5s5sd56465d465d4nego

Page 1

,

o em ro e e em ro de

.ne ocioa ro.com. r

Flores por todos os lados ercado aquecido na produ o e comerciali a o de ores e plan as ornamen ais a rai no os in es idores em an a a arina


2

Novembro e Dezembro de 2015


www.negocioagro.com.br

3


Leia nesta edição 08. ENTREVISTA Presidente da ABPA, Francisco Turra, fala sobre o crescimento das exportações da carne de SC

12. AGROINDÚSTRIA Empresas de eneficiamen o a re am alor produ o prim ria da re i o do ale

16. MAIS PEIXE iscicul ores do ale in es em em melhorias no setor que aquece economia local

32. SOJA rodu os ex ra dos da olea inosa complementam alimentação animal

36. BALANÇO 2015 Especialis a do epa Epa ri apresen a alan o econ mico do a rone cio duran e o ano

4

20

FLORES

Floricultura cresce e atrai novos investidores no Estado

24. TRATOS CULTURAIS

28. COLHEITA DO FUMO

Poda verde auxilia no desenvolvimento da uva e pre ine doen as n icas

a ouras de a aco a in idas pelas chu as sofrem redução na produtividade

Novembro e Dezembro de 2015


artigo

expediente

Mudança de conceito

Departamento Comercial Mara de Oliveira Redação Suellen Souza - editora / SC: 44851-JP Lysiê Santos - 0004796/SC

N

um grito de desespero, em meio à crise, que, aliás, ataca de todos os lados e vem de todas as latitudes, ouvi uma sábia colocação do ministro Delfim Neto: todas as crises passam e normalmente deixam ensinamentos e mudanças de conceitos. Crise europeia, asiática, russa, brasileira. Todas roubando a confiança do povo, causando sofrimentos. Crises políticas ou econômicas. Crises do poder público. Vícios, gastança sem limite, objetivos e prioridades perdidas. Estado inflado, cansado, perdulário, despreparado para o novo tempo. As fichas começaram a cair. Já caíram na Europa. Portugal pactuou e diminuiu de tamanho, é um Estado mais eficiente. A Espanha, o “Estado Voraz”, inflado, também diminuiu suas gorduras e ficou mais ágil. O Brasil caminha para esta mudança de conceitos. A singeleza da matemática de olhar para as colunas da receita e da despesa agora, mais do que nunca, é necessária. E o Brasil solitário no mercado, que antes adotara a postura de uma ilha exportadora de ideologia, agora começa a pensar em acordos de comércio, acordos bilaterais e enxerga que a saída é ter moeda forte, exportar, gerar desenvolvimento, abrir oportunidades e atrair investidores. Nunca é tarde para mudar, mas nossa mudança custou a vergonha de ver o rebaixamento da nota do país, a desconfiança, a fuga de capitais. A própria crise política é fruto da teimosia, das más escolhas, das más companhias, das picuinhas, do toma-lá-dá-cá. Nossa geração quase assistiu o fenômeno do efetivo crescimen-

Diretor Executivo Fernando Freitas

Colunista Diogo Schotten Becker – coordenador Departamento de Criação Jéssica Simiano - 0005168/SC Gabriela Rousseng Departamento Financeiro Ezequiel Philippi Fotografias Odáirson Antonello Revisão Ortográfica Maria Vanete Stang Coan Assinaturas Zula Coradelli Fone: |48| 3651 2700

Francisco Turra – ex-ministro da Agricultura e presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)

Av. Felipe Schmidt, 2244. Sala 13. Centro - Braço do Norte - Santa Catarina CEP: 88750-000 contato@negocioagro.com.br

to acontecer. A chance se foi, mas o desejo não morreu. A ideia de que outro mundo é possível, onde existe índice de qualidade de vida e paz, agora está plantada em nossos filhos. Pois, como disse o escritor irlandês, Oscar Wilde, “nenhum país do mundo é digno de um olhar se o país da utopia não figura nele”. Graças a dor, agora pensamos diferente e buscamos a nossa utopia. Estou convicto disto: a crise nos obrigou a mudar nossos conceitos

www.negocioagro.com.br

NegócioAGRO é uma publicação bimestral da Folha o Jornal Editora Eireli EPP, CPNJ: 01.749.601/0001-64. Tem sua circulação dirigida ao produtor rural, casas agropecuárias da Comarca de Braço do Norte e as empresas que distribuem aqui seus produtos ou prestam serviço. Garanta o recebimento de seu exemplar: Assinatura anual: R$ 60,00.

www.negocioagro.com.br

5


Suínos O setor suinícola avança novembro com expectativas distintas. Enquanto produtores de várias regiões estão retraídos, apostando em alta do preço no curto prazo em função do típico aquecimento da demanda no fim do ano, frigoríficos limitam as aquisições, indicando ritmo lento das vendas da carne e estoques relativamente altos. No geral, dados do Cepea indicam que os preços do suíno vivo estão predominantemente firmes, mas, em algumas praças, depois de terem restringido a oferta em semanas anteriores, agora, produtores voltam a negociar, o que tem causado queda dos preços.

Trigo

Commodity O cenário para as commodities continua desafiador. Além da boa oferta de vários produtos e da consequente formação de estoques, os rumos da economia chinesa continuam preocupando. A avaliação é de analistas de commodities do banco Itaú, que divulgou queda de 3% no ICI (Índice de Commodities Itaú) desde o final de setembro até agora.

6

Novembro e Dezembro de 2015

- Formado em Gestão de Agronegócios pela Unisul. - Especialização em Gestão de Empresas pelo Unibave.

giro pelo campo

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área nacional de trigo diminuiu 9,8% nesta temporada em comparação com a anterior, limitando-se a 2,49 milhões de hectares. No Rio Grande do Sul, a queda foi de 19,8%, para 914 mil hectares; em Santa Catarina foi de 14,1%, para 65 mil hectares e, no Paraná, de 3,8%, para 1,34 milhões de hectares. Na região sudeste, por outro lado, houve elevação da área de trigo, especialmente em São Paulo, com aumento de 18,1%.

diogo schotten becker - Cursando Engenharia Agronômica pelo Unibave. Atualmente é produtor de suínos e gado de leite, professor do colégio agrícola e ex-diretor de agricultura de Braço do Norte. Fone: (48) 9634 6259 contato@negocioagro.com.br

Plantio de soja I As chuvas verificadas no final de outubro no centro-oeste e no sudoeste favoreceram o avanço do cultivo da oleaginosa, que estava atrasado em algumas localidades dessas regiões, devido à baixa umidade. Já no sul, fortes chuvas interromperam os trabalhos de campos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Diferentemente, no norte e nordeste, produtores ainda aguardavam maior umidade para intensificar o cultivo.

Plantio de Soja II A cultura da soja permanece como principal responsável pelo aumento de área. A estimativa é de crescimento na área cultivada com a oleaginosa entre 2,1 e 3,8% (671,3 a 1.244,4 mil hectares).


Farelo De farelo de soja, foram exportados 1,39 milhão de toneladas em outubro, 26,8% a mais que em setembro (1,1 milhão de toneladas) e 18,5% a mais que há um ano. De janeiro a outubro de 2015, foram embarcados 12,66 milhões de toneladas do derivado, aumento de 6,7% em relação ao mesmo período de 2014. A receita obtida com as vendas de farelo de soja na parcial de 2015 aumentou 5,2% se comparada a do mesmo período do ano passado – dados da Secex.

Máquinas agrícolas A venda de máquinas agrícolas no mês de outubro caiu 43,4% em comparação com outubro de 2014. A variação em um ano alcança 19,5%.

Área Plantada A área de plantio para a safra 2015/16 estimada entre 57,89 a 58,92 milhões de hectares representa crescimento de até 1,6%, em relação a cultivada na safra 2014/15, que totalizou 58 milhões de hectares.

Estimativa – CONAB Exportações A produção estimada para a safra 2015/16 é de 208,60 a 212,92 milhões de toneladas, aumento de até 2,1%. Esse resultado representa um aumento na produção entre 64,7 e 4.384,4 mil toneladas sobre a safra colhida em 2014/15 (208,54 milhões de toneladas). A soja apresenta o maior crescimento absoluto, com estimativa de aumento de 4,9 a 6,6 milhões de toneladas, estimada de 101,2 a 102,8 milhões de toneladas.

