www.figueira.jor.br
O fim de semana em Governador Valadares será com sol entre nuvens. Não chove. climatempo.com.br
facebook.com/600139720076533 twitter.com/redacaofigueira
27o 19o
MÁXIMA
Não Conhecemos Assuntos Proibidos
MÍNIMA
ANO 1 NÚMERO 7
FIM DE SEMANA DE 9 A 11 MAIO DE 2014
FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS
EXEMPLAR: R$ 1,00
Cemitérios da cidade estão em situação precária A situação dos cemitérios de Governador Valadares não é das melhores e a concessão surge como uma opção para melhorar a infraestrutura Fábio Moura
A população tem reclamado e com razão. A situação dos cemitérios e capelas velório de Governador Valadares é precária. Um verdadeiro desrespeito ao cidadão. A Prefeitura reconhece que não é satisfatória a situação em que se encontram os cemitérios e as capelas velório. O secretário de Serviços Urbanos, Seleme Hilel, diz que o município não tem condições de aplicar recursos na manutenção destes espaços. “Não existe um fundo exclusivo que reúna os recursos de vendas de lápides e dos outros serviços funerários prestados pela Secretaria de Serviços Urbanos”. A saída pode ser a concessão. PÁGINAS 6-7
Fernando Pimentel, candidato do PT ao governo de Minas, é o nosso entrevistado nesta edição. PÁGINA 9
O Cemitério de Santo Antônio, embora seja urbanizado e localizado na área central da cidade, já não oferece mais condições de receber novos sepultamentos
Viagem feita pela metade Diariamente, a Rua Barão do Rio Branco, no quarteirão que fica entre as ruas Afonso Pena e Sete de Setembro, recebe um grande número de vans e micro ônibus, vindos de outras cidades, conduzindo pessoas que fazem o TFD, Tratamento Fora de Domícilio. Chegam no início da manhã na sede do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Rio Doce (Cisdoce). Lá estacionam e só saem na hora de voltar para a cidade de origem. Os pacientes que têm consultas e exames em outros locais precisam se virar a pé, pagando táxi ou ônibus. PÁGINA 5
Que salário!
Dia das Mães
Figueira na Copa
Torcida valadarense aprova a Seleção, mas... Senti falta de um jogador do Corinthians, o Romarinho, talvez!
Álbum de Família
Descaso
A psicóloga Lívia Campos (foto) gostou da convocação, mas queria pelo menos o Romarinho no time de Luis Felipe Scolari. Lívia faz parte dos mais de 200 milhões de técnicos da Seleção Brasileira. Alguns deles opinaram sobre a convocação na PÁGINA 12
Essas mamães... Este Figueira homenageou três mães que são Mães com “M” maiúsculo. Uma delas tem 20 filhas e cuida de todas elas numa casa enorme. Outra é uma baiana que veio para Governador Valadares na carroceria de um caminhão. A outra, mais moderna, criou um blog para mostrar o dia a dia dos seus dois bebês (gêmeos), e orientar outras mamães a fazer um prato diferenciado para a gurizada. Quer saber quem são essas mamães? Vá para a página 9 e depois vire a página. PÁGINAS 9-10
Lagoa do Pérola, cartão postal em situação de abandono O que era pra ser uma paisagem de cartão postal se transformou em mato e lixo sobre uma lâmina d’água esquálida. Esta é uma descrição da Lagoa do Pérola que mais se aproxima da realidade vista no local, com o seu leito quase totalmente tomado pela vegetação aquática. Moradores reivindicam o desassoreamento. PÁGINA 4 Fábio Moura Tim Filho
De 210 profissionais médicos do Hospital Municipal, entre 45 e 62 continuam a cada mês as estripulias da multiplicação dos salários. Contratados por 24 horas semanais por R$ 4.200, trabalham a morrer, não têm clínica particular nem contrato em outros hospitais, nem vida social e familiar. Este Figueira divulga na coluna Sacudindo a Figueira a relação dos cinco maiores salários de médicos que trabalham no HM. O mais alto chega a quase R$ 50 mil. PÁGINA 3
Pescador observa o leito da Lagoa do Pérola, cheio de taboas, plantas aquáticas que se espalham rapidamente na água contaminadapor esgoto
OPINIÃO
2
FIGUEIRA - Fim de semana de 9 a 11 de maio 2014
Editorial
Tim Filho
Responsabilidades como cidade polo do Médio Rio Doce Na segunda edição impressa deste Figueira, foi dada ampla cobertura à visita do general Fraxe, diretor nacional do DNIT, que veio a Valadares explicar o processo de duplicação da BR 381 e como Valadares seria atendida. É de se destacar agora que a fala do diretor cumpre-se com a vinda da presidenta Dilma Rousseff a Ipatinga, na segunda-feira, dia 12, quando, às 15 horas, no Parque Ipanema, ela dará a ordem de início às obras de duplicação. Para assistir ao início da movimentação de homens e máquinas ao longo de toda a rodovia, estão convidados os prefeitos de todos os municípios interligados pela 381, entre Valadares e Belo Horizonte. É de se saudar também a VALE, que cumpre o compromisso anunciado no início deste ano, ao aposentar para nós o velho trem de passageiros, que será transferido para Moçambique, entregando à população das cidades ao longo da ferrovia trens modernos, com ar-condicionado em todos os carros e internet a bordo. O trem de fabricação romena promete um novo padrão de conforto para quem gosta da capital e do mar. Como declara a poetisa Maria Paulina Freitas Sabbagh: “E a Vale com o trem de ferro percorre toda a extensão, pois minério é igual mineiro: gosta de mar”. É bom saudar o cumprimento de compromissos, mas é necessário prospectar coisas boas para a cidade. Nesta edição, o Figueira traz uma entrevista com o ex-prefeito de Belo Horizonte e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o economista Fernando Damata Pimentel, na condição de pré-candidato do PT ao governo de Minas, nas eleições deste ano. A série foi iniciada com o médico sanitarista Apolo Heringer Lisboa, que apresenta a sua candidatura pela REDE/PSB. Pimenta da Veiga, também ex-prefeito da capital, do PSDB, completará a apresentação das pré-candidaturas. A angulação dessas entrevistas é a do desenvolvimento econômico e social do Médio Rio Doce e a capacidade do Estado de induzir tal desenvolvimento por aqui. O Brasil encerrou o ano de 2013 com o PIB per capita de R$ 24 mil, o mesmo alcançado por Minas. Governador Valadares acompanha a média de Minas, abaixo de todas as cidades mineiras do mesmo porte, com um agravante: os 102 municípios da região do Médio Rio Doce, que se estende da foz do rio Piracicaba, próxima a Ipatinga, à foz do Manhuaçu em Aimorés, carregam PIB per capita um terço abaixo da média mineira e do país. Mais grave: dentre esses, os 24 municípios que compõem com Valadares a microrregião têm PIB per capita de metade do de Valadares, de Minas, do país. A cidade polo, portanto, está cercada de pobreza e de territórios municipais esvaziados. Por exemplo, o segundo mais populoso município da microrregião é Itambacuri, com 22 mil habitantes, o que corresponde à população do bairro Santa Rita. Em vez de polarizar, de exercer magnetismo sobre uma região de economia pujante, Valadares tem de prestar serviços em volume cada vez maior para uma região de municípios falidos, incapazes de aplicar políticas públicas básicas. A matéria desta edição sobre o Tratamento Fora de Domicílio e o Cisdoce mostra claramente um dos serviços prestados – da Saúde, e como o fazemos. Uma denúncia ao Figueira de que motoristas do TFD dos municípios vizinhos trazem pacientes, alguns deles para quimioterapia ou hemodiálise, situações de extremo sofrimento, e os deixam na sede do Cisdoce para que “se virem” em vez de levá-los até o hospital de referência para o tratamento, levou nossos repórteres a acompanhar a situação. A denúncia indicava caso concreto de paciente de quimioterapia que vem de São José do Safira, é deixado no Cisdoce no centro da cidade, de onde tem de pegar mototáxi para o Hospital Evangélico na região da Ibituruna, submeter-se à quimio e retornar ao Cisdoce, pagando do próprio bolso 14 reais em cada corrida. Tal procedimento é totalmente ilegal e incorreto, além de mostrar a insensibilidade dos dirigentes municipais que devem orientar e fiscalizar a atuação dos motoristas. Os TFD não é um favor prestado por políticos, mas um direito firmado no âmbito do SUS – o Sistema Único de Saúde definido na Constituição Federal. Isso somado à situação de desatendimento e atrasos na Receita Federal de Valadares, e em outros órgãos públicos centralizados na cidade, mostra o risco que a cidade polo corre de ser vista como uma cidade hostil, na qual o dinheiro dos vizinhos é bem vindo, mas a qualidade dos serviços não é assegurada. É estratégico cuidar da vizinhança, ainda mais quando esses municípios estão fragilizados na sua representação política e na sua economia. Cabe às lideranças de Valadares colocar a situação crítica dos municípios do entorno na agenda de desenvolvimento dos que postularem o governo de Minas. Cabe à população de Valadares estender o seu olhar sobre a prestação de serviços sem a qualidade devida a nossos vizinhos, que precisam buscar aqui os bens essenciais. Cabe ao governo municipal integrar ações, consorciar esforços, assumir a liderança regional, como se requer e se espera do único município capaz de fazer isso.
Expediente Jornal Figueira, editado por Editora Figueira Ltda. Av. Minas Gerais, 700/601 - Centro - CEP 35.010151 Governador Valadares - MG - Telefone (33) 3277.9491 - E-mail redacao.figueira@gmail.com
São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica. Diretor de Redação Alpiniano Silva Filho Conselho Administrativo Alpiniano Silva Filho MG 09324 JP Áurea Nardely de M. Borges MG 02464 JP Jaider Batista da Silva MTb ES 482 Ombudsman José Carlos Aragão Reg. 00005IL-ES Diretor de Assuntos Jurídicos Schinyder Exupéry Cardozo
Conselho Editorial Áurea Nardely de Magalhães Borges Edvaldo Soares dos Santos Jaider Batista da Silva Lúcia Alves Fraga Luiz Eduardo Simões de Souza Regina Cele Castro Alves Sander Justino Neves Silvia Perim Sueli Siqueira Maria Terezinha Bretas Vilarino Artigos assinados não refletem a opinião do jornal
Saiu a convocação da Seleção...
Parlatório
O Campus da UFJF, em consolidação, já é uma realidade positiva em Valadares?
O campus traz capital cultural SIM
Gabriela Bicalho
Minha primeira reposta a essa pergunta é: “sim, sem dúvida, a presença do campus da UFJF em Governador Valadares já pode ser considerada uma iniciativa positiva.” Nunca havia me ocorrido a necessidade de justificar esta resposta. Ao manifestar-me neste Parlatório, entretanto, é isso que preciso fazer, pois os leitores esperam argumentos que fundamentam as opiniões. Não enfatizarei os argumentos relativos aos impactos sobre o comércio e o turismo, ou ao fato de que agora é possível fazer um curso superior em uma universidade pública sem deixar a cidade. O campus da UFJF traz muito mais do que isso: algo menos palpável, mas forte o bastante para transformar as estruturas de nosso sistema educacional, de nossas opções de lazer e cultura, e também da assistência à população em diferentes áreas, como saúde e direito. Traz capital cultural, que nos permite conhecer o que a humanidade produz nos campos da ciência, da técnica, da religião, da arte; e está relacionado à capacidade de aquisição de outros tipos de capital, como o econômico. Acredito que a presença de uma universidade pública federal permite que os moradores de uma região se apropriem desse capital. Por quê? Pelas pessoas que agrega e pelas atividades que realiza. A universidade é formada por estudantes, professores e técnicos, que realizam atividades no campo do conhecimento, as quais não se restringem ao ensino e à pesquisa. Incluem ações na comunidade, articuladas com outras instituições já atuantes no município, cumprindo uma das missões das
universidades que muitas pessoas não conhecem: a extensão. Isso vem sendo realizado pelo campus da UFJF em Governador Valadares. Ao justificar minha crença no aspecto positivo da presença desse campus, preciso esclarecer que ela não está livre da dúvida. Dúvida em relação à maneira como ele vai se constituir e se relacionar com a cidade. Além da possibilidade dos habitantes de Governador Valadares trabalharem ou estudarem na universidade, de que maneiras nos relacionaremos com essa instituição, ou dela nos apropriaremos? Ela será capaz de compreender nossa realidade e nossas necessidades? E de reconhecer nossos talentos e nossa cultura? Minha crença nesse campus é acompanhada da consciência da necessidade de vigilância em relação à qualidade das atividades de ensino, pesquisa e extensão ali realizadas. Trabalho há pouco tempo como professora no campus da UFJF em Valadares. Para que minha crença na positividade dessa presença não seja ingenuidade, escuto com atenção os problemas relatados pelos meus colegas professores, funcionários e estudantes. Nesses dois anos, muito foi construído, mas muito também parece ter sido impossibilitado por problemas de infraestrutura. Assim, para que minhas expectativas em relação ao campus da UFJF em Governador Valadares se concretizem, há muito trabalho a ser feito, por quem trabalha na universidade e por quem mora na cidade. Maria Gabriela Parenti Bicalho é psicóloga e doutora em Educação, docente do Campus Valadares da UFJF
Precariedades no Campus Valadares da UFJF NÃO
Luiz Eduardo Simões de Souza, Reinaldo Duque-Brasil e Henrique Almeida de Queiroz
Desde o anúncio de sua criação, o campus avançado da UFJF em Governador Valadares tem sido muito festejado como uma “conquista” ou “fato consumado”. Uma consulta aos professores do campus – ainda despejados em meio a canteiros de obras e sucessões de promessas que, perfiladas, poderiam ir até Aparecida do Norte – ou um passeio aos “campi” provisórios, alugados nas Faculdades Pitágoras e Univale, mostram uma realidade diferente dos discursos e arrulhos a peito cheio de “presente dado” e “missão cumprida” de nossas autoridades. Muito ao contrário, longe de seu cumprimento, a missão parece se encompridar perigosamente no tempo. Os professores têm de ministrar suas aulas em meio a obras. Por mais romântico que possa parecer “dar aulas em uma universidade nascente”, isso representa não apenas um transtorno para alunos, professores e técnicos administrativos. Representa também precariedade, desgaste desnecessário de recursos públicos e insegurança. Que se espera do professor que tem de ministrar sua aula competindo com uma britadeira incessante ou com os trens que literalmente balançam as estruturas? Mímica? O risco de acidentes é constante. Nas inúmeras vezes em que o reitor e seus representantes (formais e informais) foram chamados a dar atenção a esse problema em particular, a resposta mais articulada que veio foi “virem-se, estamos construindo uma universidade!” Vivemos tempos de romantismo perigoso na UFJF-GV. Que a fé salve os alunos, professores e técnicos da federal de Governador Valadares, pois a razão e o planejamento ainda não parecem ter se instalado. Desde o início das atividades do campus Governador Valadares da UFJF, já se passaram quase dois anos, mas a sensação de “missão cumprida” ainda cheira a improviso e gambiarra (termo tecnicamente definido como “MacGyverismo”, em alusão ao protagonista da série “Profissão Perigo”). A sala de professores das Faculdades Pitágoras, lugar em que este texto ganha o papel, não tem qualquer tipo de climatização, mas tem o ar impregnado de minério de ferro proveniente da linha férrea que leva o desenvolvimento das serras aos mares
e deixa nossos pulmões um pouco mais susceptíveis ao câncer e outras doenças respiratórias. Também falta o acabamento básico de instalações elétricas adequadas e seguras para o trabalho docente. Por sua vez, os professores que trabalham nas instalações da Univale entram em sala para ministrar suas aulas e saem como se tivessem entrado em uma piscina, devido ao incrível “conforto térmico” das salas dos blocos alugados pela UFJF, que também não possuem climatização, mas atendem às expectativas das populações de Aedes aegypti que dominam tais espaços, fazendo manobras radicais sob o vento de ventiladores de teto impotentes. Nos laboratórios alugados, vemos equipamentos parados devido às instalações elétricas incompatíveis, e aulas práticas que não podem ocorrer, na ausência de material de consumo, técnicos de laboratório e estrutura adequada. No Restaurante Universitário, alocado a la MacGyver na Univale, nuvens de poeira frequentemente cobrem nossas bandejas durante o almoço em uma estrutura improvisada e completamente aberta à entrada de microrganismos e partículas indesejadas diversas que entram sem pagar o ticket. Será que a Vigilância Sanitária já deu uma conferida na situação por lá? Frente às reclamações de alunos, técnicos e professores, os responsáveis vão passando a batata quente (e abafada, no caso), em diversas esferas da burocracia da UFJF até que um mais gentil dar de ombros responda candidamente a mais essa questão, colocando-a na pilha da missão que se encomprida, ao invés de se cumprir. Dar de ombros parece ser a grande resposta universal dessas autoridades, acadêmicas e políticas, daqui de onde estamos vendo. E essas são apenas as condições físicas de trabalho. A precariedade se espraia por outras áreas também, e a desculpa do “campus incipiente”, “em início”, começa a se esfarrapar. Até quando, senhores? Os autores são professores da UFJF – Campus Governador Valadares e membros da Comissão de Mobilização dos Professores
CIDADANIA & POLÍTICA
3
FIGUEIRA - Fim de semana de 9 a 11 de maio de 2014
Campus da UFJF a todo vapor Sete da manhã. Obras do Campus da UFJF em Valadares: cem homens no trabalho de terraplenagem, orientados pelo engenheiro chefe, Haroldo Figueiredo. Oito da noite: Haroldo a todo o vapor, homens e máquinas sob a sua regência. Nesse ritmo seguem as atividades da Tratenge, a empresa responsável pela construção do Campus, para que as fundações dos 12 prédios sejam iniciadas na primeira semana de junho. A previsão é de que o canteiro de obras chegue a ocupar 300 homens simultaneamente. O esforço do reitor Henrique Duque é o de usar todo o recurso previsto no Orçamento da União para as obras neste ano, de modo a fazer bonito e assegurar mais recursos para 2014.
