ADB Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros Ano XVI Nº 65 – Abr/Mai/Jun 2009 ISSN 0104-8503
Empresas jornalísticas se adaptam aos novos tempos e ampliam horizontes
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Conversa com os associados
C
ontinuando a tradição de procurar manter informados os associados sobre temas de interesse geral, a presente edição do Boletim traz um artigo de jovem diplomata que busca sensibilizar os colegas para os benefícios da criação de creche próxima ao local de trabalho. Os argumentos apresentados
merecem reflexão, pois representam um justo propósito, que a ADB procurará apoiar, na medida de suas possibilidades. Também cumpre destacar a entrevista do embaixador Jeronimo Moscardo sobre as atividades da
Funag como instituição-chave na divulgação de livros por todo o País e a realização de seminários de impacto no continente. Por outro lado, com a incorporação de mais servidores, é normal e sintomático o surgimento de maiores reivindicações representativas dos novos tempos. Tem havido reuniões, por exemplo, no plano da Associação Nacional dos Oficiais de Chancelaria do Serviço Exterior Brasileiro (Asof); Servidores do Plano Geral do Poder Executivo (PGPEs); Conselho Nacional dos Assistentes de Chancelaria (Conac) e Associação dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores (ASMRE). Foi ali discutida a estruturação de questões sindicais, o que tem despertado a atenção de funcionários de diversas hierarquias. A convite compareci a duas delas como mero observador, destacando que não podia, nem queria assumir qualquer tipo de compromisso em nome da ADB. Desejava apenas, ressaltei, cumprir o dever de informar os associados sobre o alcance de tais iniciativas no âmbito de um tema altamente polêmico e sobre o qual não há o necessário consenso, segundo recentes pesquisas informais entre diplomatas. Entretanto, a preocupação e a prioridade continuam sendo o acompanhamento das ações em curso na Justiça (19 acrescidas de mais 4 em 2009: a) garantir o recebimento das vantagens pessoais juntamente com o subsídio; b) assegurar os futuros reajustes dos subsídios aos filiados que recebem parcela complementar; c) converter a aposentadoria proporcional dos filiados em integral, em virtude da contribuição previdenciária sobre proventos da aposentadoria; d) garantir a incorporação da GDAD integral na parcela complementar do subsídio; e) garantir o reajuste geral de 13,23% atribuído pela Lei nº 10.698/2003. O Advogado Antônio Torreão Braz Filho continua atento à matéria, sob nossa supervisão, embora a lentidão dos trâmites judiciais seja o grande empecilho a vencer. De outra parte, a fim de seguir de perto, no Congresso Nacional e em suas Comissões, os trabalhos e projetos que possam incidir sobre a situação da carreira, foi contratada assessoria parlamentar com larga experiência na área, a fim de prestar-nos, em tempo real, todas as informações que nos permitam reagir legitimamente a defasagens salariais comparativas. Atravessamos assim mais da metade de 2009 com novos encargos e a vontade de superá-los por via do consenso e da negociação. Que Deus ilumine nossos caminhos individuais e coletivos.
Luiz Brun Presidente da ADB
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Especial
Tecnologia
Diplomacia
Made in Brazil
4 Reportagem
6 Governo,
9 Fernando Ribeiro,
12 Matéria rende
discute a situação das creches que atendem a servidores de órgãos públicos federais.
produtores de eletroeletrônicos e sociedade buscam alternativa para o descarte de lixo eletrônico, que cresce a cada ano, com os avanços tecnológicos.
economista da Funcex, avalia que a atual expansão no número de representações diplomáticas é um passo acertado para resultado a longo prazo.
homenagem ao poeta cearense Patativa do Assaré, que teria completado 100 anos em 5 de março. O "poeta matuto" colocou o Sertão no centro de temas políticos.
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Urbanismo
Ponto de Vista
Cultura
Prata da Casa
21 Comparado a
24 O presidente
27 Documentário de
30 Nesta edição: O
outros países, como Japão, Estados Unidos e Coreia do Sul, Brasil ainda engatinha quando o assunto é tornar as cidades acessíveis. O atraso é de pelo menos 20 anos.
da Funag, embaixador José Jeronimo Moscardo, apresenta os resultados da aproximação da política internacional do cotidiano do cidadão.
Marinho Andrade conta a história de Fordlândia, no Pará. A cidade foi criada no início do século XX pela Ford, atraída pelos seringais da Amazônia. Era um pedaço dos EUA no meio da selva.
Avesso dos sonhos; Escrita em contraponto: ensaios literários; Temas da política internacional: ensaios, palestras e recordações diplomáticas; e Diversidade cultural e livre-comércio: antagonismo ou oportunidade?
ADB Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros Ano XVI Nº 65 – Abr/Mai/Jun 2009 ISSN 0104-8503
Capa
16 Avanço tecnológico provoca Empresas jornalísticas se adaptam aos novos tempos e ampliam horizontes
mudanças no negócio de mídia e o jornal impresso é a bola da vez na lista dos meios de comunicacão a ser extintos. Nos Estados Unidos, a situação é mais grave. No Brasil, veículos ainda mantêm investimentos nos impressos. B o l e t i m d a AD B | 3
IEnst e pg ec r ai açlã o
Ministério da Saúde
Qualidade de vida para servidores e filhos
S
air de casa para trabalhar e deixar seu filho de quatro meses para trás não é tarefa fácil. Mas é uma realidade pela qual passa, ou já passaram, 42% das servidoras públicas federais, de acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego. Para essas mulheres, ter creche próxima ao trabalho traz praticidade. Foi pensando no aumento do número de mulheres diplomatas que a secretária Fernanda Lamego sugeriu sugeriu um convênio com boas creches ou mesmo a instalação de uma creche no Ministério
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das Relações Exteriores (MRE), que poderia ser no anexo III. Para ela, o investimento garante não apenas qualidade de vida, mas o bom desempenho no trabalho, já que a proximidade traz tranquilidade para as recentes mães. “A creche da Fundação Cabo Frio, que já teve convênio com o MRE, hoje é aberta à comunidade e não há vagas no momento. Além disso, ela fica longe e não acompanha o horário de trabalho do MRE”, afirma. A Lei nº 8.112/90, mais conhecida como Regime Jurídico Único
dos Servidores Públicos, não obriga órgãos públicos a oferecer creches, como benefício, aos seus servidores. Por isso, a maioria das instituições e autarquias só o faz após iniciativas das associações de funcionários. O Ministério da Saúde tem creche exclusiva e gratuita para suas servidoras, que apenas abrem mão do auxílio-creche, de R$90 por mês. O local funciona, há 25 anos, no anexo do ministério, com vagas para até 100 crianças. Hoje, são assistidos 63 bebês, de 4 meses a 3 anos. “O modelo adotado aqui na
Espe cial Creche Narizinho (instalada no MS) garante que a criança desenvolva a estrutura cognitiva e trabalhe, desde cedo, o convívio social” afirma a diretora, Angelina Mineiro. Ela diz que o custo da adaptação de um espaço físico dentro do ministério não é alto, e é recompensado pelo bom desempenho da servidora-mãe. “O aconselhável é que a associação de servidores se una, por meio de parceria com o órgão e trabalhem juntos para que projetos neste âmbito se desenvolvam”, afirma. No caso da Creche Narizinho, o quadro é composto por servidores do ministério e por estagiários. Dos 70 funcionários, 40 são servidores da Saúde, que trabalham na rede pública e completam suas cargas horárias prestando atendimento na creche. Legislativo e Judiciário– Órgãos do Poder Legislativo e Judiciário também oferecem creches para seus funcionários. Entre eles estão o Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Senado Federal. A creche da Casa Legislativa é mantida pela associação dos servidores, a Assefe, há 25 anos, e funciona também como escola. O Centro de Educação Infantil da Associação dos Servidores do Senado Federal atende os filhos de funcionários do Senado e também de outros órgãos, além da comunidade próxima ao Clube do Associado, onde está instalado. É necessário apenas que os pais sejam filiados à instituição.
