Figueira xxi

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Fim de semana com sol entre nuvens. Pode chover no domingo. www.climatempo.com.br

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25o 14o

MÁXIMA

Não Conhecemos Assuntos Proibidos

MÍNIMA

ANO 1 NÚMERO 21

FIM DE SEMANA DE 15 A 17 DE AGOSTO DE 2014

FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS

EXEMPLAR: R$ 1,00

Atropelamentos dominam ocorrências no HM Fábio Moura

O Hospital Municipal recebe uma média de vinte pessoas ao mês para internação e atendimento em função de atropelamentos na cidade de Governador Valadares. O principal ator social da mobilidade urbana é vítima da sua imprudência e também da de motoristas, motociclistas e ciclistas. Atravessam fora dos locais delimitados por uma faixa ou, ainda, têm de se arriscar no meio das ruas em função do impedimento ou das más condições das calçadas. Se por um lado as faixas começam a permear uma extensão maior da cidade pouco a pouco, as calçadas não vão lá tão bem assim. Páginas 6 e 7

Tim Filho

Os pedestres também causam sérios problemas para o trânsito

NESTA EDIÇÃO Rafael Ribeiro / CBF

Felipão está de volta ao futebol depois dos 7 x 1

Questões do futebol Jorge Murtinho analisa o retorno do técnico Luiz Felipe Scolari ao Grêmio, os erros e acertos do técnico em sua coluna “Questões do Futebol”. Para Murtinho, “Felipão vem dedicando todos os esforços para tornar seu bem-sucedido passado menos importante do que esse presente repleto de fiascos”. Leia a coluna que tem título sugestivo: O passado rondando o futebol brasileiro feito alma penada. Página 12

Divulgação

Rio Doce recebe mais de 800 litros de esgoto por segundo E todo este volume é despejado nas águas do rio sem qualquer tratamento. Isso, só em Governador Valadares, um dos mais de 220 municípios situados ao longo de toda a Bacia. De acordo com o Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Doce, apenas dez destas cidades contam com algum tipo de tratamento. Página 4

SACUDINDO A FIGUEIRA

Marina à direita, à esquerda e à deriva. Página 3

Álbum de Família

Previncêndio inicia campanha para evitar as queimadas “Não jogue pontas de cigarro pela janela do carro e evite lançar qualquer tipo de lixo nas margens de estradas e rodovias”. O informativo faz parte da campanha estadual do Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, o Previncêndio, que é um trabalho realizado em parceria entre o Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e o Instituto Estadual Florestal (IEF). Página 4 PERDA - Assim que as primeiras informações sobre a morte do presidenciável Eduardo Campos e todos que estavam abordo do voo começou a ser divulgada, a família do valadarense Geraldo Magela Barbosa da Cunha, que era piloto e atuava como copiloto no voo, recebeu a noticia da tragédia. Geraldo Magela era valadarense e completaria 45 anos no dia 15 de setembro. Casado, ele deixou um filho de quatro anos e a esposa, que mora nos USA e está grávida de uma menina. Ela já tinha programado a vinda para o Brasil na próxima segunda para encontrar o marido e familiares. Geraldo mudou para os Estados Unidos no fim dos anos 80 e início de 90 e trabalhou e estudou para realizar o sonho de ser piloto de avião. A família não tem notícias sobre o corpo de Geraldo Magela, que deverá ser liberado somente após a perícia da Polícia Federal realizar a identificação por meio de exames de DNA, conforme divulgado pela imprensa nacional.

Editorial O editorial deste Figueira brinda os leitores com a a “Oração de Nossa Senhora do Perpétuo Espanto”, que segundo o jornalista Geneton MoraEs Neto poderia ser a “padroeira” dos jornalistas. Para Geneton, a oração deveria ser entronizada nas redações como guia e padroeira dos jornalistas – que, todo dia, antes de sair de casa, deveriam fazer um juramento íntimo: jamais deixar de se espantar diante do Grande Espetáculo da Vida.

Bombeiros em ação no Pico da Ibituruna em 2013. Campanha quer evitar cenas como esta

E MAIS... Arquivo Pessoal

Parlatório É moralmente defensável adquirir e usar produtos pirateados?

Página 2

BRAVA GENTE

Conheça Manoel Pereira da Silva, o menino que virou maestro da Banda Lira 30 de Janeiro

A seção “Parlatório” lança o debate e quem responde que “sim” é a jornalista Rayany Freitas, enquanto o auxiliar administrativo Eduardo Carlos argumenta que não”.

Página 9

Manoel, o maestro de uma banda que tem história

Página 2

ENTREVISTA

Edvaldo Soares (PMDB), candidato a deputado estadual, e Pedro Zacarias (PT), a federal, são os entrevistados nesta edição. Páginas 5 e 9


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OPINIÃO

Editorial

FIGUEIRA - Fim de semana de 15 a 17 de agosto de 2014

Tim Filho

Oração a Nossa Senhora do Perpétuo Espanto, a “padroeira” dos jornalistas:

Vai começar o horário eleitoral

“Nossa Senhora do Perpétuo Espanto, rogai por nós. Que eu possa manter os sentidos atentos para perceber o novo e a memória viva para preservar o passado. Senhora do Perpétuo Espanto, aconselha-nos. Que me espante aquilo que é espantoso, que eu ignore o que é banal e valorize o que que tem valor. Senhora do Perpétuo Espanto, iluminai-nos. Que meu coração sofra com o sofrimento do meu irmão, alegre-se com sua alegria e inquiete-se com sua indiferença.

Mas a política brasileira está de luto

Senhora do Perpétuo Espanto, nos dê forças. Que eu encontre a palavra certa para dividir minhas dores medos e alegrias, pois a arte requer comunhão. Senhora do Perpétuo Espanto, guiai-nos; Que eu saiba mais ver do que aparecer, mais ouvir do que falar. Senhora do Perpétuo Espanto, rogai por nós. Que eu tenha a ira para não aceitar o inaceitável, a tolerância para perdoar o que merece perdão e a sabedoria para distingui-los.

Parlatório É moralmente defensável adquirir e usar produtos pirateados?

Senhora do Perpétuo Espanto, rogai por nós. Que eu creia sempre no valor da verdade e esteja atento ao perigo das certezas. Senhora do Perpétuo Espanto, rogai por nós. Que, onde houver certezas, eu leve a dúvida. Senhora do Perpétuo Espanto, protegei-nos” ... Nossa Senhora do Perpétuo Espanto deveria ser entronizada nas redações como guia e padroeira dos jornalistas – que, todo dia, antes de sair de casa, deveriam fazer um juramento íntimo: jamais deixar de se espantar diante do Grande Espetáculo da Vida. Porque este Espetáculo – que acontece, neste exato momento, nas ruas, nas favelas, nas florestas, nos parlamentos, nos palcos, nos desertos, nos sertões, nos estádios – pode ser, sim, espantoso, surpreendente e arrebatador. Movidos por este credo, os jornalistas poderão oferecer aos leitores, ouvintes, telespectadores e internautas um jornalismo igualmente espantoso, surpreendente e arrebatador – e não um jornalismo burocrático, chato, vaidoso, cinzento, sonolento, pretensioso e sem graça. ***** A história da Oração à Nossa Senhora do Espanto Num depoimento que gravei para o documentário que o cineasta Jorge Furtado estava fazendo sobre jornalismo (“O Mercado de Notícias”, a ser lançado nas próximas semanas), lembrei que um escritor americano chamado Kurt Vonnegut uma vez citou, num livro, uma santa que jamais existiu: Nossa Senhora do Perpétuo Espanto. Propus, no depoimento, que ela fosse eleita padroeira dos jornalistas, pelo que o nome evoca: espanto, espanto, espanto. É o que os jornalistas jamais deveriam perder. Mas, lastimavelmente, perdem – com espantosíssima frequência. Jorge Furtado simpatizou com a Nossa Senhora do Perpétuo Espanto. Num momento de grande inspiração, escreveu a Oração. Não satisfeito, mandou imprimir “santinhos” com o texto – que será distribuído aos espectadores do documentário. Pedi que Jorge lesse o texto da Oração para a plateia que assistiu, esta semana, a uma sessão especial do filme, no Midrash Centro Cultural, no Leblon. (estavam no auditório lotado Caetano Veloso e o jornalista Jânio de Freitas). Nossa Senhora do Perpétuo Espanto foi entusiasticamente aplaudida. Bom sinal. Que tenha, então, vida longa. Tomara que Nossa Senhora do Perpétuo Espanto inspire jornalistas – novatos ou dinossauros – a “mais ver do que aparecer”, a “mais ouvir do que falar”, a “não aceitar o inaceitável”, a “sofrer com o sofrimento” do próximo, a “inquietar-se com a indiferença”, a “ignorar o que é banal”, a “manter os sentidos atentos para perceber o novo” e a “memória viva para preservar o passado”. Se conseguir espalhar inspiração, ela merecerá que as chamas de mil velas ardam em louvor a ela nas redações do Brasil. Geneton Moraes Neto, jornalista. (www.geneton.com.br)

Expediente Jornal Figueira, editado por Editora Figueira. CNPJ 20.228.693/0001-81 Av. Minas Gerais, 700/601 Centro CEP 35.010-151 Governador Valadares - MG - Telefone (33) 3022.1813 - E-mail redacao.figueira@gmail.com São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica. Diretor de Redação Alpiniano Silva Filho Conselho Administrativo Alpiniano Silva Filho MG 09324 JP Jaider Batista da Silva MTb ES 482 Ombudsman José Carlos Aragão Reg. 00005IL-ES Diretor de Assuntos Jurídicos Schinyder Exupéry Cardozo Responsável pelo Portal da Internet Enio Paulo Silva http://www.figueira.jor.br

Conselho Editorial Aroldo de Paula Andrade Enio Paulo Silva Jaider Batista da Silva João Bosco Pereira Alves Lúcia Alves Fraga Regina Cele Castro Alves Sander Justino Neves Sueli Siqueira Artigos assinados não refletem a opinião do jornal

A pirataria é questão de necessidade SIM

Rayany Freitas

Sim, sou obrigada a concordar que a pirataria, embora não sendo legal, é uma saída que as pessoas encontram para terem acesso a bens de consumo, ao lazer e, sobretudo, para ficarem antenadas com o mundo digital. Se uma pessoa condena a pirataria de um CD com músicas de seu cantor ou compositor favorito, e diz que abomina a pirataria, pode não significar que ela tenha uma conduta ética. Grande parte das pessoas aceita que um técnico instale em seu computador softwares piratas, e todos nós sabemos que os softwares originais são caros. Neste caso, abominar algo que custa R$ 20,00 é fácil. Difícil é pagar R$ 2 mil por um software original. Tudo isso acontece porque moramos em um país pobre, que paga salários baixos, incompatíveis com as necessidades reais do trabalhador. Compra-se um computador em 10 pagamentos em qualquer loja de departamento, mas na hora de instalar os softwares originais, que fariam a máquina custar o dobro, a saída é aceitar o famoso CD Pirata, com os softwares necessários. Mas, a pirataria não é um privilégio do Brasil. É algo presente em vários outros países desenvolvidos. É claro que nos países ricos, como os Estados Unidos, por exemplo, a aquisição de um software original é bem mais fácil. A pirataria ocorre em menor grau. Dias desses, li que a pirataria, no Brasil, é um problema “cultural” e acontece desde os tempos do Império. Na leitura que fiz de uma reportagem publicada por um jornal paulista, o repórter falava sobre o livro “O Jardim de D. João”, de Rosa Nepomuceno. Esta autora revela que a família real cooptava pesquisadores para trazer informações e sementes de especiarias, frutas, resinas, madeira ou plantas medicinais, da Europa e de países vizinhos. Pirataria, então, é coisa antiga. Hoje, as pessoas recorrem a produtos pirateados porque a carga tributária sobre os produtos brasileiros é muito alta e o custo final torna-se mais alto ainda. Voltando à questão cultural, acredita-se que se os preços dos produtos brasileiros fossem baixados, mesmo assim, não diminuiria a prática da pirataria. Os brasileiros, em sua maioria, segundo alguns autores e pensadores, não se sentem mal nem acham estar praticando crime quando compram produtos não legalizados. Para o governo, é claro, isto é visto como crime. Para muitos, é necessidade. Rayany Freitas é jornalista free-lance

É legítimo usar produtos piratas? NÃO

Eduardo Carlos Pereira Santos

Legítimo é algo que é legal, moral e não fere o direito de outrem. Produto é algo que alguém produziu e tem os direitos de comercializar ou usufruir. Piratas são assim chamados, pois são furtados os direitos de quem os produziu. A pergunta é: é legal usar produtos furtados? É moral eu usufruir algo que não produzi, sem pagar pelo uso? Estou causando prejuízo a alguém? Para mim, fica bem claro que é questão de valores, sejam eles culturais, morais ou religiosos. Gostamos tanto de chamar os políticos de corruptos e o governo de desonesto enquanto estamos perdendo nossos valores nas pequenas coisas. Furamos fila de banco, não devolvemos troco dado a mais, colamos na escola, dizemos pequenas mentirinhas de brincadeira e também usamos produtos piratas sem o menor constrangimento. São os valores deturpados recebidos de famílias desestruturadas, sociedades imorais que produzem cada vez mais indivíduos que praticam a ilegalidade. Mas, os valores não mudam e não têm meio termo. Quem rouba uma agulha, assalta um banco. Uma avalanche começa com uma pequena pedra. Não existe meio honesto, meio certo ou meio errado. Infelizmente, estamos vindo de uma geração que gosta de tudo que é “ilegal, imoral e engorda”, como diz o cantor Roberto Carlos. O proibido é mais gostoso e está na moda. Quando utilizamos produtos piratas sejam cds, programas de computador, codificadores desbloqueados de TV fechada, e uma lista de coisas falsificadas que existem por aí estamos pirateando os nossos próprios valores, fazendo dos nossos filhos novos piratinhas e, principalmente, falsificando o futuro deles. Ser honesto, ser íntegro, ser do bem não são qualidades adquiridas com o decorrer do tempo, mas fazem parte da essência do ser humano. Temos o senso de justiça que se manifesta através da ira quando somos injustiçados. Mas, temos também uma grande facilidade em ferirmos os direitos do nosso próximo sem ao menos importarmos. Tanto quem pratica a pirataria como quem adquire os produtos piratas tenta justificar seus atos alegando diversos motivos como custo, falta de emprego, etc, etc, como se os fins justificassem os meios. Só que não podemos cobrir uma injustiça praticando outra. Sem dizer que quase sempre existe uma mente desonesta e criminosa por trás da pirataria. Pense nisso, você pode estar não só contribuindo para o crime, como está deixando de exercer a própria cidadania. Vamos fazer uma sociedade mais justa e honesta começando por nós. Diga não aos produtos piratas e viva feliz com sua consciência e com Deus. Eduardo Carlos Pereira Santos é auxiliar administrativo


CIDADANIA & POLÍTICA

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FIGUEIRA - Fim de semana de 15 a 17 de agosto de 2014

Da Redação

Sacudindo a Figueira A figueira precipita na flor o próprio fruto

Rainer Maria Rilke / Elegias de Duino

Divulgação PSB

De onde menos se espera, daí é que não sai nada. Apparício Torelly Barão de Itararé

Contas no TSE Até o momento, o candidato a deputado federal Leonardo Monteiro – PT, já informou despesa de R$ 160 mil. Dos registros, em início de campanha, é o maior gasto entre todas as campanhas proporcionais da cidade, provavelmente pelo território mais amplo de atuação.

