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Fim de semana com sol entre nuvens. Não chove. www.climatempo.com.br
29o 17o
MÁXIMA
MÍNIMA
ANO 1 NÚMERO 25
FIM DE SEMANA DE 12 A 14 DE SETEMBRO DE 2014
Não Conhecemos Assuntos Proibidos FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS
EXEMPLAR: R$ 1,00
Arquivo Pessoal
Recado Capital
Ele torce pelo Galo, mas agora o Galo torce por ele
Thatiane, Dute, Leonardo Silva e a mascote mais louca do futebol mundial: o Galo Doido. #eutorçopeloDute
Weverton Gadi Carvalhais, o Dute, valadarense, é apaixonado pelo Galo. Aos 12 anos de idade ele já tem dois títulos internacionais: Campeão da Taça Libertadores da América e Campeão da Recopa Sul-Americana. Sofreu como ninguém torcendo pelo seu time do coração. Mas a vida colocou um obstáculo no seu caminho e ele precisa superá-lo. E na vida de Dute, cheia de surpresas, os papeis se inverteram. Ele que sempre torceu (e torce) pelo Galo, agora virou xodó dos jogadores time do Atlético Mineiro, que estão torcendo pelo Dute. A história deste garoto é um drama, mas para ele, não falta alegria, força e fé. Na foto, Thatiane Carvalhais (prima de Dute), Leonardo Silva (zagueiro do Galo) e a mascote Galo Doido. Lembrança de uma visita inesperada. Página 7 Gabriel Sobrinho
Cheio de buracos, calçadão da Ilha é recuperado O calçadão da Ilha (foto) está sendo recuperado pela Prefeitura, como forma de acabar com os buracos que se espalham pelos 4.600 metros lineares de pavimentação feita com pedras portuguesas. Há três meses, funcionários da Secretaria de Obras da Prefeitura se intercalam em horários e escalas diferentes para reparar os pontos críticos do calçadão. Estão sendo repostas pedras em mil metros quadrados, num custo total da obra de R$ 90 mil reais. Mas, ainda não estão na metade do caminho. Tem muito trabalho a ser feito, toda restauração aqui é feita a mão. Página 9
NESTA EDIÇÃO
Cultura Virada Cultural de BH e Fest Rock em
No meu tempo Valadares são os
destaques na cultura.
Arquivo Pessoal
Doce rotina: Futsal feminino de GV conquista mais um título estadual A equipe adulta de futsal feminino Univale/Filadélfia/Prefeitura conquistou pela quinta vez o título do Campeonato Mineiro Feminino após vencer o time de Teófilo Otoni no último domingo dia 7, por 3 a 0. Com a vitória, a equipe valadarense garantiu a vaga na Taça Brasil 2015, que será realizada em Santa Catarina. Página 6 Guilherme Frossard
Página 11
Sacudindo a Figueira Saiba qual é a campanha de deputado estadual que é a mais endinheirada Página 3
Eleições 2014 Cartório Eleitoral tem trabalho dia e noite para preparar as urnas. Página 9
BISCUIT
A arte de
Ana Márcia Denadai Ela é graduada em Direito e Design Gráfico, pósgraduada em Artes, já foi bancária, é cantora, se interessa por arte, é exímia esculturista e trabalha com biscuit. Esta é Ana Márcia Denadai, puro talento. Página 8
OPINIÃO
Editorial
A três semanas de mais uma rodada de eleições, a população brasileira quer mais de sua democracia. As manifestações de junho de 2013 deixaram claro que para milhões de brasileiros, já afeitos a votar para presidente desde 1989, faz-se necessário regulamentar o espaço que a Constituição Federal dá à democracia direta. Afora o fato de se escolher mal um tanto de representantes e da dependência do financiamento por empresas das campanhas eleitorais, o sistema eleitoral brasileiro é padrão para muitos países. As pessoas participam maciçamente, não há violência nem pressões, as urnas não alvo de suspeição, o resultado sai em poucas horas após o encerramento da votação. Os mandatos são respeitados, há instâncias para julgar políticos ruins, podendo afastálos e substituí-los. No entanto, a mesma Constituição de 1988 que assegura a democracia representativa como um alicerce da República, declara que a democracia no Brasil será exercida também de forma direta. A Constituição já completou 25 anos e ainda não se regulamentou essa participação direta. Nas manifestações de 2013, a democracia direta exigida por milhões de pessoas acabou espantando esses mesmos milhões quando pequenos grupos entenderam que quebrar vitrines e saquear, incendiar ônibus e prédios públicos, depredar bens públicos e agir de modo violento com pessoas deviam ser vistos como parte do jogo democrático. Milhões de brasileiros disseram não a tais atitudes, mas não arrefeceram a sua disposição de participar mais da vida do país, entendendo que a ação dos políticos profissionais, mesmo quando bem exercida, não é suficiente para manter a vida cívica com vitalidade. A presidenta Dilma enviou Medida Provisória ao Congresso Nacional, ao final de maio deste ano, para disciplinar e incentivar a participação popular, a democracia direta. Alvo de muitas críticas dos que têm medo do povo, adormecida agora em que a agenda é eleitoral, portanto da democracia representativa, a Medida será decerto o centro das atenções no Congresso após essas eleições. Há países que fazem plebiscitos costumeiramente, a Suíça, por exemplo. Nos Estados Unidos, o estado da Califórnia é famoso por seus plebiscitos. É uma forma de democracia direta. Aqui no Brasil, os conselhos mais diversos, com composição da sociedade civil, também possibilitam a democracia direta. Hoje, há pouco mais de 50 mil vereadores em todo o país. Mas, há mais de 600 mil conselheiros atuando nas mais diversas áreas, da Saúde à Alimentação Escolar, do transporte coletivo aos direitos dos idosos. Há toda uma discussão por fazer, há uma democracia a consolidar no Brasil. Em 5 de outubro seremos chamados às urnas. Mas, a MP da presidenta Dilma deverá ser a agenda da participação popular, passadas as eleições, pois nossos desejos, do povo deste imenso país, não cabem nas urnas.
Expediente Jornal Figueira, editado por Editora Figueira. CNPJ 20.228.693/0001-81 Av. Minas Gerais, 700/601 Centro - CEP 35.010-151 Governador Valadares MG - Telefone (33) 3022.1813 E-mail redacao.figueira@gmail.com São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica.
Responsável pelo Portal da Internet Enio Paulo Silva http://www.figueira.jor.br
FIGUEIRA - Fim de semana de 12 a 14 de setembro de 2014
Tim Filho
Cenário político I Eleições 2014
Ao fim das eleições, a participação popular
Diretor de Redação Alpiniano Silva Filho Conselho Administrativo Alpiniano Silva Filho MG 09324 JP Jaider Batista da Silva MTb ES 482 Ombudsman José Carlos Aragão Reg. 00005IL-ES Diretor de Assuntos Jurídicos Schinyder Exupéry Cardozo
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Conselho Editorial Aroldo de Paula Andrade Enio Paulo Silva Jaider Batista da Silva João Bosco Pereira Alves Lúcia Alves Fraga Regina Cele Castro Alves Sander Justino Neves Sueli Siqueira
Artigos assinados não refletem a opinião do jornal
Parlatório O Ensino Religioso deve ser oferecido nas escolas públicas?
O Ensino Religioso e a escola NÃO
Idélcio Fernandes Ferreira
Não quero neste texto apenas emitir opinião contrária ao Ensino Religioso – ER na escola. Meu objetivo é instigar uma reflexão consistente e coerente sobre o que tem sido o ER e o caminho que ele pode tomar e em muitos casos já tem tomado. Da forma como vem se apresentando, em diversas situações ou escolas, seria melhor que não existisse. O que tem acontecido é que o ER não é mais visto como instrumento de catequese ou de manutenção do poder, seja pelo Estado ou pela Igreja, mas tem se contextualizado com a formação de um indivíduo ético com valores para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Daí a reflexão: é necessário o nome ENSINO RELIGIOSO? Não seria melhor ÉTICA E CIDADANIA? Ou uma introdução à FILOSOFIA? O termo ENSINO RELIGIOSO sempre trará consigo um pensamento de resquícios da influência da Igreja sobre o Estado ou a ideia da relação de poder entre eles que citei acima. Fatores como a ausência da elaboração de um currículo básico comum que atenda à disciplina associada à falta de reconhecimento e capacitação de docentes desta área contribuem significativamente para o descaso com que é tratado pelo aluno, pelos demais professores, pela escola e por fim pela comunidade em geral.
O ER não deve, em hipótese alguma, confrontar-se com o direito à liberdade religiosa como descrito no Art. 5o, inciso VI, da constituição brasileira. A liberdade de consciência e o livre exercício religioso no Brasil é inviolável.
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O que tem acontecido é que o ER não é mais visto como instrumento de catequese ou de manutenção do poder, seja pelo Estado ou pela Igreja, mas tem se contextualizado com a formação de um indivíduo ético com valores para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Respeitando o princípio do Estado Laico, o caminho para o ER perpassa por temas como a prevenção e o combate a intolerância e o proselitismo, o respeito às diversidades religiosas, a formação ética do cidadão e os princípios da cidadania, sem esquecer de uma abordagem histórica sobre a religiosidade seja no mundo, no Brasil e até na região. Dito isto, não penso ser ENSINO RELIGIOSO o melhor título a um conteúdo tão rico, diverso e importante nos dias de hoje. Idélcio Fernandes é professor
Pelo Ensino Religioso plural SIM
Dom Nelson Francelino
O sistema escolar público atual tem cedido espaço para a violência, namoros sem limites sexuais, distribuição de camisinhas, alienação em relação a valores essenciais ao desenvolvimento humano e a inúmeros outros problemas. Não apresenta um programa eficaz de formação, que possibilite ao alunado um crescimento integral, não respondendo, consequentemente, às suas perspectivas pessoais, profissionais, sociais etc. Tal constatação põe em destaque as necessidades morais, espirituais e éticas de muitos estudantes e até mesmo de professores. A própria realidade escolar vem preocupando os pais dos alunos, sobretudo os mais pobres, os quais não têm condições de escolher um outro sistema de ensino que garanta o progresso de seus filhos em relação aos valores e convicções que lhes foram transmitidos de geração em geração. Optando pelo ensino público e confiando na parceria séria do Estado – que é laico e não ateu, democrático e não ditatorial – os responsáveis esperam encontrar um ensino de qualidade, que abarque todas as áreas da pessoa e que esteja em consonância com os sagrados princípios tradicionais traçados pela família, os quais incluem os princípios religiosos. Não há dúvida de que essas lacunas do Ensino Público, que vem gerando cerca de 40% de evasão escolar em nosso Estado, segundo as últimas pesquisas, precisam ser preenchidas. Esta realidade não pode ser sufocada pelo debate atual, que visa camuflar tais
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dados, fazendo do Ensino Religioso plural um vilão que desvia o foco do debate acerca da qualidade do Ensino público.
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O Ensino Religioso possibilita aos alunos encarar e superar as duras realidades que vêm de fora e que acabam por dificultar sua capacidade de projetar-se num conceito mais amplo e digno de vida e de futuro.
Consideramos que o melhor meio para começar a tratar dessas questões é o resgate e a revalorização do ensino religioso plural, garantindo nesses estabelecimentos de ensino os princípios norteadores colocados por aqueles que têm a última palavra acerca da educação, isto é, os pais e não os legisladores. O Ensino religioso oferece chances preciosas de se criar em cada criança e adolescente o interesse crescente pelo amadurecimento em relação à educação recebida, inicialmente, na família, desenvolvendo sua capacidade crítica e a consequente abertura às realidades do mundo lógico, físico, social e transcendente. O Ensino Religioso possibilita aos alunos encarar e superar as duras realidades que vêm de fora e que acabam por dificultar sua capacidade de projetar-se num conceito mais amplo e digno de vida e de futuro. Dom Nelson Francelino é bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Artigo publicado com autorização da Diocese do Rio de Janeiro.
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CIDADANIA & POLÍTICA
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FIGUEIRA - Fim de semana de 12 a 14 de setembro de 2014
Da Redação
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No Brasil as coisas acontecem, mas depois, com um simples desmentido, deixaram de acontecer. Stanislaw Ponte Preta Pseudônimo do jornalista Sérgio Porto, que atuou na imprensa brasileira nos anos 1950.
Amigos para sempre
O deputado tucano, Bonifácio Mourão, arrecadou quase 350 mil reais em sua campanha à reeleição para a Assembleia. O seu maior doador é a Cardiesel Ltda, que transferiu 150 mil reais ao deputado. Cardiesel tem como um dos proprietários o deputado Jayro Lessa. Ao que parece, as arestas ficaram para trás.
Campanha mais rica
Porém, a campanha mais rica à Assembleia de Minas em Valadares é a do deputado Hélio Gomes, que já recebeu quase 700 mil reais. O maior doador foi o próprio deputado, através de sua empresa de combustível. Ainda assim, a sua campanha já gastou quase 900 mil reais, apesar de ter arrecado bem menos.
Solidariedade
Entre doadores à campanha do deputado Hélio Gomes há uma filiada do PT/GV, com quase 30 mil reais. É a coordenadora do CRAS da Prefeitura Municipal, Dora Lessa.
Poucos recursos para candidatos do PT
Pelo que consta, há uma certa dificuldade em arrecadar recursos por parte dos candidatos do PT de Valadares. Geovanne Honório arrecadou pouco mais de 60 mil reais, apesar de já ter gasto quase o dobro do arrecadado, cerca de 115 mil. Gilson de Souza tem sido bem mais modesto e arrecadou menos de 30 mil reais.
Paulistas
O petista candidato à reeleição pela Câmara Federal, deputado Leonardo Monteiro, arrecadou pouco mais de 200 mil reais, sendo a empresa paulista, Equipave Engenharia, a maior doadora, com 190 mil reais. O deputado federal está em campanha com déficit financeiro-orçamentário, pois já gastou quase 700 mil reais, apesar de arrecadar bem menos da metade.
