Damáris, a narradora das histórias deste livro, curte muito saber que sua Tia Madalena é bruxa – e não é todo mundo que tem certeza, não! Mesmo porque, ainda tem muita gente que duvida até que as bruxas existam...! Que tipo de bruxa será esta tia? Ela morava numa casinha perdida nas montanhas de Minas Gerais, numa pequena cidade chamada Aiuruoca, onde se dedicava principalmente ao estudo das plantas, mas, sentindo-se só, decidiu mudar-se para perto da família e foi parar em Belo Horizonte. Juntas, Tia Madalena e Damáris vivem grandes emoções e aventuras, que você poderá acompanhar, enquanto assiste ao nascimento de uma nova bruxa e aprende a lidar com a Magia, também, fazendo, junto com elas, feitiços, encantamentos, filtros de amor, poções mágicas, banhos, chás talismãs e amuletos, entre dicas muito sábias para ter os seus sonhos realizados e viver melhor. As .histórias deste livro são destinadas aos jovens de todas as idades que gostam de refletir sobre o mundo e as coisas que nele acontecem.
A História deste livro 1. O Sótão da Minha Tia 2. Tia Madalena na Cidade 3. O Gto Vagalume 4. A Vila do Alecrim 5. O Robô da Bruxa 6. Escrevendo um Livro 7. Profundas Emoções 8. Antes de Morrer .
Minha Tia Bruxa Regina Drummond
“A magia está para o mundo espiritual como a tecnologia para o mundo material. Ela serve para transformar o mundo, começando por você mesmo(a). Através da magia, pode-se melhorar e ser mais feliz.” (J.R.R. Abrahão)
1. No Sótão da Minha Tia
Que a minha Tia Madalena é bruxa, ninguém mais duvida. Eu mesma já tive oportunidade de vê-la em ação, várias vezes. Sua especialidade é encontrar coisas perdidas, mas ela é ótima para fazer aparecer bombons, balas e chicletes, também. Isso ela faz desde que eu era bem pequena: um raio de energia enviado pelas suas mãos e... Zum! É só abrir a porta do armário ou a gaveta para encontrá-los, esperando por nós. Muitas vezes, escondem-se nos lugares mais doidos da casa, só para dar mais trabalho, mas a gente nem liga, ao contrário, até curte. E muito! - Procurem! - diz ela - Está por aí... E é sempre uma festa, uma surpresa, uma alegria. Cada um quer achar os maiores - ou os mais gostosos! Verdade que nem sempre são da marca ou do sabor que a gente queria, mas e daí, quem liga? Bom, mesmo, é encher os bolsos! No final das contas, são todos deliciosos. A família inteira ficou de cabelo em pé, quando ela disse que iria morar, por uns tempos, num lugar chamado -3-
“Sótão Mágico”. - É um sótão, mesmo? - quis saber meu tio Alexandre. - Tem barata? - perguntou a tia Pitú, torcendo o nariz e certamente preocupada em como fazer para não visitála, já que a tia Pitú morre de medo de baratas. - Não é muito alto, não, é? - perguntou a tia Cristina, que tinha quebrado a perna, tempos atrás, e reclamava que não podia subir escadas. - Tem morcegos, cobras e aranhas? - já se alvoroçaram as meninas. - E fantasmas? - quiseram saber o meninos, sonhando com mil aventuras. Todos ficam impressionados com a vida da Tia Madalena, menos eu, que não estranho nada, já estou acostumada com o jeito dela, sei que as loucuras que ela inventa são maravilhosas e fico só esperando para ver no que vai dar. Tia Madalena... De verdade-verdadeira, nem sei se ela é mesmo minha tia. Tia não é a irmã do pai ou da mãe da gente? Pois, é: meu pai diz que a Tia Madalena é irmã dele e a minha mãe diz que a Tia Madalena é irmã dela. Como minha mãe e meu pai não são irmãos um do outro... Não sei o que pensar! Contam uma história de que a Vó Jandi teria adotado a Tia Madalena. O estranho é que ela foi adotada depois de grande... Tudo muito esquisito... Sei lá! Quanto anos tem a Tia Madalena? -4-
Ninguém sabe direito, porque ela sempre faz o aniversário que tem vontade, não é igual à gente. No ano passado, por exemplo, ela celebrou 30 anos. No anterior, ela tinha feito 40. No início deste ano, ela disse: - Ah, estou com tanta saudade de ter 20 anos... Faz tempo que eu não faço 20 anos! Pois, está resolvido: vou fazer 20 anos, este ano! Até eu me espantei um pouquinho: - Pode fazer assim, Tia? - Assim, como? - Fazer o aniversário que der vontade na gente! - Uai! - ela ficou muito surpresa - Basta você querer...! - Mas não é estabelecido, isso? A gente não é obrigada a ficar um ano mais velha todo ano? - Ninguém me avisou nada... - disse ela, fazendo um arzinho ingênuo... - Mesmo se tivessem me avisado, eu só faço o que quero na vida. Ninguém manda em mim. Ninguém me manda fazer nada. Se eu fizer, foi apenas porque eu quis. Ela não é demais??? Neste dia em que comentou do tal “Sótão Mágico”, ela me chamou no canto e contou tudo, ao pé do ouvido, pedindo segredo, até que estivesse tudo pronto, explicando que “energia de inveja é ruim e, muitas vezes, as pessoas fazem isso, sem querer, cruzes, já preparei uma magia, mas nunca se sabe!” - É um local cheio de livros, Damáris. - disse ela Tem tanto livro que, mesmo que você passe dois meses -5-
trancada lá dentro, dia e noite, só olhando, não vai conseguir ver todos! Em cima, no mezanino, fica o sótão: cheio de livros empilhados, novos e velhos, roupas fantásticas, fotos de antigamente, muito pó, teia com aranha e tudo, morcegos dependurados no teto, de cabeça para baixo e... Fantasmas! Fiz “ahn”, prendendo a respiração, meio de medo, meio de surpresa. Com o frio ainda atravessando a barriga, perguntei, o mais firme que minha voz conseguiu sair: - Vou poder visitar você, lá, Tia? - Claro! - ela passou a mão no meu cabelo. Ela era sempre gentil. - É só esperar que fique pronto. Não demora, estou acabando de arrumar as coisas. Um tempo enorme se passou, mas o domingo chegou, finalmente. Era o dia que a Tia Madalena - e toda a família, claro! - ia almoçar com a vó Jandi, no casarão. Eu sempre estava por lá. Principalmente aos domingos. Vó Jandi fazia tudo que a gente gostava de comer: batatinha frita miúda e crocante, croquete de queijo, pudim de pão... A chegada da Tia Madalena é sempre uma festa. Ela gosta de ser a última e fazer o maior auê. O pessoal diz que ela quer aparecer, mas eu sei que o que ela gosta, mesmo, é que todos os sobrinhos corram ao seu encontro e admirem suas roupas coloridas, enfiando a mão nos bolsos da sua saia para caçar um presentinho - que está sempre lá, colocado por magia, é claro, já que ela é bruxa. -6-
Então, naquele domingo, ela avisou: - No próximo sábado, já poderei receber visitas. Fiquei assanhadíssima. Estava louca para conhecer o tal “Sótão Mágico”. Só de imaginar os fantasmas eu já perdia o sossego. - Não tem perigo, Tia? - perguntei, baixinho, assim que pude encostá-la num canto, longe dos olhares do povo. - Se tivesse, eu não deixaria você ir... - riu ela, mostrando os dentes branquinhos. Tia Madalena tem os dentes tão branquinhos, que todo mundo vive dizendo que ela deveria fazer propaganda de pasta de dentes na televisão, poderia ganhar um dinheirão, ao que ela ri, os dentes brilhando mais do que os olhos, respondendo que não precisa de mais dinheiro, já tem tudo o que quer. - Não quer um carrinho novo, Tia? - perguntei, certa vez. - Para que? A Penélope anda muito bem. Essa é outra doideira que a família não entende: ela fala com as coisas, gosta delas como se fossem gente, chama-as pelo nome... A casa onde mora é Madá; o carro, Penélope; a cadeira favorita é Cacá, o fogão é Fofó, a geladeira é Gegê; Fri, o freezer; Tetê, a televisão; o computador é Joãozinho e assim por diante. - Pede um leite pra Gegê, diz ela, me mandando pegar leite na geladeira. - E põe no Fofó, que ele esquenta pra você. Muito mágico! -7-
Ela me explicou que esse é um dos grandes segredos das bruxas: ao darmos nomes aos nossos objetos pessoais, estamos, na realidade, lhe conferindo poder. Ninguém sabe, mas é claro que as minhas coisas também têm nome. Meu diário é Kitty, meu armário se chama Mameluco e minha cama, Gigi. Igualzinho a ela. Eu gosto de tudo que ela gosta. Nós nos parecemos muito. Não é à toa que ela é a minha Tia predileta, nem que eu sou a sobrinha da sua paixão. Na noite de sexta-feira, nem dormi direito, de tanta ansiedade. Diabo de sábado que não chegava nunca! Cada carro que passava na rua me acordava! Cada barulho me fazia saltar da cama... No café da manhã, a mãe avisou que Tia Madalena estava esperando por nós, logo após o almoço. Quem disse que eu consegui comer??? Fiquei imaginando os fantasmas, as aranhas, os morcegos... E gato preto, será que tinha gato preto, também? Eu tinha me esquecido de perguntar. Em minha imaginação, as aranhas eram carrancudas e ferozes. Estremeci, ao ver uma delas mordendo a minha perna... Um buraco ficou no lugar, o sangue jorrava como uma fonte, alagando o assoalho e atraindo os morcegos-vampiros... E eles gostaram tanto do meu sangue doce e fresco, que atacaram meu pescoço e eram tão numerosos que o cobriram de preto, as asas batendo, disputando espaço aos guinchos... Todos -8-
mamando diretamente na minha jugular! Acordei do pesadelo com minha mãe me sacudindo, uma mão em cada ombro, e perguntando, aflita: - Damáris, que foi??? Comecei a rir. - Nada. Uma bobagem que eu pensei. Ainda meio assustada, ela mordiscou um biscoito e saiu da mesa, resmungando: - É cada uma...! Segundo a segundo, minuto a minuto, hora a hora, o tempo passou, sem mudar seu compasso, indiferente aos meus pedidos, frio e distante, tão normal como se, para ele, nada importasse além do tic-tac monótono e repetitivo do relógio da sala, tempo impassível, impiedoso, que, afinal, acabou! - Todos prontos? - perguntou meu pai. E lá fomos nós!... Foi chegar e entrar. Direto. Nem olhei os livros. Subi as escadas, num pulo só, minha mãe me segurando pela barra do vestido, na vã tentativa de frear minha ansiedade. Cheguei sem fôlego ao último degrau. E tive uma surpresa: era tudo diferente do que imaginara. Parecia que a Tia estava dando uma festa! Milhares de crianças, com pai, mãe e tudo, a rodeavam. Ela sorria e beijava todo mundo. E a minha Tia-Bruxa? Que tia, Deus do céu!? Seria ela mesma aquela princesa de vestido cor-de-rosa e coroa prateada na cabeça? Era. Quando me viu, veio me abraçar, convidando: - Quero lhe mostrar tudinho! -9-
E só ligou para mim! O sótão era enorme. Amarelado, da cor do tempo, mas todo enfeitado. Vi fotografias da minha avó, quando era mocinha, das tias ainda criança, dos tios velhos irmãos do meu avô - vestidos de marinheiro, do bisavô usando roupa de menina, com laço de fita no cabelo e sapatinho de boneca... Tia Madalena já me contara que, antigamente, era assim, as mães vestiam os meninos igualzinho às meninas, quando eles eram bebês, já que elas achavam que bebê era como boneca, não tinha sexo (pelo menos, naquele tempo, boneca era assim). Vi os morcegos, quietinhos, nas vigas do teto, dependurados, perto das teias, onde aranhas gigantescas cochilavam. Se não fosse o vento a bulir nos pêlos de suas patas compridas, eu diria que elas eram de pelúcia. Os fantasmas, de branco como qualquer fantasma que se preze, me olhavam, sem piscar. E o gato preto que era amarelo? Adorei. - O nome dele é Vagalume, Damáris. - contou ela, me pegando pela mão e me levando até uma salinha secreta, cheia de presentes, disfarçada atrás de uma porta, onde ela me deu um refri, dizendo: - Escolha o que você quiser. Era tanta coisa bonita, que eu nem sabia o que pegava primeiro! - Não vai fazer falta, Tia? - perguntei, educadamente.- Tem tanta criança lá na sala... Ela riu: - De jeito nenhum! Se, por acaso, acabar, eu faço - 10 -
uma magia no caldeirão e... Você já sabe como é! Ela era, mesmo, demais!!! Fucei tudo: tinha livros maravilhosos, figurinhas da Barbie, revistinhas, bichos de pelúcia grandes e pequenos, bloquinhos, marcadores de página enfeitados, adesivos, pirulitos, saquinhos de bala... Tudo o que eu gostava! Peguei um de cada - ela não dissera que podia? Então... Peguei, ué! Ela cochichou: - Peça à sua mãe para você ficar aqui, comigo, até a noite. Depois, quando todos forem embora, a gente vai ver umas coisas muito doidas acontecerem... Arregalei os olhos. Meu coração disparou. - O quê, Tia? - À meia-noite, os objetos ganham vida. Os fantasmas falam com a gente, os morcegos acordam, as aranhas tecem as teias... E o gato Vagalume sai para dar uma voltinha. É um momento mágico, que você não pode perder! Minha mãe não queria deixar. Resmungou para o meu pai que a Tia enchia a cabeça das crianças - e a minha, principalmente - de idéias, que não era uma boa, mas meu pai me olhou daquele jeito que eu conheço e quer dizer: “Deixe que eu cuido dela!”, de modo que eu não disse nada e saí, de fininho. Mesmo porque o espetáculo iria começar! Sentei-me na frente, para ver, de pertinho, os artistas amigos da Tia. Morri de rir dos palhaços que ela trouxe - 11 -
para divertir a gente, do mágico, dos malabaristas, do teatro. O que eu mais gostei, foi do homem de terno e gravata colorida, que conversava com um boneco grande, vestido de caipira. O boneco dizia mil besteiras, entendia errado tudo que o homem falava, quis fazer xixi no meio do show, ai, como foi engraçado...! No meio do teatro, quando a música estava na maior altura, apareceu um homem, pelo jeito um vizinho ranzinza, do tipo que está sempre de mal com a vida. Vinha esbaforido e parecia muito bravo. Aos gritos, ordenava à Tia que baixasse o volume do som. Ela respondeu que o faria, sim, assim que o espetáculo terminasse, mas ele não quis nem saber e avançou, pretendendo agredi-la. Ela estalou os dedos fazendo “clic” e franziu a testa - o soco, que ele achou que fosse acertar nela, bateu numa parede dura, que deveria ser de vidro, já que eu não consegui enxergá-la, quebrando a mão dele, ao que parece, pois ele virou-lhe as costas, praguejando, mais furioso, ainda, apertando a mão machucada, e já inchando, na outra mão sã. Levei um susto, principalmente quando ele tropeçou no gato e gritou: - Saia da minha frente, raios de felino inútil! Disse até um palavrão, que eu não vou repetir, (minha Tia não gosta de palavrão e, por isso, eu nunca falo; ela diz que suja a aura da gente) andando apressado e tonto, resmungando que gato não servia para nada, muito menos num sótão que nem rato tinha, esquecido de que o sótão não tinha rato por causa do gato! - 12 -
Ninguém percebeu, a festa continuou, do mesmo jeito, na maior alegria. O verdadeiro show, porém, começou depois que todo mundo foi embora, exatamente como a Tia dissera. Ainda tive de esperar que as faxineiras fizessem a limpeza, com o maior cuidado, para não tirar o pó de cem anos nem incomodar as aranhas, que permaneciam imóveis como os morcegos, esperando a meia-noite. - Preste atenção! - pediu a Tia, baixinho. Fiquei no canto, só olhando... Um relógio bateu doze vezes. Que relógio era aquele, que eu nem sabia onde estava? Os fantasmas despreenderam-se do teto e começaram a dançar. Eu não ouvia música nenhuma, mas eles certamente ouviam, pois dançavam juntos uma coreografia ensaiada: dois prá lá, um prá cá, abaixa, levanta, rebola e vira... Passaram ao meu lado, me trespassaram, girei para ver o que faziam, voltaram... Os morcegos saíram, voando, pela janela aberta. Guinchavam. Era um som estranho, lembrando vozes, como se um falasse e o outro respondesse, o chefe dirigindo o vôo... As aranhas teciam novas teias, os retratos sorriam, mexendo a cabeça, meu bisavô fez a barba, preservando o cavanhaque, que ele alisava com a ponta dos dedos, minha tia-avó, que morrera mocinha, desmanchou o coque e prendeu tudo de novo, sem deixar um fio fora do lugar, igualzinho estava, e outras crianças, vestidas com roupas estranhas, entraram pela porta, silenciosas e - 13 -
educadas. Puseram-se a brincar com os brinquedos que tinham trazido. Pela janela, dava para ver alguns meninos caçando passarinhos com estilingue, subindo nas árvores, correndo entre as plantas, enquanto as meninas, usando vestidos de renda, colhiam flores ou davam comidinha para as bonecas de pano. As cadeiras mudaram de lugar, a mesa de três pernas mancou até a parede, as xícaras trocaram de posição com outros objetos e todos pareciam falar ao mesmo tempo. Prestei mais atenção e pude entender a conversa. - Onde vamos assombrar, hoje? - perguntou um fantasma. - Vamos sair por aí! - disse outro, sem responder à pergunta. - Estou cansado, mas queria dançar mais! exclamou um terceiro, espreguiçando-se. Ao meu lado, a Tia só segurava minha mão, sem apertar. - Quer voar? - perguntou ela, de repente. - Posso? - eu não estava acreditando. - Se você quiser... - Quero! - respondi, sem hesitar. Nada nela jamais me surpreendeu. Não iria começar justo naquele momento! E eu me vi no teto do sótão. - Voe perto das vigas, até você se acostumar com a altura! - recomendou ela. - 14 -
Foi delicioso... Tive vontade de sair pela janela, mas resolvi esperar pelas ordens da Tia. Enquanto isso, voava como os fantasmas, ora rasteiro, ora lá no alto... No instante seguinte, estava dançando com eles. Agora, podia ouvir a música. Era alegre e triste, ao mesmo tempo. Violinos gemiam, flautas acariciavam as notas; no fundo, um violoncelo rouco e grave... De repente, uma orquestra inteira encheu o ar. Um dos fantasmas me cumprimentou, galantemente, beijou minha mão e tomou-me nos braços, girando comigo no ritmo da valsa, certinho... Rodopiávamos como se tivéssemos rodas nos pés! E saímos todos pela janela aberta, acima das árvores, passando pelo meio dos prédios, subindo mais e mais alto. Os fantasmas quiseram visitar os amigos no cemitério, primeiro. E eu conheci uma “gente” tão maluca, que nem conto, calmos e alegres, contando histórias de uma outra vida, que era a minha, afinal. O assunto predileto parecia ser os novatos. - Acabei de chegar! - contou um homem - Dizem que sofri um acidente de avião. Éramos mais de quarenta pessoas. Nem vi nada, estava cochilando, na hora. Acordei, aqui, mas os amigos me explicaram tudo e eram tão bondosos que nem fiquei com medo. Dizem que passei dias no hospital, mas não me lembro. Sabem que estou gostando? Pretendo ficar um tempo. Sinto-me de férias. - É melhor conviver com estas pessoas estranhas - 15 -
do que no meio da falsidade e da hipocrisia de antes. Vou ficar por aqui, também; depois, darei um jeito de voltar... - ouvi uma mulher dizer. - Olhe só, eu era velho; agora, pareço novo, não pareço? É assim que eu me sinto, novinho em folha, pronto para gozar a vida... - Sinto saudades da minha mãe, mas me garantiram que, embora ela chore de saudades de mim, está bem e vai superar... - dizia uma mocinha. Era quase da minha idade. Quis conversar com ela. - Você morreu do quê? - perguntei. - Estourou uma veia na minha cabeça, mas já me contaram que, quando chega a hora da gente, morre-se de qualquer coisa... E você, como morreu? Fiquei meio sem jeito, mas tive de contar a verdade: - Eu não morri, ainda... Estou só passeando, vim visitar vocês com a Tia Madalena. - Aquela que é bruxa? Você é sobrinha dela? Que legal! Ela falava e eu concordava com a cabeça. - Olha, eu sou a filha do meio da Dona Suzana. Se você vir a minha mãe, mande um beijo para ela. Conte que você falou comigo, diga a ela que sinto saudades, mas estou feliz. Concordei. Era maluquice, mas eu estava gostando daquilo. - Será que ela vai acreditar, quando eu disser que falei com o fantasma da filha? - perguntei, hesitante. - Não sou fantasma, não! Sou o espírito da filha - 16 -
dela! - a mocinha pareceu ofendida. Fiquei sem graça e assumi: - Desculpe-me... Tem diferença? Percebendo a minha ignorância, ela sorriu: - Claro que sim! Vira fantasma a pessoa que morreu, mas ainda não aceitou isso e fica vagando por aí, buscando a companhia dos vivos, procurando os amigos e parentes, brincando de assombrar, fingindo que está tudo igual a antes. Eu, não. Aceito meu novo estado, já compreendi que morri e, se venho a este lugar, é para conversar com os fantasmas, tentar explicar a eles o que lhes aconteceu. É importante ajudar a quem precisa. Achei que tivesse compreendido. Ela ia falar mais alguma coisa, quando fomos interrompidas por um menino, procurando conversa comigo: - Ontem, chegou um nenezinho lindo. Ele não está aqui, virou anjo, direto. Quer conhecê-lo? Quer brincar com ele? Podemos ir lá onde ele está, se você quiser! Tia Madalena interrompeu: - Hoje, não vai dar, cara. Outro dia, a gente volta. Ele sorriu para ela e disse para mim: - Quando você quiser, é só me pedir, que eu levo você lá. Agradeci. Com a mão, a Tia me mostrou que os fantasmas estavam se despedindo uns dos outros. Despedi-me dos que ficavam, também, e saímos voando em direção ao parque, onde eles brincaram com os pássaros, nadaram, comeram amoras colhidas diretamente das árvores, e procuraram pessoas para - 17 -
assombrar, sem sucesso. Eu olhava. Olhava e ria. Quando o primeiro raio de sol apontou longe, clareando o horizonte, Tia Madalena disse que era hora de voltar. Todos levantaram vôo, sem reclamar. - Você vai para sua casa, agora, Damáris, mas não vai esquecer o que aconteceu. - disse ela. - Amanhã cedo, passo lá, para sua mãe pensar que acabamos de chegar. E, quando quiser, pode voltar ao “Sótão Mágico”. Viu porque ele tem esse nome? Recomendou-me ainda que não contasse minhas aventuras às minhas amigas, explicando que elas não iriam acreditar. E foi o que eu fiz. No dia seguinte, era domingo. Dia de almoço na Vó Jandi. Tia Madalena chegou, mais normal do que nunca. Apenas o brilho intenso dos seus olhos verdes lembravam o que aconteceu. E era só eu que conseguia enxergar a diferença e decifrar a mensagem: - Vamos de novo, amanhã? Fui. Outra vez, a festa, as crianças, os shows. No teto, os morcegos, as aranhas, os fantasmas. Imóveis. Vagalume miou para mim. Afaguei-o, procurando pela Tia, com os olhos. Ela estava toda de preto, num vestido leve e esvoaçante, sorrindo e conversando com algumas mulheres, amável e atenciosa como sempre. Aproximei- 18 -
me. Só, então, reparei no chapéu roxo e nos cabelos que lhe cobrindo as costas de cachos enrolados em mechas azuis, alaranjadas, verdes, vermelhas, amarelas, rosapink, de todas as cores, misturadas ao castanho-escuro natural. No pescoço, trazia a corrente prateada, de onde saía o pentáculo. - Olá! Estou usando meu traje típico, hoje, gostou? Concordei com a cabeça, emocionada. - Para quem não me conhece, diga que sou a Bruxa dos Cabelos Coloridos... - pediu. Não respondi, mas continuei concordando com a cabeça. - Posso ficar, mesmo? - perguntei, ansiosa, assim que consegui soltar o ar dos pulmões. - Claro! Eu já não tinha prometido que viveríamos novas aventuras? Sentei na primeira fila e esperei, impaciente, que a noite chegasse.
