Manual da Flipinha 2011

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Manual Flipinha 2011

Realizacão Associação Casa Azul

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Apresentação

A Associação Casa Azul acredita em projetos educacionais que potencializem a formação de leitores críticos e reflexivos, capazes de usar a palavra como meio de transformação social, intervindo no futuro de suas cidades. Assim, é com enorme satisfação que apresentamos o Manual da Flipinha 2011. Com o objetivo de apoiar os educadores nas atividades de sala de aula e aprimorar a formação dos estudantes por meio da literatura, mais que uma ferramenta, é um convite para que professores e alunos naveguem e se encantem com novos caminhos, por intermédio da leitura e da imaginação. A Flipinha, como programa permanente, cresceu e se desdobrou no projeto Mar de Leitores, que tem como objetivo promover a capacitação de professores e mediadores de leitura, oficinas literárias e atividades de incentivo à leitura. Neste ano o Mar de Leitores teve uma importante conquista ao realizar o 11° Encontro Proler Costa Verde: Políticas Públicas Caminho da Cidadania. O evento é fruto da parceria entre Secretaria Municipal de Educação de Paraty, Instituto C&A e Fundação Biblioteca Nacional, integrando o Programa Nacional de Incentivo à Leitura. A experiência paratiense conferiu ao evento novo significado, pois além dos cursos destinados aos professores da rede pública, contou com mediações de leitura realizadas em diferentes pontos de Paraty, uma verdadeira invasão literária tomou a cidade por meio da palavra, promovendo encontros, fomentando mudanças e novas percepções a respeito do território. A responsabilidade de educar não se restringe apenas às escolas. Esta é a impressão que fica quando passamos o olhar para iniciativas que abrem portas em direção à experiência do conhecimento. A Associação Casa Azul se orgulha de fazer parte dessa construção inovadora, cujos frutos têm sido surpreendentes e inspiradores. Mauro Munhoz Diretor presidente Associação Casa Azul

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Querido professor,

Desde que assumimos a concepção deste Manual, tínhamos a ideia de fazer uma apresentação de todos os autores convidados da Flipinha. Então, a partir da escolha dos convidados para o evento (que é feita pela curadoria da Flipinha em parceria com a AEILIJ) e da seleção das obras escolhidas por cada autor, nosso trabalho foi o de criar um material que instigasse a leitura dos livros e nos fizesse ter vontade de mergulhar na obra dos autores. Agora em 2011, o Manual chega trazendo novidades. Uma delas é que preparamos propostas de projetos de leitura diferenciados para os públicos da Flipinha e da FlipZona. Novamente criamos um modelo de apresentação de cada autor, seguido de propostas de trabalho para suas obras. Convidamos os autores para escrever uma biografia lúdica, mais literária, para que vocês possam conhecer um pouco da história de cada um. Indicamos o site ou o blog dos autores para que vocês possam descobrir outras de suas obras. Mantivemos o “Conhecendo as histórias”, que traz um breve resumo das obras destacadas e o “Navegando pelas histórias”, para o público da Flipinha, que disponibiliza algumas possibilidades de trabalho com os livros. Criamos o “Surfando nas histórias”, que traz propostas de projetos para a turma da FlipZona.

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Todo o material deste Manual foi escrito com o intuito de despertar um gostoso bate-papo sobre livros e literatura. Mas vale ressaltar que as propostas apresentadas neste Manual não são “receitas de bolo” que devem ser seguidas passo a passo. São um convite para que você, professor-leitor, conheça os livros e perceba que pode trabalhar a obra sob diversos pontos de vista. Mas é importante ressaltar que os livros para crianças e jovens têm dois autores. O autor do texto e o autor da imagem. Sendo assim, é importante lermos não só o texto, mas as imagens e, sobretudo, a interação texto-imagem, pois certamente desse encontro podem surgir muitas leituras. Este Manual traz possibilidades de trabalho, mas não se esqueça nunca: você é a pessoa que mais conhece seus alunos e sabe que caminhos trilhar para encantá-los com os livros. Eis aqui uma rara oportunidade para professores e alunos se encantarem e vivenciarem essas histórias. O ponto de partida são sempre os livros, a leitura e o encantamento, mas o ponto de chegada é imprevisível. Só a imaginação é capaz de saber. Anna Claudia Ramos Verônica Lessa Atelier Vila das Artes

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Todos os livros sugeridos pelos autores para representá-los neste Manual estão disponíveis na Biblioteca da Casa Azul.

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André Diniz

Nasci em 1975 com o vírus dos quadrinhos: já criava as minhas próprias histórias antes mesmo de saber escrever. Mas considero-me um autor de fato desde 2000, ano em que lancei minhas obras pela minha micro-editora Nona Arte, - aventura que me rendeu quatro dos principais prêmios de quadrinhos nacionais daquele ano, de um total de quinze prêmios que tive o prazer de receber até hoje. De lá pra cá, já publiquei por diversas editoras: Record, Devir, Escala Educacional, Conrad, Franco, sem falar nos livros ainda inéditos, mas com lançamentos agendados. Na maior parte das obras (22 até agora!), os roteiros são meus, e contei com a parceria de excelentes desenhistas. Mas nos últimos anos, tomei gosto de vez pelo desenho, inspirado pela arte africana e os traços únicos do cordel, e passei a também desenhar minhas histórias. Além dos meus livros em quadrinhos - O quilombo Orum Aiê, 7 vidas, Fawcett, Chico Rei, A cachoeira de Paulo Afonso, entre outros -, escrevi também A incrível história do homem mais velho do mundo, um romance de aventura para os jovens leitores do selo Galera Record. Para saber mais sobre meu trabalho, acesse <http://www.nonaarte.com.br>.

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Conhecendo as histórias

Navegando pelas histórias

Surfando nas histórias

André Diniz escolheu para representá-lo neste Manual os livros: A incrível história do homem mais velho do mundo e O quilombo Orum Aiê, ambos publicados pelo selo Galera da Record; Chico Rei, publicado pela Franco Editora; e A revolta de Canudos, com ilustrações de José Aguiar, publicado pela Escala Educacional.

Nosso país é recheado de histórias boas de ouvir e de contar. Além disso, temos também em nosso patrimônio cultural algumas histórias que arrepiam, que assustam, que nos angustiam.

O escritor André Diniz possui em sua obra diversas releituras de fatos históricos, adaptados ao público infantil e juvenil. Dessa forma, seus livros podem ser utilizados como instrumentos de apoio pedagógico para auxiliar na compreensão da história de nosso país.

A incrível história do homem mais velho do mundo relata a trajetória de Muzinga, um homem de 199 anos. Ele é tataravô de Caio, que já ouviu todo tipo de adjetivo para descrever seu tataravô, mas está decidido a conhecê-lo a fundo e tirar suas próprias conclusões. Com isso, acompanha Muzinga em uma aventura fantástica na busca de um suposto mudo que existiria nas profundezas do nosso planeta. Será que esse mundo realmente existe? Que segredos envolvem esse livro? O quilombo Orum Aiê conta a história do levante orquestrado por negros da fé islâmica, considerada a maior de todas as insurreições da população escravizada na Bahia, chamada Revolta dos Malês. Como num filme de ação, a linguagem irreverente dos quadrinhos, com seus planos e sequências, reconstitui de modo inovador a luta dos rebeldes por becos e vielas da primeira capital do Brasil. Chico Rei traz um belíssimo capítulo da história do Brasil em quadrinhos e resgata o personagem Galanga, o rei do Congo, que foi capturado para servir de escravo no Brasil Colônia. Um personagem que é, antes de tudo, uma lição de vida a ser aprendida ainda hoje, mais de dois séculos depois de sua existência. Chico Rei é o tipo de rebelde poucas vezes visto na história da humanidade: sua rebelião foi feita com amor e não com armas.

Dentro da realidade de cada turma, e da maturidade de leitura das crianças, podemos criar pequenas representações teatrais de fatos históricos brasileiros, como o Descobrimento do Brasil, a Proclamação da República e o dia da Abolição da escravatura, por exemplo, entre tantos outros. As histórias podem e devem ser sugeridas pelos alunos, dando margem a descobertas interessantes no momento das escolhas dos fatos que serão narrados. Os diálogos, o figurino, o cenário, tudo deve ser pensado em conjunto com os alunos e quem sabe confeccionados por eles. O mais importante nessa atividade é a pesquisa e a forma como as histórias serão recontadas. Será interessante discutir com a turma as diferentes maneiras de se contar uma história, podendo ser por meio da leitura, da escrita, da representação artística ou visual.

Tendo a linguagem dos quadrinhos como sua especialidade, André usa diálogos curtos aliados à velocidade na apresentação das imagens, envolvendo o jovem leitor, tão adaptado à rapidez da comunicação da linguagem digital, quase telegráfica, que conhecemos hoje por meio de ferramentas como redes sociais e mensagens instantâneas. Sugerimos aos jovens da FlipZona uma pesquisa dos quadrinistas de sucesso do Brasil e do mundo e suas principais obras. Vale uma discussão a respeito dos diferentes tipos de roteiro adotados pelos escritores e da forma de apresentação das imagens. Algumas questões podem nortear esse debate, como por exemplo: qual a diferença entre um roteiro de quadrinhos e um roteiro de filme? Será que existe alguma semelhança na montagem de um roteiro de quadrinhos e de uma peça publicitária? Que tal propor aos alunos a montagem da história da cidade de Paraty na linguagem dos quadrinhos? Aproveitando as habilidades de cada aluno, a turma poderia ser dividida em grupos de pesquisadores, roteiristas, desenhistas e produtores, a fim de montar um livro com esse conteúdo. A obra finalizada poderia ser apresentada ao autor na FlipZona.

A revolta de Canudos conta a história do Arraial de Canudos e de Antônio Conselheiro, o líder messiânico que liderou uma guerra contra a opressão da recém-nascida República brasileira. Esse episódio dramático e significativo da nossa história é contado por meio da arte dos quadrinhos.

d’après André Diniz

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Ciça Fittipaldi

Nasci há muitos e tantos anos... Maria Cecilia era um nome bem comprido para a bailarina de circo que eu queria ser, daquelas que se equilibravam num cavalinho branco, galopando em círculos no pequeno picadeiro de um cirquinho de interior. Ai, ai, era um sonho pra quem, como eu, vivia em São Paulo. Minha cidade estava mais para o Grande Circo de Moscou, com seus ursos ciclistas impossíveis na corda bamba, cachorros que sabiam jogar futebol e um fantástico esputinik prateado – esputinik você vai ter que pesquisar! Mas fui estudar balé e dancei até meus dezessete anos, mais ou menos. Nos anos 1960, junto com o rock e os Beatles me deram esse nome curtinho, Ciça. E ficou pra sempre. Quando eu era criança, vivia naquela cidade tão grande, mas sonhava com tudo que era mato, sertão, fazenda, floresta, rio e serra. Adorava os livros de Francisco Marins: Os segredos de Taquara-Póca, O bugre do chapéu de anta... Nos anos 1960 me apaixonei pelo romance Rosinha minha canoa, do escritor José Mauro de Vasconcelos, e com ele descobri que, junto com o rock e os Beatles, ainda existiam índios no Brasil! E eu que pensava que eles tinham desaparecido logo no começo da nossa História. Daí que decidi que eu queria conhecer os índios. Em 1975 tive a sorte de ser convidada por um projeto de antropologia da UnB, universidade onde eu estudava Arte, para realizar uma viagem às aldeias Nambiquara no Vale do Rio Guaporé, fronteira noroeste de Mato Grosso com Rondônia. O que eu pude viver e aprender com essa incrível experiência marcou profundamente o que faço como artista: desenhos, livros, ilustrações, projetos de arte e também o meu trabalho como professora na Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás (UFG). Todo o modo de ver e pensar a minha sociedade, a arte, a poesia, os gestos cotidianos, a história, a política, tudo foi questionado e transformado pelo encontro com as diferenças dessa outra sociedade. Daí que entendi que como o balé, o rock, as pinturas modernas, o cinema alemão, os mitos indígenas, os Beatles, o samba, o Luiz Gonzaga Rei do Baião, eu poderia carregar e partilhar mais tantas humanidades quantas procurasse e desejasse para viver mais feliz e tentar ser melhor.

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Conhecendo as histórias

Navegando pelas histórias

Ciça Fittipaldi escolheu para representá-la neste Manual os livros: Naro, o gambá – mito dos índios Yanomami, Tainá, estrela amante – mito dos índios Karajá e A árvore do mundo e outros feitos de Macunaíma – mito/herói dos índios Makuxi, Wapixana, Taurepang, Arekuná, todos da série Morená, escritos e ilustrados por Ciça e publicados pela Melhoramentos; Histórias de quem conta histórias, organizado por Lenice Gomes e Fabiano Moraes, ilustrado por Ciça e publicado pela Cortez; e Os gêmeos do tambor, com texto de Rogério Andrade Barbosa, ilustrações de Ciça e publicado pela DCL.

Todos os livros selecionados por Ciça apresentam imagens ligadas ao resgate de histórias da tradição oral: de povos indígenas, de um povo africano e dos contadores de histórias de diversas nacionalidades. As imagens de Ciça são carregadas de uma força visual imensa. Cada imagem tem uma ligação muito estreita e direta com as histórias que foram contadas, primeiramente com as palavras dos autores de texto e depois com as imagens de Ciça, as quais são repletas de símbolos e cores fortes.

A série Morená apresenta ao leitor os mitos de diversos povos indígenas em uma linguagem acessível e carregada de poesia e do universo mágico desses povos. As ilustrações foram inspiradas nas culturas indígenas de onde os mitos foram recolhidos. Morená significa para o povo Kamaiurá a terra mítica onde mora Mavutsinim, o grande criador. Histórias de quem conta histórias é uma coletânea de contos escritos por contadores de histórias do Brasil, Portugal e México. O livro está dividido em lendas de perto e de longe, contos de assombrar e de arrepiar, histórias de fadas e outros encantos e contos de esperteza e de sabedoria. São quinze contos ao todo, selecionados do repertório de cada contador de histórias e escritos pelos próprios. Ciça colocou seu olhar atento de ilustradora dando-lhes forma com imagens ricas em cores e formas. Em Os gêmeos do tambor, Ciça ilustra um reconto do povo africano massai. A preferência dos massais pela cor vermelha, mais a inventividade de seus adornos, seus gestos corporais, suas expressões de tristeza, combate e alegria, serviram de base para as ilustrações. As tradições desse povo conduziram a história visual que Ciça criou para a narrativa verbal de Rogério.

Quem sabe um projeto bem bacana não poderia se chamar Histórias que contam histórias, aproveitando o título de um dos livros. As crianças poderiam visitar, conhecer e conversar com os indígenas que moram nos arredores de Paraty, ou mesmo com os caiçaras paratienses, para resgatar as histórias da tradição oral de cada um desses grupos. Só que em vez de criar um livro com essas histórias resgatadas, as crianças poderiam registrar esse material com imagens, já que estamos falando aqui do trabalho de uma ilustradora.