Pimentel pode ser eleito no 1º turno
O PT pode eleger o seu candidato ao Governo de Minas no primeiro turno. Fernando Pimentel aparece na pesquisa Vox Populi desta semana com 38% das preferências do eleitorado mineiro, enquanto o candidato do PSDB, Pimenta da Veiga ficou pra trás com 19%.
Arquivo Pessoal
Sacudindo a Figueira A figueira precipita na flor o próprio fruto Rainer Maria Rilke / Elegias de Duino
Panorama Brasil Tautologia O site www.omesmodiscurso.com.br veio para provar que em 25 anos de eleições presidenciais no Brasil (desde 1989), os candidatos continuam com os mesmos discursos. De Brizola, Mário Covas e Paulo Maluf a Dilma, Lula, Aécio e Marina Silva. Vejamos: - pensamos em estabelecer uma política de recuperação do poder aquisitivo do brasileiro. Lula, 1989. Todos os atuais candidatos repetem esse discurso; - pretendemos ações para impedir práticas monopolistas da mídia. Dilma, 2014. O mesmo discursos era usado por Lula e Brizola em 1989; - a primeira medida que tomaremos é o combate incessante à corrupção. Paulo Maluf, 1989. Todos, sem exceção trazem esse discurso em todas as eleições. - vamos realizar um conjunto de auditorias para fiscalizar as empresas estatais. Lula, 1989. Aécio repete esse discurso, sobretudo no caso da Petrobrás. - o Brasil precisa de mais disciplina para combater a inflação. Marina, 2014. Lula utilizou esse discurso com bastante força ao final do 2o mandato de FHC. Aécio repete agora em 2014 também.
As mentiras da mídia Mentir não é somente deixar de dizer a verdade, mas também mascarar e criar uma falsa verdade, segundo a sua conveniência. A mídia brasileira é especialista nisso. Vemos isso acontecer diariamente, bastando ter olhar crítico. Os programas televisivos são tendenciosos, maldosos e cheios de múltiplas intenções. A população brasileira é composta de várias etnias e, no entanto, vemos uma representação totalmente eurocêntrica desse povo brasileiro. Todos sempre muito claros e de preferência com olhos azuis. Onde estão os indígenas, negros e asiáticos que compõem também essa população? Quem não se vê, não se identifica. Por isso, nossas crianças têm tanta dificuldade na autoestima. O negro é mostrado, quando é, com deboche ou de modo estereotipado. Exemplo é o novo seriado que vai começar na plimplim que coloca a mulher como supersexualizada e mais uma vez como objeto de prazer e de uso. O racismo continua enraivecido, de maneira sutil como os praticantes sabem muito bem fazer. Vendo um programa de TV, fico boquiaberta por saber que acontece na cidade de maior população negra fora da África, mas o programa mostra praticamente só pessoas loiras. O que acontece com esse povo? Do que eles têm tanto medo? Ana Afro.
Alckmin e o estado da água
Pomba gira A pomba, símbolo do PSB, tem girado muito para acompanhar as mudanças de atitudes e opiniões da candidata Marina Silva. Gira todos os dias. Quem diria, a pomba do PSB está virando uma pomba gira.
Apoio de bancos Consta que todos os bancos que apoiaram Fernando Henrique em sua candidatura à presidência da República quebraram a seguir: Bamerindus, Econômico compunham a lista. Pode ser um alerta para Itaú e Santander na campanha aberta por Marina.
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A falta de água em São Paulo, por causa do esvaziamento do sistema Cantareira, tem provocado muitos chistes. Um deles traz a pergunta: em qual estado a água evapora? A resposta direta e simples: São Paulo.
Minha Casa Minha Fortuna Os quase 1.100 juízes e desembargadores de Minas Gerais têm o direito, desde a votação de quarta-feira no Tribunal de Justiça, a R$ 4.786,14 por mês a título de auxílio moradia, mesmo que a comarca disponha de imóvel próprio para residência deles. A conta a ser paga pelo contribuinte mineiro é de R$ 46,27 milhões por mês. Basta ao juiz fazer um requerimento ao TJ. Sobre esse valor nem incide o Imposto de Renda ou contribuição previdenciária. Ainda há quem pense que a desfaçatez no país é um problema apenas dos políticos.
Senso de humor é o sentimento que faz voce rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse a você. Apparício Torelly - Barão de Itararé
CIDADANIA 4
FIGUEIRA - Fim de semana de 12 a 14 de setembro de 2014
CONCURSO
Vale e Fundação Vale lançam concurso de curtametragens na Estrada de Ferro Vitória a Minas VALE
Da Redação Entre os dias 1 e 30 de setembro deste ano, a Fundação Vale e a Vale, em parceria com o Lab.Muy e Instituto Marlin Azul, estarão com inscrições abertas para o concurso de histórias do projeto Curta Vitória a Minas, iniciativa que dará a moradores de 15 municípios vizinhos à ferrovia a oportunidade de transformar, em vídeo, histórias reais ou fictícias sobre fatos curiosos e personagens marcantes das suas respectivas cidades. A proposta é contribuir para o fortalecimento territorial e comunitário dessas localidades a partir do registro de sua memória, dos seus costumes, hábitos, lendas e peculiaridades. Em sua primeira edição, o projeto Curta Vitória a Minas irá contemplar moradores dos municípios de Fundão, Ibiraçu, João Neiva, Colatina e Baixo Guandu, no Espírito Santo; e Aimorés, Resplendor, Conselheiro Pena, Tumiritinga, Governador Valadares, Periquito, Belo Oriente, Antônio Dias, Santana do Paraíso e Nova Era, em Minas Gerais. Poderão participar da iniciativa quaisquer pessoas com idades acima de 18 anos que residam em uma das cidades contempladas pela iniciativa que tenham uma boa história para contar e que demonstrem interesse pela área de audiovisual. Não é necessário comprovar experiência anterior na atividade. A seleção das histórias de autoria dos moradores será realizada por uma comissão de especialistas na atividade audiovisual. Ao todo, serão selecionados 15 textos, um de cada município contemplado, além de outras 15 histórias suplentes, levando em consideração o grau de originalidade do texto e o interesse gerado pelo tema. Cada curta-metragem deverá ter, no máximo, 12 minutos. Formação básica Como parte do Curta Vitória a Minas, a Vale e a Fundação Vale irão oferecer um curso de formação básica em audiovisual para os autores que tiverem as suas histórias selecionadas pela comissão julgadora. Com duração de 15 dias, a capacitação será realizada em Ibiraçu, no Espírito Santo, entre os dias 16 e 29 de novembro de 2014, e os autores serão convidados pela própria organização do concurso para participarem do treinamento. A participação no curso de formação será obrigatória para os selecionados, além de ser requisito necessário
A Estrada de Ferro Vitória a Minas, na altura de Aimorés. A estrada será tema de histórias, produzidas em vídeo, por moradores das cidades ao longo da ferrovia
para a realização dos curtas-metragens propostos em cada texto. Na etapa seguinte, os filmes serão exibidos em sessões abertas e gratuitas em uma tela de cinema montada em ruas e praças das cidades participantes. As obras também farão parte da programação das tevês do Trem de Passageiros da Vitória a Minas e integrarão um coletânea de DVDs a ser distribuída gratuitamente para escolas, bibliotecas públicas, cineclubes, pontos de cultura e outras instituições sociais. As inscrições para o Curta Vitória a Minas poderão ser feitas pelo site www.curtavitoriaaminas.
com.br, onde também é possível encontrar o regulamento do concurso. No ato da inscrição, o candidato deverá anexar cópia da Carteira de Identidade, do CPF, além de comprovante de residência atual em nome do autor da história. Cada pessoa poderá concorrer com mais de uma história, sendo que apenas uma será selecionada. Não serão permitidas inscrições que contenham mais de um autor por história. Para aqueles que preferirem os meios tradicionais, também será possível efetuar a inscrição pelos Correios. Nesse caso, será preciso imprimir a ficha de inscrição disponível no site e enviá-la preenchida, junto com cópia da Carteira de Identidade, CPF e um comprovante de residência atual em nome do
SAÚDE
autor da história para a organização do Curta Vitória a Minas (Rua Oscar Rodrigues de Oliveira, 570, Jardim da Penha, Vitória / ES, CEP 29060-720). Os interessados em participar do concurso, mas que não tiverem comprovante de residência atual em nome próprio, terão de providenciar uma declaração emitida pelo proprietário do imóvel no qual reside. É obrigatório que o documento seja registrado em cartório. Tanto o comprovante, quanto a declaração, devem ser enviados com a ficha de inscrição para a coordenação do concurso. Já para quem reside em imóvel alugado, é necessário enviar uma cópia do contrato de aluguel junto com a inscrição, desde que no contrato conste o nome do autor da história como inquilino.
TOME NOTA
Conselho Distrital de Saúde Indígena discute políticas de saúde em Valadares Secom/PMGV
Terminou na quinta-feira (11) o encontro dos membros do Conselho Distrital de Saúde Indígena de Minas Gerais e Espírito Santo, que desde terça-feira (9) discutiu as políticas de saúde voltadas para a área. Na abertura do encontro, no auditório da Prefeitura, onde foi realizado, a prefeita Elisa Costa destacou a melhoria da Atenção Básica de Saúde, o que favorece o atendimento. “O Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) determinam que os municípios tenham 70% de cobertura na atenção básica. Hoje, conseguimos 72% de cobertura. Tínhamos dificuldade em manter os médicos, de substituí-los em caso de licença e até de expandir a rede de Atenção Básica de Saúde. Com o programa Mais Médicos, do governo federal, nossa realidade mudou. Ainda conseguimos reduzir em 20% a ida aos hospitais e aos especialistas porque os médicos das Unidades Básicas de Saúde orientam a população sobre os cuidados que deve tomar para não adoecer”, explicou a prefeita.
Mutirão Preventivo será realizado neste sábado, com agendamento de mamografias Neste sábado (13), o Centro Viva Vida de Referência Secundária (CVVRS) realiza o já conhecido Mutirão Preventivo, desta vez, referente ao mês de setembro. Além de fazer o Papanicolaou – exame capaz de diagnosticar precocemente o câncer de colo de útero, aumentando as chances de cura da paciente –, na ocasião, as mulheres que comparecerem ao local poderão ainda agendar mamografia. É uma oportunidade que a Prefeitura de Valadares oferece àquelas que trabalham fora o dia inteiro e não tem tempo de cuidar da saúde. Lembrando que as senhas são distribuídas das 7 às 8h e os exames realizados somente na parte da manhã. É preciso levar cartão do SUS, comprovante de residência e identidade. O Centro Viva Vida fica na rua São João, 344 – Centro. Dados
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No primeiro semestre deste ano foram realizados 12.888 exames preventivos de colo de útero em Valadares, sendo 1.151 no último mês. Do total de exames feitos este ano, 249 apresentaram alteração, sendo 38 no mês de agosto. Em 2013, foram 16.912 procedimentos feitos pela Rede SUS no Município. Os casos considerados graves são encaminhados ao Centro Viva Vida, que é referência regional em questões de saúde sexual e reprodutiva tanto masculina quanto feminina. Em casos de lesões consideradas de baixo grau, o tratamento é feito na própria unidade de saúde.
POLÍTICA 5
FIGUEIRA - Fim de semana de 12 a 14 de setembro de 2014
Notícias do Poder
Risco de encolher
José Marcelo / De Brasília
A queda do candidato Aécio Neves nas pesquisas de intenções de votos coloca em risco o futuro do PSDB. A avaliação é o PhD em Ciência Política pela universidade de Chicago (USA), o cientista político Alexandre Barros. Consultor de empresas e veículos de comunicação internacionais, Barros disse que diante do pífio desempenho e do desejo de Aécio voltar a disputar o governo de Minas, para garantir a própria sobrevivência, coloca o ninho tucano sob a ameaça de minguar, nos mesmos moldes do que aconteceu com o Democratas. Aécio é, no momento, a principal estrela tucana e já teria avisado que não vai disputar o Palácio do Planalto em 2018, com ou sem Lula na corrida presidencial.
Foi medo Foi por tentar ganhar a simpatia dos empresários e investidores que a presidente Dilma Rousseff anunciou que o ministro da Fazenda Guido Mantega não integrará a equipe de um virtual segundo mandato dela. Mantega vem sendo fritado há tempos, conforme já antecipado aqui, nesta coluna. Nem entre colegas de ministério ele tem a aprovação, mas sempre foi mantido no cargo, segundo um dirigente do PT, por causa da imensa capacidade de dizer sim a todos os desejos de Dilma Rousseff. Mas a situação chegou ao insustentável nas últimas semanas.
Elegância Justificar a saída como um pedido pessoal de Mantega foi a maneira elegante encontrada pela presidente. Dilma já teria se arrependido de não ter alegado um problema de saúde na família do ministro para adotar a medida, tempos atrás, quando teve chance. Pedidos de aliados nunca faltaram.
Recomendação A saída de Mantega foi apenas uma, das inúmeras decisões tomadas por Dilma Rousseff, para tentar garantir um segundo mandato. As demais são fruto de uma reunião com todos os caciques do PT, em São Paulo, na sexta-feira. Dirigentes do PT, figuras históricas do partido, a equipe de assessores e marqueteiros, todos capitaneados pelo ex-presidente Lula, fizeram uma lavação de roupa suja e uma análise de como impulsionar a candidatura de Dilma e enfrentar a ex-companheira Marina Silva (PSB).
Decisões Ficou acertado que o PT vai continuar atacando Marina Silva, sem dó nem piedade. Até então, os ataques eram feitos por petistas e não diretamente pela candidatura. Dilma Rousseff foi instruída a não perder oportunidades de fazer comparações, destacando os pontos fracos da adversária, em contraponto ao programa de governo para o segundo mandato. Outra decisão é fazer comparações entre o Brasil antes e depois do PT. Em bom português: o partido que já vendeu esperança, vai vender medo de mudança.
