Vaquejada - A Tradição da Pega de Boi / Serrita-PE

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Rota dos Sertões

Vaquejada - A Tradição da Pega de Boi

VAQUEJADA A Tradição da Pega de Boi Serrita - PE

Fotografia e Pesquisa

Eraldo Peres

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Vaquejada - A Tradição da Pega de Boi

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A Tradição da Pega de Boi Eraldo Peres

Setembro 6, 2015 SERRITA/PE. O dia amanhece com um colorido diferente no Sitio Lages, na cidade de Serrita, no sertão pernambucano. As cores amarronzadas dos gibãos de couro se misturam com os galhos secos da caatinga, pintando o cenário para a realização de mais uma pega de boi de porteira. Aos poucos vão surgindo no meio da mata os vaqueiros com suas vestes de trabalho, seus cavalos imponentes e seus cantos de aboio. O curral começa a receber as centenas de gados destinados a fazer trilha na caatinga, em uma sequência de movimentos e galopes dos seus perseguidores, um jogo que lembra ao mesmo tempo um bailado e uma perseguição feroz pelo prêmio pretendido, o colar de couro que é levado no pescoço pelo gado solto do curral. Vaqueiros e público vão aos poucos ocupando as cercas dos currais e as arquibancadas improvisadas para, como nos antigos coliseus, lançarem seus olhares e torcidas hora pela sagacidade do boi em fuga, hora pelas habilidades dos vaqueiros destemidos a enfrentar os espinhos da caatinga a cortar suas faces em busca do animal fujão. Após um breve silencio surge a vós de Nenem de Duqueira, característico locutor de pega, com sotaques próprios da vida sertaneja e sentado sobre uma torre montada na entrada principal do curral, chama a atenção de todos e anuncia o inicio da peleja entre o homem e o gado, ”que vença o mais rápido”. E logo, numa mistura de canto e lamento, vêm as primeiras 4

chamadas para a competição que inicia “Bora, bora, bora, soltou o boi ...” . O vaqueiro João de Cazuza, 56 anos, vestido com o seu tradicional Gibão e pronto para participar das corridas de pega lembra que “quando criança acompanhava meu pai e meu avô que levavam o gado pros lados do sertão do estado do Ceará, eram

mais de quatro dias de viagem, tocando a boiada no meio da mata”. Com tom de orgulho, Seu Cazuza, como é conhecido entre os vaqueiros fala: “A primeira vez que vesti o Gibão eu tinha 15 anos, foi como um troféu para mim. A partir daquele momento senti que já era um vaqueiro, a noite quase não dormi de tanto nervoso”. Tradição secular do nordeste

Vaqueiro João de Cazuza, 56 anos, veste o tradicional Gibão de couro (terno de couro), para participar das corridas de Pega de Boi.


brasileiro, a vaquejada se impõe como resistência da vida sertaneja, mantendo crianças, jovens e adultos reunidos em torno do seu cotidiano e das suas histórias. Personagem tradicional da cultura nordestina, o vaqueiro, mestiço do colonizador branco com o índio nativo, surge no Brasil no fim do Sec. XVI, durante os ciclos de expansão da criação de gado nos sertões do Nordeste. A Pega de Boi é a forma tradicional de aparte do gado na Caatinga, vegetação típica do sertão nordestino. Hoje, faz parte dos circuitos de vaquejadas, tornandose também uma atividade recreativa e competitiva, com característica de esporte, onde a dupla de vaqueiros se lançam no mato para pegar o boi solto. O gado deve ser perseguido e derrubado pela cauda, para que seja retirado seu colar de couro com o número que o identifica e entregue aos juízes para que o tempo seja cronometrado. Vence a dupla que realizar a pega em menor tempo. Sentado sobre a cerca do curral,

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Tenho orgulho de ser vaqueiro