Novembro registrou em sua terceira semana US$ 2,798 bilhões em exportações e US$ 3,194 bilhões em importações. O déficit da balança comercial ficou em US$ 396 milhões – valor que vai contra a corrente registrada durante todo o ano, em que o Brasil alcançou superávit de US$ 13 bilhões.

Arroz Os preços do arroz em casca estão firmes no Rio Grande do Sul, na casa dos R$ 41,00/saca de 50 kg há pouco mais de uma semana. Segundo pesquisadores do Cepea, parte dos compradores oferta valores menores pela saca, especialmente para o arroz “livre” (depositado nos armazéns das propriedades rurais). No entanto, muitos vendedores estão retraídos, à espera de preços maiores. www.negocioagro.com.br

7


entrevista

Santa Catarina se destaca no mercado mundial de carnes Presidente da ABPA, Francisco Turra, fala sobre a alta nas exportações de proteína animal e os avanços do mercado no Estado

Turra apresenta boas expectativas para o mercado da carne produzida no Estado

M

esmo com os entraves que marcam o cenário econômico de 2015, o setor primário da economia vive um ano relativamente bom para as cadeias produtivas de suínos, aves e leite. O segmento produtor e exportador, principalmente de proteína animal, apresenta crescente desempenho nos mercados interno e externo. A exportação da carne de frango, por exemplo, cresce entre 3% e 5%. O consumo interno também aumenta passando de 43 para 45 quilos per capita. Resultado esse favorecido pela lacuna aberta com as elevações dos preços da carne

8

bovina para o consumidor brasileiro. As exportações da carne suína também estão em alta com a abertura de novos mercados, como a China, que recentemente autorizou sete novas plantas frigoríficas brasileiras a exportar carne para o país asiático. A expectativa é de que cada estabelecimento exporte de US$18 milhões a US$20 milhões por ano. Para apresentar mais informações sobre o cenário promissor da carne brasileira, a revista NegócioAgro entrevista o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) Francisco Sérgio Turra. Formado em direito, Turra

Novembro e Dezembro de 2015

já atuou no Legislativo como deputado estadual e federal do Rio Grande do Sul. Foi presidente-executivo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, comandou a Diretoria de Agronegócios da Fiergs e, posteriormente, a Diretoria de Desenvolvimento do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), entre outras importantes atividades. Em 2014, tornou-se presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Além de presidir a associação, Francisco também é vice-presidente da Associação Latinoamericana de Avicultura.


No início do ano, a expectativa da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) era de expansão de vendas no mercado externo e aumento do consumo doméstico em substituição à carne bovina pela carne de frango e suína. Até o momento essas projeções têm sido alcançadas? Turra - Tem sim. O cenário de exportações de carne de frango segue com perspectivas de crescimento entre 3% e 5%, chegando próximo de 4,3 milhões de toneladas. De carne suína, também há índices de 5% de elevação, superando as 520 mil toneladas embarcadas. No mercado interno, apesar da crise, o consumo de carne de frango e de suínos segue em alta, favorecido pelo encarecimento da carne vermelha. Como foi o ano de 2015 para a produção de proteína animal? Turra - Foi um ano altamente desafiador. Enfrentamos movimentos graves de greve. O movimento dos caminhoneiros em fevereiro e em outubro, e dos fiscais federais agropecuários entre setembro e outubro. Problemas com chuvas travaram nosso principal porto de escoamento, Itajaí, por duas semanas. Ao mesmo tempo, os custos de produção como o milho e soja, além de combustíveis e outros, foram elevados neste cenário de crise interna. Entretanto, a avicultura e a suinocultura do Brasil mostraram que tem profissionalismo, organização e força para seguir crescendo, mesmo em um momento complexo. Com o câmbio neste novo patamar, os exportadores sentiram menos os impactos da crise interna. As empresas continuaram sustentáveis e mantiveram os postos de trabalho. Mas, agora, começaram a sentir os efeitos dos custos, especialmente de grãos. Quais os principais entraves para a abertura de novos mercados? Turra - Toda negociação para abertura de mercado é um processo longo e complicado. Envol-

ano, para buscar a abertura deste gigantesco mercado.

Santa Catarina é um Estado que serve de referência para todo o agronegócio brasileiro, pelo profissionalismo de sua cadeia produtiva”

ve muitos interesses e uma luta incessante. Em mercados com economias mais fechadas, este desafio é ainda maior. Entretanto, estamos cumprindo nosso papel, buscando novas oportunidades para os exportadores. Neste ano, Malásia e Myanmar abriram suas portas para o frango do Brasil. A África do Sul voltou a importar carne suína. Recentemente, México e China ampliaram o número de plantas habilitadas para exportar carne de frango. A China também expandiu as habilitações para suínos. Abrir mercados é trabalhoso, mas temos alcançado nossos objetivos. Além disso, iniciamos um painel na Organização Mundial do Comércio contra a Indonésia, neste

Braço do Norte, assim como outras cidades catarinenses, se destaca pelo alto índice de produção de carne suína que tem conquistado novos mercados neste ano. Nesse contexto, qual a participação de Santa Catarina nas exportações de proteína animal? Turra - Santa Catarina é líder nas exportações de carne suína, com 37% do total embarcado pelo país em 2014. Em aves, com 24,5% do total exportado pelo Brasil, ocupa o segundo lugar. É um Estado que serve de referência para todo o agronegócio brasileiro, pelo profissionalismo de sua cadeia produtiva. É um grande agregador de valor, com produtos processados que atendem aos mais variados mercados. O fato de ser zona livre de aftosa sem vacinação é, também, um grande diferencial competitivo, que fez o Estado ser o único autorizado a exportar para determinados mercados. Quais as perspectivas em relação ao custo de produção para 2016? Turra - Cremos que os custos de produção devam seguir em patamares semelhantes aos deste fim de ano, com custos de energia e de insumos em níveis elevados. Dentre as proteínas mais produzidas, qual teve maior incremento de produção? Turra - Os números ainda não estão fechados, mas a carne de frango deverá apresentar a maior elevação, próximo de 3% de crescimento da produção. A Rússia é um dos maiores compradores de proteína animal do Brasil, e este ano vimos aumentos significativos comparados aos outros. Qual o impacto desse aumento? Turra - Um mercado crescendo não preocupa, ao contrário, valida nossa capacidade de atender a sua demanda, mostrando que o setor de proteína animal do Brasil é

www.negocioagro.com.br

9


reconhecido mundialmente por sua confiabilidade, qualidade, status sanitário e sustentabilidade e elasticidade de crescimento, sem comprometer a qualidade. Crescemos muito ao longo dos últimos anos e, neste contexto, o quanto ainda vamos crescer? A associação tem alguma perspectiva? Turra - Esperamos manter os mesmos níveis, com um cenário sustentável e planejamento adequado à demanda do mercado. Se o mercado exigir mais produtos, estaremos prontos para atender. O que esperar de 2016 no ramo do agronegócio? Turra - O próximo ano será como 2015, altamente desafiador. Câmbio, custos de produção e a competição internacional por mercados seguirão bastante complexos. O agronegócio do Brasil, entretanto, é competente e profissionalizado. Temos certeza que seguiremos em bom ritmo, focados em crescer, favorecendo nossa economia e nossa população

C

M

Y

CM

Produção catarinense de carne suína se destaca no setor e conquista novos mercados

MY

CY

CMY

K

Exportação de frango atinge volume recorde Os maiores importadores de carne de frango do Brasil impulsionaram as vendas do setor e garantiram o saldo recorde registrado em julho deste ano. Apesar da queda das receitas das exportações em dólar no semestre, as exportações de carne de frango registraram alta de 18% em reais, totalizando R$ 10,22 bilhões.

