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R$ 21,90

Agronegócio: pilar da economia Brasileira Em sua 14ª edição, Feagro Vale mostra o que o sul catarinense tem de melhor e comprova a força do agronegócio para o desenvolvimento do país

N° 13

Junho e Julho de 2017

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Leia nesta edição 08. Carne em alta Com boas perspectivas, produção de carne bovina catarinense cresce a passos largos

18. Case de sucesso Com apoio do SC Rural, família de São Martinho quase dobra a produção de leite

30. Banana milagrosa Pesquisa aponta bons resultados no uso da casca da banana como curativo

32. Alternativa rentável Silagem de grama é utilizada no Vale e método é aprovado pelos produtores

36. Diversificação Com procura pela indústria, agricultores apostam no cultivo de goiabeiras

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A maior

Feagro abre as suas portas para bons negócios em Braço do Norte e região

20. Dá para respirar

24. Saudáveis e lucrativos

Depois de um 2016 com muitas dificuldades, suinocultura vive dias melhores

Produtos sem agrotóxico caem no gosto dos consumidores e são a aposta de família de Rio Fortuna

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artigo

expediente

Alimentação e inflação

Departamento Comercial Mara de Oliveira Gustavo Danielski Helenize Moraes

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raças aos produtores rurais e ao bom comportamento do clima, o Brasil vai colher uma excelente safra de grãos, neste ano. A abundância de milho, soja e feijão terá uma repercussão altamente positiva na vida dos brasileiros: vai baixar o custo de vida. O brasileiro é um povo privilegiado, vive em um regime de segurança alimentar. Consome alimentos de alta qualidade e de preços relativamente baixos. Nunca enfrenta crises de abastecimento. Quando muito, uma escassez setorial de algum produto para o qual sempre há substituto. Nesse ano, mais uma vez, a oferta de alimentos freia a inflação provocada pela péssima gestão macroeconômica da presidente afastada em 2016, que veio acompanhada de uma recessão sem precedentes. O caso do milho é emblemático. No ano passado, esse grão atingiu cotações extremamente exageradas, afetando gravemente o desempenho e a rentabilidade das grandes cadeias produtivas, como avicultura, suinocultura e a bovinocultura de leite e de corte. Milhares de produtores rurais e centenas de empresas sofreram pesados prejuízos em consequência da falta de visão e de protagonismo dos órgãos de gestão de estoques e safras. Neste ano, a garantia de oferta à preços históricos, assegura redução nos custos de produção das carnes mais consumidas no Brasil. Hoje, um quilograma de carne de frango, no mercado varejista, está disponível a menos de 5 reais. Ou seja, mais barato que uma cerveja. Também caem os preços de varejo das carnes suínas e bovinas. São representativos os casos da cebola e do tomate, cujos preços finais não cobrem os custos de produção, mas, beneficiam o consumidor. O produtor rural brasileiro é o grande salvador da economia. Ele ajuda a manter a paz e a estabilidade, mesmo quando trabalha com taxas negativas de rentabilidade. Ele e a agroindústria

Diretor Executivo Fernando Freitas

Redação Suellen Souza - editora / SC: 44851-JP Kalil de Oliveira Colunista Diogo Schotten Becker – coordenador Departamento de Criação Jéssica Simiano - 0005168/SC Júnior Negrão - Boaz Comunicação Departamento Financeiro Ezequiel Philippi Revisão Ortográfica Sidiana Santos Assinaturas Zula Coradelli Mário Lanznaster Presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos e vice-presidente para o agronegócio da FIESC

brasileira são responsáveis pelo superávit da balança comercial. Aliás, nesse aspecto, é essencial reconhecer que a agropecuária deixou de ser um segmento isolado da economia, tornando-se um elo fundamental das cadeias integradas de valor do agronegócio, interagindo com vastos setores de segmentos industriais e de serviços que interagem antes e depois da porteira. Esse produtor rural a quem rendo homenagens – pequeno ou grande, mas sempre eficiente – é um agente econômico atualizado, arrojado, vocacionado e usuário de tecnologia que se tornou o principal ator das avançadas cadeias de produção integrada no sul do País. Com trabalho e tecnologia, faz com que o agronegócio assegure produtos finais (alimentos, bebidas, texteis, produtos de borracha etc.) que representam tranquilidade e paz social.

Fone: |48| 3651 2700 Av. Felipe Schmidt, 2244. Sala 13. Centro - Braço do Norte - Santa Catarina CEP: 88750-000 contato@negocioagro.com.br

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NegócioAGRO é uma publicação bimestral da FM3 Líder em Comunicação. Tem sua circulação dirigida ao produtor rural, casas agropecuárias da Comarca de Braço do Norte e as empresas que distribuem aqui seus produtos ou prestam serviço. Garanta o recebimento de seu exemplar: Assinatura anual: R$ 120,00.

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Cebola Os preços da cebola caíram novamente na última semana de maio em Ituporanga (SC), fechando a R$ 0,47/kg na roça, 15,6% menor que na semana anterior. O motivo da queda é a dificuldade nas vendas, uma vez que nessa época a oferta no Sul já era para ter se encerrado. A extensão do calendário de comercialização de Ituporanga coincidiu com a safra de outras regiões, como Nordeste e Cerrado. Em Irecê (BA), a colheita se intensificou nesta semana e as cotações também caíram: a média foi de a R$ 0,52/kg ao produtor, queda de 9,8% frente à anterior. Além disso, a entrada de importações da Argentina e da Europa contribuiu para maior oferta disponível e pressionou os preços.

Os laticínios da região de Braço do Norte estão começando a pagar o leite por qualidade, levando em consideração vários fatores, é importante as associações, cooperativas e sindicatos ficarem atentos as formas de pagamento, não deixando apenas nas mãos das agroindústrias a formação do modo de pagamento. Lembrando que o gado Jersey possui um maior de teor de sólidos e consequentemente maior rendimento.

Qualidade II Embora seja um movimento dos laticínios, outros setores também podem remunerar os produtos por qualidade, cito o exemplo do suíno, aqueles que investem em nutrição, genética e melhores condições recebem o mesmo preço dos que não investem. E não podemos mais pensar somente em bonificação por carcaça, qualidade da carne também é um diferencial.

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- Formado em Gestão de Agronegócios pela Unisul. - Especialização em Gestão de Empresas pelo Unibave.

giro pelo campo

Qualidade

diogo schotten becker - Cursando Engenharia Agronômica pelo Unibave. Atualmente é produtor de suínos e gado de leite, professor do colégio agrícola e ex-diretor de agricultura de Braço do Norte. Fone: (48) 9634 6259 contato@negocioagro.com.br

Feijão primeira safra O incremento de área e a produtividade favorecida pelas boas condições climáticas refletem em uma boa produção de 1,38 milhão de toneladas, sendo 858,1 mil toneladas de feijão comum cores, 316,5 mil toneladas de feijão comum preto e 205,8 mil toneladas de feijão caupi.


Trigo

Milho

A Argentina terá 11,30 milhões de toneladas de trigo para exportar nesta safra 2016/17, que se encerra no final de novembro. É um volume que pode mexer com preços e negociações no Brasil. Duas safras atrás, os estoques exportáveis do país vizinho eram de apenas 4,4 milhões de toneladas.

A safra de inverno tem bom desenvolvimento, segundo a consultoria Céleres. A área semeada será de 11,3 milhões de hectares, 9% mais que em 2016. A produtividade será de 5,65 toneladas por hectare.

