MILITIA SANCTÆ MARIÆ Província de S. Nuno de Santa Maria - Portugal Capítulo de 28 de Fevereiro de 2015
Leitura da Regra: CAPÍTULO VII DA PENITÊNCIA 3. É preciso não deixar de fazer em todo o tempo uma certa mortificação, mas a Quaresma é para todos a ocasião de intensificar a oração e a penitência, para que apague nestes dias santos as faltas do ano. Esforçar-se-á por assistir à missa mais frequentemente, se é possível; aplicar-se mais vezes a leitura sagrada, e suprimir algumas das distrações legítimas que ficam bem noutras ocasiões do ano. Espere-se assim a santa Páscoa com alegria de um desejo completamente espiritual104.
Comentário: Este é um “«tempo favorável» de graça (cf. 2 Cor6,2)”, no qual “Deus nada nos pede, que antes não no-lo tenha dado”, dizendo que “«Nós amamos, porque Ele nos amou primeiro» (1 Jo 4, 19), (e que Deus) conhece-nos pelo nome, cuida de nós e vai à nossa procura, quando O deixamos” (…). Estas palavras que acabo de ler, da autoria do Papa Francisco fazem parte da mensagem para a Quaresma 2015, e são como que um reforço, um chamamento a reentrarmos no caminho que conduz a Jesus Cristo, através da escuta e leitura assídua da Palavra de Deus, da oração, da partilha, da prática de boas obras, do perdão e da reconciliação fraterna. Para prosseguirmos este caminho de salvação, o Papa propõe três reflexões:
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Em primeiro lugar, o Papa diz-nos que como cristãos que somos, sabemos que Deus não é indiferente nem abandona ninguém, e que por isso, a Igreja, e claro está todos
Regra de S. Bento, c. 49 – Vaticano II, Constituição sobre a S. Liturgia, 109, 110.
os seus membros, deve ajudar os outros, deve usar de bondade e misericórdia nos seus relacionamentos do dia-à-dia, deixando-nos “servir por Cristo e, deste modo, tornarmo-nos como Ele”.
Em segundo lugar, chama “cada comunidade cristã a atravessar o limiar que a põe em relação com a sociedade circundante, com os pobres e com os incrédulos. A Igreja é, por sua natureza, missionária, não fechada em si mesma, mas enviada a todos os homens”, fazendo um apelo para que a ajuda seja realista e não apenas teórica.
Em terceiro lugar, diz-nos que como indivíduos, temos a tentação da indiferença, que estamos saturados de notícias e imagens impressionantes que nos relatam o sofrimento humano e sentimo-nos incapazes de intervir. E pergunta: "Que fazer para não nos deixarmos absorver por esta espiral de terror e impotência?” E responde: “Em primeiro lugar, podemos rezar", e em segundo lugar, "podemos levar ajuda efetiva, tanto a quem vive próximo de nós como a quem está longe".
A Regra da Militia Sanctæ Mariæ, na passagem que acabamos de ouvir, diz-nos também que a Quaresma é um tempo especial. E é-o de facto: a Quaresma é um tempo litúrgico de conversão que nos prepara para a grande festa da Páscoa, mas que deve também prepararnos para toda a nossa vida. A Quaresma é tempo para nos arrependermos dos nossos pecados; é tempo para mudarmos algo em nós; é um tempo para vivermos mais próximos de Cristo. E se vivermos este tempo da Quaresma de uma forma “santa” com toda a certeza estaremos a criar em nós um “coração forte e misericordioso, vigilante e generoso, que não se deixa fechar em si mesmo nem cai na vertigem da globalização da indiferença”. Assim seja… __ Filipe Amorim