Magias que a Tia Madalena recomenda Feitiço para acabar com a ansiedade Irmã da impaciência e prima da preocupação, a ansiedade, muitas vezes, traz consigo a insegurança e a indecisão. Para se livrar de todas elas, você precisa fortalecer a sua sabedoria, para ver claramente os caminhos e poder escolher com confiança, certo(a) de que existe um tempo a ser vencido - um tempo entre - 19 -
você e seu objetivo - e, apesar dele, mais dia, menos dia, você vencerá todas as batalhas, porque está protegido(a) e possui força, coragem e determinação. Ingredientes necessários uma vela amarela incenso de calêndula Modo de fazer Pouco antes de deitar-se, acenda a vela e o incenso. Olhando para o fogo da vela, respire fundo o perfume do incenso. Imagine que tudo está ficando amarelo à sua volta: a fumaça, a energia da calêndula, os móveis, o ar, você. Deixe que seus pensamentos da vida normal adormeçam, para que a sabedoria desperte dentro de você. Relaxe. Agora, concentre-se no problema propriamente dito e tente buscar as primeiras soluções (ou se livrar dele, quando for apenas ansiedade, por exemplo). Pense sempre de um jeito positivo, evitando usar a palavra “não”, que o seu cérebro não reconhece, da seguinte maneira: substitua o “não” por expressões do tipo “Quero parar de fazer tal coisa” ou “Quero deixar de ser do jeito x”. Se preferir, apenas peça ao Universo que lhe envie uma mensagem, sugerindo o que pode ser feito. Quando o incenso acabar, jogue as cinzas ao vento, enquanto repete o seguinte encantamento: “Pensamentos incertos que ocupavam minha mente Que para bem longe o vento os possa levar. Agora, vocês são apenas frágeis cinzas. E sozinhos é impossível para mim retornar.” - 20 -
Deixe a vela queimar até o fim, de preferência ao seu lado, na cabeceira da cama, por exemplo - com todo o cuidado, claro! Deitado(a), olhe a chama, visualize seus problemas indo embora e repita até adormecer: “Que o amanhecer possa De sabedoria a minha mente iluminar Trazendo uma resposta Já que aqui a ansiedade não pode ficar .” Feitiço para acabar com o medo Para aprender a lidar com os medos e enfrentar com coragem a realidade que nos cerca, não existe feitiço melhor do que que este: Ingredientes necessários Uma vela dourada Óleo de verbena Papel branco Fita branca Modo de fazer Unte a vela dourada com o óleo de verbena. Escreva no papel branco todos os medos dos quais você quer se livrar; depois, dobre o papel e amarrre com a fita branca, dando sete nós. Acenda a vela e queime o papel, dizendo o seguinte encantamento: “O fantasma do meu medo foi embora E nunca mais vai me incomodar Com o poder da minha mente Eu o impeço de voltar. - 21 -
Com a mente, com o fogo E também o coração, O medo vira coragem E o desejo vira ação.” Queime o papel completamente, fazendo desaparecer todas as letras; pegue as cinzas que restarem e faça-as virar farelo. Procure um lugar com plantas (um parque, um jardim etc) e sopre-as sete vezes. Nada deve restar. Magia para a realização dos desejos Para a realização de qualquer desejo, três fatores são fundamentais: fé, coragem e imaginação. A fé, para acreditarmos que todo desejo que nasce no coração pode ser realizado; a coragem, para irmos em sua busca; e a imaginação, para visualizarmos nosso desejo como realizado, mesmo antes que ele se realize de fato, já que a visualização é uma das mais poderosas magias que existe. Experimente escrever seu maior desejo em um papel, embrulhá-lo numa moeda e jogá-lo numa fonte ou riacho, pedindo à Deusa-Lua que o realize. Veja-se feliz e realizado(a), depois de ter recebido o que pediu. Talismã para combater a melancolia e a tristeza Se você fica triste por qualquer motivo, renove seu estado de espírito com a seguinte magia:
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Ingredientes necessários Um pedaço de tecido de algodão branco Um punhado de bétula seca Uma fita branca para amarrar Modo de fazer Faça um saquinho com o tecido e encha-o com a bétula seca, amarrando-o firmemente na boca, enquanto vai repetindo o seguinte encantamento: “Vai, bétula, vai, minha amiga Leve embora toda a minha tristeza. Que cada folha seja uma formiga Enchendo meu celeiro de alegria e beleza.” Guarde o seu talismã com muito carinho em um lugar secreto, longe dos olhares dos outros. Nunca permita que outra pessoa o toque. Ritual para despertar a sua guerreira interior Esta magia é ideal para mulheres. Caso algum homem se interesse em fazê-la, deve invocar “Odin, deus dos vikings”, no lugar de Freya. Ingredientes Necessários Uma vela branca Uma vela laranja Modo de fazer Acenda uma vela laranja e uma vela vermelha. Empunhe uma espada imaginária e levante-a, traçando um círculo de energia à sua volta, enquanto repete o seguinte encantamento: “Grande Freya, líder das valquírias, - 23 -
Por favor, v enha em meu auxílio E com seu poder me faça mais forte!” Deixando-se invadir pela força de Freya, você estará pronta para perseguir com sucesso os seus desejos. Magia contra o mau-olhado Ingredientes necessários 33 pedrinhas de sal grosso um copo virgem água Modo de fazer Pegue 33 pedrinhas de sal grosso e jogue em um copo que nunca tenha sido usado antes. Acrescente água filtrada (ou fervida) e deixe no sereno por 3 noites. Em seguida, molhe com esta água os 4 cantos de cada cômodo da sua casa. Banho contra a inveja e o ciúme Ingredientes necessários Uma orquídea Uma noz Uma panela Modo de fazer Ponha água na panela e leve ao fogo. Assim que ferver, desligue e coloque dentro a orquídea e a noz. Tampe bem e espere até que a água esteja morna. Coe e jogue os resíduos em água corrente ou no jardim. Após o banho de higiene normal, jogue essa água sobre seu corpo, do pescoço para baixo e espere que ele seque naturalmente, evitando usar a toalha. - 24 -
2. Tia Madalena na Cidade
Durante muitos anos, Tia Madalena morou nas montanhas de Aiuruoca, numa casinha de madeira pequena e simpática, não muito longe da clareira onde as bruxas se reuniam para o Sabá da Lua Cheia. Além delas, Tia Madalena se encontrava apenas com os elementais, os animais e os seres da natureza, de modo que, de gente mesmo, ela só convivia comigo e com um ou outro sobrinho, quando íamos visitá-la. Ela usava seu tempo para estudar, inventar fórmulas mágicas e cuidar das plantas especiais com as quais fazia florais para curar as doenças. Eu sempre passava as férias com ela e era a única pessoa a quem ela contava as suas aventuras bruxuleantes e até mesmo um pouquinho do que fazia naquele lugar encantado e cheio de energia mágica. Cada vez que eu ia embora, porém, Tia Madalena se sentia tão só, que, após um certo tempo, ela resolveu inverter a sua vida, mudando-se para a cidade e passando apenas temporadas na casinha de Aiuruoca. Até hoje damos muita risada, lembrando a chegada dela a Belo Horizonte. - 25 -
Fazia pelo menos uns trinta anos que ela não visitava uma cidade grande - e foi um susto só! Muita gente, muita confusão! Tia Madalena ficou tonta, ainda mais porque ela resolveu chegar de vassoura: ela diz que ninguém lhe contara que havia estradas ligando as cidades do país! E ela conta do jeito dela, só para fazer a gente rir... Embora jure que foi assim, mesmo, que ela se sentiu, na época: “Milhares de pessoas, com o queixo voltado para cima, assistiam ao meu primeiro vôo sobre Belo Horizonte. Gritavam e apontavam, o que só fazia atrair mais gente. Logo, duas gigantescas libélulas rodearam a minha vassourinha, fazendo um barulho horrível e forçando-me a parar no ar - queriam que eu descesse, de qualquer jeito. Falavam de um jeito brusco, perguntando se eu tinha licença para voar e pedindo não entendi o quê. - “Imagine! Desde quando eu preciso de licença para voar? Vôo quando quero, desço quando chego no lugar onde estava indo, vou embora de novo, nunca ninguém me exigiu nada!” - eu pensava, entre furiosa e assustada. Eu duvidava que, enquanto estivera vivendo que nem ermitão, tivessem inventado uma vassoura para cada pessoa usar, ou mesmo uma libélula, que era o que parecia ser aquela coisa enorme, roncando e rodando as antenas. Continuei voando. Elas me cercaram, impedindome de ir para o lado que queria e obrigando-me a ir para - 26 -
onde elas queriam. Fiquei tonta e enraivecida. Logo, mais libélulas domesticadas chegaram e eu quase não conseguia mais voar, dando apenas voltas para cima e para baixo, girando a vassoura para um lado e jogando o corpo para o outro como se tivesse sido pega por uma corrente de ar endemoniada... Entrei em pânico! Nem sabe como conseguiu me lembrar das palavras mágicas certas e sumir! Que recepção! Demorou um tempo para eu criar coragem para mandar um pombo-correio pedindo que alguém fosse me buscar, mas acabei conseguindo chegar a Belo Horizonte de um jeito mais normal e, aí, sim, deu tudo certo. E fiquei morando um tempo na casa da Damáris.” Naquela época, minha mãe e meu pai estavam de viagem marcada para a Europa. Eu deveria ficar na casa de outra tia, irmã da minha mãe, mas agora, com um adulto por perto, achei que poderia ficar na minha casa, mesmo. Minha mãe não gostou nada da idéia: - Deixar essas duas juntas? Só vai dar confusão! - Ora! - retrucou meu pai. - Ela fica meses em Aiuruoca e você não liga! Minha mãe teimou: Lá é diferente, uma cidadezinha sossegada, não é que nem aqui! - e usou mil argumentos de toda espécie. Meu pai, que sempre fazia tudo que eu queria, já - 27 -
tinha sido instruído antes e combateu com uma explicação séria cada bobagem que ela dizia. Acabamos vencendo, claro: ficamos só nós duas em casa. De manhã, eu ia à escola, voltava para o almoço, fazia a lição e, então, nós saíamos para passear por aí, sempre rindo e nos divertindo um monte. Tia Madalena acha que dormir é desperdiçar um tempo precioso, que pode ser usado para coisas mas interessantes - nem preciso dizer que ela dorme um quase nada. O resto, é fácil imaginar: enquanto eu estava na escola, ela dava as suas voltinhos pela cidade. Sozinha. Logo, descobriu uma coisa que a deixou deveras perturbada: as cidades grandes não foram feitas para pedestres. Nem as ruas, nem o sistema. Tia Madalena, que tinha se decidido a restringir o uso da vassoura às noites de lua cheia, achava tudo longe, difícil, demorado e cheio de gente, mas, principalmente, longe. E ela resolveu comprar um carro. Bem que poderia andar de ônibus como todo mundo, mas ela não teria paciência, ele vai devagar demais, sem contar que sua aura ficava muito incomodada com aquela embolação de gente num espaço tão pequeno. Muito independente, Tia Madalena achou que seria perfeitamente capaz de comprar um carro sozinha: era só escolher um bem bonito, pagar e ir embora, não sem antes dizer ao bichinho o lugar onde ela queria ser levada, é claro! Escolheu uma loja grande, cheia de carros de todos os tamanhos e cores. Achou que roxo ou lilás ficaria muito - 28 -
bem para um carro de bruxa e, ao buscá-lo com o olhar, avistou um ovalado e pequenino, mais parecendo um besouro gigante, lá no canto direito. Quando mais olhava, mas gostava daquele besouro violeta como uma flor. Ou seria uma flor gigante com um besouro em cima? O vendedor veio atendê-la, um sorriso plantado na cara sulcada pelas marcas de velhas espinhas. Solícito, gentil. - Pois, não, senhora? Na hora, emocionada, ela esqueceu o nome do que viera comprar e gaguejou: - Eu quero um... um... um besouro! - Desculpe, não entendi, quer o quê? - o homem franziu ainda mais a testa já franzida. - Quero um... Igual aquele! - pediu, apontando o besouro violeta. Ele ficou entusiasmado: - Este fusca está em estado de zero. Acho que é uma boa escolha. Tia Madalena não entendeu nada, mas já ele falava o preço e perguntava como ela queria pagar. Ela continuou não entendendo, mas certa de que eram os costumes da casa, resolveu não discutir. - Vou pagar em dinheiro. - esclareceu. O vendedor fez uma cara estranhíssima e disse que ela não deveria andar com tanto dinheiro assim, na rua, os ladrões, blá, blá, blá... Tia Madalena nem prestou atenção. Imagine se ela iria ficar com medo de ladrão!!! Acabaria com ele com - 29 -
um simples olhar fulminante - e bastaria o olhar número 22, o 38 já seria desperdício... Pagou, ficou de buscar os documentos em três dias, pegou a chave, pôs no automático e pediu que ele a levasse embora. Nada. Pediu muitas vezes, com educação; reclamou, gritou, xingou. Nada. Ele simplesmente se recusava a sair do lugar! O doidinho só obedeceu quando ela jogou nele um monte de pó de pirilim! E lá foram eles!!! Em poucos segundos, Tia Madalena descobriu que não tinha paciência para andar de carro em uma cidade tão grande. Muito carro, muita gente, avenidas muito largas, tudo enorme e assustador. E o pessoal da terra ziguezagueando, tirando finas, subindo na calçada, desrespeitando sinais... Já no segundo quarteirão, ela não agüentou e pôs um par de pernas de garça no seu carrinho novo, fazendoo passar sobre os outros da fila - imagine o escândalo que foi! Se ela não tivesse sumido num piscar de olhos...! Voltou, meia hora depois, decidida a ser mais comportada. Pegou o carrinho, levou-o para casa e ficou esperando que eu chegasse da aula para me fazer uma surpresa. Tia, e eu que nem sabia que você sabia dirigir! - exclamei. E precisa??? - riu ela. Seus dentes branquinhos brilharam, travessos como - 30 -
ela própria, enquanto ela me contava as suas aventuras. E eu também me apaixonei pelo fusquinha roxo, com quem ela conversava como se ele fosse gente. Deu-lhe o nome de Penélope. No dia seguinte, resolvemos ir ao shopping center. Era sábado à tarde e parecia que toda a cidade tinha tido a mesma idéia. Impossível encontrar uma vaga para estacionar. Exasperada, Tia Madalena desceu, jogou nele um pouco de pó de invisibilidade e deixou num lugar proibido, mesmo! - Ai, que demais!!! - suspirei. - Uma pena que não possa contar para as minhas amigas... Elas não iriam acreditar, mesmo! - riu ela, dando os ombros. - E demonstração de poder você sabe que eu não faço, mesmo! Nisto, ela era radical: - Uma bruxa de verdade não pode ser orgulhosa, vaidosa ou arrogante, Damáris, senão perde o poder ele vai enfraquecendo à medida que essas características aumentam na personalidade dela... - não se cansava de repetir. - Deixe que os mortais idiotas se exibam como pavões ridículos. Nós não precisamos disso, nem eu nem você. Entramos, pois, no Shopping Center, de onde saímos, algumas horas depois, carregadando um monte de sacolas. Que surpresa horrorosa: Penélope estava toda amasada! Certamente, alguém, não a vendo, resolvera estacionar no mesmo local! - 31 -
O trabalho de desamassá-la não foi grande, mas a Tia ficou irritadíssima! E resolveu: - Damáris, na próxima vez, vou parar numa rua deserta, jogar o pó da redução na Penélope e deixá-la pequena o suficiente para levá-la onde eu for, dentro da bolsa ou apertada na palma da mão! Eu ia achar a idéia bem interessante, mas não tive tempo de achar nada, já outra idéia ocupava o lugar desta: - Tia, este pó existe, mesmo? - perguntei, excitada. - Damáris, que pergunta!!! - Tia Madalena quase se impacientou comigo. - Eu gostaria de ficar pequenininha... Dá para jogálo em mim, também? - pedi, ansiosa. Eu sabia que a Tia não gostava desse tipo de pedido, pois detestava dizer “não” para a sua sobrinha predileta e ficava chateada quando não podia me atender. - Damáris... - Desculpe, Tia. Quando der, você faz? - Agora, melhorou, minha querida... Quando der, eu prometo! E entramos no carro, abraçadas. Foi assim que Tia Madalena passou a fazer com Penélope. Deu certo, até o dia em que um homem assistiu e pediu a receita. Ela ficou brava, achou um desrespeito, será que ele pensava que seria como fazer um bolo, é? Não resistiu a fazer um desaforo àquele mortal impertinente: - Eu acabo com você! - exclamou, fazendo-o contorcer-se em dores pelo corpo todo. Em seguida, - 32 -
transformou-o num pássaro, para ele aprender a ter mais respeito com as bruxas, mesmo quando disfarçadas de gente. Certo dia, lutando para fazer Penélope andar sem magia, ela descobriu uma coisa horrível: fora enganada pelo vendedor de carros!!! Prestando atenção a sua volta, percebeu que o normal é que as pessoas tenham carros mais bonitos, com linhas e cores diferentes do seu, silenciosos e, certamente, mais confortáveis. Informou-se em outro lugar e teve certeza: pagara uma fortuna por um carro ultrapassado! Ficou irada e voltou lá, para tirar satisfação. O cara, que já colhera o sorriso plantado na cara, alegou que lhe vendera o carro que ela pedira. Tia Madalena não poderia dizer que ele não tivesse um pingo de razão, mas, de qualquer maneira, transformou-o num corvo, para ver se ele ficava mais esperto. Pensou em desistir do seu carrinho, mas descobriu que amava Penélope como se fosse uma pessoa, que ela já fazia parte de sua vida... E conformou-se! Embora estivesse consciente de que deveria afastar-se da magia e não resolver com ela os problemas do dia-a-dia, para seu crescimento e melhor adaptação ao local que escolhera para morar, ficou com aquele carro, mesmo, permitindo-se um pozinho, de vez em quando, para não trancar as avenidas com os piripaques que ele dava, a qualquer momento. - 33 -
E como tudo para ela era motivo e desculpa para dar muita risada, tudo voltou ao seu lugar, inclusive com Penélope na garagem ou fazendo das suas pelas ruas e avenidas da cidade, o que deu origem a muitas histórias engraçadas, algumas exageradas, claro, mas outras... Ah, prá lá de verdadeiras! Só que o pessoal achava que era tudo imaginação e, certos de que ela era apenas uma esquisita a mais na face da terra, uma “doidinha”, creditavam suas esquisitices à sua vida anterior, reclusa demais. E o tempo foi passando... Logo, Tia Madalena parecia-se com qualquer um. Mudou-se para uma casinha amarela, comprou todas as comodidades modernas tipo computador com internet e tudo, forno de microondas, geladeira, feezer, televisão, videocassete; alugava filmes em vídeo, ia ao teatro e ao cinema, freqüentava livrarias, ia a todos os lançamentos e exposições que conseguia. Não fossem os seus olhos verdes de gato e as roupas coloridas e estranhas, ninguém nem repararia nela. Nós duas estávamos juntas sempre que podíamos e conversávamos muito. - Damáris, gostaria de poder lhe ensinar o que sei... - disse a Tia Madalena, um dia em que tomávamos sorvete, sentadas no sofá da sala. - Você quer? Arregalei os olhos: - Aí, eu vou virar uma bruxa, também? - Bobinha... - a Tia alisou meus cabelos. - Você já é... - 34 -
- Sou? - Fiquei realmente surpresa. Nunca pensara nisso. - Claro que é! - respondeu Tia Madalena. - Só precisa aprender algumas coisas mais para ser uma bruxa de verdade. Preste atenção: uma bruxa precisa estudar muito! Para ser qualquer coisa interessante na vida, é preciso estudar, mas para ser bruxa, você precisa estudar o dobro! - O dobro de quanto, Tia? - perguntei, de olhos ainda mais arregalados.Eu já achava que estudava tanto... - O dobro do máximo de estudo que você conseguir imaginar! - respondeu a Tia, sem piscar. Não é demais? - perguntei, suspirando, desanimada. - Nunca é, Damáris. Estudar nunca é demais! E acontece uma coisa interessante, engraçada, muito louca: quanto mais você sabe, mais você percebe que não sabe nada e mais tem vontade de saber. Entendeu? Não muito bem... Vou tentar dizer de outro jeito. A cabeça da gente é assim: quando você põe dentro dela um pouco de conhecimento, ele não ocupa espaço, ao contrário, é como se este novo conhecimento abrisse um lugar na sua cabeça para mais coisas novas, entendeu? Acho que sim... - respondi, ligeiramente preocupada. Não gosto de parecer burra aos olhos a minha Tia. - Quer dizer, então, que a cabeça da gente é que nem coração de mãe? Aí, foi a vez dela franzir a testa: - 35 -
Como assim? Sempre cabe mais um... E caímos na risada. Ela, então, levantou-se do sofá, caminhou até a estante, pegou dois livros que já estavam separados e falou: - Comece lendo estes dois. E foi assim que comecei meu aprendizado de bruxaria.
Magias recomendadas pela Tia Madalena A Magia dos Chás A chamada Medicina Alternativa não é muito diferente da antiquíssima Medicina Popular, tão praticada pelas nossas bisavós, pelos índios e pela gente do campo: o tratamento das nossas dores com plantas, raízes, sementes, frutos e flores. Eles são como beijos solares cristalizados na terra e com eles fazemos, principalmente, banhos energéticos, compressas e chás. Felizmente, no momento em que as pessoas se redescobrem parte integrante da Natureza, este velho costume readquire importância e volta a ocupar o seu merecido lugar de honra em nossas vidas. As ervas, tanto frescas quanto secas, nunca devem ser fervidas. Isto não é apenas um desrespeito à Natureza que se doa para o nosso bem-estar - é também porque, - 36 -
quando fervidas, as plantas perdem muito das suas propriedades curativas. O ideal, portanto, é fazer uma infusão: ferva a água, desligue o fogo, coloque dentro as ervas com todo o carinho, tampe por alguns minutos, coe, espere esfriar um pouco e beba ou banhe-se! Os chás devem ser tomados imediatamente após terem sido preparados. E nunca joge os resíduos no lixo. Devolva à Natureza, com todo o respeito, a vida que dela recebeu: enterre ou coloque os resíduos no jardim, aos pés de uma árvore, nas águas de um rio ou num vaso. Esse material não é poluente e logo será reintegrado à Natureza. Alecrim Excelente tônico para o músculo cardíaco, equilibra a pressão arterial, além de ser indicado para infecções renais, dores reumáticas nas articulações, digestão, dores-de-cabeça e até depressão. Aquiléa Calmante e digestivo, auxilia no tratamento de cálculos renais. Em forma de compressa, alivia as dores das contusões e acelera a cicatrização de feridas e machucados. Arruda Trata todos os tipo de dores nas articulações, problemas circulatórios, falta de apetite e má digestão. Como é uma erva muito forte, deve ser usada com cuidado e não é recomendada para mulheres grávidas. - 37 -
Artemísia Também conhecida como “Erva de São João”, seu chá é velho conhecido de nossas avós no tratamento de cólicas menstruais, infecções uterinas e ovarianas. Substitui qualquer analgésico para aliviar a dor-de-cabeça e a enxaqueca. Assim como a Arruda, não deve ser usada por mulheres grávidas. Azedinha Excelente para a cicatrização de ferimentos leves, é também usado para o rejuvenescimento da pele do rosto. Babosa De sabor forte e amargo, nossa “Aloe Vera” , há muitos anos, vem sendo usada para tratar queimaduras e queda de cabelo. Atualmente, vem sendo pesquisada pela medicina tradicional na cura de anemia, reumatismo, artrose, arteriosclerose, doenças oculares, câncer e Aids. Calêndula Ficou famosa no tratamento de cólicas estomacais, resfriados e tuberculose. Nos tratamentos de pele, é usada há muitos anos, pela cosmética natural, para a fabricação de cremes, pomadas e xampus. Ajuda na cicatrização de ferimentos leves e rachaduras de pele. Usada como compressa morna, clareia a pele manchada de sol. - 38 -
Camomila É um dos mais conhecidos calmantes da Natureza. Quando misturada com a hortelã, resulta num chá excelente para curar gripes e resfriados. Cavalinha Rica em cálcio, ferro, sódio e magnésio, é eficaz no tratamento das dores-de-cabeça e fortalece os cabelos e as unhas. Dente-de-leão Seu chá é excelente auxiliar quando você está fazendo regime para emagrecer. Combate a celulite e, quando misturado à cavalinha, clareia as sardas. Endro Calmante suave, proporciona um sono tranquilo. Erva-cidreira Como as demais mentas, é utilizada com calmante, para regular a menstruação e acabar com a dor-decabeça. Na cosmética natural, é usada na forma de banho de vapor para cicatrizar a acne. Hortelã-pimenta Seu chá é digestivo e ajuda o fígado a se refazer. Um emplastro com folhas de hortelã alivia a dor da picada de insetos. - 39 -
Louro Ajuda a digestão, aliviando a sensação de estômago pesado. Usa-se o chá de louro adoçado com mel contra a gripe e o resfriado. Manjericão Seu chá é usado no combate à dor-de-cabeça provocada por nervosismo, azia, gastrite, enxaqueca e instabilidades. Como bochecho, é ótimo para aliviar as aftas. Sálvia Seu chá é usado para restaurar a cor natural dos cabelos escuros. Tomilho Seu chá é excelente regulador das funções intestinais.
A Magia dos Banhos Assim como você faz, quando prepara um chá, as ervas usadas nos banhos também não devem ser fervidas. Proceda da mesma maneira: ferva a água, desligue o fogo, coloque as ervas com todo o carinho, tampe por alguns minutos, coe, espere esfriar um pouco e faça o banho, jogando a água sobre seu corpo, do - 40 -
pescoço para baixo. Procure secar-se naturalmente, evitando usar uma toalha, para que a energia delas fique no seu corpo por mais tempo. Algumas bruxas acham que não existe motivo algum para não se molhar a cabeça, também; como as Leis da Bruxaria, neste sentido, são muito flexíveis, escolha o jeito que melhor combina com você. Os banhos devem ser sempre tomados depois do seu banho normal de higiene. Ervas Especiais Açúcar Jogue um pouquinho de açúcar mascavo na água e tome um banho para renovar a energia da sua aura, fazendo com que as outras pessoas que também tenham uma energia positiva se sintonizem com você. Alecrim É excelente para nos livrar da sensação de fadiga, cansaco e desânimo, o que o torna ótimo para quem estuda. Bicarbonato de sódio Auxilia o sono, diminuindo a irritabilidade e o descontrole. Misturado ao sal marinho, em partes iguais, é um excelente banho para ser tomado à noite, antes de dormir. Fica melhor ainda se você conseguir intercalar este banho com outro de camomila, um dia para cada um. - 41 -
Café Para acabar com os pesadelos e com aquela horrível sensação de que estamos sendo observados, coloque duas xícaras de chá com café bem forte em cinco litros de água e banhe-se da cabeça aos pés. Canela A canela tem fama de ser a especiaria da prosperidade e do dinheiro, mas nunca falta em uma boa poção de amor, também. Quando usada junto com outras ervas, atrai a positividade em todos os sentidos. Experimente combiná-la com noz-moscada ralada, ervadoce, louro ou cravo-da-índia. Casca de laranja fresca Excelente para as pessoas mais tímidas, pois ajuda a fazer aflorar os sentimentos, usa-se a casca de uma laranja média para cada 3 litros de água fervida. Cravo-da-índia Proteja-se contra a inveja tomando um banho de cravo-da-índia, de preferência moído. Basta uma colher de sopa para cada litro de água. Não se esqueça de coar. Eucalipto Macere algumas folhas frescas numa vasilha com água à temperatura ambiente e tome o banho da cabeça aos pés, sentindo a alegria se renovando dentro de você, - 42 -
ao mesmo tempo em que a sua vontade se fortalece. Não há apatia que resista! Flores de Murta Também conhecidas como “Dama da Noite”, pois é só à noite que elas se abrem e exalam seu delicioso perfume forte e adocicado, as Flores de Murta são excelentes para atrair energia positiva. Devem ser colocadas de molho na água fria e aí permanecerem por uma noite, de preferência de Lua Cheia. Deixe-as tomar o sol da manhã, também, e, antes do meio-dia, você poderá usá-las para o seu banho. Manjericão Auxilia na desinibição, principalmente quando associado ao orégano. Noz-moscada Prepare um banho a cada Lua Crescente, combinando-a com salsa desidratada e erva-doce para recarregar as energias. Não se esqueça de que a nozmoscada deve ser ralada. Sal marinho Este sal sem iodo é um excelente aliado no combate à energia ruim do mau-olhado, que costuma deixar a pessoa desanimada e sem energia. Bastam 3 punhados de sal em cinco litros de água antes de dormir. Na manhã seguinte, tome um banho de - 43 -
eucalipto ou alecrim, para reenergizar o corpo e aumentar a força. Vinagre Excelente contra o mau-olhado, é também usado como tônico para a pele. Receitas de Banhos Mágicos Banho de Sol Para manter o seu namorado(a) sempre apaixonado, Tia Madalena recomenda o seguinte encantamento: Ingredientes necessários Uma garrafa transparente Água filtrada ou fervida Papel cor-de-rosa Modo de fazer Num dia de Lua Cheia, encha a garrafa com água e embrulhe-a com o papel cor-de-rosa (qualquer tipo de papel, só a cor é que é importante). Deixe-a um dia inteiro ao sol e, à noite, jogue a água sobre o corpo. Essa magia deve ser feita uma única vez. Banho de Alho Contra a energia gerada por situações difíceis e constrangedoras, nada melhor do que este banho. Ingredientes necessários dois litros de água - 44 -
duas colheres de sopa de tomilho sete dentes de alho frescos e inteiros duas colheres de sopa de sálvia seca duas colheres de sopa de manjericão uma colher de sopa de sal marinho Modo de fazer Ponha a água no fogo e desligue-o assim que ela levantar fervura. Coloque as ervas na água, tampe por alguns minutos, espere esfriar, coe e tome o seu banho. Banho de Cheiro para atrair um amor Ingredientes necessários 3 litros de água 7 pétalas de rosa branca 7 pétalas de rosa vermelha 3 galhinhos de manjericão 3 galhinhos de alecrim 3 gotas do seu perfume predileto Modo de fazer Prepare um banho com todos os ingredientes juntos, de preferência na Lua Cheia. Banho de Flores e Frutas Nada melhor para estimular a sua Aura para o amor do que este delicioso banho. Ingredientes necessários Pétalas de 3 rosas vermelhas Algumas gotas de sândalo (essência ou perfume) Uma peça de ouro (por exemplo, um anel ou aliança) - 45 -
Cascas frescas de uma maçã Modo de fazer Numa noite de Lua Cheia, coloque os ingredientes numa vasilha com água fria (filtrada ou fervida) e deixe descansar a noite inteira. Na manhã seguinte, esfregue delicadamente as pétalas de rosa e as cascas da maçã nas paredes da vasilha, retire a peça de ouro e faça o banho. Banho da Prosperidade Ingredientes necessários Canela Noz-moscada ralada Erva-doce Louro Alguns cravos-da-índia Uma colher de açúcar mascavo Modo de fazer No terceiro dia de Lua Cheia, prepare um banho com esses ingredientes - e logo você vai sentir os resultados!
O Universo na Terra Cada planeta se associa a determinadas plantas: Saturno Arruda, cominho, funcho e salsa são espécies saturninas, que nos trazem responsabilidade e perseverança. - 46 -
Júpiter Ameixa, beterraba, morango, rabanete e gergelim atraem as energias do planeta da expansão e da sabedoria. Marte Alho, hortelã, cebola e pimenta atraem as vibrações do planeta do dinamismo, da iniciativa e da combatividade. Vênus Uma salada de agrião, temperada com coentro e limão, é uma poção mágica associada ao planeta do amor, da sedução e da beleza. Sol Doces com canela e cravo-da-índia, suco de laranja e chá de alecrim são solares e proporcionam criatividade, poder, fortuna e fama. Mercúrio A inclusão da camomila, acelga, cenoura e chicórea nas refeições favorece a comunicação e o intelecto. Lua Abóbora refogada, salada de pepino ou alface, melancia, melão ou repolho são alimentos lunares, ligados à sensibilidade, ao desenvolvimento da intuição e à fantasia. - 47 -
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3. Lições de Bruxaria
Tia Madalena era uma professora paciente e dedicada. Eu lia os livros que ela me recomendava e comentávamos sobre eles durante horas a fio. - Quando vou começar a fazer as magias, Tia? perguntei, certo dia. Eu já estava ficando impaciente para, literalmente, “colocar a mão na massa”! - Logo, logo, você vai ver... Antes, precisa saber o que vai fazer. É você quem deve controlar a magia, não o contrário. De qualquer maneira, já podemos fazer um pequeno altar. - Tia Madalena - eu disse, surpresa - segundo os livros, eu deveria primeiro ser iniciada! - Oh, não se preocupe! - riu ela. - Realmente, muitas bruxas acham que o melhor é fazer primeiro a iniciação, mas eu não concordo! Afinal, qualquer pessoa pode ter um altar pessoal, mesmo que não seja bruxa. Como sempre, ela tinha razão! - Vamos providenciar uma mesinha, que será usada somente para isso. Você prefere uma toalha branca ou preta? - perguntou. - 49 -
- Branca. - pedi. - Certo. Vamos colocar apenas os quatro elementos da Natureza: um incenso, representando o ar; uma vela, o fogo; uma pedra, a terra; e a água, que representa a si mesma. Assim, você estará sintonizada com as forças e os espíritos da Natureza. Preparamos tudo para o dia seguinte. Quando a Tia Madalena chegou, trazia um castiçal e um incensário de presente para mim. Fiquei ainda mais emocionada! Vamos começar? - convidou ela. Com todo o respeito, acendi a vela e o incenso e enchi o cálice de água. - Eu gostaria de fazer o círculo de proteção imaginário. - pedi. - Você sabe que é a mesma coisa - com giz, velas, pedras ou objetos, portanto, que seja como você escolheu. Só não pode se esquecer de que, depois que o círculo estiver traçado, não poderá ser quebrado. Pronta? Levantei-me, concordando com a cabeça, e comecei pelo norte. Caminhei três vezes no sentido dos ponteiros do relógio, imaginando um globo de energia que ia se formando conforme eu traçava o círculo que nos protegia - a mim, à Tia e ao altar. E eu disse em um tom que certamente foi solene e emocionado: - “Este círculo nos protegerá contra qualquer contratempo ou negatividade e se abrirá apenas para as energias corretas para o nosso trabalho.” Tia Madalena disse o encantamento para consagrar - 50 -
o meu altar, passamos a fumaça do incenso e bebemos a água do cálice. - Pode fechar o círculo. - disse ela. - “O círculo está desfeito, mas não está quebrado.”, eu disse. Finalmente, as coisas começavam a acontecer de verdade!!! Ainda bem que todos os livros que ela me dava para ler eram interessantes, instigantes e cheios de novidades! E eu lia, e lia, e lia... Um dia, ela trouxe um livro grande e bonito, dizendo: - Hoje, vamos conversar com esse livro, Damáris. Ele é muito especial. Olhei a lombada. Estava escrito, em grandes letras douradas: “Os Mandamentos da Bruxa Sábia”. Abri-o e não resisti a ler o primeiro, em voz alta: - “Nunca faça nada contra a vontade do outro.” Não entendi e perguntei: - Como assim, Tia? - Damáris, nunca faça algo que a outra pessoa não queira, impondo a sua vontade; por exemplo, você gostaria de ficar com um certo menino, mas ele não olha para você. Nunca faça uma magia para ficar com ele. Você depende que ele queira ficar com você, compreende? Sua vontade depende da vontade dele. Faça magias para atraí-lo, para chamar a atenção dele, mas nunca para tê-lo. Se, após os sortilégios, ele não vier, é porque não seria bom para você. - 51 -
- Ai, Tia, muito complicado!!! - exclamei. - De que me adianta ser bruxa, se não posso ter o que quero? - Você pode, sim, Damáris, ter tudo o que quer, desde que não force a vontade de ninguém. Cada pessoa deve ser sempre livre para escolher o que é melhor para ela mesma. Não queira ser Deus, mas, sim, fique unida a Ele, permanecendo junto d´Ele. Acho que entendi. - eu disse, passando para a leitura do segundo mandamento: “Uma bruxa deve amar a outra como a si mesma.” Toda feliz, exclamei: - Este eu entendi! - Bem, talvez nem tanto assim... - disse a Tia. Quando você ama alguém como a si mesma, presumese que ame a si mesma antes. E precisa se amar muito, para poder amar muito aos outros. - Complicou! - brinquei. - Só que parece coisa de gente egoísta... - Não, Damáris, não é. - respondeu a Tia, sem sorrir. - Isto é muito sério. Você precisa se amar primeiro, para saber como é amar. Só, então, será capaz de amar a outra pessoa de verdade. Veja bem: se você maltrata a pessoa mais importante do mundo - Você! - como tratará as menos importantes? Portanto, ame-se e trate-se com amor, com delicadeza e compaixão. Permita-se errar. Ninguém nasce sabendo nada, todo mundo aprende e isto é que é importante: aprender. Principalmente com os próprios erros. Para não cometer o mesmo erro outra vez. - 52 -
Acenando com a cabeça para mostrar que compreendera, li o terceiro mandamento: - “Não roubarás, não matarás, não enganarás os outros. Livre-se do ciúme e a da inveja. Mantenha a raiva sob controle. A vingança é permitida, desde que não seja maior do que a ofensa sofrida.” Comecei a rir: - Gostei deste mandamento! Agora, eu compreendo melhor o seu jeito de ser, Tia Madalena! - Damáris, não se deve levar desaforo para casa... - explicou ela, suavemente. - É por isso que toda bruxa, quando ficar enfezada, tem o direito de rogar uma praga em quem a ofendeu. A raiva precisa ser liberada de um jeito saudável, caso contrário, envenenará a vida da bruxa, ela ficará se remoendo durante séculos e isso, sim, é muito ruim. - Compreendi. - “Uma bruxa deve ter apenas o necessário e procurar ser feliz com o que tem.” - eu li. Tia Madalena completou: - Nada em excesso, essa é a informação real. Não comer demais, não beber demais, não ser vaidosa nem orgulhosa, não exagerar em nada. Uma bruxa pode até fazer dinheiro, mas sempre na medida certa para as suas necessidades, não para comprar tudo o que vê. - E quem diz quando é suficiente? - perguntei, achando a idéia muito louca. - Apenas a sua consciência, Damáris. Nada será “de mais” nem “de menos”, enquanto você for capaz de - 53 -
dividir com os outros aquilo que tem, nem que só tenha a sua alegria para partilhar. Franzi a testa, tentando manter os pensamentos dentro da minha cabeça e dar-lhes um mínimo de ordem. Após alguns minutos de reflexão, passei para o mandamento seguinte: - “A vida de uma bruxa é estudar e aprender. Escolha quantas missões quiser ou achar interessante realizar, mas leve-as todas até o fim.” - A uma bruxa não é permitido mudar de idéia? perguntei, surpresa. - Claro que sim, desde que a experiência tenha sido um aprendizado. - respondeu Tia Madalena. - E é a minha consciência que decide isto? - Claro! - Não me parece muito difícil ser bruxa... - Não é, desde que você não se afaste das Leis do Universo. Siga-as e elas sempre lhe mostrarão o caminho da retidão e do dever. E lembre-se sempre do último mandamento: “Uma bruxa deve ser livre para escolher seu próprio caminho.” - Uma bruxa não é obrigada a nada? - Não. Como você percebeu, cada uma escolherá o que achar melhor para si mesma. - Mas cada uma deverá obedecer aos mandamentos, não é? - Se quiser. Estes são os Mandamentos da Bruxa Sábia. Outras bruxas buscaram outros caminhos e isso é um direito delas, que não cabe a nós discutir ou - 54 -
questionar. Há diversos tipos de bruxa - e elas são livres para seguir mandamentos diferentes. - Interessante... E quem castiga as bruxas, quando elas erram? - Apenas a consciência de cada uma, Damáris... respondeu a Tia, suavemente. - Mas este pode ser o castigo mais terrível. Fiquei pensando por um longo tempo... Parecia tão livre, mas a Bruxaria é um caminho incrivelmente bem traçado! - Deixei este para comentar no final. - disse a Tia, quebrando o silêncio - “Só deseje aos outros o que quer para si mesma.” - Por causa da força do pensamento! - exclamei. Não gostava de parecer burra aos olhos da minha Tia e, de repente, surgia uma oportunidade maravilhosa de mostrar-lhe um pouco do que aprendera. Contei-lhe o que lera e refletira a respeito, concluindo: - A força da palavra é tamanha que, além de realizar o pedido, faz com que ele volte triplicado para quem o enviou. - Exatamente. - aprovou ela. - Mande amor para o mundo, Damáris. E você receberá muito mais amor de volta... Esta idéia tem seu lugar de honra no hábito tipicamente feminino de compartilhar tudo com as amigas. E isto é maravilhoso! Ignore a competição do mundo masculino e lembre-se: uma bruxa é, antes de tudo, uma mulher! Eu não conseguia deixar de me sentir surpresa: - 55 -
quando eu pensava que sabia um monte de coisas, tinha mesmo era a certeza de que havia milhões de coisas para aprender! Isso que, a cada dia, mais eu aprendia!!! Outro tempo passou. Então, de repente, assim, sem aviso prévio, quando eu já tinha até me acostumado a ler e a ajudar a Tia a preparar poções mágicas, encantamentos e feitiços, eis que ela chega com os braços cheios de pacotes, dizendo, simplesmente: - Trouxe as coisas que vamos precisar para a sua consagração. Disse isso tão naturalmente que quase me fez desmaiar. Arregalei os olhos. Como não me ocorresse nada para dizer, brinquei: - Você esteve na lua, é? Passou na “Loja das Bruxas”? Ela riu e me abraçou: - Você sabe: os utensílios mágicos não possuem vida nem magia. É preciso que estejam associados à energia da bruxa para manifestarem algum tipo de poder. Eles devem ser, de preferência, feitos pela própria bruxa, por isso, eu trouxe os ingredientes para começarmos a prepará-los. Dentro de dois dias será o seu aniversário e esta é uma data maravilhosa para a sua iniciação, pois todos os portais se abrem e os desejos se realizam com facilidade. - Agora, vou poder preparar os feitiços sozinha? perguntei, emocionada. - Não sabia o que dizer! - Com certeza! - ela respondeu, me olhando nos olhos. - Já escolheu o seu nome mágico? - 56 -
- Já! Vou contar bem baixinho no seu ouvido, porque não quero nem que as paredes o ouçam! Mais soprei-o do que falei e ela sorriu, exclamando: - Lindo! - e, mudando de tom, acrescentou: - Trouxe tudo por escrito, para você não se confundir. Precisa fazer tudo direitinho. Ela me entregou uma folha de papel, onde eu li: Os utensílios mágicos Os objetos mágicos são os nossos auxiliares na preparação das magias e merecem todo o nosso respeito e a nossa amizade. Trate-os sempre com amor. Comece reservando um lugar na casa para guardá-los. Se quiser, coloque-os junto do seu altar. São eles: 1. Caldeirão A principal característica do caldeirão é a transformação. Ele representa o quinto elemento, conhecido como “Elemento Éter” e geralmente é feito de ferro. Mantenha-o sempre limpo, de preferência, usando folhas de manjericão. 2. Vassoura Sua vassoura só é mágica se for feita por você mesma ou comprada exclusivamente para fins de magia. Com ela, fazemos a limpeza astral, “jogando fora” as energias negativas. É claro que, para varrer energia, você não precisa encostar a vassoura no chão. Limpe sempre o local antes de começar a trabalhar. - 57 -
3. Ervas As ervas mágicas funcionam melhor se forem colhidas na hora e da maneira corretas, por conservarem perfeitamente todas as suas funções vitais, mas você pode trabalhar com as ervas ressecadas, desde que se lembre de que elas têm os seus poderes reduzidos. As ervas nunca devem ser arrancadas violenta ou desnecessariamente, ao contrário, sempre com carinho e respeito, peça licença à planta e tire-a com delicadeza, na quantidade certa que vai precisar. Devemos sempre ter o maior cuidado para não prejudicar ou matar os seres vivos - é por essa razão que os animais nunca são sacrificados em rituais de magia branca. 4. Velas As velas são as luzes que iluminam o lado mais profundo da nossa mente. Nela estão presentes os quatro elementos da Natureza: a água, na parafina; a terra, no pavio; o ar, que permite a combustão do fogo; e o fogo que se acende. Dependendo da ocasião e do objetivo, usamos velas diferentes, variando a cor, o formato e o tamanho. Para se tornarem mágicas, devem ser consagradas: através de inscrições, untadas com óleos ou esfregadas entre as duas mãos, ao mesmo tempo em que se diz o objetivo com que as vamos acender. 5. O Livro das Sombras Toda bruxa deve possuir essa espécie de diário, - 58 -
onde anotará suas experiências teóricas e práticas, sonhos significativos e eventos importantes. A maioria delas escolhe um caderno bonito com a capa preta - já que esta é a cor que melhor guarda a energia - onde são inscritos os símbolos mágicos, o pentáculo, por exemplo, ou a lua. Não se esqueça de colocar algumas ervas de proteção dentro do seu Livro das Sombras. 6. Poção protetora Utilizada pela maioria das bruxas, sua receita varia de acordo com o gosto pessoal de cada uma, mas nunca faltam a água, o sal grosso e as ervas de proteção. 7. Sino Importante objeto de bruxaria, o som do sino é a continuidade mágica da nossa voz e ele é utilizado principalmente para marcar o início e o término dos rituais. Quando é tocado, o sino vai afastando as energias negativas e os perigos, ao mesmo tempo que transmite paz de espírito. 8. Cetro Popularmente conhecido como “varinha mágica”, o cetro representa a continuidade do braço e sua função é armazenar energias e direcionar invocações. Deve ser sempre de confecção própria e os materiais mais indicados são os galhos de árvores, principalmente o salgueiro, o carvalho e a acácia. - 59 -
Não se esqueça: se precisar retirar o galho, converse antes com a árvore, pedindo licença e explicando-lhe as suas intenções. Deixe para ela um objeto pessoal seu, em sinal de gratidão. 9. Colher de pau Serve para mexer as poções no caldeirão e deve ser consagrada antes de ser usada. Para isso, acenda um incenso e passe a colher na fumaça por nove vezes, jogando, em seguida, uma pitada de sal. 10. Pedras As pedras podem ser de qualquer tipo, tamanho ou cor. Sua energia pode variar de acordo com o seu tamanho, mas seu poder estará sempre relacionado à maneira como ela é tratada. A bruxa pode escolher a pedra que mais se harmoniza com a sua energia, já que todas são poderosas e benéficas. Antes de usá-las, é recomendável que deixe-as de molho em água misturada com sal grosso durante uma noite e que, depois, possam se secar ao sol e ao vento por um dia. 11. Livros Para se aprofundar e aperfeiçoar, uma bruxa precisa ler muitos livros sobre bruxaria. Mantenha-os sempre perto de você, pois a energia dos livros é boa e poderosa. Consulte-os sempre que julgar necessário. - 60 -
Não se esqueça, porém, de que, mais importante do que o conhecimento teórico, é a prática. Os livros abrem os caminhos, mas é você quem deve segui-los. Desperte a Deusa que existe dentro de você. 12. Cálice É no cálice que bebemos e servimos o vinho (ou suco de uva) e as poções mágicas. Simboliza o poder da Grande Mãe e a escolha do mais adequado é bastante pessoal: a maioria das bruxas prefere um cálice de prata, por estar associado à Lua.