Diferente do que acontece no Ministério da Saúde, a creche dos servidores do Senado é paga. São 92 funcionários – entre pedagogos, psicólogos, enfermeiras, nutricionistas, cozinheiros e colaboradores da área da limpeza – que cuidam de 240 crianças entre 6 meses e 6 anos. A diretora da instituição, Lúcia Brito, fala com orgulho da credibilidade conquistada. “Aqui a mãe tem toda segurança e acompanhamento necessários para o desenvolvimento da criança”, diz. As creches do STJ e do STF dispõem de berçário para que as mães acompanhem os filhos no período após a licença-maternidade, quando eles ainda mamam. No Superior Tribunal de Justiça, o berçário tem capacidade para até 40 crianças e fica no prédio da Administração. Para ter acesso ao serviço, a servidora tem de preencher um cadastro 30 dias antes do nascimento da criança. O berçário do STJ conta com 18 profissionais qualificados para o cuidado dos bebês, além de sala para higienização, alimentação e repouso. O horário de funcionamento é das 7 às 19 horas. No STF, o número de vagas é menor, apenas 20 vagas, mas suficiente para atender à
demanda, segundo a pedagoga e integrante da equipe, Adriana Pereira. A equipe responsável é constituída por nove cuidadoras, uma nutricionista, uma cozinheira, uma enfermeira, uma psicóloga, uma pediatra e uma pedagoga. “A vantagem da creche no local de trabalho da mãe é que isso lhe deixa segura de que o filho está sendo bem tratado, além da possibilidade de amamentá-lo por mais tempo. Outra vantagem é que o bebê estará em um ambiente onde será estimulado constantemente, o que pode ajudar no desenvolvimento”, diz a pedagoga.
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Te c n o l o g i a
Lívia Barreto
Gig@-desperdício
O
roteirista Octávio Mendes tem uma gaveta cheia de peças de computador antigas. Algumas estão lá há mais de 10 anos, aguardando que o dono decida o que fazer com elas. “Muitas peças estão aqui porque fazem parte da minha história. Sabe aquelas pessoas que guardam brinquedos de infância? Eu sou igual, só que guardo memória ram. Mas a grande maioria está aqui porque eu não sei para quem doar ou como devo jogá-las fora”, conta. O descarte dos chamados resíduos eletrônicos está começando a preocupar número cada vez maior de pessoas no Brasil. Os amigos Carlos Maurício França, Edson Ma e Rafael Camargo tinham problema parecido com o de Octávio, mas encontraram uma solução. Em setembro de 2008, começaram o projeto Doe PC, que recebe peças antigas de amigos e conhecidos, a fim de conseguir montar um computador inteiro para doá-lo a quem precisa. 6 | B o l e t i m d a AD B
Os rapazes não sabiam, mas o governo federal já havia lançado, em 2004, um projeto similar, o Computadores para Inclusão, coordenado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. O programa possui Centros de Recondicionamento de Computadores (CRCs) funcionando em Porto Alegre, Guarulhos, Belo Horizonte e Gama, cidade próxima de Brasília. Os CRCs recebem peças ou máquinas inteiras e jovens carentes aprendem a testar, consertar, limpar, configurar e embalar as máquinas. Os computadores montados são doados a bibliotecas e escolas públicas de todo o País. Os elementos que não têm mais condições de ser usados são reaproveitados, transformados em bijuterias e objetos decorativos. Os CRCs providenciam o descarte ambientalmente correto das partes e dos resíduos não aproveitáveis, enviando-os para empresas especializadas em reciclagem de eletroeletrônicos.
Tecnologia Empresas privadas como a HP e a Dell também possuem iniciativas parecidas. Ambas recebem, por meio de seus revendedores, computadores usados de suas próprias marcas, que são doados para instituições de ajuda a pessoas carentes. A atitude é uma forma de as empresas se adiantarem em relação às regulamentações sobre o descarte adequado de resíduos sólidos, entre eles os eletrônicos. Atualmente, só há regulamentação para o descarte de pilhas e baterias. Em fevereiro de 2009, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) lançou a Resolução nº 401, que revogou a Resolução nº 257, de 1999, sobre o mesmo assunto. Além de estabelecer limites para a quantidade de mercúrio, cádmio e chumbo na fabricação desses produtos, a nova resolução determina que as lojas, a rede de assistência técnica e os importadores de pilhas e baterias recebam-nas depois de usadas e as encaminhem para o descarte ambientalmente correto. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Eletroeletrônicos (Abinee), em 2008 foram produzidos em nosso país 1,2 bilhão de pilhas e bate-
Só em 2008 foram produzidos no Brasil 12 milhões de computadores, 73 milhões de celulares e 1,2 bilhão de pilhas e baterias. O que fazer com os produtos eletroeletrônicos no fim da vida útil? Governo, produtores e sociedade ainda buscam respostas. rias, 12 milhões de computadores e 73 milhões de telefones celulares – 48 milhões só para o mercado interno. A rápida evolução tecnológica e a obsolescência programada de produtos eletroeletrônicos contribuem para que cada vez mais aparelhos tornemse inúteis em poucos anos. A quantidade de lixo eletrônico descartado anualmente no Brasil ainda é desconhecida pelo Ministério do Meio Ambiente, pelo Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre) e também pela Abinee. É desconhecida, portanto, a quantidade de material que poderia ser reutilizada ou reciclada, tendo como consequência o desperdício de milhões de reais em matérias-primas. A principal justificativa para a escassez de informação é a falta de regras para o descarte correto de resíduos de
qualquer natureza, não apenas eletroeletrônicos. Desde 1991, tramita no Congresso Nacional um Projeto de Lei que estabelece a Política Nacional de Descarte de Resíduos Sólidos. Depois de debates e discussões, o projeto está pronto, desde setembro de 2008, para ser votado pelo plenário da Câmara. Um dos instrumentos mais importantes da política é a logística reversa, instrumento de desenvolvimento econômico e social, caracterizada por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a facilitar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos a seus geradores para que sejam tratados ou reaproveitados em novos produtos, na forma de novos insumos, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, visando à não geração de rejeitos. “Apenas grandes empresas já tomam atitudes na direção do reaproveitamento de resíduos. Para a maior parte dos empreendimentos, ainda falta conhecimento da legislação e da economia que o processo reverso pode acarretar”, explica o especialista em logística reversa e professor da Faculdade de Meio Ambiente e Tecnologia de Brasília, Salomão Santana. B o l e t i m d a AD B | 7
Te c n o l o g i a Segundo o professor, no Brasil, o responsável pelo descarte correto de qualquer produto é apenas o fabricante – fato que a Política Nacional de Resíduos Sólidos pretende mudar, dividindo a responsabilidade entre vendedores e consumidores. “É importante dar benefícios para que uma donade-casa, por exemplo, sinta-se estimulada a fazer corretamente a separação do lixo em casa”, diz Santana. Em outros países – Em 2006, o Parlamento Europeu aprovou as diretivas Restriction of Hazardous Substances (RoHS) e Waste of Electrical and Electronic
Equipment (WEEE), regulamentações para o descarte ambientalmente correto de lixo eletrônico. Desde então, empresas do setor, governo e sociedade são responsáveis pela disposição dos resíduos. As diretivas também regulamentaram a importação e a exportação de resíduos, o que motivou grandes mudanças na produção de equipamentos, como a redução de materiais tóxicos e o uso consciente de matérias-primas. Nos Estados Unidos, os governos locais de cada estado são responsáveis pelas regras de descarte. Gigantes como a Apple e a fabricante de placas e memórias
Asus possuem programas de reciclagem em indústrias que separam e reutilizam os materiais. Os consumidores de produtos das empresas são incentivados a devolver o produto antigo quando compram um novo. O retorno de produtos do mercado movimenta U$750 bilhões por ano. No Japão, um dos maiores produtores de produtos eletroeletrônicos do mundo, há poucas leis que regulamentam o descarte correto dos produtos, mas, segundo o professor Salomão Santana, a consciência da população acerca dos riscos e do desperdício de dinheiro é maior, pois há grande investimento em educação dos produtores.