Da Redação
O Brasil dos brasileiros
Sacudindo a
“O Brasil dos brasileiros tem melhorado mais que o Brasil dos economistas”
Figueira A figueira precipita na flor o próprio fruto
Marcelo Neri, ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência.
Rainer Maria Rilke / Elegias de Duino
Sucessão na UFJF I Arquivo Pessoal
O mês de agosto deste ano traz eleições na UFJF para sucessão do reitor Henrique Duque, o que aceitou o desafio do então presidente Lula para abrir o Campus em Valadares. No páreo, correm três chapas: 1.Julio Chebli da Medicina e Marcos Chein do Direito, com as bênçãos do atual reitor – são apoiadores do Campus de Valadares; 2.Marcus Davi da Administração e Girlene da Enfermagem formam a chapa da oposição – Girlene liderou na UFJF o movimento que impede até agora o Campus de Valadares de ter o curso de Enfermagem; 3.Paulo Vilela e Helio Silva, ambos da Engenharia Elétrica. Paulo era um dos coordenadores da campanha de Marcus Davi, a Oposição I, mas lançou chapa própria para tentar forçar segundo turno em favor da Oposição.
Joaquim Nicolau
Salve, simpatia! Na última edição deste Figueira, homenageamos o sindicalista Joaquim Nicolau, mas a foto que publicamos não fazia jus a importância deste trabalhador para a história de Governador Valadares. Por isso, publicaremos novamente a nota e uma foto mais detalhada de Joaquim. Joaquim Nicolau, era a simpatia e a bondade em pessoa. Crente batista, entendia de bíblia, dava conselhos. Carroceiro, dizia-se condutor de veículo de tração animal. Na campanha presidencial de 89, juntou todos os carroceiros da cidade, em uma carroçada, para receber o Lula no aeroporto de Valadares. A carroçada acompanhou Lula até o centro da cidade. Do blog do deputado federal Nilmário Miranda, extraímos: “O PT de Governador Valadares hoje tem a Prefeitura com Elisa Costa e já governou com João Domingos Fassarella. Já teve 2 deputados estaduais (Marcos Helênio e Elisa Costa) e 2 federais (João Domingos Fassarella e Leonardo Monteiro).
Sucessão na UFJF II Marcus Davi não consegue esconder a sua vice, que mesmo vencida por ampla maioria no Conselho Universitário ainda sustenta que a decisão de se criar o Campus de Valadares foi autoritária e não planejada. É importante lembrar que a UFJF completou 50 anos e foi a última universidade federal em Minas a aceitar criar campus fora de sede. Se dependesse do planejamento dessa dupla teríamos de esperar mais 50 anos.
Vida de gado?
SEÇÃO
Pó de Mico Moraliza? Foi necessário propor acão judicial para que o suplente de vereador pelo PDT, Luciano Souto (e representante do movimento Moraliza GV) pagasse os impostos que estava devendo ao município. Agora ele cumpriu suas obrigações com o Fisco Municipal.
Razão estratégica da pesquisa Por fim, o presidente da Epamig Marcelo Lana declarou que a razão estratégica para haver esse compromisso da Epamig com Valadares, como unidade especial, é o fato do secretário de Agricultura ser da cidade. Uai, mas não é uma instituição de pesquisa? A estratégia não deveria ser mais nobre e duradoura? Nenhum indicador de pesquisa para alternativa econômica que viabilize os 2.300 quilômetros quadrados de terras rurais de Valadares, nenhum sinal de que o Centro de Inteligência do Leite possa vir para cá, nenhum indicador de que o mestrado em Ciência e Tecnologia do Leite, que a Epamig oferece, possa ter turma local. Não. No sítio da Epamig na internet, uma nota sobre Valadares como unidade especial, mas entre as Unidades que constam na estrutura da Epamig não existem unidades especiais – há sim, fazendas e estações experimentais, núcleos tecnológicos, unidades regionais, centros de inteligência e núcleos de ensino. Ficamos sabendo que somos da área de abrangência do escritório da Zona da Mata. Mais nada. Ah, a cidade vai ganhar um convênio de agricultura familiar da subsecretaria que cuida disso.
Honra Houve um tempo em que honra e cidadania tinham requisitos mais profundos para serem reconhecidos. Há vereador pronto para propor honraria ao senhor Pedrosa (autodenominado manifestante popular) em Sessão Especial na Câmara. Quer que os valadarenses naturalizem grosseria e agressividade como se fossem hombridade e retidão. Este Figueira estará atento.
“Embromation” IDENE versão rural. O que se viu na coletiva chamada pelo secretário de Estado da Agricultura, André Merlo, na tarde da segunda-feira na União Ruralista, foi o que já assistimos com o deputado estadual Mourão patrocinando a entrada de Valadares no IDENE. Mourão faz escola: não contou que o IDENE não traz isenção nem incentivos fiscais para empresas que queiram se estabelecer na cidade e nem oferece uma agenda de desenvolvimento para Valadares. André bem que tentou, mas o presidente da Epamig declarou na coletiva que o escritório de Valadares é em Viçosa, na Zona da Mata; portanto não haverá doutores pesquisadores a fazer pesquisa local; declarou também que buscará convênios com universidades para tal pesquisa, mas a única que já aderiu foi a Univale, cujo curso de Agronomia não abre turma desde 2011.
Em março: Maurício Sampaio Brandão R$ 34.499 Adhemar Dias de Figueiredo R$ 34.077 Celmir Lima Dornelas R$ 29.526 Vinicius Zamboni de Cerqueira R$ 28.777 Rodrigo Dutra Fontes R$ 26.220 Em abril:
Do suor do teu rosto De 210 profissionais médicos do Hospital Municipal, entre 45 e 62 continuam a cada mês as estripulias da multiplicação dos salários. Contratados por 24 horas semanais por R$ 4.200, trabalham a morrer, não têm clínica particular nem contrato em outros hospitais, nem vida social e familiar. É a fórmula que encontram para receber até 11 vezes o salário de contrato, os coitados. De fontes seguras entre os próprios colegas médicos, apresentamos apenas os cinco maiores salários em três meses:
Rômulo Gonçalves Oliveira Jr R$ 31.064 Adhemar Dias de Figueiredo R$ 30.277 Tarcisio Sandes Ronacher R$ 29.414 Celmir Lima Dornelas R$ 28.980 Fernando Nunes Coelho R$ 27.042 A novidade em abril é a adesão dos médicos do SAMU a essa prática. Como ninguém é de ferro, começam a aparecer além de médicos, um servidor da secretaria de planejamento cedido à Saúde, um da Controladoria Geral, uma da Procuradoria Fiscal, dois dos Recursos Humanos. O contribuinte paga a farra. Salário da prefeita deveria ser o teto
Em janeiro: Adhemar Dias de Figueiredo R$ 47.668 Rômulo Gonçalves Oliveira Jr R$ 40.564 Celmir Lima Dornelas R$ 39.329 Maurício Sampaio Brandão R$ 36.459 Denio Andrade da Rocha R$ 35.042
Tudo ocorre sem aparecer no Portal da Transparência, sem que o governo municipal cumpra a Lei de Acesso à Informação – LAI. Como parâmetro constitucional o salário da prefeita é publicado: R$ 12.981,24.
Eh, ôô, vida de gado/ Povo marcado e/ Povo feliz... Era o que se ouvia na Praça dos Pioneiros na festa dos Trabalhadores deste ano, promovida por sindicatos ligados à CUT (Central Única dos Trabalhadores), por sua vez historicamente ligada ao Partido dos Trabalhadores. Dá pra entender? Só pode ser bobice. O certo é que cantar “vida de gado” após 12 anos do PT na presidência parece ser declaração do nem as oposições têm coragem de dizer: que não houve avanços sociais e econômicos neste período.
Ainda a vida de gado... A seguir nessa toada, daqui a pouco estaremos ouvindo “Caminhando e cantando e seguindo a canção... ou ainda, “hoje você é quem manda, falou tá falado”... Todo cuidado é pouco. Por isso, não dá pra ser ingênuo nessa hora.
“
Enfim... Enfim livre da convivência diária com aquela parafernália na ponte da Ilha. Antes tarde do que nunca.
PT reage e manda recado Mudança é com o Partido dos Trabalhadores, declara o PT em sua mais recente propaganda em cadeia nacional de rádio e TV, nesta semana: “nos últimos onze anos o Brasil mudou como nunca em sua história. Quem foi capaz de fazer o Brasil mudar tanto, é capaz também de fazer o Brasil mudar mais e melhor”; explica um locutor em off. E, aproveita para cutucar os principais adversários na eleição presidencial deste ano: “todos nós queremos que o Brasil mude. Mas mudar o Brasil não é dar um passo atrás, nem um salto no escuro para o futuro. Mudar o Brasil é acelerar as mudanças e fazer o Brasil andar mais rápido e no rumo certo”, referindo-se ao pré-candidato do PSDB, senador Aécio Neves – dar um passo para trás - e ao pré-candidato pelo PSB, ex-governador Eduardo Campos – um salto no escuro. Esses comerciais antecedem o programa eleitoral do partido dos trabalhadores que deverá ir ao ar em 15 de maio.
4
GERAL
“
FIGUEIRA - Fim de semana de 9 a 11 de maio 2014
“
Eu vejo gente jogando entulho aqui, jogando lixo, galho de árvore. O povo tem de colaborar também.
Tá tudo sujo, virou depósito de lixo e de cachorro morto, como um que jogaram aí agora.
Edson Rodrigues de Paula
Gabriel Hernandes
Lagoa assoreada é problema para moradores do Pérola Principal problema aparece durante as chuvas. Casas da orla ficam alagadas e os prejuízos são grandes. Assoreamento também prejudica os pescadores Tim Filho
Tim Filho/ Repórter
O que era pra ser uma paisagem de cartão postal se transformou em mato e lixo sobre uma lâmina d’água esquálida. Esta é uma descrição da Lagoa do Pérola que mais se aproxima da realidade vista no local. “Dia desses parou um carrão aqui e desceram de dentro dele um homem e uma mulher. Vieram de longe fazer fotos e me perguntaram: uai, cadê a paisagem de cartão postal?”, conta o aposentado Aloisio Francisco de Oliveira, 63 anos, morador do bairro Palmeiras, e que sempre pesca na lagoa. Edson Rodrigues de Paula, 50 anos, vigilante, que também pesca na lagoa, protesta. “Tá tudo sujo, virou depósito de lixo e de cachorro morto, como um que jogaram aí agora a pouco. Culpa da Prefeitura que abandonou isso aqui”. Edson comenta que as taboas (plantas aquáticas) tomaram o lugar da água. Mas há quem pense que a Prefeitura não é a única culpada pela situação de abondono. Gabriel Hernandes, 55 anos, morador do bairro Santa Rita, e que sempre leva a filha menor para brincar na orla da lagoa, disse que os moradores do Jardim Pérola têm uma parcela de culpa. “Eu vejo gente jogando entulho aqui, jogando lixo, galho de árvore. O povo tem de colaborar também”, disse. E advertiu: “depois, quando chove, alaga tudo, aí, quem sujou, quem entupiu bueiros, não pode reclamar. O problema é grave, cada parte tem a sua responsabilidade, mas se o problema existe, ele deve ser enfrentado e resolvido. Vanderlande Carlos da Rocha, 61 anos, morador da Rua Francisco Paula Freitas, disse que apontar culpados não resolve o problema. “A Prefeitura tem de investir no desassoreamento da lagoa e na construção dos túneis sob a BR 116 e sob a linha férrea, da Vale. Estas obras iam evitar os problemas de alagamento durante o período chuvoso”,
. . . .
Vanderlande mostra a mureta que construiu na porta de entrada de sua casa para evitar que a água da lagoa entre durante o período chuvoso
disse. Vanderlande mostrou a solução paliativa que encontrou para não surpreendido pela água quando a lagoa transborda. Construiu uma mureta de quase 1 metro de altura na porta principal de sua casa. “Várias casas aqui da rua têm essa mureta.” O conjunto de medidas apontado por Vanderlande já está no cronograma de obras da Prefeitura, garantiu a engenheira Patricy Carneiro, da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos. Ela disse que a Prefeitura se preocupa com a situação dos moradores do Pérola e bairros próximos, e que o início das obras é questão de tempo. “O projeto para desassorear a lagoa está pronto e já está prevista a ampliação dos túneis sob a linha férrea. Serão dois túneis com 1,8 metro de
diâmetro, que substituirão os atuais, que têm 1 metro. Os túneis sob a BR serão ampliados, porém, depois de um estudo sobre a vazão da água”, disse. Ela esclareceu que os túneis funcionarão como vertedouro, uma espécie de “ladrão” para dar vazão à água, evitando que a lagoa transborde. A preocupação dos diretores da Associação dos Amigos e Protetores da Lagoa do Peróla em relação à autorização da Vale para a construção dos túneis sob a linha férrea já não procede mais, segundo Patricy. “A Vale já autorizou, no dia 19 de março, e os trâmites legais estão sendo feitos.” A associação havia protestado em relação a falta de autorização da Vale para a realização da obra.