Deda Vaqueiro, 54 anos, e seu filho Thiago, 19 anos, conversam sobre o trabalho com o gado. Seu Deda lembra: “A vida de vaqueiro não é fácil, é de muito trabalho, muita luta. Não pude estudar, tudo era mais difícil no meu tempo. Hoje é mais fácil, mas quem gosta do trabalho com o gado acaba deixando os estudos e seguindo a profissão”. Seu filho Thiago, que participa das corridas de pega de boi, já tomou sua decisão na vida: “Cresci ouvindo as historias de vaqueiro do meu pai e dos meus tios. Sempre sonhei em vestir o gibão de couro e poder correr nas pegas de boi, tenho orgulho de ser vaqueiro”. E completa, “prefiro a vida do curral, do trabalho com o gado, é melhor do que estar na

cidade sem ter o que fazer”. Ao redor do curral, juntam-se jovens e velhos, homens e mulheres, para contar suas façanhas e histórias sobre as aventuras das vaquejadas. São velhos vaqueiros que forjaram suas vidas em torno do trabalho do gado, dos currais e da vida na secura dos galhos da caatinga. O dia vai terminando e o pôrdo-sol colorindo o céu. Grupos de vaqueiros vão deixando o Sitio Lajes, com orgulho de terem mantido a sua tradição e participado de mais uma corrida de pega de boi. Com suas vestes de couro e o tradicional chapéu se despedem do eterno companheiro, o boi, que agora pasta solto na mata para no dia seguinte voltar aos currais. Esta viagem fez parte da expedição de documentação fotográfica e pesquisa das manifestações culturais - Rota dos Sertões - Projeto Filhos da Terra.

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Serrita, terra de Raimundo Jacó Ana Fernandes Janeiro, 7 2015

O município de Serrita está localizado no sertão do estado de Pernambuco. Surgiu da ocupação das margens do Riacho Traíras por retirantes das secas da região do Cariri (Ceará), durante o século XIX. O povoado teve início a partir da ocupação de Miguel Torquato de Bulhões, à margem do referido riacho, onde ergueu uma capelinha, na qual o vigário do município de Salgueiro vinha celebrar a missa. Em setembro de 1928, Serrinha, como era chamado o povoado, foi elevada à categoria de município. Cinco anos depois, o município foi extinto e retornou à categoria de distrito de Salgueiro. Em 1934 retorna à condição de município e em 1943 passa a chamar-se Serrita. Terra onde a economia se

desenvolveu pela criação de gado, Serrita é culturalmente conhecida por seus vaqueiros e vaquejadas. E pela tradicional Missa do Vaqueiro, realizada há quase meio século, em homenagem ao vaqueiro Raimundo Jacó. Jacó era habilidoso na arte de aboiar. Reza a lenda que seu canto atraía o gado. Mas atraía também a inveja de seus colegas de profissão, fato atribuído a sua morte em 1970. O fiel companheiro do vaqueiro na aboiada, um cachorro, velou o corpo do dono dia e noite, até morrer de fome e sede. A história de coragem se transformou num mito do Sertão e após o trágico fim, sua vida foi imortalizada pelo canto de Luiz Gonzaga. O Rei do Baião, que era primo de Jacó, transformou “A Morte do Vaqueiro” numa das mais conhecidas e emocionantes canções brasileiras, num hino de louvor para os vaqueiros nordestinos. Em 1971, por iniciativa do Padre João Câncio dos Santos, apoiado por Luiz Gonzaga e pelo poeta Pedro Bandeira, famoso repentista do Cariri, realizou-se a primeira Missa no Sítio Lajes, em Serrita, onde o corpo de Jacó foi encontrado. Pe.

