R$ 9,90
N° 05
Maio e Junho de 2015
www.negocioagro.com.br
Gado Jersey: a raça do pequeno produtor do Vale Conhecida por sua docilidade e fácil manejo, o Jersey conquistou os produtores rurais
2
Maio e Junho de 2015
www.negocioagro.com.br
3
Leia nesta edição 08. Entrevista Secretário de Estado de Agricultura, Moacir Sopelsa fala sobre as mudanças no agronegócio
12. Cuidados de inverno Avicultura precisa de atenção especial no período de frio
20. NEGÓCIOS Feiras agropecuárias incentivam produtores rurais
28. Crescimento Exportação da carne bovina movimenta produção local
42. Receita Conheça o preparo da tradicional tilápia com o produtor Silvio Pickler
4
24. Lucratividade Gado Jersey é destaque na produção leiteira da região
16.
32.
Investimentos
Preservação
Custos logísticos influenciam no valor final da produção agrícola
Conservação do solo combate a degradação e evita erosões
Maio e Junho de 2015
artigo
expediente
Piscicultura: fonte de renda nas propriedades rurais
A
exploração comercial da piscicultura na região sul catarinense iniciou-se, de forma tímida, na década de 90. Na época, a visão de alguns técnicos era de uma atividade que futuramente viria a se transformar em empreendimentos de alta rentabilidade. Isso motivou os produtores rurais, ainda que de forma amadora, a investir no cultivo de peixes. Diversas espécies foram experimentadas. A carpa, a tilápia nilótica, que depois seria sucedida por cruzamentos com desenvolvimento e rentabilidade extremamente superiores. O bagre africano foi inicialmente uma aposta promissora, mas não caiu no gosto dos consumidores. O pacu, bom de briga, carne nobre, foi outra aposta que não vingou comercialmente, como também o curimbatá, hoje já esquecido. Outro fator limitante era a baixa oferta de insumos e equipamentos. Os alevinos eram trazidos de outras regiões, principalmente Joinville, com riscos no transporte. O próprio investimento, por parte dos produtores em estruturas de produção, era tímido, sem confiança. A perseverança dos técnicos, e destaque-se aqui a empresa Epagri, que contribuiu decisivamente na difusão de tecnologias e na motivação aos produtores inovadores, foram fatores decisivos no desenvolvimento da produção piscícola na região. A produção regional de alevinos foi outro destaque de suma importância. O processo iniciou em Treze de Maio, com o Janga (João Goulart), em São Ludgero, com o Adelino Faust e em Braço do Norte, com o Amilton May. Com a aposta do Ilson Meurer, apoio do poder público e o aval técnico, surgiu a Piscicultura Sertãozinho. Destaque-se também, na área comercial, o empreendimento pesque-pague em diversos municípios da região. Cabe ressaltar o papel das associa-
Diretor Executivo Fernando Freitas Departamento Comercial Mara de Oliveira Redação Suellen Souza - editora / SC: 44851-JP Lysiê Santos - 0004796/SC Colunista Diogo Schotten Becker – coordenador Departamento de Criação Jéssica Simiano Gabriela Rousseng Departamento Financeiro Ezequiel Philippi Fotografias Odáirson Antonello Revisão Ortográfica Maria Vanete Stang Coan
Rogério Dias de Andrade Engenheiro Agrônomo
ções de piscicultores presentes nos oito municípios de Braço do Norte, São Ludgero, Orleans, Santa Rosa de Lima, Rio Fortuna, Armazém, Grão-Pará e São Martinho, que contribuíram no desenvolvimento desta cadeia produtiva. O aumento do consumo e a perspectiva da tilápia se transformar em um peixe industrial, com excelente rendimento, fizeram com que os produtores investissem em novas tecnologias que facilitassem o manejo garantindo então a qualidade do pescado. Hoje a piscicultura desponta como uma exploração de alta rentabilidade. Os investimentos em projetos de agroindústrias de processamento com inspeção estadual contribuem, significativamente, para a segurança das unidades. Assim, a piscicultura experimenta, em nossa região, um desenvolvimento extraordinário, oferecendo aos produtores rurais oportunidades de diversificação de explorações e de ampliação da renda familiar.
Assinaturas Zula Coradelli Fone: |48| 3651 2700 Av. Felipe Schmidt, 2244. Sala 13. Centro - Braço do Norte - Santa Catarina CEP: 88750-000 contato@negocioagro.com.br
www.negocioagro.com.br
NegócioAGRO é uma publicação bimestral da Folha o Jornal Editora Eireli EPP, CPNJ: 01.749.601/0001-64. Tem sua circulação dirigida ao produtor rural, casas agropecuárias da Comarca de Braço do Norte e as empresas que distribuem aqui seus produtos ou prestam serviço. Garanta o recebimento de seu exemplar: Assinatura anual: R$ 58,00.
www.negocioagro.com.br
5
Carne bovina I As exportações do produto “in natura” recuaram para 83 mil toneladas no mês passado, 9% menos do que as 92 mil de igual período de 2014, segundo dados da Secex.
Carne Bovina II Levantamento de preços da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) do mês passado apontou que a carne bovina subiu, em média, 1,5% para os consumidores paulistanos.
Os preços dos produtos agropecuários tiveram a primeira queda no atacado em nove meses, conforme o IGP-10. O índice acompanhou preços até o dia 10 e apontou deflação de 1,3% no setor.
PIB AGRO O PIB do agronegócio brasileiro iniciou 2015 com alta de 0,13%. Mantendo o movimento observado no fechamento de 2014, o principal impulso em janeiro decorreu do ramo pecuário, que teve expansão de 0,34%. Ainda que de forma menos expressiva, o ramo agrícola também cresceu (ligeiro 0,02%), puxado pelo desempenho do segmento de insumos e do primário, uma vez que na indústria e nos serviços a variação mensal foi negativa. Já no ramo da pecuária, apenas a indústria apresentou queda.
6
Maio e Junho de 2015
- Formado em Gestão de Agronegócios pela Unisul. - Especialização em Gestão de Empresas pelo Unibave.
giro pelo campo
Queda
diogo schotten becker - Cursando Engenharia Agronômica pelo Unibave. Atualmente é produtor de suínos e gado de leite, professor do colégio agrícola e ex-diretor de agricultura de Braço do Norte. Fone: (48) 9634 6259 contato@negocioagro.com.br
Suinos I Pressionadas principalmente pela baixa demanda, as cotações tanto da carne suína quanto do animal vivo caíram em abril, chegando ao menor nível deste ano em praticamente todas as regiões acompanhadas pelo Cepea
Suinos II De janeiro a abril, as vendas externas do produto in natura totalizaram 112,38 mil toneladas, volume 13% abaixo do registrado no mesmo intervalo de 2014 – dados Secex.
Mandioca A oferta nacional de mandioca, segundo dados do IBGE, cresceu 7,5% em 2014, o que levou a aumento de 36% do processamento na indústria de fécula. No ano, foram recebidas 2,3 milhões de toneladas de matéria-prima, 19,7% a mais que em 2013. Considerando-se o preço médio anual da fécula em 2014 nos Estados de PR, SC, SP, MS, de R$ 1.700,50/t, o VBP da indústria brasileira do derivado foi de R$ 1,09 bilhão. Em termos reais (atualização pelo IGP-DI de março/15), foi o maior da série histórica do Cepea, iniciada em 2002. Em valores nominais, também bateu o recorde anterior, de 2013 (R$ 1 bilhão).
Frango Com a recente melhora das vendas no atacado, os preços da carne de frango (inteiro e cortes) em maio avançaram em recuperação na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea.
Soja Milho I Os preços do milho caíram com força em abril na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea. Os valores foram pressionados pelo avanço da colheita no Brasil, pela estimativa de boa produtividade do milho de segunda safra e pelo enfraquecimento do dólar – que reduz a paridade de exportação. O clima também foi fator de pressão, já que favoreceu tanto as lavouras no Brasil quanto o cultivo nos Estados Unidos, que esteve adiantado em relação à média dos últimos cinco anos.
Os preços internos da soja e derivados registraram fortes oscilações de janeiro a abril deste ano. Depois de caírem em janeiro, se recuperarem em fevereiro e março, os valores voltaram a recuar com força em abril.
Trigo O Paraná deverá plantar 1,36 milhões de hectares de trigo nesta safra. Se confirmada, essa área recua 2% em relação à de 2014. Mas o produtor ainda está indeciso, e a área poderá ser menor.
