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Quais atitudes a situação de velhice e de

BELÉM, DE 14 A 20 DE FEVEREIRO DE 2020

SETORJUVENTUDE

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Bispo Auxiliar de Belém (domantoniodeassis@arqbelem.org) DOM ANTÔNIO DE ASSIS RIBEIRO

MUNDO JUVENIL E A FÉ CRISTÃ

Matrimônio e FAMÍLIA: cuidar dos pais na doença e na velhice (parte 15)

INTRODUÇÃO C ontinuemos nossa reflexão sobre o quarto mandamento da Lei de Deus, honrar pai e mãe, comentando o texto de eclesiástico 3,1-17. O tratamento que os filhos adultos devotam a seus pais é o coroamento daquilo que conseguiram assimilar no que diz respeito à educação recebida, dignidade de vida e prática das virtudes.

Naturalmente recebemos de nossos pais os primeiros cuidados

A dinâmica da vida nos ensina que, logo ao nascer e durante toda a nossa infância, fomos objeto da atenção e dos cuidados dos outros. Naturalmente recebemos de nossos pais os primeiros cuidados; fomos beneficiados por suas convicções beneficentes, por seus valores, suas virtudes, suas sensibilidades positivas, ternura, proteção, amor. Seguindo a sensibilidade da natureza e animados por um vínculo permanente, os nossos pais e, de modo muito especial, as nossas mães, dedicaram-se a cuidar de nós na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na abundância e na carência, em todas as circunstâncias. Essa é uma dívida de gratidão que todo filho carrega consigo!

Mas eis que, de acordo com o dinamismo da nossa existência, chega um tempo em que aqueles que cuidaram de nós perdem suas forças, a saúde, a consciência... e passam a precisar de especiais cuidados! Os papeis se invertem: quem cuidou, agora necessita de cuidado! É chegada a hora do testemunho da misericórdia e das manifestações concretas da verdadeira gratidão dos filhos.

1Cuidar dos pais na velhice “Meu filho, cuide de seu pai na velhice, e não o abandone enquanto ele viver. Mesmo que ele fique caduco, seja compreensivo e não o despreze, enquanto você está em pleno vigor, pois a caridade feita ao pai não será esquecida, e valerá como reparação pelos pecados que você tiver cometido” (Eclesiástico 3,12-14). E s t e s v e r s í c u l o s constituem uma verdadeira súplica: cuidar dos pais na velhice! Não abandoná-los, não tratá-los com violência, não esquecê-los, não desprezá-los! Nada justifica o abandono dos pais. Por isso diz o texto Sagrado: “não o abandone enquanto ele viver”. Aqui não se apresentam situações e nem condições! Simplesmente afirma-se, “enquanto ele viver”. Os vínculos entre pais e filhos e vice-versa não são circunstanciais, mas existenciais e permanentes.

O trecho bíblico nos estimula a considerar uma profunda e inevitável realidade da existência humana: a velhice com todos os seus naturais problemas e fragilidades como a caduquice, dores, doenças, estresse, solidão, murmuração, obsessão, saudosismo, manias, esquecimento, fantasias, descontroles etc.

Deus, que se serviu de nossos pais para que viéssemos ao mundo, quer que nessa situação existencial de nossos pais, eles encontrem em nós atitudes de compaixão, tolerância, bondade, paciência, fidelidade, respeito, compreensão, delicadeza... Na verdade, é exatamente em situações como essas que cada filho “ainda em pleno vigor” deve olhar para o futuro e tomar consciência daquilo pelo qual, possivelmente, passará um dia. A velhice é um recado dado aos mais jovens; dela uma pergunta emerge naturalmente: como eu gostaria de ser tratado na doença e na velhice?

2Velhice e misericórdia A velhice não é doença e nem um capricho pessoal, mas é a imposição da realidade do dinamismo da nossa existência. A única atitude humanamente digna e bem-vinda é o cuidado! Esse cuidado é dever de justiça, de humanismo, de misericórdia, de compaixão!

Mesmo que os pais não tenham dado o justo cuidado aos filhos quando pequenos, estes, quando adultos, não têm o direito de ser cruéis com eles na velhice. Na verdade, na situação de dependência, os papeis sociais cessam! Na dependência plena, o sujeito do passado já não existe, portanto, as mágoas já não fazem sentido. Toda e qualquer cobrança deve ser suprimida; é a hora da pura clemência, por sua natural dignidade, esse sujeito torna-se, merecedor de respeito, cuidado e compaixão. Não toca aos filhos fazer justiça aos pais na velhice e na doença. Se assim o fizerem, será um ato de pura crueldade!

Recordemos que todo abuso contra pessoas incapazes do exercício de seus direitos é um crime hediondo! Digno de pleno repúdio e denúncia! O mesmo vale para a situação de abandono e solidão em que muitos pais e mães idosos se encontram. A corresponsabilidade social deve ser mais evidente!