O que fazer com seu lixo eletrônico Pilhas e baterias – Todos os estabelecimentos que vendem pilhas e baterias devem receber esses produtos de volta, para encaminhá-los à reciclagem. O Banco Real possui urnas que fazem parte do programa Papa-Pilhas. Verifique na agência mais próxima de você. Nunca compre pilhas piratas, pois elas são feitas com metais pesados e substâncias tóxicas. Além de ser ameaça ao meio ambiente, podem causar problemas no equipamento nos quais forem utilizadas e duram menos que uma pilha feita de acordo com as normas de segurança. Celulares – Operadoras de telefonia celular, como a Vivo e a Claro, mantêm urnas em todas as suas lojas, onde o consumidor pode colocar aparelhos e baterias usadas, de qualquer fabricante ou operadora. Computadores – Uma opção é doar a máquina que você não vai mais usar para alguém que você saiba que precisa ou para escolas e instituições de caridade. Você também pode doar para um CRC. Se sua máquina não puder ser reaproveitada, entre em contato com o fabricante para saber se ele possui centros de recolhimento e reciclagem. Eletrodomésticos – Fabricantes afirmam que o produto que chega ao fim da vida útil pode ser levado para assistências técnicas, que se responsabilizarão pelo descarte correto. Mas é preciso pesquisar muito até encontrar uma assistência que realmente os aceite. O mais indicado, por enquanto, é levar seus aparelhos a um ferro-velho conhecido. 8 | B o l e t i m d a AD B
Lívia Barreto
Diplomacia
De 150
para
253
em seis anos
C
om projeção internacional cada vez maior, o Brasil expande as fronteiras diplomáticas. Do início do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva até 2008 foram criados 48 novos postos de representação brasileiros. Neste ano, cinco estão em fase de implantação. Entre os postos já criados estão 27 embaixadas e 15 consulados e viceconsulados, a maior parte localizada em países emergentes da África e da América Central, obedecendo aos objetivos diplomáticos declarados pelo presidente Lula e pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, em diversas ocasiões. Em seu discurso de posse, Amorim afirmou que a política externa brasileira não pode estar confinada a uma única região e que nosso país deve contribuir para a construção de uma nova ordem mundial fundada nos princípios do multilateralismo. “Forjaremos alianças com grandes países em desenvolvimento. Reforçaremos o diálogo com a China, a Rússia, a Índia, o México e a África do Sul, entre outros. Desenvolveremos, inclusive por meio de parcerias com outros países e organizações, maior cooperação com os países africanos”, disse. "Abrimos (ou reabrimos), desde 2003, mais de 50 postos, sobretudo na África, ampliando nossa malha diplomática de cerca de 150 para mais de 200 representações brasileiras no exterior. Recentemente abrimos embaixadas em cinco países caribenhos, concluindo um processo que assegurou representação diplomática brasileira em toda a América Latina e Caribe", reforçou Amorim em discurso recente. Para o economista-chefe da Fundação Estudos de Comércio Exterior (Funcex), Fernando Ribeiro, a atual expansão no número de representações diplomáticas brasileiras em países em desenvolvimento é passo acertado para resultado a longo prazo. “Sem dúvida é uma maneira eficiente de diversificar nossas parcerias econômicas e promover o fortalecimento da imagem do Brasil em países com grande potencial”, afirma Ribeiro. B o l e t i m d a AD B | 9
Diplomacia De acordo com o professor titular de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) José Sombra Saraiva, dois fatores precisam ser avaliados para a criação de uma nova embaixada. O primeiro é o peso e a importância que o Brasil pode ter para uma determinada nação e o segundo é o custo-benefício da instalação de um posto de representação em um país de pouco destaque no cenário mundial. “Há países que não têm tanta importância política e econômica para o Brasil ou para o mundo. Mas o Brasil está entre as dez maiores economias do planeta
e não pode ter reticências em se fazer presente”, analisa Saraiva. Estudos recentes promovidos pela Funcex mostram que o crescimento das exportações brasileiras para o continente africano tem sido de 27,5% ao ano a partir de 2003. Esse crescimento expressivo pode estar relacionado à abertura ou reabertura de novas embaixadas em 16 países africanos, entre eles Botsuana. Em 2007, ano da abertura da embaixada brasileira em Gaborone, as exportações para o país cresceram 300% em relação a 2003. “Na minha avaliação, o balanço é positivo. O fato de um grande
número de novos postos terem sido criados na África é importante porque o continente perdeu espaço em nossa política internacional nos anos 90 e agora volta a ter peso, pois entre 2001 e 2007, o continente cresceu a uma taxa de 6% ao ano. A África é um manancial de reservas energéticas e há disputa internacional sobre o uso dessas reservas. A África é uma das fronteiras do Brasil: temos uma grande fronteira continental e outra fronteira Atlântica, com a África. Acho que deveríamos ter agido mais rápido”, completa o professor Sombra Saraiva
Embaixadas e postos de representação criados no governo Lula 2003 Embaixada em São Tomé e Príncipe (África) 2004 Escritório de representação junto à Autoridade Nacional Palestina (ANP), em Ramalá, Cisjordânia Embaixada na Etiópia (África) Consulado-geral em Atlanta (EUA) Vice-consulado em Puerto Ayacucho, Venezuela (América do Sul) Embaixada na República de San Marino – cumulativo com a embaixada de Roma (Europa) 2005 Embaixada em Camerun (África) Consulado-geral em Genebra, Suíça (Europa) Embaixada na Tanzânia (África) Embaixada no Catar (Oriente Médio) Consulado-geral em Lagos, Nigéria (África) Consulado-geral em Beirute, Líbano (Oriente Médio) Consulado em Iquitos, Peru (América do Sul) Embaixada em Belize (América Central) Embaixada na Croácia (Europa) Missão Permanente do Brasil junto à Agência Internacional de Energia Atômica, em Viena Embaixada na Guiné Equatorial (África) Embaixada no Sudão (África) Embaixada nas Bahamas (América Central) Embaixada em Benin (África)
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Diplomacia
Embaixada no Sri Lanka (Ásia) Embaixada no Togo (África) Consulado-geral em Paris (Europa) 2006 Missão junto à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em Lisboa Embaixada no Cazaquistão (Ásia) Embaixada na República da Guiné (África) Embaixada na Zâmbia (África) Embaixada em Botsuana (África) Consulado-geral em Madrid, Espanha (Europa) Consulado-geral em Mumbai, Índia (Ásia) Consulado-geral em Mendoza, Argentina (América do Sul) 2007 Delegação permanente na Organização de Aviação Civil Internacional, em Montreal, Canadá Consulado-geral em Vancouver, Canadá (América do Norte) Embaixada na república de Montenegro, cumulativa com Belgrado, na Sérvia Vice-consulado em Lethem, Guiana (América do Sul) Embaixada na República do Congo (África) Embaixada na Mauritânia (África) Embaixada em Burkina Faso (África) Embaixada em Mali (África) Embaixada na Eslováquia (Europa) Embaixada na Eslovênia (Europa) Embaixada em Santa Lúcia (Caribe) 2008 Embaixada em Omã (Ásia) Consulado-geral na Cidade do México (América do Norte) Consulado-geral em Caracas (Venezuela) Consulado-geral em Washington (EUA) Consulado-geral em Hartford (EUA) Delegação do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra 2009 Embaixadas em fase de implantação Bangladesh (Ásia) Antígua e Barbuda (Caribe) São Vicente e Granadinas (Caribe) Dominica (Caribe) São Cristóvão e Nevis (Caribe)
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Made in Brazil Lívia Barreto
Poetica da liberdade Tiago Santana
N
o dia 5 de março, o poeta Patativa do Assaré completaria 100 anos. A terra e o homem sertanejos, transfigurados em poesia, colocaram o Sertão cantado no centro dos temas políticos cruciais para o Brasil, no século XX. “Sobre política eu faço é ironia, é crítica.” A frase está registrada no livro Patativa, poeta pássaro do Assaré, do pesquisador e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) Gilmar de Carvalho. Quase quatro décadas antes, Patativa deixara escrito na autobiografia que escreveu para o livro Inspiração Nordestina, em
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1956: “Não tenho tendência política, sou apenas um revoltado contra as injustiças que venho notando desde que tomei algum conhecimento das coisas, provenientes, talvez, da política falsa, que continha muito fora do programa da verdadeira Democracia”. Mesmo sem partido, Patativa do Assaré foi poeta engajado do seu jeito. Não teve causa social, a partir dos anos 60 do século XX, que Patativa não tivesse tratado em sua poesia. Cantou a reforma agrária muito antes de se ligar a militantes das Ligas Camponesas e de surgir o Movimento dos Sem-Terra, fez ver-