13. Castiçal O castiçal pode ser de qualquer tipo; o importante é que mantenha as velas na posição vertical, evitando sujeira e riscos de incêndio. 14. Incensos O aroma da erva contida no incenso cria um ambiente místico, o que os torna indispensáveis nas meditações. Utilizados como oferenda aos deuses, atraem os bons espíritos. A maioria dos rituais pede um tipo específico de incenso. Nunca acenda um incenso sem um objetivo definido. Assim como as velas, eles devem ser consagrados antes do ritual, para que tenham significado.
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15. Incensário Uma vez aceso, o incenso deve ser queimado até o fim - por isso, precisamos de um incensário. Ele também representa o elemento ar (como o próprio incenso) e deve ser escolhido segundo a preferência pessoal de cada bruxa. 16. Pentáculo Eis um símbolo estimado pelas bruxas! Desempenha um papel importante nos rituais e pode ser desenhado em um disco chato de qualquer material. 17. Túnica A túnica deve ser usada exclusivamente durante os rituais, já que a maioria deles só pode ser considerado “bem realizado” quando todas as energias conseguem circular livremente. É por essa razão que muitas bruxas preferem “vestir-se de céu” (quer dizer, ficar nuas) durante os rituais. 18. Atame Trata-se de uma faca de dois gumes (corta dos dois lados) que simboliza a força da bruxa. É utilizado para direcionar energias, traçar círculos de proteção, fazer inscrições mágicas, entre outros. Não deve ser usado como um instrumento cortante, para que não seja associado à violência. Bruxas menores de 18 anos não precisam possuir um e podem usar canetas hidrocor para os traços e - 62 -
desenhos que precisarem fazer. 19. Objetos Complementares Apesar de não serem considerados como utensílios místicos, fazem o papel de “cúmplices” nos rituais e feitiços. São eles: o fósforo, a tigela, a espevitadeira, o moedor de ervas. Nunca substitua o fósforo pelo isqueiro. A tigela e o moedor de ervas devem ser utilizados apenas para fins mágicos. Use a espevitadeira para apagar as velas, pois só devemos soprá-las nas comemorações de aniversário. Animais de estimação As bruxas adoram os gatos, porque eles são animais quietos, afetuosos, delicados e silenciosos, além de serem capazes de evitar o mau-olhado e outras energias negativas, prever acontecimentos e avisar sobre perigos. Quando pretos, armazenam melhor a energia positiva ao seu redor, razão pela qual são tão estimados pelas bruxas. Tradicionalmente, dizem que as bruxas gostam de morcegos, cobras, sapos e aranhas, mas é pura invencionice. Cada pessoa - incluindo-se aí as bruxas, claro! - deve ser livre para gostar dos animais que quiser. De fato, admiramos as aranhas, sim, porque elas são capazes de tecer as teias, símbolo do trabalho diligente e da dedicação. Quando acabei de ler, Tia Madalena disse: - 63 -
- Eu sei que você já sabe disso tudo, trouxe por escrito só para garantir. Pronta para começar? - Estou! - respondi, respirando fundo. - Que tal começarmos fazendo a limpeza do astral? - convidou ela. - Acho que poderíamos primeiro procurar as coisas que não nos servem mais e dar para quem precisa. propus. - Bela lição de desapego! Aliás, se há algo que você nunca foi, é apegada aos bens materiais. Muito bom! Isso seria indigno de uma bruxinha! - elogiou ela. Sorri, satisfeita. Ela continuou: - Depois, cuidaremos da limpeza e da organização do seu quarto. Vamos escolher um canto para guardarmos tudo, longe dos olhos dos outros. Eu ainda ronronava como uma gata, quando senti meu coração dar um salto: nunca fora um primor de organização!!! Costumava jogar minhas roupas em cima da cadeira e deixar meus objetos espalhados pelos quatro cantos!!! - Tia, é muito importante manter o quarto da gente organizado? - perguntei, num fio de voz. - Bem, digamos que seria o ideal, mas, mais importante mesmo, é manter um clima de harmonia e alto astral. - explicou ela. - Nada de brigas, desavenças, rancor e mágoas. Na minha opinião, a bruxa tem como missão cuidar do astral do planeta, levando alegria e otimismo a todas as pessoas ao seu redor. Mais tranquila, perguntei: - 64 -
- Onde vai ser a minha iniciação? - No jardim, de onde podemos observar o céu. Que bom que estaremos em plena Lua Nova, que favorece as iniciações de toda espécie! Concordei com um sorriso: - Vou preparar uma mistura de água e sal para o banho de limpeza. Estarei usando roupas brancas e pode ter certeza de que estarei mesmo muito feliz! - O seu lado negativo deve morrer, Damáris, para que somente o positivo sobreviva, quando você renascer como bruxa! - disse ela, solenemente. A partir desse dia, fui considerada uma bruxa de verdade. Iniciante, claro, já que ninguém nasce sabendo nada, mas muito disposta a aprender. Adorava as lições da Tia, mas como era gostoso quando uma das suas amigas vinha me dar aulas práticas...! Como naquele dia que recebemos a Vó Verônica. Ela era tão velha que acho que não conseguiria contar quantos anos teria. Seu rosto mais parecia um pergaminho, de tão amarrotado, mas ela era linda como ninguém é capaz de imaginar! Seu sorriso bondoso iluminava tudo à sua volta e seu corpo era ágil como o de uma menina de 12 anos. Como ela adorava cozinhar, já ia chegando e rumando para a cozinha! - Este é o lugar mais mágico de uma casa, Damáris. É aqui que as transformações acontecem. As receitas só - 65 -
funcionam quando existe prazer no seu preparo e no seu consumo, além de muito respeito pelos ingredientes. Pessoas que detestam cozinhar ou que comem quase sem saber o que estão comendo, dificilmente serão boas bruxas. - ela disse, mais uma vez. Vivia repetindo, isso, principalmente quando alguma mulher reclamava que não gostava de cozinhar. Naquele dia, conversamos bastante sobre Magia, até que criei coragem e perguntei: Vó Verônica, me conte um segredo: quantos anos a senhora tem? Ela riu alto: - Ih, menina, já nem sei mais... Mas não é pelo motivo que você está pensando, não... É que, nós, bruxas, nunca sabemos quantos anos temos, porque não há como contá-los de fato: não precisamos nascer, entende? - Entendo. - respondi, sem entender nada. E ela continuou: - Não precisamos nascer porque não morremos. - As bruxas são eternas... - eu disse, baixinho. - Disso eu sabia. - E não estamos só na forma humana, não: podemos ser águias, baleias, leoas, tigresas, serpentes, gatas... E, principalmente, aranhas! Temos o maior orgulho quando pensamos que somos também os vermes que transformam o passado podre em esperança de futuro reciclado! Que conversa louca e maravilhosa! Lembrei-me de uma frase bonita que lera num livro e disse: - 66 -
- As bruxas são como os números primos: ocorrem sempre; quando e onde, nunca se sabe. Ela adorou: me olhou com admiração e me abraçou com carinho, dizendo: - Ser bruxa é identificar-se sempre com a vida que vence a morte e não com os ocasionais corpos perecíveis em que estamos. Somos nós que parimos os sonhos para a realidade futura. Somos passado, presente e futuro. Eternas. - Então, a senhora não sabe quantos anos tem porque é eterna? - Não é só por isso, não. Tem bruxa que adora fazer festa para comemorar o aniversário e tenta mesmo contar todos os anos. Este ano, minha amiga Samanta disse com o maior orgulho: “Fiz 8. 495 anos!” - Puxa!!! - não pude deixar de exclamar. - Isso significa exatamente que ela começou a contálos há 8.495 anos. - explicou a Vó Verônica. - Tem mais do que isso, então? - As bruxas são eternas... Nenhuma de nós sabe quando nasceu. - Eu... Sei...! - exclamei, hesitante e envergonhada. - Mas vai esquecer rapidinho! - ela disse. - Eu??? - Quando perceber que sempre existiu. Este corpo que você usa tem uma certa idade, é só isso. Todo ano, você acrescenta mais um e vai somando: onze, doze, treze, quatorze anos... Comigo é diferente, porque eu faço o aniversário que me dá vontade: agora, você me conhece - 67 -
como velha, fiz noventa anos no ano passado, mas pode estar certa de que farei setenta e cinco este ano. Arregalei os olhos. Ela soltou uma risada de bruxa esperta e completou: - Igualzinho à Madalena! Antes que eu conseguisse sair do meu espanto, ela propôs: - Vamos preparar um pó mágico? Não posso me demorar muito mais, tenho de fazer uma viagem, esta noite. Nem respondi: fui correndo buscar o meu caldeirão. - Está limpo? - perguntou ela, abrindo a porta do armário para pegar algumas coisas que iríamos precisar. - Claro. Estou passando o manjericão! - respondi. Ela sorriu. - Colher de pau? - Aqui. - Não vamos usar o fogo. - informou ela. - Certo. - respondi, só por responder. - Vamos precisar de uma xícara de trigo, uma pitada de canela em pó, um pouco de páprica, um pouco de curry e gliter prateado para enfeitar. Enquanto ela falava, eu ia separando os ingredientes. - Tudo pronto! - informei. - E agora? - Coloque os ingredientes, nesta ordem, dentro da tigela e mexa com a colher de pau. - disse ela. - Enquanto prepara o pó mágico, pense em coisas boas ligadas ao amor: abraços, beijos, carinhos, momentos - 68 -
emocionantes... Pode inspirar-se em filmes românticos. Imagine o homem dos seus sonhos e como essa pessoa especial chegaria até você. Achei graça na idéia: - Se for um menino que estiver preparando este pó, não vai pensar em outro menino, né, Vó??? Ela também riu. Não é engraçado como a gente ri à toa, quando está feliz? Quase tão rápido quanto o pensamento, já o nosso pó mágico estava pronto. - Esqueci de pedir os saquinhos! - exclamou ela. Você tem algum papel transparente? E um rolo de fita? - Claro que sim! Um minuto. Busquei o papel celofane e a fita que eu tinha nos meus guardados e trouxe a tesoura: sabia que iríamos precisar. - Ótimo! - aprovou ela. - Agora, faça um “saquinho”, cortando quadradinhos de papel. Coloque o pó mágico dentro e amarre com uma fita. Pronto! Perfeito. - Que lindo! - exclamei. - É para você oferecer aos seus amigos. - disse ela Comecei a rir: - Mas eu nem sei para que é este pó!!! Ela disse: - Ah, esqueci de dizer: é para arrumar um namorado novo! - Hum... Este pó mágico vai fazer sucesso!!! brinquei. - E quem já tiver namorado ou namorada, este pó - 69 -
mágico vai deixá-lo ainda mais apaixonado! - completou ela. - Adorei!!! Obrigada, Vó Verônica! - agradeci, dandolhe um abraço bem apertado. - Meus amigos e amigas vão adorar. É preciso guardar em algum lugar especial? - Claro! - riu ela - Hoje, eu estou muito esquecida, mesmo! As meninas devem guardar o pó mágico debaixo da pilha de calcinhas, na gaveta ou no armário; os meninos, debaixo das cuecas. Calcinhas e cuecas limpas, bem entendido! Quase morri de tanto rir! Foi com custo que consegui dizer: - Eles vão mesmo adorar! - Até mais! - despediu-se ela, me dando um beijo na testa. - Dê um abraço na sua Tia, por mim! - Claro, tchau! E obrigada, outra vez! Ela nem precisou dizer, porque é sempre assim com todas as magias “de guardar”: se, um dia, você achar que não precisa mais dela e quiser jogá-la fora, faça-o naturalmente, mas não se esqueça de agradecer por todas as coisas boas que ela trouxe para você. Depois que a Vó Verônica foi embora, fiquei pensando: ela nunca foi distraída na vida! Acho que estava mesmo era fazendo hora com a minha cara! Zoando, isso, sim! E eu ri muito, sozinha: acabara de descobrir que ela não apenas era ágil como uma menina de doze anos, não - a cabecinha dela inteirinha funcionava como se ela tivesse mesmo doze anos!!! - 70 -
Receitas Mágicas da Vó Verônica Um Presente da Cassandra Uma das mais famosas feiticeiras da Antiguidade me mandou este presente. Não, não foi por e-mail, foi a Vó Verônica quem me entregou... Na verdade, fiquei até meio decepcionada e demorei pelo menos uns 3 dias para entender a maravilha que recebera!!! Uma Postura de vida 1. Ao acordar, antes de fazer qualquer coisa, dirijase à janela e observe o dia. Perceba o tempo que faz e observe o céu, demoradamente. 2. Ao tomar o café da manhã, procure sentir ao máximo o sabor do alimento e converse com as outras pessoas à mesa, contando o que está sentindo e perguntando sobre a emoção delas. 3. Quando sair de casa, preste atenção ao caminho e pare, se tiver vontade, para ver a coisa interessante que chamou a sua atenção. 4. Cumprimente gentilmente as pessoas que encontrar, mesmo que você não as conheça. 5. Quando encontrar um amigo(a), converse com ele(a) sobre as coisas que acabou de vivenciar e lhe diga o quanto está feliz por vê-lo(a). 6. Dê atenção a cada animal que encontrar, desde a mais ínfima formiga até o mais soberbo cavalo. 7. Ao entardecer, pare tudo que estiver fazendo para observar o dia se despedindo. Preste atenção à Natureza e a todos os seres, às cores, aos cheiros, aos sons, às - 71 -
pessoas e à expressão de seus rostos. 8. Na hora do jantar, converse com os outros sobre o seu dia e não se esqueça de agradecer a comida que come. 9. Antes de dormir, converse com a noite e peçalhe que lhe mostre em sonho aquilo que você precisa ver. Agradeça aos deuses por mais este dia e durma com uma flor debaixo do travesseiro. Poção Mágica: Morangos Aveludados Antes de pedir alguma coisa a alguém, traga essa pessoa para o “seu lado”, quer dizer, faça com que ela ouça o que você tem a dizer e reflita sobre o assunto. Ela se tornará mais maleável e, ao pender para o seu lado, estará pronta para fazer o que você quer! Experimente dar-lhe para beber esta poção mágica, antes de começar a conversa: Ingredientes necessários 1 lata de leite condensado 2 vezes a mesma medida de morangos picados rum 2 colheres de sopa de creme de leite gelo picado 1 incenso de morango 1 vela vermelha Modo de fazer Antes de começar a preparar, acenda a vela e o incenso na cozinha e relaxe, pensando em coisas boas e especialmente naquilo que você deseja alcançar com - 72 -
essa receita. Em seguida, bata todos os ingredientes no liquidificador e sirva com um moranguinho na borda do copo para enfeitar. Café Mágico Mantenha acesa a chama da paixão, servindo, de vez em quando, este café afrodisíaco para o seu amor. Ingredientes necessários 100 ml. de café expresso 2 colheres de chá de licor Amaretto 1 colher de chá de gemada 2 colheres de chá de creme chantilly uma pitada de canela grãos de café 1 incenso de canela 1 vela marron Modo de fazer Acenda a vela e o incenso, pensando naquilo que você deseja alcançar. Em seguida, coloque juntos numa xícara grande (ou caneca) o café expresso, o licor, a gemada e misture tudo muito bem, sempre pensando no seu desejo. Coloque em cima da mistura o chantilly, polvilhe com canela e enfeite com os grãos de café. Salada Mágica de Alcaparra e Berinjela Seu amor anda cansado(a), trabalhando demais, meio desinteressado(a) do mundo que o(a) rodeia e até mesmo de você? Não há nada melhor do que servir esta salada para ele(a). Experimente. - 73 -
Ingredientes necessários 10 azeitonas pretas 2 talos e aipo picados ½ quilo de tomates picados ½ quilo de pepinos folhas de alface picadas 1 cebola pequena picadinha 1 xícara de queijo fresco picado em cubos ½ xícara de berinjelas cortadas em tirinhas ½ xícara de alcaparras vinagre sal 1 vela branca 1 incenso Modo de preparar Acenda a vela e o incenso na cozinha, pensando naquilo que você espera alcançar com essa magia. Relaxe. Em seguida, pegue uma saladeira e misture todos os ingredientes com cuidado, sempre pensando no que você quer. Coloque na geladeira e sirva com pão árabe. Arroz Enfeitiçante Afrodite detesta lágrimas e tem horror a lamentações, por isso, não admite o sofrimento por amor - quer logo acabar com ele!!! (o sofrimento, claro, já que ela gosta mesmo é de ouvir os suspiros de amor dos apaixonados...) Para reconquistar um amor perdido, convide o seu amor para um almoço ou jantar e prepare este arroz com - 74 -
lentilhas. Ele(a) vai ficar enfeitiçado e você, irresistível! Ingredientes Necessários 2 xícaras de lentilhas 1 xícara de arroz 1 cebola grande cortada em fatias finas ¼ de xícara de azeite de oliva pimenta-do-reino branca moída sal 6 xícaras de água fria 1 vela rosa 1 incenso de flores (à sua escolha) Modo de fazer Coloque as lentilhas de molho na água na noite anterior ao dia do preparo deste prato. No dia seguinte, antes de iniciar, acenda a vela e o incenso, pensando no que você espera daquele prato, da situação, do seu amado(a). Relaxe. Em seguida, acrescente o sal à água com as lentilhas e deixe cozinhar durante 15 minutos. Coloque o arroz e 1 pitada de pimenta-do-reino, deixando cozinhar até que a água seque, em fogo brando. Quando estiver pronto, coloque numa travessa bem bonita. Em outra panela, refogue as cebolas no azeite para que fiquem douradas e regue o arroz com as lentilhas, misturando levemente, sempre pensando no que você quer alcançar. Sugiro um assado de cordeiro para acompanhar, mas pode ser qualquer prato do gosto de vocês.
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4. O Gato Vagalume
Aquele dia, Vagalume, o lindo gato rajado de amarelo da minha Tia Madalena, passou o dia escondido entre as almofadas de cetim, que ela costuma colocar na sala quando tem visitas, visitas importantes: neste dia histórico, Tia Madalena e suas amigas de muitos séculos se encontrariam para um chá. Veio bruxa de tudo quando foi lado! Mais parecia um Sabá de Lua Cheia - com sol e tudo!. E elas tomaram chá, comeram bolo, conversaram, trocaram receitas mágicas e até procuraram brincar com ele, mas Vagalume não queria papo nem carinho, continuava enfiado nas almofadas coloridas. Fazia um calor danado, só Vagalume, gelado, aguardava, encolhido, nem ele sabia o quê. Depois que as amigas se despediram, Tia Madalena voltou a atenção para o seu gato querido, reclamando docemente: - 77 -
- Vagalume, você nem ligou para as minhas amigas... Ele fingiu que dormia. - Venha com a mamãe... - chamou ela. Vagalume nada! - O que aconteceu com o meu nenê? - brincou ela, afastando duas almofadas vermelhas para conseguir encontrá-lo. Vagalume quis escapar, mesmo quando a Tia o acariciou. - Fugindo de mim? Vagalume, o que deu em você? - perguntou, surpresa. Ele se encolheu tanto, que ela desconfiou: - Gato, até parece que você está com medo!!! Um cão ladrou ao longe, Vagalume saiu correndo e se escondeu debaixo da cama. E é medo, mesmo! - disse ela, enfiando-se lá embaixo, também. Eu fui junto, mais silenciosa do que Vagalume, para ver no que isso tudo ia dar. Medo é uma palavra que põe muita gente não apenas debaixo da cama ou da mesa até dentro do armário! Espremido, encolhido, enrolado, o coração na garganta sufocada, batendo forte e descompassado... Quem nunca sentiu??? Vagalume estava com medo de um cachorro de pêlo cinzento com manchas pretas, que parou na frente do portão. Também, coitado... O cachorro era grande e latia forte, mais parecendo um leão. - 78 -
Encolhido debaixo da cama, Vagalume talvez estivesse esperando que o cachorro fosse embora e deixasse o campo livre, outra vez, para as suas fugidinhas... Tia Madalena entende de bichos e sabe tudo sobre o seu gato querido. Primeiro, ela conversou com ele, acariciando seu pescoço como ele gostava; depois, pegou seu gato no colo e levou-o para fora. Nos braços mornos e macios da Tia Madalena, ele sabia que estava seguro e não se mexeu. O cachorro continuava no portão, mas Vagalume não ligou: sentia-se enorme! Cresceu tanto que a Tia resolveu colocá-lo no chão. Cheio de coragem, arrepiou o pêlo e colocou as garras para fora, rosnando baixinho. Precisava mostrar àquele cachorrão que não tinha medo dele. Nem de nada. O cachorro se aproximou, a bocarra aberta, a língua de fora. Vagalume viu como eram enormes os dentes dele, mas miou bem alto: - Miaaauuuu! O sorriso da Tia Madalena foi como um presente. Ela sabia que seu gato não era nenhum medroso e ele, agora, provava isso. Foi a vez do cachorro ficar com medo de Vagalume e sair correndo. No dia seguinte, ele voltou. Os dois se olharam, desconfiados, Vagalume, do lado de dentro do portão, o outro, do lado de fora. E foi só. Não rosnaram nem fugiram. - 79 -
Logo, estavam conversando. Primeiro, de longe; depois, foram se chegando, chegando... E acabaram ficando amigos! Tia Madalena abriu o portão e convidou o novo amigo do seu gato para entrar. Pediu até que eu fosse comprar uma ração bem gostosa para ele! E os dois passaram o dia todo brincando juntos, sob os olhares ternos da Tia, que não parou de vigiá-los, para ter certeza de que tudo estava mesmo bem... No final da tarde, a campainha tocou. Fomos juntas atender, a Tia e eu. Era o rapaz que morava do lado esquerdo, na casa amarela de janelas marrons. - A senhora viu meu cachorro? - perguntou ele. Tem manchas pretas e se chama Fumaça. Sumiu. Não apareceu nem para o almoço. Eu ia responder quando vi o sorriso da Tia e o gesto amplo, mostrando os dois ao vizinho. - Que danadinho! Vamos, Fumaça, hora de ir para casa! - chamou ele. - Amanhã, você volta! - disse a Tia Madalena. Fumaça latiu e veio correndo, colocando as patas dianteiras no peito do dono e lambendo seu rosto. Foi embora, abanando o rabo num “Até amanhã!” peludo. Peguei Vagalume e o aconcheguei no colo.
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O presente mágico que ganhei das amigas da Tia Madalena A Lua é das bruxas - e dos namorados, claro! Até o mais comum dos mortais sabe que a Lua influencia a vida aqui na Terra: ela é responsável pelas marés, pelo ciclo de vida das plantas e até das pessoas: as mulheres menstruam a cada 28 dias e precisam de 36 semanas para gerar um filho - os tais nove meses inteiros na folhinha, quer dizer, quando vai fazer 10 meses lunares, o nenê nasce! Nós, bruxas, sabemos muito mais... Sabemos que a Lua é a responsável pelo amor na vida dos terráqueos! Ela não apenas ouve as confidências ou testemunha as promessas feitas pelas pessoas que se amam - podem até nos ajudar nas nossas conquistas! Veja o que significa e como agir em cada uma de suas fases: Nossa Amiga, a LUA Lua Nova Esta fase da lua é ideal para todos os projetos que estão começando. É o momento dos preparativos, da meditação, da escolha de novos caminhos. Todos os feitiços que realizamos estão ligados a uma nova fase na vida: um novo amor, um novo emprego, uma casa nova. Você anda sem ninguém, sozinho(a) e triste, - 81 -
sentindo-se totalmente abandonado(a) pela sorte e pelo sexo oposto? Não se preocupe! Esse mal tem cura! É só preparar um
Banho de Pétalas de Rosas Brancas Ingredientes Necessários Quantas pétalas quiser, desde que sejam em número ímpar Água Modo de fazer Coloque a água no fogo. Assim que ferver, desligue o fogo e coloque dentro da água as pétalas de rosa. Abafe por alguns instantes. Assim que a água estiver morna, tome um banho de higiene normal e, em seguida, jogue-a sobre o seu corpo, do pescoço para baixo, mentalizando a Lua e fazendo o pedido para encontrar o seu par. Procure deixar o corpo secar naturalmente, sem enxugá-lo com uma toalha. Repita esse banho nos três primeiros dias de Lua Nova, durante três luas, totalizando nove banhos. Muito antes de completar os banhos, você já estará todo(a) feliz com o seu novo par! Acredite!