Milho II O Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP), teve expressiva queda de 11,6% no mês, fechando a R$ 25,98/saca de 60 kg no dia 30. Se considerados os negócios também em Campinas, mas cujos prazos de pagamento são descontados pela taxa de desconto NPR, o preço médio à vista foi de R$ 25,49/sc, queda de 11,5% no mesmo período. Na média das regiões pesquisadas pelo Cepea, houve queda de 10,9% no mercado de balcão (ao produtor) e de 8,3% no de lotes (negociação entre empresas).
www.negocioagro.com.br
7
entrevista
Homem do campo apresenta novo perfil no agronegócio Secretário de Estado de Agricultura, Moacir Sopelsa, fala sobre os investimentos e a evolução do agronegócio que tem transformado o perfil dos produtores rurais Moacir Sopelsa apresenta os principais avanços no setor agrícola em Santa Catarina
O
desenvolvimento do setor agropecuário coloca Santa Catarina, com apenas 1,3% do território, como o quinto maior produtor de alimentos em valor do país, com uma forte participação da produção de proteína animal que já representa 60% do produto agropecuário catarinense. As evoluções tecnológicas e as novas técnicas de manejo têm influenciado na modernização e aprimoração do setor agrícola no Estado. Essas
8
Maio e Junho de 2015
mudanças afetam diretamente o homem do campo, que saem da produção de subsistência para o empreendedorismo. A Secretaria de Estado da Agricultura e Pesca tem desenvolvido ações e projetos para ampliar essas transformações. Agricultor e pecuarista, o secretário de Estado da Agricultura e Pesca, Moacir Sopelsa, sempre esteve à frente das questões ligadas ao agronegócio catarinense. Ele está em sua quinta legislatura como deputado esta-
dual e implantou o Levantamento Agropecuário Catarinense (LAC) e contribuiu para a certificação internacional de Santa Catarina como área livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Em entrevista à revista Negócioagro, Moacir Sopelsa fala sobre as principais ações do governo que incentivam o produtor catarinense a permanecer no campo e contribuir para o sustento da população mundial.
O agronegócio catarinense se destaca no cenário nacional devido a força e o desenvolvimento da agricultura familiar. Quais os investimentos da secretaria para este setor que movimenta a economia catarinense? Os programas como o troca-troca, kit forrageiro, recursos do Fundo Estadual de Desenvolvimento Rural (FDR), entre outros, serão mantidos? Com certeza continuaremos apoiando os produtores rurais com os programas da secretaria, ampliando aqueles que já estão dando certo e criando novas ações voltadas, principalmente, para melhoria da rede elétrica e das comunicações no meio rural. A Secretaria da Agricultura em parceria com suas empresas vinculadas, Epagri e Cidasc, trabalha para levar assistência técnica e extensão rural, pesquisa agropecuária, defesa sanitária animal e vegetal e fomento ao agronegócio catarinense. O nosso esforço combinado ao trabalho incansável do agricultor e à iniciativa privada faz do agronegócio de Santa Catarina um destaque nacional e internacional. As propriedades rurais exigem cada vez mais tecnologias. Com os novos equipamentos, o acesso à internet e à telefonia móvel são imprescindíveis para fomentar a inclusão digital no campo. No último mês, mais de 30 áreas rurais receberam torres de telefonia móvel no Estado. Há possibilidade dessa inclusão chegar a região sul? As licenças ambientais para instalação e operação de torres de telefonia móvel são fornecidas pela Fatma e o local onde essas torres serão instaladas é decidido pelas operadoras de telefonia. A Secretaria da Agricultura trabalha com o Programa Telefonia Fixa e Internet no Meio Rural que abrange todo o território catarinense, inclusive quatro municípios da região sul (São Martinho, GrãoPará, Gravatal e Orleans). Com essa ação, queremos levar internet banda larga e telefonia fixa
equipados com computadores e acesso à internet e instalados em locais de acesso público, como escolas, colônia de pescadores, bibliotecas públicas, associações de moradores, dentre outros. Mais do que ao acesso aos recursos tecnológicos, o Programa Beija-Flor permite o exercício da cidadania através da informação e de conhecimentos capazes de ampliar os horizontes dos cidadãos.
Até 2020, a região sul poderá aumentar a produção dos atuais 11,5 bilhões de litros de leite por ano para 19,5 bilhões de litros de leite por ano. Produzindo leite de alta qualidade a custos baixos”
a todo o meio rural. Em quatro anos investimos R$ 2.300.000,00 beneficiando 23 municípios. O programa funciona em parceria com as prefeituras, que são responsáveis pela aplicação dos recursos, elaboração do projeto técnico e licitatório para contratação dos serviços, além dos recursos de contrapartida ao investimento estadual. A Secretaria da Agricultura destina R$ 100 mil, por meio de convênio com a prefeitura, para a execução do programa e fornece apoio técnico. Os produtores rurais e pescadores podem contar ainda com 131 telecentros do Programa de Inclusão Digital Beija-Flor espalhados em 48 municípios. Os telecentros são
A melhoria da qualidade do leite e a profissionalização da cadeia produtiva são objetivos da Aliança Láctea Sul Brasileira. Uma das metas estabelecidas é realizar a avaliação da Instrução Normativa 62 (IN 62), que estabelece parâmetros técnicos para o leite, e propor um programa de remuneração pela qualidade do produto. Qual o impacto desses parâmetros ao produtor? O que essa aliança representa para o Estado? A Aliança Láctea é uma iniciativa dos governos de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul para desenvolver a cadeia produtiva do leite na região sul do país. A intenção é resolver problemas comuns e aproveitar as oportunidades para o crescimento da produção, fazendo com o que o leite produzido na região seja um produto competitivo no mercado internacional. A Aliança tem cinco eixos de atuação. Entre eles a qualidade do leite, implantando de forma definitiva os padrões estabelecidos na Instrução Normativa 62. Outro ponto é a sanidade dos rebanhos eliminando doenças como a brucelose, tuberculose e, no caso do Paraná e do Rio Grande do Sul, a febre aftosa. Até 2020, a região sul poderá aumentar a produção dos atuais 11,5 bilhões de litros de leite por ano para 19,5 bilhões de litros de leite por ano. Produzindo leite de alta qualidade a custos baixos. Os proprietários e possuidores de imóveis rurais terão mais um ano para preencher o Cadastro Ambiental Rural (CAR). O governo de Santa Catarina reivindicou
www.negocioagro.com.br
9
a prorrogação junto à iniciativa privada. No Estado há 122.650 cadastros feitos até o momento, aproximadamente 35% do total de imóveis rurais. A meta do Estado é cadastrar as 370 mil propriedades e posses rurais. Nesse contexto, qual a importância deste cadastramento ao produtor rural? O que acontece com o proprietário que não realizar o cadastramento? O Cadastro Ambiental Rural é fundamental para que o proprietário rural regularize a situação ambiental da propriedade. Quando o proprietário ou possuidor de imóvel preenche o CAR, ele recebe um certificado de cadastramento, que comprova o cumprimento das exigências ambientais. Além disso, com o cadastro, os proprietários rurais ficam desobrigados da averbação da reserva legal em cartório. Para incentivar os proprietários rurais a fazerem o cadastro, o governo do Estado e entidades do setor privado, treinaram facilitadores para operar o sistema. O serviço é prestado gratuitamente por aproximadamente 1.440 técnicos distribuídos em todos os municípios. Existe ainda a possibilidade de o proprietário procurar um técnico de sua preferência, arcando com os custos, ou de ele mesmo preencher o cadastro. O cadastramento é obrigatório e a responsabilidade é exclusiva dos proprietários, aqueles que não estiverem regularizados podem sofrer penalidades previstas na legislação, como impedimento de receber autorização ambiental ou crédito rural. SC é destaque na produção nacional de alimentos, sendo um dos menores Estados do país, e maior produtor de vários produtos. Ao que se deve essa força? E como o Estado está atuando para melhorar a vida do trabalhador do campo? A força do agronegócio catarinense vem da diversidade do clima e do solo nas diferentes regiões do Estado, o que permite produzir uma grande variedade de produtos que se complementam entre si como grãos, a fruticultura de clima temperado, piscicultura e a pesca, a produção de hortaliças e uma forte produção florestal. Tudo isso combinado à grande competência técnica dos agricultores, orientados pelo serviço de pesquisa 10
Maio e Junho de 2015
agropecuária e assistência técnica, bem como uma defesa agropecuária que garante o padrão sanitário dos produtos. O desenvolvimento do setor agropecuário coloca Santa Catarina, com apenas 1,3% do território, como o quinto maior produtor de alimentos em valor do país, com uma forte participação da produção de proteína animal que já representa 60% do produto agropecuário. Aqui, os produtores rurais transformaram suas pequenas propriedades em grandes negócios, investindo em atividades de alta densidade econômica, desenvolvidas com o emprego de tecnologia de ponta. O governo do Estado investe mais de 3% do seu orçamento em pesquisa, extensão rural, defesa sanitária e fomento agropecuário para ajudar os produtores rurais a se profissionalizarem e se manterem competitivos dentro de condições de mercado. Isso acontece através da Secretaria da Agricultura e suas empresas vinculadas, Epagri e Cidasc, em parceria com os municípios e o setor privado. A falta de mão de obra especializada é um impasse não só das indústrias. O campo enfrenta o mesmo problema. Como a Secretaria de Agricultura pode atuar nesse sentido? A modernização dos métodos de produção na agropecuária catarinense é uma realidade e exige mão de obra cada vez mais capacitada para utilizar as máquinas e equipamentos disponíveis. A Secretaria da Agricultura desenvolve ações para que os jovens se tornem agricultores profissionais, com investimentos na formação, na aquisição de equipamentos de informática e acesso à internet. Nós trabalhamos com a perspectiva de que o produtor rural deve ser um empresário, capaz de administrar o seu trabalho com competência e conhecimento. As políticas públicas desenvolvidas pelo governo, incluindo as ações do Programa SC Rural, estão voltadas a formar este agricultor do futuro, fazendo dele um empreendedor que atua com ética e profissionalismo. Estamos nos aproximando de mais uma edição da Feagro (Feira e Exposição Agropecuária do Vale de Braço do Norte) e você é criador de gado