sos contra a ditadura militar e pelas Diretas Já. E foi, sim, o maior cantador das desigualdades sociais do Brasil. O realismo dos versos não embelezaram a feiura da pobreza, que até hoje assola bolsões nos centros urbanos e rurais. Durante o nervosismo dos anos 60, quando o Brasil viveu sob a ditadura militar, a poesia de Patativa ricocheteava pela Rádio Araripe. Nunca foi preso, mas o apresentador do programa, o radialista Elói Teles, foi. O professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece) B. C. Neto, que atuava no campesinato do Crato, na região do Cariri cearen-
Made in Brazil Tiago Santana
se, onde Patativa nasceu, lembra do poeta nessa época. “Os versos do Patativa eram de esperança. Ele partia do trágico, do sofrimento, da realidade do camponês nordestino, mas era da esperança que o poeta tratava. Ele sabia que aquele canto era um canto de busca do sonho do socialismo”, afirma o filósofo e poeta que dividiu com Patativa o show de poesia Por Amor ao Chão, interior do Ceará adentro. Para o poeta, B. C. Neto escreveu: “Tínhamos vergonha dos grampos/ Das cercas de arame farpado/ Onde de um lado – era só jurema/ E do outro – era só jurema./ Figuras oprimidas/ Acuadas/ No canto da sala,/Bem na esquina do mundo,/ Esmagam tristezas ouvindo versos/ Do Patativa que canta/ O canto deste povão/ De uma terra onde Deus/ Plantou, semeou e colheu/ o Esperançar”. Ao que Patativa respondeu: “Imbora seja polida/ Sua bonita linguagem/ A mesma retrata a vida/ Da nossa gente servage/ No meu verso eu tou notando/ Que você tá me ajudando. Obrigado meu amigo,/ Pelo trabalho distinto/ Sentindo aquilo que eu sinto/ Dizendo aquilo que eu digo”. O cineasta – Cantar a sina do homem do campo em tempos de estiagem, as desavenças entre meeiros, agregados e fazendeiros, os recursos desiguais e escassos do poder público, os brasis que dividiam pobres, amealhados e ricos ocupou quase toda a poesia patativiana. “Qualquer boa causa popular podia contar com a poesia de Patativa”, afirma o pesquisador e professor da Uece Oswald 13 | B o l e t i m d a AD B
Barroso, amigo de Patativa, autor de dois documentários sobre o mestre do Sertão. Para ele, a atualidade da poesia de Patativa reside justamente no fato de ser “uma intérprete dos sentimentos mais profundos do homem brasileiro”. O cineasta Rosemberg Cariry, diretor do filme Patativa do Assaré, Ave Poesia, afirma que a visão política do poeta se confundia com a ética, que caminhava junto do sentimento de justiça, ligado ao cristianismo radical que predominava nas convicções do poeta. “Ele tinha uma
visão muito crítica da sociedade e das injustiças impostas, das opressões que sofriam os camponeses e os operários, mas no fundamento disto, estava o homem”, afirma Rosemberg, um dos principais responsáveis pela divulgação do trabalho de Patativa do Assaré, a partir da década de 70. O poeta chegou a escrever no jornal Nação Cariri, dirigido por Rosemberg. “Patativa subiu em palanque pela anistia, pelas eleições diretas e por muitas outras mobilizações sociais que considerava justas. B o l e t i m d a AD B | 13
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O plantador de versos
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atativa do Assaré foi homem feito de terra, poesia e amizade. Nasceu Antônio. Quando abriu os olhos, estava na Serra de Santana. Era março, dia 5. Por esse mês, o olho do sertanejo corre o céu em busca de chuva. Em 1909 choveu. O menino parece ter marcado encontro com a agricultura. Sem pai, aos oito anos, restaram a mãe, os irmãos mais novos, a enxada e a esperança plantada na terra pouca, herdada. Começou na roça quase ao mesmo tempo em que se deparou com a poesia. Enquanto cultivava a terra, nasciam os versos. Foi assim a vida inteira. Mesmo no verão havia colheita de poesia. Os filhos, arando a memória, relembram o pai a caminho do roçado, na Serra de Santana, separada de Assaré por 18km. Geraldo, filho mais velho, traquina e tanjão, chegou a ralhar com Patativa em busca de entendimento. "Pai, na roça tinha um mexido na boca. Um dia perguntei a ele: “Com quem o senhor tá falando, se eu tô aqui do lado e num escuto nada?". "Ói, menino, cuide do seu serviço que eu tô fazendo meus versos", ouviu como resposta. À noite arrodeava os filhos em volta da lamparina e recitava o plantio de palavras. Alguns outros poemas, Patativa esperava a noite quase esbarrar na madrugada para esgarranchá-los num pedaço de papel. O roceiro virou um clássico quando os versos de Triste Partida, feitos no roçado e burilados na memória do poeta alvorada adentro, chegaram numa toada pela voz de
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Luiz Gonzaga, em 1964. Estourou pelos quatro cantos do País. Vinte anos mais tarde, Vaca Estrela, Boi Fubá conquista o Brasil, na voz de Fagner. "Quando a gente crescia, ao ponto de poder trabalhar, ia pra roça ajudar. Pai mandava a gente ir na frente, enquanto ele botava água na cabaça. Mas eu sabia que ele queria ficar sozinho pra ir fazendo os poemas dele". A filha Inês era menina de 10 anos quando começou a aprender a conviver com a poesia e o sol estridente; a chuva escassa e a precisão de tudo. "No tempo de pai é que era difícil. Não havia nem estrada para Assaré. Só umas veredinhas pra ir montado". O caçula Pedro recorda quando ia levar o pai para um lugarejo chamado Anduras. De lá, ele viajava para Assaré ou Crato. Marcava o dia da volta, eu tinha que tá lá esperando". Na seca de 1958, Inês conta que o pai teve de ir para uma frente de serviço na Serra da Ema. Nessa época, Patativa já havia lançado Inspiração Nordestina (1956), era conhecido nas rodas matutas e na cidade, por causa da viola que ele tocava na feira do Crato e nos sítios, nas disputas de repente. Patativa do Assaré foi à escola por um semestre. Juntou as sílabas, formou as palavras. Foi o suficiente, como afirmou várias vezes, em inúmeras entrevistas publicadas na mídia e nos livros. No entanto, estudou a vida inteira. Leu os clássicos da poesia (Olavo Bilac, Castro Alves, Camões), estudou métrica e ia buscar no dicionário o sentido exato das palavras que deixava fermentando no juízo para transformar em versos. Sabia de cor todos os poemas dos seis livros que deixou publicado. A memória privilegiada assombrava até poetas como ele. Geraldo Gonçalves, primo legítimo, foi companheiro de poesia de Patativa por mais de 30 anos, fez o teste da memória várias vezes. Tomava uma poesia de um
Made in Brazil
Lívia Barreto
dos livros e dizia: “Patativa, e esse poema...” Na hora, o poeta recitava. "Era algo extraordinário!" Juntos, escreveram Poesia ao Pé da Mesa e organizaram o primeiro Balceiro, livro com poesias do Patativa, do Geraldo e de outros poetas do Assaré. Geraldo conheceu Patativa no tempo das cantorias e do cordel. Só quando Patativa lançou Inspiração Nordestina foi que Geraldo se deu conta do Patativa poeta. Inspiração Nordestina lhe abriu as portas da poesia. Depois, passou a escrever versos campestres. Patativa olhava e repetia sem dó, nem piedade: "Presta não, presta não". Até que um dia, Geraldo compôs Pergunta de Morador. Submeteu ao mestre. Patativa calou-se. Dias depois, o poeta propôs ao amigo: "Ô Geraldo, você me permite escrever uma resposta ao seu poema?”. Soube, naquele dia, que ele tinha gostado". Saiu com o Resposta do Patrão. Daí por diante os encontros dos dois foram a três: Geraldo, Patativa e a poesia. Assaré e Patativa viveram um caso raro de amor. O poeta tinha duas paixões: a Serra de Santana e Assaré. Em Santana, viveu quase a vida toda numa casa de homem da roça: as paredes de barro, sustentadas por um entrançado de madeira fina, sala, quartos, corredor, cozinha. Até que, em meados de 1970, dona Belinha (Belarmina Cidrão), mulher de Patativa, pediu a ele que, antes de morrer, queria morar em Assaré, no quadrado da Matriz. Patativa pôs dona Belinha ao lado da Igreja, em 1979. Era dar só alguns passos e ela poderia ir rezar. Enquanto o poeta ganha-
va o mundo recitando os versos, dona Belinha só fazia um único percurso: de casa para a igreja. Se em Santana Patativa era amigo dos roceiros e cantava no sítio dos conhecidos, mesmo antes de ficar famoso, embaixo, na cidade, Assaré olhava de soslaio para o poeta que já desceu importante. "As pessoas dizem que Patativa não era valorizado em Assaré, mas elas não tinham conhecimento, agora têm e ele está sendo valorizado", afirma Isabel Cidrão Pio, neta de Patativa, que preside o Memorial Patativa do Assaré. Foi ela quem datilografou os versos do último livro publicado por ele: Aqui tem Coisa.