Notícias do Poder José Marcelo / De Brasília
Correção de mentirinha 1
Como o Supremo Tribunal Federal ainda não julgou a ação da Ordem dos Advogados do Brasil que pede que a correção da tabela do Imposto de Renda seja corrigida pelo IPCA, mais brasileiros terão de contribuir com o Leão no ano que vem. Enquanto a inflação oficial fechou o ano em 5,91%, a tabela do Imposto de Renda foi corrigida em apenas 4,5%. Quer saber o que isso representa para seu bolso? Dinheiro a menos, claro. E mais dinheiro nos cofres do governo. Leia abaixo.
Correção de mentirinha 2
Desde 1996 a Receita adotou um critério de atualização da tabela do imposto de Renda que prejudica justamente quem ganha menos. O primeiro cálculo da OAB aponta que a tabela deveria ter sido reajustada em mais de 60% nesse período. Como não foi, à medida em que as pessoas foram tendo aumento de salário elas passaram a ser obrigadas a pagar imposto de renda. Hoje, quem ganha pouco mais de dois salários mínimos é obrigado a contribuir. Ou seja: a base de contribuintes se multiplicou.
Ataques virtuais 2
Esta é uma guerra sem santo. É uma batalha onde o mais bobinho tira mancha de onça sem usar benzina. A ordem, dos dois lados, é juntar o maior número possível de informações, para usar contra os adversários. E todo mundo está se armando de informações e equipes para a cybercampanha. O risco é a coisa ficar rasteira e todo mundo sair perdendo.
Irmãos Dias
Chegou ao fim o sonho da equipe da senadora Gleisi Hoffmann (PT) de ter o ex-senador Osmar Dias como vice dela, que deixou a Casa Civil para se candidatar ao governo de do Paraná. Seria uma forma de garantir que o irmão Álvaro Dias batesse menos no PT no estado. Osmar Dias não se desincompatibilizou do Banco do Brasil a tempo.
Ataques virtuais 1
A campanha eleitoral já começou. Pelo menos na internet. A guerra de publicações nas redes sociais que de início parecia manifestação apenas de eleitores engajados ganhou de vez a chancela dos partidos políticos e o que vem fazendo mais articulação é o PT, de Dilma Rousseff. Para isso, o partido vem atacando em duas frentes: a dos que divulgam ações positivas do governo e a que divulga ataques a adversários, principalmente do PSDB.
. .
Perder a Copa? Principal nome da oposição no Senado, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse a este jornalista, na edição nacional do Jogo do Poder, que seria muito positivo se a seleção brasileira fosse derrotada na copa do mundo. Segundo o senador, uma derrota faria com que a população voltasse a pensar os rumos do país e da política e, com isso, todos sairiam ganhando. Mesmo assim, disse que não sabe se vai conseguir torcer contra a seleção.
Pauperização
Uma das principais TVs públicas do País, a TV Senado começa a sofrer com a falta de estrutura. Seria uma manobra da direção da casa para cortar gastos, justamente no setor que presta contas à população. O número de equipamentos, segundo um funcionário da Casa, vem sendo reduzido. E, não raro, um profissional tem de produzir o mesmo conteúdo para mais de uma mídia.
José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia e apresentador da edição nacional do Jogo do Poder, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília.
REPORTAGEM
5
FIGUEIRA - Fim de semana de 9 a 11 de maio de 2014
A viagem da saúde sem garantia de chegada ao destino Gabriel Sobrinho/ Repórter
Sentada na cadeira da recepção, a dona de casa Edir Soares, 44 anos, espera impaciente o tempo passar. O dia começou cedo. Acordou às quatro horas da manhã para percorrer os 127 quilômetros de Goiabeira até Valadares. Dona Edir vem acompanhar sua mãe, Maria de Almeida, 65 anos, numa consulta, parte de tratamento que já dura mais de cinco anos. O tratamento é feito pelo SUS, pelo programa Tratamento Fora do Domicílio - TFD. Gabriel Sobrinho
Mas para dona Edir o problema não é acordar cedo, e sim chegar ao local das consultas e exames em Valadares. Os carros que trazem os pacientes chegam no início da manhã na sede do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Rio Doce (Cisdoce), lá estacionam e só saem na hora de voltar para a cidade de origem. Os pacientes que têm consultas e exames em outros locais precisam se deslocar a pé ou pagar taxi ou ônibus. “O Cisdoce oferece atendimentos médicos aqui mesmo, na sede, mas muitas consultas e exames são fora. Aí, precisamos dar nosso jeito de chegar até o local, pois o motorista que nos traz afirma que não pode sair com o micro ônibus da frente da Cisdoce, porque vai perder a vaga de estacionamento para outro veículo e não terá como estacionar na volta”, reclama dona Edir. O motorista Jakson Soares, 25 anos, da cidade de Tumiritinga, que fica a 65 Km de Valadares, confessa: “Como vamos sair daqui, se na hora que voltamos não achamos mais lugar para estacionar? As áreas demarcadas para nós são poucas. Eu entendo o lado dos pacientes, procuro atender a todos que vêm comigo de Tumiritinga, quando eles precisam. Só pra você ter ideia, estou parado em área de embarque e desembarque. Não posso sair de dentro do carro, se não o guardinha me multa. Isso aqui é um dilema que nunca muda”. O secretário executivo do Cisdoce, Hailton Vieira da Silveira, diz que a intenção do consórcio é centralizar todos os atendimentos na sede mesmo, para evitar que os pacientes se desloquem para outros pontos na cidade. “Inauguramos essa semana mais quatro consultórios anexos ao nosso prédio principal. Com isso o número de pacientes que terão de se deslocar até outras clinicas conveniadas vai reduzir em mais da metade. A nossa intenção é ter todo o corpo clínico dentro das nossas dependências. Assim, todos os pacientes serão atendidos aqui mesmo”. O Cisdoce, formado por 27 cidades da região do Rio Doce, tem a sua sede na rua Barão do Rio Branco, em pleno centro de Governador Valadares, no perímetro compreendido entre as ruas Afonso Pena e Sete de Setembro, onde inúmeras clínicas também estão localizadas. Só na sede do Cisdoce, chegam diariamente cerca de 400 pacientes. E é muito fácil localizá-la, por estar sempre muito cheia, com gente dentro e fora do seu espaço. Além dos pacientes e seus acompanhantes, micro ônibus e carros com identificação de cidades vizinhas estão sempre estacionados em frente à sede e espalhados em todo o quarteirão vizinho. De acordo com o secretário executivo do Cisdoce, Hailton da Silveira, a questão do trânsito no local nunca foi ponto de pauta prioritário na discussão com os municípios que compõem o Consócio, mas o problema é sentido por todos. Isso o levou a procurar o Departamento de Transporte de Valadares algumas vezes. “Pensar em reclamar a gente sempre pensa, já informamos um projeto nosso ao departamento, mas não sai do papel, a verdade é essa. Nós temos aqui nosso estacionamento, é pequeno, mas é o que podemos oferecer no momento. O melhor cenário e o mais fácil de resolver é tirar a dupla faixa de estacionamento e deixar só uma nesta rua. Assim, o trânsito não ficaria interditado”. E é ele também quem expli-
Dia das Mães Mães do Turmalina pela Paz Com o objetivo de fortalecer a rede de atenção e serviços do bairro Turmalina, o NASF/4 – Núcleo de Apoio à Saúde da Família - Região 4, vai realizar neste sábado,10 de maio, um encontro em comemoração ao Dia das Mães. O evento acontecerá no Instituto Nosso Lar, de 8h às 11h, com diversas atividades, apresentações culturais e sorteio de brindes. Para este evento, o NASF/4 contou com as parcerias de: ESF’s – Estratégias de Saúde da Família I, II e III (Saúde Bucal) INLAR - Instituto Nosso Lar AAFOVIT - Associação das Artesãs Força e Vida do Turmalina CRAS – Centro de Referência da Assistência Social (Jardim Pérola) SENAC / SESC Programa Mediação de Conflitos / Fica Vivo Escola Municipal Ivo de Tassis Associação de Moradores do Turmalina Vereador Levi Vieira / Drogaria Ideal / Livraria Leitura e Polícia Militar Atividades: Exame Preventivo / Vacinação contra Gripe / Orientação Saúde Bucal / Auriculoterapia Espaço da Beleza (Corte de Cabelo, Escova) Feira de Artesanato e Apresentação Cultural Atendimento Social, Encaminhamentos Rua de Lazer e Sorteio de Brindes.
Pacientes esperando pelo atendimento no Cisdoce. Muitos terão de seguir para outras clínicas, em vários pontos da cidade, de mototáxi ca que o Cisdoce já tem um terreno para construção de nova sede, mas faltam recursos para a obra. “Nós já temos um terreno quitado, pronto para começarmos a construir. O local é em frente ao Hospital Nossa Senhora das Graças, na Rua São Paulo. Mas ainda faltam recursos. E se tratando de trânsito, a rua é maior e menos movimentada, além da Praça da Estação que vai atender o grande número de ônibus, micro ônibus e vans”, conclui Hailton. O diretor do Departamento Municipal de Transporte, Trânsito e Sistema Viário (DTTSV), Marco Rios, declarou que o setor já foi informado pela direção do Cisdoce que há um projeto de descentralização da sede do Consórcio, o que irá beneficiar diretamente toda região, levando o fluxo de veículos e pessoas para locais menos tumultuados. Porém, enquanto isso não ocorre, o Departamento busca medidas para minimizar os impactos na região em questão, inclusive intensificando as fiscalizações do sistema de estacionamento rotativo Zona Azul feita no centro da cidade nos últimos meses. A Rua Barão do Rio Branco e adjacências são consideradas um polo gerador de intenso fluxo de veículos e pedestres, devido aos serviços de saúde nesta região, “daí ser uma preocupação constante do Departamento, o que levou a várias modificações para tentar fazer o trânsito fluir, como na sinalização vertical”, ressalta Marco Rios.
Emprego
IFMG seleciona professor da área de Letras para atuação no câmpus Governador Valadares As inscrições para concurso público destinado à seleção de um professor da área de Letras para o quadro de pessoal permanente do Instituto Federal de Minas Gerais – IFMG câmpus Governador Valadares estão abertas até o dia 28 de maio. Os interessados devem se inscrever exclusivamente pela Internet (www.ifmg.edu.br) e o valor da taxa de inscrição é de R$ 100,00 (cem reais). O candidato precisa do diploma de conclusão de curso de graduação de nível superior em Letras com habilitação em Língua Portuguesa, Língua Espanhola e suas literaturas. O regime de trabalho é de 20 horas semanais, sem dedicação exclusiva, e a remuneração varia de R$ 2.153,17, para os profissionais que possuem graduação, a R$ 2.939,10 para os que têm título de doutorado. O processo seletivo será realizado em três fases distintas e constituído de uma prova escrita (objetiva) de Conhecimentos Específicos e Legislação; prova de desempenho didático e prova de títulos. Mais informações pelo site www.ifmg.edu.br/portal/ gv ou pelo telefone (33) 3717.0102. Endereço do Campus: Avenida Minas Gerais, 5189, bairro Ouro Verde.
Motoristas têm de priorizar o atendimento ao paciente A 85 km de Governador Valadares, São Félix de Minas é umas das cidades ligadas ao CISDOCE. A Prefeitura disponibiliza dois veículos de médio porte para atender os pacientes pelo programa Tratamento Fora do Domicílio (TFD), do Sistema Único de Saúde. De acordo com o prefeito, Juraci Fidelis, as prefeituras não conseguem fiscalizar os motoristas que se negam a fazer a condução dos passageiros até outras clínicas ou outros locais. “Todos os motoristas sabem da cartilha e das obrigações a serem seguidas. Sabem que a prioridade é o atendimento ao paciente, porém, quem utiliza o transporte tem que ter certa coerência, pois não é fácil os ônibus ficarem circulando no centro de Valadares deixando cada paciente em uma clínica, isso gera um transtorno muito grande no centro da cidade. O ideal é os pacientes estarem sempre com os acompanhantes e levarem também dinheiro para poderem se deslocar até outras clínicas. A nossa prefeitura, assim como algumas outras, já contam com carros menores que ficam diretamente em Valadares, justamente para fazerem esses deslocamentos de urgência”, declara o prefeito.
METROPOLITANO
Solitária, a mulher contempla a sepultura de seus parentes. Caminha observando quatro delas, em sequência. Para em frente a esta, que lhe toma bons minutos da tarde. Era a única a vagar pelo cemitério, sempre vazio no meio da semana.