Jersey, inclusive com algumas premiações para os animais da sua cabanha. Qual a importância desta raça nas pequenas propriedades, principalmente naquelas com maior declividade? A raça Jersey é uma das melhores para produção de leite em Santa Catarina porque se adapta muito bem ao nosso clima e ao relevo acidentado predominante nas propriedades rurais. Além disso, produz leite com alto teor de sólidos, ou seja, tem alto rendimento na indústria que transforma o leite em derivados. O gado Jersey é também muito bom por ser precoce na reprodução, rústico e bem adaptado ao sistema produtivo à base de pasto, produzindo leite de alta qualidade a custos baixos. A raça ainda é resistente a algumas doenças e muito dócil no manejo, proporcionando lucratividade e segurança ao produtor de leite. A piscicultura é uma atividade de potencial, e a região sul é uma das maiores produtoras. Quais as políticas públicas que serão implementadas para a continuidade desta atividade? Os piscicultores podem contar com as mesmas linhas de crédito que os agricultores familiares têm acesso. Podem utilizar o Programa Juro Zero – Agricultura/Piscicultura para aquisição de barcos, motores e materiais. O programa estimula investimentos para aumentar a renda e criar oportunidades de trabalho para as famílias rurais, além de incentivar projetos de captação, armazenagem e uso da água da chuva. Pelo Juro Zero, a Secretaria da Agricultura, via Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR), paga 100% dos juros previstos para as operações de crédito dos produtores enquadrados no Pronaf, com juro de até 2% ao ano. As condições de pagamento são de acordo com as normas do programa, do agente financeiro e do projeto técnico. Os agricultores e piscicultores têm até oito anos para pagar. Os piscicultores podem procurar ainda o Programa de Fomento à Produção Agropecuária, que consiste basicamente em financiamento, destinados à aquisição de bens ou de serviços, para a melhoria do processo produtivo ou de agregação de valor, excetuando-se animais
www.negocioagro.com.br
11
Frango congelado
Avicultura exige cuidados especiais durante o inverno Aves de postura e de corte precisam de atenção redobrada e manejo específico para manter a temperatura ideal e garantir a produtividade no período de frio
A
ntônio Müller, morador da comunidade de Rio Pequeno, em Grão-Pará, atua há mais de 15 anos no setor avícola e tem vasta experiência no manejo de inverno. Preocupado com o bemestar dos animais, o produtor investe em novas tecnologias que auxiliam na manutenção da granja, principalmente em equipamentos que verifiquem a temperatura adequada ao ambiente. Com a chegada do inverno, as condições ambientais para a criação dos frangos tornam-se mais severas e o equilíbrio entre renovação de ar e manutenção da temperatura são os pontos chave para o sucesso no manejo nesta
Aquecimento correto dos aviários evita a proliferação de doenças respiratórias
12
Maio e Junho de 2015
estação. Em aviários com lote de pintinhos com idade até 21 dias, o cuidado deve ser redobrado. O produtor explica que antes de chegar um novo lote já deixa a granja na temperatura adequada. “Já reforçamos o aquecimento na fornalha para deixar o pintinho aquecido”, comenta. Nas granjas deve-se prover uma temperatura de aquecimento cujo valor mensurado na superfície da cama é próximo aos 33 graus, dependendo também das condições climáticas externas. “Quando se tem uma temperatura de cama suficiente para a climatização do pintinho de um dia, está
garantindo que seu consumo de ração, mesmo que ainda reduzido e os resquícios da gema, seja aportado único e exclusivamente para o ganho de peso e não para a produção de calor”, explica o engenheiro agrônomo extensionista da Epagri de Braço do Norte, Rafael Effting Knabben. Para Antônio, que produz cerca de 50 mil frangos por lote, o manejo de inverno é de vital importância para evitar a proliferação de doenças e garantir o bem estar animal. Com a granja automatizada, o produtor tem maior controle da manutenção dos aviários aumentando, assim, a qualidade do produto.
www.negocioagro.com.br
13
Dicas do técnico
Nutrição A gema (reminiscência do saco vitelino internamente no pintinho) e a água do bebedouro são os principais alimentos ou fontes de nutrientes que sustentam o pintinho nos primeiros dias após o nascimento. De acordo com o médico veterinário José Guilherme Morshel Barbosa, a ração deve ser fornecida imediatamente ao descarregar os animais para o interior do galpão. “Uma boa alternativa para arraçoar mais facilmente os animais é colocar uma quantidade boa de ração nos papeis colocados próximos à linha de bebedouros”, enfatiza o veterinário. Outro aspecto de extrema importância que afeta sensivelmente o consumo de ração e ganho de peso das aves é a qualidade do ar no interior do galpão, especialmente na área da pinteira. “Quando tratamos sobre qualidade do ar, nos referimos ao comportamento e à influência dos gases amônia (NH3), dióxido de carbono (CO2), monóxido de carbono (CO) e oxigênio (O2) sobre a produtividade e ao melhor conforto para as aves”, explica José Guilher-
me. É necessário que haja uma maior taxa de renovação e circulação de ar dentro do galpão, expulsando os gases nocivos (NH3 , CO2 e CO) e aportando para o interior do barracão uma maior quantidade de O2. Este procedimento de troca de ar - otimizado também por ventilação mínima - é sem sombra de dúvida, uma das maiores dificuldades encontradas pelo criador, pois no período crítico de inverno - baixas temperaturas e excessiva umidade -, os aviários tendem a ficar mais fechados, sem renovação de ar. O excesso de umidade no interior do galpão também deve ser reduzido através da ventilação natural ou forçada, com ventiladores e/ou exaustores. O acúmulo de amônia em quantidades excessivas no interior do galpão mostra resultados zootécnicos - ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar e entre outros - desastrosos implicando diretamente no lucro da produção do criador.
Níveis crescentes de Amônia acumulados no interior do galpão e o peso das aves aos 35 dias de idade
Fonte: Lott et al., 2002
14
Maio e Junho de 2015
O engenheiro agrônomo e extensionista da Epagri de Braço do Norte, Rafael Effting Knabben, e o médico veterinário José Guilherme Morshel Barbosa alertam os produtores sobre os principais cuidados na granja durante a estação mais fria do ano: - Pensando na qualidade do ar, recomenda-se nível de amônia inferior a 20 ppm. Pessoas acostumadas com o trabalho no interior do galpão ficam insensíveis ao odor deste gás e, desta maneira, não têm condições de avaliar ou medir o teor do produto. A única maneira de se fazer é medir através de um aparelho digital de difícil e elevado custo operacional - melhor alternativa é ventilar por via das dúvidas. - Sob o ponto de vista da alimentação e nutrição das aves, imaginemos uma situação de criação com os níveis de amônia superior ou igual a 50 ppm. Aos 35 dias, uma ave em ótimas condições de ambiente pode ganhar cerca de 100 gramas de peso/dia, alimentando-se com o dobro em quantidade de ração. Porém, em condições de excesso de amônia, vemos que o peso semanal é significativamente reduzido, com perdas próximas a 7,3%. - Aves submetidas a essas condições indevidas de ambiente consomem as mesmas 200 gramas de ração, mas cerca de 10 gramas que seria convertido em peso vivo é desviado e perdido pelo animal que consome o alimento. Neste cenário, o produtor perde por produzir frangos mais leves e que consumiram uma mesma quantidade de ração, piorando sua conversão alimentar e diminuindo a lucratividade do seu negócio
www.negocioagro.com.br
15
Transporte rodoviário é o modal mais utilizado na produção
Dói no bolso
Custos logísticos afetam competitividade no campo Burocracias e infraestrutura limitada influenciam no mercado do agronegócio
N
a hora de pagar as contas vem aquela preocupação e ao mesmo tempo o pensamento: “acho que o governo aumentou o imposto de novo. Tudo está mais caro”. Realmente os impostos aumentaram, mas há outros fatores que influenciam no aumento dos produtos, principalmente no agronegócio. São os famosos custos logísticos de produção. O Brasil perde o equivalente a US$ 83,2 bilhões por ano com custos logísticos em função de problemas que vão desde a elevada burocracia até a limitada infraestrutura de estradas, ferrovias, portos e aeroportos. O prejuízo representa em torno 16
Maio e Junho de 2015
de 5,6% do Produto Interno Bruto (PIB). O aumento nos custos é decorrente de uma série de fatores, como estradas sem condições de tráfego e malhas insuficientes de ferrovias e hidrovias. Junto a isso, o fato de o agronegócio avançar fortemente para áreas mais afastadas do litoral e com infraestrutura ainda mais precária que o resto do país. Hoje, a região centro-oeste é responsável por 35% da produção nacional de grãos. Mas a maioria da safra é exportada pelos portos do sul e sudeste, quando a lógica seria escoar pelos terminais da região norte. De acordo com a coordenadora do
curso técnico em logística do Centro Universitário Barriga Verde (Unibave), Jacira Aparecida de Souza Wagner, em primeiro lugar, deve-se ter em conta, que os custos logísticos perpassam toda a cadeia de suprimento. “Eles começam na aquisição da matéria-prima, sua produção até a entrega ao cliente final. Quando se fala em custos logísticos, se coloca o transporte como o único, e não é bem assim. No Brasil o que se percebe é que os produtos ficam reféns do transporte rodoviário”, explica a especialista, que aconselha a pesquisa dos custos de outros meios de transportes antes de optar por um único modal.
