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Fim de semana será com sol entre nuvens em Governador Valadares. Pode chover no sábado-. www.climatempo.com.br
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27o 21o
MÁXIMA
ANO 1 NÚMERO 36
Não Conhecemos Assuntos Proibidos
MÍNIMA
FIM DE SEMANA DE 28 a 30 DE NOVEMBRO DE 2014
FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS
EXEMPLAR: R$ 1,00
O show do futebol mineiro
Cruzeiro é tetra e Galo levanta a Copa do Brasil
Fanpage do Galo
Foi uma semana de festa, desde a noite de domingo. O Cruzeiro se sagrou tetracampeão brasileiro e levou sua torcida à loucura. Na quarta-feira, o Atlético Mineiro derrotou o seu maior rival e conquistou a Copa do Brasil. Em Valadares, a festa dos atleticanos varou a madrugada. E os nossos articulistas estão impossíveis. Veja:
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Fanpage do Cruzeiro
Campeão, é campeão, TETRACAMPEÃO BRASILEIRO!!! Alegria geral no mundo azul com a merecida conquista de mais um título brasileiro, o bi consecutivo, o tri da era dos pontos corridos e o tetra da história do Cruzeiro. Foi no sufoco, mas valeu. Líder desde a 6ª rodada do Campeonato Brasileiro, o título veio na 36ª, com duas rodadas de antecedência. Hadson Santiago - Cruzeirense
Sinto que ser atleticano é ter a alma envolta num amor eterno, para sempre e sem tempo. Sinto que ser atleticano é ser consumido pela paixão. Sinto que ser atleticano é torcer com a vida. Sinto que ser atleticano é ser muito, ser tudo, ser o bastante. Tenho por definitivo na vida, minha família, minha fé e meu time amado. Não existe nada que se compara ao melhor som, ao melhor grito: Galoooooooo! Rosalva Luciano - Atleticana
Arquivo pessoal
Conheça Luiz Sousa, o nosso grande campeão nos Estados Unidos. Página 9 Parlatório
O Auxílio-reclusão é um benefício que deve ser pago à família do preso? Página 2
Cartas da América
Imigrantes na ordem do dia de Obama. Página 11
Cidade Jardim resiste a APAC Moradores do Bairro Cidade Jardim mostram-se resistentes a instalação de uma nova Unidade da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado, APAC. Paterson Silva, Sargento da Polícia Militar e Presidente da Associação do Bairro, explica que a comunidade não é contra, no entanto diz que não foram consultados e ouvidos antes da tomada de decisão pela construção da Unidade no local. Conheça a APAC, cujo trabalho no bairro Santa Rita tem obtido sucesso ao longo dos anos. Páginas 6 e 7 Visita do Bispo Dom Félix à APAC do bairro Santa Rita
GV Sem Fome iniciou campanha de Natal
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OPINIÃO
Editorial
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FIGUEIRA - Fim de semana de 28 a 30 de novembro de 2014
Tim Filho
Publicamos neste espaço editorial o pensamento do jornalista Carlos Schröder, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), a respeito da regulação da mídia, tema em pauta desde o fim das eleições.
Depois do Brasileirão e da Copa do Brasil, vai começar o Campeonato Mineiro 2015
As eleições, a mídia e a regulação Celso Schröder Terminadas as eleições, os mais variados balanços estão sendo feitos, contabilidades realizadas e ações sugeridas. O saldo mais importante sem dúvida é a escolha da presidente. Com uma margem pequena, mas suficiente, o PT e seus aliados conseguem um inédito quarto mandato. Foi uma disputa apertada, tensa e a política de alianças em vigor alimentou a confusão ideológica, possibilitou o oportunismo fisiológico, mas não escondeu a polarização e a crescente definição dos atores políticos. De um lado, a histórica esquerda nacional, agora amparada num apoio popular indiscutível e fruto das políticas de inclusão em andamento. De outro, a velha direita com os velhos e novos aliados também, uma crescente classe média, paradoxalmente constituída a partir das políticas governamentais que viabilizaram um crescimento econômico consistente e um padrão de consumo equivalente, mais uma massa de eleitores alimentados pela ação partidária e engajada da imprensa nacional e estimulada pelos eventos de junho de 2013, que sinalizavam com a adoção tática da violência e uma tênue escolha ideológica construída a partir do combate à corrupção. Agora muitos se arvoram vencedores e outros tantos tentam reverter a derrota, mas no final do pleito os atores reais apareceram, inclusive para além dos dois principais partidos políticos envolvidos. Ganhou a eleição, por pouco é verdade, a política econômica e social em andamento. Militantes políticos e sociais saíram às ruas revigorando o cenário nacional e construindo a unidade que as siglas não conseguiram. Por outro lado, a mídia mais uma vez galvanizou a oposição e possibilitou, pela primeira vez, que a direita se apresentasse como tal, constituindo incipientes militantes ao lado dos já conhecidos cabos eleitorais pagos. As análises em voga apresentam diferentes enfoques, diversas conclusões e, é claro, receitas muitas vezes opostas. Sinteticamente é possível afirmar que o protagonista mais atuante e destacado não era um ator político legítimo. As redes de comunicação nacional mais uma vez exacerbaram seu papel e usurparam um espaço de outros atores. A manipulação e partidarização das empresas de comunicação acenderam a luz vermelha e produziram uma reação que poderá, se bem encaminhada, finalmente discutir e aplicar sobre o sistema de comunicação brasileiro os princípios democráticos previstos na nossa constituição. A intromissão da mídia foi de tal intensidade - a capa da revista Veja do dia 24 de outubro é apenas o ápice do processo - que os danos ultrapassam o pleito e atingem mortalmente o jornalismo. Caberá agora aos jornalistas, porque as empresas já o abandonaram há tempo, defender e lutar por um jornalismo efetivo, forte, livre e democrático. Não será fácil. Os sintomas autoritários continuam e se ampliam. Uma escolha de venezuelização parece tomar a elite brasileira, comandada pelas empresas de comunicação, sugerindo abertamente ou golpe ou a constituição de uma oposição intransigente e autoritária que voltará a apostar na violência e na ruptura. A esquerda, por sua vez, vencedora nacionalmente mas enfraquecida pelo crescimento da candidatura Aécio e da agressividade da mídia tradicional, tenta reagir. E o faz de várias maneiras. Ao lado de reconhecer demandas insatisfeitas, sinalizar para aliados em potencial mais à esquerda, recompor a agenda das reformas estruturais e implementar as regulações civilizatórias necessárias, também cria mistificações e justificativas para acolher ações políticas que tendem ao isolamento e à intransigência.
Parlatório É comum nas redes sociais, publicações que atacam o pagamento do auxílio-reclusão aos familiares de quem foi condenado e está preso. Estas publicações atacam o benefício e o denominam como “salário de bandido”, pago pelas pessoas de bem. Este pagamento é correto, na sua opinião? O auxílio reclusão é um direito e ponto final SIM
Arilson Ribeiro
Muito se tem disseminado, principalmente nas redes sociais, a inverdade de que o benefício previdenciário do auxílio-reclusão possui como objetivo remunerar, ou a grosso modo, sustentar “bandidos” presos. A Constituição Federal em seu art.201, inciso IV do Capítulo destinado à Seguridade Social, estabelece que o auxílio-reclusão é um benefício destinado aos dependentes dos segurados (presos) de baixa renda e não ao preso. O surgimento do citado benefício possui matriz constitucional o que já torna por conseqüência inquestionável a sua legalidade. A disciplina desse benefício está contida no art.80 da Lei nº 8.213/91 e nos arts. 116 a 119 do Decreto nº 3.048/99. O fato de um familiar estar preso não basta para que os dependentes recebam o benefício social em questão, é necessário que o preso seja segurado da Previdência Social, ou seja, que tenha ou esteja contribuindo para o regime previdenciário, além de ser imprescindível seu enquadramento como “baixa renda”, segundo critério estabelecido pela Previdência Social através de portaria (o conceito de baixa renda é anualmente modificado). A baixa renda considerada para a percepção do benefício é a do segurado, e não a do dependente. O auxílio-reclusão substitui os ganhos habituais que o segurado auferia e destinava ao sustento de seus dependentes, não importando o motivo do recolhimento à prisão, se por aplicação de sanção penal ou por prisão provisória. Outra condição de concessão do benefício, é que o segurado não esteja recebendo remuneração de empresa, nem esteja em gozo de auxílio-doença ou aposentadoria. A duração do benefício aos dependentes acontece enquanto o segurado estiver recolhido à prisão. Durante
NÃO
Jornal Figueira, editado por Editora Figueira. CNPJ 20.228.693/0001-81 Av. Minas Gerais, 700/601 Centro - CEP 35.010-151 Governador Valadares MG - Telefone (33) 3022.1813 E-mail redacao.figueira@gmail.com São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica. Diretor de Redação Alpiniano Silva Filho Conselho Administrativo Alpiniano Silva Filho MG 09324 JP Jaider Batista da Silva MTb ES 482 Ombudsman José Carlos Aragão Reg. 00005IL-ES Diretor de Assuntos Jurídicos Schinyder Exupéry Cardozo
Conselho Editorial Aroldo de Paula Andrade Enio Paulo Silva Jaider Batista da Silva João Bosco Pereira Alves Lúcia Alves Fraga Regina Cele Castro Alves Sander Justino Neves Sueli Siqueira
Responsável pelo Portal da Internet Enio Paulo Silva http://www.figueira.jor.br
Artigos assinados não refletem a opinião do jornal
esse período, o beneficiário deverá apresentar, a cada 03 (três) meses, atestado de que o segurado continua detido ou recluso, firmado pela autoridade competente. O auxílio-reclusão não pode ser concedido depois que o segurado estiver solto. Em caso de fuga, o benefício é suspenso. Recapturado o segurado, será restabelecido o pagamento a contar da data da nova prisão, se ainda mantiver a qualidade de segurado. Todos os critérios para a percepção do auxílio-reclusão encontram-se disponíveis no sitio da Previdência Social, inclusive a forma de requerimento pelos dependentes. Ao contrário do que se tem propalado erroneamente, o benefício de auxílio-reclusão não sustenta preso, tampouco alcança os dependentes de todos os encarcerados do Brasil, conforme explanado, a percepção do mesmo passa por um crivo de diversas condições estabelecidas por Lei.
Arilson Ribeiro é advogado.
Eu e meus dois lados...
Carlos Schröder é presidente da Federação Nacional dos Jornalistas. Artigo publicado no site www.fenaj.org.br
Expediente
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Ao contrário do que se tem propalado erroneamente, o benefício de auxílio-reclusão não sustenta preso, tampouco alcança os dependentes de todos os encarcerados do Brasil, conforme explanado, a percepção do mesmo passa por um crivo de diversas condições estabelecidas por Lei.
Daniela Pinheiro
Eu e os meus dois lados... Bem, tentando analisar esse fato de uma forma bilateral, uma parte de mim é contra, por vários motivos. Um deles seria a pessoa cometer um crime e ainda receber por isso. Essa seria uma análise egoísta e bruta do tema. Mas, levando em consideração que o indivíduo tem família para sustentar e “se” trabalhava formalmente, pagava o seu INSS como qualquer cidadão, a outra parte de mim pensa que é justo que a família receba um benefício para o seu digno sustento. Ela não tem culpa do delito do marido, pai, filho... Mas, o melhor seria que esse dinheiro seja oriundo do trabalho da pessoa em questão e que rale dignamente 8 horas por dia, e que sua contribuição com a previdência siga tranquila e normal, beneficiando-se ao se aposentar, ou à família, em caso de falta. Acho muito errado essa mamata de trabalhar 3 dias em troca de 1 a menos na pena. A justiça não funciona lá essas coisas. É um festival de bom comportamento, “habeas corpus” e outros benefícios jurídicos que não sei nominar porque não saco nada de direito. E por fim, a pessoa nunca fica o tempo que tem que ficar mesmo. E tempo é o que se tem de sobra lá dentro. Poderiam muito bem dividir essas 24 horas:
8 para trabalhar e mandar grana pra casa... 8 para o sagrado descanso, e as outras poderiam ser divididas entre recreação, leitura e religião para quem queira. E olha que maravilha: talvez começar ou continuar o Ensino Médio e ser oferecido bons cursos técnicos de alto nível para se conquistar um trabalho decente quando sair e iniciar uma nova vida, realmente reformado com outras aspirações em sua alma e em sua vida.
