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GUIA CULTURAL
from Flash Vip #96
by Flash Vip
O rugido que ressoa entre tempos
Passado e presente entrelaçados.
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som do rugido da onça, de Micheliny Verunschk é um romance e também um livro sobre a O História do Brasil. Nele encontramos ficção e realidade caminhando juntas. Uma narrativa atravessada por sentimentos que nos causam fissuras. São sensações que nos dilaceram e nos impactam pela crueldade dos fatos e por suas ressonâncias em nosso presente.
A obra conta a história de duas crianças indígenas – batizadas de Iñe-e e Juri – que foram raptadas no Brasil do século XIX, ao mesmo tempo que a trama se entrelaça ao Brasil contemporâneo, apresentando também Josefa, jovem que reconhece as lacunas de seu passado ao ver a imagem de Iñe-e em uma exposição.
A autora tece o presente e o passado a partir de acontecimentos em comum que nos levam a refletir sobre ideias de pertencimento e justiça. Mais do que apresentar a história das crianças e de seus raptores, nesta obra o rio tem voz, a onça, assim como a geografia, marcam presença como personagens encantados. Ao ler somos transportados para o universo do povo originário Miranha da Amazônia, seus rituais e mitos de origem que reconhecem orespeito à natureza, assim como os animais como parte consistente do equilíbrio do mundo. Todas essas vozes ecoam em meio às fontes históricas utilizadas para compor a brutalidade e realidade dos acon-
O SOM DO RUGIDO DA ONÇA autora Micheliny Verunschk tecimentos. Essas falas são uma tentativa de nos fazer ouvir, refletir e compreender o Brasil a partir de um dos seus momentos mais cruéis e devastadores. Ao mesmo tempo que nos faz entender que estamos em um momento desolador e alarmante, onde o freio de emergência já foi puxado, mas não
MARÍLIA AMORIM é historiadora, mestranda em História na UFRGS e livreira da Humana Sebo e Livraria.
parece que vamos parar antes de uma estupenda colisão.
O livro de 160 páginas nos faz refletir sobre como o passado ressoa em nosso presente e nos deixa alerta para o futuro. É preciso refletir sobre o mundo, sobre a terra, sobre para onde caminhamos em nossas ações de aceleramento mecânico e desordenado. E assim, diante do rugido da onça, haveremos de mudar nosso comportamento e talvez consigamos frear a tempo.
Come away with me
Uma obra prima que completa 20 anos.
NANDO SBRUZZI é publicitário, especialista em Merchandising, colecionador de lp's e cd's que embalam a trilha sonora da sua vida.
alvez eu esteja "chovendo no molhado". Talvez você deva pensar, lá vem indicação de álbum velho, que T todo mundo já deve ter ouvido ou que talvez não tenha apelo para a nova geração. Numa entrevista recente para divulgar seu novo álbum, Adele disse: “Se todo mundo está fazendo música para TikTok, quem está fazendo a música para a minha geração? Quem está fazendo música para os meus pares? Eu vou fazer esse trabalho com prazer”. Sim, caros leitores, sou da geração que ainda tinha que aguardar impaciente para ir até à loja de discos e sair com o CD do artista que amava nas mãos. Não era apenas ligar o celular e dar play no streaming de música. E é por isso que para esta edição, vou indicar uma das minhas maiores paixões. mente lá pelo final do mês de abril, será lanNa época, com meus 16 anos de idade, çada uma versão super especial de Come away acompanhava o surgimento de uma ar- with me: 20th Anniversary Super Deluxe Editista e um disco que guardo no peito até tion, que contará com a remasterização do álhoje como um dos melhores de todos bum original, mais 22 faixas inéditas, incluinos tempos. do as demos originais que Norah enviou para Era 26 de fevereiro de 2002. Há 20 a gravadora Blue Note, as demos completas da anos, despontava para o mundo uma primeira sessão e a primeira versão do álbum voz doce, acompanhada de um piano –a maior parte a qual nunca foi ouvida antes e um sucesso arrebatador. Seu disco de e que poderia ter sido o disco na época. Será estreia é considerado um dos álbuns de lançado em formato digital e fisicamente com maior sucesso crítico e comercial. No- um box de quatro LPs e três CDs em embarah Jones tinha apenas 22 anos quando lagem premium, para nenhum colecionador lançou Come away with me e vendeu botar defeito. uma singela quantidade de 30 milhões Uma versão da música faixa título do álde cópias, tornando-se um fenômeno bum já está disponível para audição nos streglobal. No ano seguinte do lançamen- amings. to, faturou oito categorias das quais foi Venha embora comigo e você não se arreindicada ao Grammy, sendo as cinco penderá de ouvir essa obra-prima! principais: Gravação do Ano, Disco do Ano, Revelação, Cantora e Disco Pop. Vinte anos depois, mais precisa-
E se o novo Batman fosse ao psiquiatra?
Se o Batman de Matt Reeves fizesse terapia regularmente ele não seria o Batman, certo?