Arroz Apesar da queda na área de sequeiro (17,6%), a retomada da semeadura nas áreas irrigadas (4,3%) e as condições climáticas favorecendo toda a região produtora resultam em 11,96 milhões de toneladas de produção.

Soja À vista Em MS deu-se início a um movimento pecuarista para que os pagamentos de gado sejam no ato da compra, os principais argumentos são: risco de inadimplência e a necessidade de muito capital de giro na engorda dos animais. Uma ideia que pode ganhar força.

Após um período de quedas, devido à boa safra na América do Sul, os preços da soja estão melhores. O motivo é o excesso de umidade nas lavouras das principais regiões produtoras dos EUA.

Produção A safra 2016/17 brasileira de soja deverá atingir o recorde de 114 milhões de toneladas, 17% mais do que a anterior. A produtividade será de 3,36 toneladas por hectare, aponta a Céleres.

Exportação Os números de exportações de carnes das primeiras semanas do mês de maio mostram um avanço no volume vendido. A maior recuperação fica com a carne bovina, a que tinha perdido mais. Os números da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) indicam que as vendas externas de carne bovina deste início de mês superam em 19% as de abril.

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BOAS PERSPECTIVAS

Mercado em alta PARA A carne bovina CATARINENSE País registrou aumento nas exportações da carne em faturamento e volume e ocupa espaço importante no mercado externo

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abe quando a hora do almoço se aproxima e o cheirinho do churrasco nos envolve, aguçando o paladar? Pois é, não tem jeito, a carne está sempre presente em nossas refeições. Pelo menos uma vez ao dia, a carne chega às mesas de milhares de brasileiros em diferentes cortes e preparações diversificadas. Diante desta realidade, o mundo da pecuária está cada vez mais desenvolvido. As projeções apontam que nos próximos cinco anos, o Brasil será o maior produtor de carne bovina do mundo, superando os Estados Unidos, que atualmente ocupam o primeiro lugar no ranking, segundo previsão de Fernando Sampaio, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). De acordo com a entidade, o mercado

nacional é responsável por 17% da produção total da carne bovina no planeta, e o norte-americano 19%. “Hoje, já somos os maiores exportadores do produto, mas podemos superar os EUA até 2020, no que diz respeito à atividade produtiva”, comenta o diretor. Um dos fatores que deve favorecer o país é a utilização da tecnologia pela bovinocultura. “A pecuária está ocupando cada vez menos espaço físico no campo, sem perder a produtividade. Mas nossa base ainda é o pasto, porque sai mais barato. Na produção norte-americana, por exemplo, o bezerro sai da vaca direto para o confinamento”, explica. As últimas três décadas foram transformadoras para a indústria de exportação de carne bovina brasileira. No período, o Brasil abandonou o perfil de importador para assumir a liderança no ranking de

MERCADO brasileiro é responsável por 17% da produção total da carne bovina no planeta

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exportadores do produto no mundo. Apesar do ritmo acelerado de crescimento, a indústria da carne bovina segue em busca constante para ampliar mercados e oportunidades. No início de 2015 o mercado registrou um faturamento de US$481 milhões nas exportações com embarques de mais de 116 mil toneladas. Dos dez principais países importadores da carne brasileira, o Irã e a Rússia foram os mercados que mais apresentaram crescimento, tanto em faturamento como em volume. Um levantamento realizado pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) apontou que o produto é amplamente reconhecido pela capacidade de produção, flexibilidade em tipos de cortes e preço acessível, e já ocupa espaço importante no mercado das exportações.


Santa Catarina entre os que mais crescem Maior produtor nacional de suínos e segundo maior de aves, Santa Catarina vem expandindo o desempenho em gado para corte. O Estado ainda ocupa o 13º lugar na produção brasileira de bovinos, conforme dados da Epagri, e precisa importar 40% da carne de boi que consome. No entanto, o cenário tem melhorado ano a ano. Entre 2011 e 2015, o rebanho catarinense cresceu 8,49%, enquanto no Brasil aumentou apenas 1,12%. No mesmo período, a carne bovina passou da 11ª para a sexta posição no ranking dos produtos mais importantes para o agronegócio catarinense. De 2014 para 2015, o abate em Santa Catarina teve incremento de 1,71%, e no país registrou um tombo de 9,6%. Produtores e pesquisadores não têm dúvidas de que o interesse pela pecuária de corte cresceu nos últimos tempos. Segundo o engenheiro agrônomo da Epagri, Cassiano Eduardo Pinto, especialista em reprodução animal, o recuo da atividade em outros Estados tem relação com a ampliação por aqui. “Houve uma conjuntura em nível nacional, desde 2007, de reduzir a pecuária para dar lugar ao plantio de soja e cana-de-açúcar, que ficaram muito rentáveis. Nessa onda, o preço do boi cresceu, e Santa Catarina foi influenciada por isso. Com essa crescente de preços, as pessoas se interessaram mais em produzir bovinos”, explica. Segundo o produtor Irio Schuelter, cresceu também o investindo nos cruzamentos devido à valorização do produto. Isso tem contribuído para a expansão da espécie nas pequenas propriedades. “O gado leiteiro ainda domina na região, porém, muitos produtores já estão migrando para o gado de corte”, revela o empresário. O criador Mauro Coelho, da cabanha Lago Azul, localizada em Jaguaruna, lida com gado de corte desde a infância e enfatiza que o mercado está em alta. “Sou a terceira geração da família a criar gado de corte. Fomos os pioneiros na região sul e percebemos que a carne bovina está sendo valorizada pelo mercado nacional e internacional”, considera Mauro.

Estado ainda ocupa o 13º lugar na produção brasileira de bovinos, conforme dados da Epagri

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CARNE dos animais catarinenses estão prontas para ganhar o mercado exterior

Medidas para desenvolver ainda mais O engenheiro da Epagri, Cassiano Eduardo Pinto, reconhece que, devido a limitações ambientais, Santa Catarina não tem como competir com Estados do Centro-Oeste e se tornar um grande produtor brasileiro. Entretanto, há diferenciais a serem explorados. “Aqui não temos como trabalhar gado como commodity, mas temos uma carne com mais qualidade por causa dos cruzamentos com raças europeias. É uma carne mais marmorizada, de valor agregado muito superior”, avalia. Esse diferencial de raças, aliado ao status sanitário – Santa Catarina é o único Estado livre de febre aftosa sem vacinação –, faz a carne bovina catarinense ter potencial para comercialização tanto no mercado interno quanto externo. A produção, contudo é insuficiente para exportar. 10

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Mesmo com todo o potencial da carne bovina catarinense e com margem para aumentar a exportação, as vendas para outros países caíram nos últimos anos. Em 2016, foram comercializados US$ 4,49 milhões para o exterior. Com isso, a carne bovina ficou na 139ª posição na pauta de exportações catarinenses. O Estado também começou a exportar gado vivo, cujo valor alcançou ainda menos, US$ 2,5 milhões. O secretário de Estado da Agricultura, Moacir Sopelsa, afirma que há frigoríficos catarinenses negociando para começar a exportar. Segundo ele, o governo vem incentivando a pecuária de corte por meio de financiamentos com juro subsidiado, além da redução da alíquota do ICMS no âmbito do programa de Apoio à Criação de Gado para Abate Precoce. “Fora isso,

estamos desenhando um programa para financiar embriões aos produtores. Temos muito material genético de qualidade em Santa Catarina. Se seguirmos investindo, acredito que nos tornaremos exportadores de cortes de carne mais nobres daqui a uns anos”, avalia. O programa para embriões se justifica pelas divisas praticamente fechadas de Santa Catarina a animais vivos de outros Estados. É uma forma de manter o status sanitário livre de febre aftosa sem vacinação. Mas, as medidas de precaução também são alvo de reclamações de pecuaristas, já que gera dificuldades para repor a criação, o que aumenta os custos e complica a concorrência com o produto que vem do Centro-Oeste. Mesmo com o frete, a carne do Mato Grosso acaba chegando mais barata do que a produzida aqui