Lua Crescente Esta fase representa o encaminhamento do projeto - 82 -
iniciado na Lua Nova. É a descoberta da própria capacidade, da coragem, é a busca do amor e dos sonhos. Os feitiços a serem realizados estão sempre ligados ao redirecionamento dos nossos antigos projetos. Assim, podemos, por exemplo, investir na conquista de um amor antes perdido, tentar reconciliar uma velha amizade, recuperar um dinheiro, tratar de uma doença que nos incomoda há tempos. Para fazer o seu relacionamento atual ficar mais forte, faça este Banho de Força Ingredientes necessários Água Um lírio branco (ou copo-de-leite) Modo de fazer Coloque uma água no fogo e desligue-o assim que ela ferver. Em seguida, com o maior respeito, coloque dentro o lírio (ou copo-de-leite) na água, pedindo o que você quer. Tampe. Quando a água ficar morna, jogue-a sobre o seu corpo, do pescoço para baixo, após o banho normal de higiene, repetindo o pedido. Se possível, deixe que o seu corpo seque naturalmente, evitando usar a toalha.
Lua Cheia Esta fase da Lua representa o momento decisivo, - 83 -
de julgamento e realização. O caminho que projetamos na Lua Nova e iniciamos na Crescente está no auge e deve ser percorrido ou abandonado. Avalie a eficácia de suas escolhas. Para saber se o seu par é ideal para você, tome este banho: Banho de Cravos-da-índia Ingredientes necessários Água 7 cravos-da-índia Modo de fazer Coloque uma água no fogo e desligue-o assim que ela ferver. Coloque com o maior carinho os 7 cravos-daíndia dentro da panela e abafe. Quando a água estiver morna, coe e jogue-a sobre o seu corpo, do pescoço para baixo, após o banho normal de higiene, pedindo ao Universo que o(a) ajude a encontrar o seu par. Se possível, deixe o corpo secar naturalmente, evitando usar a toalha. Nesta noite, preste atenção especial ao sonho que tiver: ele lhe dará a resposta. Pode repetir no mês seguinte, se quiser.
Lua Minguante Representa o estágio final de um ciclo de vida, o resultado dos nossos esforços, o fruto - bom ou ruim que colhemos, de acordo com a semente que plantamos. Jamais devemos começar projetos ou fazer magias - 84 -
relacionadas a começos nesta fase, pois eles minguarão junto com a Lua. Ao contrário, devemos olhar para trás e avaliarmos o que fizemos, a fim de descobrirmos nossos erros e consertá-los - ou, se isto não for possível, aprendermos com eles, aproveitando a nova oportunidade que a vida nos dará, no próximo ciclo. Se o seu relacionamento está desgastado, superenrolado, mas você não consegue dele sair, experimente esta magia: Banho Terminal Ingredientes necessários Água Três gotas de amoníaco Modo de fazer Ponha a água numa vasilha e leve-a ao fogo, desligando-o assim que levantar fervura. Jogue dentro as 3 gotas de amoníaco, pedindo ao Universo que dê um fim “normal” a esse relacionamento, sem brigas ou traumas. Quando a água estiver morna, jogue-a sobre o seu corpo, do pescoço para baixo, repetindo o pedido. Se possível, evite secar-se com a toalha, esperando que o corpo fique naturalmente enxuto. Ritual Mensal Para a Lua Cheia Janeiro Comemore a primeira Lua Cheia do ano acendendo uma vela branca no primeiro degrau de uma escada de - 85 -
sua casa - pode ser uma escada simbólica, por exemplo, feita com uma pilha de livros. Isso significa que você está disposto(a) a receber todas as luas do ano com amor e fé. Ela agradecerá e um importante elo de magia se formará entre vocês. Fevereiro Essa lua pode presenteá-lo(a) com um amuleto mágico, que aumentará o seu magnetismo pessoal. Colha sete folhas de árvores diferentes e deixe-as, nesta noite, “dormindo” sob a luz da lua. Na manhã seguinte, coloque as folhas em um saquinho e leve-o sempre com você. Março Essa lua marca uma época de meditação e reflexão e representa a nossa jornada espiritual rumo à escuridão, para ali descobrirmos a luz. Vivencie esta magia e descubra a sua luz carregando sementes de romã no bolso durante toda a semana. Abril No primeiro dia de Lua Cheia (de preferência), devemos fazer uma magia para homenagear os elfos, colocando na janela doces e balas dentro de um círculo colorido. Vá dormir e esteja certo(a) de que eles agradecerão, trazendo muita alegria para a sua vida. Maio A Lua Cheia de maio é conhecida como a “Lua dos Amantes” e deve ser dedicada à busca do amor - 86 -
verdadeiro. Se você ainda não o encontrou, esta é uma excelente oportunidade para pedir que ela o(a) auxilie nessa busca e o traga para você, mas se você já o tem ao seu lado, peça a ela que traga mais amor e compreensão para a relação de vocês. Junho Esta é a Lua da alegria, da dança e da música - por isso, deve ser muito festejada! Vista-se de branco, coloque uma música e dance a “Dança da Lua Cheia”, inventando seus próprios passos, do jeito que a sua intuição mandar. Emocionada, ela vai agradecer - e você sentirá todo o vigor que esse ritual lhe dará! Julho É a Lua Cheia das Crianças, a Lua de contar histórias e brincar de ser criança, outra vez. Diz a lenda que, quem conta uma história bem contada para alguém, constrói seu destino. Capriche, porque, neste dia, a Deusa-Lua tem o poder de transformar em realidade as histórias contadas. A criatividade é o seu instrumento e o resultado, seu destino! Agosto Na Lua da Fertilidade, peça um caminho fértil e próspero, fazendo o plantio simbólico do potencial que você tem: enterre onze grãos de diferentes tipos num jardim ou vaso e a Lua se encarregará de transformar seu potencial em realizações.
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Setembro Esta Lua é especial para uma magia amorosa: coloque em um píres sete pétalas de rosa e deixe-os sob o luar, enquanto faz um pedido de amor. No dia seguinte, conte quantas pétalas foram levadas pelo vento: quanto maior o número de pétalas desaparecidas, mais depressa você terá realizado o seu sonho. Outubro Esta é a “Lua das Bruxas”! Aproveite para fazer uma magia muito antiga. Acenda uma vela branca e peça paz; uma rosa e peça amor; e uma amarela para a prosperidade. Ao lado de cada vela, deixe um botão de rosa da mesma cor. No dia seguinte, ofereça o botão branco para quem você quer oferecer paz; o botão rosa para quem você acha que precisa de amor; e o botão amarelo para quem você desejar prosperidade. É dando que se recebe, portanto, a grande sabedoria está em saber dividar. Novembro A Lua Cheia de novembro é conhecida como a “Lua do Portal”, pois é por ela que os seres mágicos, que invadiram nosso mundo no Halloween, voltam para seus mundos encantados. Devemos, então, nos despedir deles, agradecendo por todas as alegrias que deixaram. Se, nesta noite, você puder observar a Lua, verá uma multidão de pequenos seres por ela entrar. - 88 -
Dezembro A última Lua Cheia do ano nos pede uma magia de fé: nesta noite, faça uma lista com todos os desejos que conseguiu realizar durante o ano. Conte-os e enterre um grão de qualquer espécie para cada desejo realizado, agradecendo à Deusa da Magia. Não se esqueça de pedir também a renovação da sua fé, para que, no próximo ano, você possa plantar muitos “grãos de desejo”!
Receitas Mágicas que a Tia Madalena ofereceu às amigas Bolo de Eros Esse pequeno deus do amor está sempre pronto para atender quem estiver precisando de sua ajuda para alguma conquista. Com suas flechas certeiras... Uau, não há como escapar! Faça esse bolo mágico numa sexta-feira de Lua Crescente e ofereça-o de presente para o seu amado ou aproveite a oportunidade e convide-o para lanchar com você! Ingredientes necessários 1 xícara de mel ¼ de xícara de água pura da fonte (pode substituir por água mineral) 2 xícaras de farinha de centeio 1 colher de chá de canela ½ colher de chá de cravo moído - 89 -
½ colher de chá de noz-moscada 1 colher de chá de bicarbonato de sódio ½ xícara de nozes picadas ½ xícara de castanhas de caju picadas 10 gramas de pétalas secas de rosa Modo de fazer Inicie o ritual tomando um banho morno bem demorado, finalizando-o com um “Banho de Manjericão” e, em seguida, espalhe óleo de rosas por todo o corpo. Vista uma roupa bem leve, de preferência por cima da pele nua. Salpique pétalas frescas de rosas por todo o chão da cozinha e acenda uma vela azul, previamente ungida com óleo de rosas. Acenda também um incenso de rosas. Feche os ohos e relaxe... Pense em coisas boas, pense naquilo que você quer, visualize o seu desejo realizado, antes de começar a preparar o bolo. Pegue uma tigela (de preferência de cerâmica branca) e coloque dentro dela o mel e a água, misturandoos delicadamente com uma colher de pau, até que se fundam. Em seguida, vá acrescentado, aos poucos, os outros ingredientes, enquanto repete o seguinte encantamento: “Divino Eros, deus dos amantes, Delírio de todos os mortais Encanta com mel meu desejo E do amor me abra os portais.” Depois que todos os ingredientes estiverem juntos, misture-os muito bem, mexendo no sentido dos ponteiros - 90 -
do relógio e repetindo o seguinte encantamento: “No círculo teu nome traço Na roda do amor te conduzo Te tenho preso no laço E com amor te seduzo.” Depois de bem batida, coloque a mistura numa forma previamente untada e enfarinhada e asse em forno moderado por quarenta minutos. Espere que fique morno para desenformar e coloque-o numa travessa cheia de pétalas frescas de rosas. Deixe que tome o sereno da noite, retirando-o no dia seguinte, antes do nascer do sol. E bom apetite! Morangos de Urano Realize esse ritual em agradecimento às dádivas recebidas, de preferência na Lua Cheia e sempre durante o dia. Quando ficar pronto, sirva para todas as pessoas que você gosta. Ingredientes necessários 2 xícaras de ricota 1 xícara de morangos frescos 1 banana 4 colheres de sopa de mel 1 colher de chá de baunilha 1 xícara de suco de laranja 3 xícaras de morangos fatiados Modo de fazer Antes de iniciar este ritual, tome um banho morno e demorado, finalizando-o com um “Banho de Cravos - 91 -
Vermelhos”, secando-se naturalmente, sem o auxílio da toalha. Passe óleo de cravo por todo o corpo e vista uma roupa folgada, de preferência em cima da pele nua. Espalhe cravos vermelhos pelo chão da cozinha e acenda velas cor-de-rosa previamente ungidas com óleo de cravo. Acenda um incenso de cravo. Respire profundamente e pense em todas as coisas boas que têm lhe acontecido ultimamente, agradecendo por todas essas dádivas. Relaxe. Quando se sentir pronta, bata no liquidificador a ricota, os morangos, a banana, o mel, a baunilha e o suco de laranja. Coloque a mistura numa tigela de cerâmica, alternando com alguns morangos fatiados, e leve ao refrigerador por algumas horas. Antes de servir, diga o seguinte encantamento: “Agradeço a ti, divino deus da bondade, Pelas dádivas recebidas todos os dias. Sou grata pelo sol que me aquece, Pela lua mansa que me adormece E pela saúde que se renova a cada dia.”
Receitas Mágicas que as amigas ofereceram à Tia Madalena Molho de iogurte de Pã Realize este ritual sempre que estiver precisando da ajuda de Pã, principalmente em casos relacionados com a saúde e a auto-estima. O melhor horário é entre - 92 -
meio-dia e três horas da tarde. Ingredientes necessários 1 xícara de iogurte 1 colher de café de cebola ralada 3 colheres de café de hortelã fresca e picada 1 pitada de pimenta do reino em pó muitas flores do campo um raminho de pinheiro 9 velas verdes uma folha de papel verde legumes cozidos da sua preferência óleo de pinho silvestre Modo de fazer Tome um demorado banho morno e finalize-o com um Banho de Hortelã. Seque-se naturalmente, sem o auxílio de uma toalha, e espalhe óleo de pinho silvestre por todo o corpo. Use uma roupa bem leve. Acenda uma vela verde na cozinha, previamente ungida com óleo de pinho silvestre, acenda um incenso e dependure na porta um raminho de pinheiro. Coloque nos cabelos uma guirlanda de flores do campo, feita por você mesmo(a). Relaxe. Quando se sentir pronto(a), escreva seu pedido na folha de papel verde. Em seguida, pegue uma tigela de cerâmica, vá colocando os ingredientes dentro dela e misturando com uma colher de pau, enquanto repete o seguinte encantamento: “Pã, deus das florestas e das flores, Consagra este alimento agora. - 93 -
Que ele me dê as dádivas de todos os amores, Que ele me dê o perfume de todas as flores, Que ele me dê o canto de todas as aves, Que ele me dê a luz de todas as cores. Pã, receba meu carinho e minha esperança E que nos teus braços divinos possas Me embalar docemente como a uma criança.” Enfeite a mesa onde vai comer, colocando uma toalha verde (de preferência), as flores do campo e as nove velas acesas. Coloque a tigela com o molho no centro da mesa e, debaixo dela, seu pedido escrito. Coloque os legumes no prato e jogue o molho em cima, comendo devagar, apreciando o alimento e pensando no que você deseja alcançar, enquanto agradece a Pã por estar ao seu lado. Biscoitos de Hermes Realize esse ritual sempre que estiver precisando da ajuda de Hermes - ou Mercúrio - o mensageiro dos deuses. Ele cuida de assuntos relacionados à comunicação, realização de projetos e estudos, o que o torna o aliado ideal para quando você precisar de uma ajuda extra numa prova difícil, por exemplo. Ingredientes necessários 2 xícaras de aveia ½ xícara de farinha integral ½ colher de café de sal ½ xícara de óleo de girassol ½ xícara de mel - 94 -
1 colher de chá de raspas de laranja 1/3 de xícara de suco de laranja ½ xícara de castanhas de caju picadas alguns girassóis para a cozinha uma vela prateada óleo de amêndoas para passar no corpo Modo de fazer Antes de iniciar o ritual, tome um banho morno e demorado, finalizando com um Banho de Pétalas de Girassol. Seque-se naturalmente, sem o auxílio de uma toalha e espalhe óleo de amêndoas por todo o corpo. Vista uma roupa bem confortável. Acenda a vela prateada na cozinha e espalhe alguns girassóis pelo chão. Acenda o incenso e pense em coisas boas por um momento, para relaxar. Quando sentir-se pronto(a), coloque todos os ingredientes secos em uma tigela de cerâmica e, por fim, o óleo e o mel, misturando com a ponta dos dedos, até que a mistura fique bem homogênea. Para que a massa fique mais fácil de ser trabalhada, acrescente aos poucos o suco de laranja. Quando você sentir que o ponto ficou bom, comece a moldar os biscoitos, fazendo pequenas bolas que deverão ser achatadas com as mãos, enquanto repete o seguinte encantamento: “Hermes, leve os meus sonhos E entregue nas mãos de quem os possa realizar. Rápido, Hermes, leve os meus sonhos Para que depressa os resultados eu possa - 95 -
alcançar.” Vá colocando os biscoitos em uma forma já untada e enfarinhada, deixando-os descansar por alguns momentos, de preferência ao sol, e levando-os, por fim, ao forno médio, durante 20 minutos. Sirva para todos que quiserem melhorar sua comunicação com o mundo.
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5. A Vila do Alecrim
Ah, as férias em Aiuruoca... Todo dia acontecia alguma coisa! Certa manhã, deu a louca na Tia Madalena. Acordou de madrugada e foi acender o fogão. Passou a faca num bocado de palha de bananeira seca, amassando-a e esfregando-a com as mãos até quase esfarelar, para facilitar seu trabalho, já que, assim, elas acendem o fogo, rapidinho. As mãos da Tia Madalena estavam duras e encolhidas de frio e ela precisou esquentá-las, antes de fazer um chá de capim cidrão. Que chá gostoso!... Sentiu saudades da infância e teve vontade de correr sem roupa que lhe cobrisse o corpo, sem compromisso que a tirasse daquela corrida solta, qual borboleta sem destino. Tia Madalena abriu a porta da frente e olhou a grama branquinha de neve. “Que maravilha!” - exclamou ela, conversando em voz alta consigo mesma. - “A neve cobre a grama e a grama está adormecida debaixo de um cobertor...” Neve??? Teria a Tia Madalena pirado??? Em - 97 -
Aiuruoca nunca caiu neve! Se você prestar atenção, verá que é verdade! Ela teria respondido. O gelo fica tão aquecido que até sai fumaça. E fumaça não é quente? Então... O gelo, de tanto esperar que o dia amanheça, acaba se esquecendo de que é frio; por isso, é que a grama fica branquinha e nem reclama. Às vezes, porém, o gelo vem muito forte, esquenta tanto que acaba queimando a grama. Cansada de suas reflezões, ela achou melhor abrir a porta - e deu de cara com o gelo! Voltou, calçou seus sapatos de camurça preta e andou por cima dele, pisando leve, até que chegou ao rio e ficou olhando, encantada, a cachoeira desabar no vazio, contornando as pedras escuras, até desaparecer entre as árvores. - Pensei que você também tivesse congelado! exclamou, à guisa de cumprimento. A cachoeira também achou graça na idéia e respondeu com um barulho novo entre as pedras, um som que a Tia nunca tinha ouvido antes. Ela se abaixou, tocando a água com a ponta dos dedos. Segurou o arrepio - ui! - e teve vontade de tirar a roupa, de se jogar no poço fundo ou enfiar a vasta cabeleira castanha e encaracolada debaixo das águas claras da cachoeira, mas, sem coragem, desistiu. Nada de sonhar com um banho! A água estava mesmo muito fria. Um passarinho amarelo com o papo vermelho veio lhe fazer companhia. Tia Madalena ficou pensando que - 98 -
pássaro seria aquele. Um bem-te-vi, talvez? Não, não deveria ser. Aquele papo vermelho lhe dizia que não era um bem-te-vi. Bem-te-vi ela conhecia. Dando os ombros, ela resolveu subir pela margem do rio. Tia Madalena sempre foi abelhuda, curiosa. No fundo, acreditava que poderia admirar pássaros diferentes e, com sorte, até encontrar uma colônia de gnomos. Andou mata adentro, enquanto observava os inúmeros tipos de plantas, de flores, de insetos coloridos, ouvindo o canto dos pássaros. E eles eram tantos, tantos, de todas as espécies. Pareciam guiá-la pela mata densa. Um deles, pretinho com o bico vermelho e o topete amarelo, chegou a pousar no seu ombro. Ela adorou o carinho. A esse pássaro topetudo deu o nome de Penemite. Uma mistura de pena, pena de passarinho, não de dó, com Afrodite, a deusa do amor, ela me explicou depois. Tia Madalena é mesmo muito criativa! Penemite voou, desaparecendo de vista, mas logo voltou para o ombro dela, trazendo uma flor bem branquinha no bico. Encantada com o presente, sabe o que a Tia Madalena fez? Tascou-lhe um beijo! Penemite gostou muito. Ficou um instante ali pousado, sacudindo o rabinho; depois, abriu as asas e perdeu-se no azul do céu, encoberto do deslumbramento caído dos olhos da Tia Madalena, que tinha parado para - 99 -
descansar em cima de uma enorme pedra. Ela, então, fincou os cotovelos nos joelhos e um súbito sono foi-lhe diminuindo o ânimo, até que adormeceu de vez. Foi acordada por um gnomo puxando a barra da sua saia. Olharam-se, por alguns instantes. Com um largo sorriso, ele se apresentou: - Sou Respondão. Gosto de cantar, toco flauta e danço tango. Tenho este nome porque respondo tudo que me perguntam, na bucha. Quer ver? Pode me fazer uma pergunta. Tia Madalena não resistiu: - Que lugar é este? - Ora, ora, a colônia dos gnomos, ou melhor... Hum, como posso chamá-la, senhora ou senhorita? - Senhorita, por favor. - A senhorita acaba de chegar à Vila do Alecrim. Meus amigos Papanon, Acapaz e Vamostapo querem lhe convidar para um banquete de gnomos. - Banquete de gnomos? - ela ficou muito surpresa. - Sim, senhorita. Temos os melhores doces e as melhores sopas do mundo mágico. Sem falar nos licores...Não há, em toda a História dos contos de fada, licores mais interessantes do que os nossos. São afrodisíacos. Para os humanos, então, hum... Não apenas rejuvenescem a aparência... Devolvem, mesmo, todo o vigor da juventude! Tia Madalena aceitou e foi conduzida a uma sala, onde tudo era pequeno e delicado. É claro que ela teve - 100 -
de ficar do tamanho de uma boneca de louça, para caber na casa de seus novos amigos, que falavam todos ao mesmo tempo, na maior animação. Imaginem que gracinha não deve ter ficado a Tia Madalena! E a cabeleira pequenininha...? Ela estava engraçada, pois seu corpo tomara outra forma. Usava roupas que ela nunca soube como foram parar nela, e os cabelos presos por um lenço vermelho. Alisou a saia e riu de suas próprias mãos: eram, simplesmente, minúsculas! Na verdade, a colônia dos gnomos ficava debaixo da pedra. Era um mundo subterrâneo, à luz do dia. Não dá para entender direito, mas não tem importância. No mundo mágico, tudo é muito mágico, mesmo... Respondão conversava muito, falando apressadamente. Completava as frases com gestos, mas nem assim a Tia Madalena conseguia compreender tudo o que ele dizia. Percebeu, porém, quando ele avisou que era hora de sentar-se à mesa e obedeceu. Todos os outros sentaram-se, também. E comeram aquela comidinha que parecia de boneca, deliciosa, delicada, leve, servida em pratinhos enfeitados. O mingau, então, era mais gostoso do que o néctar dos deuses... Após o almoço, Respeme, uma mocinha de olhos amarelos, trouxe o licor, que serviu com um sorriso e uma mesura. Mal a Tia Madalena acabou de beber seu licor, já ela trazia uma maquininha menor do que uma caixa de fósforos, para tirar uma foto da Tia Madalena. - 101 -
A foto saiu na hora e a Tia sorriu, satisfeita: estava charmosíssima! O licor deixou-a meio zonza, mas ela teve de levantar-se, pois Respondão queria mostrar-lhe o resto da casa. E ela ficou deslumbrada com tanta coisa bonita: toalhas e cortinas bordadas, branquinhas, branquinhas, caminhas com a cabeceira em formato de flor, mesinhas decoradas com coraçõezinhos coloridos e flores, muitas flores, enfeitando tudo e deixando o ar doce e cheiroso. Tia Madalena achou que Respondão era o gnomo mais bonito que ela já tinha visto. Também, nenhum outro tinha uma roupa tão cheia de detalhes, tão bem feita, tão ajustada no corpo, sem falar na barba branca e macia, afinando na ponta, no sorriso bondoso, nas bochechas coradas, nos olhos risonhos. Era hora de voltar para a floresta, ele avisou. Tia Madalena beijou todos os gnomos, um por um. Abraçava Respondão bem apertado, quando, num bocejo, percebeu que estava em cima da pedra. Penemite, o passarinho topetudo, vigiava seus movimentos, sem piscar. Ela se levantou e foi andando rio acima, onde encontrou um macaquinho que lhe fez companhia e muitas piruetas. Ela ria, olhando em volta, só para ver, sem compromisso. E descobriu que não sabia onde estava. Sentiu frio, um frio de medo. Nunca ficara perdida na floresta, mas não tinha importância. Subiu numa árvore - 102 -
bem alta e, lá embaixo, bem longe, ela avistou a casinha. Só que ela não sabia como voltar. Pensou nos sobrinhos: certamente estariam preocupados com ela, eu mais do que ninguém. Pensou em Penemite, pensou em Respondão, pensou no macaquinho e em todos os pássaros que tinha encontrado, mas ninguém apareceu. Precisava fazer alguma coisa, não sabia o quê. Parou, esticou os músculos das costas, fechou os olhos e teve uma idéia: lembrando-se de uma música que aprendera na escola, quando era menina, cantou, com toda a inocência: “Vento, vento, meu amor, Chuva, chuva, que me banha, Cascatas, roseiras em flor, Meu cavalinho dourado, Por favor, me acompanhem, Para o mundo da fantasia. Quero encontrar novas cores E a beleza da poesia. Pássaros e animais da floresta Que cheira a rosa e alecrim Quero encontrar meu amor, Que me deixou sozinha, assim...” Com sua voz doce, Tia Madalena atraiu todos os animais da floresta. Quem primeiro chegou foi Penemite, seguido de - 103 -
uma porção de araras, papagaios e vários pássaros. Os outros vieram correndo, atrás. Ela sorriu, satisfeita, dizendo, suavemente: - Por favor, preciso voltar para casa, mas não sei o caminho... Penemite parecia estar sorrindo, com as penas levantadas do corpo e o bico levemente aberto. Soltou um assobio estridente e apareceu o macaquinho, trazendo um pano verde, tão verde que Tia Madalena pensou que fosse um pedaço de grama, coalhado de estrelinhas douradas. - Deite-se, ali! - pediu o pássaro. Tia Madalena não contou conversa. Atirou-se no tapete macio e só teve tempo de acariciar uma estrela, já os maiores pássaros tinham aberto o bico e... Zupt! Pegaram nas pontas, enrolando a tia como um charuto! Num piscar de olhos, ela estava em casa, debaixo do pinheiro. Levantou-se, olhando o caminho, tão comprido que se perdia no meio das árvores, colorido pelo sol alaranjado. E todas as montanhas de Aiuruoca lhe sorriram, cúmplices: elas eram as únicas que sabiam de suas aventuras!
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Magias recomendadas pela Tia Madalena Licor Mágico dos Gnomos Os gnomos preparam este licor com ervas afrodisíacas e o bebem para preservar a juventude, por isso, esta receita deverá ser preparada por uma mulher, que possui grande identidade com as plantas: primeiro, porque só elas conhecem a delícia que é ser tocada com delicadeza e, só então, desabrochar; e também porque só as mulheres possuem os genitais em forma de flor, capazes de exalar um perfume próprio e especial. Que nos perdoem os machos da espécie, mas bruxa e mulher são uma única realidade eterna. Ingredientes necessários algumas cerejas mel 2 pétalas de rosa 7 cravos-da-índia bem amassados algumas folhas de hortelã duas colheres de leite condensado um copo de vinho tinto ou suco de uva Modo de fazer Em uma noite de Lua Cheia, coloque as cerejas em um cálice e vá acrescentando os outros ingredientes, sendo que o vinho/suco de uva deve ser o último, enquanto repete o seguinte encantamento: “Gnomos amigos, gnomos queridos, Queremos ser belos de corpo e de alma, Tragam para nós o elixir da juventude - 105 -
E que a vida passe com mais calma.” Mexa suavemente e deixe descansar por três dias, mexendo e procurando amassar os ingredientes, de vez em quando. No último dia, coe e beba junto com o seu amor. Os restos você pode jogar nas plantas do vaso e do jardim. Encantamento para Emagrecer Faça a Poção Mágica abaixo na Lua Minguante; use-a, conforme indicado, durante o mês inteiro. Pode repetir todo o Encantamento ou apenas a Poção quantas vezes quiser ou precisar, até alcançar o seu peso ideal. Antes de iniciar cada refeição, a primeira coisa que você deve fazer é “separar a parte da Lua”, quer dizer, sirva-se normalmente, mas só coma a metade, oferecendo a outra metade para a Lua, com as seguintes palavras: “Lua, você fica mais bonita quando gorda e cheia, Portanto, aqui está a sua parte, coma e seja feliz. Eu fico mais bonita quando magra e vazia. E agora, eu vou ser como sempre quis.” Durante toda a semana da Lua Cheia, não lhe dê metade da sua comida e, em cada refeição, antes de começar a comer, diga: “Coma de mim, Lua, ou vou deixar você de fome morrer Porque é magra e bonita que eu quero ser.”
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Poção mágica para emagrecer Esta poção deve ser tomada pela manhã, em jejum, de preferência morna. Se quiser, adoce-a com o adoçante da sua preferência. Ingredientes necessários alecrim dente-de-leão manjericão algumas gotas de limão Modo de fazer Ponha a água no fogo e desligue-o assim que ferver. Em seguida, coloque na água o alecrim, o dente-de-leão e o manjericão, repetindo várias vezes como um mantra: “Quero ser magra - quero ser magra - quero ser magra - quero ser magra...” Tampe a panela por cerca de 10 minutos, coe o chá e jogue os resíduos em uma planta. Coloque algumas gotas de limão, antes de beber. Feitiço do Amor Esta magia é excepcionalmente poderosa para se conquistar alguém em especial, mas deve ser feita sempre com boas intenções. Ingredientes necessários 1 corda 7 velas da mesma cor (a escolher) 7 rosas vermelhas 1 cálice com mel 1 fio do cabelo da pessoa amada - 107 -
1 maçã 1 fita da mesma cor das velas Modo de fazer Numa noite de sexta-feira de Lua Cheia, pegue a corda e dê-lhe 7 nós, sendo que o último deverá servir para unir as duas pontas. Para cada nó, repita o “Encantamento de Afrodite” (no final). Coloque a corda encantada no chão, em forma de círculo, e posicione as sete velas no interior do círculo, sendo que cada vela deve corresponder a um nó da corda. Todas as velas deverão ser da mesma cor. Escolha segundo a sua necessidade: Velas cor-de-rosas: se você ama a pessoa Velas vermelhas: se você está apaixonado(a) pela pessoa Velas verdes: se você quer que a pessoa volte para você Espalhe as rosas vermelhas pelo interior do círculo e também dentro dele coloque o cálice com mel, sendo que dentro do mel você deve colocar o fio de cabelo da pessoa amada (pode substituir por qualquer objeto que pertença a essa pessoa, se precisar). Acenda uma vela de cada vez, começando pela que está junto ao primeiro nó, repetindo o “Encantamento de Afrodite”. Faça a seguinte invocação: “Pelos poderes do três vezes três, enfeitiço-te X (dizer o nome da pessoa) Invocando para este círculo todas as forças - 108 -
poderosas Que não prejudicam ninguém. Quero que o seu coração seja só meu E que seu amor seja tão maravilhoso Como o meu por você. Que você não consiga se conter Quando atado pelo círculo inquebrantável dos sete nós.” Pegue a maçã e corte-a ao meio. Guarde o fio do cabelo (ou o pertence) da pessoa amada dentro dela e feche-a com a fita, dando 7 nós e repetindo o “Encantamento de Afrodite” (e completando a força do três vezes três). Enterre a maçã e as rosas, jogue o mel em água corrente, deixe as 7 velas queimarem até o fim e guarde a corda como um amuleto. Se desejar desfazer o feitiço, desamarre os 7 nós da corda. Encantamento de Afrodite: “Afrodite, realce os meus encantos como se fossem os teus Para tornar-me o vinho da embriaguez de X (dizer o nome) Para tornar-me fonte única de cura para sua sede Que eu possa me tornar o guia do seu coração E que me seja devolvida a taça, para que ele(a) venha me procurar.”