10

Novembro e Dezembro de 2015


www.negocioagro.com.br

11


Fôlego extra para o agronegócio

Agroindústrias impulsionam economia regional rodu o prim ria eneficiada na re i o aquecendo a economia local em usca de desen ol imen o no sul do Es ado

E

m um cenário econômico de instabilidade vivenciado em 2015, o agronegócio pode ser o único, ou um dos únicos setores, a registrar crescimento este ano. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), seis dos 10 principais itens da pauta de exportação brasileira são do agronegócio, o que corresponde a 27% das receitas externas. Nesse panorama, Santa Catarina figura como o quinto maior produtor de alimentos do país e segue em expansão através do agronegócio. A expressão “agronegócio” lembra facilmente o homem do campo e os negócios realizados da “porteira pra dentro”. Porém, o setor é amplo, e envolve outras dimensões e negócios realizados da “porteira pra fora”, como a compra da produção rural, transporte, beneficiamento e venda até chegar ao consumidor final. Nesse contexto, as agroindústrias desempenham papel importante na cadeia econômica como uma atividade que permite aumentar e reter, nas zonas rurais, o valor agregado da produção da agricultura familiar. De acordo com dados da Epagri, só na região do Vale de Braço do Norte há aproximadamente 200 empreendimentos agroindustriais de pequeno e médio porte, beneficiando carnes (suínos, bovinos, aves), frutas, hortaliças, mel, cana-de-açúcar, panificações, entre outras. A região se fortalece por meio dessa estratégia de valorização de seus produtos construindo sustentabilidade do desenvolvimento regional. “Um fator importante ao sucesso desta estratégia na agricultura familiar do Vale é o espírito de um povo que possui no trabalho a fibra e a grande capacidade de empreendedorismo, ferramentas imprescindíveis para alcançar o sonho de um futuro melhor, sem sair do meio rural”, considera o gerente Regional da Epagri de Tubarão, Gustavo Gimi Claudino.

12

Novembro e Dezembro de 2015

equenas a roind s rias amiliares dispu am mercado dire o com as ind s rias radicionais


eneficiamen o de carne su na era empre o e crescimen o econ mico na re i o

Frigoríficos em evidência no Vale Um dos setores da agroindústria na região que está em constante crescimento são os estabelecimentos de abatedouros de aves, bovinos e suínos. Segundo dados da Cidasc, há mais de 30 estabelecimentos do tipo na região do Vale de Braço do Norte. De acordo com informações do Núcleo Regional da Associação dos Criadores Catarinenses de Suínos (ACCS), o Vale também abate em torno de 1,3 mil suínos/dia (475mil/ ano), o que representa uma movimentação econômica de quase R$15 milhões/mês (R$175 milhões/ano). Para o diretor proprietário do frigorífico 3 Irmãos, Carlos Peron Extekotter, localizado no Rio Santo Antônio, em Braço do Norte, as empresas agroindustriais são fundamentais para o desenvolvimento local. “As agroindústrias geram emprego e renda ao produtor e com isso ajudamos no crescimento da cidade”, destaca o diretor do frigorífico que abate

em média 30 mil suínos por ano e, em função da alta nas exportações, aumenta os investimentos na estrutura da empresa. “Podemos dizer que as exportações estão fluindo bem. O mercado da carne suína está em crescimento mesmo com a elevação dos custos de produção e impostos. Isso nos motiva a expandir e melhorar os serviços da empresa”, afirma o diretor. A sócia administradora do frigorífico Roanna, Anna Paula Turazzi Ricken, localizado em Pinheiral, Braço do Norte, concorda que a agroindústria é um dos setores mais importantes da economia local. “Além de gerar inúmeros empregos, também valoriza o que é daqui. A maioria da produção é industrializada e comercializada na região, não dependendo de preços tabelados ou cooperativas”, salienta. Com o abate anual de cerca de 82 mil animais, o frigorífico Roanna também investe na expansão e aprimoramento do produto beneficiado no local.

“Acredito que estamos sempre buscando modernizar nossas práticas de manejo, além da fabricação com novos investimentos e a proximidade com o produtor”, acrescenta a empresária. Na outra ponta da balança está o agricultor familiar que se beneficia com a presença das agroindústrias de pequeno e médio porte na região. Segundo o presidente do Núcleo Regional da Associação dos Criadores Catarinenses de Suínos (ACCS), Adir Engel, a proximidade da agroindústria com o produtor possibilita as negociações de preço, demanda por produto, auxílio na aquisição de insumos e desenvolvimento da cadeia agropecuária. “O diferencial está na relação entre agroindústria e produtor. É bem mais fácil falar com o dono e resolver os problemas diretamente. Além disso, a concorrência entre as agroindústrias também ajudam o produtor”, ressalta o presidente da associação.

www.negocioagro.com.br

13


Empreendedores buscam apoio para as agroindústrias locais Apesar da alta representatividade das agroindústrias na região, o setor ainda está em desenvolvimento e necessita da união de políticas públicas para a consolidação do serviço. Em busca de incentivo, recentemente uma comitiva de empresários do ramo frigorífico da região do Vale foi à Brasília reivindicar pontos importantes para o setor. “A viagem foi extremamente positiva, fomos recepcionados pela ministra da Agricultura, Kátia Abreu, que ouviu nossas reivindicações para quebrar barreiras da comercialização e diminuir as burocracias para podermos vender no país todo”, explica Anna Paula Turazzi Ricken que fez parte da comitiva. O empresário Carlos Peron Extekotter, que também acompanhou o grupo à Brasília, conta que existem programas de incentivos fiscais, mas ainda não são suficientes. “Poderíamos ser vistos com mais frequência pelo Governo Federal, já que somos os impulsionadores da economia. Querendo ou não, a agroindústria e o agronegócio são os setores que mais crescem no país”, afirma. Para o gerente Regional da Epagri, Gustavo Gimi Claudino, a criação de programas e o fortalecimento de serviços de extensão rural, beneficiam o seguimento. “A junção dos interesses públicos e privados é uma condição essencial para a consolidação das agroindústrias, tornando-se uma região especializada na produção agroindustrial, principalmente para atender ao mercado regional, estadual e do sul do país”, garante.

Empresas buscam incentivo do Governo para ampliar setor industrial no sul catarinense

Desafios do setor A agroindústria é considerada uma das mais eficientes estratégias produtivas para a sobrevivência e competitividade do agronegócio na região, e em geral, da agricultura familiar. No entanto, o setor enfrenta desafios e obstáculos como a concorrência das indústrias tradicionais e as burocracias tributárias.

14

O gerente Regional da Epagri de Tubarão, Gustavo Gimi Claudino, explica que as grandes indústrias possuem comercialização em escala e na maioria das vezes com preços mais baixos. Sem falar no regime tributário que não diferencia as cobranças das pequenas agroindústrias das grandes indústrias,

Novembro e Dezembro de 2015

tornando-se um gargalo em muitas ocasiões. “Poderíamos citar inúmeras dificuldades que os empreendedores enfrentam diariamente, que não são poucas. Embora focando em produtos diferenciados, a adoção da agregação de valor a produtos deve ser orientada pelo mercado”, esclarece o gerente


www.negocioagro.com.br

15


Mais peixe

Novas perspectivas para a piscicultura NO VALE Setor continua em desenvolvimento na região que é considerada uma das maiores produtoras de pescado de água doce do Estado com cerca de 4,2 mil toneladas por ano

A

o passar pelas localidades do interior da região do Vale braçonortense é comum avistarmos a cena típica: o gado nos pastos verdejantes, as granjas de suínos, as lavouras, e açudes. A produção de leite e suínos são culturas tradicionais da região, porém, nos últimos anos, a aposta dos produtores tem sido a piscicultura. A piscicultura é uma atividade que está em constante desenvolvimento na região do Vale, que por sinal é conhecida como uma das maiores produtoras de pescado de água doce do Estado, com cerca de 4,2 mil toneladas por ano. A alta produção colabora com o Estado que é o quinto maior produtor de peixes de água doce do país. Segundo relatório do Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca da Epagri (Epagri/Cedap), em 2014, Santa Catarina produziu 40,324 toneladas de peixes de água doce, um crescimento de mais de três mil toneladas em relação ao ano anterior. Atualmente, grande parte dos piscicultores trabalha de forma amadora, ou seja, produzindo por lazer e com vendas eventuais. Mas, mesmo em menor número, os piscicultores profissionais respondem por 61% do total produzido, já que empregam tecnologia de ponta. De acordo com o médico veterinário da Epagri Luiz Rodrigo Mota Vicente, são 26,493 produtores amadores que produziram 15,613 toneladas em 2014. E 3,433 profissionais, que vendem de forma sistemática e regular, foram responsáveis por 24,709 toneladas, gerando diretamente R$ 182 milhões. Conforme o Ministério da Pesca e da Aquicultura, o Brasil tem condições de se transformar em um grande produtor de pescado para atender à crescente demanda nacional e mundial. O Ministério aponta que o país possui cerca de oito mil quilômetros de litoral e 8,2 bilhões de metros cúbicos de água doce. A área é considerada a maior reserva do mundo. 16