O memorial, fundado em 1999, quando o poeta completou 90 anos, guarda o acervo de objetos pessoais do poeta, os livros, os cordéis, os filmes, mas até hoje é mais visitado por turistas do que pela população. Hoje, Assaré lê os versos de Patativa em todas as ruas da cidade. As placas indicativas têm o nome da rua e um trecho de uma obra do poeta. Patativa do Assaré, seguido pela maior multidão que Assaré já viu, foi sepultado no dia 9 de julho de 2002. Matéria da jornalista Regina Ribeiro, publicada no dia 5 de março de 2009, no caderno Vida & Arte, do jornal O Povo, do Ceará. Tiago Santana
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a n r o j o d o r u t u f O
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Cristiano Gomes
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Capa definir o futuro do diário impresso é arriscado. “No início da década de 90, Bill Gates dizia que em dez anos não haveria mais jornais impressos. Errou redondamente. No curto prazo, não parece que a circulação dos jornais brasileiros vá despencar. Ao contrário do que acontece nos EUA e em vários países europeus, onde há contração da circulação também em épocas de crescimento econômico, no Brasil não há queda lenta, contínua e inexorável da venda de jornais”, diz Matías Molina. Para ele, aqui, a situação socioeconômica é fator importante para determinar o comportamento da mídia impressa. “Quando a economia se retrai, a circulação desaba; quando volta a crescer, aumentam as vendas – foi o que aconteceu ao longo desta década. A circulação dos jornais brasileiros, no curto prazo, será muito influenciada pelo comportamento da economia”. Na opinião de Baraldi, estamos em um momento de transição de paradigmas, que envolve não apenas a mídia. A sociedade está mudando a forma como capta, processa, transmite e armazena informação, seja na escola, na vida cotidiana, no ato de buscar e ler notícias. É natural que, nesta etapa de transição, todas as mídias convivam. Qualidade da informação – Avançar nas notícias e ampliar a cobertura de temas importantes para além do que já foi dito no dia anterior no noticiário das rádios e das tevês sempre foi o desafio dos jornais impressos. Com o avanço tecnológico, que aumentou os canais de comunicação, 18 | B o l e t i m d a AD B
Cristiano Gomes
cabe aos jornais e às revistas – e certamente caberá por um bom tempo ainda – o papel de formar opinião. “Esse poder decorre da ação jornalística, da edição, que seleciona previamente os temas que serão apresentados ao leitor e os entrega embalados de modo familiar. Jornais e revistas, ao propor a pauta de notícias, formatam a agenda da sociedade. Daí decorre seu papel de formador de opinião”, afirma Baraldi. Na opinião do jornalista, os meios eletrônicos não alcançaram esse patamar e o leitor recorre à internet como quem recorre a uma enciclopédia – busca a informação de que tem necessidade. “É como se ali estivesse a informação em estado puro, sem análise, sem emoção, sem o poder de influenciálo. Cabe, portanto, aos jornais e às revistas, o papel de formar a opi-
nião, por meio de conteúdo cada vez mais analítico”. Enquanto isso, nos Estados Unidos – A migração da audiência para a internet está acelerando. O número de americanos que regularmente acessam a web para ler notícias aumentou 19% nos últimos dois anos. Apenas em 2008, o tráfego dos 50 maiores sites de notícias subiu 27%. As informações são da edição 2009 da pesquisa State of the News Media, divulgada em março pelo Project for Excellence in Journalism. O estudo é extenso e trata de jornais, internet, tevê, revistas e mídia segmentada. Entre as conclusões, uma sobre a receita publicitária. Segundo a pesquisa, o modelo baseado em publicidade, que financiou o jornalismo nos últimos cem anos, “vai ser inadequado
Capa para fazer o mesmo neste século”. A receita com a publicidade online nos sites de notícias parece estar estacionando, enquanto nos jornais impressos está em declínio. Alternativas a esse modelo estão sendo, ou já foram, exploradas – micropagamentos, jornais como organizações sem fins lucrativos, copiar o modelo da tevê a cabo. Outra tendência analisada pelo estudo – o poder está migrando das ‘instituições’ jornalísticas para o jornalista indivíduo. “Por meio de ferramentas de busca, e-mail, blogs
e mídia social, os consumidores estão girando em torno do trabalho de indivíduos e distanciando-se das marcas (do jornalismo)”. Efeitos da crise – Relatório anual divulgado no fim de março pelo Centro para a Excelência no Jornalismo, do Pew Institute, dá a dimensão dos efeitos da crise no setor nos EUA. Cinco mil jornalistas já perderam seus empregos e 120 jornais fecharam ou optaram por ter apenas edições online desde janeiro do ano passado.
Além disso, as receitas publicitárias diminuíram 23%. Ainda segundo a pesquisa, as emissoras de tevê também estão fazendo cortes, de forma nunca antes vista, motivada pela queda da publicidade. Mais dois jornais estadunidenses anunciaram cortes para tentar enfrentar a crise financeira mundial. O The Atlanta Journal-Constitution, do grupo Cox Newspapers, afirmou que reduzirá 30% da equipe. O Houston Chronicle, do grupo Hearst Corp, decidiu diminuir 12% de seu pessoal.
Daily News
“Pensar fora da caixa” A fome aguça a esperteza, diz o ditado. Na Libéria, a falta de infraestrutura para acesso à internete não deixou Alfred Sirleaf desistir de ter um blog. Um quadro negro, no centro de Monrovia, é a mídia que ele encontrou para blogar. Foi classificado pelo jornal Daily News como “blogueiro analógico”. Alfred recruta pessoas em todo o país, via celular, para ajudá-lo a manter o “blog” atualizado e usa o celular. Para ajudar os que não sabem ler, recorre a objetos e símbolos. E ainda vende espaço para publicidade: US$5 por espaço publicitário na parte inferior do quadro, US$10 para aparecer na lateral e US$25 para figurar na área principal. B o l e t i m d a AD B | 19
Capa
Pasadena Now, de Mumbai por Osmar Freitas Jr. de Nova Iorque
O Grupo Tribune, que detém vários títulos do jornalismo diário americano, entrou em concordata. É mais um balaio de nomes tradicionais da imprensa no papel que entra pelo cano. Nessa corporação inadimplente estão, por exemplo, o Chicago Tribune – da terra do futuro presidente – e o Los Angeles Times –, que já foi o mais respeitado da Costa Oeste dos Estados Unidos. E este serve à perfeição para mostrar alguns motivos para a debacle. Uma das praças que estão em sua rota de cobertura de notícias e de circulação em bancas é a cidade de Pasadena. Lá o jornalão enfrenta a concorrência do site de informações Pasadena Now, cujos repórteres escrevem diretamente das cidades de Bangalore e Mumbai, na Índia. Pode parecer desvantajoso cobrir eventos que ocorrem a 18 mil quilômetros de distância. O que explica o fato de a maioria dos repórteres nunca ter colocado os pés nas ruas sobre as quais escrevem. Tem mais: ganham por mês algo em torno de US$720, enquanto o salário médio inicial dos colegas do Los Angeles Times é de US$ 4,5 mil. Mas, apesar dessas desigualdades, quem continua com emprego mais ou menos garantido é o escriba indiano. Um deles, que também trabalha como auxiliar de odontologia em Bangalore, declarou ao próprio Los Angeles Times
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que os rendimentos no jornalismo o transformaram em classe média alta na sua cidade. A ideia dessa exportação de empregos é de um certo James Macpherson – criador do Pasadena Now, que por sua vez declara que não é jornalista, mas sim um empresário da internete. Como tal, achou seus funcionários através de classificados gratuitos na versão indiana do craigslist, o maior site de classificados do mundo. O modelo operacional implantado é singular: os repórteres assistem a entrevistas coletivas em teleconferências, buscam releases online, entrevistam fontes via e-mail, ou – num arroubo de reportagem – falam com os personagens por meio do Skype (ligação telefônica pela internete que custa tostões). E, claro, passam as noites acordados, pois a diferença de fusos horários entre a Califórnia e a Índia é de 12h50. Para entender melhor o esquema, imagine o noticiário da cidade de Salvador, na Bahia, sendo produzido em Goa, a ex-colônia portuguesa no subcontinente asiático. Claro que não dá para ter a chamada “cor local” – qualificativo querido de editores e repórteres do jornalismo impresso. Mas quem liga para isso neste mundo virtual? O importante é colocar notícia – seja ela qual for, desde que curta e grossa – na rede. Macpherson aponta para os 45 mil acessos que seu Pasadena Now recebe por mês. Ainda não é nada
comparável ao milhão de exemplares mensais de um grande jornal aqui nos Estados Unidos, nem aos mais de cem mil acessos do recéminaugurado site da Brasileiros, mas ele chega lá... Lembre-se de que o site não suja as mãos dos leitores. Os administradores de vários conglomerados do jornalismo americano estão considerando seriamente o modus operandi de Macpherson. Os próprios marketeiros do Grupo Tribune dizem que o caminho do futuro pode ser esse. Imagino que no Brasil existam entusiastas do modelo. Quem sabe os craigslists de Angola, Cabo Verde ou Guiné Bissau já estejam anunciando abertura de vagas para sites de cobertura metropolitana de Rio de Janeiro, São Paulo, Floresta Alta ou Chapecó Mirim. Depois da tal da reforma ortográfica e com o verificador gramatical do Word qualquer auxiliar de dentista pode fazer uma reportagem. O jornal impresso, portanto, entrou em extinção. Jornaleiros que tratem de abrir quiosques com ligação WiFi. Gaiolas de passarinhos ficarão sem proteção de piso. Zeladores de prédios vão perder os trocadinhos que fazem com a reciclagem de papel. E os peixeiros que se cuidem: não vão mais ter com o que embrulhar os produtos que vendem. Matéria publicada na revista Brasileiros, edição de janeiro/2009
Urbanismo Valter Campanato / ABr
Os desafios do Brasil na acessibilidade O País ainda engatinha quando o assunto é tornar as cidades acessíveis. Japão, Estados Unidos e Coreia do Sul estão, pelo menos, duas décadas a nossa frente
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ndar pelas ruas e chegar a determinados lugares pode não ser atividade tão simples quanto parece. São inúmeros os problemas e o drama é maior quando se trata de pessoas com deficiência. No Brasil, elas são mais de 25 milhões, e, apesar da
Lei de Acessibilidade e dos projetos de inclusão e adaptação, ainda há muito que fazer para melhorar o cotidiano desses cidadãos. “Existem problemas em todas as áreas, principalmente no transporte e no urbanismo. Não conseguimos andar pelas calçadas,
cheias de obstáculos e sem rebaixamento. Há locais onde é praticamente impossível circular nas edificações, quer seja por desníveis, quer seja pela ausência de rampas, ou ainda por falta de sanitários acessíveis”, diz a arquiteta, cadeirante, Silvana Cambiaghi. B o l e t i m d a AD B | 21
Urbanismo
Lívia Barreto
Ela explica que o desenho universal (quando um produto, ambiente ou via é projetado para atender a pessoas, com ou sem limitações físicas) ainda é muito pouco desenvolvido e aplicado no País. “O Brasil está uns 20 anos defasado com relação aos Estados Unidos, ao Japão e a alguns países da Europa. No Japão, a acessibilidade é integrada, pensando-se no fluxo, no transporte e no lazer, e os deficientes usam as cidades na mesma escala que as demais pessoas”, diz Silvana.