Que tal montar a exposição Histórias que contam histórias? O registro das imagens pode ser feito em diversos suportes, tais como tela, papelão, papel, tecido, madeira, ou onde a imaginação puder alcançar. Quem sabe as crianças não resolvem fazer esculturas ou pequenas instalações? Os materiais usados para confeccionar os trabalhos das crianças podem ter alguma ligação direta com as histórias ou com as tradições de quem as contou. Com todo o material pronto, é hora de montar a exposição, que pode ser apresentada no pátio da escola, com uma decoração bem bacana, com tarde ou noite de inauguração, tipo um vernissage mesmo, com direito a convite e lanche. Os convites e o lanche podem ser preparados pelas crianças com a ajuda das famílias. O importante é que a turma se sinta parte desse processo de construção do projeto como um todo. Enfim, cada escola vai ter que usar sua criatividade para montar essa exposição e bolar a festa de inauguração. Mãos à obra! * Vale lembrar que a série Morená foi criada em 1988, quando ainda não havia um grupo de escritores indígenas publicando livros com seus mitos, fortalecendo assim toda cultura dos povos indígenas brasileiros. Uma boa pedida para enriquecer seu trabalho é ler os textos de Daniel Munduruku e Sulami, autores indígenas, que vêm fazendo história na LIJ brasileira, para ampliar o debate sobre o tema. O que será que mudou de 1988 para hoje em relação aos livros com temáticas indígenas? Essa pergunta por si só pode ampliar os debates do projeto. Pense nisso.

d’après Ciça Fittipaldi

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Cláudio Thebas

Meu nome completo é Cláudio Álvares Machado Thebas. Já faz um bom tempo que eu nasci: 1964. Foi aqui em São Paulo, no meio de uma revolução. Pra falar a verdade, nem parece tanto tempo assim. Lembro-me como se fosse ontem de quando eu tinha seis anos e chorava pra caramba na hora de ir para a escola. Muitas vezes minha mãe tinha que ficar lá, sentada na porta da classe. Depois acostumei e ela não precisou mais fazer plantão. Lembro de muitas gargalhadas assistindo a Os três patetas, de viagens para a Praia Grande nas férias de verão. Foi numa dessas férias que aprendi a dirigir, no colo do meu pai. Mais tarde, pra minha felicidade e desespero dos vizinhos, comecei a tocar bateria. Eu tinha treze anos. Com quinze, montei minha primeira banda: Vísceras. Era de punk rock. Hoje percebo que meus vizinhos eram santos, até mesmo o senhor da frente, que diversas vezes chamou a polícia na esperança de poder descansar. Paciência de santo também acaba. Fui crescendo, a bateria ficou pra trás, mas não tanto. Hoje, voltei a tocar. Mas não como músico, e sim como palhaço, que resolvi ser com mais de trinta anos. Antes, com vinte e poucos, virei pai. Da Luiza e do Raphael. Também sou padrasto, da Sofia e da Bianca. E sou marido da Chris, a mulher mais linda do mundo. Moramos numa casa que tem quintalzão, onde correm nossos outros quatro amores: Jimi, Uruanã, Nemo e Hami. Quem adivinhar as raças deles ganha um pacote com as laranjas e mexericas que temos no pomar!

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Conhecendo as histórias Cláudio Thebas escolheu para representá-lo neste Manual os livros: O menino que chovia, ilustrado por Ivan Zigg e publicado pela Companhia das Letrinhas; A revolta dos fantasmas, ilustrado por Cláudio Martins e editado pela Lê; Amigos do peito; ilustrado por Eva Furnari e publicado pela Formato; e O livro do palhaço, com ilustrações de Marcelo Cipis e publicado pela Companhia das Letrinhas. O menino que chovia narra a história de um menino que, quando contrariado, chovia. Chovia mesmo! Chovia temporal, tempestade, com raios e trovões de verdade! Até que um dia ele inundou a casa e algo incrível aconteceu. Quem poderia imaginar que, no meio da inundação, os adultos ajudariam o menino a olhar o mundo com outros olhos e só deixar a chuva para os dias em que acordava muito mal-humorado? A revolta dos fantasmas conta a decepção dos fantasmas ao perceberem que suas tentativas de assustar as pessoas não faziam mais tanto efeito. Principalmente nos dias de hoje quando vampiros, ETs e bruxas andam à solta, fazendo sucesso com a garotada e assustando muito mais do que o velho fantasma do lençol branco. Mas e se os fantasmas comprassem um lençol novo? Será que as crianças voltariam a respeitá-los e a sentir medo deles? Leia essa divertida história e a compartilhe com seus colegas.

Navegando pelas histórias Amigos do peito é um livro de poemas que mostra, de um jeito divertido, o que acontece na vida de um menino durante um dia inteiro. A hora de se levantar, a escola, a vizinhança, o irmão menor, a avó, os amigos do peito, o gato e o cachorro são alguns dos temas que fazem a gente rir, pensar e se emocionar... O livro do palhaço faz parte da coleção Profissões e fala de palhaços famosos do Brasil e do mundo, retratando os sucessos e percalços da profissão e como ela surgiu. A obra conta ainda as experiências do autor, que explica por que escolheu ser palhaço (além de escritor), dá dicas e indica caminhos possíveis para quem quer ingressar na profissão.

Que tal juntarmos dois temas da obra de Cláudio Thebas e fazer o projeto Poesia na escola, tendo como tema o circo? Podem ser poemas envolvendo malabaristas, trapezistas, palhaços, domadores etc. Os alunos ficam livres para escolher seus personagens. Sugerimos que alguns poemas sejam recitados em sala de aula antes da atividade. Duas sugestões seriam “O leão” e “O elefantinho”, ambos de Vinicius de Moraes. Após a feitura do poema, que tal propor o “Dia do Circo”, onde cada criança iria vestida representando o tema que escolheu e recitaria o seu poema? Outra opção interessante é sugerir aos alunos uma pesquisa de imagens ligadas ao tema circo (cada aluno pode selecionar uma média de cinco imagens). Após a seleção, cada criança criaria o seu poema e o ilustraria com as imagens escolhidas. Feito esse trabalho, o professor mediador de leitura deve marcar um sarau onde cada aluno poderá recitar seu poema e explicar a escolha das imagens. Uma outra sugestão é o projeto Amigos do peito. Se for possível, cada aluno poderá levar para a escola, em dia determinado pelo professor, o melhor amigo. Eles passariam o dia juntos, contando histórias. Uma ótima ideia para reunir a garotada seria organizar um piquenique próximo à escola, ao ar livre. Caso não seja possível ter ao lado o melhor amigo, que tal escrever um texto para ele, quem sabe ilustrado por uma foto dos dois juntos ou mesmo um desenho, falando da importância da amizade e da alegria de estarem juntos?

d’après Marcelo Cipis

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Daniel Munduruku

Meu nome é Daniel. Pertenço ao povo Munduruku que é lá do Norte do Brasil, bem no coração da floresta amazônica. Minha gente é guerreira e por isso recebeu como apelido esta palavra que significa formigas guerreiras. Ali nasci e cresci como toda criança indígena: brincando. Vivíamos numa época em que não existia energia elétrica, televisão ou outras distrações. “Só” tínhamos a floresta para explorar com nossos jogos e brincadeiras, e por isso nossa imaginação voava solta para criar formas diferentes de diversão. Na aldeia aprendi a viver em comunidade. Lá ninguém fica sozinho. Todos temos que nos envolver nas atividades comunitárias. Mesmo quando estamos tristes, temos necessidade de nos juntarmos aos outros para festejar a vida que nasce junto com o sol e permanece depois que ele vai embora. Aprendemos as coisas importantes com os nossos avôs e avós por quem nutrimos verdadeira devoção porque eles são para nós como “bibliotecas vivas” onde moram as histórias de nossos antepassados. Ouvindo histórias antigas vamos aceitando o momento atual que dizemos ser nosso presente diário. Sem essas histórias nosso coração enfraquece e ficamos doentes. Quando me tornei adulto – por volta dos quinze anos de idade –, decidi que iria estudar na cidade grande. Meus pais concordaram, porque sabiam que eu era muito curioso e que se não fizesse isso seria uma pessoa triste. Foi assim que resolvi entrar no seminário em busca de minha vocação. Mais tarde vi que não era exatamente o sacerdócio que me chamava, mas o grande afeto que eu nutria pelas crianças. Isso me fez deixar o seminário e me tornar professor. Ou melhor, um contador de histórias (todo professor deveria ser um). Eu saia contando histórias nas escolas, nas praças, nas casas dos amigos. Tempos depois, isso fez com que eu começasse a escrever minhas próprias histórias, sempre com o olhar voltado para as crianças e os jovens. Daí em diante, escrevi mais de quarenta livros e quero escrever muito mais ainda. Gosto de escrever, mas confesso minha preguiça; gosto de ler, mas às vezes desisto no meio do livro; gosto de cantar, mas sou muito desafinado; gosto de jogar futebol, mas meus joelhos já não são os mesmos; gosto de receber os amigos em casa, mesmo que não pare muito por lá; e gosto de comer manga no pé. Gosto também de música clássica e de música brasileira; gosto dos meus amigos e tenho especial amor pelas pessoas mais sofridas, pobres e excluídas da sociedade. Minha vida é assim. Ah! Sou casado e apaixonado pela minha esposa [Tania Mara] e por meu filho e filhas [Lucas, Gabriela e Beatriz]

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Conhecendo as histórias

Navegando pelas histórias

Daniel Munduruku escolheu para representá-lo neste Manual os livros: Coisas de índio – versão infantil, ilustrado por Camila Mesquita e publicado pela Callis; Kabá Darebu, com ilustrações de Marie Therese Kowalczyk, editado pela Brinque-Book; A primeira estrela que vejo é a estrela do meu desejo e outras histórias indígenas de amor; ilustrado por Maurício Negro e publicado pela Global; e Histórias de índio, ilustrado por Laurabeatriz e publicado pela Companhia das Letrinhas.

Daniel Munduruku propõe, por meio de sua obra, um novo olhar sobre o povo indígena, seus costumes e tradições. Na cultura indígena, de forma geral, muito se fala sobre conceitos tão importantes na formação de qualquer sociedade: amor ao próximo e cuidado com a natureza; o diálogo entre os membros da família e o respeito aos mais velhos, e a união como eixo central da comunidade.

Coisas de índio traça um panorama sobre as comunidades indígenas do Brasil. O autor organiza, nessa obra, um almanaque dos povos indígenas, falando das tradições e costumes que regem as famílias e mostrando toda a riqueza e pluralidade das comunidades brasileiras. Esse livro não só resgata o orgulho indígena, como serve de instrumento de pesquisa e estudo para crianças e jovens, pois mostra aos leitores a importância de respeitar as diferenças. Kabá Darebu é um menino índio que nos conta, com sabedoria e poesia, o jeito de ser de sua gente, os munduruku, povo que vive às margens do grande rio Tapajós, no estado do Pará, e também no Amazonas. No final do livro, há um guia para melhor compreender esse povo e seus costumes, chamando a atenção para a diversidade dos brasileiros e propondo a tolerância diante das diferenças.

Propomos o projeto Minha história, onde cada criança poderá montar a árvore genealógica da sua família (se possível, com fotos), mostrando onde nasceu e viveu cada membro (bisavós, avós, tios etc.) e os costumes e tradições da família (religião, profissão e número de filhos, entre outras informações). Isso ajudará a levantar questões como o respeito à diferença e a compreensão e o orgulho da história

de vida de suas famílias. Sabemos que as crianças têm estruturas familiares diferentes e nem sempre terão todas as informações para montar a árvore, mas esse exercício certamente contribuirá para que elas possam entender o seu papel na sociedade e a formação de sua própria família. Outra alternativa interessante para o projeto é montar o perfil dos moradores da cidade de Paraty. A ideia é traçar um paralelo entre a comunidade ribeirinha, a rural e os moradores do centro da cidade, falando das características mais relevantes que classificam cada grupo. Esse exercício ajudará a criança a compreender as diferenças de hábitos e comportamentos dentro de uma mesma cidade em virtude da localização geográfica da residência onde mora. Propomos também organizar a turma em grupos para pesquisar aspectos e características das comunidades indígenas, como alimentação, arte, música, dança, ritos de passagem e instrumentos musicais, entre outros, e em seguida montar uma peça teatral onde cada aluno apresente um tema da pesquisa. Ao final da apresentação, as crianças podem criar um painel para a sala de aula com textos e fotos da pesquisa, que poderia se chamar “Coisas de índio”, título de um dos livros do Daniel Munduruku, aqui apresentado.

A primeira estrela que vejo é a estrela do meu coração fala da força do amor em todas as nações indígenas: o amor pelas pessoas, pelos objetos, pela natureza. Esse livro é uma antologia de mitos indígenas que abordam os encontros e desencontros do amor. Histórias de índio é dividido em três partes: a primeira é um conto ambientado no seio do povo munduruku, que relata a vida de um menino escolhido para ser o sucessor do pajé; a segunda é feita das lembranças do autor de sua chegada a São Paulo; a última retrata as diferenças entre os povos indígenas, falando de sua língua, hábitos e costumes, bem como uma bibliografia sobre o tema.

d’après Laurabeatriz

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Fernando Vilela

Desde criança sempre gostei de brincar e desenhar, que pra mim é a mesma coisa. Hoje continuo brincando quando faço arte. Gosto muito de viajar pelo mundo, me aventurar em lugares desconhecidos e de viajar na minha imaginação, lendo livros, vendo filmes, ao escrever e ilustrar. Imagino que estou participando das cenas de uma história como se sonhasse acordado. Já ilustrei diversas obras e também escrevi outras, entre os quais Comilança (DCL, 2008), O barqueiro e o canoeiro (Scipione, 2008) e Lampião e Lancelote (Cosac & Naify, 2006). Por meus livros já recebi alguns prêmios, entre eles três Jabuti e uma Menção Novos Horizontes do Prêmio Internacional do Salão Jovem de Bolonha. Você pode conhecer meus livros e trabalhos artísticos no site <www.fernandovilela.com.br>.

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Conhecendo as histórias

Navegando pelas histórias

Surfando nas histórias

Fernando Vilela escolheu para representá-lo neste Manual os livros: Comilança, publicado pela DCL; Lampião e Lancelote, publicado pela Cosac&Naify; Seringal, uma aventura amazônica, publicado pela Scipione; todos com textos e imagens de sua autoria; e A toalha vermelha, livro de imagem publicado pela Brinque-Book.

Os dois títulos de Fernando que podem ser explorados pelas séries iniciais do ensino fundamental são: Comilança e A toalha vermelha. Caso queria desenvolver um trabalho com séries mais adiantadas, aproveite para trabalhar com todos os livros selecionados pelo autor. Mas lembre-se: cada professor mediador é que conhece sua turma e sabe que leituras pode oferecer.

Sugerimos a criação de painéis gigantes contando uma história só com imagens para os alunos do segundo segmento do ensino fundamental e ensino médio.

Em Comilança, um bicho come o outro, que come o outro, que come... Porém quando a cobra come o jacaré, uma coisa muito estranha começa a acontecer. Para saber o que é, você terá que ler esse livro, que fala sobre a cadeia alimentar de forma bem-humorada. Mas fique de olhos bem abertos quando virar as páginas, pois as ilustrações trazem segredos escondidos. A toalha vermelha nos apresenta uma narrativa visual aberta a inúmeras leituras. A história começa em uma ilha na costa brasileira. Um jangadeiro perde sua toalha vermelha, que cai no oceano. A toalha começa a fazer uma incrível viagem e você nem imagina onde ela vai parar e muito menos como acaba essa história. Se contar perde a graça. Por isso, corra pra ler e descobrir. Lampião e Lancelote conta uma incrível e inusitada batalha entre dois grandes personagens: o cavaleiro medieval Lancelote e o cangaceiro nordestino Lampião. A linguagem mescla cordel com novela de cavalaria, e as ilustrações são um espetáculo à parte. Ao final ficamos sabendo um pouco sobre as técnicas utilizadas pelo autor para criar as imagens do livro, que tem cor especial: cobre e prata. É uma obra para ser saboreada com toda calma e atenção. Seringal, uma aventura amazônica nos mostra como uma viagem pode modificar a vida do viajante se este se permitir viver o inesperado. E isso é o que acontece com João em seu contato com os seringueiros. Seu olhar para o outro e para si mesmo nunca mais será o mesmo. Descubra o porquê lendo esse livro. E não se esqueça de fazer uma leitura das imagens, porque elas também contam a história.

Sugerimos que leiam os livros com as crianças, que observem com muita atenção cada detalhe das imagens. Depois, a partir da leitura e das conversas que irão surgir provocadas pelas histórias, pensamos em um projeto de imagens, com pintura em lençóis lisos (podem ser usados). Divida o lençol em tantas partes quantas forem o número de turmas com as quais queria trabalhar e comece a fazer a viagem do lençol pela escola, de uma turma para a outra. O lençol vai sair de uma sala de aula e passar por diversas outras salas da escola. Por exemplo, o lençol vai sair do quinto ano e chegar ao primeiro. Cada turma irá pintar um pedaço da história que será contada. Uma turma começa e as outras continuam dando sequência ao que a anterior fez e colocando novos elementos na trama. Até que a última turma feche a história. Ao mesmo tempo, outro lençol pode fazer o caminho inverso, começar no primeiro ano e chegar ao quinto, mas dessa vez pensando em algo inspirado no livro Comilança. Esse trabalho será uma excelente oportunidade para que se desenvolva a interatividade com as turmas do primeiro segmento do ensino fundamental. Ao final, exponha o lençol pintado no pátio. Aliás, podem ser vários lençóis pintados. Use a sua criatividade e faça da maneira como achar mais interessante para sua escola. Quem sabe o lençol viaja apenas pela sala de aula, por diversos grupos? Apresentamos somente uma sugestão, mas cada professor decide qual a melhor maneira de navegar por esta ideia.

