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Bênçãos e Mal

Bênçãos e Mal

Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará

ÉCírio outra vez! Convocados de todas as partes, estamos em Belém para participar da grande festa que reúne paraenses de todos os quadrantes, convoca homens e mulheres de boa vontade, acolhe pessoas que, de curiosas que chegam, depois se tornam fiéis e devotos! Vivemos um Círio original, pelas circunstâncias especiais em que nos encontramos, unidos e solidários à humanidade inteira. De fato, “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque Nossa fé em Cristo e a devoção a Nossa Senhora não conhece distâncias e supera desafios, com a corda que une todas as Paróquias e Áreas Missionárias

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a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos” (Gaudium et Spes, 1).

Deus é todo-poderoso e preparou desde toda a eternidade a Mãe que fosse digna de seu Filho,

CONVERSA COM MEU POVO ATO de entrega da Arquidiocese de Belém a Nossa Senhora

o Verbo Encarnado, Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele a pensou Imaculada, habitação adequada para aquele que é o Salvador do mundo. A ela, Mãe e Modelo da Igreja, aplicam-se também as palavras do Apocalipse: “Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida com o sol, tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas” (Ap 12,1). Nós desejamos revesti-la de novo, neste Círio, com um manto da cor do sol, sem nenhuma sombra. Uma coroa de doze estrelas, sustentada pelos Anjos, sinal da Igreja em suas colunas, que são os doze apóstolos do Cordeiro, quer que nos aproximemos dela. Tem a lua debaixo dos pés, porque já chegou, assunta ao Céu pelos méritos de seu Filho amado.

Nossas procissões do Círio deste ano são diferentes. Elas começaram há vários meses, quando tantas pessoas derramaram suas lágrimas e pedidos ao colo da Virgem de Nazaré. Temos a certeza de que a avalanche de sofrimentos e dores não nos alcançou, mais do que assistimos, porque fomos colocados debaixo do manto de Nossa Senhora, através da oração silenciosa e confiante, especialmente dos mais simples de nosso povo. Trazemos aqui, neste Círio, as contas do Rosário que podem até ter calejado nossos dedos, pois são incontáveis as Ave-Marias que brotaram de nossos lábios. Com elas louvamos, agradecemos, olhamos para frente e para o alto! Providencialmente, o tema do Círio tem sido justamente repetir “Ave Maria, cheia de graça”.

Olhando para Maria, acolhemos o convite do Apóstolo: “Também a vós que, outrora, vivíeis afastados e éreis inimigos, só pensando em obras más, agora, no tempo presente, ele vos reconciliou pelo corpo carnal do seu Filho, entregue à morte, a fim de que possais comparecer diante dele como santos, imaculados, íntegros e irrepreensíveis” (Cl 1,21-22). Com esta luz, desejamos fazer do Círio de Nazaré de 2020 um imenso Rosário, tecido de orações e corações, para proclamar que nossa fé em Cristo e a devoção a Nossa Senhora não conhece distâncias e supera desafios, com a corda que une todas as Paróquias e Áreas Missionárias da Arquidiocese, pedindo a graça de ser santos e imaculados!

Queremos conversar com Nossa Senhora, Maria dos muitos títulos com os quais a Igreja e a devoção do Povo de Deus a ela se dirigem! Entre nós, ela é Nossa Senhora de Nazaré, Nossa Senhora da Graça, Santa Maria de Belém. A ela nos entregamos confiantes:

Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós! Aqui estamos, Nossa Senhora de Nazaré, Maria, Mãe de Deus e nossa, reunidos como Igreja de Belém, pastores e fiéis, homens e mulheres de todas as idades, situações humanas e classes sociais. Vivemos juntos e mais uma vez o Círio de Nazaré. Nós te saudamos, cheia de graça, Imaculada, preparada desde toda a eternidade para ser a Mãe do Senhor, em previsão dos méritos de Jesus Cristo. Em ti, que caminhas à nossa frente, e contigo, Virgem do silêncio e da escuta, acolhemos a Boa Nova do Evangelho. Olhamos para ti e te entregamos todas as

pessoas que aguardam o anúncio do nome de Jesus Cristo. Dá-nos o mesmo coração aberto para Deus, como mostraste em Nazaré da Galileia. Ajuda-nos com tua materna proteção a viver em nossas famílias e nossos trabalhos com dedicação e amor, guardando todas as palavras de Jesus, teu Filho amado. Tu que és a Estrela da Evangelização, reza por nós e conosco, como fizeste no Cenáculo de Pentecostes, para que sejamos uma Igreja ardorosa e missionária, dócil ao Espírito Santo.

Nossa Senhora da Graça, nossa Igreja Catedral é dedicada a ti! Clamamos pelo derramamento do Espírito Santo. Pedimos a graça de sermos mais maduros e decididos na vivência de nossa fé. Olha com amor para todas as pessoas que passam por dificuldades em sua vida cristã. Aproxima de todas elas mãos, palavras e sentimentos de consolo e força, vindos de irmãos e irmãs solidários na prece e no testemunho. Vem com tua presença materna fazer-te presente em nossas Paróquias, Comunidades, Pastorais, Movimentos e Serviços. Pela tua oração, o Espírito Santo nos faça um povo santo e fiel à Igreja.

Santa Maria de Belém, Nossa Senhora de rosto amazônico, presença materna em nossa história. Nossa Senhora do Magnificat, pede a Jesus por nós, para que nossa terra seja lugar de partilha, justiça e serviço! Ajuda-nos a enfrentar corajosamente os grandes desafios sociais, que exigem de todos nós a prática da caridade. Belém, casa do pão, é nosso nome e nossa vocação. Ajudanos com tua presença amorosa na Igreja a ser-

mos dignos da missão que assim recebemos! O Espírito Santo realize entre nós as maravilhas do início da pregação do Evangelho: Oração, Palavra de Deus, Comunhão de bens, Eucaristia. Maria de Belém, conduze-nos sempre à Mesa Eucarística, onde nossos desejos e propósitos são selados e confirmados na Ceia da Nova e Eterna Aliança.

Clamamos com alegria e confiança, dirigindo-nos àquela que é toda bela, a Mãe do Belo Amor (Cf. Eclo 24,24): “Toda sois formosa, ó Maria, e mácula original não há em vós. Vós sois a glória de Jerusalém, vós a alegria de Israel, vós a honra do nosso povo, vós a Advogada dos pecadores. Ó Maria, Virgem prudentíssima, Mãe clementíssima, rogai por nós, intercedei por nós a Nosso Senhor Jesus Cristo. Vós fostes, ó Virgem, Imaculada em vossa Conceição. Rogai por nós ao Pai, cujo Filho destes à luz”. Amém!

A Mãe do Belo Amor

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