio à festa, um repórter perguntou que tudo o que querem daquele time é uma efêmera passagem ao então treinador Vadão quais eram os planos para 2010. pela primeira divisão, suficiente para enriquecer o currículo de Vadão respondeu que não tinha plano algum, já que ne- seus contratados e, a curto prazo, os próprios bolsos. Clubes, nhum dos jogadores pertencia ao clube e ele não sabia com torcidas e tradição que se danem. quais poderia contar. Aquele Guarani apenas emprestava sua camisa – que já conquistara um Campeonato Brasileiro, Provavelmente, não resolveria de vez, mas uma das saídas em 1978, além de um vice em 1986 – para vestir os investi- seria rever o critério de subida e descida entre a primeira e a mentos de um grupo de empresários. Da mesma forma que segunda divisões. Poderíamos pelo menos pôr em discussão ouo Grêmio Barueri, ou Grêmio Prudente, ou seja lá que nome tras fórmulas existentes, como a que leva em conta a média dos tenha o time quando você estiver lendo esse texto, o Guarani pontos conquistados nas três últimas temporadas. Ou pensar voltou para a segundona em 2010 e caiu para a terceira em em algo semelhante a um torneio da morte, promovendo con2012, onde segue patinhando (em 2013 terminou em 14º lu- frontos diretos, ou triangulares, ou quadrangulares, seja o que for, para decidir se alguém cairá ou subirá. Tornar mais lento gar e este ano faz campanha medíocre).
e trabalhoso o acesso à série A dificultaria a vida de quem só pensa em lucros imediatos, já que os clubes teriam que ralar alguns bons anos até alcançar a visibilidade garantida pelos jogos contra os grandes. Sim: não há espaço para uma discussão como essa no futebol do século XXI, em que o dinheiro virou senhor absoluto e atua sem que se pergunte de onde ele vem ou a que está servindo. Mas não precisamos de mais coisas que puxem o nosso futebol para baixo. Também não é justo exigir do Bom Senso solução para tudo, sob o risco de daqui a pouco cobrarmos uma posição do grupo em relação aos baixos níveis da reserva da Cantareira. No entanto, conhecidas as propostas iniciais do movimento e – batidinhas na madeira – obtidas suas primeiras vitórias, talvez seja o caso de apontar o foco para essas aberrações que hoje inundam o futebol brasileiro. Jorge Murtinho é redator de agência de propaganda e, na própria definição, faz bloguismo. Nessa arte, foi encontrado pela Revista piauí, que adotou o seu blog e autoriza a sua contribuição a este Figueira.
Canto do Galo
Toca da Raposa
Precisamos despertar
Jogo encardido
Rosalva Luciano
Um final de semana sem graça, sem brilho e muito menos gritos de alegria para nós torcedores alvinegros. Estamos saindo muito rápido de perto dos quatro melhores times que disputam o Campeonato Brasileiro. Estamos deixando se perder um ideal ou uma vontade de chegar a merecer a Libertadores, o tempo passando e passando também outros à nossa frente. Resultados quase inadmissíveis ainda perambulam pelo nosso placar e a confiança também diminui junto com olhares preocupados. Jogando com o último colocado, mais uma vez a incompetência nas finalizações foi evidente. Um jogo “engraçado” de se ver, pois não conseguia ver a raça e a determinação, tão nossa, entre os jogadores. Eu pelo menos procurava enquanto assistia e torcia, às vezes me deixei contaminar com a preguiça da bola e a vontade mesmo era de não estar ligada em Curitiba. Gostaria de explicações melhores para tantos erros. Que treinamento é feito para que a gente possa ouvir pelos rádios e jornais que o “time está pronto”? Não vejo esta arrumação quando começa o jogo. Não compreendo muito quando um time tem a posse de bola num período grande do jogo, tem o maior número de bolas atiradas ao goleiro adversário, tem maior número de craques e não consegue fazer sequer um gol num adversário que teoricamente é considerado bem mais limitado. Isto tem acontecido sempre, perdemos ou empatamos com times na ponta de baixo da tabela. Seria bom fazer uma análise mais elaborada neste sentido. Quem sabe? Onde está a praticidade da coisa quando, ao final do jogo, o técnico fala que viu a sua equipe mais perto da vitória do que a outra? E se foi como ele esperava, por que não se preparou para que saísse melhor no que diz respeito ao resultado? Gostou do empenho dos jogadores e do vigor físico, mas onde ficou a eficiência? Disse ele também que precisa melhorar na tática e na técnica. Confesso que me sinto emburrecida quando ouço estes argumentos.