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Bem, tentando analisar esse fato de uma forma bilateral, uma parte de mim é contra, por vários motivos. Um deles seria a pessoa cometer um crime e ainda receber por isso. Essa seria uma análise egoísta e bruta do tema.
Daniela Pinheiro é artesã.
CIDADANIA & POLÍTICA Ecos de Palmares
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FIGUEIRA - Fim de semana de 28 a 30 de novembro de 2014
Da Redação
Sacudindo a Figueira
As mentiras da mídia. Mentir não é somente deixar de dizer a verdade, mas também mascarála de uma falsa verdade criada segundo sua conveniência. A mídia brasileira é especialista nisso. Vemos isso acontecer diariamente, bastando para isso, ter olhar crítico. Os programas televisivos são tendenciosos, maldosos e cheios de múltiplas intenções. A população brasileira é composta de várias etnias e, no entanto, vemos uma representação totalmente eurocêntrica desse povo brasileiro. Todos sempre muito claros e de preferência com olhos azuis. Onde estão os indígenas, negros e asiáticos que compõem também essa população? Quem não se vê, não se identifica. Por isso nossas crianças têm tanta dificuldade com sua autoestima. O negro é mostrado, quando é, com deboche ou estereotipagem. Exemplo é o novo seriado da plim plim que coloca a mulher como super sexualizada e mais uma vez como objeto de prazer e de uso. O racismo continua bravo, enraivecido em seus praticantes, só que de maneira sutil como eles sabem muito bem fazer. Vendo um programa de TV, fico boquiaberta em ver acontecer numa cidade de maior população negra fora da África (Salvador), um programa onde é mostrado praticamente apenas pessoas loiras. O que acontece com esse povo? Do que eles têm tanto medo. (Por Ana Afro)
A figueira precipita na flor o próprio fruto Rainer Maria Rilke / Elegias de Duino
Câmara Municipal x Coerência Parlamentar Caviar amargo Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, ex-presidente falou sobre a perseguição que sofreu no período da ditadura, seu afastamento da USP e a vida no exílio; “O exílio é estranho. Estão ali te servindo caviar, mas é um caviar amargo. Isso é o exílio. Você vive o tempo todo na expectativa da volta”, descreveu o tucano; relatório final da CNV também terá relatos do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Brasil 247
O que chamou a atenção de muitos no dia da “ocupação” do plenário em relação à não aceitação da Unidade Masculina no bairro Cidade jardim, foi a postura de alguns parlamentares. No dia da votação da doação do terreno, todos os vereadores foram a favor. Somente o vereador Luciano de Oliveira votou contra, por ser contra doação de área verde. Quando os moradores pressionaram, teve vereador escorregando de todo jeito... Vereador falando que os moradores estavam com razão, que teriam de ser ouvidos... Vereador falando que votou sem ler e outro falando que vai lutar para revogar... Cá pra nós, é preciso ser firme e consciente para legislar.
Boa ideia. Será? A estrategia da presidência da Câmara, de soltar 51 projetos para serem lidos e aprovados em reunião extraordinária, tem cada uma... O projeto 161/14 dispõe de obrigatoriedade aos hospitais, públicos ou não, notificarem ocorrência de uso de bebida alcoolica por criança ou adolescente...O Estatuto da Criança e do Adolescente já prevê isso. O outro, 392/14, obriga programa médico para atender as creches...Oh Deus! Ainda não estamos no primeiro mundo... Esta estratégia, 51, é igual aquela aguardente famosa: uma boa ideia!
Futebol elitizado Foi decepcionante o público de ontem no Mineirão. O estádio estava visivelmente cheio de cadeiras vazias. Bons tempos aqueles em que o clássico Atlético-Cruzeiro tinha gente saindo pelo ladrão e duas torcidas. O futebol está elitizado.
Frases Como nenhum político acredita no que diz, fica sempre surpreso ao ver que os outros acreditam nele.
O meu ideal político é a democracia, para que todo o homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado.
Parabéns ao Cruzeiro pela Tríplice Coroa. Não ganha do Galo no Mineiro, não ganha do Galo no Brasileiro, não ganha do Galo na Copa do Brasil.
Charles De Gaulle
Albert Einstein
Alexandre Kalil Memes/FB
ATIVISMO
Negros sempre foram colocados para cobrir samba ou polícia O racismo no mercado jornalístico e a luta para que negros conquistem seus espaços foi tema de debate nesta semana. Realizado no Sindicado dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, o evento, que debateu o assunto por mais de duas horas, reuniu profissionais da imprensa. Na ocasião, um dos participantes, o repórter fotográfico José de Andrade, afirmou que negros sempre foram colocados para cobrir samba ou polícia. As informações são da própria entidade. “A discussão do racismo não deve se dar somente em novembro. Tem que ser permanente, o ano todo – principalmente no meio jornalístico. Poucos são os que se destacaram fora dessas duas editorias (samba ou polícia). No entanto, nós estamos chegando. Onde antes tinha um, agora são três ou quatro. Isso incomoda os brancos, que passam a hostilizar a gente”, disse o profissional, que faz parte do Coletivo de Fotógrafos Negros. Além de Andrade, outros jornalistas participaram do evento, entre eles o fotojornalista Carlos Junior, que já foi vítima de racismo. Na ocasião, ele contou os episódios. A primeira vez, durante a Copa do Mundo, quando foi hostilizado por torcedores argentinos, e a segunda quando foi alvo de policiais ao cobrir uma manifestação. “Teve ainda a cober-
tura da visita do Obama, quando apenas eu e mais dois colegas éramos negros entre os mais de 40 fotógrafos credenciados. Ainda tive que ouvir comentários de outros profissionais, que questionavam se eu era capaz de fotografar o presidente americano”, lembrou.
Organizado pela Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira Rio) e Comissão de Segurança dos Jornalistas do Rio, o encontro faz parte do Ciclo de Debates Zumbi dos Palmares. Para o integrante da Corija Rio, Miro Nunes, o debate pode ajudar a promover a igualdade racial no mercado de trabalho. “Queremos trabalho especialmente para os mais jovens, os cotistas nas universidades e um melhor e mais aprimorado currículo no curso de jornalismo, que contemple horizontes interligados à luta da Cojira, como por exemplo, questões ligadas aos Direitos Humanos”, explicou.
Publicado no portal Comunique-se, em 25/11/14.
Tríplice coroa do Cruzeiro, segundo meme dos atleticanos no Facebook
COTIDIANO
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FIGUEIRA - Fim de semana de 28 a 30 de novembro de 2014
SOLIDARIEDADE
GV Sem Fome iniciou campanha de Natal
Em sua décima terceira edição, a campanha que arrecada doações para as instituições filantrópicas de GV, já está com quase trinta instituições cadastradas Divulgação
Natália Carvalho / Repórter
A Associação GV Sem Fome já começou a arrecadar alimentos para a sua campanha anual de Natal. Em sua décima terceira edição, a campanha que arrecada doações para as instituições filantrópicas do município conta, este ano, com quase trinta instituições cadastradas. Em seu início a campanha acontecia apenas no Natal e era conhecida como “Natal GV Sem Fome”. Porém, em 2005, a iniciativa se expandiu e foi criada a “Associação GV Sem Fome”, uma organização não governamental afim de ajudar estas entidades não apenas no Natal, mas durante todos os dias do ano. “Procuramos sempre atender as necessidades dessas instituições, conseguindo não apenas alimentos, mas também dando suporte no que elas precisarem.”, diz o Presidente da Associação, Edvaldo Soares. Jeceni Lopes Duarte é missionária na “Casa Educacional El-Shadai”, instituição que participa do “GV Sem Fome” desde o seu início, em 2001. “Têm sido uma experiência ótima, muito boa mesmo. A Associação nos ajuda bastante”, conta. Mesmo sem tanta publicidade, a campanha deste ano promete superar os números do ano passado. “Gastamos muito dinheiro com publicidade. Antes passávamos um sábado inteiro andando pela Avenida Minas Gerais. Mas o que queremos mesmo é arroz e feijão, e não gastos com televisão”, diz Edvaldo. “Eu conheço o sacrifício que
O Desafio Jovem Rio Doce (Dejord) é uma das muitas entidades atendidas pelo GV Sem Fome
estas pessoas fazem todos os dias para tomar conta destas entidades. O que fazemos é tentar ajudar da melhor forma possível.” Qualquer um pode fazer parte da Cam-
panha “GV Sem Fome”. Para doar alimentos ou dinheiro, para a compra destes, bastar ir até ao Estádio José Mammoud Abbas, o Democrata, na Rua Oswaldo Cruz, número 584
no Bairro Esplanada e deixar a sua doação. As doações poderão ser feitas até o dia 18 de dezembro, e serão entregues um dia depois, no Estádio ás 9 horas da manhã.
Secom / PMGV
SAÚDE
Caps-I vai atender crianças e adolescentes de forma multidisciplinar Com toda a estrutura física para o tratamento e reabilitação psicossocial dos pacientes e atendimento à família, o espaço conta com sala de grupos, consultório, enfermaria para pessoas em crise, pátio e brinquedoteca.
A Prefeita Elisa Costa participou do seminário e disse que a rede protetiva tem avançado no município, com ações eficazes
Seminário discute violência doméstica Da Redação
Debater formas de se evitar os tipos de violência doméstica, estabelecer ações que possam melhorar o fluxo de atendimento às vítimas, fazer parcerias que fortaleçam a rede protetiva e, principalmente, orientar as mulheres sobre locais ou telefones onde possam buscar ajuda em casos de agressão. Essas foram algumas das propostas do 3o Seminário Multidisciplinar sobre violência doméstica, realizado na sexta-feira (21) pelo Núcleo de Prevenção de Violência e Promoção da Saúde (VIVA), juntamente com parceiros, no auditório da Univale. Na abertura, a Prefeita Elisa Costa ressaltou que a rede protetiva tem avançado no município. “A prevenção é fundamental; mas também é muito importante cuidar de quem já sofreu violência.”, defendeu. “Trabalhamos com a prevenção, dando palestras, orientações e informações que atendam às mulheres e, que toquem na alma delas; que as encorajem a denunciar, a não ter vergonha de procurar ajuda, a dar um basta na violência sofrida dentro de casa pelo parceiro, pelo marido, companheiro etc. Temos que ser multiplicadores, repassando nossos esclarecimentos a outras pessoas para que as mulheres
não se calem diante de uma agressão, seja ela verbal, física, moral, psicológica, dentre outras!”, exclamou Erica Fróis Barbosa, responsável técnica do VIVA e coordenadora de Políticas Públicas para as mulheres. De acordo com a delegada Especializada de Atendimento à Mulher de Valadares Adeliana Xavier Santos Franco Marino, em 2013 foram instauradas 338 medidas protetivas contra 510 neste ano. “O aumento dos números mostra que as mulheres estão tendo coragem de colocar a boca no trombone, de gritar por ajuda, de denunciarem o agressor, de lutarem pelos seus direitos. Essa elevação dos casos reflete que o nosso trabalho de prevenção está dando certo”, afirmou. Durante toda a manhã foram debatidos assuntos como: gastos da rede pública de saúde com vítimas de todos os tipos de violência, Lei Maria da Penha, as medidas protetivas, declaração dos direitos humanos, preconceito e discriminação contra as mulheres, movimentos sociais, tipos de violência, telefones para denúncias, quando e onde denunciar, além do trabalho realizado pela Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica da Polícia Militar, e casos vivenciados na Delegacia das mulheres, dentre outros. Foram apresentados ainda, vídeos e, números de notificações de mulheres vítimas de agressões.