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Magia para despertar a beleza interior Conta uma lenda árabe que “a beleza se esconde sob os mais variados disfarces, para que nunca possa ser aprisionada por ninguém”. Nem precisamos pensar muito para descobrirmos como isso é verdade: ninguém ainda conseguiu explicar o que é o belo! E, ainda por cima, ele é mutável, porque está ligado ao lugar onde se está, à época, ao gosto das pessoas... De uma coisa, porém, é impossível discordar: a verdadeira beleza mora no coração. E ela nunca morre ou fica menos bonita. Para despertá-la dentro de você, faça esta magia: Ingredientes necessários Flores Velas Incenso Música Um espelho Modo de fazer Escolha todos os ingredientes do seu próprio gosto, no número que quiser. Coloque uma música, acenda as velas e o incenso, espalhe flores à sua volta e pegue o espelho. Olhe-se com amor, apreciando tudo o que vê. Não pense na beleza estética, mas na perfeição: veja-se como um ser perfeito, criado à imagem e semelhança de Deus, um microcosmo por si só, pertencente ao macrocosmo e interagindo com ele. - 110 -
Olhe-se nos olhos e diga: (onde está o X, diga o seu próprio nome) “X, eu amo você.” “X, eu amo você porque ...” - diga em voz alta todas as suas qualidades, diga tudo que você gosta em você mesmo(a). Teça uma guirlanda de flores e enfeite-se com ela. Olhe-se no espelho e aprecie-se: “X, você está lindo(a)! X, você é lindo(a)!” Repita várias vezes, se olhando nos olhos. Depois, diga, também várias vezes: “Eu me amo e me aprovo. Sou digno(a) de amor e respeito. Sou digno(a) de tudo de bom e bonito que existe no mundo.” Repita esta magia sempre que quiser. Não espere que os outros lhe digam o que você quer ouvir: diga você mesmo(a)! E você ainda verá que o efeito é muito melhor! Feitiço de Circe Toda vez que você estiver interessado(a) em conquistar alguém, use este feitiço, de preferência quando for sair para se encontrar com a pessoa ou for a algum lugar que você saiba que ele(a) estará. Pode ser usado como perfume ou como amuleto, mas faça sempre o seguinte ritual: segure o vidro na mão esquerda, balanceo sete vezes e repita o encantamento. Ingredientes necessários 100 ml. de álcool de cereais - 111 -
3 pêlos de um gato(a) (lembre-se: nunca os arranque) 7 gotas de água da chuva 3 fios do seu próprio cabelo raspas de suas unhas (ou um pedacinho delas) 3 gotas de essência de verbena 3 pétalas de rosas vermelhas 3 folhas de hortelã 10 ml. de essência de rosas Modo de fazer Providencie um vidro bonito e, numa noite de Lua Crescente, após ter tomado um banho relaxante, acenda um incenso de rosas, uma vela rosa e ponha uma música bem suave. Quando se sentir pronto(a), coloque os ingredientes dentro do vidro, um por um, com carinho e respeito, pensando no amor e em como é maravilhoso amar e ser amado(a). Depois de ter colocado o último ingrediente, feche bem o vidro e repita o seguinte encantamento, enquanto sacode o vidro várias vezes: “Circe, Rainha das Feiticeiras, Derrama neste filtro o teu poder. Embala os sonhos de quem eu desejo E que seu amor eu possa ter!” Deixe-o descansar por uma semana, em um lugar escuro, por exemplo, um canto do seu armário. Nunca deixe ninguém tocar este vidro, pois ele é só seu, e muito menos usar essa poção. De preferência, guarde-o bem escondido. - 112 -
Filtro de Sedução Ingredientes necessários 2 conchas do mesmo tamanho 3 gotas do seu próprio sangue 1 fio do seu cabelo 1 pedacinho de sua unha 1 botão da sua roupa 1 pitada de canela em pó 1 gota de óleo de cravo 3 gotas de orvalho 9 sementes de figo 1 incenso 1 vela cor-de-rosa cola Modo de fazer Lave muito bem as conchas, com água mineral ou fervida. Deixe que elas sequem ao sol. Em uma noite de Lua Nova, acenda o incenso e a vela. Pegue uma das conchas e coloque dentro dela todos os ingredientes, repetindo o seguinte encantamento: “Conchas do mar de Poseidon Tragam para mim o amor. Com as bênçãos de Afrodite Mil sorrisos numa flor.” Após ter colocado todos os ingredientes, pegue a outra concha e cole-a em cima. Se você quiser, pode colocar uma argolinha e fazer um amuleto, para carregar sempre no pescoço, aumentando ainda mais o seu poder de sedução. - 113 -
Feitiço do Espelho Ajuda a fortalecer a auto-estima e a redescobrir o próprio poder. Você pode repeti-lo quantas vezes quiser. Ingredientes necessários Roupas brancas Um maço de margaridas Um espelho de mão Uma vela azul Um incenso Modo de fazer Numa noite de Lua Cheia, acenda o incenso e a vela, vista-se de branco e coloque uma margarida na cabeça. Pegue o espelho e olhe para a sua própria imagem nele refletida. Andando em círculo no sentido dos ponteiros do relógio, vá observando cada detalhe do seu rosto: o formato, a cor e a textura da pele, os olhos, o nariz, a boca, os cabelos. Olhe profundamente dentro dos seus olhos e mergulhe em seu interior, repetindo o seguinte encantamento: “Espelho mágico, espelho meu Meu encanto se reflete Na luz que a Lua me deu.” Coloque-se de costas para a Lua, de modo que ela também possa estar refletida no espelho, sempre repetindo o encantamento. Nesta hora, sua luz se confunde com a dela e você pode lhe fazer um pedido especial, que ela não deixará de atender. Depois, sente-se no chão com as pernas cruzadas - 114 -
na frente e teça uma guirlanda de margaridas para enfeitar seus cabelos ou simplesmente se enfeite com as flores. Feche os olhos e sonhe os sonhos mais loucos. Espelho de Afrodite Ingredientes necessários Várias conchas ao seu gosto, se possível recolhidas na praia por você mesmo(a) Cola Água de rosas Um espelho Uma vela lilás Um incenso Modo de fazer Numa noite de Lua Cheia, acenda a vela e o incenso. Pegue o espelho, de preferência oval e com cabo, e laveo com a água de rosas, deixando-o secar naturalmente à luz da Lua. Em seguida, cole as conchas em torno dele e deixe-as secar à luz da Lua, também. Enquanto trabalha, vá repetindo o seguinte encantamento: “Carne, mármore, flor, Em ti eu creio, Vênus, deusa do amor.” Use este espelho sempre que estiver se arrumando para sair, pensando em uma nova conquista, e repita o encantamento.
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Poção Mágica de Morgana Criada por essa grande feiticeira da corte do Rei Artur, esta poção faz maravilhas na proteção do seu amor e do seu amado(a) contra todos os perigos e pode ser repetida uma vez por ano, de preferência na data de aniversário do namoro. Ingredientes necessários Vinho ou suco de uva Uma vela da cor que você quiser 3 pétalas de rosa da mesma cor da vela 3 gotas de orvalho Canela em pó Um incenso Modo de fazer Numa noite de Lua Cheia, acenda o incenso e a vela. Pegue um cálice e coloque o vinho, acrescentando todos os outros ingredientes com carinho e respeito, enquanto repete o seguinte encantamento: “Plantas da terra, velem pelo meu amor Perfume das flores, velem pelo meu amor Estrelas do céu, velem pelo meu amor Fogo do sol, vele pelo meu amor Água dos mares, vele pelo meu amor Lua cor de prata, vele pelo meu amor.” Ofereça para o seu amor beber, mas pergunte antes se ele aceita tomar a Poção Mágica, pois só assim ela fará efeito. Lembre-se sempre da Primeira Lei da Bruxa Sábia: “Nunca faça nada contra a vontade do outro.”
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Talismã para atrair quem você ama Ingredientes necessários 1 xícara de flores perfumadas e secas, à sua escolha 1 pitada de açúcar 1 pitada de canela em pó 3 cravos-da-índia Um quartzo rosa 1 pequeno ímã 1 saquinho de veludo ou cetim vermelho 1 fita vermelha 1 incenso 1 vela Modo de fazer Realize esse feitiço na Lua Nova, de preferência no primeiro dia. Acenda a vela e o incenso. Em seguida, coloque todos os ingredientes dentro do saco, enquanto repete o seguinte encantamento: “Como o ímã atrai o ferro Como a Lua atrai os amantes Vem a mim quem eu tanto quero Que seja rápido, o quanto antes. Que venha pelas estrelas Que venha por todas as flores Que venha pelo sol ou pela lua Que venha por todos os amores.” Amarre bem o saquinho com a fita vermelha, dando sete nós e mostre-o para a Lua, repetindo o encantamento mais uma vez. - 117 -
Guarde este talismã com muito carinho e abrace-o sempre que quiser “chamar” a pessoa amada e fazê-la pensar em você. Dicas de Magia para o Amor, a Beleza e a Juventude 1. Não existe maior magia do que o alto astral: esteja sempre de bem com a vida e você será jovem e bela(o) para sempre. 2. Para atrair o amor para perto de você, coloque um quartzo rosa em uma taça de vinho tinto ou suco de uva, cobrindo-o com um lenço de seda. Durma com a taça ao seu lado. Na manhã seguinte, retire a pedra e beba o vinho/suco. Guarde esta pedra como um talismã, pois ela está impregnada da energia do amor. 3. Para fazer o seu amado(a) pensar em você, fique de frente para o sol nascente e chame-o(a) 7 vezes o mais alto que puder. Em seguida, peça: “Raios de sol, atinjam a mente de X (dizer o nome) e impusione seu pensamento na minha direção.” 4. O jasmin é a flor do amor e da sensualidade. Quem faz um pedido de amor ao mesmo tempo em que cheira esta flor sempre será atendido(a). 5. Para escrever uma carta de amor com efeitos realmente mágicos, use uma caneta-tinteiro, mas antes adicione essência de rosas ou verbena à tinta. Sua mensagem chegará perfumada e imantada com o poder dessas flores do amor. O efeito será inevitável! - 118 -
6. Quando for encontrar a pessoa amada, espalhe canela em pó pelo corpo como se fosse um perfume: este é um fantástico filtro de sedução! 7. Retire o espinho de uma rosa e coloque-o dentro do vidro do seu perfume predileto: você ficará protegida contra a inveja e o ciúme que tanto atrapalham os relacionamentos. 8. Para ficar disponível para um novo e inesperado amor, faça um círculo com pétalas de várias flores no chão e sente-se dentro dele, pedindo à Mãe Natureza que encontre a pessoa certa para você. Imagine como seria esta pessoa, imagine-a chegando, imagine tudo que quiser! Depois, recolha as pétalas do chão e prepare um banho com elas. Pode ter certeza de que não vai precisar esperar muito! 9. Se a pessoa que você ama o(a) magoou e você quer esquecer tudo bem depressa, nada melhor do que escrever o ocorrido em um papel branco e queimar numa vela branca, pedindo às salamandras que levem embora a sua mágoa. Jogue as cinzas em água corrente e você verá como nunca mais vai pensar no assunto. 10. Pegue um cílio do seu olho direito e pronuncie sobre ele o que você quer - uma situação, nunca uma pessoa. Em seguida, envolva-o em um lenço virgem e carrego-o junto de você por uma semana. Isso aumentará o seu poder de sedução. 11. Sempre existe uma pessoa para cada outra que caminha sobre a Terra, mas, às vezes, por caprichos do destino, esse encontro demora demais para acontecer e - 119 -
a gente começa a ficar impaciente...Para apressá-lo, escreva em um papel como espera que essa pessoa seja, coloque um quartzo rosa junto com ele, dobre-o três vezes e você verá que logo ela entrará em sua vida! 12. Se você quer se livrar de um(a) rival, pegue um jiló e corte-o em duas partes. Em seguida, pegue um papel (de preferência sem linha) e escreva os nomes completos do seu amor e do(a) seu(sua) rival. Coloque o papel no meio do jiló, junte as duas partes e amarre com um barbante branco. Enterre o jiló, pedindo ao Universo que afaste essa pessoa do caminho de vocês. 13. Se você quer conquistar alguém em especial, escreva seu nome e o dessa pessoa numa casca de árvore e coloque dentro de uma garrafa com água salgada (se for água do mar é melhor, mas, se isso não for possível, você pode jogar sal na água). Tampe bem e guarde em um lugar seguro. Assim que vocês começarem a namorar, enterre a garrafa no jardim.
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6. O Robô da Bruxa
A família, muitas vezes, se perguntou o que levara a Tia Madalena a escolher Belo Horizonte para morar. Só eu sabia o motivo, já que ela me conta tudo, mas é claro que eu também não contava para ninguém, de modo que isto acabou virando um meio segredo. Quando a gente fica um tempo comprido no mesmo lugar, fazendo a mesma coisa, sai um pouco do mundo, Damáris. - dissera ela. - E isto não é bom. Por isso, achei que precisava da cultura que só uma cidade grande oferece. E a poluição? - perguntei. Que fazer??? - suspirou a Tia. - Ela já existe; agora, só posso lutar contra, denunciar, brigar. Este é o preço que pagamos por morar numa cidade grande, embora eu não esteja querendo dizer que devamos nos resignar. E a bisbilhotice das pessoas...? Todo mundo vai querer saber as coisas, vai falar de você, vai se meter na sua vida...
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Ah, nem tanto... - respondera ela. - Talvez a família, um pouco... Mas eu acho que as pessoas não se interessam pela vida da gente, não. Todo mundo tem mais o que fazer. Eu ri muito: Só quando você é bem famosa, Tia. Aí, sim, todo mundo quer saber onde você foi, o que você fez ontem, o que você acha disto e daquilo. Tia Madalena acabou se ajeitando, fez amigos e amigas, construiu outra vida. Agora, ela ia apenas visitar Aiuruoca, oficialmente, para colher as suas ervas, e para encontrar as amigas-bruxas no Sabá da Lua Cheia e nas festas da categoria, por exemplo, dia 31 de outubro, o Ano Novo. Um dia, quando ela foi visitar os livros em uma das maiores feiras de livros do mundo, aconteceu um fato muito especial. Ainda bem que eu não pude ir com ela, senão... Será que tudo teria acontecido igual??? Estava ela andando pelos amplos corredores, namorando os livros, procurando com o olhar (quem sabe?) algum conhecido com quem tomar um cafezinho com pão-de-queijo quentinho, quando um livro chamou a sua atenção. Era um volume grosso, de capa dura e com cara de pesado. Parecia feito de prata e brilhava como a lua no céu, destacando-se como se não pertencesse àquele lugar. No meio, a figura de um robô se mexia, pra lá e pra cá, impacientemente, de maneira mecânica como convém à raça. - 122 -
Imediatamente, Tia Madalena fez contato com ele: O que foi, robozinho? Você parece triste... Minha vida é tão sem graça. - respondeu ele. É mesmo? E por que? - ela estava sinceramente interessada. Porque estou preso no tempo. Queria sair, viajar, passear, conhecer gente e lugares diferentes, mas... Que nada! Tenho de viver sempre a mesma história... - contou. Como assim? - quis saber a Tia Madalena, não apenas com pena dele, mas também curiosa. A cada vez que uma pessoa abre este livro, sei que minha história vai se repetir e vou ter de viver de novo a mesma vida de sempre: estava eu em uma missão em Marte, quando... Etc, etc, etc. Se quer saber a história, é só abrir o livro. Experimente. Não, por favor. Não faça isso: é menos uma vez. Buá. - fez ele, imitando um choro que de fato não chorava. - Todo dia é a mesma coisa, várias vezes por dia. Não aguento mais. Ele falava totalmente sem expressão, nem na voz, nem no rosto, mas Tia Madalena ficou comovida com o seu desespero. Quem sabe eu posso ajudá-lo... - ofereceu. Nada nele se alterou. Ninguém poderá dizer que ele fez um gesto a mais. Estava tudo no mesmo lugar, mas ela seria capaz de jurar que viu um lampejo de alegria brilhar naqueles olhos mortos. Será? - perguntou, impassível. Era apenas uma pergunta. - 123 -
Robozinho, gostei de você e quero ajudá-lo. O que posso fazer para que você saia dessa? - Me tirar daqui. - ele disse, rápido, antes que ela mudasse de idéia. Do livro? Ele confirmou, balançando a cabeça. Tia Madalena pensou: “Quero ajudá-lo, mas, por outro lado, nem conheço esse robô! Ele é bonitinho, lá isso é, e parece simpático e educado, mas beleza não põe mesa, já dizia o ditado, nem mostra o coração das pessoas...” Tentando ganhar tempo, perguntou em voz alta: E para onde você iria? Eu me viro. - ele respondeu, firme e impassível. - Não! - decidiu ela. - Se eu o libertar - e, veja bem, eu disse SE - vou me sentir responsável por você! E não quero que nenhum mal lhe aconteça! O robô deve ter ficado preocupado, embora sua fisionomia não tenha sofrido qualquer alteração, porque disse: - Não se preocupe. Não vai acontecer nada. Além do que, já vivi tanta coisa. A essas alturas dos acontecimentos, o que mais poderia acontecer a um robô do ano 3.000? Tia Madalena aproveitou a deixa: - Menino, em primeiro lugar, você falou certo: você vem do ano 3.000 e o pessoal daqui, oficialmente, mal acabou de entrar no ano 2.000. Isso significa que você está 1.000 anos à frente! - 124 -
- Como assim? - perguntou ele. Se ele não fosse um robô, teria parecido espantado. - Viu só? Você nem sabia!!! - Viu como eu não sei de nada? - disse ele, invertendo a situação. - É isso mesmo que eu quero: aprender mais, conhecer as coisas, saber tudo. - Robô, nem sei o seu nome! - No livro, me chamamTR39, mas cansei dele também. Você pode me dar outro nome? - Vou chamá-lo Gui. - decidiu ela. - Nome de menino levado. - Obrigado. Adoro quando você me chama de „menino.“ Tia Madalena nem prestou atenção. Estava cheia de idéias, intenções e, principalmente, preocupações. - Então, Gui, como eu ia dizendo, em primeiro lugar, você precisa saber que ainda nem temos robôs na Terra. O rosto permaneceu impassível, mas a voz se alterou ligeiramente, tão grande foi o seu espanto: - Que absurdo. Não posso acreditar. - Gui, estamos no começo do ano 2.000!... - E quem faz os trabalhos pesados? Quem faz os trabalhos mecânicos? Quem faz o que seria desperdício uma pessoa inteligente e criativa fazer? - As máquinas. - E não são robôs? - Algumas tem seus próprios nomes, outras até são chamadas de robôs, mas não passam de um braço mecânico ou uma engrenagem. Na Terra, não temos - 125 -
robôs humanóides como você. - E será que as pessoas vão gostar de mim? Se fosse gente, qualquer um diria que Gui tinha ficado inseguro com o pensamento. Tia Madalena respondeu a verdade: - Não sei. Não posso garantir nada. Os humanos são tão complicados... Eles gostam de tudo rápido e têm verdadeira mania de coisas descartáveis. - Como assim? - perguntou Gui. - Nada aqui é duradouro. „Para sempre“ não existe. E tudo muda muito depressa. O robô não conseguia entender: - Como assim? - Vou tentar explicar. Você entende a palavra ‘sucesso‘? - É quando alguém se destaca e todo mundo fica falando naquela pessoa. - Isso. Então, imagine que uma pessoa fez uma bobagem qualquer, vai para a televisão e fica famoso. Muitas vezes, vira estrela. Isto que só fez uma bobagem qualquer, nada importante! Mas só dura 15 minutos e logo desaparece para dar lugar a outro, e tudo vai acontecer igualzinho: esse outro faz uma bobagem qualquer, vai para a televisão, fica famoso por 15 minutos e assim por diante. - Não entendi. - admitiu ele. - É complicado. Os humanos são muito complicados... Gui insistiu: - 126 -
- Gostaria de conhecê-los melhor. - Será que é uma boa idéia??? - perguntou ela, mais para si mesma. Tia Madalena estava em dúvida. Gui, não. E ele continuou insistindo: - Isto que você falou vem de encontro ao que espero da vida aí fora: algo novo a cada 15 minutos. A bruxa riu, pensando: „Só que eles não aproveitam nada, Gui. Não curtem, não se deliciam... Apenas ouvem falar, sem analisar, sem questionar. Aceitam cada bobagem como se fosse interessante... Aceitam tudo que a televisão falou que é legal:::!” - e completou em voz alta: - Menino, você não sabe de nada, mas, já que quer correr o risco, vamos ver o que posso fazer por você! Impassível, Gui esperava na sua posição de robô de capa de livro. De repente, perguntou: - Por que consigo conversar com você? Nunca tinha falado com ninguém. Bem que tentei, mas nunca ninguém me ouviu. - Porque eu sou uma bruxa, seu bobinho! respondeu ela, com delicadeza. - Não parece. - disse ele, simplesmente. Ela perdeu a paciência: - Estou disfarçada de gente, seu robô idiota! Acha que daria para andar vestida de bruxa nesta feira? - Acho, sim. Veja. - e com o seu dedo duro apontou uma bruxa que ia passando. Tia Madalena ficou de boca aberta... - 127 -
Vestida de preto, chapéu pontiagudo rosa pink na cabeça coberta por longos cabelos cacheados, unhas enormes também rosa pink e baton do mesmo tom, lá ia ela. O robô puxou os cantos da boca com a ponta dos dedos, num sorriso robótico, e disse, baixinho: - É muito moderna, essa bruxa. Reparou na minissaia dela? Tia Madalena ficou ainda mais irritada: - É claro que ela é de mentira! É uma mulher fantasiada de bruxa!!! - Talvez as crianças não concordem com você... disse ele, mostrando duas meninas agarradinhas nas pernas da mãe. Ela ficou ainda mais furiosa: - Está vendo como eles são? Ninguém tem medo de mim e eu SOU uma bruxa! Mas estão morrendo de medo de uma moça fantasiada, como se a roupa desse a quem a usa todos os poderes mágicos do Universo e a sabedoria de muitos milênios!!! É assim que eles são, entendeu, agora? Só ligam para a aparência! - e completou, num muxoxo de pouco caso: - Não espere muito desse tipo de gente! Gui achou melhor voltar ao assunto: - Quando é mesmo que você vai me libertar deste livro? A palavra que ele usou - libertar - deu uma nova idéia à Tia Madalena: - Não vou, quer dizer, vou, sim, mas só mais ou - 128 -
menos. - e completou, rápido, antes que ele deixasse transparecer a sua tristeza: - Vou libertá-lo do livro, mas você será meu escravo. Ele pensou: „Qualquer coisa é melhor do que a vida que estou levando... Depois, a gente vê o que faz.“ - e disse em voz alta: - Está bem. Foi a vez da Tia ficar espantada: - Você concorda sem saber as condições? - Sou um robô. - disse ele, simplesmente. - Sei como é ser escravo, porque eu sou um escravo da minha condição. - E quem não é!? - perguntou ela, na verdade, afirmando. Encarou-o e disse, muito séria: - Gui, não é disso que estamos falando! - Eu explico. - apressou-se ele a dizer. Não queria que ela ficasse irritada. - Li sobre isto quando ainda estava na minha terra, um minúsculo planeta que foi descoberto em 2359. Querida amiga bruxa, quero dizer que todos nós somos escravos da nossa própria condição. Eu não passo de um robô, fabricado pelo maravilhoso ser humano, que foi feito por um ser ainda mais perfeito. Sei que as bruxas sabem mais do que os humanos, o que as coloca acima deles, porque o que importa é o que você sabe, como você é e o que você faz com o seu aprendizado. Eu não sei muito. Sou um robô como outro qualquer, limitado. Tudo que sei, foi posto na minha cabeça, mas alguma coisa deve ter saído errado, porque eu tenho vontade de aprender. Tudo que podia aprender - 129 -
nesta minha vida de livro, já aprendi, portanto, é hora de tomar outro rumo. Tia Madalena estava impressionada, mas perguntou apenas: - Você quer mesmo ser meu escravo? - Quero. - respondeu ele. - Sabe o que um escravo faz? - Sei: nada. - Nada por conta própria. Apenas obedece. - Apenas obedece. - concordou ele. - Então, venha! - exclamou ela, pegando o livro com delicadeza e dirigindo-se à Caixa como se fosse pagar a sua compra. No meio do caminho, porém, quando ninguém estava olhando, ela jogou sobre o robô da capa um pozinho mágico, dizendo: “Abracadabra, pé de cabra Ocus, pocus, fantasmas de pijama, Que a porta da magia se abra E este robô apareça sem lama!”. No mesmo instante, Gui estava ao seu lado. Ele era mais alto do que ela. Tinha o rosto sério e os olhos muito verdes, transparentes como água da fonte. Ou como os olhos de um gato. Ninguém percebeu nada e eles saíram pelos corredores cheios de livros da feira, ela, na frente, saltitando, ele, atrás, com o seu passo duro de robô. As pessoas pensaram que era mais uma atração - 130 -
para as crianças, olhavam, sorriam e era só. E o livro que perdeu o personagem principal, como será que ficou???
Roborias - ou Bruxarias do Robô Roborias para datas especiais: um presente para Damáris Começando o Ano Novo 1. Para se ter um Ano Novo próspero e cheio de alegria, coloque doze maçãs em uma cesta - cada uma representando um mês do ano - e no dia 31 de dezembro, ofereça-a aos gnomos, deixando-a em um lugar onde haja árvores (bosque, parque, praça ou jardim). Se quiser, ponha flores, também, ou mesmo outra coisa que você ache que eles vão gostar, mas tudo deve ser em número de 12. 1. Na última noite do ano, coloque balas e doces no batente da janela como uma oferenda aos elfos. Eles agradecerão, trazendo sorte e prosperidade para você o ano inteiro. 2. Na Escandinávia, as pessoas sempre deixam três janelas abertas durante todo o dia, no primeiro dia do ano. Em cada uma colocam uma flor, para atrair a energia que precisarão durante o ano: na primeira janela, uma flor cor-de-rosa para atrair o amor; na segunda, uma flor amarela para atrair a prosperidade; e na terceira, uma - 131 -
flor branca para que tenham bastante paz e harmonia. 3. No México, celebra-se a “Noite dos Desejos”, normalmente na última noite do ano: as pessoas vão para o ar livre e pensam em todas as coisas que gostariam de ter no novo ano que se aproxima, enquanto olham para o céu. A cada desejo, deve-se respirar profundamente, como se assim ele estivesse sendo levado para dentro de você. Experimente. Janeiro Dia 30 de janeiro é dedicado à Deusa romana Pax Augusta. Para sintonizar-se com ela, acenda uma vela branca e faça uma oração pela paz. Fevereiro Segundo as tradições do País de Gales, dia 5 é o Dia da Fada Madrinha. Não se esqueça de homenagear essa grande companheira colocando um arranjo de flores (o mais colorido e variado que puder fazer) junto com algumas balas e doces numa janela da sua casa. Este presente vai deixá-la encantada, estreitando ainda mais os laços que unem vocês. Março Dia 16 é o Dia de Dionísio, o deus romano do Vinho, dos Grãos, da Fertilidade e da Alegria, também conhecido, na Grécia, como Baco. Convide seus amigos para celebrar, de preferência tomando uma taça de vinho ou suco de uva, e nunca vai faltar alegria na vida de vocês! - 132 -
Abril Dia 13, na Mongólia, é o Dia do Lobo Azul. Dizem que, neste dia, ele vem devorar os nossos medos e, por isso, este é um dia dedicado à coragem e à ousadia. Faça uma coisa inusitada no dia de hoje. Faça algo que sempre teve vontade, mas nunca coragem de fazer. O Lobo Azul mora dentro de você: despertando-o hoje, você o terá em sua vida para sempre. Dia 18 é o Dia da Mãe Terra. Comemore-o plantando uma árvore ou trazendo uma planta nova para casa. Maio 28 de maio é o Dia do Anjo da Guarda. Não se esqueça de cumprimentá-lo, acendendo uma vela azul para ele ao acordar e outra antes de dormir, acompanhadas de uma pequena oração, agradecendo tudo que ele faz por você. Junho A noite do dia 12, véspera do Dia de Santo Antonio, é a noite mais esperada do ano, principalmente para quem está sozinho(a), e o folclore brasileiro nos ensina a fazer um ritual bem singelo, para pedir ao santo que cuide bem da nossa vida amorosa e nos traga um par: acenda um incenso de lírio, a flor de Santo Antonio, junto com uma vela branca, e peça para ele lhe mandar uma pessoa especial. Visualize tudo que você quer nessa pessoa. Peça muita compreensão e alegria para esse amor. - 133 -
Finalize com um agradecimento a todos os espíritos amorosos. E tenha certeza de que sua solidão não vai durar muito tempo! Dia 25 é o Dia das Almas Gêmeas. Se você já encontrou a sua, agradeça essa alegria acendendo uma vela branca e um incenso de sua predileção. Se você ainda não a tem, faça um ritual para acelerar esse encontro, escrevendo em um papel tudo que você espera dessa pessoa. Depois, acenda uma vela amarela e queime a carta em sua chama, jogando as cinzas em água corrente. Julho Quando uma coisa parecia impossível, as pessoas de antigamente diziam que “isso só vai acontecer no Dia de São Nunca” - só que, agora, esse dia existe: 8 de julho é o dia que a tradição mágica reservou para ele. Escreva seu desejo (quase) impossível em uma folha de papel e queime-o em uma vela laranja. No “Dia de São Nunca”, tudo pode acontecer! Agosto Dia 1º de agosto é o Sabat celta, conhecido como o Festival da Colheita. Neste dia, faça a tradicional “Boneca de Milho” para agradecer à Mãe Terra, colocando-a em um lugar de destaque em sua casa. Ela simboliza a Mãe da Colheita, a energia que gera as forças para você “colher” todas as coisas boas que vem plantando em sua vida. - 134 -
Setembro Dia 15 é o dia do aniversário da Lua, na China. Acenda um incenso de canela junto a uma vela branca para homenageá-la. Enquanto eles queimam, você deve cortar uma batata no formato da Lua Crescente e enterrála no jardim ou num vaso, para atrair bons presságios. Dia 25 é consagrado às flores e às fadas, aquelas criaturas mágicas que delas cuidam. Faça um arranjo bem bonito, colocando a maior variedade de flores e cores que puder. Borrife-as com uma mistura de água e açúcar para atrair famílias inteiras de fadas! Com a sua presença mágica, elas também trarão muita sorte para você!
Outubro No dia 30, celebra-se o Dia de Morrigan, a Patrona das Sacerdotisas e das Bruxas, aquela que rege as nossas batalhas internas, quando parte de nós deve morrer para que a outra sobreviva. Morrigan é implacável e severa, mas tem a sabedoria do tempo. Em seu dia, acenda um incenso de absinto e uma vela escura, pedindo renovação. Quando a vela acabar, um novo ciclo estará se iniciando. Acenda uma vela laranja para recebê-lo com alegria. No dia seguinte, 31, celebra-se o “Dia das Bruxas”. Nesse dia, os portais se abrem e os seres encantados vêm nos visitar. A vida flui mais facilmente entre os - 135 -
mundos espiritual e material. Esta noite sagrada deve ser comemorada com fogueiras, maçãs (que simbolizam a alma) e caldeirões (que representam o grande ventre da vida). Faça o seguinte ritual mágico: pegue uma folha de papel e escreva com uma caneta tudo que você quer ter na sua vida; em seguida, pegue outra folha e escreva a lápis tudo que você gostaria de ver fora da sua vida. Lembre-se de que deve usar sempre as frases em seu sentido positivo, por exemplo: “Quero tirar o desamor, a desarmonia e a incompreensão da minha vida.” Depois, faça uma pequena vassoura (ou use a sua, se for o caso) e “varra” o que você quer tirar da sua vida, “varrendo” de verdade o papel com as frases a lápis. Em seguida, queime os dois papéis, pedindo às bruxinhas amigas que satisfaçam seus desejos. Novembro Dia 16 é o Dia de Hécate, a Rainha da Noite e Senhora das Bruxas, segundo a tradição grega. Nesta noite, devemos nos aliar a ela no combate aos obstáculos: pegue um anel de prata e consagre-o nas chamas de uma vela marron, pensando em todos os obstáculos que deseja eliminar. Anote-os para não se esquecer de nenhum, porque você precisará usar esse anel até que todos tenham sido superados. Não se esqueça de que a Magia não aceita que se faça o mal a ninguém, portanto, tenha cuidado com o que pede. - 136 -
Dezembro No dia 10, homenageia-se a Deusa Liberdade: se existe alguma situação na sua vida que faz com que você se sinta preso(a), este é o dia para pedir à Deusa que o(a) liberte dos grilhões, fazendo uma pequena “loucura”. Os deuses admiram atos de despreendimento e este pode ser o segredo para libertar-se do que lhe incomoda. Dica Especial Todo dia 7 é mágico por excelência. Aproveite este dia para acender sete incensos, cada um representando um desejo: o primeiro incenso que acabar, representa o primeiro desejo que irá se realizar.