Comece o trabalho lendo com os jovens os livros Lampião e Lancelote e Seringal, uma aventura amazônica. A partir dos debates e questionamentos que surgirão, decida com a turma o que vocês querem contar: uma história inédita? Uma história que já foi contada? Uma história atual? Antiga? Tudo misturado? Em seguida organizem como irão fazer para contar as histórias apenas com imagens nesses painéis gigantes. E não se esqueçam de decidir também qual será a melhor maneira para a criação desses painéis: quantos serão, de que tamanho, como se dividir, que materiais usar para as pinturas? Será que na turma não têm alunos que saibam grafitar? Podem surgir painéis grafitados incríveis reproduzindo alguma história. Certamente a leitura das imagens dos livros de Fernando irá servir de fonte de inspiração para que os jovens criem esses painéis. Quem sabe, ao final do trabalho, os painéis não ganham uma exposição? E quem sabe essa exposição não poderia estar na FlipZona? Use sua criatividade e deixe a leitura dos livros levar você e seus alunos pelos caminhos do desconhecido, assim como o personagem João fez em sua viagem à Amazônia. João não se arrependeu, apesar de todos os sustos vividos... Você também não irá se arrepender, mas corra logo pra ler todos esses livros e surfar por praias nunca dantes exploradas.

d’après Fernando Vilela

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Flávia Lins e Silva

Nasci em 1971, no Rio de Janeiro, cidade banhada pelo mar. Desde pequena me acostumei a olhar o mar e imaginar viagens. Aos dezoito anos, cruzei o Atlântico e fui ser babá na Itália, na Alemanha e na Áustria. Depois voltei ao Brasil, me formei jornalista e passei a escrever roteiros e livros. Hoje tenho mais de dez livros publicados e alguns no forno. As viagens sempre me inspiram, razão pela qual vivo me aventurando. Já desci o rio Nilo, no Egito, num barco a vela, já naveguei pelo rio Amazonas e se me chamarem “vamos para...?”, eu já estou de malas prontas! Muitas dessas viagens que fiz me inspiraram a escrever minhas histórias. Minha personagem mais conhecida, Pilar, vive viajando como eu. Às vezes até conhece os lugares antes de mim. Danada! Mururu no Amazonas surgiu quando conheci o Amazonas, e O iglu, puxa, eu sou tão friorenta que nunca moraria numa casa de gelo! Ou seja, nem sempre os personagens são exatamente como a gente. Mas bem que gostaria de conhecer pinguins e leões-marinhos de perto. Se me chamarem “vamos para...?”, eu vou! E se quiser saber mais, pode olhar meu site <www.flavialinsesilva.com>.

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Conhecendo as histórias

Navegando pelas histórias

Surfando nas histórias

Flávia Lins e Silva escolheu para representá-la neste Manual os livros: Caderno de viagens da Pilar e Diário de Pilar na Grécia, ambos com ilustrações de Joana Penna e publicados pela Zahar; Mururu no Amazonas, com ilustrações de Maria Inês Martins (quarta capa e folha de rosto) e Silvia Negreiros (miolo) e publicado pela Manati; e O iglu, com ilustrações de Mariana Massarani e publicado pela Brinque-Book.

Os livros escolhidos por Flávia nos possibilitam trabalhar com crianças e jovens, tanto na Flipinha como na FlipZona. Tudo vai depender, como sempre, do enfoque e da abordagem.

Para a turma da FlipZona recomendamos a leitura do livro Mururu no Amazonas e da série da Pilar (que também pode ser explorada pelos jovens) e sugerimos a criação do projeto Vamos para...? que fará com que cada jovem pense para onde gostaria de ir. Uma opção para iniciar o projeto é um debate sobre quem gosta de viajar, quem já viajou e para onde, qual a viagem dos seus sonhos? Ou até mesmo questionamentos sobre: uma viagem pode transformar a história de alguém? Como? De que jeito? Quem sou eu? Como fico depois de fazer uma viagem?

O iglu é uma deliciosa história sobre João, que um dia escutou sua mãe falar que ele precisava ir a uma psicóloga. João não entendeu bem o que seria uma “psi...pis... piscóloga”. A partir desse enigma temos um encontro muito gostoso entre João e sua psicóloga. Mas se você pensa que iglu é apenas uma casa feita de gelo, precisa urgente ler esse livro. As ilustrações de Mariana Massarani, que também estará presente na Flipinha, formam um casamento perfeito de texto e imagem. Caderno de viagens da Pilar e Diário de Pilar na Grécia são dois títulos de uma série de livros da personagem Pilar. Além desses títulos, já foram publicados: As peripécias de Pilar na Grécia; A folia de Pilar na Bahia, O agito de Pilar no Egito. A Pilar não para; ela adora conhecer coisas novas. Em Diário de Pilar na Grécia conhecemos a rede mágica que a levou diretamente para a Grécia, onde pôde visitar o reino de Hades e conversar com seu avô que havia partido deixando saudades. O caderno de viagens da Pilar é um livro-diário-caderno feito para o leitor interagir escrevendo, desenhando, colando fotos, dando assim a “sua cara” à obra. Em Mururu no Amazonas vamos conhecer Andorinha, uma menina-moça, e suas descobertas, aventuras e transformações. Mas o que será que Dorinha/Andorinha tem a ver com um mururu? Aliás, você sabe o que é um mururu? Se souber, pode imaginar o que um mururu e uma menina-moça têm em comum. Se não souber, precisa descobrir. Não vamos contar!

Para a turma da Flipinha, recomendamos a leitura dos livros da série da Pilar e O iglu. Com esses livros podemos explorar outras culturas e costumes, mas também mergulhar num universo que muitas vezes fica desconhecido para nós mesmos, que é o das nossas emoções. O que João e Pilar podem provocar no leitor? Que descobertas podem ser feitas a partir de então? Tanto em O iglu quanto em Diário de Pilar na Grécia existe o tema da perda. Em cada livro a perda se apresenta sob determinado aspecto. Que tal explorar esse tema com as crianças? Pode ser a perda de um ente querido ou de um animal, mas também podemos pensar em perdas sob o aspecto da mudança cotidiana. Os pais que se separaram e a criança que perde o convívio diário com o pai ou a mãe. A perda de um amigo que mudou de cidade. A mudança de escola, de bairro, de casa... O que as perdas trazem de bom ou de ruim? Será que elas também trazem ganhos? Imagine se as crianças aproveitarem a ideia do Caderno de viagens da Pilar para criar o próprio caderno de viagens delas, registrando suas descobertas e aventuras a partir de uma reflexão sobre esse tema. Elas podem registrar qualquer coisa, desde as vividas até as sonhadas, as imaginadas, as sentidas, as desejadas... O final do projeto, que pode ganhar um nome bem interessante escolhido pelas próprias crianças, pode ser um passeio a um local bem gostoso da cidade, que propicie a leitura dos cadernos de viagens da turma.

Pode ser que existam jovens que tenham receio de viajar sozinhos, de se aventurar, e isso pode gerar um debate bem interessante. Pensar nos contrastes existentes numa mesma turma, nas diferenças e nas semelhanças, é sempre bom para ampliar os horizontes da moçada. Vale também fazer um bom debate sobre as personagens Pilar e Dorinha/Andorinha, tão diferentes, mas ao mesmo tempo com algumas semelhanças, pois as duas estão em busca de descobertas, estão à procura de algo. A maneira de registrar esse projeto pode ser criando um vídeo sobre tudo o que foi explorado ou sobre uma viagem que a turma pode combinar de fazer. Até mesmo o registro de um fim de semana na casa de alguém, um passeio ou uma série de passeios pela cidade. O gostoso será pensar como a nossa vida é repleta de viagens, que podem ser vividas, sonhadas, imaginadas, planejadas ou até mesmo inesperadas. Outra boa maneira de fazer o registro será seguir o exemplo da Pilar e criar um caderno de viagens com escritos e fotos. Ou quem sabe a turma prefere registrar tudo em um blog ou um fotolog? Mãos à obra. Mas prepare-se. Você vai começar a fazer uma viagem pelo desconhecido, primeiro para dentro de você e a partir daí para o mundo. Bons ventos!

d’après Mariana Massarani

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Graça Lima

Sou carioca, criada num bairro onde tem reserva florestal, o Grajaú. Onde eu morava tinha um enorme jardim entre os prédios e eu adorava ficar vendo grilos, vaga-lumes, brincar de broche com cigarras secas e até passear com um marimbondo. Comecei a trabalhar com desenho com catorze anos e nesse primeiro trabalho já ganhei um prêmio. Fui professora de primeiro grau, onde tive ideia de fazer livros com histórias contadas por imagens. Estudei na Escola de Belas-Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde me formei em Comunicação Visual. Fiz mestrado em Design na PUC–RJ e atualmente faço doutorado em Artes Visuais na EBA-UFRJ. Ilustrei mais de cem livros e ganhei vários prêmios com eles. Alguns desses livros viajaram e foram publicados em outros países. Tenho dois filhos e uma cachorra que pensa que é gente e canta. Adoro jacarés, revista em quadrinhos e ver televisão pelo telefone com meu amigo Roger Mello. Para saber mais sobre o meu trabalho visite o blog <http://capaduraemcingapura.blogspot.com/>.

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Conhecendo as histórias

Navegando pelas histórias

Graça Lima escolheu para representá-la neste Manual os livros: Dez patinhos, publicado pela Companhia das Letrinhas, Cadê? e Luzimar, publicados pela Nova Fronteira, todos com textos e ilustrações de sua autoria; e Viva eu, viva tu, viva o rabo do tatu!, com texto de Cristina Villaça, ilustrado por Graça e publicado pela Escrita Fina.

Os livros que Graça escolheu são excelentes para um trabalho com os pequenos leitores, pois todos possuem textos curtos e bem acessíveis às crianças da educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental.

Em Dez patinhos vamos encontrar uma deliciosa brincadeira com os patinhos de uma ninhada. No início eles são apenas nove, mas alguns vão desaparecendo pelo caminho. Ao final da história temos uma surpresa quando um novo patinho chega ao ninho. Acompanha o livro um encarte lúdico com o Jogo dos Patinhos. Cadê? é um livro que explora a questão espaçotemporal de um menininho, que ora está embaixo da uma girafa, ora em cima de um rinoceronte, do lado de um urso polar ou na frente de um leão. Mas você pode estar se perguntando como um menininho pode estar embaixo de uma girafa ou tão próximo de bichos ferozes. Para descobrir, será preciso ler com toda a atenção a jogada visual que Graça criou nas imagens. Em Luzimar vamos conhecer a rotina de uma trabalhadora doméstica em cada dia da semana. Luzimar trabalha muito, mas também se diverte um bocado. Está sempre com um sorriso no rosto e atenta ao que as pessoas que estão ao seu redor gostam. E com um detalhe: sempre ao fim do dia, volta para casa e encontra o céu de Luzimar. Viva eu, viva tu, viva o rabo do tatu! tem um tatu que adora música e dançar. Dança tanto, tanto, que, tonto, confunde sua toca com a tuba do Tito. E agora tem tatu na tuba e muita confusão à vista. Uma singela homenagem a Braguinha e sua famosa música “Tem gato na tuba”. Na orelha do livro encontramos o Jogo do Tatu. A proposta de jogo é bem gostosa. As imagens de Graça Lima trazem uma leveza e uma riqueza de cores e traços. Vale a pena explorar essa parceria texto/imagem.

São muitos os caminhos para criar projetos para esses livros. Um dos caminhos possíveis é criar brincadeiras lúdicas a partir das noções de espaço e tempo que podem ser exploradas pela literatura de forma bem divertida, brincando com o conteúdo das histórias. Cada uma dessas histórias pode ser recontada de maneira que a turma brinque e vivencie o tema explorado nos livros. Pode ser criando, por exemplo, um calendário da semana e em cada dia inventar algo novo para fazer ou uma nova história para contar. Quem sabe podem ser contadas as histórias da Coleção Disquinho que foram resgatadas em CDs, cada um contendo uma história original? Mas também pode ser criado o projeto Criando imagens, onde cada criança, sobretudo as da educação infantil, poderá registrar apenas com desenhos o que ela faria se fosse um dos patinhos da história. Aonde ela iria “se perder” dos demais patinhos da ninhada? Ou o que ela faria se fosse o menino de Cadê? Onde se esconderia? E que bicho escolheria? Que dia da semana cada um prefere? E o que cada um faz para auxiliar em casa: ajudam a guardar o que bagunçam, por exemplo? Ou será que as crianças têm outras tarefas em casa?

Registre tudo como a sua criatividade pedir, cada desenho em uma folha de papel ou todos em um papel bem grande. Quem sabe em um papel de cada cor? A criatividade da turma ou de cada mediador de leitura será o limite para registrar a produção. Quem sabe nesse processo não acaba nascendo um livro de imagens da turma? Outro projeto que pode ficar bem interessante é criar livros de imagens a partir das cantigas de roda que as crianças mais gostam. Estaremos resgatando as cantigas, tão importantes do imaginário popular, e dando oportunidade para que as crianças recriem suas histórias só com imagens. Caso elas não conheçam as cantigas, eis aqui uma bela oportunidade para ensiná-las. Uma boa pedida para a feitura desses livros é usar e abusar de materiais bem diferentes para a criação das histórias: diferentes papéis, texturas, fitas coloridas, tintas, lápis de cor, lápis de cera, enfim, diversos materiais. O mediador de leitura pode sugerir a criação de um livro de cada criança, um livro de cada turma, ou quem sabe uma boa pedida será dividir a turma em grupos e criar um livro para cada grupo. Com as turmas dos maiores, a autonomia será maior na hora da criação. Com os pequenos, trabalhe dentro do que é possível para o universo da turma, mas acredite no potencial criador e inventivo de cada criança. Não fique esperando apenas imagens certinhas. Aposte na originalidade de cada um. Graça Lima já ilustrou diversos livros de diferentes autores de texto. Pesquise outros livros ilustrados por ela para conhecer as diferentes técnicas usadas pela ilustradora para criar suas imagens. Uma dica é procurar os livros na biblioteca da sua escola ou da Casa Azul.

d’après Graça Lima

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Heloisa Prieto

Quando você começou a escrever? Esta é a pergunta que ouço a cada conversa com leitores. Comecei com sete anos, literalmente. Na escola havia um exercício que se chamava “Descrição”. A professora colocava um grande quadro com uma imagem da natureza e precisávamos descrevê-lo. Eu, que sempre amei a vida ao ar livre e tinha dificuldade em me manter quieta, tinha a impressão de que uma janela se abria no meio da sala de aula. Descobri, muito rapidamente, que escrever me levava para lugares especiais. Viagens imaginárias cujo passaporte era meu lápis. Depois vieram os diários e quando morei no exterior, as cartas para minha mãe. O primeiro conto surgiu nos tempos em que eu era aluna de intercâmbio, nos EUA. Um texto escrito cuidadosamente, já que eu me esforçava para me comunicar em outra língua. Um texto que brotou de uma paixão súbita e violenta por autores como William Shakespeare e Robert Frost, cujas obras tive a oportunidade de conhecer durante aquela estadia. Anos depois, o nascimento de meu filho Lucas reaproximou-me da infância. Olhar o mundo como se fosse novo, por meio da sensibilidade de uma criança. A casa lotada de amigos, as conversas animadas, as brincadeiras loucas, os jogos simbólicos sem pé nem cabeça. Minha obra hoje é extensa. Alguns livros foram adaptados para o teatro, outros foram para o cinema. A série Mano, transformada no filme As melhores coisas do mundo, foi criada em parceria com Gilberto Dimenstein. Com frequencia, convido autores para compor antologias comigo. Livros ainda resgatam a presença de meu pai, Luiz Prieto, grande contador de histórias, cuja infância foi retratada em A panela da paz, e também registram minha amizade com Daniel Munduruku, escritor indígena, cujas palavras produzem deslocamentos na minha maneira de perceber o mundo. Aliás, creio que esta é uma das grandes magias da escrita: arrancar quem lê de seu universo corriqueiro para fazê-lo perceber a realidade por meio de outras perspectivas. Quem tem, como eu, o hábito de reler livros queridos como se fossem amigos, percebe que um mesmo texto pode funcionar como uma espécie de mosaico em movimento cujos desenhos mudam à medida que nossa experiência desvenda outras maneiras de ler as mesmas palavras. Por fim, outra pergunta: Por que você gosta tanto de escrever? Fazendo minhas as palavras de Jack London, escritor de grandes aventuras: “Porque escrever é sempre melhor do que não escrever”. Não deixe de ler o novo lançamento de Heloisa, O livros dos pássaros mågicos, com ilustrações de Laurabeatriz e publicado pela FTD. É uma boa pedida! 22

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Conhecendo as histórias

Navegando pelas histórias

Surfando nas histórias

Heloisa Prieto escolheu para representá-la neste Manual os livros: A vida secreta de Merlim, ilustrado por Janaina Tokitaka e publicado pela Escrita Fina; Divinas aventuras, Divinas desventuras e Divinas travessuras, todos ilustrados por Maria Eugênia e publicados pela Companhia das Letrinhas; Horror, humor & quadrinhos – as vítimas do mico contra o Trio do Terror, publicado pela Ática; e a série Cidadão Aprendiz, em parceria com Gilberto Dimenstein, ilustrada por Maria Eugênia e publicada pela Ática.