Produtor observa aumento no valor dos insumos O produtor Querino de Oliveira, de Grão-Pará, cultiva um pequeno rebanho de vacas leiteiras no município. Ele produz cerca de 250 litros de leite por dia, ordenhado de 24 vacas e, calculando os custos de produção, percebe que os insumos aumentaram nos últimos tempos. O produtor está na atividade há mais de 15 anos e observa os reflexos das mudanças econômicas na produção. O preço do leite diminuiu, o valor dos insumos aumentou e isso preocupa o produtor. O aumento dos insumos se deve a diversos fatores, principalmente nos custos com o transporte. “O momento do leite hoje considero de razoável a fraco. A diferença entre o valor vendido pelo produto e o custo dos insumos sai do nosso lucro”, considera. No Brasil, o modal rodoviário enfrenta diversos problemas estruturais como o excessivo número de empre-
Estruturas precárias das rodovias alteram valor do frete
sas no setor, provocando um acirramento da competição e perda no poder de barganha junto aos clientes, “comoditização” do produto transporte, má conservação das estradas, roubo de cargas, idade da frota dos caminhões, pesada carga tributária, altos tempos de espera para carga e descarga, entre outros. No entanto, há perda ao longo de sua cadeia agroindustrial, devido o Brasil, se tratar de um país de dimensões grandes. O escoamento da produção acaba tendo uma repercursão significativa no preço final e, por fim, nos preços dos alimentos. A lucratividade das empresas de transporte rodoviário de cargas está tendo uma diminuição considerável, principalmente no transporte de produtos como grãos, açúcar e farelo. Algumas transportadoras chegam a interromper as operações em função do baixo preço pago.
www.negocioagro.com.br
17
MODAL RODOVIÁRIO PREJUDICA TRANSPORTE DA PRODUÇÃO O Brasil está entre os principais países em desenvolvimento que apresentam maior potencial de crescimento do mundo. Neste sentindo, o grande freio de crescimento é a falta de qualidade dos modais de transporte. Atualmente as empresas buscam ofertar seus produtos e serviços de maneira rápida, barata e melhor que seus competidores. Para tanto, exige-se uma boa infraestrutura dos modais de transporte, pois são estes que determinam o tempo de entrega e até mesmo diferenciais de custos finais. De acordo com o diretor da Turamix Nutrição Animal, Alexandre Turazzi, o custo do transporte de
insumos tem aumentado ao longo dos anos. Para ele, o combustível é um dos fatores que mais afeta o custo do transporte. “Quando comecei a empresa, em 1994, o preço do óleo diesel estava em torno de R$0,23 o litro. Hoje o óleo está cerca de R$2,47 o litro. Pode-se considerar que o diesel aumentou mais de mil por cento”, analisa o empresário. Um segundo fator a ser considerado é a mão de obra. Com o aumento dos impostos e as variações econômicas, a mão de obra tem encarecido. “Em 1994 eu pagava cerca de R$700,00 para o motorista. Em 2015, é cobrado quase R$2.000,00”, destaca.
Quando comecei a empresa, em 1994, o preço do óleo diesel estava em torno de R$0,23 o litro. Hoje o óleo está cerca de R$2,47 o litro. Pode-se considerar que o diesel aumentou mais de mil por cento” Alexandre Turazzi
18
Maio e Junho de 2015
Preço do milho sofre constantes variações Um dos insumos mais consumidos e que tem sofrido variações de preço é o milho. As empresas fornecedoras do grão para os produtores do sul catarinense, geralmente importam o produto da região norte, meio-oeste catarinense e do Paraná, já que são considerados grandes produtores da espécie. Contudo, precisa-se buscar a melhor oferta. Sem contar que a produção destes locais migrou consideravelmente para a produção de soja. “O aumento dos custos, a mão de obra e outros fatores interferem e muito, no preço final dos produtos. Em algumas ocasiões, o frete chega a ser mais caro que o produto. Uma carreta, por exemplo, gasta cerca de R$1.000,00 por dia com o abastecimento de óleo diesel”, afirma o diretor da Turamix. Este ano, o quadro do escoamento foi agravado pelo aumento nos preços dos combustíveis que provocaram protestos de caminhoneiros e bloqueio de estradas em pelo menos dez Estados no mês de fevereiro. A manifestação chegou a comprometer a receita de produtos e o abastecimento de alguns alimentos aos consumidores. “Dependemos do setor rodoviário. As ferrovias e hidrovias ainda não são opções, já que a maioria dos produtos agrícolas é produzida no interior sem acesso a ferrovias e costa marítima”, lembra Alexandre Turazzi.
Ano de mudanças na economia Com a alta do dólar, vamos pagar os insumos mais caros, mas acredita-se que a exportação de carnes pagará preços compensatórios gerando equilíbrio econômico. A procura por proteína animal é grande pelos países estrangeiros, porém, fica a expectativa sobre o repasse desses valores da agroindústria ao produtor rural. “O agronegócio hoje é o que mantém o Brasil. Penso que não vamos sentir tanto o peso da má administração do governo. Trabalhamos com produtos de primeira necessidade. O mercado interno e externo são demandadores dos nossos produtos. Podemos até sentir os respingos da crise econômica, mas não irá comprometer a produção
a ponto de gerar prejuízos ao produtor”, opina o gerente da Turamix. De acordo com a especialista em logística, Jacira Aparecida de Souza Wagner, os custos fixos no modo rodoviário são: salário do motorista e dos ajudantes, depreciação dos veículos, depreciação do equipamento, licenciamento e IPVA do veículo, seguro do veículo, seguro do equipamento, seguro de responsabilidade civil e custo de oportunidade sobre os ativos investidos. Já os custos variáveis tomando por base a quilometragem percorrida são: peças e acessórios e material de manutenção, óleos lubrificantes, pedágios, lavagem e graxas e pneus.
Pesquisa destaca uso do transporte rodoviário na produção Os cinco tipos de modais de transporte mais comuns, no Brasil são: rodoviário, ferroviário, aquaviário, dutoviário e aéreo. Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional
dos Transportes (CNT) aponta que o transporte rodoviário tem sua partipação em 61%, ferroviário 21%, aquaviário 14%, dutoviário 4% e aeroviário 0%
www.negocioagro.com.br
19
Vitrines do agronegócio
Feiras agropecuárias movimentam economia local Exposições incentivam produtores e destacam a importância do setor rural ao consumidor
O
lhar vitrines e novos produtos no mercado não é uma peculiaridade só das mulheres. Em todos os setores, inclusive no agronegócio, acompanhar as novidades tem se tornado uma necessidade. Com isso, as feiras e exposições agropecuárias conquistam grande repercussão entre os produtores e consumidores. Presentes no calendário anual de vários municípios, as feiras são consideradas importantes por reunir num mesmo local, e num curto período de tempo, praticamente toda a cadeia que
forma o mercado do agronegócio: fornecedores, produtores rurais e compradores. Essas feiras estão se tornando a vitrine do agronegócio, onde algumas possuem um caráter que visa à venda e implantação de novas tecnologias e produtos, e outras têm como objetivo central a exposição e venda de animais. Uma pesquisa realizada pelo Sebrae mostrou que o agronegócio representa mais da metade dos eventos realizados em todo o Brasil, com 70% dos expositores entrevistados se dizendo
satisfeitos com o retorno obtido pela participação nas feiras. Estes concordaram que a participação em eventos do gênero mantém a competitividade da empresa no mercado. Os efeitos das feiras agropecuárias não atingem apenas o setor agropecuário, que a despeito da importância para a economia estadual e municipal, passam muitas vezes despercebidos para a maioria das pessoas. Além de movimentar a produção agrícola, o comércio local também lucra com toda a logística, montada para atender os expositores e visitantes das feiras. Feiras evidenciam produção agrícola e apresentam as novidades de mercado
20
Maio e Junho de 2015
Feagro: como tudo começou
Feagro aquece economia local e movimenta mais de R$20 milhões durante o evento
Feagro impulsiona o agronegócio nO Vale Considerada a maior feira agropecuária de exposição de gado Jersey da América Latina, a Feagro movimenta todos os anos a cidade de Braço do Norte e consagra o município como a capital do gado Jersey. A feira se destaca no cenário do agronegócio brasileiro por apresentar uma grande variedade de tecnologias, produtos, serviços e oportunidades de troca de experiência e busca de conhecimento para a cadeia produtiva do leite. Segundo o diretor geral da Feagro, Adir Engel, na edição deste ano, o evento deve chegar aos R$25 milhões em movimentação financeira. “A Feagro não é uma feira show, mas sim uma feira que procura valorizar o
agronegócio em primeiro lugar. Ela busca trazer novas tecnologias e dar conhecimento aos nossos produtores rurais”, esclarece o diretor. No último ano, a Feagro movimentou cerca de R$ 20 milhões em negócios e contou com a exposição de mais de 350 bovinos das raças leiteiras Jersey e Holandesa, 120 bovinos de corte, além de máquinas, insumos, ovinos, suínos, caprinos, aves, seminários e comercialização de produtos da agricultura familiar. “A Feagro foi construída a muitas mãos e isso faz com que a comissão organizadora tenha o compromisso de cada ano fazer uma edição melhor”, garante Engel.