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Paradoxos – O governo federal está atento a essa realidade e vem acelerando o processo por meio de iniciativas políticas de distribuição adequada dos tributos da União. “O Brasil tem mais recursos que muitas cidades europeias”, é o que diz o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB), Frederico Flósculo Barreto. Pesquisa realizada por seus alunos mostra que o IPTU recolhido nas capitais é suficiente para reconstruir as áreas centrais das grandes cidades a cada 15 anos. “Esse é um cálculo de cidadania. Temos de cobrar dos governos que o dinheiro recolhido seja utilizado em benefício dos contribuintes”, afirma o professor. Segundo a coordenadora técnica da Comissão de Acessibilidade da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal (Seduma), Márcia Muniz, o governo local tem se empenhado em resol-
Diversão – A falta de investimentos no acesso universal limita não apenas o direito de ir e vir desses cidadãos, mas também seu direito ao lazer. “A inacessibilidade está presente em todos os lugares. No teatro, não dá para entrar. Restaurantes não disponibilizam nem acesso para cadeirantes nem menu apropriado para cegos. Transporte, então, está longe de ser acessível”, diz Manuel Aguiar, administrador, cego e militante do Movimento das Pessoas com Deficiências. Ao falar sobre o custo da adequação, Manuel lembra que, além das barreiras arquitetônicas, há as construídas pela (não) inserção tecnológica e pelo preconceito. “O custo da adequação será cada vez maior se não começar agora. Mas o principal investimento que precisa ser feito é o cultural, para refazer conceitos e destruir preconceitos”, enfatiza.
Patricia Cunegundes
ver os problemas da acessibilidade. Márcia dedica-se ao tema há 10 anos e ressalta que o trabalho de conscientização deve ser o primeiro passo. Segundo dados da Seduma, há três anos, todas as novas edificações só são aprovadas se estiverem adequadas ao desenho universal. Ela garante, ainda, que as construções antigas do Distrito Federal começaram a ser adequadas à medida que suas reformas foram sendo aprovadas. “Ainda temos muitos problemas, afinal de contas é uma cidade inteira para consertar, mas muitos problemas já foram minimizados”, garante Márcia.
Patricia Cunegundes
Urbanismo
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Wagner Ulisses
Capa
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Depois da Central do Brasil, RodoviĂĄria de BrasĂlia deve ganhar livraria da Funag
Ponto de Vista
Com livrarias em locais de grande movimento, Funag ajuda a popularizar política internacional
A
Fundação Alexandre de Gusmão (Funag) desempenha papel estratégico na relação entre a política externa brasileira e os demais segmentos da sociedade. No ano passado a Fundação publicou 116 títulos, realizou 20 eventos, ministrou cinco cursos e criou bibliotecas em todas as regiões do País. Para este ano, já há várias atividades previstas. Segundo embaixador José Jeronimo Moscardo, presidente da Funag, o bom resultado do ano passado é fruto de uma política que pretende aproximar a política internacional do cotidiano do cidadão. Criada em 1971, a Fundação é vinculada ao Ministério das Relações Exteriores (MRE) e encarrega-se de promover pesquisas e cooperação na área das relações exteriores. “Um dos objetivos da Funag é criar canal direto entre o mundo acadêmico, o diplomático e a sociedade civil. Porque não se legitima uma política externa sem que o cidadão tome conhecimento dessa política”, afirma o embaixador. Com esse intuito, a Funag atua em diversas frentes, como na publicação de livros, na realização de seminários, conferências e cursos. Os encontros realiza-
dos pela Fundação abordam temas que estão em consonância com a política externa executada pelo Ministério das Relações Exteriores e têm, por objetivo, subsidiar e socializar as ações do MRE. No ano passado, a Funag realizou 20 eventos entre seminários, encontros e palestras, dos quais participaram diplomatas, estudantes e intelectuais. Segundo embaixador José Moscardo, as palestras realizadas ao longo do ano acumulam conhecimento e desembocam num grande seminário realizado no final do ano. Em 2008 os seminários debateram questões prioritárias do cenário internacional e da política externa brasileira. Foram realizadas palestras sobre Índia, China, Estados Unidos e África do Sul e sobre as relações com países asiáticos. Também ocorreu no ano passado a I Conferência das Comunidades Brasileiras no Exterior. “Foi a primeira vez que reunimos representantes destas comunidades para ouvi-los. Discutimos quais são as demandas, a representatividade e as necessidades dos brasileiros que vivem em outros países do mundo”, afirma o embaixador. No seminário “O Brasil no mundo que vem aí”, realizado entre 8 e 9
de dezembro, no Rio de Janeiro, a Funag reuniu intelectuais e diplomatas para discutir o cenário internacional. A eleição de Barack Obama e as perspectivas em torno das relações econômicas com os Estados Unidos estiveram no debate, bem como a integração e a relação entre os países sul-americanos. A Fundação Alexandre de Gusmão também trata de temas que vão além da política externa brasileira. O projeto Encontro com o Barão, homenageia brasileiros notáveis pelo saber e conhecimento. “A ideia é fazer um panteon vivo. Homenagear brasileiros que tenham grande história de vida e ouvir a visão deles sobre o Brasil”, diz José Moscardo. Foram convidados, no ano passado, a economista Maria da Conceição Tavares, o professor Cândido Mendes, o sociólogo, cientista político e escritor Hélio Jaguaribe, além do arquiteto Oscar Niemeyer. O Curso para Diplomatas SulAmericanos já formou mais de 120 diplomatas nessa área. A quinta edição aconteceu entre 7 e 31 de outubro, no Rio de Janeiro. Além do curso de formação de diplomatas sul-americanos, a Funag promove cursos de capacitação B o l e t i m d a AD B | 2 5
Po n t o d e V i s t a
Com o objetivo de divulgar a política internacional do Brasil, a Funag tem firmado parcerias para instalar bibliotecas em todo o País em Relações Internacionais para altos funcionários do governo federal, das autarquias e das agências reguladoras. Os temas e as demandas são avaliados de acordo com as necessidades observadas pelo embaixador Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores. Outra importante iniciativa da Funag é a publicação de livros. Ao todo a fundação possui mais de 620 obras. Todas elas disponíveis na internet. “Algumas obras já estão esgotadas, mas o conteúdo continua disponível na internet”, disse o embaixador. Os livros publicados tratam da política externa brasileira e internacional, história da diplomacia e biografia de diplomatas ilustres. No ano passado foram publicadas 116 obras. Além das publicações voltadas para o público acadêmico, a fundação também tem livros para todos os seguimentos sociais. Dois programas da Funag, O Livro na Rua e a Literatura de Cordel, distribuem livros gratuitamente para que a população tome conhecimento da política externa brasileira. Na Literatura de Cordel, a história de diplomatas brasileiros é contada em rimas, de maneira simples e direta. O Livro na Rua fala de temas relacionados à política externa brasileira e também biografias de diplomatas, em textos curtos e simples. Os livros dos dois projetos são distribuídos nas feiras de livros em que a Fundação 2 6 | B o l e t i m d a AD B
participa e nas lojas da entidade. E como o intuito da Fundação é popularizar as políticas do Ministério das Relações Exteriores, a Funag abriu, no ano passado, livraria na Central do Brasil. “Abrimos uma livraria na Central do Brasil, que é dos lugares, mais populares do Rio de Janeiro. É a única livraria da Central e o resultado é muito positivo. Vendemos lá cerca de 30 livros por dia. Para se ter uma ideia, na livraria Cultura, em Brasília, vendemos 30 livros por mês”, conta o presidente. Ainda com o objetivo de divulgar a política internacional do Brasil, a Funag tem firmado parcerias para instalar bibliotecas em todo o País. No ano passado, parceria com o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo possibilitou a criação de 43 bibliotecas no interior paulista. Fruto de discussões ocorridas no ano passado, a Fundação firmou par-
ceira com o Ministério da Educação para criar bibliotecas nos pontos de irradiação da Educação de Jovens e Adultos. Ao todo 453 municípios foram beneficiados. Estas bibliotecas recebem kits compostos por 800 títulos entre livros, CDs, folhetos e cordéis. “Essas parcerias possibilitam capilaridade muito grande da Fundação Alexandre de Gusmão”, diz o embaixador José Moscardo. Para 2009, a Funag já realizou vários eventos e ainda tem extensa programação prevista. Em junho haverá o seminário sobre Desenvolvimento Econômico e inauguração de bibliotecas. Para o segundo semestre estão previstos os seminários sobre Reforma da ONU, Comércio, Energia e Alimentação. E a exemplo da livraria da Central do Brasil, será inaugurada uma nova unidade na rodoviária de Brasília, em frente à estação do metrô. “Essa política de popularização do livro, de levar o livro para a grande população é uma política do ministro Celso Amorim, inspirada pelo presidente Lula”, afirma José Moscardo.