Acolher, dar atenção e assistência a pacientes com alterações psiquiátricas ou impossibilitados de manter ou estabelecer laços sociais, dependentes químicos e seus familiares. Esses são os objetivos do Centro de Atenção Psicossocial infantil (Caps-i), que foi inaugurado nesta quarta-feira (26) em Valadares. A nova unidade é mais uma que se soma à outras da Rede de Atenção Psicossocial do município, que oferecem cuidados a pessoas com transtorno mental e necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Além de acompanhamento multidisciplinar (com psicólogo, fonoaudiólogo, assistente social, psiquiatra e psicopedagoga) o Caps-i oferece aos meninos e meninas de 0 a 18 anos atendimento individual, em grupo e com as famílias, e também oficinas terapêuticas que promovam a inclusão desses pacientes no âmbito familiar e social. Com toda a estrutura física para o tratamento e reabilitação psicossocial dos pacientes e atendimento à família, o espaço conta com sala de grupos, consultório, enfermaria para pessoas em crise, pátio e brinquedoteca. O Caps i atenderá, aproximadamente, 350 crianças e adolescentes portadores de autismo, retardo mental, hiperatividade e déficit de atenção, além de dependentes químicos, que antes eram atendidos no ambulatório. O suporte para a família visa principalmente que os pais aceitem e respeitem a deficiência e a limitação dos filhos; são oferecidas atividades em grupos e oficinas. “A entrega deste Caps para a comunidade é um sonho que está sendo realizado com esforço, dedicação e parcerias. Agora vamos trabalhar para acolher essas pessoas que estavam desamparadas e, também para nos tornarmos referência pela qualidade do serviço prestado”, concluiu a psiquiatra Carine Jacarandá.
POLÍTICA 5
FIGUEIRA - Fim de semana de 28 a 30 de novembro de 2014
Notícias do Poder José Marcelo / De Brasília
Gazeteiros no Congresso
Animado
Eu disse
E não é que tanto tempo depois do segundo turno das eleições, cerca de 40% dos parlamentares ainda não retornaram a Brasília? Eles continuam nos estados ou em viagens e não deram as caras. Evidentemente, continuam recebendo os salários. E mesmo os que retornaram estão em ritmo cada vez mais lento. O marasmo chegou a tal ponto que o líder do PMDB, Eduardo Cunha, disse que a quarta-feira tornouse a nova quinta-feira no Congresso. Na quinta, já é dia de corredores, comissões e plenários vazios.
Se depender do entusiasmo e do fôlego do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB), o Palácio do Planalto pode desistir de minar a candidatura dele à presidência da Câmara. O deputado revelou, em entrevista que vai ao ar no Jogo do Poder de quinta-feira, dia 4 de dezembro, que tem participado de até três jantares por noite e vai percorrer os estados para se encontrar com deputados em busca de votos para assumir o comando da casa. Negou que haja um clima de animosidade entre ele e a presidente Dilma Rousseff, mas admitiu que se for eleito vai administrar a Câmara sem “submissão” aos desejos da Presidência.
Há meses eu escrevi uma nota aqui na coluna informando que devido ao clima de cobrança, ministros e assessores próximos da presidente Dilma Rousseff tinham medo de passar a ela informações negativas a respeito da economia e do próprio governo. Por causa desse medo, algumas meias verdades teriam sido ditas ao longo do mandato, sem dar a real situação de alguns setores importantes para a administração do país. E foi justamente o que aconteceu. O desempenho da economia e das contas públicas chegou a surpreender, de certa forma, o alto comando do Palácio do Planalto, justamente porque nem todos os informes repassados nas reuniões pintavam a situação com as tintas que o quadro exigia.
Funciona assim A rigor, Câmara e Senado deveriam, funcionar a todo vapor na terça, quanta e quinta-feira. Segunda e sexta seria dia de trabalho dos parlamentares nos estados. Só que, em ritmo de fim de ano e de mandato, os parlamentares têm chegado atrasados na terça, trabalhando com um pouco mais de afinco na quarta e indo embora na quarta à noite ou na quinta de manhã. Isso em um período de votações importantes, como a mudança na Lei de Diretrizes Orçamentárias, definição de nova equipe de governo, projetos que ainda estão na pauta e fechamento de legislatura. Antônio Augusto - Câmara dos Deputados
Eduardo disse que a quarta-feira virou quinta-feira no Congresso
CIDADANIA
Prefeitura inaugura Unidade de Acolhimento Adulto para pacientes em tratamento contra álcool e drogas Acolher, por até seis meses, pessoas com necessidades decorrentes do abuso de álcool e drogas, com vínculos familiares rompidos e/ou em situação de rua, e oferecer a elas a oportunidade de realizar o tratamento em um ambiente protegido, bem longe dos entorpecentes. Este é o objetivo da Unidade de Acolhimento Adulto de saúde (UAA), que será inaugurada pela Prefeitura de Valadares nesta sextafeira (28). A UAA se enquadra na modalidade residencial de caráter transitório e é componente da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), integralmente do SUS. Além do tratamento realizado no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD), os usuários têm à disposição moradia, alimentação, administração de medicamentos, atividades culturais e de lazer (jogos, mesa de totó, TV), espaço para lavarem a própria roupa, oficinas de artesanato e atividades de reabilitação social. O serviço conta com uma enfermeira, uma assistente social, uma psicóloga, técnicos em enfermagem e uma artesã. Atualmente, duas pessoas encontram-se acolhidas no local, que atende adultos do sexo masculino e feminino, em tratamento no CAPS-AD com necessidade deste suporte, que se comprometem e desejem realizar o tratamento, de acordo com o Projeto Terapêutico Singular. História de vida O local já está em funcionamento e há quase três meses, Valdeci ocupa um dos 10 leitos de acolhimento, sendo dois desses para cadeirantes. Ele conta que a bebida deixou cicatrizes pelo corpo e, principalmente na alma. “A bebida me destruiu, tirou minha fome, meu sono e meus sonhos. Por causa dela perdi meus amigos, meu casamento acabou, meus familiares não vêm me visitar, não tenho contato com minha filha, e ainda fui atropelado por um caminhão. Levei vários pontos no pé e quebrei alguns dentes. É excelente o tratamento que recebo aqui: consegui marcar consulta odontológica e oftalmológica. Minha família agora é a equipe daqui, eles me dão todo o suporte, todo o apoio”, desabafou. A inauguração acontecerá às 18h30, na Rua Jacarandá, 158, bairro Cardo.
Engavetados
Animado 2 Eduardo Cunha, que já foi reeleito líder da bancada peemedebista para o próximo ano, disse que vai exigir diálogo com o Palácio e admitiu que o discurso dele tem atraído a simpatia de deputados e partidos da oposição. Eduardo Cunha é um dos defensores de uma nova CPI para investigar os escândalos da Petrobrás, mas disse não acreditar no envolvimento da presidente Dilma Rousseff no suposto esquema de desvio de dinheiro da estatal. O problema, segundo o deputado, foi gerado a partir do momento em que a Petrobrás se viu desobrigada a cumprir a Lei de Licitações, com a justificativa que precisava ter mais liberdade para competir com as grandes petrolíferas mundiais.
Pelo menos 700 processos de anistiados políticos estão na mesa do ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, aguardando despacho para pagamento das indenizações. E estão lá há meses, segundo uma fonte do ministério. Cardozo simplesmente estaria ignorando o apelo das vítimas e das famílias das vítimas, já que muitas morreram sem nenhum tipo de reparação por parte do Estado. Uma das justificativas seria a dificuldade de caixa nesse fechamento de mandato. O problema é que as perspectivas para 2015 não são das melhores.
José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia e apresentador da edição nacional do Jogo do Poder, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília.
CIDADANIA 6
FIGUEIRA - Fim de semana de 28 a 30 de novembro de 2014
APAC GV
Visita do Bispo Dom Félix à unidade da APAC no bairro Santa Rita
APAC humaniza sistema prisional Mas o preconceito da sociedade tenta impedir a construção de uma nova APAC em Valadares Gina Pagu / Repórter Entre os assuntos que geram debates na sociedade valadarense nesse segundo semestre de 2014 está a implantação de uma nova Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC) na cidade. Esse tipo de centro de recuperação, prevê o cumprimento da pena do condenado baseado nos pilares como respeito, religião e trabalho, com uma nova metodologia de ressocialização, com a aplicação de 12 elementos: participação da comunidade, recuperando ajudando recuperando, trabalho, religião, assistência jurídica, assistência à saúde, valorização humana, família, voluntários, centro de reintegração social, mérito e jornada de libertação com Cristo. Mas tudo isso parece ainda não convencer a população da região do bairro Cidade Jardim. Atualmente, existem em Minas Gerais, 32 unidades em funcionamento, e mais 61 em processo de implantação, e uma delas já em funcionamento no bairro Santa Rita em Governador Valadares. O advogado Luiz Alves Lopes, idealizador dos Projetos APACs, explica que desde 2006 são destinados recursos do Estado para a construção dos Centos de Integração das APACs. “Nessas unidades, a metodologia aplicada, custa aos cofres mineiros um terço do valor que seria despendido para a manutenção do preso no sistema comum. E a construção de uma nova APAC hoje em Valadares, não somente reduziria gastos, mas consolidaria o que é o fundamento básico dos Centros, o tratamento humano para com o preso. Além de diminuir efetivamente o índice de reincidência no crime. Pois é constatado que os egressos do sistema comum alcançam um percentual 70% de reincidência, enquanto os oriundos das APACs gira em torno de 15%.” O que é APAC? É uma entidade civil de direito privado, com personalidade jurídica própria, dedicada à recuperação e à reintegração social dos condenados a penas privativas da liberdade. O trabalho na APAC dispõe de um método de valorização humana, para oferecer ao condenado condições de se recuperar. Busca também, em perspectiva mais ampla, a proteção da sociedade, a promoção da justiça e o socorro às vítimas. Alves explica que a principal diferença entre uma APAC e um sistema prisional é a ausência de policiais e agentes penitenciários. “Nos Centros de Recuperação o preso é chamado de recuperando, são corresponsáveis pela sua recuperação e têm assistência espiritual, médica, psicológica, jurídica prestada pela comunidade. A segurança e a disciplina do presídio são asseguradas com a colaboração dos recuperandos, com suporte de funcionários, voluntários e diferentes entidades.” O principal objetivo dessa entidade é promover a humanização das prisões, sem perder de vista a finalidade punitiva da pena. Com o propósito de evitar a reincidência no crime e oferecer alternativas para o condenado se recuperar. O advogado diz que existem critérios para que o preso deixe a prisão comum e se integre ao Método APAC. “Em primeiro lugar o preso precisa ter sido condenado pela Comarca, em nosso caso, de Valadares, ter raízes aqui e vir por manifestação própria. Porque a APAC é uma prisão, e não uma casa
de recuperação, onde a pessoa condenada pela Justiça cumpre integralmente sua pena. A diferença está na metodologia, que busca recuperar o preso como ser humano. Pois vivemos a filosofia que deve-se matar o criminoso e salvar o homem que existem em cada condenado. Afinal ninguém é totalmente bom ou ruim, somos todos humanos.” Histórico O método APAC surgiu em São José dos Campos, São Paulo, em 1972. Foi idealizado por um advogado paulista Mário Ottoboni e um grupo de amigos cristãos. Que se uniram na tentativa de diminuir as aflições vividas pela população prisional da Cadeia Pública da cidade. Dois anos depois, como grupo da Pastoral Penitenciária, ganha personalidade jurídica e passa a atuar no presídio de Humaitá, na mesma cidade. A partir de 1986, o Método foi desenvolvido em Itaúna, Minas Gerais, e a partir daí se expandiu para outras cidades. Em Governador Valadares a luta de outro grupo também cristão, começou em 2005 com o anseio de construir a primeira APAC. Alves conta como foi conseguir a implantação da Unidade feminina em 2008. “No nosso município a luta foi e é árdua para quem defende o Método das APACS. Para a implantação da unidade feminina que temos em Valadares não foi diferente. Mas o prédio já está de pé, e funcionando com 80% de recuperação das recuperandas. Mas queremos chegar a meta de 91%. Já a unidade masculina tem sido foco de polêmica e aversão por um grupo de moradores do Bairro Cidade Jardim. Lá o terreno já foi aprovado pelo Estado, e o Projeto de Lei votado pelo Executivo.” A APAC masculina O assunto encontra defensores como Abigail Gonçalves, voluntária do Método que hoje luta a favor da causa. Mas esclarece que sem antes ter conhecido os fundamentos da APAC era contra. “Eu fui a primeira a dizer não e gritar que o povo do Santa Rita queria um jardim, um centro de convivência para idosos, menos uma cadeia. Eu já saí em passeata pelas ruas do bairro. Mas depois que tomei conhecimento do Método APAC, me tornei admiradora e te digo que é a única alternativa prisional que eu acredito como forma de recuperação. Até o dia de hoje você pode perguntar aos vizinhos da APAC Feminina do bairro Santa Rita, ninguém tem reclamação de perturbação do sossego.” Esse é o reflexo da falta de conhecimento do que é a causa das APACs, e qual o tipo de trabalho é desenvolvido. Abigail concorda que a falta de informação é o principal aliado do preconceito. “Eu imagino que a população do Bairro Cidade Jardim esteja com o mesmo sentimento que eu tive há 8 anos. Quando fiquei sabendo que seria implantada uma APAC Feminina aqui no Santa Rita, eu que vivi de perto toda a tormenta do CENISA, fuga dos adolescentes, pulando no quintal dos vizinhos de madrugada, troca de tiros com a polícia no meio da rua do bairro, assassinato de interno dentro da Unidade, pancadaria, gritos e xingamentos, surra e tortura para com os internos, surra dos internos em monitores, muita coisa ruim. Mas é preciso conhecer para não querer. Talvez falte isso para a comunidade daquela região.”