6
FIGUEIRA - Fim de semana de 9 a 11 de maio 2014
Pra onde vão os cemitérios públicos? “Rapaz, vou te falar uma coisa. Há 14 anos eu trabalho com a morte. Onze anos no balcão do Departamento Funerário e três anos como vigia e coveiro de cemitério. Pra mim, isso já se tornou normal. Tem gente que fala assim: ‘cruz credo ficar em cemitério’. Eu penso diferente. Feliz é quem pode vir parar aqui um dia, onde a família pode visitar sempre que quiser e matar um pouquinho da saudade. Triste mesmo é ficar desaparecido, sem que ninguém saiba onde o seu corpo está. Até tô acostumado com isso, mas eu mesmo não gosto de fazer sepultamento de criança ou de pai de família morto injustamente. Mãe que gruda no caixão, então... é cada coisa que deixa a gente sem chão. Certa vez, uma velhinha veio até aqui e ficou horas limpando o jazigo vazio. Cheguei perto e brinquei: ‘Pra quê que a senhora tá limpando isso aí?’ E ela disse: ‘estou arrumando meu lugarzinho, filho’. ‘Que nada, deixa de bobeira’. ‘Minha hora não demora chegar, meu filho’. Uma semana depois tava eu lá, enterrando a senhora. Isso é ruim demais, rapaz. É sofrido pra gente. As vítimas de morte matada, então, é uma história que se repete. Vem um cara e jura em cima do caixão: ‘de hoje eles não passam’. Daí três dias a gente tá enterrando ele ao lado do colega. Jovens que nem conheceram a vida, ainda. Isso entristece”, descreve o coveiro do Cemitério Santa Rita, Ronaldo Silveira, 43 anos de idade. E ele disse mais: “rapaz, esse pessoal tem falado de uns tempos pra cá nessa tal de concessão. Com o dinheiro que entra hoje pra Prefeitura, acho que empresa nenhuma dá conta de manter isso aqui, não. É funcionário, mutirão de limpeza e todo o material de manutenção. Vai ter muito gasto. E eles vão tirar de onde? Tem que tirar daqui, uai. Tem que ficar de olho nisso aí”. Fábio Moura/ Repórter
“
Não é satisfatória a situação em que se encontram os cemitérios e as capelas velório de Valadares. Estamos de mãos atadas quanto à aplicação de recursos na manutenção desses espaços. Não existe um fundo exclusivo que reúna os recursos de vendas de lápides e dos outros serviços funerários prestados pela Secretaria de Serviços Urbanos. Os recursos vão para um fundo único municipal e, quando se fazem necessários investimentos, não há prioridade para essa área da administração pública Seleme Hilel Secretário de Serviços Urbanos
A concessão à qual o coveiro Ronaldo Silveira se refere é a dos três cemitérios públicos de Governador Valadares, das capelas velórios também públicas, bem como do gerenciamento funeral e cemiterial que, hoje, cabe ao município. O termo de referência que concederá a outorga desses serviços e espaços à iniciativa privada está em fase de elaboração pelo Secretário de Serviços Urbanos, Seleme Hilel. A minuta de convênio que visa abrir a possibilidade desse tipo de concessão será apresentada à prefeita Elisa Costa, que considerará o envio para avaliação e votação dos vereadores. A administração pública de Governador Valadares, hoje, é responsável por uma gama de serviços, desde a constatação de mortes naturais - aqui e em todos os seus distritos –, através do Sistema de Verificação de Óbitos (SVO), até o sepultamento; passando pelo transporte dos cadáveres ao cemitério e pela gestão de espaços para realização de velórios. Há, também, serviços de exumação e de manutenção e controle dos cemitérios. Além disso, cabe ao executivo municipal avaliar e oferecer àqueles que necessitem de assistência funerária prevista na Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), onde se concede urna e jazigo para o sepultamento, além de todos os outros serviços atrelados ao funeral. A proposta do Secretário Seleme Hilel é a de abrir à concessão todos esses serviços, exceto o SVO e o gerenciamento da assistência funerária prevista na LOAS. “Não é satisfatória a situação em que se encontram os cemitérios e as capelas velório de Valadares. Estamos de mãos atadas quanto à aplicação de recursos na manutenção desses espaços. Não existe um fundo exclusivo que reúna os recursos de vendas de lápides e dos outros serviços funerários prestados pela Secretaria de Serviços Urbanos. Os recursos vão para um fundo único municipal e, quando se fazem necessários investimentos, não há prioridade para essa área da administração pública”, descreve o Secretário de Serviços Urbanos. Como vão os cemitérios? Entre meados da década de 1960 e o princípio dos anos 1970, o Executivo Municipal assumiu a responsabilidade pelo gerenciamento de quatro cemitérios na cidade: São Raimundo, Santa Rita, Santo Antônio e o da Paz, no Bairro Altinópolis. De lá até o momento, já foram sepultados mais de 70 mil corpos nos três últimos. O cemitério do bairro São Raimundo, já há alguns anos, completou a sua capacidade e foi deixado de lado pela administração pública. O uso inadequado dos arredores do Cemitério do São Raimundo e a invasão dos limites do terreno por casas vizinhas, aliado à erosão e às fortes chuvas, trazem à rua algumas partes de esqueleto humano. Devido à ação de vândalos, também não há mais muros demarcando o terreno. Assim, o Cemitério do São Raimundo segue em total descuido e os cerca de 50 mil moradores da região da Região da Ibituruna têm de atravessar a ponte para sepultar os seus entes. Há, por exemplo, a Lei Municipal 5.400, de
novembro de 2004, que dispõe sobre a construção de um cemitério vertical naquela parte da cidade. Até hoje, permanece no papel. O diretor do Departamento de Serviços Funerários e Cemitérios, Marcos Vória, alega que eles não têm condições de fazer a manutenção daquele espaço. “Não temos pessoal para isso. A estrutura local não permite que se faça uma segurança adequada e o município não dispõe de recursos para uma reforma em sua infraestrutura. Além disso, não temos funcionários para destinar ao cuidado com este cemitério”. De fato, há um número reduzido de servidores públicos alocados na manutenção dos cemitérios. Além dos administradores de cada um dos três espaços, há um total de quatro faxineiras e vinte coveiros e vigilantes. “A aposentadoria de funcionários não vem acompanhada da sua reposição. Fora isso, os editais de contração de pessoal para a Prefeitura trazem neles a função de serviços gerais. O mais difícil é encontrar entre esses, devido ao preconceito, os que queiram assumir funções em cemitérios”, relata Marcos Vória. O Cemitério Santo Antônio é outro que alcançou a sua capacidade máxima de fundações para jazigos. Ou seja, todo o espaço útil do cemitério já foi aproveitado e comercializado. Vez ou outra tira-se uma árvore e abre-se espaço para mais uma cova vendida pela bagatela de R$ 4 mil. Já no Cemitério Santa Rita há cerca de três quadras com 700 jazigos, aproximadamente, ainda virgens e taxados por pouco mais de R$ 1.500. O mais barato deles é o Cemitério da Paz – R$ 1.050, por fundação -, onde há também a maior capacidade de expansão. Estima-se que possam ser abertas, ainda, duas mil novas valas. Em 2014, já foram construídas 40 e pretende-se dobrar este número até o fim do ano. Uma vez adquirido o espaço, o comprador é responsável pela limpeza e manutenção dos arredores do seu jazigo. É como comprar um lote ou um imóvel. Não há uma taxa de manutenção cobrada pelo município. “Alguns cuidam do jazigo assiduamente. Ás vezes, vêm toda semana. Agora, tem outros abandonados. Vem aqui, enterra e nunca mais volta. Outros, por comodidade, pagam aos funcionários cerca de R$ 30 por mês para manter limpos os arredores da sua propriedade. Além disso, a empresa de limpeza urbana faz uma capina esporádica nas vias, espaços comuns e nos jazigos abandonados”, explica o coveiro Ronaldo Silveira. A tal capina acontece três vezes ao ano. À boca miúda, próximo ao dia das mães, dos pais e dos fiéis defuntos, o feriado de finados. A pouca atenção a esses espaços é reflexo dos contratos estabelecidos com empresas de limpeza pública, que regem apenas a limpeza de vias urbanas e rurais. “Temos onze equipes para atender a 150 bairros, 13 distritos, diversas escolas municipais e postos de saúde, além dos cemitérios. Não há pessoal suficiente para fazer uma manutenção assídua”, explica a diretora do Departamento de Limpeza Urbana, Juliana de Oliveira. Segundo o diretor do Departamento de Serviços Funerários e Cemitérios há um número de funcionários muito reduzido em sua equipe para assumir essa função. No fim das contas, a responsabilidade é de quem?
METROPOLITANO 7 Nesta semana, que precede o dia das Mães, o Departamento de Limpeza Urbana executou uma de suas três limpezas anuais, após seis meses do feriado de finados. Há falta de zelo também com os jazigos “sem dono”. No caso, aqueles que comportam pessoas de famílias que se enquadram na LOAS. São enterrados em média 300 indivíduos, com total gratuidade, em cemitérios públicos todos os anos. A família que primeiro ocupar o espaço tem o período de quatro anos - até a exumação do corpo - para adquiri-lo. Em sua maioria, não se concretiza a aquisição pela falta de recursos e o espaço é, então, compartilhado. 10% das campas de cemitérios públicos e privados são destinados a esse fim. Com isso, o município tem direito, então, a cerca de 3.900 jazigos no Cemitério Jardim Memorial Park. Segundo Seleme Hilel, esse espaço ainda não havia sido reclamado até alguns meses atrás. Adilson Ferreira, administrador do Memorial Park afirma que recebeu o ofício e as partes deram início ao diálogo. “Creio que as vagas do nosso cemitério são vistas como uma emergência. Como ainda há espaço nos públicos, eles optaram por ainda não usá-lo”. O diretor Marcos Vória entende que ainda há alguns entraves para definir como se dará o uso desse espaço. “Os cemitérios particulares cobram cerca de 70% do salário mínimo em uma manutenção anual. Quem se responsabilizará por isso? Município ou o próprio Memorial? As famílias é que não serão. Estamos discutindo e elaborando critérios para isso”. Ainda sobre a concessão Na teoria, a concessão dos cemitérios públicos à iniciativa privada não alteraria em nada a relação desses espaços com a população. Quem adquiriu um túmulo, permanece com ele. Quem quiser comprar um novo, continua seguindo a tabela de preços estabelecida pela Prefeitura Municipal. Os serviços funerários como transporte, exumação e uso das capelas velórios também seguiriam a mesma lógica. A manutenção continua sendo de obrigação dos donos dos jazigos. Porém, uma vez feita a concessão, aquele que não fizer a manutenção deverá pagar à concessionária por esse serviço. Para o Secretário de Serviços Urbanos, a concessão se explica por uma série de motivos. “A iniciativa privada tem fontes de recursos para investir na reestruturação dos cemitérios e na reforma das capelas. Algo que o município não tem. Ao abrir a possibilidade, já encontramos diversos interessados nesses espaços. Todos têm possibilidade de ampliação. No caso do Santo Antônio, isso seria feito no modelo vertical. Dentre outras cidades, Belo Horizonte já adota essa prática e o município não carrega mais a despesa da manutenção. Outro fator importante é que a soma dos recursos obtidos com a venda de túmulos, serviços funerários e a manutenção iria diretamente para um fundo exclusivo, gerido pela empresa concessionária”, descreve Seleme Hilel.
Entrada do Cemitério da Paz, no bairro Altinópolis “Se há possibilidade de criar esse fundo exclusivo, porque não o fazer ainda sob os domínios da administração pública?”, contrapõe o diretor do Departamento de Serviços Funerários e Cemitérios. Marcos Vória diz ainda que “se há interesse de empresas no negócio é porque ele gera lucro. E gera mesmo. Já chegamos a R$ 50mil por mês, mas mantemos uma média de pouco mais de R$ 30mil. Isso sem manutenção ou reajuste das taxas. Creio que o poder público daria conta de realizar o serviço bem feito, caso a verba não se dissipasse dentro do fundo único do município”. “Rapaz, vou te falar outra coisa. Pra nós, funcionários, não muda nada, não. Nós somos servidores públicos e seremos realocados. Agora, pra população vai ser um prejuízo. Tem gente que dá um duro pra ter um lugarzinho desse aí e deixar sossegado alguém da família. Se tem um trem que pega desprevenido é a tal da morte. Muita das vezes a pessoa não tem condições de comprar. Aí, tem esse espaço aqui que é mais barato e com condições diferenciadas pra pagar. Tem de saber é se a tabela terá uma inflação normal depois de seis, sete meses, quando nem todo mundo tiver olhando pra isso mais”, alerta o coveiro Ronaldo Silveira.
Cemitério Santo Antônio, na área central da cidade
FIGUEIRA - Fim de semana de 9 a 11 de maio de 2014
Estadualização da Univale
O silêncio como negação do caráter comunitário A Univale é patrimônio do povo de Valadares. Dos que sonharam com a educação universitária na cidade, na década de 60, constituindo a Fundação Percival Farqhuar para promovê-la. Dos que buscaram para a fundação o estatuto de filantropia, o que por si já caracterizou a instituição nascente como comunitária. Dos que constituíram a Funsec como fundação municipal, pública, para abrigar as faculdades criadas com recursos do povo. Dos que juntaram as faculdades da FPF e da Funsec para tornar a Univale viável. Dos que lotaram as salas de aula nessas décadas em busca de qualificação profissional, dos que não estudaram, mas fizeram remessas dos Estados Unidos para que irmãos e irmãs pudessem estudar. As faculdades da década de 60 evoluíram para se tornar a Univale em 92, ano do reconhecimento do estatuto universitário pelo MEC. Em 2003, a Univale alcançou 7 mil matrículas apenas nos cursos de graduação. Em uma década, viu esse número reduzir-se a 3.250. A cidade assistiu à chegada da Unipac em 2003, contando hoje com 2.500 matrículas de graduação. A Faculdade Pitágoras iniciou atividades em 2011 e já alcançou 2.500 alunos. Portanto, a débâcle não é da cidade nem afeta as demais instituições. Parece específica e localizada na Univale. É comum que as universidades comunitárias, no geral, ofereçam cursos com preços de mensalidade muito mais camaradas que os das faculdades empresariais, aquelas que têm dono. Isso por causa das isenções fiscais. E por não terem donos em busca de lucros. A Univale não tem donos, não pode distribuir resultados, tendo de aplicar seus recursos e resultados financeiros somente nas suas finalidades universitárias. São condições decorrentes do estatuto de filantropia da FPF, a mantenedora. No entanto, a Univale comunitária oferece Engenharia a R$ 1.048 por mês. No Centro Universitário Izabela Hendrix, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, pela mesma Engenharia pagase mensalidade de R$ 930,53. Na UniBH, R$ 1.039. Em Valadares, na comparação com a Unipac e a Pitágoras, os cursos da Univale comunitária, também são mais caros. Os preços mais altos até que os cursos das universidades da capital, onde a renda per capita é muito mais alta, são sintoma e causa da crise ao mesmo tempo.
“
É comum que as universidades comunitárias, no geral, ofereçam cursos com preços de mensalidade muito mais camaradas que os das faculdades empresariais, aquelas que têm dono. Isso por causa das isenções fiscais. E por não terem donos em busca de lucros. A Univale não tem donos, não pode distribuir resultados, tendo de aplicar seus recursos e resultados financeiros somente nas suas finalidades universitárias.
Mas, o descenso no número de matrículas e os preços mais altos das mensalidades poderiam ser sinal de uma escolha por ser universidade mais elitista, de qualidade, para poucos. Mas, o ranking da Folha de S. Paulo, que foi utilizado em campanha publicitária da Univale, aponta o tamanho do problema a que a universidade chegou: das 192 universidades existentes em todo o Brasil, a Univale está classificada nesse ranking como a 142ª em qualidade, preenchendo 25,41 pontos de 100 possíveis. No indicador de professores com doutorado e professores em tempo integral, a Univale fica em 184º lugar entre as 192. Ora, o renomado pedagogo Moacir Gadotti explica que as universidades comunitárias desenvolveram-se no Brasil a partir de 1985, sendo, portanto, um fenômeno novo e pouco estudado. Ele aponta as comunitárias entre as estatais e as empresariais, algo no meio, com características de ambos os modelos, podendo ser chamadas também de públicas não-estatais, ou seja, são de espírito público, mas não são criadas e mantidas pelo Estado. Por isso, por mais queridas e necessárias que sejam a uma comunidade tem sido comum as universidades comunitárias passarem por crises financeiras. Ao longo da história da Univale, é possível encontrar desabafos de seus dirigentes como do então presidente da FPF, Laércio Byrro, na crise de 1986 (Diário Valadarense 21/05/86): “A grande saída para a instituição é a federalização. É o que permitiria a massificação do ensino, equivaleria à grande indústria que Valadares almeja, dado o seu reflexo econômico, político e cultural” e continuou: “os empresários da cidade não contribuem com nada com a fundação. Em vez de ser a mantenedora, de fato é mantida pelas mensalidades dos alunos das escolas e pelos serviços prestados no Instituto de Projetos – INPRO”. Retrata, assim, os frágeis laços comunitários – não há empenho em sustentá-la.
“
Só é possível entender como falta de espírito público a recusa do reitor José Geraldo Prata a atender as ligações desta Redação, apesar de três semanas decorridas dos primeiros contatos. Ainda nesta quarta-feira, a assessora de imprensa da universidade declarou que a orientação dada é de que o reitor ainda está muito ocupado e que não poderá nos atender por esses dias. O diretor administrativo da FPF, coronel Sandro Lúcio Fonseca, afirmou há três semanas que ele não falaria, mas o reitor estava autorizado a falar.