Roborias para presentear a Tia Madalena Ainda meio ingênuo, pois acabara de chegar, Gui pensou que a Tia Madalena, sempre tão preocupada com amor e boa sorte, talvez precisasse de algumas magias “novas” para a saúde e o bem-estar do corpo. Eis as que ele escolheu nos livros para oferecer a ela: Dicas do Robô 1. Para purificar um ambiente, nada melhor do que queimar algumas folhas de alecrim nas brasas. 2. Sempre que você for pela primeira vez na casa de uma pessoa, leve um presente, nem que seja apenas uma flor. Esta é uma maneira simpática de pedir licença aos verdadeiros “donos” da casa e, assim, você será - 137 -
sempre bem-recebido(a). 3. Contra a insônia, coloque três folhas de maracujá perto da sua cama, antes de se deitar. 4. Os pesadelos nem chegam perto de quem dorme com um raminho de alecrim sob o travesseiro. 5. Se você anda se sentindo fraco(a), coma diariamente uma folhinha de sálvia. Ela manda embora todas as doenças. 6. Gripes e resfriados desaparecem num piscar de olhos se você usar junto ao corpo um pequeno saquinho de seda ou cetim branco com um cravo-da-índia, um dente de alho, uma pedrinha de cânfora e um pouco de sal grosso. 7. Para evitar acidentes e doenças, prepare um banho com as cascas de três alhos, uma amêndoa e três folhas de arnica. Roborias para a Saúde A saúde de presente Para um amigo(a) que se machucou em um acidente ou tem uma doença, você também pode fazer essa roboria: Ingredientes necessários Uma boneca de pano branco Uma vela marron Óleo de sálvia Uma agulha Modo de fazer - 138 -
Faça uma boneca de pano e escreva nela o nome completo da pessoa machucada. Pode ser o seu próprio nome, se você estiver fazendo essa roboria para você mesmo(a). Unte a vela marron com óleo de sálvia e acenda-a. Olhe para a boneca e visualize o corpo dela se transformando numa miniatura do corpo da pessoa em questão e imagine este corpo saudável e perfeito. Localize a parte atingida pela doença ou ferimento e o veja saudável, imaginando que um grande X branco está impedindo a doença de entrar. Em seguida, imagine um fio de luz azul saindo da sua cabeça e da cabeça da boneca que essa pessoa representa. Pegue a agulha, beije-a e coloque-a exatamente no local que você imaginou o fio de luz saindo da boneca. Através da agulha, transmita toda a energia que poderá influenciar a cura. Apague a vela. Repita esse ritual diariamente, sempre no mesmo horário. Não será preciso remover a agulha. Deixe-a no local e faça o ritual de visualização, sempre com a vela acesa. Guarde a vela e a boneca no seu altar. Quando a pessoa se curar, a agulha deverá ser retirada e enterrada junto às plantas, em um jardim ou vaso; a boneca deve ser dada de presente para a pessoa ou ser queimada.
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Amuleto para a saúde Ingredientes necessários 1 pequena ágata 3 dentes de alho 1 pedra de cânfora (pequena) 7 pêlos de gato preto (nunca os arranque) 1 pequeno saco de cetim cor de laranja que você mesmo(a) fez um fio de lã ou linha azul-turquesa 9 velas cor de laranja Modo de fazer Em uma noite de Lua Crescente (o melhor dia da Lua é sempre o primeiro), acenda um incenso de sua preferência e as nove velas cor de laranja. Pegue os ingredientes nas mãos, um por um, e converse com ele, pedindo saúde. Conte-lhe sobre a sua vida e o quanto aprecia saber que ele está ali para lhe ajudar. Deposite-o delicadamente dentro do saco. Após ter colocado o último ingrediente, feche o saco com o fio de lã ou linha azul-turquesa. Passe-o nove vezes pela fumaça do incenso, repetindo o seguinte encantamento: “Como os gatos possuem os mistérios da vida Como as pedras tudo curam e abençoam Neste amuleto encontro a saúde pedida Que os deuses em conjunto agora me doam.” Deixe que as velas se extingam e coloque o amuleto para tomar o sereno da noite, retirando-o na manhã seguinte, de preferência, antes do sol nascer. - 140 -
Traga seu amuleto sempre junto ao seu corpo e repita o encantamento sempre que puder, segurando-o nas mãos com o maior carinho. Bruxarias de Proteção & Sorte que a Tia Madalena ensinou ao Robô Encantada com o presente recebido, Tia Madalena quis retribuir e escolheu Magias de Proteção, já que ela estava preocupada com ele, tão ingênuo, tão doce, um menino que nada sabia da maldade do nosso mundo. Amuleto contra o mau-olhado Ingredientes necessários 1 peça de coral de qualquer cor 1 pedaço de raiz de melão de São Caetano 9 espinhos de rosa 1 punhado de folhas secas de arruda 3 dentes de alho 1 espinha de peixe 1 pequeno pentagrama 1 pequeno saco de cetim roxo feito por você 1 fio de lã ou linha preta 1 galho de arruda Modo de fazer Em uma noite de Lua Minguante, pegue cada um dos ingredientes nas mãos e converse com ele, compartilhando seu desejo de proteger-se. Peça ajuda para vencer seus inimigos visíveis e invisíveis. Deposite- 141 -
os no saco, delicadamente. Após ter colocado o último ingrediente, feche bem a boca do saco com o fio de lã ou linha preta, repetindo o seguinte encantamento: “Olhos malvados que espreitam o meu lar Retornem com toda a sua maldade. Esqueçam para sempre este lugar Aqui só existe amor, poder e verdade.” Em seguida, peque o galho de arruda e “varra” a casa com ele, tendo tido antes o cuidado de deixar abertas as portas e janelas, para que o mal saia por elas. Coloque o amuleto para tomar o sereno da Lua e retire-o na manhã seguinte, de preferência antes do nascer do sol. Repita o encantamento sempre que achar que o mal está lhe rondando ou à sua casa. Amuleto para afastar pessoas de energia negativa Ingredientes necessários 3 dentes de alho descascados 1 pedacinho de gengibre 9 espinhos de rosa 3 pêlos de cachorro preto (não podem ser arrancados) 1 teia de aranha (velha) 1 incenso da sua preferência cascas de alho 3 velas escuras - 142 -
1 pequeno saco de veludo ou cetim preto 1 fio de lã ou linha roxa Modo de fazer Em uma noite de Lua Minguante, acenda o incenso e as 3 velas, tendo o cuidado de deixar ao lado deles as cascas de alho. Em seguida, pegue cada um dos ingredientes e coloque dentro do saco, fechando-o bem apertado com o fio de lã ou linha roxa. Aperte o saco contra o coração e transmita-lhe seu pedido de proteção contra as pessoas negativas, pedindo que elas se afastem e se esqueçam de você, enquanto repete o seguinte encantamento: “Ervas daninhas infestaram meu jardim Minhas flores elas tentaram matar Leve embora esse mal que chegou perto de mim Devolvendo-o ao lugar que deveria estar.” Agora, passe o amuleto nove vezes pela fumaça do incenso, repetindo a cada vez este encantamento: “Vai embora, mal! Vai embora, inveja! Vai embora, coisa ruim!” Deixe que as velas se extingam naturalmente e coloque o amuleto para tomar o sereno da Lua. Toda vez que sentir uma energia estranha, aperte seu amuleto junto ao coração e repita as palavras mágicas: “Vai embora, mal! Vai embora, inveja! Vai embora, coisa ruim!” - 143 -
Amuleto para proteção Ingredientes necessários 9 grãos de milho 7 paus de canela 3 sementes de maçã 3 pêlos de gato(a) (não arrancar) 1 pedra do seu gosto 1 lembrança antiga de um dia feliz incenso de canela 3 velas azuis 1 saquinho branco feito por você 1 fio de lã ou linha branca Modo de fazer Numa noite de Lua Crescente, acenda o incenso de canela e as 3 velas azuis. Pegue delicadamente cada um dos outros ingredientes e, pedindo proteção contra todos os males visíveis e invisíveis, vá colocando-os dentro do saquinho branco. Feche-o com o fio de lã ou linha branca, dando sete nós bem apertados, e passe-o sete vezes pela fumaça do incenso, repetindo o seguinte encantamento: “No mar a vida se espelha Na terra a vida se espalha No ar a vida se faz No fogo ela se desfaz.” Guarde-o em um lugar escondido dos olhos dos outros e, quando sentir que está precisando de mais proteção, repita o encantamento, passando-o outra vez pela fumaça do incenso. - 144 -
Pó Mágico para proteção Proteja-se contra pessoas invejosas, ciumentas e com energia negativa em geral, fazendo este Pó Mágico. Ingredientes necessários polvilho azedo pimenta-do-reino alho sal páprica curry Modo de fazer Em uma noite de Lua Minguante, misture todos os ingredientes, que deverão estar em pó, pedindo proteção. Coloque-os dentro de um papel branco e dobre quatro vezes. Deixe-o em um lugar de destaque na sala de visitas da sua casa, mas não diga a ninguém o que é “aquilo” e, se possível, impeça que o toquem. Feitiço contra o despeito, o desprezo, a antipatia e a raiva Ingredientes necessários 1 vela escura incenso de acácia vinho tinto ou suco de uva arruda assa-fétida erva-benta sal marinho - 145 -
Modo de fazer Acenda o incenso e a vela. Coloque o vinho/suco de uva no caldeirão mágico e espere levantar fervura. Apague o fogo e coloque a arruda, a assa-fétida, a ervabenta e o sal marinho, repetindo o seguinte encantamento: “Pelos poderes do fogo Pelos poderes do ar Pelos poderes da terra Pelos poderes da água Pelos poderes do três vezes três Nada há de mais eficaz Do que o meu feitiço e o meu poder!” Coloque a mistura numa garrafa e guarde onde ninguém possa ver. Jamais beba esta poção - mas enquanto ela existir, você nunca mais precisará se preocupar com o despeito, o desprezo, a antipatia e a raiva de ninguém!
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7.. Profundas Emoções
Tia Madalena e Gui conversavam normalmente por pensamento, mas, por mais que tentássemos, eu não conseguia conversar com ele. Também, pudera, ele não falava! Até mexia a boca, mas não saía som algum. Com certeza, estava com algum defeitinho nos fios da fala, mas onde arranjar um técnico para consertá-lo? Eis o maior problema para quem vem do futuro: não tem assistência técnica!!! Talvez por isso, ele ficasse sempre à nossa volta, mas participava pouco da minha vida. Ele era bonzinho, quieto e nunca reclamava de nada - pelo menos, era o que a Tia Madalena dizia. Bastava deixá-lo junto a uma porção de livros, que ele não incomodava a ninguém. Com o tempo, até o pessoal que frequentava as bibliotecas e livrarias acabou se acostumando com ele. Naquele momento, no entanto, eu não estava muito preocupada com isso, não. Nem com ele. Para dizer a verdade, eu tinha acabado de sair de uma experiência de quase-morte. Todo mundo ficara impressionado. Diziam que era uma vivência difícil. Uns sentiam pena - 147 -
de mim - que horror! - outros, compaixão, mas a maioria tinha mesmo era muita curiosidade! Queriam saber se eu “vira alguma coisa”, queriam saber das minhas impressões sobre “o outro lado da vida”, mas eu sempre desconversava... Eu estava tão bem que parecia inacreditável; entretanto, me tornara mais pensativa, mais introspectiva, reflexiva. Quieta e muda, prestava mais atenção ao mundo e às pessoas à minha volta. Deixara de ser tão tagarela e, parando de me expor e de mostrar meus sentimentos, começara a prestar mais atenção aos outros. Apenas a Tia Madalena sabia de tudo, claro. Receava que as outras pessoas não me levassem a sério se contasse o que vira, e eu não queria ser alvo de gozações ou ser chamada de mentirosa. Tinha vivido uma experiência única, sem par. Pois que a minha cura servisse para aumentar a fama do meu médico famoso, eu não me importava. Quanto vale uma vida? - eu me perguntava. Ela adquirira outra cor, outro significado, outro sentido, para mim. E qual a importância da minha vida, da minha emoção, dos meus sentimentos para as outras pessoas? As emoções são tão misteriosas... E cada um sente diferente uma emoção, inclusive dentro da mesma situação. As coisas que acontecem com uma pessoa não têm o mesmo significado para outra... Fiquei pensando tanto nisso, que resolvi fazer uma pesquisa a respeito. Comecei o mais próximo possível: - 148 -
- Tia Madalena, qual foi a maior emoção da sua vida? - Xi, Damáris, minha vida é muito comprida... Serve desta última vida? - Claro. - De criança ou de adulto? - De criança, vai. - Foi quando ganhei a minha primeira bicicleta! Devo ter feito uma cara de decepção, porque a Tia mudou o tom da voz quando perguntou: - Damáris, você não sabe o que isto representa para uma criança! - Ai, Tia, eu estava falando de emoção de verdade! - E por que esta não seria uma emoção de verdade? - Parece tão bobinho... - Porque você teve tanta coisa na vida, que nem ligou direito para elas. Damáris, tem muita criança cujo maior sonho é ter uma bicicleta! - abaixei a cabeça e a Tia continuou, agora, falando num tom normal de voz: Eu fui uma delas. - Você não era pobre, vai, Tia! - reclamei. - Ai, minha nossa! - exclamou ela, rindo. - Você não entende que no tempo que eu era criança, era tudo diferente de hoje? Menina tinha de ser mais comportada, meu pai achava que não era bom andar solta por aí, como um moleque, ainda mais de bicicleta! - Cruzes, que pai mais chato! - não pude deixar de resmungar. - A vida dos meninos era muito diferente da das - 149 -
meninas. - explicou ela. E suspirou: - Ufa! Ainda bem que mudou! Sem achar muita graça na história da Tia, resolvi procurar minha mãe. - Mãe, qual a emoção mais profunda que você já sentiu? Ela nem precisou pensar para responder: - É claro que sofri muito quando você adoeceu, morri de alegria quando sarou, mas ainda acho que o dia mais emocionante da minha vida foi aquele que você nasceu. Você já conhece esta história... Desde que me casei, só pensava em ter filhos. Muitos filhos. E sonhava com uma menina primeiro, para encher-lhe os cabelos de lacinhos e fitinhas, para enfeitá-la e paparicá-la... Seu pai não queria, assim, logo de cara, no início do casamento, e concordamos em esperar um ano, mas cinco anos se passaram e nada desta filha vir...! Mais cinco anos de tratamentos e eu até já tinha até desistido, frustradíssima, quando eis que apareço grávida!!! Achei que era a maior emoção da minha vida, mas só acreditei mesmo quando a barriga começou a crescer... Então, quando você nasceu, no meio daquele monte de complicações, nem liguei quando a médica disse que eu não poderia ter todos aqueles filhos que sonhara, que seria só você. Estava realizada! Ria e chorava, ao mesmo tempo. Não deixava ninguém tocar em você. Sentia ciúmes quando qualquer outra pessoa olhava para o meu nenê. Queria você só para mim. - Ah, mãe, você não é tão possessiva assim, vai... - 150 -
brinquei, envaidecida. Adorava ouvir essa história. - Claro, sou inteligente o suficiente para saber que você é outra pessoa, não uma continuação de mim, mas a paixão por você ficou para sempre. E você é uma filha que só me dá prazer! Fiquei tão quieta, que a mãe completou: - Você não é perfeita, mas eu também não sou, nem ninguém é. O importante não é não errar, mas aprender com os próprios erros. A avó entrou na sala: - Xi, quem fez besteira? - e me encarando, perguntou: - O que foi que você fez, desta vez? - Nada, vó, a mãe e eu só estávamos conversando... E aproveito para perguntar a você: Qual a emoção mais profunda que você já viveu? - Ah, já estou velha... Vivi tantas emoções... Eu ri, explicando: - Vó, emoção é qualquer coisa que mexe fundo no coração da gente, não precisa ser só coisa boa, não. Coisa triste também vale! Ou vinda do medo, da insegurança, da imaginação... - É verdade. E aí você até já sabe o que eu vou dizer: nunca senti nada tão forte quanto a dor da morte do seu avô, lembra-se? - Impossível, mamãe! - era minha mãe falando. Ela era muito pequena, naquela época! - Mas eu me lembro como a vovó ficou diferente! atalhei. A avó, porém, nem prestou mais atenção, os olhos - 151 -
esgazeados pela nuvem do tempo: - Pensei que eu fosse morrer junto... - sussurrou Pensei que o meu coração não fosse agüentar tanta dor... Foi tão de repente... - marejados de lágrimas, seus olhos ficaram ainda mais turvos com a lembrança: - Nós estávamos de férias, na casa da praia, almoçando. Ele olhou para mim, sorriu, disse que me amava, que nossa vida juntos tinha sido muito boa, que tínhamos construído tanta coisa bonita, que estivéramos sempre juntos, na alegria e na tristeza, lembro-me que repetiu várias vezes a palavra “juntos”. Falava e mastigava a comida, um de cada vez, lentamente. Lembro-me de ter pensado que ele parecia mastigar as palavras. “Velho, você está tão estranho hoje...”, falei. “Bebeu cerveja? Você sabe que o médico proibiu.” Ele estava falando meio mole, enrolado, achei que estivesse até meio bêbado. E, então, de repente, sua cabeça despencou e ele enfiou a cara no prato. - lágrimas desciam pelos sulcos do seu rosto marcado. - E acabou... - sussurrou ela. - Morreu como um passarinho... Ela levantou-se com dificuldade e saiu pela mesma porta que tinha entrado. A mãe reclamou: - Pombas, Damáris, olhe o que você fez com a sua avó!!! Você não está azul de saber que ela não pode falar no seu avô? - Ai, mãe, não tive culpa... Foi ela quem entrou na nossa conversa! - Pois, vai atrás dela e tente consertar o estrago! - 152 -
Levantei-me do chão onde estava sentada e fui andando devagar, pensando no que fazer. Lembrandome das palavras mágicas, apressei o passo: - Vó, a tia Adélia mandou um recado para você e eu esqueci de dar! - gritei, do lado de fora da porta do quarto. - Ela acabou de ler um livro muito legal e quer saber se você quer ler também. - Entre, Damáris. - convidou a velha senhora, abrindo a porta. - Ela falou do que trata o livro? Respondi sem pensar muito. Tinha ouvido uma conversa entre as tias: - Conta a história de uma mulher, uma bruxa, as várias vidas que ela viveu, as coisas que aprendeu; ela, que é imortal, apaixona-se por um humano e... - deixei a frase suspensa de propósito. - Se você puder ir buscá-lo para mim... - pediu ela. - É pra já! - exclamei, contentíssima. E motivos não me faltavam: a estratégia tinha dado certo! Além do mais, isto ainda me permitiria escapar! A tia morava a poucas quadras de nós. Felizmente, ela não tinha nenhuma grande tragédia na vida, de modo que, ainda por cima, daria para continuar minha pesquisa sobre a emoção. Tia Adélia não estava em casa, mas tio Alexandre já tinha chegado. - Oi, tio, vim buscar um livro para a vó. - Sabe o título? - e sem esperar a resposta, completou: - Procure na estante. - 153 -
- É que eu não sei direito o nome... Acho que é “Eu, Bruxa” e fala de uma mulher, uma bruxa... - Ah, aquele que a sua tia andou lendo? Está ali. - e apontou para uma pilha deitada na prateleira. - Ela não falava em outra coisa, na semana passada, só na tal bruxa... Peguei o livro e, antes de ir embora, falei: - Tio, eu queria fazer uma pergunta para você. - Diga! - Qual foi a maior emoção da sua vida? Ele coçou a cabeça, pensando. - Sei, não, Damáris... - Um fato ou situação que lhe tenha provocado uma emoção grande, marcante... - eu tentava ajudá-lo a se lembrar. - Ah, se é assim, ficou fácil: não existe emoção maior do que a roleta! - respondeu. Ele era um grande jogador e este “grande” aplicavase a todos os sentidos da palavra quando acoplada à outra, “jogador”. Vivia para o jogo e já perdera quase toda a fortuna que herdara dos pais. Era uma pessoa maravilhosa, dizia a tia, e seria perfeito se não fosse esse “defeitinho”... E tio Alexandre continuou, duas estrelinhas iluminando seus olhos castanhos: - Você escolhe uma cor, preto ou vermelho, escolhe um número, e não imagina como o coração fica, enquanto a sua sorte gira, gira, gira e pára, devagarinho, a bolinha pulando de uma casa para a outra, e você vendo o dinheiro sorrindo para você, ganhou! Ou a decepção, - 154 -
quando a danadinha passa lentamente pelo seu número, mas pula, brincalhona, e, indiferente ao seu desespero, vai alojar-se ao lado num som rouco... - E o pôquer, tio? - perguntei, para provocá-lo. Seus olhos faiscavam, quando respondeu: - Ah, também... Lembra-se do dia que eu tive um Royal Street Flash na mão? “Como vou me lembrar?...” - pensei, mas não tive tempo de dizer nada, nem precisava, já ele continuava: - Que emoção, jamais me esquecerei do gelo que tomou conta das minhas veias! - riu alto e forte. - Ah, mas bom mesmo é o contrário, é blefar! Você finge que tem um Royal Street Flash e tem um parzinho safado qualquer... Ele ainda lembrou algumas das suas muitas jogadas memoráveis, agradeci, despedi-me e fui embora pensando: “Para o jogador, só existe o jogo. Ele é toda a sua vida. Tudo gira em torno dele. Só o jogo consegue emocioná-lo; como pessoa, está fechado para todas as outras emoções, vive, come e dorme jogo. Pobre tio... É como uma droga...” Problema resolvido, telefonei para minha amiga Eva e logo tratei de introduzir o assunto da minha preocupação maior: - Eva, qual foi a maior emoção que você já viveu? - Ah, cara, nem precisa perguntar, você já sabe! Foi o dia que o Caco, finalmente, olhou para mim! Reclamei: - 155 -
- Eva, estou falando de coisas sérias... - É verdade, cara, você não se lembra como eu estava a fim dele? E ele nem tchum pra mim! Um belo dia, lá vem ele puxar um papo, pagando o maior pau pra mim! Foi a maior emoção da minha vida!!! Pensei: “Para mim, parece algo tão pequeno, mas para ela é importante...” No quarto, fui anotando as respostas: uma emoção profunda da minha mãe, da minha avó, do tio Alexandre, da Eva... Queria começar com os adultos, passar pelos jovens e terminar com as crianças. O importante era descobrir o que se passava no coração das pessoas, era obter o maior número possível de respostas. E eis que alguém que não estava no programa entrou na história! - Damáris! - chamou minha mãe. - Sua avó não está se sentindo bem e eu tenho uma reunião muito importante no escritório. Daria para você levá-la ao médico para mim? - Claro, mamãe. - Não vá de ônibus, pode ser perigoso. Pegue um táxi. - Está bem, mamãe! - respondi. É claro que a vó disse: - Bobagem da sua mãe! Andei de ônibus minha vida inteirinha, por que não poderei continuar andando? Fique com o dinheiro do táxi para você! Não estou tão mal assim! Chegando ao consultório, a recepcionista perguntou, talvez para iniciar uma conversa: - Como é o seu nome? - 156 -
- Damáris. - Como? - Damáris. Acho que sou a única pessoa do mundo com este nome... Eu mesma não conheço outra... expliquei, como sempre acabava fazendo.- É o nome de uma deusa. A recepcionista sorriu: - Eu também tenho um nome sem par: Oscarlina. Mas pode me chamar de Lina. E foi assim que o papo começou. E foi assim que ele terminou: - Lina, qual foi a maior emoção que você já sentiu? - Damáris, minha vida daria um romance... - disse ela, emocionada. “É sempre a mesma história... - pensei. - As pessoas não percebem que a vida de qualquer um daria um romance. Todas as vidas têm aventuras, lutas, perdas, glórias, alegrias, tristezas, frustrações... O que faz com que se transformem em romances de sucesso, de fato, é o narrador. É ele que faz a diferença!” - mas não disse nada para a moça não se chatear. Ao contrário, perguntei, suavemente: - E qual o pedacinho mais emocionante deste romance? Em qual parte as pessoas haveriam de se emocionar mais? Ela pensou um pouco, sorrindo para as suas lembranças: - Lembro-me do meu primeiro dia de aula, do meu primeiro namorado, do primeiro beijo, do primeiro - 157 -
emprego, do dia do meu casamento, do nascimento do meu filho, ah, acho que a mais profunda emoção da vida da gente está ligada à tal “primeira vez”... A paciente mais próxima, uma senhora bonita e vistosa, mas já avançada nos anos, entrou na conversa: - Concordo com você, mas posso dar meu palpite? - nem esperou a resposta para continuar, olhando ora para Damáris, ora para Lina: - A primeira vez de cada momento é muito significativa, mas grandes emoções são mais ligadas à dor e ao medo. O médico chamou sua assistente, de modo que a conversa teve de ser interrompida. Era a vez da avó e como os médicos sempre conversam um pouquinho, antes de passar à consulta, aproveitei para fazer-lhe a mesma pergunta. - Não há nada que se compare a salvar uma vida! respondeu ele, sem precisar pensar mais do que um segundo. - Você tem a morte às suas costas, observando cada gesto seu, louca para que você erre; você tem a vida à sua frente, torcendo para que você vença e ela possa vencer através de você. Tem nas mãos a alegria ou a dor de muitas pessoas. Tenho amigos obstetras que diriam que nada pode ser mais emocionante do que ajudar uma criança a nascer, mas eu, que já fiz isto, também, sinto que a criança nasceria de uma maneira ou de outra, de modo que acho que salvar uma vida traz mais emoção, porque depende unicamente de você e do seu talento. E, ainda devaneando, terminou de medir a pressão - 158 -
de sua paciente, voltando a ela toda a sua atenção. Na volta, resolvi passar na casa da tia Pitú para, se desse no jeito, fazer a ela a mesma pergunta. Deu! E a tia começou a contar: - Ah, Damáris, as coisas na vida da gente são muito interessantes... Quando estão acontecendo, parecem, às vezes, duras e difíceis, mas, depois que passam, deixam uma saudade estranha... É como se a existência da alegria em nossas vidas fosse normal; a tristeza é que é excepcional e, portanto, marcante. Ela suspirou e olhou em volta, hesitante se deveria contar ou não. Ao deparar-se com os meus olhos sinceramente interessados, escolheu: - Vou lhe contar um segredo: a coisa que mais me emociona é imaginar que vou encontrar um ET. Não consegui dizer sequer uma palavra, tão grande era o meu receio de quebrar o encanto daquele momento e interromper a confidência. Encorajada pelo olhar e pelo silêncio, tia Pitú não demorou a confessar: - Todo mundo sabe que adoro viajar para lugares esotéricos, mas não é bem por causa da energia, não, o que eu quero mesmo é encontrar um ET. Falar com ele. Tocá-lo. Cada viagem faz renascer a minha esperança e minha cabeça se enche de idéias. Ainda não consegui realizar meu sonho, mas não tem importância, a simples possibilidade me deixa emocionada, a expectativa me satisfaz! Em vez de me decepcionar, volto feliz para casa, certa de que, na próxima, conseguirei! E imagino, sonho, fantasio, invento coisas, é tanta loucura dentro da minha - 159 -
cabeça que, às vezes, o sonho fica real e eu não sei mais onde está a realidade, não sei o que sonhei ou inventei. Agora, com gnomos e seres da natureza já tive vários encontros, você sabe... Quase tantos quanto a sua Tia Madalena... Fiz que sim com a cabeça, balançando-a para cima e para baixo. Já ouvira essas histórias, mas não me importava em ouvir tudo de novo. Era sempre um prazer e o ritual se repetiu. Quando voltava para casa, encontrei um dos meninos que morava no prédio e perguntei: - Qual foi a maior emoção da sua vida, Florian? Ele sorriu largo. - Ah, a maior emoção da minha vida é ver o meu time ganhar! Melhor do que isto, só quando o danado ganha o Campeonato Brasileiro!!! Ele foi me contando, fomos andando, na portaria demos de cara com o vizinho do sétimo andar, um gaúcho gordo e bonachão, que também ia entrando e entrou na conversa: - Caro Florian, é porque tu nem tinhas nascido na Copa de 70, quando o Brasil foi Tri Campeão do Mundo, e não te lembras, tchê, claro, mas nada se comparou à festa que o país viveu, nem mesmo o Tetra! As pessoas dançavam na rua, riam e choravam ao mesmo tempo, desconhecidos se abraçavam, foi uma emoção que só vendo! - Ou sentindo! - brinquei. Seo Stephan não me deu atenção. Naquele - 160 -
momento, ele estava há anos-luz da sua vida de hoje. - A tensão da final... Barbaridade! - continuou. Não havia um único vivente que não tivesse os olhos grudados na televisão! Quando o grito de “Goooooool” ecoava, era uma só voz, saindo da boca de milhões de pessoas! Nunca se viu tanta união, tanta emoção! Jamais me esquecerei! Até hoje sei a música de cor! E o velho Stephan começou a cantar, com a sua voz rouca e desafinada: “Noventa milhões em ação Pra fente, Brasil, do meu coração Todos juntos, vamos, Pra frente, Brasil, Salve a seleção! De repente é aquela Corrente pra frente Parece que todo o Brasil deu a mão Todos vibrando na mesma emoção Tudo é um só coração! Todos juntos, vamos, Pra frente, Brasil, Brasil, Salve a seleção! Florian e eu quase morremos de tanto rir. Despedi-me deles e fui para o quarto, fazer as anotações no caderno. No final de uma morna tarde do domingo, dia que - 161 -
ninguém tem mesmo grandes coisas para fazer, eu conversava com a turma, no jardim do prédio. Lá pelas tantas... - Guilherme, qual foi a maior emoção da sua vida? - perguntei. - Xi, lá vem ela de novo! - riu Eva, antes que eu respondesse. - Damáris só pensa nisso, só fala nisso! Qual é, Damáris, o que você tanto quer saber? - Eu estou mesmo pensando muito neste assunto... - admiti. - Acho que vou escrever um livro a respeito! Darinka gozou: - Como se não bastasse ter de aguentar a mania de escritor do Kevin!!! Agora você, Damáris?! Não se abalei: - Vai, Guilherme, conta... - Podem gozar, que não vou ligar! - decidiu-se ele. - Mas minhas maiores emoções são vividas nos sonhos! Sonhadas, elas me parecem perfeitamente reais! Nada me comove mais do que acordar apavorado ou suado, desesperado, ou feliz, flutuando, sorrindo feito bobo... Todos ficaram em silêncio. - Pensei que você fosse dizer que sua maior emoção foi quando você saltou de paraquedas pela primeira vez! - disse Gertrudes, muito surpresa. - Eu ia dizer que a minha maior emoção foi quando, logo após descobrir que Papai Noel não existe, dar de cara com um de verdade numa loja, mas mudei de idéia. - disse Joana, irônica, falando em cima da frase - 162 -
da amiga. Ninguém riu. - E para você, Damáris, qual foi a emoção mais intensa? - perguntou Guilherme. Você já fez esta pergunta a todo mundo, mas não contou a sua... Titubeei: - Vocês não vão acreditar... O coro pediu: - Conta! Conta! Conta! - Vou contar! - decidi-me. - Vocês não vão acreditar, mas não tem importância, eu sei que estou falando a verdade... Suspirei fundo e comecei: - Lembram-se de quando eu estava doente? Todo mundo dizia que eu ia morrer... E era para eu ter morrido, mesmo, mas conversei com a Morte e ela me poupou! - Damáris, você sonhou! - exclamou Darinka. - Não, foi real... - eu disse, suavemente. - Conte tudo! - pediu Guilherme. - Damáris, como foi? - perguntou Gertrudes, ardendo de curiosidade. Surpresos, todos começaram a pedir ao mesmo tempo. - Esperem, vou contar! - eu disse. Mas eles faziam tanto barulho, que tive de repetir a frase várias vezes.