POLÍTICA A voluntária participa ativamente das atividades da Unidade feminina e explica como é o método de recuperação aplicado na entidade. “Esse tipo de Modelo de recuperar pessoas, não só é benéfico, como também é a última alternativa para o recomeço de quem cometeu um delito. Vemos como pontos primordiais o respeito, e o trabalho. O condenado não tem ociosidade, é respeitado e seus familiares também. A opção do cumprimento da pena numa APAC significa que o Método dá a ele a chance de ser respeitado como ser humano. Ele não terá que ficar de cabeça baixa, sendo tratado às vezes aos gritos, e na condição de inferior. O tratamento é respeitoso e parte do princípio da confiança. A família do condenado é tratada com dignidade, isto pra ele não tem preço, e sua recuperação é certa.” O Modelo tem sido visto por autoridades internacionais como uma proposta positiva. São 150 unidades juridicamente organizadas em território nacional. Além das entidades que foram implantadas em países como Alemanha, Cingapura, Chile, Costa Rica, Equador, El Salvador, Estados Unidos, Hungria, Latvia, México, Moldávia, Nova Zelândia e Noruega. Gonçalves reitera o valor de desse novo método de cumprimento de pena. “A APAC tem um valor extraordinário. Desafoga as prisões e contribui para o cumprimento da pena com dignidade. Não é porque a pessoa errou que tem que ser hostilizada. E embora a sociedade possa não estar preparada para receber esse tipo de associação e nenhuma outra relacionada a presos, é preciso abrir os olhos e os corações. Me lembro de uma situação contada pelo Juiz Geraldo Campos, quando estávamos discutindo implantação do CENISA Regional. Ele disse que em determinada ocasião determinou que os presos da cadeia trabalhassem plantando uma horta num terreno vago próximo ao Fórum de Valadares. Então as pessoas compravam as verduras e legumes de boa qualidade. Mas quando ficaram sabendo que eram plantadas por presos nunca mais compraram. E é assim mesmo, poucos acreditam que as pessoas podem se recuperar.” A voluntária ressalta que em tudo há riscos. “Porque não haveria em uma Unidade da APAC?” Mas justifica. “O Método APAC é focado na confiança. O próprio preso conquista méritos, como o de receber as pessoas na Unidade. O reeducando tem as chaves da porta de entrada, ele trabalha para manter limpos os alojamentos, a comida é feita por eles, e todo o tempo é bem distribuído por tarefas, não há ócio como nas prisões. O recuperando não tem tempo para arquitetar plano de colocar fogo em colchão; pular os muros e cair no quintal do vizinho, ou coisas assim. A população não precisa temer.” Com o passar do tempo e com informações as opiniões mudam. Abigail Gonçalves é prova disso. Ela explica que quem era contra a implantação da APAC no Bairro Santa Rita, hoje quer ajudar. “Hoje vivemos uma situação interessante. Várias pessoas, moradoras do Bairro, me procuram para saber se podem ir até a Unidade orar, rezar ou levar doações para as mulheres recuperandas. Acho interessante porque na época dos protestos contra, nós abraçamos o prédio contra. E hoje abraçamos a favor. Outra coisa que me dá alegria é chegar na Câmara de Vereadores e encontrar recuperandas prestando serviço. É bom demais abraçá-las fora da Unidade. E acima de tudo torcer para que logo estejam prontas para seguir a vida de cabeça erguida.” A opinião da Lei As APACs são formadas com estatuto próprio. Podem ter unidades que comportam 40 pessoas, de 40 a 80 ou de 80 a 124. A unidade feminina que já funciona em Valadares atualmente tem 48 pessoas. Esse tipo de Associação deve ter um trabalho conjunto dos Poderes Executivo, Judiciário, Legislativo, Ministério Público, Prefeituras, OAB, Comunidade e os Grupos Religiosos. O Juiz da Vara de Execuções Penais, Thiago Colnago, explica a importância das APACS do ponto de vista jurídico e social. “A APAC exerce trabalho de suma importância e contribuição social, promovendo gama de benefícios não só para o próprio reeducando, como para toda a população. Isto porque possui métodos inovadores, distintos dos meios tradicionais adotados no sistema prisional, tratando o sentenciado de forma a efetivamente reeducá-lo ao convívio social, oferecendo-o alternativas para a sua reinserção, porém sem rejeitar a finalidade punitiva da pena. Assim, alcança também a redução dos índices de reincidência.” O Juiz afirma que o Método APAC é a melhor opção para um condenado com relação ao cumprimento da pena. “O ambiente das Unidades proporciona ao condenado o cumprimento da pena objetivando a reintegração social. Pois possibilita acesso a cultos religiosos, ao trabalho, ao estudo, a produção de artesanato e diversas outras atividades que contribuem com o afastamento do reeducando da reincidência e do convívio com o crime. Porém, é importante ressaltar que nem todos os sentenciados têm condições de se adequarem à realidade da APAC, pois é necessário que, primeiramente, apresente interesse na sua ressocialização e consiga dispender um senso de autocontrole e disciplina, revelados por comportamento exemplar, já que o método APAC se baseia nesses conceitos.” As Unidades são mantidas com contribuições dos sócios; de promoções sociais; doações de pessoas físicas, jurídicas, entidades religiosas; das parcerias e convênios com o Poder Público; instituições educacionais e da comercialização dos produtos das oficinas profissionalizantes. As APACs não cobram nada para receber ou ajudar os condenados, independente dos crimes praticados e dos anos de condenação. Tudo é gratuito em nome do amor ao próximo. Colnago ressalta que a contribuição social dos trabalhos da APAC é inestimável. “A integração dos Poderes e da sociedade ajudam, e muito, aos condenados. Eles na APAC ganham a possibilidade de se ressocializar, saindo, ao término do cumprimento da pena, com uma formação profissional. Outra visão da realidade e esperança de melhorar sua condição de vida. Ademais, a reincidência se reduz a índices 15% jamais vistos no sistema prisional comum, em que a média é de 70%.” O ex-recuperando da APAC de Itaúna, Minas Gerais, conta sobre sua experiência nos dois sistemas prisionais. E ressalta as diferenças. “Cumpri 14 anos na prisão, sendo que sete foram no sistema penitenciário comum, e o restante na Unidade. No sistema comum, a gente aprende mais coisas ruins, e só ouvimos da administração que não temos recuperação. Quando cheguei a APAC não acreditava mais em mim. Mas aos poucos, através dos voluntários eu fui descobrindo o sentido da minha vida. E ver que posso ser luz para a sociedade. Hoje trabalho como educador social ministrando cursos sobre a metodologia para recuperandos e seminários de formação de voluntários nas comunidades interessadas em implantar as APACS.”
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FIGUEIRA - Fim de semana de 28 a 30 de novembro de 2014
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O advogado Luiz Alves Lopes é um dos mais que mais luta pela implantação do sistema APAC
Relutância Moradores do Bairro Cidade Jardim mostram-se resistentes a instalação da nova Unidade da APAC. Paterson Silva, Sargento da Polícia Militar e Presidente da Associação do Bairro, explica que a comunidade não é contra, no entanto diz que não foram consultados e ouvidos antes da tomada de decisão pela construção da Unidade no local. “Não temos nada contra a APAC, acreditamos na recuperação do indivíduo, mas não concordamos com o autoritarismo do Poder Municipal, que votou esta Lei sem ao menos propor um debate aberto com toda a comunidade. Não fomos consultados, afinal nós somos os mais interessados. E fomos preteridos pelo Município e vamos lutar para derrubar esta Lei.” Silva argumenta que existem problemas de infraestrutura no Bairro que precisam ser resolvidos pelo município, e desabafa. “Nossas ruas estão todas esburacadas, não temos escola e posto de saúde. Então, pensamos que essa área poderia ser ocupada com outros empreendimentos mais proveitosos para toda a comunidade, e não para abrigar uma APAC.” O Presidente da Associação do Bairro ainda diz que diante desse embate será proposta a revogação da Lei 6570/2014 que aprovou a instalação da APAC no Cidade Jardim. “Se nosso Projeto de Lei for acordado, teremos nesse mês de dezembro, uma audiência pública para tratar do assunto, e daí poderá sair o projeto de revogação da Lei. Caso isto não ocorra, iremos envidar esforços junto ao Judiciário, a fim de impedir a instalação, haja vista que a área é uma área ambiental, considerada área verde. Então veremos o que pode ser feito, considerando-se a Legislação ambiental e Lei orgânica do Município.” Também reclama dos riscos de ter uma Unidade na comunidade. “Achamos arriscado ter uma Unidade dessas em nosso bairro. Serão 250 presos circulando livremente no meio das pessoas. Sabemos que a maioria dos presos que são beneficiados com indultos de saídas temporárias reincidem nos crimes. Então como seria recuperar um preso numa comunidade que não o quer ali? Essa é uma ideia que já nasceu morta. Como se já não bastasse tantos delinquentes na nossa cidade, querem mandar mais tantos outros para nós? A comunidade não aceita e não quer a APAC no Cidade Jardim.” O Juiz pondera a relutância por parte da comunidade quanto à atuação da APAC. “Pode-se dizer que numa unidade da APAC o risco é ainda menor do que em uma unidade prisional comum. Isto porque, diferente dos conjuntos prisionais, nas APACs o próprio reeducando é quem tem o principal interesse na sua ressocialização, além de possuir senso de autodisciplina que é rigidamente exigido na instituição. O reeducando da APAC não tem mais em mente o cometimento de crimes, e sim a sua melhora como pessoa e o seu retorno mais breve ao convívio social, sendo tratado como um semelhante e não mais como um criminoso. A melhor maneira de se evitar a reincidência e as atitudes delitivas é a educação e humanização, e não o aprisionamento e distanciamento do sentenciado da sociedade, como se pode pensar. Os resquícios de preconceito e temor da população valadarense se atribuem à falta de conhecimento e informação sobre os trabalhos e resultados obtidos pela APAC.”
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A integração dos Poderes e da sociedade ajudam, e muito, aos condenados. Eles na APAC ganham a possibilidade de se ressocializar, saindo, ao término do cumprimento da pena, com uma formação profissional. Outra visão da realidade e esperança de melhorar sua condição de vida. Ademais, a reincidência se reduz a índices 15% jamais vistos no sistema prisional comum, em que a média é de 70%.