Cid Andrade
Central do Brasil recebeu livraria em 2008
Divulgação
Cultura
Miragem na Amazônia
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m homem poderoso e visionário decide construir uma cidade moderna em uma área inóspita do Brasil, em pleno século XX. Rios de dinheiro são aplicados para levantar prédios diferentes de tudo o que havia no País, as tecnologias mais modernas são empregadas para realizar uma grande obra da engenharia humana. Estaríamos falando de Brasília? Não. Estamos falando de Fordlândia, no interior do Pará. Ao contrário da capital, Fordlândia teve um destino trágico de abandono e esquecimento. O documentarista Marinho Andrade, no entanto, pretende tornar conhecida a história da cidade criada por Henry Ford, em 1928, para servir de base a um dos maiores centros de extração de látex do mundo. A cidade, que chegou a ter mais de 3 mil habitantes, hoje possui cerca de 800 moradores. A estru-
tura montada por Ford foi sucateada – a luz elétrica, por exemplo, só voltou à cidade em 2001. “O governo brasileiro não aproveitou nada dessa estrutura deixada por Ford. Não houve interesse. Questionei secretários e pessoas do governo e eles responderam que queriam fazer o museu da borracha, mas Fordlândia fica muito distante. A cidade foi saqueada. Em 2004, vimos uma coisa absurda: um trator de esteira, de 1929, estava sendo colocado em cima de um caminhão e vendido por R$450! Doeu o coração. Pensei: "Estão levando a cidade embora, temos de filmar rápido, senão a cidade vai acabar", conta o documentarista. Erros de planejamento e o desenvolvimento da borracha sintética, feita a partir do petróleo, foram as principais causas do fracasso do projeto. Ford perdeu cerca de US$20 milhões na empreitada, em valores da época –
atualmente, esse valor equivaleria a mais de US$180 milhões. Mas o que levou o empresário estadunidense a cometer tal aventura? Durante a década de 20, os ingleses tornaram-se os maiores fornecedores da matéria-prima dos pneus dos carros de Ford. Os súditos do então rei, George VI, levaram mudas de seringueiras brasileiras para a Malásia e lá obtiveram bem-sucedidas plantações, passando a controlar o mercado e o preço do produto. Ford queria independência desse monopólio e decidiu que a melhor saída seria se sua própria empresa produzisse o látex necessário para a fabricação de seus carros. Até aí, tudo bem, é uma estratégia de negócios válida. Mas o empresário foi além. A verdadeira ousadia de Henry Ford foi construir uma cidade estadunidense bem no meio da Amazônia. Casas, móveis, calçadas, instalações, tudo foi trazido de navio, B o l e t i m d a AD B | 2 7
Divulgação
Cultura
diretamente dos Estados Unidos. O empresário queria implantar, com centenas de seringueiras, o american way of life, construindo campos de golfe, cinema e escolas com o que havia de mais moderno na indústria estadunidense. O hospital de Fordlândia foi o primeiro a executar um transplante de pele no Brasil. Sucessos do cinema, como King Kong, chegavam primeiro lá. Caminhões passavam, de casa em casa, distribuindo frutas e hortaliças. Havia hidrantes a cada dois quarteirões. O que parecia ser uma boa intenção – expandir um modelo de vida que Ford considerava “saudável” – mostrou-se um tremendo desastre, do ponto de vista social ou de respeito à cultura de uma população. Por exemplo, os estadunidenses impuseram aos trabalhadores nativos uma dieta de espinafre e hambúrguer, muito diferente da farinha, peixe e jabá a que eles estavam acostumados. Isso foi causa de brigas violentas, como o “quebrapanelas”, no qual os funcionários quebraram o refeitório e, literalmente, colocaram os chefes para correr, de acordo com Marinho. Prazeres mundanos como mulheres e bebidas alcoólicas eram proibidos dentro da cidade. Esse fato foi contornado rapidamente com o aparecimento espontâneo de um vilarejo na outra margem do rio Tapajós, que alguém de fina ironia denominou: Ilha dos Inocentes. Não bastassem as atrapalhadas antro-
pológicas, a empreitada de Henry Ford não estava devolvendo os resultados financeiros esperados. As seringueiras não produziam látex suficiente e estavam morrendo sob o ataque de um fungo conhecido como “mal das folhas”. Organizando a plantação ao estilo linha de montagem, Ford condenou as árvores – e seu projeto – à morte. Em seu ambiente natural, seringueiras precisam de sombra e de distância umas das outras. Em um acre de floresta, podem ser encontradas até três árvores. Os técnicos de Ford dispuseram 200 seringueiras na mesma área, não oferecendo espaço nem cobertura vegetal suficientes e facilitando a propagação de pragas. Segundo a professora e coordenadora dos cursos de História e Geografia do Centro Universitário
Documentarista registrou a história de uma cidade americana construída (e abandonada) no meio da floresta 2 8 | B o l e t i m d a AD B
Nove de Julho (Uninove), em São Paulo, Elaine Lourenço, que fez sua tese de mestrado sobre Fordlândia, o risco de contaminação por fungos já fora apontado em um relatório da American Rubber Mission, feito antes da instalação da cidade. Mesmo assim, a Ford não incluiu nenhum especialista em borracha, botânico ou biólogo na equipe que liderou o empreendimento. A contratação do botânico James Weir só aconteceu em 1932, e ele sugeriu que o local fosse transformado em um campo de testes e outra área mais apropriada fosse dedicada à plantação das seringueiras. O local escolhido foi Belterra, pequena cidade próxima a Santarém, também no Pará. Nasceu assim a irmã ligeiramente mais bem-sucedida de Fordlândia. Belterra hoje é um município relativamente grande para a região, com 13 mil habitantes e suas principais atividades econômicas são agricultura, pecu-
Cultura
ária e extrativismo vegetal de subsistência. Muitos dos prédios e das estruturas construídos pelos estadunidenses continuam lá, assim como as lembranças dos tempos em que aventureiros de todo o mundo se dirigiram para o meio da Amazônia para tentar a riqueza, produzindo látex para Ford. Elaine Lourenço conta que mais de vinte línguas podiam ser ouvidas pelas ruas nos tempos áureos da região. Mas a voz que nunca se ouviu naquelas cidades foi a de seu idealizador. Henry Ford nunca veio a Fordlândia. De acordo com Marinho Andrade, tudo o que o empresário sabia sobre a cidade era levado a ele por meio de fitas gravadas por câmeras cinematográficas. O equipamento era enviado pelo grande amigo de Ford, Thomas Edison, que mandava sua recente invenção para ser testada no meio da selva. Vários trechos dessas
Divulgação
gravações foram rica fonte para o documentário de Andrade, que pode ver imagens da cidade durante sua construção e em todo seu esplendor. O documentário Fordlândia deve ser lançado no circuito de festivais de cinema nacionais e internacionais no segundo semestre deste ano. O projeto levou quase 16 anos para ser realizado, se considerarmos que ele começou quando Andrade leu nota sobre a cidade em um jornal, em 1993. Foram seis anos pesquisando todas as escassas informações possíveis até que, em 1999, o diretor decidisse que a melhor maneira de conhecer Fordlândia era indo até lá. Essa primeira viagem foi toda paga pelo próprio documentarista, que descreve da seguinte maneira a primeira vez que viu a cidade: “Foi muito emocionante,
porque fazia seis anos que eu estudava o assunto com pouca literatura, sempre imaginando como poderiam ser as cidades e as pessoas. Foi tudo muito mágico. Naveguei numa noite linda, cheguei numa manhã linda... Fordlândia fica na beira do Rio Tapajós. O Pão de Açúcar dela é a caixa d’água, lindíssima, no estilo norte-americano, toda abaulada”. Tanta paixão conquistou uma grande produtora paulista e também a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), patrocinadora do filme. Falando desse jeito, parece que a busca por financiamento foi um mar de rosas, mas não foi. “Por uma questão de ética, eu queria que a Ford financiasse esse projeto. Mas essa foi uma derrota muito grande para a empresa e, embora sempre tenham me recebido muito bem, nunca aceitaram participar dele. Em Detroit, no Henry Ford Museum, não há nenhuma menção a Fordlândia. Em depoimento para o filme, o curador diz que a empresa não quer guardar essas recordações", conta Andrade. Felizmente, há muitas pessoas que estão fazendo o possível para que essa história não desapareça.