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Emoções financeiras Tia Madalena é mesmo uma pessoa muito interessante... Já que ultimamente tratávamos apenas de emoções, ela sugeriu que falássemos de uma emoção muito louca na vida das pessoas. Resolvi chamá-las de “Emoções Financeiras”, porque elas realmente mexem com a nossa vida inteirinha: são capazes de nos deixar alegres, tristes, furiosos, deprimidos, compensados, satisfeitos, irritados... Felicidade, todo mundo sabe que ele não compra, mesmo - mas bem que dá para a gente se divertir um bocado com ele! Como ter dinheiro para tudo que se precisa, como ter prosperidade, como se sair bem nos estudos e no trabalho, como segurar o dinheiro perto da gente, como arrumar um emprego novo, como crescer, como fazer sucesso... Mil idéias relacionadas a uma só: dinheiro! Alguém se interessa??? Talismã da Fartura Ingredientes necessários 7 folhas de louro 7 cravos-da-índia 1 pedaço de canela em pau 1 pirita pequena 1 pedaço de tecido vermelho fazendo um quadrado 1 fita ou linha vermelha 1 vela - 164 -
1 incenso de canela Modo de fazer Numa noite de Lua Cheia, acenda o incenso e a vela. Em seguida, abra o tecido vermelho e coloque sobre ele as 7 folhas de louro formando uma flor. No centro da flor, coloque os 7 cravos-da-índia e o pedaço de canela em pau. Junte as pontas do quadrado, misturando todos os ingredientes, e amarre-o com a fita, dando um laço bem bonito. Leve-o sempre com você. Altar de Canela Para resultados rápidos em questões de dinheiro, poucas magias são tão eficientes quanto essa. Ingredientes necessários 1 vela 1 incenso de canela essência de canela canela em casca Modo de fazer Quando a Lua estiver Cheia ou Crescente, acenda num mesmo lugar o incenso e a vela aromatizada com essência de canela. Enquanto queimam, coloque ao lado três pedaços de canela em casca e um recipiente com essência de canela, pedindo o que você deseja, em matéria de prosperidade e dinheiro. Poção da Fortuna Quem quiser que o dinheiro nunca lhe falte, deve espalhar canela em pó numa nota e guardá-la na carteira. - 165 -
Banho do Dinheiro Ingredientes necessários 3 folhas de manjericão três folhas de louro 1 colher de mel 1 vela verde 1 incenso Modo de fazer Numa noite de Lua Cheia, acenda o incenso e a vela e prepare um banho com o manjericão, o louro e o mel. No dia seguinte, o dinheiro já vai começar a entrar... Magia para o dinheiro nunca faltar Numa noite de Lua Nova, pegue algumas sementes de uva e jogue-as para o alto, dizendo: “Lua Nova, afilhada de São Vicente, Quando voltar, traga muitas sementes.” Amuleto da Prosperidade Ingredientes necessários Feijão Arroz Milho 4 nozes com casca 4 castanhas com casca 4 avelãs com casca 4 amêndoas com casca paus de canela 4 moedas de qualquer valor - 166 -
9 folhas de uma árvore ao seu gosto 1 pequena cesta de vime óleo de amêndoas 2 velas verdes 1 incenso de canela Modo de fazer Em uma noite de Lua Crescente, pegue a cesta de vime e, delicadamente, arrume, dentro dela, todos os ingredientes, ao seu gosto. Quando a quantidade não estiver indicada, coloque quantos você quiser. Vá repetindo o seguinte encantamento, enquanto visualiza bastante prosperidade em sua casa: alimento sempre à mesa, saúde para todos, dinheiro suficiente para uma vida sem problemas, bastante compreensão, alegria e harmonia: “Lua que faz crescer a colheita Que inunda os campos de magia Que tua vontade seja feita Aqui se tem ouro e alegria.” Quando a cesta estiver pronta, passe-a 9 vezes pela fumaça do incenso, sempre repetindo o encantamento. A cada Lua Crescente, acenda duas velas ao lado da cesta, junto com o incenso de canela, e repita o encantamento. Deixe a cesta em seu altar e, com certeza, nada nunca lhe faltará!
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Feitiço para Abrir as Portas para a Prosperidade Este feitiço é tão mágico que não funciona se for realizado para atender a sentimentos de avareza ou se você tiver a intenção de prejudicar alguém, pois ele é destinado a lhe trazer sorte financeira, abrindo caminho para novas oportunidades, antes inexploradas, para você ganhar dinheiro. Ingredientes necessários Um vaso médio Terra 7 moedas 7 sementes de girassol 1 vela marron 1 vela verde-escuro 1 cálice Água mineral ou da fonte Modo de fazer Coloque a terra no vaso, enterrando primeiro as moedas, ao fundo, e um pouco acima as sementes de girassol. Acenda as duas velas: a marron, à esquerda do vaso; a verde, à direita. Coloque a água no cálice e peça o que você quer só você sabe qual é a melhor maneira de ganhar o seu dinheiro! - e termine com as seguintes palavras: “Que este pedido funcione de uma forma correta e benéfica.” Regue o vaso com a água do cálice e repita o seguinte encantamento: - 168 -
“Que a alegria e o bem-estar para mim O poder do sol possa trazer assim: Rego a árvore da prosperidade com esse feitiço E rego a semente de girassol pensando nisso.” Dê o vaso de presente para uma pessoa muito querida ou cuide com muito carinho do girassol que vai nascer. Magia para o dinheiro não fugir Se você tem sentido que anda perdendo dinheiro, nada melhor do que esta magia. Ingredientes necessários 1 moeda 1 prego 1 pedaço de madeira papel grosso Modo de fazer Escreva o seguinte encantamento no papel: “Pela mão furada O dinheiro passa E não fica nada.” Faça um buraco na moeda. Em seguida, cole o papel no pedaço de madeira e coloque, acima dele, o prego com a moeda dependurada. Pregue tudo no alto da porta de entrada da sua casa ou do seu quarto.
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Banho da prosperidade Ingredientes necessários 1 pedra verde 7 folhas de figueira 7 pétalas de rosa amarela 1 colher (de chá) de grãos de trigo Modo de fazer Numa noite de Lua Cheia, coloque a pedra de molho na água e deixe por 24 horas. Retire-a e acrescente os outros ingredientes, levando ao fogo. Desligue quando perceber que vai ferver e tampe por alguns minutos. Depois, proceda como normalmente se faz para um banho. Dica para atrair dinheiro e prosperidade Arrume sempre as notas no bolso ou na carteira, de modo que as de maior valor fiquem por dentro e as de menor valor, por fora. Pó Mágico para progredir no trabalho ou na escola Ingredientes necessários 2 colheres (de sopa) de talco 2 noz-moscadas raladas 1 colher (de sopa) de orégano 2 colheres de sopa de canela em pó 1 punhado de alfazema em grão 11 cravos-da-índia 6 folhas de louro - 170 -
2 galhinhos de hortelã 1 incenso de canela 1 vela laranja 1 vela marron Modo de fazer Num período de Lua Cheia, coloque uma toalha branca sobre a mesa e acenda o incenso. Pegue seu caldeirão mágico (ou uma vasilha que não seja de metal nem de plástico) e acenda uma vela de cada lado, sendo a laranja, à esquerda e a marron, à direita. Em seguida, comece a misturar os ingredientes, sempre mexendo com a colher de pau no sentido dos ponteiros do relógio. Enquanto prepara, visualize aquilo que você quer. Para encerrar, diga o seguinte encantamento: “Se for para o bem de todos os envolvidos Que assim seja.” Ponha um pouquinho em cada canto da sua casa ou do seu quarto. Se você quiser usar como um amuleto, coloque em um saquinho marron e amarre com fita ou linha marron. Para consagrá-lo, passe-o pela fumaça do incenso. Pode ser distribuído como presente para os amigos, também. Feitiço Energizante Se seu trabalho ou seus estudos anda(m) semgraça, você está precisando da energia deste feitiço. Ingredientes necessários I prato branco (sobremesa) - 171 -
11 folhas de louro 7 moedas de pequeno valor 2 colheres de sopa de açúcar cristal algumas gotas de lavanda 1 punhado de alfazema em grãos Modo de fazer Lave as moedas em água corrente e perfume-as com a lavanda. Coloque-as na volta do prato, com os valores virados para cima. Cubra-as com o açúcar cristal. Arrumem as folhas de louro como se fossem raios de sol. Coloque a alfazema sobre o açúcar. Quando estiver tudo pronto, levante o prato acima da sua cabeça, de frente para a janela e diga ao Sol o seguinte encantamento: “Peço ao Universo que traga para a minha vida (fazer o pedido) De acordo com o meu merecimento.” Coloque o prato num lugar alto da cozinha. Nunca o coloque no seu quarto de dormir.
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8. Antes de Morrer (uma declaração de amor à vida) Ajeitei-me no banco duro do jardim, pronta para iniciar a narração da história que prometera contar aos amigos. Sabia que ela seria longa - e tão longa quanto interessante. À minha volta, eles esperavam com uma estranha ansiedade que eu lhe contasse a maior emoção que tivera em minha vida nem tão longa assim. - Eu estava muito mal, vocês sabem. Nem recebia mais visitas. Conversar me deixava muito cansada. O telefone, porém, não parava de tocar. Eu nem me interessava mais em saber quem era, ficava dormitando o tempo todo, acho que eram os remédios, sedativos para anestesiar o corpo dolorido e a cabeça sofrida. Pena não existirem sedativos para o coração... Porque eu sabia de tudo. Ouvia e entendia as conversas. Muitas vezes, pensavam que eu estivesse dormindo, mas nunca era o suficiente para desligar o pensamento. Continuava ouvindo os soluços abafados de minha mãe, o choro grave de meu pai. Caladinha, os olhos sempre tristes, a Tia Madalena não saía de perto de mim. Sabia que ia morrer, mas não queria ir. Bem, saber - 173 -
que vai morrer, todo mundo sabe, mas precisaria ser aos l3 anos? Nem tinha começado a viver direito... Nem aproveitara nada e já era hora de ir embora?! Parecia a história da festa da Camila: passamos semanas sonhando com ela. Os vestidos, os meninos, as convidadas, o bolo, o som, a decoração... Ela queria que tivesse cachorro-quente de qualquer jeito, onde já se viu festa sem cachorro-quente?! Achei que era comida de criança, mas a festa era dela e ela ganhou, é claro! Nos dias anteriores, nós simplesmente não conseguíamos falar em outra coisa! Mal dormimos! Era a festa do século! Acho que só você, Geraldo, que ainda não morava aqui, não se lembra: na tarde do dia da festa, a avó dela teve um ataque do coração. Nem deu para avisar todo mundo, teve gente que veio, na maior elegância, presente na mão... Para o enterro! Foi a maior frustração da minha vida! Bem, a outra maior, porque a maior, mesmo, é esta: vou morrer e o mundo vai continuar. Como será que o mundo vai ficar, sem mim? - eu pensava. Foi num final de tarde morno e lento. Tia Madalena entrou pela porta aberta do meu quarto e anunciou: - Trouxe uma visita para você, Damáris. Abri os olhos e vi a Morte. Ela se aproximou da cama, me olhou, deu a volta, sentou-se na beirada. Usava uma túnica branca e trazia - 174 -
sua inseparável foice, com a qual, dizem, ceifa a vida das pessoas. Não senti medo. Há muito esperava por ela. Sabia que viria. Para minha surpresa, porém, ela disse, sem sequer cumprimentar-me antes: - Vim para buscá-la, mas, se você me der três motivos, eu lhe pouparei. Estou com preguiça de trabalhar hoje. Achei graça: - Vou contar uma história pra você, Morte, e nossa conversa já fala, de cara, do motivo número um. Ela era ingênua, ou então, estava com preguiça até de pensar, pois perguntou: - Qual? - Não tenho medo de você. Ela emitiu o som de uma risada. Só o som que faltava, já que trazia o riso pregado na cara. - 1 x 0 pra você! - grunhiu. - Obrigada. Admiro quem não perde a classe na derrota! - falei, acrescentando, sem mudar de tom: Motivo número dois: você mesma disse que não está a fim de trabalhar hoje. - 2 x 0! - grunhiu ela, de novo. - Mas ainda falta um. - Eu sei. Agora, é que vem a história. Vou lhe contar o que mais amo na vida. Se você achar que mereço nunca mais sentir essas emoções, nunca mais contemplar essas belezas, nunca mais curtir tudo isso, leve-me com você. - Combinado. - 175 -
Ela não gostava de muita conversa, era fria e objetiva, mas seu jeito me agradava. Sabia que jogava limpo. E comecei a contar-lhe a história do meu amor pelo mundo. Antigamente, eu pensava que gostava das pessoas, à minha volta - seu cheiro, seu movimento, suas idéias. Tinha um círculo enorme de amigos e amigas, com quem falava horas ao telefone. Com eles, ia a muitas festas, ia ao cinema, ia passear no shopping center e fazer compras. Vivia rodeada de gente. Gostava de novidades, mas viajar não era comigo, não, morria de preguiça, muita confusão com mochilas, hotel, camping, estrada. Dizia que viajava pela cabeça das pessoas, quando lia ou conversava, e pelo coração, quando me falavam de suas emoções. Era tão mais confortável... E ainda havia a Tia Madalena e todas as idéias e novidades que trazia. Apreciava, principalmente, a companhia das crianças. Meus irmãos menores eram adoráveis, com sua alegria barulhenta e suas “tiradas” cheias de graça. Através deles, fiz contato com todo um mundo fantástico que vive à nossa volta e em quem muitos não acreditam apenas por não poder vê-los. Foi com eles que aprendi a me integrar à natureza. Isto é mais do que amá-la e respeitá-la como sempre fiz. É pertencer a ela. E descobri que a amava mais do que às pessoas. Foi assim que conheci uma estranha espécie de - 176 -
solidão. De repente, os amigos não me faziam mais tanta falta. Não ficava desesperada, telefonando para todo mundo, procurando alguém para conversar ou passear. Apenas saía e olhava a vida invisível, lá fora... Ou me encantava com o canto dos pássaros, pequenos seres frágeis e ágeis, às vezes coloridos, outras tão desbotados, mas sempre alegres, levando a vida na flauta de sua música. Quando eu era menor, pensava que eles cantavam para me alegrar. Fiquei tão decepcionada, no dia que descobri que eles cantam para atrair um(a) companheiro(a)... Senti-me enganada! Depois, pensei: - Bobagem! Vou fazer de conta que sou a companheira que procuram; assim, eles continuarão cantando para mim! E comecei a namorar todos os passarinhos do mundo! Todo final de tarde, Morte, antes de se recolherem, uma orquestra encantada se despede, na minha janela: cantam, piam, fazem acrobacias, num “Até Amanhã” cheio de significados, que só eu entendo. Pela manhã, vêm me chamar, piando e pulando de galho em galho, balançando as folhas como se fossem a própria brisa... Um a um, vêm me dar o seu “Bom-dia”, abanando o rabinho ao cruzar rapidamente a janela. Amo o dia com seus sons nítidos, claros, precisos. Adoro a noite com seus vultos imprecisos, onde cada sombra pode ser assustadora e os vaga-lumes iluminam, - 177 -
com suas lanterninhas mágicas, o caminho da imaginação. Já é quase noite, Morte. Olhe lá fora. Vê aqueles dois vaga-lumes juntinhos? Eles pararam de piscar e só brilham. Cuidado para não pisar no rabo deles, que seus dentes são pontudos e suas unhas, afiadas... As raízes das árvores são serpentes, as folhas sussurram estranhos convites, há outra vida escondida nos troncos e ela se levanta sob a luz fria da lua, para brincar de iludir... O silêncio é mais assustador do que os pios, roncos, sussurros, gemidos e farfalhos. Fala de você, Morte, de semente escondida no corpo da terra, lutando para germinar, fala de surpresas, de sustos, de cabelos em pé e corações acelerados. - Silêncio! - pede o grilo, cric. - Silêêêncio! - responde o sapo, croac. - Sssilêncccio! - sussurra a folha, crec. - Ssilêêncciorrr! - fala a fera, grrr. Quando obedecem, é ainda mais arrepiante! Gosto de sentir medo. É uma emoção forte, que enche o sangue de adrenalina, estufa de ar os pulmões, sufoca, deixa o coração surdo com o som de suas próprias batidas, cola a língua no céu da boca e arregala os olhos. Gela o corpo. Congela o cérebro. Enrijece os músculos. É forte como o amor. Amo o mar, caprichoso e inconstante, escondendo seu mundo perturbador, onde os bichos são peixes, as plantas nadam e as pessoas são as almas dos afogados - 178 -
perambulando sem rumo, habitando conchas coloridas. Contam estrelas-do-mar, antes de dormir, imaginando que são carneirinhos, um, dois, três, cem, mil... Insônia. Não há como fazer o tempo passar mais depressa! E as almas se divertem, assombrando os barcos. Amo o sol, as flores, os pássaros, o dia e a noite, o vento e a calmaria, amo a chuva quando cai fininha, tenho medo da tempestade, amo a vida e namoro você, Morte, certa de que um dia nos casaremos, eu, vestida de negro, você, de branco, um buquê de foices multicoloridas na mão... Juntas, seguiremos por um caminho que me levará a outra dimensão de vida. Entretanto, Morte, nada, mas nada mesmo, me emociona como as montanhas. Meu sangue mineiro se agita, inquieto, sangue escuro por causa do minério que contém: suspeito que as plaquetas sejam de ferro puro, em sua forma mais original. Nasci com os olhos de um verde tão escuro quanto o das árvores, olhos de folha, rajados de amarelo como as flores que formam misteriosos desenhos que só o coração decifra. Não é nos campos abertos que sinto a liberdade fluir em mim, é nas montanhas, onde as estradas serpenteiam, os riachos minhocam, as cachoeiras se desenrolam antes de despencar no vazio e as cobras tocam chocalho... As árvores escondem os morros, que se sobrepõem, encaixando-se, caprichosos, até bem longe, - 179 -
sempre antes do horizonte, já que não há horizonte possível, elas são o horizonte, infinitas em suas cores, formas, tamanhos e ilusões. Serpenteamos e elas estão sempre ali, movendose, ora maiores, em relação às pequenas, ora menores, em relação às outras maiores que se aproximam e que, de longe, pareciam minúsculas... Nada me emociona mais do que as montanhas. Elas me abraçam sem sufocar, me acariciam sem agredir, apertam meu coração sem feri-lo, me fazem chorar sem que nada me doa... Muitas vezes, quando me vejo embaixo, preciso erguer a cabeça, quebrar o pescoço para alcançá-las com o olhar e elas me parecem imensas, inatingíveis... Elas me esmagam, dominantes. Frustra-me não poder envolvê-las com um único olhar. Então, alguma coisa mágica acontece e, de repente, eu estou lá em cima e posso tocá-las todas com meu olhar de senhora, de dona absoluta, esmagando-as com meu amor feito de posse. E nos abraçamos e rimos, juntas, do ridículo que é alguém querer ser dono das coisas, dono das pessoas, dono do mundo. Ali, no meio de tantos tons de verde que se misturam para formar novas nuances, minhas montanhas e eu somos um único coração apaixonado... As estradas das montanhas... Mesmo quando largas, modernas e iluminadas conseguem ser deslumbrantes! As mais lindas são apenas trilhas, que levam a mais montanhas, chão de terra, cheio de pedras. - 180 -
Você tira uma, já tem outra embaixo, pronta para pular fora e, assim, uma atrás da outra, até chegar nas entranhas da terra, onde dizem que um fogo arde, aquele que às vezes escapa em larva e fumaça, pelas chaminés do mundo. É nesse fogo que as Salamandras cozinham diamantes e pedras preciosas, pequenos vidros coloridos que enlouquecem as pessoas com sua beleza, despertando, nos espíritos fracos, os sentimentos mais vis... Morte, você já passou por um túnel cravado na rocha viva? É um buraco assustador, o olho vazado da montanha. Túneis me levam sempre a ver uma menininha de olhos grandes, cantando na janela do trem. No tempo dela, todas as viagens eram longas e pareciam uma grande aventura. Os vagões acompanhavam, fielmente, a locomotiva, em sua lenta subida pela encosta da montanha, sempre seguida de uma descida que parecia alucinante. Então, de repente, sem explicação ou aviso, tudo escurecia, o barulho tornava-se ensurdecedor, uma parede passava rente à janela e o mundo deixava de existir... Tão de repente quanto tinha vindo, a luz engolia a escuridão, a lagarta gigante rompia seu casulo e desabrochava, borboleta-flor! Certa vez, em viagem, passei por um lugar também cheio de montanhas. Senti-me viva, senti-me em casa, e comecei a cantar, olhando a paisagem passar. Após uma curva qualquer, a montanha envolveu o - 181 -
mar em um abraço apaixonado e eu perdi o fôlego, arregalei os olhos, tentando segurar-me na emoção, mas só havia o vazio e uma beleza estonteante. Quis pegá-la com as mãos, mas descobri que não se pode aprisionar a beleza, apenas guardá-la no coração... Voltei a respirar e me lancei no espaço, abraçando tudo o que eu amava em um só olhar: o mar mais azul que o céu, o sol refletindo a transparência do ar, as montanhas cheias de pedras, forradas de árvores, árvores que escondiam pássaros e animais, mas mostravam tesouros de pétalas coloridas. A terra, embaixo, preta e prata, deixava entrever as brancas cascatas e o vento espalhava segredos e sonhos sobre os insetos, escondidos entre as folhas... Em cima, o céu; no meio, o ar; embaixo, mistérios que só se vê com o coração! Morte, eu amo a vida! Se tenho mesmo de morrer, permita que eu realize um sonho antigo. Ela não respondeu. Sequer me olhou. Quando eu lhe contava das minhas paixões, revivia toda a emoção que sentia, uma por uma, quase esquecida de sua presença. Assim, lancei um grito no espaço: “Montanhas, eu amo vocês!”, antes de ir, definitivamente, ao encontro delas. Algo de estranho, porém, aconteceu. Embora eu tivesse me atirado do alto da montanha mais alta, não despenquei, ao contrário, planei, suavemente, como se a Terra tivesse perdido a gravidade. Descia macio, - 182 -
gostoso, flutuando como uma peninha que o passarinho perdeu... Fui caindo, caindo, rolando, ora de costas, ora de frente, às vezes, de lado. Rolava e enrolava, abria os braços e batia asas imaginárias, nadando no ar, me sentindo pássaro, peixe, bailarina, uma menina mágica. Pousei de costas na cama, docemente, onde só o travesseiro falava de mim. Compreendi: vencera a morte! Não, convencera-a. Apenas a convencera a esperar um pouco mais para me levar. Eu sabia que valia apenas para esta vez. Mais dia, menos dia, hoje ou amanhã, de um jeito ou de outro, ela vencerá todas as batalhas. Sentia-me tão bem, que gritei: - Mãe, dá pra você fazer uma feijoada pra mim? Estou morrendo de fome! Olhei o vidro de soro, do lado esquerdo da cama. Olhei minha mão, onde o pedaço de esparadrapo não conseguia esconder o roxo da veia rompida. Arranquei tudo, sorrindo para o meu pensamento: “Ninguém vai entender nada! Nem acreditar, se eu contar!” A idéia me pareceu tão engraçada, que eu gritei outro pedido: Enquanto eu como, dá pra você ir preparando a bagagem, pra gente viajar pras montanhas? Parei de falar. Ninguém disse nada. Eles nem mesmo sabiam se meu relato tinha terminado ou não. - 183 -
Tive de explicar: - E foi assim que eu sarei. Entendem, agora, porque eu me emociono quando, a cada manhã, acordo e percebo que estou viva, que tudo que senti ontem, poderei sentir de novo, que tudo que fiz ontem, poderei fazer melhor, hoje? Não pude ver o sol se pôr, ontem, mas hoje poderei me deliciar com as cores que ele vai usar para pintar as nuvens... Chove? Que bom, da última vez que choveu, não pude ver o arco-íris e certamente hoje um arco-íris há de aparecer... Ontem, não pude prestar atenção ao canto dos pássaros, mas hoje certamente terei tempo para isto... Poderei apreciar as árvores, colher os frutos maduros que ela me oferece com tanta generosidade e caminhar pelo parque sem obrigação nenhuma, só para sentir o vento batendo em meu rosto, fazendo meu cabelo voar, levantando a minha saia... Talvez persiga uma formiga, para ver onde ela irá, carregando aquela folha enorme... Quero me emocionar com cada sorriso que receber pelo caminho, quero sentir a dor de cada coração oprimido que cruzar o meu... Lá vou eu pela estrada da vida, ora saltitante, ora me arrastando, mas sempre em frente, usufruindo de tudo o que for possível encontrar... Lá vou eu sempre em frente, vivendo novas e profundas emoções! Todo mundo continuou mudo. Piscando os olhos brilhantes, olhavam para mim. - Gente, isso aconteceu há poucos meses, vocês sabem... Percebem agora porque o tema “emoção” tem mexido tanto comigo? Eu não pretendia contar sobre a - 184 -
visita da Morte a ninguém, mas foi muito bom ter partilhado esta experiência com vocês. - Damáris, você não acha que a experiência da morte é a emoção maior das nossas vidas? - perguntou Gertrudes. - Com certeza! As outras não passam de ensaio para o “Grande Dia”, o dia do espetáculo. - respondeu Maria, antes que eu tivesse tempo de abrir a boca. E todos começaram a falar ao mesmo tempo: - Dentro deste pensamento, poderíamos dizer que há um outro grande dia, o do nascimento. - Mas dele não nos lembramos conscientemente... - O que faz com que a morte acabe sendo uma experiência mais significativa... - Além do mais, nascer traz alegria para as pessoas à nossa volta, ao passo que a morte traz tristeza. - É verdade. Talvez não devêssemos chorar pela morte de quem gostamos, mas encarar de um jeito diferente. - Por exemplo...? - Em todas as religiões, a morte é vista como uma nova vida. - Nem sempre: tem gente que pensa que morrer é o fim de tudo. - Mas isso é ridículo! - Concordo! Não faria sentido estarmos aqui para nada! - É verdade. Sofremos, choramos, rimos e - 185 -
vivemos alegrias indescritíveis nessa Terra! - E aprendemos, crescemos... - Não pode ser para nada! - É verdade, tudo isso tem de ter um sentido! Tem de servir para alguma coisa! - Deve ter alguma explicação! - Tenho certeza de que vivemos muitos tipos diferentes de vida! De repente, percebi que ninguém mais falava e um longo silêncio se instalou entre nós. Eu ouvira todos os comentários, embora meio amontoados, misturados uns aos outros, embolados... Eram tantas idéias que eu nem tivera tempo de abrir a boca. De qualquer maneira, eles não falavam exatamente comigo! - Cada um tem direito de pensar como quiser.disse Monica, quebrando o silêncio. - Já dizia um filósofo francês: “Eu não concordo com uma palavra do que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las.” Foi a maior gozação, que serviu para quebrar a seriedade do papo: - Uhhh, agora, sim, falou bonito!!! Na verdade, era possível ler, em cada rostinho daqueles jovens, os pensamentos que lhes iam circulando pelos miolos, contrariando os pessimistas que acham que os jovens não querem mais saber de pensar. Um a um, eles foram se despedindo e se retirando. Eu também. Subi e entrei no meu quarto. Aquela conversa toda não me saía da cabeça. Ela e todas as outras que tinha tido com pessoas diferentes nas últimas semanas. - 186 -
Mais tarde, sozinha na cama, concluí: - Agora entendo o que meu avô queria dizer com a sua frase predileta: “Emoção é que nem escova de dentes, cada um tem a sua! E, mesmo quando parecem iguais, são, de fato, completamente diferentes!” De repente, resolvi: me levantei, liguei o computador e escrevi: “Quanto vale uma emoção? “ O título era provisório, mas já era o começo do meu livro. A madrugada é, mesmo, uma hora de grande inspiração.
Magias para a sorte selecionadas por Damáris (todas foram aprovadas pela Tia Madalena, é claro!) Dicas para a vida 1. Muitas vezes nos sentimos pequeninos diante de certas situações e lugares. Uma receita rápida para enganar o medo é imaginarmos que crescemos e nos tornamos gigantescos. Enxergando as coisas que nos ferem ficarem pequenas diante do nosso tamanho, nós nos sentiremos fortes e tranquilos. 2. A especialidade das Fadas da Noite é abrir caminhos e facilitar as situações complicadas para nós. Chame-as e peça ajuda, colocando na sua janela um prato com mel misturado a um perfume de flores. Depois, ponha uma música bem alegre e dance, imaginando que - 187 -
elas estão se aproximando de você. Peça a realização dos seus desejos e acredite na sua imaginação! 3. A Magia explica que tudo é possível quando acreditamos nela. Ela exalta a vida, pregando a felicidade e a realização dos desejos, porém nenhuma filosofia é mais firme quando diz: “Faça a sua vontade, mas jamais prejudique alguém, nem direta nem indiretamente, nem permita que isso aconteça.” 4. Se você deseja ganhar um presente do destino, precisa presenteá-lo, também. Durante uma semana, pratique boas ações, fazendo a cada dia algo em benefício de alguém. Faça-o de coração e no final dos sete dias, seu presente estará em algum lugar, esperando por você. 5. Esteja sempre aberto(a) para os sinais da Natureza. Quando uma flor, uma pétala ou uma folha aparecerem diante de você, trazida(s) pelo vento, preste atenção: pode ser um presente das Fadas e será um ótimo talismã que você pode guardar dentro de um dos seus livros prediletos. 6. Sempre que for utilizar em Magia um recurso da Natureza - flores, folhas, galhos, plantas etc - peça antes licença à Mãe Natureza. O respeito é fundamental para o sucesso de qualquer prática mágica. 7. Para livrar-se da mágoa de um relacionamento que terminou de maneira ruim, acenda duas velas brancas unidas com linha, pedindo à Deusa que desfaça o mal-entendido e traga harmonia para a relação. 8. Para despertar cada vez mais a sua intuição, as - 188 -
Fadas ensinam a “Magia da Água Azul”: coloque no fundo de um copo de água azul (que você faz com anilina) uma pedra azul e deixe descansar por uma noite. Na manhã seguite, regue uma planta com essa água e guarde a pedra: através dela, as Fadas falarão com você. 9. Uma marionete de madeira pendurada na parede serve para enfeitar, mas principalmente para proteger a sua casa, pois diz a Magia Germânica que esses bonecos carregam consigo a alma da madeira com a qual foram feitos e têm a capacidade de harmonizar e trazer boas energias para o lugar onde estão. 10. Para ter uma chave mágica, use os materiais que a Natureza lhe oferece: faça a chave mais bonita que puder e com ela conseguirá abrir todas as portas. Pendure-a na entrada do seu quarto e sempre que tiver um desejo profundo, aperte-a na palma da mão e, usando sua imaginação, abra a porta do seu desejo com a sua chave mágica. 11. Diante de uma situação mal-resolvida com alguém e/ou que você precise pedir perdão, peça a ajuda do mundo mágico, colocando duas folhas de árvores diferentes em um mesmo envelope e, no meio delas, uma folha de seda verde com seu pedido de desculpas anotado. Depois, queime tudo com uma vela verde e é só esperar. 12. Um bom amuleto para atrair a sorte pode ser feito com pequenos pedaços de objetos que foram importantes em sua vida - uma flor, um papel de bombom, uma folha da sua agenda etc. Basta colocar alguns - 189 -
desses elementos em um saquinho e mantê-lo sempre perto de você. 13. Escreva sobre a casca de uma cebola a palavra “protectus”, que quer dizer “protegido” em latim e guardea em um lugar escondido, de preferência na cozinha. 14. Toda vez que você tiver uma situação importante para resolver no dia seguinte, durma com algumas folhas de louro debaixo do travesseiro. Um elemental permanecerá ao seu lado todo o tempo que você precisar, dando-lhe apoio e poder pessoal para resolver a questão com facilidade e harmonia. Feitiço contra os Sete Pecados Capitais Nem sempre é fácil reconhecer quando um deles nos ataca - avareza, gula, inveja, ira, luxúria, preguiça e soberba - mas a magia pode lhe ajudar a dar um jeito nisso! Ingredientes necessários Giz branco 3 velas brancas Algumas folhas de louro Modo de fazer Numa noite de Lua Minguante, escolha um pecado que deseja eliminar. Você pode eliminar todos, se for o caso, mas sempre um por um - concentre-se nele, naquele momento, e só ataque o pecado seguinte quando este estiver resolvido. Comece desenhando com o giz um pentáculo grande o suficiente para você caber deitado(a) em cima - 190 -
dele. Coloque as 3 velas do lado de fora do pentáculo: uma perto da sua cabeça, a outra perto do pé esquerdo e a terceira perto do pé direito. Espalhe as folhas de louro por cima do desenho do pentáculo. Acenda as velas, enquanto diz o seguinte encantamento: Primeira vela: “A realidade mata a ilusão.” Segunda vela: “Meu feitiço é real.” Terceira vela: “X (falar o pecado) é ilusão.” Deite-se por cima do pentáculo conforme descrito, de modo que o seu corpo se encaixe na estrela. Mentalizando sobre o pecado que quer eliminar, repita o seguinte encantamento: “Ilusão do corpo e da alma, morra sob o poder da estrela branca.” Arranque um fio do seu cabelo, dê 3 nós, dizendo: “Pelo poder do três vezes três, X desapareceu!” Temine dizendo: “Assim seja.” Ritual das folhas que caem A tradição mágica sabe que as folhas concentram em si uma grande sabedoria. Dizem que, quando elas caem, é porque já aprenderam com suas mães-árvores todos os segredos da sua espécie. Os antigos acreditavam que as folhas caídas no chão traziam as mensagens dos Deuses da Natureza e, por isso, faziam este ritual: Procure no chão (em praças, parques, jardins) sete - 191 -
espécies de folhas caídas de diferentes árvores. Coloque todas juntas numa “pilha” e costure o lado esquerdo, de modo que fiquem parecendo um livro. Este é o seu “Livro da Natureza”. Coloque-o dentro de um outro livro, de preferência que também seja muito especial para você, para que fique bem “assentado”. Sempre que precisar de um conselho do mundo mágico, abra-o, concentre-se e todo o conhecimento lhe será transmitido. Plantando um desejo A sorte é a semente dos nossos desejos. O que precisamos é saber plantá-la. Ingredientes necessários Um vaso Terra Sementes de flor Modo de fazer Num dia de Lua Crescente, pegue um vaso e ponha alguma terra no fundo dele. Escolha um daqueles desejos que sempre temos dentro do coração e diga-o em voz alta. Pegue, então, as sementes escolhidas (qualquer flor) e repita o desejo, palavra por palavra, enquanto planta as sementes: para cada palavra pronunciada coloque uma semente e um pouquinho de terra. Quando terminar, jogue o restante da terra no vaso, regue e aguarde: vai ser uma surpresa maravilhosa, esta flor que vai nascer! Não deixe de cuidar muito bem dela.