Salvem Padilha Além do medo da derrota de Dilma, o temor que estava confinado ao PT paulista e se espalhou na executiva nacional foi o de queimar o candidato ao governo de SP, Alexandre Padilha. O ex-ministro da Saúde é uma das grandes apostas de renovação de quadros e lideranças do partido. Mas nada faz o ex-pupilo de Lula decolar nas pesquisas. A única coisa que Padilha lidera é o ranking de candidatos que menos arrecadam e mais gastam. Em determinado momento, Lula teria manifestado desejo de largar a mão de Padilha e apoiar o empresário Paulo Skaff, mas recebeu um puxão de orelhas do colega e fez o que sempre faz: atuou fortemente como soldado da legenda que ajudou a fundar.
Risco ao PT Mas o PT também corre risco, segundo o professor. Neste caso, após 12 ou 16 anos de governo, caso Dilma seja reeleita, o desgaste natural poderá elevar a rejeição ao PT a níveis irrecuperáveis.
Em tempo Nas consultorias que dá às empresas e veículos estrangeiros, Alexandre Barros diz que as perguntas que mais ouve dizem respeito à corrupção e aos escândalos políticos no Brasil. E é difícil explicar aos gringos o porquê de os assuntos preocuparem tanto os investidores e tão pouco ao eleitor, que não se envolve na discussão. Eles não entendem.
José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia e apresentador da edição nacional do Jogo do Poder, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília.
Crônica Dilvo Rodrigues
Aquele mesmo rio, de outras histórias Eu trabalho de frente para o rio. Não é assim, aquela coisa bucólica e romântica. Não, não é aquela cena de filme que a gente coloca uma cadeira ali às margens do Rio Doce, sentado com um computador no colo. Mas a água tá ali, passando do outro lado da rua. Ou seja, é só descer as escadas, apertar o botão “abre” do portão eletrônico, atravessar a rua e pronto. Acontece o barulho do rio passando, calma e poluidamente, fugindo para o mar. Amamos esse rio. Mas sabe como é? Nem sempre a gente sabe cuidar bem daquilo que ama. Às vezes tem um povo lá, sentado, batendo papo. Uma conversa marota de vida mansa. Às vezes tem um povo fumando uns cigarros diferentes por lá, acho que aquilo tem ciência! Tem alguns que param por ali e ficam só observado a água vir e ir. Outro dia, apareceu um corpo de uma senhora entre as pedras. O lixo arrastado pela correnteza da última enchente permanece nos galhos dos arbustos. Sempre tem umas garças graciosas passeando pelos rochedos esculpidos pela força fluvial. Nas segundas, aparece um sujeito com uma canoa azul. A canoa amarela fica encostada ali no barranco, tomada pela água, amarrada a uma árvore por correntes fortificadamente enferrujadas. Se fosse bicicleta, em Valadares, já teria sido roubada. Nunca vi peixe saindo do Rio Doce. Melhor dizendo, nunca vi ninguém pescando se quer lambari nesse rio. A gente acaba encontrando pelas ruas da cidade um vendedor ou outro com uma penca deles amarrada ao guidom ou na garupa da bicicleta. Eles dizem que com um pouco de paciência dá para pegar uns belos de uns dourados. Mas eu duvido! Tudo história de pescador! Qualquer peixe, por mais bobo que fosse, não iria estabelecer morada nessas águas verdes e mal cheirosas. E isso me faz pensar que os índios cuidavam desse mundaréu de água bem melhor que nós. E olha que a gente tem a ciência. Índio só tinha gratidão pelo rio. Índio é outra história. Ficava ali, pescava o que era necessário e tomava banhos demasiadamente vezes por dia. O Rio era o agente da paz, impedindo encontros mortais entre tribos rivais, a margem esquerda versus a margem direita. Oriente contra ocidente. Pensando bem, talvez índio seja a mesma história, mas só nessa coisa de guerra. O Carlos Drummond de Andrade escreveu que “no meio do caminho tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho”. Se ele vivesse aqui teria sido diferente: “No meio do caminho tinha um rio. Tinha um rio no meio do caminho e a pedra era o destino.” Os geólogos dizem no leito do rio morar um
Personagens da peça “Em verdade vos digo” durante apresentação
“Em verdade vos digo”: Companhia de teatro de Teófilo Otoni se apresenta no Atiaia neste domingo
vulcão aposentado, que deixou de cuspir fogo para engolir água. Um sumidouro responsável por devorar os animais mais indefesos e homens ruins de natação. Eu sempre tive muito medo era mesmo da Cachoeira Escura, uma queda d’água que não dava para ver meio palmo a frente do nariz. A copa das árvores impedia a passagem da luz. Eu nunca tive coragem de entrar. Tomar banho no escuro só se for na bica da casa do tio José, o Banho tcheco! Tcheco no “subaco” esquerdo, tcheco no “subaco” direito. Ta limpo! E quem nunca tomou banho no rio? Eu tomei vários. Nunca fiquei doente por isso. Alguém um dia me disse que o banho de rio purifica a alma, leva embora os sofrimentos dela. Deve ser por isso que os índios tomavam banho várias vezes por dia, pra levar embora os espíritos ruins, as artimanhas do “coisa ruim”. Mas aí, outra dúvida surge: “E aquelas pessoas que entraram no rio quilômetros antes da gente? Será que a gente incorpora as coisas ruins delas?” Não sei. Cadê o índio pra perguntar? Índio que se preza não moraria nas margens desse rio sem peixe, sem banho, descuidado e largado feito mendigo, feito drogado. Um sujeito sabido dos entendimentos do mundo disse certa vez que ninguém se banha no mesmo rio duas vezes. Que pena, hein, Rio Doce? Ah, se você fosse aquele mesmo rio, de outras histórias. Eu me banharia em suas águas novamente. Dilvo Rodrigues é jornalista e cronista, escreve semanalmente no blog: https://merascronicas.wordpress.com/
Neste fim de semana tem peça no Atiaia. O grupo In-Cena traz a Valadares o espetáculo Em verdade vos digo, que estreou no Chile em 2013 e já circulou por São Paulo, Belo Horizonte, Araçuaí e Teófilo Otoni. O texto é um mergulho no universo da prostituição e da vida cotidiana, que torna todos suscetíveis a prostituir-se em algum momento. Segundo os diretores André Luiz Dias e Anderson Feliciano, o espetáculo nasce de histórias contadas por mulheres marginalizadas, com abordagem delicada, e que retrata esse universo por meio de quatro atores que estabelecem uma intimidade com público. O In-Cena é o primeiro grupo do Vale do Mucuri a profissionalizar-se e a ter o seu trabalho reconhecido fora do estado de Minas Gerais, sendo hoje reconhecido internacionalmente. Em 2012, inaugurou o Espaço Cultural In-Cena – sede da Escola Livre de Teatro e do Grupo In-Cena de Teatro. O Grupo In-Cena de Teatro começou em 2007, idealizado por Andre Luiz Dias e Cida Correia. O In-Cena hoje mantém um Instituto Cultural In-Cena, que foi reconhecido e recebeu em 2013 o Prêmio Cena Minas, prêmio de artes cênicas do Estado de Minas Gerais. O grupo se apresenta no domingo (14). Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
CURSO Para esclarecer os profissionais da contabilidade sobre os procedimentos para a entrega do Bloco K do SPED Fiscal, obrigação referente à produção e estoques das empresas que deverá ser exigida a partir de 1º de janeiro de 2015, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) - Regional Rio Doce e o Sindicato dos Contabilistas de Governador Valadares – Sindcont/ GV realizam no dia 12 de setembro, o curso “SPED - EFD ICMS/IPI Custos Industriais e Bloco K: Controle da Produção e do Estoque”. O treinamento é voltado aos
contabilistas, profissionais da área fiscal e responsáveis pela preparação e apresentação de informações econômico-fiscais no âmbito do SPED e abordará as condições de escrituração do novo bloco de informações da EFD - ICMS/IPI, como prazos, quem está obrigado a apresentar as informações e o que deverá conter. O instrutor é Cleber Betti, contabilista, advogado tributarista e especialista em tributos estaduais, municipais e federais.O curso acontece
das 8h às 17h, no auditório da Fiemg Regional Rio Doce, na Av. Brasil, 4000, Centro. A presidente do Sindcont/GV, Simone Claudino informou, que a ação do sindicato visa promover acesso à capacitação de qualidade dos profissionais da contabilidade a respeito de temas do seu cotidiano. Os interessados em participar do treinamento podem fazer as inscrições pelo telefone (33) 3271.8383 ou pelo e-mail secretaria@sindcont.com. As vagas são limitadas.
METROPOLITANO 6
FIGUEIRA - Fim de semana de 12 a 14 de setembro de 2014 Fábio Moura
Ganhar títulos já é rotina para a equipe adulta de futsal feminino Univale/Filadélfia/Prefeitura, que conquistou pela quinta vez o título do Campeonato Mineiro Feminino após vencer o time de Teófilo Otoni no último domingo
São quase 20 anos de conquistas Meninas do futsal valadarense, comandadas por Guilherme Frossard há quase 20 anos, conquistam mais um estadual
Gabriel Sobrinho / Repórter
ir por falta de condição e recurso financeiro. A organização do Futsal Mineiro é fraca. Aqui não tem estrutura igual ao Sul, A equipe adulta de futsal feminino Univale/Filadélfia/Prefei- por exemplo, que hoje é a maior referência. Para se ter ideia tura conquistou pela quinta vez o título do Campeonato Mi- de como nosso time é privilegiado, nos últimos cinco mundiais neiro Feminino após vencer o time de Teófilo Otoni no ultimo disputados pela seleção brasileira de futsal feminino, em todomingo dia 7, por 3 a 0. Com a vitória, a equipe valadarense dos os times nunca teve menos que três atletas formadas aqui. garantiu a vaga na Taça Brasil 2015, que será realizada em San- No Sul, nós temos mais de 20 meninas. Na Rússia, Espanha e ta Catarina. Mas, para chegar a tantas conquistas e resultados Itália temos garotas que começaram aqui. O sucesso das nospositivos é preciso muito comprometimento e entrega das atle- sas meninas primeiramente vem delas. Dedicam-se em tempo tas. Governador Valadares é considerada um celeiro de craques integral ao esporte, de tarde ou de noite. Mas a bolsa integral da modalidade. Para se chegar às medalhas, os bastidores do que a Univale oferece para qualquer curso é o principal motivador para essas meninas. Com a bolsa, a família fica mais esporte são repletos de muito trabalho e persistência. Terça-feira, Praça de Esportes, oito horas da noite, e elas segura quanto ao futuro delas”. Guilherme ainda lembra com muito orgulho da maior já estão preparadas para mais um treino. Na quadra, treinam as meninas do Sub 20, felizes pela conquista das companhei- referência do futsal feminino valadarense: Vanessa Pereira. ras do time adulto, elas suam a camisa com objetivo de joga- Considerada melhor jogadora de Futsal do Mundo pela FIFA. rem bem as quartas de final da categoria, o que já está bem “A Vanessa saiu daqui. Ela é natural de Patos de Minas, mas próximo. Sob os olhares atentos do coordenador Guilherme teve toda a sua base aqui com a gente. Muitas pessoas falam Frossard, elas sabem que são parte de um grupo seleto de jo- que ela é o Falcão de saia, por causa da habilidade, velocidade gadoras, em um dos principais times femininos do estado de e inteligência com a bola. Hoje, ela é espelho para as outras meninas. Vanessa foi pra Espanha, mas não a deixaram estuMinas. Para todas elas isso é motivo de muito orgulho. Guilherme está nesse projeto desde o início, há quase 20 dar, teve que voltar para terminar os estudos. Hoje, ela joga anos. Ele brinca dizendo que no começo fazia praticamente em Chapecó. Mesmo o futsal não sendo um esporte olímpico, tudo no time: era treinador, roupeiro e massagista. Hoje, co- mas pelo fato dela ter sido a melhor do mundo três vezes, o ordena o projeto, mantido pelo Filadélfia, a Univale e a Pre- governo de Santa Catarina deu uma bolsa olímpica pra ela de feitura de Valadares, em parceria. Para ele, o panorama do 15 mil por mês. E tem salário pela Prefeitura de Chapecó”. Nayara Ferreira dos Anjos já passou por todas as cateesporte poderia ser melhor na cidade: “O adulto acabou de ser Campeão Mineiro, agora foi a nossa quinta conquista. Nos gorias do futsal feminino do Univale/Filadélfia/Prefeitura. Jogos Abertos de Minas nós vamos tentar o sétimo titulo. Na Na medida em que cresceu a qualidade dentro de campo se Liga Nacional Universitária somos bicampeões, paramos de aperfeiçoou, com isso veio a ambição de se tornar treinadora
da equipe que a revelou. Com a possibilidade de ter a bolsa integral na Univale, não pensou duas vezes, escolheu a Educação Física para ser sua profissão. “Hoje, sou treinadora do Sub 13 e 11. Para mim, isso tudo não tem preço, amo muito o que faço. Vejo todas elas correndo e treinando, imagino o que seria da vida de muitas delas se não fosse o futsal. A maioria das meninas mora em bairro periférico da cidade, poderiam estar envolvidas com diversas coisas ruins através das más influencias. Mas não, elas abriram mão de tudo para estarem aqui. Isso me motiva”. Na arquibancada vazia, a atenção de Simone Martins Moreira Gomes se divide em ler um livro e observar o treino da filha na quadra. Sempre que pode, ela acompanha a jovem jogadora de 14 anos nas viagens e treinamentos. No início, tentou seduzir a filha com outros esportes, tentou até a leveza e a delicadeza do ballet. Mas não teve jeito, foi com o futsal que Carolina se encontrou como atleta. “Ela era muito agitada, ainda é um pouco, mas já foi mais. Já desconfiava que ela fosse jogadora quando estava na minha barriga, era incrível como ela chutava. A médica achava que era um menino. Já tentei de tudo com ela, quando era mais novinha, até pela capoeira ela se encantou. Mas a paixão pelo futsal aconteceu quando resolvi trazê-la para acompanhar as partidas dos jogos municipais das escolas e era justamente no dia do futsal. Quando ela entrou aqui na quadra ficou doida. Não queria saber de mais nada, só de jogar bola. Hoje eu incentivo. O futsal fez bem demais pra ela, como filha, como aluna, como pessoa. O conselho que eu dou é para que sempre os pais apoiem e nunca se esqueçam de acompanhar de perto todo o processo de crescimento do filho como atleta”.