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abram-se as portas para a Feagro

DURANTE cinco dias, feira movimenta o agronegócio do sul catarinense

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Em sua 14ª edição, maior exposição de gado Jersey da América Latina espera receber 70 mil visitantes

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onsiderada a maior feira agropecuária de exposição de gado Jersey da América Latina, a Feagro (Feira e Exposição Agropecuária do Vale de Braço do Norte e Região) movimenta todos os anos o município e consagra Braço do Norte como a Capital Nacional do Gado Jersey. Em sua 14ª edição, o evento acontece de 07 a 11 de junho, no Parque de Exposições Huberto Oenning, em Braço do Norte. Para evidenciar o cenário local, criou-se a Feagro. Com crescimento em todas as edições, a feira faz o diferencial do sul catarinense. São Cinco dias de muito aprendizado e transmissão de informações para o setor agropecuário. A expectativa da diretoria do evento é receber mais de 70 mil visitantes neste ano. Con-

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forme o presidente da Feagro e secretário de Agricultura de Braço do Norte, Adir Engel, a feira abordará temas e números que serão significativos à economia nacional, e que movimenta todas as cidades e estados do país. “A intenção este ano, é levar a feira para todos os cantos do mundo”, afirma Adir A Feagro se destaca no cenário do agronegócio brasileiro por apresentar uma grande variedade de tecnologias, produtos, serviços e oportunidades de troca de experiência e busca de conhecimento para a cadeia produtiva do leite. “A Feagro não é uma feira show, mas sim uma feira que procura valorizar o agronegócio em primeiro lugar. Ela busca trazer novas tecnologias e dar conhecimento aos nossos produtores rurais”, lembra.


Agronegócio: O pilar da economia Brasileira O tema deste ano da 14ª Feagro é “Agronegócio: O pilar da economia Brasileira”. A feira irá abordar temas e números que serão significativos à economia nacional e movimenta todas as cidades e estados do país. A expectativa do setor agropecuário é de crescimento em 2017, em meio a uma projeção de safra recorde de 219,1 milhões de toneladas e de aumento da produtividade. Ainda segundo o Ministério da Agricultura, o Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária em 2017 deve atingir R$ 545,9 bilhões, 2,9% acima do registrado em 2016, que foi

de R$ 530 bilhões. Moderno, eficiente e competitivo, o agronegócio brasileiro é uma atividade próspera, segura e rentável. Com um clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e quase 13% de toda a água doce disponível no planeta, o Brasil tem 388 milhões de hectares de terras agricultáveis férteis e de alta produtividade, dos quais 90 milhões ainda não foram explorados. O agronegócio é hoje a principal locomotiva da economia brasileira e responde por um em cada três reais gerados no país. O Brasil é um dos líderes mundiais

na produção e exportação de vários produtos agropecuários. É o primeiro produtor e exportador de café, açúcar, álcool e sucos de frutas. Além disso, lidera o ranking das vendas externas de soja, carne bovina, carne de frango, tabaco, couro e calçados de couro. As projeções indicam que o país também será, em pouco tempo, o principal pólo mundial de produção de algodão e biocombustíveis, feitos a partir de cana-de-açúcar e óleos vegetais. Milho, arroz, frutas frescas, cacau, castanhas, nozes, além de suínos e pescados, são destaques no agronegócio brasileiro.

CAPITAL Nacional do Gado Jersey, Braço do Norte é palco também da maior feira da raça da América Latina www.negocioagro.com.br

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Circuito Nacional disputado na Feagro Uma forma que a Associação Brasileira dos Criadores de Gado Jersey achou para Santa Catarina participar a Nível Nacional das premiações da raça foi o Circuito Nacional do Gado Jersey, pois como Estado livre de Febre Aftosa, reconhecido pela Organização Mundial de Sanidade Animal (OIE), os animais catarinenses não podem participar de exposições em outros estados e depois retomar as propriedades. Assim foram criadas cinco exposições a nível nacional da raça, sendo que Santa Catarina tem duas delas, sendo uma a Feagro e a outra a Efape em Chapecó. A feira de Braço do Norte mantém sua permanência no Circuito Nacional da Raça Jersey, organizado pela Associação Catarinense dos Criadores de Bovinos (ACCB). Além disso, enaltece o que a Capital Nacional do Gado Jersey tem de melhor, por isso, durante a Feagro será realizada a segunda etapa das cinco que acontecerão no ano em todo o país. Esta edição já se tem o jurado definido. O zootecnista Mauricio Luiz da Rosa Santolin terá a missão de analisar os animais da Feagro. Santolin é diretor da Associação de Criadores de Gado Jersey do Paraná e membro do Conselho Técnico da Associação de Gado Jersey do Brasil. “Temos sempre grandes expectativas de sair da região do vale a Jersey Campeã Nacional”, complementa o presidente da Feagro, Adir Engel. Segundo a presidente do Núcleo Regional da Associação Catarinense de criadores de Bovinos (ACCB), Maria Rosinete Souza Effting, Braço do Norte novamente entra no calendário da Associação dos Criadores de Gado Jersey do Brasil, e a procura de novos criadores para melhorar seu rebanho foi muito satisfatória. “Devemos este marco à exposição da qualidade e elevada genética que tivemos no ano passado, onde mostramos o que a região do Vale tem a oferecer para o Brasil”, analisa Maria Rosinete.

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PELO segundo ano consecutivo, julgamento da raça Jersey fará parte do Circuito Nacional


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Evolução do rebanho com base sólida na Feagro Nos anos 70, o Vale de Braço do Norte tinha apenas gado de leite comum e graças a uma das famílias, a Ricken, é que entraram na região os primeiros touros da raça Jersey não puros, mas já com algum sangue melhorado. No início dos anos 80, os criadores Edésio Oenning e Áticos Warmeling iniciaram a criação de gado Jersey Puro de Origem (PO) na região. Neste mesmo período alguns criadores de gado do município de Tubarão fundaram a Associação Catarinense dos Criadores de Bovinos (ACCB-Regional Sul) e isto atraiu mais alguns criadores a investir em gado melhorado na região. Com o advento dos Centros de Tradições Gaúchas (CTGs), muitos perderam o interesse pela Associação de Gado e isto levou a ACCB- Regional Sul a se transferir para Braço do Norte,