Se a fragilidade maior das comunitárias está na sustentação financeira, a sua força está nos compromissos com o desenvolvimento regional, no funcionamento com garantias de pluralismo democrático – o que é inviável naquelas que são empresariais apenas – e na prestação de serviços de interesse público. Rompidos os compromissos com o desenvolvimento regional, com o pluralismo democrático e com o interesse público, sobra a crise financeira. Como todas as falas de federalização do passado não se efetivaram e hoje a cidade já é dotada de uma universidade federal, este Figueira levantou os casos de estadualização de instituições de educação superior em todo o Estado de Minas e lançou a pergunta se tal proposta poderia ser positiva para a Univale. Só é possível entender como falta de espírito público a recusa do reitor José Geraldo Prata a atender as ligações desta Redação, apesar de três semanas decorridas dos primeiros contatos. Ainda nesta quarta-feira, a assessora de imprensa da universidade declarou que a orientação dada é de que o reitor ainda está muito ocupado e que não poderá nos atender por esses dias. O diretor administrativo da FPF, coronel Sandro Lúcio Fonseca, afirmou há três semanas que ele não falaria, mas o reitor estava autorizado a falar. Nessa declaração em que assume “autorizar o reitor”, o diretor da FPF indica desconhecer o princípio da autonomia universitária, prescrito na Constituição Federal. É de se destacar que na edição do final de semana de 17 a 20 de abril, o deputado estadual Helio Gomes manifestou-se “favorável, sim, à estadualização da Univale porque permite aos jovens carentes ter acesso à universidade”. Apesar de várias tentativas com o gabinete do deputado estadual Jayro Lessa, inclusive por intermédio do assessor Euclydes Petersen, o deputado não manifestou interesse pelo assunto. Da assessoria do deputado estadual José Bonifácio Mourão, não houve retorno das tentativas de contato até este momento. É de se destacar que o deputado foi o relator da matéria na Constituinte Mineira. Mas, do chefe do gabinete do deputado Mourão, coronel reformado José Alain, este Figueira teve a explicação de que “cabe à Univale, que não é uma fundação pública e sim privada - apesar de sua origem comunitária - decidir sobre os seus rumos.” A política de incorporação de instituições pela UEMG, conduzida desde o ano passado pelo Governo Estadual abre, segundo ele, uma possibilidade para instituições públicas e não privadas. E que não havia o que responder, diante de uma má interpretação da situação. Para o ex-governador Antonio Anastasia não há má interpretação. Na Palavra do Governador, distribuída pela Agência Minas em 15 de março deste ano, ele expõe, animado: “Nosso estado está avançando também na educação superior. A UEMG está em processo de permanente fortalecimento. Estamos aumentando o número de cursos com a absorção de algumas faculdades do interior, como já fizemos em Campanha, Carangola e Diamantina. Então, é um processo gradativo que aumenta o número de alunos, de professores, e dá à UEMG um papel ainda mais ativo na educação superior em Minas Gerais.” Ora, excetuando algumas escolas superiores estaduais que funcionavam de modo isolado em Belo Horizonte e foram incorporadas à UEMG, as faculdades de Passos, de Divinópolis, de Carangola e todas as demais do interior não eram públicas. Eram tal e qual a Univale – fundacionais de direito privado. O modelo não passa apenas por incorporação à UEMG. Pode se estadualizar a Univale e mantê-la como uma terceira universidade estadual, ao lado da Unimontes de Montes Claros e da UEMG. Para isso, é necessária a manifestação de interesse por parte da Fundação Percival Farqhuar, o debate social, a ação política de nossos deputados estaduais para convencimento do governador e, se necessário, da Assembleia Legislativa. (Da Redação)
GERAL
8
FIGUEIRA - Fim de semana de 9 a 11 de maio 2014
Políticas Públicas
A lesão da MP 627 ao SUS. Veta, Dilma! Derli Batista da Silva Ao pensar o sistema de saúde brasileiro, comumente as pessoas visualizam apenas os serviços de atendimento, especialmente, aqueles do nível hospitalar, esquecendo - ou desconhecendo - o vasto leque de ações, projetos e programas desenvolvidos, como: Vacinação, Estratégia Saúde da Família (ESF), Brasil Sorridente, Saúde na Escola, Farmácia Popular, Melhor em Casa, Olhar Brasil, Controle do Câncer, HumanizaSUS, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Unidade de Pronto Atendimento (UPA), sobre os quais é possível obter informações detalhadas no sítio eletrônico do Ministério da Saúde (saude.gov.br). A Constituição Federal de 1988 criou o Sistema Único de Saúde (SUS), que regulamentado pela Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/90) previu a participação da iniciativa privada na oferta de seus serviços, porém, de forma apenas complementar; estando aí um provável ponto que gera dúvidas na população ao se referir ao nosso sistema de saúde: O que é público e o que é privado no atendimento à saúde? O que é o SUS? Qual a amplitude do direito à saúde no SUS? É importante destacar que o SUS é para toda a população brasileira (e, também, para estrangeiros/ as que estiverem em nosso país) independentemente de idade, cor, raça, orientação sexual, religiosa ou política, escolaridade ou renda... do Oiapoque ao Chuí, está em cada canto deste país colossal, portanto, é um sistema de saúde gigante, que exige muita habilidade técnica, comprometimento político e competência gerencial para se efetivar conforme é concebido. O SUS abrange ações de promoção da saúde e de prevenção de agravos, realizadas essencialmente pelas equipes de unidades de atenção primária à saúde (UAPS), mais conhecidas como “postos de saúde”. Oferece ações especializadas desenvolvidas por profissionais em centros de referência e inclui ações de alta complexidade, no campo hospitalar, com exames e procedimentos muito caros, por exemplo, aqueles realizados na assistência à saúde de pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTI). Algo bastante interessante, e às vezes desconhecido por parte da população, é que o SUS abrange muito mais que os serviços diretos de atendimento à saúde. O SUS está presente, por meio da Vigilância Sanitária, em restaurantes, aeroportos, portos, hotéis, lanchonetes, bares, de forma a garantir a promoção
“
A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (vide abrasco.org.br), denuncia que o fato do Senado ter aprovado esta anistia de multas a planos de saúde privados representa na prática um favorecimento no valor de R$ 2 bilhões às operadoras de planos de saúde.
de condições favoráveis à saúde coletiva. Pensar o SUS é compreender um sistema, que inclui os serviços de atendimento, mas que se caracteriza por ações de proteção à saúde muito mais amplas do que aquelas mais conhecidas. O SUS é uma grande conquista da população brasileira, basta aperfeiçoar os serviços, efetivar a proposta de sua concepção e viabilizar o acesso de todos/as a atendimentos de equipes multiprofissionais e transdisciplinares com qualidade. Para se ter uma idéia da dimensão financeira do atendimento à saúde da população no sistema público brasileiro, o orçamento do Ministério da Saúde para 2014 beira uma centena de bilhões de reais. Em 2013, houve o repasse de verba federal para o governo de
Ombudsman
Preto no branco José Carlos Aragão Não é à toa que as páginas de um livro são, preferencialmente, brancas e que a tinta gráfica mais usada é a preta. Não existe contraste mais adequado à leitura. E esse é um princípio que vale também para outras publicações, como jornais e revistas. Claro, a tecnologia gráfica avançou muito desde Gutemberg. E o papel jornal nunca foi imaculadamente branco mas, ainda assim, passou a receber uma gama quase infinita de cores, com a revolução das impressoras cada vez mais sofisticadas. As melhores e maiores manchetes, no entanto, continuam sendo aquelas em que se coloca o preto no branco – gráfica e jornalisticamente. A última edição do nosso Figueira não fez uma coisa nem outra. “Parque Natural Municipal” é um título que, jornalisticamente, nada diz. Não informa, não denuncia, não questiona, não especula, não responde, não esclarece, não provoca – e não vende. Títulos sem verbo até podem ser fortes e contundentes (como vimos em edições anteriores do próprio Figueira), mas, nesse caso, não o foi. O texto em si acabou sendo pouco mais que um letreiro ou uma placa à entrada do parque. Não bastasse isso, também pecou pela falta de contraste visual: qualquer tom de laranja sobre verde tende a desaparecer (vide o padrão usado por vários uniformes militares para camuflagem).
A caminho da escola (I) “Transporte Escolar Rural” é o nome de uma empresa, instituição, lugar, pessoa, obra artística ou literária? Então, por que as iniciais maiúsculas, como aparece grafado no título da reportagem (página 5, da edição passada)?
A caminho da escola (II) Uma foto mostra um ônibus escolar em trânsito por uma estrada rural, de terra batida. Nota-se que ele, ao passar, levanta poeira atrás de si. A legenda diz: “O ônibus escolar levanta poeira”. Isso tem nome: redundância.
A caminho da escola (III)
Repetições de informações também podem ser observadas ao longo do texto. É só ler atentamente o início do primeiro e do sétimo parágrafos para constatar que o transporte escolar rural (agora sem
maiúsculas) é caro. Informação, aliás, já explícita no título e na segunda manchete da primeira página. O que o leitor, a essa altura, está interessado em saber é o porquê desse alto custo. E é o que a reportagem deve se empenhar em responder com dados apurados e depoimentos obtidos.
A caminho da escola (IV) Visualmente, uma página de jornal não deve se parecer com um discurso retilíneo, texto acadêmico, página de livro ou bula de remédio. Semear entretítulos não é o suficiente para arejar páginas ou textos densos. Para isso, além de um texto conciso e coeso, pode-se recorrer a fotos menores das pessoas ouvidas pelo repórter, boxes, olhos, gráficos e ilustrações. Fica a dica para a próxima.
Primeiro à esquerda O Figueira deu uma boa e justa sacudida na nossa memória, ao relembrar o saudoso Joaquim Nicolau. A foto que ilustra a nota, entretanto, não fez jus à estatura histórica e política do personagem. Será que não existe um registro em imagem mais clara e nobre de Joaquim, que apenas aquela como ouvinte de discurso, em segundo plano, “primeiro à esquerda, sentado”, quase fora de quadro?
Democracia A pauta da página de esportes ficou mais democrática. Além de não falar quase exclusivamente do E. C. Democrata, agora deu destaque também a outros esportes que não apenas o futebol. José Carlos Aragão, ombudsman do Figueira, escritor e jornalista Escreva para o ombudsman: redacao.figueira@gmail.com
Congresso
Minas Gerais no montante de mais de um bilhão e meio de reais para a atenção básica e outros quase quatro bilhões de reais para a média e alta complexidade no SUS, além de mais de seiscentos milhões para a assistência farmacêutica, gestão do SUS, vigilância em saúde e outros investimentos; o que pode ser constatado no Portal da Transparência da Saúde. Na contramão do movimento em defesa da saúde pública de qualidade, o Senado aprovou, em 15 de abril deste ano, uma medida (MP 627) que anistia planos de saúde privados de multas e limita o poder da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de aplicar multas às operadoras de plano de saúde privado que descumprirem as normas regulatórias do setor. É um tremendo golpe contra consumidores de planos de saúde e caracteriza uma ação legislativa que provoca lesão profunda no SUS. A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (vide abrasco.org.br), denuncia que o fato do Senado ter aprovado esta anistia de multas a planos de saúde privados representa na prática um favorecimento no valor de R$ 2 bilhões às operadoras de planos de saúde, ou seja, as premia com tanto dinheiro que iria para o serviço público de saúde, assim, lesionando o SUS e prejudicando toda a população. Na conjuntura atual, a saúde pública demonstra sinais claros de melhora em vários aspectos e forte tendência de mudanças estruturais para a garantia dos direitos de cada cidadão e cidadã ao atendimento à saúde com qualidade. Já em relação aos planos de saúde privados, ocorre o contrário. Têm acontecido protestos em muitas cidades do país contra as operadoras de planos e a ANS suspendeu a venda de centenas deles devido ao grande volume de reclamações de consumidores. No sítio da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ans.gov.br) é possível acompanhar o desempenho das operadoras de planos de saúde privados, sendo que a evolução do índice médio de reclamações dessas operadoras de grande porte de planos de saúde privados quase dobrou nos últimos dois anos. Em defesa do direito à saúde, urge o veto da MP 627 pela presidenta Dilma nos itens que contrariam o interesse da população por uma saúde pública com alto nível de qualidade. A cura das lesões causadas ao SUS está na cidadania em saúde.
2o Congresso de Bioética e Saúde Coletiva / 4o Simpósio de Enfermagem na Unipac GV O curso de Enfermagem da Unipac/ GV promove nos dias 13 e 14 de maio (de 18h50 às 22h30), o 2o Congresso de Bioética e Saúde Coletiva / 4o Simpósio de Enfermagem na Unipac GV. “Saúde e Segurança no Trabalho: Gestão de serviços, promoção e prevenção” é o tema central do congresso, aberto à todas as pessoas da sociedade, especialmente os trabalhadores e empresas. O evento é gratuito e será emitido certificado para todos/as participantes. Para se inscrever, basta enviar mensagem para o E-mail derli.saude@ hotmail.com, com nome completo, endereço e telefone. Veja a programação completa no site www.unipacgv.com.br
Imagem do cartaz do evento/Unipac/GV
Derli Batista da Silva é enfermeiro e professor universitário
Direitos Humanos
De profetas e mercadores (I) Flávio Fróes Oliveira A sociedade humana – esse complexo inter-relacional que gera indivíduos e confere estabilidade às instituições – exibe, em determinados momentos da História, aspectos desumanos. Não é preciso, para comprovar tal assertiva, recordar os assassinatos de motivação política do Período do Terror da Revolução Francesa nem os horrores das duas Grandes Guerras que, para simplificar, são denominadas Guerras Mundiais. Mas, não parece necessário considerar a crueldade consabida dos eventos bélicos para se deter nos aspectos de expressa violência que o universo das comunicações projeta hoje em dia perante olhos e ouvidos atentos e sensíveis. A violência é, pois, um ingrediente da experiência humana que, segundo o testemunho unânime dos estudiosos, encontra-se nos povos e nas culturas dos mais diversos tempos e lugares. E como toda abordagem séria deste tema liga-o à questão dos direitos humanos fundamentais, é curioso considerar os papéis que aí exercem dois grupos representativos. O primeiro é o formado pelos profetas, assim denominados por relembrarem as figuras do Antigo Testamento, cujo ofício combina pregação e previsão; assim o moderno profeta tanto prega os valores éticos como exigências supremas ao ser humano como também prevê o descalabro que por certo ocorrerá se suas advertências forem desconsideradas. Por seu turno, o grupo formado pelos mercadores reconhece como desejáveis apenas os objetos que têm valor de mercado e têm o ganho material como fim supremo. Tanto profetas como mercadores são encontradiços com certa facilidade em ocasiões de crise social. Surpreendentes são os lugares onde podem aparecer. No Antigo Testamento, os profetas surgiam, via de regra, em contextos relacionados com a religiosidade dos filhos de Israel enquanto os mercadores estavam sempre nas praças, em negócios. Abra-se exceção para Amós, notável entre os denominados Profetas Menores, que provinha de família e região camponesas. Modernamente, os profetas podem ser modestos professores de uma desconhecida escola rural enquanto os mercadores de hoje em dia podem ser encontrados das sacristias aos tribunais. É certo que pensadores de outros tempos postularam a inauguração de uma nova era na História que marcaria a predominância da
paz entre os humanos. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) em “Emílio” assim como Ralph Waldo Emerson (1803-1892) em “Natureza” legaram aos seus pósteros o anseio de paz, harmonia e comunhão universal que os animava. Não faltaram, em tempos e lugares distintos, homens e mulheres de boa fé a empreenderem tentativas mais ou menos bem sucedidas de instituir comunidades cujo credo básico era o respeito aos direitos à vida dos semelhantes com todo o caudal de práticas relacionadas a tais direitos. Buscavam, com o cabedal que detinham naquelas épocas, harmonizar as urgentes necessidades do pão e do vestuário com os princípios de sadia convivência social que admitiam.
“
Não faltaram, em tempos e lugares distintos, homens e mulheres de boa fé a empreenderem tentativas mais ou menos bem sucedidas de instituir comunidades cujo credo básico era o respeito aos direitos à vida dos semelhantes com todo o caudal de práticas relacionadas a tais direitos.