Câmara reconhece a inclusão educacional de crianças Gabriel Sobrinho
Gabriel Sobrinho/Repórter
Em Valadares, na última década, o Centro Municipal de Referência em Educação Especial Inclusiva (Craedi) tem sido ambiente de transformação e apoio na vida de 540 crianças e adolescentes matriculados na rede municipal de educação. Na noite de 5 de setembro, a psicóloga e educadora Leila Salgado, fundadora do Craedi, foi homenageada por esse trabalho, pela Câmara de Vereadores. O Centro também promove a formação continuada dos professores e monitores que atendem diretamente as crianças com necessidades educacionais especiais nas escolas, avançando sempre na afirmação do direito e da estima dos que têm dificuldades de desenvolvimento intelectual, autistas, deficientes auditivos e visuais, portadores de altas habilidades, entre outros. No primeiro semestre deste ano, o Craedi participou do Fórum de Educação 100% Inclusiva, em Brasília, no qual a coordenadora Leila Salgado de Paula apresentou o trabalho “A Escola: Aprendendo com as Diferenças”, premiado entre três experiências em todo o Brasil no 3º Prêmio Experiências Educacionais Inclusivas 2013, outorgado pelo Ministério da Educação. Leila expressou-se na Câmara destacando: “Esse é o resultado de todos os educadores municipais que abraçaram a causa, de cada gestor que acreditou em nossos sonhos,
cada familiar que acredita e confia em nosso trabalho, e principalmente os 540 alunos que atendemos. Fico a pensar que o começo foi uma pequena equipe reunida em uma sala, buscando pensar o atendimento educacional especializado para a rede municipal de ensino. Hoje eu acredito que ficou um pouco mais fácil. Temos resoluções, temos legislações mais claras. A missão está apenas começando. O desafio é um companheiro constante, estamos trilhando, cuidadosamente, devagar, mas de fato, o caminho da inclusão. Existe a necessidade da discussão e construção de uma política pública de inclusão social com a participação da sociedade”. A prefeita Elisa Costa, presente na homenagem, proposta pelo vereador Padre Paulo, ressaltou que para uma gestão pública esse é um projeto social de muita importância. “São várias pessoas dedicadas, comprometidas, que fazem esse trabalho com amor. Cuidando de cada criança, cada adolescente, mesmo com toda diferença, mas com muita persistência acreditando nas suas possibilidades, nos seus talentos, todos os dias. Cada superação é uma vitória. São essas pequenas superações de cada dia que são sentidas e percebidas pelos educadores, que conseguem avaliar o crescimento, o desenvolvimento dessas crianças. Inclusão significa respeitar todas as diferenças, superar todos os preconceitos, e assumir compromissos com intensidade.”
Leila dedicou o prêmio aos educadares que abraçaram a causa
SOLIDARIEDADE
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FIGUEIRA - Fim de semana de 12 a 14 de setembro de 2014 Fábio Moura
Recado Capital
ESPECIAL
Weverton Gadi Carvalhais, Dute
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Daqui de Belo Horizonte, quero dizer que estou com saudades da minha família aí em Governador Valadares. Estou doido pra chegar aí. Minha terça-feira foi de felicidade total. Vocês vão ver como foi aqui no jornal Figueira. Obrigado a todos e continuem torcendo por mim”. (Weverton Gadi Carvalhais, o Dute)
Arquivo Pessoal
Dute, o pequeno guerreiro Tim Filho / Repórter
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“Ele ficou impressionado com a gravidade da doença, que ele não conhecia. Pegou a carta escrita pelo Dute e disse que vai mostrar a todos os jogadores do Galo.”
Thatiane Carvalhais Prima do garoto Dute
garoto Weverton Gadi Carvalhais, o Dute, valadarense, é apaixonado pelo Galo, talvez o mais apaixonado torcedor do Clube Atlético Mineiro. Aos 12 anos de idade ele já tem dois títulos internacionais: Campeão da Taça Libertadores da América e Campeão da Recopa Sul-Americana. Sofreu como ninguém torcendo pelo seu time do coração. Mas a vida colocou um obstáculo no seu caminho e ele precisa superá-lo. E na vida de Dute, cheia de surpresas, os papeis se inverteram. Ele que sempre torceu (e torce) pelo Galo, agora virou xodó dos jogadores time do Atlético Mineiro, que estão torcendo pelo Dute. É longa a história que envolve este drama, esta paixão e estas surpresas. Dute foi diagnosticado com a Doença de Cronh, uma doença inflamatória do trato gastrointestinal, que afeta predominantemente a parte inferior do intestino delgado (íleo) e intestino grosso (cólon), mas pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal. Os médicos afirmam que a Doença de Crohn é crônica e provavelmente provocada por desregulação do sistema imunológico, ou seja, do sistema de defesa do organismo. Provoca dores abdominais e a diarreia, que surgem frequentemente após as refeições. São comuns dores articulares (dores nas juntas), falta de apetite, perda de peso e febre. Outros sintomas precoces da Doença de Crohn são lesões da região anal, incluindo hemorroidas, fissuras, fístulas e abcessos. Para tratar a doença, Dute está internado no Hospital Infantil João Paulo II, em Belo Horizonte, mas de longe recebe muito carinho dos seus amigos e familiares, que ficaram em Governador Valadares e em São João Evangelista. Carinho e atenção tamanho família. Sua prima e madrinha, Thatiane Carvalhais, mesmo com o estudo pesado que tem feito em um mestrado insterdisciplinar na Univale, arranja tempo para viajar semanalmente a Belo Horizonte para acompanhar o garoto, que é sua paixão. Thatiane criou uma campanha na rede social Facebook, com a hashtag #eutorçopeloDute, que se espalhou entre os internautas. Muitos fazem selfies segurando um cartaz com a frase desta hashtag. Na semana passada, Thatiane passou dos limites. Enviou uma mensagem para a assessoria de comunicação do Clube Atlético Mineiro contando o drama do pequeno Dute e pedindo a visita da mascote Galo Doido no hospital onde ele está internado. Seria uma forma de alegrar o pequeno atleticano e contribuir para a sua recuperação. Para a sua surpresa, a assessoria do Atlético Mineiro respondeu imediatamente a mensagem e agendou a visita do Galo Doido em caráter de urgência, para a terça-feira, dia 9. E não é que a agenda foi cumprida? Por volta de 13h do dia 9, o Galo Doido chegou ao hospital. Mas o encontro com
Dute foi cheio de surpresa e suspense. O garoto não sabia de nada. Foi tirado do quarto e levado para uma sala. Nesta sala, duas funcionárias do hospital (pedagoga e assistente social) explicaram a ele que possivelmente, a mascote do Galo faria uma visita às crianças que estavam internadas lá, mas na semana das crianças, e caso o Galo Doido realmente fosse, Dute poderia entregar uma carta para a mascote. No festival de “mentirinhas” elas fizeram uma bela encenação. “Mas, o que você gostaria de pedir a ele?”, perguntou uma das funcionárias. E mandou o garoto escrever uma carta com seus pedidos. E o pequeno grande Dute escreveu que gostaria de conhecer Diego Tardelli, Luan, Jô, enfim todo o time do Galo. Ao final, a funcionária perguntou: “Você quer que a gente leve a carta ou você prefere entregar pessoalmente ao Galo Doido?”. Ele respondeu sem pestanejar: “Quero entregar pessoalmente”. “Pois então, entregue”, disse a moça. A porta da sala se abriu e a mascote Galo Doido entrou fazendo as suas doidices. Abraçou o pequeno Dute e fez a maior festa. Quando tudo parecia completo, Dute foi informado de que tinha mais surpresa. Perguntaram a ele: “Quem é o zagueirão do Galo, aquele que faz gol de cabeça?”. Ele respondeu na hora: “Leonardo Silva”. E o zagueirão do Galo entrou na sala, abraçou Dute, fez fotos, conversou, brincou e se emocionou. “Ele ficou impressionado com a gravidade da doença, que ele não conhecia. Pegou a carta escrita pelo Dute e disse que vai mostrar a todos os jogadores do Galo. E disse que a partir de hoje, todo o time do Galo vai torcer pelo meu afilhado”, disse Thatiane, lembrando que Leonardo Silva foi muito atencioso com Dute e com todos. Leonardo Silva levou um jogo completo do uniforme atleticano para Dute: camisa, calção e meiões. Levou também a camisa que ele usou no último jogo do Galo. Autografou todas as peças. Dute ficou tão emocionado, que ficou sem ação, paralisado pela emoção, sem entender o que estava acontecendo. E ficou mais bobo ainda quando Leonardo Silva disse a ele: “assim que você ficar bom e tiver autorização dos médicos, você vai entrar em campo comigo, antes de uma partida do Galo, pra sentir o calor do nossa torcida”. No pacote de mimos, Leonardo Silva incluiu também uma visita de Dute à Cidade do Galo. “Todos os meus companheiros vão te dar um abraço”. Depois de passada a emoção, Dute falou com este Figueira, pelo telefone. Agradeceu o apoio do jornal, dos valadarenses que estão torcendo por ele, e se mostrou confiante com a sua recuperação. Ele recebeu alta na quarta-feira, mas continua em Belo Horizonte, na casa de familiares, ainda com sonda e seguindo à risca as orientações dos médicos e das nutricionistas.
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“Assim que você ficar bom e tiver autorização dos médicos, você vai entrar em campo comigo, antes de uma partida do Galo, pra sentir o calor do nossa torcida.”
Leonardo Silva Zagueiro do Atlético Mineiro
GERAL
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BRAVA GENTE
Ombudsman
FIGUEIRA - Fim de semana de 12 a 14 de setembro de 2014
ANA MÁRCIA DENADAI Arquivo Pessoal
José Carlos Aragão
Primeira vez É um erro mais comum do que parece. E aconteceu também com o Figueira da semana passada. Refiro-me a duas chamadas de primeira página para uma mesma matéria no miolo do jornal. Confiram: “Valadares Jazz festival define grupos” e “Virada Cultural de BH e Valadares Jazz Festival são destaques na cultura”. Ambas chamavam para a página 11. Esse tipo de distração ou lapso é comum quando há mais de um responsável pelo fechamento do jornal, particularmente pelo fechamento da última página – que, em jornal, é a primeira capa, quase sempre. Primeira página A capa de um jornal, em geral, só se define depois que todo o conteúdo da edição já está decidido e configurado. Claro, muitas vezes, todo o planejamento de uma primeira página pode ir pelo ralo de um segundo para outro. Vai que um presidente da república se suicida, um outro renuncia, uma carismática princesa morre em um acidente de trânsito ou que dois jatos se choquem contra um mesmo edifício no coração de Nova York... Fechar uma primeira página requer mais que a sensibilidade de escolher a notícia mais importante e a melhor manchete para traduzi-la. É pela capa que se conhece um jornal, identificam-se seus objetivos, princípios, interesses e, consequentemente, sua linha editorial. Portanto, a primeira página requer atenção redobrada do editor, para evitar erros, por menores que sejam. Um acento fora de lugar, um adjetivo mal escolhido, uma legenda truncada, uma informação errada – tudo pode minar a imagem institucional do jornal perante seu leitor. Claro, não há de ser a dupla chamada para um festival de jazz que irá comprometer a imagem que o Figueira ainda está construindo no cenário em que se insere. É apenas um alerta, para que se redobre a atenção e se evitem erros bobos.
Ana Márcia Denadai e suas criações. Coisa fina!
O talento de Ana Márcia Denadai Natália Carvalho /Repórter Ana Márcia Denadai sempre se interessou por arte. Criada em Itabira, uma cidade cultural, onde aprendeu a cantar, desenhar, fazia teatro, e até os seus próprios brinquedos. Cresceu, mas nunca deixou a arte de lado. Em 2003, se formou em Direito, e após pegar o diploma se tornou bancária. Mas, logo abandonou a profissão para seguir o sonho de trabalhar com algo que ama: “A arte é algo latente, fica pulsando dentro de nós”, diz. Foi para Belo Horizonte fazer uma especialização em Design de Moda, mas ao chegar lá o curso não havia fechado turma. Ao caminhar pela cidade, Ana Márcia viu bonequinhos de biscuit e se encantou. Com o dinheiro que faria o curso de Design de Moda ela pagou pelo curso de biscuit,
Segunda vez Capa é vitrine. Por isso, deve ser perfeita, bonita, atraente. E – como qualquer vitrine de loja – serve para vender o que tem lá dentro. Para o bem ou para o mal. Na capa da última edição, o Figueira me “vendeu” uma mesma informação duas vezes, como já comentei acima. No meu papel de ombudsman, não tinha como deixar passar o erro. Como era capa, era muito evidente. E comecei a escrever a minha coluna justamente a partir do mote que me fora oferecido de bandeja. Mal podia eu imaginar que aquele desafortunado lapso de edição se repetiria no miolo da mesma edição! Ele está lá, na página 5, na coluna Notícias do Poder, do jornalista José Marcelo: a nota intitulada Visual de Marina é publicada duas vezes ao final de um box da coluna, à esquerda. Antes da terceira vez Não sei o que pode ter causado dois erros primários e tão similares em diferentes páginas de uma mesma edição. Em situações assim é comum que se atribua a culpa à falta de uma revisão final. É óbvio. Quando se trata de primeira página, o fator tempo também é sempre apontado como causador do transtorno: fechamento de jornal é sempre uma correria, a gráfica está esperando pra rodar, o leitor espera para ler e o editor espera que tudo esteja bem e que ele possa, enfim, ir pra casa descansar. É assim em qualquer jornal, grande ou nanico. Numa redação, todos trabalham regidos por prazos e essa pressão sempre pode causar danos. Às vezes, à edição que vai pra rua; outras vezes, ao próprio jornalista em sua lida diária. Ossos do ofício. Uma outra vez O episódio me lembra algo que me chamou a atenção em um jornal de grande circulação, há poucos dias. Em sua capa (versão digital), havia duas chamadas ilustradas com a fotografia de uma mesma pessoa. Teria sido apenas mais um desses acidentes involuntários de fechamento de capa? Considerando a orientação político-ideológica do veículo, tive dúvidas. Afinal, a personagem das fotos era, nada mais, nada menos, que o candidato a governador pelo partido ao qual é filiado o proprietário do jornal. José Carlos Aragão, ombudsman do Figueira, é escritor e jornalista. Escreva para o ombudsman: redacao.figueira@gmail.com
VALADARES POWER
Personagens dos quadrinhos invadem a Praça de Esportes Está chegando a hora de tirar a fantasia do seu personagem preferido do armário. Isto porque neste sábado (13) tem mais uma edição do Valadares Power na Praça de Esportes. Durante o evento haverá gincanas, competições de jogos eletrônicos e de tabuleiro, além de diversos concursos e show com a banda Tsuyosa. O ingresso antecipado é R$ 15 (no dia, será vendido a R$ 20). A programação começa a partir das 11h, horário em que se iniciam as inscrições para as atividades do dia.