Novembro e Dezembro de 2015

Produção de peixe de água doce atrai novos investidores na região sul catarinense


Governo investe em programa de melhoramento da atividade O crescimento da produtividade de peixe aquece a economia e motiva os produtores locais. Em cinco anos, a região de Braço do Norte quer produzir 10 mil toneladas de peixes por ano, mais do que o dobro do que é produzido hoje. As espécies mais produzidas na região são tilápias (66,9%) e carpas (25,5%). Atentos a este crescimento, a Secretaria da Agricultura e da Pesca do Estado lançou recentemente um novo programa que visa fomentar e profissionalizar a piscicultura em Santa Catarina. Para o secretário da Agricultura, Moacir Sopelsa, a piscicultura é uma alternativa de renda aos produtores da região. “Os agricultores devem agregar valor ao que é produzido na sua propriedade e a piscicultura traz essa diversificação. O setor tem grande potencial para crescimento e deve se tornar uma fonte de renda importante para os produtores”, destaca. Através do Programa de Melhoramento da Piscicultura, os agricultores terão acesso a um kit no valor de R$ 3.750,00 com equipamentos necessários para a produção de peixes de água doce. Os piscicultores beneficiados contam com prazo de dois anos para pagar, sem juros. Caso o produtor pague à vista na data de vencimento da primeira parcela, terá um desconto de 60% sobre o valor da segunda parcela. “Se hoje somos o quinto maior produtor de alimentos do país é por causa do trabalho incansável dos agricultores, combinado aos incentivos do Governo do Estado e da iniciativa privada. São pessoas que lutam pelo desenvolvimento do meio rural catarinense”, afirma Sopelsa. A Epagri de Tubarão quer, até 2017, capacitar todos os piscicultores da região, apoiando com orientação técnica a execução de projetos. O gerente regional da entidade, Gustavo Gimi Claudino, explica que em um primeiro momento, o desejo é transformar os produtores amadores em comerciais. “Os números da produção são muito semelhantes entre os amadores e comerciais, qualificando e gerando uma renda para os amadores conseguimos aumentar a produção de peixes na região”, destaca.

Piscicultor Djonata Michels, de Armazém, já utiliza o kit que auxilia na manutenção da qualidade da água

www.negocioagro.com.br

17


Tilápia para todos os paladares Ter o hábito de consumir a carne de peixe durante as refeições tem sido uma das alternativas de milhares de brasileiros que buscam o bem-estar e saúde. Assim, a tilápia é uma das espécies que ganha destaque na lista de opções dos consumidores, principalmente na região sul do Estado, onde a produção da espécie conquista novos mercados. De carne branca, saudável, saborosa e de fácil preparo, é uma espécie versátil e combina com diversos acompanhamentos. Além da facilidade de preparo, a tilápia também traz benefícios à saúde e ganha o paladar de várias classes. De acordo com os especialistas, ela aumenta o metabolismo, acelera a reparação e crescimento em todo o corpo, constrói ossos fortes, reduz o risco de doenças crônicas, previne vários tipos de câncer, reduz os sinais de envelhecimento, e fortalece o sistema imunoló-

gico, além dos benefícios nutricionais. A espécie é um alimento seguro e saudável, de alto valor proteico, que contém fósforo e baixo teor de sódio. Ta m b é m é rica em selênio e vitamina B12, uma vitamina essencial para o bom funcionamento das células. O peixe já faz parte da alta gastronomia e vai além do tradicional filé frito. A chef de cozinha Gizelle Volpato afirma que algumas pessoas imaginam que peixes mais abundantes ou mais baratos não permitem bons pratos. “É um grande engano. A tilápia é uma espécie de custo acessível e que pode

Tilápia, o peixe mais consumido no país A espécie nativa da África, foi introduzida em diversas localidades da América do Norte e do Sul. No Brasil, já se popularizou em todas as regiões e é muita apreciada pelo sabor leve e maciez da carne. De fácil manejo, a tilápia se desenvolve rápido. Enquanto o pescado tradicional demora até 15 meses para atingir o tamanho e peso ideal, a tilápia está pronta a partir de sete meses. Segundo dados do IBGE, o peixe já é responsável por 43,1% da produção nacional, e em Santa Catarina corresponde a 66,51%

18

Novembro e Dezembro de 2015

ficar maravilhosa quando bem preparada”, observa a profissional e ainda completa que não é preciso nenhuma espécie exótica vinda do Mediterrâneo para um prato sofisticado. “Os peixes conhecidos dos brasileiros dão muito bem conta do recado”, enaltece a chef.


www.negocioagro.com.br

19


Sonhos realizados colhendo flores ercado das ores e plan as ornamen ais es em ascens o no Es ado a raindo no os in es idores 20

Novembro e Dezembro de 2015


Entre as prendas com que a natureza alegrou este mundo onde há tanta tristeza, a beleza das flores realça em primeiro lugar. É um milagre do aroma florido mais lindo que todas as graças do céu e até mesmo do mar...”, recitava o poeta e compositor brasileiro Vinicius de Moraes na música Rancho das Flores. Para ele, as flores são símbolos de delicadeza e, portanto, enfeites perfeitos para o homem amável, elegante e generoso presentear sua amada. As flores possuem o “poder” de cativar quem as admira. Quem não se encanta ao passar por um belo jardim florido que esbanja beleza, delicadeza, cores e ainda exala o aroma suave das flores e plantas ornamentais. Atualmente, o consumo dessas espécies está em alta e isso se deve ao maior poder aquisitivo e a fatores como o desejo de

presentear ou simplesmente decorar a sala de jantar para receber amigos, familiares, entre outros. Assim, temos formado um cenário extremamente otimista para o setor que certamente será beneficiado com o aumento de vendas apesar do alto índice de informalidade. De acordo com o presidente da Associação de Produtores de Plantas Ornamentais de Santa Catarina (Aproesc), Silvio José Felippi, Santa Catarina é o segundo maior produtor de plantas ornamentais do Brasil. “O nosso Estado sempre se destacou como o melhor produtor do Brasil pela qualidade, variedade e adaptabilidade das nossas plantas”, destaca o presidente. A floricultura se consolida como uma atividade econômica relevante, porém o principal aspecto deste segmento é o seu lado social. O agrone-

gócio de flores e plantas ornamentais é uma atividade dominada por pequenos produtores rurais o que contribui para uma melhor distribuição de renda. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), a capacidade de geração de ocupação e renda da floricultura é grande e emprega aproximadamente 210 mil pessoas, sendo 28% na produção, 4% no atacado, 65% no varejo e 3% nas atividades de apoio. A diversidade de clima e solo tem possibilitado ao Brasil o cultivo de diversas espécies de flores e plantas ornamentais, de origens nativas e exóticas, de clima temperado e tropical. A produção brasileira dividi-se atualmente em flores de corte, flores de vaso, sementes, plantas de interiores, plantas de paisagismo e folhagens.

Mercado das flores cresce no país O maior produtor, consumidor e exportador de flores e plantas ornamentais do Brasil é o Estado de São Paulo. A produção brasileira de flores e plantas ornamentais está concentrada no Estado que detém 74,5% da produção nacional, tendo como principais polos às regiões: Atibaia, Grande São Paulo, Dutra, Vale do Ribeira, Paranapanema e Campinas. Depois de São Paulo os principais produtores de flores e plantas ornamentais são: Santa Catarina, Pernambuco, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Goiás, Bahia, Espírito Santo, Amazonas e Pará. Na região nordeste os Estados que mais se destacam são Pernambuco, Alagoas, Ceará e Bahia. Esse ramo de negócio tem crescido e ganhado espaço no mercado agrícola. As plantas e flores naturais agregam leveza e simpatia aos ambientes. Festas e eventos são consumidores frequentes de artigos de decoração. Além disso,

é necessário estar atento às tendências e novidades nesse ramo. As plantas medicinais, por exemplo, são muito procuradas. Flores como orquídeas e rosas estão entre as mais populares, e há também as mudas de plantas de grande porte (palmeiras e árvores). Em Santa Catarina há duas associações de produtores do ramo, a Associação dos Produtores de Plantas Ornamentais (Proplant) com sede em Corupá e a Associação dos produtores de Plantas Ornamentais de Santa Catarina (Aproesc). O esforço das associações é no sentido de organizar, profissionalizar os produtores e a cadeia produtiva. “Nosso objetivo é conscientizar os floricultores a produzir de forma mais organizada, com mais especialização, com mais eficiência produtiva, porém estamos sendo atropelados pela produção informal”, considera o presidente da Aproesc, Silvio José Felippi.