João Câncio ficou conhecido por pregar a palavra de Deus aos sertanejos vestido de Gibão e por sua luta contra a pobreza e as injustiças no sertão. De acordo com a tradição, o início da celebração é dado com uma procissão de mil vaqueiros a cavalo, que levam, em honras a Raimundo Jacó, oferendas como chapéu de couro, chicotes e berrantes - ao altar de pedra rústica em formato de ferradura. A missa, uma verdadeira romaria de renovação da fé, acontece sempre ao ar livre e se assemelha bastante aos rituais católicos, porém contando com toques especiais que caracterizam o evento: no lugar da hóstia, os vaqueiros comungam com farinha de mandioca, rapadura e queijo, todos montados a cavalo. Em 1973, Raimundo Jacó foi esculpido por Jota Mildes, artista de Petrolina(PE). A obra foi encomendada pela Prefeitura de Serrita em homenagem a todos os vaqueiros. Em 1974, foi construído o Parque Nacional do Vaqueiro e em outubro do mesmo ano, foi criada a Associação dos Vaqueiros do Alto Sertão. A Missa do Vaqueiro atualmente atrai Turistas do mundo inteiro durante o mês de julho e apontada no Calendário de Turismo, como o 2º maior Evento Turístico de estado de Pernambuco.

Fonte de pesquisa:

Escultura de Raimundo Jacó. Foto: Portal Araripina em foco.

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• http://www.portalserrita.com.br • http://www.portalserrita.com.br/noticias/serrita/54919 • https://pt.wikipedia.org/wiki/Serrita • https://pt.wikipedia.org/wiki/Raimundo_Jac%C3%B3


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Cultura Sertaneja Segundo Darcy Ribeiro (1995), a cultura sertaneja se forma para além da faixa nordestina das terras frescas e férteis do massapé, com rica cobertura florestal, onde se implantaram os engenhos de açúcar. Começam pela orla descontínua ainda úmida do agreste e prosseguem com as enormes extensões semi-áridas das caatingas, e por fim nos cerrados. Nesse avanço pelas terras pastoris, desenvolveu-se uma economia associada originalmente à produção açucareira como fornecedora de carne, couros e de bois de serviço.

O pastoreio incorporou uma parcela ponderável da população nacional, cobrindo e ocupando áreas territoriais mais extensas que qualquer outra atividade produtiva. Formou-se também um tipo particular de população com uma subcultura própria, a sertaneja, marcada por traços característicos no modo de vida, na organização da família, na estruturação do poder, na vestimenta típica, nos folguedos estacionais, na dieta, na culinária, na visão de mundo e numa religiosidade propensa ao messianismo. Apesar das enormes distâncias entre os núcleos

humanos desses currais dispersos pelo sertão deserto, certas formas de sociabilidade se foram desenvolvendo entre os moradores dos currais da mesma ribeira. A necessidade de recuperar e apartar o gado alçado nos campos ensejava formas de cooperação como as vaquejadas, que se tornaram prélios de habilidade entre os vaqueiros, acabando, às vezes, por se transformar em festas regionais. Fonte de pesquisa: • O Povo Brasileiro - A formação e o sentido do Brasil, de Darcy Ribeiro. (2001, p.339-363)

Deda Vaqueiro, 54 anos (direita) e seu filho Thiago, 19 anos, conversam sentados na cerca do curral do Sitio Laje, antes do início das corridas de Pega de Boi, no sertão do estado de Pernambuco, na cidade de Serrita.

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Vaqueiro João do Dito, 66 anos.

Vaqueiro Leo André, 18 anos.

“No curso desse movimento de expansão, todo o sertão foi sendo ocupado e cortado por estradas abertas pela batida das boiadas. Estas marchavam de pouso em pouso, assentados todos eles nos locais de água permanente e de boa pastagem, capaz de propiciar a recuperação do rebanho. Muitos desses pousos se transformariam em vilas e cidades... Mais tarde, as terras mais pobres dos carrascais, onde o gado não podia crescer, foram dedicadas à criação de bodes, cujos couros encontraram amplo mercado. [...] Com o gado e com os bodes crescia a vaqueirada, multiplicando-se à toa pelas fazendas, incapaz de absorver lucrativamente a tanta gente nas lides pastoris, pouco exigente de mão de obra. Assim é que os currais se fizeram criatórios de gado, de bode e de gente: os bois para vender, os bodes para consumir, os homens para emigrar.” (Darcy Ribeiro, 2001, p. 345)

Sábado, 24 de Julho de 2015. Vaqueiros chegam ao Curral do Sitio Laje para competirem nas corridas de Pega de Boi, no sertão do estado de Pernambuco, na cidade de Serrita.