A frieza de muitos filhos em relação ao sofrimento dos seus pais, sobretudo idosos e ou doentes, é um dos mais graves sintomas da grande crise de valores éticos pela qual passa nossa sociedade. Quem nega a misericórdia aos próprios pais é capaz de qualquer crueldade com os outros. A blasfêmia é um insulto contra a divindade; em geral as blasfêmias são proferidas por palavras injuriosas, agressivas, ofensivas que forjam um falso conceito de Deus, contra o ser de Deus com suas mais variadas características de santidade, bondade, onipotência, onipresença, onisciência, misericórdia... As blasfêmias contra Deus podem também acontecer através de gestos e atitudes. Neste caso, por exemplo, através do desprezo pelos pais por parte dos filhos. De fato, há uma lógica! Se a paternidade vem de Deus, o desprezo aos pais é um insulto contra o Criador! É desprezo para com a própria origem (divina) através dos pais (causa instrumental da nossa vinda ao mundo). Nenhuma motivação justifica a atitude de descuido dos pais. Mas, infelizmente, há muitos filhos que desprezam seus pais por motivos religiosos, por falsa fidelidade a Deus! Jesus lamentou esse fato já presente no seu tempo (cf. Mc 7,9-12). A velhice de nossos pais é uma bênção para eles, bem como para nós, que deles devemos cuidar! Portanto, é a oportunidade que Deus nos dá para a experiência da compaixão e das mais delicadas expressões de gratuidade. É a hora do exercício da “boa samaritanidade” familiar.

Quem assim o faz, torna-se bendito, abençoado, bem aventurado, feliz por estar testemunhando sua mais profunda consciência e vocação de filho! Tal atitude está totalmente sincronizada com o mandamento do amor que corresponde à vontade de Deus. Enfim, quem despreza ou rejeita seus pais, atrai sobre si o insuportável peso do remorso por ter deixado o orgulho vencer!

PARA REFLEXÃO PESSOAL: 1 Por que nossos pais precisam de especiais cuidados na velhice? 2 Quais atitudes a situação de velhice e dependência dos pais exige dos filhos? 3 O que significa a experiência da “boa samaritanidade familiar”?

3É desgraçado quem despreza seus pais

“Quem despreza seu pai é um blasfemador, e quem irrita sua mãe será amaldiçoado pelo Senhor” (Eclesiástico 3,16). Este versículo nos apresenta uma sentença radical: quem despreza seus pais é um blasfemador e amaldiçoado! (cf. Eclo 3,16). A sentença é muito pesada... Para entendermos melhor o seu peso moral, é necessário levar em conta o sentido da “blasfêmia” e da “maldição”.

4É maldito quem lhe nega compaixão

A maldição é um mal que, misteriosamente, recai sobre alguém, sobre um grupo, uma comunidade, um povo, sobre a natureza, etc. Ao longo da Sagrada Escritura há muitos exemplos disso (cf. Gn 11,7; 12,12ss; Ex 12, 29-32; Nm 24,9; Am 9,10 etc.). É a manifestação do mistério do mal! A maldição é a radical rejeição ao Bem! Isso é dramático e diabólico! A velhice de nossos pais é uma bênção para eles, bem como para nós

A velhice é a oportunidade que Deus nos dá para a experiência da compaixão

Curso de extensão “CHRISTUS VIVIT” para lideranças juvenis

O curso de extensão “Christus Vivit” é a novidade deste ano na formação em EaD, da Pastoral Juvenil do Brasil. As aulas, que serão ministradas pelos Bispos brasileiros que participaram do Sínodo da Juventude, trabalharão as temáticas discutidas na reunião sinodal e também os temas da exortação do Papa Francisco sobre os jovens, suas experiências de fé e suas escolhas vocacionais.

“O curso ajudará no aprofundamento dos documentos conclusivos do Sínodo e, ao mesmo tempo, nos fará conhecer um pouco mais do testemunho dos bispos sinodais do Brasil e de seus serviços para com as juventudes, afirma padre Antônio Ramos, SDB (Padre Toninho), assessor externo da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude (CEPJ).

Os cursos de extensão da Pastoral juvenil estão alinhados com as urgências das juventudes, segundo o padre Toninho. ”É de suma importância o aperfeiçoamento do conhecimento para melhor trabalhar na evangelização dos adolescentes e dos jovens. Ampliar o conhecimento para lidar com a própria família e ao mesmo tempo com a sociedade, explica padre Toninho, recordando a importância de as lideranças juvenis se inscreverem nos cursos. As matrículas do curso de extensão “Christus Vivit” e dos demais cursos terão início no mês de março. As inscrições e novidades da formação em EaD da Pastoral Juvenil podem ser acompanhadas no portal jovensconectados.org

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