rodu o de ores se consolida no mercado como uma a i idade i el

www.negocioagro.com.br

21


Floricultura aliada ao empreendedorismo O agronegócio de flores e plantas ornamentais vem se expandindo no país e um dos aspectos que contribui para essa expansão são as condições climáticas do Brasil que favorecem o cultivo. Isso estimula a consolidação de uma atividade econômica relevante que é desenvolvida, principalmente, por produtores rurais e contribui para uma melhor distribuição de renda e, consequentemente, crescimento no aspecto socioeconômico. É nesse contexto que surge em Braço do Norte a Floricultura Flora Lucktemberg. A empresa no ramo da produção e comercialização de mudas e plantas ornamentais tem à frente o técnico

agrícola Valésio Lucktemberg, de 42 anos. Após concluir os estudos no colégio agrícola, em 1988, o empresário enxergou a possibilidade de transformar um sonho em realidade, ou seja, uma ideia de empreendimento em negócio lucrativo. Ele constatou, mediante pesquisa, que tanto as floriculturas, como as empresas que trabalham com decoração de eventos e paisagismo da cidade, não dispunham desse tipo de produto. “Antes trabalhava na agricultura e outros setores. Depois de analisar o mercado comecei a produzir as plantas e vender no varejo. Em 2001 abri minha própria floricultura

O que surgiu como um hobby acabou em negócio lucrativo e promissor para o braçonortense Valésio Lucktemberg

22

Novembro e Dezembro de 2015

com vendas diretas ao cliente”, conta o empreendedor que hoje produz diversas espécies de flores e plantas ornamentais e comercializa na sede, em Braço do Norte e, na filial, em Tubarão. Pioneiro no setor, Valésio afirma que a produção ainda é tímida no sul. “Considero a floricultura uma atividade viável se houver dedicação. Com o tempo, o mercado está mais exigente e estamos nos adaptando às novas técnicas de cultivo”, explica o floricultor que ao lado da esposa e os três filhos se dedica ao manejo das plantas que embelezam a casa, a empresa e a vida dos clientes


www.negocioagro.com.br

23


Hora da poda

O corte perfeito para uma boa colheita Prática da poda verde facilita o manejo e diminui os riscos de incidência de doenças na cultura da uva

M

uitas vezes só nos damos conta da mudança de estações na hora de abrir o armário para pegar um casaco ou uma regata. Porém, na agricultura, as estações ditam o tempo de cada planta, assim como o relógio aponta nossos compromissos diários. Com a chegada de uma das estações mais quentes do ano, é comum o consumo de frutas variadas como a uva. Contudo, a maioria dos consumidores desconhece o ciclo evolutivo de uma videira. Já o produtor sabe que para oferecer um produto de qualidade é necessário ter um cultivo adequado com aplicação de técnicas específicas como a poda. O ato de podar, manual ou mecanicamente consiste em operações simples que se resumem em cortes de partes das plantas como caules, ramos, folhas, raízes, flores e frutos. Durante o desenvolvimento da cultura há alguns tipos de podas a serem aplicadas. Na edição anterior da revista NegócioAgro, a reportagem apresentou aos leitores como funciona a poda de produção que dava início à brotação. Na sequência, após o momento da floração e desenvolvimento do cacho, é essencial a realização de uma nova poda chamada de poda verde. De acordo com o engenheiro agrônomo da Epagri, Bruno Marques, esta operação deve ser efetuada durante o período vegetativo da videira. Os objetivos gerais da poda verde na videira são: direcionar o crescimento vegetativo para as partes que formarão o tronco e os braços; diminuir os estragos causados pelo vento; e abrir o dossel vegetativo de maneira a expor as folhas mais favoravelmente à luz e ao ar. Desde que realizada com cautela e

24

Técnica auxilia no ciclo evolutivo da fruta e previne a incidência de fungos no cacho

na época oportuna, poderá melhorar as condições do microclima dos vinhedos, possibilitando, com isso, a diminuição de doenças fúngicas, e colheitas mais equilibradas. Entretanto, seus efeitos serão prejudiciais se realizados fora da época ou de forma abusiva, pois estarão reduzindo a capacidade

Novembro e Dezembro de 2015

fotossintética da videira. “A fase ideal para início da realização desta prática, é em torno do estágio “ervilha”, alusivo ao momento que a baga do cacho de uva atinge o tamanho semelhante a um grão, pois já há maior firmeza da baga, evitando que o manuseio danifique a mesma”, explica o agrônomo.


Etapas da poda As principais modalidades de poda verde, realizada nas videiras destinadas à elaboração de vinhos finos, são a desbrota, a desponta e a desfolha.

Desbrota

Desfolha

A eliminação do excesso de brotos promove uma melhor distribuição e evita a sobreposição, o que proporciona a distribuição correta da seiva. Os brotos são eliminados quando atingem de 10 a 15 centímetro de comprimento, deixando em torno de duas a três brotações bem distribuídas em cada vara e, sempre que possível, uma na extremidade e outra na base. Esta prática visa tornar o ambiente mais arejado pelo favorecimento de uma melhor insolação na porção interna do parreiral.

É a remoção de folhas que encobrem os cachos, eliminando-se no máximo uma a duas folhas por broto, com o objetivo de equilibrar a relação área foliar/número de frutos melhorando a ventilação e insolação no interior do vinhedo. Em seguida, adquire-se uma maior eficiência no controle de doenças fúngicas, especialmente em parreirais vigorosos. Essa operação deve ser realizada com muito cuidado, pois uma desfolha exagerada poderá trazer prejuízos, pela menor acumulação de açúcares nos frutos e maturação incompleta dos ramos, bem como a ocorrência de escaldaduras ou “golpes de sol” nas bagas.

Desponta A desponta é a retirada do excesso de folhas em torno dos cachos de uva. É comum que se desenvolvam folhas que escondem os cachos e evitam a total cobertura por parte dos tratamentos fitossanitários que visam à prevenção e cura de doenças, principalmente fúngicas. Essas doenças geralmente incidem sobre a região vegetativa podendo levar a perdas de até 100% da safra. Du-

rante esta etapa também acontece a retirada da feminela ou também conhecido “neto” do ramo vegetativo, que funciona como um dreno de seiva desnecessário nesta fase da planta. “É importante que seja retirado, pois o objetivo é que a maior parte da energia metabolizada pela planta seja canalizada para os cachos”, orienta o agrônomo Bruno Marques.

www.negocioagro.com.br

25


Tratos culturais auxiliam na prevenção de doenças fúngicas Em razão da forte atuação do fenômeno “El Niño”, que tem causado excesso de precipitações, a prática da poda verde torna-se ainda mais essencial para a manutenção do desenvolvimento vegetativo da videira e preventivo à entrada de doenças fúngicas. O engenheiro agrônomo da Epagri, Bruno Marques, relata que tem recebido depoimento de produtores com sérios problemas pelo ataque da doença fúngica popularmente conhecida como “míldio” (Plasmoparaviticola), que de fato causará prejuízos para a safra 2015/16 de uvas. A temperatura ideal para o desenvolvimento do míldio fica entre 18 °C e 25 °C. O fungo necessita de água livre nos tecidos verdes da planta por um período mínimo de duas horas para infecção. “O mais preocupante é que conforme se percebe, este ano as condições estão extremamente favoráveis para a doença fúngica”, confirma o agrônomo. Os sintomas mais comuns da doença são o aparecimento de manchas amarelas na parte superior das folhas, com aspecto encharcado, denominadas de “mancha de óleo” e na parte inferior da folha, surge a esporulação branca do fungo. “O agricultor precisa monitorar regularmente seu parreiral e prevenir o desenvolvimento desta doença, seja pelo tratamento com fungicidas específicos e registrados para o míldio, bem como com a prática da poda verde, que irá casar muito bem no combate deste problema”, orienta o técnico

Doença fúlgica conhecida como “míldio” ataca as parreiras da região e prejudica a produção da uva

26

Novembro e Dezembro de 2015


www.negocioagro.com.br

27


Folhas de fumo são colhidas pelos produtores locais afetados pelas mudanças climáticas

Hora da colheita

Safra 2015/16 terá redução na produtividade do tabaco Lavouras afetadas pelas chuvas estimam redução de até 20% na produção de fumo