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pois na cidade crescia muito o interesse pelo gado PO registrado, principalmente o gado da raça Jersey. Como vários criadores já tinham gado PO vindo de várias regiões, o desafio foi ver quem estava acertando mais na escolha do plantel e a necessidade de se fazer uma exposição foi imediato. A primeira exposição foi realizada nas antigas instalações do CTG de Braço do Norte (antiga estrada para São Ludgero) no ano de 1991. Na época, o julgamento foi realizado pelo senhor Petise, do Rio Grande do Sul. “Ninguém sabia tosquear uma cabeça de gado e muito menos puxar o gado na pista. Aquele foi um ano de aprendizado no qual o senhor Petise mais ensinou do que julgou”, recordam os primeiros expositores. Braço do Norte é caracterizada por

uma região de pequenas propriedades e com uma topografia muito acidentada o que não permite o produtor ter muito gado. Por isso, os pecuaristas precisam explorar ao máximo seu plantel e com o crescimento da suinocultura veio a necessidade de aproveitar os dejetos nas áreas de pastagens. Viagens e importação de gado e sêmen do Canadá e pastagens melhoradas foi o solavanco necessário para tornar a região uma das melhores em qualidade de gado Jersey. Com o crescimento do numero de animais nas exposições e com a necessidade de um espaço maior e mais organizado para o agronegócio veio a ideia de fazer uma feira agropecuária. Vários segmentos do meio rural e da cidade foram convidados para dar ideias e organizar a feira e daí surgiu a Feagro-Vale, no ano de 2004


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CASE DE SUCESSO OBJETIVO da família é chegar a 2018 com 40 animais em lactação, produzindo 15 litros por dia cada

Com técnicas e investimentos, a caminho de dobrar a produção Com apoio do SC Rural, família de São Martinho passou de uma produção de 300 para 523 litros de leite ao dia

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Programa Santa Catarina Rural, financiado pelo Banco Mundial e executado pela Epagri em parceria com outras instituições, está entrando na reta final e acumula uma série de casos de sucesso. Estas histórias confirmam que o agricultor catarinense está sensível a este tipo de ação, que busca modernizar a gestão das propriedades rurais catarinenses. Um bom exemplo é a propriedade onde o jovem Ademar Sehnem Junior produz leite, no município de São Martinho. Ademar, que toca a produção de leite com o pai e a mãe, Maria Goretti Heidemann Sehnem, participou em 2013 do curso de liderança, gestão e empreendedorismo para jovens rurais, que a Epagri vem promovendo em todo o 18

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Estado como recurso do SC Rural. Na ocasião, ele projetou melhoria do sistema produtivo com planejamento para cinco anos, mas já em 2016 o projeto alcançou resultado expressivos e animadores. Em 2013 a propriedade dos Sehnem contava com 25 vacas em lactação. Cada uma produzia uma média de 12 litros de leite por dia, resultando numa produção média diária de 300 litros. O objetivo da família é chegar a 2018 com 40 animais em lactação, produzindo 15 litros por dia cada, alcançando uma média diária de produção de 600 litros. Tudo sem aumentar os 15 hectares usados para pastagem na propriedade. Dois anos antes do final do prazo, a família já estava muito perto de alcan-

çar tais resultados. Em 2016 a família tinha 39 vacas em lactação, que produziam uma média de 13,6 litros de leite cada, resultando num total de 523 litros de leite produzidos diariamente na propriedade. O objetivo dos Sehnem é aumentar o plantel e o volume de produção com custos baixos, buscando a sustentabilidade na atividade, através do estabelecimento de um plano forrageiro que garanta a oferta necessária de alimentos para os animais o ano inteiro. Os bons índices alcançados até 2016 tornaram a propriedade referência na produção de leite, na região e no Estado, recebendo inúmeras visitas e sediando diversas atividades da Epagri. A mais recente delas foi um Dia de Campo para produtores de leite do município.


Melhorar a qualidade e aumentar a quantidade DA ALIMENTAÇÃO DO ANIMAIS Desde 2015 a família vem sendo acompanhada mensalmente pela Epagri por meio de um modelo de gestão de propriedade técnica e econômica. O objetivo é melhorar ainda mais os índices produtivos e aumentar o retorno econômico, com visão ambiental sustentável e promovendo a consolidação na atividade. Entre as metas da família está o melhoramento da qualidade e quantidade de alimentos produzidos para os animais, como pastagem, silagem e outros. A família também está aprimorando sua infraestrutura produtiva, que inclui sistema de ordenha, equipamentos para condução da pastagem, instalação de um sistema de irrigação e fertirrigação, melhoria no manejo e melhoria na genética através da inseminação artificial. Segundo Renan Honorato Fernandes, extensionista da Epagri em São Martinho, a família está conseguindo alcançar suas metas por meio de uma gestão de resultados, que reúne liderança e boas práticas de administração. Na parte administrativa são produzidos diagnósticos usando índices gerados pelo acompanhamento técnico e econômico, definidas decisões, objetivos e metas, e elaborado plano de ações para o alcance dos resultados propostos. “A parte da liderança trata das atitudes, dos comportamentos, das intenções, da motivação, da criatividade e da comunicação. E, por isso, essa parceria entre Epagri, Governo de Santa Catarina e Programa SC Rural está trazendo grandes resultados ao produtor rural catarinense”, avalia o extensionista. Mais de 140 jovens rurais da região de Tubarão já passaram pelo curso de gestão e empreendedorismo promovido pela Epagri desde 2012. Só em São Martinho são mais de 40 formados. Esse ano a Epagri está com a sexta turma na região e os bons resultados estão se multiplicando, resultando na promoção da sucessão familiar e no rejuvenescimento da agricultura familiar. Ao longo de 2017 divulgaremos mais histórias de propriedades rurais que se tornaram referência graças ao trabalho conjunto da Epagri e do Programa SC Rural.

CURSOS oferecidos pela Epagri refletem no melhoramento do desempenho dos animais criados na região

Programa SC Rural O SC Rural conta com investimentos do Governo do Estado e do Banco Mundial (Bird) para aumentar a competitividade da agricultura familiar catarinense. Sob a coordenação da Secretaria da Agricultura e da Pesca, o Programa abrange atividades em áreas como crédito, logística, transporte, comunicação, capacitação tecnológica e gerencial, gestão ambiental, gestão de qualidade, defesa sanitária, que induzem a criatividade e a inovação para empreendimentos familiares agrícolas, não agrícolas, agroindustriais ou de serviços

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DEPOIS de um 2016 difícil, atividade tem melhores perspectivas para este ano

Em alta

Suinocultura volta a ser lucrativa Atividade sofreu forte impacto com insumos elevados e desvalorização de cortes de carne de porco e derivados no ano passado 20

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xistem alguns períodos na longa história do mercado de carne suína da região do Vale do Braço do Norte que muitos produtores e frigoríficos fazem questão de não lembrar. A atividade econômica que é uma das mais tradicionais ao lado da produção de leite amargou graves prejuízos no ano passado e somente agora, com alteração nos custos, percebe sinais de alguma melhora. Parte do desespero chegou na forma de mobilização política em Florianópolis, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina. O deputado José Nei Ascari, que é da região de Braço do Norte, conta que recebeu representantes em seu gabinete inúmeras vezes. E se as coisas não saiam como o planejado, mesmo assim a Frente Parlamentar em Defesa da Suinocultura, criada em 2013, atendia demandas como nunca antes. “Trata-se, na verdade, de um espaço para o debate de questões específicas do setor, mas também para reivindicar, com a força do Legislativo, ações do Poder Público para defender e incentivar este que é um dos setores de maior excelência da nossa agroindústria e que tem também peso substancial na economia catarinense”, explica. Segundo o deputado, a luta das entidades representativas do segmento, é para reduzir a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 12% para 6% na venda do suíno vivo. “Esta medida vigorou até o final de 2016 e foi uma contribuição importante do poder público aos suinocultores. Além disso, em parceria com a Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa, articulamos junto ao Governo Federal o aumento da cota de milho da Conab para os produtores catarinenses, o que também refletiu positivamente no setor, naquele momento. Agora, existe o desejo dos suinocultores de manter definitivamente a alíquota em 6% para incrementar o mercado interno. Estamos também trabalhando neste sentido”, revela Ascari.