Constituíam, é bem verdade, grupos pequenos, sem maiores preocupações com a defesa das fronteiras físicas de seus territórios e tiveram duração suficiente para que as lembranças de sua experiência perdurassem nas gerações seguintes. Talvez, um exemplo dessas tentativas sejam os Pais Peregrinos que migraram da Inglaterra para as colônias britânicas do nordeste norte-americano durante o século XVII. Pacifistas declarados, seus descendentes continuam a influir na sociedade americana em pleno século XXI. Na verdade, a pregação e os esforços pelo reconhecimento dos direitos humanos já duram séculos e não parecem próximos de um fim. Seguem apontando o rumo da paz. É o que se verá no próximo artigo desta série. Flávio Fróes Oliveira é teólogo, estudioso e ativista da Área de Direitos de Crianças e Adolescentes
ENTREVISTA
Fernando Damata Pimentel é belorizontino, nascido em 31 de março de 1951. De 1970 a 1973, esteve preso por ativismo contra a ditadura. Economista pela PUC e mestre em Ciência Política pela UFMG. Foi prefeito de Belo Horizonte de 2002 a 2009, e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior no governo da presidenta Dilma Rousseff, deixando o Ministério neste ano para candidatar-se ao governo de Minas Gerais. A seis meses das eleições, tem liderado as pesquisas, como candidato pelo Partido dos Trabalhadores. Na edição anterior, este Figueira trouxe o pré-candidato da REDE/PSB, Apolo Heringer Lisboa e nesta, oferece aos leitores a conversa que segue com Fernando Pimentel:
9
Entrevista Fernando Pimentel
“O PT está trabalhando com seus aliados para apresentar um programa de governo à altura das mineiras e dos mineiros” Site do PT/MG
Figueira - Nos dois governos Aécio o pró-acesso assegurou a cada município mineiro ligação asfáltica e integração de serviços. Atualmente, o meio rural e as cidades mais isoladas têm na telefonia, o que também implica o acesso a Internet, o seu maior gargalo de integração. Um pró-acesso às infovias pode ser um compromisso de seu governo? Pimentel - Quando fui prefeito de Belo Horizonte, de 2003 a 2008, inovamos com o Orçamento Participativo Digital. Os cidadãos tinham à disposição, em pontos de grande fluxo da capital, terminais de computador em que podiam fazer demandas e eleger prioridades de gestão. Ao final do governo, tínhamos inaugurado mil obras definidas pela população, nas quais foram investidos R$ 870 milhões. Em caso de vitória da candidatura do PT na disputa pelo governo do Estado, pretendemos uma gestão participativa, em que as mineiras e os mineiros tenham voz ativa. Dez anos depois da experiência do OP Digital, a tecnologia disponível avançou muito e praticamente a grande maioria da população tem computador pessoal ou smartphones. O cidadão também pode ser ouvido por mensagens de texto. Portanto, para viabilizarmos um governo participativo não precisaremos tanto do equipamento e, sim, de uma rede de comunicação eficiente. Isso não significa abrir mão de interligar o Estado por rodo-
“
Os programas de transferência de renda criados no governo do presidente Lula e ampliados sob a presidenta Dilma reduziram o fosso entre as regiões do Estado, mas ainda assim precisamos desenvolver esta região a partir de suas vocações.
Figueira - Quando o PT assumiu o governo do Rio Grande do Sul pela primeira vez instituiu o salário mínimo regional que hoje é de R$ 858 em vez dos R$ 724 do salário mínimo nacional. O Paraná o acompanhou e tem o mais alto salário mínimo do país, hoje em R$ 948,20. Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro também têm salários mínimos superiores ao nacional. De um lado, dados do IPEA indicam que o poder de compra do salário mínimo gera mais distribuição de renda e igualdade que as políticas sociais como o Bolsa Família. De outro lado, Minas Gerais, a terceira economia do país, não acompanhou este movimento de ampliação da renda da população pelo estímulo ao salário mínimo. Podemos ter de um governo do PT em Minas este compromisso? Pimentel - Neste momento, estamos percorrendo Minas Gerais para ouvir os cidadãos e conhecer suas demandas. As informações que recolhermos nessas reuniões serão fundamentais para a elaboração do programa de governo que, de forma responsável, vai levar em conta a situação fiscal do Estado. Neste momento, em que fazemos o diagnóstico financeiro de Minas Gerais, seria leviano assumir qualquer compromisso sem conhecer a real situação das contas públicas. Posso assegurar, no entanto, que o programa de governo do PT vai contemplar formas de aumento da produtividade e da competitividade da economia de Minas Gerais - hoje extremamente dependente da exportação de duas commodities, o café e o minério de ferro - e de distribuição de renda, a exemplo do que vem sendo feito nos últimos onze anos, nos governos do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma.
FIGUEIRA - Fim de semana de 9 a 11 de maio de 2014
vias. É preciso não só assegurar a ligação rápida e segura das sedes dos municípios às grandes rodovias, mas ligar distritos às sedes, facilitando o deslocamento das pessoas e o transporte da produção local. Quem vai definir essas prioridades será a população, que sabe de suas necessidades mais do que qualquer técnico que vive a quilômetros de distância da realidade local. Figueira - A Polícia Militar incorporou mulheres na rede na década de 1980. No entanto, o acesso não é igualitário, como nos países de economia desenvolvida. A rigor, não há base científica para limitar a atuação da mulher a apenas algumas funções policiais militares, vedando-a a outras. A legislação que limita a 10% de mulheres no efetivo da PM e do Corpo de Bombeiros e o concurso com vagas femininas em separado demonstram a visão de um tempo passado, e não da perspectiva igualitária de acesso que ficou consagrada na Constituição de 1988. Devemos esperar do seu governo correção desta distorção?
“
Em caso de vitória da candidatura do PT na disputa pelo governo do Estado, pretendemos uma gestão participativa, em que as mineiras e os mineiros tenham voz ativa.
Pimentel - As mulheres têm assumido funções de relevância cada vez maior na vida brasileira. Não por acaso, temos hoje uma mulher na Presidência da República. Tive a honra de servir ao governo da presidenta Dilma e estou convencido de que não há razão para qualquer tipo de discriminação de gênero. Figueira - Os 24 outros municípios da microrregião de Governador Valadares têm renda per capita de 40% da renda per capita de Minas Gerais. Valadares é polo de uma região extremamente esvaziada, em um território de alta degradação ambiental, de emigração e pobreza. Governo após governo do Estado não têm política de desenvolvimento dirigido a
Arquivo Pessoal
essa microrregião e à Região do Médio Rio Doce. Que garantia podemos ter de que o seu olhar como governador será desviado da metade Sul e do Triângulo, ricos e estáveis, para as regiões hoje esquecidas, que precisam de indução para se tornarem produtoras e ricas? Pimentel - A Caravana da Participação é o primeiro passo para corrigirmos essa distorção. Os programas de transferência de renda criados no governo do presidente Lula e ampliados sob a presidenta Dilma reduziram o fosso entre as regiões do Estado, mas ainda assim precisamos desenvolver esta região a partir de suas vocações. Por isso, vamos propor um governo que atue regionalmente, respeitando as particularidades de cada ponto de Minas Gerais Figueira - A impressão que se tem, nesta fase de pré- campanha, em que o eleitor comum ainda não se ligou nas questões eleitorais e em que o mais importante são as movimentações de bastidores, especialmente o arco de alianças, é que é grande a dianteira do PSDB, que já costura uma aliança com 20 partidos – é o que se lê diariamente nos jornais - muitos inclusive da base do governo federal. Também é visível a dianteira do PSDB na movimentação em torno de prefeitos e vereadores nos municípios mineiros. Como o PT espera reagir à estratégia do PSDB de multiplicar a presença de suas lideranças nos municípios mineiros, eles que têm toda a máquina do Estado nas mãos? A caravana por Minas já é parte dessa reação? Quando ela chegará à região do Rio Doce? Pimentel - O PT está trabalhando com seus aliados para apresentar um programa de governo à altura das mineiras e dos mineiros e, mais importante, que seja factível, que possa sair do papel. Junto com o PMDB, o PCdoB, o PRB e o PROS, que já declararam o interesse de caminhar junto com o PT na disputa pelo governo do Estado, vamos percorrer cerca de 20 cidades polo de Minas Gerais até o começo de junho. Já estivemos em Ipatinga, cidade importante da região do Rio Doce, e ainda em maio devemos visitar Governador Valadares e Caratinga.
Álbum de Família
BravaGente Irmã Wanderlita, uma mãe com 20 filhas
Irmã Wanderlita Meira de Aráujo dedica sua vida ao trabalho na Casa da Menina
“
Graças a Deus e a intercessão do santo Padre Eulálio, muitas pessoas tem nos ajudado!
Ela é uma mãe diferente, afinal ela cuida de uma casa enorme e tem 20 filhas. São 11 meninas já mocinhas e 9 bebezinhos. Isso sem falar nas tantas outras que já foram educadas por ela na Fundação Casa da Menina Santa Bernadete. Esta mãe é a Irmã Wanderlita Meira de Araújo, que desde 1998 dirige com muito amor e competência a Casa da Menina, no bairro São Raimundo. O trabalho que ela realiza é difícil e cheio de desafios. Quando assumiu a casa, tudo era precário, e segundo ela, faltava tudo. “Porém Deus foi e continua sendo maravilhoso para conosco, porque dois anos depois que assumimos os trabalhos, apareceu o nosso santo Padre Eulálio Lafuente. Aí, mais nada nos faltou com a ajuda dele”. Com a morte do Padre Eulálio, em 2012, as coisas voltaram a ficar difíceis, mas Irmã Wanderlita passou a ter o apoio de muitas pessoas das comunidades. “Graças a Deus, e a intercessão do nosso querido santo Padre Eulálio, muitas pessoas têm nos ajudado”. Além das doações das comunidades, Irmã Wanderlita destaca o convênio celebrado entre a Casa da Menina e a Prefeitura. Neste convênio ela recebe R$ 500,00 por criança, o que tem ajudado consideravelmente. Mãe que não cruza os braços e vai ao trabalho, dando amor e carinho às suas filhas, Irmã Wanderlita é “brava gente”. Bravo!
Baiana arretada! Mãe de muitas qualidades, inclusive artísticas, Elizabeth Menezes se casou aos 17 anos de idade e teve 7 filhos. Uma menina que veio da Bahia, na carroceria de um caminhão com sua mãe e irmãos, podia olhar a vida com amargura, com tristeza, indiferente, mas reverteu toda a situação: resolveu ser feliz, se casou, foi mostrar para a vida que temos escolhas, e a dela foi ser guerreira, ser exemplo, mostrar a vida que os filhos colocados em suas mãos teriam nela um modelo de esposa, modelo de companheira, modelo de amiga, modelo de fidelidade. Elizabeth Menezes é “brava gente”.
COTIDIANO
10
FIGUEIRA - Fim de semana de 9 a 11 de maio 2014
Blog “Meu Pratinho” vira sucesso entre as mamães na Internet Criado pela jornalista Regina Miranda, blog mostra o dia a dia dos gêmeos Pedro e Felipe, e as dicas de comidinhas preparadas para esta dupla do barulho A jornalista Regina Miranda, há dois anos, teve sua rotina alterada de forma inusitada. Primeiro quando recebeu a notícia de que estava grávida de gêmeos, e começou a imaginar como seria sua vida com a chegada dos filhos. Depois, já com a dupla do barulho em casa. O correcorre comeou e a imaginação dos tempos da gravidez tornou-se real. E nesse corre-corre, Regina sempre ocupava grande parte do tempo preparando a comidinha de Pedro e Felipe, e pensando no que faria pra eles, nas horas seguintes e dias seguintes. O cansaço era inevitável, afinal, o marido Daniel Antunes, também jornalista, só podia ajudar à noite, bem mais tarde. Com o passar do tempo, além de preparar as comidinhas que todo bebê come, o almoço tornou-se sagrado, sempre com uma comida salgada, dessas, de gente grande. No fim do dia, exausta, não preparava o jantar, apenas as mamadeiras. Num belo dia, visitando um grupo de mães numa rede social (Pediatria Radical), começou a trocar figurinhas com as mamães do grupo. Contou a sua rotina e acabou levando
Daniel Antunes
um “sabão”, como perguntas como: “Você ficaria feliz com apenas uma refeição diária? Gostaria de comer apenas um prato salgado por dia?” O blog Ensaboada, decidiu, então, superar o cansaço e fazer a janta, linda e gostosa, com pratinhos coloridos sobre a mesa. Pedro e Felipe fizeram festa com os pratinhos, postos à mesa todos dias no início da noite. Ao ver a alegria dos filhos, Regina decidiu compartilhar sua experiência com outras mães. Criou o blog “Meu Pratinho”, mostrando as jantinhas que preparava, o cardápio, e a sua satisfação com a nova experiência. “Em pouca mais de uma semana o blog recebeu 3 mil visitas, sempre com as mães fazendo perguntas sobre os cardápios e o preparo”, disse. Para Regina, compartilhar a experiência tem sido gratificante, pois muitas mães vivem a mesma situação que ela enfrentava, ou seja, falta de tempo e de criatividade para inovar no cardápio e no preparo das refeições dos pequenos. Este Figueira acompanhou o
“
Regina alimentando Pedro. Felipe já se assanha, esperando o seu aviãozinho
Preparar a comida dos filhos vai além de preparar a comida. É dar amor, afeto, carinho. Qualquer cansaço é superado neste momento. Ao dar a comidinha aos filhos, é como se a mãe alimentasse ela própria.
Recado Capital
Cenas Bob Villela Quando cheguei à Praça da Liberdade para encontrar alguém, encontrei muito mais. Era o primeiro dia de maio, e os acasos trabalharam para que o feriado fosse de um descanso lindo. A praça estava colorida como nunca. Mas, como sempre, pelos mesmos indefectíveis personagens. Crianças, jovens, idosos, ciclistas, skatistas, caminhantes, punks, caretas, ricos, pobres - sim, pobres também frequentam aquele espaço -, vendedores, consumidores... Naquele dia, tudo parecia combinado, como num filme bem dirigido no qual a gente se envolve naturalmente, sem atinar que trata-se de uma ficção. O delicioso oposto foi envolver-se no balé dos transeuntes, rigorosamente ensaiado, e não notar que aquilo era uma realidade. Dali pro Centro Cultural Banco do Brasil foi um pulo. A exposição Olhares múltiplos sobre cinco cidades está linda. Nela, quatro artistas, cada um com sua técnica, retratam pontos marcantes de BH, Brasília, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Beleza com entrada franca. Era aniversário de 20 anos da morte do Ayrton. E aquelas cenas tão lindas exibiam um estranho paradoxo. Ao mesmo tempo em que eu passava ao largo de me lembrar da perda do gênio, estava num ponto da maior cidade de Minas em que se tem muito orgulho de ser brasileiro. Onde se vê um gringo e se pensa que ele deve estar adorando tudo aquilo. Estava num ponto que foi assunto em The New York Times, por motivo dos jogos. Segundo o jornal, o Circuito Cultural Praça da Liberdade é um complexo cultural singular no Brasil. Como Senna da Silva, aquela ilha de prosperidade é arrojada, moderna, popular e acessível. Um lugar, assim como o ídolo, em que a bandeira com as nossas cores pega bem.
Se você quiser visitar o blog, aqui está o link: http://meupratinho.blogspot.com.br/
Cotidiano Mas onde estão as cores por toda parte? Há muito por fazer. E a poucos dias de recebermos o maior espetáculo do futebol mundial, de verde e amarelo só vejo mesmo a vegetação urbana do nosso outono. Parece que o ritmo alucinante do dia a dia, o arrocho tão propagado pelos economistas, a inflação assustadora nos botecos e o receio com as manifestações estão deixando tudo para a última hora. Mineiramente, investidores e consumidores querem ver pra crer. E, aí sim, talvez mudar a cara da cidade. Nas ruas, o povo anda mais ansioso por eventuais recessos do que para ver as estrelas, as partidas e os povos que estarão aqui.