Heloisa também participou da organização de alguns livros sobre a cultura indígena, como, por exemplo, Meu lugar no mundo, de Sulami, apresentado neste Manual. As crianças podem pesquisar a vida e a obra de Heloisa e descobrir por que uma escritora que mora na “cidade grande” se comunica tão bem com o povo indígena e ao mesmo tempo vive fazendo pontes com a cultura clássica, como fez com a cultura grega em alguns de seus livros e também com as histórias medievais. Será que existe algo em comum entre essas histórias e esses povos?

O amor, a confiança, a arte e a solidariedade são os quatro títulos da série Cidadão Aprendiz que mais inspiraram o filme As melhores coisas do mundo, com direção de Laís Bodanzky e roteiro de Luiz Bolognesi. A história do filme acompanha o dia a dia de um grupo de adolescentes e seus dilemas: a sexualidade, a pressão pelo sucesso, seus medos, a descoberta do amor, o preconceito, o ambiente escolar, o peso das amizades, a relação com a família. Tudo isso abordado a partir dos acontecimentos na vida de Mano e seus amigos. É um filme incrível, e vale a pena tanto assisti-lo quanto ler os livros. Depois, parem, pensem e discutam como deve ser adaptar ou roteirizar um livro. Quais as diferenças e as semelhanças entre as linguagens da literatura e do cinema? Quais os tipos de adaptações que podem existir? Qual a liberdade do adaptador ou do roteirista? Quem sabe a turma não cria um roteiro para algum livro de Heloisa, por exemplo? E quem sabe não grava um DVD, ainda que bem caseiro?

A vida secreta de Merlim é uma narrativa extremamente ágil, gostosa de ler e que traz um lado da história da Távola Redonda pouco conhecido, o relacionamento secreto existente entre Merlim, metade elfo, metade humano, e Vivian, a fada do lago. Vale muito a pena ler esse livro e descobrir como Merlim e Vivian atuaram junto ao rei Arthur. Em Divinas aventuras, Divinas desventuras e Divinas travessuras, Heloisa explora as histórias da mitologia grega, cada um sob um aspecto diferente. As narrativas são um mergulho na cultura grega. A série Cidadão Aprendiz é composta por oito títulos: Mano descobre o @mor, a liberdade, a solidariedade, a diferença, a ecologia, a paz, a arte e a confiança e já foi adaptada para teatro e cinema. É uma série encantadora, que apresenta ao leitor múltiplos olhares sobre os temas, ao mesmo tempo em que proporciona um mergulho profundo nas questões que envolvem as dores e as alegrias juvenis.

Essa pesquisa serve de ponto de partida para uma entrevista que as crianças poderão fazer com a Heloisa ao longo da Flipinha. O resultado dessa entrevista pode gerar a produção de diversos textos que abordem os valores humanos (tema recorrente em outros livros da autora) como solidariedade, amor, amizade etc.

Aproveitem para pensar sobre esses assuntos, pois o debate de Heloisa na FlipZona vai ser sobre adaptações, e esse tema tem muita coisa para ser abordada, pensada, discutida, refletida... Se quiserem ampliar o repertório, procurem ler outros títulos da autora. Vocês não vão se arrepender.

Horror, humor & quadrinhos – as vítimas do mico contra o Trio do Terror conta a história de Martim, um garoto que inventa quadrinhos com os super-heróis Reflex, o mestre dos contrários, Vampirex, a perita das metamorfoses, e Vultex, o senhor do oculto. Lara, Biel e Guimão, três alunos bem populares na escola, decidem dar uma lição em Martim, que anda ameaçando a popularidade do trio do terror, e o convidam para jogar “mico”. A partir de então, coisas incríveis começam a acontecer na história, e ficção e realidade se misturam de tal maneira que o trio do terror vai ter que pensar duas vezes antes de perseguir outros alunos. d’après Janaina Tokitaka

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Ilan Brenman

Sou pai de duas lindas e sapecas meninas, Lis e Iris, que são fontes inesgotáveis de inspiração. Elas nasceram em São Paulo, eu nasci em Israel, meus pais na Argentina e meus avós na Rússia e na Polônia. Que confusão! Mas não acabou. Minha linda esposa, Tali, nasceu também em Israel e seus pais nasceram na Bulgária. Acho que é por isso que gosto de contar histórias de todas as partes do mundo. Além de contar histórias, fiz mestrado e doutorado na Universidade de São Paulo e me dedico a falar e a escrever sobre a importância da literatura na vida das pessoas. Tenho mais de trinta livros publicados (alguns premiados). Para saber mais sobre meus livros e trabalhos, acesse <www.ilan.com.br>.

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Conhecendo as histórias

Navegando pelas histórias

Ilan Brenman escolheu para representá-lo neste Manual os livros: Até as princesas soltam pum e Pai, todos os animais soltam pum?, ilustrados por Ionit Zilberman e publicados pela Brinque-Book; A cicatriz, também com ilustrações de Ionit e publicado pela Companhia das Letrinhas; O pó do crescimento e outros contos, ilustrado por Claudia Scatamacchia e publicado pela Martins Fontes; e O turbante da sabedoria e outras histórias de Nasrudin, ilustrado por Samuel Casal e publicado pelo selo Comboio de Corda da SM.

Ilan Brenman é um escritor e um contador de histórias de mão-cheia, como diriam nossas avós. Sendo assim, sugerimos a criação de um grande projeto ligado a contação de histórias. Os caminhos podem ser muitos para a criação desse projeto. Que tal começar lendo não só esses livros sugeridos, mas diversas obras do autor. As crianças podem inventar um personagem contador de histórias que irá resgatar os causos paratienses, por exemplo. Ou histórias de família, de caiçaras, da escola. Enfim, como a imaginação não tem limites, vale qualquer tipo de história que cada grupo ou a turma toda irá escolher para contar. Outra possibilidade é seguir o exemplo do livro secreto das princesas e criar o livro secreto das fadas, das bruxas, dos príncipes, dos reis, das rainhas e dos bobos da corte, por exemplo, para contar as histórias secretas desses personagens que nunca ninguém soube. Imagine uma bruxa ter uma dor de barriga bem na hora de fazer um feitiço terrível? Ou um príncipe soltar um pum megafedorento bem na hora da batalha e deixar o inimigo tonto? A criação dos textos pode seguir uma linha mais divertida ou mais séria. Tudo vai depender do que cada grupo desejar fazer ou de como vai querer se expressar.

Se você quer se divertir, leia Até as princesas soltam pum e Pai, todos os animais soltam pum?. No primeiro descobrimos o livro secreto das princesas, que tem um capítulo sobre os “Problemas gastrointestinais e flatulências das mais encantadoras princesas do mundo”. No segundo, a menina Laura e seu pai estão novamente às voltas com questões de puns, só que dessa vez dos animais. Em A cicatriz vamos conhecer Silvinha, uma menininha que caiu da cama e abriu o queixo. Silvinha ficou desesperada: será que seu queixo iria cai? Sua mãe explicou que não, mas ainda assim ela ficou preocupada. A partir de então, a menina vai se surpreender ao descobrir que todo mundo tem uma cicatriz. O turbante da sabedoria e outras histórias de Nasrudin faz parte de uma coleção sobre tradições populares. As histórias de Nasrudin circularam pelo Egito, Turquia, Uzbequistão, Síria, Irã ou Paquistão. Uns dizem que ele foi um representante de um ramo mítico do islamismo, o sufismo (vale uma pesquisa!). Suas histórias correram de boca em boca até ultrapassarem as fronteiras do mundo árabe e pararem nesse livro. Já em O pó do crescimento e outros contos, vamos conhecer algumas tramas, entre elas a da menina Ruth, que adorava puxar a barba do rabino; a de uma escola que sumiu em Cariló; a de um menino que nem comia tanto, mas que engordava sem parar. Essas e outras histórias estão te esperando.

Depois de resgatar e escrever – ou inventar escrevendo – suas histórias, as crianças podem montar grupos de contadores que sairão pela escola contando suas histórias para outras turmas, como, por exemplo, dos alunos menores. O legal será treinar bastante a leitura em voz alta com impostação de voz para que a contação seja um sucesso.

O próprio Ilan, em seu livro O turbante da sabedoria e outras histórias de Nasrudin, nos diz que a escolha dos textos que ele contou nesse livro foi subjetiva, que ele foi sendo capturado pelas histórias que imploravam que ele as contasse. Sendo assim, podemos brincar com as crianças perguntando que histórias as capturam e por quê? Esse pode ser outro ponto de partida para a criação de projeto que pode muito bem se chamar De boca em boca. Agora imagine só, depois de passar um bom tempo lendo e discutindo as histórias dos livros, as crianças tendo autonomia para contar o que essas histórias provocaram em seus imaginários e escolhendo a melhor maneira de recontar, ou inventar, ou imaginar, ou recolher aquelas que desejam compartilhar com a turma. Quem sabe desse projeto não nasce um grupo de contadores? Mas não se esqueça: em sua turma pode haver alunos tímidos, que não se sentem à vontade para ler em voz alta ou contar histórias. Tenha sensibilidade para descobrir se basta dar uma forcinha para que a timidez desse aluno vá embora ou se é preciso respeitar, permitindo que ele fique apenas nos trabalhos dos bastidores do projeto, recolhendo e escrevendo as histórias que um colega de turma poderá contar. A sensibilidade de cada professor nesses projetos com leitura faz toda a diferença na vida de um aluno. Nunca se esqueça disso! Agora é com você e sua turma! Leiam os livros, conversem e façam do projeto De boca em boca um sucesso na escola. E para terminar atiçando a imaginação, quem sabe (se o projeto der certo) uma boa ideia não seria as crianças contarem histórias pelas ruas de Paraty durante a Flipinha? Fica a sugestão! * Ilan tem livros em diversas editoras. Visite o site dele e descubra que outros livros você pode escolher para fazer parte do seu projeto de leitura.

d’après Ionit Zilberman

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Indigo

Quando escrevi meu primeiro livro, em 2001, algo me dizia que ali era o começo de uma longa história. Mas tudo era muito nebuloso. Eu só sabia que queria escrever para crianças e adolescentes. Os livros seguintes foram pipocando sem pedir licença. Hoje tenho 23 livros publicados, nem eu entendo como. No meio do caminho ganhei uma indicação para o prêmio Jabuti com A maldição da moleira e o prêmio Literatura para Todos do MEC, com o livro Cobras em compota. Tive a felicidade de ver O livro das cartas encantadas adaptado para o teatro e Saga animal publicado na Itália. Hoje sigo trabalhando no meu viveiro de personagens. Vivo numa chácara que me abastece diariamente com matéria-prima de altíssima qualidade. Aqui até as minhocas têm o que dizer.

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Conhecendo as histórias

Navegando pelas histórias

Surfando nas histórias

Índigo escolheu para representá-la neste Manual os livros Perdendo perninhas, ilustrado por Newton Foot e publicado pela Hedra; O colapso dos bibelôs, ilustrado por Weberson Santiago, Thiago Cruz e Klayton Luz e publicado pela Moderna; O livro das cartas encantadas, a correspondência secreta das princesas, ilustrado por Janaína Tokitaka e publicado pela Brinque-Book; e Gagá, memórias de uma mente pirilampa, ilustrado por Alê Abreu e publicado pela Scipione.

A partir da leitura dos livros O livro das cartas encantadas e Gagá, memórias de uma mente pirilampa, sugerimos a criação do projeto Correio literário: cartas encantadas. Cada criança irá escolher alguém para se comunicar e trocar cartas. O legal seria que cada uma escolhesse alguém com uma idade diferente da sua. Podem ser os avôs, bisavôs, tios ou parentes mais velhos para incentivar o diálogo entre gerações e a descoberta das diferenças existentes entre ambas. As crianças podem descobrir como os mais velhos brincavam, estudavam, se comunicavam... Os mais velhos podem entender melhor como as crianças de hoje se sentem em relação ao mundo. As cartas podem propor brincadeiras e aventuras, podem apresentar os sonhos e as fantasias de cada escritor, sejam crianças ou adultos. Mas as cartas devem ser entregues em mãos ou postadas nos correios. Não vale e-mail nesse projeto.

Segundo a biografia de Indigo na Wikipedia, ficamos sabendo que ela se formou em jornalismo, mas nunca exerceu a profissão por falta de interesse por aquilo que ela mesma chama de “informações reais, objetivas e factuais” e que em 1998 começou a publicar seus contos na internet, onde acabou ganhando o pseudônimo Indigo. Por isso, sugerimos que a turma da FlipZona crie um blog de produção artística ou mesmo científica, de acordo com a escolha de cada grupo. O importante é que os blogs sejam uma ferramenta de divulgação do trabalho dos jovens. A divisão em duplas ou grupos fica a critério de cada tuma, bem como a decisão de escrever um blog individual. O ideal é cada um descobrir sobre o que quer falar e escrever contando suas experiências e reflexões a respeito do que desejarem. Quem sabe postar fotos, desenhos, charges. Mas não podem se esquecer de criar um plano de divulgação dos blogs.

Perdendo perninhas conta a história de Ágata, que acaba de entrar na quinta série e sabe que tudo está prestes a mudar. Mas ela jamais imaginou que as mudanças pudessem ser tão drásticas. Uma situação leva Ágata a se refugiar em seu mundinho particular. Mas nem mesmo lá ela tem sossego. Como será que ela vai sobreviver aos temores da quinta? O colapso dos bibelôs faz parte da série Rumos na rede, que tem um projeto gráfico ousado. Desde a apresentação do livro entramos na estrutura de um blog e encontramos uma história escrita sob o ponto de vista de um menino que se vê às voltas com uma questão: o que aconteceria se, de uma hora para outra, as tecnologias que facilitam a comunicação virtual parassem de funcionar? O livro das cartas encantadas é uma divertidíssima obra que traz as correspondências secretas trocadas entre as princesas Branca de Neve, Cinderela e Bela Adormecida guardadas por anos a fio pela fala Gwenhyfar. Mas quem pensa que vai encontrar as personagens como nos contos tradicionais está muito enganado...

Outra possibilidade para o projeto Correio literário: cartas encantadas é enveredar por um caminho imaginário e montar uma troca de correspondências inventadas. As cartas podem ser escritas em duplas, cada criança fazendo o papel de uma personagem diferente. Ou criando mais de duas personagens se assim desejarem. Fica a critério de cada dupla. Ao final do projeto sugerimos que os professores façam uma pergunta para as crianças: afinal, o que essas cartas tinham de encantadas? As respostas poderão surpreender!