O

s fumicultores da região já estão a todo vapor na colheita do tabaco da safra 2015/16. A colheita teve início com perspectivas de redução, devido aos temporais que atingiram o sul do Estado recentemente e que já trazem resultados negativos. De acordo com o coordenador de campo da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) de Braço do Norte, Hilário Boeing, a estimativa é que a produtividade reduza em torno de 15% a 20%. “O excesso de chuva prejudicou o desenvolvimento das folhas que não obteve o ganho de massa ideal em algu-

28

mas lavouras”, explica o coordenador. Os três Estados do sul brasileiro produzem cerca de 700 mil toneladas de fumo por safra. A região sul catarinense, entre Tubarão e os municípios do Vale de Braço do Norte, contam com cerca de quatro mil produtores que produzem 30 milhões de quilo do produto que é comercializado no país e exportado para o mercado internacional. O coordenador da Afubra destaca que muitos produtores já estavam atentos às mudanças climáticas causadas pelo efeito El Niño e tomaram medidas de precaução. No entanto, o excesso de umidade ainda permanece até mesmo

Novembro e Dezembro de 2015

no momento da secagem da folha, o que exige maior atenção do produtor. “Com a presença das chuvas, a umidade permanece e aumenta o gasto de energia com as estufas e a mão de obra. Essas mudanças estão causando problemas não só aos fumicultores, mas aos agricultores em geral que já sentem o prejuízo”, considera Boeing. A estimativa é que a colheita finalize no mês de janeiro quando então poderá ser feita a avaliação final da safra. “Até lá o fumicultor tem que se adaptar, evitar o prejuízo total na produção e torcer para que o tempo melhore”, salienta.


Boas práticas na hora da colheita Os meses destinados à colheita do tabaco são fundamentais para alcançar a qualidade desejada no produto. O técnico agrícola da Souza Cruz, Edson Baesso, orienta que na produção da variedade Virgínia deve-se buscar fumos maduros com coloração amarela intensa, com pontos de

maturidade bem definidos e com facilidade de soltar a folha do pé. “O momento certo de analisar a maturidade é pela manhã, tomando o cuidado de não confundir com a falsa maturidade (queimado do sol)”, detalha e ainda enfatiza que é preciso respeitar o intervalo entre a primei-

ra e a segunda colheita, realizar o máximo de possíveis apanhadas, evitar colher o tabaco molhado e não fazer a colheita em talhão. “Analisar o tabaco curado para decidir a próxima colheita também é uma boa opção para avaliar a maturidade”, recomenda Baesso.

Propriedade fumageira é referência em sustentabilidade Na propriedade do casal Leopoldo Dandoline Correa, de 52 anos e Wanda Perdona Correa, de 45 anos, em Treze de Maio, as primeiras folhas de tabaco já foram colhidas. Ele e a esposa estão há mais de 10 anos na atividade fumageira e buscam soluções para melhorar a produção e aumentar a rentabilidade sem prejudicar o meio ambiente. Na lavoura de três hectares, produzem cerca de oito toneladas de fumo por safra. No mês de setembro, a propriedade foi atingida por uma intensa chuva de granizo que danificou as

folhas, mas não prejudicou totalmente a produção. “O mau tempo deixou o fumo mais fino. Já estamos nos preparando para uma redução na produção, mas percebo que não teremos grandes prejuízos”, afirma Leopoldo que diversifica a propriedade com o cultivo do milho, feijão e ainda produz queijo e vende ovos para complementar a renda familiar. Preocupados com a preservação do meio ambiente, a propriedade é referência em sustentabilidade, pois utiliza técnicas que conservam o solo e

evita a erosão. As variações climáticas não interferiram na produtividade devido ao preparo do solo feito no início da lavoura com a utilização da adubação verde. O cultivo de plantas em rotação com as culturas comerciais aumentam a capacidade produtiva do solo e a resistência as intempéries. “A chuva foi forte nos últimos meses, mas não causou erosão. Mesmo com o granizo, a planta se recuperou e está boa para a colheita”, destaca o produtor.

Preocupados com a sustentabilidade, os fumicultores Leopoldo e Wanda aplicam técnicas de melhorias na lavoura

www.negocioagro.com.br

29


Adubação verde e seus benefícios A adubação verde é uma prática agrícola milenar que aumenta a capacidade produtiva do solo. É uma técnica comprovada por pesquisas, que recupera os solos degradados pelo cultivo, melhora os solos naturalmente pobres e conserva aqueles que já são produtivos. De acordo com o técnico agrícola da Souza Cruz, Edson Baesso, de Braço do Norte, a introdução de plantas de coberturas auxilia na manutenção do solo liberando inúmeras substâncias benéficas para o desenvolvimento do tabaco. Para a adubação verde são utilizadas leguminosas e gramíneas que propiciam cobertura satisfatória como a crotelária, ervilhaca, feijão de porco, mucuna, tremoço, aveia, centeio, capim sudão e milheto. “As plantas de coberturas garantem um aumento contínuo de matéria orgânica fresca ao solo. Cria-se uma fonte de alimento para os microorganismos favorecendo o desenvolvimento da vida no solo e em um ambiente mais escuro com menor crescimento de inços”, detalha o técnico

30

Plantas de cobertura são utilizadas na proteção do solo e no auxílio ao desenvolvimento do fumo

Novembro e Dezembro de 2015


www.negocioagro.com.br

31


Ração reforçada

Nutrientes da soja complementam alimentação Dieta nutritiva à base de elementos extraídos do grão favorece o desenvolvimento dos suínos e aves

C

uidar da alimentação é fundamental para manter a saúde e o bem-estar. Milhares de pessoas lutam diariamente para manter refeições equilibradas em meio a correria do trabalho. Contudo, a nutrição alimentar não reflete só na rotina e saúde do ser humano, mas também dos animais. Os produtores sabem que o consumo da ração adequada garante uma produção de qualidade e consequentemente aumenta a rentabilidade. Na alimentação principalmente de suínos e aves, o uso de gorduras nas rações permite que sejam utilizados materiais poucos energéticos e de menor

preço. Atentos a estas questões, os produtores da região do Vale de Braço do Norte têm utilizado fontes de gordura para complementar a ração. Uma delas é o óleo degomado obtido através do processamento do grão de soja. Devido a sua riqueza nos teores de proteína bruta (cerca de 40%), e nos teores de óleos (cerca de 20%), os grãos de soja, dentre as oleaginosas, são os mais utilizados na nutrição animal. Juntamente ao alto valor proteico, vale lembrar que seu balanço de aminoácidos é excelente e, por isso, é considerado o mais adequado suplemento vegetal disponível. Na alimentação de suínos, a soja par-

ticipa como fonte proteica, na forma de farelo, que é o subproduto da extração do óleo. Também é amplamente empregado para compor rações de outras espécies animais, nas quais se deseja aumentar a concentração energética das dietas. Segundo o médico veterinário Fábio Bernardes, o óleo melhora o consumo de ração e, consequentemente, a conversão alimentar - maior ganho de peso - principalmente em épocas de temperaturas mais elevadas. “Isso torna a manutenção do escore corporal de fêmeas suínas em lactação mais eficiente, trazendo também um incremento na produção”, explica o veterinário.

Grãos de soja são importados de outros Estados para a região sul do país

32

Novembro e Dezembro de 2015


Produtor de São Ludgero investe na extração de elementos da soja Milho e soja são grãos produzidos em distintas regiões do Brasil devido ao clima e outras peculiaridades. Logo, o produtor do sul catarinense precisa importar o farelo de soja e o óleo para então incorporar na alimentação dos seus animais. Ao observar o fato, o suinocultor Sérgio Schlickmann, de São Ludgero, encontrou nessa situação uma nova oportunidade de renda e criou uma empresa que extrai óleo e farelo da soja. Sergio relembra que tudo começou em 2007 quando faltou farelo para o consumo dos suínos na região. Foi então que veio a ideia de adquirir uma máquina extrusora para transformar a soja em farelo. “Começamos com uma pequena extrusora que fazia 100 quilos por hora. O que produzia era praticamente só para a granja da minha propriedade”, conta o produtor que enxergou nesse processo um novo empreendimento. Aos poucos, começou a comercializar os produtos para os suinocultores da região e investir em novos equipamentos. Hoje conta com uma nova máquina extrusora com capacidade de produção de dois mil quilos de farelo por hora. Pioneira na região, a empresa Farogel Alimentos conquistou o registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e no Serviço de Inspeção Federal (SIF) e comercializa os produtos aos criadores de diferentes regiões. A soja é importada de outros Estados e submetida à extração do óleo que se dá por processo mecânico e não há solvente, ou seja, sem resíduos químicos nocivos. A família do suinocultor auxilia na manutenção da empresa e da granja que conta com cerca de 300 matrizes. “Toda matéria-prima passa por processo de pré-limpeza, armazenagem em estrutura coberta e a produção se dá em forma monitorada pelos nossos colaboradores”, detalha Sérgio que, com o novo empreendimento, tem gerado oportunidades de emprego na região.