CURTAS

Franciscano O outro petista candidato a federal, Pedro Zacarias, informa gasto já realizado de R$ 5 mil.

Austeros Entre os candidatos a deputado estadual, José Bonifácio Mourão, do PSDB, informa despesa de R$ 35 mil em sua campanha para continuar na Assembleia. Geovanne Honório, do PT, já investiu R$ 42 mil para chegar lá.

Crise das universidades evangélicas Não se ouve mais falar em crise das universidades católicas. Fizeram o dever de casa, os ajustes e a modernização. Já no meio evangélico histórico, as bruxas andam soltas. Depois da Ulbra, luterana, ter de entregar todos os seus hospitais em troca de dívida fiscal, a Igreja Metodista decidiu na semana passada, segundo o jornal Valor Econômico, colocar à venda seis de suas faculdades e universidades. Já os presbiterianos fizeram de conta que a crise não os atinge. Não aceitaram discutir a dívida fiscal de quase R$ 1 bilhão da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de SP. No melhor estilo de discussão do sexo dos anjos, o Supremo Concílio, que juntou mil homens de liderança da igreja brasileira em Natal, RN, no mês de julho, suprimiu um símbolo usado pela Igreja, uma pomba representando o Espírito Santo, por considerar que feria um preceito doutrinário de não ter imagens. Esqueceramse da sarça ardente, usada na marca da IPB. Tudo para não tocar na crise fiscal da Mackenzie.

Juízes e UFJF Não tem sido pouca a pressão de juízes de Valadares para forçar a UFJF a oferecer editais de tempo parcial para que eles possam se empregar como professores no Campus local. O problema é que o curso em implantação precisa cumprir preceitos do MEC que exigem professores de dedicação exclusiva.

Marina à esquerda

Xô, mau agouro II A Petrobrás voltou ao lugar de empresa de maior valor na América Latina. A produção de petróleo bate recorde pelo segundo mês consecutivo, alcançando 2,23 milhões de barris/ dia, sendo 520 mil do pré-sal. A quantidade de petróleo refinado no Brasil também ultrapassou 2,1 milhões de barris/dia, número recorde.

Naquele mês foi divulgada a última pesquisa em que Marina constava como candidata à presidência: Dilma 39%, Marina 27%, Aécio 16%. A partir daquela data, as pesquisas substituíram Marina por Eduardo Campos, e mostraram que ela não transferia os seus votos potenciais para o candidato. Mostraram também Aécio deixando Eduardo para trás. Com o eventual retorno de Marina, algo parecido com os números daquele abril pode ocorrer? Caracterizaria segundo turno.

Cláudio

Nas redes sociais são fartas as manifestações para que o PSB indique Marina Silva como substituta de Eduardo Campos para a presidência, com a deputada federal Erundina como vice. Ética linha dura.

Depois do aeroporto na fazenda do tio do presidenciável Aécio Neves, de denúncias de trabalho escravo na mesma fazenda, da descoberta de um laboratório de refino de cocaína na cidade, nesta semana os arquivos públicos e computadores do município de Cláudio sofreram um incêndio. Para uma cidade que nem era percebida, de repente, ficou no olho do furacão.

Marina à direita

Aeroporto

Na Tv os comentaristas não esperaram o velório. Não são poucos a sugerirem Marina Silva com Roberto Freire, do PPS, de vice. Conhecido por seu ódio visceral ao PT, o pernambucano, ex-comunista, é o preferido dos grandes meios de comunicação.

Antes da Copa, o assunto aeroporto era o preferido dos tucanos. Agora, é o assunto a ser evitado a todo custo.

Marina à deriva O maior risco após o luto por Eduardo Campos será o PSB, sem a sua liderança mais expressiva e com muitas diferenças com Marina e o pessoal da Rede, algumas dessas diferenças aparentemente intransponíveis, dividir-se em facções no estilo “cada um por si”.

Xô, mau agouro! E a inflação cai pelo quarto mês em sequência. Cadê a turma que apontava descontrole da inflação e mostrava carrinhos de supermercados com produtos com preços inflacionados? E o tomate a dez reais o quilo? A inflação média do governo Dilma já é a menor desde o Plano Real.

Datafolha de abril de 2013

ASSINE ESTE FIGUEIRA 3022.1813

Universitários e analfabetos O Tribunal Superior Eleitoral mostra que, pela primeira vez na história da República, o número de eleitores com formação superior (curso universitário completo) é maior que o de eleitores analfabetos (5,2%). Os dois extremos do eleitorado mostram um momento de mudança de perfil da população e da sociedade.


METROPOLITANO 4

FIGUEIRA - Fim de semana de 15 a 17 de agosto de 2014

MEIO AMBIENTE

Previncêndio faz alerta para agosto Não jogar pontas de cigarro pela janela do carro e evitar lançar qualquer tipo de lixo nas margens de estradas e rodovias, são duas orientações básicas que estão sendo passadas ao público durante a campanha estadual do Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, o Previncêndio. O trabalho é desenvolvido de forma conjunta, numa parceria entre o Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e o Instituto Estadual Florestal (IEF). Divulgação

Gabriel Sobrinho / Repórter Em mais um dia normal de programação nas ondas do rádio, em uma das emissoras locais, o locutor divulga um alerta: “Não jogue pontas de cigarro pela janela do carro e evite lançar qualquer tipo de lixo nas margens de estradas e rodovias”. O informativo faz parte da campanha estadual do Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, o Previncêndio, que é um trabalho realizado em parceria entre o Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e o Instituto Estadual Florestal (IEF). No dia 16 de julho, os bombeiros do 6º Batalhão de Bombeiro Militar, Instituto Estadual de Florestas e militares da 8ª Companhia de Meio Ambiente e Trânsito se reuniram com o objetivo de sensibilizar a todos da importância da aplicação de medidas para a redução dos índices de incêndios florestais na região e melhoria da qualidade de vida da população. A Unidade de Conservação do Pico da Ibituruna é uma das áreas principais no programa. O encontro foi importante em razão do período climático considerado propício a ocorrências de incêndios florestais na região, que acontecem geralmente entre os meses de julho e novembro. Em Valadares, as preocupações dos órgãos públicos e principalmente do Corpo de Bombeiros incluem as queimadas produzidas ao derredor do Pico da Ibituruna, que tem vegetação de mata atlântica e uma grande diversidade de fauna e flora. As queimadas destroem a mata causando danos irreparáveis como a perda de animais silvestres e de parte da floresta em que se situam árvores centenárias. Devido a relevo montanhoso, clima seco e quente que é típico da região, a facilidade de propagação das chamas é muito grande. Daí, a importância do Corpo de Bombeiros e dos órgãos ambientais. De bruços na janela de casa, Izanira Pereira Andrade, 69, observa o movimento da rua. Moradora da parte mais baixa do Pico, no bairro Elvamar, sua residência está na principal rua, onde os caminhões do Corpo de Bombeiro passam todas as vezes que tem uma ocorrência de incêndio para ser atendida. Com memória boa, a dona de casa lembra que o mês de julho foi movimentando por aquelas redondezas. “Fico aqui na janela só observando. Mês passado foi um corre-corre danado, mas fiquei sabendo que não foi nada grave. Esse ‘pessoal’ que fica colocando fogo onde não deve, principalmente em lote vago, parece que tem preguiça de capinar. Minha porta fica pretinha de cinzas quando a Ibituruna começa a pegar fogo. Os moradores

As queimadas do mês de agosto causam danos grandiosos ao meio ambiente e para contê-las, os Bombeiros enfrentam muitos problemas, especialmente no Pico da Ibituruna

de lá precisam de mais consciência do perigo”. A Legislação não proíbe a realização de queimadas, mas impõe condições para que elas aconteçam da maneira mais segura possível. É importante saber que toda queimada precisa ser autorizada previamente pelo Instituto Estadual de Florestas – IEF. Causar incêndio (fogo desordenado) em mata ou florestas é crime, conforme a Lei Federal 9605/1998 – Crimes Ambientais. A punição vai desde pagamentos de multas, reparação dos danos ambientais até o processo criminal, com possibilidade de prisão. De acordo com comando do Corpo de Bombeiros, o mês de agosto é o de maior incidência de queimadas em Governador Valadares. As causas em sua maioria são configuradas como ações criminosas, mas dificilmente são identificados os causadores. O início do incêndio pode

ser desde uma queimada realizada dentro de uma fazenda, a uma simples fogueira esquecida acesa pelos aventureiros que acampam na região da Ibituruna. A Assessoria de Comunicação do Batalhão ainda informou que no mês de julho houve 11 ocorrências relacionadas como “incêndio em vegetação” sendo uma grande parte ocasionada em lotes vagos. O Instituto Estadual Florestal (IEF), órgão da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) que gerencia o pico, informou que cinco brigadistas foram contratados para atuarem de forma preventiva, evitando que o fogo se alastre e cause prejuízos ao meio ambiente e à comunidade. Esses profissionais, que são capacitados pelo próprio IEF e pela Polícia Militar de Meio Ambiente, atuam nas mediações da Zona de

Amortecimento ou Zona de Segurança, uma área de 280 hectares. De acordo com a gerente do Monumento Natural Estrada Pico da Ibituruna, Tuana Morena Marques, haverá várias ações de conscientização até o final do período de estiagem. “Temos um problema muito grande que é a falta controle de quem sobe e quem desce do pico. Na medida em que começarmos a ter essas informações, várias ocorrências serão evitadas. Teremos no dia 15 de Setembro uma Blitz Educacional na estrada calçada de acesso ao topo da Ibituruna. Queremos reforçar a conscientização das pessoas com os cuidados necessários para se evitar uma queimada”. SERVIÇO - Caso presencie uma queimada, entre em contato com o Disque Alerta de Incêndios Florestais, pelo 0800 28 32323.

Da descarga, direto para o Rio Doce Fábio Moura / Repórter Sem qualquer tratamento, oitocentos litros de esgoto são despejados por segundo no Rio Doce, hoje. Isso, só em Governador Valadares, um dos mais de 220 municípios situados ao longo de toda a Bacia. De acordo com o Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Doce, apenas dez destas cidades contam com algum tipo de tratamento. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, em contrapartida, estabeleceu o ano de 2021 como meta para que os mais de duzentos municípios passem a tratar todos os seus resíduos antes de despejá-los no curso do rio. Até lá, muito há de se fazer, ainda. Antes disso, a qualidade da água continua a piorar. Num estudo publicado em março deste ano pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas, as nove bacias que cortam o estado foram avaliadas em mais de seiscentos pontos de coleta. O Rio Doce apresentou o segundo maior índice de piora em relação ao ano anterior, ficando atrás, apenas, do Rio Jequitinhonha. Mas, nem tudo piorou. O Rio Doce saltou de 20% para os 26% de águas avaliadas como de boa qualidade. O que puxou a Bacia pra baixo foi o aumento de 5% para 15% das águas consideradas ruins pelo levantamento. A maior parte, 58% do volume avaliado, porém, ainda está num nível mediano. “Pra lançar dejetos no Rio Doce, temos de ter uma outorga da Agência Nacional das Águas. Hoje, lança-se num sistema antigo. Não se pode mais construir ou ampliar nada disso que temos aqui em Valadares”, explica o diretor técnico do SAAE, Amilton Vial. “Tanto em períodos de alta, quanto de

baixa vazão de água, o índice de coliformes oriundos do esgoto doméstico ultrapassa os limites toleráveis. Como poucas cidades tratam os resíduos que produzem, a água do Rio Doce já chega a Valadares fora de faixa. Aqui, damos a nossa contribuição negativa”, relata o químico do SAAE, Reinaldo Pacini. Esse desserviço ambiental tende a se atenuar nos próximos anos. Desde o início de 2014, duas Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) estão sendo construídas na cidade: uma na região após o bairro Santos Dumont, outra depois do bairro Elvamar – esta segunda no aguardo de solução de um problema identificado no projeto. A partir de 2016, 100% do esgoto e dos resíduos sólidos despejados nos córregos de Governador Valadares serão tratados por essas duas estações. A ETE Santos Dumont tratará os dejetos dos 78% da população situados à margem esquerda do Rio Doce; enquanto os resíduos provenientes da outra margem do rio, 22%, serão tratados na ETE Elvamar. O sistema de tratamento de esgoto que está sendo instalado por aqui funciona assim: das casas, os resíduos continuam a ser despejados nos canais que cortam a cidade. De lá, ele segue até a margem do Rio Doce, onde será interceptado e encaminhado para uma tubulação. “Essa tubulação levará os dejetos até as estações. Lá, eles serão separados e tratados com reator e filtro numa eficiência próxima dos 80%. O lodo sólido retirado será encaminhado ao leito de secagem, onde será centrifugado; depois segue para um aterro sanitário ou, ainda, pode ser reaproveitado”, esmiúça o processo o engenheiro civil e projetista do SAAE,

Gabriel Sobrinho

Água totalmente contaminada por esgoto seguindo para o Rio Doce

Idelfonso Godinho. De acordo com o Sistema Autônomo de Água e Esgoto de Governador Valadares, o local para depósito deste sólido ainda não foi definido. “Esse tipo de lodo exige um bom espaço para ser comportado. Do esgoto tratado, calculamos que o sólido suspenso é de 25% do volume total, em média. Antes, seguia para o rio. Agora, terá de ser alojado aqui na cidade”, explica o professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Univale, Enderson Moreira.