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BRAVA GENTE
FIGUEIRA - Fim de semana de 28 a 30 de novembro de 2014
NELSON SANTOS
Ombudsman
Arquivo pessoal
José Carlos Aragão
Esquerda X Direita Nada é mais cara de jornal que grandes folhas de papel impressas, dobradas e sem grampos. E uma pessoa atrás delas, lendo-as. No jargão editorial, essas folhas são chamadas páginas, que, ao serem manuseadas e lidas, se nos apresentam em pares. Para nós, ocidentais, que lemos da esquerda para a direita e de cima para baixo, costumamos classificar as páginas conforme sua numeração sequencial e posição relativa. As páginas da esquerda recebem a numeração par; as da direita, ímpar – começando pela capa ou primeira página, quando o jornal está fechado. Ainda em razão do nosso padrão ocidental de escrita e leitura, as páginas ímpares, sempre à direita, são, a partir da capa, as que primeiramente fisgam o nosso olhar, quando lemos um jornal. Por serem, assim, mais atrativas, são consideradas as páginas mais nobres de qualquer veículo impresso (revistas, inclusive), quer do ponto de vista comercial, quer do ponto de vista editorial. Por isso, numa escala decrescente de valores, anúncios de primeira página, 3, 5, 7 – sucessivamente – têm a centimetragem mais cara na tabela de preços de qualquer jornal. Em sentido oposto, as páginas pares, situadas à esquerda, têm preços bem mais acessíveis aos anunciantes - exceção feita à última página que, embora par, também é capa e, por isso, é considerada uma página nobre, pero no mucho. Essa hierarquização ou gradação de visibilidade e valores de cada página, via de regra se transfere do departamento comercial para o editorial do jornal, determinando que as notícias mais importantes também recaiam sobre as páginas ímpares, da direita. Há, claro, situações específicas, em que todas essas convenções vão pro saco. É o caso de reportagens especiais, que podem ocupar mais de uma página (às vezes, ocupam as duas páginas centrais do jornal – localização que otimiza as possibilidades de diagramação), longas entrevistas ou grandes coberturas noticiosas. Anúncios em grandes formatos também costumam “avacalhar” qualquer projeto gráfico de um jornal, para desespero de editores, diagramadores e/ou programadores visuais. Não por acaso, anúncios de grandes formatos são chamados, no jargão do jornalismo e da publicidade, de anúncios “rouba-página”. Nos grandes jornais diários - em geral coalhado de anúncios e de olho na cobertura de novos escândalos políticos, crimes bárbaros e grandes conquistas do esporte – esse modelo de projeto gráfico-editorial é o mais usado, com uma ou outra variação; lugar de notícia importante é, preferencialmente, a página ímpar. O nosso Figueira – até por ser um semanário – não segue muito esse figurino. Não tem compromisso com o imediatismo ou com a rapidez na divulgação do fato. Não é um noticioso. É, mais, um jornal analítico, de opiniões. Com isso, as páginas nobres – especialmente as iniciais – acabaram àquelas seções fixas que interessam mais a seus leitores cativos e têm potencial para atrair novos. Assim é que a seção Sacudindo a Figueira e a coluna do jornalista José Marcelo, Notícias do Poder, mantêm seus respectivos latifúndios nas páginas 3 e 5 do jornal. Os leitores mais atentos devem ter percebido que a coluna de Marcelo, com os bastidores da política diretamente da capital federal, começou como um quase rodapé da página anterior. Pelo grande interesse sobre seu conteúdo e pela competência de seu autor, foi logo promovida ao topo de uma página da direita (não estou me referindo, claro está, a nenhum posicionamento ideológico, que esse jornal tem outra orientação), onde tem permanecido desde as primeiras semanas de vida desse semanário.
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Anúncios em grandes formatos também costumam “avacalhar” qualquer projeto gráfico de um jornal, para desespero de editores, diagramadores e/ou programadores visuais. Não por acaso, anúncios de grandes formatos são chamados, no jargão do jornalismo e da publicidade, de anúncios “rouba-página”.
À brasileira
Nem inchada, nem enxada. O termo é hinchada. Estava no título do artigo do publicitário e blogueiro Jorge Murtinho, que escreve sobre futebol na última página do Figueira. De cara, qualquer leitor desavisado logo apontaria um tremendo cochilo da revisão. Não seria “inchada”? Ou “enxada”? Mas, peralá: que sentido faria qualquer uma dessas duas alternativas com o complemento empregado no título, “à brasileira”? A primeira opção é um adjetivo e significa dilatado, intumescido, aumentado. A segunda, substantivo comum, é uma reles ferramenta usada na lavoura e na construção civil. O texto, porém, não faz qualquer referência a inchada ou enchada. E pior: nem a hinchada! Onde está o erro, então? Primeiro, faltou grafar o termo em itálico, como convém a palavras de outro idioma ainda não dicionarizadas no nosso. No caso, uma palavra em espanhol. Segundo, faltou mesmo explicar o que é, porque o termo não é tão comum assim entre muitos leitores, como pode supor o articulista. E, pra quem não sabe e não teve a pachorra de ir perguntar a São Google, padroeiro dos ignorantes e desinformados, o termo está relacionado ao comportamento característico dos barra bravas – como são chamados os fanáticos torcedores argentinos de futebol.
José Carlos Aragão, ombudsman do Figueira, é escritor e jornalista. Escreva para o ombudsman: redacao.figueira@gmail.com
Nelson, de camisa branca, é um educador que utiliza a capoeira em seu trabalho de transmitir conhecimentos
Educação no gingado da capoeira Rosi Santiago / Especial As variações rítmicas do berimbau são inúmeras, e o educador Nelson Enielson Elói dos Santos, 35 anos, utiliza cada uma delas em seu trabalho social. Toda a sua história está entrelaçada a projetos voltados à construção da dignidade humana. Seu trajeto começou na Pastoral da Criança, quando era um dos beneficiários. Foi lá que conheceu a capoeira e como usá-la na transformação de vidas. Ali realizou seu primeiro trabalho voluntário, retribuindo o que a organização lhe proporcionou. Para Nelson, a importância do trabalho social está em alcançar um público que muitas vezes o Estado não consegue. Anos depois, em seu primeiro trabalho social remunerado, Nelson foi monitor no Programa Semiliberdade, de medidas socioeducativas a adolescentes em conflito com a lei. Seu trabalho era acompanhar os jovens nas oficinas e ser um intermediador na descoberta de uma nova forma de vida, em harmonia com as regras sociais. Hoje, Nelson é um educador do CreasPop, programa que oferece atendimento à população de rua. O trabalho que realiza através das oficinas, tanto de capoeira quanto de re-
Dia da Família na Escola A necessidade de reconstruir a educação, mudando as técnicas de ensinar e contar com o apoio da família, professores e governos, norteia as relações que buscam socializar os saberes sobre a educação, visando encaminhar crianças e adolescentes por uma nova perspectiva de ensino-aprendizado e interação social. Neste processo contínuo, a rede municipal de ensino tem promovido, através da escola de tempo integral, novas formas de transferir os conteúdos, a fim de reconstruir a educação, levando em conta o contexto social, econômico e cultural dos alunos. Um exemplo é o programa Mais Educação, que oferece oficinas, durante todo o ano, de esportes (judô, futsal, handbol, etc), dança, música, informática, arte circense dentre outros, visando ampliar os horizontes das crianças e adolescentes da educação infantil e do ensino fundamental. Na busca de integrar a família com a comunidade escolar, muitas são as atividades desenvolvidas pelas escolas municipais. E no dia 22 foi realizado o Dia da Família na Escola Municipal Pio XII (CAIC). Na oportunidade, os alunos irão apresentar coreografias de dança, percussão, judô, competição de futsal e muito mais.
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Às vezes vemos tantas coisas na vida que perdemos a esperança, mas eu sempre peço para que as pessoas não deixem de fazer o bem ao próximo e que estejam sempre abertas a isso. Que façam o bem realmente, sem a demagogia de falar e nada fazer.
flexão, estimula aos beneficiados a uma busca pessoal, elevando a autoestima e a crença em si mesmo.“O meu trabalho aqui é uma troca de experiência muito grande, onde eu aprendo mais do que ensino.”, conta. Suas escolhas refletem na família. Seus filhos já seguem seus passos na capoeira e no voluntariado. “Esses trabalhos que foram realizados ao longo desses anos me serviram como base para trabalhar dentro de minha própria casa, com minha família.” Curtindo o nascimento do filho mais novo, de três meses, se sente feliz com sua trajetória. E aproveita este espaço nos deixando uma mensagem: “Às vezes vemos tantas coisas na vida que perdemos a esperança, mas eu sempre peço para que as pessoas não deixem de fazer o bem ao próximo e que estejam sempre abertas a isso. Que façam o bem realmente, sem a demagogia de falar e nada fazer.”
Campanha de vacinação contra paralisia infantil e sarampo termina nesta sexta-feira Atenção, pais! Termina nesta sexta-feira (28) a primeira etapa da Campanha Nacional de Multivacinação contra a poliomielite (paralisia infantil) e também contra o sarampo. Embora o Brasil não apresente casos de poliomielite desde 1990, é importante que todas as crianças de seis meses até quatro anos, 11 meses e 29 dias sejam vacinadas para que a doença não seja reintroduzida no país, tendo em vista que o vírus permanece ativo em outras regiões do mundo. Até o momento, a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde de proteger pelo menos 95% das crianças contra as duas doenças não foi alcançada em Valadares. Dos 16.505 meninos e meninas que se enquadram nessa faixa etária, apenas 9.546 foram imunizadas, o que corresponde a 57,84% de crianças protegidas da paralisia infantil. Em relação ao sarampo, a meta também não foi atingida em Valadares. Das 14.628 crianças de 1 a 4 anos, 11 meses e 29 dias que devem ser imunizadas, apenas 8.344 foram vacinadas até o momento, o que representa 57,04% dos pequenos livres da doença. Para vacinar, os pais devem levar as crianças, até sexta-feira, das 8 às 17 horas à unidade de saúde mais próxima de casa. É importante levar o cartão de vacinação da criança.
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É realmente muito gratificante estar em um país de potência mundial e poder se destacar no esporte. Há um respeito muito grande por mim, tanto por parte da imprensa, dos atletas, como da sociedade em geral. O reconhecimento e o carinho são maravilhosos, coisa que não tem como explicar, e isso me deixa muito feliz e com a sensação de missão cumprida. A divulgação constante na imprensa local, fez com que eu me tornasse um personagem muito conhecido por aqui.
Luiz Sousa, representa o Brasil e Governador Valadares em várias competições internacionais e já recebeu o prêmio da Brazilian International Press Awards
Luiz Sousa, o valadarense dos recordes
Quando morava em Valadares, ele era conhecido como Luiz Pinga, e já demonstrava talento nas corridas de fundo. Hoje, Luiz Sousa mora nos Estados Unidos, é campeão internacional de maratonas, e acumula mais de 400 prêmios nacionais e internacionais. partir dessa competição sem nenhum profissionalismo descobri o esporte da minha vida.”