Então, vamos lá! Vamos surfar pelo mundo virtual e descobrir quanta coisa nova pode surgir a partir desse mergulho? * Não deixe de conhecer também o livro Uma amizade improvável, que Índigo escreveu com Maria José Silveira e Ivana Arruda Leite, publicado pela Ática e que constitui mais uma opção de leitura para os jovens.

Gagá, memórias de uma mente pirilampa conta a história de Maurício e seu bisavô, que tem mais de cem anos e está com deficiências de memória. Maurício percebe que a mente do bisavô passou a funcionar como um pirilampo e resolve aproveitar os momentos em que a mente está “acesa” para propor uma divertida aventura com direito a uma Fada Azul e Pequenas Criaturas Macabras.

d’après Alê Abreu

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Leonardo Chianca

Paulistano, nascido em 2 de junho de 1960, concilio as atividades de editor e escritor de literatura infantil e juvenil. Comecei a escrever com intenções literárias aos catorze anos, estimulado por leituras de poetas brasileiros como Ferreira Gullar e Carlos Drummond de Andrade, e pelo português Fernando Pessoa. Mais tarde, apaixonei-me pela literatura de Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu, e passei a admirar a genialidade do escritor argentino Julio Cortázar. Vindo de família de escritores, continuo convivendo nesse universo. Hoje sou casado com Márcia Leite, premiada autora de livros de literatura infantojuvenil e de didáticos de Língua Portuguesa. No final dos anos 1970, participei de diversos grupos de poetas, publicando esparsamente alguns de meus poemas em jornais literários alternativos ao mercado editorial. Criei e desenvolvi, nos anos 1980, uma rádio livre (“pirata”, sem interesse comercial, apenas político e artístico-cultural) chamada Vírus, onde escrevia e produzia peças radiofônicas. Meu primeiro livro, O menino e o pássaro, foi publicado pela Editora Scipione, em 1992. De lá pra cá, venho publicando regularmente por diversas editoras. Na última década, tenho dedicado especial carinho às adaptações de clássicos da literatura universal. Sou sócio da Edições Jogo de Amarelinha <www.jogodeamarelinha.com.br>, que edita e produz livros na área educacional para editoras de todo o país.

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Conhecendo as histórias

Navegando pelas histórias

Surfando nas histórias

Leonardo Chianca escolheu para representá-lo neste Manual os livros: Drácula, ilustrado por Rogério Borges, e Frankenstein, ilustrado por Guazzelli, ambos publicados pela DCL; O conde de Monte Cristo, ilustrado por Marcelo Martins e publicado pela Escala Educacional; e Romeu e Julieta, ilustrado por Cecília Iwashita e publicado pela Scipione.

Para trabalhar com as crianças, sugerimos o título Drácula. O professor pode aproveitar outras histórias mais contemporâneas envolvendo vampiros, como, por exemplo, a série Crepúsculo, ou personagens de programas humorísticos, como o Beto Carneiro, o vampiro brasileiro, feito por Chico Anísio, ou ainda um episódio da Turma da Mônica chamado O vampiro esfomeado (disponível em: <http://www. monica.com.br/comics/esfomeado/ welcome.htm>). Quais seriam as principais semelhanças e diferenças entre esses vampiros? Qual a principal mudança de comportamento do Conde Drácula, de Bram Stoker, para os vampiros atuais?

Leonardo Chianca tem diversas adaptações de clássicos em seu currículo. De Homero a Cervantes, de Shakespeare a Mary Shelley, adaptar grandes autores é sempre um imenso desafio e uma grande responsabilidade. Mas os clássicos sobrevivem ao tempo, às mudanças de hábito e da vida cotidiana.

Conde Drácula é o mais conhecido vampiro de todos os tempos. Nasceu na Transilvânia em 1431. Quando Jonathan Harker, um corretor de imóveis britânico, vai à Transilvânia, a fama do terrível conde ainda não havia se espalhado. Terror e suspense são as palavras-chave dessa história aterrorizante, contada em forma de diário. Há quase duzentos anos, a escritora Mary Shelley escreveu aquele que é considerado o primeiro romance de ficção científica e uma das maiores obras de terror de todos os tempos: Frankenstein. A autora constrói a trágica história de Victor Frankenstein, que cria um monstro em seu laboratório que ele mesmo acaba por rejeitar. A criatura, na ânsia de compreender sua origem e a razão de sua profunda solidão, persegue seu criador até destruí-lo. Um romance histórico? Um livro de aventuras? Uma história universal sobre a vingança? O conde de Monte Cristo admite muitas leituras. A ideia inicial de Alexandre Dumas, autor do texto original, era reconstruir a história nacional francesa. Mas a obra fala também da história de um homem que toca o impossível. Da inocência à vingança, passando pelo ódio e pela loucura, Edmond Dantés tem a ousadia necessária para transpor obstáculos, encontrar o tesouro da ilha de Monte Cristo e, assim, destruir a vida de seus traidores. Em Verona, na Itália, por volta de 1600, acentuou-se a rivalidade entre duas famílias inimigas. Num baile de máscaras, Romeu Montecchio e Julieta Capuleto se conheceram. A paixão é mútua e instantânea. Ao descobrir que pertencem a famílias inimigas, os dois se desesperam e resolvem se casar em segredo. No entanto, o destino desse amor seria trágico.

Inspirado nos quadrinhos da Turma da Mônica, que tal elaborar junto com as crianças uma história de um vampiro de Paraty, criando para ele um nome, uma história, uma profissão... Os alunos podem sugerir um local para sua moradia, uma família a qual ele pertence, se tem ou não amigos (seriam eles também vampiros, fantasmas, ou seres fantásticos?). A imaginação, neste caso, comanda a atividade. Os quadrinhos criados pelos alunos podem ir para um quadro ou painel dentro da escola, gerando discussões semelhantes em outras turmas. Quem sabe a escola não propõe a Semana dos Clássicos, onde cada turma faria uma apresentação, com temas variados, que poderia ser uma peça teatral, quadrinhos, desenhos, textos sobre a experiência de ler um clássico. Enfim... são muitas as possibilidades.

Sugerimos a leitura de outros clássicos adaptados pelo autor, como Romeu e Julieta ou Hamlet, de Shakespeare, ou ainda Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. Várias possibilidades de atividades surgem daí, como a adaptação desses clássicos para uma peça teatral produzida pelos jovens (incluindo roteiro, cenário e figurino) ou mesmo a produção de um curta onde os atores seriam os alunos, e os temas seriam baseados nos clássicos apresentados neste Manual. O primeiro passo é a escolha do título e a divisão da turma em grupos, pois a produção de uma peça ou de um curta envolve muitas etapas: direção, roteiro, figurino, cenário, produção, montagem etc. Cada aluno escolherá seu papel no circuito. Em seguida, todos leem a obra escolhida e se reúnem para discutir os aspectos centrais da trama. A partir daí, mãos à obra! É importante criar um cronograma de produção e um relatório de atividades, para que nada fique de fora! E quem sabe criar um blog para discutir a produção dessa atividade. Uma outra opção seria criar um folhetim (como fez Alexandre Dumas no século XIX, inserindo seus romances nos jornais da época), que pode ser impresso em papel A4 mesmo, ou ser feito em suporte digital, como um blog, contando em cada número aspectos relevantes dos clássicos aqui sugeridos, falando da obra do escritor, ressaltando trechos, enfim, algo que pudesse ser distribuído nas escolas e na biblioteca da Casa Azul. Como vocês podem ver, o trabalho é múltiplo e requer organização.

d’après Guazzelli

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Lúcia Hiratsuka

Quando eu era criança, adorava rabiscar no quintal da casa, no sítio onde nasci e cresci, interior de São Paulo. Desenhei um peixe no chão de terra e nunca mais parei. Vim para a capital pouco antes dos dezesseis anos, me formei na Faculdade de Belas-Artes de São Paulo e depois comecei a trabalhar com literatura infantil. Continuei participando de aulas de pintura, oficinas de escrita e narrativa. Estudei no Japão durante o ano de 1988 e aprendi mais sobre os livros ilustrados. Recebi os prêmios APCA’95, várias menções Altamente Recomendável da FNLIJ, o terceiro lugar no Jabuti 2006 na categoria ilustrações por Contos da montanha, e o prêmio FNLIJ 2007/melhor reconto, por Histórias tecidas em seda. Hoje, busco inspiração principalmente na minha infância, um período cheio de espantos, medos, dúvidas, encantos, descobertas e brincadeiras. Acho que estou realizando o sonho que sempre alimentei desde o meu primeiro peixinho: trabalhar com desenhos e histórias. Quero estar sempre junto dos peixes.

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Conhecendo as histórias Lúcia Hiratsuka escolheu para representá-la neste Manual os livros com texto e ilustrações de sua autoria: Histórias tecidas em seda, publicado pela Cortez; Corrida dos caracóis e Urashima Taro – A história de um pescador, ambos publicados pela Global; e Lin e o outro lado do bambuzal, publicado pela SM. Histórias tecidas em seda reúne três lendas japonesas muito antigas, contadas e recontadas por várias gerações. Em “O pássaro do poente”, a mulher cultiva um mistério envolvendo a máquina de tear e os lindos tecidos que cria. Já em “Hachikazuki”, a mãe antes de falecer coloca um vaso na cabeça da filha prometendo que aquilo lhe trará muita felicidade. Como isso seria possível? “Tanabata” fala de um jovem camponês que se apaixona por uma moça que vive num reino distante, acima das nuvens. Histórias para ler, reler e contar aos amigos. Corrida dos caracóis é uma narrativa divertida onde dois amigos resolvem apostar uma corrida de caracóis, cada qual com o seu. Uma viagem a lugares inesperados parece não chegar ao fim. Uma linda história de carinho e respeito, no rastro dos caracóis. Será que eles são mesmo animais lentos? Leia o livro e descubra.

Navegando pelas histórias Cada povo tem seus contos populares. Urashima Taro – A história de um pescador é um conto popular do Japão repleto de fantasia e mistério. O fascínio pelo desconhecido e pelo proibido e o desejo de crescer são alguns dos elementos que compõem essa trama. Mais que riqueza cultural, os contos constituem uma necessidade básica, uma linguagem comum, um elo entre os povos e entre as gerações. Lin e o outro lado do bambuzal conta a história de Lin, um filhote de raposa que mora de um lado da floresta, e de Yumi, uma menina que vive do outro lado da floresta e que toca a música mais linda que o filhote de raposa já escutou. Separando os dois há um grande bambuzal, onde um brotinho de bambu muito baixinho sonha em crescer e ficar bem alto para conhecer o mundo. Nessa obra os sonhos e a imaginação ganham vida e forma por meio de belíssimas ilustrações.

Apesar das diferenças entre as histórias de cada país, eles trazem elementos comuns no mundo inteiro. Passados de pai para filho, de avós para netos, os contos populares são fonte de transmissão de experiências, muitas vezes de modo simbólico, trazendo uma visão de mundo e abordando os diversos aspectos que constroem a cultura de uma nação. Uma opção de atividade seria fazer um trabalho com os contos populares que constam deste Manual, incluindo os contos indígenas apresentados pelo escritor Daniel Munduruku. Que semelhanças e diferenças os contos populares indígenas e japoneses possuem? E as imagens que os ilustram – elas possuem semelhança nos traços e nas cores na representação dessas culturas tão diversas? Poderíamos incluir os contos populares brasileiros e fazer o mesmo paralelo. Mãos à obra! Podemos também aproveitar o título de um dos livros indicados pela Lúcia para este Manual e trabalhar com as crianças a pintura em tecido no projeto Histórias tecidas. A turma deve ser dividida em grupos, e cada um deles deve criar uma história que será contada por meio da pintura em tecido: pode ser lençol, camisetas, bolsas de tecido... O suporte é o que menos importa. O interessante é que seja criado um fio narrativo conduzido pelas imagens. Que tal propor a representação de uma lenda ou conto popular da cidade de Paraty? A sugestão seria orientar os alunos a perguntarem aos adultos da família algumas histórias da cidade.

d’après Lúcia Hiratsuka

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Marcelo Carneiro da Cunha

Sou um gaúcho transplantado para São Paulo. Vivi na região da Serra Gaúcha os meus primeiros anos e estudei em uma escola pública na qual tínhamos aula de religião e a professora nos contava histórias do demônio. Em compensação, havia ali uma boa biblioteca. Com ela, mais a biblioteca do meu pai, consegui me safar da escola e dos anos da ditadura sem maiores sequelas, aparentemente. Aprendi a ler sozinho, em parte porque quase não havia televisão. Lendo à solta, descobri que havia livros chatíssimos e livros ótimos, e me dediquei a aprender a separar uns dos outros. Descobri também que havia autores adultos que escreviam divinamente livros com personagens adultos, e livros com personagens garotos, e foi assim que conheci Monteiro Lobato, Mark Twain e William Faulkner – Salinger mais tarde. Foi desta forma que revolvi que escreveria livros que não fossem chatos e com personagens legais, motivo pelo qual não me sinto absolutamente fazendo literatura adulta ou juvenil, mas tentando, continuamente, fazer literatura não-chata, como faziam os meus ídolos Machado, Hemingway, Simenon, Dalton Trevisan, Rubem Fonseca, Tchecov, além dos já mencionados. A tudo isso se juntou o cinema, - meio que por falta de escolha -, e escrevi dois curtas que viraram filmes de sucesso. Também adaptaram dois livros meus, Antes que o mundo acabe e Insônia. Interessa-me o aqui, o agora, e o que vai acontecer. Aqui quer dizer toda parte, com ênfase no Brasil. Agora é algo que acaba de passar, e o que vai acontecer é o que já está dobrando a esquina. Interessa-me o contemporâneo, e este é o tema de tudo o que escrevo, o tempo inteiro, à medida que ele vai acontecendo e indo em frente. Vivo em São Paulo porque qualidade de vida, pra mim, quer dizer qualidade da vida humana ao nosso redor. Estatisticamente, num lugar com tanta gente, deve se poder esperar muitas pessoas de muita qualidade humana, e acho que acertei na escolha, mesmo que, de tempos em tempos, sinta dor na cacunda de saudades do meu Rio Grande do Sul. Vivo aos pedaços: uns em Buenos Aires, uns no interior do Rio Grande, uns em Nova York, uns em Berlim, e o resto por aí e aqui. Dedico-me atualmente a espalhar moléculas em um universo mais amplo e diversificado, criando projetos que me levem a novos lugares e em contato com novas pessoas. Viver, como dizia a minha imortal avó Jovita, nunca é demais.

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Conhecendo as histórias

Navegando pelas histórias

Surfando nas histórias

Marcelo Carneiro da Cunha escolheu para representá-lo neste Manual os livros: Antes que o mundo acabe, com capa de Cristina Junchem, Insônia, com capa de Tatiana Sperhacke, ambos publicados pela Projeto; Super, com capa de Tita Nigri e publicado pelo selo Galera Record; e a coleção No-Ar, composta pelos livros Codinome Duda, Duda 2 - a missão e Duda 3 a ressurreição, com capa de Tatiana Sperhacke e publicado pela Projeto. Codinome Duda tem ilustrações de Guazzelli.

Sugerimos para a turma mais jovem a leitura de Codinome Duda, Duda 2 – a missão e Duda 3 – a ressurreição, ou seja, todos os livros que compõem a coleção No-Ar. Após a leitura dos livros, vale muito a pena debater a respeito dos assuntos que eles abordam e depois dividir a turma em duplas, ou em grupos maiores, para que possam brincar de detetives e investigar coisas que achem interessantes na escola, na cidade ou mesmo na família. A turma pode escolher um tema (se for o caso) e descobrir informações sobre esse tema. Por exemplo, descobrir o passado e a história da fundação da cidade de Paraty. Devem existir pessoas que conhecem causos antigos. Cada grupo pode ficar responsável por descobrir algo que ninguém sabia até então. E depois podem encontrar uma maneira de registrar essas descobertas. Pode ser criando um álbum de fotos, real ou virtual, ou um livro ilustrado contando todas as descobertas. Se a turma preferir, pode montar uma peça de teatro bem divertida. Será que vai ter gente se apaixonando no meio das investigações? Ou será que vai ter muita confusão? Ah! Isso só vivendo mesmo para descobrir, mas o legal será criar o projeto Investigação e ver quantas coisas novas podem ser descobertas. O tema “Paraty” foi apenas uma sugestão. Vale pensar com a turma o que cada grupo quer investigar. Bom trabalho!