Produtor Sérgio Schlickmann encontrou na soja uma oportunidade de negócio

www.negocioagro.com.br

33


Suinocultores locais apostam no consumo do produto O mercado de grãos como soja, milho e trigo apresentam alta nos preços com o aumento do dólar. Para o produtor, essa alta também reflete nos custos de produção principalmente no arraçoamento animal, já que a maioria utiliza os produtos extraídos da soja e do milho como fonte de energia principalmente para os suínos e frangos. Com o acesso facilitado, os produtores do Vale e proximidades aderiram o consumo dos produtos da empresa localizada em São Ludgero. Assim, a produção tem aumentado gradativamente trazendo benefícios a todos os envolvidos no setor. O suinocultor Celso das Neves, de Armazém, é um dos consumidores do óleo degomado e farelo de soja, e afirma que o acesso facilitado a estes elementos beneficia a região. “Vemos que é um produto de qualidade por

não ter conservantes. O óleo e o farelo são excelentes para a ração dos animais”, destaca. Para o produtor Gustavo Meurer Müller, de Grão-Pará, os produtos à base de soja reforçam a ração. “Os suínos evoluíram geneticamente e o alimento rico em nutrientes é fundamental para ter uma boa produção”, esclarece. De acordo com o médico veterinário Fábio Bernardes, o farelo de soja é a base proteica no arraçoamento animal, enquanto o farelo de milho participa como o volumoso de fonte energética. “Este produto final é de fácil digestibilidade e praticamente livre de micotoxinas que são prejudiciais à produção animal. Uma boa escolha para confecção de rações para animais novos, como nas fases iniciais da produção de suínos”, salienta o veterinário.

Alimentação suína é reforçada com os nutrientes extraídos da soja e do milho

34

Novembro e Dezembro de 2015

Grãos de soja concentram alto teor de proteína além de outros compostos

Aspectos nutricionais O grão integral tem de 36% a 38% de proteína bruta e 16% a 20% de óleo. A proteína da soja é de grande valor nutricional por conter todos os aminoácidos essenciais, sendo limitantes, a metionina e a treonina. O óleo da soja é formado principalmente por ácidos graxos não saturados, especialmente o ácido linoleico, o qual pode interferir na qualidade das carcaças dando-lhe menor consistência do toicinho. Já o farelo de soja tem de 42% a 48% de proteína bruta e 2% óleo. No processamento do grão, aproximadamente 82% é transformado em farelo e 18% em óleo bruto. A proteína do farelo de soja é altamente digestível, atingindo as exigências dos suínos em lisina, triptofano, isoleucina, valina e treonina


www.negocioagro.com.br

35


36

Novembro e Dezembro de 2015


O

Brasil vive um ano de turbulências e fragilidades econômicas. Constantemente, os veículos de comunicação noticiam acentuada queda de empregos, salários, produção industrial e nas vendas do comércio, fato que não era registrado há certo tempo. Há dois anos, a inflação não demonstra tendência de queda, o que implica na manutenção, pelo menos, das taxas de juros atuais. A falta de confiança agrava este quadro, com consequências sobre

a quantidade de bens que os consumidores desejam comprar. Os gastos do Governo são contidos. Logo, o nível de endividamento das famílias, torna pouco provável uma expansão do consumo, e a recessão econômica atual não estimula a realização de investimentos privados na produção. Todas essas questões preocupam os brasileiros que vivenciam momentos de tensão. Em meio a este cenário, o agronegócio sobrevive e traz esperança ao trabalhador rural. O Estado de Santa Catarina ocupa o quinto

lugar em produção de alimentos no país e tem conquistado novas oportunidades nas atividades agropecuárias. Para esclarecer estas e outras questões, o pesquisador do Centro de Sócio Economia e Planejamento Agrícola (Cepa/Epagri) de Florianópolis, o engenheiro agrônomo Luís Augusto Araújo, apresenta evidências sobre o desempenho do agronegócio na economia catarinense e brasileira, neste ano de 2015, e fala sobre as perspectivas para o próximo ano.

A importância do agronegócio para a economia brasileira Em 2015, o agronegócio é o maior negócio da economia mundial, e o Brasil se posiciona como sendo o segundo maior fornecedor mundial de alimentos e produtos agrícolas. O agronegócio brasileiro gera

aproximadamente um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) e ocupa mais de 30% do emprego formal. Além disso, é o setor que mais tem contribuído para o equilíbrio das contas externas brasileiras.

www.negocioagro.com.br

37


Reflexos do tempo A produção agropecuária catarinense na safra 2015/16 teve início frente às incertezas climáticas. Os produtores rurais não temeriam tais riscos se não fossem as dimensões dos impactos apontadas pelos especialistas, e as consequências, ainda não definitivas, de um dos invernos mais quentes dos últimos anos. Em Santa Catarina se preveem precipitações acima da média em função do El Niño, com atuação prevista deste fenômeno até a primavera de 2016. É exatamente esse quadro climático observado nos últimos meses

que tem causado reduções na produtividade da agricultura devido aos excessos hídricos para as culturas. Segundo relatório preliminar emitido pelo Epagri/Cepa, não se pode falar em perdas generalizadas. Os altos volumes e o longo período de chuvas associado à baixa luminosidade das últimas semanas têm dificultado o avanço do plantio, provocando perdas quantitativas e qualitativas de produtos. Todos esses fatores resultam na elevação dos custos de produção.

Boas expectativas Especialista aponta os principais setores em ascensão econômica Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), os produtos mais dinâmicos deverão ser soja em grão, trigo, carne de frango, carne suína, açúcar, algodão em pluma, cana-de-açúcar, maçã,

melão e celulose. A participação do Brasil no comércio mundial de soja, milho, carne bovina, carne de frango e carne suína, em especial, deve continuar expressiva e com tendência de elevação na próxima década.

REGIÃO DO Vale e as oscilações econômicas A região do Vale de Braço do Norte se destaca na produção leiteira e proteína animal, principalmente da carne suína. Porém, o principal sinal de mercado que é o preço do leite e o preço do suíno, não aponta para um bom momento. O preço médio desses produtos recebido pelos produtores na microrregião de Tubarão apresentou queda nos

38

Novembro e Dezembro de 2015

últimos dozes meses. Segundo levantamento do Cepa/Epagri, o preço do leite em valores nominais apresentou ligeira redução de -0,47%. Já para o preço do suíno vivo aos produtores integrados, observou-se uma queda de -8,45%, enquanto que, aos produtores independentes, a queda foi mais intensa, -14,13%.