Direitos Humanos Flávio Fróes Oliveira
Animais políticos I Nos preâmbulos da História os mais antigos exemplares do Homo sapiens perambulavam pelas savanas e estepes da Eurásia. De aspecto feroz, nus e desgrenhados, aplicavam-se às duas funções básicas da Biologia: alimentação e reprodução. Os empurrões, urros e mordidas que trocavam entre si visavam garantir a posse das fêmeas e a preservação das proles. Isso durou milênios. Quantos? As fontes consultadas discordam escandalosamente: dão de 20 a 200 milênios. Tempo inimaginável para quem vive num limite de oitenta anos. Mas qualquer que tenha sido a duração dessa fase, foi suficiente para a espécie controlar, em seu benefício, alguns atributos da Mãe Natureza. Conseguiu manipular o fogo e desenvolver a agricultura, o pastoreio, a navegação e a troca de produtos. Já amadurecido e portando patrimônio genético garantidor do seu futuro como habitante do planeta Terra, construiu cidades e ingressou na História. As relações que os indivíduos dessa espécie desenvolveram então costumavam ser conflituosas, ocasionando consequentemente guerras, saques, fomes, mortes e deslocamentos de pessoas. Eram tempos de bordoadas e tropelias. Não constava de suas práticas de sobrevivência relevar ofensas: “a vida é luta renhida, viver é lutar” (Gonçalves Dias, em “Canção do Tamoio”). Mas há dois mil e quinhentos anos surgiu a alternativa que levou a espécie a tornar-se animal político. Aconteceu com os helenos, habitantes, desde a mais remota Antiguidade, da região do Mar Egeu. Eram hábeis marinheiros e bem sucedidos negociantes, embora os povos vizinhos os tivessem na conta de piratas, sequestradores e trapaceiros nos negócios. Estabeleceram colônias lucrativas na denominada Ásia Menor e vendiam nos mercados de escravos os
desprevenidos e ingênuos eslavos que apresavam em suas incursões pela Europa. Em resumo: enriqueceram-se. Desobrigados do labor em troca do pão, fizeram-se poetas, artistas plásticos, arquitetos e filósofos. Destes últimos destacaram-se Platão (427-347 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.). Ambos foram amigos e conselheiros de reis e preceptores de príncipes. Legaram sólida contribuição intelectual à posteridade – seus escritos sobre política. O primeiro tratou de política na obra “República” e o segundo, na “Ética a Nicômaco”.
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Mas há dois mil e quinhentos anos surgiu a alternativa que levou a espécie a tornarse animal político. Aconteceu com os helenos, habitantes, desde a mais remota Antiguidade, da região do Mar Egeu.
Política nestes autores é a relação que o indivíduo estabelece com a cidade-estado onde vive. Platão escreveu e lecionou durante cinquenta anos ensinando que a pólis (cidade) deveria ser o espaço de convivência de pessoas comprometidas com a verdade e a justiça. Visando esse objetivo, recomendava que, desde criança, o indivíduo recebesse ensino; a pedagogia platônica é instrumento de formação política. Seguindo esse roteiro, a cidade-estado (pólis) seria sempre governada pelos melhores. Seria uma aristocracia.
Flávio Fróes Oliveira é teólogo, estudioso na área de criança e adolescente
que lhe deu base para desenvolver as suas técnicas. Como já trabalhava na época escrevendo convites e cantando em casamentos, Ana passou a oferecer também os seus noivinhos de biscuit. O seu trabalho era tão bom que se espalhou rapidamente a referência e hoje ela trabalha exclusivamente com isto, fazendo biscuits e personalizando festas, juntando a sua formação em Design Gráfico e especialização em Artes Visuais da UFMG. Ana Márcia começa o dia cedo para dar conta das encomendas e ao mesmo tempo cuidar da família, mas sempre atende todos com muito carinho em seu ateliê nas segundas-feiras. O seu trabalho pode ser visto em sua página do facebook: www.facebook. com/anamarciadenadai
FÉ
150 anos de o evangelho segundo o espiritismo Hudson Ferreira Bento Após exaustivo trabalho na codificação do Livro dos Espíritos, magistral obra que marcou indelevelmente a chegada de uma nova era para a humanidade, e de haver organizado e consolidado o Livro dos Médiuns, eis que o incansável professor Hipolite Leon Denizard Rivail, que se tornou conhecido por assinar as obras utilizando um nome que tivera em outra encarnação, Allan Kardec, brinda a humanidade com a obra O Evangelho Segundo o Espiritismo. A obra foi entregue aos homens de todos os tempos em abril de 1864, na “cidade luz”, Paris, em pleno século em que luminares do conhecimento traziam ao mundo seus imortais trabalhos nas áreas das artes, da filosofia e da ciência, despertando a humanidade para as noções de beleza, de estética e do conhecimento em geral. A obra, monumental, pode ser dividida em cinco partes, conforme as matérias contidas nos evangelhos. São elas: os atos comuns da vida do Cristo; os milagres; as predições; as palavras que foram tomadas pela Igreja para fundamento dos seus dogmas; e o ensino moral. Conforme Kardec ensina, se as quatro primeiras partes têm sido objeto de controvérsias, a parte que contém o ensino moral permanece inatacável.
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São 150 anos de luz, colocados sobre o velador, para serem vistos por todos os que tenham olhos de ver e sabedoria para buscar a fonte de tanta paz.
Na sua visão holística, atemporal, o mestre Jesus previu que os homens deturpariam a sua mensagem de luz; entendeu, também, que não deveria ensinar além da capacidade das pessoas suportarem, pois a luz quando é muito forte, ofusca; que era necessário aguardar o tempo certo para que o amadurecimento intelectual e o avanço da ciência criassem campo propício ao complemento dos seus ensinos e o restabelecimento da verdade, contida na sua vida de testemunhos, ensinos e sacrifícios. Assim, Jesus cumpriu o prometido e enviou a doutrina espírita, codificada por Allan Kardec. E, no conjunto da obra, o Evangelho Segundo o Espiritismo, pérola de singular beleza. Nesses 150 anos de sua publicação, o Evangelho Segundo o Espiritismo vem cumprindo o prometido por Jesus, ao esclarecer e confortar os corações sofredores, preparando caminhos aos que buscam a verdade como a única maneira de se tornarem livres, de traçarem caminhos novos, de uma vivência pautada na ética do Cristo, que se resume em fazer ao próximo o que gostaríamos que fizesse a nós. É um tratado de ética contido em poucas palavras, insuperável e aplicável em todos os tempos na convivência entre os homens. São 150 anos de luz, colocados sobre o velador, para serem vistos por todos os que tenham olhos de ver e sabedoria para buscar a fonte de tanta paz. Hudson Ferreira Bento é presidente da Aliança Municipal Espírita de Valadares.
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FIGUEIRA - Fim de semana de 12 a 14 de setembro de 2014
Gabriel Sobrinho
Cuidado por onde pisa Calçadão da Ilha tem 4.600 metros, mas o desgaste do seu calçamento, feito de pedras portuguesas, deixou o piso cheio de buracos, espalhados por toda a sua extensão. Perigoso e arriscado, as pequenas crateras tem sido a dor de cabeça de muitos pedestres que passam por ali diariamente. Gabriel Sobrinho /Repórter
Já é manhã na Ilha dos Araújos. Mesmo sem o despertar do sol, os primeiros passos começam a ganhar ritmo, força e intensidade no extenso calçadão da Ilha. A vegetação ajuda, e muito. O clima por aqui permite esquecer um pouco da sensação térmica alta do centro da cidade. Pássaros de espécies raras e até macaquinhos divertem os aspirantes a corredores que praticam o esporte na calçada. O bairro é considerado nobre na cidade, hoje tem aproximadamente dez mil habitantes. Estima-se que quase mil pessoas por dia, desde as primeiras horas da manhã até o início da madrugada, correm e se exercitam na orla. Os passos são rápidos ou vagarosos, depende da idade e da disposição física dos atletas. Mas uma coisa é certa, poucos reparam onde estão pisando. O calçadão mede ao todo 4.600 metros lineares, com cerca de 4 metros de largura, o que dá o total de 20 mil metros quadrados. A inspiração na pavimentação da calçada da Ilha foi nas famosas pedras portuguesas. A ideia do antigo padrão é utilizar pedras de formato irregular, geralmente em calcário branco e negro, que podem ser usadas para formar padrões decorativos ou mosaicos pelo contraste entre as pedras de distintas cores. As cores mais tradicionais são o preto e o branco, embora sejam populares também o castanho e o vermelho, azul, cinza e o amarelo. Em certas regiões brasileiras, porém, é possível encontrar pedras em azul e verde. Em Portugal, os trabalhadores especializados na colocação deste tipo de calçada são denominados mestres calceteiros. A calçada à Portuguesa é amplamente utilizada no calcetamento das áreas pedonais, em parques, praças, pátios e outros. No Brasil, este foi um dos mais populares materiais utilizados pelo paisagismo do século XIX, devido à sua flexibilidade de montagem e de composição plástica. A sua aplicação pode ser apreciada em projetos como o do Largo de São Sebastião, construído em Manaus no ano de 1901 e que inspirou o famoso calçadão da Praia de Copacabana ou nos espaços da antiga Avenida Central, ambos no Rio de Janeiro.
Os moradores reclamaram e a Prefeitura iniciou as obras de reparo do calçadão, cujo piso é feito de pedras portuguesas
O desgaste deste tipo de calçamento é iminente. Em diversas áreas de toda extensão da calçada da Ilha está cheio de buraco. Perigoso e arriscado, as pequenas crateras tem sido a dor de cabeça de muitos pedestres que passam por ali diariamente. Muitos alegam ter tropeçado e até mesmo caído o local. “Não basta ter história, é necessário oferecer segurança aos transeuntes”. É o que pensa a advogada Angélica Nunes da Silva, 32. Quatro dias por semana ela sai do bairro Esplanada para caminhar na orla da Ilha, costume que ela mantém há mais de 10 anos. “Eu caminhava aqui quando era mais nova, sempre me exercitei. Depois que casei e tive meus filhos não perdi o pique, pelo contrário, intensifiquei. Acho a Ilha o melhor lugar da cidade para caminhar, é bem demarcado, ajuda manter o condicionamento físico. Mas tem que ter muito cuidado ao caminhar ou correr, principalmente à noite. Alguns locais com buracos não são bem iluminados, isso é perigoso. Eu caí em uma ‘armadilha’ dessa há mais ou menos um mês. Vinha com o fone de ouvido escutando música, estava entre-
Trabalho dobrado para preparar eleições Dilvo Rodrigues / Repórter No dia 5 de outubro, mais de 142 milhões de brasileiros devem comparecer às urnas para escolher seus representantes. No município de Governador Valadares, aproximadamente 201 mil pessoas estão aptas a exercer o direito do voto. Para que a votação ocorra de maneira simples e eficaz, os representantes de cartórios e tribunais eleitorais têm trabalhado até durante os fins de semana. Os cartórios eleitorais já receberam as urnas eletrônicas, que entre os dias 20 e 25 de setembro vão passar pela a instalação de uma série de programas. A partir daí, todo o sistema de votação começa a ser testado, conjuntamente, por todos os cartórios eleitorais do país. “Todo o procedimento de votação, transmissão de dados, capacidade de rede e de funcionamento dos programas instalados na urna são testados. É preciso testar, por exemplo, se a rede do TSE vai ser capaz de suportar o volume de dados que será transmitido de todos os cartórios eleitorais.”, explica o Chefe de Cartório da Secção 119, Rubens Vieira. Além disso, os mesários já estão passando por treinamento. Ao todo são quase 2800 pessoas
que vão contribuir com a festa da democracia, isso levando-se em conta que a comarca de Valadares prepara e abrange as cidades de Marilac, Alpercata, Governador Valadares. Mathias Lobato, Frei Inocêncio e Periquito que ao todo vão somar um número próximo a 700 seções eleitorais. Dez anos atrás, o consultor de vendas Rodrigo Antônio de Souza Caldas recebeu uma carta de em que um juiz eleitoral o convocava para ser 1º mesário durante as eleições. Na carta, ele recebeu instruções do dia e local onde deveria se apresentar, bem como uma data de treinamento, em que os servidores do Tribunal Regional Eleitoral (TER) explicavam como seria desempenhado o trabalho. “Quando eu fui convocado pela primeira vez, eu mostrei reticente. Mas, hoje me sinto bem e gosto de participar dessa atividade democrática.”, diz Rodrigo. Os mesários são responsáveis por organizar a sala de votação, montar a cabine eleitoral, ligar a urna e retirar os impressos que constatam que a urna está inviolável. Além disso, no decorrer da votação, eles conferem documentos, colhem assinaturas e orientam os eleitores quanto ao processo de votação.