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Magia das Estrelas Eis uma maneira fácil, mas muito eficiente de atrair a harmonia e a sorte para você. Ingredientes necessários Papel Tesoura Lápis-de-cor ou similar Modo de fazer Recorte estrelas de todos os tamanhos, com seis ou oito pontas, pinte-as da cor que quiser e pendure-as pela casa toda, colocando pelo menos uma em cada cômodo. Como variação, se você quiser fazer apenas no seu quarto, coloque pelo menos uma em cada um dos quatro cantos.
Magia da Visualização A visualização é uma das mais eficientes práticas mágicas e é muito simples de realizar, embora exija bastante concentração. Quando se cria o pensamento com fé, cria-se também o terreno para a sua realização. Magia da Visualização: O Perdão Aprenda a perdoar quem o(a) ofendeu, pois o perdão dissolve o ressentimento e o(a) liberta do passado. Ingredientes necessários Apenas a sua imaginação Modo de fazer Acenda um incenso, se quiser, e sente-se numa - 193 -
posição bem confortável. Feche os olhos e deixe que seu corpo e sua mente relaxem. Imagine que você está na platéia de um teatro. No pequeno palco à sua frente, ponha a pessoa da qual guarda ressentimentos. Pode ser alguém do presente ou do passado, vivo ou morto, que ainda está na sua vida ou não. Você vê essa pessoa com nitidez, iluminada pelos holofotes. Preste atenção ao jeito dela, à roupa que está vestindo. Visualize coisas boas lhe acontecendo. Veja-a sorrindo e feliz. Mantenha essa imagem por alguns momentos. Se quiser, suba ao palco para abraçá-la. Depois, deixe que desapareça lentamente. Quando ela sair do palco, coloque-se no mesmo lugar. Veja coisas boas acontecendo a você, também. Veja-se sorrindo. Sinta como você está feliz. Esta Magia ajuda a perdoar e a tomar consciência de que a abundância do Universo está disponível para todos nós. Magia da Visualização: A Vingança Muitas vezes, a raiva que você sente é tão grande que você não consegue perdoar. O melhor, nesses casos, é vingar-se, para, então, sentir-se livre para perdoar. Ingredientes necessários Apenas a sua imaginação Modo de fazer Acenda um incenso, se quiser, e sente-se em uma posição confortável. Feche os olhos e deixe que seu corpo - 194 -
e sua mente relaxem. Pense na pessoa que o(a) ofendeu e veja-a à sua frente. O que você gostaria de fazer com ela? Imagine a situação com detalhes. Não economize sofrimento: você só terá esta oportunidade! E ninguém vai ficar sabendo, nem você precisará pagar por isso. Quando você acabar de “torturá-la”, faça com que ela se sente à sua frente e converse com ela. Conte-lhe como você se sentiu com o que ela lhe fez e como você se sentiu vingando-se dela. Diga-lhe que, agora, vocês estão quites e que você está pronto(a) para perdoá-la. Para terminar, abrace-a com amor. Não se preocupe se não conseguir abraçá-la e perdoá-la na primeira vez. Às vezes, a mágoa é tão grande que precisa ser dissolvida aos poucos... Não desista, ao contrário, tente várias vezes, até conseguir! Lembre-se: quem irá lucrar com isso é você mesmo(a)! Magia da Visualização: O Amor O amor que existe no nosso coração é tão grande que apenas uma pessoa seria capaz de, sozinha, curar o planeta! Por que o estamos usando com tanta economia? Ele não vai acabar, ao contrário, é dando que recebemos mais amor. Vamos, então, plantá-lo em todas as terras, para que se multiplique, regá-lo com todas as águas, para que cresça, queimá-lo em todos os fogos, para que se purifique, espalhá-lo aos quatro cantos da terra, para que leve a nossa mensagem e possa ser doado a cada pessoa - 195 -
que cruzar o nosso caminho! Vamos usá-lo para enfeitar e alegrar a nossa vida! Ingredientes necessários Apenas a sua imaginação Modo de fazer Acenda um incenso, se quiser, e sente-se numa posição bem confortável. Feche os olhos e deixe que seu corpo e sua mente relaxem. Visualize uma estrada. Imagine-a do jeito que quiser. Enfeite-a com todas as flores e cores ou com todas as pedras e o pó que conseguir. Veja que por ela vem vindo uma criança de 3 ou 4 anos. Repare bem nela: como está vestida, como se comporta. Percebe como ela se sente sozinha e confusa naquele lugar desconhecido? Quando ela chegar perto de você, olhe-a bem nos olhos. Sinta a sua tristeza... Veja como ela se sente abandonada... As lágrimas lhe escorrem pelo rosto e ela estende os bracinhos para você. Abra os braços e receba-a com amor. Aperte a criança trêmula contra o seu peito. Abrace-a com carinho, beije-a com ternura, acalente-a no colo e sinta o seu coração se enchendo de amor. Diga a ela que você a ama e que ela é importante para você. Admire tudo que ela é, tudo que ela faz, tudo que existe nela e diga-lhe que não há mal nenhum em se cometer erros quando se está aprendendo. Prometa que, aconteça o que acontecer, você sempre a apoiará. Agora, deixe que ela fique pequenina, tão pequena que caiba no seu coração. Coloque-a dentro dele com o - 196 -
rostinho virado para você, para que você possa olhá-la nos olhos e lhe dar muito amor. Agora, imagine novamente a mesma situação, mas substitua esta criança sem rosto por alguém conhecido. Você pode começar repetindo o exercício com seu pai e sua mãe, mas também pode fazer esta magia com todas as pessoas que você conhece.
9. Para viver uma vida melhor Damáris recebeu um convite muito especial: escrever para uma revista de Magia. Ela ficou felicíssima: era um sinal de que já estava começando a ser reconhecida como bruxa! E saiu-se muito bem, respondendo às centenas de cartas dos leitores, tirando suas dúvidas e dando receitas mágicas para os problemas que os afligiam. Orgulhosa da sua aluna e sobrinha, Tia Madalena selecionou algumas para vocês, levando em conta um critério interessante: essas eram as maiores dúvidas das pessoas, que as centenas de cartas semelhantes confirmavam. Aproveite! Com certeza, você vai encontrar aqui uma pergunta que poderia ter sido a sua!
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Pergunta 1: Por que as bruxas preferem ser feias, se têm a oportunidade de escolher? Eu iria querer ser linda! (Maria Inês, de São Paulo, Brasil) Resposta: Muitas delas, também! Só que, aí, recebem outro nome: Fadas. Não acredite nessa história de que Fada é sempre boazinha, não, porque isso é exagero! A beleza nem sempre está ligada à bondade, assim como a feiúra nada tem a ver com a maldade! Uma Bruxa é apenas uma mulher que sabe usar o seu poder, receba ela o apelido que você quiser lhe dar. Porque poder, todo mundo tem, a diferença está, exatamente, na maneira que as pessoas e os seres mágicos escolhem para exercitar esse poder. Tenho uma amiga, a Queipa, que adora ser feia. Preste atenção como ela vê a sua falta de beleza física: “Ser bonita é complicado... É bom, mas cansa. Cadê tempo para cuidar do espírito, se você só consegue pensar no cabelo e na pele que estão precisando de um banho de ervas? Ou no novo modelo de espartilho que vai deixar seu corpinho mais perfeito? Complicadíssimo! Adoro ser feia, sabia? A feiúra é o esconderijo da beleza, que só os olhos do coração podem ver. Sendo feia, não tenho obrigação de dizer coisas interessantes, porque ninguém repara em mim, quando eu chego numa festa, por exemplo. Depois, sempre se pode surpreender as pessoas e cativá-las com uma conversa inteligente. Não existindo a expectativa... Que surpresa! A mulher mais feia da festa é a mais alegre, a mais simpática, a - 198 -
mais interessante! Ninguém sente ciúmes de mim, muito menos inveja - e eu cresço mais, porque estes sentimentos negativos atraem mau-olhado e atrasam a vida de todos os seres vivos. Posso ficar onde eu quiser, conversar com quem eu quiser, posso fazer e dizer o que bem entender! Ninguém vai reparar. Sou livre, inteiramente livre para ser eu mesma, sem máscaras. Não tendo um papel para representar, não preciso fazer nada que não queira, só para agradar. Não tendo uma imagem para manter, posso ser apenas eu.” Nada na vida é perfeito. Todas as coisas têm vantagens e desvantagens. Tudo tem (no mínimo!) dois lados. Escolha o seu.” Pergunta 2 - Por que dizem que as bruxas voam com a vassoura? (Thomas, de Munique, Alemanha) Resposta: Em nossos rituais, usamos o cetro (ou bastão) para armazenar as energias e direcionar as invocações. Este instrumento mágico sobreviveu com as fadas, na memória popular, com o nome de “Varinha de Condão”. Na época da Inquisição, nossas irmãs eram obrigadas a se esconder, para não acabarem na fogueira. Assim, quando elas precisavam sair para se encontrar, colocavam palha na ponta do bastão para disfarçá-lo, fingindo que carregavam uma vassoura ou que estavam varrendo a rua. Havia muitos relatos de bruxas que desapareceram de repente, diante dos olhos das pessoas, e a imaginação - 199 -
delas logo começou a decolar... Inventaram até que as bruxas voavam na vassoura - como se precisássemos de vassoura para voar!!! Pessoalmente, acho mesmo é que essas bruxas faziam mágicas, além de bruxaria, deixando as pessoas muito tontas: sumiam os objetos, faziam com que aparecessem nos lugares mais estranhos, curavam os doentes, tinham força, sabiam coisas que as pessoas normais não faziam a menor idéia, adivinhavam o futuro, aconselhavam com sabedoria... Quer magias mais fortes do que essas??? Voar é o mínimo - só a vassoura é que é desnecessária! Voamos, na verdade, com o pensamento, que é muito mais rápido, sem contar nas nossas aventuras na Quarta Dimensão - mas isso já é outra história!
Pergunta 3 - Meu namorado se apaixonou por uma menina horrível, me abandonou e está até hoje com ela. Daria para você me ensinar uma magia para separá-los? Eu estou tão mal, não posso aceitar que eles estejam felizes! (Ana Amélia, de Sintra, Portugal) Compreendo a sua mágoa e a sua raiva, mas não posso ajudá-la - pelo menos desse jeito que você pede. E não digo “infelizmente”, não, porque acho o contrário! Lembra-se da “Primeira Lei da Bruxa Sábia”? Se essa foi a vontade dele, você nada pode fazer! Agora, pense um pouco: por que insistir em querer um rapaz que não a quer? Aposto que outros mil rapazes - 200 -
estão interessados em você e você nem os vê, preocupada com esse que se foi! Deixe que ele e a menina que ele escolheu vivam a vida que quiserem, isso é problema deles. Ao contrário do que vem fazendo, deseje que eles sejam felizes e logo você encontrará uma pessoa maravilhosa que a fará três vezes mais feliz! Acorde! Reaja! Esqueça o orgulho ferido e olhe para a frente, curtindo as coisas boas que a vida lhe oferece! Experimente fazer esta magia. Com certeza, ela a ajudará a reestruturar a sua vida e, logo, você se sentirá livre para viver um grande amor. Encantamento para esquecer um amor Ingredientes necessários 1 incenso 1 vela vermelha Alguns dentes de alho Modo de fazer No primeiro dia da Lua Minguante, acenda o incenso e a vela; em seguida, comece a descascar o alho, vendose feliz e realizada com um novo amor ao seu lado. Queime as cascas de alho, se possível, nas brasas de um punhado de carvão, enquanto repete o seguinte encantamento: “Na fumaça os fantasmas se vão Retornando ao seu lugar de origem. Com certeza, nunca mais voltarão E estou livre para viver outro amor.” Coloque o alho descascado em alguns pontos do - 201 -
seu quarto, exatamente onde a sua intuição mandar, sempre repetindo o encantamento. Queime todas as lembranças que tiver desse rapaz na chama da vela (se possível), enquanto repete o seguinte encantamento, para invocar a força da Lua em seu auxílio: “Lua que alivia os males E cicatriza os ferimentos Espalhe-os por todos os mares E que se faça o encantamento!” Jogue as cinzas ao vento.
Pergunta 4 - Por que as bruxas gostam tanto das cartas do tarô? (Paul, de Londres, Inglaterra) Não é só das cartas do tarô, não: elas gostam de todas as formas de adivinhação, porque são instrumentos que lhes abrem a intuição. Na verdade, uma bruxa não precisa disso, elas são perfeitamente capazes de ver o que quiserem do passado, do presente, ou do futuro, mas normalmente se sentem mais seguras com um instrumento mágico nas mãos. Aproveito para lhe dar uma dica: não se preocupe tanto com o futuro! Ele acaba chegando, um dia ou outro... Preocupe-se, sim, em ser melhor a cada dia! Isso quer dizer, exatamente, que é mais interessante perguntar ao tarô “Como devo agir para conseguir o que quero” do que “O que vai acontecer, amanhã?” Abaixo, uma relação das principais formas para se - 202 -
fazer contato com o mundo invisível, em ordem alfabética: Angeologia - Interpretação das mensagens dos anjos Astrologia - Estudo dos astros e sua influência em nossas vidas Búzios - Oráculo com lançamento de conchas Cafeomancia - Interpretação das figuras formadas por borras de café no fundo da xícara. A Teomancia faz o mesmo com as folhas de chá. Cartomancia - Interpretação através das cartas de baralho Clauriaudiência - Ouvir manifestações de vozes Clarividência - Ter visões sobre pessoas ou acontecimentos futuros Cleromancia - Interpretação com lançamento de dados Cristalomancia - Interpretação de sinais e vibrações de cristais Grafologia - Interpretação através da escrita das pessoas I Ching - Antiquíssimo oráculo chinês Intuição - Pressentimento, instinto Mediunidade - Comunicação com o espírito de pessoas falecidas Numerologia - Estudo da influência dos números na vida das pessoas Oniromancia - Interpretação do simbolismo dos sonhos Piromancia - Interpretação através do fogo - 203 -
Premonição - Presságios, previsão do futuro Quiromancia - Interpretação das linhas e formato das mãos Radiestesia - Detecção das radiações do ambiente e dos objetos Runas - Originário dos povos celtas, interpretação através da posição de símbolos rúnicos nas pedras ou sementes lançadas Tarô - Interpretação através de cartas de um baralho especial Telepatia - Captação das ondas do pensamentos de outras pessoas Vidência - Enxergar o futuro de alguma forma
Pergunta 5 - Muitas vezes, eu vou a Feiras Místicas e Encontro de Bruxas & Magos e vejo o pessoal desfilando com roupas e enfeites vistosos, mostrando quem são, se exibindo. O que você acha disso? (Diego, de Toledo, Espanha) Acho que, em primeiro lugar, cada um é livre para fazer o que achar melhor, principalmente com a sua própria vida. As pessoas têm a mania de implicar com os outros e exigir que tenham todos o mesmo comportamento para serem consideradas “corretas”, “normais”. Ora, existe algum decreto que mande que as bruxas e os magos se vistam ou não com os seus trajes típicos??? Eu não conheço! - 204 -
Deixe que cada um se vista do jeito que achar melhor e curta todos os colares, chapéus e turbantes, estrelas e cometas, cobras e aranhas, túnicas brancas ou pretas... Tudo que se apresentar, à sua frente! A magia é exatamente esta: saber curtir todas! Se você não gosta, é simples: não use! Mas nunca impeça outra pessoa de fazer o que ela gosta, principalmente se isso não muda em nada a sua vida!
Pergunta 6 - Talismã é a mesma coisa que amuleto ou tem diferença? (Aline, de Paris, França) Resposta: Desde os tempos mais remotos, as pessoas têm cultuado os mais variados tipos de objetos, atribuindo-lhes funções, por exemplo, de proteger, atrair a fortuna ou satisfazer pedidos. No entanto, talismãs e amuletos não são a mesma coisa. Os talismãs são ativos e dinâmicos, características que os tornam semelhantes a uma espada. Os amuletos, ao contrário, são objetos capazes de neutralizar as energias negativas, agindo como proteção e podendo ser, simbolicamente, comparados a um escudo. Em resumo, pode-se dizer que a força ativa do talismã ataca, enquanto a força passiva do amuleto defende. Talismãs
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Chave Representa força e inteligência para assimilar o passado, condições essenciais para abrir as portas do futuro. Coração Segundo os egípcios, o coração é o lugar onde habita a alma. Para evitar que ela escape ou seja atacada, o coração precisa estar protegido pela força de um talismã que tenha a sua forma, garantindo, assim, força espiritual e felicidade. Cruz ansada Composto por uma cruz com uma alça na parte superior, era o símbolo da vida no Antigo Egito. Dá conhecimento, poder e abundância a quem o usa.
Escaravelho Este símbolo deriva do besouro, muito comum no Egito, e quem o usar terá boa saúde e vida longa. Ferradura Um dos talismãs mais conhecidos, é portador de boa sorte e dinheiro. Atenção: uma ferradura deve ter sempre sete furos. Lua Crescente - 206 -
Era usado pelas mulheres romanas para afastar os maus espíritos da lua, que provocavam histeria, desilusões e loucura. Como talismã, traz sorte no amor. Número 13 Tradicionalmente considerado um número de azar, ele é também tido como portador da boa sorte. Pentagrama Esta estrela de cinco pontas tem poderes misteriosos e é usada principalmente contra a bruxaria. Serpente Animal que sempre impressionou vivamente as pessoas, a serpente possui várias representações simbólicas, que têm em comum uma constatação: ela traz sabedoria, vitalidade e inteligência a quem usá-la como talismã. A serpente mordendo o próprio rabo - muito usado em anéis e pulseiras - é, portanto, excelente para os estudantes. Sino Antigamente, era usado para afugentar os demônios, pois acreditava-se que eles tinham medo dos sons muito fortes. Até hoje, as pessoas acham que eles impedem que as forças do mal se aproximem, por isso, como talismã, o sino é usado para afastar as energias negativas. - 207 -
Trevo de 4 Folhas Segundo a tradição, encontrar esse trevo traz boa sorte. Como talismã, é portador de felicidade e fortuna. Outros talismãs para atrair a boa sorte: Figa, chocalho de cascavel, galho de arruda, coruja, imagem de Buda. Amuletos Entre os amuletos mais conhecidos estão as pedras, preciosas ou não. Cada uma delas possui uma “personalidade” e energizam seu portador com uma energia especial. As pedras também protegem contra os opostos de suas propriedades positivas, quer dizer, aquela que dá amor, ao mesmo tempo protege contra o ódio. Água-marinha: pedra da juventude, da esperança e da saúde Ágata preta: dá coragem e valor, favorece a prosperidade Ágata rosa: traz calma e paz Ametista: acalma o coração Berilo: reforça a vida espiritual e a esperança Calcedônia: afasta desgraças e discórdias Carbúnculo: dá resolução, energia, confiança em si mesmo e bem-estar físico Coral: traz dedicação e afeto - 208 -
Crisoberilo: favorece a inteligência e a cautela Diamante: garante o afeto e a fidelidade, assim como a cordialidade e a sinceridade Diaspório: dá prazer e felicidade Esmeralda: favorece o amor e a sensualidade Granada: dá energia, poder de decisão, fidelidade e simpatia Lápis-lázuli: traz capacidade de ação e sucesso Malaquita: consola de um amor infeliz e acalma os desejos Olivina: dá modéstia, simplicidade, prazer e felicidade Ônix: afasta os pesadelos e as desgraças Opala: favorece a segurança e a fidelidade Pérola: dá pudor e pureza; quando é usada por quem não a merece, traz lágrimas Rubi: favorece o amor, dá beleza e intuição, garante o sucesso Safira: conserva a castidade e protege a virtude Selenita: dá nobreza à vida sentimental, esperança e pureza Topázio: garante o amor, o afeto e a simpatia Turqueza: dá a coragem que leva à vitória As cores As sete cores do arco-íris, assim como o branco e o preto, também têm propriedades mágicas e funcionam como amuletos. As roupas e os objetos pessoais refletem estas características. - 209 -
Amarelo Cor da luz e da energia, favorece a intuição e a ação espiritual, agindo como inspirador e estimulante de idéias. É também a cor da inteligência e da prudência.
Anil Elimina as energias negativas, estimula a sabedoria e favorece os entendimentos. É a cor da vida afetiva mais elevada. Reforça a sensibilidade, possibilitando uma visão lúcida e clara. Azul Vibração limpa e fresca, que acalma e traz paz. Favorece o sono e os sonhos. É a cor perfeita para a meditação e a contemplação. Simboliza o amor espiritual, o infinito e as grandes idéias. Branco Expressa a pureza, a inocência, o gozo e a luz. Cor da Lua, age sobre o inconsciente das pessoas. Laranja Cálida e positiva, estimula a energia vital. Manifesta o desejo e a necessidade de contato físico. Deve ser usada com prudência. Verde - 210 -
A cor da juventude, da fertilidade e da fecundação. É a energia perfeita que traz harmonia e equilíbrio, afastando a irritação. Elimina o cansaço e dá nova energia. É a cor da força que faz crescer. Vermelho É a cor da energia, do empenho e da vitória. O vermelho-sangue estimula a sensualidade e ajuda nos casos de depressão e solidão. O vermelho-claro é a cor do afeto e das relações de amizades profundas.
Pergunta 7 - O que é a força do três vezes três? (Kevin, de Miami, Estados Unidos) Tudo que se faz na vida, de bom ou de ruim, volta para nós multiplicado por três. Essa é a base da chamada “força do três vezes três”. Usamos esse poder para assegurar a eficiência dos feitiços e rituais. Quando invocamos a força do três vezes três, o ritual é formalmente encerrado e temos a certeza de que seus resultados não irão prejudicar a vida de ninguém. Muitas vezes, uma receita bem intencionada pode ser usada erroneamente, causando mal a alguém, devido ao poder incontrolável da nossa mente. Ao invocar o poder do três vezes três, estamos, de certa forma, garantindo que a magia será desfeita, se o fim não for o melhor - e evitando que ela volte três vezes mais forte, o que seria um desastre!
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Quando acabamos qualquer magia ou ritual, a concentração dos pensamentos voltados para o nosso objetivo ainda permanece à tona. Envolva essa concentração em um laço branco de energia, dando três nós e repetindo com fé este encantamento: “Pelos poderes do três vezes três Toda vontade vira ação Sempre pelo bem de todos Essas energias se formarão.”
Pergunta 8 - Por que as pessoas relacionam bruxaria com coisa ruim? (Luigi, de Migliano, Itália) Houve um tempo em que a magia era considerada normal e os homens e as mulheres viviam em harmonia, cada um na sua, do seu jeito, com respeito e admiração, ninguém dominando ninguém, apenas dois seres diferentes que se completam. O mundo existe há bilhões de anos, mas a maior parte da história que conhecemos pode ser considerada “recente” - e foi contada pelos homens. Eles construíram um mundo paternalista, no qual os valores masculinos acabaram se tornando mais importantes do que os valores femininos. Com o passar do tempo, os ideais femininos foram sendo esquecidos e o que não era “masculino” acabou sendo considerado “ruim”, tornando negativo o que era “diferente” deles - imagine que a mulher chegou a ser chamada de “homem incompleto” por Aristóteles, um importante filósofo grego!!! - 212 -
Até há pouco tempo atrás, muita gente ainda acreditava nisso - afinal, isso é perfeito para manter a sede de poder dos homens! E acabou se tornando a base da dominação que eles, durante séculos, exerceram sobre as mulheres. Durante todo esse tempo, a mais básica das verdades acabou sendo negada: a mulher é a grande companheira do homem! Nem melhor, nem pior. Apenas absolutamente igual - não biologicamente, mas na qualidade dos pensamentos, ações e emoções, em direitos e deveres. Apressados em fazer com que o povo esquecesse todo o bem que as mulheres praticavam e parassem de procurá-las para a cura dos seus males, o Império e o clero desenvolveram uma estratégia: chamaram de “bruxas” essas mulheres especiais, que se preocupavam com os outros, e passaram a persegui-las, torturando-as e queimando-as em fogueiras! Incapazes de compreender a intuição e o poder femininos, eles o rotularam de “coisa ruim” e lutaram contra eles como se fossem a própria encarnação do mal! Com isso, conseguiram não apenas descentralizar o poder que elas tinham, mas principalmente “acabar com elas”, reduzindo-as a uma condição abaixo da dos escravos. E como tudo que vinha delas era ruim... Bruxaria só podia, mesmo, ser uma coisa péssima!!! Ainda bem que os tempos mudaram e a verdade, como sempre acontece, acabou aflorando!
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Pergunta 9 - Há anos atrás, fiz uma coisa muito feia e morro de remorsos quando me lembro. O que fazer? (Selma, do Rio de Janeiro, Brasil) Resposta: Não é “fazer”, não; eu diria, exatamente, “desfazer”: assuma o que você fez e aguente o merecido castigo! Às vezes, porém, isso não é mais possível... Quem não sabe? A primeira pessoa que você tem de perdoar é a si mesma. Em seguida, peça o perdão da pessoa que você magoou através da Magia para Pedir Perdão Ingredientes necessários Papel Lápis 1 vela lilás I folha de louro Alecrim Erva-cidreira Uma pitada de canela em pó Terra Modo de fazer Numa noite de Lua Minguante, acenda um incenso e escreva uma carta a lápis pedindo o perdão da pessoa. Explique o que aconteceu, porque você fez o que fez, como se sente hoje e peça para ser perdoada e liberada desse vínculo negativo que mantém com ela. Termine prometendo fazer algo para compensar. - 214 -
Coloque a carta dentro de um envelope e subscriteo como se fosse mandar pelo correio, com nome e endereço completos. Caso não tenha esses dados, escreva o nome do jeito que você conhece e acrescente “onde estiver”. Em seguida, acenda a vela lilás e queime tudo em sua chama, pedindo aos espíritos do fogo que levem a sua mensagem. Coloque as cinzas numa tigela (de preferência de cerâmica) e acrescente o louro, o alecrim, a erva-cidreira e a canela em pó. Misture tudo, sempre repetindo seu pedido, e termine cobrindo tudo com a terra. Deixe dormir no sereno e, no dia seguinte, enterre a Poção Mágica no jardim ou no vaso e cumpra a sua promessa. Você tem o dia todo para isso, mas não pode deixar para o outro dia, de modo que aconselho que você prometa algo que possa cumprir nesse curto espaço de tempo.
Pergunta 10 - Tenho muita vontade de fazer magias, mas os livros que conheço são tão complicados... Nunca tenho os ingredientes, esqueço de providenciá-los para a lua certa, enfim, o tempo vai passando e eu não faço nada! (Asiye, de Çesme, Turquia) Resposta: Bem, em primeiro lugar, vamos deixar uma coisa bem clara: o interesse é seu! Esta é uma das coisas mais lindas da Magia: nada é obrigatório, nada é imposto, nada “tem-de-ser” assim ou assado! Nada vem de cima, prontinho, esperando - 215 -
apenas que você o engula, ao contrário, tudo está por fazer, tudo está esperando para ser feito e é a sua consciência quem decide se vai fazer, o que, quando e como. Se você fizer, bom para você. Se não fizer, ninguém vai se vingar ou perseguir você, não há nenhum tributo a pagar, nada acontece. Quer dizer, nada, mesmo! E agora eu já estou me referindo à realização dos seus desejos e sonhos... De qualquer maneira, após todo este sermão de conscientização, posso lhe dar uma dica: comece com magias bem simples, de fácil execução e que peçam ingredientes fáceis de encontrar ou até mesmo que você tenha me casa. Aos poucos, quando os resultados começarem a aparecer, você se sentirá mais motivada para ampliar o raio de ação.
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Bibliografia
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O Despertar das Bruxas, de Julia Maya, Ed. Madras Magia do Dia-a-dia, de Sibyla Rudana, Ed. Madras O Tao da Magia, A . C. Sarvanga, Ed. Madras A Cozinha da Bruxa, de Márcia Frazão, Editora Bertrand Brasil O Gozo das Feiticeiras, de Márcia Frazão, Ed. Bertrand Brasil O Testamento da Bruxa, de Dirce De Bellis, Ed. Bertrand Brasil Encantamentos de Govenka Morgan, de Govenka Morgan, Alemdalenda Tradições Mágicas dos Ciganos, de Dom Adamo Calderon, Alemdalenda Agenda da Magia, de Heloísa Galvez, Ed. Gaia Você pode curar sua vida, de Louise Hay, Ed. Best Seller O Livro da Sorte, edição organizada pela Ed. Nova Cultural Eu, Bruxa, de Regina Drummond, Ed. Saraiva
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Autora de livros infantis e juvenis, contadora de histórias e tradutora, REGINA DRUMMOND vem desenvolvendo, há anos, projetos de estímulo à leitura e eventos literários para crianças e adultos, através de palestras, cursos, oficinas pedagógicas, shows e narração de histórias pelo Brasil afora, além de participar de feiras e bienais do livro, nacionais e internacionais. Nascida em Minas Gerais, “no meio dos livros”, como gosta de dizer - já que teve o privilégio de nascer em uma família apaixonada por literatura e que já deu grandes escritores ao Brasil - REGINA DRUMMOND esteve envolvida com livros e histórias desde que a sua memória alcança e nunca trabalhou com outra coisa. Adora línguas e fala inglês, francês e alemão. Atualmente, mora em Munique, na Alemanha, e pode ser contatada através do e-mail: regina-drummond@web.de
Obras publicadas: “Menino brinca com Menina?”, “O Passarinho Rafa” e outros, Melhoramentos; “Um Avião de Avó” e outros, Ed. Augustus; “Eu, Bruxa”, Ed. Saraiva; “Vovó Regina”, Ed. Scipione; “O Carrinho Vermelho”, Ed. Moderna; “Gente Miúda & Gente Graúda”, Global Ed.; “Não tenho medo de nada” e outros, Paulus Ed.
Por que sua vida anda triste e vazia? Está faltando um amor? Está faltando dinheiro? Ou seu problema é a saúde? Ah, entendi, puseram mau olhado em você! Você precisa é de proteção! Mesmo quando a vida da gente está ótima, nunca está perfeita, e por isso, sempre pode melhorar! Você não sabe como??? Pois é, justamente, isso que “Minha Tia Bruxa” ensina! Incremente sua vida, torne-a mais interessante e plena, através de magias, encantamentos, poções mágicas, feitiços, filtros de amor, banhos, chás, amuletos, talismãs e dicas muito sábias que a Tia Madalena ensina a Dámaris, sua sobrinha e aluna de bruxaria. Tudo para você ser mais feliz, ter mais prosperidade, saúde, alegria, proteção e, claro, um amor maravilhoso, porque nada disso tem a mesma graça, se a gente não estiver muito bem acompanhado(a)!