Tratar o esgoto, porém, não é a única medida a ser adotada para contribuir com a melhora na qualidade das águas da Bacia do Rio Doce. “Não temos mais vegetação no topo dos morros, nem matas ciliares. Qualquer chuva provoca uma turbidez elevada. Só pra se ter uma ideia: em valores, uma turbidez provocada por uma chuva eleva os valores da sujeira na água de 40 pra 3 mil. Tudo isso em função de partículas despejadas no rio. Com o barro, descem para o rio: ferro e manganês, presentes no solo da região”, alerta Reinaldo Picini.


POLÍTICA 5

FIGUEIRA - Fim de semana de 15 a 17 de agosto de 2014

EBC

Notícias do Poder

Escolha adiada 1

José Marcelo / De Brasília

Mudar de lado

E agora? Passado o susto da tragédia que matou o presidenciável Eduardo Campos (PSB), que estava em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de votos, tucanos e petistas já tentavam vislumbrar o impacto do acidente nas campanhas, dos dois lados. A dúvida que ainda persiste é se a candidatura do PSB sai mais fortalecida com o nome de Marina Silva, que escapou de estar no mesmo avião e que por isso ainda ganha uma aura mística, ou se haverá uma migração de votos. A pergunta que os marqueteiros ainda se fazem é: como atrair os votos que Campos teria, se os eleitores desistirem de apostar em Marina Silva.

Agendas mudadas

Os caciques do PT de São Paulo estão de cabelo em pé diante da possibilidade do ex-presidente Lula virar a casaca, abandonar a candidatura do ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ao governo, e apoiar Paulo Skaf (PMDB). É que nada faz a candidatura do ex-ministro decolar no estado, que se tornou um pesadelo para o Partido dos Trabalhadores. São Paulo se tornou um ninho tucano. Entregar o estado de bandeja ao PMDB seria menos doloroso.

Problema O grande problema, segundo interlocutores, é que Skaf (Foto) não estaria interessado no apoio de Lula, por estar bem posicionado entre investidores do mercado financeiro e no setor industrial. Se aproximar dos caciques do PT poderia surtir efeito contrário.

Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) cancelaram as agendas, depois do ocorrido. Um ato de solidariedade, mas também para se aconselharem com assessores, para saberem o que dizer e como se portar, diante da situação e dos eleitores. Não sabem, por exemplo, se poderão fazer críticas ao programa que Campos ajudou a escrever. Até o treinamento de mídia que a presidente vinha fazendo para a entrevista no Jornal Nacional teria sido mudado. Assessores próximos destacaram a importância de a presidente abordar o assunto, no principal telejornal do país, de forma respeitosa e simpática.

FIESP

Paulo Skaf, do PMDB, pode receber o apoio deLula

Nascido em Governador Valadares, em 13 de setembro de 1948, Edvaldo Soares fez o curso primário no Grupo Escolar Nelson de Sena, o admissão do primeiro ano ginasial no Colégio Presbiteriano e o segundo, terceiro e quarto ginasial no Colégio Clóvis Salgado. O primeiro e o segundo científico ele fez no Ibituruna. Depois, em 1969, foi para o Rio de Janeiro onde concluiu o segundo grau no colégio José Maria Imperial. Ao mesmo tempo, fazia o prévestibular em Ciências Médicas, pois pretendia cursar Medicina. Entretanto, percebeu logo que teria que trabalhar o dia inteiro depois que passasse no vestibular, pois seu pai era um pequeno fazendeiro aqui em Valadares, com 10 filhos para criar. E Edvaldo volta ao passado, lembrando-se, também, do seu avô paterno, Manoel Soares dos Santos, um dos pioneiros da nossa cidade, chegando aqui em 1895. Quando veio para o Vale do Rio Doce e se instalou no Distrito de Derribadinha, lá ele construiu uma grande propriedade rural tirando o mato a machado. Ele foi um dos grandes fornecedores de dormentes para a estrada de ferro, naquela época em que era tudo de madeira. Pois bem, voltando à sua ida para o Rio De Janeiro, Edvaldo, após decidir-se por deixar o sonho da Medicina, Edvaldo continua seu trabalho numa revenda de automóveis onde, por seus próprios esforços, chega a administrador da empresa. Já experiente e disposto a se tornar empresário do ramo, monta sua própria loja de carros, a primeira de muitas empresas que viria a criar, chegando à presidência da Associação Brasileira de Revendedores Hyundai, em São Paulo, graças a seu empreendedorismo. Um cenário inimaginável para quem saiu do interior de Minas Gerais e chegou à frente de uma renovada associação na capital paulista. Empresário bem sucedido, volta com sua família para Governador Valadares, onde tem muitos serviços prestados à comunidade. Agora, atendendo a uma convocação do seu partido, o PMDB, candidata-se a uma vaga na Assembleia Legislativa. Figueira - Qual é a sua principal motivação para se candidatar ao cargo de deputado estadual? Edvaldo Soares - Dentro de várias atividades que estive a frente, umas das mais marcantes na cidade foi a campanha GV Sem Fome. Além disso, eu presido o Democrata desde 2002, e presidi a Fundação Percival Farqhuar, mantenedora da Univale, por quatro anos e três meses. Minha candidatura não faz parte de uma lógica de que quando um político fala que não quer ser candidato, é por que ele quer. E eu sempre disse “não quero”, pois sempre fiquei nos bastidores. Esse agora não foi diferente, nosso candidato a deputado estadual era o Renato Fraga, aprovado por unanimidade. Só que o Renato abortou a sua candidatura, aí o Ronaldo Perim me chamou novamente e me convocou. Não era mais um convite, tratava-se de uma convocação. Eu tenho pelo Ronaldo um grande respeito, uma amizade forte. Para mim ele é um ídolo político, um grande mestre. E o que ele me disse foi decisivo para eu aceitar esta enorme tarefa: “É mais uma eleição para deputado que a gente depois vai falar que os paraquedistas vieram aqui, pegaram nossos votos e foram embora. E a gente não teve uma pessoa para assumir a representatividade nossa na Assembleia

O ex-ministro Joaquim Barbosa já não dá mais expediente no Supremo Tribunal Federal e até agora não se fala em nomes para substituí-lo na alta corte. Enquanto isso, o STF continua com 10 ministros. A indicação só será feita pela presidente Dilma Rousseff depois das eleições. É que a equipe de governo entendeu que uma indicação de nome, antes da sucessão presidencial, pode ter reflexo nas urnas. Como não existe uma vitória consolidada....

Escolha adiada 2

Caso Dilma Rousseff seja eleita e caso o ex-presidente Lula dispute e saia vitorioso em 2018, todos os 11 ministros do STF terão sido indicados pelo PT. Mas isso não é problema, segundo garantiu o ministro Dias Toffoli, a este jornalista. O ministro garantiu que os magistrados atuam com independência e o que garantiria essa liberdade de ação é o fato de o cargo ser vitalício.

Resultado positivo

Por falar em Dias Toffoli, meu convidado da edição nacional do Jogo do Poder, que foi ao ar nesta quinta-feira, o ministro que também é presidente do TSE disse que há motivos de sobra para comemorar os resultados da lei da ficha limpa. É que esta vai ser a primeira eleição geral totalmente regida pela lei. E, na avaliação de Toffoli, os próprios partidos se encarregaram de barrar nomes que em outras épocas seriam lançados como candidatos. Ainda assim, ele admite que os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) e o TSE ainda terão muito trabalho para julgar os processos de todos que foram barrados, por condenações colegiadas, mas insistiram em se lançar na disputa. Situação diferente de 2012, quando a Justiça Eleitoral não deu conta do trabalho que só terminou neste ano. José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia e apresentador da edição nacional do Jogo do Poder, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília.

Entrevista Edvaldo Soares dos Santos

Candidato a Deputado Estadual pelo PMDB

“Eu sou candidato da cidade. Isso é o que me motivou, representar a minha cidade, a cidade em que eu nasci, que eu amo”. Divulgação

ses projetos. Valadares precisa de um projeto grande, talvez grandes empresas. Por que a maior da história da cidade é a Universidade Federal de Juiz de Fora. E nós temos, também, uma carência muito grande em Valadares quando se fala em representatividade por que a maioria dos nossos deputados que hoje têm mandato, por pulverizar os votos em muitas cidades, acabam assumindo muitos compromissos que concorrem com as demandas de Valadares. Tem candidato que bate no peito e fala que tem 150 municípios, outros falam que tem 130, o que tem menos municípios, fala que tem 85. Ora tem de se perguntar para eles para quem eles trabalham. Eu não. Eu tenho compromisso com Governador Valadares e, a partir de Valadares, vou trabalhar para 84 cidades, para as quais nossa cidade é polo. Eu sou candidato da cidade. Isso é o que me motivou; representar a minha cidade, a cidade em que eu nasci, que eu amo. Figueira - Na Assembleia, será mais fácil ser oposição ou situação?

Edvaldo diz que entrou na campanha pra ganhar e na Câmara”. Assim ele me convenceu. A partir daí, levaram meu nome ao Diretório Municipal do partido e prontamente foi aprovado. Eu não queria, mas já que entrei, entrei para ganhar. É igual o Democrata, só entra em campo para ganhar. Estamos fazendo um bom trabalho, se Deus quiser vai dar certo. Figueira - Se eleito, qual será a sua postura na Assembleia em relação aos nossos problemas regionais? Edvaldo Soares – Pensamos muito em contribuir com a questão ambiental, especialmente o tratamento do esgoto. Dessa forma que está, de jogar o esgoto in natura dentro dos rios, isso tem que acabar definitivamente, antes que acabe a nossa água. Mas eu tenho dito sempre nos meus discursos que não tenho prometido nada para ninguém. Eu digo que garanto, garanto que toda demanda que chegar às minhas mãos, eu vou correr para fazer aquilo acontecer. Eu não sou de receber um não como resposta e me acomodar. Vou me esforçar para fazer aquilo acontecer, vou lutar. Evidentemente, por projetos que sejam viáveis, nós saberemos avaliar es-

Mas repito, eu não queria, mas entrei, e entrei para ganhar. É igual o Democrata, só entra em campo para ganhar. Estamos fazendo um bom trabalho, se Deus quiser vai dar certo.

Edvaldo Soares – Eu acho que a oposição é saudável e deve existir na época da campanha política, depois que nós temos os nossos mandatos e chegam os projetos, nós não temos de nos rotular com partido não. Temos que considerar se o projeto é bom ou ruim, o que ajuda ou o que atrapalha. Então, nós temos que estar do lado de tudo que é bom, independentemente de quais mãos tragam. Ao ser eleito, essa será minha postura na Assembleia. Figueira - O que você propõe exclusivamente para Governador Valadares? Edvaldo Soares – A construção civil tem melhorado muito aqui e a tendência é crescer mais ainda. As pequenas indústrias, que somadas, representam uma grande indústria, precisam de incentivo para poder permanecer na cidade. E não perder de vis-

ta uma grande indústria que nós vamos trazer para Governador Valadares. Figueira - O que o Democrata tem a ver com a sua candidatura a deputado estadual? Edvaldo Soares – O Esporte Clube Democrata é um clube rico que vive como pobre. Dependente, totalmente dependente. O Democrata tinha mais de 300 ações trabalhistas, hoje deve ter umas dez. Antes, tinha uma divida com a União que todos falavam que era impagável, hoje está controlada e parcelada. O Clube não deve nenhum centavo ao Estado, já está zerado. Aqui em Valadares, o Democrata tem um saldo negativo pequeno que já está parcelado para pagamento. Nós queremos com isso chegar às certidões negativas. Nós precisamos ter certidões Municipal, Estadual e da União. Quando a gente fala em Centro de Treinamento, acreditamos que conseguiremos bons jogadores. Por que material humano nós temos, só faltam a estrutura física e os profissionais capazes para deixar os jogadores em excelentes condições. E nós temos projetos para colocar o Democrata totalmente independente, e rico como ele é, uma das maiores instituições de Governador Valadares. Com a nova Arena multiuso, com um centro de treinamento, e ele com atividade o ano inteiro, isso movimenta a cidade, faz rodar a economia, do Clube e da cidade. Quando o Democrata está bem nas competições, até o humor do pessoal da região muda. Nós vamos trabalhar fortemente para que o Democrata chegue à Série B do Brasileiro e tem condição para isso. Figueira - Alguns dizem que sua candidatura a deputado estadual é apenas uma preparação de terreno para a disputa da Prefeitura em 2016. Isso tem fundamento? Edvaldo Soares – Já me fizeram essa pergunta, e tem pré-candidatos ao Executivo no futuro me falando isso na cidade. E eu tenho respondido que sou candidato a deputado estadual e não sou précandidato a nada.

Pensamos muito em contribuir com a questão ambiental.


METROPOLITANO 6

FIGUEIRA - Fim de semana de 15 a 17 de agosto de 2014 Fábio Moura

Pedestre sobre o meio-fio que divide ciclovia da pista de rolamento. A senhora resolveu deixar de lado a travessia pela faixa de segurança e preferiu atravessar em lugar proibido, correndo riscos

Filosofia de calçada

O trânsito diário envolve não apenas os veículos, mas também os pedestres atravessam, e estes cometem uma série de transgressões, como atravessar ruas fora das faixas de segurança, em locais inadequados Fábio Moura / Repórter

Não são apenas os motoristas que desrespeitam as leis de trânsito, não. Pedestres atravessam ruas em locais desautorizados, aproximam-se das faixas e obrigam a parada imediata dos automóveis ou não acenam com a mão a intenção de atravessar. Marco Rios Diretor do Departamento de Transportes, Trânsito e Sistema Viário

Qualquer descumprimento é autuado por nossos fiscais, seja por observação, seja por denúncia. Caso não seja cumprida a nossa determinação, o infrator está passível de uma multa de até 220 UFIRs - Unidade Fiscal de Referência.