Dois livros de Marcelo Carneiro da Cunha viraram filme: Antes que o mundo acabe e Insônia. O primeiro já está disponível, o segundo está sendo lançado. Então, uma sugestão é ler os livros, assistir aos filmes e depois debater sobre as diferenças de estrutura e tempo da narrativa existentes entre a literatura e o cinema. A leitura de Antes que o mundo acabe, Insônia e Super pode gerar um debate bem aberto com a turma, pois certamente os três livros irão mexer com a cabeça da moçada. São livros muito próximos do leitor, com temas modernos, abordagens bacanas e linguagem gostosa, daqueles que acabam pedindo uma boa conversa após a leitura, pois mexem com as emoções e os sentimentos.

Antes que o mundo acabe é uma surpreendente história de encontros e desencontros. Daniel é o protagonista que, de um dia para o outro, precisa repensar sua história de vida, tudo por conta de uns envelopes que chegam pelo Correio com o seu nome no remetente. Mas por que será que o livro tem este título: Antes que o mundo acabe? Só lendo mesmo, porque a resposta é de emocionar. Você não vai se arrepender! Já em Insônia você vai conhecer uns personagens incríveis, que irão deixá-lo sem fôlego e sem sono. Vai descobrir muitas coisas, entre elas que poesia pode não ser algo tão chato ou que alguém que você nem esperava pode gostar de você. Como em Insônia, Super também fala sobre internet, mas com certeza Super vai surpreender, porque é um livro cheio de descobertas. Por exemplo, você sabe o que é ser LOG ou DIG? Sabe o que os hackers andam fazendo pela internet? Sabe o que a ciberpolícia faz na internet? Não!!! Então corra para ficar por dentro de tudo isso! Já na coleção No-Ar, você vai conhecer Duda, Cláudia e seus amigos. Os três livros que compõem a coleção trazem sempre uma série de aventuras, descobertas, confusões e muitas investigações. Os livros de Marcelo são daqueles que você começa a ler e não consegue parar até chegar ao final.

O que será que os personagens criados por Marcelo têm em comum? Vale pensar nisso. Sugerimos, baseados no título de um de seus livros, a criação do projeto Antes que o mundo acabe. Hoje, com as facilidades das câmeras digitais, os alunos podem sair pela cidade fotografando o que eles querem registrar antes que o mundo acabe. Será que a turma vai sair do projeto pensando coisas novas? O que será que poderá acontecer quando os alunos começarem a pensar sobre o querem registrar do mundo, da vida ou de si mesmos? Que tal fazer um curta-metragem com o material produzido pelos alunos? Ou um DVD? Ou algum tipo de mídia eletrônica? Seja de um jeito ou de outro, o legal será expor todo o material produzido e ter uma conversa antes e depois do projeto. É bem provável que a turma se modifique e se repense após tanta leitura instigante e provocadora. Não há como não redimensionar a vida após ler esses livros. * Marcelo também tem outros livros publicados pela Editora Projeto. Vale a pena conhecer toda a obra dele.

d’après Tita Nigri

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Marcelo Cipis

Nasci em São Paulo em 1959. No antigo primário, tive aulas de arte com Fanny Abramovich. Formei-me arquiteto pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, em 1982. Desde o primeiro ano da faculdade comecei a trabalhar como ilustrador, inicialmente junto com meu irmão, Milton Cipis. Eu desenhava a maioria das coisas e ele pintava. Começamos ilustrando para a saudosa Revista Recreio, da Abril, na época dirigida por Ruth Rocha. Em 1982, após uma viagem para a Europa, iniciei minha carreira como artista plástico. Participei de vários salões de arte contemporânea, até que em 1988 realizei a minha primeira exposição individual na Galeria Documenta, em São Paulo. Em 1989, fiz outra exposição individual na Kramer Galeria, também em São Paulo, e em 1991 participei da 21ª Bienal Internacional de São Paulo com uma instalação chamada Cipis Transworld, Art, Industry & Commerce. Esta exposição rendeu convites para as bienais de Havana de 1992 e 1994 e para uma coletiva de arte brasileira no Fujita Vente Museum em Tóquio, em 1993. Em 1999 lancei o meu primeiro livro, 530g de ilustrações, pelo Ateliê Editorial. Pegamos um protótipo do livro e o pesamos; o seu peso resultou no nome da obra. Eram ilustrações feitas para a coluna de Joyce Pascowitch na Folha de S.Paulo de 1991 a 1996. Em 2000 ganhei a bolsa de arte da Pollock-Krasner Foundation, NY. Em 2001 nasceu meu filho João e em 2002 lancei meu segundo livro dedicado a ele chamado Era uma vez um livro, pela Companhia das Letrinhas. Em 2004 fiz uma exposição individual na Galeria Virgílio chamada “Como é bom pintar”. Em 2005 nasceu meu segundo filho, Paulo. A partir de 2007 lancei uma série de livros. Também em 2007 passei a ser representado como ilustrador nos Estados Unidos pela Lindgren & Smith Inc, NY. Em 2010 lancei uma revista chamada Some Contemporary Art Themes, de produção independente.Estou com alguns lançamentos: O pequeno livro e Faz sentido, pela Editora Peirópolis, O livro chic do futebol e Superzeróis, pela Cosac & Naify, e Move tudo, pela Companhia das Letrinhas. Já recebi diversos e prêmios e em 2010 fui um dos dez indicados para o prêmio Jabuti de ilustração infanto-juvenil pelo livro A interessante ilha Dukontra.

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Conhecendo as histórias

Navegando pelas histórias

Marcelo Cipis escolheu para representá-lo neste Manual os livros: De passagem, livro de imagens publicado pela Companhia das Letrinhas; Cores das cores e Barulho, barulhinho, ambos escritos por Arthur Nestrovski e publicados pela Cosac & Naify; A interessante ilha Dukontra, publicado pela Companhia das Letrinhas, e Rói e Rúti, publicado pela WMF Martins Fontes.

Marcelo Cipis é um autor de texto e imagem, embora seu trabalho seja mais relevante com as imagens.

De passagem é um livro de imagens que pode ser trabalhado com crianças de diferentes níveis de leitura. Um mesmo personagem inserido em diversos ambientes, criando um fio narrativo que permite várias possibilidades de leitura. Faça você a sua! Barulho, barulhinho e Cores das cores são obras que retratam uma grande brincadeira com os sentidos e os significados das palavras. Cada título é desenvolvido mostrando os diversos desdobramentos sobre cada tema, dando ao leitor as múltiplas possibilidades de uso das palavras e suas composições. As duas obras terminam trazendo uma listagem ligada ao título, dando margem à criação de várias brincadeiras com o uso das cores (nomes verdadeiros e inventados de cores) e sons (nomes de alguns barulhos de gente e de bichos). A interessante ilha Dukontra traz uma grande brincadeira com os conceitos que consideramos fixos, como, por exemplo, o céu ser azul e as rodas da bicicleta, redondas. Na ilha Dukontra, o mar é sempre amarelo e as pessoas dormem em pé. Seria isso possível? A neve poderia ser preta e o petróleo branco? Como nessa ilha tudo é do contra, o começo da história pode ser o fim, e o fim, o começo. Vale a pena ler esse livro dando asas a sua imaginação.

Com seus livros, sugerimos o projeto Cores, formas e sons. A turma construirá um jogo da memória. Divididos em grupos, os alunos decidirão o tema do jogo e serão responsáveis pelos desenhos e pelas palavras das placas (que podem ser feitas de papelão, folhas de papel cuchê ou mesmo papel ofício). O professor mediador de leitura deve ter sensibilidade para perceber como dividir os grupos de acordo com as habilidades de cada criança. Alguns temas podem nortear a construção desse jogo, como, por exemplo, animais, objetos, meios de transporte e instrumentos musicais, entre outros. Use tinta, giz de cera, recortes de jornal e/ou de tecidos... Enfim, dê asas à imaginação.

Os jogos podem fazer parte da biblioteca da escola, podendo ser aproveitado nos anos seguintes por outros alunos. Um desdobramento interessante para essa brincadeira seria a criação de um texto coletivo onde as crianças falariam das cores, formas e sons relacionados ao cotidiano de cada um, como, por exemplo, a cor da sua casa ou do carro da família, o som de sua música preferida, a forma do seu brinquedo predileto. Esse texto pode ser lido pelas crianças em sala de aula. Se possível, o aluno pode levar o objeto relatado em seu texto para a classe e dividir suas opiniões com os colegas. Uma outra atividade que sugerimos é reunir a turma para assistir ao filme Ratatouille, produzido pela Walt Disney, que conta a história de um rato que sonha ser um grande chef. Com base no filme e na leitura de Rói e Rúti, muitas questões podem ser divididas com a classe, como: se Rói e Rúti fossem à Paris e visitassem o restaurante onde o chef era um rato, eles desconfiariam? O que aconteceria se o rato do filme fosse chef no Brasil, talvez na Bahia? Uma proposta divertida seria criar um roteiro de filme para Rói e Rúti, baseado em um acontecimento descrito no texto, como por exemplo a ida ao supermercado ou a viagem aos Alpes.

Rói e Rúti é um lindo relato de amor de dois ratinhos que moram no Brasil e são pra lá de especiais. Eles vivem se divertindo, viajando, mas também adoram trabalhar. Rói é desenhista e Rúti é arquiteta. Esse livro fala sobre um casal que, apesar das diferenças, vive em eterna lua de mel. Sabe qual é o segredo? Você vai descobrir lendo essa história cheia de amor, respeito e cuidado.

d’après Marcelo Cipis

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Márcia Leite

Nasci, cresci e construí minha vida pessoal e profissional na cidade de São Paulo. Comecei a escrever na minha adolescência e a publicar “de verdade” há quase 25 anos. Hoje são muitos os títulos infantis e juvenis. Alguns dos livros infantis focalizam o cotidiano das crianças urbanas, a importância do imaginário e das relações familiares. Já os títulos juvenis exploram as descobertas e angústias do adolescer, problematizando questões pertinentes à realidade e às fantasias dos jovens, como: vínculos familiares, apaixonamento, exclusão, gravidez, uso de drogas, homossexualidade e morte, entre outros. Ganhei o Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira, na categoria juvenil, com o livro Aqui entre nós, que tem como protagonista um adolescente “cadeirante”. A obra também recebeu o selo Altamente Recomendável para Jovens pela FNLIJ e foi traduzida para o alemão pela Editora Esslinger. Também ganhei o Prêmio Açorianos de Literatura na categoria infantil, compartilhado com o escritor Caio Riter, por nossa coleção Historinhas bem... Em 2010, meu livro Do jeito que a gente é ficou entre os finalistas indicados para o prêmio Jabuti, na categoria juvenil. Para a televisão, escrevi roteiros de teatro e contos para o programa Bambalalão, da TV Cultura. Também sou educadora e autora de coleções didáticas na área de Língua Portuguesa. Não consigo imaginar minha história pessoal sem a literatura. Ela se faz presente em minha vida em todos os momentos. Para dizer a verdade, mesmo quando não estou escrevendo, estou escrevendo. A literatura sempre garantiu uma necessidade básica minha, sem a qual eu não me entenderia: um contato profundo e verdadeiro com meu mundo interior. Por meio da literatura eu me humanizo, me coloco no lugar do outro, sigo buscando o sentido da existência. Margueritte Duras, escritora e dramaturga francesa, costumava dizer que algumas pessoas têm necessidade de viver duas vezes, uma quando vivem e outra quando escrevem. E que algumas vezes essa segunda vida se torna mais importante que a primeira. Concordo com ela. Quando leio ou escrevo, sinto que estou vivendo com mais intensidade. Talvez seja por isso que meus personagens são um pouco parecidos comigo e com todo mundo. Talvez seja por isso que meus leitores sempre se encontrem, de alguma maneira, naquilo que escrevo. 36

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Conhecendo as histórias

Navegando pelas histórias

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Márcia Leite escolheu para representá-la neste Manual os livros: Olívia tem dois papais, ilustrado por Taline Schubach e publicado pela Companhia das Letrinhas; a série Historinhas bem... escrita em parceria com Caio Riter e publicado pela Escala Educacional; Do jeito que a gente é, com ilustrações de MZK e publicado pela Ática; e Não é bem assim! Contos de dúvidas e decisões, ilustrado por Cris Burger e publicado pela SM.

Olívia tem dois papais e a série Historinhas bem... podem render um belíssimo projeto sobre como meninos e meninas pensam o mundo e a diversidade de opiniões. Será que existe alguma diferença entre meninos e meninas em relação a temas como família, amor, amizade, medos, inseguranças? O que será que pode ser nojento para um menino ou para uma menina? Ou assustador? Ou apaixonante?

Do jeito que a gente é e Não é bem assim! Contos de dúvidas e decisões são dois excelentes livros para provocar os jovens leitores. A criação do projeto Do jeito que a gente é pode ser uma boa pedida, porque os dois livros falam de temas que podem fazer parte da vida de qualquer jovem. Debater os temas dos livros, procurar inclusive outros títulos de Márcia voltados para jovens, pode ser um bom início de debate entre as turmas. Para complementar o projeto e ampliar o debate, vale assistir ao filme As melhores coisas do mundo (já citado neste Manual na parte da autora Heloisa Prieto).

Olívia tem dois papais conta a história da pequena Olívia e sua família homoafetiva. Uma delicada história sobre o amor familiar que rompe preconceitos. A série Historinhas bem... é composta por quatro títulos e possui um projeto gráfico bem diferenciado. Cada título apresenta duas histórias bem Apaixonadas, Asquerosas, Assustadoras e Mentirosas. A contada por Márcia é sob o ponto de vista de uma menina e, por Caio, de um menino. O mais gostoso dessa série é que descobrimos como meninas e meninos podem ser tão diferentes e tão parecidos em relação a esses temas. Do jeito que a gente é conta a história de dois personagens muito singulares: Chico e Beá, adolescentes que precisam ter coragem para assumir quem são e romper preconceitos e barreiras sociais e familiares. Cada um do jeito que é. Esse é um livro que vai mexer com a emoção dos leitores. Quer conhecer esses personagens e saber como suas vidas se cruzam ao longo da história? Abra correndo esse livro e leia. Você vai se surpreender. Não é bem assim! Contos de dúvidas e decisões, como próprio título já nos conta, é um livro de contos que apresenta temas ligados à juventude, como amor, raiva, amizade e maternidade na adolescência. É um livro cheio de caminhos desconhecidos e por isso mesmo cheio de descobertas inesperadas, que vai mexer com as emoções do leitor. O livro faz parte da coleção Muriqui. Descubra o porquê.

Partindo da leitura do livro Olívia tem dois papais, o debate pode começar com uma enquete sobre como são as constelações familiares de cada criança da turma. Os registros podem ser feitos de acordo com a sua criatividade. O mais interessante será explorar a diversidade, o cuidado e o respeito que devemos ter com o que é diferente de nós. E o que será que tem de mais legal na casa da Olívia, por exemplo? Será que a turma não vai acabar descobrindo que existem famílias bem diferentes? Que tal embarcar nesse projeto e criar livros como os da série Historinhas bem... Livros com dois lados e dois olhares sobre o mesmo tema. Quem sabe a turma não cria o título Historinhas bem diferentes de família? Na verdade serão vários livros com este título. Divida a turma em duplas e cada uma delas fará um livro. Todos com historinhas bem diferentes de família. Você pode dividir as duplas da forma que achar mais conveniente para a turma. Não é necessário seguir o modelo de um menino e uma menina, até porque a turma pode não comportar uma divisão tão precisa. Sugerimos que antes de propor a criação dos textos ou mesmo da feitura dos livros, que devem ter ilustrações das próprias crianças, os professores mediadores de leitura proponham diversos bate-papos sobre os temas dos livros. Mas o mais importante será o mediador estar aberto para respeitar as diferenças que podem surgir, para conduzir bem o debate, de maneira que todos se sintam acolhidos e respeitados.