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Vaqueiro João de Cazuza, 56 anos.

Vaqueiro Milton Romão, 23 anos.

“Vaqueiro. Pastor de gado, guarda das vacas; figura central do ciclo pastoril. Sua atividade determina-lhe o individualismo arrogante, a autonomia moral, a decisão nos atos e atitudes. [...] Na Criação do gado, a lida unificou os homens ricos e pobres. Os donos e os escravos na mesma linha tenaz de coragem e de batalha. [...] Ser vaqueiro é ser destemido, corajoso; é ser perseverante, ter paciência e sabedoria. É sua função buscar o gado e encaminhá-lo ao seu destino. O vaqueiro dá nome ao boi, sabe como tratá-lo e até conversar com ele. O vaqueiro tem duas marcas características: o aboio (canto entoado pelos vaqueiros enquanto conduzem o gado) e a vestimenta; desde a ilha de Marajó até o sul do país, elas o identificam. Em alguns lugares é o vaqueiro; em outros o boiadeiro, mas é sempre o homem que “toma conta do boi”, ao lado de seus grandes amigos, o cavalo e o cão.” (Luís da Câmara Cascudo, 2001, p. 718)

Sábado, 24 de Julho de 2015. Vaqueiros chegam ao Curral do Sitio Laje para competirem nas corridas de Pega de Boi, no sertão do estado de Pernambuco, na cidade de Serrita.

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A Vaquejada no Brasil 11


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No passado, a vaquejada constituiu a “festa mais tradicional no ciclo do gado nordestino”, segundo Luís da Câmara Cascudo. Hoje, é folguedo popular dos mais atraentes do nordeste oriental brasidleiro, realizado geralmente no fim do inverno. No Brasil, surgiu como uma espécie de mutirão dos vaqueiros. Ajuda e diversão ao mesmo tempo, congregando vaqueiros das ribeiras vizinhas, tornandose, com o tempo, diversão típica dos sertanejos. Sobre a mucica, derrubada do gado, há escritores que afirmam ser de origem espanhola, por causa da derrubada pela cauda praticada pelos iberos. Porém, Alceu Maynard defende uma origem brasileira, uma vez que o povoamento nordestino não foi feito por espanhóis e o lidador do gado, o vaqueiro, é mestiço, é caboclo: filho de índio e português. É bem provável que tenha surgido pela ausência do laço ou das boleadeiras. Dando uma puxada no rabo da rês, esta se desequilibrava e caía no solo, deu-lhe então esse meio, essa técnica de captura. A mucica é o estilo que a vaquejada consagrou. Folclore Câmara Cascudo (2001) descreve a vaquejada como uma reunião do gado, nos fins do 12

inverno, para beneficiamento, castração, ferra, tratamento de feridas, etc. Outrora, o gado do Nordeste era criado, como no Sul, em campos e pastagens individuais. A reunião anunciava

“A vaquejada, belíssimo espetáculo de precisão, agilidade, habilidade e arrojo, é diversão típica do Nordeste oriental, da zona que o curral conquistou para a civilização brasileira. Integra programa de festas, festanças, festarias e até festejos cívicos.” Alceu Maynard

a divisão, entrega das reses aos seus proprietários, a apartação. Uma certa parte do gado era guardada ou reservada para a derrubada, a vaquejada propriamente dita, o folguedo de derrubar o animal, puxando-o bruscamente pela cauda, o vaqueiro a cavalo. Correm sempre dois cavaleiros, Fonte de pesquisa:

e o colocado à esquerda é o esteira, para conservar o animal em determinada direção. Emparelhado o cavaleiro com o novilho, touro, boi ou vaca, aproximado o cavalo, o vaqueiro segura a cauda do animal dando um forte puxão e, no mesmo instante, afastando o cavalo. É a mucica ou a saiada. Os participantes competem em dupla. A vaquejada é festa popularíssima no sertão e reúne grande número de curiosos. Algumas atraem vaqueiros famosos que vêm de longe, com os seus cavalos citados na tradição oral. Fora da exibição da vaquejada, o vaqueiro derruba o animal para poder enchocalhá-lo e trazê-lo para o curral. Há, às vezes, lances dramáticos nessas derrubadas o “fechado”, caatingas ou carrascais, sem testemunhas e sem aplausos. A primeira citação da vaquejada é de 1874, de José de Alencar, ao Nosso Cancioneiro: “Espera-o, porém, de pé firme o vaqueiro, que tem por arma unicamente a sua vara de ferrão, delgada haste coroada de uma pua de ferro. Com esta simples defesa, topa ele o touro no meio da testa e esbarra-lhe a furiosa carreira...”. Ainda nos últimos anos do século XIX, J. M. Cardoso de Oliveira (Dois Metros e Cinco, Briguiet, Rio de Janeiro, 1936) descreve uma derrubada no sertão da Bahia, segurando o vaqueiro o touro pelo chifre. Em 1987, Euclides da Cunha registra a derrubada da cauda em Os Sertões.

• Folclore Nacional II - Danças, recreação e música, de Alceu Maynard. Coleção Raízes. (2004, p. 346-349) • Dicionário do Folclore Brasileiro, de Luís da Câmara Cascudo. (2001)


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Sábado, 24 de Julho de 2015. Vaqueiros perseguem o boi solto no mato, durante competição em corrida de Pega de Boi, no Sitio Lajes.

Sábado, 24 de Julho de 2015. Vaqueiros perseguem o boi solto no mato, durante competição em corrida de Pega de Boi, no Sitio Lajes.

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Referências Por volta de 1974, durante o costumeiro show realizado por Gonzaga um dia antes da Missa do Vaqueiro, o sanfoneiro pediu ao amigo Janduhy Finizola, que criasse uma música especialmente para a missa. Nem um pouco intimidado, Janduhy declarou que não faria uma, mas sim todas as músicas. E com o acompanhamento de Gonzaga, as nove canções, que ficaram conhecidas como Rezas de Sol, ficaram prontas em apenas seis meses. Todas seguindo a estruturas dos ritos da igreja, tendo sempre como protagonistas o vaqueiro e a religião. Das nove canções, apenas três foram gravadas por Gonzaga. Mas, em 1976 todas as Rezas de Sol foram gravadas, com a liberação do Rei do Baião e Janduhy, pelo grupo Quinteto Violado, e são tocadas até hoje seguindo a mesma ordem: - “Toada de Gado”, de Vavá Machado e Arlindo Marcolino e usada até hoje na abertura da missa; - “Morte do Vaqueiro”, de Barbalho e Gonzaga. - As Rezas de Sol, formadas por: “Jesus Sertanejo” “Kirie Eleison” “Glória”, “O Credo” “Ofertório” “Sanctus Sanctus” “Pai Nosso” “Comunhão” “Canto de Despedida”

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o Vaqueiro A Morte d aga) (Luiz Gonz

nha e bem tristo Numa tard sem parar Gado muge o seu vaqueir o d n ta en m La mais aboiar Que não vem ais aboiar Não vem m a cantar Tão dolente ngo, o, tengo, le g n le o, g en T tengo tengo, lengo, Ei, gado, oi o ro nordestin Bom vaquei o deixar tostã em s e r or M é esquecido O seu nome tão adas do ser Nas quebr ouvirão Nunca mais meu irmão Seu cantar, ngo, o, tengo, le Tengo, leng tengo tengo, lengo, Ei, gado, oi uma cova Sacudido n do Senhor Desprezado ro o do cachor Só lembrad

ora Que inda ch Sua dor nta dor É demais ta m amor A chorar co ngo, o, tengo, le Tengo, leng tengo tengo, lengo, ngo, o, tengo, le g n le o, g en T tengo tengo, lengo, Ei, gado, oi E... Ei...