Marcos Wendell Gerente de Fiscalização e Posturas

É na calçada que a gente se esbarra, abraça, conversa, segue em frente, tropeça e para. Admira a delicadeza da menina que segura a mão comprida do avô, salta pra trás ao escapar das rodas de uma bicicleta, tenta por um lado, tenta pelo outro e para. Sorri, então, ao decidir por qual beira seguir e qual espaço abrir a quem vem do lado oposto. Para. Nota a impaciência do homem na outra calçada, enquanto aguarda o boneco verde surgir na sinalização semafórica – ou a brecha entre os veículos que cortam a avenida. São três ou quatro na espera, na verdade. Todos projetam o corpo à frente e resmungam ao terem de aprumá-lo. Desvia a atenção para o cachorro que cheira a sua mão esquerda, sentado, aguardando o estancamento no fluxo e a sua vez de chegar ao outro lado. Se perde ao observar faixa a faixa, das dez ou onze que se empilham horizontalmente entre uma calçada e outra. Atém-se ao semblante perdido à sua frente. Fita um olhar sutil por trás dos óculos e a desconcerta. Encanta-se, enquanto ela insiste em desviar-se. Não se importa. Mantém os olhos fixos nos dela e ganha mais dois ou três encontrões. Os carros freiam, as motos derrapam e o grunhido ensurdecedor do ônibus o faz tampar um dos ouvidos. Perde um pouco da atenção e a vê pela última vez quase ao seu lado erguendo a sobrancelha direita para alçar mais um pouco do seu deslumbre. Atravessa a rua sob a faixa de pedestres já com o boneco vermelho alternando intermitentemente. Pisa numa calçada e a procura do outro lado em meio à multidão. Em vão. Passa o olho nos periódicos expostos na banca de revistas, levanta uma ou outra página. Comenta com o senhor ao lado que ainda não decifrou a quem serve aquele novo jornal. Pede um isqueiro e dá no pé. Deixa uns trocados com um morador das ruas, sentado à beira de uma porta comercial fechada. Caminha espremido entre camelôs e vitrines de lojas, enquanto tateia o bolso à procura de um cartão telefônico. Encontra dois, mas não encontra um orelhão. Ao chegar à esquina, enfim, pode testá-los. Insere o primeiro, retira o telefone do gancho e não ouve nada. Tenta encontrar linha insistentemente e nada. Coloca a cabeça para fora daquela estrutura oval e oca para conferir se há outro orelhão ao alcance da vista. Mas, se distrai ao ver um homem de idade mediana, negro e de braços robustos empurrando roda a roda, a cadeira sobre a qual está sentado. Busca o lado da calçada por onde trepidaria menos. Vem num ziguezague de pessoas, irregularidades do piso, camelôs, bancas de revista... para na esquina à procura de uma rampa que dê acesso à rua. Curva-se para todos os lados e não encontra nenhuma possibilidade de atravessar até a calçada do outro lado por ali. Inclina o corpo à frente, tomba a cabeça para o lado e lembra-se que a outra esquina tem uma rampa dessas. Põe-se a enfrentar todos os obstáculos novamente e alcança a outra extremidade do quarteirão. Lá, surpreende-se com a traseira de um carro que bloqueia o acesso à rua. Leva a mão direita à cabeça e têm os ombros tocados por uma moça que oferece: “posso te ajudar a atravessar a rua?”. Ela inclina parcialmente a cadeira para trás, apoiando as rodas traseiras sobre o meiofio e leva o homem até a outra calçada. Parecia ser aquela mesma menina dos encantos na faixa minutos atrás. De novo, ela se mistura à multidão. Pede um sorvete da máquina exposta fora do estabelecimento à atendente. Repousa a perna direita sobre a parede, enquanto refresca-se na iguaria das calçadas valadarenses. Dois homens passam correndo e interrompem a sua dispersão. Ergue a cabeça, olha para a direita e se depara com um amontoado de pessoas ao redor de algo que não consegue enxergar. Em outras ocasiões, observaria dali mesmo o desenrolar da história, mas a curiosidade o movimentou até lá. “O que houve?”, questionou. “São essas merdas de calçada que ora estão esburacadas, ora parecem um sabão. O senhor aí não deu conta e se desequilibrou. Tomara que não tenha quebrado nada”, relata a senhora de cabelos curtos e castanhos, enquanto o homem ao chão geme. Distancia-se um pouco para que ele possa respirar melhor. Minutos depois, ao ver o socorro chegar, joga a casquinha no lixo e segue pela calçada.

Segue, agora, preocupado com o estourar do tempo. Tem de pagar algumas contas no banco e, ainda, enfrentar a fila da agência lotérica. Entra num pé e sai no outro da agência bancária, mas fica agarrado na fila da loteria. Se exaure só de ver o tamanho dela, mas se vangloria de estar na ponta que atinge a calçada, longe do ar abafado das proximidades dos caixas. Dali observa a aproximação de uma mulher rente à parede do comércio. Toca o chão com uma vara e a parede com uma mão a fim de orientar o seu percurso. Titubeia numa deformidade da calçada e se vê numa sinuca de bico ao tatear uma inclinação que liga a rua à garagem de uma residência. Sente-se, aparentemente, insegura em transpor diagonalmente aquele trecho. Incomodado, sai da fila e ajuda a mulher a chegar até a esquina, de onde a orienta quanto à interrupção do fluxo de automóveis. Congestionamento O fim do expediente se aproxima e a calçada está cada vez mais abarrotada. O congestionamento das ruas pode até chamar mais a atenção, mas é aqui que está o maior emaranhado de pessoas. Todos passam por ela: ciclistas, motociclistas, motoristas, usuários de transporte coletivo... encostam seus veículos, descem do ônibus e tomam o passeio público rumo aos seus destinos. Entre convites a abrir uma conta, tomar um empréstimo ou levar um, dois, dez panfletos pra casa, cai em sua mão uma Cartilha do Código de Obras e Posturas da Prefeitura de Governador Valadares. Alguns pontos tomam a sua atenção: a construção e manutenção das calçadas ficam a cargo do proprietário do imóvel à frente, mas ele deve obedecer alguns parâmetros, como o piso antiderrapante e o nivelamento entre a construção e o meio fio, sem rampas ou degraus de acesso. Interrompeu a leitura, olhou ceticamente o horizonte e rememorou os seus últimos passos por aquelas calçadas. Virou a página e fitou mais alguns tópicos da cartilha, onde havia dois tipos de permissões com algumas condições. É permitido dispor mesas e cadeiras sobre o passeio, desde que seja respeitada a largura mínima de dois metros para o fluxo de pedestres; e, também, é permitida a interrupção parcial das calçadas - 50% - com tapumes em função de obras. Guardou o informativo, deu mais cinco ou seis passos e dobrou a esquina. Ali mesmo, antes de alcançar a outra ponta do quarteirão, teve de deixar a calçada de lado e percorrer parte do trajeto em meio ao caos da rua por três vezes. Desviou-se de um boteco, de alguns tapumes rodeados por bancões de areia e brita e de um vendedor de churrasquinhos que distribuía cadeiras e mesas ao redor de sua churrasqueira. Entre veículos estacionados e outros em fluxo contínuo, espremeu-se até que pudesse retornar à calçada. “Qualquer descumprimento é autuado por nossos fiscais, seja por observação, seja por denúncia. Caso não seja cumprida a nossa determinação, o infrator está passível de uma multa de até 220 UFIRs - Unidade Fiscal de Referência”, comenta o gerente de fiscalização e posturas, Marcos Wendell. Ao reanalisar a cartilha percebeu que muito do que estava ali era generalista e atrasado em função da demanda atual. Talvez, por ali conter recomendações aprovadas na Câmara e sancionadas pelo Executivo nos primeiros anos da década de 1990. Os tempos são outros, mas ainda somos regidos pela mesma lei cheia de brechas. Talvez isso mude nos próximos meses ou anos, assim que o novo Código de Posturas e novo o Código de Obras e Edificações entrarem na pauta de votações da Câmara de Vereadores, onde está sob apreciação desde 2010. Talvez. Agora, enfim, dobrou e guardou o informativo em seu bolso. Espantouse e parou num lapso. Atravessou a rua ali mesmo, no meio do quarteirão, longe de qualquer faixa de pedestres, ao avistar a menina do início da tarde. “Não são apenas os motoristas que desrespeitam as leis de trânsito, não. Pedestres atravessam ruas em locais desautorizados, aproximam-se das faixas


METROPOLITANO 7 e obrigam a parada imediata dos automóveis ou não acenam com a mão a intenção de atravessar”, comenta o diretor do Departamento de Transportes, Trânsito e Sistema Viário, Marco Rios. Assustou-se com uma bicicleta que trafegava lentamente e com uma sonora buzinada da motocicleta que passara voando. Novamente, perdeu-a de vista. Sapeou algumas vitrines a fim de encontrá-la atrás das vidraças, mas sem qualquer sinal. Caminhou até o fim do quarteirão para voltar à calçada de onde viera; desta vez, pela faixa de pedestres. Parou a observar aquelas nove ou dez faixas empilhadas horizontalmente e se surpreendeu ao não ver um sinal semafórico ao fim delas. Olhou para os dois lados, mas estava só daquele lado da calçada. Titubeou por algumas vezes, mas optou por aguardar o fim do fluxo dos automóveis. Antes disso, um carro parou, piscou duas vezes o farol, acenou com a mão e deu uma buzinada. Só então ele seguiu. Receoso, mas seguiu. Passou por mais três ou quatro faixas dessas até chegar à sua casa. Este sempre foi o seu percurso e de quem mais seguisse a pé para o seu bairro. Nunca deu conta de como uma faixa poderia ajudar na fluidez do trânsito. Pra ele, era só mais uma forma de chegar a outra e mais outra calçada. Tanto fazia se pela faixa ou pelo meio do quarteirão. “Nas nossas pesquisas constatamos o estabelecimento de linhas de desejo, ou seja, caminhos percorridos preferencialmente pelos pedestres ao descerem do ônibus, ao se dirigirem a determinados espaços públicos ou áreas comerciais. A partir disso, pintamos novas faixas de pedestres nas ruas”, explica o diretor do DTTSV, Marco Rios.

FIGUEIRA - Fim de semana de 15 a 17 de agosto de 2014 Fábio Moura

Tudo errado: ciclista trafega na faixa de segurança, pedestre atravessando sobre o meio-fio. Cena corriqueira na área central

Ganha força o Plebiscito pela Reforma Política Divulgação

Gabriel Sobrinho / Repórter Sábado, duas horas da tarde, a sala de reunião começa a receber gente de todos os cantos. Eles se reúnem para marcar história no Brasil. Ao invés de se revoltarem com a política, resolveram fazer política. O grito daqueles se sentem minoria ecoou “Este Congresso não nos representa”. Desde agosto de 2013, diversos Movimentos Sociais, Sindicais e Organizações Políticas se juntaram para começar um trabalho de organização de pessoas para participar do processo de debates e de mobilização que culminará na votação do Plebiscito, na Semana da Pátria, a primeira de setembro, que terá uma única pergunta: Você é a favor de uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político? No Brasil, são mais de 600 Comitês. Um desses grupos se reúne aqui em Governador Valadares, em uma das salas da União Operária, com a participação de mais de dez entidades e movimentos sociais. Os grupos podem ser organizados por estados, municípios, bairros, escolas, igrejas, sindicatos, associações de bairro, universidades, comunidades rurais e grupos culturais. As atividades nas plenárias podem ser de vários tipos: palestras, audiências públicas, debates, rodas de conversa, atividades culturais, cursos, jogos, festas, panfletagem, produção de jornais, entre outros. O desafio é o de organizar os locais de votação, preparar as urnas para que esteja tudo pronto para a primeira semana de setembro, multiplicando a ideia do Plebiscito, para se alcançar mais de 10 milhões de votos por todo o Brasil. O que é um Plebiscito Popular? Um plebiscito é uma consulta na qual o cidadão comum vota, para aprovar ou não uma questão de interesse geral. De acordo com as leis brasileiras, somente o Congresso Nacional pode convocar um plebiscito. Apesar disso, desde o ano 2000, os Movimentos Sociais brasileiros começaram a organizar Plebiscitos Populares sobre temas diversos, nos quais qualquer pessoa, independentemente do sexo, da idade ou da religião, pode trabalhar para viabilizá-lo, organizando grupos em seus bairros, escolas, universidades, igrejas, sindicatos, onde quer que seja, para dialogar com a população sobre um determinado tema e coletar votos. O Plebiscito Popular permite que milhões de brasileiros expressem a sua vontade política e pressionem os poderes públicos a seguir a vontade expressa pela maioria dos participantes. A Constituinte é a realização de uma assembleia de deputados eleitos pelo povo especificamente para modificar a Constituição Federal ou elaborar uma nova. Democracia é muito mais que o direito de votar e ser votado, afirma Guilherme Camponês, um dos líderes do Comitê em Valadares. “É preciso democratizar a vida social, as relações entre homens e mulheres, crianças e adultos, jovens e idosos, na vida privada e na esfera pública, as relações de poder no âmbito da sociedade civil. Portanto, democracia é muito mais que apenas um sistema político formal e a relação entre Estado e sociedade, é também a forma como as pessoas se relacionam e se organizam.” A luta maior deste Plebiscito é pela Reforma Política, defender a radicalização da democracia, para enfrentar as desigualdades e a exclusão, promover a diversidade, fomentar a participação cidadã. “Isso significa uma reforma que amplie as possibilidades e oportunidades de participação política, capaz de incluir e processar os projetos de transformação social de segmentos historicamente excluídos dos espaços de poder, como as mulheres, afrodescendentes, homossexuais, indígenas, jovens, pessoas com deficiência, idosos e os despossuídos de direitos. Por isso, falamos de reforma do sistema político para não ser confundida com a reforma eleitoral”, pontua Guilherme. Sendo mais uma entre os participantes da Plenária, a Prefeita Elisa Costa esteve presente na roda de conversa, e dá o recado: “Nesse momento, entendo que estamos fazendo duas eleições. Essa do Plebiscito, em setembro, e também as eleições gerais do país em outubro. Eu acho que esse tema está inteiramente ligado as eleições gerais, mas principalmente à participação da popu-

Reunião na sede da União Operária de Governador Valadares, com lideranças políticas e movimentos sociais discute a reforma política

lação como protagonista. O mais importante, neste momento, é conseguir o voto da população para ter uma Constituinte, mesmo que tenhamos divergências de como é a Reforma Política que pretendemos fazer, pois cada movimento, associação e outros têm os seus interesses, mas isso será discutido posteriormente dentro de uma pauta. Nós, do Partido dos Trabalhadores, defendemos primordialmente o financiamento público nas eleições. É difícil eleger principalmente candidaturas femininas, de operários, negros, da juventude e dos índios. A gente sabe que o atual Congresso é uma representação da elite, ou seja, é extremamente conservador e muitas propostas não passam ou sequer são discutidas. Eu acho que é uma profunda revolução na forma de conceber hoje a organização politica. E mais, a gente resgata o sentido nobre da politica, que é cuidar da população e mudar a vida das pessoas, não se beneficiar ou se enriquecer com o processo político”.