DEPUTADO José Nei Ascari, da frente parlamentar na Assembleia Legislativa, ouviu queixas de representantes do setor


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DE PORTAS ABERTAS PARA A Exportação A Coreia do Sul deve ser o próximo mercado a receber a carne suína catarinense. O deputado comenta que já há frigoríficos da região do Vale em condições de exportar e recorda do empenho do governo do estado com objetivo de ampliar a venda para fora do país. “Precisamos considerar que as exigências de fato são muito grandes e são legítimas, mas também precisamos destacar que o trabalho realizado pela Cidasc, por exemplo, cuidando muito

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da sanidade do nosso rebanho, tem sido fundamental para a abertura de novos mercados. Aliado à qualidade dos suínos catarinenses, graças aos investimentos e ao trabalho incansável dos suinocultores, Santa Catarina tem tudo para aumentar suas exportações, refletindo diretamente na economia estadual e na vida dos produtores”, argumenta. Outra constatação levantada por Ascari é de que a suinocultura continua

ANIMAIS catarinenses ganham, cada vez mais, o mercado internacional

sendo muito significativa na economia catarinense e da região do Vale do Braço do Norte, em especial. Mesmo com a crise, no ano passado, o estado aumentou em mais de 7% o abate de suínos, em relação ao ano de 2015. De acordo com o deputado, existe uma grande demanda internacional que ainda precisa ser conquistada e que será gradativa, já que existem também outros países exportadores atendendo aos maiores mercados consumidores


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ALIMENTOS SAUDÁVEIS

Sustentabilidade que só faz bem Sem o uso de agrotóxico e com melhor aproveitamento dos recursos da propriedade, técnica da permacultura é a esperança para um futuro melhor no campo

FAMÍLIA do interior de Rio Fortuna adotou produção alternativa como filosofia de vida

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consumismo e a necessidade de lucrar são algumas das análises de um sistema de produção promissor para a região do Vale do Braço do Norte e que pode ser a esperança das próximas gerações. Trata-se da Permacultura, uma técnica que estimula a produção sustentável, reaproveitando ao máximo aquilo que a natureza oferece. Este interesse, aliás, vem a passos largos, justamente no momento segundo o qual a população mundial está cada vez mais sensibilizada com a alimentação mais saudável e com os prejuízos ambientais que a agricultura convencional provoca no ecossistema como um todo, entre outros. No interior de Rio Fortuna, o jovem Reinaldo Guilherme Souza, filho da professora e agricultora Arlete Bloemer e do ex-vereador, sindicalista e agricultor Lino de Souza, caprichou nos argumentos, fez curso de cerca de um ano promovido pela Universidade Federal de Santa Catarina em uma propriedade de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, e conseguiu convencer os pais de que precisava dar a sua contribuição para a causa ambiental com base nos princípios da Permacultura. Assim, na propriedade com cerca de seis hectares, boa parte cultivada com hortaliças, ele mistura as culturas. “É a produção consorciada”, ensina. A terra preparada sem o uso de agrotóxicos faz crescer vistosos pés de alface junto com a couve, a mandioca, a bananeira e até o eucalipto, tudo no mesmo canteiro. “Nós aprendemos a vida inteira a explorar a terra. Plantávamos fumo e eu confesso que é difícil entender no começo, pois o uso do veneno representa ganho na produtividade. Porém, quando eu entrego os nossos produtos e vejo o que estamos fazendo pela saúde das pessoas, então percebo que estamos fazendo a coisa certa”, declara o pai orgulhoso, Lino de Souza, que atende restaurantes e encomendas diversas na região do Vale.


Poupando energia Os produtos orgânicos da roça da família de Reinaldo chegam a Florianópolis toda a semana. Quem chega à propriedade vê o caminhão refrigerado estacionado em frente à garagem ao lado de um canteiro em forma de espiral, o primeiro que a família montou, logo após o curso do jovem. O riofortunense idealista explica que é uma forma de aproveitar melhor as energias da terra e que nos canteiros convencionais, as covas em linha retiram parte dos nutrientes da terra. Outro detalhe interessante é ver plantas bem próximas da residência. “O princípio é poupar energia. Iniciamos os canteiros mais próximos de casa e vamos ampliando. No planejamento, evitamos que as hortaliças fiquem nos morros. Neste caso, plantamos árvores frutíferas, que exigem um manejo diferente”, ensina. Outra forma de poupar energia ou de aproveitar melhor o que o solo oferece é o canteiro consorciado. Reinaldo explica que, deste modo, o produtor vira menos a terra e, ao mesmo tempo, não mantém o chão descoberto, facilitando o manejo das culturas.

Fim das pragas? Para substituir os produtos químicos, a família aprende a cada dia alguns truques novos. Além de plantas cujo extrato repele algumas pragas, a cobertura do solo inibe o mato e garante a biomassa necessária para deixar o chão mais fértil. É pensando na qualidade do solo, aliás, que são plantadas tantas bananeiras. “Trituramos o tronco e cobrimos o solo. Isso mantém a umidade e serve de adubo”, ensina. Para Arlete Bloemer, a consciência de quem planta é o que fala mais alto neste sistema. “É claro que queremos que venham os frutos. Mas muitas vezes a geada mata. Nem por isso desistimos da banana porque a sua permanência no quintal ajuda na qualidade das hortaliças”, destaca.

ORGÂNICOS têm um maior valor agregado e ganham mais espaço na mesa dos consumidores

Mão de obra valorizada A produção de orgânicos com foco na Permacultura, apesar da grande vantagem em termos de sustentabilidade da propriedade e ganhos na saúde, tem o desafio da mão de obra e a especulação do mercado. Mesmo assim, às vezes a família consegue igualar o preço. “O nome ‘orgânico’ assusta alguns compradores, que costumam ver o preço como critério só que já houve ocasiões que conseguimos chegar no mesmo preço do produto convencional”, recorda Lino. Para melhorar a rentabilidade, a propriedade está preparada para oferecer frutas orgânicas nos próximos anos. O investimento é para os próximos três anos chegarem as primeiras encomendas. Por enquanto, a área de hortaliças segue forte com uma relação de cerca de 40 itens. Segundo Lino, haveria demanda se a família conseguisse ampliar a produção, porém o sistema da Permacultura é mais trabalhoso e vai exigir mais gente na manutenção dos canteiros. Em alguns casos, algumas ferramentas ajudam, como o microtrator que a família utiliza para virar a terra e na colheita, e um triturador para as bananeiras, em um investimento futuro.

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Plantas ainda pouco conhecidas Outra tendência que ganha força na propriedade da família de Reinaldo é o aproveitamento de espécies pouco conhecidas do mercado agrícola. O jovem explica que a maioria das hortaliças oferecidas nas prateleiras em venda direta ao consumidor é de espécies trazidas pelos imigrantes europeus, influenciando o hábito de consumo do brasileiro. As plantas nativas brasileiras, entretanto, oferecem nutrientes importantes para qualquer pessoa e, além do benefício para o corpo, é de fácil manejo, pois nasce no meio da roça como se fosse uma erva daninha. “No caso do picão-branco, quando recebemos o pedido, sequer sabíamos que tínhamos na nossa terra. E tinha, sim. Só que nunca imaginava que poderia ser consumido. E é muito bom”, lembra Lino. Na longa lista, alguns itens são curiosos como o coração de banana. A família cortava junto do cacho para que o fruto amadureça mais rápido e virava uma sobra. Atualmente, o produto é bastante desejado por casas de produtos naturais e alguns vegetarianos são os principais adeptos da dieta. Há ainda a folha de taioba e da garrura, antes arrancadas como um mato qualquer, hoje é comercializado.