Outras cenas O Belas Artes também estava maravilhoso no Dia do Trabalho. Tratase de uma atração tão bacana na capital quanto a Praça da Liberdade talvez não seja por acaso que ambos estão tão próximos. É bem verdade que suas salas precisam de uma bela reforma; mas o charme e a programação são irretocáveis. No espaço, há uma livraria, um café e quase sempre uma pequena e digna exposição à espera do público. Assisti ao formidável Os Filhos do Padre, uma comédia dramática croata na qual um clérigo conta com dois ajudantes para pôr em prática um plano para lá de extravagante, cujo objetivo é aumentar a taxa de natalidade da vila onde moram. Em doses bem definidas, o filme consegue a proeza de ser original, engraçado, melancólico e crítico. O resultado é tão bom quanto um rolezinho na praça. Procure esta preciosidade na internet e, se possível, passeie mais. Bob Villela é publicitário e jornalista
Vitória a Minas
O gigante adoeceu Felipe Quintino Na última quarta-feira, 23 de abril, após investigação do Tribunal de Contas do Espírito Santo, a cobrança do pedágio da 3ª ponte de Vitória foi suspensa, até que os envolvidos na execução do contrato de concessão da Rodovia do Sol esclareçam o desvio de aproximadamente 800 milhões de reais. Movimentos sociais foram novamente às ruas, em um protesto que não ocupou sequer um quarteirão. A ideia era percorrer as principais vias da capital, no trajeto entre a praça do pedágio e o Palácio do Governo, mas não compareceram nem cem pessoas. Quem se emocionou com a marcha dos cem mil não pode se contentar com a caminhada dos noventa. Há de existir algum padrão explicável para a conveniência da indignação dos brasileiros. Ora, o que será que aconteceu com o gigante? Certamente que, se não está dormindo, só pode estar doente. O gigante, que outrora despertara, parece estar doente. Adormecera por longos anos, despertou, mas diante dos últimos fatos só nos resta o triste diagnóstico de alguma enfermidade. A resposta, ainda uma incógnita para a medicina, pode estar em uma pesquisa realizada em suínos nos Estados Unidos. Professores do instituto Mental Laziness, no Mississippi, descobriram mutação de um vírus responsável pela epidemia de uma nova doença: PIGencefalite podendo se manifestar em sua forma mais agressiva, SIFUencefalite. Sabe-se que a tradicional inflamação no cérebro (Encefalite) é uma doença rara, que pode ser transmitida através do contato direto de pessoa para pessoa. O que não se imaginava é que essa suposta mutação atingiria uma forma mais agressiva de contágio: por ondas de rádio, TV ou Internet. Autoridades alertaram sobre o perigo de contaminação através do uso de emails, redes sociais e até mesmo telefones celulares. Pessoas em situação de risco apresentaram queixas de fadiga, impaciência, falta de tempo e preguiça. Sintomas, como crises repentinas de raiva, acompanhadas por sentimentos de
preparo de uma jantinha na casa de Regina Miranda. Pedro e Felipe são clientes exigentes, bateram na mesa enquanto o jantar era preparado, impacientes. Mas o preparo foi rápido. Os ingredientes já estavam précozidos. Os legumes diversos foram misturados com carne moída e feijão preto, e levados ao fogo. Em minutos estava tudo pronto. Antes se servir, mais uma exigência dos clientes foi atendido: música dos anos 80, com a Turma do Balão Mágico. A psicanalista Teresa Najar de Araújo visitou o Blog “Meu Pratinho” e aprovou a ideia. “Preparar a comida dos filhos vai além de preparar a comida. É dar amor, afeto, carinho. Qualquer cansaço é superado neste momento. Ao dar a comidinha aos filhos, é como se a mãe alimentasse ela própria”. Regina está feliz. Os pequenos Pedro e Felipe estão com mais energia para fazer o barulho do dia a dia, o blog está bombando e a vida segue, ao som do super fantátisco Balão Mágico.
angústia, desilusão e intolerância podem estar associadas à fase mais avançada da doença. Não se sabe ao certo, mas a evolução do vírus parece estar ligada ao consumo de informações transgênicas, que na etapa de processamento, receberam catalisadores de baixa qualidade (fornecedores não recomendados: Reinaldo Azevedo, Arnaldo Jabor, Diogo Mainardi e, recentemente, Rachel Sheherazade). Em nota, organizações internacionais atribuem a culpa pela propagação da doença às grandes corporações antidemocráticas. Segundo elas, campanhas anônimas de boataria e de ódio – que se propagam todos os dias pela Internet – são patrocinadas por essas empresas com o objetivo de criminalizar a política e os movimentos sociais. Lamentavelmente, tudo indica que essa epidemia tenha se espalhando por todo o Brasil. Não se encontra outra razão, senão uma grave doença, para explicar o súbito desaparecimento do gigante (que há pouco se levantara contra os R$ 0,20 do transporte público de São Paulo). E não para aí. É de se causar espanto tamanha mansidão, após a divulgação de fatos como: o reconhecimento do erro, pelas empresas Globo, ao apoiar o golpe de 64; o desfalque de bilhões de reais na obra do metrô de SP; o flagrante de quase meia tonelada de cocaína em helicóptero de um senador; e a curiosa prescrição das penas de condenados do mensalão tucano. De fato, grande parte daquela comoção foi resultado de uma tentativa irresponsável de desconstituição do governo e das instituições democráticas. Diria até que, de certo modo, o feitiço virou contra o feiticeiro, após a grande imprensa ter sido objeto de intervenções dos manifestantes. Mas, em verdade, não se sabe o real motivo que levou o gigante a se acovardar. Só nos resta acreditar que esse mal seja passageiro e a cura seja possível. Vinícius Quintino Oliveira é Mestrando em Gestão Pública e Servidor Público Federal.
Justiça com as próprias: caminho para a bárbarie Lucimar Lizandro No último sábado, na cidade do Guarujá, litoral norte do Estado de São Paulo, uma mulher de trinta e três anos, casada, mãe de duas filhas, foi covardemente espancada, ao ser confundida com alguém que, supostamente, estaria sequestrando crianças para rituais de magia negra. Segundo matéria publicada em vários jornais, o boato sobre o sequestro de crianças espalhou-se rapidamente pela internet. Uma foto da suposta sequestradora teria sido publicada na página de uma rede social, o que causou ainda mais alvoroço na cidade e um verdadeiro clima de caça às bruxas. Não resistindo aos ferimentos, a mulher faleceu na segunda-feira desta semana. Consta, ainda, que a mulher era portadora de transtorno bipolar, embora fizesse tratamento e levasse uma vida normal. Lamentavelmente, parecemos seguir em marcha batida rumo aos primórdios da civilização, num tempo em que não existia o Estado, não existiam as leis e a solução dos conflitos se dava por meio da força. Não invariavelmente, o desfecho era a eliminação física. O mais contraditório de tudo isso é que estamos em pleno século XXI, saudado como uma época de grande desenvolvimento social e econômico, em que os avanços tecnológicos são a face mais visível da nossa evolução. Esse triste episódio nos remete ao debate de dois temas importantes. Primeiro, o papel das redes sociais e o seu poder de propagação de ideias, valores e mesmo de fatos e notícias do dia a dia. Se bem utilizada, pode trazer muitos benefícios para a sociedade, mas, se ao contrário, for mal utilizada, pode fazer enormes estragos. A esperança é que a aprovação recente do marco regulatório da internet possa entre outras medidas disciplinar o seu uso, definindo responsabilidades e regras de funcionamento. O outro ponto a se observar dessa tragédia é a apologia que se faz da resolução dos conflitos pelas próprias mãos, já que o Estado e as instituições que representam o cidadão estariam falidos. Logo, só nos restaria o caminho da barbárie. Ainda que seja compreensível o cansaço e o desalento da sociedade diante da violência e da pouca eficiência do Estado no tocante à prevenção e mesmo a punição daqueles que atentam contra a paz social, não podemos tolerar e nem incentivar que se pratique ainda mais violência. Esse caminho nos tornará ainda mais indefesos, aumentando a sensação de insegurança e tornando as relações sociais ainda mais tensas. Ao invés de espalharmos o ódio, melhor faríamos se cobrássemos dos nossos governantes e legisladores mais eficácia e rigor no cumprimento e aperfeiçoamento das leis que disciplinam a vida em sociedade. A criminalização e o descrédito da política, conforme assistimos atualmente, só agravam a situação. É preciso evitar que episódios como o do Guarujá se repitam. A vida é um bem indisponível. Logo, lutar pela sua preservação é dever de todos nós. Fazer coro àqueles que veem na violência a solução para os problemas atuais é renegar a condição humana e os avanços sociais. Façamos a nossa parte enquanto é tempo. A nossa atitude faz a diferença. Lucimar Lizandro Freitas é graduado em Administração de Empresas pela FAGV e Especialista em Gestão Pública pela UFOP
CULTURA
11
FIGUEIRA - Fim de semana de 9 a 11 de maio de 2014
José Peixe
Cultura
SMCEL divulga calendário de reuniões do Sistema Municipal de Cultura A Secretaria Municipal de Cultura, Esporte, Lazer e Juventude (SMCEL) divulgou o calendário de reuniões que terão a participação de diversos segmentos culturais e artísticos organizados de Valadares para a formação do Conselho Municipal de Políticas Culturais – que vão integrar o Sistema Municipal de Cultura, aprovado pela Câmara Municipal no final de 2011. A reuniões começaram no dia 7, quartafeira, e se encerram em 4 de junho. O Sistema Municipal faz parte do Sistema Nacional de Cultura (SNC) – um modelo de gestão criado pelo Ministério da Cultura (MinC) para estimular e integrar as políticas públicas culturais implantadas pelo governo, Estados e municípios. O sistema visa à descentralização e organização do desenvolvimento cultural do país para que todos os projetos tenham continuidade mesmo com a alternância de governos. Em Valadares, a lei que instituiu o Sistema Municipal de Cultura (lei n° 6.269/2011) foi aprovada em dezembro de 2011 e, no decorrer de 2012 e 2013, foram trabalhadas as regulamentações da referida lei e as adequações orçamentárias para a implementação do sistema de financiamento (Lei de Incentivo à Cultura e Fundo Municipal de Cultura). No período, foi formado o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural e instituído o Fundo Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural. Trata-se de um modelo de gestão que trará grandes avanços para a política cultural de Valadares, mas sua implantação é bastante complexa e exige a participação efetiva da sociedade civil organizada.
Exposição Gênesis de Sebastião Salgado
Uma exposição a não perder O mineiro Sebastião Salgado (natural de Aimorés)é consideradoum dos maiores fotojornalistas do mundo e da atualidade. A exposição intitulada “Gênesis”, que vai rodar por todo o Brasil, neste momento encontra-sena Usina do Gasômetro , em Porto Alegre (até ao próximo dia 18) e tem registado um número significativo de visitantes. Na realidade é exposição imperdível. “Gênesis é uma jornada em busca do planeta como existiu, desde sua formação e em sua evolução, antes que a vida moderna se acelerasse e nos afastasse do núcleo essencial. É uma busca das paisagens terrestres e aquáticas até hoje intocadas; uma viagem em direção aos animais e grupos humanos que conseguiram escapar das transformações impostas pelo mundo contemporâneo”, explica Lelia Salgado, a curadora da exposição. José Peixe (texto e fotos)
O calendário está disponível no site da Prefeitura (www.valadares.mg.gov.br) em http:// www.valadares.mg.gov.br/current/uploads/ arquivo/Microsoft_Word_CONVOCA_O.pdf
Fique ligado Para mais informações, faça contato com a Secretaria Municipal de Cultura, Esporte, Lazer e Juventude (SMCEL) no telefone 3271.1801
Uma juventude invisível
“
Manuel Muñoz
O dia 28 de abril deste ano, o jornal Estado de Minas colocava como destaque nas páginas centrais: “Cresce número de adolescentes que cometem crimes para ostentação”. E continuava: “A partir de apurações de dois assassinatos atribuídos a adolescentes em BH, polícia chega a constatação. Foco são roupas de grife, carros, motos e celulares de última geração”. Desde então, outros meios de comunicação do país tem veiculado notícias semelhantes: Diário Catarinense, o portal G1 da Globo... Parece que agora no Brasil estamos descobrindo um adolescente que não corresponde ao modelo que os livros de Psicologia e Medicina nos mostram. É um jovem que não é fruto de uma reflexão acadêmica, mas de um projeto de sociedade de participação democrática restrita e excludente. É um adolescente que quer participar da vida social e econômica do Brasil, mas não tem como. Sendo assim, somente lhe resta aparecer nos grandes templos do consumo, no shopping center, brincando e escandalizando com os “rolezinhos”. Muitos desses adolescentes, meninos e meninas, em sua maioria negros e pobres, são vistos como delinquentes, violentos e desqualificados profissionalmente. Não correspondem à adolescência “normal”, branca, masculina e de classe média. No Brasil, são gritantes as desigualdades que adolescentes da periferia vivenciam em relação aos de bairros mais abastados: educação, inserção no mundo laboral, violência... Inseridos em um contexto de pobreza e escassez de acesso aos direitos fundamentais e envolvidos nas angústias e interrogações próprias da idade, os adolescentes aparecem como protagonistas do drama da violência urbana. Não é por acaso que estes mesmos jovens moradores de periferia, negros
e com idade entre 15 e 29 anos, são as maiores vítimas e autores de homicídios no Brasil. Segundo o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) de 2010, dois adolescentes a cada grupo de mil jovens de 12 a 18 anos foram assassinados, em 2007, nos 266 municípios com mais de 100 mil habitantes. Se essa taxa de mortalidade juvenil (2,67) for mantida, 33 mil adolescentes serão mortos até 2013. A morte violenta é responsável por quase metade das mortes de adolescentes de 12 a 18 anos no Brasil (45,5% dos casos). O índice é quase o dobro das mortes por doença (26,5%) e mais do que o dobro das mortes por acidente (23,2%). O estudo feito em 11 regiões metropolitanas aponta que os homicídios afetam principalmente os rapazes (12 homens para cada mulher jovem assassinada), os negros (quase quatro pretos ou pardos para cada branco ou amarelo) e moradores da periferia. O principal meio de assassinato dos adolescentes é a arma de fogo. Estes dados são confirmados no relatório do UNICEF sobre a situação mundial da infância em 2011: entre 1998 e 2008, 81 mil adolescentes brasileiros, entre 15 e 19 anos de idade, foram assassinados. Ainda segundo o relatório, atualmente as oportunidades para a inserção social e produtiva dos adolescentes brasileiros ainda são insuficientes. Assim, é o grupo etário mais vulnerável perante o desemprego e o subemprego, a violência, a degradação ambiental e a redução dos níveis de qualidade de vida. O relatório nos adverte ainda que as oportunidades são menores quando, além da idade, consideramos outras varáveis iníquas como renda, condição pessoal, local de moradia, gênero, raça ou etnia. Esses adolescentes obrigados a serem arrimos de família tornam-se adultos precocemente. A disfuncionalidade de
Parece que agora no Brasil estamos descobrindo um adolescente que não corresponde ao modelo que os livros de Psicologia e Medicina nos mostram. É um jovem que não é fruto de uma reflexão acadêmica, mas de um projeto de sociedade de participação democrática restrita e excludente. É um adolescente que quer participar da vida social e econômica do Brasil, mas não tem como.