Saúde
tida, quando de uma vez meu pé virou. Caí na mesma hora. Ainda bem que não aconteceu nada grave”. Há três meses, funcionários da Secretária de Obras da Prefeitura se intercalam em horários e escalas diferentes para repararem os pontos críticos do calçadão. Estão sendo repostas pedras em mil metros quadrados, num custo total da obra de R$ 90 mil reais. Mas ainda não estão na metade do caminho. Tem muito trabalho a ser feito, toda restauração aqui é feita a mão. Onze da manhã, hora de almoço, a parada é certa. A árvore mais perto da obra se torna o ponto de refúgio dos trabalhadores braçais. Conversamos com todos ao mesmo tempo, eram seis. Para eles o trabalho é demorado, mas o resultado é gratificante. “Já tem tempo que estamos aqui fazendo esse trabalho. Na verdade a gente começa a restaurar, mas quando precisam que demos suporte em outro ponto da cidade, temos que sair e fazer o outro serviço e depois retornamos. Ainda falta muito a ser feito, mesmo que demore iremos até o final com a restauração”.
Derli Batista da Silva
Epidemias e Saúde Coletiva A saúde na coletividade apresenta necessidades mais abrangentes que o mero cuidado com o individuo, mesmo onde a visão integral está presente urge um olhar especialmente sistêmico, que inclua todas as dimensões humanas: biológica, cultural, econômica, educacional, emocional, espiritual, laboral, psíquica, social... Nesta linha de compreensão, o modelo de atenção à saúde hegemônico, por centrar-se na área curativa e hospitalar, não atende às necessidades pessoais e muito menos comunitárias, pois, deveria priorizar ações de promoção da saúde - individual e coletiva - e de prevenção de doenças. A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que os serviços de atenção primária, realizados por equipes com profissionais generalistas (agente comunitário de saúde, dentista, enfermeiro, médico, técnicos de Enfermagem e de higiene dental, e outros de apoio) das unidades de atenção primária à saúde - UAPS (comumente chamadas de “Postos de Saúde”) devem resolver de 80% a 85% dos problemas que atendem; sendo preciso encaminhar para centros de referência e hospitais apenas uma pequena parcela das pessoas atendidas em nível primário, na comunidade. A estrutura e a organização de considerável parte dos serviços de saúde em nosso país, infelizmente, ainda não alcançaram patamares de qualidade que as coloquem no caminho definido pela OMS; o que se vê é o oposto: muitas demandas básicas encaminhadas desnecessariamente para hospitais, aumentando a dor e gerando mais sofrimento às pessoas, famílias e comunidades. O sistema único de saúde (SUS) deve ser levado mais a sério por toda a sociedade brasileira e seus princípios implementados pelos governos de forma a efetivar o acesso ao enorme leque de serviços ofertados, assim como, a elevar cada vez mais a qualidade de todas as ações prestadas aos (às) usuários (as): Isto, sim, precisa continuar acontecendo num ritmo, preferencialmente, de urgência; pois, é a melhor estratégia viável e eficaz para, constantemente, se evitar surtos e epidemias. Organismos Internacionais divulgam uma epidemia, devido ao vírus Ebola que pode causar uma doença infecciosa grave, muitas vezes fatal, com uma taxa de letalidade que pode chegar até os 90%. Nos meios de comunicação em massa está o alerta de que esta epidemia tem o risco de se transformar em pandemia, quando a doença atinge
populações em vários continentes, a depender das ações de tratamento e cura na região que é foco e de vigilância sanitária voltadas para o controle da moléstia, principalmente em portos, aeroportos e outros espaços. Vacina e tratamentos em testes, a comunidade científica mundial se esforça para prover recursos tecnológicos capazes de combater mais uma vez este vírus que há décadas assolou regiões do continente africano. Mas, por falta de investimentos, de solidariedade, de justiça e de sentimento de fraternidade, o desprezo de países dos demais continentes pela África é na atualidade transformado em risco para todas as populações do mundo, visto a possibilidade de pandemia do Ebola. Na publicação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), intitulada Por uma Economia com Face mais Humana, Bernardo Kliksberg, afirma que “O investimento em saúde é um dos que apresentam maior retorno possível. Ele implica o fortalecimento, tanto do capital humano da sociedade, base da produtividade, quanto do progresso tecnológico e da competitividade. Na ausência de uma base sólida em matéria de saúde, os objetivos de crescimento educacional da população não terão a possibilidade de concretização.” Neste sentido, ao pensar nos princípios da Bioética, que são a Autonomia, a Justiça, a Não Maleficência e a Benevolência, me recordo com satisfação do bom exemplo do nosso governo brasileiro ao efetivar acordos de cooperação com países africanos em diversas áreas essenciais para ajudar no desenvolvimento da África; inclusive com parcerias entre universidades e centros de pesquisa, para o fortalecimento no campo de imunobiológicos (vacinas) e na implantação de sistemas de saúde. Vale lembrar que a saúde coletiva depende de fatores determinantes e condicionantes, como moradia adequada, educação, salário digno com poder aquisitivo ampliado, acesso à assistência a saúde, alimentação condizente com as necessidades humanas, dentre outros; e que esse conjunto mais a organização comunitária e a participação cidadã podem nos proteger de surtos e epidemias... Com as políticas públicas atuais, o Brasil está no caminho certo. Derli Batista da Silva é enfermeiro, mestre, especialista em Bioética e em Gestão da Saúde, professor universitário.
CORRESPONDENTES 10
FIGUEIRA - Fim de semana de 12 a 14 de setembro de 2014
Fisheye
D’outro lado do Atlântico José Peixe / De Lisboa
Seleção Portuguesa necessita de um novo treinador Depois do vexame e de uma atuação apagada na Copa do Mundo do Brasil, a seleção de Portugal iniciou de forma catastrófica, os jogos de qualificação para o Euro 2016, que será disputado na França, frente à Albânia, perdendo por 1-0, no Estádio Municipal de Aveiro, um “elefante branco” herdado da organização do Campeonato da Europa em 2004. Aliás, a atuação da Seleção das Quinas foi tão apagada e ridícula que deixou a imprensa internacional incrédula. “Estreia ridícula”, “Surpresa”, “Vergonha” e “Mergulho na Crise” foram algumas palavras utilizadas pelos jornais esportivos estrangeiros para classificar a derrota de Portugal frente à Albânia. O diário espanhol “AS” classificou com “vergonhosa a derrota de Portugal frente à Albânia” e considerou que no primeiro jogo do Grupo I, a equipa treinada por Paulo Bento efetuou “uma das piores exibições de sempre”. Já o conceituado “El País” foi mais longe na sua análise: “A impotência demonstrada pela seleção de Paulo Bento no Mundial do Brasil, voltou a confirmar-se no primeiro jogo de qualificação para o Euro 2016”. Mais palavras para quê? O diário britânico “The Guardian” também não poupou o selecionador português e aos jogadores lusitanos: “Portugal caiu para uma derrota por 1-0 em casa num jogo embaraçoso frente à Albânia na sua estreia nos jogos de qualificação para o Euro 20016 (…), altura em que todas as esperanças de recuperar do resultado miserável do Mundial de Futebol do Brasil foram perdidas”. E o “The Telegraph” salienta o fracasso e ineficácia da equipa portuguesa frente à Albânia e falou da ausência que Cristiano Ronaldo fez à equipa de Paulo bento: “Portugal pagou o preço da ausência de Cristiano Ronaldo devido a uma lesão e caiu para uma derrota chocante”.
O selecionador português num treino antes de sair para a Copa do Brasil
O esportivo francês “L’Equipe” também não quis ficar indiferente à atuação escandalosa da seleção de Portugal. “A Albânia assinou uma vitória histórica! Depois de um Mundial lamentável, Portugal, sem Cristiano Ronaldo, perdeu o seu jogo de regresso, curvando-se, pela primeira vez na sua história contra a Albânia, uma seleção que foi ultrarrealista. A seleção portuguesa mergulha em crise sem precedentes”. Em Portugal não foi diferente. E contrariando as boas regras de redação jornalística, onde não é aconselhável abusar dos adjetivos, os jornais portugueses apelidaram a derrota de Portugal frente à Albânia utilizando palavras como estas: “Vergonha”, “Escândalo”, “Incompetência” e “Calamidade”. Para o diário esportivo a “Bola” o jogo de Aveiro foi “a maior vergonha de sempre da seleção portuguesa e a ausência de Cristiano
Ronaldo não pode ser desculpa para uma derrota tão ridícula”. “Inqualificável. Incompetência? Injustiça? Escândalo? Vergonha? Qualquer destas palavras pode adjetivar a derrota sofrida pela seleção nacional com a Albânia, que fica no arranque do Europeu numa situação complicada. Assim, a renovação vai ser muito dolorosa”, escreveu o jornalista António Magalhães em uma crónica no jornal “Record”. O jornal “O Jogo” classificou a seleção portuguesa como uma “Miséria total. Suprema aselhice no primeiro jogo pós-mundial do Brasil”. E o jornalista Carlos Pereira escreveu no editorial o seguinte: “O pesadelo do Brasil teve sequência em Portugal. Esta equipa, mesmo com algumas caras novas, não está bem da cabeça, e nem se pode concluir desta vez que a culpa é dos médicos”. A Federação Portuguesa de Futebol (FPF), pela voz do seu presidente Fernando Gomes, admitiu em meados de agosto que a “seleção portuguesa foi incapaz de alcançar os mínimos exigidos durante o Campeonato do Mundo do Brasil” e prometeu mudanças. Mas o mais ridículo é que as culpas do desaire português no Brasil recaiu sobre o médico Henrique Jones, que acabou por ser demitido. E depois da derrota vergonhosa e do vexame frente à Albânia quem é que o presidente da FPF tenciona demitir? O cozinheiro e os seus ajudantes? Os roupeiros da seleção? Os preparadores físicos? Há que ter a coragem de chamar o selecionador Paulo Bento e dizerlhe olhos nos olhos que ele não reúne condições para continuar à frente da seleção de Portugal. Os adeptos que marcaram presença em Aveiro, no final do jogo puxaram dos lencinhos brancos em jeito de despedida. Os portugueses exigem melhores resultados da seleção nacional e querem um treinador para levar a equipa lusitana em força ao Europeu de 2016, na França. Chega de humilhações e desculpas esfarrapadas. Portugal tem jogadores bons. O que faz falta é um treinador mais competente. Também está na altura de acabar com algumas mordomias de alguns ex-jogadores que estão a ganhar fortunas na FPF. E de uns assessores que por vezes tratam os jornalistas que acompanham a seleção como se fossem lixo. O despedimento de Paulo Bento poderá custar três milhões de euros (uma soma avultadíssima e exagerada) mas Portugal merece melhor do que isto. Não existe memória de um selecionador tão fraco e inoperante. José Valentim Peixe é jornalista e doutor em Comunicação
Café com Leite
Política Lucimar Lizandro
Marcos Imbrizi / De São Paulo
Geraldina Mesmo descartando a parceria com o governador paulista Geraldo Alckmin, que disputa a reeleição, a candidata Marina da Silva tem a preferência de 43% de seus potenciais eleitores. É o que mostra pesquisa divulgada na semana passada. Já o candidato Aécio Neves conta com 26% dos possíveis eleitores de Alckmin, e a presidenta Dilma Rousseff outros 23%. Colocar o bloco na rua E a presidenta Dilma Rousseff esteve em São Bernardo do Campo (o B, do ABC Paulista) na semana passada para atividade de campanha. Acompanhada do ex-presidente Lula e de lideranças políticas do Estado a presidente participou de carreata e ato público no Centro da cidade. A atividade faz parte da nova estratégia de campanha pela reeleição da presidente frente ao novo cenário eleitoral. A partir de agora a ordem é colocar o bloco na rua. Religião e política O Brasil é um Estado laico, ou seja, um país com posição neutra no campo religioso. A própria Constituição estabelece a liberdade de crença. No entanto, o que vemos frequentemente é o envolvimento de representantes de diferentes religiões em questões políticas. Numa tentativa de acabar com esta interferência, a Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea) lança nesta semana campanha para que os eleitores deixem a fé de lado na hora do voto. Para tanto serão espalhados série de outdoors em diversas cidades brasileiras com afirmações como “Não vote com fé, use a razão” e “Sua religião não é nossa lei”. Em Belo Horizonte a campanha está na Av. pres. Antônio Carlos. Mais informações estão disponíveis no sítio da entidade: http://www.atea.org.br/.
ENSINO PROFISSIONAL
Senac abre inscrições para aprendizagem industrial Estão abertas até o dia 30 de setembro, as inscrições para o Processo Seletivo Unificado do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) para o 1º semestre de 2015 em todo o Estado de Minas Gerais. Em Valadares, estão disponíveis 100 vagas, distribuídas entre os cursos de Aprendizagem Industrial: Instalação e Reparação de Redes de Computadores, Eletroeletrônica e Processos Administrativos, e o curso técnico em Eletroeletrônica. Os cursos de aprendizagem industrial oferecidos são gratuitos, o técnico é pago.As inscrições serão realizadas apenas pela internet, pelo site www.senaimg.com. br. Quem quiser participar do processo seletivo e quiser outras informações poderá ligar no telefone (33) 3272.4615.