Marinho Andrade: Estão levando a cidade embora, temos de filmar rápido
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Prata da Casa
Adriano Silva Pucci: O Avesso dos Sonhos (Rio de Janeiro: 7 Letras, 2008, 176 p. ISBN: 978-85-757-7547-9) A realidade é o avesso dos sonhos, não o oposto, mas a mesma coisa, só que revirada. É assim que este descendente literário de Michelangelo vai esculpindo seus contos, mais exatamente vinte e três pré-histórias, como ele as define, repletas de personagens que poderiam frequentar nosso cotidiano, especialmente nos povaréus do interior, mas também em São Paulo, em festas de São João ou em fábricas de chocolate. Puro deleite, com Adoniran Barbosa, José de Alencar, Luiz Gonzaga e Machado de Assis: sim, não falta nem uma Capitu – mas esta aqui multiplica os casos, na frente do seu Bentinho, com um final surpreendente. Fina escrita, diálogos tão próximos da realidade que parecem gravação (ou seria o avesso?). O livro é dedicado a Maria Chambisca e a todas as outras Marias. Mas Charles Chaplin abre a seleção...
João Almino: Escrita em contraponto: ensaios literários (Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2008, 158 p. ISBN: 978-85-282-0148-2) O autor do Quarteto de Brasília e de outras obras de filosofia política, escolheu alguns de seus muitos ensaios literários para compor este pequenogrande livro, que fala do mito, da utopia, da poética do vazio, mas que também constrói diálogos literários entre Brasil, Portugal e Estados Unidos. Não se trata de crítica literária, como Almino adverte em seu Prefácio, mas de suas afinidades eletivas com autores e temas que compõem seu universo de leituras e de reflexões sobre a poesia e a ficção que frequentam sua vida nômade-acadêmica (que já passou pela Unam, pela UnB, pelo Instituto Rio Branco, por Berkeley e por Stanford). Machado, Clarice, João Cabral: eis alguns autores que comparecem nos ensaios, junto com Goethe, quem primeiro prenunciou o advento de uma literatura universal, como a que burila João Almino.
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Prata da C asa
Vasco Mariz: Temas da política internacional: ensaios, palestras e recordações diplomáticas (Rio de Janeiro: Topbooks, 2008, 431 p. ISBN: 978-85-7475-162-7) Prolífico escritor, longevo diplomata, musicólogo de renome, com muitas contribuições à cultura popular brasileira, Vasco Mariz reuniu, desta vez, seus escritos mais “sérios”, ou pelo menos todos aqueles que guardam a memória de suas aventuras diplomáticas. Por eles ficamos sabendo de sua cotovelada em Nikita Kruschev, do dia em que o Brasil salvou o Marechal Tito, da canhestra tentativa de Jânio Quadros de anexar Angola ao Brasil ou de como o regime dos generais afastou a possibilidade de que Dom Helder Câmara fosse premiado com o Nobel da Paz. Seu maior mérito é justamente o de não guardar para si suas muitas histórias diplomáticas. Os anexos trazem retratos de personalidades políticas brasileiras e de artistas e escritores. Este é o seu 57º livro: que não seja o último deste diplomata nascido em janeiro de 1921.
Vera Cíntia Álvarez: Diversidade cultural e livre-comércio: antagonismo ou oportunidade? (Brasília: UNESCO-Instituto Rio Branco, 2008, 292 p. ISBN: 97885-7652-084-9) Originalmente uma tese no curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco (IRBr), o trabalho discute a questão das políticas públicas em matéria cultural em face da disseminação de produtos culturais na era da globalização. O foco é o conflito potencial entre os mecanismos nacionais de promoção cultural e as regras do comércio multilateral, que poderiam impulsionar a liberalização nessa área. A autora lembra que a Unesco aprovou, em 2005, a Convenção da Diversidade Cultural, com a solitária oposição dos Estados Unidos, interessados, segundo ela, em ‘perpetuar a sua hegemonia’. De fato, as indústrias audiovisuais são as de maior dinamismo nos mercados mundiais, nos quais a suposta dominação americana poderia ameaçar as identidades culturais nacionais. Daí a tese da “diversidade cultural”, novo nome da “exceção cultural” patrocinada pela França. O Brasil apoia a tese, mas também promove seus interesses de mercado com base em sua grande riqueza cultural.
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Entrelinhas
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Para outros convênios, acesse o site da associação. ERRATA – Ao contrário do publicado na matéria “Em busca de renovação”, no Boletim da ADB de número 64, ano XVI, no box “Conheça a nova Diretoria e o novo Conselho Fiscal da ADB e saiba os planos de cada integrante para o próximo biênio da associação”, a conselheira Maria Silvia Barbin Laurindo afirmou que “devemos também manter um relacionamento mais próximo com o Ministério do Planejamento, para acompanhar as questões salariais da nossa carreira”.
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Expediente Diretoria da ADB Embaixador Luiz Brun de Almeida e Souza – Presidente Ministro Paulo Roberto de Almeida – Vice-presidente executivo Ministro Carlos Augusto Loureiro de Carvalho - Diretor Conselheira Maria Sílvia Barbin Laurindo – Diretora Secretária Fernanda Magalhães Lamego – Diretora Secretário Sérgio Carvalho de Toledo Barros – Diretor Secretário Fábio Cereda Cordeiro – Diretor Conselho Fiscal Embaixador Oswaldo Biato Embaixador Sérgio Fernando Guarischi Bath Embaixador Luiz Orlando Carone Gélio Secretariado da ADB Gerente Administrativo: Térsio Arcúrio Assistente Administrativa: Jacqueline Francisca da Cruz ADB Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros Ano XV – nº 65 Edição Abril/Maio/Junho de 2009 – ISSN 0104-8503 Conselho Editorial Luiz Brun de Almeida e Souza Paulo Roberto de Almeida Sérgio Carvalho de Toledo Barros Fernanda Magalhães Lamego Reportagem Juliana Oliveira Lívia Barreto Patrícia Cunegundes Simone Andrade Edição Ana Luiza Aguiar Revisão Bárbara de Castro e Joíra Coelho Projeto Gráfico Fabrício Martins e Wagner Ulisses Capa Cristiano Gomes e Malu Barsanelli diagramação Fabrício Martins Impressão Gráfica Athalaia Tiragem 1,5 mil exemplares
Diretora responsável Patrícia Cunegundes (61) 3349 2561
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