Colocar os jovens pensando em quem eles são, o que fazem no mundo, o que querem, que medos têm, que anseios, dúvidas, angústias, alegrias, paixões, desejos... pode ser o pontapé inicial do projeto Do jeito que a gente é. Com certeza este será um trabalho que irá mexer muito com as turmas. Certamente, ao final do projeto, todos estarão mais amadurecidos e renovados, uma vez que terão pensado sobre a vida, sobre si mesmos e sobre os outros. Achamos que não vale a pena dar uma dica específica de como registrar esse projeto; acreditamos que a partir da leitura dos livros, dos debates e do filme, os próprios jovens podem escolher como querem se expressar. Jogos dramáticos com os jovens podem ser bem-vindos no início do processo, caso tenha algum bom mediador para desenvolver essa atividade na escola. E quem sabe os professores também não participam, contando quem eles são ou como eram quando jovens... Quem sabe os jovens não resolvem entrevistar seus pais para saber quais anseios eles tinham na juventude? Estão vendo como os livros podem abrir diversas portas para mergulharmos em suas histórias? Bom mergulho e bom trabalho!

d’après Renato Moriconi

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Mariana Massarani

Sou carioca, nascida nos anos 60. Na minha casa todo mundo desenhava: pai, irmãos e a Lourdes, que veio direto do Piauí trabalhar com a gente. Como não dava para rabiscar nas paredes, eu me escondia debaixo de um sofá com fundo de madeira e me esbaldava com giz de cera. Nas aulas era o tempo todo: nos cadernos, nas paredes e nos braços. Pensei em ser bailarina, pintora e física nuclear. Acabei me formando em Desenho Industrial, mas logo virei ilustradora, começando no Jornal do Brasil, onde fiquei por treze anos. Paralelamente, comecei a ilustrar livros infantis. Já fiz desenhos para uns cem livros infantis, sendo que nove deles eu também escrevi a história. Recebi quatro prêmios Jabuti com minhas ilustrações e participei duas vezes da Mostra dos Ilustradores da Feira de Bolonha na Itália - Bienal da Bratislava. Para saber mais sobre o meu trabalho visite o blog <http://capaduraemcingapura.blogspot.com/>.

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Conhecendo as histórias

Navegando pelas histórias

Mariana Massarani escolheu para representá-la neste Manual os livros Quando Pedro tinha nove anos, Banho e Os mergulhadores, todos escritos e ilustrados por ela mesma e publicados pela Global, e Berimbau mandou te chamar e Toda criança gosta..., ambos com textos de Bia Hetzel, ilustrados pela própria Mariana e publicados pela Manati.

Como sempre os caminhos para explorar projetos a partir da leitura dos livros são muitos. Vai depender de cada um e de como os livros mexem com o imaginário de cada leitor. Como nos livros sugeridos por Mariana existe a questão da brincadeira, da fantasia da criança e da inventividade, sugerimos o projeto Toda criança gosta de... porque com com este título cada professor poderá explorar com suas turmas um leque de possibilidades do que cada criança gosta.

Em Os mergulhadores vamos conhecer Dinorá e Ubiratã, um casal que mora em um veleiro e mergulha na costa do Brasil. Seus sobrinhos sempre passam uns dias no barco e acabam fazendo uma descontraída viagem cheia de descobertas e aprendizados. Em Quando Pedro tinha nove anos vamos fazer uma viagem no tempo e conhecer uma época muito pouco explorada na história do Brasil: a vida de dom Pedro I menino. É um livro onde texto e imagem se completam de forma deliciosa. As respostas para as perguntas sobre onde Pedro poderia estar ou o que está fazendo estão escondidas nas imagens que se desdobram nos contando o que o menino andava “aprontando” por essas bandas. Já em Banho! vamos nos deparar com uma situação muito comum no cotidiano das crianças: tomar banho. Aliás, depois desse livro, tomar banho será sempre uma gostosa brincadeira. Tudo porque Mariana conseguiu criar uma narrativa em que imaginação e realidade se misturam numa gostosa aventura. Os irmãos Edson, Edilson, Edmilson e Ednalva aproveitam a hora do banho para mergulhar no mundo da fantasia e fazer desse momento uma grande diversão.

A partir da leitura dos livros, a ideia é imaginar o que os personagens das histórias gostam. Depois, saímos dos livros e mergulhamos na vida de cada criança. O que cada uma gosta de fazer? A exploração dessa pergunta pode se dar de diversas maneiras: com desenhos, com bate-papo, com dramatização – onde cada criança irá representar o que gosta de fazer para os amigos adivinharem. As crianças podem pintar o que gostam em lençóis ou tecidos lisos e coloridos, e quem sabe isso pode acabar virando um livro de pano com todas as pinturas da turma?

A simples exploração dos temas abordados nos livros pode dar margem à criação de novos projetos, ligados à história do Brasil, por exemplo, uma vez que pensar em dom Pedro I, escravatura e capoeira pode ter uma ligação que as crianças ainda não tinham percebido. O próprio livro Os mergulhadores pode levantar outra questão ligada a esses já citados: como era o navio que trouxe dom Pedro I menino para o Brasil? E se dom Pedro I mergulhasse no fundo do mar, o que ele poderia encontrar? Como era o mar daquele tempo e como está o mar no tempo atual? Como eram os banhos de antigamente? Outra possibilidade é pensar que se nós vivemos em um país tão grande como o Brasil, será que existem maneiras diferentes de tomar banho? Como será o banho de uma criança ribeirinha do Amazonas? Como uma criança do Sul do país (onde faz muito frio) faz pra tomar banho no inverno? Será que ela toma banho de manhã cedinho? Que tal explorar essas possíveis diferenças? Você pode acabar criando um superprojeto que mescle o Brasil real com o Brasil que as crianças sonham. São tantas ideias... Qual você vai escolher? Ah! Mariana ilustrou ainda o livro O iglu, de Flávia Lins e Silva, que também está neste Manual. Lá ela faz uma brincadeira bem gostosa entre o texto e a imagem. Vale conferir.

Berimbau mandou te chamar! é um livro superilustrado, próprio para estimular a curiosidade da criança. A história apresenta vários versos de cantigas de capoeira e, no final, conta a história do surgimento e da divulgação da luta afro-brasileira. Para criar Toda criança gosta… Bia Hetzel se perguntou: o que nos aproxima, senão nossas afinidades? Quais são os valores universais da infância? A partir daí ela escreveu e Mariana ilustrou esse livro singelo e carregado de poesia e significados.

d’après Mariana Massarani

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Maurício Veneza

Nasci no mesmo dia do escritor Robert Louis Stevenson (o que escreveu A ilha do tesouro, lembra?), só que 101 anos depois. Foi numa primavera, em Niterói, cidade que já foi capital do Rio de Janeiro, mas hoje é mais conhecida por ter um museu parecido com um disco voador. Quando eu era criança, gostava muito de desenhar. “Grande coisa”, você vai dizer, “toda criança gosta de desenhar.” Pois é, mas eu virei adulto e continuei desenhando. Como ilustrador, já fiz histórias em quadrinhos, desenhos para agências de publicidade, jornais, revistas, livros didáticos, televisão e principalmente livros para crianças e jovens. Já ilustrei mais de noventa! Destes, escrevi uns trinta, incluindo os livros de imagem, que contam tudo só com desenhos. E ainda tenho mais alguns que escrevi, mas foram ilustrados por outros artistas. Também sou um dos fundadores da Aeilij (Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil), que tem este nome comprido assim pra gente ficar sabendo direitinho o que é. Se você quiser conhecer uma das minhas ilustrações, acesse o catálogo on-line da Aeilij no site <www.aeilij.org.br>. Clique em associados e em seguida no meu nome.

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Conhecendo as histórias

Navegando pelas histórias

Surfando nas histórias

Maurício Veneza escolheu para representá-lo neste Manual os livros Meia palavra não basta, onde assina o texto e as ilustrações, publicado pela Atual; Chico Pena Azul, com texto e ilustrações de sua autoria, e Adivinhe quem vem para assustar, ilustrado por Angelo Abu, ambos publicados pela Formato; e Pai, precisamos ter uma conversa, ilustrações de Angelo Abu, publicado pela Lê.

Uma atividade divertida para fazer com as crianças é brincar de telefone sem fio. Os alunos se posicionam formando um círculo. Uma criança escreve, sem ninguém ver, uma frase no caderno e cochicha essa frase no ouvido daquela que está ao lado e assim por diante. Aproveitando o ditado de “quem conta um conto aumenta um ponto”, podemos mostrar como uma palavra mal compreendida pode comprometer toda a comunicação entre as pessoas.

Maurício Veneza estará na FlipZona fazendo uma performance de ilustrações ao lado de Fernando Vilela. Que tal montar um projeto de desenhos com os jovens? Para decorar o espaço da FlipZona, os jovens poderiam usar diversas técnicas, como aquarela, nanquim, ilustrações computadorizadas etc., falando, por exemplo, de aspectos da cidade ou de seres folclóricos da região. No encontro da FlipZona, Maurício poderia dividir com os jovens artistas experiências e técnicas de pintura e ilustração. Como também foi feita uma proposta de criação de peças para decorar o espaço da FlipZona na parte do autor Fernando Vilela, sugerimos que os professores que forem trabalhar com um desses autores se comuniquem para combinar de que forma esses trabalhos podem ser expostos de forma conjunta.

Meia palavra não basta é uma fábula bem-humorada que fala da comunicação e dos problemas e surpresas que podem acontecer quando não entendemos bem o que o outro diz. Os desentendimentos vão se acumulando até que se forma uma grande confusão. Mas o que será que aconteceu na floresta no dia em que o tamanduá perguntou ao guaxinim aonde ele ia correndo daquele jeito e, da resposta, ele só ouviu o final “eiro”? Chico Pena Azul conta a história de um menino sortudo que consegue transformar, por intermédio de sua generosidade, a vida das pessoas que encontra em seu caminho, bem como a sua própria. Um dia ele saiu andando pelo mundo, e tantas fez e aconteceu, que acabou virando o Chico Pena Azul. É uma história circular onde tudo se encaixa no final. Adivinhe quem vem para assustar fala sobre quatro seres encantados que se encontram na mata: o Saci, a Cuca, o Curupira e a Boiuna. Eles estão tristes e preocupados: um ser poderoso está ameaçando o mundo em que vivem e, por isso, em vez de cada um cumprir seu papel, que era assustar as pessoas, eles é que estão assustados, tendo de se defender dessa grande ameaça... Pai, precisamos ter uma conversa relata a situação de um menino que vive um dilema: contar ou não algo que faria sofrer as pessoas que ele mais ama? Começou assim um tempo cheio de dúvidas, de angústias, de questionamentos, no qual o adolescente se vê às voltas com o dilema de ser leal ao pai ou à mãe, e também revelar uma verdade que pode magoar muito aqueles que ama.

Outra sugestão seria montar um Dicionário de seres folclóricos. Mas o dicionário não precisa se limitar à descrição dos personagens, como os dicionários que normalmente conhecemos. Ele pode conter também imagens (desenhadas ou recortadas de livros e revistas, ou mesmo pesquisadas na internet), entrevistas com os seres citados (nesse caso, a imaginação da criança é que vai comandar a brincadeira), histórias contadas ou trechos de livros já escritos sobre os seres folclóricos etc. Vale explorar a imaginação das crianças nessa brincadeira. Um desdobramento interessante seria propor uma pesquisa dos animais da floresta e da cidade, suas características, hábitos de vida e cadeia alimentar, entre outros temas. O resultado disso poderia ser um álbum dos animais feito pela própria turma, ilustrado com imagens recortadas de livros, revistas ou retiradas da internet.

Uma outra ideia interessante para trabalhar com os jovens é a questão do diálogo entre pais e filhos, o que permite um debate riquíssimo e com certeza ajudará no entendimento das relações familiares. O professor mediador de leitura pode sugerir um tema, como, por exemplo, liberdade, sexo, drogas etc., e a partir daí os alunos devem se organizar em grupos e montar um vídeo, por exemplo, ou um livro, contendo depoimentos dos jovens e da relação com os pais a respeito do tema citado, explorando o diálogo entre pais e filhos, as regras sociais que regem cada geração (dos pais e dos filhos), abordando ainda questões como censura, liberação sexual e descriminalização das drogas etc. O vídeo pode ser apresentado na FlipZona e se transformar em um instrumento de discussão entre pais, jovens, professores e autores convidados pelo evento.

d’après Maurício Veneza

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Pedro Bandeira

Sou Pedro Bandeira, uma pessoa que vive inventando histórias para escrever pra você. Se invento histórias, isso quer dizer que elas não aconteceram, não é? Então... é tudo mentira! Aliás, desde pequeno, em Santos, onde nasci em 1942, sempre levei jeito pra isso. Pra escrever histórias? Não, pra contar mentiras mesmo. Só que, naquele tempo, quando eu contava minhas mentirinhas, os adultos ficavam bravos e me punham de castigo. Que falta de respeito com as crianças! Leia o que penso sobre isso no livro Mais respeito, eu sou criança. Por essas e outras, acabei me mudando pra São Paulo em 1961, estudei Ciências Sociais, me virei de todo lado pra sobreviver, fui ator de teatro, fiz até uma porção de comerciais pra televisão, e nessa viração virei jornalista. De tanto escrever pra jornais e revistas, comecei a botar minhas mentiras por escrito nos livros e nunca mais ninguém me pôs de castigo: todo mundo diz que eu sou criativo... Tá vendo? Em mentira escrita todo mundo acredita! Mas isso de mentira é muito relativo: nem toda mentira é má, nem toda verdade é boa. Veja o que acho disso no meu livro Alice no país da mentira. Daí, como o pessoal ficou gostando das minhas mentiras escritas, não parei mais e fiz uma porção de livros pra você, que são impressos bem do jeitinho que eu contei em O mistério da fábrica de livros. Além desses, já fiz cinco livros e tenho quase oitenta netinhos. Não, pera aí... quer dizer... são oitenta netinhos e cinco livros... Ih, puxa, estou me confundindo! Na verdade, são quase... acho que... bom... deixa pra lá! Para saber mais a meu respeito, acesse <www.bibliotecapedrobandeira.com.br>.

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Conhecendo as histórias

Navegando pelas histórias

Surfando nas histórias

Pedro Bandeira escolheu para representá-lo neste Manual os livros: O mistério da fábrica de livros, ilustrado por Osnei; O fantástico mistério de feiurinha e A marca de uma lágrima, ambos ilustrados por Avelino Guedes; e A droga da obediência, com ilustrações de Hector Gomez, todos publicados pela Moderna.

Com as crianças, sugerimos o projeto Mistério na biblioteca. A partir da leitura dos livros de Pedro Bandeira citados neste Manual, os alunos podem criar outras histórias, envolvendo, por exemplo, personagens da literatura infantil. O que será que aconteceu com Peter Pan? E a fada Sininho? Será que os sete anões continuam morando na mesma casa? E os três porquinhos, por onde andam? Seria interessante exercitar a escrita por meio das histórias que ocupam o imaginário de qualquer criança.

Para os jovens sugerimos o projeto A primeira marca. Cada aluno deve produzir, por meio da representação artística que preferir (seja com um texto, um poema, uma música, uma imagem), uma apresentação de algo que tenha deixado a marca especial da primeira vez em sua vida: pode ser a primeira viagem, o primeiro amor, a primeira festa, o primeiro amigo... Enfim, o tema é livre. O importante é que cada apresentação seja acompanhada de elementos que contem essa história da “primeira vez”.

E como o mistério é na biblioteca, que tal sugerir aos alunos que selecionem, dentro da biblioteca da escola, títulos que ajudem na criação de suas próprias histórias. Isso motivará o uso do espaço da biblioteca e aproximará as crianças dos livros e autores de literatura infantil e juvenil. O professor mediador de leitura pode e deve orientar os alunos nessa busca.

No livro A marca de uma lágrima, a protagonista escreve cartas e poemas. Sugerimos que os alunos escrevam cartas ou poemas para pessoas especiais. Pode ser uma declaração de amor ou de insatisfação, uma confissão ou um agradecimento. Não importa. O que tornará a atividade interessante é transformar o texto em um espelho de quem o escreve, de forma que seus sentimentos sejam refletidos em palavras e expressos de forma natural. Quem sabe algumas dessas cartas e desses poemas não podem ser apresentados ao próprio Pedro durante a FlipZona?