O Sertão em melodias • Luiz Gonzaga / https://letras.mus.br/luiz-gonzaga/ • Janduhy Finizola / http://cliquemusic.uol.com.br/fonogramas/ pesquisaporautor/autor:16174/nome:Janduhy%20Finizola• Quinteto Violado / http://www.forroemvinil.com/quinteto-violado-amissa-do-vaqueiro/ • Coral de Aboio / http://www.suamusica.com.br/EdgardeCedro/ cd-coral-aboios • Xangai / https://letras.mus.br/xangai/


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As rimas de aboio, o cotidiano simples, e a vida no sertão foram perpeturadas, além da música, na Literatura de Cordel e nas Xilogravuras; nas lendas populares, no artesanato e muitas outras formas de expressão cultural. Aboios e Vaqueiros Texto: Dalinha Catunda (cordel ista)

No sertão eu me criei, Vendo a boiada passar. Os aboios dos vaqueiros Sempre gostei de escutar. A boiada seguia em frente Seguindo o canto dolente Do vaqueiro a aboiar

Encontre na Net • Academia Brasileira de Literatura de Cordel / http://www.ablc.com.br/cordeis.html • Cordel de Saia / http://cordeldesaia.blogspot.com.br

Literatura • Os Caminhos do Sertão, de João Guimarães Rosa • Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna • Caatinga - A Paisagem e o Homem Sertanejo, de Samuel Murgel Branco •Dicionário do Folclore Brasileiro, de Luís da Câmara Cascudo • O Povo Brasileiro, de Darcy Ribeiro Veja mais indicações de livros em: http://sertaodesencantado.blogspot.com.br/2008/01/ livros-publicados-sobre-o-serto.html

Filmes • Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha. • Corisco e Dada, de Rosemberg Cariry • Vidas Secas, de Graciliano Ramos • Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa • O Auto da Compadecida, de Guel Arraes Veja mais indicações de filmes em: http://filmow.com/listas/o-sertao-brasileiro-l21888/

Meu coração sertanejo Transborda de emoção, Quando vejo uma boiada Tirando poeira do chão. O som firme do berrante Sai do boiadeiro amante Que gosta da profissão. Ai como ainda me lembro Dos encantos de outrora, Eu, debruçada na janela. A boiada passando lá fora. Dói demais meu coração Boas lembranças do sertão, Que na alma saudosa aflora.

Vaqueiro trajando couro, Com perneiras e gibão, Esporas e botas nos pés Como manda a tradição. Assim eu via os vaqueiros, Passando em meu terreiro, E me acenando com a mão.

Da lembrança não me sai, O velho Chico Carmina. Vaqueiro de seu Esmeraldo, O esposo de dona Joelina. Por minha rua ele passava, E tangendo o gado aboiava Cumprindo a sagrada rotina.

Eita tempo velho malvado, Que abusa da judiação. Maltrata essa nordestina, Que deixou o seu sertão. E feito um bezerro apartado Bem longe do seu estado Chora querendo seu chão.

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Sábado, 25 de Julho de 2015. Vaqueiros preparam suas roupas de couro antes do início das corridas de Pega de Boi, no Sitio Lajes.

Vaqueiro bebe cachaça em um copo feito com chifre de boi, durante as corridas de Pega de Boi no Sitio Laje.

Detalhe das fichas de couro que são amarradas nos pescoços dos bois soltos, para identificação nas corridas.

Detalhe do Gibão de couro (terno de couro) de um vaqueiro.

Detalhes da vestimenta tradicional de um vaqueiro.

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Vaqueiro cavalga de volta para casa após participar das corridas de Pega de Boi, no Sitio Laje, sertão do estado de Pernambuco, na cidade de Serrita.