Os produtores do Vale de Braço do Norte, na década de 70, criavam gado de leite comum. Já no início dos anos 80, os criadores Edésio Oenning e Aticos Warmeling iniciaram a criação de gado Jersey PO (puro de origem) na região. De acordo com o produtor Adir Engel, neste mesmo período, alguns criadores de gado do município de Tubarão fundaram a ACCB (Associação Catarinense dos Criadores de Bovinos) Regional Sul. “Com o advento dos CTGs, muitos perderam o interesse pela Associação de Gado e isso levou a ACCB Regional Sul a se transferir para Braço do Norte, pois aqui crescia muito o interesse pelo gado PO registrado, principalmente o gado da raça Jersey”, relembra Adir. Com o crescimento do número de animais nas exposições e com a necessidade de um espaço maior e mais organizado para o agronegócio, surgiu a ideia de promover uma feira agropecuária. Vários segmentos do meio rural foram convidados para organizar a feira e assim instituiu-se a Feagro-Vale (Feira de Exposição Agropecuária do Vale de Braço do Norte e Região). Para o produtor Edésio Oenning, que foi um dos pioneiros na implantação do gado Jersey na região, o sul estava carente de uma oportunidade de mostrar os produtos e o desenvolvimento regional do agronegócio. “A Feagro se concretizou a partir de uma necessidade de exposição dos produtores e hoje é considerada a maior da América Latina”, explana Edésio. A primeira exposição de gado foi realizada nas antigas instalações do CTG de Braço do Norte (antiga estrada para São Ludgero). O juiz escolhido foi o Petize, do Rio Grande do Sul. “Ninguém sabia tosquiar uma cabeça de gado e muito menos puxar o gado na pista. Aquele foi um ano de aprendizado no qual o Petise mais ensinou do que julgou”, relembra Adir. Viagens e importação de gado e sêmen do Canadá e pastagens melhoradas foram o solavanco necessário para tornar a região, uma das melhores em qualidade de gado Jersey. “Tudo isso fez com que a exposição a cada ano fosse crescendo até chegar a ser a maior exposição de gado Jersey do Brasil em número de animais. Já tivemos 13 exposições de gado sempre buscando trazer juízes renomados do Brasil e Exterior para cada vez mais melhorar nosso plantel”, enfatiza o diretor geral da Feagro, Adir Engel
www.negocioagro.com.br
21
22
Maio e Junho de 2015
www.negocioagro.com.br
23
De Jersey para o Vale Raça originária da Ilha de Jersey, na Grã-Bretanha, conquistou os produtores de leite da região. Conhecido por sua versatilidade e fácil manejo, o gado tem feito das pequenas propriedades rurais um referencial na produção de leite de qualidade
24
Maio e Junho de 2015
E
m uma conversa com pessoas de mais idade, pergunte sobre como o leite chegava até a xícara de café. Provavelmente ele vai lembrar-se da vaquinha no pasto, comprada com muito esforço para garantir o sustento da família. Logo virão as lembranças do latão ou tambor de leite levado até a cidade para trocar por outras mercadorias. A casa de estrutura humilde, o casal com muitos filhos, onde todos ajudavam na lida no campo, entre tantas outras recordações. Com pouca instrução, os agricultores cultivavam
a terra e criavam animais da forma que achavam adequadas. Porém, os tempos mudaram. A indústria do leite mudou e o consumo aumentou consideravelmente. Assim como a produção rural mudou da subsistência ao empreendedorismo. O produtor investe cada vez mais em tecnologia e o leite entrou em uma nova era. Vivemos tempos em que a busca por qualidade é cada dia maior e, assim, entra a procura por um bom rebanho associado à alta tecnologia. O produtor de leite em geral tem
um objetivo em comum: adquirir maior produtividade e qualidade com o menor custo possível. E é aqui que entra a raça Jersey. O gado Jersey é excepcionalmente adequado para estes tempos. Sua versatilidade faz com que a adaptação ocorra nos mais variados sistemas de produção, clima, nível técnico e tamanho do rebanho, sendo uma boa opção para propriedades pequenas e com relevo acidentado, características essas encontradas na maioria das propriedades de Santa Catarina, principalmente na região do Vale de Braço do Norte.
A raça Raça originária da pequena Ilha de Jersey, pertencente à Grã-Bretanha, o gado Jersey tem origem do cruzamento do pequeno gado negro da Bretanha com os grandes bovinos vermelhos da Normandia, a partir do ano de 1100. É a mais antiga criação de bovino puro do mundo. A raça destaca-se por sua docilidade, produtividade, longevidade e precocidade. É um animal com menor tamanho e peso comparado a outras raças, por volta de 350 a 400 quilos na idade adulta. O animal apresenta eficiente adaptação a diferentes tipos de manejos nutritivos e a menor necessidade de energia dos alimentos para seu sustento corporal. Quanto ao comportamento produtivo, são animais precoces, acelerando seu ingresso na vida reprodutiva. A longevidade faz com que seus custos de criação sejam diluídos e assim deixam maior lucro durante a vida produtiva. O leite produzido pela raça é diferenciado pelo sabor e alto teor de sólidos totais. O produto é o preferido pelas indústrias em função do rendimento na produção de seus derivados. A raça em si já é uma grande aliada do pequeno produtor de leite, mas existem grandes desafios que devem ser perseguidos diariamente para que os animais consigam chegar ao seu ápice produtivo: controle sanitário, nutrição, boa escolha do manejo reprodutivo de acordo com as condições da propriedade, e o que é considerado de extrema importância, a qualidade genética do rebanho.
www.negocioagro.com.br
25
Produtores do Vale se destacam no empreendedorismo
26
Maio e Junho de 2015
Hoje o perfil e realidade do produtor rural mudaram. O profissional que atua no agronegócio está atento às novas tecnologias e vive em busca de novos conhecimentos técnicos para agregar valor à propriedade. Grande parte das famílias do meio rural sobrevive da agricultura familiar que também está em ascensão no mercado. Hoje as famílias têm uma visão empreendedora da propriedade e o que antes era produzido apenas para subsistência, se transformou em um negócio altamente rentável. Um exemplo desse novo perfil de produtor rural é o jovem Fernando Becker Schlickmann. Ele é responsável pela cabanha Vô Netska, localizada em São Ludgero. O jovem de 30 anos é formado em tecnologia em processos gerenciais e tem transformado sua propriedade em um empreendimento de sucesso. Com cerca de 70 fêmeas da raça Jersey, em uma área de sete hectares, ele alcança uma produção mensal de em média 15 mil litros de leite. Desde o ano 2000 criava gado de leite, porém, após cinco anos trabalhando na cidade, em outro setor, decidiu retornar ao campo e investir na criação de Jersey PO (Puro de Origem). “A atividade não é nada fácil, precisa de grande dedicação e gosto pelo que faz. Retornei à propriedade, pois não me adaptei ao dia a dia entre quatro paredes na cidade. Precisava de mais liberdade e contato com a natureza e esta atividade me oportunizou isso”, reconhece.
gado de leite em ascensão no Sul do Estado Segundo dados da Associação Catarinense de Criadores de Bovinos (ACCB), a região do Vale de Braço do Norte, Tubarão e Laguna, produzem juntas cerca de 800 mil litros de leite/dia, envolvendo aproximadamente quatro mil produtores e 19 laticínios. Braço do Norte possui o maior rebanho de gado Jersey da América do Sul, com cerca de 15 mil cabeças. O município também é a segunda maior bacia leiteira de Santa Catarina, ficando atrás apenas de Chapecó, no oeste catarinense. “Durante a Feagro, que é considerada a maior feira de Jersey da América Latina, mostramos a qualidade dos nossos animais que cada vez mais conquistou o reconhecimento nacional em função da genética bem aplicada pelos produtores”, destaca a presidente da ACCB na região Maria Rosinete Souza Effting.