Independência Um dos símbolos da Independência do Brasil em São Paulo, o Museu Paulista é uma construção suntuosa do final do século 19 próximo às margens do córrego do Ipiranga, onde Dom Pedro I teria anunciado a famosa frase “Independência ou Morte!”. O local, espaço de visita quase obrigatório para as escolas, e para a população em geral, encontra-se fechado para reforma desde o ano passado. E pelo jeito, ao menos uma geração de estudantes deixará de conhecê-lo. Isto por que a previsão de reabertura do museu é para 2022, ano do bicentenário da Independência. Bienal de São Paulo Até 7 de dezembro o público pode conferir a 31ª edição da Bienal Internacional de Arte de São Paulo, no Parque do Ibirapuera. Neste ano a mostra tem como tema “Coisas que Não Existem” e reúne trabalhos de mais de 100 artistas de todo o mundo. A entrada é franca. Mais informações no sítio www.31bienal.org.br. Grupo Galpão em SP No próximo fim de semana o público paulista poderá conferir a peça “Os Gigantes da Montanha” com o Grupo Galpão. O espetáculo, que tem texto de Luigi Pirandello, celebra a arte do teatro a partir de uma companhia decadente que acaba se destroçando ao tentar representar seu último trabalho diante de um público formado por estranhos gigantes habitantes de uma longínqua montanha. A apresentação será no Sesc Pinheiros.
Marcos Luiz Imbrizi é jornalista e historiador, mestre em Comunicação Social, ativista em favor de rádios livres.
Vazamento seletivo: um atentado contra a democracia No sábado, dia 06 de setembro, uma revista de circulação nacional publicou trechos da delação premiada feita pelo ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa. Segundo o depoente vários políticos teriam recebido propinas provenientes de contratos assinados entre a estatal e várias empreiteiras. O assunto se espalhou rapidamente pelos blogs e portais de notícias. A lista incluiria deputados e senadores da base aliada do governo federal, governadores e até um ministro de estado. Causa estranheza aos menos afoitos o vazamento de informações de um processo que corre sob segredo de justiça, que, ainda, precisará ser homologado pelo STF. A própria revista se antecipa e informa que os depoimentos foram gravados em vídeo, criptografados e guardados em cofre forte. Em bom português: não tem nenhuma prova das acusações que publica.
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Por outro lado, dificilmente vemos algum vazamento que possa colocar numa saia justa integrantes da oposição ao governo federal de plantão.
Vazar ilegalmente parte de investigações em andamento para prejudicar integrantes do governo e do PT já virou algo corriqueiro. Por outro lado, dificilmente vemos algum vazamento que possa colocar numa saia justa integrantes da oposição ao governo federal de plantão. O que se espera dos órgãos de controle e de investigação é a discrição necessária para que não se condene ou absolva previamente quem quer que seja. Outra curiosidade que não pode deixar de ser registrada foi o vaticínio feito pelo colunista de um grande jornal dias atrás, quando implorava para que o senador mineiro não fosse abandonado por seus apoiadores, pois fatos novos poderiam surgir e abalar a candidatura de Marina Silva. Eis que surge a lista e nela aparece, além dos políticos governistas, o nome do exgovernador Eduardo Campos. O dito jornalista deve ter uma bola de cristal, ou então é alguém muito bem informado. Logo após a publicação da referida lista, o candidato tucano a presidente da república deu declarações chamando o episódio de mensalão dois. Pelo visto, acendeu-se a esperança de uma recuperação da candidatura tucana, já desacreditada por parte de alguns apoiadores. Essa não é a primeira vez que a referida revista publica uma matéria de alto teor explosivo e de pífias evidências. No seu currículo estão a publicação da informação de uma conta do expresidente Lula no exterior, que nunca foi confirmada e ainda a divulgação de um grampo sem áudio e nunca provado que envolvia figuras importantes da República, por exemplo. Portanto, ainda que a atual disputa presidencial seja intensa, com os ânimos exaltados, não podemos transigir com a legalidade e nem colocar em risco a nossa jovem democracia, construída a duras penas. As eleições passam e a vida continua. Lucimar Lizandro Freitas é graduado em Administração de Empresas pela FAGV e Especialista em Gestão Pública pela UFOP
CULTURA
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FIGUEIRA - Fim de semana de 12 a 14 de setembro de 2014 Fábio Moura
Fábio Moura
A festa era do povo, gerida por ele e tocada serenamente em meio a diversos acordos sociais sobre a faixa de pedestres ou no centro da multidão
Resiste, Virada!
A Virada Cultural abarcou tudo o que o mineiro já tem por hábito. O domingo foi regado a sambas de todas as vertentes. O turbilhão do sábado à noite deu lugar à calmaria da tarde, também repleta de atrações infantis. Fábio Moura Abre porta, fecha porta. Abre, fecha... ninguém sai. O vagão está cada vez mais abarrotado. Horto Florestal, Santa Tereza, Santa Efigênia, Central. Aqui, sim. São necessários até alguns segundos a mais de parada pra que todos desembarquem. São pouco mais de sete da noite de sábado, 30 de agosto, e a cidade pulsa pelos trilhos. Parece até uma atordoada manhã de segunda, porém sem esbarrões ou obstáculos pra se ejetar da lotação. Traz gente de tudo quanto é canto da capital mineira. Traz, também, de toda a região metropolitana. Estação Central do Metrô de Belo Horizonte. O alvoroço das vozes comprimidas no vagão se esvaia e dava lugar a uma certa onda sonora embaralhada pela música. Pelo túnel caminhavam hipsters, indies, punks, senhores, famílias inteiras, crianças, o tiozinho da venda e a senhora do restaurante lá da sua quebrada. Aglomerados em frente à escadaria, ouvia-se nitidamente os primeiros acordes e timbres que tomariam as próximas 25 horas da capital mineira. Há menos de três meses, este mesmo Figueira narrava o encontro com a Praça da Estação, ao completar o lance de escadas. Estávamos em tempos de Copa. Cética e apreensivamente, antes que avistássemos a Praça, dávamos de cara com um pelotão policial revistando um a um, bolso a bolso, mochila a mochila. Era também um sábado; e a Praça, as ruas ao seu redor e todo o caminho até a Praça Sete pareciam sitiados. Vazio, frio e amedrontador. Pois bem, a Copa passou. Último degrau e, enfim, avistasse o propagador de toda aquela sonoridade que se percebia ainda na plataforma de desembarque. Diogo Nogueira tocava os seus primeiros sambas. Não há nenhum policial militar. Na verdade, foram poucos os que deram as caras pelas ruas de Belo Horizonte até a noite de domingo. O comando da polícia mineira pode ter optado por retirar de cena qualquer possibilidade de um novo desgaste entre a sua corporação e o homem comum, civil. A opção, parece, foi pelo videomonitoramento. A festa era do povo, gerida por ele e tocada serenamente em meio a diversos acordos sociais sobre a faixa de pedestres ou no centro da multidão. Que multidão. Dez, quinze, vinte mil – ou sabe-se lá quantas pessoas estavam ali na Praça da Estação. A olho nu ninguém arriscava palpitar um número que estimasse o público. Não dava pra fazer isso. O fluxo era intenso em todas as calçadas que articulavam a região central, seja subindo, seja descendo. A 1 km dali, no palco da Rua Rio de Janeiro com Avenida Augusto de Lima, a compositora Céu não dava conta de ver as últimas pessoas da plateia. Lá do fundo mais valia sentir a vibração e ouvir a interpretação do álbum Catch a Fire, do que perder uma dessas raras oportunidades. Era jogo rápido. Na Virada Cultural é quase impossível assistir à ín-
tegra dos espetáculos, apresentações ou shows. Ela parece não ser feita pra isso. Confunde você, o coloca em dúvida, faz optar pela peça do grupo Giramundo no Teatro Francisco Nunes e deixar o show do Toquinho com a Orquestra Sinfônica Arte Viva, ali do lado, também dentro do Parque Municipal, de lado. Na fila também tinha música, tinha intervenção artística. Não havia tempo ocioso. Não havia espaço sem artista. Entre um palco e outro, apresentações circenses, exposições fotográficas, mostras audiovisuais, peças teatrais, dança de rua e o seu rap já tão familiarizado com esses espaços. Reggae ou rap? Hip hop? Sabe-se lá. Demos de cara com a cena cultural contemporânea, onde as mais diversas influências resultam em experiências que poucos ainda sabem descrever. No teatro, parecíamos no cinema. O cinema parecia mais o palco da dança ou da ficção que mais parecia documentário. A estética das exposições fotográficas não era lá das mais regulares. Era irregular por natureza, assim como pretendia ser. E era bela, provocativa. Dos meninos do morro aos artistas de rua, todos estavam lá retratados e vendo de perto esses autorretratos. Havia espaço, também, para o rebuscado, para a arte de todos os tempos e origens. A Academia Mineira de Letras tinha espaços de leitura e debate, enquanto o Circuito Cultural Praça da Liberdade tinha dez, quinze exposições simultâneas. Por falar nisso, a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte anunciou cerca de vinte espaços fixos para abrigar a programação. Mas esse número ultrapassa os cinquenta, se considerarmos as programações associadas. Ao todo, mais de 90% dos grupos que se apresentaram têm as suas origens aqui nas Gerais. Na dança, no teatro e no circo chegávamos a quase que só ver mineiros. Mineiros de referências mil. De samba, de afroreggae, do iluminismo, do barroco, do grafite, da pichação, das danças performáticas ou entusiásticas. Meia noite e voltávamos à Praça da Estação para ver, desta vez, os candangos do Raimundos. Parecia não caber, mas cabia muito mais gente do que cinco horas antes, no primeiro show da noite. Fita-se num olhar, balbucia-se algumas músicas, troca-se ideias, vê-se um palhaço, um malabarista ou um pintor de rua. De novo, jogo rápido. As calçadas cheias levam a todo lugar, mas agora levam um mar de gente rumo à Rua Guaicurus, palco dos prostíbulos e do show do Tom Zé. Antes, um pole dance dos mais requintados que aquela zona boêmia já assistiu. Depois, uma das melhores interpretações de toda a Virada, num arranjo ainda pautado pelo tropicalismo. Ainda teria Todos os Caetanos do Mundo, Dibigode ou a trilogia Poderoso Chefão no Cine Humberto Mauro até a alvorada de domingo. No meio do caminho, as barras de ferro ecoavam o som da Feira Hippie que erguia-se. As barracas ocupavam a Avenida Afonso Pena, antes tomada por um congestionamento quilométrico de carros. A organiza-
O artistas do povo também participaram da Virada ção pediu, mas nem todo mundo optou pelo transporte público. Azar de quem tomou o busão e ficou preso em meio ao aglomerado de carros. Do lado de fora dos automóveis, a festa não parava. A programação até que arrefeceu, mas não parou. Já passava das cinco e artistas continuavam a subir no palco ou abrir as cortinas no meio da rua. O gramado do Parque Municipal era o leito da reposição de energias. Ao seu lado, especiarias gastronômicas das Gerais e do mundão brasileiro. O dia há muito já havia dado as suas caras e o domingo clareava ameno, lento e calmo. Que nada. Foi só chegar à Praça da Liberdade e novamente topar com uma multidão no show do Lô Borges. Passariam pelo palco ainda o Cid Ornellas, o Chico Lobo e o Fernando Sodré. Fora de lá, ainda daria pra ver o Zé da Guiomar, o Gilvan de Oliveira, o Mundialito de Rolimã do Abacate ou o 2º Campeonato Brasileiro de Bike Polo na levada do Sound System. Até o Rally dos Sertões encerrou a sua batalha aqui, em meio às nossas montanhas. A arte de rua era construída ao vivo, em paredes de toda a cidade, com grafiteiros e pichadores. A Virada Cultural não criou uma nova lógica artística pra cidade. Abarcou tudo o que o mineiro já tem por hábito. O domingo foi regado a sambas de todas as vertentes. O turbilhão do sábado á noite deu lugar à calmaria da tarde, também repleta de atrações infantis. O pôr do sol se aproximava e já se contabilizavam 400 mil pessoas circulando pela região central de Belo Horizonte. E poderia ter tido muito mais. Lá pelas bandas da capital mineira, o debate sobre o direito de ir e vir por meio do passe livre no transporte público avança cada vez mais. Mas, o belorizontino ainda não pode desfrutar nem um dia dessa regalia. Nem mesmo num megalomaníaco evento cultural que busca entreter, divertir e contextualizar o seu cidadão. Os quase três reais da condução ainda pesam no bolso da periferia. Se tivermos de colocar na conta a ida e a volta nos dois dias da Virada, a coisa fica pior. E se a conta incluir o restante da família, muita gente se vê privada de pegar o fio da meada da cultura popular que ecoava pelas ruas. A noite caía em meio a uma multidão ainda sedenta por mais cultura. Transmissor e Djambê tocavam debaixo do Viaduto Santa Tereza, enquanto o Quarteirão do Soul reunia os seus figurões. Passava das oito da noite de domingo, dia 31 de agosto e, agora, eram os pontos de ônibus que começavam a ser tomados. Rememorava-se cada show, apresentação, exibição, exposição ou espetáculo. Descrevia-se num orgulho estupendo a mobilização artística em apoio às famílias da região do Isidoro. “Você viu? O Tom Zé também esticou a faixa “Resiste, Isidoro!”. Não foi só ele, não foi em um só palco, nem escondido em meio à madrugada. Foi no carão, de frente pra todos os belorizontinos e para os que pretendem desabrigá-los. Resiste, Isidoro! Resista, Virada! Até já.
MÚSICA
O Fest Rock voltou! E voltou pomposo, imponente, saudoso dos anos que o deram origem. Rodrigo Santos e os Lenhadores foram à abertura e voltaram no dia seguinte com um som regado ao rock oitentista. Maria Bunita, numa pegada mais lado b, reviveu os seus tempos áureos no reencontro da formação original. O Suricato mostrou em folk e rock o que o Brasil tem de melhor na sua cena contemporânea. Enfim. Dos valadarenses do Quilombo, SuperGroove, Paquetá, Noz Moscada, Marcelinho Tiradentes aos belorizontinos - mas já tão familiarizados com a nossa terra – do Tianastácia, revivemos ou vivemos pela primeira vez a aura daquele que já cravou seu nome em nosso imaginário. O Fest Rock está na área depois de seis anos sem dar o ar da graça entre os festivais do interior mineiro. Tomara que daqui não saia mais...