Gina Pagu / Especial
Atleta valadarense, o campeão internacional Luiz Sousa, corredor de maratonas, hoje acumula mais de 400 prêmios nacionais e internacionais. Com mais de 30 anos de carreira no atletismo se consagrou em 2013 o destaque brasileiro no Prêmio da Brazilian International Press Awards. Uma espécie de Oscar, onde são premiados os brasileiros que se destacaram nos Estados Unidos, em suas respectivas categorias, e deixou muita gente famosa para trás como Anderson Silva, Minotauro, Roberto Carlos e Xuxa. Luiz diz que não se imaginava corredor, mas como toda criança sonhou em ser médico, professor, motorista e jogador de futebol. Ele conta como foi sua infância e como foi a descoberta do atletismo. “Nasci na Zona Rural, próxima a cidade de Fidelândia, Minas Gerias. Iniciei meus estudos, e completei o segundo grau. Quando fiz 14 anos minha família veio para Valadares afim de que os filhos pudessem estudar mais. Antes de começar no esporte eu trabalhei ajudando minha família, já fui vendedor, auxiliar de serviços gerais e Inspetor de Qualidade. E joguei futebol nas categorias amadoras na cidade, mas ainda não era o que eu queria” A paixão pela corrida veio de uma participação numa corrida rústica, organizada no Bairro Santa Rita. “Eu sabia que o condicionamento físico era fundamental para qualquer atleta, e como jogador de futebol eu treinava sem parar. Então me convidaram para essa corrida, e para surpresa de todos fui campeão. Assim integrei a equipe de atletismo do Centro da Infância e Juventude de Valadares. Representávamos a cidade, o estado e o país em competições por todo Brasil. A
Estados Unidos O atleta hoje está em Coconut Creek, na Flórida, participando de uma série de competições internacionais. No último sábado (22), ganhou o primeiro lugar na 28th Annual Delray BeachTurkey Trot. Nos próximos meses disputará as seguintes corridas: 34th AnnualTamaracTurkeyTrot; Sal HalfMarathon, Sarasota; Serena Willians UltimateRun; Jingle Bell Run, Fort Lauderdale; Boca 10, Boca Raton, todos na Flórida. Além de duas provas em Nova York e Boston que ainda serão determinadas. Ele fala que fica ainda surpreso com a receptividade dos americanos, e explica como é ser um atleta brasileiro em um país estrangeiro. “Aqui a visão é totalmente diferente, eles preferem usufruir dos benefícios proporcionados pelo esporte, o bem estar, a confraternização. Já no Brasil pelo que percebi, as pessoas se preocupam mais com o lado financeiro, as assessorias esportivas visam fins lucrativos, prejudicando assim o espírito esportivo, que deveria prevalecer.” A carreira internacional de Luiz Sousa, que começou em 1987 nos Estados Unidos, traz outros destaques além do Oscar. Durante 30 anos de carreira foram 600 competições, e a homenagem da ONU, em Nova York, por ter sido considerado um dos “notáveis”, sendo o imigrante que faz a diferença naquele país. O campeão explica que a base para conquistar tudo isso foi o treinamento incansável e a determinação. “Para conseguir se destacar neste esporte, você não pode ter
férias de treinamento. Se você não treinar terá alguém treinando, querendo ser melhor que você. Então, você tem que sempre superar os próprios limites. Além do maior desafio de todos ser a adaptação, pois viver longe da família, das raízes é muito difícil. Ultrapassada essa barreira é preciso correr, e correr.” Reconhecimento Depois de se formar em Educação Física e Nutrição, Luiz se tornou um empresário de sucesso e se diz muito feliz pelo reconhecimento oferecido pelo esporte, principalmente em alcance internacional. “É realmente muito gratificante estar em um país de potência mundial e poder se destacar no esporte. Há um respeito muito grande por mim, tanto por parte da imprensa, dos atletas, como da sociedade em geral. O reconhecimento e o carinho são maravilhosos, coisa que não tem como explicar, e isso me deixa muito feliz e com a sensação de missão cumprida. A divulgação constante na imprensa local, fez com que eu me tornasse um personagem muito conhecido por aqui.” Na história esportiva de atletas importantes como Luiz, também acontecem situações inusitadas. Mas que ainda assim trazem vitórias. “Houve uma prova de 10 quilômetros em que eu estava liderando, e tinha uma passagem de trem no percurso, assim que passei, o trem veio. Era mais ou menos na metade da prova, então o restante dos atletas parou para esperar o trem seguir. E isso durou uns 10 minutos, o que fez com que eu vencesse a competição sem maiores dificuldades, aliás, foi a vitória mais fácil que eu tive aqui.”
Vitória a Minas Vinícius Quintino / De Vitória
Financiamento público de campanhas Eleitorais O recente escândalo envolvendo as maiores empreiteiras do país – Operação Lava Jato – revela mais do que um avanço no combate à corrupção, verdadeira necessidade de retomada do debate sobre o financiamento público de campanhas eleitorais. As investigações da Policia Federal apontam que o suposto esquema de desvio de recursos tinha como alvo principal o financiamento de candidatos a cargos políticos. Segundo dados da Comissão da Verdade, essa estratégia vem sendo aplicada no Brasil antes mesmo do golpe militar de 1964. Especificamente no caso da Petrobrás, como afirma Paulo Moreira Leite, esse esquema teria surgido no tempo em que a estatal era comandada por Henri Philippe Reichstul, indicado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Tal a afirmação corrobora com a tese de defesa dos réus no processo do Mensalão do PSDB, de que os milhões de reais desviados dos cofres públicos não passariam de mero gasto de campanha não contabilizados, ou seja, simples ilícitos administrativos eleitorais. No Brasil, por força do art. 17, da Lei n° 9.504/1997, o financiamento das campanhas é misto, ou seja, envolve tanto capital privado, como público. Estima-se que o total de gastos declarados na eleição deste ano ultrapasse a casa dos R$5,133 bilhões, valor que daria para contratar mais de 360 mil professores, da rede pública estadual, por ano, em Minas Gerais. Não são poucos os estudos que comprovam uma relação
direta entre gastos de um candidato e o aumento do número de votos. Em recente pesquisa realizada na FUCAPE Business School constatou-se que “recursos financeiros” é uma das variáveis de maior impacto no sucesso das campanhas eleitorais. Para se ter ideia, nas eleições de 2014, as 10 empresas que mais doaram, ajudaram a eleger 70% da Câmara dos Deputados. Aqueles que defendem o financiamento exclusivamente público, condenam o valor elevado das despesas eleitorais, afirmando que a proibição de influência do capital privado reforçaria a autonomia dos partidos políticos, reduzindo assim os riscos de abuso de poder econômico e de corrupção. Já os pensam diferente, sustentam a tese de que o financiamento público não seria garantia de combate à corrupção, pois não impediria a formação do chamado “caixa 2”. Além disso, poderia causar maior dependência dos partidos políticos em relação ao Estado, chegando, inclusive, a dificultar o surgimento de novas agremiações, pois os maiores partidos se perpetuariam no poder. Segundo dados estatísticos coletados em 140 países, pelo Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Eleitoral, sediado na Suécia, existe uma tendência mundial de se implementar o financiamento público de campanha, buscando assim maior universalização e democratização das disputas políticas. No Brasil, apesar da questão ainda ser altamente polêmi-
ca, algumas instituições já se mostraram favoráveis à ideia do financiamento público. É o caso da OAB, que em 2013 propôs Ação Declaratória de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal, pleiteando a proibição definitiva de doação de pessoas jurídicas para campanhas eleitorais. Nesse julgamento, dos 11 Ministros do STF, 6 já se mostraram favoráveis à tese da OAB: Ministros Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Marco Aurélio, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski. Por enquanto apenas o ministro Teori Zavascki votou contra. No momento o processo encontra-se parado, aguardando a apreciação da matéria pelo Ministro Gilmar Mendes. O tema é controvertido e merece ser discutido por toda sociedade brasileira. O que não dá para aceitar é a mercantilização da política, no qual o valores inerentes à igualdade passam a ser substituídos pela riqueza das grandes empresas e reduzidos à meras planilhas de custeio.
Vinícius Quintino é funcionário público federal.
CORRESPONDENTES 10
FIGUEIRA - Fim de semana de 28 a 30 de novembro de 2014
UE
D’outro lado do Atlântico José Peixe / De Lisboa
José Sócrates, ex-primeiro ministro de Portugal foi preso por suspeita de fraude fiscal e corrupção Na sexta feira à noite (21 de novembro), o ex-primeiro ministro José Sócrates, foi detido pela polícia, quando desembarcou no aeroporto da Portela, em Lisboa, num vôo proveniente de Paris. A espera do ex-governante português estava também uma equipe de televisão que foi informada do que iria se passar no aeroporto. E Portugal foi apanhado de surpresa, e ao vivo, com a detenção de José Sócrates. Ninguém acreditava no que estava acontecendo. Foi um acontecimento que pegou toda a gente de surpresa. Há muito que se falava que o ex-primeiro ministro socialista estava envolvido em lavagem de dinheiro e corrupção, mas nunca se pensou que viesse a ser detido e muito menos ao vivo. José Sócrates foi levado diretamente, numa viatura da polícia, do aeroporto de Lisboa para uma delegacia onde permaneceu detido. No sábado, os agentes policiais fizeram pesquisas na casa do ex-primeiro ministro, na rua Braancamp, e depois seguiram para o Campus da Justiça onde o ex-primeiro ministro foi identificado pelo juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC). A detenção de José Sócrates teve origem numa movimentação bancária efetuada ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP. Segundo uma fonte da Procuradoria Geral da República (PGR), “essa comunicação foi efetuada em cumprimento da lei de prevenção e repressão de lavagem de dinheiro e segundo as diretivas da União Europeia.
O ex-primeiro ministro José Sócrates está preso na cidade de Évora, a 150 Km de Lisboa
Juntamente com o ex-primeiro ministro foram detidos e apresentados ao juiz Carlos Alexandre, um diretor de uma das maiores empresas de construção de Portugal, um advogado e o ex-motorista de José Sócrates. Durante cinco dias as televisões portuguesas, rádios e órgãos de comunicação social, escritos e eletrônicos, portugueses e estrangeiros, marcaram presença de noite e de dia no Campus da Justiça, em Lisboa, transmitindo ao vivo o que acontecia nos interrogatórios. As autoridades judiciais pouco revelavam dos acontecimentos, mas mesmo assim os jornalistas não desarmaram e prosseguiram com a sua atividade num ritmo alucinante. Para Elina Fraga, bastonária da Ordem dos Advogados, a prisão de José Sócrates não dignifica a justiça portuguesa. “Custa-me ver na televisão um cidadão detido ao vivo para ser apresentado ao juiz. Mais uma vez não se respeitou o segredo de justiça”. Muitos dos advogados também demonstraram algum desconforto em relação a este caso que parou Portugal durante o último fim de semana. O euro deputado social democrata Paulo Rangel afirmou que houve um abuso midiático. “Trata-se de um procedimento aviltante da dignidade pessoal dos arguidos e altamente lesivo e penalizante para os familiares e íntimos do ex-primeiro ministro, que, em momentos tão difíceis, mereciam recato e respeito. Esta preocupação ética e humana nada tem a ver
Café com Leite Marcos Imbrizi / De São Paulo
Fórum reforça compromisso com o fortalecimento do campo público de comunicação O Fórum Brasil de Comunicação Pública, realizado em Brasília nos dias 13 e 14, contou com a participação de representantes de todos os setores (rádios e TVs comunitárias, educativas, universitárias, legislativas e públicas). Uma das questões acordadas entre todos os participantes é que a consolidação de um Sistema Público de Comunicação é um dos pilares para a democratização da Comunicação do Brasil. Para tanto, é necessário um novo marco legal que regulamente o Art. 223 da Constituição Federal, que garante a complementaridade dos sistemas público, privado e estatal. De acordo com o sítio do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), a 1ª Conferência Nacional de Comunicação, aprovou em 2009ª distribuição equitativa do espectro da radiodifusão. A questão também está contemplada no Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Mídia Democrática, lançado pelo FNDC no ano passado. O projeto prevê que as emissoras comerciais, públicas (formadas pela Empresa Brasileira de comunicação, comunitárias, educativas e universitárias) e estatais (canais ligados a órgãos governamentais dos três poderes) tenham direitos iguais na participação do espectro, ou seja, cada setor teria 33% das concessões. Ao final do encontro foi elaborada a Carta de Brasília 2014, que reafirma os compromissos assumidos no I Fórum Nacional de TVs públicas, realizado em 2007. Entre outros pontos o documento defende a garantia de participação da sociedade civil nos conselhos gestores das emissoras públicas, a liberação e regulação da Contribuição para o Fomento da Comunicação Pública, por meio de processo transparente e participativo e a necessidade de regula-
DJ Festival continua neste fim de semana em Valadares Começou na última sexta (21) o DJ’s Festival em Governador Valadares na boate Mary’s Club com entrada gratuita para o público. Com a atuação de dois participantes do concurso, os DJ’s Fillpy e Ingrid Mohry foram avaliados pela banca de cinco jurados. Cada DJ preparou um set de 45 minutos para a apreciação dos presentes. Quem participou do evento também foi o DJ Baleia, já conhecido na cidade. O DJ’s Festival contará com mais três eliminatórias, sempre as sextas-feiras na boate Mary’s Club, com a finalíssima no dia 12 de dezembro. A cada noite o evento recebe um convidado para abrir os trabalhos. O evento é gratuito para convidados em número limitado. Os interessados deverão retirar o seu convite na Rua Dom Pedro II, 308 em horário comercial.