Os traumas não tratados na infância é que motivam grande parte da sua persona adulta: um sociopata protofascista que acredita em fazer justiça através da violên-
ELVIS PICOLOTTO é membro fundador do Núcleo de Estudos em Cinema da UPF e gerente de comunicação na Berenice Criativa.
cia e que tem recursos para tanto. O filme que estreou no início de março e algumas idas ao consultório do Dr. Mesquita e da Dra. Ana Amélia me motivaram a fazer esse exercício criativo na minha primeira coluna aqui: imaginar que tipo de distúrbios estariam no diagnóstico de Bruce. Nesse novo longa, Batman está mais próximo de suas origens: combatendo criminosos como traficantes, mafiosos e cafetões. É muito melhor do que ver um cara sem superpoderes enfrentando (ou se escondendo de) deuses e demônios como nos filmes com Ben Afleck. Agora as cenas de ação evidenciam a brutalidade de quem, com uma roupa de borracha, sai batendo em gente armada por aí. O protagonista apanha, sofre e recorre até a drogas pesadas para continuar a briga depois de quase abatido. Visivelmente esse Batman é um homem no limite, sem nada a perder e que toma decisões altamente questionáveis justamente por causa disso. Essa figura perturbada e raivosa é convincente, afinal, ninguém em pleno juízo faria oque o Batman faz. Finalmente chegou ao cinema um Batman completamente perdido em suas paranoias, sem os freios sociais instalados e isso é ótimo. Pense em quantas pessoas você conhece que, nos últimos anos, precisaram ir à terapia. Nesses tempos, analisar um protagonista mundial como o morcegão, prestando atenção às patologias mentais é mais que divertido e o filme acerta ao permear suas quase três horas com essas discussões e subtemas necessários. Se pudéssemos sentar Bruce Wayne num divã, o que ele diria? Que ele sozinho iria enfrentar todos os bandidos do planeta? Que com dinheiro, força bruta e um cinto de utilidades ele acredita poder salvar a sociedade da decadência moral instalada? Estamos vendo o que pessoas poderosas com discursos simplistas como esse causam na sociedade. O que o psiquiatra recomendaria? Uma camisa de força preta com morceguinhos amarelos? Em resumo, para quem quer ver um bom filme de ação e investigação, é um prato cheio. Mas o grande mérito está na habilidade de inserir de maneira orgânica algumas subcamadas como essa, que permitem apreciar um filme de super-heróis sem desligar o cérebro, o que convenhamos, não se vê todo dia. Vale prestar atenção também na complexidade do vilão principal, figura assustadoramente comum nos fóruns da web atual.
Party Players
Bora jogar junto?
LUIZ EDUARDO ANDREOLLA UI/UX Designer na Foxbit Exchange. No atual mercado de Games, grande parte dos jogos eletrônicos possui foco em competitivos online, mas a realidade nem sempre foi essa. Até meados de 2007, jogos que oferecem suporte ao multi-jogador local tinham destaque no cenário.
Nas diversas reuniões entre amigos, o Nintendo Wii era protagonista com jogos como Mario Kart Wii, Dead Space: Extraction, entre outros títulos que ofereciam uma experiência extraordinária. O conceito era simples, os controles eram distribuídos entre os jogadores e a tela dividida possibilitava uma gameplay interativa em um mesmo ambiente e no mesmo aparelho de TV. Voltando para os dias de hoje, são raros os jogos que ainda forneçam essa experiência, mas temos alguns títulos onde essa mecânica é aplicada de forma fenomenal. Se você é do time que não dispensa uma boa party-game para curtir com amigos ou família, dá uma olhada na lista de indicações que preparei:
4º SUPER MARIO PAR-
TY (Nintendo Switch): Ótima escolha para uma reunião entre amigos, possibilitando uma gameplay simultânea com até 4 jogadores. É como a adaptação de um jogo de tabuleiro para o ambiente digital, o objetivo é conseguir a maior quantidade de estrelas em relação a outros players através de mini-games.
3º OVERCOOKED 2 (todas as plataformas): Se você gosta de cozinhar e enfrentar desafios, este jogo é para você. Oferecendo suporte até 4 jogadores simultâneos, tem como objetivo a criação de pratos com um determinado tempo. Você e seus amigos precisam de agilidade para conseguir entregar tudo a tempo e garantir a satisfação dos clientes.
2º MARIO KART 8 DELUXE (Nintendo Switch): Este não podia ficar de fora, sem dúvidas é o jogo com maior fator replay nesta lista. Oferece suporte até 4 jogadores locais simultâneos, sendo um clássico das corridas com pistas insanas e poderes que podem te colocar em 1º lugar nos últimos segundos, simplesmente genial.
1º IT TAKES TWO (todas as plataformas): Vencedor do prêmio "Game of the Year 2021", um jogo deslumbrante que oferece suporte a 2 jogadores. Com um mundo extremamente detalhado e divertido, você e seu parceiro precisam passar por diversas fases para tentar resolver os problemas de relacionamento dos protagonistas, onde os jogadores precisam trabalhar juntos para resolver puzzles e avançar na história.