ESPORTES
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FIGUEIRA - Fim de semana de 12 a 14 de setembro de 2014
QUESTÕES DO FUTEBOL - JORGE MURTINHO Tomara que eu me estrepe, mas tudo leva a crer que na noite da última sexta-feira foi inaugurada mais uma sala do museu de grandes novidades em que o futebol brasileiro se transformou. Por incrível que pareça, depois da Copa de 2002 Dunga foi o mais bem-sucedido dos treinadores da nossa seleção, o que evidencia a dificuldade que temos em evoluir. Sabemos do Teixeira e de personalismo, do Marin e de continuísmo, do calendário e de estagnação, da cínica frase tuitada pela herdeira do decano da bandalheira (“o que tinha que ser roubado já foi”). Se tudo isso sempre serviu e serve para obstruir os caminhos do futebol brasileiro, ainda assim seria possível não passar, em campo, a recente vergonha que fomos obrigados a suportar.
A seleção brasileira acaba de começar uma velha fase Rafael Ribeiro / CBF
Eu não gostava da seleção do Dunga, mas gostei menos ainda da do Mano Menezes e, depois de tanto ler e ouvir a respeito do quão doloroso foi perder a final para o Uruguai no Maracanã, estava certo de que jamais passaria por algo parecido. Até que veio o apagão – de inteligência, de humildade, de atualização tática, de conhecimento – e fez com que a derrota de 1950 virasse coisa pouca, café pequeno. Conclusão: volta Dunga. Como já haviam voltado Parreira (1994, 2006) e Felipão (2002, 2014). Estamos sempre voltando, numa pouco inteligente corrida atrás do que não sabemos mais o que é. Mesmo sob o risco de perder nosso estilo de jogo – se formos crédulos o bastante para pensar que isso ainda existe – e diante das inevitáveis dificuldades de adaptação, continuo achando que teria sido um choque positivo trazer um técnico de fora. Haveria protestos, bate-bocas, petições por reserva de mercado, mas movimentaríamos a cena e talvez saíssemos desse rame-rame. Em recente entrevista ao repórter Luiz Maklouf Carvalho, da revista Época, Dunga declarou que Neymar não é craque porque “para ter carimbo de craque, tem de ter o carimbo de campeão do mundo nas costas”, raciocínio a um só tempo perverso e torto. Perverso por incluir na lista dos não-craques caras como Dirceu Lopes, Reinaldo, Falcão, Zico, Careca, Júnior, Sócrates, Ademir da Guia. E torto por, de forma indireta, sapecar o tal carimbo em Roque Júnior, Paulo Sérgio, Ronaldão, Vampeta, Anderson Polga, Edmílson, Fontana e – quanta falta de elegância! – nele mesmo, Dunga. Tem sido massacrada essa tecla de que não há mais craques brasileiros – a única exceção admitida, embora sem unanimidade, é Neymar –, só que isso está longe de significar que não podemos ter um grande time. Não vi craque nas seleções da Holanda e do Chile (Robben e Vidal são muito bons jogadores), mas vi dois times difíceis de ser enfrentados. Defesa organizada, meio-campo equilibrado, ataque com movimentação intensa. Não é fácil para uma seleção sem craques levantar a Copa, mas, dependendo do momento do futebol mundial, também não é de todo impossível – vide a Itália de Materazzi e Luca Toni em 2006. Por outro lado, espero que perguntar o óbvio não ofenda: para que serve um técnico de futebol? Em vez de chorar a ausência de
O técnico Dunga, de volta à Seleção Brasileira, tem dividido opiniões contrárias e favoráveis ao seu retorno
craques – coisa que, pelo menos que eu tenha visto, Dunga não fez – o que um bom treinador precisa fazer é montar o melhor time possível com os jogadores de que dispõe. Diria a Oi: simples assim.
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Eu não gostava da seleção do Dunga, mas gostei menos ainda da do Mano Menezes e, depois de tanto ler e ouvir a respeito do quão doloroso foi perder a final para o Uruguai no Maracanã, estava certo de que jamais passaria por algo parecido.
Nossa seleção naufragou, mas Felipão tem razão quando poupa Fred e pede: batam em mim. O comandante é sempre o responsável. Com caras que fazem bonito nas mais importantes competições europeias – Tiago Silva, David Luiz, Fernandinho, Oscar, Willian –, poderíamos não ter a obrigação de ganhar que Felipão e Parreira tanto propagandearam, mas tínhamos a de montar um time forte e bom. Pelo histórico recente de formar um craque atrás do outro, adquirimos o mau hábito de depender deles, quando deveríamos dar mais valor à ideia do conjunto. Aprender com Jorge Sampaoli a montar um eficiente sistema defensivo, mesmo tendo um cara de 1,71m (Me-
del) jogando de zagueiro. Entender, com Joachim Low, que uma seleção pode ser ofensiva até com dois zagueiros de área (Boateng e Howedes) cumprindo as funções de laterais. No futebol, existe time bom de qualquer jeito: ofensivo ou defensivo; com um, dois ou três atacantes; com laterais que avançam ou que ficam. Tudo é possível, desde que todos saibam o que fazer em campo e mantenham o equilíbrio nas diversas situações que um jogo duro costuma apresentar.Estudar, aprender, reconsiderar, buscar alternativas, mudar o que não estiver dando certo, organizar a defesa, criar espaços no ataque, extrair o melhor de cada um. Alguém acredita que Dunga é o cara certo para fazer tudo isso aí? Repito: tomara que eu me estrepe. Link para a citada entrevista de Dunga a Luiz Maklouf Carvalho: http://epoca.globo.com/vida/noticia/2014/08/dunga-o-brasilbnao-tem-mais-craquesb.html
Jorge Murtinho é redator de agência de propaganda e, na própria definição, faz bloguismo. Nessa arte, foi encontrado pela Revista piauí, que adotou o seu blog e autoriza a sua contribuição a este Figueira.
Canto do Galo
Toca da Raposa
Precisamos despertar
Um tal de Darci Menezes
Rosalva Luciano
Com um grande abraço... Segundo um levantamento da Consultoria Pluri, quem mais fez valer o investimento aplicado em 2013 foi o Atlético Mineiro. O clube ficou em primeiro lugar no ranking de eficiência na gestão do futebol, muito à frente dos dois gigantes paulistas Corínthians e São Paulo. Os dois gigantes paulistas aparecem apenas na 14ª e 20ª posições, respectivamente. Dessa maneira, podemos identificar clubes que gastam muito, mas pouco conquistam, e também aqueles que não têm tantos recursos, mas mesmo assim conseguem montar times competitivos”, diz o relatório. Lendo o jornal Lance achei interessante a informação de uma pesquisa,nem que seja para conhecimentos gerais.”Entre os que citaram ao menos uma marca patrocinadora de seu time favorito colocam a parceria Atlético-MG e BMG como a mais lembrada do futebol brasileiro com 38% de citações entre os atleticanos entrevistados. É o que aponta a 5ª edição da pesquisa LANCE! Ibope, que ouviu 4.470 pessoas Diferentemente da grande maioria dos clubes brasileiros, a relação entre Atlético-MG e BMG completará ao final deste ano cinco temporadas de parceria. Nos últimos anos, a maioria dos contratos entre clubes e marcas foram de curta duração”. Com certeza, o retorno do Atlético tem sido algo muito compensador, além disso muitos clubes estão sem patrocínio master, como é o caso de três dos quatro grandes de São Paulo. Nem todos viram, nem todos sabem que há exatos 45 anos o Atlético escrevia uma página importante de sua história com a vitória por 2 a 1 sobre a Seleção Brasileira que se tornaria tricampeã mundial um ano mais tarde, no México. Diante de 71.432 pagantes no Mineirão, o Galo venceu com gols de Amauri Horta e Dario, com Pelé descontando para a equipe canarinho. Apelidada de “Feras de Saldanha”, a Seleção Brasileira vinha de grande campanha nas Eliminatórias para a Copa do Mundo com seis jogos e seis vitórias, 23 gols marcados e apenas dois sofridos. O Atlético atuou com uniforme da Seleção Mineira, por exigência da Confederação Brasileira de Desportos (CBD). E o site do Galo home-
nageia este momento informando aos torcedores. Noite de um futebol digno da torcida do Atlético. Vibrante, eficiente, movimentado, com muitos acertos. Avançamos assim depois da vitória de 2 x 0 sobre o Palmeiras na charmosa Copa do Brasil. Estava no Independência e saí simplesmente encantada com o garoto Carlos. Promete mais do que a própria promessa. Dátalo show e o Luan nem podem ser mais cartas de sorte, têm de ocupar as suas posições mais do que conquistada de titulares. Luan não é folclore de momento é realidade. Bom Demais! Esperamos pelo Timão agora...que venha pois vai encontrar outro timão: O Galo! E Botafogo pelo menos no primeiro turno se foi, levou menos três pontos para o Rio de Janeiro e estes pontinhos importantíssimos ficaram em Belo Horizonte, foram somados aos que o Atlético já tinha. Não podemos deixar escapar a almejada vontade de estar no Grupo dos 4 melhores, não podemos escapar a vontade de ser campeões, um time que não vislumbra a posição máxima não tem razão de estar em disputas. Como tem sido o placar foi bem pequeno mas o suficiente para chegar ao 7º lugar, eu particularmente acho muito pouco, merecíamos mais, poderíamos estar na briga boa, mas ainda espero melhores colocações. Estamos vencendo algozes e isto vai trazer um incentivo à mais. Enquanto, ficamos à espera do desencantamento do Jô. Preparamos agora para o Corínthians, um adversário cujo retrospecto nos mostra resultados não muito bons. Em terreiro paulista teremos que mostrar superação pois os desfalques continuam e muitos. Quase um time inteiro está sob cuidados médicos. Precisamos colocar o coração no bico da chuteira. Reafirmo estar muito bem impressionada pela meninada que tem entrado, mostrando uma personalidade dos grandes. Que tenhamos competência suficiente para de São Paulo escutar a massa atleticana gritar uníssona: Golllllllllllllllllllllll do Galooooooooooooooooooooo. Fiquem bem e felizes com o Galo permitindo ficar assim... Rosalva Campos Luciano é professora e, acima de tudo, apaixonadamente atleticana.
Hadson Santiago
Saudações celestes, leitores do Figueira! Na segunda metade da década de 1960, dirigentes do Cruzeiro foram ao Rio Grande do Sul contratar um centroavante cuja fama de artilheiro atravessava fronteiras. Tratava-se de Didi Pedalada, um atacante alto, forte e que fazia sucesso no Guarany de Bagé. Durante as negociações, algum olheiro iluminado indicou aos diretores cruzeirenses um jovem zagueiro do Guarany, o qual teria um futuro promissor, segundo aqueles que já o tinham visto atuar. Sem pestanejar e jogando todas as fichas na sorte, o Cruzeiro fechou a dupla contratação: o “famoso” Didi Pedalada e um desconhecido e jovem zagueiro. Um tal de Darci Menezes... E em 1967, Darci chegou ao Barro Preto (ainda não existia a Toca da Raposa) para fazer parte de um time de feras, uma equipe que já havia deslumbrado o país com a conquista da Taça Brasil do ano anterior. Didi Pedalada não deu em nada. Ficou pouco tempo em Belo Horizonte e voltou para o Sul. Já Darci Menezes, que cumpriu o serviço militar já como jogador celeste, entrou para a galeria dos maiores zagueiros da história do Cruzeiro. Ele jogou ao lado de defensores consagrados como Procópio, William, Mário Tito, Fontana, Brito e Perfumo. Mas, foi atuando ao lado de Moraes que Darci formou uma zaga inesquecível. Moraes era alto, forte, jogava duro, era viril, enquanto Darci Menezes, com pouco mais de 1,70m de altura, era um zagueiro clássico, que sabia sair jogando e possuía uma boa antecipação. Darci, também, era um exímio cobrador de pênaltis e ostentava a condição de batedor oficial do Cruzeiro. Com a chegada de Nelinho ao clube, cedeu o posto ao “Canhão da Toca”. Em 1978, após 11 anos de Cruzeiro, muitas
alegrias e muitos títulos, cujo ápice foi a conquista da Taça Libertadores da América, Darci Menezes foi embora, mas deixou seu belo futebol gravado na memória dos torcedores celestes e na história do clube. Jogou pelo Vitória-BA e Atlético-GO. Em 1980, aportou em Governador Valadares para atuar no EC Democrata. Voltou a ser cobrador oficial de pênaltis e, no ocaso da carreira, desfilou seu talento por 2 anos no Estádio José Mammoud Abbas. Capitão da Pantera, encerrou sua carreira erguendo o troféu de campeão da Taça Minas Gerais de 1981, título reverenciado eternamente pelos democratenses. Mas Darci não quis ir embora de Minas Gerais. Virou mineiro. Fixou residência em Governador Valadares e começou a trabalhar no EC Democrata, exercendo diversos cargos. Já recebeu o título de cidadão honorário e também virou valadarense. É um morador ilustre da cidade. Um craque dentro e fora das quatro linhas. Alguns jogadores cruzeirenses já tiveram suas biografias publicadas em livros, como Tostão, Raul, Toninho Almeida e, recentemente, Dirceu Lopes. Já passou da hora de sermos presenteados com um livro contando as histórias e as peripécias daquele garoto de Bagé que ganhou respeito e notoriedade no mundo do futebol com o nome de Darci Menezes. Com a palavra, Tim Filho. Obrigado, Darci, por tudo que você fez pelo Cruzeiro, pelo Democrata e pelo futebol. Valeu! Hadson Santiago Farias é cruzeirense da velha guarda.