ção que garanta autonomia política e editorial, e a laicidade de todas as emissoras do campo público; assim como a presença dessas emissoras em todo o país, por meio de sinal aberto de radiodifusão, além da reserva de espectro na migração para o sistema digital. Comunitárias - Outro importante ponto da Carta de Brasília 2014 diz respeito à descriminalização das emissoras comunitárias. Representantes do setor presentes ao encontro informaram a existência de cerca de dois mil processos judiciais em curso em todo o País contra estas emissoras ou seus operadores. O documento defende a anistia a todos os envolvidos por transmissão não autorizada de sinais de radiodifusão, além de tratamento igualitário para difusores comunitários no processo de outorga de concessões. A necessidade de valorização dos recursos humanos das emissoras do campo público e o respeito aos seus trabalhadores e trabalhadoras é outro item do documento. Mais informações e a íntegra da Carta de Brasília 2014 estão disponíveis no sítio http://www.fndc. org.br/ Presente ao encontro no dia 14, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, recebeu cópia da Carta e reafirmou a disposição do Governo Federal em promover a regulação das comunicações.
Marcos Luiz Imbrizi é jornalista e historiador, mestre em Comunicação Social, ativista em favor de rádios livres.
com o normal devir da investigação, que deve decorrer sem mãos trêmulas, e nada tem a ver com qualquer deferência para com os arguidos”. Na ótica do jornalista do “Publico”, Jose Vitor Malheiros, “a detenção do ex-primeiro ministro José Sócrates tratou-se de um caso político” e explica por que: “O que não significa que deve ser comentada levianamente e que não deve haver uma enorme prudência nas afirmações produzidas, devido à presunção de inocência a que todos os arguidos têm direito. Alguns órgãos de comunicação social fizeram investigações próprias e, baseados nos fatos que consideram ter provado, afirmam que Sócrates fez isto ou aquilo. Trata-se de um risco que querem correr e apostam nisso a sua reputação, o que de certa forma não dignifica o jornalismo”. O juiz Carlos Alexandre, na segunda feira à noite, decretou oficialmente a medida de coação mais grave para José Sócrates, por considerar haver risco de perturbação do inquérito. O ex-primeiro ministro socialista e suspeito de fraude fiscal qualificada, lavagem de dinheiro e corrupção. E foi conduzido em carro celular para o Estabelecimento Prisional de Évora. Na terça-feira, José Sócrates recebeu a visita da ex-mulher e de Capoulas dos Santos, que foi ministro da Agricultura no tempo em que José Sócrates governou Portugal. “Estes acontecimentos não passam de ajustes políticos e de um verdadeiro atentado ao segredo de justiça. Não estou advogando a inocência de José Sócrates, mas sim dizendo que tudo isto não passa de uma cabala política contra o Partido Socialista”, afirmou aos jornalistas, na saída da prisão de Évora, Capoulas dos Santos. Na quarta-feira de manhã (e não sendo dia de visitas), o ex-presidente da República e fundador do Partido Socialista português, Mario Soares, deslocou-se a Évora para visitar José Sócrates. Na chegada Mário Soares disse que “é vergonhoso prender cidadãos para serem ouvidos por um juiz”. A saída, Mário Soares demonstrou estar nervoso e afirmou que “os portugueses vão compreender que tudo isto foi um golpe político desferido sobre o partido socialista”. “José Sócrates foi vítima de um atentado
José Valentim Peixe é jornalista e doutor em Comunicação, correspondente deste Figueira em Lisboa, CP 1040
Política Lucimar Lizandro
Montagem do novo governo: muita calma nessa hora Extra oficialmente começaram a circular na imprensa os nomes de prováveis ministros do próximo governo de Dilma Rousseff. Como esperado, as reações foram imediatas. Já estão na praça os nomes de Joaquim Levy para a fazenda, Nelson Barbosa para o planejamento, Armando Monteiro Neto para o desenvolvimento e indústria e Kátia Abreu para a agricultura. A líder ruralista foi o principal alvo das críticas de parcelas do PT e dos movimentos sociais. Antes de se filiar ao PSD e depois ao PMDB e se tornar uma governista, Kátia Abreu, filiada ao DEM se notabilizou por uma dura oposição ao governo federal e liderança do agronegócio, tendo como uma de suas trincheiras a presidência da Confederação Nacional da Agricultura – CNA. Com tal ativismo, Kátia Abreu se tornou uma forte opositora dos movimentos da reforma agrária. Por outro lado, deve-se reconhecer que a vitória apertada de Dilma Rousseff contra o senador Aécio Neves, a redução da bancada petista na câmara, o encolhimento da bancada de esquerda e o fortalecimento dos partidos de direita, além da ameaça de rebelião do PMDB sinalizam dias difíceis para o próximo governo trabalhista. Não bastassem as dificuldades no campo institucional, das ruas vêm palavras de ordem que pedem o impeachment da presidenta reeleita, além de apelos pelo retorno dos militares. Na economia, o baixo crescimento, a resistência inflacionária e a redução do superávit primário trazem mais complicações a um quadro já bastante difícil. Completando o cenário de nuvens carregadas, temos o andamento da operação Lava Jato da Polícia Federal, que deixa governo e congresso apreensivos com o desfecho das investigações em curso. Portanto, é nesse cenário de extrema adversidade que deve ser analisada a possível indicação de Kátia Abreu para o ministério da agricultura, numa tentativa de vencer o isolamento político e ampliar a governabilidade. Além do mais, o agronegócio tem importante participação na economia nacional e responde por 45% da nossa pauta de exportações, o que o torna um importante interlocutor político. Por outro lado, reconhecer a importância do agronegócio não significa desconhecer as suas dificuldades e muito menos ignorar a importância da reforma agrária e da agricultura familiar, grande produtora dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros. Portanto, espera-se dos tradicionais aliados do governo federal mais compreensão diante de um difícil cenário que se apresenta para a próxima gestão. Isso não desconsidera as críticas nem as cobranças, tão importantes para apontar os rumos que não devem ser trilhados por um governo que busca o crescimento econômico com inclusão social. Lucimar Lizandro Freitas é graduado em Administração de Empresas pela FAGV e especialista em Gestão Pública pela UFOP.
CULTURA
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Recado Capital
Cartas da América
Marcelo Machado / De Belo Horizonte
Flávia Santos / De Ashland, MA
Uma luz no fim do túnel
A era do Galo de Copas Marcelo Machado
bolo. E foi com relativa facilidade que o time treinado pelo competente Levir Culpi derrotou o bicampeão brasileiro e rival Cruzeiro. Um título mais que merecido, com futebol superior nos dois jogos e 3 a 0 no placar geral. Campeão indiscutível, como bem definiu Culpi no Mineirão. Por trás dessa trilogia gloriosa, uma Cidade do Galo e uma gestão com trabalho sério, com muitos acertos e também percalços, de uma diretoria encabeçada por um dirigente centralizador, sanguíneo, temperamental, mas acima de tudo carismático e vitorioso. Alexandre Kalil se despede no topo, feliz por honrar a memória de “seo Elias”.
Depois da Libertadores de 2013 e da Recopa em julho passado, a torcida do Atlético comemora o terceiro título então inédito de Copa em menos de dois anos – agora, a do Brasil. Uma autêntica trilogia! Afinal, há unidade na história de cada uma dessas conquistas, todas com roteiros alucinantes, coerência nas tramas e emoção de sobra nas reviravoltas. Definitivamente, o Atlético, cada vez mais vencedor e copeiro, vive uma era à altura de sua grandeza e tradição. Após despachar o Palmeiras sem cerimônia nas oitavas de final, este Galo do craque Tardelli, do ótimo Dátolo, do São Marcelo Machado é valadarense, jornalista e editor de Esportes do Victor e do doidinho Luan atropelou os gigantes Corinthians jornal Hoje em Dia. Este texto foi publicado por ele em sua timeline no e Flamengo com viradas inacreditáveis. Faltava a cereja do Facebook. Fanpage do Galo
CRÔNICA
Mulheres machistas Gina Pagu
Um dia desses conversando com uma senhora que tem pouco mais de 60 anos, ela me disse que as mulheres têm que aceitar os maridos como eles são. Sim, até aí tudo bem. Temos que nos aceitar a partir do momento que decidimos morar juntos, casar, namorar, enfim. Mas a dureza não é essa. Essa mulher tem um histórico de ter vivido com um marido alcóolatra e mandão. Com o tempo ele envelheceu e melhorou, digamos. Com o passar dos anos se tornou um marido companheiro, amável. Mas hoje ela é viúva. E esse não é um caso único. Nós que nascemos na década de 70 observamos nossas mães, tias, avós e até irmãs vivendo e repetindo os comportamentos das esposas de antigamente. Quer dizer, o marido sair de casa na sexta-feira e só voltar na segunda é normal. Afinal todos têm direito de se divertir, e isso é coisa de homem, como disse a tal senhora. Que nada, ser traída uma vez ou outra com moças mais jovens é normal, temos que aceitar. Afinal foi assim que aprendemos, a abaixar a cabeça e ficar cuidando dos filhos em casa sozinha. Comida, roupa lavada, tudo no lugar, crianças saudáveis
e na escola. Isso é papel de mulher, de esposa, de dona de casa. E em tempos que essa mesma mulher vem conquistando espaço gradativamente no mercado de trabalho ainda tem gente engolindo tudo isso a seco. Eu fiquei besta com o papo da senhora que eu admirava tanto. Mas, cada um escolhe o que quer. Só que eu não concordo com esse machismo feminino. E ai de mim se falasse algo contra. Ela tem duas filhas, que foram pelo mesmo caminho. Cada uma com filhos de pais diferentes. Ambas trabalham muito, os ex-maridos ajudam como querem, não pagam pensão como manda a Lei. E a culpa é de quem? A justiça está aí. Só que por viver literalmente a cultura de que o homem é melhor em muitos aspectos, ficamos assistindo o sofrimento ou a aceitação alheia. Eu fico boba mesmo, devo ter nascido na época errada. Porque eu não aceito homem machista, e mulher machista pra mim é pior ainda. Sabe que tem que ser submissa e aceita. Mas o caso é que essa senhora paga as contas com a pensão que o marido deixou e continua enlouquecida diariamente com casa para limpar e almoço para fazer. Nunca trabalhou fora, e não o fará mais. E isso significa que vamos ficando adestrados com aquilo que aprendemos a ser. Eu também sou mulher, cuido de casa, trabalho fora, mas não compactuo com esse machismo adestrado e você?
A última quinta feira foi de muita expectativa para os mais de 11 milhões de imigrantes que vivem ilegalmente nos Estados Unidos. A ansiedade tinha nome: Reforma Imigratória. E que na quinta às 8 horas da noite (horário de NY) o presidente Barack Obama iria se pronunciar oficialmente sobre a ordem executiva, que como ele mesmo disse, tiraria milhões de pessoas das sombras. O pronunciamento, muito especulado, gerou alegria e muita frustração por parte daqueles que esperavam uma atitude do governo quanto à situação dos indocumentados. A frustração foi porque apenas 4 milhões de pessoas serão beneficiadas. A ordem só vai valer para pais de crianças nascidas nos Estados Unidos ou que sejam residentes legais, ou seja, que possuam o Green Card, que morem aqui há pelo menos cinco anos, que não tenha problemas com a justiça e paguem seus impostos corretamente. Além disso, os beneficiados só terão permissão para trabalhar e tirar carteira, não pegarão o tão sonhado Green Card. Logo após o pronunciamento, as manifestações em rede sociais foram gerais. Os que não irão se beneficiar estavam indignados e insatisfeitos. Muitos dos que se beneficiarão parece que também não ficaram muito felizes. A maior queixa é que o presidente poderia ter feito mais, ter ajudado a mais imigrantes, ter aberto uma lei na qual as pessoas pudessem se legalizar, enfim, não gostaram, mesmo sendo beneficiados. O que me deixa um pouco intrigada com os brasileiros, não todos, claro, mas uma grande maioria, é que nunca estão satisfeitos com nada. O presidente poderia ter feito mais? Talvez, mas não acho que cabe a nenhum de nós julgar isso. Temos que nos lembrar, que o presidente está fazendo até mais do que ele realmente pode, dizem que ele está passando por cima do congresso e até mesmo da constituição. Precisamos nos lembrar de que ele (Barack Obama) não trabalha sozinho, talvez ele realmente quisesse implantar uma lei que abrangesse um maior número de pessoas, mas sozinho nada faz. Como falei anteriormente o congresso, que agora tem maioria Republicana, não está de acordo com a ordem executiva e vão fazer o que puderem para tentar barrar a mesma. Temos que pensar que poderia ter sido pior, ou nem acontecido, que talvez você não tenha sido beneficiado, mas que algum amigo ou conhecido será, e que talvez esse tenha sido um passo para algo maior futuramente. Temos apenas que sermos gratos.