Região sul produz em média 800 mil litros de leite por dia
Melhoramento genético é a bola da vez A genética evoluiu na capacidade de entregar ao produtor soluções que atendam às necessidades específicas. O melhoramento genético é uma poderosa ferramenta para agregar valor ao negócio do leite. Uma das tendências é a busca por animais PO (puros de origem), onde as características dos antecedentes são previamente conhe-
cidas, o que traz garantia sobre a qualidade do animal e de seu futuro. Hoje uma das tecnologias mais avançadas utilizada para o melhoramento genético é a FIV (Fertilização In Vitro). Essa técnica consiste na retirada do óvulo da doadora de embrião, e em seguida é realizada a fertilização com uso de sêmen sexado. Após sete dias,
transferem-se os embriões nas receptoras (barriga de aluguel). As vantagens da técnica é a rapidez do melhoramento genético (evolução de cinco anos em um), além do aumento de número de fêmeas na propriedade (sêmen sexado) - produção média de 10 bezerras da mesma doadora num ano
www.negocioagro.com.br
27
Brasil ocupa a liderança de países exportadores da carne bovina
A carne que o mundo quer
Mercado da carne bovina em alta País registrou aumento nas exportações da carne, em faturamento e volume, e ocupa espaço importante no mercado externo
S
abe quando a hora do almoço se aproxima e o cheirinho daquele churrasco caprichado nos envolve, aguçando o paladar? Pois é, não tem jeito, a carne está sempre presente em nossas refeições. Pelo menos uma vez ao dia, a carne chega às mesas de milhares de brasileiros em diferentes cortes e preparações diversificadas. As últimas três décadas foram transformadoras para a indústria de exportação de carne bovina brasileira. No
28
Maio e Junho de 2015
período, o Brasil abandonou o perfil de importador para assumir a liderança no ranking de exportadores do produto no mundo. Apesar do ritmo acelerado de crescimento, a indústria da carne bovina segue em busca constante para ampliar mercados e oportunidades. No início de 2015 o mercado registrou um faturamento de US$481 milhões nas exportações com embarques de mais de 116 mil toneladas. Dos dez principais países impor-
tadores da carne brasileira, o Irã e a Rússia foram os mercados que mais apresentaram crescimento, tanto em faturamento como em volume. Um levantamento realizado pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) apontou que o produto é amplamente reconhecido pela capacidade de produção, flexibilidade em tipos de cortes e preço acessível, e já ocupa espaço importante no mercado das exportações.
www.negocioagro.com.br
29
Santa Catarina lidera crescimento da raça Angus Com mais de quatro milhões de cabeças de gado e mais de 70 criadores de Angus, Santa Catarina é um Estadochave para o crescimento da raça no Brasil. Além disso, desponta no cenário nacional, como o Estado onde a raça mais cresce atualmente. Os produtores do Vale observam a ascensão da espécie e estão aderindo à criação do gado de corte. Segundo o criador e responsável pela organização da exposição do gado de corte na Feira Agropecuária do Vale de Braço do Norte (Feagro) 2015, Irio Schuelter, os produtores rurais já estão investindo nos cruzamentos devido à valorização do produto. Isso tem contribuído para a expansão da espécie nas pequenas propriedades. “O gado leiteiro ainda domina
na região, porém, muitos produtores já estão migrando para o gado de corte”, revela o empresário. Ele salienta que 2015 é considerado o “Ano do Boi”, e o Brasil caminha para ser o grande fornecedor de carne bovina ao mercado internacional. “Acreditamos no sucesso do gado de corte para os próximos anos. Apesar de ser uma atividade mais extensiva, é viável investir no segmento em nossa região”, garante Írio. O criador Mauro Coelho, da cabanha Lago Azul, localizada no município de Jaguaruna, lida com gado de corte desde a infância e enfatiza que o mercado está em alta. “Sou a terceira geração da família a criar gado de corte. Fomos os pioneiros na região sul e percebemos que a carne bovina está
sendo valorizada pelo mercado nacional e internacional”, considera Mauro. Ele trabalha com mais de três raças distintas de gado e salienta que a carne da raça Angus é uma das mais procuradas no mercado. “Crio Angus há mais de 20 anos e o slogan dele já diz: ‘é uma raça completa’”, reforça o produtor. Mauro ressalta que a exportação da carne bovina estava tímida há alguns anos, já que a carne da raça Nelore, que é uma das mais comercializadas, não tem as mesmas características da carne Angus. “A carne do Nelore é mais dura e não chamava tanta atenção quanto à carne do Angus que é uma carne marmorizada com preço diferenciado e que está sendo muito procurada para exportação”, revela.
Angus: a raça do mercado de corte O gado Angus se destaca entre as raças taurinas, por reunir um grande número de características que asseguram um excelente resultado econômico como gado de corte. Através de sua alta fertilidade, proporciona aos criadores um maior rendimento, tanto pelo número de
30
terneiros produzidos, quanto pela quantidade de quilos obtidos por hectare. A principal característica da raça é a precocidade, docilidade e carnes nobres - gordura marmorizada. Esta é uma das raças que produz possivelmente
Maio e Junho de 2015
a melhor carne do mundo, levemente marmoreada, suculenta e tenra. Estes são um dos atributos excepcionais da raça e que lhe garante uma posição de liderança. A Angus se divide em duas pelagens principais: a vermelha, denominada Red Angus e a preta denominada Aberdeen Angus. De acordo com o criador de Braço do Norte Irio Schuelter,
a Angus é uma excelente raça para cruzamento. Ele se adapta a qualquer ambiente, porém, prefere regiões com o clima mais ameno como o encontrado na região do Vale. “Devido a sua docilidade, é muito fácil para o manejo e sua precocidade e fertilidade diminuem os intervalos entre os partos, sendo possível o primeiro parto antes dos 24 meses”, ressalta o criador. A Angus continua sendo a raça mais econômica, apta a engordar com rações de baixo custo e a produzir em pastagens rudes
www.negocioagro.com.br
31
Cuidado onde pisas
Solo: Conservação X Degradação Preservação da terra é fundamental no combate à erosão e degradações
“
Eu sei onde estou pisando”, diz um ditado popular. Mas será que realmente sabemos onde pisamos? Outro ditado ainda sentimentaliza: “coração dos outros é terra que ninguém pisa”. Zelamos pelo coração do amado, porém, sabemos cuidar em que estamos pisando? Muitos conhecem por chão, outros por terra, pasto, planície, enfim, essa superfície onde pisamos todos os dias, denomina-se: solo. Para o produtor rural, o solo é muito mais que uma camada de material inconsolidado que cobre a superfície terrestre emersa, entre a litosfera e a atmosfera. O solo acima de tudo significa vida, e é dele que vem o sustento de todos, independente de raça ou classe social. E aí que vem o problema. Hoje é visível a consequência dos maus tratos ao solo. Poluição, queimadas, contaminação de lençóis freáticos, lixo, materiais tóxicos levam a resultados drásticos, como a erosão. Segundo o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), para cada hectare de terra cultivado no Brasil, perde-se em média 25 toneladas de solo, isso significa algo em torno de um bilhão de toneladas ou um centímetro da camada superficial de todo o país. O resultado são voçorocas no plantio, perda de nutrientes, como também de matéria orgânica e o assoreamento, que é a movimentação física do solo que chega aos leitos fluviais e lentamente está matando os rios. No ano de 2014, foram consumidos no Brasil, segundo dados da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda), praticamente 32 milhões de toneladas de fertilizantes químicos. Hoje, em média, segundo pesquisas, 40 % dos fertilizantes aplicados nos solos brasileiros, são perdidos de alguma forma, seja por erosão, evaporação ou escorrimento superficial, em razão da falta de adoção de tecnologias adequadas.
32
Maio e Junho de 2015
Prática de maus tratos tem causado efeitos danosos na agricultura
Adubação verde De acordo com o engenheiro agrônomo e extensionista da Epagri de Braço do Norte, Bruno Marques Felippe, o produtor pode fazer um planejamento de adubação conforme as necessidades da terra, evitando desperdícios de fertilizantes e consequentemente aumentando a renda. “Uma ferramenta acessível e eficiente de preservação deste recurso é a prática da adubação verde, que consiste basicamente em cultivar espécies de forrageiras no momento de entressafra, proporcionando uma reciclagem de nutrientes, descompactação do solo, proteção mecânica da superfície contra o impacto das gotas de chuva, como também proporciona um ambiente mais favorável ao desenvolvimento de inimigos naturais das pragas culturais”, explica o técnico. Para o engenheiro agrônomo Glauco Olinger, que implantou o serviço de extensão rural em Santa Catarina e acompanha a evolução da agricultura no Estado, um dos grandes problemas encontrados na prática da agricultura catarinense é a topografia acidentada em grande parte do território. Fator esse, que favorece a erosão dos solos, dificulta a mecanização das lavouras e limita a área agricultável. “A maior parte das terras cultiváveis necessita de correção e adubação para o alcance de produtividade razoável”, observa o engenheiro. Há cerca de dois milhões de hectares de terras degradadas em decorrência dos maus tratos infligidos pelos pequenos, médios e grandes agricultores e pelos madeireiros e outros depredadores.