Sombra de um Vaqueiro projetada em casa tradicional do sertão nordestino, após o fim das corridas de Pega de Boi, no Sitio Laje, sertão do estado de Pernambuco, na cidade de Serrita. 17


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O Projeto O antropólogo Darcy Ribeiro fala em seu livro O Povo Brasileiro (1995) de um país mestiço, construído a partir da mistura de povos distintos e com características raciais, culturais e linguísticas próprias. Uma mestiçagem tanto biológica quanto cultural contribuindo para a formação de um novo povo, do povo brasileiro. O projeto Filhos da Terra Diversidade e Cultura, surge, então, como uma proposta de pesquisa qualitativa e documentação fotográfica do universo simbólico desse chamado povo brasileiro, surgido da mistura das culturas indígenas, africanas e portuguesa, o que lhe dá sentido e identidade própria. O processo de pesquisa e documentação do projeto busca responder algumas questões e construir um referencial teórico e imagético que possibilite

conhecer um pouco mais sobre esse povo mestiço, esses filhos da terra, os brasileiros. Filhos da Terra tem por objetivo a realização de documentação e produção de ensaios fotográficos, de forma a conhecer e apresentar uma abordagem contemporânea das raízes, manifestações culturais e da formação étnica do povo brasileiro; delimitando como campo de observação os protagonistas dessas manifestações culturais, seus grupos, mestres e territórios de realização. O projeto encontra suas referências metodológicas de conteúdo no Inventário Nacional de Referências Culturais INRC, metodologia de pesquisa do patrimônio imaterial recomendado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, visando a identificação de bens culturais

Regiões da Costa Atlântica

• Objeto de pesquisa: Cultura Crioula • Localização: Costa pernambucana, baiana, fluminense, paulista e do sul. • Manifestações culturais objeto de pesquisa e documentação: Maracatu Rural/PE; Boi de Mamão e Cultura Açoriana/SC.

Regiões do Sertão

• Objeto de pesquisa: Cultura Sertaneja, Caipira e Gaúcha • Localização: Currais de gado do interior, núcleos mineiros do centro do país e pastoris do extremo sul. • Manifestações culturais objeto de pesquisa e documentação: Comitivas Pantaneiras/MT; Congadas e Irmandades Negras/MG; Vaquejadas/PE. 18

representativos dos diferentes grupos sociais, e a construção de instrumentos e métodos adequados à sua documentação e valorização. Ao contrário de um quadro geral do território nacional, o campo de observação da pesquisa direciona seu foco de trabalho para os cenários e personagens regionais, buscando identificar os elementos do universo imagético e simbólico que dão sentido a vida social e cultural das manifestações culturais de diversas regiões do Brasil. A partir do processo de pesquisa e da definição das manifestações culturais a serem documentadas, o trabalho de campo, documentação fotográfica, gravação de depoimentos e coleta de materiais de referência, será realizado com base nas ‘Rotas’ de viagens. (Ver quadro abaixo Sujeito a alterações)

Afluentes dos Grandes Rios

• Objeto de pesquisa: Cultura Cabocla • Localização: Grandes sistemas fluviais do Amazonas e povos da floresta. • Manifestações culturais objeto de pesquisa e documentação: Extrativismo Amazônico, Ritual da Ayahuasca/AC; Círio Ribeirinho/PA.

Fluxos Contemporâneos de Migração

• Objeto de pesquisa: Territórios de Encontros Culturais • Localização: Distrito Federal • Manifestações culturais objeto de pesquisa e documentação: Feiras, mercados e praças do DF como espaços públicos e democráticos de encontro culturais. Desde a sua construção, Brasília recebe brasileiros de todas as regiões, constituindo-­se em verdadeiro amalgama de encontros e misturas das matrizes étnicas e culturais do Brasil.


Vaquejada - A Tradição da Pega de Boi

Sábado, 25 de Julho de 2015. Jovem vaqueiro sorri durante preparativos para as corridas de Pega de Boi, no Sitio Laje.

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55 61 3963-5119 / 9333-1691 eraldo@photoagencia.com.br

www.filhosdaterra.org www.photoagencia.com.br facebook.com/projetofilhosdaterra 20

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