muitos lares e a ausência de figura paterna nas famílias os coloca nas ruas sem nenhuma orientação e segurança, vivenciando uma constante instabilidade e violência. Podemos, igualmente, supor uma considerável desorientação em relação a qualquer valor ético e limite. Para o adolescente que vive no ambiente violento do tráfico de drogas, presente no dia a dia do bairro em que mora, a socialização não acontece na família ou na escola, mas na rua junto ao seu grupo de referência, que constrói suas próprias regras de convivência, códigos de grupo, gírias ou modos de vestir. Quando a agressão e a rejeição são integrantes naturais do cotidiano do adolescente não é estranho que a reação seja também violenta, gerando um círculo vicioso. Nesse contexto de anomia, é a lei do mais forte
que domina, e a violência se torna um fator predominante na convivência social. O uso da violência não somente pode trazer benefícios econômicos, mas também simbólicos, afetivos e psicológicos, enquanto o adolescente é valorizado, reconhecido e acolhido no grupo. Ao provocar no outro um sentimento de medo ou revolta, o menino reconquista presença, visibilidade e existência social. Com uma arma na mão, consegue deixar de ser invisível e restaura as condições mínimas para a edificação da autoestima, do reconhecimento e da construção de uma identidade. Ao analisar diferentes pesquisas realizadas com crianças e adolescentes de rua em diferentes países latino-americanos, podemos observar algumas características comuns: uso indiscriminado e banalizado da violência, pouca valorização da vida, imediatismo extremo, consumismo excessivo e desenfreado. Alguns autores falam de “cultura de emergência” porque, para esse jovens, não há nem futuro nem raízes, somente o presente, o instante vivido intensamente, sem qualquer outra referência senão o hiperconsumo. Numa sociedade de extrema desigualdade econômica, esses adolescentes são chamados a consumir produtos que não têm condições de adquirir senão através de comportamentos considerados antissociais e violentos. Numa época onde a subjetividade se afirma pela posse dos objetos de consumo, pelo poder e pelo prestígio ostentado, os adolescentes agridem para se afirmar e se defender; entram na criminalidade para estar em consonância com um ideal, que a própria sociedade de consumo lhes oferece. Nesse ambiente, a tolerância à frustração é mínima e a tendência a desenvolver comportamentos agressivos é máxima. A conclusão da adolescência, a emancipação, para estes jovens, é dificul-
tada por duas características presentes na realidade brasileira contemporânea que afetam diretamente as classes populares: a crise no trabalho e a presença da morte na forma da violência urbana. Daí, a dificuldade para projetar o futuro a partir de uma realidade que mostra estes adolescentes dominados pelo sentimento de vulnerabilidade, sendo os seus principais medos: bala perdida, polícia, domínio do tráfico, ser preso, violentada, espancada, enterrada viva, sofrer violência e sofrer injustiça. O medo fala mais alto: o medo de sobrar, entendido desde a dificuldade para encontrar formas de subsistência no trabalho formal, e o medo de morrer. Estes dois medos mobilizam mecanismos de defesa específicos: estratégias de sobrevivência alternativas (e ilegais) e padrões de comportamento agressivos e violentos, respectivamente. A resposta da sociedade é mais violência: redução na maioridade penal, pena de morte, linchamentos... Os culpados são eles... E eles somente são filhos de uma sociedade de consumo que deixa de fora todos aqueles que não têm recursos para satisfazer as necessidades que a propaganda dessa sociedade cria. Quem não tem dinheiro e consome é invisível! Está na hora de assumir nossa responsabilidade e exigir dos poderes públicos uma resposta adequada, por meio de políticas sociais e educacionais arrojadas para essa juventude. E também está na hora de olhar para nossa casa e, talvez, dar mais atenção, visibilidade, para nosso filho que está aprontando em casa e na escola gritando por socorro. Mas isso vai ser matéria de outro artigo. Manuel Alfonso Muñoz, Manolo, é psicólogo, doutor em Teologia, professor universitário.
ESPORTES
12
FIGUEIRA - Fim de semana de 9 a 11 de maio 2014
Figueira na Copa
Canto do Galo Pedro Zacarias Rafael Ribeiro / Site CBF
O técnico Luis Felipe Scolari divulgou a lista dos 23 convocados para a Copa do Mundo na quarta-feira, acompanhado de todo o staff da CBF
Valadarenses aprovam a convocação de Felipão, mas fazem suas ressalvas Gabriel Sobrinho/Repórter Logo de início, uma gafe. A antes da divulgação dos 23 convocados pelo técnico Felipão, o presidente da CBF, José Maria Marin, anunciou o chefe da delegação brasileira na Copa do Mundo. Será Vilson Ribeiro de Andrade, atual presidente do Coritiba, que com uma pitada de descuido do mandatário da CBF, foi chamado de “Vilson Rubens de Andrade”. Para a bola rolar no dia 12 de Junho na Arena Corinthians, às 17h, diante da Croácia, o Brasil já tem seus 23 representantes. O técnico Luiz Felipe Scolari divulgou a lista de convocados para a Copa do Mundo 2014 com uma grande surpresa, o zagueiro Henrique, do Nápoli, que ganhou a disputa com Miranda, Dedé, Marquinhos e Réver por uma vaga na defesa. Nove jogadores haviam sido confirmados anteriormente pelo treinador: Júlio César, Thiago Silva, David Luiz, Ramires, Oscar, Willian, Paulinho, Neymar e Fred. Na próxima terça-feira, Felipão vai convocar mais sete jogadores, que ficarão de sobreaviso caso algum dos escolhidos inicialmente seja cortado. O anúncio será feito através do site oficial da CBF. Ressalvas Nas ruas, para muitos torcedores e torcedoras, não houve tanta surpresa como havia anunciado Felipão. Mas todos fizeram ressalvas. “Era uma lista esperada, com exceção do zagueiro Henrique. Eu esperava o Miranda que está em melhor fase. Os goleiros, eu também esperava esses nomes, apesar da dúvida entre Victor e Diego Cavalieri. Mas acho que Felipão fez a melhor escolha convocando o Victor. Não sei por que ele insiste com o Júlio Cesár, um
“
goleiro que já deu o que tinha que dar. Também acho que Jefferson não está em boa fase no Botafogo. Fora isso, acredito que com essa Seleção somos fortíssimos candidatos ao título”, disse o vendedir Allan Pimenta. “O que me preocupa é a pouca sequência de jogos do Júlio César, ainda mais agora, que ele está jogando em uma liga muito fraca tecnicamente, a Major League Soccer, no Estados Unidos. Mas ele é homem de confiança do Felipão. O treinador sabe o que está fazendo”, disse o jornalista Lucas Mafra. A psicóloga Lívia Campos queria Romarinho, do Corinthians. “Senti falta de algum jogador do Corinthians, Romarinho, talvez. Mas está bom assim. A zaga está perfeita, do meio pra frente nem se fala. Penso que na fase atual, o Fábio merecia estar entreos goleiros, mesmo com a boa fase do Victor no Galo. Mas entendo a linha que o Felipão quer manter, a ideia dele é priorizar quem ele já convocou. “Não concordo com o nome do Henrique. Sei que ele é titular no Nápoli, mas o Miranda merecia muito mais, mesmo não tendo sido convocado nenhuma fez pelo Felipão. Acredito que a escolha do Henrique se deu pelo fato dele ter trabalhado com o treinador nos tempos de Palmeiras. O Maxwell merecia, tem um currículo de dar inveja”, disse Jozafá Coelho, cirurgião dentista. O jornalista Fábio Monteiro não gostou de ver o nome de Hulk na lista dos convocados. “Não me agrada muito o Hulk. Não vejo nada além de força física nele. No Brasil a gente tem uma mania de valorizar aquele que vai pro exterior. No mais, gostei e acho que estamos bem representados. Se segurarmos o clima de ‘oba oba’, se Fred e Neymar forem os grandes jogadores que a gente conhece, temos grandes chances de ganhar essa Copa”.
Que nós tenhamos um norte. Seguimos em direção ao que mais desejamos, que é conquistar o Mundial. Independentemente das escolhas que cada um pode ter, que os 23 possam ser muito bem recebidos. Tenho certeza que eles vão fazer o melhor possível para conseguir seus objetivos. Luis Felipe Scolari - Técnico da Seleção Rafael Ribeiro / Site CBF
Imensa Nação Atleticana. Aos amigos aviso... Sobrevivi ao meu primeiro “deadline” e já estou querendo descobrir qual foi o filho de uma boa mãe que inventou esse treco. Procurei explicações diretamente na fonte e descobri que o “deadline” tem origem nas guerras e nada mais é do que uma linha imaginária ao redor das prisões que, uma vez ultrapassada, deixaria os incautos detentos susceptíveis aos tiros dos sentinelas. No jargão “jornaliquês” é aquele derradeiro momento que o colunista tem para concluir sua peça e encaminhá-la para as prensas. Acontece que no futebol quase nada acontece às terças-feiras, último momento que tenho para falar do meu Galo e me vi em maus lençóis ao ter que concluir meus escritos da semana passada naquele dia. Pedi arrego e consegui dilatar meu “deadline” para as noites de quartas e cá estou secando o time das marias com meu secador “Ultra Power Tourmaline Ion Cerâmica 2000w – Taiff”. (Muito bom por sinal já que o San Lorenzo vai goleando o Cruzcredo, ainda que pelo placar mínimo). Por falar em Libertadores, o Glorioso saiu prematuramente da Copa vencido pela própria incapacidade de motivar-se. A teoria econômica explicaria o fato pela ótica do inglês David Ricardo com sua “Lei dos Rendimentos Decrescentes” sinalizando aquele momento em que, atingido o ápice, não há mais motivação para o aumento da produção. E num time que não tem grandes objetivos e que andou acéfalo sob o “comando” do Autuori não era de se esperar outro desiderato. Agora é sacudir a poeira, dar a volta por cima e voltar a contagiar a massa com bom futebol já que o “importante é o principal”, como diria meu querido amigo Ronaldo Loyola. Mas o tempo é mesmo o senhor da razão e “Levir Cumpre” vai conseguir impor seu comando recolocando o time do Galo nos eixos e fazendo-o brilhar tanto quanto brilhou aquele timaço do
Pedro Zacarias de Magalhães Ferreira é Galo Doido e carpinteiro nas horas de folga.
Toca da Raposa Dona Assunta Ah, não, Luis Felipe! Ah, não! Como é que você me faz uma dessas? Deixar o Fábio de fora? O Júlio César, se for jogar em Três Corações, pega banco no Tricordiano e fica livre de levar gol do Rodrigão. Você tá de brincadeira, Luis Felipe! Em 1970, o Zagalo fez algo parecido. Levou o Félix, o Leão e um tal de Ado. O Raul ficou. Como também ficaram o Pedro Paulo, o Vítor, o Procópio, o Neco, o Dirceu Lopes (pode um trem desses?), o Natal, o Evaldo, o Hílton Oliveira... Ah, não! Só levou o Piazza e o Tostão. Mas sabe o que eu vou te dizer? Vou te dizer em inglês. Me desculpe, Paul McCartney, mas eu vou roubar uma frase sua pra desabafar: Let it be, Luis Felipe! Let it be! Deixa estar. São João tá vindo aí e a sua batata tá assando. E o pior nem é isso. O pior é ter de aturar essa mulambada que não ganha nada, ficar comemorando a convocação de dois jogadores “esquenta-banco”, Victor e Jô. E na comemoração, aumentaram mais um, por conta deles: Bernard. Só que esse nem deles é. É, provisoriamente da Ucrânia. Provisoriamente, porque os russos estão chegando pela Crimeia...rs... aiaiai... A coisa vai ficar russa pro Bernard e pra essa mulambada, sem serviço, povo à toa, que fica soltando foguete, torcendo pro time do Papa. Aiaiai... Mas quem está feliz com os atleticanos é o meu cunhado Luduvino Ludugero, vendedor nas Casas Bahia. O salário dele triplicou em abril. Em maio vai aumentar 10 vezes. Nunca vendeu tanto secador. Tá vendendo secador igual água. Pode comprar, mulambada. Nós vamos arrasar esse tal de San Lorenzo. No Mineirão a coisa é diferente. O pau vai comer. Haja secador! No Brasileirão estamos muito bem, obrigado. A gente só vê galo pelo retrovisor...aiaiai...adoro! Coitadinho do
Felipão disse que escolheu os jogadores que estão motivados. “Escolhi aqueles que têm ambição, disposição, e gostam de jogar futebol”
ano passado. E já chegou mandando recado... Não joga no Galo quem não tem raça e comprometimento com a massa atleticana. Vai aos poucos remontando o time e seguramente vai aproveitar no primeiro quadro as revelações do Galinho Carijó, Campeão da Copa do Brasil Sub 17. Da memorável campanha dos meninos vale realçar que o Galinho desbancou todos os adversários com vitórias convincentes, um futebol alegre e cheio de raça mostrando que é prodigiosa a nova safra do galinheiro, local onde nascem e são criados os futuros campeões. De lá saíram Reinaldo, Toninho Cerezo, Paulo Isidoro e tantos outros ídolos da massa Atleticana capitaneados pelo mestre Barbatana. Tabata, eleito o craque do campeonato, Flávio e Nathan têm lugar em qualquer time profissional brasileiro e já merecem uma chance na equipe titular e na seleção brasileira da categoria. Por falar em seleção brasileira, Felipão divulgou a lista dos jogadores que defenderão o país na Copa das Copas chamando para lá o centroavante Jô e o melhor goleiro do mundo, São Victor, que será canonizado cinco dias depois de falecer num processo mais rápido do que aquele que elevou à condição de santo o Papa Karol Wojtyla. O goleiro Fábio e o zagueiro Dedé também estão na copa. Um assistindo televisão perto da prateleira de cristal e o outro depilando as sobrancelhas no espelho da parede. Mais uma vez fica comprovada a tese de que os bons jogam no Galo e que vestir o manto sagrado diminui a distância para se chegar ao selecionado nacional. Sinto muito mariada, mas é assim. Não tem como mudar a realidade. Sei que a verdade dói, mas alguém tem de dizer isso pra vocês. Por obra do destino, “esse cara sou eu”...
galinho, tá na zona. Lá embaixo. Vai cair de novo. Contratou um especialista em Série B, o Levice Culpi, digo, Le-vice Culpi. O Levice apronta e quem assume a culpi, digo, a culpa, é o Kalil. Tadinho. Quase chorou. Eu não aguentei quando ouvi o mea-culpa dele. Chorei junto. Na hora que ele quase chorou eu estava cortando cebola pra acebolar um bifão de alcatra...rs... aí eu chorei. Depois comi o bife. Mudando de assunta, digo, assunto, eu, Assunta, tô aqui neste minifúndio de página apenas tapando buraco. Mas isso aqui é igual terra improdutiva. A gente ocupa, finca a bandeira, começa a produzir, e não sai nem com mandado judicial. Cadê os cruzeirenses que iam escrever aqui? Será que é só a minha pessoa que vai honrar as cinco estrelas? Ah, tem dó, né? E pra encerrar, quero deixar aqui a minha gargalhada de desprezo pra infeliz da minha vizinha da direita, aqui na Rua Florença, no Grã-Duquesa. Ela fez questão de passar bem cedo, na quinta-feira, bem debaixo da minha janela, e gritar: __Galourenço! Mulher insuportável, vive de passado, fala da cabeçada do Dario em 1971 até hoje. Ô, “zé povinho”, viu? Até quarta-feira, mulambada! Até sexta-feira também, aqui neste jornal com nome de árvore, madeira de dar em doido. Vamos sacudir a figueira desse tal de “Galourenço”...rs E sequem bastante, façam novena, rezem pro Papa. Não vai adiantar! Só vai dar cruzeirão no Mineirão. Vamos atropelar esses argentinos e esses atleticanos chatos. Ô povo, chato! Ô!
Dona Assunta é aposentada. Como só tem o curso de Madureza Ginasial (incompleto), pediu ajuda ao sobrinho, Lucréscio Pinto, para escrever sobre seu time, o Cruzeiro, claro.