Plantação de forrageiras beneficiam desenvolvimento das plantas
2015: o Ano Internacional do Solo A realidade de solos agrícolas degradados ou mal explorados não é uma exclusividade brasileira, mas sim um fato global. O alerta é da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), que para potencializar suas mensagens estabelece 2015 como o Ano Internacional dos Solos. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), com o apoio da Epagri, também apoiam a causa. A iniciativa busca despertar uma conscientização sobre a relevância do solo como base para o desenvolvimento socioeconômico, como também difundir
tecnologias que venham preservar e recuperar áreas degradadas ou subutilizadas, tornando-as produtivas e ambientalmente sustentáveis. De acordo com a FAO, os solos saudáveis estão na base da agricultura familiar, na produção de alimentos e na luta contra a fome e, ainda, cumprem um papel como reservatórios da biodiversidade. Além disso, compõem o ciclo de carbono, por isso que o seu cuidado é necessário para enfrentar as mudanças climáticas. A degradação dos solos tem um impacto negativo em muitas de suas funções como na produção de
alimentos e na prestação de serviços ecossistêmicos e suas principais causas incluem a erosão hídrica, a aplicação intensa de agrotóxicos e o desmatamento. Durante o ano de 2015, a FAO trabalhará com os governos, as organizações da sociedade civil, o setor privado e todas as partes interessadas para alcançar o total reconhecimento das importantes contribuições dos solos para a segurança alimentar, a adaptação às mudanças climáticas, os serviços essenciais dos ecossistemas, a mitigação da pobreza e o desenvolvimento sustentável.
www.negocioagro.com.br
33
Boas práticas na agricultura É de fundamental importância que o produtor procure assistência técnica e esteja aberto a adquirir novos conhecimentos para conservar o solo que lhe garante o sustento. Acompanhe algumas sugestões de preservação e manejo adequado do engenheiro agrônomo e extensionista da Epagri de Grão-Pará, Emanoel Ramos Viquetti:
Em regiões montanhosas e declivosas, o plantio é feito em curvas de nível. Sempre sistematizar a área para diminuir a velocidade da água que escorre superficialmente.
Cuidar e restaurar a fertilidade do solo, pois é a principal responsável na promoção da cobertura vegetal. A mudança na composição química também pode provocar a erosão.
Evitar movimentação desnecessária no solo. O processo de mecanização e revolvimento mexe na estrutura da terra e das raízes ali existentes.
Manter o solo coberto com vegetação, ou no mínimo palhada. Isso evita o impacto da gota da chuva, ressecamento, desestruturação e perda da camada superficial por lixiviação.
Realizar rotação de culturas. A área de plantações pode ser dividida em partes, de maneira que uma delas ficará sempre descansando. As outras partes recebem o plantio de culturas diferentes.
Área destinada às pastagens pode representar uma grande proteção contra os efeitos da erosão.
Controle do fogo. Apesar de ser uma das maneiras mais fáceis e econômicas de limpar o terreno, quando aplicado indiscriminadamente é um dos principais fatores de degradação.
Agricultor de Grão-Pará observa as orientações do técnico e aplica no cultivo da propriedade
34
Maio e Junho de 2015
Silvicultura e o meio ambiente Técnica é uma alternativa para o reaproveitamento de áreas degradadas Diversas técnicas têm sido utilizadas para a preservação do solo, entre elas a silvicultura. O cultivo de florestas é uma alternativa ambientalmente correta para o aproveitamento de áreas degradadas, e também promove o aumento da fertilidade do solo e a formação de uma camada isolante. Isso aumenta a conservação da umidade, a melhoria nas condições físico químicas, minimização das ampli-
tudes térmicas e redução da infestação de plantas invasoras. Com as florestas plantadas, o problema das áreas degradadas transforma-se em fonte de renda e geração de riquezas (madeira de qualidade). De acordo com o engenheiro florestal André Leandro Richter, o cultivo mínimo se baseia na aplicação prévia do local de plantio de herbicidas sistêmicos para eli-
minar a mato-competição. “O produtor precisa preparar o solo com moto-coveador ou coveador mecânico ou broca helicoidal ou uso de subsolador (em áreas planas) avançando até a profundidade de 40,0 centímetros”, recomenda o engenheiro. A aplicação de adubação é feita de acordo com o tipo de solo existente, sendo necessário o combate às formigas cortadeiras.
Cultivo de florestas gera fonte de renda aos produtores As florestas plantadas geram uma fonte de riqueza constante ao homem do campo. Após iniciar o plantio planejado, poderá realizar as colheitas igualmente sistemáticas transformando-se em potencial fonte de renda ao produtor. Segundo o engenheiro florestal André Leandro Richter, dependendo do tipo de floresta e do manejo adequado, um hectare plantado gera faturamento bruto de R$30 a R$75 mil em média. “A vantagem é que quando o mercado não está com grandes ofertas de madeira, o produtor pode esperar a mudança da
economia, já que a floresta quanto mais velha, melhor e maior fica”, estimula o engenheiro. Ele ressalta que o faturamento dependerá obviamente do tipo de floresta, idade, topografia da área, pois todos esses fatores influenciam no momento da compra e venda. “A lucratividade ainda é muito superior e estável se comparada a outros cultivos e criações. O importante é ter a floresta plantada, como mais uma fonte de renda possível, principalmente se cultivar áreas pouco utilizadas dentro da propriedade e otimizá-las”, garante o profissional
www.negocioagro.com.br
35
Boas Práticas
Período de vazio sanitário é recomendado na piscicultura Prática combate doenças e parasitas, garante a sanidade dos viveiros e, consequentemente, aumenta a qualidade do pescado
A
piscicultura é uma atividade que está em constante desenvolvimento na região do Vale de Braço do Norte, que por sinal já é conhecida como uma das maiores produtoras de pescado de água doce do Estado. A atividade é uma importante alternativa à pequena propriedade e pode ser conciliada com outros setores a exemplo da suinocultura, avicultura e pecuária. O produtor Candido Külkamp, da localidade de Baixo Pinheiral, em Braço do Norte, já acreditava na atividade há mais de 20 anos, quando implantou os primeiros açudes em sua propriedade. Além do pescado, ele cria gado leiteiro e investe na qualidade de seus produ-
tos. Com o aumento da produção e as exigências do mercado, o produtor está sempre atento às novas tecnologias e às técnicas recomendadas de manejo. Pensando na sanidade do animal, os intervalos entre os ciclos de cultivos de peixes são períodos muito importantes para o sucesso da atividade. Nestes períodos são realizadas as preparações para o novo abastecimento nos tanques. Um adequado trabalho de preparo propiciará uma condição de bom desenvolvimento para os alevinos e consequentemente proporciona aumento de lucros aos criadores. Sob a orientação dos técnicos, todos os anos, Candido esvazia os açudes para a esterilização e adubação. “Anual-
mente faço a limpeza dos açudes e até hoje não tive problemas com parasitas e doenças em geral”, revela o produtor. A piscicultura depende de uma série de microrganismos - algas, fitoplânctons, zooplanctons... - presentes nos tanques. O oxigênio dissolvido na água, em sua maioria, é disponibilizado naturalmente por tais organismos. Para isso, o ambiente do tanque deve ser favorável à sobrevivência e proliferação desta microbiota, que por sua vez, proporcionará uma boa condição de desenvolvimento aos peixes. O trabalho para que o tanque tenha uma riqueza em fertilidade se inicia na preparação durante os intervalos de povoamento das áreas. Candido Külkamp já esvaziou o açude para a esterilização e adubação do local
36
Maio e Junho de 2015
Preparação de viveiros exige boas práticas de manejo A preparação de um viveiro se inicia já no término do cultivo anterior, em que as atenções já devem ser voltadas ao total escoamento da água do viveiro para expor ao sol o fundo do açude. De acordo com o engenheiro agrônomo e extensionista da Epagri de Braço do Norte, Rafael Effting Knabben, deve-se deixar o solo do fundo do viveiro exposto ao sol por pelo menos 15 dias. Esta exposição proporciona boa parte da desinfecção do ambiente. “O revolvimento de áreas mais secas do fundo do tanque através de grade ou de rotativa, favorece a decomposição da matéria orgânica e, por consequência, melhora a qualidade da água”, explica o engenheiro. A limpeza deve ser complementada com uma dose de 200 gramas/m² de cal virgem sobre os locais empoçados do fundo do viveiro, com o objetivo de eliminação de peixes remanescentes do cultivo anterior. A adubação do fundo do tanque precisa ser realizada após o período de desinfecção. Assim como a lavoura, o solo do fundo necessita de correção de acidez e aporte de nutrientes. Nesse caso, a análise de solo é indispensável. A fertilidade deste solo do fundo do tanque é fundamental para o desenvolvimento dos organismos aquáticos. Além do aspecto sanitário e de fertilidade do tanque, a preparação no período de intervalo compreende outros itens fundamentais que são facilmente ajustados neste período, tais como: limpeza da área do entorno das taipas, controle de plantas invasoras, manutenção na estrutura das taipas, manutenção do sistema hidráulico (caixa de nível, comportas e sistema de abastecimento). O engenheiro agrônomo recomenda que após todos os manejos e com o tanque já abastecido de água, não se pode deixar sob nenhuma hipótese de verificar a qualidade da água antes da colocação dos alevinos. É recomendado medir o pH da água, pois pode estar elevado e acabar matando a espécie. Além disso, deve-se atentar para a transparência da água do tanque através do disco de Secchi. A turbidez da água é ocasionada pelos fitoplânctons, ou seja, com água verde onde possa visualizar o disco numa profundidade de 30 a 45cm