Fé e Política Um dos grupos que abraçou a causa do Plebiscito foi o Movimento Fé e Política, sendo a sede regional liderada, há anos, pelo vereador Padre Paulo. O grupo foi criado para o encontro de pessoas unidas pela fé cristã, com engajamento nas lutas populares. Seu objetivo é o de alimentar a dimensão ética e espiritual, que deve animar a atividade política. “O Movimento Fé e Política abraçou a causa e engrossa o coro que clama por uma Constituinte Exclusiva pela Reforma do Sistema Político, grito que ecoou nas manifestações populares país afora há um ano, em julho de 2013. Temos um papel importante na agenda política e social do país, já que defendemos valores como justiça social e respeito ao planeta, mobilizando as lideranças religiosas para cobrar dos políticos uma postura pautada em valores sociais”.

A participação dos jovens nas discussões sobre a reforma política e o plebiscito popular tem sido significativa, principalmente no meio estudantil


GERAL

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FIGUEIRA - Fim de semana de 15 a 17 de agosto de 2014

ECOS DE PALMARES

Além do Arco-Íris

A falsidade da democracia racial no Brasil

NUDIs

Solte seu cabelo e prenda o racismo No dia 25 de julho, foi realizado em Valadares o Encrespa Geral GV. O movimento surgiu nas redes sociais e foi apropriado por mulheres negras de nossa cidade com o intuito de dar visibilidade à discussão sobre a Identidade e Cabelos Crespos dentre outras questões étnicas. Há quem questione essa ligação cabelos e identidade, porém existem estudos como o da professora Nilma Nilo Gomes, reitora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e sumidade nas discussões sobre a questão étnico-racial no país, que afirma: “O corpo é uma linguagem e as culturas escolheram algumas de suas partes como principais veículos de comunicação. O cabelo é uma delas.” O cabelo em muitas vezes liga o indivíduo ao grupo, o projeta (destaca) ou o dilui (invisibiliza) em meio à sociedade, optar por usar o cabelo crespo natural é sobre tudo um ato político, já que usar os cabelos alisados nem sempre é opção pessoal. É comum ouvir de jovens no período de transição capilar que somente conheceram seu cabelo ao natural depois de adultas quando assumiram o crespo, pois desde bem pequenas têm seus cabelos alisados. Então vale questionar: “De que vale seu cabelo ‘liso’ e as ideias enroladas dentro da sua cabeça?”, parafraseando a canção de Ana Carolina, ousamos realizar um encontro de Cresp@s e Cachead@s para ‘enrolar cabelos e desenrolar ideias’ nesta data que propicia pensar sobre quais estereótipos forjamos nossas crianças, jovens, homens e mulheres negras, quais parâmetros de beleza e os contra pontos deste padrão. O evento Encrespa Geral na cidade obteve resposta de quase 200 pessoas entre homens e mulheres que se identificaram com a proposta de colocar em pauta a valorização da beleza negra em sua essência, não saindo da ‘ditadura dos lisos’ para a ‘ditadura dos cachos’, mas sim respeitando a diversidade que constitui o fenótipo do povo brasileiro. Não pode haver um padrão único de beleza numa sociedade tão heterogenia, e ao insistirmos em estabelecer esse padrão não considerando à diversidade ficamos sujeitos a cometer uma espécie de racismo institucionalizado, como ocorreu com a jovem jornalista negra que foi barrada de fazer o passaporte pelo órgão ao qual compete, tendo por justificativa que ‘o

sistema de decodificação de face não aceitava a forma de seu cabelo’, esta jovem passou pelo constrangimento de ter seu passaporte negado, além do transtorno de mudar datas de compromissos, pelo simples fato que ao programar a máquina alguém determinou um padrão que não observa/respeita a multiplicidade da população brasileira. Ao falarmos de estética, estamos tratando fenótipos, estereótipos, estamos puxando uma linha tênue que molda a autoestima do indivíduo, garante ou inibe a liberdade de pensamento e expressão, também evidenciamos essa linguagem visual que é o cabelo, neste caso o cabelo crespo, cabelo black (do movimento Black Power) com que nos comunicamos todos os dias. Além de tudo isso, estamos reforçando que as Políticas Públicas de Ação Afirmativa ainda são necessárias para garantir possibilidades reais de mudanças sociais. A data de 25 de julho foi escolhida propositalmente, já que este é o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, marco de luta e resistência contra a opressão de gênero, o racismo e a exploração de classe e, neste ano oficialmente, por decreto da presidenta Dilma, entra para o calendário nacional. O Encrespa Geral GV foi gratificante para quem o idealizou (Claudiene, Flávia, Marcilene, Suellen e eu), assim como para os participantes que saíram pedindo novos momentos como este e que eles fossem breves e, ficou um legado, o Coletivo Encrespa, que pretende pautar e garantir essas discussões em nossa cidade. E como não podia ser diferente e para realizarmos esse excelente momento contamos com colaboradores que não furto em agradecer, pois sem eles não teríamos a grandeza do que tivemos: a facilitadora do tema Cabelos Crespos: Realidade x Expectativas - Andréia Roseno do Liberdade Livre de Teófilo Otoni; nos momentos culturais, os colaboradores: Adalmir Neres, cantor e instrumentista, e os músicos da banda Negro Zarah que nos embalou com musicas populares de conscientização para coroar nossa ‘Noite Black’.

Gilsa Santos, do Coletivo Encrespa NUDIs – Núcleo de Debates sobre Diversidade e Identidades.

Ombudsman José Carlos Aragão

Defesas “Para muitos, eles são considerados vilões do trânsito. Mas, na verdade, não é bem assim.” A principal matéria de capa da semana passada, do nosso Figueira, já começa se posicionando – sub-repticiamente e sem a neutralidade que se cobra tanto de um repórter - acerca de uma questão que tem, no mínimo, dois gumes. Em primeiro lugar, se “são considerados”, faltou dizer claramente por quem. Na frase seguinte, ao negar o rótulo, o autor (ou o jornal) toma a si a defesa dos supostos vilões. Na página 6, na reportagem chamada na capa, o repórter persiste na defesa dos motociclistas, apenas apropriando-se do discurso dos próprios acusados. Algumas falas críticas anônimas são usadas para configurar a vilania atribuída aos condutores de motos. E fica por aí. Assim, só com palavras, fica fácil induzir o desavisado leitor a crer que quem costura irresponsavelmente o trânsito entre os demais veículos na via; quem quebra intencionalmente os espelhos retrovisores de automóveis para abrir espaços à sua circulação; quem viola sistematicamente as leis de trânsito ao trafegar com a viseira do capacete levantada ou quem participa de rachas sobre duas rodas nos fins de semana pelas estradas do estado, são autênticos “anjos do asfalto” e não, vilões. Implicância (I) Tenho dois olhos, um olho involuntariamente clínico e outro invariavelmente crítico. Aí, certas coisas não me passam batido nem que eu queira. Redundâncias e obviedades não me escapam facilmente. Redundâncias, além dos olhos, ferem-me os ouvidos. Obviedades vão além: atacam-me o cérebro, a razão, agridem a minha pobre e limitada inteligência. Acho até que, justamente por essa minha implicância, ranzinzice ou morrinha de pseudointelectual antipático e renitente, me convidaram para o desprezado e arriscado posto de ombudsman desse semanário. Então, não tem jeito, não resisto! Nem desisto... O que dizer de um texto (no caso, a legenda de uma foto publicada no Figueira da semana passada) que diz: “o trem oferece cenários fascinantes, que podem ser vistos nas janelas dos vagões”? Nem vou falar da preposição equivocada, já que o tal cenário não é visto “na” janela, mas “pela” janela – ou através (nesse caso, a contração de preposição com artigo poderia ser substituída, também, por um advérbio) dela. Mas, caro leitor – e ocasional passageiro -, haveria algo mais óbvio que a

possibilidade de se apreciar a paisagem pela janela de um trem em viagem? Implicância (II) Decidi criar uma seção fixa dentro da coluna. Preciso pensar num nome, mas o conteúdo eu já tenho: será voltada a destacar qualquer caso de redundância ou obviedade explícita que meu implicante e implacável olhar pescar nas páginas das futuras edições desse jornal. Quem mais tiver essa tara peculiar de encontrar defeito em tudo, pode colaborar. Cartas e e-mails para a Redação. Menos, menos... Particularmente, acho de mau gosto acrescentar uma coroa sobre o escudo daquele “que mora dentro do meu coração”. Seja na camisa, seja – como adotado pelo Figueira - na coluna Toca da Raposa. Primeiro porque “tríplice coroa” não é nenhum título oficial, é uma balela criada pela torcida pra passar na cara da torcida daquele outro “clube da cidade” (menor) e repetida pela mídia, sempre empenhada em acirrar a rivalidade porque, de um modo ou de outro, vende jornal e, por isso, atrai anunciantes. Acho isso tão ridículo como as exigências idiotas da outra torcida por mudanças de azul para preto nos orelhões instalados em sua sede, ou no manto de uma imagem de Nossa Senhora Aparecida que havia por lá também. Tudo isso é a maior idiotice e chatura. Viajei no tema, mas a minha bronca mesmo, com a coroa sobre o escudo, é de outra ordem: é que não deixo de associá-la à marca da Mobiliadora Real, tradicional loja de móveis de Valadares. Nada a ver: besteira minha. Tautologia Numa democracia, todo protesto contra qualquer governo é legítimo. Os métodos, nem sempre. Porque – tautologicamente falando – o direito de um sempre acaba onde começa o do outro. Mas, pateta que sou e sempre serei, vivo repetindo esse discurso por aí... José Carlos Aragão, ombudsman do Figueira, é escritor e jornalista. Escreva para o ombudsman: redacao.figueira@gmail.com

Ana Afro O que pode soar como um discurso repetido exaustivamente em nossa sociedade, para Abed veio como uma nova decepção. “O Brasil não é o que pensávamos ser. O negro brasileiro não faz parte da elite”, diz Jarid Arraes Abed Nzobale, de 25 anos, um estudante de Engenharia Civil da República Democrática do Congo. O sentimento de Abed vem mostrar o que todos nós vivemos em nosso dia a dia aqui em nosso país. Parece ser repetitiva essa história de racismo, que é coisa “desses negros inconformados com sua vida e realidade”. Constantemente, ouço essa insinuação, de que sou radical e vejo racismo em tudo, quando, na verdade, não é o que vejo apenas, é o que é fato e os brasileiros não querem aceitar, por ser muito mais conveniente. Mas, conveniente pra quem? Eu respondo: pra todos aqueles que se sentem incomodados com a realidade dos fatos, sejam os racistas ou dos muitos que sofrem racismo e preconceito. Os primeiros não querem se admitir como tal para não ter de mudar (aliás, admitem a existência do racismo, mas não apontam onde ele está nem reconhecem que o pratica), tomar outra postura e dar direito ao que tem o mesmo direito que ele. Os segundos, porque não querem se dar ao trabalho de lutar, brigar para ter seu direito respeitado, portanto é mais cômodo dizer que não temos racismo no Brasil. Isso é o que diz a sociedade brasileira, não com palavras, mas com atitudes. Realidade como a vista por Abed ao chegar ao Brasil e que não é vista pelo brasileiro porque, repito, incomoda e são poucos os que querem deixar esse maldito comodismo para termos um mundo melhor que é possível, sim, a partir da mudança positiva de cada um. Já tive a oportunidade de hospedar em minha casa um africano, que como Abed ficou decepcionado com o racismo no Brasil, país lindo e cheio de negros e negras, mas que não os quer, senão para o servir.

Ana Aparecida Souza de Jesus é pedagoga, especialista em Diversidade na Escola, Gênero e Raça pela UFMG, membro do Conselho de Promoção de Igualdade Racial.

Direitos Humanos Flávio Fróes

Territórios sagrados (II) Embora deficiente de políticas sociais no plano interno, o País marcava presença no plano internacional notadamente nos eventos patrocinados pela Organização das Nações Unidas – ONU. Esta instituira o Ano Internacional da Criança (1979) como forma de levar os países a reverem suas políticas de promoção do bem-estar de suas crianças. Foi também oportunidade para resgatar o acervo de normativas internacionais que começa com a Declaração dos Direitos da Criança (1923), uma iniciativa da organização Save the Children , prossegue com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) e a Declaração Universal dos Direitos da Criança (1959). O Brasil é signatário da Convenção Internacional Sobre os Direitos da Criança (1989) fundamentada na Doutrina da Proteção Integral. Essa doutrina tem sua gênese no documento Declaração dos Cinco Pontos da organização Save the Children onde consta a afirmação: “o corpo da criança é uma zona de paz.” Uma variante diz: “o corpo da criança é território sagrado.” A sacralidade do corpo da criança é tema recorrente na tradição judaico-cristã. Em situação de guerra, contudo, os contendores não se deixam levar por tradições religiosas, ainda que milenares; o que importa é infligir o maior dano à parte contrária. A insanidade das guerras se demonstra a cada edição dos jornais televisivos. Na cidade de Alepo, na Síria, nos campos de refugiados, em Gaza e na Ucrânia a televisão exibe a destruição de residências, escolas, mesquitas e templos cristãos, a angústia e o desespero das populações civis desalojadas e sem lugar de refúgio. Não raro as câmeras enquadram pessoas idosas, portadores(as) de necessidades especiais e crianças incapazes de compreender seu papel de vítimas naquela tragédia. Pois foi justamente para preve-

nir tais ocorrências que, há noventa anos, se divulgou o germe da Doutrina da Proteção Integral: “o corpo da criança é território sagrado.”

Na cidade de Alepo, na Síria, nos campos de refugiados, em Gaza e na Ucrânia a televisão exibe a destruição de residências, escolas, mesquitas e templos cristãos, a angústia e o desespero das populações civis desalojadas e sem lugar de refúgio.

Esse conceito de sacralidade subjaz à Doutrina da Proteção Integral que, por sua vez, incorporada na Constituição Federal (artigo 227), alicerça o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8069/90). Como era de esperar, a inserção desse tema no texto legal implicou em mudanças radicais no enfoque dado à questão criança/adolescente pela sociedade e pelo Estado. Uma vez promulgada essa lei, revogava-se o Código de Menores amparado na Doutrina da Situação Irregular. Essa mudança foi radical: enquanto vigorou a Doutrina da Situação Irregular, o Código de Menores considerava a criança unicamente como portadora de necessidades e dependente do Estado – caso dos carentes, abandonados ou infratores; vigorando a Doutrina da Proteção Integral, o Estatuto da Criança e do Adolescente considerava a totalidade desses segmentos como sujeitos de direitos. Flávio Fróes Oliveira é teólogo, estudioso na Área de Crianças e Adolescentes.