PRODUTOS cultivados em Rio Fortuna ganham as mesas dos consumidores

Quem produz orgânicos? Não faz muito tempo que surgiu um grupo que certifica a qualidade de produtos. Através da Rede Ecovida, algumas propriedades em Santa Catarina já estão credenciadas a oferecer seus produtos nos centros de distribuição. Na região de Rio Fortuna, segundo Lino, há ainda um grupo denominado Encosta da Serra Geral e o núcleo Serra Mar, com encontros periódicos, quase sempre com muita troca de experi-

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ência entre os produtores e também alguma auditoria para saber se a propriedade atende aos requisitos da filosofia sem agrotóxico, entre outros. Além da parte burocrática, o interessado deve ficar atento para o mapeamento da sua propriedade. Há áreas que favorecem os canteiros de acordo com o vento e a disponibilidade do sol, coisas que algumas espécies de plantas gostam.

Por fim, é preciso organizar a distribuição. Uma ideia que pode ser colocada em prática nos próximos anos é a organização de novos pontos de distribuição em áreas urbanas importantes como Tubarão e Criciúma. Um caminhão com variedade de produtos orgânicos chega até um lugar estratégico destas cidades e, a partir dali, veículos menores levam as cestas até as residências que previamente encomendaram.


Vantagens para o reflorestamento Com base na teoria da Permacultura, Reinaldo conta que mesmo áreas degradadas nas margens de rios, entre outros, poderiam ser beneficiados pelo sistema. Isso porque a combinação de algumas espécies recupera primeiro o solo e, assim, facilita que as árvores venham com mais força e rapidamente. Viver de um manejo sustentável das florestas até é permitido pela legislação, porém mediante acompanhamento de um órgão ambiental, o que nem sempre pode ser rápido. Assim, muita gente apenas deixa a área de preservação intocada, com receio de multas.

Para saber mais O professor universitário Bill Mollison, australiano, é um dos maiores defensores da Permacultura. Teria sido ele, pela primeira vez, há quase 50 anos, que introduziu uma forma de recuperar os recursos naturais de sua propriedade que chamou de “agricultura permanente”, depois alterado para “cultura permanente” e, atualmente, apenas “Permacultura”.

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Olho na natureza!

Não-convencionais, porém saudáveis Nutricionista relaciona plantas que passam despercebidas e podem ajudar as pessoas a manterem a forma A alimentação equilibrada para uma rotina mais saudável exige de qualquer pessoa uma avaliação do que colocar na mesa, evitando alguns produtos, reduzindo e abusando de outros. Nesta balança a nutricionista Tamara Regina Alano Niehues, a pedido, relaciona algumas plantas desconhecidas do grande público que podem ser incluídas numa dieta com bastantes benefícios. “São biodisponíveis que nascem espontaneamente no Brasil e, por não permitir cuidados especiais, garantem uma biodiversidade do país. São mais conhecidas como ervas daninhas, mas possuem propriedades nutricionais importantes e são os índios que mais as consomem”, explica.

Para Tamara, na medida em que surgir mais informação, a tendência é aumentar o consumo. Ela cita alguns estudos acessíveis aos nutricionistas que já fazem a catalogação de plantas, separando aquelas que são ou não tóxicas. “É importante alertar para as pessoas não consumirem as plantas que ficam nas beiras de estradas por causa da fumaça de carros e caminhões. Vale muito a pena fomentar a inclusão de hortas contendo essas plantas para a merenda ou nas casas pois elas contém um alto valor nutricional com baixo custo. Imagina pessoas carentes que não tem acesso a muitos alimentos podem se beneficiar e muito. Ou na merenda enriquecer as preparações?”, valoriza.

BELDROEGA cresce em solo rico em matéria orgânica

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Veja alguns exemplos Ora-pro-nobis, folhas de mostarda, beldroega, dente de leão, azedinha, vinagreira… No mundo todo são mais de 25mil espécies de PANCs (plantas alimentícias não convencionais). No Brasil temos 15 a 20% dessa biodiversidade, cerca de 8 a 10mil espécies. Beldroega (Portulaca oleracea), possui alta concentração de glutationa (composto que ativa enzimas hepáticas e auxilia no combate aos radicais livres). Contém magnésio, zinco, cálcio, manganês, ferro, fósforo, potássio, w3, vitamina E, C e betacaroteno. Azedinha (Além das antocianidinas possui vitamina A, C, K e magnésio. Precisa ser aquecida para ser utilizada para eliminar o acido oxalico (em excesso pode atrapalhar o funcionamento do fígado). Ora-pro-nobis (Pereskia aculeata) - Riquissima em proteinas, optima para desintoxicação do organismo. Possui vitamina A, C e B9, magnésio, zinco, cálcio que são importantes para o equilíbrio do organismo. Mergulhe em água fervente por 10min ou refogue. Também precisa reduzir o ácido oxálico. Folhas de mostarda - contém glicosinolatos (compostos bioativas que favorecem a desintoxicação do organismo, favorecendo a eliminação de toxinas). Possui vitaminas A, C, cálcio, potássio e fósforo. Dica da nutri: rasgue as folhas para que os glicosinolatos estejam biodisponiveis e em seguida aqueça para inativar substâncias que em excesso podem prejudicar o funcionamento da tireoide


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MEDICINA QUE VEM DO CAMPO

Casca da banana é utilizada como curativo Experiência na Universidade Federal de Santa Catarina confirma que a fruta é indicada para tratamento em lesões na pele

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uem diria?! Uma das frutas mais populares do mundo e entre as mais consumidas no Brasil pode servir de apoio a tratamentos médicos em vítimas de queimadura e como curativo. A confirmação é de uma pesquisa desenvolvida no departamento de biotecnologia da Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc) com financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa Cientifi-

ca e Tecnológica (Fapesc). A jovem cientista Aline Pereira, que mora em São Paulo, inicialmente apresentou o estudo em sua pesquisa de mestrado em Florianópolis. “Com base na literatura popular, a casca da banana é indicada na cicatrização de lesões por queimaduras. Então, o estudo iniciou a partir de uma abordagem etnofarmacológica que nada mais é que a comprovação científica de um conhecimento da

medicina popular”, explica. Era março de 2009, de acordo com Aline, uma segunda pesquisadora, em pós-graduação em Engenharia de Alimentos, também pela UFSC, já fazia experimentos com foco no reaproveitamento de resíduos da agroindústria da banana e métodos de extração e forneceu parte do material no início das pesquisas. Ali já se comprovou o potencial cicatrizante da casca da banana.

POPULAR fruto ganha mais utilidades a partir de pesquisas realizadas em universidade catarinense 30

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Na Alemanha Após o bom resultado no mestrado, a continuidade dos estudos no doutorado na Ufsc, no final de 2014, permitiu que a pesquisa atravessasse o atlântico. O objetivo, na Alemanha, era desenvolver um curativo contendo extrato de casca de banana. “O curativo foi desenvolvido para ser aplicado em pequenas lesões. Ele é constituído de um polímero, o álcool polivinílico, contendo o extrato de casca de banana e se apresenta em um formato seco. Antes de ser aplicado na lesão pode ser levemente umedecido com soro fisiológico”, analisa Aline, que frequentou o Laboratório de Tecnologia Farmacêutica da Universidade de Regensburg.