Limpeza dos açudes elimina bactérias e fungos acumulados no ambiente
www.negocioagro.com.br
37
Cuidados de inverno
Doenças respiratórias causam preocupação aos suinocultores Manejo adequado auxilia na prevenção e aumento da imunidade dos suínos
O
ventinho gelado já circula pelas ruas e entra pelas janelas das casas avisando que o inverno se aproxima. Junto, a estação também traz preocupações com a imunidade e a proliferação do vírus da gripe não só em crianças e idosos, mas também nos animais. O produtor Vilibaldo Michels, de Grão-Pará, atua na suinocultura há mais de três décadas e todo o ano intensifica os cuidados com o manejo durante o outono e inverno para evitar as doenças respiratórias nos suínos. A rotina de Vilibaldo muda com a chegada do frio e a atenção é redobrada nas granjas para manter a temperatura ideal. “Quando comecei, lidava com o porco rústico que era bem resistente, agora com a genética apurada, o animal está mais sensível às doenças”, relata o produtor. As doenças respiratórias prejudicam o ganho de peso e a conversão alimentar dos suínos, aumentando também gastos com medicamentos e mortalidade. “No inverno aumentam os custos, e a manutenção da granja e cuidamos da sanidade para não ter prejuízos durante esse período, principalmente nesses meses que o preço não está conforme o esperado”, ressalta. Nanderson Meurer Michels, formado em administração, filho de Vilibaldo, acompanha o pai no trato dos suínos desde a infância e tem se especializado no setor. Para ele, o controle preventivo dos animais, já inicia nas matrizes, onde são aplicados medicamentos que serão diretamente transmitidos pelo leite ao leitão. “Já nos primeiros dias de vida são aplicadas doses de medicamentos injetáveis para prevenção de artrite e infecções gerais”, explica. Na idade de 28 aos 56 dias, são realizados outros tipos de medicamentos injetáveis, que ajudam na prevenção de
38
Maio e Junho de 2015
Produtores investem em equipamentos para manter a temperatura nas matrizes
renite, pleura pneumonia, entre outros princípios ativos indiretos. No período de 70 a 80 dias, é feito um tratamento de “choque” na ração dos animais aplicando produtos como a Tiamulina e Oxitetraciclina. No período de 90 a 100 dias, é realizado um tratamento com remédio de vermes na alimentação do suíno. Além das medicações, os produtores ainda investem em controles extras como o manejo de cortinas, pulverização das baias para redução dos vírus e
utilização de um medicamento especial na ração dos animais, que diminuem a amônia da granja. “É muito mais rentável investir em prevenção, pois os medicamentos curativos se tornam mais caros e também se perde em rendimento dos animais. Uma aposta de nossa propriedade e que já surge resposta é a aplicação do medicamento que reduz a amônia dos suínos. Este medicamento é aplicado diretamente na ração”, orienta o produtor.
Abertura das cortinas permite a renovação do ar no ambiente
Cortinado duplo Em regiões com maiores variações de temperatura durante o ano, que é a situação da região sul do Estado catarinense, alguns suinocultores estão realizando a instalação de uma cortina extra nas imediações, que é chamado de cortinado duplo. Este sistema auxilia na manutenção da temperatura das instalações, facilitando o manejo, contribuindo para a eliminação do acúmulo de gases e propiciando aos animais, a zona de conforto ideal para cada fase de recria, e assim, melhorando o desempenho zootécnico. “O manejo das cortinas depende intimamente da relação da temperatura ambiental da granja e temperatura dos suínos. Basicamente as cortinas devem ser manejadas durante o dia, dependendo da localização geográfica da granja”, recomenda o técnico.
Manejo das cortinas garante sanidade As doenças respiratórias, como as pneumonias, são originadas por diversos fatores como, manejo, instalações, nutrição e principalmente variáveis ambientais onde se destaca o “manejo de cortinas”. A ambiência nas instalações nas diferentes fases de recria é fundamental para que os suínos sejam mantidos em sua zona de conforto, e todos os nutrientes sejam utilizados no seu desenvolvimento, garantindo um bom status sanitário do plantel, um bom desempenho em conversão alimentar, e uniformidade do lote. Por outro lado, a variação extrema de temperatura diária, associada a altas concentrações de gases (amônia) e poeira, acabam ocasionando irritação
no trato respiratório, aumentando a probabilidade de ocorrência e agravamento de doenças respiratórias. Para o médico veterinário Mauro Antonio Serafim, o manejo das cortinas é indispensável para manter a temperatura adequada de cada fase. “Em dias em que houver chuva, ventos fortes e baixas temperaturas, deve-se manejar as cortinas baixando em torno de 0,5 a 1,0 metros o lado oposto da incidência do vento”, aconselha o veterinário. Ele afirma que essa prática permite a renovação do ar da instalação removendo partículas de aerossóis contaminados suspensos no ar. Com esses pequenos cuidados de manejo se reduz consideravelmente a chance de ocorrências de doenças respi-
ratórias em suínos. É importante cuidar a corrente de ar dentro da instalação. Basta alguns minutos no dia com corrente de ar sobre os animais para prejudicar enormemente o desempenho dos suínos. Não fechar totalmente as cortinas para evitar a formação de gás, salvo quando os animais estão recém-alojados e necessitam de mais calor. O excesso de gás contribui para desenvolver doenças respiratórias, deve-se então fazer a limpeza seca (raspador e vassoura) diariamente e quantas vezes forem necessárias. Além de limpar canaletas que podem produzir gás e contaminar as lâminas de água e cuidar com formação de pó nas instalações (ração espalhada) que podem carrear bactérias e irritar o trato respiratório dos animais
www.negocioagro.com.br
39
40
Maio e Junho de 2015
www.negocioagro.com.br
41
Tilápia assada ao vinagrete Ingredientes 1,5 kg de tilápia Vinagrete 1 cebola grande 2 tomates Salsa Cebolinha verde Orégano Alfavaca Sal Vinagre Milho Ervilha 180 gramas de requeijão Queijo mussarela ralado Modo de preparo
Receita
Silvio Pickler está no ramo da piscicultura há mais de 20 anos e a tilápia é o carro-chefe do negócio
Viva a tilápia
A
procura por uma alimentação saudável está cada vez mais em alta. Frituras e massas estão sendo substituídos por frutas, verduras e carnes magras. O peixe, por sua vez, tem sido a opção ideal para manter a alimentação equilibrada. Os piscicultores da região do Vale de Braço do Norte acompanham estas mudanças e a produção específica da tilápia tem transformado a realidade desses empreendedores. Silvio Pickler, empresário de São Ludgero, decidiu investir na produção do pescado há mais de 20 anos e, de lá pra cá, a carne de peixe está sempre presente à mesa da família do produtor. Ele e a esposa Nilva Schlickmann Pickler costumam preparar diversos pratos à
42
Maio e Junho de 2015
base da tilápia. “O peixe é um alimento saudável. Aqui em casa comemos peixe toda a semana, já virou tradição”, confessa o piscicultor. Silvio tem apostado no desenvolvimento da tilápia na região e conta que, em São Ludgero, o filé de peixe já está presente nos cardápios de quase todas as lanchonetes e restaurantes. “O peixe está sendo bastante consumido e isso incentiva os piscicultores a investir cada vez mais na qualidade da produção”, ressalta. A família compartilha com os leitores a suculenta receita da tilápia assada ao vinagrete. O prato é apreciado por muitos consumidores da região e faz sucesso na mesa dos sãoludgerenses, principalmente da família de Silvio. Acompanhe o passo a passo e prepare esse apetitoso prato na sua casa!
Inicie abrindo a tilápia ao meio sem escamá-la. Coloque em uma assadeira e tempere com sal a gosto. Para o vinagrete, corte todos os temperos e misture com vinagre e sal. Em seguida acrescente a mistura sobre o peixe. Leve ao forno pré-aquecido por cerca de 30 minutos. Após o período de cozimento, coloque o requeijão, o milho e a ervilha e leve novamente ao forno por mais 10 minutos. Por último, cubra a carne com o queijo ralado e leve ao forno para derreter. O prato pode ser servido com arroz, farofa e outros acompanhamentos. Bom apetite!
O vinagrete tempera a carne e garante um sabor especial ao prato
www.negocioagro.com.br
43