ENTREVISTA

Pedro Zacarias, 47 anos, nasceu em Patrocínio, MG, mas há 31 anos adotou Valadares como a sua cidade. Advogado com especialização em Processo Civil e Poder Legislativo, trabalhou no Banco do Brasil por dezenove anos e foi dirigente sindical bancário. É filiado ao PT desde 1989. Tem exercido a Procuradoria Jurídica de diversas Prefeituras e Câmaras da região.

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FIGUEIRA - Fim de semana de 15 a 17 de agosto de 2014

Entrevista Pedro Zacarias de Magalhães Ferreira Candidato a Deputado Federal pelo PT

“Quero fazer uma campanha ética, com respeito aos companheiros, levando minhas propostas com tranquilidade, sem agredir a ninguém”. Divulgação

Figueira – O que mais te credencia a se candidatar a esta vaga na Câmara Federal?

Pedro Zacarias - Essa questão é mesmo inusitada. Se respondo que num governo Dilma teria facilitado o meu trabalho estou a dizer que Dilma privilegia quem é da situação e isso não é verdade. Não é a cor da bandeira do partido que está na sala dos prefeitos que define para onde vão os investimentos públicos da União. Vi isso na pele, pois trabalhei como advogado para algumas prefeituras ligadas ao PSDB que nunca tiveram dificuldades em receber investimentos governamentais. Basta ter bons projetos e saber acessar o crédito, disponível para todos. Quero muito a reeleição da presidenta Dilma mas não quero privilégios. Vou buscar meu espaço com calma, de forma ética e responsável, pensando sempre no bem comum. Apenas quero ser tratado com o mesmo respeito que ela sempre tratou todos os Deputados. Disso não abro mão. Se essa relação redundar numa amizade, melhor pra Minas Gerais e muito melhor para nossa cidade e região, claro. Apenas “ad argumentadum”, se acaso o tucanato tacanho, vendilhão e apátrida retornasse ao poder nosso mandato seria seguramente um mandato combativo e de defesa intransigente dos direitos sociais conquistados. Aécio não teria a mesma prática equilibrada da presidenta Dilma no trato das cidades e certamente privilegiaria os seus apaniguados com a velha política do “é dando que se recebe”. No máximo construiria na região um novo aeroporto (claro, se algum parente fosse o dono das terras).

Pedro Zacarias – É preciso esclarecer que não é apenas o conhecimento acadêmico que me credencia para ocupar uma cadeira na Câmara Federal pois se apenas a cátedra bastasse Lula jamais seria o Presidente que foi (reconhecidamente o mais bem preparado da História brasileira). De fato a graduação em Direito e a especialização em Poder Legislativo me deram uma base forte para conhecer os meandros do poder, suas estruturas organizacionais e principalmente como funciona o sistema de freios e contrapesos (Checks and Balances) que dita a harmonia e a independência que deve sempre existir entre os poderes. Mas, foram os muitos trabalhos realizados nas diversas Câmaras Municipais e Prefeituras da Região que deram o fundamento necessário para eu me sentisse preparado para assumir uma vaga de deputado federal. O que me credencia é a minha história no Partido dos Trabalhadores desde 1989, sem jamais arredar pé das minhas convicções políticas e da defesa intransigente do socialismo como única forma de fortalecimento da democracia. O que me credencia é a capacidade de conciliação e o jeito “maneiro” de olhar nos olhos do nosso povo e ter o cuidado de ouvir a cada um atentamente, respeitando convicções ideológicas, história de vida e princípios. Mas, falam por mim aqueles que me conhecem. A polêmica também me credencia, pois é na proposição do novo, do inusitado, e na busca do consenso pragmático que surgem as soluções. Não por acaso, adoro ouvir “metamorfose ambulante” do Raul, pois “prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. Figueira – O seu partido, o PT, lançou em Valadares um candidato a deputado estadual e outro a federal. Além desses, outro se credenciou como candidato a estadual e você a federal. Não seria mais lúcido ter apenas um candidato para cada vaga? Esta concorrência não pode deixar os quatro de fora? Pedro Zacarias – É preciso lembrar que não é a primeira vez que o Partido dos Trabalhadores lança dois candidatos a deputado federal com base em Governador Valadares. Quem tem memória curta e não sabe fazer política sem rancor está se esquecendo de que num recente processo eleitoral o PT também lançou dois candidatos a deputado federal com representatividade em Valadares, Leonardo Monteiro e Leonardo Paiva, e não vi burburinho, choro ou ranger de dentes. Ocorre que diferentemente de outros partidos em que o interesse pessoal pesa mais que o interesse coletivo, no PT priorizamos o que é mais importante para o conjunto da população. Por isso, lançar mais candidatos nada mais é do que uma estratégia para potencializar os votos de Fernando Pimentel e Dilma na região, permitindo que aquelas campanhas cheguem a todos os cantos da nossa cidade e a todas as cidades da nossa região. No PT, pensamos no plural, com visão holística. Esse é o grande diferencial. Quero fazer uma campanha ética, com respeito aos companheiros, levando minhas propostas com tranquilidade, sem agredir a ninguém. Quero falar de mim e daquilo que penso poder realizar para o bem da nossa cidade e da nossa região. Sei que tem espaço para todos e, acreditem, estamos todos imbuídos do mesmo propósito, fazer a presidente Dilma ser reeleita com o maior número de votos. Quanto à possibilidade de nenhum deles ser eleito prefiro acreditar que vamos eleger os quatro. Sou um otimista inveterado e meu copo está sempre “meio cheio”. Figueira – Se eleito, qual será a sua postura na Câmara em relação aos nossos problemas regionais? Pedro Zacarias - Vou agir na defesa intransigente do Vale do Rio Doce e atrair para cá oportunidades e investimentos governamentais e privados necessários para fomentar o desenvolvimento da nossa região. Quero ser um deputado de fato e não um “Vereador Federal”. Quero discutir as grandes questões nacionais como a Reforma Política e a Reforma Tributária, sem deixar nunca, mas nunca mesmo, de me esquecer da luta contínua pela Reforma Agrária. Quero um mandato coletivo, que ouça as pessoas especialmente aquelas que passam ao largo da sociedade e que clamam por melhores dias. Quero fazer um mandato de portas abertas para trabalhadores e empresários num espaço de discussão contínua dos grandes temas nacionais. Quero a redefinição das ações de defesa do nosso Rio Doce, trazendo mais conscientização sobre a necessidade de investimentos na gestão ambiental. Nossa região depende economicamente do Rio Doce que seca a cada dia sem que nada, ou quase nada, tenha sido feito. Apesar da localização privilegiada da região, meiando a distância entre o cais e a capital de Minas, entrecortada por três grandes rodovias, ainda não conseguimos trazer para cá investimentos portuários (porto seco). Vou fazer a defesa intransigente de educação de qualidade e apoiar os Municípios do Estado

Pedro Zacarias quer Valadares bem representada na Câmara Federal para cumprimento da meta do Plano Nacional de Educação para implantação de escolas públicas de educação infantil, ensino fundamental e ensino médio com matrículas em tempo integral. Hoje apenas 34,7% das escolas adotam tal regime e muitos não fazem porque não têm interesse ou capacitação. Quero acompanhar de perto as obras do Campus da Universidade Federal de Governador Valadares defendendo a federalização do nosso Hospital Municipal. Na reforma política, não descansarei um dia sequer enquanto não banir do ordenamento legal o famigerado “voto obrigatório” pois sempre acreditei que numa democracia consolidada o voto tem que ser facultativo. Quero o fim do foro privilegiado para deputados e senadores e quero eleições gerais unificadas nacionalmente, de quatro em quatro anos, fundamentais para a consolidação da democracia no Brasil. Figueira - Quais são, na sua opinião, os principais problemas da nossa região? Pedro Zacarias - O que penso não foge muito do senso comum e todos nós sabemos quais são esses problemas. A grande questão é saber o que precisa ser feito para resolvê-los. Como cantou o Beto Guedes: “A lição sabemos de cor só nos resta aprender”. Esse é o grande desafio. Não dá pra esquecer que a região infelizmente ostenta o título de uma das mais violentas do Brasil e hoje nossas crianças, adolescentes e jovens perdem a vida muito cedo por culpa da falta de investimentos do Governo de Minas, capitaneado por sucessivas gestões tucanas. Minas Gerais tem um reduzido efetivo policial e não há priorização desta questão na ordem do dia da cidade administrativa (ninho dos emplumados tucanos). A carência de investimentos públicos e privados capazes de induzir o desenvolvimento atraindo empresas de responsabilidade social e ambiental com geração de emprego e renda, outro grande problema, é resultado dos muitos anos de atraso político e abandono da região por parte do Governo Estadual. Sobra pra União cobrir essa lacuna e programas de habitação popular e apoio para o crédito produtivo vem minimizando esse impacto. Entretanto também reconheço que com a atual carga tributária não dá pra exigir muito do empresariado brasileiro. Precisamos mudar a forma como é tratada a questão da tributação no Brasil cobrando mais do capital especulativo e reduzindo a carga de impostos do capital produtivo. Na gestão da saúde da população é preciso inverter a ordem e ver a questão sob a ótica do cidadão, humanizando o atendimento. Hoje ao invés de investir na construção de mais Postos de Saúde ou Hospitais locais a grande maioria dos Prefeitos da região prefere comprar uma ambulância. “Joga” lá dentro os pacientes, interna aqui em Valadares e a gente é que se vire. Vou sempre defender o SUS e a universalização do atendimento, mas, algo precisa ser feito para que a carga não seja tão pesada para alguns. Figueira – A reeleição da presidenta Dilma, caso aconteça, vai facilitar o seu trabalho como deputado federal, ou isso independe, você também estaria preparado para atuar como oposição?

Vou fazer a defesa intransigente de educação de qualidade e apoiar os Municípios do Estado para cumprimento da meta do Plano Nacional de Educação para implantação de escolas públicas de educação infantil, ensino fundamental e ensino médio com matrículas em tempo integral.

Figueira – Na sua opinião, Governador Valadares é uma cidade bem representada na Câmara Federal, atualmente? O que você propõe exclusivamente para Governador Valadares? Pedro Zacarias - Simples, curto e grosso. Penso que Valadares não é bem representada na Câmara Federal já que essa missão coube apenas ao meu amigo Leonardo Monteiro. Ele continua gozando da minha mais elevada e distinta consideração, por isso quero estar ao seu lado na Câmara. Outros se dizem valadarenses e nessas épocas abraçam as criancinhas do Morro do Carapina, tomam banho no Rio Doce, bebem umas pingas no Bar do Fred e se deixam fotografar na Ibituruna, mas, de fato, não têm com a cidade o compromisso necessário. Claro que é muito importante que a cidade em que eu moro cresça e se fortaleça no cenário nacional, mas isso de nada valerá se o entorno permanecer pobre. Para Valadares quero a federalização do Hospital Municipal, a inclusão da cidade na área da SUDENE (fomentando o desenvolvimento), a duplicação da BR 381 e a ampliação da Ponte São Raimundo. Quero um mandato que possa auxiliar na implantação da política nacional do campo, trazendo para cá a “Escola Família Agrícola”, implantando o Programa Nacional de Habitação Rural, aumentando ainda o acesso dos trabalhadores e trabalhadoras rurais aos programas de crédito fundiário. Vou acompanhar a conclusão da nossa Universidade Federal, pois estive lá no lançamento da pedra fundamental e quero ser deputado federal e estar lá no dia em que a fita inaugural for desatada. Apesar disso é importante observar que a essência de tudo é reconhecer que um deputado federal é “Federal”, fala pelo País inteiro. Tem que pensar o Brasil como um todo e não apenas zelar pelo “seu umbigo”. No mais... “Saudações a quem tem coragem” e votem em mim.

Não descansarei um dia sequer enquanto não banir do ordenamento legal o famigerado “voto obrigatório” pois sempre acreditei que numa democracia consolidada o voto tem que ser facultativo.

BRAVA GENTE Arquivo Pessoal

Maestro prata da casa

Manoel Pereira da Silva, o garoto que se transformou em maestro da Banda Lira 30 de Janeiro

A Banda Lira 30 de Janeiro, agremiação musical que traz consigo as origens de Governador Valadares, que um dia se chamou Figueira, é comandada por um jovem maestro: Manoel Pereira da Silva. A música na sua vida é coisa que passou de pai para filho. Seu pai, Elói Pereira da Silva, o Beijinho, era tarolista. O grande sonho de Beijinho, de ver seu filho músico, tornou-se uma realidade que tem som, alma, e a magia da música. Quando era criança, Manoel tocava sax de harmonia, um modelo de saxofone, menor, tocado pelo aprendiz. Como toda criança que faz um ruído com a boca e o pai diz “já fala de tudo”, quando Manoel fazia um barulho qualquer no sax, Beijinho se orgulhava e dizia: “aí, já tá tocando”. O tempo passou e o menino que tocava o sax de harmonia evolui e hoje é o maestro Manoel,

professor de tantos outros garotos. E comemora o fato de a Lira 30 de Janeiro ter um grande número de jovens aptos a vestir o uniforme e tocar um instrumento. Só lamenta a falta de um número maior de instrumentos para atender a todos. Mas, ele contabiliza outros resultados positivos. Depois de um longo período de ostracismo, a Lira 30 de Janeiro foi inserida em 2010 no projeto “Ponto de Cultura”, do Ministério da Cultura. Neste projeto, a instituição busca a concretização de seus ideais em uma chance ramificar os seus trabalhos na região de Governador Valadares, levando a música à população de baixa renda, beneficiando aqueles jovens em situação de vulnerabilidade social, além de fortalecer a banda. A Lira 30 de Janeiro, patrimônio cultural de Governador Valadares, segue o seu caminho, com a música alegre e cheia de vida, regida por um maestro da terra, gente nossa, brava gente!