Dificuldades e avanços O que fazer para melhorar a gestão financeira das propriedades rurais? Os agentes do agronegócio brasileiro precisam se preparar para os desafios adicionais. O agronegócio do vale de Braço do Norte avançou em termos técnicos, mas existem oportunidades de melhoria da gestão dos produtores. Entre essas oportunidades estão às relacionadas à gestão de custos e financeira, a gestão de pessoas, o posicionamento dos negócios e das ativi-

dades agropecuárias e das estratégias estabelecidas. Resumindo, em tempos de aperto, o espaço para erros e ineficiências é menor. Os produtores precisam melhorar a gestão da sua propriedade, avaliar cuidadosamente sua estrutura de custos e ponderar estratégias que realmente possam fornecer um retorno razoável.

gestão Estratégia

negócios posicionamento

fortalecer

finanças

E agora? Quais as perspectivas para 2016? As dificuldades domésticas projetam o ano de 2016 ainda com derretimento da economia brasileira. Isto, é claro, terá reflexos no desempenho do agronegócio. Quando lançamos o olhar sobre o cenário externo e sobre as perspectivas de preços das principais commodities agrícolas, as luzes também brilham no vermelho. Para 2016, segundo relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), as perspectivas de crescimento global foram reduzidas de 3,8% para 3,6%, acompanhadas de uma mudança no padrão desse crescimento onde as economias desenvolvidas dominam este processo

www.negocioagro.com.br

39


Chester ganha as mesas dos brasileiros na ceia de Natal

Culturas e costumes

Tradições natalinas à mesa Diferentes tipos de aves como o chester e o peru são consumidas no período festivo

O

fim do ano já está às portas e com ele chega também o Natal. Data comemorada em todo o mundo com diferentes tradições e costumes em cada país. O Natal representa o nascimento de Cristo e a renovação da fé para todos os cristãos. É a data que tem o poder de unir familiares e amigos, para festejar o momento máximo da cristandade, para perdoar, para amar e abraçar carinhosamente todos aqueles que têm um significado especial à cada um de nós. A Ceia de Natal representa a comunhão entre familiares e amigos, que

40

neste dia esquecem as desavenças pessoais e se voltam para o real significado da vida onde o amor, a compreensão e o perdão devem ser propulsores para viver em paz e harmonia com todos. Cada país realiza a ceia de uma maneira com diferentes tipos de alimentos. No Brasil, o ritual é bastante variado. Peru, Chester e Tender são as grandes atrações, que aparecem nessa época do ano. O bolinho de bacalhau, que veio com a influência portuguesa, também é presença certa. Rabanadas, frutas, nozes, castanhas e damascos, também compõem a mesa.

Novembro e Dezembro de 2015

O hábito de comer peru no Natal surgiu em Massachusetts, Estados Unidos, no ano de 1621, quando a ave foi servida no Dia de Ação de Graças. Por ser mais barata e engordar facilmente, foi levada pelos espanhóis para a Europa no século XVI, tornando-se símbolo de alimento das grandes ocasiões. Em nosso país, o preparo do peru já faz parte dos costumes natalinos. Porém, o peru vem perdendo espaço para o chester, isso porque muita gente lembra mais da marca criada pela Perdigão ao pensar que se trata de uma ave nobre.


Mas afinal, o que é o Chester? Natal vai, Natal vem, e até hoje muitos não conhecem a procedência da ave degustada na ceia. O Chester é apenas a marca de um frango comercializado pela Perdigão. O nome se popularizou e outras empresas possuem produtos similares (Festa da Sadia, Gran Ave da Macedo, Blesser da Aurora, Fiesta da Seara, entre outros). Este tipo de produto tem por característica a concentração da carne no peito e coxas. Em função disso veio o nome Chester, que nada mais é do que uma derivação de “chest”, que significa “peito”. O engenheiro agrônomo da Epagri, Rafael Efting Knaben, explica que o frango normalmente comercializado pelas empresas é abatido com uma

faixa de peso entre 2,8 e 3,1 quilos e uma idade em torno de 43 dias. Já as aves destinadas ao nicho de mercado das festas natalinas são abatidas com peso superior a 3,7 quilos e com idade próxima aos 50 dias. “Outra diferença bastante significativa está no processo industrial. O frango comum é hidratado para manter sua conservação congelada. Esta absorção de água está na faixa de 7%. As aves natalinas, por serem temperadas, possuem uma absorção bem mais alta, superior a 20%”, detalha o agrônomo e ainda afirma que existem muitas “teorias da conspiração” acerca das aves natalinas, porém, nada mais são do que o resultado da seleção genética que privilegia aves com mais proeminência de

peito e coxas, que também são o objetivo produtivo do frango comum. “A diferença está no tempo de alojamento e no processo industrial já mencionado”, reforça. Para o agrônomo, o Chester é um produto que faz frente ao peru, que é uma ave consumida praticamente apenas no período das festas de final de ano. “O frango de Natal - grande e com tempero especial - é uma ótima opção do ponto de vista de preço e sabor. Para os produtores acaba sendo vantajoso, pois a mesma estrutura utilizada para a criação do frango comum é utilizada para o chester, enquanto os aviários onde são criados perus servem apenas para esta finalidade”, destaca.

A produção dessas aves é realizada em aviários específicos. A decisão e escolha de produtores para criação do produto passam por questões como: • Logística: aviários mais próximos do abatedouro são indicados, pois como são frangos mais velhos e pesados a tendência é que haja maior mortalidade no transporte. • Histórico de bons resultados: na fase final do ciclo de produção há uma tendência a aumento de mortalidade. Produtores com melhor desempenho geralmente tem um excelente manejo durante todo o ciclo da ave, tendo menor índice de mortalidade nos lotes. • Aviários mais estruturados: costuma-se dar preferência a aviários mais modernos (sistema de pressão negativa, blue house, dark house), pois estes são bem preparados principalmente para situações de grande calor e umidade

www.negocioagro.com.br

41


Modo de preparo do chester Lave o chester por dentro e por fora. Em uma bacia, coloque-o com a água e o vinagre e deixe por 20 minutos, retire e deixe secar. Em um liquidificador, coloque 200 ml de água, os 2 dentes de alho amassados, 1 cebola e bata tudo. Esse será o tempero do chester. Despeje o tempero em cima do chester seco, tomando cuidado para que todas as partes estejam cobertas com esse molho, tanto por dentro como por fora. Deixe na geladeira durante 12 horas para pegar o gosto do tempero.

Chester e outras aves são consumidas tradicionalmente na data festiva

Receita

Chester, o “queridinho” da ceia de Natal O Natal se aproxima e um dos fatos mais interessantes está relacionado com as receitas. Cada família possui sua “fórmula secreta”, aquele tempero que só a mãe ou a avó sabe fazer... Peculiaridades que dão um sabor especial para essa data. Aqui no Brasil, as receitas de ceia de Natal mais tradicionais envolvem peru, pernil, chester, além das farofas, salpicão, massas, bacalhau, rabanada, entre outros.

Por sermos um país com diversas origens, o jantar de Natal ganhou pratos típicos de várias regiões do mundo. Independente da receita, o que realmente vale é a confraternização, a reunião de familiares, amigos em volta de uma mesa repleta de guloseimas para festejar o nascimento de Jesus. E você já decidiu o menu de seu jantar de Natal? Que tal preparar um delicioso chester para a ceia? Acompanhe a receita com a Chef de cozinha Gizelle Volpato:

Chester Natalino Ingredientes

Recheio

Calda

1 chester 1 ½ litro de água 5 colheres de sopa de vinagre 1 copo de água 2 dentes de alho amassado 1 cebola picada 1 colher de chá de sal

3 colheres de sopa de manteiga 1 cebola picada 1 dente de alho amassado 1 colher de chá de sal 2 cenouras raladas 2 colheres de sopa de cebolinha cortada 1 ½ xícara de farinha de milho amarela

Suco de 5 laranjas 1 colher de sopa de açúcar 1 colher de sopa de manteiga 3 cravos da Índia

Modo de preparo do recheio Em uma panela, coloque a manteiga e espere derreter, em seguida acrescente a cebola e deixe dourar, depois coloque o alho amassado, coloque uma pitada de sal, adicione a cenoura e deixe durante 2 minutos no fogo, mexendo sempre para não queimar. Retire o recheio do fogo, acrescente a cebolinha e a farinha de milho, misture bem para incorporar os ingredientes. Modo de preparo da calda Em uma panela, coloque a manteiga e espere derreter, despeje o suco de laranja, o açúcar, os cravos da índia e misture bem. Deixe no fogo durante 5 minutos. Finalizando Pegue o chester temperado e coloque em cima de uma assadeira. Abra a ave e coloque todo o recheio dentro, cubra bem toda a parte interna. Costure a parte em que colocou o recheio e amarre as coxas com uma linha. Tampe a assadeira com papel alumínio. Leve a carne ao forno pré-aquecido a 200º C durante 2 horas. Atenção: depois do preparo, não se esqueça de tirar as linhas usadas para costurar e amarrar as coxas. Retire o papel alumínio, coloque um pouquinho do molho de laranja, o suficiente para cobrir toda a parte de cima do chester e deixe até dourar. Retire do fogo e despeje o restante do molho. Coloque em uma travessa bonita e própria para essa data e está pronto para servir. Dica: Se quiser, pode adicionar ingredientes como uva-passa, nozes e castanha de caju ao recheio, logo após ser retirado do fogo. Sirva o chester com os acompanhamentos e tenha uma boa ceia de Natal. Bom apetite!

42

Novembro e Dezembro de 2015


www.negocioagro.com.br

43



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.