O que vem por aí? Segundo a pesquisadora, o curativo ainda precisa de mais estudos, no intuito de melhorar suas propriedades de formulação e características relacionadas à sua aplicabilidade e maior aderência à pele. No momento, também na Ufsc, o laboratório de Morfogênese e Bioquímica Vegetal segue com novos estudos envolvendo a casca da banana e seu potencial cicatrizante. Por metodologia in vitro (em ambiente controlado), o extrato aquoso da casca da fruta é levado ao laboratório por onde passa por mecanismos celulares e moleculares. PARA a jovem cientista Aline Pereira, o curativo ainda precisa de mais estudos

EM todo o estado foram produzidas mais de 735,3 toneladas no ano passado

Mercado da Banana De acordo com o último relatório anual da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), no documento “Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina”, com dados de 2015 e 2016, a banana está entre os produtos que tiveram maior ganho de preço no período analisado (variação de 31,6%), junto com o alho, milho, feijão, leite, frango, arroz e soja. A valorização da fruta contrasta com a baixa área de produção na região do Vale do Braço do Norte, devido às características climáticas pouco favoráveis ao cultivo, conforme explica Luiz Augusto Martins Peruch, especialista da Epagri na Estação Experimental de Urussanga, região Sul de Santa Catarina. O que se tem notícias em alguns pequenos cultivos de banana na região do Vale é de perdas significativas durante o inverno, com a incidência de geadas. Mesmo assim, bem próximo, no litoral Sul de Santa Catarina, trata-se da fruta mais cultivada. Em todo o estado foram produzidas mais de 735,3 toneladas no ano passado. Além disso, Santa Catarina movimenta cerca de U$ 10 mil em exportações da fruta, o que representa 39,1% do que é exportado no Brasil

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Soluções no campo

Silagem de grama garante economia Corte com sistema de facas adaptado a trator chega como alternativa para melhor aproveitamento de área plantada para silagem

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PRODUTOR de leite de Pinheiral já substitui o milho pela grama, que pode render até cinco colheitas durante o verão

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m sistema que utiliza o trator para o corte de pasto para silagem é a novidade em algumas propriedades na região do Pinheiral, em Braço do Norte. O produtor de leite Ediovane Dela Justina destinou cinco hectares da variedade Tifton exclusivamente para o armazenamento, o que vai garantir o alimento para cerca de 80 animais em lactação durante o inverno e, o mais importante, manter a produtividade de leite estabilizada durante todo o ano. “É muito comum nos meses mais frios alguns produtores venderem parte do gado para economizar com a silagem. Essa proporção chega a algo em torno de 20 por cento do rebanho, o que interfere tanto no mercado de carnes, que provoca a queda do preço”, avalia o jovem que há oito anos se dedica ao trabalho com gado de leite na propriedade dos pais. Ediovane reconhece que a grama dá aos animais menos energia, por isso corrige a deficiência com uma mistura de ração no cocho. Pronto: está garantida uma dieta balanceada e com custo quase seis vezes menor na comparação com a silagem convencional, feita de milho. “Tive o cuidado de iniciar o ano passado com apenas dois hectares para fazer um teste. Deu muito certo”, garante.


Custos e facilidades tecnológicas Além de melhor aproveitamento do solo, o investimento na produção de grama é um atrativo. Nas contas de Ediovane, o preço do quilo para a silagem com grama fica em torno de três centavos, praticamente os custos com a colheita. É muito menos que na comparação com o milho, que fica em torno de 18 centavos cada quilo. Da propriedade que produz 1,4 mil litros de leite por dia atuam diaria-

mente todos os membros da família, o que incluem os pais, irmãos e a esposa. Aposentado, o senhor Nestor Dela Justina, 61 anos, diz que se orgulha com a seriedade com que o filho de apenas 30 anos administra os negócios. “Em agosto de 1980 nós nos instalamos aqui e era tudo mata fechada. Levei dois anos para conhecer os vizinhos. Trabalho duro que hoje eu vejo que valeu a pena”, comenta.

Preparo do solo A primeira etapa, segundo Ediovane, foi escolher uma área adequada e remover pedras e outros obstáculos para o tráfego da máquina na colheita. Feito isso, as próximas etapas é o mesmo que o plantio de qualquer outro pasto: fertilização, manejo e a colheita. É importante que se respeite a altura certa do corte, que permite o broto mais eficiente da planta e evita a degradação da pastagem. Com todos os cuidados e a condição climática favorável, o jovem acredita ser possível colher a grama até cinco vezes no verão, muito mais vantajoso que o milho, que rende apenas um corte. O produtor tem ainda a opção de utilizar dejetos suínos ou a adubação química, com os níveis adequados para a grama.

NOVIDADE tem o acompanhamento e orientação de técnicos da Epagri

“Naquela época dos meus pais era tudo mais braçal, difícil. Hoje temos a tecnologia para nos ajudar. Sinceramente, não me vejo fazendo outra coisa”, completa Ediovane, que no momento dedica-se também em ampliar o rebanho. Uma nova área de confinamento já está em construção. Todo o investimento vem do que a família consegue angariar na atividade com o leite.

De olho nas pragas A variedade Tifton já é conhecida dos criadores de vaca de leite pela sua qualidade e bom rendimento, entre outros. Em termos de pragas, segundo Ediovane, o desafio é o controle de uma lagarta que danifica bastante a grama. Por este motivo, a observação é importante. Geralmente quando a grama está com a maturação adequada para a colheita é o momento que a lagarta ataca, favorecendo-se da grande quantidade de alimento que está disponível. Cortar no tempo certo e não deixar sobras é uma forma de desencorajar a praga de se desenvolver na propriedade, sem que seja necessário o controle biológico ou químico. O produtor que se utiliza do sistema rotacionado com piquetes, conhecido também como Sistema Voisin, consegue garantir a alimentação dos animais numa proporção de dez por hectare durante o ano todo

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Financiamento

Por mais crédito no campo Como auxílio a agricultores, sindicato da categoria se especializa nos trâmites burocráticos de financiamento como o Pronaf

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le nasceu como forma de fomentar a produção no campo a partir de linhas de créditos com juros mais baixos, porém, ainda não se popularizou como deveria, principalmente entre as mulheres que vivem no campo. Trata-se do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf ), que possui uma linha especial para as agricultoras ainda pouco utilizado. “A maioria dos financiamentos são tomados pelo grupo familiar que a mulher está inclusa e o marido é o titular”, analisa o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Braço do Norte, Adriano Schurhoff, lembrando que o Pronaf é ainda um dos principais instrumentos de financiamento de quem vive no campo. Pela característica das propriedades rurais da região do Vale do Braço do Norte, o Pronaf traz recursos que auxiliam na compra de insumos, ferramentas ou até mesmo um veículo para transporte da produção. Os critérios, segundo Adriano, é que mais de 50% da renda do interessado venha da atividade rural. Também é preciso ter a Declaração de Aptidão para o Pronaf (DAP) atualizada.