GERAL 10

FIGUEIRA - Fim de semana de 15 a 17 de agosto de 2014

UC/PT

D’outro lado do Atlântico José Peixe / De Lisboa

Educação: sinônimo de segurança e mais cidadania Aqui neste lado do Atlântico, no velho continente europeu, educação continua a ser sinônimo de segurança, cidadania e de um futuro mais promissor. Ou seja, os 28 estados que compõem a União Europeia, continuam a apostar forte na área educacional. A educação é sem dúvida um dos alicerces fundamentais para que haja mais segurança e cidadania. Ela também é encarada como o garante de um futuro melhor para as gerações vindouras. Mas não quero com isto dizer que o crime, a violência e a insegurança não existam na União Europeia. Antes pelo contrário. Nos últimos anos, a criminalidade violenta tem aumentado em alguns países europeus onde as taxas de desemprego são elevadas e a instabilidade social é uma realidade. Os índices de abandono no ensino superior também têm aumentado em alguns estados europeus. Uma sociedade onde o desemprego prolifere e a desigualdade social exista, fica mais vulnerável à criminalidade. É o que se está a passar em alguns países do Sul da Europa. Os chamados países mediterrânicos: Espanha, Portugal, Itália e Grécia. E é o que se passa no Brasil. Uma economia emergente. Confrontados com essa realidade, os governos procuram equipar as forças policiais com as últimas tecnologias de segurança, no que diz respeito a armamento ou outras soluções de modo a conseguirem amenizar a situação. O mesmo sucede no Brasil. Nestes quatro países a crise econômica e social que se viven-

Estudantes de Medicina na Universidade de Coimbra

cia, obriga os governos a apostar em ações de formação profissional e escolar remuneradas, de forma a estagnar a pequena criminalidade. Mesmo assim, nas periferias das grandes cidades os crimes acontecem com mais frequência. O que preocupa alguns especialistas em segurança. No Brasil e sobretudo em algumas cidades de Minas Gerais, a criminalidade aumenta todos os dias. Basta ouvir os noticiários. É por isso, que faz todo o sentido apostar forte da educação. Em todos os níveis, inclusive, o ensino universitário. Tenho a certeza, se o futuro governo do Brasil (eleito no próximo mês de outubro!) e os governos estaduais apostarem forte na Educação, certamente que a criminalidade vai diminuindo com o tempo. Repito, educação é sinônimo de mais e melhor segurança dos cidadãos. No Brasil ou em qualquer parte do planeta Terra. É evidente que esta aposta não funciona como uma poção mágica. Mas quando o poder político brasileiro optar por uma educação padrão FIFA, a tendência é para a criminalidade diminuir. Aqui deste lado do Atlântico há muito que se discute publicamente os problemas relacionados com a segurança dos cidadãos. Para nós europeus, democracia implica maior liberdade dos cidadãos e mais segurança. Quem nos dera que no Brasil possa acon-

Café com Leite Marcos Imbrizi / De São Paulo

Olha o trem E os novos carros de passageiros da Estrada de Ferro Vitória a Minas importados da Romênia já estão em operação. Desde a semana passada, quem viaja pela ferrovia pode experimentar a novidade, que agora oferece ar condicionado nas duas classes (executiva e econômica), poltronas mais confortáveis, TVs e tomadas elétricas, entre outras melhorias. Há ainda carro restaurante, lanchonete e um para cadeirantes. Vira-casaca Este é o nome da nota publicada dia destes pela Folha de S. Paulo, segundo a qual, o PSDB de Minas Gerais calcula que 22 prefeitos do PT apoiarão Pimenta da Veiga, o candidato do partido ao governo do Estado, abandonando o petista Fernando Pimentel. É Fantástico! “O jogo começou a ser jogado”. Com estas palavras um palestrante em evento da Fundação Perseu Abramo comentou reportagem do programa Fantástico no domingo retrasado sobre a crise no abastecimento de água em São Paulo. Ao invés de mostrar o real responsável pela crise, o governo do Estado que, conforme informamos aqui algumas colunas atrás, deixou de investir recursos públicos para a ampliação da capacidade de abastecimento, começou a reportagem mostrando a falta de água em Guarulhos, segunda maior cidade do Estado, administrada pelo PT. Em seguida, mostrou outros exemplos pelo interior do estado (cidades administradas pelo PDT e PSD), para finalmente retornar à Grande São Paulo e mostrar o problema do esgotamento do sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de água para

Canoagem

Fim de semana tem caiaques no Rio Doce Neste fim de semana, o rio Doce vai virar pista para a disputa da segunda etapa da Copa Brasil de Canoagem de Descida. A competição será realizada neste domingo (17). A concentração será às 8h, próximo ao Colégio Lourdinas, na Ilha dos Araújos. A largada será às 9h30, em frente à antiga AABB, com chegada no bairro São Tarcísio. Serão disputadas as categorias cadete, júnior, sênior e master. No sábado (16), os atletas farão treino de reconhecimento a partir das 14h. A iniciativa é da Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), Federação Mineira de Canoagem (FEMIC), Associação Valadarense de Canoagem (AVACA) e conta com apoio da Secretaria Municipal de Cultura, Esportes, Lazer e Juventude (SMCEL).

nove milhões de paulistas, como um problema da mudança climática. Em momento algum a reportagem responsabilizou o governo estadual. Não disse também que Guarulhos, por exemplo, enfrenta a escassez simplesmente por que é a Sabesp, empresa estadual de abastecimento de água, que deixou de fornecer parte do volume de água para o município. É a nossa velha mídia, começando o velho jogo de manipulação da opinião pública. Enquanto isto, nesta semana a imprensa informa que mais de dois milhões de paulistas já enfrentam o racionamento. Tucanistão E para quem se interessar sobre outros problemas enfrentados pelo Estado de São Paulo, depois de mais de 20 anos de governos tucanos, o artigo do professor Vladimir Safatle, na Folha de S. Paulo, é um resumo perfeito. Além da questão da água, o estado enfrenta problemas como a falta segurança e o caos no transporte público, entre outros. No link http://www1. folha.uol.com.br/colunas/vladimirsafatle/2014/08/1495783tucanistao.shtml pode-se ler o artigo “Tucanistão”. “O Menino no Espelho” Depois de entrar em cartaz nos cinemas de Minas Gerais, durante a Copa do Mundo, a nova produção do diretor mineiro Guilherme Fiúza, “O Menino no Espelho”, chega a São Paulo. Baseado na obra do escritor Fernando Sabino, o trabalho retrata a vida de menino Fernando, que, na Belo Horizonte da década de 1930, traz para a vida real sua imagem no espelho. Um belo filme para meninos de todas as idades. O trailer do filme está disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=349jAkUrm74&feature=youtu.be. Marcos Luiz Imbrizi é jornalista e historiador, mestre em Comunicação Social, ativista em favor de rádios livres.

tecer o mesmo nos próximos anos. Tenho esperança que um dia isso aconteça efetivamente. Um país que se deu ao luxo de organizar uma Copa do Mundo e onde a segurança funcionou na sua plenitude. Deve ser um país empenhado em apostar forte no sector educacional. Deve ser um país que termine com a desigualdade social que teima em prevalecer. Eu acredito nesse novo Brasil. Como escreveu o poeta Fernando Pessoa, “quando o Homem sonha e Deus quer, a obra nasce”. E esse Brasil vai nascer. Assente em novas gerações menos violentas e que exigem mais educação, maior segurança, repartição de renda.

Uma sociedade onde o desemprego prolifere e a desigualdade social exista, fica mais vulnerável à criminalidade. É o que se está a passar em alguns países do Sul da Europa. Os chamados países mediterrânicos: Espanha, Portugal, Itália e Grécia. E é o que se passa no Brasil. Uma economia emergente.

Um Brasil que soube acolher com carinho milhões de cidadãos estrangeiros e garantir a sua segurança é um país que tem todas as condições para se afirmar como uma potência mundial. Esse Brasil moderno, seguro e com uma sociedade mais civilizada, depende de uma pequena minoria de cidadãos políticos que, depois de eleitos, têm a tendência para esquecer os cidadãos que votaram neles e todas as promessas que fizeram durante a campanha política. Está a chegar o momento de a classe política brasileira ser menos corrupta e mais respeitadora dos dinheiros públicos. Os novos eleitores que vão às urnas pela primeira vez em outubro e os outros brasileiros mais jovens exigem isso. Porque as novas gerações de cidadãos brasileiros querem viver em paz, num Brasil mais civilizado e menos violento. Por isso mesmo, não se cansam de exigir o tal padrão FIFA para a educação, saúde e justiça. José Valentim Peixe é jornalista e doutor em Comunicação

Cotidiano Lucimar Lizandro

Eleições de outubro, uma disputa de classe Estamos a menos de dois meses do primeiro turno das eleições e a campanha segue em ritmo lento, com pouco ou nenhum interesse do eleitor pelo tema. O principal assunto do momento são as pesquisas de intenção de voto, com divulgação semanal. No dia 8 de agosto, o Ibope divulgou mais uma pesquisa sobre a eleição presidencial, praticamente, repetindo os mesmos números da última sondagem, com variações somente na margem de erro. Um dado interessante dessa pesquisa é a divisão de votos entre os dois principais concorrentes no recorte de renda, num hipotético segundo turno. Enquanto Dilma Rousseff ganha de 58% a 23% entre os que recebem até um salário mínimo e de 48% a 30% na faixa de renda entre um e dois salários mínimos, o candidato tucano ganha de 54% a 25% entre os que ganham acima de cinco salários mínimos. Na faixa entre dois e cinco salários mínimos há um empate em 39%. A confirmação desse quadro se dá nos apoios que cada candidato recebe. Enquanto Dilma Rousseff colhe o apoio das principais centrais sindicais, o candidato tucano tem o apoio irrestrito do setor rentista e do grande empresariado. Enquanto a campanha petista tem que se virar com parcos recursos financeiros, os tucanos recebem generosas doações. A má vontade do setor empresarial com a candidata governista seria fruto de uma gestão intervencionista, com reflexos diretos na lucratividade das empresas. Até a bolsa de valores reflete a disputa eleitoral, com as ações das empresas estatais caminhando em sentido oposto ao desempenho da candidata governista. O governo trabalhista, em seus doze anos de existência, parece ter criado uma forte identidade com os estratos sociais mais baixos, alvo preferencial de suas principais iniciativas, o que lhe garante um forte apoio político. A discussão sobre a concepção de Estado e o destino dos recursos públicos está no centro da atual disputa eleitoral. De um lado, trabalhadores e setores médios querem a continuidade e aprofundamento das políticas sociais e de uma política econômica voltada para o mercado interno. De outro lado, há um claro desejo do setor rentista e do grande empresariado em retomar o protagonismo sobre o papel do Estado e a aplicação dos recursos públicos. Portanto, é nesse contexto de forte disputa ideológica e classista que se dará a eleição de outubro próximo. O governo aposta no reconhecimento popular aos principais programas sociais, além de exibir a inflação dentro da meta e baixo desemprego; a oposição joga todas as fichas no discurso da corrupção endêmica da máquina federal e em erros na condução da política econômica. Com a palavra, o juiz supremo, o eleitor. Lucimar Lizandro Freitas é graduado em Administração de Empresas pela FAGV e especialista em Gestão Pública pela UFOP.


COTIDIANO 11

FIGUEIRA - Fim de semana de 15 a 17 de agosto de 2014 Fábio Moura

Avrah Kahdabra Paulo Vasconcelos

...Albuquerque

A pista do sopé da Ibituruna é uma das melhores do estado e deve receber grande número de ciclistas para a competeição no dia da Pátria

Ciclismo no dia da Pátria

Inscrições para a 3a Etapa da Copa Big Mais de Moutain Bike já estão abertas

Fábio Moura

Da Redação Se você é amante do ciclismo, prepare sua “magrela”, porque estão abertas até o dia 5 de setembro as inscrições para a 3ª etapa da Copa Big Mais de Mountain Bike. A prova de maratona será realizada no dia 7 de setembro, no Rancho Glória, BR-381, km 155, na saída para Ipatinga, a partir das 8h. Serão disputadas dezenove categorias, entre elas a de dupla mista. As etapas anteriores foram realizadas nos dias 27 de abril e 1º de junho, quando foram disputadas provas de cross country, realizada em estrada de chão, que possui um alto número de subidas e descidas. Serão concedidas medalhas do 1º ao 5º lugares em todas as categorias. Em algumas delas haverá premiação em dinheiro para os três primeiros colocados. A competição contará pontos para o ranking mineiro e brasileiro de mountain bike. Os interessados devem se inscrever pelo site www.bigmais. com.br/copa-mtb. A taxa é de R$ 70. Os competidores da categoria dupla mista terão de preencher duas fichas, embora só precisem pagar uma inscrição. Os competidores da categoria paradesportista são isentos do pagamento. A inscrição de menores de idade deverá ser feita pelo responsável legal. A Copa Big Mais de Mountain Bike é uma realização da Associação Ciclística Vale do Rio Doce, com o apoio da Prefeitura por meio da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte, Lazer e Juventude (SMCEL).

Ciclistas aprovaram o circuito e têm alcançado bons resultados

FEST ROCK 2014

Primeiro lote de passaporte está esgotado Os aficionados pelo rock and roll já estão garantindo os seus passaportes para participar do Fest Rock 2014. O primeiro lote com os ingressos esgotou em poucos dias. O segundo lote já está à venda, com valor promocional de 50 reais nos pontos de venda credenciados Nutricenter, Chilli Beans, Dona Cor e Branco Chique ou com os corretores de venda. Os organizadores sugerem a compra antecipada para evitar problemas de última hora e aproveitar um menor preço.