De que tempo precisam? Quantos jogos já se passaram? A tática para mim é pontual, existe ou não existe...estratégias vêm com estudo do momento, da situação, do tipo de enfrentamento, e ela tem que vir antes do embate, depois pode ser tarde, pode ser fatal. Todo técnico já tem de ter técnicas definidas. E para esta semana, mais dificuldades: atletas lesionados, suspensos por cartões amarelos e o Diego Tardelli na Seleção Brasileira principal. Levir Culpi tem as mãos quase que atadas no desenho de um time para enfrentar o Palmeiras nesta quinta-feira, dia 04/09 no Independência. Jogo de volta da Copa do Brasil, oitavas de final. Uma guerra? Sabemos que será travada sim, contamos com a divindade do Horto. Jogadores do Júnior poderão ser listados e usados no esquema. Eu acredito nesta meninada com uma volúpia dos deuses, querem ser notados e isto apenas basta para a motivação ser peça fundamental. Volta Luan! Volta Luan! Com você, nossa esperança pode se tornar uma alegria sem medida. Após a uma quase brilhante participação na Taça BH, o Galinho fica com o vice campeonato. A equipe júnior do Atlético ao perder a final por 3 a 2 para o América, na noite do sábado, dia 31/08 na Arena Independência não conseguiu o objetivo maior. A torcida vibrante como sempre sinalizava que para nós qualquer segmento do Glorioso é motivo de muito orgulho e estar na arquibancada é também prova de um amor maior à meninada. Compareceram ao estádio 16.455 torcedores. Parabéns, futuros craques. Que venha o Palmeiras, que venha o Botafogo no domingo. Aqui é Galo! Galo Doido!
Rosalva Campos Luciano é professora e, acima de tudo, apaixonadamente atleticana.
Hadson Santiago
Saudações celestes, leitores do Figueira! Foi bastante proveitosa, para o Cruzeiro, a penúltima rodada do primeiro turno do Campeonato Brasileiro. Com a vitória sobre a Chapecoense por 4x2 e o empate do São Paulo, a diferença do Cruzeiro para o novo vice-líder, o Internacional, passou a ser de 8 pontos. Boa vantagem, é claro, mas estamos chegando à metade da competição somente agora. Restam ainda 20 longos jogos. Portanto, seriedade e trabalho sempre. Marcelo Oliveira e seus comandados sabem disso. A torcida também. O jogo contra a Chapecoense foi encardido. Os catarinenses acharam um gol logo no início do jogo e passaram apenas a se defender. O Cruzeiro partiu com tudo para cima do adversário, mas esbarrou no bom goleiro Vanderlei. E o primeiro tempo terminou com a derrota celeste. Mas, no segundo tempo as coisas mudaram e o Cruzeiro liquidou a fatura em poucos minutos. Nem mesmo o segundo gol catarinense tirou o ímpeto celeste, e a equipe estrelada fez o quarto gol logo em seguida. Final, Cruzeiro 4 x 2 Chapecoense. Valeu, pois deu para perceber como a equipe se comportou diante do placar adverso durante toda a etapa inicial. Há de se destacar, também, a excelente partida do lateral-direito Maike. Jogou muito e foi essencial, com cruzamentos perfeitos, em quase todos os gols. É um menino de muito futuro. Lamentáveis as cenas de racismo da torcida do Grêmio em relação ao Aranha, goleiro do Santos. Tinga passou pela mesma situação este ano, no Peru, no jogo da Libertadores. E, infelizmente, ficou por isso mesmo e ninguém foi punido. É a sensação de impunidade que leva as pessoas a cometerem as mais diversas barbáries. A certeza de que nada vai acontecer. Por isso, vivemos neste
mundo que nos amedronta, onde a inversão de valores e a falta de limites atingiram níveis sem precedentes. Pertenço a uma classe, a dos professores, que sente isso na pele todos os dias. Aonde vamos parar? Disputando duas competições, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro, e tendo jogadores convocados para a seleção, além de contusões e suspensões, o técnico Marcelo Oliveira vai ter de mostrar todo o seu conhecimento no manejo do plantel. Há boas peças de reposição, mas o olho clínico do treinador e o bom senso serão importantes. Tinga fraturou a perna e Egídio a mão. Estamos nos aproximando do final da temporada, período de muitas lesões musculares. É, Marcelo, tenha sabedoria para comandar o Cruzeirão Exportação. A torcida confia em você. Quero dedicar esta coluna aos cruzeirenses Fábio Santiago Farias (Vitória-ES), Fabrício Paulo Rossati (Belo Horizonte-MG), José Cacildo Vasconcelos Souza (Linhares-ES) e Jair Constante Soares (EUA). São leitores do Figueira pela internet. Assim como eu, eles são cruzeirenses da velha guarda, desde os tempos de Raul, Nelinho, Darci Menezes, Piazza, Zé Carlos, Jairzinho, Eduardo, Palhinha e Joãozinho, dentre outros craques. Bons tempos, bons tempos!!! Abraços à China Azul!
Hadson Santiago Farias é cruzeirense da velha guarda e saudosista convicto