ADRIANO Schurhoff, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Braço do Norte, lamenta as dificuldades do pequeno produtor familiar

Da iniciativa ao projeto O presidente do sindicato explica que uma forma comum de recorrer ao Pronaf é para o investimento, que exige um procedimento um pouco mais burocrático que para custeio, que funciona como um financiamento normal. No caso do Pronaf para investi-

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mento, a instituição financeira solicita do agricultor um projeto de viabilidade, que este terá que elaborar com apoio de um técnico. Depois que todos os documentos forem anexados ao projeto, o banco analisa e aprova ou não. “O Sindicato auxilia na orientação,

confecção da DAP e na busca de documentos. Estamos acertando com o Banco do Brasil uma parceria através do sistema COBAN para que o Sindicato possa fazer todo o processo de financiamento em nossa sede”, destaca Adriano. Outras informações pelo telefone (48) 3658-2455.


Situação não é nada boa Além das dificuldades inerentes à profissão, como clima, a lista de dificuldade pelas quais passa o homem do campo ainda é grande. O principal desafio, segundo Adriano, ainda é que se ofereçam melhores condições para que o jovem permaneça no campo. Ele sugere políticas públicas específicas. Em forma de desabafo, o sindicalista ainda lembra que a internet, a telefonia e as estradas no meio rural ainda são precárias. Soma-se a isso fatores como cambio, mercado globalizado, mão de obra e preços dos insumos. “O agricultor em nosso município paga a Cosip mais caro do que as pessoas da cidade sem ter o serviço, educação hoje é urbanizada, as leis trabalhistas não condizem com as necessidades dos agricultores, pois são rígidas demais penalizando os agricultores que querem produzir”, completa.

COBRANÇA da iluminação rural é questionada pelos representantes dos produtores

Alguns serviços oferecidos pelo sindicato - Apoio no preenchimento de formulários importantes como: Cadastro Ambiental Rural (CAR), Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR), Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), processos de aposentadoria rural, auxílio maternidade e auxílio doença; - Auxílio para implantação de Telefonia rural;

- Comercialização de produtos da agricultura familiar através de uma cooperativa que é organizada pelo sindicato, a Coopervalle, para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA); - Setor assistencial e apoio à saúde com médico duas vezes por semana, dentista e exames laboratoriais gratuitamente

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Goiabeiras do Vale ganham em produtividade Em pouco tempo, capacitação e acompanhamento de produtores promovidos pela Epagri, representa ganhos para o setor

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elo menos cinco famílias da região do Vale do Braço do Norte são beneficiadas com acompanhamento e capacitações sistemáticas, promovidos por técnicos da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), e já sentem melhorias na produtividade de goiaba. A fruta, que praticamente

toda produção abastece a indústria de processamento de doces, entre outros, pode ter área ampliada em virtude da melhoria na qualidade e maior aceitação no mercado. De acordo com o engenheiro agrônomo Bruno Marques Felippe, o acompanhamento e assistência técnica iniciaram há quase dois anos a partir de uma demanda da Empresa

Produção em alta Atualmente a produção de goiaba no Vale do Braço do Norte representa uma área aproximada de oito hectares. A maioria das goiabeiras é da variedade Paluma e geralmente dividem espaço com outras plantas nas propriedades, como atividade agrícola secundária. “A dificuldade maior destes produtores era a baixa produtividade e problemas com manejo e tratos culturais, como poda de frutificação, adubação e controle de pragas e doenças. Após o trabalho iniciado e a parceria Áurea Alimentos, produtores e Epagri, a safra 2017

Áurea Alimentos para que a Epagri pudesse auxiliar tecnicamente os produtores de goiaba da região que fornecem a fruta. “Importante ressaltar que há demanda pela indústria e espaço para mais fornecedores, pois há boa aceitação do mercado pelos doces provenientes das goiabas produzidas na região”, avalia o técnico da Epagri.

MELHORIAS na produção de goiabas na região do Vale garante a fabricação de derivados com mais qualidade

que está no pico de colheita, está com expectativa de produtividade e preços mais satisfatórios, resultado da dedicação e trabalho diário destes fruticultores”, explica Bruno. Segundo o engenheiro agrônomo, a goiaba está na fase de plena colheita e processamento pela indústria. Após esta etapa, as plantas entram em período de repouso até o inverno. No início do segundo semestre os tratos culturais são mais intensivos, com a realização das podas, adubações e controle de doenças e pragas.

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A goiabada ganha os gostos mais exigentes De polpa branca, rosada ou vermelha, a goiaba é uma fruta suculenta, perfumada e bastante apreciada pelos consumidores brasileiros. Originária da América tropical, possivelmente na área formada entre o México e o Peru, os relatos de sua presença em terras brasileiras datam de 1587. A goiabeira é fácil de ser encontrada no fundo de quintal de residências e até em praças e jardins públicos. A fruta é consumida in natura, mas também é usada para fazer geleias, compotas, sucos, sorvetes e doces. Mais recentemente, ainda virou ingrediente para um molho agridoce industrializa38

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do similar a um catchup. Com casca verde ou amarela, a goiaba possui diâmetro médio de oito centímetros. A fruta é rica em vitamina C, com quantidade de quatro a cinco vezes superior à da laranja e do limão. As goiabas vermelhas são fartas em licopeno, substância com pigmento vermelho que age contra os radicais livres e importante por prevenir o aparecimento de câncer. Perene e tropical, a goiabeira gosta de clima quente. Tem seu cultivo adaptado em várias regiões brasileiras, mas a maior parte dos pomares está localizada no estado de São Paulo. A goiabeira

GOIABA é rica em vitamina C, com quantidade de quatro a cinco vezes superior à da laranja e do limão

é uma árvore de tronco tortuoso, que pode atingir de três a cinco metros de altura. Porém, há casos de o pé da fruta alcançar até oito metros. As principais pragas da goiabeira são a mosca-das-frutas e o gorgulho da goiabeira. Provocam grandes prejuízos ao produtor. Uma dica para controlar o ataque desses insetos é ensacar os frutos no pé, assim não é preciso utilizar produtos químicos. O psilídeo é outro inseto que causa danos à árvore, principalmente em brotações novas. Os nematóides, responsáveis pelo declínio dos pomares, ocorre principalmente na região Nordeste


Gastronomia

Artes e Sabores Ingredientes Leve dois quilos de pernil suíno num recipiente grande e acrescente: • 4 dentes de alho ralados • 2 cebolas de cabeça raladas • 5 folhas de louro • 5 colheres (sopa) de ervas finas • 1 maço de salsa picada • 5 anis estrelado • 4 cravos da índia • Suco de 2 laranjas • Suco de 1 limão • 200ml de vinho branco seco • 50ml de leite • 150ml de água • Sal à gosto • Pimenta do reino à gosto Misture os ingredientes e despeje sobre a carne.

pernil suíno A marinada é quem oferece à carne do pernil, um maravilhoso sabor e ainda auxilia para amaciar as fibras da carne. A marinada para o pernil assim como para vários cortes de carnes suína é feita de três variações: aromáticos (ervas e especiarias), legumes (alho, cebola ou salsão) e líquidos ácidos (vinhos, vinagres, laranja ou limão) básicos (leite). Lembre-se, sabores cítricos são o segredo para temperar a carne suína adequadamente.

Deixe o pernil de molho na marinada por 24 horas, vire-o após 12 horas. Hora de levar ao forno Pré-aqueça o forno em temperatura média por 10 minutos. Despeje um pouco de azeite em uma forma e cubra com rodelas de cebola, acrescente o pernil com a gordura virada pra cima e leve para o forno para assar por 1 hora, veja se está dourado, se necessário doure por mais alguns minutos.

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