Ao sair do supermercado, Aquiles Esteves sentia um misto de desconfiança e curiosidade capazes desestabilizar o mais bem preparado filósofo comunista cristão científico. Passaram-se oito dias, com a amplitude de um infinito incalculável, até que ele decide telefonar para Zé Luiz e marcar um encontro para ouvir as histórias de sua terra natal, Albuquerque. Seu interesse aumentou muito com o passar dos dias, posto que, para um pesquisador de sua natureza conhecer o íntimo de outras culturas seria extremamente proveitoso. Zé Luiz concordou em encontrar-se com Aquiles. Primeiro porque conhecia a fama atribuída a Aquiles de ser um sujeito, que além de inteligente, não andava pelas ruas daquela localidade a espalhar o que ouvia dos amigos. Segundo, que nunca houvera falado a ninguém sobre as peculiaridades de sua terra. Sem contar que, Zé Luiz guardava certa admiração para com Aquiles, pois o achava muito familiar. Ficou resolvido então que na casa de Zé Luiz poderiam ficar mais à vontade e ainda, experimentar da “comidinha caseira” que sua esposa prepara com habilidade e carinho. Sem atrasos, Aquiles chega à casa de Zé Luiz interpelando sobre aquela história de que a cada dia da semana Albuquerque se rendia a um Governo diferente, mas é surpreendido pela explicação que, antes de qualquer coisa, ele precisava sentar-se para ouvir como é Albuquerque e depois conhecer como vivem por lá. Ambos sentados, Zé Luiz puxa o fôlego, olha para cima e depois para a janela como se buscasse a maneira correta de começar a falar. — Pois bem, amigo. Albuquerque é um lugar cujos horizontes são curtos, não por falta de oportunidades, o maravilhoso é que fica num vale encantador, rodeado de montanhas. As águas que descem do norte correm para leste, onde encontram passagem em fendas que sugerem ter sido feitas à mão, e as que descem do sul, a oeste vão descambar em corredeiras para tomar seu destino natural. — Albuquerque é um divisor de águas que mata a sede para além de seus moradores. — Albuquerque é uma cidade próspera? — Pergunta Aquiles imaginando as belas paisagens. — As ruas são pequenas e estreitas, pois, não caberiam avenidas naquele vale. Também não são asfaltadas, mas carros, lá não há. — Depois de uma pequena pausa reflexiva, — como é próspera! — e continua. — Os filhos de Albuquerque nunca passam dos dez anos, podem estar com trinta, sessenta ou noventa. Os pais só contam a idade até dez. Depois guardam na memória. Para os demais moradores, quando somos crianças somos todos mencionados como “as crianças do fulano”, e fala-se o nome do pai ou da mãe, quando crescemos e temos filhos, continuam referindo-se a nós como “as crianças do fulano”, porém, aos nossos filhos referem-se “as crianças do fulano”, aí sim, falando nosso nome. Então, para os vizinhos sempre somos crianças, mesmo se já somos pais. — Ainda diz, — ninguém sabe de onde ou quando surgiu esse costume, mas funciona, mais ou menos, um pacto de dedicação aos que são considerados como o maior bem alheio. — Bebe um pouco d’água. — Os filhos. Com o olhar fixo e brilhante de uma estátua de cera, Aquiles Esteves quebra o silêncio e comenta: — É estranho, mas, acho que já li isso em algum lugar. — E continua. — Possivelmente, vi em um desses noticiários que visitam comunidades alternativas na intenção de promover o turismo local, financiados pelos hotéis. — Não! — Zé Luiz sorri largamente e emenda — em Albuquerque, hotel é um estabelecimento comercial que não existe. — Conte-me por que — Adianta-se Aquiles Esteves e, vagarosamente é respondido por Zé Luiz: — Fique calmo, caro amigo, ainda tenho muito a lhe contar, agora quero que venha comigo conhecer minha esposa. Paulo Gutemberg Vasconcelos é educador social e preside o Conselho Municipal de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos.

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ESPORTES Não dá para ganhar sempre. A carreira dos melhores treinadores e dos maiores craques é feita de empolgantes vitórias, mas também de fragorosas derrotas. Não há Pelé que não tenha sido eliminado – na única vez em toda a história da seleção brasileira – na fase de grupos de uma Copa do Mundo. Talvez seja por isso que Felipão tem afirmado, repetidamente, que uma derrota não pode jogar por terra o seu trabalho e a sua história. Na entrevista coletiva de reapresentação ao Grêmio, ele voltou a lembrar os dezenove títulos que reluzem em seu portfolio. Felipão não está errado, mas o raciocínio esconde pelo menos duas verdades. Primeira: ele não conquista um título de ponta lá se vão doze anos – o último foi o pentacampeonato brasileiro na Copa do Mundo disputada na Ásia. Segunda: de lá pra cá, alguns dos fracassos, mesmo nesse esporte que consagra o imponderável, são imperdoáveis. Além disso, o técnico que fez fama e fortuna pela capacidade de montar times com sólidos sistemas defensivos, parece ele mesmo ter perdido a pegada, colecionando em seus dois últimos trabalhos o que devem ter sido as maiores goleadas de sua carreira: os seis a zero do Palmeiras para o Coritiba, em 2011, e a vergonha recente.

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FIGUEIRA - Fim de semana de 15 a 17 de agosto de 2014

QUESTÕES DO FUTEBOL - JORGE MURTINHO

O passado rondando o futebol brasileiro feito alma penada Lucas Uebel/Grêmio

Não acho que o retorno de Felipão ao Grêmio vá fazer o time naufragar, mesmo porque nosso futebol anda de dar dó, mas é provável que também não o leve muito longe. E como dizem que quem apanha nunca esquece, vamos sempre lembrar: quando iniciaram sua revolução futebolística, no início do século, os alemães não estavam preocupados em ganhar Copas do Mundo: o que eles queriam era melhorar o futebol. Talvez tenha sido por isso que ganharam.

Há diferenças. Os seis a zero que o Palmeiras levou indicam um dia especialmente infeliz de um time que era bem ruinzinho, enquanto os sete a um mostraram atraso e teimosia. Mas o que faz de Felipão um treinador ultrapassado não são os últimos maus resultados; eles apenas refletem o jeito arcaico com que Scolari escala seus times e os põe para jogar. E isso não tem nada a ver com idade ou tempo de profissão. Na temporada 2012/2013, o Bayern de Munique venceu o Campeonato Alemão, a Copa da Alemanha e a Champions League, e o técnico do time nessas competições, Jupp Heynckes, tinha 68 anos. A questão é que Felipão não vê necessidade de se atualizar. Numa análise apressada, pode-se dizer que o Grêmio não tem muito a perder com a surpreendente decisão de resgatar o náufrago: as cobranças e exigências feitas a um treinador de clube, mesmo sendo um dos grandes do futebol brasileiro, serão sempre menores do que as que perseguem o técnico da nossa seleção. No comando do Grêmio, Felipão foi campeão gaúcho – ainda no tempo em que os campeonatos regionais eram levados a sério –, ganhou Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e Libertadores. É compreensível que os sentimentos da torcida gremista por ele sejam de admiração e reconhecimento, mas o retorno de Felipão ao Grêmio é emblemático de um futebol que insiste em viver do passado.

ro, Flamengo, Grêmio, Internacional e São Paulo – têm agora o mesmo treinador que tinham há dezenove anos.

Infelizmente, muitos de nós, brasileiros, deixamos de pensar assim. Não estou falando de futebol-arte, futebol-moleque, futebol-ousadia, não importa o nome que se queira dar. Estou falando de futebol bem jogado, aquele que faz a gente ter vontade de acompanhar um time mesmo que não seja o nosso – mais ou menos como vem acontecendo com o Cruzeiro e o que explica, em parte, a crescente audiência dos canais de tevê fechada que transmitem os melhores campeonatos europeus.

Há bem pouco tempo, Deco, Seedorf e Juninho Pernambucano eram, mesmo na última temporada de suas carreiras, destaques do Campeonato Brasileiro. Não são poucos os comentaristas que ainda pedem Luís Fabiano em nossa seleção. E por aí vai. Na última semana, as páginas esportivas de jornais e sites publicavam que cinco dos nossos clubes – Atlético Minei-

Não são poucos os comentaristas que ainda pedem Luís Fabiano em nossa seleção. E por aí vai. Na última semana, as páginas esportivas de jornais e sites publicavam que cinco dos nossos clubes – Atlético Mineiro, Flamengo, Grêmio, Internacional e São Paulo – têm agora o mesmo treinador que tinham há dezenove anos.

Desde as derrotas para Alemanha e Holanda até sua apresentação ao Grêmio, Luiz Felipe Scolari tem batido na tecla das glórias obtidas, mas dá a impressão de querer enterrá-las. A saber: fez sucesso em sua primeira passagem pelo Palmeiras, mas foi embora em 2012 deixando o time com o rebaixamento encaminhado de forma irreversível. Dirigiu o Brasil na conquista do penta, mas saiu agora como o principal responsável pelo maior vexame de uma grande seleção em toda a história do futebol – e, muito mais do que pelo título, é por isso que será lembrado. Parece que Felipão vem dedicando todos os esforços para tornar seu bem-sucedido passado menos importante do que esse presente repleto de fiascos. Está conseguindo, e o Grêmio que abra o olho.

Jorge Murtinho é redator de agência de propaganda e, na própria definição, faz bloguismo. Nessa arte, foi encontrado pela Revista piauí, que adotou o seu blog e autoriza a sua contribuição a este Figueira.

Canto do Galo

Toca da Raposa

Rumo ao Grupo de Elite - G4

Cuidado com as manobras

Rosalva Luciano

Marcou, marcou, marcou, marcou, marcouuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu, Golllllllll e o Galo canta alto no Horto. Grito forte dado por um radialista ao final do 1º tempo. A insistência no ataque desta vez deu certo, foi produtiva e o resultado não seria outro: a bola acariciou a rede. Tardelliiiiiii ajeita-se para uma pintura de chute certeiro, vai figurar entre os mais belos da rodada desta semana. Gol de Placa! Além do gol feito, Tardelli foi o jogador que mais incomodou a defesa alviverde, ele como sempre voa nos gramados, faz de tudo. É o nosso comandante. O torcedor atleticano estigmatizado como sofredor e parceiro do time em lances inusitados poderia ter tido uma tarde mais tranquila no Independência, mas o árbitro não deixou. Um pênalti que até o pai do jogador palmeirense daria sem duvidar de nada passou como uma brisa leve, nem foi notado. Assim, ficamos uma boa parte do segundo tempo com o placar igual. Uma grande injustiça era mostrada em números. Vai pra cima deles Galoooo, vaiii, mas vai com eficiência, vai sabendo que na garganta tem gritos guardados, por várias vezes despediçados. Jô, goleador das Américas, está há 11 partidas sem sair para o abraço dos companheiros. Problemas? Todos temos e quando eles nos tiram a capacidade de trabalho temos que dar uma parada técnica, pensar e repensar o que se pode fazer para voltar a ser feliz e fazer feliz uma massa alvinegra que ama o nosso camisa 7. Confio de verdade que teremos você de volta vibrando no alambrado. Simplesmente, espetacular! Tudo que este “Menino Grande Homem” desenha quando entra em campo, a estrela amarela que trazemos acima do nosso escudo brilha mais no coração dele. Luan, atencioso, observador, estudioso dos de-

talhes, de repente sai do banco e aparece pela direita e cruza sabendo o que encontraria o Dátalo prontinho para a bola que sobra e o placar muda para 2, passa para a vitória merecida, coroando a luta. Jogo movimentado, dinâmico e convicente. Fim de jogo no Horto. Atlético 2 x 1 Palmeiras, por enquanto estamos no 6º lugar, mas com boas perspectivas de chegarmos ao G4. Não seria bacana deixar de citar a competência e regularidade do Marcos Rocha. Tem sido a peça fundamental do nosso time. Para ele, a lateralidade não faz muita diferença, esquerda ou direita não passa por escolha, é bom nas duas. Na minha avaliação, não existe páreo para ele no Campeonato Brasileiro. Ele praticamente não erra, não vacila, escolhe o passe para o companheiro certo. Já vislumbro a Seleção Brasileira mais uma vez no seu currículo. Seleção batendo à sua porta. Dunga já deve saber dele. Um domingo em que a alegria anda por milhões de corações de pais e principalmente pais coloridos com o preto e branco da paixão. Comemoro mais ainda aqueles que com muito amor e competência transfundem seu sangue de raça, de luta e de amor incondicional aos seus filhos: Pais Atleticanos. Nas arquibancadas dos estádios é visível a alegria de crianças que já nascem Galo. Parabéns, papais pelas cores que vestem, pelo escudo que amam, pelos filhos e filhas que seguem o seu caminho também no futebol.

Rosalva Campos Luciano é professora e, acima de tudo, apaixonadamente atleticana.

Hadson Santiago

Saudações celestes, leitores do Figueira! Jaílson Macedo Freitas é o nome do árbitro baiano que prejudicou o Cruzeiro na partida contra o Criciúma, em Santa Catarina, no empate por 0x0. O apitador de latinha anulou dois gols legítimos da equipe mineira, além de cometer outros erros grosseiros contra a equipe celeste. No último lance do jogo, por exemplo, houve uma falta a favor do Cruzeiro e ele, em vez de permitir a cobrança, encerrou a peleja. Tudo bem que o Cruzeiro não jogou aquele futebol brilhante, mas a anulação dos gols foi uma covardia sem precedentes. Algo execrável mesmo. Será que o árbitro e seus auxiliares são apenas ruins ou há algo mais? Talvez forças ocultas, como diria Jânio Quadros, não querem que o título brasileiro permaneça em Minas Gerais. Está na hora do Marcelo Oliveira fazer alterações na equipe e aproveitar o bom elenco que tem nas mãos. As duas próximas partidas no Mineirão, contra Santos e Grêmio, serão decisivas para as pretensões celestes. O Cruzeiro continua na liderança, mas a vantagem para o segundo colocado é de apenas 2 pontos. A equipe necessita recuperar o bom futebol e voltar a vencer bem, contra tudo e contra todos. Todo cuidado é pouco contra as manobras e desonestidades fora das quatro linhas. Volto a dizer, há muitos interesses em jogo. Aqueles que mandam e desmandam no futebol brasileiro querem ver um time do maldito eixo Rio-São Paulo ganhar o campeonato. A CBF, a Rede Globo e os patrocinadores do Campeonato Brasileiro acham que apenas cariocas e

paulistas são bons consumidores para seus produtos. É um absurdo, por exemplo, ligar a televisão no domingo à tarde e perceber que a TV aberta está transmitindo Chapecoense x Flamengo ou Atlético-PR x Botafogo, como aconteceu nos dois últimos domingos. Para nós, mineiros, esses jogos não têm a menor importância. Além disso, foram partidas de péssimo nível técnico, daquelas que dão “calo na vista”, como diriam os antigos. Verdadeiras peladas! E, agora, a Rede Globo volta com aquela conversa fiada sobre a modificação da fórmula de disputa do Campeonato Brasileiro. Querem o retorno dos playoffs (“mata-mata”) para dar mais emoção, digo, audiência à competição. É o fim da picada! Campeonato é aquela competição em que uma equipe joga duas vezes contra os todos os adversários, uma vez como mandante e outra como visitante. É campeão aquele time mais regular, mais bem estruturado, com o melhor plantel, com o melhor planejamento e com jogadores, comissão técnica e diretoria imbuídos de um mesmo propósito. No campeonato, vence o melhor. Em competições de “matamata” nem sempre isso acontece. Custamos a ter um campeonato por pontos corridos e agora querem retroceder. Se isso acontecer, jogo a toalha e não acompanho mais a competição nacional. Pare o mundo que eu quero descer! Hadson Santiago Farias é cruzeirense e defensor na lisura do futebol brasileiro


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