Flávia Santos é jornalista valadarense e mora em Ashland, MA
TIM ArtEducAção capacita professores em Sabará Alguns professores de Valadares e de outras 12 cidades participaram, entre os dias 20 e 23 de novembro, de uma capacitação promovida pelo Tim ArtEducacAção no Instituto Cultural Sérgio Maganmi – Marzagão, em Sabará (MG). Durante workshop estes profissionais tiveram aulas de: figurino, maquiagem, cenografia, iluminação e direção. A novidade entre os cursos oferecidos foram as aulas de Cenografia Digital. Este ano as oficinas tiveram como tema a Ópera Aída. Os alunos retrataram os atos desta peça nas atividades de cada oficina. Esta ópera conta a história da escrava Aída e o triângulo amoroso vivido por ela, o guerreiro Radamés e a filha do faraó Amneris. A peça ainda aborda as reviravoltas do conflito entre o Egito e a Etiópia.
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ESPORTES
Temos o mau hábito de superestimar nossos treinadores, atribuindo-lhes méritos e importâncias que costumam ser desmascarados logo ali adiante. Mas é bacana ver o sucesso dos poucos que não se comportam como gênios da raça, e sim feito gente comum. Marcelo joga no time das pessoas normais, e é com simplicidade que vem botando o futebol brasileiro no bolso. É difícil olhar as duas campanhas vitoriosas do Cruzeiro e delas extrair a qualidade mais importante do técnico. São tantas. Campeonatos longos e difíceis como o nosso, em que os candidatos ao título se veem desfalcados por lesões, suspensões e convocações, requerem elencos montados com precisão e equilíbrio. Sim, Marcelo teve grana para levar Dedé, Júlio Batista, Willian, Dagoberto, mas, mesmo com as boas temporadas no Goiás e no Coritiba, quem mais apostaria todas as fichas em Ricardo Goulart e Éverton Ribeiro, de passagens tão sem brilho por Inter e Corinthians? Os torcedores do Flamengo – que nem eu – têm dificuldade para compreender como é que um time com Egídio e Marcelo Moreno consegue nadar de braçada em um campeonato conhecido por suas subidas e descidas. Uma das explicações decerto está na figura de um treinador que junta competência e paciência, combinação necessária para obter de alguns caras mais do que se poderia esperar. Adquirir ingresso para um jogo de futebol não deixa de ser um risco. Sempre haverá a chance de ser algo aborrecido, disputado por times tímidos ou previsíveis. Não é o caso. De todas as partidas a que assisti do Cruzeiro, só o vi jogar mal contra o Flamengo, num dia em que sua defesa não deveria ter levantado da cama. Porém, mesmo quando pouco inspirado, é raro o Cruzeiro se apresentar sem arrojo e sem padrão. Pode perder, porque é do jogo, mas vai pra cima e sabe o que faz. Em uma de suas recentes entrevistas, uma citação perdida revelou a forma com que Marcelo encara o futebol, exigindo que todos ataquem e defendam com aplicação e inteligência. Ele disse mais ou menos o seguinte: “O pessoal reclama muito dos volantes. Mas eu bem que gostaria de jogar com quatro volantes, desde que eles fossem Cerezo, Falcão, Carpegiani e Pintinho.” Como foi companheiro de Cerezo no Atlético Mineiro e cansou de enfrentar os outros três, ele sabe o que está falando. (Aqui, aproveito para dar uma breve guinada no artigo e desviá-lo por um parágrafo para Carlos Alberto Pintinho. Além do elogio de Marcelo, já vi Zico afirmar que Pintinho foi o melhor de todos os seus marcadores, exatamente pelo mesmo motivo escondido na frase do técnico cruzeirense: segundo Zico, Pintinho marcava muito bem e, quando tomava a bola, saía para o ataque com rapidez e habilidade. Carlos Alberto Pintinho jogou numa época em que não havia essa
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QUESTÕES DO FUTEBOL - JORGE MURTINHO
Os quatro volantes que explicam Marcelo Oliveira CEC
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Temos o mau hábito de superestimar nossos treinadores, atribuindo-lhes méritos e importâncias que costumam ser desmascarados logo ali adiante. Mas é bacana ver o sucesso dos poucos que não se comportam como gênios da raça, e sim feito gente comum. Marcelo joga no time das pessoas normais, e é com simplicidade que vem botando o futebol brasileiro no bolso.
enxurrada de partidas transmitidas pela tevê, e a concorrência pesada não lhe facilitou a vida na seleção brasileira. A combinação desses dois fatores o impediu de esticar seu prestígio para além do futebol carioca – o que só conseguiu ao se transferir para a Espanha, onde virou ídolo.) Juntando uma coisa a outra e tentando arredondar o texto, a admiração de Marcelo por Carlos Alberto Pintinho pode ser mais um bom argumento para explicar o sucesso do Cruzeiro. Um treinador que aprecia o futebol daquele jeito, como jogava o volante Pintinho, há de ter sempre meio caminho andado para montar times que valem o ingresso. O do Cruzeiro vale.
Nota: este texto foi escrito e enviado para o Figueira na terça-feira, 25 de novembro. Portanto, um dia antes da final da Copa do Brasil. Independentemente de qual tenha sido o resultado do jogo, nada altera seu conteúdo.
Jorge Murtinho é redator de agência de propaganda e, na própria definição, faz bloguismo. Nessa arte, foi encontrado pela Revista piauí, que adotou o seu blog e autoriza a sua contribuição a este Figueira.
Canto do Galo
Toca da Raposa
É campeão! É campeão! Aqui sempre será Galo!
O merecido tetracampeonato do Cruzeiro
Rosalva Luciano
Escolher um time para torcer é provavelmente a primeira decisão realmente importante que alguém toma na vida. Não me lembro de quando a minha escolha foi feita, mas tenho a certeza de ter sido a melhor, a mais acertada, umas das que mais me orgulha. Pouca coisa amo mais que o Clube Atlético Mineiro. Me pego algumas vezes pensando neste meu estado de paixão. Não se explica por que o futebol envolve um sentimento que não tem a menor lógica: é um amor puro, incondicional, arrebatador. Não consigo ficar indiferente diante da bandeira do Atlético tremulando, ao me deparar comum simples escudo num adesivo, ao ler uma manchete do jornal da segunda-feira. Me fascina essa minha identificação com uma entidade à parte, uma organização que não é nação, não tem ideologia, nem é política. É o amor por um time de futebol e só. Mas como pode ser algo tão gigantesco? O que me faz deixar para trás casamentos, batizados, aniversários, viagens, enfim, muitas coisas que deixei de participar, ”dia de jogo do Galo”. O que faz organizar minhas horas do final de semana para estar nas arquibancadas, o que me faz desprezar a cadeira cativa para ficar bem pertinho da massa, o que me faz dividir quando necessário banco de ônibus com a Galoucura, que loucura! Se você é atleticano, sabe do que eu estou falando. Se não é, não adianta tentar explicar porque você nunca vai entender. O
Atlético produz uma energia única, que mistura sofrimento e redenção, fracasso e sucesso, derrota e superação. Meu sangue nas artérias e veias tem listras, tem duas cores, carrega uma paixão. Sinto que ser atleticano é ter o privilégio do amor forte, inabalado, insubstituível. Sinto que ser atleticano é ter o melhor dos amigos, não sai do coração. Sinto que ser atleticano é ter a alma envolta num amor eterno, para sempre e sem tempo. Sinto que ser atleticano é ser consumido pela paixão. Sinto que ser atleticano é torcer com a vida. Sinto que ser atleticano é ser muito, ser tudo, ser o bastante. Tenho por definitivo na vida, minha família, minha fé e meu time amado. Não existe nada que se compara ao melhor som, ao melhor grito: GALÔÔÔÔÔÔÔÔÔ! GALÔÔÔÔÔÔÔÔ! É CAMPEÃO! É CAMPEÃO!
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Sinto que ser atleticano é ser consumido pela paixão. Sinto que ser atleticano é torcer com a vida. Sinto que ser atleticano é ser muito, ser tudo, ser o bastante. Tenho por definitivo na vida, minha família, minha fé e meu time amado.
Rosalva Campos Luciano é professora e, acima de tudo, apaixonadamente atleticana.
Hadson Santiago
Saudações celestes, leitores do Figueira! É campeão, é campeão, é TETRACAMPEÃO BRASILEIRO!!! Alegria geral no mundo azul com a merecida conquista de mais um título brasileiro, o bi consecutivo, o tri da era dos pontos corridos e o tetra da história do Cruzeiro. Foi no sufoco, mas valeu. Líder desde a 6ª rodada do Campeonato Brasileiro, o título veio na 36ª, com duas rodadas de antecedência. Não é fácil se manter tanto tempo na liderança, lutando contra tudo e contra todos os outros 19 participantes da competição. É muita pressão! O título é merecido e vem coroar todo um conjunto que constitui o Cruzeiro Esporte Clube: jogadores, comissão técnica, diretoria, funcionários e a imensa, exigente e apaixonada China Azul. Parabéns a todos!!! Normalmente escrevo a coluna na terça-feira, mas esta é especial e aproveito o calor e a emoção da conquista para escrever no domingo mesmo, algumas horas após o duríssimo Cruzeiro 2x1 Goiás. Aliás, se a equipe esmeraldina tivesse jogado todo o campeonato com a raça e a vontade com as quais enfrentou o Cruzeiro, certamente o Goiás estaria nas primeiras colocações da competição. Valorizou e muito o título celeste. Isso sem falar na chuva que castigou o gramado, dificultando o toque de bola cruzeirense. Quase 60 mil pagantes compareceram ao Mineirão e proporcionaram um espetáculo de luz, cores e sons. A torcida enfrentou a chuva e os engarrafamentos, mas valeu a pena. Ser campeão em casa não tem preço. O campeonato de pontos corridos é o mais justo. Vence realmente o melhor. E ainda há pessoas no eixo Rio-São Paulo defendendo a volta do matamata. Tenha a santa paciência! Seria um retrocesso sem precedentes. Cada uma das 38 rodadas deve ser encarada com uma decisão. Planejamento, um
elenco forte e de qualidade, uma comissão técnica competente, uma diretoria atuante, o apoio da torcida e muito trabalho são os ingredientes de uma fórmula de sucesso. Parece fácil, mas não é. O Cruzeiro leva isso a sério e está colhendo os frutos. Os quatro títulos brasileiros do Cruzeiro foram incontestáveis. Em 1966, um massacre sobre o Santos de Pelé & Cia. no Mineirão (6x2) e uma vitória irretocável (3x2) no Pacaembu selaram a conquista da Taça Brasil. Eram os anos dourados de Tostão e Dirceu Lopes, dentre outros. Já em 2003, comandado pelo camisa 10 Alex, o “Talento Azul”, o Cruzeiro faturou a tríplice coroa e conquistou o título brasileiro somando inacreditáveis 100 pontos, 13 a mais que o vice-campeão Santos. Em 2013, com um futebol que encantou o país e um domínio azul durante toda a competição, o grito de campeão ecoou com quatro rodadas de antecedência, lá em Salvador, no triunfo sobre o Vitória. E agora, em 2014, liderança desde as primeiras rodadas e a consagração a duas rodadas do fim do campeonato. Quatro títulos históricos que engradecem o clube que surgiu, em 1921, como uma equipe da colônia italiana de Belo Horizonte, tornando-se, nesses 93 anos de existência, um time respeitado, admirado e amado no Brasil e no mundo. Uma paixão estrelada, um orgulho da China Azul. O Brasil, mais uma vez, se pintou de azul e branco. A imagem do Cruzeiro resplandece!!!
Hadson Santiago Farias é cruzeirense da velha guarda e tetracampeão brasileiro.