O mistério da fábrica de livros é uma história vibrante e delicada, que entrelaça dois enredos: o do amor de uma menina e o da produção de um livro, veículo capaz de eternizar todos os casos de amor! Vale a pena conferir! O fantástico mistério de feiurinha é uma obra que faz homenagem a todas as fantásticas heroínas, como Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, Cinderela e Rapunzel, mostrando ao leitor os mistérios que acontecem depois do fim de cada história. O que significa “viveram felizes para sempre”? Será que a felicidade não permite viver mais nenhuma aventura? Como é que alguém pode viver feliz sem aventuras? Afinal, o que seria da literatura sem imaginação, vida e esperança? A marca de uma lágrima é uma história de amor e de esperança. Isabel escreve cartas para ajudar sua amiga Rosana em seu namoro com Cristiano, sua grande paixão. Por causa da beleza e da verdade das cartas, Cristiano se apaixona ainda mais por Rosana, aumentando assim a desesperança de Isabel. A situação agrava-se com a morte da diretora da escola. Acuada, desolada, a ideia da morte começa a perseguir Isabel, enquanto seu coração se despedaça pelo amor de Cristiano. Inspirada na peça Cyrano de Bergerac, escrita pelo francês Edmond Rostand, o autor compõe poemas como se fosse sua personagem e cria uma narrativa de fé em um futuro melhor.

Uma outra proposta interessante seria criar um jogo de perguntas e respostas tendo como tema os personagens dos clássicos da literatura infantil, como, por exemplo: como se chamavam os três porquinhos? E os sete anões? Qual era a característica mais marcante da Rapunzel? Qual foi o feitiço dedicado à Bela Adormecida? E por aí vai... O importante é trabalhar a leitura e a criação textual com os alunos, de forma que eles mesmos possam buscar outras referências literárias e aí criar seu acervo básico de leitura.

A droga da obediência fala sobre de uma turma de adolescentes que enfrenta o mais diabólico dos crimes. Num clima de muito mistério e suspense, cinco estudantes se deparam com uma macabra trama internacional: o sinistro Doutor Q.I. pretende subjulgar a humanidade aos seus desígnios, aplicando na juventude uma perigosa droga! E essa droga está sendo experimentada em alunos dos melhores colégios de São Paulo. d’après Avelino Guedes

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Sulami Katy

Sou Sulami, nasci na Paraíba e fui contemplada com a graça de ser filha dos potiguaras. Passei a infância brincando de índio, literalmente. Acordávamos com o cheiro do beiju com peixe assando e o barulho do mar nos chamando para festejar a vida, que se iniciava fora de casa. O sol despontava e fazia brilhar aquela imensidão de mar. Não havia relógio, e o tempo passava de forma lenta. Lá na aldeia me chamam de Katy, e junto com as outras crianças eu participava das festas cantadas nos tantos ritos que regia aquele povo. Corríamos, nadávamos, tínhamos tempo só para sermos crianças e sermos felizes. À noite, sentávamos em volta das fogueiras acendidas pelos mais velhos e ouvíamos as suas histórias povoadas de ventos assombrosos e de mundos encantados. Pouco depois era hora de dormir e deixar o espírito caminhar para o mundo maravilhoso dos sonhos, percorrer o caminho dos antepassados, encontrar nosso lugar naquele mundo! Um dia decidi que queria conhecer outras terras, assimilar novos conhecimentos, e entrei para Universidade Federal da Paraíba, no curso de Engenharia Química. Por quê? Simplesmente porque quis entender a química que rege a nossa vida e o porquê de o ser humano precisar de tantos produtos... Quanto a escrever, não escrevo por profissão, mas somente porque me dá prazer. Escrevendo posso aliar os ensinamentos que aprendi destes mundos nos quais a vida me concedeu o direito de participar. Esta é a minha biografia, ainda em processo de construção. Talvez um dia, quando eu souber mais sobre mim, escreva mais alguma coisa.

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Conhecendo as histórias

Navegando pelas histórias

Sulami escolheu para representá-la neste Manual os livros: Meu lugar no mundo, com participação de Heloisa Prieto e Daniel Munduruku, ilustrado por Fernando Vilela e publicado pela Ática; e Somos todos filhos, ilustrado por Maurício Negro e publicado pela Zit Editora.

Os livros de Sulami são recheados de poesia. A autora narra a história, os costumes e as tradições de seu povo, o potiguara, comunidade indígena que vive abraçada pela mata e pelo mar, no litoral da Paraíba. Mas suas histórias são contadas pela voz do coração.

Meu lugar no mundo narra, pela voz da autora, a rotina do povo potiguara, seus costumes e crenças. Nesse depoimento, Sulami nos ajuda a perceber as diferenças e semelhanças entre os indígenas e os demais brasileiros e a reforçar os laços que nos unem. Os escritores Daniel Munduruku e Heloisa Prieto, assim como o ilustrador Fernando Vilela, também são convidados da Flipinha neste ano. Somos todos filhos é uma espécie de narrativa autobiográfica, onde a autora fala da mitologia indígena, ressaltando aspectos da natureza, tão importantes aos povos dessa cultura, e mostrando que somos todos filhos da água, da terra, do fogo e do ar. É um texto poético, onde a força das palavras nos envolve em grandes reflexões. As ilustrações de Maurício Negro merecem destaque, uma vez que foram criadas repletas de simbologia e imbuídas dos conceitos mais relevantes da cultura indígena.

Sugerimos a criação do projeto Meu lugar no mundo. O professor mediador de leitura pode propor a análise do livro Coisas de índio, de Daniel Munduruku, indicado neste Manual. Com base na leitura, a turma deve ser dividida em grupos, e cada um irá pesquisar aspectos relevantes dos potiguaras, como alimentação, ritos de passagem, instrumentos musicais, formação das aldeias, mitos e lendas, entre outros (conforme indicado no livro). Feito esse levantamento, seria interessante comparar os potiguaras e os mundurukus, povos indígenas representados este ano na Flipinha pelos escritores Sulami e Daniel Munduruku. A turma pode criar um painel com as semelhanças e as diferenças, compreendendo assim a diversidade na formação de nossa sociedade.

Um desdobramento interessante seria pedir às crianças um segundo texto onde elas contariam seus desejos para o futuro, incluindo escolha profissional, filhos, cidade onde morariam, viagem dos sonhos etc., ajudando assim a direcionar o olhar das crianças nesse reconhecimento pessoal e da própria sociedade onde vivem. Nesse contexto, que tal sugerir a criação de um diário onde essas histórias possam ser reunidas, fazendo a distinção entre passado, presente e futuro. Pode ficar combinado com a turma que esse diário ficará guardado e será reaberto antes do final do ano letivo, ou no ano seguinte. Seria uma atividade interessante de avaliação das metas e dos objetivos dos alunos. Será que no intervalo de seis meses ou um ano os desejos seriam os mesmos? Vale a pena descobrir!

Uma outra sugestão é propor que cada criança escreva uma história: pode ser de família, de viagens ou até mesmo aquela que mais gosta de ouvir dos pais, dos avós etc. O importante é que a criança perceba que a história escolhida representará um momento de sua vida, da formação da sua família, um pedaço da sua história e da dos seus antepassados.

d’après Fernando Vilela

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Suppa

Nasci em Santos. Seu Manoel vinha todos os dias vender seus peixes. Ele guardava dinheiro para voltar para Portugal, e o sorveteiro da praia, à tarde, batia em nossas portas vendendo queijadinhas. Lembro que nessa época tinha medo de crescer. Ou eu era muito feliz ou achava que os grandes é que não eram. Depois da falência da Luís XV Colchões, meu pai abriu o Suppamercado. Íamos a pé visitá-lo quase todos os dias em troca de alguns chicletes. Segundo seu Luís, eu estudava em um colégio de elite. Só para você ter uma ideia de como era um colégio concorrido, fui matriculada quando tinha três meses para começar a estudar somente aos seis anos. Me recordo da Ala, uma lojinha que vendia santinhos, terços, decalcomanias…. Eu adorava. Minha mãe era pintora, dava aulas de desenho para crianças, e nós, meu irmão e eu, éramos obrigados a frequentá-las. Quando o supermercado Pão de Açúcar chegou em Santos, meu pai foi obrigado a fechar seu negócio e ir para São Paulo. Enquanto isso, milhares de estudantes partiam em navios para os países comunistas da Europa por conta do golpe militar! Continuei a estudar, entrei na faculdade de Arquitetura e até então não havia descoberto minha verdadeira vocação. Como já sabia desenhar, prestava serviços aos amigos e a meu pai nas suas palestras. Desiludida com este país, me formei e fui para a Europa, onde deveria fazer pós-graduação em Urbanismo (que desculpa!). Paris era meu alvo. Durante um ano só fiz estudar francês e desenhar todas as minhas aventuras. Com esses desenhos e o meu diploma, garanti uma vaga na École des Arts Appliqués Duperré em histórias em quadrinhos. Enquanto frequentava o curso, fiz vários estágios, um deles de colorista das histórias em quadrinhos do comandante Jacques Cousteau, onde trabalhei durante quatro anos. Desde então, não parei mais de desenhar. Ilustrei revistas, campanhas publicitárias e livros infantis. Vinte anos depois, voltei ao Brasil, cansada do frio e dessa vida de tantas certezas. Mas ao contrário do que muitos possam imaginar, não me arrependi. Não só consegui muitos trabalhos por aqui como continuei os de lá, e ainda pude resgatar muitas coisas do meu país, aquelas com que tanto me decepcionei um dia e me fizeram partir. É verdade que sinto falta de Paris… mas de vez em quando eu volto e respiro tudo o que ela fez por mim. Para conhecer mais sobre meu trabalho, acesse <www.suppa.com.br>.

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Conhecendo as histórias

Navegando pelas histórias

Surfando nas histórias

Suppa escolheu para representá-la neste Manual os seguintes livros ilustrados por ela: O nariz de Anaís e Elvira, uma vampira? também escritos por ela e publicados pela Larousse; Nico, escrito por Rosa Amanda Strausz e publicado pela Larousse; e Rima ou combina, escrito por Marta Lagarta e publicado pela Ática.

No trabalho de Suppa encontramos traços fortes e marcantes. Cores vibrantes com as quais os personagens ilustrados ganham uma identidade impressionante. Sugerimos que todos os livros sejam lidos e que a partir da leitura surjam conversas bacanas. Vamos aqui apontar alguns caminhos para explorar os livros, uma vez que temos temas diferentes na seleção de títulos. Um caminho seria o da ludicidade, da brincadeira com os sentidos das palavras, da brincadeira com a sonoridade, com as rimas e com as possíveis combinações sonoras. Outro caminho pode ser enveredar por um debate sobre preconceitos com as diferenças e tentar descobrir o que cada criança da turma tem de igual ou de diferente. Descobrir se alguém já se sentiu diferente, como as personagens Nico, Zuzu e Elvira. Seja qual for o caminho que você escolher para explorar leituras, sugerimos a criação de bonecos de pano (ou do material que for mais conveniente para sua turma) com personagens curiosos e interessantes que podem ser inventados pelas crianças.

Sugerimos que a turma da FlipZona embarque em uma viagem pelo mundo da moda e das artes plásticas. Visitem o site de Suppa e descubram as várias facetas dessa artista tão versátil. Ela cria livros, roupas, quadros, bolsas, bonecos. Sugerimos uma pesquisa em sua biografia e um mergulho nas ilustrações que ela criou para os diversos livros que já ilustrou. Mesmo que os livros sejam para leitores menores, vale pensar na questão da criação das imagens e na relação delas com o texto, podendo ampliar o olhar dos jovens.

O nariz de Anaíz faz parte da coleção A turma do nariz, que está chegando ao mercado editorial neste ano. Cada livro irá tratar de um assunto diferente, e sempre ao final das histórias, o leitor vai se surpreender. Cada livro irá tratar de um assunto diferente, e sempre ao final das histórias o leitor vai se surpreender. Um dos temas de O nariz de Anaíz é o teatro, e o livro poderá vir acompanhado de sua personagem em um boneco de tecido. Elvira, uma vampira é uma divertida história, cheia de sonoridade e mistérios. Será que Elvira é mesmo uma vampira? Descubra lendo esse livro que traz uma ótima oportunidade para discutir temas como preconceito, bullying e inclusão. Em Nico, Rosa Amanda Strausz explora a temática do preconceito que existe em relação às crianças que têm algo diferente das demais. A relação de Nico, um menino de pescoço muito comprido, e sua amiga Zuzu, uma menina de cara pintada de sardas, é de uma delicadeza sem fim. A autora encontra uma solução muito interessante para falar da amizade e apresenta elementos que fazem o leitor pensar que no fundo todos têm algo de diferente. As ilustrações de Suppa trazem elementos para ampliar esse debate de forma encantadora. Rima ou combina é um livro recheado de poesias e rimas fantásticas que rimam ou combinam. Uma boa pedida para leitores explorarem ritmos, rimas e brincadeiras com sons e sentidos das palavras. As ilustrações de Suppa exploram outras possibilidades de voar e combinar. Vale uma leitura atenta das imagens, que certamente podem gerar um bom debate: como a ilustradora interpretou os poemas com imagens?

Vale a pena fazer uma visita ao site de Suppa e descobrir os bonecos que ela criou. O site é bem interessante e fácil de navegar. As crianças podem se inspirar nas ilustrações de Suppa para a criação de seus bonecos e depois de tudo quem sabe montar um teatro. Se os bonecos forem pequenos, as crianças podem montar um palco para a apresentação do teatro. Se eles forem grandes, uma boa pedida é montar o espetáculo no pátio da escola ou mesmo na praça pública. O importante é que os bonecos nasçam dos debates a partir dos livros. Sempre o livro como ponto de partida para os muitos caminhos que podemos explorar...

Que tal montar uma exposição de moda com figurinos criados pelos alunos. A própria turma vai criar as roupas que desejar. E quem não se sentir à vontade para criar as roupas, pode ajudar na produção, nos bastidores, na divulgação, na criação de convites para o desfile ou mesmo na criação do cenário do desfile. Ou atuar como modelo, pois será preciso escolher na turma quem irá desfilar com as roupas criadas. Essa proposta pode gerar um projeto incrível, mostrando que o trabalho em equipe potencializa a criação de projetos. Cada uma em uma função diferente e descobrindo que uma sem a outra desandaria o processo.

d’après Suppa

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Agradecimentos

Ficha técnica

Agradecemos aos autores convidados da Flipinha, que colaboraram para as nossas ações de incentivo à leitura e para a realização deste Manual. A todos os professores que acreditam e trabalham para que as crianças paratienses criem o gosto pela leitura literária. À Secretaria Municipal de Educação de Paraty e à Prefeitura Municipal de Paraty pelo apoio às nossas iniciativas e projetos que visam transformar Paraty em uma cidade de leitores.

Associação Casa Azul Diretor Presidente Mauro Munhoz Direção Executiva Izabel Costa Cermelli (Belita) Direção de Projetos Josephine Bourgois Núcleo de Educação e Cultura Cristina Maseda Gabriela Gibrail coordenadoras Einara Fernandes coordenadora pedagógica Patrícia da Conceição assistente Anna Beatriz Silva mediadora de leitura Ana Beatriz Hernampérez bibliotecária Zulmira Gibrail Costa voluntária Desenvolvimento Institucional Ana Rita Leme de Mello diretora Bernadete Passos Lucia Rodrigues Heloize Campos relacionamento institucional Alexandre Benoit Tama Savaget produtores de conteúdo Gabriela Caseff assistente de comunicação

Produção Sueleni de Freitas produtora executiva Roberta Val produtora Andrea Maseda assistente Administrativo Celina Yamanaka diretora Adriana de França planejamento e controle Andresa Prado assistente Apoio Administrativo-Financeiro Wellington Leal Assessoria Wellington Leal coordenador financeiro Cláudio Garavatti analista financeiro Secretaria Kátia Ricomini Renata Haring Manual da Flipinha 2011 Textos Anna Claudia Ramos Verônica Lessa (Atelier Vila das Artes) concepção de conteúdo e produção de textos Ana Maria Barbosa revisão Design gráfico Dárkon Roque Clara Laurentiis Alexandre Benoit

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